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Copyright

© Monica Whatley, 2016

Publicado originalmente em inglês sob o título: Shaping Hearts and Minds - Why it Matters
Where You Child Goes to School by Eagle and Child Books

***

1a edição 2019
ISBN: 978-85-85034-11-5

Tradução: Elmer Pires Revisão: Cesare Turazzi, Ulisses Teles e Sofia Azevedo
Capa e Diagramação: Haas Comunicação Versão eBook: Livro em Pixel

***

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Flávia de Melo –


Bibliotecária – CRB 8 8881) _________________________________________
W555m
Whatley, Monica Moldando mentes e corações / Monica Whatley, Shawn
Whatley; Tradução de Elmer Pires --- São Paulo: Editora Trinitas, 2019.
25 Mb
ISBN 978-85-85034-11-5
1.Educação Cristã Clássica I. Título II. Autor
CDD. 230.007
_________________________________________

Editora Trinitas LTDA São Paulo, SP


www.editoratrinitas.com.br

Sumário
Copyright
Prefácio
A. A Educação
1. Um vislumbre
2. O coração: por que o conhecimento e a cosmovisão não são suficientes
3. Afinal de Contas, o que é a Educação Cristã Clássica?
4. Isolar, imergir ou inocular?
5. O processo
6. Tesouro perdido
B. A Educação dos Dias Atuais
7. Uma educação boa o bastante
8. Quanto você sabe?
C. Filosofia da Educação
9. O culpado: a filosofia e como ela modifica a cultura
10. Colhendo o que plantamos
11. Mais um diabo habilidoso?
D. Barreiras à Educação Cristã Clássica
12. Mito nº 1: a educação pública é neutra
13. Mito nº 2: escolas cristãs são a solução
14. Por que a educação cristã clássica pode não ser para você
Apêndice A - Como chegamos até aqui, para começo de conversa
Apêndice B - A Alternativa
Agradecimentos
Referências bibliográficas

Prefácio
Muitos pais cristãos se preocupam com a educação de seus filhos.
Queremos escolas que darão aos nossos filhos uma base sólida e, de
preferência, algo a mais. Precisamos de que nossas crianças sejam capazes de
pensar criticamente e de navegar habilmente as águas do século XXI ao mesmo
tempo em que a tecnologia se desenvolve e a sociedade muda. Esperamos
encontrar uma escola que forneça um ambiente positivo, moral e, de preferência,
cristão.
A educação molda o futuro da sociedade inteira — o futuro das nossas
crianças. A escola é fundamental: estamos certos em nos preocupar sobre
escolhas educacionais. Como seguidores de Cristo, o impacto da educação é
grande e potencialmente eterno.
Moldando Mentes e Corações apresenta os fundamentos da educação cristã
clássica — a educação que exibe ressurgência na América do Norte.
Este livro oferece um vislumbre do que seus filhos estão aprendendo nas
escolas públicas nos dias de hoje, o porquê de isso não ser o ideal e como a
educação deles pode ser melhor.
Conforme aprende sobre a educação cristã clássica, você pode experimentar
algumas das mesmas emoções que tivemos: uma mistura de confusão e
frustração, seguida de entusiasmo e paixão cada vez maiores.
Este livro causará em você o desejo de ter conhecido a educação cristã
clássica há muito tempo.

A.

A Educação
Cristã
Clássica

Capítulo 1

Um vislumbre
Manteiga doce batida derrete em biscoitos quentes. O som de talheres tinindo
ressoam pelo ar enquanto as crianças apreciam a carne assada em trajes de época
improvisados.
Nomes em hieróglifo gravados em tortas feitas de barro fazem parte de uma
coleção do quintal. Sinais como os dos primeiros egípcios forram jornais
tingidos de chá.
Um modelo da Via Láctea está pendurado no teto ao mesmo tempo em que a
Terra permanece quase invisível, sugerindo que se pergunte: quem sou eu?
Balconistas atraem compradores até suas mesas nos dias de bazar, ansiosos
por um lucro em seus investimentos e também para comprar objetos de outros
vendedores.
A animação aumenta na medida em que Platão ou Aristóteles entram no
debate. Ambos expõem e defendem excelentes argumentos.

Tudo isso acontece na escola.


Cada uma dessas lições inspira aprendizado. Cenários semelhantes a estes se
entrelaçam e tomam forma com o método socrático e a lógica, com histórias dos
gregos antigos e de civilizações romanas, com uma introdução à boa literatura,
cultura e pessoas excepcionais como Homero, Galileo, Gutenberg e Leonardo da
Vinci.
Ainda mais importante, essas lições ajudam os alunos a refletirem sobre o
passado, o presente e o futuro. Tais lições os confrontam com os limites de suas
próprias mentes.
Eles aprendem a adquirir perspectiva: uma filosofia, uma cosmovisão, uma
maneira de enxergar o mundo.
A educação clássica visa ensinar um conhecimento extenso e habilidades
cruciais por meio de uma abordagem integrada, de modo que esses
conhecimentos e habilidades tornem-se significativos e úteis.
Nós perdemos você na palavra “clássica”? Ninguém quer ser clássico na
sociedade de hoje.
Moderno é melhor, correto?
Mas como é a educação “moderna” realmente? Falaremos mais a respeito
depois.
Clássica não significa antiquada, rústica ou obscurantista. Na verdade, o
conhecimento clássico não se limita somente à última década ou século pela
perspectiva moderna, mas busca compreender o que foi revelado ao homem no
decorrer da História.
Além disso, clássica não ignora o auxílio da tecnologia moderna, mas a usa
ativamente como ferramenta, a qual ajuda a comunicar e praticar, ou balancear, o
conhecimento. A tecnologia torna-se um auxílio para os alunos quando eles
começam a compreender séculos de História. O uso moderno das tecnologias
ganha propósito e significado conforme os alunos tornam-se capazes de
sintetizar informações de forma rápida e eficiente.
Alunos ensinados pelo método clássico absorvem muito mais informações que
seus colegas que não foram ensinados por essa perspectiva. Alunos do primeiro
ciclo do Ensino Fundamental avidamente indicam os países do mundo, entoam
fatos matemáticos, recitam regras de ortografia e gramática e têm contato com
grandes obras da literatura. Eles “encontram” Alexandre, o Grande, Aquiles,
Júlio César e Constantino, e podem falar com confiança sobre os gregos, os
romanos e os primeiros judeus.
Esses alunos do Ensino Fundamental podem ter uma melhor compreensão da
fundação da cultura ocidental do que a maior parte dos alunos do Ensino Médio
de hoje.
Muitos pais acolhem bem a oportunidade de terem filhos “espertos”. Imagine
ver seu filho naquele jantar especial citando Aristóteles ou Agostinho, ou
podendo discursar com facilidade a respeito da guerra do Peloponeso, sobre os
antigos Maias ou acerca de Marco Antônio.
Mas a educação clássica não se resume somente a isso. Apesar de “crianças
realmente espertas” serem um benefício da educação clássica, este não é seu
objetivo último.
Quando a educação clássica se mostra indubitavelmente cristã como tem sido
por centenas de anos, ela entrelaça disciplinas baseadas nas verdades reveladas
na Palavra de Deus, mudando assim para sempre a perspectiva do aluno.

O propósito da educação cristã clássica não é somente o moldar da mente.


Mais importante que isso, ela molda o coração.
Antes de tudo, ela nutre, na criança, um desejo por Jesus Cristo e um desejo
de tornar-se mais parecida com Ele, aprendendo a amar o que Ele ama. A prática
torna-se hábito e o amor por aquilo que é bom e verdadeiro cresce. Corações
mudam no momento em que essas crianças tornam-se autênticas seguidoras de
Jesus.
A partir disso tudo, surge um comportamento diferente daquele encontrado
num ambiente comum de sala de aula. Os alunos que seguem a Cristo são
conduzidos pelo exemplo de Cristo.

A educação cristã clássica também ensina as crianças a pensar.


Ela cria lentes através das quais as crianças enxergam o mundo. Os alunos não
meramente absorvem qualquer coisa que lhes ensinam. Eles aprendem a
enxergar através dessa lente e a apreciar o conhecimento à luz de uma
compreensão mais abrangente. O aluno primeiro aprende a como pensar, e
aprende ao compreender os limites de sua própria compreensão, adquirindo
perspectiva durante esse processo.
Os alunos memorizam porções das Escrituras e as experimentam no devido
contexto. A fé e o aprendizado estão entrelaçados, não separados.
Por fim, alunos ensinados pelo método clássico aprendem a analisar
argumentos de forma crítica e a defender sua fé de modo eloquente. Eles
adquirem um propósito claro para suas vidas: servir a Deus de todo o coração e
de toda a mente.
A verdadeira educação cristã clássica envolve.
Ela inspira.
Ela molda o que os alunos amam.
Ela mune os alunos e os desafia a como pensar.
A educação clássica cultiva aprendizes por toda uma vida. Esses alunos
crescem em amor pelo conhecimento e continuam a desenvolver seu próprio
aprendizado muito além dos anos da escolaridade formal.
A educação clássica é, muito provavelmente, bem diferente da forma como
você foi educado.

Você pode até mesmo desejar que fosse possível voltar à escola.

Capítulo 2

O coração: por que o conhecimento e a


cosmovisão não são suficientes
Podemos enviar nossos filhos às melhores escolas. Eles podem superar seus
colegas em exames padronizados e se tornar enciclopédias ambulantes.
Eles têm acesso a praticamente tudo o que o homem conhece hoje. Com mais
conhecimento na ponta de seus dedos do que jamais alguém teve, nossos filhos
estão preparados para o futuro?

Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem
as fontes da vida (Pv 4.23).

A educação cristã clássica vai além de dizer aos alunos tudo o que existe para
ser aprendido. Ela vai além de produzir alunos que sabem como pensar. Ela
inclusive supera o ato de ensinar aos alunos caráter ou virtude.
O propósito último, o âmago da educação cristã clássica é, antes de tudo,
modelar os alunos, moldando quem eles são e o que amam, pois:

O objetivo completo da verdadeira educação não é simplesmente fazer com


que as pessoas façam as coisas certas, mas com que desfrutem delas; não só
produzir coisas, mas amar a produção; não só fazero que é justo, mas ter
sede e fome de justiça.
(John Ruskin)1
Em Desiring the Kingdom [Ansiando pelo Reino], James K. A. escreve que “o
que nos define é aquilo que amamos”.2
O que você ama?
Se “o nosso amor/desejo final é moldado por nossas práticas, e não por ideias
que meramente nos são comunicadas”, então nós, na posição de pais, temos uma
grande responsabilidade.3

O que estamos comunicando a nossos filhos?


Estamos como que lhes dizendo que o hóquei ou o basquete ou o futebol estão
acima da igreja? Estamos lhes mostrando que o dinheiro deve ser gasto somente
com nós mesmos? O que lhes transmitimos por meio de nossas práticas?
As mídias sociais. O shopping. Os esportes. O entretenimento. Smith diz que
estas são as “práticas”, ou as formas, de “adoração” que moldam a maneira
como pensamos e agimos hoje. Mensagens subliminares correm em uma
velocidade perigosa. Nossa cosmovisão é formada conforme praticamos esses
hábitos, pois nossa “orientação perante o mundo é moldada mais no corpo de
cima do que da cabeça para baixo. As liturgias almejam nosso amor para
diferentes fins, precisamente preparando nosso coração por meio de nosso
corpo”.4
Sendo assim, ficaremos surpresos se nossos filhos preferirem os esportes à
igreja quando estiverem na universidade? Ou se escolherem o domingo como
um dia para cumprir tarefas?

As práticas moldam aquilo que amamos e, por fim, nos definem.


Como Agostinho escreve em Confissões, “nosso coração andará inquieto até
que encontremos descanso em [Deus]”.5 Somos criados para desejar o reino.
James K. A. Smith diz que captamos muito mais por meio do sentir do que
através do pensar. Nossa “cosmovisão é mais uma questão de imaginação do que
de intelecto”, portanto construir uma cosmovisão cristã baseada no intelecto não
é o bastante.6 Podemos aprender todas as respostas corretas por meio das lentes
corretas, mas ainda sendo amantes do mundo.
Na realidade, não é o que sabemos, mas o que praticamos. É nossa adoração
cristã, e ela vem antes da cosmovisão.

Nós a amamos antes de compreendê-la ou conhecê-la.


