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DISTRIBUIÇÃO DO TRABALHO

1.Introdução: A busca de desempenho organizacional está alicerçada em estratégias e


posturas que, por sua vez, são o produto do processo de gestão. Quanto melhor e mais
eficaz for o processo de gestão (administração), maiores as possibilidades de sucesso no
empreendimento, seja ele qual for – com, ou sem fins lucrativos.
A base de todo o contexto organizacional está alicerçada no elemento mais simples de todo
o processo, ou seja, o trabalho, representado pela tarefa desenvolvida por cada um dos
elementos humanos que fazem parte da organização, em todos os seus níveis.

“A chamada organização científica do trabalho do começo do século XX,


predominantemente tecnicista ou mecanicista, deu um destaque
insignificante à contribuição do homem à realização das tarefas e
pouco falou sobre as aspirações, necessidades, desejos, capacidades e
potencial.” (SIMCSIK, 2001).

Em nossos dias, ao contrário, a participação das pessoas não apenas em sua função
específica, mas com um comprometimento e envolvimento completo com a organização, é
muito valorizado e buscado. Entende-se que o indivíduo é uma rica soma de
conhecimentos e experiências, extremamente úteis à organização. A este conjunto de
valores – considerado um verdadeiro patrimônio, devem ser adicionadas condições
propícias e adequadas de trabalho, de forma a que se aproveite o máximo de cada
colaborador. A Ergologia estuda a relação do homem e as condições de trabalho conforme
as capacidades individuais e as peculiaridades sociais, levando em conta o ambiente interno
e externo. À ergologia somam-se outras áreas do conhecimento*, visando a otimização do
produto advindo da relação: homem – condições de trabalho.
Formas tradicionais do trabalho
1. trabalho mental ou intelectual Envolve os processo mentais como
raciocínio, percepção, dedução,, atenção,
concentração e outras características estudas
pela psicologia.
2. trabalho fisiológico ou interno Àquele produzido pelo organismo humano e
utilizado, mecânica ou intelectualmente.
3. trabalho mecânico ou externo Àquele resultante da execução muscular e
cinética do corpo humano, dependente do
sistema ósseo, nervoso, muscular, etc.
Fonte: SIMCSIK, 2001.
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*Profissiografia: procura dos requisitos para a “economia dos movimentos”graças a otimização dos
ritmos de trabalho, períodos de trabalho, aptidões e capacidades individuais, focadas nos diversos tipos
de tarefas ou profissões;
Epitimotécnica profissional: análise das condições psicossociais, financeiras, políticas e econômicas
necessárias para criar o deseja e a satisfação do trabalho no indivíduo;
Fisiopsicotécnica: trabalha no aprimoramento dos instrumentos e o ambiente de trabalho;
Pedagogia Tecnológica: estuda o aprendizado, o desenvolvimento profissional e os melhores métodos e
recursos a serem utilizados.
A estas técnicas, somam-se a “higiene e segurança no trabalho”, “medicina do trabalho”, “Psicologia,
Sociologia e Fisiologia do Trabalho”.
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A eficiência do trabalho humano depende de:
a) Condições físico-orgânicas do indivíduo: alimentação, circulação, metabolismo,
respiração, eliminação de resíduos pelos pulmões, pele, rins, intestino, etc.
b) Condições do meio físico;
c) Estado mental (capacidade, motivação, ânimo, equilíbrio, etc.).

Assim, é necessário o conhecimento profundo da capacidade de cada colaborador


para que sobre estas informações possam ser programadas as suas tarefas e sobretudo, o
processo de treinamento para que a sua capacidade se amplie. Entende-se hoje que é
necessário que o próprio indivíduo se conheça (auto-conhecimento), para entender e
superar seus medos, limites e barreiras que o impedem de desenvolver-se plenamente.
Some-se a estas questões, toda a parte técnica que evolve o estudo de tempos e
movimentos, ergonomia e processos de análise e avaliação de desempenho individual e em
grupos.
Com tudo isto, obter resultados cada vez melhores no desempeno dos colaboradores
torna-se um desafio permanente para os administradores, médicos do trabalho, psicólogos e
outros profissionais ligados a área. Neste sentido, um importante parâmetro é a busca da
relação perfeita entre:

Capacidade física e intelectual


+ condições de trabalho Volume de trabalho
Habilidades, criatividade, motivação

Trabalho com
QUALIDADE

2.Conceitos:
A Análise da Distribuição do Trabalho, é entendida por ARAUJO (2005), como o
equilíbrio entre a carga de trabalho atribuída a um colaborador e os resultados de qualidade,
rendimento, eficiência, eficácia e produtividade.
O instrumento no processo da análise, é o Quadro de Distribuição do Trabalho –
QDT, utilizado com o objetivo de se analisar as diversas atividades atribuídas a cada uma
das unidades orgânicas existentes numa data empresa. (CURY, 1995).

