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AGRAVOS REGIMENTAIS. CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA.

REEXAME DE MATERIAL FÁTICO/PROBATÓRIO. AUSÊNCIA.


DÚVIDAS QUANTO À MATERIALIDADE DELITIVA E AOS INDÍCIOS
DE AUTORIA. RESTABELECIMENTO DA SENTENÇA DE
PRONÚNCIA. IN DUBIO PRO SOCIETATE. MENÇÃO EXPRESSA A
TODOS OS DISPOSITIVOS TIDOS POR VIOLADOS.
DESNECESSIDADE.
1. A constatação da materialidade do fato e dos indícios de autoria pela
mera análise do acórdão objurgado e da sentença de pronúncia,
restabelecendo-se, assim, o decisum que remeteu os agravantes à Júri
Popular, não demanda reexame do material fático probatório dos autos
que encontra óbice na Súmula 7 desta Corte Superior de Justiça, mas
mera revaloração dos elementos utilizados na apreciação dos fatos pelo
Tribunal local e pelo Juízo de primeiro grau.
2. A Corte Popular é o único competente para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida, sendo certo que, na fase do judicium accusationis,
existindo dúvidas acerca da existência do crime e da autoria delitiva,
ocorre a inversão da regra procedimental, ou seja, in dubio pro societate,
devendo, pois, serem os réus submetidos a julgamento perante o
Conselho de Sentença a quem cabe o juízo de certeza quanto à
ocorrência do fato delitivo e de sua respectiva autoria.
3. Tendo a decisão agravada analisado minuciosamente as teses
levantadas no recurso especial, não há que se falar em qualquer espécie
de omissão no julgado, sendo desnecessário, a menção expressa aos
dispositivos legais indicados pela parte, já que o provimento da
irresignação ministerial deixou claro estarem violados o art. 413 do
Código de Processo Penal, bem como os artigos nos quais restaram
incursos os pronunciados.
4. Agravos Regimentais desprovidos.
(AgRg no REsp 1082003/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 05/05/2011, DJe 19/05/2011)
COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. FALÊNCIA.
EXPRESSA MENÇÃO AOS DISPOSITIVOS SUSCITADOS PELA
PARTE. DESNECESSIDADE.
AUSÊNCIA DE OMISSÃO. LIVRE CONVENCIMENTO
FUNDAMENTADO. OCORRÊNCIA.
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. SOCIEDADE
LIMITADA.
CESSÃO DE QUOTAS. INCLUSÃO DOS EX-SÓCIOS NO ROL DOS
FALIDOS.
APURAÇÃO DA RESPONSABILIDADE. VIOLAÇÃO DO ART. 51 DO
DECRETO-LEI Nº 7.661/1945. OCORRÊNCIA.
I - A prestação jurisdicional foi concedida de acordo com a pretensão
deduzida, pois o julgador não está obrigado a responder a todas as
considerações das partes, bastando que decida a questão por inteiro e
motivadamente. Inexiste a contrariedade ao art. 535 do CPC.
II - Nas sociedades por quotas de responsabilidade limitada, o sócio
apenas responde automaticamente pelas dívidas sociais quando o
capital social não estiver integralizado.
III - Da exegese do art. 51 do Decreto-Lei 7.661/45, tem-se que a
responsabilidade do ex-sócio pelas dívidas contraídas antes da
despedida da sociedade perdura até o momento de sua saída, quando o
sócio retirante levanta os fundos correspondentes à sua quota que
conferiu para o capital social. Trata-se, portanto, do direito de retirada,
previsto no art. 1.029 do CC/02.
IV – Assiste ao sócio que se despede da sociedade também o direito de
negociar sua quotas, cedendo-as total ou parcialmente a qualquer sócio
ou a terceiro, que adquire direito pessoal e patrimonial. É ato voluntário
bilateral, no qual não há levantamento de fundos, mas sim uma alteração
na titularidade das quotas.
V - O art. 51 do Decreto-Lei 7.661/45 é fundamento para exclusão da
responsabilidade no caso sub judice, pois, com a cessão de quotas,
incontroversamente havida, cessou a responsabilidade dos recorrentes
para com qualquer obrigação social, quer seja anterior à cessão, quer
posterior, de modo que não respondem pelas dívidas cujo
inadimplemento motivou a propositura do pedido de falência.
VI – Regra geral do art. 306 do Código Civil de 1916 não é aplicável na
hipótese, diante da especialidade do art. 51 da antiga Lei de Falências, a
teor do art. 2º, §2º, da LICC.
VII - Iniciada a dissolução e a liquidação de uma sociedade antes da
entrada em vigor do CC, essas permanecerão sob a égide da lei anterior
(art. 2.034 do CC). É descabido, portanto, invocar-se os dispositivos do
novo Código em relação à dissolução ou liquidação de pessoas jurídicas
iniciadas antes de ele entrar em vigor. Por isso, conclui-se que não é
aplicável o art. 1.032 do CC ao caso sub judice.
Recurso especial PROVIDO.
(REsp 876.066/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 18/05/2010, DJe 22/06/2010)

