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Leonardo Jardim Ramos Jorge – 12517176 - Noturno

Resenha 7 – Political Cleavages and Social Inequalities


Nessa parte da obra, os autores analisaram as clivagens étnico-religiosas e
socioculturais. Aqui, foram abordadas diversas categorias sociopolíticas que interagem com a
religião, identidade nacional, idioma, cultura e tradições históricas. Primeiro, será tratado a
clivagem de religião e sua possibilidade de divisão de força com a clivagem de classe, além,
também, do comportamento de minorias religiosas em ambientes hostis. Depois, será analisado
as clivagens relacionadas à imigração e o surgimento de novas minorias, por exemplo, os
muçulmanos, nas democracias ocidentais. Por último, discutiremos como os partidos políticos
lidam com as clivagens, juntamente das preocupações socioeconômicas de diversas minorias
em vários países.

Em primeiro lugar, iremos estudar as clivagens religioso-seculares, como, também, as


minorias religiosas. Segundo os autores, depois da Segunda Guerra Mundial, a religião ficou
em segundo plano quando falamos de voto. Mesmo que, de 1950 a 2010, os eleitores que
seguem uma denominação religiosa, que reflete a maioria praticada no país, votem
majoritariamente em partidos conservadores, essa dinâmica foi enfraquecida com o tempo, não
se tornando regra. Ademais, a clivagem religiosa é considerada transversal, pois divide
eleitores com perfis parecidos de renda e escolaridade. Porém, quando falamos de minorias
religiosas, a clivagem se comporta de outra maneira. Geralmente, os partidos conservadores
favorecem os interesses das maiorias religiosas, assim, as minorias religiosas tendem a não
votar em partidos conservadores, pois não representam suas necessidades. Na América Latina,
os autores evidenciam que a região não se comporta como as democracias ocidentais, já que,
aqui, a clivagem se mostra mais clara com os evangélicos, por exemplo, com a eleição de 2018
no Brasil, com Jair Messias Bolsonaro.

Em relação aos imigrantes, em específico os muçulmanos, há a criação de partidos anti-


imigrantes que usam a retórica de uma identidade nacional. Com a globalização e, também
conflitos bélicos no Oriente Médio, houve a imigração massiva de muçulmanos para a Europa
e os Estados Unidos. De modo geral, os partidos social-democratas e seus adjacentes
conseguem capturar o voto desse eleitorado. A partir do discurso político inflamado, a clivagem
“nativista” surge com partidos de extrema-direita anti-imigração, como na Áustria, Dinamarca
e França. Porém, esse fenômeno não é generalizado nas democracias ocidentais, podendo citar
Portugal, Austrália e Nova Zelândia. Uma das estratégias políticas desses partidos extremistas
foi a questão terrorista, sobretudo nos Estados Unidos. Diante disso, essa clivagem é mais um
determinante para o enfraquecimento da clivagem de classe, pois esses partidos conseguem o
voto de parte do eleitorado de baixa renda e escolaridade.

Depois, os autores estudam as clivagens socioculturais sob perspectiva comparada.


Nessa parte, é analisado como as identidades interagem com conflitos socioculturais, de modo
que possa reforçar ou atenuar a clivagem de classe. Para isso, no texto, os conflitos são
divididos em três: minorias desfavorecidas, minorias dominantes e alta fragmentação de
identidades. No primeiro, podemos citar os Estados Unidos e a alta possibilidade de voto dos
negros no Partido Democrata, isto porque, este se comporta como um “partido de inclusão
social”, já que, agrega tanto eleitores de baixa renda quanto de negros desfavorecidos. Na
Turquia existe o extremo oposto, com o partido AKP, que, apesar de receber voto dos eleitores
mais pobres, não recebe das minorias desfavorecidas. No segundo, podemos citar a África do
Sul, por exemplo, pois, os colonizadores brancos, apesar de minoria, dominaram os recursos
socioeconômicos do país durante muito tempo. Por fim, os países com alta diversidade
sociocultural, em alguns casos, como a Indonésia, onde os conflitos socioculturais se alinham
com os conflitos de classe.