Discipulado e formação são [...] uma questão de desenvolver um
conhecimento prático cristão que intuitivamente “compreenda” o mundo à
luz da plenitude do Evangelho. E visto que uma compreensão está implícita
na prática, as práticas da adoração cristã são cruciais — o sine qua non —
para desenvolver uma compreensão cristã distinta do mundo.7
A escola cristã clássica prepara o coração mediante a prática. As práticas
formam os hábitos, os hábitos moldam nosso caráter e o caráter forma nosso
futuro.
A educação cristã clássica causa um desejo pelo reino em nossos corpos
frágeis e terrenos. Os alunos crescem em seu desejo pelo reino à medida que
seguem a Cristo, primeiro com o coração e depois com tudo o que [eles fazem]
“dele procede” (Pv 4.23).

O conhecimento é ajustado.

Capítulo 3

Afinal de Contas, o que é a Educação


Cristã Clássica?
Agora que você saboreou um pouco do verdadeiro propósito da educação
clássica, isso ajudará a compreender o que ela é.
Linguagem, línguas e suas literaturas, estudos sociais, ciências, matemática e
educação física preenchem uma agenda escolar comum. Os professores
transferem informações em pacotes separados, colocando umas sobre as outras
como peças de Lego. Dorothy Sayers, em As Ferramentas Perdidas da
Educação, escreve:

Embora com frequência obtenhamos sucesso no ensino de “matérias” a


nossos alunos, nós lamentavelmente falhamos como um todo em ensinar-
lhes a forma de pensar: eles aprendem tudo, exceto a arte de aprender.8
Novamente, a educação clássica visa preparar o coração e ensinar aos alunos a
como pensar ao mesmo tempo em que renova a arte de aprender. Ela é diferente
de outros métodos, técnicas e filosofias presentes na maior parte das escolas dos
dias de hoje.
Christopher Perrin condensa:

A educação clássica (e cristã) é uma abordagem tradicional à educação,


que mescla a teologia cristã com o currículo histórico e com a pedagogia
das Sete Artes Liberais, de modo a produzir para a sociedade líderes
caracterizados pela sabedoria, virtude e eloquência.9

A educação clássica trabalha com a finalidade de verdadeiramente


compreender as ideias da civilização ocidental encontradas nos Grandes Livros
escritos no decorrer da História. As Sete Artes Liberais — Gramática, Lógica,
Retórica, Aritmética, Geometria, Astronomia e Música — são ensinadas de
maneira tradicional. A educação cristã clássica visa cultivar a sabedoria, a
virtude e a busca pela verdade em um ambiente reflexivo e centrado em Cristo.
Perrin também acrescenta que a educação clássica:

Instrui os desejos e o entendimento


Valoriza a discussão e a contemplação
Encoraja uma compreensão do passado
Se adapta às descobertas e aos novos conhecimentos
Cria um fundamento que sustenta qualquer profissão
Prepara líderes
Associa-se com a igreja.10
Você não se surpreenderá ao ouvir que a História exerce um papel importante
na educação clássica.
Conhecemos a História por meio dos escritos de pessoas que vieram antes de
nós. Platão, Homero e Virgílio nos iluminam com pensamentos e experiências
gregas e romanas. Lemos sobre nossas raízes de liberdade, justiça, fé, beleza e
direitos civis nos Grandes Livros.

Por quê? Porque os classicistas acreditam que somente através da


construção em cima do passado é que podemos nos preparar para o futuro.
Assim como pensadores cristãos fizeram antes de nós, podemos pegar a
riqueza do passado e dela aprender.
A civilização ocidental, ou a incorporação em sociedade do comportamento,
dos valores e das ideias da cultura ocidental, forneceu-nos a maior parte da
ciência, da literatura, da arte, da democracia e do comércio dos quais
dependemos hoje. A civilização ocidental veio de uma compreensão de mundo
judaico-cristã.11
Desde a época de Platão, a civilização ocidental afirmou a realidade da
verdade, da beleza e da bondade.
A compreensão cristã de que o próprio Deus é essa realidade e é, portanto, a
essência da verdade, da beleza e da bondade, foi o que levou à ascensão da
universidade na Europa medieval. Ela foi nomeada universidade por ocasião do
debate que surgiu sobre se na verdade poderíamos conhecer os princípios
universais ou se eles não seriam apenas nominais.12
Esta declaração está em direto contraste com expressões modernas de
ceticismo sobre a realidade da verdade, da beleza e da bondade, como notamos
nas filosofias do relativismo (conhecimento, verdade e moralidade não são
absolutos), do pragmatismo (conhecimento, verdade e moralidade são apenas
úteis, não verdadeiros; podem, se necessário, ser ignorados) e do solipsismo (o
‘eu’ é tudo que sabemos existir).
Os classicistas creem que um retorno da tradição da sabedoria e do deleite na
bondade, na verdade e na beleza encontradas em Deus ajudará a reverter o
distanciamento que a civilização ocidental sofreu de suas raízes na cultura
ocidental. Civilizações do passado, e sobretudo os valores cristãos, ajudaram a
construir a cultura ocidental.
Por definição, os progressistas buscam mudar a sociedade e construir novas
estruturas sociais. Eles minimizam influências históricas conforme trabalham
para reestruturar a cultura.

Precisamos concordar sobre o que é a verdade, a bondade e a beleza; do


contrário, colocamos os pilares de nossa cultura em grande risco.
Os classicistas dependem das Sagradas Escrituras. Elas contêm alguns dos
escritos mais antigos sobre temas que fluem ao longo da história da humanidade.
A Bíblia aborda rivalidade entre irmãos, infidelidade, escravidão, genocídio,
assassinato e ganância. Ela oferece uma das explicações mais antigas para a
corrupção geopolítica e o sofrimento de uma nação. Ela descortina as
motivações por trás das guerras e opressões, e oferece soluções políticas que
conduzem à paz e à prosperidade.
Os relacionamentos, característica principal da sociedade humana, são
demonstrados em grande detalhe na Bíblia. Os leitores aprendem sobre
interações entre irmãos, pais, casais e nações.
A Bíblia trata de dinheiro, negócios, comércio e investimento. Ela define
trabalho e descanso, negócio e ócio. Certamente, nenhuma pessoa instruída pode
se dizer como tal sem uma exposição profunda às Escrituras.
A Bíblia é nosso “mapa”.
As Escrituras fornecem um mapa detalhado para a nossa jornada, com certas
rotas claramente bloqueadas e outras desnecessariamente difíceis. Temos uma
ideia de quais caminhos nos levarão a determinado destino sem repetir os erros
de outros.
Também podemos aprender de outros que trabalharam para compreender o
passado e a verdade de Deus conforme revelada no decorrer da História. Em
uma escola clássica se lê Homero, Aristóteles, Virgílio, Agostinho, Bunyan e C.
S. Lewis. Pelo Espírito Santo, por meio da Palavra de Deus, usamos esses textos
para reconhecer a preservação da nossa cultura em sua melhor forma. A verdade
é compreendida em Agostinho e a moralidade é refletida em Aristóteles. Estes,
assim como outros autores, escreveram livros que lidam com valores e ideias
fundamentais. Acreditamos que a Bíblia é o maior de todos os livros.
Uma lista dos Grandes Livros (expandida no livro The WellTrained Mind)
pode incluir, mas sem se limitar, os seguintes livros:

Epopeia, de Gilgamesh (c. 2500 a.C.)


A Ilíada e A Odisséia, de Homero (c. 850 a.C.)
Medeia, de Eurípides (c. 431 a.C.)
A República, de Platão (c. 387 a.C.)
Poética e Ética, de Aristóteles (384-322 a.C.)
Da República, de Cícero (54 a.C)
Eneida, de Virgílio (c. 30 d.C.)
A Guerras dos Judeus, de Josefo (c. 68)
Confissões e A Cidade de Deus, de Agostinho (c. 400)
Beowulf (c. 1000)
Aquinas: Selected Writings (c. 1273)
O Inferno, de Dante (1320)
Os Contos de Cantuária, de Chaucer (c. 1400)
O Príncipe, de Maquiavel (1513)
Utopia, de More (c. 1516)
Meditações Divinas, de Donne (c.1635)
Princípios da Filosofia, de Descartes (c. 1644)
O Paraíso Perdido, de Milton (1664)
Pensamentos, de Pascal (1670)
O Peregrino, de Bunyan (1678)
Ensaio Sobre o Entendimento Humano, de Locke (1690)
Do Contrato Social, de Rousseau (1762)
Crítica da Razão Pura, de Kant (1781)
Os Direitos do Homem, de Paine (1792)
Frankenstein, de Shelley (1818)
Autoconfiança, de Emerson (1844)
O Manifesto Comunista, de Marx e Engels (1848)
Walden, de Thoreau (1854)
Crime e Castigo, de Dostoiévski (1856)
A Origem das Espécies, de Darwin (1859)
Grandes Esperanças, de Dickens (1861)
Assim Falou Zaratustra, de Nietzsche (1883)
A Interpretação dos Sonhos, de Freud (1900)
A Inocência do Padre Brown, de Chesterton (1911)
A Poem with Notes and Grace Notes, de Frost (1924)
Mein Kampf, de Hitler (1939)
A Revolução dos Bichos, de Orwell (1945)
O Diário de Anne Frank, de Frank (1947)
Homem Invisível, de Ellison (1952)
Cristianismo Puro e Simples, de Lewis (1952)
Por que não Podemos Esperar, de King Jr. (1964).13
Alguns podem se sentir sobrecarregados com essa breve lista.
Ou, talvez, desconfortáveis.
Isso é esperado, mas há um importante propósito em ser exposto a essas
obras…

Capítulo 4

Isolar, imergir
ou inocular?
Hitler? Nietzsche? Maquiavel? Freud? Por que desejaríamos que nossos filhos
gastassem tempo com alguns desses escritores da lista dos “grandes” que
apareceu no capítulo anterior?
Ao invés de prover uma bolha protetora desse tipo de informação e isolar os
alunos dessas ideias ou de imergi-los antes que estejam prontos, a escola cristã
clássica escolhe inoculá-los. A educação cristã clássica intencionalmente expõe
os alunos e lhes dá ferramentas para que naveguem por aquelas questões difíceis
que eventualmente encontrarão.14
Pense nisto da seguinte forma:
Se forem visitar outro país, você pode preparar seus filhos garantindo que eles
tenham as vacinas apropriadas antes de todos partirem.
Por alternativa, você pode não ir. Pode proteger seus filhos, mantendo-os em
casa com a ideia de que nunca precisarão ser expostos.
Ou você pode enviá-los sem as vacinas e imergi-los no país desde o princípio.
Uma outra maneira de pensar sobre isto é considerar o perigo que a água
apresenta, sendo o afogamento a segunda maior causa de morte, ficando atrás de
doenças congênitas em casos de crianças de um a quatro anos de idade.15
Sabendo que seus filhos podem se afogar, você poderia isolá-los da água — não
os expor à água nem lhes contar a respeito dela, mas viver longe o suficiente de
qualquer fonte de água, esperando e orando para que eles nunca tenham nenhum
tipo de acesso a ela.
Desejando oferecer um melhor programa para os meus filhos, eu* tentei fazer
isso com eles num primeiro momento. Eduquei-os em casa; não queria que eles
fossem expostos tão cedo. Planejava expô-los por conta própria, mas eles nunca
pareciam estar “prontos”... até que seus amigos tomaram a iniciativa.
Ou, porque a água é perigosa, você poderia imergi-los diretamente. Porque
eles precisam aprender a nadar, você pode lançá-los no fundo ainda quando bem
crianças, sem supervisão, a fim de que aprendam a lidar com o perigo.
Muitos dos meus amigos creem ser esta a melhor maneira. Se eles precisam
sobreviver no mundo, então precisam começar a praticar a partir do primeiro dia.
Por fim, uma vez que a água é perigosa, você pode inoculá-los ou matriculá-
los em aulas de natação. Sob o olhar atento de um instrutor qualificado, eles
podem progredir de iniciantes a especialistas. Eles aprenderão a navegar em
águas profundas e a evitar possíveis perigos: mergulhar em áreas de risco, nadar
sozinhos, expor-se a correntezas, etc.
Em vez de isolar as crianças a fim de protegê-las, ao invés de imergi-las antes
que estejam prontas, as escola cristãs clássicas inoculam os alunos ao
intencionalmente introduzi-los a ideias e conhecimentos sob a orientação de um
instrutor bastante qualificado e instruído, com o objetivo de prepará-los bem
para o que vierem a enfrentar.

