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Sebastião Anselmo

os evangelhos
segundo mateus, marcos, lucas e joão
(Narrativas em ordem sequencial e cronológica)

Edição do Autor
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

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Sebastião Anselmo

os evangelhos
segundo mateus, marcos, lucas e joão
(Narrativas em ordem sequencial e cronológica)

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

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Sebastião Anselmo

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OBRAS CLICANDO NOS LINKS ABAIXO:

1. PARA SEGUIR JESUS:


https://estudandooevangelho.files.wordpress.com/2020/05/para-seguir-
jesus-e-book-capa-miolo-pdf.pdf

2. O EVANGELHO SEGUNDO TOMÉ – Um Guia para a Sabedoria:


https://estudandooevangelho.files.wordpress.com/2020/05/o-evangelho-
segundo-tomc3a9-um-guia-para-a-sabedoria-e-book-pdf-word.pdf

3. VERSÃO MÍSTICA DOS EVANGELHOS SEGUNDO MATEUS,


MARCOS, LUCAS, JOÃO E TOMÉ
https://estudandooevangelho.wordpress.com/2021/01/22/versao-
mistica-dos-evangelhos/

4. UMA HARMONIA DOS EVANGELHOS


https://estudandooevangelho.wordpress.com/

5. HISTÓRIA CRONOLÓGICA DO FILHO DO HOMEM


https://estudandooevangelho.wordpress.com/

6. INTERPRETAÇÃO MÍSTICA DO EVANGELHO


https://estudandooevangelho.wordpress.com/

7. VERSOS DE LUZ – Poesia Mística


https://paraseguirjesus.wordpress.com/2020/07/21/versos-de-luz-
poesia-mistica-
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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

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Sebastião Anselmo

ÍNDICE

DOWLOAD GRATUITO DE LIVROS......................................... 5

APRESENTAÇÃO........................................................................... 9

O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS....................................... 11

O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS....................................... 101

O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS.......................................... 160

O EVANGELHO SEGUNDO JOÃO............................................ 258

CANAIS DO AUTOR NA INTERNET......................................... 329

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

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Sebastião Anselmo

APRESENTAÇÃO

Neste novo trabalho, reunimos os textos em ordem sequencial e


cronológica de cada um dos Evangelhos Segundo Mateus, Marcos,
Lucas e João, em Nova Versão Mística, conforme publicamos em nossa
Obra anterior, com o intuito de auxiliar os estudiosos da Doutrina do
Reino da Luz Viva a terem uma compreensão mais ampla da ordem
dos acontecimentos narrados pelos evangelistas. Trata-se, portanto, de
uma obra auxiliar de tais estudos. Num próximo trabalho, reuniremos
essas quatro narrativas em ordem sequencial em novo livro formando
uma HARMONIA DOS EVANGELHOS; por enquanto, preferimos
publicar a sequência cronológica de cada evangelho a fim de
proporcionar uma melhor compreensão da mensagem que cada
evangelista pretendeu passar em seus escritos.

Na esperança de que tal projeto seja útil aos estudantes sinceros do


Evangelho, subscrevo-me,

Fraternalmente,

Ass. O Autor.

(25/JAN/2.021)

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

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Sebastião Anselmo

O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS


(ORDEM CRONOLÓGICA)
(Versão de Sebastião Anselmo)
REVELAÇÃO A JOSÉ
Mt. 1:18-25
18. A concepção de Jesus, o Ungido de Espírito da Luz, foi assim:
Estando Maria já casada com José, antes de coabitarem, achou-se
grávida de uma alma em Comunhão-Íntima [Permeada] com o
Espírito da Luz Viva.
19. José, seu esposo, sendo justo e não querendo difamá-la, pensava na
possibilidade de repudiá-la em segredo.
20. Enquanto assim refletia, um Mensageiro do Espírito da Luz
manifestou-se a ele em sonhos e lhe disse: “José, da descendência de
Davi, não temas receber Maria, tua mulher, em tua casa; pois o corpo
que nela está sendo gerado provém de uma alma em estado de
Comunhão Íntima com o Espírito da Luz.
21. Ela dará à luz um filho a quem chamarás JESUS, pois trará
libertação ao seu povo dos pecados deles”.
22. Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi anunciado
pelo Espírito do Vivo através do profeta, quando escreveu:
23. ‘Eis que a virgem conceberá e dará à Luz um filho, e o chamarão
Emanuel’ (que significa ‘O Espírito Vivo está em nós’).
24. Quando despertou do sono, José fez o que o Mensageiro do Vivo
lhe havia ordenado, e recebeu em sua casa a sua mulher;
25. e não manteve relações com ela até o dia em que deu à luz um filho,
a quem chamou JESUS.
NASCIMENTO DE JESUS
Mt. 2:1a; Lc. 2:1-7
1a. Jesus nasceu em Belém da Judéia, quando Herodes reinava.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

VISITA DOS MAGOS


Mt. 2:1b-12
1b. Aconteceu que uns magos, vindos do Oriente, chegaram a
Jerusalém,
2. perguntando: “Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Vimos o
Brilho de sua Pura Luz surgir no Oriente, em forma de Estrela
Luminosa, e viemos homenageá-lo”.
3. Ao ouvir isso o rei Herodes ficou alarmado, e com ele toda
Jerusalém.
4. Então, convocando todos os principais sacerdotes, os escribas e
anciãos do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o ‘Ungido’
Permeado do Espírito da Luz Viva.
5. Responderam-lhe: “Em Belém da Judéia, como está escrito pelo
profeta:
6. ‘E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és o menor dos povoados
de Judá; pois de ti sairá um Guia, o Pastor do meu povo Israel’”.
7. Então Herodes, chamando secretamente os magos, perguntou-lhes o
tempo exato em que o Brilho em forma de estrela lhes havia aparecido;
8. e, enviando-os a Belém, disse-lhes: “Ide, e informai-vos bem a
respeito do menino; e quando o tiverdes encontrado, avisai-me para que
também eu vá prestar-lhe homenagem”.
9. Os magos, depois de ouvirem o rei, partiram; e logo a Estrela de Luz
Pura, que tinham visto no Oriente, se lhes tornou visível, indo à frente
deles, até que parou sobre o lugar onde estava o menino.
10. Quando avistaram a Estrela [parada sobre o lugar onde estava o
menino], sentiram-se imensamente jubilosos;
11. e, entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe; e então,
prostrando-se, prestaram-lhe homenagem. Depois, abriram seus cofres
e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra.
12. Depois, avisados em sonho que não voltassem a Herodes,
regressaram por outro caminho à sua terra.

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Sebastião Anselmo

FUGA PARA O EGITO


Mt. 2:13-15
13. Logo que partiram, um Mensageiro da Luz Viva apareceu em
sonhos a José e lhe disse: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge
para o Egito. Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o
menino para o matar”.
14. José levantou-se, pegou o menino e sua mãe, ainda durante a noite,
e partiu para o Egito.
15. Ali ficou até a morte de Herodes; assim se cumpriu o que o Espírito
da Luz Viva anunciou através do profeta, dizendo: ‘Do Egito chamei o
meu
MASSACRE DOS INOCENTES
Mt. 2:16-18
16. Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos,
enfureceu-se e mandou matar, em Belém e seus arredores, todos os
meninos de dois anos para baixo, de acordo com o tempo que havia
averiguado com os magos,
17. cumprindo-se assim o que foi anunciado pelo Espírito da Luz Viva
através do profeta Jeremias, quando disse:
18. ‘Ouviu-se um clamor em Ramá, choro e grande lamento: É Raquel
que chora seus filhos e não quer consolação, porque eles já não existem’.
REGRESSO DO EGITO
Mt. 2:19-23; Lc. 2:39b
19. Após a morte de Herodes, o Mensageiro da Luz Viva apareceu em
sonhos a José, no Egito,
20. e lhe disse: “Levanta-te, toma contigo o menino e sua mãe e vai para
a terra de Israel, pois já morreram os que buscavam tirar a vida do
menino”.
21. Ele, então, levantou-se, tomou o menino e sua mãe e voltou para a
terra de Israel;
22. mas, ouvindo que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai
Herodes, temeu ir para lá; e, avisado em sonhos, retirou-se para a
região da Galiléia

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
23. e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Assim se cumpriu o que
foi anunciado pelo Espírito da Luz Viva através do profeta, quando
escreveu:
‘Ele será chamado Nazoreu’.
MINISTÉRIO DO PRECURSOR
Mt. 3:1-6; Mc. 1:2-6; Lc. 3:3-6
1. Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da
Judéia, dizendo:
2. “Transmutai a vossa mente, porque se aproxima de vós o reino do
Espírito da Luz Viva!”
3. É a João que se referiu o profeta Isaías, quando disse: ‘Voz do que
clama no deserto: Preparai o Caminho para que a alma se
transubstancie em Luz,
endireitai as suas veredas’.
4. João usava uma veste de pele de camelo e um cinturão de couro em
torno dos rins; e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.
5. E vinham a ele todo o povo de Jerusalém, de toda a Judéia e da
circunvizinhança do Jordão,
6 e por ele eram mergulhados no rio Jordão, confessando a sua
desconexão-íntima com o Espírito da Luz Viva.
INSTRUÇÕES DE JOÃO BATISTA
Mt. 3:7-10; Lc. 3:7-14
7. Ao ver que muitos fariseus e saduceus vinham para que ele os
mergulhasse, disse-lhes: “Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da
consequência de vossas ações?
8. Dai, pois, frutos dignos da transmutação de vossas mentes,
9. e não penseis que vos basta dizer: ‘Temos a Abraão por pai’, porque eu
vos digo que mesmo destas pedras o Espírito da Luz Viva suscita filhos a
Abraão.
10. O machado já está posto à raiz das árvores: Toda árvore que não
produzir bom fruto será cortada e lançada no Fogo Regenerador.

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Sebastião Anselmo

ANÚNCIO DO MESSIAS
Mt., 3:11-12; Mc. 1:7-8; Lc. 3:15-18
11. Eu vos mergulho na água, com o objetivo de transmutar as vossas
mentes; mas, depois de mim, porém, vem Aquele que tem mais autoridade
do que eu, do Qual eu não sou digno de nem ao menos tirar-lhe as
sandálias: Ele vos mergulhará no Espírito da Luz Viva através do Fogo
Purificador que vos reconecta com a VIDA.
12. Ele traz a pá em sua mão, a fim de limpar bem a sua eira: O trigo das
boas ações será recolhido no Celeiro; mas a palha de vossas ações
desconectadas com o VIVO ele a lançará no Fogo Reparador que para
sempre permanece aceso”.
A GENEALOGIA
Mt. 1:1-17; Lc. 3:23b-38
1. Genealogia de Jesus, o Ungido Permeado de Luz, descendente de
Davi, descendente de Abraão:
2. Abraão gerou Isaac; Isaac gerou Jacó; Jacó gerou Judá e seus
irmãos.
3. De Tamar, Judá gerou Farés e Zara; Farés gerou Esrom; Esrom
gerou Arão.
4. Arão gerou Aminadab; Aminadab gerou Naasson; Naasson gerou
Salmon.
5. De Raab, Salmon gerou Booz; de Rute, Booz gerou Obed; Obed
gerou Jessé;
3. De Tamar, Judá gerou Farés e Zara; Farés gerou Esrom; Esrom
gerou Arão.
4. Arão gerou Aminadab; Aminadab gerou Naasson; Naasson gerou
Salmon.
5. De Raab, Salmon gerou Booz; de Rute, Booz gerou Obed; Obed
gerou Jessé;
6. Jessé gerou o rei Davi. Da mulher de Urias, Davi gerou Salomão.
7. Salomão gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerou Asaf.
8. Asaf gerou Josafá; Josafá gerou Jorão; Jorão gerou Ozias.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
9. Ozias gerou Joatão; Joatão gerou Acaz; Acaz gerou Ezequias.
10. Ezequias gerou Manassés; Manassés gerou Amon; Amon gerou
Josias.
11. Josias gerou Jeconias e seus irmãos durante o exílio na Babilônia.
12. Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou Salatiel; Salatiel
gerou Zorobabel.
13. Zorobabel gerou Abiud; Abiud gerou Eliacim; Eliacim gerou Azor.
14. Azor gerou Sadoc; Sadoc gerou Aquim; Aquim gerou Eliud.
15. Eliud gerou Eleazar; Eleazar gerou Matã; Matã gerou Jacó.
16. Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado
Cristo, que significa ‘Ungido’ [de Espírito da Luz Viva].
17. Assim, todas as gerações desde Abraão até Davi, são catorze; de
Davi até o exílio na Babilônia, catorze gerações; do exílio na Babilônia
até o Ungido, catorze gerações.
O MERGULHO DE JESUS
Mt. 3:13-17; Mc. 1:9-11; Lc. 3:21-22
13. Então, veio Jesus da Galiléia ao Jordão e se apresentou a João para
ser mergulhado por ele.
14. João, porém, se opunha a ele, dizendo: “Sou eu quem devo ser
mergulhado por ti, e tu vens a mim?”
15. Jesus lhe respondeu: “Deixa estar por agora, porque convém fazer
conforme a ordem estabelecida”. E João consentiu.
16. Jesus foi mergulhado, saiu da água, e logo os céus se abriram numa
Explosão Luminosa, e ele viu o Espírito da VIDA descendo como um
raio, formando uma figura que lembra a forma física de uma pomba
pairando no ar de asas abertas, pousando sobre ele;
17. e eis que uma voz, vinda Nivem de Luz, dizia: “Este é Manifestação
Direta do Amor, n’O qual sinto complacência”.

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Sebastião Anselmo

JESUS É COLOCADO À PROVA


Mt. 4:1-11; Mc. 1:12-13; Lc. 4:1-13
1. Então Jesus, movido pelo Espírito da Luz Viva, foi conduzido ao
deserto para ser posto à prova pelo Adversário.
2. E, após ter jejuado por quarenta dias e quarenta noites, teve fome.
3. Veio, então, o Adversário, e disse-lhe: “Se és Manifestado pelo
Espírito da Luz Viva, ordena que estas pedras se transformem em pães”.
4. Ele respondeu: “Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas da
Doutrina irradiada do Espírito da Luz Viva’”.
5. Então o Adversário o levou à Cidade Santa e o colocou sobre o
pináculo do Templo,
6. e lhe disse: “Se és Manifestado pelo Espírito da Luz Viva, atira-te
daqui para baixo, porque está escrito: ‘Ele dará ordem a seus
Mensageiros a teu respeito, e eles te sustentarão nas mãos, para que não
venhas a tropeçar n’alguma pedra’”.
7. Ele respondeu: “Também está escrito: ‘Não porás à prova o Espírito
da Luz Viva, n’O qual fostes gerado’”.
8. Novamente o Acusador o levou, agora a um monte muito alto, e lhe
mostrou todos os reinos do mundo com o seu esplendor,
9. e lhe disse: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares”.
10. Ele respondeu: “Para trás, Antagonista, porque está escrito: ‘Ao
Espírito da Luz Viva, n’O qual fostes gerado, adorarás; e somente a Ele
prestarás
11. Então o Adversário o deixou, e Mensageiros do Espírito da Luz
Viva vieram servi-lo.
PRISÃO DE JOÃO
Mt. 14:3-5; Mc. 6:17-20; Lc. 3:19-20
3. Herodes, pois, prendera João, o acorrentara e pusera no cárcere,
por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe;
4. porque João lhe havia dito: “Não te é lícito possuí-la”.
5. E embora quisesse matá-lo, Herodes temia o povo, pois este o
considerava um profeta.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

SAÍDA JUDÉIA
Mt. 4:12; Mc. 1:14; Lc. 4:14; Jo. 4:1-3
12 Ao ouvir que João havia sido preso, Jesus se retirou para a Galiléia,
JESUS SE FIXA EM CAFARNAUM
Mt. 4:13-16
13. E então, deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum, situada à
beira-mar, nas fronteiras de Zabulon e Neftali;
14. assim se cumpriu o que foi anunciado pelo Espírito da Luz Viva
através do profeta Isaías:
15. ‘Terra de Zabulon, e terra de Neftali, caminho do mar, do outro lado
do Jordão, Galiléia dos gentios;
16. o povo que jazia nas trevas viu a Manifestação da Força e Poder do
Espírito da Luz Viva; e a todos os que jaziam na região sombria da
morte, manifestou-se a Força e Poder do Espírito Lumi-vivivescente’.
CONVOCAÇÃO DOS DISCÍPULOS
Mt. 4:18-22; Mc. 1:16-21a; Lc. 4:31a
18. E, estando ele a caminhar ao longo do mar da Galiléia, viu dois
irmãos - Simão, apelidado Pedro, e André seu irmão - que lançavam
redes ao mar,
pois eram pescadores;
19. e disse-lhes: “Vinde em seguimento Mim, e eu vos farei pescadores de
homens!”
20. E eles, imediatamente deixando as redes, o seguiram.
21. Um pouco mais à frente, viu outros dois irmãos – Tiago, filho de
Zebedeu, e João, seu irmão - no barco com seu pai Zebedeu,
consertando as redes; chamou-os,
22. e eles imediatamente, deixando o barco e o pai, o seguiram.
CURA DA SOGRA DE PEDRO
Mt. 8:14-15; Mc. 1:29-31; Lc. 4:38-39
14. Entrando Jesus na casa de Pedro, viu que a sogra deste estava de
cama e com febre;

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Sebastião Anselmo
15. e logo, tocando-lhe a mão, a febre a deixou; então, ela se levantou e
pôs-se a servi-lo.
OUTRAS CURAS
Mt. 8:16-17; Mc. 1:32-34; Lc. 4:40-41
16. Ao entardecer, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele, com
uma palavra, expulsou as almas desconectadas intimamente com o
Espírito da Luz Viva e curou a todos os enfermos,
17. para que se cumprisse o que foi anunciado pelo Espírito do Vivo ao
profeta Isaías, quando disse: ‘Levou nossas enfermidades e carregou as
nossas doenças’.
JESUS PERCORRE A GALILÉIA
Mt. 4:17 e 23; Mc. 1:15 e 39; Lc. 4:15 e 44
17. Por esse tempo, Jesus começou a pregar e a dizer: “Transmutai as
vossas mentes, para que mais vos aproximeis intimamente do reino da
Luz Viva!”
23. Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando
a Doutrina do reino da Luz Viva e curando toda sorte de doenças e
enfermidades do povo.
CURA DO LEPROSO
Mt. 8:2-4; Mc. 1:40-45; Lc. 5:12-16
2. Então, aproximou-se dele um homem com lepra e, prostrando-se no
chão, disse: “Rabi, se for de sua vontade, podes curar-me”.
3. Jesus estendeu a mão sobre a sua cabeça, e disse: “Esta é a minha
vontade. Fica curado”. No mesmo instante o homem curou-se de sua
lepra.
4. E Jesus lhe disse: “Não o digas a ninguém; mas vai mostrar-te ao
sacerdote; e, para que lhe sirva de prova, leve a oferta estabelecida por
Moisés”.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

CURA DO PARALÍTICO
Mt. 9:1-8; Mc. 2:1-12; Lc. 5:17-26
1. Jesus entrou num barco, atravessou à outra margem e foi para a sua
cidade.
2. Estando ali, trouxeram-lhe um paralítico estendido numa maca.
Vendo que tinha fé suficiente, disse ao paralítico: “Tem bom ânimo,
filho; teus atos
3. Ouvindo isso, alguns escribas disseram consigo: “Esse homem
blasfema”.
4. Mas Jesus, conhecendo o que se passava em seus corações, disse:
“Por que abrigais maus pensamentos em vossos corações?
5. Pois, qual é o correto? Dizer ‘teus atos em desconexão íntima com o
Espírito da Luz Viva te são perdoados’, ou dizer ‘levanta-te e anda’?
6. Apenas para que saibais que o Filho do Homem tem Poder na terra
para perdoar atos em desconexão íntima com o Espírito da Luz Viva,
digo a este homem: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para a tua casa”.
7. Ele, então, se levantou e foi para casa.
8. Vendo o ocorrido, a multidão ficou espantada, e prestava
agradecimentos ao Espírito da Luz Viva por ter dado tal poder aos
homens.
MATEUS É CHAMADO
Mt. 9:9; Mc. 2:13-14; Lc. 5:27-28
9. Partindo dali, viu Jesus viu um homem sentado na coletoria de
impostos, chamado Mateus; então, disse-lhe: “Segue-me!” Ele se
levantou e o seguiu.
O BANQUETE DE LEVI
Mt. 9:10-13; Mc. 2:15-17; Lc. 5:29-32
10. Aconteceu que, estando Jesus em casa [de Levi], reclinado à mesa,
vieram muitos publicanos e pecadores e se reclinaram à mesa junto
com ele e seus discípulos.
11. Vendo isso, os fariseus perguntaram aos discípulos: “Por que come
o vosso Mestre com publicanos e pecadores?”
20
Sebastião Anselmo
12. Ele, ouvindo o que diziam, respondeu: “Não são os sãos que
precisam de médico, mas sim os doentes.
13. Ide, pois, aprender o que significa: ‘Misericórdia quero, e não
sacrifícios’; pois não vim chamar justos, mas os desviados do reino da
Luz Viva”.
A QUESTÃO DO JEJUM
Mt. 9:14-17; Mc. 2:18-22; Lc. 5:33-39
14. Depois, vieram a ele os discípulos de João, e lhe perguntaram: “Por
que nós e os fariseus jejuamos, e os teus discípulos não jejuam?”
15. Jesus respondeu: “Podem os convidados ao Casamento Íntimo com o
Espírito da Luz Viva guardar luto enquanto o Noivo está com eles? Dias
virão, contudo, em que o Noivo lhes será tirado, então jejuarão.
16. Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o novo
repuxa o velho e o rasgo fica maior;
17. nem se põe vinho novo em odres velhos, porque os odres arrebentam
e perdem-se tanto o vinho quanto os odres. Vinho novo se coloca em
odres novos, assim ambos se conservam”.
A QUESTÃO DO SÁBADO
(GENESAR - SÁBADO, 22 DE MAIO DE 29 A.D.)
Mt. 12:1-8; Mc. 2:23-28; Lc. 6:1-5
1. Por esse tempo, num Sábado, Jesus atravessava plantações; e os seus
discípulos, com fome, puseram-se a arrancar espigas e a comê-las.
2. Vendo isto, os fariseus lhe disseram: “Vê! Teus discípulos fazem o
que não é lícito fazer em dia de Sábado!”
3. Ele lhes respondeu: “Não lestes o que fez Davi e seus companheiros
quando tiveram fome?
4. Como entrou no Templo do Espírito da Luz Viva e se alimentou dos
pães da proposição, que a eles não era lícito comer, mas somente aos
sacerdotes?
5. Ou não lestes na Lei que, no Templo, em dia de Sábado, os sacerdotes
violam o Sábado e ficam sem culpa?

21
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
6. Pois eu vos digo o que é maior que o Templo:
7. Se compreendêsseis o que significa ‘misericórdia quero, e não
sacrifícios’, não lançaríeis condenação a inocentes;
8. pois o Filho do Homem é senhor do Sábado”.
CURA DA MÃO ATROFIADA
(CAFARNAUM, SÁBADO, 29 DE MAIO DE 29 A.D.)
Mt. 12:9-14; Mc. 3:1-6; Lc. 6:6-11
9. Partindo dali, foi para a sinagoga deles;
10. e ali havia um homem que tinha uma das mãos atrofiada. Então,
para terem do que o acusar, perguntaram-lhe: “É lícito curar em dia de
Sábado?”
11. Ele respondeu: “Quem de vós é o homem que, tendo uma ovelha e
caindo ela num buraco num dia de Sábado, não vai socorrê-la para tirá-
la de lá?
12. Quanto maior é um homem que uma ovelha? Como vedes, é lícito
fazer o bem em dia de Sábado!”
13. Em seguida, disse ao homem: “Estende a tua mão”. Ele a estendeu,
e ela lhe foi restituída tão sã quanto a outra.
14. Então os fariseus, saindo dali, tramaram contra ele, discutindo um
modo de matá-lo.
JESUS RETIRA-SE
Mt. 12:15-21 e 4:24-25; Mc. 3:7-12

Mateus, 12:15-21
15. Mas Jesus, sabendo o que se passava em seus corações, retirou-se
dali; muitos o seguiram, e ele a todos curou
16. e insistia para que não o divulgassem.
17. Assim, se cumpria o que foi anunciado pelo Espírito da Luz Viva
através do profeta Isaías, quando disse:
18. ‘Eis o meu servo, a quem ungi e permeei de Minha Luz, em quem me
regozijo. Sobre ele está o meu Espírito, para que anuncie ao povo a
minha Doutrina.
22
Sebastião Anselmo
19. Ele não contenderá, nem clamará, nem sua voz nas praças se ouvirá.
20. Não quebrará o caniço rachado, nem apagará o pavio que ainda
fumega, até que faça triunfar a minha Doutrina.
21. E por seu triunfo esperarão todos os povos’.
24. Sua fama se espalhou por toda a Síria; e traziam-lhe todos os que
padeciam de diversos tipos de enfermidades e perturbações:
endemoninhados, lunáticos e paralíticos; e ele a todos curava.
25. Seguia-o uma grande multidão vinda da Galiléia, da Decápole, de
Jerusalém, da Judéia e da região além do Jordão.
A ESCOLHA DOS DOZE
Mt. 10:1-4; Mc. 3:13-19; Lc. 6:12-16
1. Então, convocando os seus Doze discípulos, deu-lhes autoridade de
expulsar almas desconectadas com o Espírito da Luz Viva e de curar
todo tipo de enfermidades físicas e perturbações mentais.
2. Eis os nomes dos Doze, que convocou: O primeiro, Simão, também
chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu e João,
seu irmão;
3. Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago,
filho de Alfeu, e Tadeu;
4. Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, o que o entregou ao sacrifício
final.
O SERMÃO DO MONTE
AS BEM-AVENTURANÇAS
Mt. 5:1-12; Lc. 6:20-26
1. E vendo ele toda aquela multidão, subiu ao monte; sentou-se, e os
seus discípulos aproximaram-se dele.
2. Então, começou a ensinar a Doutrina do reino da Luz Viva, dizendo:
3. “Felizes os de alma humilde, porque a esses é destinado o reino da Luz
Viva;
4. e felizes os que são mansos de coração, porque esses são os herdeiros
do reino do mundo:
5. Pois, estando eles aflitos, serão consolados;
23
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
6. sentindo fome e sede de justiça, serão saciados;
7. por serem misericordiosos, alcançarão misericórdia;
8. por serem puros de coração, entrarão no reino da Luz Viva;
9. e por promoverem incessantemente a paz no mundo, serão chamados
‘Manifestações do Espírito da Luz Viva’.
10. Felizes serão quando forem perseguidos por agirem em consonância
com o Espírito de Justiça, porque já estabeleceram conexão-íntima com o
reino da
Luz Viva.
11. Sim, sereis felizes e bem-aventurados quando vos injuriarem,
perseguirem e, mentindo, derem testemunhos falsos contra vós por
praticarem a Doutrina do reino da Luz Viva;
12. ficai alegres e exultantes quando isto acontecer, porque será grande o
vosso galardão de Luz íntima: O mesmo fizeram aos justos que vos
precederam no Caminho do reino.
O SAL DA TERRA
Mt. 5:13; Mc. 9:50; Lc. 14:34-35
13. Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se
haverá de salgar? Para nada mais serve, senão para ser lançado fora e
pisado pelos homens.
A LUZ DO MUNDO
Mt. 5:14-16; Lc. 11:33-36
14. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada
sobre um monte;
15. nem se acende uma lâmpada para colocá-la em baixo, ao rés do chão,
mas para colocá-la no alto, no candelabro, a fim de que brilhe e ilumine
a todos os que estão na casa.
16. Do mesmo modo, fazei brilhar a vossa luz diante dos homens, para
que, vendo eles as vossas boas obras, glorifiquem a vosso Pai que está na
Luz.