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


IRRESIGNAÇÃO DA PARTE. EFEITOS INFRINGENTES.
IMPOSSIBILIDADE. APRECIAÇÃO. NORMA ESTADUAL.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 280/STF. PRESIDÊNCIA DA SESSÃO DE
JULGAMENTO POR DESEMBARGADOR IMPEDIDO. NULIDADE DO
ACÓRDÃO NÃO CARACTERIZADA. INDEFERIMENTO DE PROVA
TESTEMUNHAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA.
VENDA DE BEM DADO EM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.
PRÉVIA CIENTIFICAÇÃO DO AVALISTA. NECESSIDADE, PARA QUE
O AVALISTA PERMANEÇA RESPONSÁVEL POR EVENTUAL SALDO
DEVEDOR. INCLUSÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE
INADIMPLENTES. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. CORREÇÃO
MONETÁRIA. INPC/IBGE, A CONTAR DA DECISÃO. JUROS
MORATÓRIOS. 0,5% AO MÊS NA VIGÊNCIA DO CC/1916 E 1% AO
MÊS NA VIGÊNCIA DO CC/2002, A CONTAR DA DATA DA CITAÇÃO.
INDENIZAÇÃO FIXADA EM VALOR BEM ABAIXO DO PLEITEADO NA
EXORDIAL. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. INEXISTÊNCIA. CUSTAS
RATEADAS, ARCANDO CADA PARTE COM AS DESPESAS
PROCESSUAIS A QUE DERAM CAUSA.
- O julgador não precisa responder, um a um, todos os pontos
apresentados. Não há necessidade, outrossim, de expressa menção a
todos os dispositivos legais invocados pelas partes. Importa é que todas
as questões relevantes sejam apreciadas.
- A irresignação do recorrente e a tentativa de emprestar aos embargos
de declaração efeitos modificativos não se mostra viável no contexto do
art. 535 do CPC.
- A via especial mostra-se inadequada para dirimir a controvérsia de
normas que não sejam federais. Súmula 280/STF.
- Tendo o TJSP decidido que a competência é do extinto 1º TAC/SP, não
há de se cogitar conflito de competência. Súmula 22/STJ.
- A mera presidência da sessão, por juiz impedido, sem atuação como
relator, revisor ou vogal, não pode ser interpretada como exercício de
função jurisdicional, na medida em que não votou e, portanto, não
participou ativamente do julgamento, não tendo a oportunidade de agir
com a parcialidade que a lei imputa de maneira presumida ao impedido.
- Sendo o juiz o destinatário final da prova, cabe a ele, em sintonia com o
sistema de persuasão racional adotado pelo CPC, dirigir a instrução
probatória e determinar a produção das provas que considerar
necessárias à formação do seu convencimento.
- Não há ilegalidade nem cerceamento de defesa na hipótese em que o
juiz, verificando suficientemente instruído o processo e desnecessária a
dilação probatória, desconsidera o pedido de produção de prova
testemunhal.
- O posicionamento deste Tribunal evoluiu para entender pela
necessidade de intimação do avalista acerca da venda do bem dado em
alienação fiduciária, para que persista sua responsabilidade por eventual
saldo devedor.
- Não cientificado o avalista acerca da venda do bem, torna-se ilegítima a
sua inclusão em cadastro de inadimplentes por conta da existência de
saldo devedor.
- Indenização por danos morais fixada em R$10.000,00, a serem
corrigidos monetariamente com base no INPC/IBGE, a contar da data do
julgamento do recurso especial, e acrescidos de juros moratórios no
percentual de 0,5% (meio por cento) ao mês na vigência do CC/1916 e
de 1% (um por cento) ao mês na vigência do CC/2002, a contar da data
da citação.
- Em se tratando de reparação por dano moral, não fica o magistrado
jungido aos parâmetros quantitativos estabelecidos pelo autor, na inicial.
Por isso, reconhecido o direito à reparação, ainda que esta venha a ser
fixada em valores muito inferiores à quantia pretendida pelo autor, não se
há de falar em êxito parcial ou sucumbência recíproca. A regra,
entretanto, vale somente para os honorários advocatícios e não para as
custas. Estas, desde que considerável a redução, devem ser rateadas,
arcando cada parte com as despesas processuais a que deram causa.
Recurso especial conhecido e parcialmente provido.
(REsp 844.778/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 08/03/2007, DJ 26/03/2007, p. 240)

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO.


DEMISSÃO.
SENTENÇA PENAL ABSOLUTÓRIA SEM REPERCUSSÃO NA
ESFERA ADMINISTRATIVA.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU
OBSCURIDADE.
AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO DA
MATÉRIA CONSTITUCIONAL. MENÇÃO EXPRESSA AOS
DISPOSITIVOS. DESNECESSIDADE.
PRECEDENTES. REJEIÇÃO.
1. O embargante não aponta omissão, contradição ou obscuridade a
serem sanadas no acórdão embargado, conforme exige o art. 535 do
Código de Processo Civil. Limita-se, tão-somente, a discorrer sobre teses
e a demonstrar seu inconformismo em relação ao julgado.
2. Para fins de prequestionamento da matéria constitucional, hábil a
possibilitar a interposição de recurso extraordinário, orienta-se a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, há longa data, pela
desnecessidade de que haja expressa menção, no acórdão recorrido,
aos dispositivos constitucionais que a parte entende como violados.
3. Embargos de declaração rejeitados.
(EDcl no REsp 794.100/PR, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA,
QUINTA TURMA, julgado em 05/12/2006, DJ 05/02/2007, p. 346)

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