A abordagem clássica da educação trabalha para ajudar os alunos a


compreenderem os escritos das pessoas que influenciaram o pensamento
humano no decorrer da História.
Compreender a filosofia de Hitler nos ajuda a ver como suas ideais
transformaram-se em escolhas — escolhas que levaram a algumas das maiores
atrocidades dos últimos tempos. Aprendemos de modo a não tomar essas
mesmas decisões. No dizer marcante de Edmund Burke,

Aqueles que não conhecem a História, estes estão fadados a repeti-la.

Quando somos completamente ignorantes acerca do passado, cometemos


os mesmos erros daqueles que vieram antes de nós.
A educação clássica trabalha para munir o aluno de extensivo conhecimento,
embora o conhecimento não seja um fim em si mesmo. Muitos sistemas
transmitem informações e ditam às crianças o que pensar.
Mais uma vez, tendo por foco primário a instrução do coração antes de tudo,
os alunos educados pelo método clássico são ensinados a como pensar — como
sintetizar toda uma história de aprendizado. Isto é feito onde pensamentos e
conhecimento são compreendidos pelo prisma da obra de Cristo na terra, Sua
obra de restaurar toda a criação.
Os alunos consideram como os eventos ocorreram e seus porquês, teorias são
discutidas e ideias são transmitidas por meio da leitura das grandes obras.
Com isso eles adquirem uma perspectiva clara.

Capítulo 5

O processo
Agora que você conhece mais sobre o que é a educação clássica, vamos dar uma
olhada em como ela funciona.
Aprender a ponderar e sintetizar toda uma história de aprendizado pode soar
avassalador, mas o processo é bem simples.
A educação clássica se alinha ao desenvolvimento intelectual natural dos
alunos. Ela geralmente é dividida em diferentes fases, chamadas de Trivium, ou
três caminhos, baseadas nas três primeiras Artes Liberais: Gramática, Lógica e
Retórica.16
A primeira fase, a fase da Gramática, geralmente compreende as séries do
Jardim de Infância à quinta ou sexta série do Ensino Fundamental, estabelecendo
alicerces fundamentais. Crianças mais novas têm cérebros feito esponjas. Elas
podem encher o cérebro de uma incrível quantidade de conteúdo. Músicas,
cânticos, recitações e rimas ajudam as crianças a memorizar esses fatos. A
informação, de fatos matemáticos ou países do mundo ou de regras da ortografia,
permanecerá com elas pelo resto da vida; portanto, este é o período da
construção do conhecimento.
A segunda fase, a fase da Lógica, geralmente se inicia na sexta ou sétima
série. Os alunos passam a pensar de forma independente e agora desejam
compreender as informações, não somente recebê-las. Com uma forte base de
conhecimento adquirido na fase da Gramática, eles começam a pensar de forma
mais abstrata e a perguntar por que ou como. A perspectiva deles se amplia e
começam a reconhecer conexões em todo o conteúdo, compreendendo por que
acontecimentos importantes na História ocorreram. Os alunos tornam-se aptos
para a aplicação da lógica formal, aprendem a apoiar uma ideia e a analisar a
literatura criticamente conforme o domínio sobre a arte da argumentação se
desenvolve.
A terceira fase do Trivium é a fase da Retórica, que costuma se dar durante as
séries do Ensino Médio. Ao utilizar suas fortes bases de conhecimento e
habilidades em lógica adquiridas nas séries anteriores, os alunos na fase da
Retórica aprendem a expressar ideias de forma clara e efetiva. Eles ganham
confiança para pensar de forma independente e são capazes de compartilhar com
eloquência suas cosmovisões por meio do discurso falado e escrito.
Embora cada fase tenha um foco específico, o conhecimento e as habilidades
não são limitadas a um único nível. Os alunos do terceiro ano do primeiro ciclo
do Ensino Fundamental estudarão a lógica de uma teoria em ciências, e alunos
do Ensino Médio estarão focados em memorizar fatos essenciais a um conceito.
No entanto, o ponto central da educação cristã clássica não se limita aos três
caminhos das Artes Liberais: Gramática, Lógica, Retórica. O cultivo de virtudes
morais e das artes matemáticas da Aritmética, Geometria, Astronomia e Música,
ou o Quadrivium (“quatro caminhos”), também são tradicionalmente parte da
escola clássica, pois os “antigos criam que [todas] as Sete ‘Artes’ não eram
simplesmente matérias a serem dominadas, mas maneiras seguras e certas de
formar na alma a virtude intelectual necessária para a aquisição da verdadeira
sabedoria”.17
O Trivium funciona como uma estrutura para o conhecimento integrado. As
disciplinas não são separadas umas das outras; a ciência floresce ao longo da
história e da linguagem enquanto a arte é refletida na geografia e na matemática.
Compreender a informação em seu contexto maior a torna mais significativa e
útil.18
A fé cristã é uma fé histórica e única. Deus não só criou o espaço e o tempo,
mas Ele pode ser “percebido por meio das coisas que foram criadas” (Rm 1.20).
Ele também entrou na história humana como homem e continua a agir nela. Isto
fica bastante evidente na medida em que Deus operou por meio do Espírito
Santo em Seu povo por milênios. A história é o teatro da providência de Deus. O
estudo cuidadoso demonstra o efeito do Seu reino sobre a humanidade: “Nele,
tudo subsiste” (Cl 1.17).19
A abordagem clássica se vale da História para seu cerne, organizando a
literatura, a geografia, a ciência, a arte, a música e a matemática ao redor dela. A
História é geralmente repartida em períodos: Antiguidade, Idade Média,
Renascimento e Reforma, Tempos Modernos. A Antiguidade é explorada na
primeira e segunda série do primeiro ciclo do Ensino Fundamental, e os alunos
avançam cronologicamente ao longo do ciclo histórico, e não de forma
fragmentada, coisa que acontece em outros currículos.
O latim também costuma ser parte do conteúdo da escola clássica. Ele é
considerado basilar para o inglês**; grande parte das palavras em inglês vem de
raízes latinas.20 Aprender o latim ajuda o aluno da educação clássica a
compreender estruturas da língua inglesa e auxilia no aprendizado de línguas
românicas baseadas no latim. Alunos que estudam latim por no mínimo dois
anos conseguem notas significativamente mais altas em provas de exames
padronizados como o SAT.21 O latim também ajuda o aluno a compreender
grandes obras históricas.
Os educadores clássicos entrelaçam magistralmente este rico conteúdo por
meio de sua própria compreensão dele. Na escola clássica, não encontraremos
somente as qualificações básicas de um professor municipal ou estadual, mas
também níveis de mestrado e doutorado, na medida em que os professores
clássicos exemplificam a vida do eterno aprendiz.
Desde as séries primárias, ricas de conteúdo, passando, no Ensino
Fundamental, pelo período de questionamento e maior compreensão até a
confiança e competência necessárias para compartilhar as ideias do aluno e
apoiá-las no Ensino Médio, a educação cristã clássica ajuda o aluno a aprender,
usando as lentes da cosmovisão cristã, do passado para construir o futuro.
Conforme a criança aprende a pensar, ela pode entrar na “Grande Conversa”,
o resumo de Robert Hutchin do diálogo entre os maiores pensadores de toda a
História:

A tradição do Ocidente é incorporada na Grande Conversa, que teve início


no alvorecer da História e que continua até o tempo presente. 22
Estes pensadores fizeram uso do trabalho de seus antecessores, dando
sequência à conversa deles ao longo da História.
Uma abordagem clássica à educação é destinada a preparar o coração e a
mente da criança para que ela se junte à Grande Conversa, com um passo de
cada vez.

Capítulo 6

Tesouro perdido
Sócrates. Platão. Agostinho. Aquino. Pascal. Hildegarda. Galileu. Arquimedes.
Einstein. Joana D’Arc. Copérnico. Colombo. Shakespeare. Darwin. Isabel I.
Lutero. Newton.
É provável que já tenha ouvido falar desses nomes. Talvez você até
compreenda a importância deles.
Eles influenciaram a sociedade de uma maneira atemporal. Foram pessoas
instruídas nos moldes clássicos, e a lista poderia continuar.
Os Pais Fundadores das confederações canadense e americana, John A.
Mcdonald, George Etienne Cartier e Thomas Jefferson, também tiveram uma
base similarmente forte. As escolas na antiga América do Norte eram escolas
cristãs clássicas legítimas.
[Eles] estudavam a Bíblia no hebraico e no grego a partir dos originais, liam A
Ilíada de Homero em grego, as histórias de Tácito em latim e, ademais,
estudavam as Institutas da Religião Cristã, de João Calvino.23
Ao longo dos séculos, a maior parte dos pensadores, cientistas, políticos,
matemáticos e líderes cristãos influentes foram educados nos moldes
clássicos.
Eles dependeram daqueles que vieram antes deles; eles precisaram de auxílio
para encontrar o próprio caminho. Galileu citou Platão. Newton fez referência a
Gassendi. As descobertas foram construídas sobre entendimentos passados no
decorrer do tempo.24
Até filósofos pagãos refletiram sobre a verdade, a beleza e a bondade em seus
escritos, pois reconheciam o valor destas para a sociedade. Pelo passar dos
séculos, grandes pensadores influenciaram o pensamento humano, pois
compreendiam onde o homem esteve e para onde está indo.
Boa parte das grandes mentes repousou sobre o mesmo núcleo fundamental de
uma sociedade bem-sucedida, passada de geração para geração. A educação
clássica permitiu que eles mudassem dramaticamente a sociedade de seus dias,
que por fim moldou a nossa própria sociedade.
Não eram apenas grandes pensadores; eles se tornaram grandes
influenciadores da mudança. Os alunos têm o potencial de adquirir perspectiva
por meio do estudo destas pessoas influentes, incluindo:

O “Pai da História”, Heródoto


O “Pai da Medicina Ocidental” e criador do Juramento de Hipócrates,
Hipócrates de Kos
O filósofo grego que deu forma ao pensamento sobre a ética, a lógica e a
filosofia, Aristóteles
O líder militar que expandiu um dos maiores impérios da antiguidade em
sua curta vida, Alexandre, o Grande
O talentoso inventor e matemático grego, Arquimedes
O magistrado que mudou a forma de governo e construiu um fundamento
para a civilização ocidental, Júlio César
O líder que não temia garantir que a cristandade florescesse no extenso
império Romano, Constantino, o Grande
O “Homem do Renascimento”, que demonstrou genialidade com seu
currículo em arte, música, matemática, ciência e engenharia, Leonardo da
Vinci
O “Pai da Ciência Moderna”, ou o homem que estava disposto a desafiar a
crença de onde a Terra se encaixa no universo, Galileu Galilei
O brilhante cientista que fez descobertas ao longo da Revolução Científica,
Isaac Newton
O filósofo que influenciou o pensamento sobre a independência e a
liberdade, John Stuart Mill
O presidente que aboliu a escravidão e liderou seu país durante a guerra
civil, Abraham Lincoln.

Devemos a nossa compreensão da ciência, nossa filosofia e ética, nossa


compreensão da linguagem e história, nossas leis e liberdade de hoje a pessoas
como essas, que edificaram nossas bases.
Não quer dizer, contudo, que tudo o que tais mentes disseram foi bom ou
veraz. Precisamos, guiados pela luz da Revelação, peneirar aquilo que foi dito.
Mas não podemos fazer isso enquanto não formos expostos à luz da Revelação.
Estas e outras pessoas influentes passaram grande parte do tempo pensando,
escrevendo e aprendendo, construindo sobre teorias e ideias passadas — muitos
lutando com questões contra as quais também lutamos atualmente como a
justiça, a fé, a verdade, os direitos civis e a liberdade.

B.
A Educação
dos Dias
Atuais

Capítulo 7

Uma educação
boa o bastante
Esqueça Pedro, Platão e a Pérsia por um momento. Talvez você ache que seu
filho não precisa de uma educação melhor. Talvez você ache que ele recebeu
uma educação “boa o bastante” ou que, aliás, seu filho vem recebendo uma
educação ainda melhor.
Considere o seguinte:
Os resultados das provas foram lançados. Seu filho recebeu nota 7, a média.
Você respira aliviado.