24
Sebastião Anselmo

INTERPRETAÇÃO DA LEI
Mt. 5:17-20
17. Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogar,
mas cumprir;
18. porque, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, eu vos
digo que, enquanto perdurarem Essência e forma, nem um só i ou til de
tal Doutrina deixará de vigorar, sem que a seu tempo seja cumprido.
19. Portanto, qualquer um que violar um só desses mínimos
Mandamentos, e assim ensinar aos homens, será considerado ‘menor’ no
reino da Luz Viva; mas qualquer um que os praticar, e assim o ensinar
aos homens, será considerado ‘maior’ no reino da Luz Viva.
20. Com efeito, eu vos asseguro que, se o vosso modo de proceder não for
de maior Intimidade com o Espírito Vivo que o modo de proceder dos
escribas e fariseus, não entrareis no reino da Luz Viva.
AS OFENSAS
Mt. 5:21-26; Lc. 12:54-59
21. Ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás’, e ‘quem matar,
será réu em julgamento’.
22. Eu, porém, vos ensino que apenas isso não é suficiente; mas todo
aquele que se encolerizar contra o seu irmão, será réu em julgamento; e
quem o chamar ‘tolo’ vai a julgamento do Conselho; e quem o chamar
‘louco’ vai a julgamento na geena do fogo que salga.
23. Se, pois, estiveres diante do Altar para entregar a tua oferta, e ali te
lembrares de que o teu irmão tem alguma queixa contra ti,
24. deixa de imediato a tua oferta diante do altar e vai primeiro
reconciliar-te com o teu irmão; e depois virás apresentar a tua oferta.
25. Reconcilia-te depressa com o teu oponente enquanto estás a caminho
com ele; para não acontecer que o Adversário te entregue ao Juiz e o
Juiz ao Oficial de Justiça e, assim, sejas lançado na prisão:
26. Em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, eu te asseguro
que dali não sairás enquanto não pagares o último centavo.

25
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

O ADULTÉRIO
Mt. 5:27-32; Lc. 16:18
27. Ouvistes que foi dito: ‘Não cometerás adultério’.
28. Eu, porém, vos ensino que apenas isto não basta; mas qualquer que
olhar para uma mulher casada, desejando-a, já terá cometido adultério
em seu coração;
29. portanto, se teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o para
longe de ti. Pois te é preferível que se perca um só de teus membros do
que ter todo o teu corpo lançado na geena do fogo que salga.
30. Igualmente, se tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a para
longe de ti. Pois te é preferível que se perca um só de teus membros do
que ter todo o teu corpo lançado na geena do fogo que salga.
31. Também foi dito: ‘Aquele que repudiar a sua mulher, dê-lhe carta de
divórcio’.
32. Eu, porém, vos asseguro: ‘Todo aquele que repudiar a sua mulher, a
não ser por motivo de infidelidade, faz com que ela adultere; e aquele que
a ela se unir também se torna adúltero.
OS JURAMENTOS
Mt. 5:33-37
33. Também ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não jurarás falso, mas
cumprirás para com o Espírito da Luz Viva todos os teus juramentos’.
34. Eu, porém, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, vos
ensino: ‘De modo algum jureis; nem pela Essência de Luz, que é trono
do Manifestante,
35. nem pela forma material, que é por Ele manifestada; nem por
Jerusalém, que é a Cidade do Grande Rei.
36. Não jureis nem mesmo pela tua cabeça, porque não podes tornar
branco ou preto um só fio de cabelo’.
37. Seja, antes, o vosso falar ‘sim, sim; não, não’; pois o que passa disso
vem do Maligno.

26
Sebastião Anselmo

A NÃO-RESISTÊNCIA
Mt. 5:38-42; Lc. 6:29-30
38. Ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho, dente por dente’.
39. Eu, porém, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, vos
ensino: ‘Não resistais ao que quiser vos fazer mal’. Pelo contrário, se
alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda;
40. àquele que entrar em disputa contigo para tirar-te a túnica, deixa-lhe
também a capa;
41. e se alguém quiser te obrigar a caminhar uma milha, caminha com
ele duas.
42. Dá a quem te pede dado, e não voltes as costas ao que te pede
emprestado.
AMOR AO PRÓXIMO
Mt. 5:43-48; Lc. 6:27-28 e 32-36
43. Ouvistes o que foi dito: ‘Amarás ao que for concorde contigo, e
amarás menos ao que te fizer oposição’.
44. Eu, porém, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, vos
ensino: ‘Amai os que te fazem oposição e orai pelos que vos perseguem’.
45. Somente assim vos tornareis Filhos Manifestados de vosso Pai que
está na Luz, pois Ele faz nascer o seu Brilho igualmente sobre maus e
bons; e cair a sua chuva sobre justos e injustos.
46. Com efeito, se amardes apenas aos que vos amam, que recompensa
tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?
47. E se saudardes apenas aos vossos irmãos que são concordes contigo,
que fazeis de mais? Também não fazem assim os gentios?
48. Sede vós, pois, corretos em todas as vossas atitudes; assim como o
vosso Pai de Luz Viva é correto em tudo que faz.
A MODÉSTIA
Mt. 6:1-4
1. Guardai-vos de praticar as vossas boas obras em público com o intuito
de serdes admirados pelos homens; caso contrário não recebereis o vosso
galardão de Comunhão Íntima com o vosso Pai de Luz Viva.

27
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
2. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar a trombeta diante de ti,
como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, com o propósito de
serem glorificados pelos homens; em Comunhão Íntima com o Espírito
de Luz Viva, eu vos asseguro que eles já receberam a sua recompensa
diante dos homens.
3. Ao contrário, quando deres esmola, não saiba a vossa mão esquerda o
que faz a vossa direita,
4. para que a vossa esmola fique em segredo; e teu Pai de Luz Viva, que
vê o que fazes em oculto, te cumulará com um quinhão de maior
Comunhão Íntima com Ele.
A ORAÇÃO
Mt. 6:5-15; Mc. 11:24-26; Lc. 11:1-4
5. Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar em
pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos
homens; em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, eu vos
asseguro que eles já receberam a sua recompensa diante dos homens.
6. Ao contrário, quando fores orar, entra no teu quarto e, fechada a
porta, ora a teu Pai de Luz em segredo. E teu Pai de Luz, que vê o que
fazes em segredo, te recompensará com um quinhão de maior Comunhão
Íntima com Ele.
7. E também, em vossas orações, não useis de vãs repetições, como fazem
os gentios, que pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos.
8. De modo algum os imiteis, pois o vosso Pai de Luz Viva sabe o de que
necessitais, antes mesmo que Lho peçais.
9. Quando fores orar, basta dizer assim: ‘Pai nosso que estás na Luz,
santificado seja o Vosso Nome,
10. venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa Vontade, assim na
forma exterior quanto na Essência Interior;
11. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje,
12. perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos nossos
ofensores;
13. e não nos deixes cair na provação; mas livra-nos do mal. Amém!

28
Sebastião Anselmo
14. Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso
Pai na Luz vos perdoará;
15. mas se não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco o vosso
Pai vos perdoará as vossas ofensas a Ele.
O JEJUM
Mt. 6:16-18
16. Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como o fazem os
hipócritas, que desfiguram o rosto para que seu jejum seja notado pelos
homens. Em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, eu vos
asseguro: Eles já receberam a sua recompensa diante dos homens.
17. Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça com perfume e lava
bem o teu rosto,
18. a fim de que não percebam os homens que jejuas, mas somente a teu
Pai na Luz, que está oculto em teu íntimo; e teu Pai na Luz, que a tudo
assiste de seu lugar oculto, te recompensará com um quinhão de maior
Comunhão Íntima com Ele.
OS TESOUROS
Mt. 6:19-24; Lc. 12:32-34
19. Não ajunteis para vós tesouros na forma material, onde a traça e a
ferrugem os consomem, e onde os ladrões penetram e roubam;
20. antes, ajuntai para vós tesouros na Luz, onde nem a traça nem a
ferrugem os consomem, e onde ladrões não penetram nem roubam,
21. porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
22. Os olhos são a lâmpada do corpo; se os vossos olhos forem sãos, todo
o teu corpo ficará iluminado;
23. porém, se forem doentes os vossos olhos, todo o corpo ficará em
trevas. Do mesmo modo, se os vossos olhos não fizerem brilhar a Luz
Interna que há em vós, quão grandes serão as trevas!
24. Ninguém pode servir a dois senhores; pois se agradar a um,
certamente aborrecerá ao outro; e se agradar ao segundo, certamente
desagradará ao primeiro: Não podeis servir à Luz e às riquezas.

29
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

AS PREOCUPAÇÕES
Mt. 6:25-34; Lc. 12:22-31
25. Por isto, vos ensino: Não vos preocupeis com a vossa vida, quanto ao
que haveis de comer; nem com o vosso corpo, quanto ao que haveis de
vestir: Não é a vida mais que o alimento, e o corpo mais que a roupa?
26. Olhai as aves do céu: Não semeiam, não colhem, nem ajuntam em
celeiros; no entanto, vosso Pai de Luz Viva as alimenta. Não estais vós
mais adiantados que elas?
27. Qual de vós pode, por mais preocupado que esteja, acrescentar um só
dia à duração de sua vida?
28. Por que vos preocupais quanto ao que haveis de vestir? Observem
como crescem os lírios do campo, eles não trabalham e nem fiam;
29. contudo, eu vos garanto que nem Salomão, com toda a sua riqueza,
se vestiu como um deles.
30. Ora, se o Pai de Luz assim veste a erva do campo, que hoje existe e
amanhã é lançada ao forno, muito mais não fará a vós, homens
vacilantes na fé?
31. Por isso, não vos preocupeis, dizendo: ‘Que haveremos de comer?’
Ou, ‘que haveremos beber?’ Ou, ainda, ‘que haveremos vestir?’
32. São os gentios que se preocupam com tudo isso, mas vós sabeis que o
vosso Pai de Luz Viva conhece todas as vossas necessidades.
33. Buscai, em primeiro lugar, o reino do Espírito de Luz Viva de Luz,
que está dentro de vós, e vivei de acordo com a sua Doutrina; fazendo
isto, vereis que todas as coisas de que necessitais vos será providenciada.
34. Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de
amanhã se ocupará de si mesmo: Cada dia traz consigo a própria
solução.
OS JULGAMENTOS
Mt. 7:1-5; Lc. 6:37-38 e 41-42
1. Não julgueis, para que não sejais julgados;
2. porque com o mesmo juízo com que julgardes, sereis vós julgados
também; e com a mesma medida com que medirdes, sereis vós medidos
também.
30
Sebastião Anselmo
3. Por que vês o cisco no olho de vosso irmão, e não vês a trave que tens
em vosso próprio olho?
4. Como podes dizer ao vosso irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o cisco do
teu olho’ se tu mesmo tens no teu uma trave?
5. Insensato! Tira primeiro a trave de teu olho, e então poderás enxergar
melhor para tirar o cisco do olho do teu irmão.
A DISCRIÇÃO
Mt. 7:6
6. Não deis o que é sagrado aos cães, nem lanceis as vossas pérolas
diante dos porcos, para que não as pisem e, voltando-se contra vós, vos
ataquem.
LEI DE CAUSA E EFEITO
Mt. 7:7-12; Lc. 11:5-13; Lc. 6:31
7. Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e se vos abrirá;
8. porque todo o que pede, recebe; o que busca, acha; e ao que bate,
abre-se-lhe.
9. Qual de vós é o homem que, se um filho lhe pede pão lhe dá uma
pedra?
10. Ou, se lhe pede peixe, lhe dá uma cobra?
11. Pois se vós, sendo desconectados internamente com o Espírito da Luz
Viva, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai de
Luz dará coisas boas aos que lhe pedirem?
12. Portanto, tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o
vós, primeiro, a eles; porque esta é a Lei e disto falaram os Profetas.
DIFICULDADE NA EVOLUÇÃO
Mt. 7:13-14; Lc. 13:23-30
13. Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o
caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ela;
14. estreita, porém, é a porta, e apertado o caminho que leva à
Comunhão íntima com o Espírito da Luz Viva, e poucos são os que a
encontram.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

FRUTOS DO ESPÍRITO
Mt. 7:15-20; Lc. 6:43-45
15. Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós com vestes de ovelhas,
mas por dentro são lobos ferozes;
16. por seus frutos os conhecereis: colhem-se, porventura, uvas de
espinheiros ou figos de abrolhos?
17. Do mesmo modo, toda árvore boa dá bom fruto, e toda árvore má dá
fruto ruim.
18. Uma árvore boa não pode dar mau fruto, nem uma árvore má dar
fruto bom;
19. e toda árvore que não dá bom fruto é cortada e lançada ao fogo.
20. Portanto, é pelos frutos que os reconhecereis.
VIVER OS ENSINAMENTOS
Mt. 7:21-27; Lc. 6:46-49
21. Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no reino do
Espírito da Luz, mas aquele que cumpre a Doutrina do Pai que está na
Luz Viva.
22. Quando chegar o dia do julgamento de suas ações desconectadas,
muitos dirão: ‘Oh, Emissário da Luz Viva, não foi em teu nome que
profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? E não foi
em teu nome que fizemos muitos prodígios?’
23. Então, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, eu lhes
direi: ‘Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais
iniquidades’.
24. Assim, todo aquele que ouve os meus Ensinamentos, e os pratica, eu
o comparo a um homem prudente que construiu a sua casa sobre a
rocha:
25. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram
com força contra aquela casa; porém, não a derrubaram porque ela
estava edificada sobre a rocha.
26. Mas todo aquele, porém, que ouve os meus Ensinamentos, e não os
pratica, eu o comparo a um homem imprevidente que construiu a sua
casa sobre a areia:
32
Sebastião Anselmo
27. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram
com força contra aquela casa, e ela caiu! E quão grande foi a sua
queda!”
JESUS DESCE DO MONTE
Mt. 7:28-29 e 8:1; Lc. 7:1
28. Quando Jesus terminou o seu discurso, a multidão estava
maravilhada com o seu Ensinamento;
29. porque ele os ensinava com a autoridade de quem está em
Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, e não como o faziam os
escribas.
8:1. Quando desceu do monte, viu Jesus que uma grande multidão o
seguia.
CURA DO SERVO DO CENTURIÃO
Mt. 8:5-13; Lc. 7:2-10
5. Entrando em Cafarnaum, veio até ele um centurião, e lhe suplicou:
6. “Mestre, o meu criado está em casa deitado, com paralisia, sofrendo
dores horríveis”.
7. Jesus lhe disse: “Eu irei, e o curarei”.
8. Mas o centurião lhe replicou: “Mestre, eu não sou digno de que
entreis em minha casa; basta que digas uma palavra e o meu criado
ficará são.
9. Pois também eu estou debaixo de ordens de meus superiores, e tenho
soldados de patente inferior que seguem sob as minhas ordens; e se digo
a um: ‘Vai!’, ele vai; e se digo a outro: ‘Vem!’, ele vem; e, se digo ao
meu servo: ‘Faze isto!’, ele o faz”.
10. Ouvindo-o a falar assim, Jesus admirou-se e disse aos que o
seguiam: “Em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, eu vos
digo: Nem mesmo em Israel encontrei tão grande fé!
11. E digo-vos mais: Muitos, que virão do Oriente e do Ocidente,
encontrarão lugar com Abraão, Isaac e Jacó no reino da Luz Viva;
12. enquanto que os ‘filhos do reino’ não encontrarão lugar, e serão
lançados nas trevas exteriores. Aí haverá pranto e ranger de dentes”.

33
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
13. Em seguida, disse ao centurião: “Vai! E do modo como crês, assim
te seja feito”. Naquela mesma hora o criado ficou são.
A FAMÍLIA DE JESUS
Mt. 12:46-50; Mc. 3:20-21 e 31-35; Lc. 8:19-21
46. Enquanto Jesus ainda falava à multidão, sua mãe e seus irmãos
estavam do lado de fora, procurando falar-lhe;
47. então, eis que alguém lhe diz: “Mestre, tua mãe e teus irmãos estão
lá fora, à tua procura”.
48. E ele respondeu: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”
49. E, apontando para os seus discípulos, disse: “Eis aqui minha mãe e
meus irmãos,
50. porque qualquer um que praticar a Doutrina do reino da Luz Viva,
esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
JOÃO - REENCARNAÇÃO DE ELIAS
Mt. 11:2-19; Lc. 7:18b-35

JOÃO ENVIA MENSAGEIROS A JESUS


2. Como João, no cárcere, tivesse ouvido falar das obras do Ungido
Permeado da Luz do Vivo, que ele indicara ao povo, enviou dois de
seus discípulos para lhe perguntarem:
3. “És tu aquele que devia vir, ou devemos esperar outro?”
4. Jesus respondeu: “Ide informar a João sobre o que estais ouvindo e
vendo:
5. Os cegos veem; os coxos andam; os leprosos ficam limpos; os surdos
ouvem; os mortos voltam ressuscitam; a Doutrina do reino da Luz Viva é
pregada aos pobres,
6. e beneficia a todos que a recebem”.
JESUS DÁ TESTEMUNHO DE JOÃO
7. Quando partiram dali, começou Jesus a falar ao povo a respeito de
João: “O que fostes ver no deserto? Um caniço movido pelo vento?
8. O que fostes ver? Um homem vestido de roupas finas? Não! Porque os
que se vestem com roupas finas vivem nos palácios dos reis.
34
Sebastião Anselmo
9. O que fostes ver, então? Um profeta? Sim! E eu vos digo: João é mais
que simples profeta,
10. porque é dele que está escrito: ‘Eis que envio o meu Mensageiro à tua
frente, ele preparará o caminho diante de ti’.
11. Dele, eu vos digo, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva:
Dos nascidos de mulher, não há um sequer maior que João, o Batista; no
entanto, o menor no reino d’A Luz é maior do que ele.
12. Desde o tempo de João Batista, até agora, o reino da Luz é
conquistado pelo esforço da vontade, e apenas os que muito se esforçam
o adentram;
13. porém, a Lei e os Profetas têm validade até João. [Em João cumpriu-
se toda a Lei e os Profetas].
14. E, se mais quereis saber a respeito dele, eu vos digo, em Comunhão
Íntima com o Espírito da Luz Viva: Ele mesmo é Elias, o que devia vir:
15. Quem tem ouvidos de ouvir, ouça!
JESUS COMPARA AQUELA GERAÇÃO A MENINOS
INDECISOS
16. A quem compararei esta geração? São como meninos brincando na
praça, reclamando entre si:
17. ‘Tocamos flauta e não dançastes; cantamos hinos de lamentação e
não chorastes’.
18. Porque veio João, que não come nem bebe, e dizem: ‘Está possesso de
espírito sem Comunhão Íntima com a Luz’.
19. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: ‘É comilão e
beberrão, amigo de publicanos e desconectados da Luz Viva em seu
interior’; porém, são as obras que dão testemunho da sabedoria de quem
as pratica”.
ENSINANDO À BEIRA MAR
Mt. 13:1-3; Mc. 4:1-2; Lc. 8:4
1. Naquele dia, saindo Jesus de casa, sentou-se à beira-mar,

35
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
2. e grande multidão de povo reuniu-se à sua volta; por isso, ele subiu
num barco e sentou-se, enquanto a multidão permanecia de pé na
praia.
3. Então, passou a pregar-lhes a Doutrina do reino da Luz Viva por
parábolas:
A PARÁBOLA DO SEMEADOR
Mt. 13:4-9; Mc. 4:3-9; Lc. 8:5-8
4. “Eis que um semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte das
sementes caiu junto à beira do caminho; vieram as aves do céu e a
comeram.
5. Outra parte caiu em terreno pedregoso onde havia pouca terra; como
não havia profundidade, logo brotaram
6. e, tendo se levantado o sol, queimou-se; e, como não tinha raiz, secou.
7. Outra parte, ainda, caiu entre os espinhos; estes cresceram e a
sufocaram.
8. Finalmente, a última parte caiu em terra boa; e produziu frutos na
proporção de cem, sessenta e trinta frutos por grão.
9. Quem em ouvidos de ouvir, ouça”.
A PARÁBOLA DO TESOURO ESCONDIDO
Mt. 13:44
44. O reino da Luz é semelhante a um tesouro que, estando oculto em um
campo, foi achado por um homem que, todo feliz, voltou a ocultá-lo;
então foi, vendeu tudo o que possuía, e comprou aquele campo.
A PARÁBOLA DA PÉROLA DE GRANDE VALOR
Mt. 13:45-46
45. O reino da Luz é também semelhante a um negociante à procura de
pérolas finas;
46. ao encontrar uma de grande valor, ele foi, vendeu tudo o que possuía
e a adquiriu.

36
Sebastião Anselmo

A PARÁBOLA DA REDE LANÇADA AO MAR


Mt. 13:47-51
47. O reino da Luz também se assemelha a uma rede lançada ao mar,
que apanha peixes de toda espécie;
48. quando fica repleta, puxam-na para a praia e, assentados, retiram os
de bom tamanho em cestos e devolvem ao mar os que ainda não
atingiram estatura, para que cresçam.
49. Assim acontecerá no fim deste tempo: Virão os Mensageiros da Luz e
separarão os egoístas dos misericordiosos,
50. e os lançarão na fornalha de fogo que regenera; ali haverá choro e
ranger de dentes.
51. Entendestes todas estas coisas?” Responderam-lhe: “Sim”.
A PARÁBOLA DO HOMEM SÁBIO
Mt. 13:52-53
52. Então, lhes disse: “Por isso, todo discípulo que pratica a Doutrina do
reino da Luz Viva se assemelha a um pai de família que tira de sua
despensa coisas novas e velhas”.
53. Tendo Jesus concluído estas parábolas, partiu dali.
POR QUE JESUS ENSINAVA POR PARÁBOLAS
Mt. 13:34-35; Mc. 4:33-34
34. Tudo isto ensinou Jesus ao povo por meio de parábolas, e sem
parábolas nada lhes ensinava,
35. para que se cumprisse o que foi anunciado através do profeta,
quando disse: ‘Abrirei a minha boca e, por meio de parábolas, ensinarei
coisas ocultas desde a criação do mundo’.
OS DISCÍPULOS INQUIREM JESUS
Mt. 13:10-15; Mc. 4:10-12; Lc. 8:9-10
10. Os discípulos chegaram-se a ele e perguntaram: “Por que ensinas
ao povo por meio de parábolas?”
11. Jesus respondeu: “Porque a vós é permitido conhecer os segredos do
reino da Luz; porém, a eles isto não é permitido.

37
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
12. Pois ao que tem, mais ainda se lhe dará, e terá em abundância; mas
ao que não tem, do que não tem lhe será tirado e ficará maior a sua falta.
13. Por isso lhes ensino por meio de parábolas: Porque olham, mas não
veem; escutam, mas não ouvem e não entendem.
14. Cumpre-se, assim, o que foi anunciado através do profeta Isaías,
quando disse: ‘Ouvireis e não compreendereis, olhareis e não vereis;
15. porque o coração deste povo endureceu e, por não terem boa vontade,
seus olhos e ouvidos se fecharam para não acontecer que, vendo com os
olhos, ouvindo com os ouvidos, e entendendo com o coração, se
convertam para a Luz e sejam curados’.
O SENTIDO DA PARÁBOLA DO SEMEADOR
Mt. 13:18-23; Mc. 4:13-20; Lc. 8:11-15
18. Ouvi, pois, a explicação da parábola do semeador.
19. Todo aquele que ouve o Ensinamento da Doutrina da Luz Viva e não
o entende, vem o maligno e tira o que foi semeado em seu coração; essa é
a semente que caiu à beira do caminho.
20. A que foi semeada em terreno pedregoso é aquele que ouve a
Doutrina e logo a acolhe com alegria,
21. mas por não ter profundidade o seu coração, não lança raiz e logo
morre; assim que chegam as primeiras provações, ou perseguição pela
prática da Doutrina, ele não resiste e não consegue perseverar.
22. A que foi semeada entre os espinhos é aquele que ouve a Doutrina,
mas as preocupações mundanas e a sedução da riqueza o sufocam, e não
permitem que dê fruto.
23. A que foi semeada em terra boa é aquele que ouve a Doutrina, a
compreende e pratica; esse produz obras na proporção de cem, sessenta,
ou trinta ações por Ensinamento recebido”.
VENTANIA ACALMADA
Mt. 8:18 e 23-27; Mc. 4:35-41; Lc. 8:22-25
18. Vendo Jesus a multidão ao seu redor, mandou que partissem para
a outra margem do lago;
23. e então, subindo no barco, os seus discípulos embarcaram com ele.