3. Construção do Quadro de Distribuição do Trabalho – QDT:


A fase inicial do QDT compreende o levantamento de tarefas individuais, ou seja,
coletando de cada colaborador, unidade ou área de estudo, as tarefas que são realizadas, a
ordem de importância, quanto tempo é consumido em cada uma e com que periodicidade
ela se repete.
O objetivo deste quadro é identificar: quem faz o quê? Quanto tempo demora e com
que frequência realiza a tarefa – se é diariamente, regularmente ou esporadicamente. É
igualmente importante observar possíveis períodos de sazonalidade, ou seja, quando os
volumes de atividades alteram-se significativamente.
QUADRO 1 : Levantamento de tarefas individuais:

Nome da empresa Definição de tarefas Individuais:


Departamento: Setor:
Nome: Cargo: Data:
Ordem: Tarefa: Quantas vezes repete: Tempo consumido: Periodicidade:

Comentários ou observações:
Fonte: PRÉVE, 2006.

A análise deve demonstrar também:


Grupos de Atividades Complementares: tarefas cuja execução depende de outra , sendo
necessário o respeito a uma seqüência para que sua consecução ocorra.
Grupos de Atividades Semelhantes: tarefas que possuem base comum, mas não
apresentam relação de complementariedade;
Grupos de Atividade de Mesma Natureza: tarefas que se posicionam em nível prioritário
de funcionamento.
O quadro 2, detalha informações sobre a atividade, identificando o executor e
quantas horas semanais são utilizadas, além de um resumo para avaliação do custo e outras
informações passíveis de análise.

QUADRO 2: Agrupamento das atividades de uma unidade:

Nome da Empresa Consolidação das Atividades


Departamento: Setor:
Colaborador: Cargo: Data:
Ordem: Atividade: Tarefa: Executante: Horas semanais: Observações:

Resumo:
Total de Colaboradores Total de Hs semanais Custo Total do Depto. Rateio Custo h/homem Variação % dos custos
Prevista Orçada Previsto Hs.:..................
Realizada Real Realizado Custo:.............

Fonte: PRÉVE, 2006

Este quadro (2) fornece informações úteis na identificação de fatores que se situam entre a
capacidade de realização, tempo ocupado e o resultado obtido.
QUADRO 3: Quadro de Distribuição do Trabalho:

Nome da empresa: Quadro de Distribuição do Trabalho Órgão:


Atividades Tempo Nome: Tempo Nome: Tempo Nome: Tempo Nome: Tempo
do Órgão Horas Cargo: em Hs. Cargo: em Hs. Cargo: em Hs. Cargo: em Hs.
denominação - tarefas - tarefas - tarefas - tarefas -

Total de Hs.:

Fonte: (CURY, 1995).

A análise do QDT deve ter como premissas:


1. Fator Tempo:
Quanto é consumido pelas atividades / tarefa? Qual o seu grau de importância no processo?
O tempo consumido pode ser reduzido sem prejuízo da qualidade e/ou sobrecarga do
operador? Que atividades absorvem mais tempo? São as que de fato devem consumir mais
tempo? O tempo gasto é compatível com a importância da atividade? Existe esforço mal
empregado?

2.Fator Capacidade Profissional:


Há equilíbrio entre as atribuições / responsabilidades e as funções que são designadas aos
respectivos colaboradores? Estão as aptidões sendo aproveitadas adequadamente? Há
perfeito entrosamento e familiaridade entre homem e equipamento?
- O resultado desta análise pode demonstrar: as pessoas estão adequadas a os respectivos
cargos? São efetivamente produtivas? Possuem habilidades para tal? Necessitam de
treinamento?

3. Há equilíbrio entre: volume de trabalho atribuído e capacidade dos colaboradores?


Existem colaboradores desempenhando tarefas desconexas? Existe uma tarefa dispersa
entre vários executores?

4.Existem possibilidades de racionalização / simplificação do trabalho ou quaisquer outras


medidas que reduzam seu custo, atenuem sua carga e não afetem a produtividade e
qualidade? Há trabalho manual que pode, com vantagem, ser mecanizado? O processo de
registro das atividades desenvolvidas é compatível? O sistema de controle e supervisão é
eficaz? O lay out permite / propicia racionalidade?

QDT - resumo
Na Distribuição do Trabalho, os modelos de formulários/planilhas, variam de empresa para
empresa segundo as suas necessidades. O importante é estudar e analisar o trabalho,
tornando-o racional, e principalmente produtivo, contribuindo assim para o bem estar do
colaborador e gerando condições para que a organização ofereça produtos e serviços de
baixo custo e elevada qualidade, sendo eficaz e competitiva no setor e mercado onde atua.

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