Pelo menos ele não ficou para trás.

Ainda melhor, ele tira um 8,5, daí você levanta um pouco mais a cabeça.

Você pensa: meu filho é muito inteligente. Ele está indo melhor do que a
maioria dos outros alunos da idade dele deste país.

Mas o que essa nota revela de fato?


O que um aluno na média do país está fazendo? Quais habilidades ele ou ela
realmente dominou? O que um aluno mediano realmente sabe? Seu filho sabe
mais ou sabe menos do que você sabia quando tinha a idade dele? Como ele
seria comparado a seus pais quando na mesma idade? E como seria comparado
aos seus avós?
Talvez você conclua que seu filho esteja bem avançado:

A escolarização é progressiva. A educação está ficando cada vez melhor à


medida que aperfeiçoamos a arte da aprendizagem. Além disso,
antigamente as pessoas sabiam muito menos do que sabemos hoje.

Certo?
Em 1984, Gary Ingersoll e Carl Smith pesquisaram mais de seis mil crianças e
adolescentes entre as idades de 6 e 14 anos e notaram que o vocabulário ativo
para essa faixa etária havia se reduzido por mais da metade, de 25 000 palavras a
10 000 palavras em um período de quarenta anos. O estudo reiterou que “porque
a compreensão de [uma] oração é aumentada com o conhecimento de palavras
componentes”, a habilidade de leitura dos alunos estava afetada.25
Em 2013, a Organização pela Cooperação Econômica e Desenvolvimento
pesquisou um mínimo de cinco mil pessoas em trinta e três países por todo o
mundo, avaliando a alfabetização básica, habilidades em cálculo e resolução de
problemas. Entre adolescentes e jovens de 16 a 24 anos, os Estados Unidos
registraram a segunda pior nota em habilidade de leitura. Em habilidades de
cálculo e resolução de problemas, os Estados Unidos ficaram em último lugar.
Os resultados do Canadá para essa faixa etária também ficaram abaixo da média.
E isso apenas compara nossos alunos de hoje — não fazendo um paralelo com
alunos instruídos no decorrer da História.26
Em 2013, um estudo da Universidade de Amsterdã revelou que as nações
ocidentais perderam cerca de quatorze pontos de QI desde a época Vitoriana.27
O que isso quer dizer?
A tragédia dos dias atuais é que nem mesmo sabemos o que não sabemos.
Somos ignorantes acerca de nossa própria ignorância.
Achamos que recebemos um fundamento sólido. Talvez nos saiamos melhor
do que membros do grupo social no qual estamos inseridos. Talvez estejamos na
camada elevada dos instruídos. Um dentista? Um mestre em administração? Um
advogado? Podemos ser especialistas em nossas áreas.
Pela maior parte do século XX, a educação foi projetada para criar
especialistas em uma única área. Empregos modernos exigem especialização de
conteúdo.
Mas como especialistas, quão bom é o nosso conhecimento de base geral? O
que Will Rogers diz é verdade?

[Não há] nada tão estúpido quanto um homem instruído quando tirado da
área na qual foi instruído. 28
Se considerarmos a mudança na educação nos últimos cinquenta ou cem anos,
encontraremos uma tendência notável. A Revolução Industrial gerou uma
necessidade de educar operários, não pensadores.29 As oportunidades de trabalho
multiplicavam-se e os trabalhadores precisavam de habilidades para usar e
desenvolver tecnologia.

A educação mudou de foco. Antes os alunos eram ensinados a como


pensar, agora são ensinados a como se dar bem na indústria. Por séculos, a
educação clássica tem produzido alguns dos maiores pensadores de todos os
tempos. Mas a fim de suprir as necessidades da industrialização, habilidades
precisaram ser aprendidas rapidamente. Os trabalhadores precisavam obter
sucesso. Ordem e produtividade tornaram-se primordiais.
A maneira mais fácil de obter isso foi cortando algumas coisas
“desnecessárias” do currículo tais como as Artes Liberais: História, Música,
Arte, etc.

Por que considerar ideias quando tais podem nos distrair da tarefa que
temos de cumprir?

Nos últimos cem anos, os currículos passaram a enfatizar a matemática, a


ciência e os estudos sociais até que pouco além restasse. A matemática e a
ciência, tratadas como objetivas e irrefutáveis, removeram a necessidade de
sintetizar informações.

Não era exigido dos alunos o pensar, pois eles eram treinados a fazer.
As Artes Liberais tornaram-se “sebo” a ser extraído, deixando a educação
concentrada em ciências, matemática e estudos sociais.
Um currículo aparado deu lugar ao cientificismo, a crença de que a ciência é a
melhor ou até mesmo a única fonte de conhecimento verdadeiro. Os alunos
abraçaram o cientificismo sem conhecerem nenhuma outra coisa.
A ciência deve começar com o pensamento, a reflexão, e por fim a suposição,
antes que possa produzir as maravilhas tecnológicas e concretas de que
desfrutamos. A ciência se inicia a partir de algo fora da ciência; na imaginação,
no pensamento e na reflexão. Embora se formem aptos a cumprir tarefas, os
alunos agora são menos capazes de pensar por si mesmos.
Essa mudança de foco afetou dramaticamente a educação moderna — nossa
própria educação.
Somos agora pessoas melhores?
Continue lendo e decida você mesmo.

Capítulo 8

Quanto você sabe?


Você pode ser formado no Ensino Médio ou ter alcançado algum diploma
universitário. Você pode até ter recebido um mestrado ou PhD. Talvez você seja
um dos especialistas mencionados no capítulo anterior.
O que você está prestes a fazer não deve ser difícil, afinal.
Quantas das seguintes perguntas você pode responder completa e
corretamente? (Coloque seu celular de lado!)

GRAMÁTICA
Diga as regras para o uso de letras maiúsculas.
Como se analisa um verbo? Faça a análise completa dos verbos dar, fazer,
acreditar, ensinar, obedecer, sofrer, comer, crer.
O que são prefixos? A seguir, diga se os seguintes termos são prefixos e
forme palavras com aqueles que forem: anti-, bi-, des-, pre-, pro-, re-, per-,
ab-, ad-, an-, apo-.
Empregue corretamente as seguintes palavras, formando duas orações com
cada uma delas: porque, porquê, por que, por quê, mau e mal, bom e bem,
para e pára, houve e ouve, cem e sem.

MATEMÁTICA
A conta de luz de um condomínio deve ser paga até o quarto dia útil de cada
mês. Para pagamentos após o vencimento, é cobrado juros de 0,5% por dia
de atraso. Se a conta de um morador for de R$ 380,00 e ele pagá-la com 11
dias de atraso, qual será o valor pago?
Certa mulher aplicou um capital a juros simples durante dois anos e meio.
Sendo corrigido a uma taxa de 7% ao mês, gerou no final do período um
montante de R$ 35 530,00. Determine o capital aplicado nesta situação.
GEOGRAFIA
Nomeie todos os países da Europa e diga a capital de cada um.
Quantos oceanos existem no mundo? Explique as diferenças entre eles.
BIOLOGIA
Como são produzidos a saliva, o suco gástrico e a bile? Qual é a função de
cada um na digestão?
Como a nutrição afeta a circulação?
Você é capaz de responder a todas essas perguntas com confiança?
Essa é apenas uma pequena parte de uma reprodução baseada num exame da
oitava série, em 1895. Você pode encontrar o documento original na coleção da
Sociedade de Genealogia de Smokey Valley.30
Talvez você saiba todas as respostas às perguntas de uma área. Talvez você
seja um profissional da área de saúde, e biologia seja sua área de interesse. Ou
talvez você seja um especialista em matemática ou geografia.

A realidade é que poucos adultos, hoje, seriam capazes de acertar todas as


respostas desse exame da oitava série.
A maior parte dos alunos que realizou essa prova em 1895 era de
trabalhadores rurais do Kansas. Eles eram educados de forma muito diferente do
modo como somos hoje em dia.

O que isso nos diz a respeito de nossa educação?


Essa prova nem mesmo reflete o “sebo” extraído. Não há perguntas sobre a
história mundial, filosofia, religião, línguas, lógica, artes ou música. Há um
século, os alunos eram treinados em todas essas áreas.
O currículo moderno muda à medida que o país, continuamente, traz
informações de como e sobre o que os alunos devem aprender. A mídia
orgulhosamente faz essa declaração com manchetes tais como: “O currículo de
educação sexual de Ontário ensina os valores da sociedade, e isso é bom”.31
O currículo centra-se cada vez menos em produzir pensadores independentes,
mas trabalha cada vez mais para socializar as crianças.
A educação moderna presume que as crianças dependem da tecnologia para
encontrar informação.
A maior parte do que os alunos querem saber pode ser encontrada na internet.
Mas o novo currículo só sugere maneiras de manipular os meios de comunicação
e ignora o fato de que os alunos não têm contexto e perspectiva e que não
aprenderam como sintetizar a informação à qual têm acesso. Também lhes faltam
as ferramentas para criticar essa informação.
Espera-se que a nossa sociedade atual prospere quando as crianças tiverem
crescido e se dado bem umas com as outras enquanto trabalham dentro do
sistema. A educação moderna não mune o aluno para pensar por si próprio ou
para, inclusive, desafiá-la. Os planos curriculares cortam conteúdos para haver
mais espaço para a socialização das crianças. Essa socialização instrui os alunos
em valores antitéticos à cosmovisão cristã. Precisamos perguntar mais acerca do
porquê e do como, e o que isso significa para os influenciadores do amanhã.

Tudo isso se resume em filosofia.


C.
Filosofia
da Educação

Capítulo 9

O culpado: a filosofia e como ela modifica


a cultura
Os educadores estão hoje compromissados com uma variedade de métodos:
aprendizagem baseada em pesquisa, centrada na criança, centrada na brincadeira
— todas as palavras da moda. Eles se agarram a esses métodos prometendo
aprendizes autodidatas, independentes e que continuarão aprendendo pelo resto
de suas vidas.
Contudo, “toda pedagogia presume e manifesta uma antropologia”.32
Toda abordagem à educação pressupõe uma hipótese de como a criança é.
A aprendizagem baseada na pesquisa, na investigação, encoraja a criança a
direcionar seu desenvolvimento mediante perguntas e questionamentos naturais
conforme o professor age como facilitador.
Tal método pressupõe que os alunos têm o conhecimento e as habilidades para
fazer perguntas-chave e, por consequência, possuem a sofisticação para observar
e aplicar novas informações ao seu entendimento de mundo.
A aprendizagem centrada na criança também coloca o professor no papel de
facilitador. As crianças escolhem suas atividades baseadas em interesses
individuais e na “boa vontade”. As crianças são capazes de trabalhar lado a lado
de forma independente, pois estabelecem seus próprios programas.
A aprendizagem centrada na criança supõe que a criança estará “pronta”
quando estiver interessada.

Se Joãozinho não quer ler, ele não precisa ir para o cantinho da leitura.

No Canadá, o Jardim de Infância tem se centrado cada vez mais em


brincadeiras conforme, repito, as próprias crianças dão direção ao dia e decidem
o que fazer nele.33 O soletrar desaparece enquanto o Play-Doh e bloquinhos
tomam o palco principal na sala de jogos para alunos mais velhos do Jardim de
Infância.
A aprendizagem centrada em jogos enxerga a educação através de jogos. Ela
supõe que crianças não precisam ser expostas ao “ensino direto” até que atinjam
a primeira série.

O que estamos transmitindo a estes alunos?


Que a criança é esperta o suficiente para descobrir o que e quando deve
aprender (e, talvez, que ela é o centro da sala e do universo) ou que não é esperta
o bastante para começar a aprender oficialmente até que atinja a primeira série
do Ensino Fundamental?
É isso o que pensamos?
Ou estamos profundamente cientes de que crianças são seres humanos, e a
resposta natural delas a tais liberdades será, por fim, realizar menos do que são
capazes? Por que elas deveriam desafiar a si mesmas, se ninguém mais o fará?
Certo pai compartilhou a história de uma conversa durante o jantar entre ele e
seus filhos, do menor ao maior. O irmão mais novo, estudando em uma escola
cristã clássica, estava falando sobre a Bolívia. O irmão mais velho, em uma
escola pública, declarou que tal lugar não existia. O pai ficou surpreso ao ouvir a
resposta do filho mais novo: “Claro que existe. A Bolívia é um país da América
do Sul”.
Este foi um conhecimento adquirido por meio de uma abordagem centrada em
jogos e brincadeiras, centrada na criança ou numa que se baseia no aprendizado
mediante pesquisa e investigação? Não, essa criança, o irmão menor, conheceu
os países da América do Sul por meio de uma abordagem clássica e seria capaz
de indicar cada país sul-americano no mapa, apesar de ainda estar no penúltimo
ano do Jardim de Infância.
A verdade é que é notável como crianças responderão à altura quando muito
delas é esperado.
Recentemente, um outro aluno da quinta série refletiu sobre o que estava
aprendendo em história: “Por que minha mãe não sabe isso?”, ele perguntou a
um amigo meu, também professor. “Como você sabe isso? É tudo tão
interessante!”
Estamos cientes do que as crianças são capazes? O sistema educacional atual
parece pensar que elas são cada vez menos capazes.