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Sebastião Anselmo
24. Durante a travessia, surgiu no mar tão grande tempestade que as
ondas cobriam a embarcação; enquanto isso, ele permanecia tão
sereno que dormia.
25. Seus discípulos vieram a ele e o despertaram, dizendo: “Rabi, salva-
nos, pois estamos afundando”.
26. Ele respondeu-lhes: “Por que sois tão tímidos, homens de fé
vacilante?”; e, levantando-se, ordenou com autoridade aos ventos e ao
mar para que se acalmassem, e logo sobreveio uma grande bonança.
27. Eles disseram, espantados: “Quem é este, que até os ventos e o mar
lhe obedecem?”
O OBSIDIADO DE GERASA
Mt. 8:28-34; Mc. 5:1-20; Lc. 8:26-39
28. Ao chegar à outra margem, terra dos gerasenos, vieram ao seu
encontro dois endemoninhados, saídos dos sepulcros; eram tão ferozes
que ninguém se atrevia a passar por aquele caminho.
29. Ao avistarem Jesus, que vinha em sua direção, gritaram: “Que
queres de nós, Filho da Luz? Vieste atormentar-nos antes do tempo?”
30. Havia, a certa distância, uma grande manada de porcos pastando;
31. e os espíritos lhe suplicaram: “Se vais nos expulsar, manda-nos para
os porcos”.
32. Disse-lhes Jesus: “Ide!” Eles saíram e entraram nos porcos; e logo
toda a manada se precipitou no mar, rolando pela encosta abaixo, e se
afogou nas águas.
33. Os que vigiavam os porcos fugiram e, chegando ao povoado,
contaram tudo o que viram a respeito dos endemoninhados e dos
porcos;
34. então, o povoado inteiro saiu ao encontro de Jesus e, ao vê-lo,
pediram-lhe que se retirasse de seu território.
O PEDIDO DE JAIRO
Mt. 9:18-19; Mc. 5:21-24; Lc. 8:40-42
18. Enquanto Jesus ensinava o povo, aproximou-se dele um chefe da
sinagoga e, prostrando-se diante dele, disse: “Minha filha acaba de
morrer; mas vem, impõe-lhe a mão, e ela viverá”.
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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
19. E Jesus, levantando-se, foi com ele, seguido de seus discípulos.
CURA DE HEMORRAGIA
Mt. 9:20-22; Mc. 5:25-34; Lc. 8:43-48
20. No caminho, uma mulher que sofria há doze anos de hemorragia,
veio por trás dele e tocou a orla de sua veste,
21. porque dizia consigo: “Se eu tocar, ainda que seja somente a orla de
sua veste, ficarei curada”.
22. Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: “Tem bom ânimo, filha, a tua fé
te curou”. Desde aquele momento, a mulher ficou livre da doença.
A FILHA DE JAIRO
Mt. 9:23-26; Mc. 5:35-43; Lc. 8:49-56
23. Chegando à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu os tocadores de
flauta e a multidão em alvoroço; então, disse:
24. “Retirai-vos todos daqui, porque a menina não está morta, mas
dorme”; e riam-se dele.
25. Assim que a multidão se retirou, Jesus entrou na casa, tomou a
menina pela mão e ela se levantou.
26. O relato deste fato se espalhou por toda aquela região.
JESUS EM NAZARÉ
(Sábado, 21 de outubro do ano 29 A.D.)
Mt. 13:54-58; Mc. 6:1-6a; Lc. 4:22b-30; Jo. 4:44
54. De volta à sua aldeia, pôs-se a ensinar na sinagoga, de modo que
todos os que o ouviram ficaram maravilhados com sua exposição da
Doutrina, e disseram: “De onde lhe vem tamanha Sabedoria e Força
Interior para realizar curas?
55. Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e
seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?
56. E não vivem entre nós as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tamanha
Capacidade?”
57. E, por não poderem compreendê-lo, escandalizavam-se por causa
dele. Percebendo suas dúvidas, Jesus lhes disse: “Um profeta só não é
reconhecido em sua própria terra, em sua própria casa”.

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Sebastião Anselmo
58. E, por causa da incredulidade deles, não fez aí muitas curas.
JESUS PERCORRE A GALILÉIA
Mt. 9:35-38; Mc. 6:6b
35. Jesus percorria todas as cidades e aldeias, ensinando em suas
sinagogas, pregando a Doutrina do Reino da Luz Viva e curando todo
tipo de doença e enfermidade;
36. e, vendo ele as multidões de povo que se ajuntava para ouvi-lo,
sentiu-se tomado de compaixão, porque andavam doentes e abatidos,
como ovelhas que não têm pastor.
37. Então, disse a seus discípulos: “A seara é grande, mas os
trabalhadores são poucos;
38. pedi, pois, ao Dono da Seara que envie trabalhadores para a sua
Seara”.
INSTRUÇÕES AOS EMISSÁRIOS – PARTE I
(Ano 30 A. D. ou 783 A. U . C. - Janeiro - Fevereiro)
Mt. 10:5-15; Mc. 6:7-11; Lc. 9:1-5
5. E enviou os seus Doze com as seguintes instruções: “Não tomeis o
caminho dos gentios, nem entreis em cidades de samaritanos;
6. ide, antes, às ovelhas perdidas da Casa de Israel,
7. e, dirigindo-vos a elas, proclamai que o reino da Luz Viva se aproxima.
8. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai
os espíritos sem Comunhão Íntima com a Luz; de graça recebestes, de
graça dai!
9. Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem acumulareis dinheiro
algum ao vosso redor,
10. nem mesmo alforje levai para o caminho, nem duas túnicas, nem
sandálias, e nem cajado para a vossa proteção, porque o trabalhador é
merecedor do seu sustento.
11. Quando entrardes numa cidade ou aldeia, informai-vos se há ali
alguém que seja justo segundo a Lei do reino da Luz Viva; e,
encontrando-o, hospedai-vos com ele até vos retirardes daquele lugar.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
12. Entrando em sua casa, saudai-a, dizendo: ‘Que a Paz da Luz Viva
faça morada nesta casa’:
13. se for a casa de um justo, segundo a Lei do reino da Luz Viva, a Paz
ali entrará e nela fará morada; se não o for, a Paz retornará a vós.
14. Se alguém se recusar a vos receber, e nem sequer prestar atenção às
vossas palavras, ao deixar aquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos
pés;
15. porque eu vos digo, em Comunhão Íntima com a Luz Viva, que no
dia de ajuizar as suas ações, menos rigor haverá com Sodoma e Gomorra
do que para com aquela casa ou cidade.
INSTRUÇÕES AOS EMISSÁRIOS – PARTE II
Mt. 10:16-23
16. Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos: Sede, pois,
prudentes como as serpentes, e sem malícia como as pombas.
17. Tende prudência no trato com os homens, porque eles vos entregarão
aos tribunais e vos açoitarão em suas sinagogas;
18. por causa de vossa prática da Doutrina, sereis levados à presença de
governadores e de reis, momento em que dareis, a eles e às suas nações,
testemunho do que aprendestes;
19. e quando vos entregarem não vos preocupeis com o que haveis de
dizer, porque naquele momento o Espírito da Luz Viva, de cuja Doutrina
dais testemunho, falará através de vós;
20. porque não sereis vós que estareis falando, mas o Espírito de vosso
Pai Espiritual é que falará através de vós.
21. Assim, irmãos na carne entregarão à morte do corpo os seus irmãos
espirituais; pais na carne entregarão a seus filhos espirituais; filhos na
carne se revoltarão contra os seus pais espirituais e os entregarão à
morte do corpo;
22. e sereis odiados de todos os mundanos por praticardes a Doutrina do
reino da Luz Viva. Porém, quem perseverar na prática do Ensinamento,
terá o seu espírito curado e entrará em Comunhão Íntima com o Pai
Espiritual.

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Sebastião Anselmo
23. Quando iniciarem as perseguições numa cidade, ide para outra;
porque eu vos digo, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva,
que antes de percorrerdes todas as cidades de Israel virá para vós o
estado de Filho do Homem.
INSTRUÇÕES AOS EMISSÁRIOS – PARTE III
Mt. 10:24-33; Lc. 6:40
24. Não é o discípulo maior que o seu mestre, nem o servo superior ao
seu senhor:
25. basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo como o seu
senhor. Se chamaram ‘Belzebu’ ao Dono da Casa, quanto mais o farão
aos seus servos?
26. Portanto, não os temais, porque nada há de encoberto que não venha
a ser descoberto, nem oculto que não venha a ser revelado.
27. O que vos ensino em secreto, proclamai-o em público; o que ouvis
intimamente em vossos ouvidos espirituais, pregai-o com vossas palavras
e ações.
28. Não temais os que podem matar os vossos corpos, mas nada podem
fazer com as vossas almas; temei, antes, por trairdes o Ensinamento,
terdes o corpo e a alma lançados na geena de fogo restaurador.
29. Não se vendem dois pássaros por um centavo? Mas, no entanto,
nenhum deles cai por terra sem a permissão de vosso Pai Espiritual;
30. quanto a vós, até mesmo os fios de cabelo das vossas cabeças estão
contados;
31. por isso, não tenhais medo, porque sois muito mais adiantados, em
vossa evolução, do que os passarinhos.
32. Todo aquele, pois, que der testemunho da Doutrina diante dos
homens, sua prática dos Ensinamentos será sua testemunha diante do
Pai Espiritual;
33. mas aquele que não perseverar, e não praticar os Ensinamentos,
também isto lhe será testemunha de acusação diante do Pai Espiritual.
INSTRUÇÕES AOS EMISSÁRIOS – PARTE IV
Mt. 10:34-39; Lc. 12:49-53
34. Não penseis que vim trazer paz à forma; não vim trazer paz, mas luta;
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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
35. porque vim contrapor os valores do filho com os de seu pai, bem
como os da filha com os de sua mãe, e os da nora com os de sua sogra;
36. de modo que os antagonistas ao estado de Filho do Homem serão os
de sua própria casa.
37. Quem se dedica a seu pai ou sua mãe carnais, mais do que se dedica
à Doutrina do reino da Luz Viva, d’Ela não é digno; e quem se dedica a
seu filho ou sua filha mais dp que se dedica à Doutrina do reino da Luz
Viva, d’Ela não é digno.
38. Pois quem não toma a sua cruz para seguir os Ensinamentos, deles
não está à altura;
39. porque quem se agarra à ilusória existência do mundo das formas,
irá conservá-la; mas quem a deixar perecer, por seguir os Ensinamentos,
alcançará a Comunhão Íntima com a Vida Verdadeira, que o gerou.
INSTRUÇÕES AOS EMISSÁRIOS – PARTE V
Mt. 10:40-42
40. Quem vos recebe, a mim recebe; e quem me recebe, recebe Aquele
que me enviou;
41. porque quem recebe um profeta por sua condição de profeta, terá a
recompensa de profeta; quem recebe um justo por sua condição de justo,
terá a recompensa de justo;
42. quem der de beber, nem que seja um copo de água fria, a um destes
pequeninos, por seguirem os Ensinamentos da Doutrina do reino, eu vos
digo, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, que não perderá
o seu quinhão de Comunhão Íntima com a Luz”.
PREGAÇÃO
Mt. 11:1; Mc. 6:12-13; Lc. 9:6
1. Quando Jesus acabou de dar estas instruções aos seus Doze
discípulos, partiu dali para ensinar e pregar em suas cidades.
A MORTE DO BATISTA
Mt. 14:6-12a; Mc. 6:21-29
6. Por ocasião do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades dançou
no meio de todos; e tanto agradou a Herodes,

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Sebastião Anselmo
7. que ele prometeu, sob juramento, dar-lhe qualquer coisa que
pedisse;
8. e ela, induzida por sua mãe, pediu: “Dá-me aqui, numa bandeja, a
cabeça de João Batista”.
9. O rei se entristeceu; mas, por causa do juramento que fizera diante
de seus convidados, ordenou que lha dessem;
10. e mandou degolar a João na prisão.
11. A cabeça foi trazida numa bandeja e entregue à moça, que a levou
à sua mãe.
12a. Então, vieram os discípulos de João, levaram o seu corpo e o
sepultaram.
OPINIÃO DE HERODES
Mt. 14:1-2; Mc. 6:14-16; Lc. 9:7-9
1. Naquele tempo, ouviu o tetrarca Herodes sobre a fama de Jesus,
2. e disse aos seus cortesãos: “Esse de que falais é João Batista, que
certamente ressuscitou dos mortos; é por isso que a força curativa opera
por meio dele”.
JESUS É SEGUIDO
Mt. 14:12b-14; Mc. 6:32-34; Lc. 9:11; Jo. 6:1-4
12b. e, partindo dali, foram dar a notícia a Jesus
13. que, ouvindo isso, partiu dali, de barco, para um lugar deserto;
mas quando as multidões o souberam, foram seguindo-o por terra,
14. de modo que, quando desembarcou, avistou a grande multidão que
se formara à sua espera e sentiu-se compadecido dela; então, curou os
seus enfermos.
1.ª MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES
Mt. 14:15-21; Mc. 6:35-44; Lc. 9:12-17; Jo. 6:5-13
15. Chegada a tarde, aproximaram-se dele os seus discípulos, e
disseram: “Este lugar é deserto, e a hora já está avançada; despede as
multidões para que, indo aos povoados, comprem alimentos para si”.
16. Jesus lhes respondeu: “Não é necessário que eles se vão; dai-lhes vós
mesmos de comer”.
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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
17. Disseram eles: “Não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes”.
18. Disse-lhes Jesus: “Trazei-mos aqui”;
19. então, ordenando que as multidões se assentassem sobre a relva,
tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu,
abençoou-os; depois, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os
discípulos os distribuiu às multidões.
20. Todos comeram e ficaram saciados, e ainda recolheram doze cestos
cheios do que sobrou.
21. Ora, os que comeram foram cerca de cinco mil homens, sem contar
mulheres e crianças.
EM ORAÇÃO
Mt. 14:22-23; Mc. 6:45-46; Jo. 6:14-15
22. Em seguida, mandou que os discípulos embarcassem e passassem
adiante dele à outra margem, enquanto ele despedia o povo.
23. Depois de despedi-los, subiu sozinho ao monte para orar. Quando
caiu a noite, ele estava sozinho ali.
JESUS ANDA SOBRE A ÁGUA
Mt. 14:24-33; Mc. 6:47-52; Jo. 6:16-21
24. Estava o barco já no meio do mar, a muitos estádios da terra,
quando as ondas começaram a açoitá-lo, movimentadas pelo vento
contrário.
25. Por ocasião da quarta vigília da noite, veio Jesus ter com eles,
andando sobre as águas.
26. Ao avistá-lo caminhando sobre as águas do mar agitado, os
discípulos se assustaram e disseram: “É um fantasma!”, e gritaram de
medo;
27. mas Jesus, imediatamente, tentou acalmá-los, dizendo: “Tende bom
ânimo! Sou eu, não temais!”
28. Pedro, então, lhe disse: “Rabi, se és tu mesmo, manda que eu vá ao
teu encontro andando sobre as águas”.
29. Jesus lhe respondeu: “Vem!”. Descendo do barco, Pedro caminhou
sobre as águas, indo em sua direção;

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Sebastião Anselmo
30. porém, ao sentir a força do vento, teve medo e começou a afundar;
então, gritou: “Rabi, socorre-me!”
31. Imediatamente Jesus estendeu a mão e o segurou, repreendendo-o:
“Homem de fé vacilante, por que duvidaste?”;
32. e logo que subiram ao barco, o vento cessou.
33. Então, os que estavam no barco prostraram-se diante dele,
dizendo: “És, verdadeiramente, o Filho da Luz”.
EM GENESARÉ
Mt. 14:34-36; Mc. 6:53-56
34. Tendo passado para a outra margem, atracaram em Genesaré.
35. Tendo-o reconhecido, os homens daquele lugar espalharam a
notícia de sua chegada por toda a região; e trouxeram-lhe todos os que
padeciam de enfermidades,
36. rogando-lhe que os deixasse apenas tocar a orla de suas vestes; e
todos os que a tocaram ficaram curados.
O TRIBUTO DO TEMPLO
(abril do ano 30)
Mt. 17:24-27
24. Tendo chegado a Cafarnaum, os que coletavam o imposto das duas
dracmas se aproximaram de Pedro e lhe perguntaram: “Vosso mestre
não paga as duas dracmas?”
25. Pedro respondeu: “Paga”; e, ao entrar em casa, Jesus se antecipou
a ele e perguntou: “Que te parece, Simão? De quem os reis da terra
cobram impostos: Dos seus descendentes ou dos estranhos?”
26. Pedro respondeu: “Dos estranhos”; e Jesus concluiu: “Portanto, os
descendentes estão isentos;
27. mas, para não darmos motivo a escândalo, vai agora ao mar e lança o
anzol; recolhe o primeiro peixe que fisgar e, abrindo-lhe a boca, acharás
dentro um estáter; toma-o e paga por mim e por ti”.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

DOGMAS HUMANOS
Mt. 15:1-11; Mc. 7:1-16
1. Vieram, então, de Jerusalém a Jesus, alguns escribas e fariseus, e lhe
perguntaram:
2. “Por que os teus discípulos violam a tradição dos antepassados? Pois
não lavam as mãos antes de comer”.
3. Ele lhes respondeu: “E por que vós, com a vossa tradição, violais o
Mandamento da Luz Viva?
4. Pois está escrito na Lei: ‘Honra a teu pai e a tua mãe’, e também:
‘Aquele que desprezar a seu pai ou a sua mãe será réu de morte’;
5. mas vós, ao contrário, dizeis: ‘Se alguém disser a seu pai ou a sua mãe
que a ajuda que lhes devia foi ofertada ao Espírito da Luz Viva,
6. esse não precisa mais sustentar a seu pai ou sua mãe’; e assim
revogais o Mandamento da Luz por causa da vossa tradição.
7. Hipócritas! Bem profetizou Isaías sobre vós, dizendo:
8. ‘Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está distante de
mim;
9. é vão o culto que me prestam, pois o que ensinam é doutrina de
homens’”.
10. E, chamando para junto de si a multidão, disse-lhes: “Ouvi e
compreendei:
11. Não é o que entra pela boca que o torna desconectado de sua Luz
Essencial; mas o que sai de sua boca, isto é o que o torna desconectado”.
Nada há fora do homem que, ao entrar nele, possa torná-lo desconectado
de sua Luz Essencial; mas o que sai do homem, isso sim, é o que o torna
desconectado.
O QUE PREJUDICA
Mt. 15:12-20; Mc. 7:17-23; Lc. 6:39
12. Então, aproximaram-se dele os seus discípulos, e lhe disseram:
“Sabes que os fariseus se escandalizaram ao ouvir o seu Ensino?”
13. Ele respondeu: “Toda doutrina que não vem do Espírito da Luz Viva,
será extirpada.
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Sebastião Anselmo
14. Deixai-os: São cegos, condutores de cegos; e se um cego guiar outro
cego, já se sabe que ambos cairão no buraco”.
15. Pedro, interpelando-o, pediu-lhe: “Explica-nos essa parábola”.
16. jesus respondeu: “Também vós não tendes ouvidos de ouvir?
17. Não entendeis que tudo o que entra pela boca do homem desce ao
ventre e daí vai para a fossa?
18. Mas o que sai da boca procede do coração, e é isto que torna o
homem desconectado internamente com o Espírito da Luz Viva;
19. porque é do coração que saem as más intenções, os assassinatos, os
adultérios, as prostituições, os roubos, os falsos testemunhos e os
xingamentos.
20. São essas coisas que tornam o homem desconectado interiormente
com a Luz Viva, e não o comer sem lavar as mãos”.
CANANÉIA
Mt. 15:21-28; Mc. 7:24-30
21. Partindo dali, retirou-se para a região de Tiro e de Sidon.
22. E uma mulher cananeia, que habitava essa região, veio ao seu
encontro, gritando: “Rabi, descendente de Davi, tem compaixão de mim!
Minha filha está horrivelmente atormentada por um espírito sem
Comunhão Íntima com a Luz”.
23. Jesus nada lhe respondeu; então, os seus discípulos se
aproximaram e lhe pediram: “Despede-a, porque vem gritando atrás de
nós”.
24. Então, ele disse à mulher: “Não fui enviado senão às ovelhas
perdidas da Casa de Israel!”.
25. Mas ela, aproximando-se mais, prostrou-se diante dele, e rogou:
“Rabi, socorre-me!”.
26. Ele respondeu: “Não é bom tirar o pão dos filhos para atirá-lo aos
cachorrinhos”.
27. Ela insistiu: “Sim, Senhor, isso é verdade; mas até os cachorrinhos
se alimentam das migalhas que caem da mesa de seus donos”.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
28. Então, Jesus lhe disse: “Mulher, quão grande é a tua fé! Que seja
feito segundo crês!” ; e, no mesmo instante, a sua filha ficou curada.
NO MAR DA GALILÉIA
(Julho do ano 30 A.D.)
Mt. 15:29-31
29. Partindo dali, chegou às margens do mar da Galiléia; subiu a um
monte e ali se assentou;
30. e logo aproximaram-se dele numerosas multidões trazendo consigo
aleijados das mãos e dos pés, cegos, mudos e muitos outros acometidos
de diversas enfermidades, e os puseram aos seus pés; e ele a todos
curou,
31. de modo que a multidão de povo ficou admirada vendo mudos
falar, aleijados ficando sãos, coxos caminhando, e cegos recuperando a
visão. E rendeu agradecimentos à Força e ao Poder d’A Luz Viva que
governa todo o Israel.
SEGUNDA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES
Mt. 15:32-38; Mc. 8:1-9
32. Então Jesus, chamando os discípulos, lhes disse: “Tenho compaixão
desse povo, pois já há três dias estão comigo e não têm o que comer. Não
quero deixá-los assim, para que não sucumbam pelo caminho”.
33. Os discípulos lhe disseram: “Rabi, onde encontraremos, neste
deserto, pães suficientes para saciar tanta gente?”
34. Jesus lhes perguntou: “Quantos pães tendes?” Responderam: “Sete,
e alguns peixinhos”.
35. Então, mandando que o povo se assentasse no chão,
36. tomou os sete pães e os peixinhos, agradeceu, partiu-os e os foi
dando aos discípulos para que estes os distribuíssem à multidão;
37. e todos comeram até ficar satisfeitos. E com os pedaços que
sobraram ainda recolheram sete cestos.
38. Todos os que comeram foram quatro mil homens, sem contar
mulheres e crianças.

50
Sebastião Anselmo

PEQUENA VIAGEM
Mt. 15:39; Mc. 8:10
39. Tendo despedido a multidão, entrou no barco e se dirigiu ao
território de Magadã.
O FERMENTO DOS FARISEUS
Mt. 16:5-12; Mc. 8:14-21
5. Indo em viagem para a outra margem, os discípulos perceberam que
se esqueceram de levar pão.
6. Quando Jesus lhes disse: “Atenção! Tomai cuidado com o fermento
dos fariseus e dos saduceus”,
7. eles começaram a comentar entre si: “Ele está dizendo isto porque
não trouxemos pão”.
8. Percebendo que não haviam compreendido o Ensinamento, Jesus
lhes disse: “Homens de fé vacilante, porque estais preocupados por não
terdes trazido pão?
9. Ainda não compreendestes? Não vos lembrais dos cinco pães para os
cinco mil homens, nem de quantos cestos recolhestes do que sobrou?
10. Ou dos sete pães para os quatro mil homens, e de quantos cestos
recolhestes do que sobrou?
11. Como não podeis compreender que não é do pão material que vos
falo quando digo: Tende cuidado com o fermento dos fariseus e dos
saduceus?”.
12. Então compreenderam que não lhes ensinara que tomassem
cuidado com o fermento do pão, mas com a doutrina dos fariseus e dos
saduceus.
A CONFISSÃO DE PEDRO
Mt. 16:13-20; Mc. 8:27-30; Lc. 9:18-21
13. Chegando ao território de Cesaréia de Filipe, perguntou Jesus aos
seus discípulos: “No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?”
14. Eles responderam: “Uns dizem que é João Batista; outros, que é
Elias; e outros, ainda, dizem que é Jeremias ou algum outro dos antigos
profetas”.