Posterior a isso, o texto aborda as clivagens rural-urbana. As áreas rurais sempre


tenderam a não votarem em partidos sociais-democratas, isto porque, desde a Revolução
Industriais, os movimentos da esquerda atingiram de forma mais acentuada a área urbana. Com
isso, diferente de algumas clivagens que vimos até agora, essa permaneceu estável nos últimos
70 anos nas democracias ocidentais. Nas democracias ocidentais, a dinâmica acontece de
maneira um tanto diferente. Num primeiro grupo de países que compõem as democracias
ocidentais e a argente, a dinâmica é a mesma. Já em um segundo grupo, composto, por
exemplo, pelo Brasil, a politização dessa divisão é baixa. Diante disso, os autores explicam que
isso ocorre, em certa medida, pelas políticas públicas destinadas a zona rural pelo Partido dos
Trabalhadores. No terceiro grupo, com a África do Sul, as regiões rurais votam em partidos
pró-pobre, já que grupos étnicos estão localizadas nesses lugares. O último grupo representa
países que tem sistema de partido único, nos quais esses partidos são muito populares no
campo, angariando, portanto, mais votos.

Nas clivagens geracionais, é estudado como as diferenças de idade definem a escola


partidária do eleitorado em diversos aspectos. Segundo a psicologia social, as gerações mais
velhas tendem a apoiar partidos conservadores e valores autoritários. Entretanto, com a
evolução das idades dos mais jovens nessas últimas gerações, havia a tendência de um aumento
de pessoas progressistas em todas as faixas etárias. Porém, a resposta conservadora ao
fenômeno foi a emergência de líderes populistas de extrema-direita. Nesse sentido, mesmo que
alguns partidos, como, os partidos verdes e os partidos da “nova esquerda”, recebem menos
votos de acordo com o aumento da idade, partidos anti-imigração não seguem a mesma lógica,
pois recebem votos de todas as idades. Ademais, a clivagem geracional interage diretamente
com a clivagem educacional, na medida que, ao longo do tempo, eleitores mais jovens e com
mais escolarizados optam por votar em partidos de esquerda, enquanto os jovens com baixa
escolaridade votam em partidos conservadores. Nas democracias não-ocidentais, os mais
jovens são o ponto fraco dos partidos únicos, visto que esses são mais populares entre os mais
velhos.

Por último, há a clivagem de gênero. Entre a década de 1950 e 1970, geralmente, as


mulheres votavam em partidos conservadores, máxima que muda nos anos seguintes. A
diferença de voto das mulheres e dos homens se deu por diferenças estruturais de atribuições
sociais e de religião. Conforme as mulheres conseguiam uma maior participação no mercado
de trabalho e outros lugares que antes seriam destinados aos homens, as mulheres começam a
votar em partidos de esquerda, já que são esses destinados as causas femininas. Ademais, o
declínio da religião e um maior apego das mulheres pelas questões ambientais cultivou o voto
em partidos sociais-democratas. Nas democracias não-ocidentais, a diferença é menos pelo
partido e mais pelo candidato. No Brasil, apesar do eleitorado feminino votar em menor
proporção em Lula, com Dilma Rousself, sua sucessora, ambos do PT, as mulheres votaram
em maior peso.

Portanto, com a finalidade de concluir esse capítulo, os autores elencam quatro tipos
para analisar as clivagens políticas e desigualdade sociais. O primeiro reflete países com alta
desigualdade socioeconômica, onde as clivagens de classes são muito relevantes ao debate
político, como Argentina e Brasil. O segundo modelo é referente aos países que compartilham
um sistema puramente identitário, no qual classe não é tão relevante, por exemplo, o Iraque.
Entre o primeiro e o segundo, tem os sistemas multidimensionais. Neles, apesar de haver
divisões socioeconômicas, os conflitos de identidade também são relevantes. No último tipo,
existe a despolarização e a falta de politização das divisões pré-estabelecidas em consequência
da personalização da política, isto é, quando surgem líderes carismáticos que minam o debate
público.

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