Por fim, há uma diferença entre o método e a filosofia da educação.


Métodos enfatizam as técnicas que afirmam ajudar o aluno a se sobressair. A
filosofia descreve toda uma abordagem ou perspectiva de como o conhecimento
deve se encaixar.
Uma filosofia da educação deve usar muitas técnicas diferentes para entregar
uma mensagem. Estas técnicas podem mudar dependendo dos professores, dos
alunos ou dos recursos, mas a mensagem não é alterada.
Qual é a mensagem do sistema público de educação? O que ela diz sobre a
criança? Sobre o professor? Sobre os pais? Ou sobre Deus?

A educação cristã clássica é centrada na filosofia de que só podemos saber


para onde estamos indo quando sabemos onde estivemos.
Alunos educados nos moldes clássicos têm uma base de conhecimento
bastante ampla. Eles se socializam através da exposição ao conteúdo clássico
ocidental, e não às modas modernas e progressistas.
Nas palavras de C. S. Lewis:

E, possivelmente acima de tudo, precisamos de um conhecimento íntimo do


passado. Não que o passado contenha algo de mágico em si, mas porque
não podemos estudar o futuro. Ainda assim, necessitamos de algo para
contrapor o presente, para nos lembrar de que as suposições básicas têm
sido bastante diferentes em diferentes períodos e que muito do que parece
infalível aos não instruídos não passa de moda passageira. Um homem que
já viveu em diversos lugares não é facilmente enganado pelos erros
particulares de sua terra natal; o erudito tem vivido em muitas épocas e está,
portanto, em certo grau, imune à grande enxurrada de absurdos que jorram
da imprensa e dos palanques de sua própria era”.34
Escavando as profundezas de nosso passado, aprendemos sobre os grandes
pensadores e líderes, e também aprendemos deles, que vieram antes de nós.
Compreendemos as ideias e eventos que têm moldado quem nós somos nos dias
atuais.
Nas Escrituras, Deus fala às pobres escolhas do homem, crentes e pagãos. A
Bíblia não tem medo de falar acerca das escolhas ruins e sobre pecado.

A educação clássica não tem medo de aprender de tais escolhas e suas


consequências.
A educação cristã clássica se destaca de outras abordagens hoje porque inicia
com premissas que estão desaparecendo da cultura atual. A educação cristã
clássica:
Valoriza a base construída por cristãos ao longo dos séculos
Crê que a cultura ocidental providencialmente oferece valores e maneiras
de implementá-los
Enxerga a necessidade de preservar o fundamento da cultura ocidental para
o nosso futuro.
O que há de tão bom sobre a cultura ocidental?, você se pergunta.
Muita coisa.
Ela tem a melhor medicina, arte, governo, música, literatura, tecnologia,
comércio, direitos humanos, diversidade, longevidade e oportunidades de todas
as civilizações conhecidas até hoje.
A civilização ocidental junta a racionalidade grega com a história judaico-
cristã. Para parafrasear o grande escritor inglês G. K. Chesterton em seu livro
Ortodoxia, ela combina opostos furiosos e os mantém ambos furiosos.35

A educação moderna é baseada em uma filosofia completamente


diferente.
Já há séculos que a sociedade começou a descartar a história e as Artes
Liberais e passou a depender da razão e da ciência, removendo Deus, a
espiritualidade e, por fim, o coração e a mente do homem da Conversa.
No decorrer do século XVII, as pessoas se cansaram das guerras religiosas.36
Deus só complicou as coisas. Ele precisava ser removido da equação. Francis
Bacon investigou a natureza reduzindo as coisas às suas formas mais simples. As
crenças daquela época basicamente diziam que,

Não se pode aprender sobre canhões e balas de canhões se houver


distrações com questões sobre por que deveríamos ou não atirar com
canhões. Questões sobre o que é certo e errado entram no caminho da
tarefa mais importante, que é descobrir como as coisas funcionam.
Ninguém pode aprender a atirar com um canhão de maneira adequada ao
trazer a religião para o arsenal.

A educação moderna erige seus fundamentos sobre a mesma abordagem


reducionista. Ela parte da premissa de que a religião só sabe tirar o foco da obra
importante que o fato e a razão exercem.

A História só constrói feudos históricos. A literatura de excelência não


adiciona nada às habilidades práticas que os estudantes modernos
precisam conhecer. As pessoas conversam de forma diferente agora.

A solução?

Jogue tudo fora. Não é útil de forma nenhuma.

Remover a fé cristã de todas as facetas da sociedade muda dramaticamente


nossa cultura e o ambiente em que nossos filhos vivem.

Então, como isso tem funcionado para nós?


(Para mais discussões sobre a história e filosofia da educação moderna, veja o
Apêndice A: Como Chegamos até Aqui, Para Começo de Conversa e o Apêndice
B: A Alternativa.)

Capítulo 10

Colhendo o que plantamos


A educação moderna, com o passar do tempo, interrompeu a Grande
Conversa.
A educação atual crê que o passado não é necessário ou útil, pois o homem
tem mais conhecimento nos dias atuais. Na verdade, ela acredita que o homem
está progredindo das crenças arcaicas daqueles que vieram antes de nós. C. S.
Lewis a isso deu o nome de “presunção cronológica”.37
A filosofia moderna sugere que o homem deve começar sua própria conversa
a partir do zero, sem a visão, obsoleta e embaraçosa, dos que nos precederam.38
A sociedade redefiniu o modelo de liderança em torno de ícones como Bill
Gates, Ellen DeGeneres e Mark Zuckerberg. A régua de medir o que é bom e
correto empena cada vez mais conforme nossa cultura se desenvolve sobre
princípios completamente diferentes. Esses princípios mudam à medida que os
tempos mudam. Mas eles são tendências que, numa retrospectiva, parecem
ridículos, como calças “boca de sino” e mullets.
O conceito de verdade, de beleza e de bondade são torcidos para alcançarem
fins diferentes.
A verdade torna-se subjetiva. A beleza torna-se comparativa. A bondade torna-
se relativa. A pressão para promover a tolerância desenterra as profundas raízes
da virtude.
O sistema público ensina o bom caráter e a virtude mediante sua inserção na
qualidade de coisas separadas, lições isoladas no programa acadêmico.39
Por não estar conectado a um propósito, o coração não é transformado e o
comportamento geral do aluno divaga. Os professores trabalham para controlar
classes de crianças que foram criadas e educadas sobre princípios diferentes,
princípios estes que estão em mudança contínua e constante.
Embora o sistema educacional moderno veja o valor de ideias cristãs, ele não
as reconhecerá como tais nem lhes atribuirá objetivo claro. Tal sistema ensina
tolerância, mas tolerância ao quê? Ele ensina liberdade, mas liberdade do quê?
Igualdade e justiça para quem? Todo mundo? É possível?
É como uma criança que recebe a herança de um negócio de terceira geração
muito bem-sucedido. Sem compreender a visão, a missão, o investimento, o
sacrifício e os princípios fundamentais que lograram êxito ao negócio e fizeram-
no prosperar, a criança arrisca toda a responsabilidade e confiança.
A criança ignorante e arrogante presume que sabe mais. Uma herança pode ser
desperdiçada, caso ela perca suas bases — seus princípios.
Isso ocorrerá com a sociedade moderna, a menos que a próxima geração
aprenda daqueles que vieram antes de nós.

Estamos muito ocupados para nos preocupar?


Somos levados pelo pensamento moderno, mas nem percebemos que a rede
que mantém a sociedade como um todo está desfiando. Vamos de atividade em
atividade, esquecendo-nos de qualquer época à parte da breve vida que temos.
Até mesmo os mais comprometidos tornam-se egoístas.
Apesar do exemplo de seu pai, Ezequias foi um exemplar seguidor de Deus.
Ele sabia que as dificuldades de Judá eram resultado da rejeição ao Senhor, e
assim “Fez ele o que era reto perante o Senhor, segundo tudo o que fizera Davi,
seu pai” (2Rs 18.3).

“[Ele] Confiou no Senhor, Deus de Israel, de maneira que depois dele não
houve seu semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre os que foram
antes dele. Porque se apegou ao Senhor, não deixou de segui-lo e guardou
os mandamentos que o Senhor ordenara a Moisés” (2Rs 18.5–6).

Esperamos que o mesmo seja dito sobre nós? Estes são elogios de alto nível.
Mas, mesmo após ficar doente até a morte e ser abençoado com mais quinze
anos de saúde renovada, o orgulho de Ezequias em relação ao seu poder militar e
econômico acabaram com seu zelo pelo Senhor. É triste constatar que as
palavras acima não descrevem os últimos dias do rei.
Assim como Ezequias, por fim pensamos em nossa falta de visão:
Não é o suficiente se há paz e segurança em meus dias? (2Rs 20.19)

Feito modernistas, damos margem para nos interpor entre o futuro de nossos
filhos, roubando deles sua herança. Não negamos a nós mesmos. Pelo contrário,
investimos no que é temporário, desperdiçando a herança que lhes é destinada e
que nos foi dada gratuitamente.
Os pais despejam energia no desempenho que seus filhos têm no âmbito físico
e acadêmico. Isto produz um falso senso de segurança e realização — uma falsa
sensação de “paz e segurança em [nossos] dias” (2Rs 20.19). Produz um amor
por algo diferente daquilo para o que nosso coração foi criado.
Precisamos, na vida moderna, mudar radicalmente de direção, caso contrário
arriscamos perder para sempre a perspectiva do passado.
A melhor maneira de influenciar o pensamento das gerações futuras é
recomeçando a Grande Conversa.

As escolas cristãs clássicas dão à criança a possibilidade de fazer as


perguntas importantes, aprender como processar ideais e, por fim, ter algo a
dizer.

Capítulo 11

Mais um diabo habilidoso?


“[Malfeitores] ficam mais aflitos quando suas vilas encontram-se pobres do que
quando suas vidas estão ruins, como se o maior bem do homem fosse possuir
tudo, exceto a si mesmo”. 40

O estudo aprofundado sobre a revelação ao longo da História não é o suficiente.


Uma cabeça cheia de conhecimento e a habilidade de defender a posição de
alguém são características extremamente valiosas... e potencialmente muito
perigosas, sem a presença da virtude. De acordo com Arthur Wellesley,

Eduque pessoas à parte da religião e você as transformará em demônios


habilidosos.41
Nossa cultura atual não precisa de mais um demônio habilidoso. Construir o
intelecto de alguém é contraprodutivo, se a pessoa não tiver nenhuma virtude.
Nas palavras de Theodore Roosevelt,

Educar um homem tão só na mente, e não na moral, é educar uma ameaça à


sociedade.42
Moral ou “traços de caráter” intencionados a moldar nossas crianças da escola
pública não são o bastante. Os alunos trabalham para mostrar “bondade” e
“integridade” e lutam para entender o que ambos os termos realmente querem
dizer.
Novamente, a educação cristã clássica trabalha para moldar o coração. Ela
trabalha para nutrir e cultivar o amor a Cristo, de quem a virtude flui.
Mas a moral sem ligação com um legislador torna-se relativa. Olhamos para a
circunstância a fim de decidir se é uma boa escolha falar a verdade. A ênfase
foca nos benefícios, a ética passa a ser situacional.
O moralismo insiste que podemos alcançar justiça mediante o bom
comportamento. Combinado ao relativismo moderno, os modernistas acreditam
que o indivíduo é melhor simplesmente por aquilo que ele faz. O comportamento
melhorado parece ir além da necessidade de santificação.
Porque somos cristãos, o cerne da nossa fé — o poder redentor da cruz de
Jesus Cristo — é agora substituído por uma tentativa de sermos pessoas “boas”.
Uma vez que o que é “bom” tornou-se relativo, o “bom” agora se desvia e muda
com o tempo. As linhas do certo e errado obscurecem-se e a verdade passa a
depender da filosofia do professor ou do político que dela partilha.