51
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
15. Jesus voltou a perguntar-lhes: “E vós, que dizei vós do Filho do
Homem?”
16. Simão Pedro respondeu: “Rabi, tu és o Ungido de Espírito da Luz
Viva, Manifestação Direta da Luz que infunde Vida às formas”.
17. Disse-lhe Jesus: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a
carne, nem o sangue, que te revelou isto, mas o Pai, que está na Luz;
18. também te digo, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva,
que sois Pedro, e sobre esta Pedra construirei o meu tabernáculo; e as
portas da morte da desconexão íntima com o Espírito da Luz Viva não
prevalecerão contra ela.
19. A esta Pedra serão confiadas as chaves do reino da Luz Viva, e o que
for ligado na terra será ligado na Luz, e o que for desligado na terra será
desligado na Luz”.
20. Então lhes ordenou que a ninguém dissessem ser ele o Ungido
Permeado de Espírito da Luz Viva.
PREDIÇÃO DA MORTE - 1
Mt. 16:21-23; Mc. 8:31-33; Lc. 9:22
21. A partir de então, começou Jesus a explicar aos seus discípulos a
necessidade de ir a Jerusalém a fim de padecer muitos suplícios por
parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos escribas, e de ser
assassinado, para ressurgir dos mortos ao terceiro dia.
22. Ouvindo-o, Pedro conduziu-o à parte e começou a admoestá-lo,
dizendo: “Que a Luz Viva não o permita, Senhor! Isso jamais te
acontecerá!”.
23. Ele, porém, virando-se de frente para Pedro, disse-lhe: “Para trás
de mim, Adversário! És para mim, neste momento, pedra de tropeço,
porque não julgas pelos Desígnios da Luz, mas pela vontade do homem
desconectado!”.
O DISCIPULATO
Mt. 16:24-28; Mc. 8:34-38 e 9: 1; Lc. 9:23-27
24. E continuou: “Quem quiser vir após mim, tem de renunciar a si
mesmo, carregar a sua própria cruz e seguir-me;

52
Sebastião Anselmo
25. porque quem quiser preservar a sua alma, a perderá; mas quem
renunciar à sua alma, por seguir a Doutrina que lhes ensino, este
encontrará a Vida Verdadeira.
26. Pois que adianta ao homem conquistar o mundo todo a fim de
engrandecer a sua alma e, assim, não encontrar a Vida Verdadeira?
Quanto de sofrimento isto lhe custará até que a encontre?
27. O Filho do Homem há de vir na Força e o Poder de seu Pai, com seus
Mensageiros, e retribuirá a cada um de acordo com as suas obras.
28. Em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, eu vos digo:
Muitos de vós não conhecerão a morte da desconexão-íntima com a Luz,
até que vejam chegar o estado de Filho do Homem manifestando no
mundo a Força e Poder Substanciais do reino d’A Luz Viva”.
A TRANSFIGURAÇÃO
Mt. 17:1-9; Mc. 9:2-9; Lc. 9:28-36
1. Passados seis dias, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, seu
irmão, e os levou à parte a um alto monte;
2. e transfigurou-se diante deles: Seu rosto tornou-se resplandecente
como o Sol, e suas vestes alvas de Luz;
3. então, apareceram Moisés e Elias conversando com ele.
4. Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: “Rabi, como se sente bem
aqui! Se for do teu agrado, armarei três tendas: Uma para ti, outra para
Moisés e outra para Elias”.
5. Pedro ainda falava, quando uma nuvem de Luz os envolveu; e da
nuvem ouviu-se uma voz dizendo: “Este é meu Filho, o Amado, no qual
me Manifesto, ouvi-o!”.
6. Ouvindo esta voz, os discípulos se prostraram com o rosto em terra,
tremendo de medo.
7. Jesus se aproximou deles, tocou-os, e lhes disse: “Levantai-vos, e não
temais!”;
8. então eles, erguendo os olhos para o céu, a ninguém mais viram,
exceto Jesus.
9. Ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes: “A ninguém conteis
sobre a vossa visão, até que o Filho do Homem ressuscite da morte”.
53
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

REENCARNAÇÃO
Mt. 17:10-13; Mc. 9:10-13
10. Em seguida, os discípulos lhe perguntaram: “Por que dizem os
escribas que, antes de vós, deve vir Elias?”
11. Ele respondeu: “Sim, certamente que, de acordo com as Escrituras,
primeiro vem Elias, a fim de restaurar todas as coisas;
12. eu, porém, vos afirmo que Elias já veio, e não o reconheceram, e o
trataram com desprezo: O mesmo farão com o Filho do Homem, que
muito padecerá em suas mãos”.
13. Então os discípulos compreenderam que ele se referia a João
Batista.
A CURA DO EPILÉPTICO
Mt. 17:14-18; Mc. 9:14-27; Lc. 9:37-43a
14. Ao chegarem junto da multidão, aproximou-se dele um homem
que, ajoelhando-se, lhe disse:
15. “Rabi, tem compaixão de meu filho, porque é lunático e sofre muito
com isso. Muitas vezes cai no fogo ou na água;
16. eu o trouxe aos teus discípulos, mas eles não conseguiram curá-lo”.
17. Jesus respondeu: “Ó geração incrédula e perversa, até quando
estarei convosco? Até quando vos suportarei? Trazei-o aqui”.
18. Jesus o repreendeu severamente, e o espírito sem Comunhão
Íntima com a Luz saiu dele; e o menino ficou curado a partir daquele
momento.
A FÉ
Mt. 17:19-21; Mc. 9:28-29
19. Então os discípulos, procurando Jesus em particular,
perguntaram: “Por que não pudemos nós expulsá-lo?”
20. Jesus respondeu: “Porque ainda é vacilante a vossa fé; pois eu vos
digo, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva: Quando tiverdes
a fé firme, ainda que do tamanho de um grão de mostarda, direis a este
monte: ‘Monte, transporta-te daqui para acolá!’, e ele se transportará.
Então, nada vos será impossível fazer:

54
Sebastião Anselmo
21. Não se expulsa esta classe de espírito em desconexão íntima com a
Luz Viva, se não tiver Conexão-Íntima e renúncia às coisas do mundo”.
PREDIÇÃO DA MORTE - 2
(setembro de ano 30)
Mt. 17:22-23; Mc. 9:30-32; Lc. 9:43b-45
22. Quando atravessavam a Galiléia, Jesus lhes disse: “Necessário é
que o Filho do Homem seja entregue às mãos dos homens,
23. e que estes o matem; porém, ao terceiro dia, ele ressuscitará dos
mortos”. Ouvindo-o, ficaram extremamente entristecidos.
SIMPLICIDADE
Mt. 18:1-5; Mc. 9:33-37; Lc. 9:46-48
1. Por esse tempo, os discípulos se aproximaram de Jesus e lhe
perguntaram: “Quem é o maior no reino da Luz Viva?”
2. Ele, para ilustrar a resposta que lhes daria, chamou um dos
pequeninos que andavam com ele, colocou-o ao centro,
3. e disse: “Em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, vos digo:
Se não vos converterdes à vossa Essência Essencial e não vos tornardes
como os
pequeninos, não entrareis no reino da Luz Viva;
4. porque, aquele que se tornar humilde, como o são os pequeninos, esse
será o maior no reino da Luz Viva;
5. e qualquer um que acolher a um destes pequeninos, em seguimento da
Doutrina do Espírito da Luz Viva, é a mim que acolhe.
VIAGEM A JERUSALÉM
Mt. 19:1a; Lc. 9:51; Jo. 7:10
1a. Aproximando-se o tempo de concluir a sua missão, partiu Jesus da
Galiléia (...)
DISCÍPULOS CONVIDADOS
Mt. 8:19-22; Lc. 9:57-62
19. E chegando-se a ele um escriba, disse-lhe: “Rabi, eu te seguirei
aonde fores”.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
20. Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e as aves do céu têm
ninhos; o Filho do Homem, porém, não tem onde reclinar a cabeça”.
21. Outro dos discípulos lhe disse: “Rabi, deixa-me ir primeiro enterrar
o meu pai”.
22. Jesus lhe respondeu: “Segue-me, e deixa que os mortos enterrem os
seus mortos”;
OS 72 EMISSÁRIOS
Mt. 11:20-24; Lc. 10:1-16
20. Então, começou Jesus a censurar as cidades nas quais se
realizaram os prodígios da Força e Poder da Luz Viva, por seu
intermédio, sem que transmutassem as suas mentes:
21. “Ai de ti, Corazim, ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidon
se tivessem realizado os prodígios que a Força e Poder da Luz Viva
realizou entre vós, de há muito se teriam convertido para um coração
humilde, vestindo-se com panos de sacos e assentando-se sobre o chão;
22. por isso, eu vos digo, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz
Viva, que no dia do ajuizamento de vossas ações, haverá maior
misericórdia para Tiro e para Sidon do que para vós.
23. E tu, Cafarnaum, pretendes elevar-te para a Luz? Não! Antes, para
baixo vos moverás. Porque, se em Sodoma se tivessem realizado os
prodígios que a Força e Poder da Luz Viva realizou entre vós, ela teria
permanecido até hoje;
24. por isso, eu vos digo, em Comunhão Íntima com a Luz Viva, que no
dia do ajuizamento de vossas ações, haverá maior misericórdia para
Sodoma do que para ti”.
O REGRESSO DOS 72
Mt. 11:25-30 e 13:16-17; Lc. 10:17-24
25. Nessa ocasião Jesus, tomando a palavra, disse: “Graças te dou, ó
Pai, Manifestante das Centelhas e das formas n’Elas geradas; porque
ocultaste estas coisas aos sábios e doutores do mundo, e as revelaste aos
pequeninos de coração humilde.
26. Assim é, ó Pai, porque é deles que Te agradas!

56
Sebastião Anselmo
27. Tudo o que vos ensino me foi transmitido pelo Pai; pois ninguém
conhece o Filho senão somente o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão
somente o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser dar a conhecer.
28. Vinde a mim todos vós, que estais cansados e curvados sob o peso de
vossas dores, e eu vos aliviarei;
29. tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e
humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas,
30. porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
16. No entanto, felizes são os vossos olhos, porque veem, e os vossos
ouvidos, porque ouvem;
17. pois eu vos digo, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva,
que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram; e
ouvir o que ouvis, e não ouviram.
CURA DE UM OBSIDIADO
Mt. 12:22-30; Mc. 3:22-27; Lc. 11:14-23
22. Então lhe trouxeram um endemoninhado cego e mudo, e ele o
curou, de modo que passou a falar e a ver.
23. A multidão ficou espantada, e dizia: “Não será este o que Filho de
Davi?”,
24. mas os fariseus, ouvindo isso, redarguiram: “Não vedes que este
homem expulsa espíritos sem Comunhão Íntima com a Luz pelo poder de
Belzebu, o príncipe dos espíritos desconectados?”;
25. e Jesus, conhecendo os seus pensamentos a seu respeito, replicou:
“Todo reino dividido contra si mesmo acaba em ruína, assim como toda
cidade ou casa dividida contra si mesma não poderá subsistir.
26. Pensai bem: Se Antagonista expulsa os seus anjos, está dividido
contra si mesmo; como, então, poderá subsistir o seu reino?
27. Se eu expulso espíritos desconectados pelo poder de Belzebu, por qual
poder os expulsam os vossos discípulos? Por isso, eles mesmos serão os
vossos juízes.
28. Mas, se eu expulso os espíritos desconectados pelo poder do Espírito
da Luz, é porque o Seu reino já chegou até vós.

57
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
29. Como poderá alguém entrar na casa de um homem forte e despojá-lo
de seus bens, sem primeiro o dominar? Só então poderá destituir-lhe de
seus pertences.
30. Quem não está comigo, é contra mim; e quem comigo não ajunta,
espalha.
FALAR CONTRA O ESPÍRITO
Mt. 12:31-37; Mc. 3:28-30
31. E digo-vos mais: Todo pecado e blasfêmia proferidos contra o homem
são passíveis de perdão; mas a blasfêmia contra o Espírito da Luz Viva
não é passível de perdão.
32. Se alguém disser uma palavra contra o seu irmão, isto pode ser-lhe
perdoado; mas se disser contra o Espírito da Luz Viva, isto não se lhe
perdoará, nem neste mundo, nem tampouco no vindouro.
33. Ou a árvore é boa e, portanto, o seu fruto é bom; ou a árvore é má e,
portanto, o seu fruto é mau; porque é pelo fruto que se conhece se a
árvore é boa ou má.
34. Descendentes de víboras! Como podeis dizer coisas boas, se sois
maus? Porque a boca fala daquilo que o coração está cheio.
35. O homem bom, do bom tesouro de seu coração, tira coisas boas; e o
homem mau, do mau tesouro de seu coração, tira coisas más.
36. Eu vos digo, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, que
no dia do julgamento de suas ações, o homem prestará contas de toda
palavra insincera que tenha proferido;
37. porque, pela sinceridade de tuas palavras sereis absolvidos; e pela
insinceridade de tuas palavras sereis condenados”.
AÇÃO DE ESPÍRITOS INFERIORES
Mt. 12:43-45; Lc. 11:24-26
43. Quando um espírito desconectado intimamente com o Espírito da Luz
Viva sai de um homem, fica vagando por lugares áridos à procura de
repouso; e, não o encontrando,
44. diz: ‘Voltarei para a casa donde saí’; e, ao voltar, encontra-a
desocupada, varrida e ornamentada;

58
Sebastião Anselmo
45. então ele vai e toma consigo a outros sete espíritos, ainda piores do
que ele, e ali entram e se põem a habitar; e a condição posterior daquele
homem torna-se pior que a anterior: O mesmo acontecerá a esta geração
incrédula”.
O SINAL CELESTE
Mt. 12:38-42 e Mt. 16:1-4; Mc. 8:11-13; Lc. 11:29-32
38. Então, alguns escribas e fariseus disseram a Jesus: “Rabi, queremos
ver-te fazendo algum prodígio”.
39. Ele, porém, respondeu: “Uma geração má e adúltera pede-me a
realização de algum prodígio como prova, para que creiam em mim;
contudo, nenhum sinal será suficiente para fazê-los crer, senão o sinal
do profeta Jonas;
40. porque assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do
grande peixe, assim também o Filho do Homem permanecerá três dias e
três noites no ventre da terra.
41. No dia do julgamento das ações desta geração, os habitantes de
Nínive se levantarão contra ela, e a condenarão, porque eles se
converteram com a pregação de Jonas; e eu, prodígios maiores que os de
Jonas lhes tenho mostrado.
42. Também a rainha do Sul se levantará no dia do julgamento das ações
desta geração, e a condenará, porque veio dos confins da terra para ouvir
a sabedoria de Salomão, e se converteu; e eu, sabedoria ainda maior que
a de Salomão lhes tenho revelado.
1. Chegaram alguns dos fariseus e saduceus e, para experimentá-lo,
pediram que realizasse algum prodígio capaz de convencê-los a nele
crer;
2. mas Jesus, respondendo-lhes, disse: “Quando vem o entardecer, vós
dizeis: ‘Vai fazer tempo bom, pois o céu está vermelho’;
3. e, quando vem o amanhecer, dizeis: ‘Hoje teremos tempestade, porque
o céu está de aspecto sombrio’. Ora, sabeis interpretar os sinais do tempo,
e não sabeis interpretar os sinais dos tempos para a manifestação do
reino da Luz?
4. Uma geração má e adúltera pede-me a realização de algum prodígio
como prova, para que creiam em mim; contudo, nenhum sinal será
59
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
suficiente para fazê-los crer, senão o sinal do profeta Jonas”; e, dizendo
isto, deixou-os, e partiu dali.
OS SETE AIS
Mt. 23:13-36; Lc. 11:42-52
13. Mas ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Porque fechais aos
homens as portas do reino da Luz Viva; e nem vós entrais, e nem a outros
permitis que entrem.
14. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Porque devorais os bens das
viúvas sob o pretexto de fazer longas orações. Tereis, por isso, no dia do
ajuizamento de vossas ações, punição mais rigorosa! (*copiado de Lc.
20:47)
15. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Porque percorreis mar e
terra para fazer um discípulo e, quando o conseguis, o tornais filho da
morte duas vezes mais merecedor da geena do que vós!
16. Ai de vós, guias cegos, que dizeis: ‘Quem jura pelo Santuário, de
nada vale o seu juramento; mas se alguém jura pelo ouro do Santuário,
fica obrigado por seu juramento!’
17. Insensatos e cegos! O que é mais importante? O ouro que ornamenta
o Santuário, ou o Santuário que santifica o ouro?
18. E também dizeis: ‘Se alguém jura pelo Altar, de nada vale o seu
juramento; mas se alguém jura pela oferta que está sobre o altar, fica
obrigado por seu juramento!’
19. Tolos e cegos! O que é mais importante? A oferta que louva o Altar,
ou o Altar que santifica a oferta?
20. Pois quem jura pelo Altar, jura por ele e por tudo o que está sobre
ele;
21. e quem jura pelo Santuário, jura por ele e por Aquele que nele
habita;
22. e quem jura pela Luz que permeia o céu e tudo o que há, jura pelo
trono do Vivo e por Aquele que nele está assentado.
23. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Porque vos preocupais em
pagar o dízimo pela colheita da hortelã, da erva-doce e do cominho, e vos
descuidais do que é mais importante da Lei: A prática da justiça, da

60
Sebastião Anselmo
misericórdia e da lealdade para com o próximo! É isto o que deve ser
observado em primeiro lugar, como o exige a Lei e os Profetas!
24. Guias cegos, que coais o mosquito e bebeis o camelo!
25. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Porque purificais o exterior
do copo e do prato, e conservais dentro de vós a corrupção e a cobiça!
26. Fariseu cego! Limpa primeiro o vosso interior, que é recipiente da
Luz Viva, para que também o vosso exterior fique limpo!
27. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Porque sois como sepulcros
pintados de cal: Por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios
de ossos de mortos e de toda podridão.
28. Assim, também vós: Por fora pareceis justos diante dos homens, mas
por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidades.
29. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Porque edificais os túmulos
dos profetas e enfeitais os sepulcros dos justos,
30. dizendo: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos antepassados, não
teríamos sido cúmplices na morte dos profetas’;
31. reconhecendo, com isso, a culpa de vossos pais na morte dos profetas,
32. sem, contudo, mudar o vosso próprio comportamento diante de
profetas.
33. Serpentes! Raça de víboras! Como evitareis a condenação ao fogo
purificador da geena?
34. Vede! É para a vossa transformação que eu vos envio profetas,
doutores e sábios; mas vós, a uns matais e crucificais, a outros açoitais
em vossas sinagogas, e aos restantes perseguis de cidade em cidade;
35. e, agindo dessa forma, sobre vós recairá a culpa do sangue de todo
justo já derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até o
sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o Santuário e
o Altar:
36. Eu vos digo, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, que a
culpa de todo esse sangue recairá também sobre vós, desta geração.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

MOSTARDA E FERMENTO
Mt. 13:31-33; Mc. 4:30-32; Lc. 13:18-22
31. Propôs-lhes outra parábola, dizendo: “O reino da Luz Viva é
comparável a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no
seu campo;
32. tal grão é, na verdade, a menor de todas as sementes, mas, quando
cresce, se torna a maior de todas as hortaliças e torna-se árvore, de tal
modo que as aves do céu vêm fazer ninhos em seus ramos”.
33. E outra parábola, ainda, lhes contou, dizendo: “O reino da Luz Viva
também é comparável a uma porção de fermento que uma mulher tomou
e ocultou em três medidas de farinha fazendo que, em breve tempo, toda
a massa ficasse fermentada”.
VOLTA A TRANSJORDÂNIA
Mt. 19:1b-2; Mc. 10:1; Jo. 10:40-42
1b. (...) e foi para as o território da Judéia, além do Jordão;
2. e o acompanharam grandes multidões de povo, e ali mesmo ele
curou os seus enfermos.
CURA DE DOIS CEGOS
Mt. 9:27-31
27. Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, gritando:
“Descendente de Davi! Tem compaixão de nós!”;
28. e quando entrou em casa, os cegos se aproximaram dele. Então,
Jesus lhes perguntou: “Credes que posso curá-los?” Eles responderam:
“Sim, Senhor!”
29. Ele tocou-lhes nos olhos, e disse: “Seja feito em vós conforme a vossa
fé”;
30. e seus olhos imediatamente se abriram. Porém, Jesus os admoestou
com energia, dizendo: “Cuidado, que ninguém o saiba!”;
31. mas logo que saíram da presença dali, divulgaram mais este feito
por toda aquela região.

62
Sebastião Anselmo

O OBSIDIADO MUDO
Mt. 9:32-34
32. Logo que saíram, que lhe trouxeram um homem possuído por um
espírito desconectado que o deixara mudo;
33. ele expulsou o espírito, e o mudo voltou a falar; a multidão ficou
admirada, e comentava, assombrada: “Nunca se viu coisa semelhante
em toda a história de Israel”;
34. mas os fariseus retrucavam, dizendo: “É pelo príncipe dos demônios
que ele expulsa os demônios”.
QUEIXA DE JERUSALÉM
Mt. 23:37-39; Lc. 13:34-35
37. Oh, Jerusalém, Jerusalém! Oh, tu que assassinas os profetas e
apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus
filhos, como uma galinha que aconchega os seus pintinhos debaixo de
suas asas, e tu me rejeitaste!
38. Eis que agora, em Espírito de Verdade, eu te digo: Depois que eu me
for, ficará deserta a tua casa!
39. Sim, eu vos digo: Já a partir de agora não me vereis mais, até o dia
em que exclamareis: Bendito o que vem em nome do Espírito da Luz
Viva”.
PARÁBOLA DOS CONVIDADOS
Mt. 22:1-14; Lc. 14:15-24
1. Jesus tomou de novo a palavra e falou-lhes em parábolas, dizendo:
2. “O reino da Luz Viva é semelhante a um rei que, ao celebrar as
núpcias de seu filho,
3. enviou seus servos para chamar os convidados para o casamento, mas
estes não quiseram vir;
4. de novo enviou outros servos, recomendando: ‘Dizei aos convidados:
Eis que preparei meu banquete, meus touros e cevados já foram
degolados e tudo está preparado. Vinde ao casamento’.
5. Eles, porém, desprezando o convite, foram-se, um para o seu campo,
outro para o seu negócio,

63
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
6. e os restantes, agarrando os servos, os maltrataram e mataram.
7. E o rei, ao saber disto, enfureceu-se e enviou as suas tropas, e matou
os assassinos, e pôs fogo em sua cidade.
8. Depois, disse aos seus servos: ‘As núpcias estão preparadas, mas os
convidados não eram dignos;
9. ide, pois, às encruzilhadas das estradas e convidai para o banquete de
núpcias todos os que encontrardes’.
10. E, saindo pelas encruzilhadas, reuniram todos os que por ali
encontraram, maus e bons, de modo que a sala nupcial ficou cheia de
convivas.
11. Entrando, porém, o rei para examinar os convivas, viu ali um homem
que não estava trajado adequadamente;
12. e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial?’; o
homem, porém, ficou calado.
13. Então o rei disse aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o
às trevas exteriores onde há choro e ranger de dentes’;
14. porque muitos são os chamados, porém poucos os escolhidos”.
A OVELHA PERDIDA
Mt. 18:12-14; Lc. 15:1-7
12. Que vos parece? Se um homem possui cem ovelhas e uma delas se
extravia, não deixará ele as noventa e nove nos montes a fim de ir ao
encontro da extraviada?
13. E quando a encontra, em Comunhão Íntima com o Espírito Vivo, eu
vos digo: Sentirá maior alegria por encontrá-la, do que pelas noventa e
nove que deixou sobre os montes.
14. Do mesmo modo, não é da vontade de vosso Pai, que é Espírito de
Luz, que se perca nem um destes pequeninos.
TRIGO E JOIO
Mt. 13:24-30
24. Propôs-lhes ainda outra parábola, dizendo: “O reino da Luz Viva se
assemelha a um homem que semeou boa semente no seu campo.

64
Sebastião Anselmo
25. Enquanto, porém, dormiam os homens, veio o inimigo e semeou joio
no meio ao trigo e foi embora.
26. Quando o trigo cresceu e começou a florir, apareceu também o joio.
27. Então, vieram os servos e disseram ao dono daquele campo: ‘Senhor,
não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio?’
28. Ele respondeu: ‘Um inimigo o semeou’. Perguntaram os servos:
‘Queres que o arranquemos?’
29. Ele respondeu: ‘Não! Para que não aconteça que, ao arrancar o joio,
arranqueis também o trigo.
30. Deixai que cresçam juntos até a colheita. Quando chegar o tempo da
colheita, direi aos ceifadores: ‘Recolhei primeiro o joio, atai-o em feixes
e lançai-o ao fogo que regenera; quanto ao trigo, recolhei-o no meu
celeiro’”.
EXPLICAÇÃO DA PARÁBOLA
Mt. 13:36-43
36. Depois, despedindo as multidões, entrou em casa; e os seus
discípulos, aproximando-se dele, pediram: “Explica-nos a parábola do
joio”.
37. Ele respondeu: “O que semeia a boa semente é o Filho do Homem.
38. O campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino da Luz
Viva; o joio são os filhos do mal;
39. O inimigo que o semeou é o Adversário; o tempo da colheita marca o
fim desta era; os ceifadores são os mensageiros da Luz Viva.
40. Do mesmo modo que se recolhe o joio e se lança ao fogo, assim
acontecerá no fim desta era:
41. O Filho do Homem enviará os seus Mensageiros, e estes recolherão
de seu reino todos os escândalos e os que praticam iniquidades,
42. e os lançarão na fornalha de fogo para a purificação e regeneração;
aí haverá choro e ranger de dentes.
43. Então, os que estabeleceram Conexão Íntima com a Luz Viva
brilharão como o Sol no reino do Gerador de Centelhas Luminosas.
Quem tem ouvidos de ouvir, ouça!

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

ESCÂNDALOS
Mt. 18:6-11 Mc. 9:42-48; Lc. 17:1-2
6. Aquele que escandalizar a um destes pequeninos que creem em mim,
melhor seria que lhe pendurassem no pescoço uma mó e o lançassem ao
fundo do mar.
7. Ai do mundo por causa dos escândalos! É necessário que haja
escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo.
8. Se tua mão ou teu pé te fazem cair, corta-os e lança-os fora de ti;
porque melhor te é alcançar a Vida manco ou aleijado do que, tendo
duas mãos e dois pés, sejas lançado na geena de fogo purificador.
9. E se teu olho te faz cair, arranca-o e lança-o fora de ti; porque melhor
te é entrar na Vida com um só olho do que, tendo dois, sejas lançado na
geena de fogo reparador.
10. Ficai atentos para que não desprezeis a nenhum desses pequeninos,
porque, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, eu vos digo
que os seus Mensageiros, na Luz, contemplam incessantemente a Face
de meu Pai, que é Luz.
11 . *Obs.: Alguns manuscritos acrescentam aqui o v. 11, tomado de Lc
19,10: [Porque o Filho do Homem veio salvar o que estava perdido].
O PERDÃO
Mt. 18:15-35; Lc. 17:3-4
15. Se teu irmão pecar contra ti, vai e avisa-o entre ti e ele somente; se ele
te ouvir e mudar a sua mente, terás salvado o teu irmão.
16. Mas, se não te ouvir, faze-te acompanhar de mais uma ou duas
pessoas, e vai admoestá-lo novamente para que, pela palavra de duas ou
três testemunhas, toda a questão se resolva pacificamente.
17. Se, porém, ainda assim não lhes der ouvido, dize-o à comunidade; e
se nem à comunidade der ouvidos, seja-te ele como estranho e cobrador
de impostos.
18. Eu vos digo, em Espírito Verdadeiro, que tudo o que ligardes sobre a
terra será ligado na Luz; e tudo o que desligardes na terra será desligado
na Luz.

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Sebastião Anselmo
19. Em Comunhão Íntima com o Espírito Luminoso, ainda vos digo que,
se dois de vós, sobre a terra, estiverem de comum acordo sobre qualquer
coisa que pedirem, isto vos será concedido pelo meu Pai que é Luz
Verdadeira;
20. porque onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estarei
eu como testemunha”.
21. Então Pedro, chegando-se a ele, perguntou: “Rabi, se meu irmão
pecar contra mim, quantas vezes devo perdoá-lo? Até sete vezes?”
22. Jesus lhe respondeu: “Não te digo que até sete vezes, mas até setenta
vezes sete vezes;
23. porque o reino da Luz Viva é semelhante a um rei que resolveu
ajustar contas com os seus servos.
24. Tendo começado a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez
mil talentos;
25. como não tivesse este com que lhe pagar, o senhor ordenou que o
vendessem, juntamente com sua mulher, seus filhos e tudo quanto tinha,
a fim de que toda a sua dívida fosse paga.
26. O servo, então, prostrando-se diante de seu senhor, suplicou-lhe:
‘Tem paciência comigo e tudo te pagarei’;
27. e o senhor, compadecendo-se dele, deixou-o ir e lhe perdoou a dívida.
28. Mas o servo, porém, tendo saído da presença de seu senhor,
encontrou a um outro servo, seu companheiro de servidão, e este lhe
devia cem denários; e então, agarrando-o pelo pescoço e sufocando-o,
disse-lhe: ‘Paga agora o que me deves’,
29. e o seu companheiro, caindo aos seus pés, lhe suplicou: ‘Tem
paciência comigo, e tudo te pagarei’.
30. Ele, porém, se recusou; e, indo-se, o lançou na prisão até que lhe
pagasse a dívida.
31. Os outros servos, vendo o que ocorrera, muito se entristeceram e
foram contar ao senhor o que acontecera.
32. Então o senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: ‘Servo mau,
eu te perdoei toda a tua dívida, porque me suplicaste;

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
33. não devias, também tu, compadecer-te de teu companheiro, assim
como eu de ti me compadeci?’
34. E, indignando-se contra aquele servo, entregou-o aos verdugos até
que lhe pagasse totalmente a sua dívida.
35. Assim também o meu Pai da Luz fará convosco, se não perdoardes de
coração a cada um de vossos irmãos que pecar contra vós”.
LIBELO DE REPÚDIO
Mt. 19:3-12; Mc. 10:2-12
3. E vieram a ele alguns fariseus que, para colocá-lo à prova,
perguntaram: “É lícito a um homem repudiar a sua mulher por algum
motivo?”
4. Ele respondeu: “Não lestes que o Criador, no início, os fez macho e
fêmea,
5. e disse: ‘Por isso deixará o homem de ser pai e mãe e se unirá à sua
contraparte tornando-se os dois um só corpo’?
6. De modo que já não serão dois, mas um só corpo; então, que prevaleça
o modo como o Pai, que é Luz, os gerou, e que não os divida o homem”.
7. Replicaram-lhe: “Se assim é, porque então Moisés autorizou dar carta
de divórcio e repudiar?”
8. Ele respondeu: “Pela dureza de vossos corações é que Moisés permitiu
que vos dividísseis de vossas contrapartes; mas sabei que no início não
era assim;
9. porém, em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, eu vos digo
que todo aquele que se dividir de sua contraparte — exceto pelo motivo
de infidelidade — e a outro se ligar, comete adultério; e aquele que a ele
se ligar, também comete adultério”.
10. Ouvindo-o, os discípulos lhe disseram: “Se a condição do homem
com a sua contraparte é a União, o melhor é não dividir-se”.
11. Ele lhes respondeu: “Nem todos, porém, estão à altura de realizar, de
pronto, tal União-Íntima com a sua contraparte, que é, antes, uma
consequência de sua Comunhão-Íntima com o Pai, que é Luz.
12. Há, no mundo, três tipos de eunucos: Os que assim o são de
nascença, por questões biológicas; os que assim o são porque tiveram
68
Sebastião Anselmo
seus genitais castrados pelos homens; e os que assim o são em
consequência de sua Comunhão-Íntima com o Pai, que é Luz. Quem for
capaz de compreender este Ensinamento, compreenda-o!”
JESUS E AS CRIANÇAS
Mt. 19:13-15; Mc. 10:13-16; Lc. 18:15-17
13. Depois, trouxeram-lhe alguns pequeninos para que lhes impusesse
as mãos e fizesse oração sobre eles, mas os discípulos os impediam;
14. então, Jesus os advertiu, dizendo: “Deixai vir a mim os pequeninos,
e não os impeçais, porque é deles o reino da Luz Viva”.
15. Em seguida, impôs-lhes as mãos e partiu dali.
O MOÇO RICO
Mt. 19:16-22; Mc. 10:17-22; Lc. 18:18-23
16. E eis que alguém, chegando-se a ele, lhe disse: “Mestre, qual boa
ação devo praticar para entrar em Conexão Íntima com a Luz Viva que
brota d’Ela Mesma?”
17. Ele respondeu: “Por que perguntas: ‘Qual boa ação?’ Há uma só
ação boa, e esta é praticada pelo Pai, que é Luz Viva! Se buscas
Comunhão com o Espírito de Vida, basta praticar os Mandamentos”.
18. Voltou a perguntar: “Quais?” Jesus respondeu: “Estes: Não
matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho,
19. honra a teu pai e a tua mãe, e amarás ao teu próximo como amas a ti
mesmo”.
20. Disse-lhe o moço: “Tudo isso tenho observado desde a minha
infância. O que ainda me falta?”
21. Jesus lhe respondeu: “Se queres tornar-te Um com a Vida, vai, vende
todos os teus bens e dá o dinheiro aos pobres, assim terás um tesouro no
reino da Luz Viva; depois vem e segue os meus Ensinamentos”.
22. Ouvindo, porém, o jovem este Ensino, saiu entristecido, porque
possuía muitos bens.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

DIFICULDADE DOS RICOS


Mt. 19:23-30; Mc. 10:23-31; Lc. 18:24-30
23. disse Jesus a seus discípulos: “Em Comunhão Íntima com o Espírito
da Luz Viva, vos digo: Dificilmente um rico entrará no reino da Luz.
24. Em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, novamente vos
digo: É mais fácil passar um camelo, passando pelo buraco da agulha, do
que um rico entrar no reino da Luz Viva”.
25. Ao ouvirem este Ensino os discípulos se admiraram, e
perguntaram: “Dentre eles, quem poderá, então, salvar-se?”
26. E Jesus, fitando-os nos olhos, respondeu: “Para eles, isto é
impossível; porém, para o Pai, que é Luz Viva, tudo é possível”.
27. Então, Pedro lhe disse: “E quanto a nós, que tudo deixamos para te
seguir, que será de nós?”
28. Respondendo, Jesus lhes assegurou: “Em Comunhão Íntima com o
Espírito da Luz Viva, eu vos digo que todos os que tiverem seguido minha
Doutrina, quando a Humanidade estiver regenerada e o Filho do
Homem assentado em seu trono de Força e Poder, também se assentarão
em Doze Tronos para reger as doze tribos de Israel;
29. e todo aquele que, por causa dos meus Ensinamentos, tiver deixado o
apego a bens materiais e parentes consanguíneos, como casas, irmãos ou
irmãs, pai ou mãe, mulher ou filhos, ou campos, receberá o cêntuplo e
entrará em Comunhão Íntima com a Luz Viva que brota d’Ela mesma;
30. muitos primeiros, porém, serão últimos, e muitos últimos serão
primeiros.
TRABALHADORES DA VINHA
Mt. 20:1-16
1. O reino da Luz Viva é semelhante a um homem, pai de família, que
saiu logo ao romper da aurora a fim de convocar trabalhadores para a
sua vinha;
2. e, tendo acertado com eles o salário de um denário ao dia, enviou-os
para a sua vinha.
3. Por volta da hora terceira, saiu novamente e viu outros trabalhadores
que aguardavam convocação, em pé na praça,

70
Sebastião Anselmo
4. e lhes disse: ‘Ide também vós para a minha vinha, e vos darei o que for
justo’. Eles foram.
5. Por volta da hora sexta, saiu novamente e fez o mesmo.
6. Saiu novamente por volta da hora undécima e encontrou outros que lá
estavam aguardando convocação, e lhes disse: ‘Por que permaneceis aí
parados o dia todo sem trabalhar?’
7. Eles responderam: ‘Ninguém nos convocou’; e ele lhes disse: ‘Ide
também vós para a minha vinha’.
8. Quando o dia já se aproximava do fim, o dono da vinha disse ao seu
capataz: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes a sua diária, começando
pelos últimos e indo até os primeiros’.
9. Vindo os da hora undécima, receberam um denário cada um.
10. Quando vieram os primeiros, julgaram que receberiam mais; no
entanto, também eles receberam um denário cada.
11. Ao recebê-lo, porém, começaram a murmurar contra o pai de família,
dizendo:
12. ‘Estes últimos trabalharam apenas uma hora e tu os igualas a nós,
que suportamos o peso do dia e o calor do sol?’
13. Respondendo, disse o dono da vinha a um deles: ‘Amigo, não te faço
injustiça; não acertamos o dia a um denário?
14. Toma o que acertamos e segue; quero dar ao último o mesmo que a
ti.
15. Acaso não posso dispor de meus bens da maneira que mais me
convém? Ou o teu olho é mau porque o meu é bom?’
16. Assim, os últimos serão primeiros; e os primeiros serão últimos”.
PREDIÇÃO DAS DORES
Mt. 20:17-19; Mc. 10:32-34; Lc. 18:31-34
17. E, subindo Jesus para Jerusalém, tomou à parte os Doze discípulos
e lhes disse:
18. “Vede, subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos
chefes dos sacerdotes e escribas da Lei, e eles o condenarão à morte

71
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
19. e o entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e
crucificado; mas no terceiro dia, porém, ele ressurgirá dos mortos”.
PEDIDO EXTEMPORÂNEO
Mt. 20:20-28; Mc. 10:35-45
20. Então veio a ele a mãe dos filhos de Zebedeu; e, acompanhada de
seus filhos, prostrou para fazer-lhe um pedido.
21. Ele lhe perguntou: “Que queres?” Ela respondeu: “Dize que estes
meus dois filhos se assentarão, um à tua direita e outro à tua esquerda,
no reino que se aproxima”.
22. Ele respondeu: “Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber do cálice
que estou para beber?” Eles disseram: “Sim! Podemos!”;
23. e Jesus lhes respondeu: “De fato, bebereis de meu cálice; mas o
assentar-se à minha direita e esquerda não cabe a mim conceder: É
prerrogativa do Pai conceder para aqueles a quem preparou”.
24. Quando os outros dez ouviram isso, ficaram indignados contra os
dois irmãos,
25. mas Jesus, chamando-os, passou-lhes os seguintes Ensinamentos:
“Sabeis como agem no mundo os governantes dos povos, de como
tiranizam os seus súditos, e de como agem os poderosos, impondo com
violência a sua autoridade;
26. mas entre vós, porém, não será assim: Pelo contrário, aquele que
quiser ser o maior entre vós, deverá ser o menor e servo de todos;
27. sim, aquele que quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o último e
servidor dos demais,
28. assim como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas
para servir e oferecer a Vida em resgate de muitos”.
CURA DE BARTIMEU
Mt. 20:29-34; Mc. 10:46-52; Lc. 18:35-43
29. E saindo eles de Jericó, seguiu-o uma grande multidão;
30. e eis que dois cegos, que estavam sentados à beira do caminho,
quando ouviram que Jesus passava, gritaram, dizendo: “Rabi,
descendente de Davi, tem compaixão de nós!”

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Sebastião Anselmo
31. A multidão os repreendia, para que se calassem, mas eles gritavam
ainda mais alto: “Rabi, descendente de Davi, tem compaixão de nós!”
32. Então Jesus, detendo-se, chamou-os, e disse: “Que quereis que vos
faça?”
33. Eles responderam: “Rabi, que nossos olhos se abram!”;
34. e Jesus, compadecendo-se deles, tocou-lhes os olhos; então,
imediatamente os seus olhos se abriram e passaram a segui-lo.
OS TALENTOS
Mt. 25:14-30; Lc. 19:11-28
14. O Pai, que é Luz e Vida Imanente, age como um homem que, ao
ausentar-se para longe, convocou os seus servos e lhes confiou os seus
bens:
15. A um deu ele cinco talentos, a outro dois, e a outro um; a cada um
segundo a sua capacidade de movimentá-los, e então ausentou-se.
16. O que recebera cinco talentos, imediatamente os aplicou e ganhou
outros cinco;
17. o que recebera dois, agiu do mesmo modo e ganhou outros dois;
18. o que recebera um, porém, abriu uma cova e escondeu sob a terra o
que não lhe pertencia, mas ao seu senhor.
19. Depois de muito tempo, o senhor daqueles servos apresentou-se para
o ajuste de contas,
20. e, vindo o que recebera cinco talentos, entregou-lhe outros cinco,
dizendo: ‘Senhor, tu me confiaste cinco talentos; aqui estão outros cinco,
que multipliquei’.
21. Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste
fiel, sobre o muito te colocarei. Entra para o gozo de teu senhor!’
22. Vindo o que recebera dois talentos, entregou-lhe outros dois, dizendo:
‘Senhor, tu me confiaste dois talentos; eis aqui outros dois, que
multipliquei’.
23. Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste
fiel, sobre o muito te colocarei. Entra o gozo de teu senhor!’

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
24. Vindo, por fim, o que recebera um talento, disse: ‘Senhor, eu sabia
que és homem enérgico, que colhes onde não semeaste e recolhes onde
não espalhaste;
25. por isso, possuído de medo e timidez, enterrei o que não me pertence:
Eis aqui o que é teu!’
26. O patrão lhe respondeu: ‘Servo mal e negligente! Sabias que colho
onde não semeei e que recolho onde não espalhei?
27. Por que não empregaste o talento que te confiei a juros para que, no
ajuste de contas, eu recebesse com acréscimo o que me pertence?
28. Tirai-lhe o talento e confiai-o ao que tem dez,
29. porque ao que tem, mais se lhe dará, para que tenha em abundância;
mas ao que não tem, mais lhe será tirado, a fim de que aumente o que lhe
falta;
30. e, por ser um servo inútil, seja mergulhado nas trevas exteriores, onde
há pranto e ranger de dentes.
A UNÇÃO EM BETÂNIA
Mt. 26:6-13; Mc. 14:3-9; João, 12:1-8
6. Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso,
7. aproximou-se dele uma mulher trazendo um frasco de alabastro,
cheio de um perfume de mirra caríssimo, e o derramou sobre a cabeça
de Jesus, enquanto ele estava reclinado à mesa.
8. Vendo isso, os discípulos ficaram indignados, e disseram: “Para que
esse desperdício?
9. Este perfume poderia ser vendido a alto preço, e o dinheiro distribuído
aos pobres”.
10. Mas Jesus, ouvindo-os, disse-lhes: “Por que aborreceis esta mulher?
Ela praticou uma boa ação para comigo.
11. Quanto aos pobres, sempre os tereis convosco; mas a mim, nem
sempre tereis.
12. Ao derramar este perfume sobre o meu corpo, ela o ungiu para o
sepultamento.

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Sebastião Anselmo
13. Em verdade vos digo: Onde quer que a Doutrina da Luz Viva venha a
ser pregada, isto que ela fez em meu favor também será contado para que
a sua memória fique preservada”.
A CAMINHO DE JERUSALÉM
Mt. 21:1-9; Mc. 11:1-10; Lc. 19:29-40; Jo. 12:12-19
1. Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, no
monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos,
2. dizendo-lhes: “Ide a esta aldeia, que está diante de vós, e logo
encontrareis uma jumenta amarrada e, junto dela, um jumentinho;
desamarrai-a e trazei-mos.
3. E se alguém vos disser alguma coisa, dizei-lhe que o Senhor tem
necessidade deles, mas que em breve os devolverá”.
4. Isso aconteceu para que se cumprisse o que foi anunciado pelo
Espírito da Luz Viva através do profeta, que disse:
5. ‘Dizei à filha de Sião: Eis que vem a ti o teu rei, manso e montado
num jumento; um jumentinho, filho de jumenta’.
6. Os discípulos foram e, fazendo como Jesus lhes ordenara,
7. trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram sobre eles os seus
mantos; em seguida, Jesus montou o jumentinho;
8. e uma numerosa multidão forrou o caminho que ele passava com os
seus mantos, enquanto outros cortavam ramos de árvores e os
espalhavam pelo chão.
9. E tanto os que seguiam à frente, quanto os que iam atrás, gritavam,
dizendo: “Hosana ao que descende de Davi! Bendito o que vem em nome
do Espírito da Luz! Hosana nas maiores Alturas!”
NA CIDADE
Mt. 21:10-11; Mc. 11:11a
10. E então, quando entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou
perturbada; e perguntavam: “Quem é este homem?”,
11. e a multidão respondia: “Este é o profeta Jesus, o de Nazaré da
Galiléia”.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

EXPULSÃO DOS EXPLORADORES


(Em Jerusalém, abril de 29 A.D.)
Mt. 21:12-13; Mc. 11:15-17; Lc. 19:45-46; Jo. 2:14-17
12. Jesus entrou no Templo, expulsou todos os que ali vendiam e
compravam, derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que
vendiam as pombas,
13. e disse-lhes: “Está escrito: ‘Minha casa será chamada casa de
oração’; vós, porém, fazeis dela um covil de ladrões”.
A INDIGNAÇÃO DOS SACERDOTES
Mt. 21:14-17
14. No Templo, vieram a ele cegos e coxos, e a todos ele curou.
15. Os principais sacerdotes e escribas da Lei, vendo os prodígios que
fizera e ouvindo os pequeninos que gritavam no Templo: “Hosana ao
que descende de Davi!”, ficaram indignados
16. e lhe disseram: “Ouves o que estão dizendo?”; Jesus lhes respondeu:
“Sim. Nunca lestes: ‘Da boca dos pequeninos e crianças de peito tiraste o
perfeito
17. e, deixando-os, saiu da cidade e foi para Betânia, e ali ficou.
A FIGUEIRA HIPÓCRITA
Mt. 21:18-19; Mc. 11:12-14
18. De manhã, a caminho da cidade, sentiu fome;
19. e, vendo uma figueira à beira do caminho, foi até ela, mas nada
encontrou, senão apenas folhas. Então, disse à figueira: “Jamais darás
fruto!” e, imediatamente, a figueira secou.
A FIGUEIRA SECA
Mt. 21:20-22; Mc. 11:20-23; Lc. 17:5-6
20. Os discípulos, vendo isso, ficaram assombrados, e disseram: “Como
foi que a figueira secou de repente?”,
21. e Jesus lhes respondeu: “Em Comunhão Íntima com o Espírito da
Luz Viva, eu vos digo: Se acreditardes e não duvidardes em vossos
corações, fareis
22. desse modo, tudo o que pedirdes em Conexão Interna com o Espírito
da Luz Viva, vos será concedido”.

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Sebastião Anselmo

O PODER DE JESUS
Mt. 21:23-27; Mc. 11:27-33; Lc. 20:1-8
23. Jesus entrou no Templo, e estava a ensinar a Doutrina, quando
alguns dos chefes dos sacerdotes e anciãos do povo aproximaram-se
dele e lhe perguntaram: “De onde lhe vem a Força e o Poder com que
fazes estes prodígios? E quem te deu tal Autoridade para realizá-los?”
24. Jesus lhes respondeu: “Também eu tenho uma pergunta para fazer-
vos; se a responderdes, também eu vos responderei a vossa:
25. O batismo de João, de onde vinha: Da Luz, ou dos homens?” Eles
arrazoavam entre si, dizendo: “Se respondermos ‘Da Luz’, ele nos
perguntará: ‘Por que não crestes nele?’
26. Por outro lado, se respondermos: ‘Dos homens’, o povo nos atacará,
pois o têm como profeta”.
27. Por isso, lhe responderam: “Não sabemos”; e Jesus lhes disse:
“Tampouco eu vos digo donde me vem a Força e o Poder com que realizo
esses prodígios.
OS DOIS FILHOS
Mt. 21:28-32
28. Mas, que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao
primeiro, disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha’;
29. ele respondeu: ‘Eu irei, senhor’, mas não foi.
30. Dirigindo-se ao segundo, disse a mesma coisa; este respondeu: ‘Não
quero’; mas depois, reconsiderando sua atitude, foi.
31. Qual dos dois realizou a vontade do pai?” Responderam: “O
segundo”. Então, Jesus lhes disse: “Em Comunhão Íntima com o
Espírito da Luz Viva, eu vos digo: Publicanos e prostitutas entrarão
antes de vós no reino da Luz;
32. porque veio João, ensinando a vós um Caminho de Reto Agir, e não
lhe deram ouvidos; ao passo que os publicanos e as prostitutas creram
nele: Vós, porém, nem vendo isso reconsideraram a vossa atitude para
nele crer.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

OS LAVRADORES MAUS
Mt. 21:33-46; Mc. 12:1-12; Lc. 20:9-19
33. Ouvi outra parábola: Um certo homem, pai de família, plantou uma
vinha no seu campo; rodeou-a com uma cerca, cavou um lagar e
construiu uma torre; depois, arrendou-a a uns certos lavradores e saiu do
país.
34. Quando chegou a época da colheita, enviou alguns de seus servos
para recolher dos lavradores a parte dos frutos que lhe cabia;
35. mas os lavradores, ao receberem os seus servos, não lhes deram
ouvidos e espancaram a um, mataram a outro, e apedrejaram o terceiro.
36. De novo enviou o senhor da vinha a outros servos, agora em maior
número, mas eles os trataram da mesma forma.
37. Finalmente, enviou-lhes o senhor da vinha a seu filho, dizendo: ‘A
este darão ouvidos’.
38. Os lavradores, porém, ouvindo o seu filho, o reconheceram, e
disseram: ‘É este o herdeiro; matemo-lo e a vinha será nossa’;
39. e então, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o mataram.
40. Eis que eu vos pergunto: Quando vier o senhor da vinha, que fará
àqueles lavradores?”
41. Respondem-lhe: “Certamente tratará com rigor a esses lavradores
maus, e arrendará a sua vinha a outros que entregarão os seus frutos no
tempo certo”.
42. Jesus lhes disse: “Nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os
construtores rejeitaram, essa é a pedra angular! Assim o quis o Senhor,
para que os
43. Por isso vos digo que a vós será vedada a entrada no reino da Luz, e
aberta a um povo que ofereça os seus frutos no tempo certo;
44. e todo aquele que que se lançar contra esta pedra, ficará destroçado;
e aquele sobre o qual ela for lançada, ficará esmagado”.
45. Os chefes dos sacerdotes e os fariseus, ouvindo as suas parábolas,
perceberam que era deles que ele falava,
46. e queriam prendê-lo; mas recuaram, porque temiam o povo, que o
considerava profeta.
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Sebastião Anselmo

A MOEDA DE CÉSAR
Mt. 22:15-22; Mc. 12:13-17; Lc. 20:20-26
15. Saindo dali, os fariseus se reuniram em Conselho a fim de deliberar
um modo de enredá-lo com suas próprias palavras;
16. e então, enviaram alguns de seus discípulos, acompanhados de
guardas herodianos, para lhe dizerem: “Rabi, sabemos que és
verdadeiro e que ensinas a Doutrina da Luz pelo Contato Íntimo, que
não fazes acepção de pessoas porque não olhas o homem pela sua forma
exterior;
17. dá-nos, portanto, a tua opinião sobre esta questão: É lícito, ou não,
pagar tributo a César?”
18. Mas Jesus, conhecendo a malícia de seus corações, disse:
“Hipócritas! Por que me colocais à prova?
19. Mostrai-me a moeda do tributo”; e lhe apresentaram um denário.
20. Ele, então, lhes perguntou: “De quem é esta imagem e inscrição?”
21. Responderam: “De César”. Ele lhes disse “Dai, pois, a César, o que
é de César; e ao Espírito da Luz Viva, o que é seu por direito!”
22. Ao ouvirem isso, ficaram maravilhados de sua sabedoria; e,
deixando-o, foram-se dali.
A RESSURREIÇÃO
Mt. 22:23-33; Mc. 12:18-27; Lc. 20:27-39
23. Naquele dia, vieram a ele alguns saduceus, que dizem não haver
ressurreição, e lhe disseram:
24. “Rabi, Moisés disse: ‘Se alguém morrer, não tendo filhos, o seu
irmão se casará com a viúva a fim de suscitar-lhe descendência’.
25. Pois bem, havia entre nós sete irmãos. O primeiro, tendo se casado,
morreu; e porque não teve filho, deixou a mulher para seu irmão.
26. O mesmo aconteceu com o segundo e o terceiro, até o sétimo.
27. Por fim, depois de todos, morreu também a mulher.
28. Quando ressuscitarem, de qual dos sete será a mulher, pois que todos
a possuíram?”

79
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
29. Jesus lhes respondeu: “Enganai-vos, por não conhecerdes as
Escrituras e, menos ainda, a Força e o Poder da Luz Viva;
30. porque, quando ressuscitam dos mortos, nem eles se casam nem elas
se dão em casamento, pois tornam-se Mensageiros da Luz vivendo na
Luz.
31. Sobre a ressurreição dos mortos, não tendes lido o que manifestou o
Espírito da Luz Viva, falando convosco através do profeta, dizendo:
32. ‘Eu sou a Luz Viva, que faz viver a Abraão, a Isaac, e a Jacó?’ A
Luz, pois, não infunde morte, mas Vida!”
33. E quanto mais o ouvia, mais o povo se admirava de sua Doutrina.
O GRANDE MANDAMENTO
Mt. 22:34-40; Mc. 12:28-34a
34. Os fariseus, ouvindo que ele silenciara os saduceus, reuniram-se em
Conselho
35. e um deles, a fim de colocá-lo à prova, lhe perguntou:
36. “Rabi, de todos os mandamentos da Lei, qual deve ser observado em
primeiro lugar?”
37. Jesus respondeu-lhe: “Amarás à Luz Viva, na qual foste gerado, com
todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento;
38. este é o mandamento que vem em primeiro lugar,
39. e que é complementado pelo segundo, que também deve vir em
primeiro lugar. Este: ‘Amarás o teu próximo como amas a ti mesmo’.
40. Estes dois mandamentos são a fundação de toda a Lei e os Profetas”.
FILHO DE DAVI
Mt. 22:41-46; Mc. 12:35-37 e 34b; Lc. 20:41-44 e 40
41. Estando os fariseus reunidos, Jesus interrogou-os, dizendo:
42. “O que pensais sobre o Ungido de Luz Viva? De quem ele descende?”
Responderam-lhe: “De Davi”.
43. Jesus lhes replicou: “Então, como Davi, inspirado pelo Espírito, o
chamou ‘Senhor’, dizendo:

80
Sebastião Anselmo
44. ‘Disse o Espírito da Luz Viva ao meu Senhor: Senta-te à minha mão
direita, até que eu faça de teus inimigos escabelo para os teus pés?’
45. Ora, se Davi o chama ‘seu Senhor’, como pode descender dele?”
46 E ninguém pôde responder-lhe uma só palavra; e, a partir daquele
dia, ninguém mais ousou interrogá-lo.
CONDENAÇÃO DO CLERO
Mt. 23:1-12; Mc. 12:38-40; Lc. 20:45-47
1. Então Jesus, dirigindo-se à multidão e aos discípulos,
2. disse: “Na cátedra de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus:
3. Praticai, pois, tudo o que vos ordenarem; mas não os imiteis nas suas
obras, porque dizem mas não fazem.
4. Amarram fardos pesados e os põem sobre os ombros daqueles que os
seguem; enquanto que eles, nem somente com um dedo, se dispõem a
sequer tocá-los.
5. Tudo quanto fazem tem como objetivo serem vistos e admirados pelos
homens; por isso, enfeitam-se com largos filactérios e longas franjas em
seus mantos;
6. gostam de ocupar os lugares de honra nos banquetes e os primeiros
assentos nas sinagogas;
7. de serem saudados nas ruas e de que homens lhes chamem 'Rabi'.
8. Mas, quanto a vós, não permitais a ninguém que vos chame ‘Rabi’,
porque apenas o Um é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos.
9. Também, a ninguém na terra chameis ‘Pai’, pois um só é o vosso Pai,
aquele que está na Luz Viva.
10. Nem sequer vos chameis ‘Guias’, porque apenas o Um vos dirige, o
que vos unge de Luz.
11. O maior dentre vós será aquele que se fizer servidor de todos;
12. porque aquele que se exaltar será humilhado, e aquele que se
humilhar será exaltado.