O cerne da educação cristã clássica é cultivar a sabedoria e a virtude,


redundando num relacionamento cada vez mais íntimo e profundo com o
nosso Criador, visto que entendemos a verdade como sendo revelada no
decorrer dos séculos.
A perspectiva do aluno instruído pelo modelo clássico é formada à medida que
ele cresce em discernimento, honra, eloquência, bondade, integridade e serviço.
A verdade, a bondade e a beleza renascem para o aluno clássico.
O aluno aprende rapidamente que os mantras da nossa cultura, encontrados até
em círculos cristãos, não se encaixam com a experiência e o entendimento.
O aluno reconhece que:

Ele não é o centro do universo.


Ele não está na Terra para servir a si mesmo.

E não é muito tarde para que possamos viver de forma diferente. Deus dotou o
homem de um cérebro incrível — para pensar, para fazer perguntas:

Como o corpo reflete o plano de Deus?


Como a beleza é demonstrada na arte e na música?
Onde nos encaixamos na História e no futuro?
Qual é o propósito de Deus para as nossas vidas?
Como a paixão de Deus por Sua glória reflete Seu amor por nós?

O secular e o sagrado não estão separados da maneira como o mundo deseja


retratá-los.43 A “Bíblia”, em uma escola cristã clássica, não é somente uma aula
ensinada duas ou três vezes por semana com o intuito de que suas histórias sejam
estudadas. A verdade bíblica está integrada por cada área do currículo.

A Bíblia é usada como uma janela por meio da qual o mundo pode ser
visto. A verdade bíblica dá perspectiva e luz ao entendimento.
Um estudo das virtudes daqueles que vieram antes de nós nos dá uma melhor
compreensão do plano e propósito de Deus para nossa vida.
Através deste estudo, os alunos veem como Jesus epitoma as virtudes, e
quantos daqueles que nos precederam trabalharam para compreendê-las: como
Thomas de Kempis trabalhou com a bondade, como Aristóteles compreendeu a
sabedoria e a justiça, como Shakespeare trabalhou para representar o amor, e
como Agostinho estudou a verdade.
À medida que os alunos se engajam nestas obras, eles passam a considerar o
valor destas virtudes, o chamado para encontrá-las em suas próprias vidas e a
compartilhá-las com os demais.
Repito, a educação cristã clássica não só instrui a mente da criança, mas, ainda
mais importante, instrui o coração.

Como seria isso?


Você já viu como a mente é transformada através de um programa que
aumenta e intensifica o nível e padrão acadêmicos. Mas como se parece um
coração preparado por anos na educação clássica?
Formandos do Ensino Médio em escolas cristãs clássicas têm o coração
preparado por seus pais, pela igreja e pela escola no que é eterno, ao invés de
focar no que é temporário. Estes alunos servem a um propósito maior do que
eles mesmos. Eles baseiam suas decisões em um desejo de trazer glória a Deus
em vez de satisfazer seus próprios interesses e prazeres passageiros.
Os alunos demonstram uma paixão por compartilhar o que sabem — por sair e
impactar outros com Cristo, seja uma atividade local, seja em regiões mais
distantes. Eles formam a cultura ao invés de permitir que a cultura popular os
forme. Eles podem articular uma explicação profunda e atrativa daquilo em que
acreditam. Estes jovens, homens e mulheres, têm um propósito claro: servir a
Deus de todo o coração e de toda a mente.
É isso o que você quer para seus filhos?
Talvez seus filhos estudem numa escola pública ou cristã. E talvez você pense
que isso não pode ser tão ruim assim.

Meus filhos estão indo muito bem, você pensa.


Eles não estão aprendendo este ‘lixo’ na escola, aliás.

Mas é hora de eliminar alguns mitos.


D.

Barreiras à Educação Cristã Clássica


Capítulo 12

Mito nº 1: a educação pública é neutra


“Entregar seus filhos aos cuidados de pessoas céticas é entregar ovelhas à
superintendência de lobos.” 44

Em 1969, a Comissão Mackay de Ontário declarou que professores públicos


eram obrigados a “apresentar aos alunos, de acordo com a capacidade deles, as
verdades fundamentais do cristianismo e suas influências sobre a vida humana e
o pensamento”.45 Há menos de cinquenta anos, essa era a escola pública em
Ontário, no Canadá.
Mas passaram-se vinte e cinco anos desde que a oração do Pai Nosso foi
retirada das escolas de Ontário. Na sequência, veio a rejeição progressista de
Deus e Sua Palavra.
Há vinte anos, o código dos direitos humanos traçou qual perfil as instalações
religiosas deveriam ter nas escolas de Ontário.46
Há cinco anos, as escolas públicas tiveram de enfrentar problemas na decisão
sobre o que fazer e como lidar com o natal.47 E tempo de aula foi dado a
muçulmanos para a prática de suas preces.48
Aqueles que hoje lideram a educação, trabalham para promover igualdade e
tolerância ao mesmo tempo que rejeitam a influência do cristianismo sobre seus
próprios fundamentos.

Escolas públicas também ensinam religião — não uma religião teísta,


formal, mas uma série de crenças e valores que constituem uma religião em
tudo, exceto no nome. As estruturas de hoje abrigam a liberdade religiosa
de pais que, mesmo não aceitando a religião ensinada pela escola pública,
são forçados a pagar para ter seus filhos doutrinados justamente por ela, e,
nisso, obrigados a pagar ainda mais caro para que seus filhos possam
escapar da doutrinação.49
Podemos não reconhecer a filosofia secular ao nosso redor ou a que se
encontra em nosso meio. Escolhemos a escola pública porque ela fornece a
nossos filhos o conteúdo de que precisam para irem bem no Ensino Médio e na
universidade. Porque o conteúdo em si aparenta ser imparcial, esperamos um
programa neutro. Em casa ensinamos a nossos filhos sobre fé e esperamos que
eles não recebam nenhum treinamento espiritual vindo da instituição pública.

Mas remover Deus do programa está longe de ser neutro.


Esta educação “neutra” promove outra cosmovisão: uma que diz que Deus é
irrelevante, a moral é relativa e a verdade é subjetiva.

O sistema educacional que rejeita a Deus ensina o aluno a ignorar a Deus; e


isso não é neutralidade. Esta é a pior forma de antagonismo, pois julga
Deus como sendo sem importância e irrelevante aos assuntos humanos.
Trata-se de ateísmo.50
Até mesmo no que diz respeito à ortografia, os alunos aprendem que a
expressão, valores e ideias pessoais tornaram-se o novo padrão de medida.
A filosofia moderna pressupõe que os alunos já possuem uma base moral
mínima. A educação moderna procura miná-la.

Se os valores são relativos e a moral passa a ser questão de preferência


pessoal, todo o sistema muda.
Isso me faz lembrar de uma experiência que tive, quando ainda estava na
universidade, com um professor, colega meu, há alguns anos. O senhor B., meu
professor adjunto da sexta série, em determinado setembro, mostrou-me como
ele encorajava o esclarecimento de valores. Ele não oprimia suas crenças ou
moralidade sobre os outros, garantiu; ele queria que os alunos formassem suas
próprias crenças e sistemas de valores e tivessem responsabilidade sobre tudo
isto.
Funcionou bem durante a primeira semana, à medida que os alunos
apreciavam a oportunidade de compartilhar seus próprios valores, aceitando os
de outros colegas de classe como únicos, porém neutros. Na maioria dos casos,
estes valores eram os valores com os quais eles cresceram.
Na segunda semana, um dos alunos decidiu que havia deixado de valorizar a
lição de casa e anunciou que não deveriam esperar que ele fosse fazê-la. O
senhor B. salientou que este “valor” poderia não casar com outros valores e,
portanto, precisaria ser reconsiderado. O restante dos alunos se interpôs com
total apoio ao valor do “não à lição de casa”. Alguns alunos acrescentaram que
sentiam que algumas matérias também não eram importantes e que, portanto,
não deveriam ser obrigatórias.
Por fim, o senhor B. deu uma resposta contundente. Ele disse aos alunos que,
porque ele valorizava a lição de casa e sua matéria em particular, ambos seriam
obrigatórios. Os alunos poderiam escolher não fazer a lição de casa em outro
lugar, mas não em sua aula. Por fim, ele forçou a sua moralidade aos alunos, pois
os valores deles não se alinhavam com os seus.

Se nada é certo ou errado, o poder se torna certo.


O relativismo moral é falho em seu cerne. Ele presume que há um solo neutro,
um solo sem julgamento ou moralidade forçada. Ele disse que um indivíduo
pode ser neutro às ideias de outros, e que a moralidade é definida como as
crenças pessoais, ideias e valores da pessoa. Ainda assim, isto, em si mesmo, é o
avanço de uma visão determinada de moralidade.
O único lugar de total neutralidade é o silêncio. Fale, dê sua opinião, defenda
a sua posição e você perde a sua reivindicação de neutralidade.51
Crianças de lares cristãos frequentam escolas públicas para receber uma
educação neutra, mas inconscientemente elas se tornam bem versadas em
filosofias seculares. Ouvimos isto dessas crianças quando adolescentes, quando
repetem as ideias da educação pública moderna, que os molda — ideias que
refutam elas próprias.

1. Religião não é parte do currículo Ignoramos a Deus, mas o currículo está


repleto da religião do relativismo moral.

2. Você não pode julgar as crenças ou opiniões dos outros.


Você pode julgar a crença de alguém em Deus e suas convicções morais.

3. Você deve tolerar a todos.


Você não deveria tolerar as pessoas que não toleram algo.

As linhas continuam a se embaçar à medida que o relativismo moral nos


conduz para ainda mais perto da cegueira do mito que é a neutralidade.

E nós nem percebemos como o nosso pensamento tem mudado.


Capítulo 13

Mito nº 2: escolas cristãs são a solução


Preocupados, muitos pais têm optado por abandonar o sistema público de ensino.
Em 2010, o Instituto do Casamento e da Família do Canadá lançou
informações mostrando uma queda nas matrículas em escolas públicas e um
crescimento nas matrículas em escolas independentes. Em setembro de 2015, “os
pais competiram por alternativas a escolas públicas em meio à contenda cuja
pauta era a educação sexual”.52
Alguns buscam por escolas cristãs para obter uma melhor base para seus
filhos.

Mas nem todas as escolas cristãs são iguais.


Profundamente comprometidas com a verdade do cristianismo, algumas
escolas espalham no material didático a cristandade como se fosse manteiga e a
isso dão o nome de “educação cristã”. Os pais aceitam com tranquilidade um
versículo no final do exercício de matemática e creem que assim os alunos estão
recebendo uma base verdadeiramente bíblica.
Um de nossos alunos, matriculado fazia pouco, voltou para casa depois da
primeira semana de aulas clássicas e disse à sua mãe: “A Bíblia é verdadeira! Ela
é parte da História! A História aconteceu no passado!”. Após seis anos
estudando em uma escola cristã fora dos moldes clássicos, esta criança ainda não
havia sido capaz de fazer essa conexão antes.

A inserção de verdades bíblicas em materiais didáticos tem as melhores


das intenções, mas se equivoca.
Uma educação bíblica superficial não mostra, em essência, uma mudança de
filosofia. Na verdade, esta apoia a realidade da agenda educacional progressista
dos dias atuais. O conteúdo é o mesmo, e o cristianismo é jogado em cima para
dar um pouco de tempero, o que não transforma o essencial, ou a filosofia na
essência de tudo.
A maioria de nós, na qualidade de pais e também no trabalho, faz o mesmo
com suas próprias vidas.
Nós dividimos a vida entre secular e sagrado. Trazemos o sagrado para o
nosso trabalho — geralmente por causa da culpa —, mas não pensamos
profundamente sobre o que significa ter uma filosofia completamente cristã a
respeito de vendas, contabilidade ou agricultura.
Esperamos que assim, acrescentando um pouco de “evangeliquês” na
cobertura do bolo, estaremos sendo fiéis.
O secularismo leva à separação entre o que é secular e o que é sagrado, ou à
separação entre “Estado e Igreja”, a extremos. Ele leva a ordem de Jesus de “Dar
a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” a um ponto muito além do
significado verdadeiro.