81
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

DESTRUIÇÃO DO TEMPLO
Mt. 24:1-2; Mc. 13:1-2
1. Ao sair do Templo, enquanto ia se retirando, os seus discípulos se
aproximaram e começaram a mostrar-lhe a beleza de sua arquitetura;
2. e Jesus lhes respondeu: “Vedes tudo isso? Em Comunhão Íntima com
p Espírito da Luz Viva, eu vos digo que aqui não ficará pedra sobre pedra
que não seja derrubada”.
PROFECIAS
Mt. 24:3-14; Mc. 13:3-13; Lc. 21:5-19
3. Estando ele sentado no monte das Oliveiras, os discípulos se
aproximaram, em particular, e lhe perguntaram: “Dize-nos quando
acontecerá e qual o sinal de tua Vinda e da consumação deste tempo”.
4. Jesus lhes respondeu: “Tende cuidado para que ninguém vos desvie,
5. porque muitos virão alegando esta condição de Filho do Homem,
dizendo: ‘Eu sou Ungido Permeado de Luz Viva’, e desviarão a muitos.
6. Ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; cuidado, não vos
alarmeis, porque é necessário que tudo isso ocorra, mas ainda estareis
longe da consumação deste tempo.
7. Povo se levantará contra povo e reino contra reino; e haverá pestes,
fome e terremotos em todos os lugares;
8. mas tudo isso, porém, será apenas o princípio das dores do parto do
Novo Homem que habitará a Terra Redimida.
9. Antes disso, sereis lançados à tribulação, onde procurarão matar-vos;
nessa ocasião, sereis odiados de todos os povos, por seguirdes o meu
Ensino;
10. e então, muitos de vós desviarão do Caminho, e se trairão, e se
odiarão uns aos outros,
11. pois muitos falsos profetas surgirão e os desencaminharão;
12. e então, pelo crescimento da iniquidade, o amor de muitos esfriará.
13. Mas, em havendo perseverança, estareis libertos antes que chegue a
consumação deste tempo,

82
Sebastião Anselmo
14. e então esta Doutrina será vivida em todas as nações da terra;
somente então virá a consumação deste tempo.
Dias Calamitosos
Mt. 24:15-28; Mc. 13:14-23; Lc. 17:31-37; Lc. 21:20-24
15. Quando, pois, virdes o ‘ídolo que traz a desolação’ entronizado no
lugar santo, como foi predito pelo profeta Daniel, quem lê entenda!,
16. então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes,
17. e o que estiver no telhado não desça para recolher coisa alguma de
sua casa,
18. e o que estiver no campo não volte para pegar o manto.
19. Mas ai das que estiverem grávidas e das que tiverem acabado de dar à
luz naqueles dias,
20. rogai para que a fuga não aconteça no inverno ou no Sábado,
21. porque naqueles dias haverá tão grande tribulação como nunca
houve desde o princípio do mundo até agora, nem haverá no futuro,
22. de tal modo que, e se aqueles dias não fossem abreviados, impossível
se tornaria a Conexão-Íntima com a Luz Viva; porém, por ação da Graça
e da Misericórdia do Pai, que é Luz e Vida Imanente, esses dias de
provação serão abreviados.
23. Por isso, ficai atentos: Se alguém vos disser que o Ungido de Luz
Viva está aqui ou ali, não lhe deis crédito,
24. porque surgirão falsos ungidos, que ensinarão falsas doutrinas e
produzirão
25. Dai atenção ao que ouvis de Mim!
26. E se, também, vos disserem: ‘Eis que o Ungido de Luz se encontra no
deserto’, não saiais para ver; ou: ‘Eis que se encontra em lugares
solitários’, também não o creiais,
27. porque é Ele quem virá ao vosso encontro: Como um relâmpago que
surge no nascente e brilha até o poente, assim será a chegada do Filho
do Homem para vós.
28. Doutro modo, encontrareis apenas mortos que atraem abutres para
consumi-los.
83
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

Vinda do Filho do Homem


Mt. 24:29-31; Mc. 13:24-27; Lc. 21:25-28
29. Logo após a tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não
dará a sua claridade, as Centelhas serão emanadas da Luz e a sua Força
sofrerá modificações;
30. então aparecerá no horizonte a matriz do Filho do Homem e todas as
espécies de seres que há no mundo passarão por dores e sofrimentos até
o momento de verem o Filho do Homem chegar, por força da Reconexão
Íntima entre Mente e Centelha, em seu Poder e Força Originais;
31. e, nesse tempo, enviará os seus Mensageiros aos quatro cantos do
mundo, ao som da Trombeta
Despertar do Sono
Mt. 24:32-44; Mc. 13:28-37; Lc. 21:29-36
32. Aprendei com o exemplo da figueira: Quando os ramos se tomam
tenros e suas folhas começam a brotar, sabeis que a primavera está
próxima.
33. Também vós, quando virdes todas essas coisas, sabei que sua vinda
está próxima, às portas.
34. Em verdade, eu vos digo que esta geração não passará antes que tudo
isso aconteça.
35. Céu e terra Passarão Centelhas e formas, esta Doutrina não passará.
36. Quanto ao dia e à hora, ninguém os conhece, nem os Mensageiros da
Luz, nem o Filho do Homem que virá, mas somente o Pai, que é Luz e
Vida, os conhece.
37. Assim como foi nos dias de Noé, assim será a chegada do Filho do
Homem:
38. Nos dias antes do dilúvio, as pessoas comiam, bebiam, casavam-se e
davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca,
39. e nada perceberam, até que veio o Dilúvio e os levou a todos; assim
será também a chegada do Filho do Homem.
40. Dois estarão no campo: Um será elevado e o outro deixado;
41. duas estarão moendo: Uma será elevada e a outra deixada.

84
Sebastião Anselmo
42. Assim, pois, vigiai, porque não sabeis o dia em que virá para vós o
Espírito da Luz Viva a fim de entrar em Comunhão convosco.
43. Compreendei isto: Se o dono da casa soubesse qual a hora da noite
em que viria o ladrão, ficaria vigilante para que a sua casa não fosse
arrombada.
44. Portanto, também vós, ficai preparados, porque não sabeis em que
hora virá para vós o estado de Filho do Homem.
SERVOS BONS E MAUS
Mt. 24:45-51; Lc. 12:35-48
45. Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o senhor constituiu sobre
sua criadagem, para dar-lhe alimento nas horas certas?
46. Feliz daquele servo que o senhor, ao chegar, encontrar fazendo
assim.
47. Em verdade, eu vos digo que o constituirá sobre todos os seus bens.
48. Se, porém, sendo negligente, aquele servo disser em seu coração:
‘Meu senhor demora’,
49. e começar a espancar os seus companheiros, a comer e beber com os
que se embriagam,
50. virá o senhor desse servo no dia em que não espera e na hora que não
sabe,
51. e o partirá ao meio, dando-lhe o destino dos hipócritas. Aí haverá
choro e ranger de dentes.
AS DEZ MOÇAS
Mt. 25:1-13
1. Assim, o reino da Luz Viva é semelhante a dez virgens que, tomando
suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo:
2. Cinco delas eram negligentes, e cinco prudentes.
3. As negligentes, tomando as lâmpadas, não levaram consigo o azeite;
4. mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as
lâmpadas.
5. Como o noivo tardasse, todas elas cochilaram e dormiram;

85
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
6. mas, à meia-noite ouviu-se um grito, avisando: ‘O noivo vem aí! Saí ao
seu encontro!’;
7. e todas aquelas moças despertaram e se puseram a preparar as suas
lâmpadas;
8. então, disseram as negligentes às prudentes: ‘Dai-nos um pouco do
vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando’;
9. mas as prudentes responderam: ‘Não temos o suficiente para nós e
para vós; ide, antes, aos mercadores a fim de comprá-lo para vós’.
10. Enquanto estavam ainda a caminho, chegou o noivo: As que estavam
preparadas entraram com ele para o banquete de núpcias, e a porta foi
fechada.
11. Mais tarde, chegaram também as outras moças, dizendo: ‘Senhor,
Senhor! Abre-nos!’
12. Mas ele respondeu: ‘Em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz
Viva, eu vos digo: Não as conheço’.
13. Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia e nem a hora.
FIM DO CICLO
Mt. 25:31-46
31. Quando vier o Filho do Homem na Essência de sua Substância, e
todos Mensageiros com ele, então se assentará sobre o trono de sua
Majestade;
32. e serão reunidos em torno dele todos os povos, e ele os separará uns
dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas das cabras;
33. e porá as ovelhas à sua direita, e as cabras à sua esquerda.
34. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de
meu Pai, adentrai o reino de Luz preparado para vós desde o princípio do
mundo;
35. pois tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber,
era estrangeiro e me recolhestes,
36. estava nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-
me’.

86
Sebastião Anselmo
37. Os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te
demos de comer, com sede e te demos de beber?
38. E quando te vimos estrangeiro e te recolhemos, ou nu e te vestimos?
39. E quando te vimos doente ou preso, e te visitamos?’
40. O Rei lhes esclarecerá: ‘Em Espírito de Verdade, vos digo: Todas as
vezes que fizestes isto a qualquer de meus irmãos menores, foi a mim que
o fizestes’.
41. Depois dirá aos da esquerda: ‘Afastai-vos de mim, vós que praticastes
iniquidades, para o fogo purificador desde o princípio destinado ao
Adversário e seus mensageiros;
42. pois tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de
beber,
43. era estrangeiro e não me recolhestes, estava nu e não me vestistes,
doente e preso e não me visitastes’.
44. E eles lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome, ou com
sede, ou estrangeiro, ou nu, ou doente, ou preso, e não te servimos?’
45. Então, o Rei lhes esclarecerá, dizendo: ‘Em Espírito de Verdade, vos
digo: Todas as vezes que o deixastes de fazer a qualquer de meus irmãos
menores, foi a mim que não o fizestes’.
46. Estes irão para o acerto de contas na geena de fogo purificador,
enquanto que os justos irão para a Comunhão com a Vida Imanente”.
PLANO DE PRISÃO
Mt. 26:1-5; Mc. 14:1-2; Lc. 22:1-2
1. Quando terminou este Ensinamento, Jesus disse a seus discípulos:
2. “Sabeis que daqui a dois dias será celebrada a Páscoa, e o Filho do
Homem será entregue para ser crucificado”.
3. Então os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no
palácio do Sumo Sacerdote, chamado Caifás,
4. e decidiram em Conselho que armariam um estratagema para
prender Jesus e entregá-lo à morte;
5. mas diziam, contudo: “Não durante a festa, para que o povo não se
amotine”.
87
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

PROPOSTA DE JUDAS
Mt. 26:14-16; Mc. 14:10-11; Lc. 22:3-6
14. Então um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi até os chefes dos
sacerdotes
15. e disse-lhes: “O que me dareis se eu vo-lo entregar?” Ofereceram-
lhe, então, a quantia de trinta moedas de prata.
16. E, desde então, buscava ele uma ocasião para entregá-lo.
PREPARAÇÃO PARA A PÁSCOA
Mt. 26:17-19; Mc. 14:12-16; Lc. 22:7-13
17. No primeiro dia dos ázimos, os discípulos se aproximaram de Jesus
e lhe perguntaram: “Onde queres que te preparemos a ceia de Páscoa?”
18. Ele respondeu: “Ide à cidade, à casa de um tal, e dizei-lhe: Diz o
Rabi: Minha hora está próxima; em tua casa celebrarei a Páscoa com
meus discípulos”.
19. Assim o fizeram, e lhe prepararam a ceia de Páscoa.
INÍCIO DA CEIA
Mt. 26:20; Mc. 14:17; Lc. 22:14
20. Vindo a tarde, ele se pôs à mesa com os Doze,
JUDAS É INDICADO
Mt. 26:21-25; Mc. 14:18-21; Lc. 22:21-23; Jo. 13:21-32
21. e, enquanto comiam, disse-lhes: “Em Comunhão Íntima com o
Espírito da Luz Viva, eu vos digo: A um de vós foi dado o encargo de me
entregar”;
22. e eles, tomados de surpresa, começaram a perguntar-lhe um por
um: “Serei eu Rabi?”,
23. e Jesus respondeu: “Aquele que comigo põe a mão no prato, a este o
Espírito de Luz Viva escolheu para o encargo de me entregar,
24. porque o Filho do Homem será entregue para a prova final,
conforme o que sobre ele está escrito; mas tenho pena deste que foi o
escolhido para o ato da entrega: Melhor seria para ele não ter nascido”.
25. E Judas, o escolhido para o ato, disse: “Sou eu, Rabi!”, e Jesus
respondeu-lhe: “Assim é!”
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Sebastião Anselmo

TRANSUBSTANCIAÇÃO
Mt. 26:26-29; Mc. 14:22-25; Lc. 22:15-20; 1Co. 11:23-26
26. Estando eles a comer, Jesus tomou um pão e, tendo-o abençoado, o
partiu e o deu a seus discípulos, dizendo: “Tomai e comei, isto é o meu
corpo”.
27. Depois, tomou um cálice e, tendo dado graças, passou-o de mão em
mão, dizendo: “Bebei dele todos vós;
28. pois isto é o meu sangue, o que dá testemunho de Mim, que por todos
se derrama para corrigir o vosso estado de desconexão íntima com o
Espírito da Luz Viva;
29. e eu vos digo, em Perfeita Comunhão com o Vivo, que desde este
momento não mais beberei convosco do fruto da videira, até o momento
em que juntos o beberemos no reino de meu Pai na Luz”.
AVISO A PEDRO
Mt. 26:31-35; Lc. 22:31-34; Mc. 14:27-31; Jo. 13:36-38
31. Então, Jesus lhes disse: “Todos vos escandalizareis por minha causa
nesta noite, assim como está escrito: ‘Ferirei o pastor e as ovelhas do
rebanho se dispersarão’;
32. mas, depois que eu ressurgir dos mortos, irei à vossa frente para a
Galiléia”.
33. Pedro lhe respondeu: “Ainda que todos se escandalizem por tua
causa, eu jamais me escandalizarei”;
34. mas Jesus lhe replicou: “Em Comunhão Íntima com o Espírito da
Luz Viva, eu te digo que nesta noite, antes que o galo cante, tu me
negarás três vezes”.
35. Disse-lhe Pedro: “Ainda que tenha de morrer contigo, de modo
algum te negarei”. Os outros discípulos diziam o mesmo.
SAÍDA DO CENÁCULO
Mt. 26:30; Mc. 14:26; Lc. 22:39; Jo. 18:1a
30. e assim, cantando um hino, saíram para o monte das Oliveiras.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

ORAÇÃO NO JARDIM
Mt. 26:36-46; Mc. 14:32-42; Lc. 22:40-46; Jo. 18:1b
36. Então Jesus foi com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a
seus discípulos: “Sentai-vos aqui, enquanto vou ali orar”.
37. E, tendo levado consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu,
começou a entristecer-se e angustiar-se.
38. Então, disse-lhes: “Sinto minh’alma triste até a morte: Ficai aqui e
vigiai comigo”.
39. E, indo um pouco adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou,
dizendo: “Pai, se for possível, afaste de mim este cálice; contudo, não se
faça a
40. Depois, voltou a ter com os seus discípulos e encontrou-os
dormindo. Então, disse a Pedro: “Não fostes capazes de vigiar nem uma
hora comigo?
41. Vigiai e orai, para não serdes derrotados na provação; porque, na
verdade, o espírito está pronto, porém, a carne o enfraquece”.
42. E, afastando-se de novo pela segunda vez, orou, dizendo: “Pai, se
este cálice não pode ser afastado sem que eu o beba, seja feita a Tua
Vontade”.
43. E, voltando de novo a ter com os discípulos, encontrou-os ainda
dormindo, com os olhos pesados de sono;
44. e então, deixando-os, afastou-se e orou pela terceira vez, repetindo
as mesmas palavras.
45. Depois, voltando a ter com os discípulos, disse-lhes: “Ainda
adormecidos e repousando? Eis que a hora está próxima; importa que o
Filho do Homem
46. Levantai-vos, vamos! Eis que se aproxima-se aquele que há de me
entregar!”
PRISÃO MOVIMENTADA
Mt. 26:47-56; Lc. 22:47-53; Mc. 14:43-52; Jo. 18:2-12
47. Ainda falava com eles quando chegou Judas, um dos Doze,
acompanhado de uma multidão armada de espadas e paus, enviada
pelos sumos sacerdotes e pelos anciãos do povo.

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Sebastião Anselmo
48. Ora, o que recebera a incumbência de entregá-lo tinha combinado
com eles um sinal, dizendo: “Aquele a quem eu beijar, é ele; prendei-o”.
49. E logo, aproximando-se de Jesus, disse: “Salve, Mestre!”; e o
beijou.
50. Jesus lhe disse: “Amigo, para isto vieste!” Então, se aproximando,
agarraram Jesus e o prenderam.
51. Um dos que estavam com Jesus estendeu a mão e, desembainhando
a espada, feriu com um só golpe o servo do sumo sacerdote,
decepando-lhe a orelha.
52. Mas Jesus lhe disse: “Embainha a tua espada, porque quem
empunha a espada, pela espada morrerá.
53. Acaso crês que não posso rogar ao Pai que me envie, neste momento,
mais de Doze Legiões de seus Mensageiros?
54. Mas então, se o fizer, como se cumpririam as Escrituras, que dizem
que isto deve acontecer?”
55. Em seguida, disse à multidão: “Saístes armados de espadas e paus
para prender-me, como se fosse ladrão? No entanto, estava eu
diariamente assentado convosco no Templo, ensinando-vos, e não me
prendestes”;
56. tudo isso, porém, aconteceu para que se cumprisse o que
escreveram os profetas nas Escrituras; e até mesmo os discípulos,
abandonando-o, fugiram.
NA CASA DE CAIFÁS
Mt. 26:57-58; Lc. 22:54; Mc. 14:53-54; Jo. 18:15-16
57. Os que prenderam Jesus, levaram-no à casa do Sumo Sacerdote
Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos.
58. Pedro o foi seguindo de longe até o pátio Palácio do Sumo
Sacerdote; e, tendo entrado, assentou-se em meio aos criados para
acompanhar o desenrolar dos fatos.
1.ª NEGAÇÃO DE PEDRO
Mt. 26:69-70; Lc. 22:55-57; Mc. 14:66-68; Jo. 18:17-18
69. Pedro estava sentado fora, no pátio; e uma criada, vendo-o, disse:
“Tu também estavas com Jesus, o Galileu”;
91
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
70. mas ele o negou diante de todos, respondendo: “Não sei o que
dizes”.
OUTRAS NEGAÇÕES
Mt. 26:71-75; Lc. 22:58-62; Mc. 14:69-72; Jo. 18:25-27
71. Saindo para o pórtico, viu-o outra criada e disse aos que ali se
achavam: “Este também estava com Jesus, o Nazoreu”;
72. e segunda vez ele o negou, dizendo sob juramento: “Não conheço
esse homem!”
73. Pouco depois, outros dos que lá estavam disseram a Pedro:
“Certamente, também tu és um deles; até o teu sotaque te denuncia”;
74. então Pedro começou a praguejar e a jurar, dizendo: “Não conheço
este homem”; e imediatamente o galo cantou.
75. E Pedro se lembrou da palavra que Jesus dissera: “Antes que o galo
cante, três vezes me negarás”; e saindo dali, chorou amargamente.
INTERROGATÓRIO OFICIAL
Mt. 26:59-68; Lc. 22:63-71; Mc. 14:55-65
59. Entretanto, os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam
um falso testemunho contra Jesus, a fim de condená-lo à morte,
60. mas nada encontraram, embora se apresentassem muitas falsas
testemunhas; por fim, se apresentaram duas,
61. afirmando que ele dissera: “Posso destruir este Templo da Luz e
reconstruí-lo em três dias”.
62. Diante disso, o Sumo Sacerdote se pôs de pé e lhe disse: “Nada
respondes? O que dizem estes contra ti?”,
63. mas Jesus continuava calado. Então, o Sumo Sacerdote lhe disse:
“Pela Força e Poder da Luz, que é a Vida, eu te conjuro que nos digas se
és o Enviado, o Ungido de Lume”.
64. Respondeu-lhe Jesus: “Assim é! E eu vos declaro que, em breve
tempo, vereis O Filho do Homem assentado em seu trono de Poder,
manifestando-se a ti em ondas de Luz”.

92
Sebastião Anselmo
65. Então o Sumo Sacerdote, rasgou as suas vestes, e disse:
“Blasfemou! Que necessidade temos ainda de testemunhas? Ouvistes a
blasfêmia!
66. Qual é o vosso veredicto?” Eles responderam: “É réu de morte”,
67. e cuspiram-lhe no rosto, deram-lhe socos e bofetadas,
68. dizendo: “Oh, Ungido de Luz Viva, faze-nos uma profecia: Quem é
que te bateu?”
ENVIO A PILATOS
Mt. 27:1-2; Mc. 15:1; Lc. 23:1; Jo. 18:28
1. Chegada a manhã, reuniram-se em Conselho todos os chefes dos
sacerdotes e os anciãos do povo, resolvidos a entregá-lo à morte;
2. e assim, amarrando-o, levaram-no e entregaram-no a Pilatos, o
governador.
EPISÓDIO DE JUDAS
Mt. 27:3-10; At. 1:18-19
3. Então Judas, o que recebera a incumbência de entregá-lo, vendo que
Jesus fora condenado, voltou atrás e devolveu as trinta moedas de
prata aos chefes dos sacerdotes e anciãos,
4. dizendo: “Errei, entregando sangue inocente”; mas eles lhe
responderam: “Que nos importa? Isso é entre ti e ele”;
5. então Judas, atirando as moedas todas no Templo, saiu dali e foi
enforcar-se.
6. Os Sumos Sacerdotes, recolhendo o dinheiro, disseram: “Não é lícito
depositá-lo no Tesouro, porque é preço de sangue”;
7. e assim, depois de deliberarem em Conselho, compraram com
aquelas moedas o ‘Campo do Oleiro’, destinado para sepultura de
peregrinos estrangeiros;
8. por isso, até hoje aquele campo se chama ‘Campo de Sangue’,
9. cumprindo-se o que foi escrito no Livro do Profeta Jeremias, que
diz: ‘E tomando as trinta moedas, preço que consideraram justo,
conforme os filhos

93
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
10. e com elas pagaram o Campo do Oleiro, conforme intuição do
Contato-Íntimo com a Luz’.
2.º INTERROGATÓRIO
Mt. 27:11-14; Lc. 23:3-5; Mc. 15:2-5; Jo. 18:33-38a
11. Jesus foi posto diante do governador, que o interrogou, dizendo:
“És tu o rei dos judeus?” Jesus respondeu: “Tu o dizes”.
12. Mas ao ser acusado pelos chefes dos sacerdotes e anciãos, ele nada
respondeu.
13. Então lhe disse Pilatos: “Não ouves de quantas coisas te acusam?”;
14. mas ele não respondeu uma só palavra, o que causou grande
admiração no governador.
3.º INTERROGATÓRIO
Mt. 27:15-23; Lc. 23:17-23; Mc. 15:6-14; Jo. 18:38b-40
15. Ora, por ocasião da Festa, era costume o governador soltar um
preso, aquele que o povo escolhesse;
16. e nessa ocasião, havia um prisioneiro famoso dentre o povo,
chamado (JESUS) Barabas.
17. Então, estando o povo ali reunido, Pilatos perguntou-lhes: “Quem
quereis que eu vos solte? A (JESUS) Barabas, ou a Jesus, o UNGIDO de
Luz Viva?”;
18. porque ele sabia que, por inveja, o haviam entregado a ele;
19. e também porque, enquanto ainda estava ali, sentado no Tribunal,
recebeu um recado de sua mulher, que dizia: “Não faça injustiça a esse
justo,
20. mas os chefes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo para
que pedisse a liberdade de Barabas e a condenação de Jesus;
21. por isso, quando o governador lhes perguntou: “Qual dos dois
quereis que eu vos solte?” Eles responderam, em uníssono: “Barabas”.
22. Pilatos, então, perguntou-lhes: “E quanto a Jesus, o Ungido de Luz,
o que faço com ele?” Responderam todos: “Crucifica!”
23. O governador lhes disse: “Mas que mal ele fez?” Eles, porém,
gritaram ainda mais alto: “Crucifica!”

94
Sebastião Anselmo

REI ESCARNECIDO
Mt. 27:27-30; Mc. 15:16-19; Jo. 19:1-3
27. Então os soldados do governador conduziram Jesus ao Pretório,
reuniram em torno dele toda a corte
28. e, despindo-o de suas roupas, envolveram-no num manto escarlate;
29. depois, entrelaçando uma coroa de acácia, puseram-na em sua
cabeça, e um caniço na mão direita; e então, ajoelhando-se diante dele,
zombavam, dizendo: “Salve, rei dos judeus!”;
30. e, cuspindo nele, tomaram o caniço e bateram com ele em sua
cabeça.
PILATOS LAVA AS MÃOS
Mt. 27:24-26; Mc. 15:15; Lc. 23:24-25
24. Vendo Pilatos que nada conseguia e que, ao contrário, apenas o
tumulto aumentava, mandou que lhe trouxessem água e, lavando as
mãos diante de toda a multidão, disse: “Não sou eu o culpado por
derramar o sangue deste justo; esta culpa é vossa!”.
25. A essas palavras de Pilatos, todo o povo respondeu, dizendo: “Caia
essa culpa sobre nós e nossa descendência”.
26. Passo seguinte, Pilatos soltou-lhes Barabas, mandou açoitar Jesus e
o entregou para que fosse crucificado.
SIMÃO, O CIRENEU
Mt. 27:31-32; Mc. 15:20-21; Jo. 19:16-17a; Lc. 23:26-32
31. Depois de zombarem dele, tiraram-lhe o manto escarlate e
tornaram a vesti-lo com as suas próprias vestes, e levaram-no para ser
crucificado.
32. Saindo da cidade, encontraram um homem de Cirene, chamado
Simão, a quem obrigaram a carregar a sua cruz, porque Jesus já não
tinha forças para suportá-la.
A CRUCIFICAÇÃO
Mt. 27:33-38; Mc. 15:22-28; Lc. 23:33-34; Jo. 19:17b-24
33. Chegando ao lugar chamado Gólgota, que significa ‘Lugar da
Caveira’ ou ‘Calvário’,

95
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
34. deram-lhe a beber vinho misturado com fel; ele o provou, porém
não quis beber.
35. Em seguida, tendo-o crucificado, repartiram as suas vestes,
sorteando-as entre si, fazendo cumprir a profecia que diz: ‘Repartiram
entre si as minhas
36. e assentaram-se ali, montando guarda ao seu corpo, que desfalecia.
37. Acima de sua cabeça puseram uma placa que trazia escrito o
motivo de sua condenação: ‘Este é Jesus, o rei dos judeus’;
38. e com ele foram crucificados dois salteadores: Um à direita, e outro
à esquerda.
ZOMBARIAS
Mt. 27:39-44; Mc. 15:29-32; Lc. 23:35-43
39. Os que passavam o insultavam, meneando suas cabeças
40. e dizendo: “Ó tu, que destróis o Templo e em três dias o reconstróis:
Salva-te a ti mesmo, se és Filho da Luz, e desce da cruz!”
41. Também os chefes dos sacerdotes, juntamente com os escribas e
anciãos, zombavam dele, dizendo:
42. “A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! Se é rei de Israel,
desça agora da cruz e creremos nele!
43. Fez-se o Porta-Voz da Luz: Que o livre agora, se realmente o enviou,
porque disse: Venho do Pai!”
44. E até mesmo os salteadores, que com ele foram crucificados, lhe
dirigiram impropérios.
AO PÉ DA CRUZ
Mt. 27:55-56; Mc. 15:40-41; Lc. 23:49; Jo. 19:25-27
55. Também estavam ali presentes muitas mulheres que, de longe, o
observavam; elas vinham acompanhando Jesus desde a Galiléia, e
serviam-no no Caminho.
56. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e José, e
a mãe dos filhos de Zebedeu.

96
Sebastião Anselmo

A Morte de Jesus
Mt. 27:45-54; Mc. 15:33-39; Lc. 23:44-48; Jo. 19:28-30
45. Desde a hora sexta até a hora nona, houve treva em toda a terra.
46. Lá pela hora nona, Jesus deu um grande brado, dizendo: “Eli, Eli,
lemá sabachtáni?”, que significa: ‘Óh Luz, minha Essência Divinal, por
que me abandonaste?’
47. Alguns dos que ali estavam, ouvindo-o, disseram: “Este chama por
Elias!”
48. Imediatamente um deles correu, pegou uma esponja, embebeu-a
em vinagre e, fixando-a numa vara, deu-lhe de beber;
49. os outros, porém, disseram: “Espera, vejamos se Elias vem salvá-
lo!”,
50. mas Jesus, tornando a dar outro grande brado, expirou,
entregando o espírito.
51. Nisso, o véu do Santuário se rasgou em dois, de alto a baixo, a terra
tremeu e as rochas se fenderam.
52. Abriram-se os túmulos e muitos santos que estavam mortos,
voltaram-se para a Vida;
53. e, deixando os seus túmulos, entraram na Cidade Santa; e foram
vistos por muitos após a ressurreição de Jesus.
54. O centurião e os que com ele montavam guarda ao corpo de Jesus,
ao verem o terremoto e tudo mais que estava acontecendo, ficaram
muito amedrontados e disseram: “De fato, este homem manifestava a
Luz do Vivo!”
MORTE E LIBERAÇÃO DO CORPO
Mt. 27:57-58; Mc. 15:42-45; Lc. 23:50-52; Jo. 19:31-38
57. Chegada a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José,
que também se tornara discípulo de Jesus,
58. e, dirigindo- se a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus; então Pilatos
mandou que lhe fosse entregue.

97
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

JESUS É COLOCADO NO TÚMULO


Mt. 27:59-60; Mc. 15:46; Lc. 23:53-54; Jo. 19:39-42
59. José, tomando o corpo, envolveu-o num lençol limpo
60. e o depositou num sepulcro novo, que havia talhado na rocha; em
seguida rolando uma grande pedra para a entrada do túmulo, retirou-
se.
VIGIA E GUARDA DO TÚMULO
Mt. 27:61-66; Mc. 15:47; Lc. 23:55-56
61. Ora, Maria Madalena e a outra Maria estavam ali sentadas em
frente ao sepulcro.
62. No dia seguinte, o que segue à vigília, os chefes dos sacerdotes se
reuniram com os fariseus e foram à casa de Pilatos;
63. então, disseram-lhe: “Senhor, lembramo-nos de que aquele impostor
disse, quando ainda estava vivo: ‘Depois de três dias ressurgirei dos
mortos!’
64. Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o
terceiro dia, para que seus discípulos não roubem o corpo e depois digam
ao povo: ‘Ele ressurgiu dos mortos!’, fazendo com que esta última farsa
seja pior que a primeira”.
65. Pilatos respondeu: “Tendes uma guarda, guardai-o vós como bem
entendeis”.
66. Indo eles, puseram em segurança o sepulcro, selando a pedra e
montando a guarda.
AS MULHERES VISITAM O TÚMULO
Mt. 28:1; Mc. 16:1
1. Passado o sábado, ao despontar a aurora do primeiro dia da
semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.
A PEDRA É REMOVIDA
Mt. 28:2-4
2. E eis que houve um grande tremor, pois um Mensageiro da Luz
Viva, materializando-se em forma corpórea, veio e removeu a pedra; e
estava assentado sobre ela:

98
Sebastião Anselmo
3. Seu aspecto era o do relâmpago, e sua veste era como a neve.
4. Os guardas, tremendo de medo, agarraram-se ao chão e ficaram
como mortos.
AS MULHERES ENCONTRAM O TÚMULO VAZIO
Mt. 28:5-8; Mc. 16:2-8; Lc. 24:1-8; Jo. 20:1
5. E o Mensageiro, dirigindo-se às mulheres, disse-lhes: “Não tenhais
medo! Sei que buscais a Jesus, que foi crucificado.
6. Não está aqui, porque ressuscitou dos mortos, como havia dito: Vinde
ver o lugar onde jazia;
7. depois, ide correndo anunciar aos discípulos que ele ressuscitou dos
mortos e que seguirá, à vossa frente, para a Galiléia; lá o vereis. Ide
anunciar-lhes a Boa Notícia!”
8. Então, elas deixaram o sepulcro experimentando, ao mesmo tempo,
medo e grande alegria; e
APARIÇÃO ÀS OUTRAS MULHERES
Mt. 28:9-10
9. E eis que Jesus foi ao encontro delas, e lhes disse: “Alegrai-vos”; e
elas, achegando-se a ele, abraçaram-lhe os pés e prostraram-se,
adorando-o.
10. Então, Jesus lhes disse: “Não temais; ide dizer a meus irmãos que se
dirijam à Galiléia: Lá me verão!”
O RELATO DOS SOLDADOS
Mt. 28:11-15
11. Enquanto elas iam, eis que alguns da guarda foram à cidade e
noticiaram aos Sumos Sacerdotes tudo o que havia acontecido;
12. e estes, reunindo-se em Conselho com os anciãos, resolveram
oferecer uma vultosa quantia de dinheiro aos soldados,
13. ordenando-lhes: “Dizei que de noite, enquanto dormíeis, os
discípulos dele chegaram e roubaram o seu corpo;
14. e se a notícia chegar aos ouvidos do governador, nós o
convenceremos a não vos castigar”.

99
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
15. Eles aceitaram o dinheiro e fizeram de acordo com as instruções
que receberam; assim se espalhou essa notícia que é contada entre os
judeus até o dia de hoje.
APARIÇÃO AOS ONZE NA GALILÉIA
Mt. 28:16-20; Mc. 16:15-18; 1ª Co. 15:6
16. Partiram, pois, os onze discípulos para a Galiléia, e foram ao monte
que Jesus lhes havia indicado.
17. Ao vê-lo, prostraram-se diante dele; mas alguns, porém, ainda
duvidaram que era ele.
18. Jesus se aproximou e lhes falou: “Toda a Força e Poder da Luz foi-
me dado para manifestar-me no mundo e trazer-vos esta Doutrina;
19. ide, pois, e transmiti esse Ensinamento a toda gente, iniciando-as
nesta Prática e consagrando-as ao Vivo, à Luz e ao Espírito n’Ela
surgido,
20. ensinando-as a cumprir tudo o que vos tenho transmitido, certos de
que eu permanecerei em vós todos os dias, até que se consumem os
séculos da duração do mundo”.

Fim

100
Sebastião Anselmo

O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS


(ORDEM CRONOLÓGICA)
(Versão de Sebastião Anselmo)

PRÓLOGO
Mc. 1:1
1. Começo da Doutrina do reino da Luz Viva, trazida ao mundo por
Jesus, o Ungido, Enviado do Espírito da Luz Viva.
MINISTÉRTIO DO PRECURSOR
Mt. 3:1-6; Mc. 1:2-6; Lc. 3:3-6
2. Conforme está escrito no Livro do profeta Isaías: ‘Eis que eu envio o
meu Mensageiro diante de ti, a fim de preparar o teu caminho;
3. voz do que clama no deserto: Preparai o caminho para o Vivo,
endireitai as suas veredas’.
4. Apareceu João Batista no deserto, propondo um mergulho de
arrependimento para reconexão-íntima com o Espírito da Luz Viva;
5. e iam ter com ele toda a circunvizinhança da Judéia e todo o povo de
Jerusalém, e eram por ele mergulhados no rio Jordão, confessando sua
desconexão-íntima com o Espírito da Luz Viva.
6. João usava uma veste de pele de camelo e uma correia de couro em
volta da cintura, comia gafanhotos e mel silvestre.
ANÚNCIO DO MESSIAS
Mt., 3:11-12; Mc. 1:7-8; Lc. 3:15-18
7. E pregava no deserto, dizendo: “Depois de mim vem Aquele que que
tem mais autoridade do que eu, do Qual eu não sou digno de, abaixando-
me, desatar as correias das sandálias.
8. Eu vos mergulho na água, com o objetivo de transmutar as vossas
mentes; ele, porém, vos mergulhará no Espírito da Luz Viva”.

101
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

O MERGULHO DE JESUS
Mt. 3:13-17; Mc. 1:9-11; Lc. 3:21-22
9. Por esse tempo, veio Jesus de Nazaré da Galiléia e se fez mergulhar
por João no Jordão;
10. E logo que saiu da água, viu os céus se abrirem numa Explosão
Luminosa e o Espírito da Luz Viva descer sobre ele em forma de
pomba.
11. Ouviu-se, então, vinda da Nuvem de Luz, uma voz dizendo: “Tu és
o meu Manifestado, o Amado, no qual tenho gozo”.
JESUS É COLOCADO À PROVA
Mt. 4:1-11; Mc. 1:12-13; Lc. 4:1-13
12. Imediatamente o Espírito da Luz Viva o conduziu ao deserto,
13. onde passou quarenta dias, e foi posto à prova pelo Adversário; e
vivia entre as feras, e os Mensageiros da Luz Viva o serviam.
PRISÃO DE JOÃO
Mt. 14:3-5; Mc. 6:17-20; Lc. 3:19-20
17. Herodes tinha mandado prender João e o mantinha encarcerado
por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, pois a tinha
desposado;
18. e João dissera a Herodes: “Não te é lícito possuir a mulher de teu
irmão”;
19. por isso, Herodíades se voltou contra ele e queria matá-lo, mas não
encontrava ocasião,
20. porque Herodes temia João, sabendo que era um homem justo e
santo, e o protegia; e, ao ouvi-lo, ficava muito admirado, e o escutava
com satisfação.
JESUS SAI DA JUDÉIA
Mt. 4:12; Mc. 1:14a; Lc. 4:14; Jo. 4:1-3
14a. Após a prisão de João foi Jesus para a Galiléia,

102
Sebastião Anselmo

CONVOCAÇÃO DOS DISCÍPULOS


Mt. 4:18-22; Mc. 1:16-21a; Lc. 4:31a
16. Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu Jesus a Simão e seu
irmão André que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores.
17. Jesus disse-lhes: “Vinde em seguimento a Mim e eu vos farei
pescadores de homens”.
18. E eles, imediatamente deixando as redes, o seguiram.
19. Um pouco mais à frente, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu
irmão, no barco, consertando as redes,
20. e chamou-os; e eles, deixando seu pai Zebedeu no barco com os
empregados, o seguiram.
21a. Entraram em Cafamaum,
CURA DA SOGRA DE PEDRO
Mt. 8:14-15; Mc. 1:29-31; Lc. 4:38-39
29. Depois, saindo da sinagoga, foi com Tiago e João à casa de Simão e
André.
30. A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo o disseram a
Jesus;
31. então, indo até ela, tomou-a pela mão e a fez levantar-se. A febre a
deixou e ela pôs-se a servi-los.
OUTRAS CURAS
Mt. 8:16-17; Mc. 1:32-34; Lc. 4:40-41
32. Ao entardecer, assim que o sol se pôs, trouxeram-lhe todos os que
estavam enfermos e endemoninhados.
33. e todo o povo se aglomerava junto à porta.
34. Ele, então, curou a muitos que estavam enfermos e expulsou muitas
almas desconectadas intimamente com o Espírito da Luz Viva; porém,
não os deixava revelar sobre a sua natureza, pois eles sabiam quem era
ele.

103
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

ORAÇÃO
Mc. 1:35-38; Lc. 4:42-43
35. De madrugada, estando ainda escuro, Jesus levantou-se e retirou-se
para um lugar deserto; enquanto ali orava,
36. Simão e seus companheiros saíram à sua procura,
37. e, tendo-o encontrado, disseram-lhe: “Todos te buscam”.
38. Jesus respondeu-lhes: “Vamos às aldeias e cidades vizinhas, para
que eu pregue também ali; pois para isso sou Enviado”.
JESUS PERCORRE A GALILÉIA
Mt. 4:17 e 23; Mc. 1:14b-15 e 39; Lc. 4:15 e 44
14b. pregando a Doutrina do reino da Luz Viva,
15. e dizendo: “O tempo está completo, aproxima-se o reino da Luz Viva;
transmutai as vossas mentes e crede na Doutrina reino”.
39. E percorreu toda a Galiléia, pregando em suas sinagogas e
expulsando os espíritos desconectados intimamente com o Espírito da
Luz Viva.
CURA DO LEPROSO
Mt. 8:2-4; Mc. 1:40-45; Lc. 5:12-16
40. Veio a ele um homem com lepra e, pondo-se de joelhos, suplicou:
“Se quiseres, podes limpar-me”.
41. Jesus compadeceu-se dele e, estendendo a sua mão e tocando-o,
disse: “Eu quero! Fique limpo!”
42. Imediatamente a lepra desapareceu e o homem ficou curado.
43. Então, advertindo-o severamente, Jesus o despediu,
44. recomendando: “Não o digas a ninguém; mas vai e mostra-te ao
sacerdote para que lhe sirva de prova; e leva a oferta que Moisés
prescreveu na Lei”.
45. Ele, porém, assim que saiu de sua presença, pôs-se a divulgar a
cura que recebera, de sorte que Jesus já não podia entrar

104
Sebastião Anselmo
publicamente em nenhuma cidade, mas ficava fora, em lugares
desertos; e de todas as partes vinham ter com ele.
CURA DO PARALÍTICO
Mt. 9:1-8; Mc. 2:1-12; Lc. 5:17-26
1. Depois de alguns dias, voltou Jesus a Cafamaum e divulgou-se a
notícia que ele estava em casa;
2. e foram tantos os que para lá acorreram, que não havia lugar nem
mesmo junto à porta; e ele lhes explicava a Doutrina do reino da Luz
Viva.
3. Então, chegou um paralítico que vinha transportado por quatro
homens;
4. e, como não conseguissem chegar até ele por causa da multidão que
que se aglomerava junto à porta, elevaram-no por cima do telhado e,
tirando as
telhas sobre o lugar onde Jesus estava, desceram o leito em que jazia o
paralítico.
5. E Jesus, observando a sua fé, disse ao paralítico: “Filho, os teus atos
em desconexão com o Espírito da Luz Viva te são perdoados”.
6. Alguns escribas estavam ali, assentados, e refletiam em seus
corações:
7. “Como pode ele dizer isto? Está proferindo blasfêmias! Quem pode
perdoar ações em desconexão íntima senão somente o Espírito da Luz?”
8. Mas Jesus, percebendo intimamente, pela sua Comunhão com o
Espírito da Luz Viva, o que se passava em seus corações, disse-lhes:
“Por que abrigais maus pensamentos em vossos corações?
9. Pois, qual é o correto? Dizer ao paralítico ‘teus atos em desconexão
íntima com o Espírito da Luz Viva estão perdoados’, ou dizer ‘levanta-te,
toma o teu leito e anda?’
10. Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem Poder de
perdoar atos em desconexão íntima com o Espírito da Luz Viva, digo a
este homem:
11. Filho, levanta-te! Toma o teu leito, e vai para a tua casa!”

105
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
12. O homem, então, imediatamente se levantou, tomou o seu leito e
retirou-se à vista de todos, de tal modo que, tomados de admiração,
agradeciam ao Espírito da Luz Viva, e diziam: “Jamais vimos coisa
igual!”
MATEUS É CHAMADO
Mt. 9:9; Mc. 2:13-14; Lc. 5:27-28
13. Saiu outra vez para a beira-mar, e toda a multidão ia até ele; e ele
os ensinava.
14. Ao passar, viu Levi, um dos filhos de Alfeu, sentado na coletoria de
impostos, e disse-lhe: “Segue-me”. Ele se levantou e o seguiu.
O BANQUETE DE LEVI
Mt. 9:10-13; Mc. 2:15-17; Lc. 5:29-32
15. Aconteceu que, estando ele à mesa, em casa de Levi, muitos
publicanos e pecadores também estavam ali, com Jesus e seus
discípulos; pois muitos deles eram seus seguidores.
16. Os escribas e fariseus, vendo-o comer com pecadores e publicanos,
disseram aos seus discípulos: “Por que come o vosso Mestre com
publicanos e
17. E Jesus, ouvindo-os, respondeu: “Não são os sãos que precisam de
médico, mas sim os doentes. Não vim chamar justos, mas os desviados do
reino da Luz Viva”.
A QUESTÃO DO JEJUM
Mt. 9:14-17; Mc. 2:18-22; Lc. 5:33-39
18. Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando, e vieram
perguntar-lhe: “Por que os discípulos de João e os dos fariseus jejuam, e
os teus discípulos não jejuam?”
19. Jesus respondeu: “Podem os convidados ao Casamento Íntimo com o
Espírito da Luz Viva jejuar enquanto o Noivo está com eles? Enquanto o
Noivo está com eles, não jejuam.
20. Dias virão, contudo, em que o Noivo lhes será tirado, então jejuarão.
21. Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o novo
repuxa o velho e o rasgo fica maior;

106
Sebastião Anselmo
22. nem se põe vinho novo em odres velhos, porque os odres arrebentam
e perdem-se tanto o vinho quanto os odres. Para vinho novo, odres
novos”.
A QUESTÃO DO SÁBADO
(GENESAR - SÁBADO, 22 DE MAIO DE 29 A.D.)
Mt. 12:1-8; Mc. 2:23-28; Lc. 6:1-5
23. Aconteceu que, ao caminhar Jesus pelas searas num dia de Sábado,
os seus discípulos, enquanto passavam, iam colhendo espigas.
24. Então, os fariseus lhe disseram: “Vê! Teus discípulos fazem o que
não é lícito fazer em dia de Sábado!”
25. Ele respondeu: “Nunca lestes o que fez Davi e seus companheiros,
quando tiverem necessidade e fome?
26. Como entrou no Templo do Espírito da Luz Viva, no tempo do Sumo
Sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, que só aos sacerdotes
era lícito comer, e os deu também aos seus companheiros?”
27. E acrescentou: “O Sábado foi feito para o homem, e não o homem
para o Sábado,
28. de modo que o Filho do Homem é senhor até do Sábado”.
CURA DA MÃO ATROFIADA
(CAFARNAUM, SÁBADO, 29 DE MAIO DE 29 A.D.)
Mt. 12:9-14; Mc. 3:1-6; Lc. 6:6-11
1. Entrou de novo na sinagoga, e ali estava um homem com uma das
mãos atrofiada;
2. e estavam observando-o para ver se curava em dia de Sábado, e
assim terem de que o acusar.
3. E Jesus disse ao homem da mão atrofiada: “Levanta-te, e vem para o
meio”.
4. Então, perguntou-lhes: “O que é permitido em dia de Sábado? Fazer o
bem, ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la?” Eles permaneceram
calados.

107
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
5. Jesus, então, percorrendo sobre eles um olhar de indignação,
entristecido pela dureza de seus corações, disse ao homem: “Estende a
tua mão”. Ele a estendeu, e ela ficou curada.
6. Saindo imediatamente dali, foram os fariseus, juntamente com os
herodianos, deliberar sobre um modo de tirar-lhe a vida.
JESUS RETIRA-SE
Mt. 12:15-21; Mt. 4:24-25; Mc. 3:7-12
7 Jesus se retirou com os seus discípulos para o caminho do mar; e
seguia-o uma grande multidão vinda da Galiléia, da Judéia,
8. de Jerusalém, da Idumeia, d’além Jordão, e do território de Tiro e
Sidon; porque, ao saberem de tudo o que ele fazia, acorriam a ele em
grande número.
9. Então, Jesus recomendou aos seus discípulos que deixassem um
barco à disposição, para que a multidão não o comprimisse;
10. porque, como havia curado a muitos, todos os que sofriam de
alguma enfermidade se lançavam sobre ele para tocá-lo,
11. e as almas em desconexão íntima com o Espírito da Luz Viva,
quando o viam, lançavam-se aos seus pés e gritavam: “Tu és o
Manifestado pelo Espírito da Luz Viva”.
12. Mas ele os repreendia severamente para que não o dessem a
conhecer.
A ESCOLHA DOS DOZE
Mt. 10:1-4; Mc. 3:13-19; Lc. 6:12-16
13. Depois, subiu ao monte e foi chamando aqueles que ele mesmo
escolheu; e estes subiram até ele.
14. Foram escolhidos Doze discípulos, aos quais chamou ‘apóstolos’,
para que permanecerem com ele a fim de prepará-los para enviá-los a
pregar a Doutrina do reino da Luz Viva,
15. dando-lhes autoridade para curar doenças e expulsar almas
desconectadas com o Espírito da Luz Viva.
16. Eis, pois, os seus nomes: Simão, a quem deu o nome de Pedro;

108
Sebastião Anselmo
17. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de
Boanerges, que significa ‘filhos do trovão’;
18. André; Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu;
Tadeu; Simão, o Zelote;
19. e Judas Iscariotes, que o entregou ao sacrifício final.
O SAL DA TERRA
Mt. 5:13; Mc. 9:49-50; Lc. 14:34-35
49. Com fogo sereis tornados sal.
50. Bom é o sal, mas se o sal se tornar insípido, como se há de restaurar-
lhe o sabor? Conservai o sal em vós mesmos para que tenhais paz uns
com os outros.
A ORAÇÃO
Mt. 6:5-15; Mc. 11:24-26; Lc. 11:1-4
24. Por isso, eu vos digo: Tudo quanto pedirdes em Comunhão Íntima
com o Espírito da Luz, crede que já o recebestes; e assim será feito.
25. E, se quando estiverdes orando em Comunhão-Íntima com o Espírito
da Luz, vos lembrardes de que tens alguma coisa contra o vosso irmão,
perdoai-lhe, para que também o vosso Pai na Luz vos perdoe as vossas
ofensas;
26. porém, se não perdoardes aos vossos irmãos as ofensas com que vos
ofenderam, também o vosso Pai na Luz não vos perdoará as vossas
ofensas”.
A FAMÍLIA DE JESUS
Mt. 12:46-50; Mc. 3:20-21 e 31-35; Lc. 8:19-21
20. E entrou em casa; e mais uma vez a multidão afluiu, de tal modo
que nem podiam comer pão.
21. Seus familiares, quando o souberam, saíram para detê-lo, porque
diziam: “Está fora de si”.
31. Chegaram sua mãe e seus irmãos e, ficando do lado de fora,
mandaram-no chamar.
32. Havia muita gente sentada em torno dele, e lhe disseram: “Olha,
tua mãe e teus irmãos e irmãs estão lá fora; e te procuram”.

109
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
33. Ele respondeu: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”
34. E olhando em torno para os que estavam sentados em seu redor,
disse: “Eis aqui minha mãe e meus irmãos;
35. porque qualquer um que praticar a Doutrina do reino da Luz Viva,
esse é meu irmão, irmã e mãe”.
ENSINANDO À BEIRA MAR
Mt. 13:1-3; Mc. 4:1-2; Lc. 8:4
1. De novo se pôs a ensinar a Doutrina do reino da Luz Viva junto ao
mar; e tão grande multidão se aglomerou junto dele, que subiu num
barco que estava na água e se assentou; e todo o povo permaneceu na
praia.
2. E, ensinando a Doutrina por meio de parábolas, dizia-lhes:
A PARÁBOLA DO SEMEADOR
Mt. 13:4-9; Mc. 4:3-9; Lc. 8:5-8
3. “Ouvi: Um semeador saiu a semear.
4. Ao semear, uma parte das sementes caiu junto à beira do caminho;
vieram as aves do céu e a comeram.
5. Outra parte caiu em solo rochoso, onde havia pouca terra; como não
havia profundidade, logo brotaram,
6. e, tendo se levantado o sol, queimou-se, e, como não tinha raiz, secou.
7. Outra parte caiu entre os espinhos; estes cresceram e a sufocaram, e
não deu fruto.
8. Outra parte, finalmente, caiu em terra boa; brotou, cresceu, se
desenvolveu e produziu na proporção de trinta, sessenta e cem frutos por
grão”.
9. E concluiu: “Quem tem ouvidos de ouvir, ouça”.
POR QUE JESUS ENSINAVA POR PARÁBOLAS
Mt. 13:34-35; Mc. 4:33-34
33. E, com muitas parábolas semelhantes, lhes transmitia a Doutrina
do reino da Luz Viva, conforme a sua capacidade de compreensão,

110
Sebastião Anselmo
34. e sem parábolas nada lhes ensinava; porém, aos seus discípulos, em
particular, tudo explicava com detalhes.
OS DISCÍPULOS INQUIREM JESUS
Mt. 13:10-15; Mc. 4:10-12; Lc. 8:9-10
10. Quando ficaram a sós, os que estavam mais próximos dele,
juntamente com os Doze, lhe interrogaram sobre o sentido das
parábolas.
11. Ele lhes disse: “A vós é permitido conhecer os segredos do reino da
Luz; aos de fora, porém, tudo se ensina por meio de parábolas
12. para que vendo, vejam e não percebam; e ouvindo, ouçam e não
entendam; para não suceder que, a menos que se convertam para a Luz
em seu interior, sejam eles perdoados”.
O SENTIDO DA PARÁBOLA DO SEMEADOR
Mt. 13:18-23; Mc. 4:13-20; Lc. 8:11-15
13. E disse-lhes: “Se não entendeis esta parábola, que é simples, como
entendereis as complexas?
14. O semeador é o que semeia a Doutrina do reino da Luz Viva:
15. Dos que ouvem a Doutrina, alguns são os que têm o coração à
margem do caminho; estes a ouvem, mas logo vem o Adversário e fá-los
esquecer o Ensinamento semeado em seus corações.
16. Outros são os que possuem o coração endurecido, como um terreno
pedregoso; estes, quando ouvem a Doutrina, logo a acolhem com alegria,
17. mas, por não ter profundidade o seu coração, logo o encanto
desfalece; assim que chegam as primeiras provações, ou perseguição pela
prática do Ensinamento, não resistem e sucumbem.
18. Outros, ainda, são os que abrigam em seus corações os cuidados pelo
mundo, que são, para eles, como espinhos; esses ouvem a Doutrina,
19. mas as preocupações mundanas, a ilusão das riquezas e as ambições
os penetram, sufocam o Ensinamento e não permitem que dê fruto.
20. E outros, finalmente, são os que possuem o coração misericordioso;
esses ouvem a Doutrina, acolhem-na e a praticam, e produzem obra na
proporção de trinta, sessenta e cem ações por Ensinamento recebido.