Os secularistas não só separam César de Deus, mas eles chegam a negar


publicamente que Deus existe.
O secularismo pegou algo bom e o transformou em algo que foge
completamente de seu propósito original.
Muitos cristãos apoiam este viver de dupla personalidade, acreditando ser o
tipo de separação que Jesus ensinou entre as coisas de César e as coisas de Deus.
Aceitamos que a revelação e a razão são duas coisas diferentes — partimos do
princípio de que são dois reinos. O biólogo Stephen J. Gould os chamou de algo
como “magistérios inconciliáveis” [non-overlapping “magisteria”].53 Mantemos
a revelação separada e protegida de qualquer discussão sobre fatos da mais pura
e dura realidade.

Se não questionamos estas coisas, somos secularistas diplomados.


Mantemos o cristianismo fora de discussões sérias porque o consideramos
inapropriado ou porque temos medo de perder instantaneamente nossa
credibilidade. Se desejamos parecer atuais, precisamos nos apresentar como
objetivos, compreensivos e tolerantes.
O pensamento secular alinha-se à razão e à ciência. Em concórdia com a
realidade empírica, ele se recusa a dar espaço para quaisquer ideias que não
consigam, baseadas na razão e na ciência, demonstrar seus direitos de virem a
público.

O problema é que o pensamento secular não pode demonstrar por que


razão merece tal privilégio. Ele não pode provar, baseado na razão e na
ciência, seu próprio valor.
O secularismo parte da suposição de que somente a razão e a ciência merecem
ter voz, todavia ele não pode provar, usando a razão e a ciência, tal ponto de
partida. Os secularistas estabelecem padrões para o público sobre os quais eles
mesmos não podem viver. Eles não mais precisam se justificar, pois todo mundo
agora espera que a razão e a ciência triunfem sobre tudo, ainda que não
reconheçam ser este suposto triunfo, em si, como o próprio nome já diz, uma
suposição.

A educação cristã clássica é baseada em uma filosofia completamente


diferente.
Ela parte da ideia de que nós, e o conhecimento em geral, somos unidos, não
separados. Nós experimentamos a vida como cristãos, não importa se andando
de skate, se pagando nossos impostos, se cantando no coral. Somos singulares,
indivíduos unidos, e cremos que o conhecimento pode e deve ser adquirido
como um todo integrado.
Assim como não podemos aprender ou conhecer sem pensar e compreender, a
educação cristã clássica parte do pressuposto de que não podemos aprender
sobre matemática, ciência e geografia sem espiritualidade e revelação.

Na posição de cristãos, aceitamos muitas verdades por revelação, mas as


examinamos e as exploramos com a razão e a filosofia.
Nas palavras de Agostinho na obra A Doutrina Cristã, “Deixe que cada cristão
bom e verdadeiro compreenda que qualquer verdade encontrada pertence ao seu
Mestre”.54
Quando finalmente convidamos Deus de volta à sala de aula, permitindo que
Ele molde a nossa cosmovisão, e conforme nossas crianças escavam mais
profundamente a vida e os desafios daqueles que têm batalhado para
compreender a verdade divina que está diante de nós, assim, então, a
perspectiva, o caráter, a sabedoria, a confiança, o conhecimento e a compreensão
de nossas crianças são transformados.

O coração e a mente delas são transformados para sempre.


Elas adquirem arsenal para impactar tanto as gerações presentes quanto as
futuras, para Jesus Cristo.

Capítulo 14

Por que a educação cristã clássica pode


não ser para você
Embora sejam muitos os motivos para optar pela educação cristã clássica, tendo
em vista a ênfase dada nos capítulos anteriores, também há motivos para que
esta não seja a escolha mais adequada para os seus filhos.

1. A educação cristã clássica não é uma especialização.


Ela dá ênfase em criar pensadores que fundamentalmente serão capazes de
trabalhar em qualquer área, mas nem de longe ela empacota o aprendizado
da criança ou lhe ensina a especializar-se antes que saiba como pensar e
comunicar de forma eficiente. A educação cristã clássica não deseja podar a
amplitude do conhecimento à qual os maiores pensadores do decorrer da
história tiveram acesso.

2. A educação cristã clássica é religiosa.


A educação cristã clássica inquestionavelmente coloca Jesus no centro de
todo o aprendizado. Ela não pressupõe ser neutra. Ela diz que Deus é
extremamente relevante. Ela procura preparar crianças no Evangelho, ao
invés de fazê-las defender algo que lhes é incompreensível.

3. A educação cristã clássica é ousada.


O aluno educado em escolas cristãs clássicas não teme ser cético quanto ao
ceticismo nem tem medo de julgar mais do que ser julgado. A criança tem
prazer em dialogar a respeito de assuntos sociais sensíveis, e o faz com
confiança, e também sobre a qualidade de vida e o direito e escolha de um
indivíduo, pois compreende de que maneira estes assuntos desenvolveram-
se ao longo do tempo por uma cosmovisão bíblica.
4. A educação cristã clássica é tradicional.
Alguns pais abraçam com alegria a liberdade no formato próprio da
educação liberal. Eles não se incomodam com o secularismo, o
materialismo, o cientificismo, o cinismo, o naturalismo ou o socialismo. Já
a educação cristã clássica se incomoda e muito com todos esses “-ismos”.
Seu foco na verdade, na beleza, na bondade e em outras virtudes não mais é
popular hoje em dia. A educação cristã clássica é a única que é liberal em
suas artes, e ela naturalmente não abraça, mas, pelo contrário, analisa as
ideias atuais.

5. A educação cristã clássica não visa produzir cidadãos ricos nem uma
população simplesmente alfabetizada.
Sua busca pela verdade centra-se na sabedoria: uma melhor compreensão
de Deus e de Seu propósito e vontade para a curta vida de alguém nesta
terra. Ela não labuta meramente para criar um intelectual que será altamente
próspero depois de galgar a escada dos negócios ou da academia. O coração
da educação cristã clássica é o despertar da razão, do caráter, e da
espiritualidade em crianças que são capazes de pensar por si e de comunicar
suas ideias eloquente e eficazmente.

6. A educação cristã clássica doutrina crianças.


A educação cristã clássica tem uma filosofia intencional. Seu conteúdo é
definido com precisão. Ela trabalha de forma diligente para moldar a
maneira como a criança pensa e o que ela ama; é uma forma de educar que
espera ser a extensão da instrução espiritual que a criança recebe no lar.

7. A educação cristã clássica é abrangente e vasta.


Ela não só se centra em moldar o coração e a mente, mas também o corpo.
Moldando o coração para seguir a Cristo, a mente para reconhecer a
verdade, e o corpo para que se torne templo de honra por excelência na
atividade física, a educação cristã clássica enfatiza o esforço pesado, a
perseverança, o trabalho em grupo e o espírito esportivo acima do sucesso
atlético individual.
8. A educação cristã clássica não é igual a outras escolas cristãs.
Ela não está preocupada com as expectativas do Ministério da Educação,
pois sabe que em muito as excederá. Ela não é alcançada pelos últimos e
mais modernos métodos ou ideias educacionais. Pelo contrário, é uma
educação que se agarra aos mesmos princípio que tanto nortearam os
últimos séculos.

9. A educação cristã clássica tem seu custo.


Ela não é financiada pela soma crescente de impostos do cidadão que só
paga pela educação progressista moderna. Ela, para boa parte dos pais,
requer sacrifícios financeiros, investimento que perdura para sempre.

Por fim, a escola para onde você enviar seu filho moldará o coração e a mente
e o futuro dele... e, consequentemente, também o futuro de nossa sociedade.
Cabe a você decidir.

Apêndice A

Como chegamos até aqui, para começo de


conversa
Grandes ideias mudam a sociedade.
John Dewey foi o especialista por trás de muitas das mudanças aqui
discutidas.55 Ele não foi o único a trabalhar para mudar a sociedade, mas teve o
maior impacto na educação. Ele reformulou por completo o sistema educacional
dos Estados Unidos no início do século XX, e o Canadá rapidamente seguiu o
mesmo caminho. De muitas formas, Dewey construiu seus ideais usando de base
as mudanças da Prússia, que surgiram para desenvolver um novo tipo de
trabalhador, um trabalhador idealmente adequado, objetivando potencializar a
Revolução Industrial.
Mas Dewey levou a mudança a um novo patamar.
Conhecido como o Aristóteles moderno, Dewey desejava que ideias fossem
práticas e úteis.56 Ele acreditava que “discordâncias celestiais” causam guerras e
que, portanto, as pessoas deveriam atentar-se somente às coisas práticas.
Estas coisas práticas não incluíam Deus, o que contribuiu para um desviar da
educação cristã em direção a um tipo de educação humanista e materialista. Tal
afastamento incluía mudança dos valores intrínsecos (ou coisas valorizadas
como fins em si mesmas) para valores instrumentais (coisas sendo valorizadas
por serem um meio).
Dewey levou sua paixão pela praticidade e aplicou-a em tudo o que os alunos
aprendem na escola. Por exemplo, grandes obras da literatura tornaram-se
utilizáveis para, incutindo a crença num conceito, entreter ou amedrontar alunos,
nada além disso. Dewey viu pouco ou nenhum valor na construção do caráter, na
instrução em virtude ou no desenvolvimento espiritual, pontos geralmente
encontrados nas grandes obras literárias.
Dewey acreditava que a educação poderia melhorar a sociedade. Se
aprendesse a forma correta de pensar e estando no tipo correto de sala de aula, o
aluno mudaria aos poucos a sociedade ao redor dele. É óbvio que Dewey pegou
emprestado ideais de outros pensadores de sua época e deu-lhes espaço para que
propagassem suas visões naquela redefinição da sala de aula.
Um contemporâneo de Dewey, Antonio Gramsci, escreveu sobre a
necessidade de haver uma mudança cultural profunda, um tipo de evolução ao
invés de revolução.57 Gramsci compreendeu que a violência política não
conseguiria mudar a cosmovisão ocidental, pois provava ser muito mais
sofisticada e desenvolvida, e logo então introduziu o conceito de criar uma
“guerra de posição”.58
Isto envolvia tomar posse, pacificamente, das ferramentas que exerciam
“controles” sobre os valores culturais: as artes e a educação. Ele sugeriu uma
“longa marcha perpassando as instituições” para promover uma nova categoria
de padrões e crenças. A nova linha de batalha foi lançada contra as escolas e a
família tradicional, sem contar também as igrejas, a mídia, o entretenimento, a
ciência, a literatura e as organizações civis. Os alunos agora careciam de uma
nova visão social, uma que se encaixasse com as ideias de Dewey e que
reduzisse a influência do cristianismo sobre a cultura.59
Assim como Gramsci, Dewey queria alunos completamente ocupados do
pensamento mundano, desejava estudantes “imersos no secular”, absortos pelo
secularismo inclusive em tudo aquilo que eles pudessem precisar para viver uma
vida plena na escola, no trabalho e em casa.60
Somente um sistema escolar uniforme, que tratasse todos da mesma forma,
poderia produzir os pensadores globalizados que Dewey desejava.
Fundamentalmente, a educação precisava socializar as crianças.
Ele forçou uma abordagem da educação que deliberadamente desencorajou o
respeito pela sabedoria antiga, tomando por certo que o futuro garantiria uma
promessa à humanidade: promessa de esperança, bondade e paz. Histórias
antigas e o estudo da humanidade precisavam ser lançados fora para dar foco às
necessidades e habilidades do dia a dia.
Não é surpreendente constatar que, na melhor das hipóteses, Dewey via a
religião como uma coleção difusa de princípios morais. Os professores deveriam
ensinar religião na qualidade de nada senão superstição e causa de guerras e
inquietações. No século XX, todos buscavam maneiras de prevenir guerras.
Na Europa devastada pela guerra, Gyorgy Lukacs maquinou um plano para
“descristianizar a Hungria”.61 Ele desenvolveu um currículo de “educação sexual
radical”, desenvolvido para minar a ética cristã, a fim de comprometer a família
tradicional e a igreja cristã. Assim como Gramsci com sua “longa marcha
perpassando as instituições”, Lukacs acreditava que o cristianismo e o ocidente é
que haviam impedido os passos para a nova ordem mundial.62
Em 1923, Lukacs foi um dos fundadores da Escola de Frankfurt, criada no
intuito de conduzir a transformação social.63 Junto aos fundadores Herbert
Marcuse e Theodor Adorno, eles deram ênfase aos grupos oprimidos, tendo por
alvo vigorar aquela evolução da cultura, esta criada para transferir o pensamento
marxista de economia para os termos culturais. A Escola de Frankfurt moldou a
educação e a visão acadêmica durante a época em que Dewey escreveu sobre
educação.
Dewey aplicou a ciência à história e surgiu com a ideia de estudos sociais
científicos, substituindo os ricos e complexos dramas históricos. Dois mil anos
de literatura foram colocados no banco de trás, atrás de cursos especializados
“modernos”.
Hoje, os alunos “modernos” dificilmente aprenderão ciências, história e
geografia — e todas as demais matérias — com alguma referência acerca da fé
cristã. Talvez ouçam sobre a igreja financiando a exploração da grande literatura
ou construindo bibliotecas para protegê-la. Entretanto, alunos ouvem mais e com
maior frequência sobre alegações de que a igreja cristã opõe-se ao progresso e
aos estudos acadêmicos do que sobre grandes pensadores cristãos que lideraram
descobertas e avanços científicos.
Em essência, a educação moderna reescreve a História na mente de seus
alunos.
O aluno aprende que a fé permanece do lado de fora do conhecimento como
um espectador, às vezes útil, às vezes inútil.
A educação moderna repousa sobre algo chamado pedagogia crítica, uma
combinação de teoria educacional e crítica.64 Pense apenas sobre “crítica” como
uma coisa que destrói as coisas. A teoria crítica trabalha para destruir, ou
desconstruir, instituições sociais. A teoria crítica destrói a História e o
cristianismo, descrevendo-os como nada além de lutas pelo poder, ou desejos
reprimidos ou opressão das minorias. A teoria crítica faz críticas até que não haja
nada a mais que ser criticado.
A pedagogia crítica usa este tipo de abordagem na sala de aula. Os alunos
devem desaprender para depois aprender e então reaprender. Eles se movem em
ciclos progressistas. A pedagogia crítica rejeita a ideia de que a educação deve
treinar a criança a agir e pensar como um adulto responsável e capaz. Ao
contrário, ela vê por propósito da educação o dar aos alunos — seres
indeterminados — uma identidade social sem direito à diversidade de opinião
como seres sociais.
Dewey olhou para a socialização e considerou-a o alvo da educação
“moderna”, supondo que as virtudes, ou pilares da nossa sociedade,
permaneceriam para sempre.
C. S. Lewis comenta a respeito:

Numa espécie de ingenuidade horrenda, removemos o órgão e exigimos


dele sua função. Nós criamos homens sem peito e esperamos deles virtude e
ímpeto. Nós ridicularizamos a honra e ficamos chocados quando
encontramos traidores em nosso meio. Nós castramos e exigimos dos
castrados que sejam fecundos.65

A educação de Dewey afoga alunos em chavões e generalizações sociais


populares em vez de encorajá-los a desenvolver e defender opiniões próprias.
Isto começa justamente na pré-escola. Em alguns países, até mesmo o berçário
moderno educacional é adotado.

Quase toda criança sueca é inserida na pré-escola e lá permanece sob


educadores treinados, mesmo que ainda haja um pai em casa. (Claro,
porque a licença maternidade e a paternidade são bastante generosas, quase
toda criança é cuidada por sua mãe ou por seu pai até quase completar um
ano de idade).66

Como se isso fosse o suficiente.


Alunos treinados pelo sistema recebem a educação de Dewey. Lugares como a
Alemanha e Suécia também proíbem que pais apliquem a educação domiciliar a
seus próprios filhos, garantindo que todos os alunos recebam a mesma
mensagem vez após vez.67
Isto é educação “progressista”.
Não é correto, porém, dar a Dewey tanto crédito por todas as mudanças.
Outros pavimentaram o caminho para tamanha mudança de direção sem
precedentes na educação, eles também moldaram abordagens durante o último
século.
A fim de mudar a cosmovisão ou a “hegemonia cultural” da civilização
ocidental, a(s) influência(s) exercendo vigor precisava ser destruída. Para alguns,
isto significava a hegemonia cultural do próprio cristianismo.

Se nós repudiamos a educação liberal, seremos cauterizados pela educação


não liberal; nós trocaremos uma disciplina de mentes livres por uma
doutrinação de mentes servis.68
Os secularistas investiram todo o coração no transformar da mente das
gerações futuras — gerações que eles jamais viriam a conhecer.
Tendo o conhecimento de quão breve nossa vida é comparada à eternidade,
desejamos seguir este mesmo caminho?

Apêndice B

A Alternativa
A educação clássica cresce por toda a América do Norte, pois muitos
compreendem o que significa perder a influência do cristianismo para o futuro
de nossa sociedade. Temos a estrutura, as liberdades e os direitos de hoje por
causa de nosso fundamento. Falta aos estudantes “modernos” esta base e as
habilidades para manter o que nós mais valorizamos.
Os classicistas estão em busca da restauração.
Os classicistas consideram a aprendizagem como algo muito além da
aquisição de fatos e habilidades, muito mais que meramente passar em provas.
Estas coisas geralmente distanciam o aluno do verdadeiro aprendizado.
A educação verdadeira repousa sobre o instruir do coração e sobre o que
Susan Wise Bauer e Jessie Wise chamam de a “mente bem preparada”, e não só
na aquisição de conhecimentos e habilidades úteis.69
Mais uma vez, a educação cristã clássica ensina o aluno a como pensar e
nutre o amor pelo aprendizado; o objetivo é torná-lo apto a sintetizar
milênios de revelação e conhecimento através das lentes da cosmovisão
cristã.
Como pais, nosso desejo é o de que nossos filhos saibam como utilizar seus
conhecimentos e habilidades com sabedoria e graça. O classicismo acredita que
a melhor maneira de fazê-lo é mediante a imersão no livre tecido do
conhecimento e da tradição, tecido que teve início no mundo antigo e perpassa
os séculos até chegar aos tempos modernos. Isto traz de volta os duzentos e
cinquenta anos que planejadores semelhantes a Dewey removeram do centro da
sala de aula.
A educação clássica serve para preparar mentes disciplinadas, não para criar
cidadãos socialmente “adequados”.
Os classicistas cristãos acreditam que a educação almeja preparar a mente da
criança de modo que ela, dependendo da graça de Deus que está sobre toda a
humanidade junto da graça especial encontrada na revelação cristã de Jesus,
adquira o senso do ideal.
A educação cristã clássica busca despertar e desenvolver o melhor de cada
aluno, e não criar alunos idênticos se formando com conhecimentos idênticos.
O formando partilhará de um conhecimento comum das coisas básicas com
outros formandos, mas, como indivíduo, ele terá amadurecido na aplicação do
fundamento e, portanto, refinado a retórica moldada pela graça que Deus lhe deu
como indivíduo.
A educação clássica busca desenvolver influenciadores que se destaquem de
seus colegas que cursaram a escola pública, pois estes não foram preparados da
mesma forma, enquanto aqueles tiveram seus incomparáveis pontos fortes
encorajados, desenvolvidos e recompensados.
A educação clássica desperta o amor pelo aprendizado — uma sede
apaixonada pela educação durante toda uma vida —, o que molda os alunos; e
estes, sim, podemos chamar de pessoas verdadeiramente educadas.
Os classicistas consideram a educação formal como parte do aprendizado.
Eles, no entanto, confiam no papel essencial da família, da comunidade cristã, da
leitura individual e da reflexão para a preparação do coração e da mente.
Paralelo ao moldar corações para que, por fim, desejem a Jesus Cristo e Seu
reino, a educação cristã clássica se “esforça para redimir a mente moderna,
afirmando, em primeiro lugar, que a mente existe e, em seguida, persuadindo os
homens de que vale a pena possuir este tipo de educação”.70

Agradecimentos
Um projeto deste nível não seria possível sem a ajuda e o apoio de muitos.
Em primeiro lugar, agradeço ao Dr. Craig Carter, que inicialmente nos ajudou
a compreender que nossa tarefa era muito mais importante do que havíamos
imaginado. Agradeço também àqueles que leram os rascunhos e adicionaram
grandes ideias ao desenvolvimento do livro:
Tim Barnett, David Brewer, Kevin Clark, Ryan Eras, Dr. Bill Friesen, Reni
Horban, Dr. Scott Masson e Elaine Philip.
Cada uma das astutas recomendações foram valiosas e deram vigor a esta
mensagem. A capa deste livro está linda graças à fotógrafa Hilary McLaughlin e
aos alunos T. G. e E. A., cujos olhos capturam nosso propósito com perfeição.
Agradecimentos especiais a Dave Jamaquio, por ter criado uma capa tão
magnífica e formatado tão bem o interior do livro. Blake Atwood, nosso
habilidoso editor, melhorou o manuscrito de forma tremenda ao encontrar
diversos detalhes que continham erros. Muito obrigado por todo o apoio com as
anotações, em especial.
Agradeço à equipe da Innova Academy, em especial a Beth Brewer e Adele
McLaughlin, pelo apoio moral quando havia muito que ser feito. E a Adele, por
usar suas habilidades para fazer uma profunda editoração. Agradeço também às
minhas irmãs, Marina Walker, Michelle Montemurro, Marla Klinck, à minha
mãe, Erin Giardetti, e aos pais de Shawn, Dan e Arlene Whatley, que
graciosamente leram e ofereceram perspectivas paternais. Seus comentários
trouxeram vida ao conteúdo.
Um agradecimento particular à pessoa que mais contribuiu neste livro, Keith
King. Há muito tempo naquela cafeteria, onde rabiscávamos conceitos iniciais
em um guardanapo, um grande propósito nos era claro. Obrigado pelo apoio
contínuo ao longo de cada faceta desta empreitada. Você tem sido muito
instrumental neste projeto e não hesitou em deixar claro seu desejo de comunicar
a mensagem. E por trás de cada grande homem está uma grande mulher;
obrigado, Jamie King, por seu cuidado gracioso — das incontáveis leituras às
palavras íntimas de encorajamento quando a demanda aumentava.
Agradeço aos nossos quatro filhos, Lara, Kate, Jonathan e Emma, pela
tremenda paciência enquanto escrevíamos mais uma página “daquele livro”.
Vocês são muito preciosos para nós. Esta história é para os pais de crianças como
vocês. Sem o investimento de Shawn isto seria impossível. Obrigado pelas
muitas páginas (especialmente o Apêndice A), que claramente refletem sua
genialidade; Deus o dotou de uma mente brilhante. Sua compreensão das
filosofias que formam a nossa atual cultura e sua habilidade de expressá-las de
forma eloquente e eficaz são fundamentais para realmente entendermos a
urgência que nos cerca.
Acima de tudo, nós agradecemos a Deus por nos ajudar nesta tarefa que nos
era aparentemente impossível — por nos usar, mesmo despreparados como
somos, para compartilhar Sua verdade com aqueles que lerem este livro.

Referências bibliográficas
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68 KIRK, Russel. Prospects for Conservatives: A Compass for Rediscovering the Permanent Things.
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69 BAUER, Susan Wise; WISE, Jessie. The WellTrained Mind: A Guide to Classical Education at
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70 KIRK, Russel. Prospects for Conservatives: A Compass for Rediscovering the Permanent Things.
Imaginative Conservative Books, 2013. p. 56.
Table of Contents
Copyright
Prefácio
A. A Educação
1. Um vislumbre
2. O coração: por que o conhecimento e a cosmovisão não são suficientes
3. Afinal de Contas, o que é a Educação Cristã Clássica?
4. Isolar, imergir ou inocular?
5. O processo
6. Tesouro perdido
B. A Educação dos Dias Atuais
7. Uma educação boa o bastante
8. Quanto você sabe?
C. Filosofia da Educação
9. O culpado: a filosofia e como ela modifica a cultura
10. Colhendo o que plantamos
11. Mais um diabo habilidoso?
D. Barreiras à Educação Cristã Clássica
12. Mito nº 1: a educação pública é neutra
13. Mito nº 2: escolas cristãs são a solução
14. Por que a educação cristã clássica pode não ser para você
Apêndice A - Como chegamos até aqui, para começo de conversa
Apêndice B - A Alternativa
Agradecimentos
Referências bibliográficas
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