111
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

A LÂMPADA DEBAIXO DO ALQUEIRE


Mc. 4:21-23; Lc. 8:16-17
21. Disse-lhes ainda: “Acende-se uma lâmpada para colocá-la em baixo,
no chão ou debaixo da cama? Não é, antes, para ser colocada no alto,
sobre o candeeiro?
22. Pois nada há escondido que não venha a ser conhecido, e nada que
esteja encoberto que não venha a ser revelado.
23. Quem tem ouvidos de ouvir, ouça!”
NA MESMA MEDIDA
Mc. 4:24-25; Lc. 8:18
24. Também lhes disse: “Tende cuidado em como ouvis; porque a
mesma medida que usardes, será usada para convosco; e eu vos digo:
‘Com acréscimos’.
25. Pois, àquilo que tens, vos será acrescentado; e àquilo que vos falta,
será aumentado”.
VENTANIA ACALMADA
Mt. 8:18 e 23-27; Mc. 4:35-41; Lc. 8:22-25
35. Naquele dia, ao cair da tarde, lhes disse: “Passemos para a outra
margem”.
36. Despedindo a multidão, entraram imediatamente no barco; e
outros barcos o seguiram.
37. Levantou-se, então, tão grande tempestade de vento que as ondas,
chocando-se contra o barco, estavam a ponto de afundá-lo.
38. Enquanto isso, ele repousava tranquilamente na popa, dormindo
sobre um travesseiro. Eles o despertaram, e disseram: “Rabi, não te
importa que
naufraguemos?”
39. Ele imediatamente se levantou e repreendeu o vento e o mar,
dizendo: “Cala-te, emudece!” Logo o vento cessou e sobreveio grande
calmaria;
40. então, lhes disse: “Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?”

112
Sebastião Anselmo
41. E eles, tomados de espanto, diziam uns aos outros: “Quem é este,
que até o vento e o mar lhe obedecem?”
O OBSIDIADO DE GERASA
Mt. 8:28-34; Mc. 5:1-20; Lc. 8:26-39
1. Passaram para a outra margem do mar, no território dos gerasenos.
2. Logo que Jesus desceu do barco, veio-lhe ao encontro, saído dos
túmulos, um homem possuído por um espírito desconectado
intimamente com a Luz Viva,
3. que habitava em meio às sepulturas e nem com correntes podia ser
dominado;
4. pois muitas vezes já o haviam prendido com correntes e grilhões,
mas ele arrebentava os grilhões e estraçalhava as correntes, e ninguém
tinha força para subjugá-lo.
5. Passava as noites e os dias nos sepulcros, ou perambulava pelos
montes, dando gritos e golpeando-se com pedras.
6. Ao avistar Jesus, de longe, correu logo em sua direção e prostrou-se
diante dele,
7. clamando em alta voz: “Que queres de mim, Jesus, Filho da Luz
Altíssima? Eu te suplico, em nome do Vivo, que não me atormentes”;
8. porque Jesus lhe ordenara: “Espírito imundo, sai deste homem”.
9. Então, Jesus perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?” Ele respondeu:
“Legião é o meu nome, porque somos muitos”;
10. e insistentemente lhe suplicava que não o expulsasse.
11. Ora, pastava por ali, no alto do monte, uma grande manada de
porcos,
12. e os espíritos suplicaram a Jesus: “Se vai nos expulsar, envia-nos
aos porcos, para que entremos neles”;
13. e Jesus consentiu. Então os espíritos imundos saíram e entraram
nos porcos; e a manada, com cerca de dois mil porcos, lançou-se ao
mar, rolando pelo precipício, e se afogou nas águas.
14. Os pastores fugiram e foram contar o fato na cidade e nos campos;
e os habitantes daquele lugar foram ver o que tinha acontecido.
113
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
15. Aproximaram-se de Jesus e viram o endemoninhado que tivera
dentro de si uma legião de espíritos desconectados intimamente com a
Luz Viva, sentado, vestido e em perfeito juízo; e ficaram com medo.
16. Os que presenciaram o ocorrido contaram-lhes o que havia
acontecido ao endemoninhado e aos porcos;
17. então, pediram a Jesus que partisse dali e se afastasse do seu
território.
18. Quando já estava embarcando, o que estivera endemoninhado
suplicou-lhe que lhe permitisse acompanhá-lo;
19. Jesus, porém, não o permitiu, mas disse-lhe: “Vai para a tua casa,
para os teus, e conta-lhes tudo o que o Espírito da Luz Viva, usando de
misericórdia,
20. Ele foi e começou a divulgar, em toda a Decápole, tudo o que o
Espírito da Luz Viva havia feito por ele através de Jesus, e todos os
que o ouviam ficavam espantados.
O PEDIDO DE JAIRO
Mt. 9:18-19; Mc. 5:21-24; Lc. 8:40-42
21. Jesus atravessou novamente para a outra margem; assim que
desceu do barco, numerosa multidão se reuniu e ele deteve-se à beira-
mar.
22. Então, aproximou-se dele um dos chefes da sinagoga, chamado
Jairo, que, ao vê-lo, lançou-se aos seus pés,
23. rogando-lhe insistentemente: “Rabi, minha filhinha está morrendo;
peço-te que venhas impor as suas mãos sobre ela, para que seja curada e
viva”.
24. Jesus foi com ele, e grande multidão o acompanhava e comprimia.
CURA DE HEMORRAGIA
Mt. 9:20-22; Mc. 5:25-34; Lc. 8:43-48
25. Havia uma mulher que, há doze anos, sofria de hemorragia,
26. e que muito sofrera nas mãos de muitos médicos, gastando tudo o
que tinha sem resultado; antes, ficando pior.
27. Ela, ouvindo falar de Jesus, misturou-se com a multidão e, vindo
por trás, tocou-lhe o manto,
114
Sebastião Anselmo
28. porque dizia: “Se eu tocar, nem que seja apenas o seu manto, ficarei
curada”.
29. No mesmo instante a hemorragia parou, e ela sentiu em seu corpo
que estava livre de sua enfermidade.
30. E Jesus, tendo ciência que dele saíra Força Regeneradora, voltou-se
para a multidão, e disse: “Quem tocou minhas vestes?”
31. Os discípulos responderam: “Rabi, a multidão te comprime e
perguntas quem te tocou?”
32. Ele olhava ao redor para descobrir quem o havia tocado.
33. Então a mulher, assustada e trêmula, consciente da cura que nela
havia se operado, aproximou-se e, prostrando-se diante dele, confessou
que havia sido ela.
34. E Jesus lhe disse: “Filha, a tua fé te curou; vai-te em paz e fica livre
do teu mal”.
A FILHA DE JAIRO
Mt. 9:23-26; Mc. 5:35-43; Lc. 8:49-56
35. Jesus ainda falava, quando chegaram alguns da casa do chefe da
sinagoga, dizendo: “Tua filha morreu, não incomodes o Mestre”.
36. Jesus, ouvindo o que falavam, disse ao chefe da sinagoga: “Não
temas, crê somente!”;
37. e não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e
João, irmão de Tiago.
38. Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço: muita
gente chorando e lamentando em alta voz;
39. então, entrando na casa, disse: “Porque tanto pranto e alvoroço? A
menina não está morta, mas dorme”;
40. e riam-se dele. Mas Jesus, fazendo sair a todos, foi com o pai, a mãe
e seus três discípulos, e entrou aonde estava a menina.
41. Pegou-a pela mão, e disse-lhe: “Talitha, cumi!”, que quer dizer:
“Menina, eu te ordeno: Levanta-te!”

115
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
42. No mesmo instante a menina se levantou e começou a andar, pois já
tinha doze anos; e os que o presenciaram ficaram extremamente
admirados,
43. mas Jesus recomendou-lhes expressamente que a ninguém
contassem o que viram, e mandou que dessem de comer à menina.
JESUS EM NAZARÉ
(Sábado, 21 de outubro do ano 29 A.D.)
Mt. 13:54-58; Mc. 6:1-6a; Lc. 4:22b-30; Jo. 4:44
1. Saindo dali, foi para a sua aldeia, e seus discípulos o acompanharam.
2. Chegando o Sábado, pôs-se a ensinar na sinagoga; e todos os que o
ouviram ficaram admirados de sua exposição da Doutrina, e disseram:
“De onde lhe vem tudo isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada? E
como se realizam tais prodógios por suas mãos?
3. Não é ele o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e
Simão? E não vivem aqui entre nós as suas irmãs?” E, por não poderem
compreendê-lo, ficaram escandalizados por causa dele.
4. Percebendo suas dúvidas, Jesus lhes disse: “Um profeta só não é
reconhecido em sua própria terra, entre os parentes de sua própria casa”.
5. E não conseguiu realizar ali muitas curas, exceto alguns poucos aos
quais impôs as mãos e os curou,
6a. o que fez com que muito se admirasse da incredulidade deles;
JESUS PERCORRE A GALILÉIA
Mt. 9:35-38; Mc. 6:6b
6b. e percorria as aldeias circunvizinhas, ensinando a Doutrina do
reino da Luz Viva.
INSTRUÇÕES AOS EMISSÁRIOS – PARTE I
(Ano 30 A. D. ou 783 A. U . C. - Janeiro - Fevereiro)
Mt. 10:5-15; Mc. 6:7-11; Lc. 9:1-5
7. Então, chamou a si os Doze e começou a enviá-los, de dois em dois, e
deu-lhes Autoridade para pregar e expulsar espíritos desconectados
com a Luz Viva Substancial;

116
Sebastião Anselmo
8. e ainda os instruiu a deixarem-se plenamente aos cuidados do
Espírito da Luz Viva nada levando para o caminho, exceto apenas um
bordão: nem pão, nem alforje, nem dinheiro no cinto,
9. e que fossem calçados de sandálias, mas que não levassem duas
túnicas.
10. E disse-lhes mais: “Quando entrardes numa casa, nela permanecei
até vos retirardes do lugar;
11. e se nalgum lugar não vos receberem, nem derem atenção a vossas
palavras, saindo dali sacudi o pó da sola de vossos pés, como única
resposta, em testemunho do que aprendestes”.
PREGAÇÃO
Mt. 11:1; Mc. 6:12-13; Lc. 9:6
12. E, tendo eles saído, pregavam para que todos se convertessem ao
reino da Luz Viva.
13. E expulsavam a muitos espíritos desconectados, e curavam a
muitos enfermos, ungindo-os com óleo.
A MORTE DO BATISTA
Mt. 14:6-12a; Mc. 6:21-29
21. E chegou um dia favorável quando Herodes, por ocasião de seu
aniversário, ofereceu um banquete aos grandes de sua corte, aos seus
comandantes militares, e aos principais da Galiléia.
22. A filha de Herodíades entrou no salão de festas, dançou e agradou
a Herodes e aos convidados. Então, o rei disse à moça: “Pede-me o que
quiseres, e eu te darei”;
23. e jurou: “Ainda que me peças a metade do meu reino, eu te darei”.
24. Ela saiu e perguntou à sua mãe: “O que hei de pedir-lhe?” Ela
respondeu: “A cabeça de João Batista”.
25. Voltando logo, aproximou-se apressadamente do rei e fez-lhe o
pedido: “Quero que me dês, agora mesmo, numa bandeja, a cabeça de
João Batista”.
26. O rei entristeceu-se; mas, por causa do juramento que fizera diante
de seus convidados, não lhe pode recusar;

117
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
27. e, de pronto, enviou um guarda com a ordem de trazer a cabeça
numa bandeja; indo este, degolou a João no cárcere,
28. e trouxe a sua cabeça numa bandeja, como lhe fora ordenado, e a
deu à moça, e esta a entregou à sua mãe.
29. Sabendo disso, vieram os discípulos de João, levaram o seu corpo e
o depositaram num túmulo.
REGRESSO DOS EMISSÁRIOS
Mc. 6:30-31; Lc. 9:10
30. Retornando os Doze, reuniram-se com Jesus e contaram-lhe tudo o
que tinham feito e ensinado;
31. e ele lhes disse: “Vinde comigo a um lugar deserto e descansai um
pouco”, pois eram tantos os que entravam e saíam que não tinham
tempo nem para comer;
OPINIÃO DE HERODES
Mt. 14:1-2; Mc. 6:14-16; Lc. 9:7-9
14. A fama de Jesus mais e mais se difundia, e o rei Herodes, ouvindo
falar dele, disse: “João Batista ressuscitou dos mortos; por isso operam
nele esses poderes de cura”.
15. Outros, porém, diziam: “É Elias”, e outros ainda: “É um profeta,
como um dos profetas”.
16. Herodes, ouvindo o que falavam dele, disse: “É João, a quem
mandei decapitar; ele certamente ressuscitou dos mortos”.
JESUS É SEGUIDO
Mt. 14:12b-14; Mc. 6:32-34; Lc. 9:11; Jo. 6:1-4
32. e foram eles de barco a um lugar deserto.
33. Mas muitos, porém, que os viram partir, o comunicaram a outros e
foram por terra, lá chegando antes deles.
34. Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se
dela, porque eram como ovelhas sem pastor; e começou a ensinar-lhes
a Doutrina do reino da Luz Viva.

118
Sebastião Anselmo

1.ª MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES


Mt. 14:15-21; Mc. 6:35-44; Lc. 9:12-17; Jo. 6:5-13
35. Indo a hora já bastante adiantada, os discípulos se aproximaram
dele e disseram: “Rabi, este lugar é deserto e a hora segue avançada;
36. despede-os para que vão aos campos e povoados da região e comprem
para si o que comer”;
37. ele lhes respondeu: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Eles disseram:
“Devemos ir comprar duzentos denários de pão para dar-lhes de comer?”
38. Jesus lhes perguntou: “Quantos pães tendes? Ide ver”. Tendo ido
verificar, voltaram e lhe disseram: “Cinco pães e dois peixes”.
39. Então Jesus ordenou-lhes que a todos fizessem assentar, em grupos,
sobre a relva verde;
40. e sentaram-se em grupos de cem e de cinquenta.
41. E Jesus, tomando os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos ao
céu, agradeceu, partiu os pães e os foi dando aos discípulos para que
estes os distribuíssem; e do mesmo modo, repartiu os peixes entre
todos.
42. Todos comeram e ficaram satisfeitos;
43. e ainda recolheram, do que sobrou, doze cestos cheios.
44. Ora, todos os que comeram foram cerca de cinco mil homens.
EM ORAÇÃO
Mt. 14:22-23; Mc. 6:45-46; Jo. 6:14-15
45. Em seguida, mandou que seus discípulos embarcassem e fossem
adiante dele à outra margem, para Betsaida, enquanto ele despedia a
multidão.
46. Tendo-a despedido, subiu ao monte para orar.
JESUS ANDA SOBRE A ÁGUA
Mt. 14:24-33; Mc. 6:47-52; Jo. 6:16-21
47. Quando a noite baixou de todo, encontrava-se o barco já no meio
do mar, e ele sozinho em terra.

119
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
48. Vendo-os cansados de remar, porque o vento lhes era contrário,
pela quarta vigília da noite dirigiu-se até eles, caminhando sobre as
águas, e queria passar-lhes à frente.
49. Eles, porém, vendo-o caminhar sobre as águas turbulentas,
pensaram que fosse um fantasma e começaram a gritar,
50. porque aquela visão lhes causava pavor. Ele, porém, logo falou com
eles, dizendo: “Tende bom ânimo, sou eu, não temais”,
51. e subiu para junto deles no barco, e o vento cessou. Eles, porém,
ficaram tomados de espanto,
52. porque não haviam compreendido a demonstração prática da
utilização de seus Ensinamentos através da multiplicação dos pães; na
verdade, tinham o coração endurecido para compreender o poder da
fé.
EM GENESARÉ
Mt. 14:34-36; Mc. 6:53-56
53. Tendo passado para a outra margem, chegaram à terra de
Genesaré e ali atracaram;
54. quando Jesus saiu do barco, imediatamente o reconheceram
55. e, percorrendo toda aquela região, começaram a trazer em macas
todos os que se achavam acometidos por alguma enfermidade,
levando-os até onde ouviam que ele se encontrasse;
56. e em qualquer lugar que ele entrasse, fosse nas aldeias, nas cidades
ou nos campos, colocavam os enfermos na praça e lhe rogavam que os
deixasse tocar ao menos a orla do manto; e todos os que o tocaram,
ficaram curados.
DOGMAS HUMANOS
Mt. 15:1-11; Mc. 7:1-16
1. Reuniram-se com ele os fariseus e alguns escribas vindos de
Jerusalém
2. e, observando que alguns dos seus discípulos comiam os pães com as
mãos impuras, isto é, sem lavá-las

120
Sebastião Anselmo
3. — pois os fariseus, com efeito, assim como todos os judeus,
observando a tradição dos antigos, não se alimentam sem antes lavar
as mãos e os braços até o cotovelo,
4. e também ao voltarem da rua não comem sem antes banhar-se, além
de muitas outras regras seguidas por tradição como a lavagem de
copos, de jarras, de vasos de metal e assentos —
5. os fariseus e os escribas lhe perguntaram: “Por que os teus discípulos
não seguem a tradição dos antigos e comem sem lavar as mãos?”
6. Jesus lhes respondeu: “Quão bem profetizou Isaías a vosso respeito,
hipócritas, quando escreveu: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o
seu coração está longe de mim;
7. em vão me prestam culto, pois a doutrina que ensinam vem deles
próprios’.
8. Vós abandonastes a Doutrina da Luz Viva para seguirdes a doutrinas
inventadas por homens.
9. E acrescentou: “Sois muito bons em desprezar os Mandamentos do
Espírito da Luz Viva a fim de observardes a mandamentos de homens;
10. pois disse Moisés: ‘Honra a teu pai e a tua mãe’, e também: ‘Quem
maldisser a seu pai ou a sua mãe será réu de morte’;
11. mas vós, ao contrário, dizeis: ‘Se alguém disser a seu pai ou a sua
mãe: O sustento que poderíeis receber de mim eu o destinei a Corban —
isto é, oferta ao Templo —
12. está dispensado de prestar auxílio a seu pai e a sua mãe’,
13. anulando, assim, o mandamento do Vivo; e, do mesmo modo, fazeis
muitas outras coisas, semelhantes a esta, em nome de uma tradição que
vós mesmos criastes”.
14. E, chamando de novo a multidão para perto de si, ensinou-lhes:
“Ouvi bem, e compreendei:
15. Nada há fora do homem que, ao entrar nele, possa torná-lo
desconectado de sua Luz Essencial; mas o que sai do homem, isso sim, é
o que o torna desconectado.
16. Quem tem ouvidos de ouvir, ouça!”.

121
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

O QUE PREJUDICA
Mt. 15:12-20; Mc. 7:17-23; Lc. 6:39
17. Quando se afastou da multidão e entrou em casa, os discípulos lhe
perguntaram qual era o significado da parábola.
18. Ele lhes respondeu: “Também vós não tendes ouvidos de ouvir? Não
compreendeis que tudo o que entra no homem, vindo de fora, não pode
contaminá-lo,
19. porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e depois é lançado
fora?”. Com isso, Jesus declarou puro todos os alimentos.
20. E acrescentou: “É o que sai do homem o que contamina o homem;
21. porque vem de dentro, procede daquilo que o homem possui em seu
coração: É de lá que saem os maus pensamentos, as prostituições, os
furtos, os homicídios,
22. os adultérios, a cobiça, a malícia, a fraude, a devassidão, a inveja, a
calúnia, a arrogância, o desatino;
23. todas essas coisas procedem daquilo que o homem traz em seu
coração, e é isto que o desconecta com sua Luz Íntima e Essencial”.
CANANÉIA
Mt. 15:21-28; Mc. 7:24-30
24. Saindo dali, dirigiu-se ao território de Tiro. Entrou numa casa e
não queria que ninguém o soubesse; porém, não conseguiu permanecer
oculto por muito tempo.
25. Uma mulher, que tinha sua filha possuída por um espírito
desconectado, ouviu falar de sua chegada e para lá se dirigiu, e
prostrou-se aos seus pés.
26. A mulher não era judia, mas grega, de origem siro-fenícia, e
rogava-lhe que expulsasse o demônio de sua filha.
27. Mas Jesus lhe disse: “Deixa primeiro que se saciem os filhos, pois
não é bom tomar o pão dos filhos para lançá-lo aos cachorrinhos”.
28. Respondeu-lhe a mulher: “É verdade, Senhor; mas também os
cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que os filhos deixam
cair”.

122
Sebastião Anselmo
29. Então, Jesus lhe disse: “Por causa do que disseste, vai: O demônio já
saiu da tua filha”.
30. Ela voltou para casa e encontrou a filha deitada na cama; o espírito
desconectado com sua Luz Íntima e Essencial a havia deixado.
O SURDO-GAGO
Junho do ano 30
Mc. 7:31-37
31. Depois, deixando o território de Tiro, passou por Sidônia, e seguiu
em direção do mar da Galiléia, atravessando a região da Decápole.
32. Pelo caminho, trouxeram-lhe um homem surdo e gago e pediram-
lhe que impusesse as mãos sobre ele.
33. Afastando-o da multidão e levando-o à parte, pôs seus dedos nos
ouvidos dele; depois, cuspindo na mão, tocou-lhe a língua com a sua
saliva;
34. e, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer
dizer: “Abre-te!”.
35. Imediatamente os seus ouvidos se abriram e se soltou o
impedimento da língua, e começou a falar corretamente.
36. Então, Jesus recomendou a todos que não relatassem a ninguém
aquela cura; mas quanto mais ele recomendava, tanto mais o
divulgavam,
37. porque estavam sobremaneira admirados, e diziam: “Em tudo ele
faz o Bem, por isso consegue fazer com que os surdos ouçam e os mudos
falem”.
SEGUNDA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES
Mt. 15:32-38; Mc. 8:1-9
1. Naqueles dias, tendo se juntado novamente uma grande multidão, e
não tendo o que comer, chamou Jesus os seus discípulos e disse:
2. “Olhai, tenho compaixão desta gente, porque já faz três dias que estão
comigo e não têm o que comer;
3. se eu os mandar de volta para casa, famintos como estão, desfalecerão
pelo caminho; e muitos deles voeram de longe”.

123
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
4. Os discípulos lhe responderam: “Porém, como poderemos saciá-los
de pão num lugar tão deserto?”
5. Jesus lhes perguntou: “Quantos pães tendes?” Responderam: “Sete”.
6. Então, Jesus ordenou ao povo que se assentassem no chão; e
tomando os sete pães, agradeu, partiu-os e os deu aos discípulos para
que estes os distribuíssem ao povo; e assim eles fizeram.
7. Tinham ainda alguns peixinhos; e abençoando-os, mandou que os
servissem também.
8. Assim, todos comeram até ficar satisfeitos; e dos pedaços que
sobraram, ainda recolheram sete cestos.
9. E eram eles cerca de quatro mil homens; então, despediu-os de volta
para casa.
PEQUENA VIAGEM
Mt. 15:39; Mc. 8:10
10. Em seguida, subindo imediatamente no barco com os seus
discípulos, partiu para a região de Dalmanuta.

O FERMENTO DOS FARISEUS


Mt. 16:5-12; Mc. 8:14-21
14. Os discípulos esqueceram-se de levar pão; e não tinham consigo no
barco senão uma só côdea.
15. E Jesus lhes ensinava a Doutrina, dizendo: “Atenção! Tomai
cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes”.
16. Eles, porém, tendo ainda o coração endurecido, cochichavam entre
si, dizendo: “Está falando isto porque nos esquecemos de trazer pão”.
17. Percebendo que não compreenderam o Ensinamento, Jesus lhes
disse: “Por que estais dizendo que tal Ensino se deve a não terdes trazido
pão? Falta-lhes exemplos de Conexão Íntima com a Luz para
compreender? Ou tendes o coração endurecido?
18. É o caso de que, tendo olhos não veem? E tendo ouvidos, não ouvem?
Esqueceram-se de

124
Sebastião Anselmo
19. quando reparti os cinco pães para cinco mil homens, e de quantos
cestos cheios recolhestes do que sobrou?” Eles responderam: “Doze”.
20. “E de quando reparti os sete pães para quatro mil homens, quantos
cestos cheios recolhestes do que sobrou?” Responderam: “Sete”.
21. Então, disse-lhes: “Pois como podem, ainda, não compreender?”
O CEGO DE BETSAIDA
Mc. 8:22-26
22. E chegaram a Betsaida. Então, trouxeram-lhe um homem cego,
rogando-lhe que apenas o tocasse;
23. e Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora do povoado e,
aplicando a sua própria saliva aos olhos do cego e impondo-lhe as
mãos, perguntou: “Consegues ver alguma coisa?”
24. O homem, começando a recobrar a visão, respondeu: “Vejo as
pessoas se movendo como árvores”.
25. Então, Jesus impôs novamente as mãos sobre os seus olhos e ele
voltou a ver de forma nítida, ficando curado de sua enfermidade; e via
tudo com clareza, mesmo olhando de longe.
26. Em seguida, Jesus despediu-o dizendo: “Não te desvies no caminho,
retorne direto para a sua casa!”.
A CONFISSÃO DE PEDRO
Mt. 16:13-20; Mc. 8:27-30; Lc. 9:18-21
27. E partiu Jesus com seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de
Filipe; e, no caminho, interrogou-os, dizendo: “Que dizem os homens
do Filho do Homem?”
28. Eles responderam: “Uns dizem que é João Batista; outros, dizem que
é Elias; e outros ainda, dizem que é um dos profetas”.
29. Ele voltou a perguntar: “E vós, que dizeis do Filho do Homem?”
Pedro respondeu: “Tu és o Impregnado de Luz Viva”.
30. Então advertiu-os severamente para que a ninguém revelassem
isto.

125
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

PREDIÇÃO DA MORTE - 1
Mt. 16:21-23; Mc. 8:31-33; Lc. 9:22
31. E começou Jesus a explicar-lhes a necessidade de o Filho do
Homem sofrer muitos suplícios, ser rejeitado pelos anciãos do povo,
pelos principais sacerdotes e pelos escribas e ser assassinado, para que,
após três dias, ressuscitasse do reino dos mortos e voltasse à vida;
32. e tudo isto dizia abertamente, falando com franqueza. Então Pedro,
conduzindo-o à parte, começou a admoestá-lo.
33. Ele, porém, virando-se e olhando para os discípulos, repreendeu a
Pedro, dizendo: “Para trás de mim, Antagonista! Porque não enxergas o
mundo pelos olhos da Luz Viva, mas pelo egoísmo dos homens”.
O DISCIPULATO
Mt. 16:24-28; Mc. 8:34-38 e 9: 1; Lc. 9:23-27
34. E chamando a si a multidão, juntamente com os seus discípulos,
disse-lhes: “Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, carregue a
sua cruz e siga-me;
35. porque quem quiser preservar a sua alma, a perderá; mas quem
renunciar à sua alma, por seguir à Doutrina do reino da Luz Viva,
encontrará a Vida.
36. Pois que adiantará ao homem conquistar o mundo todo e não
alcançar a Comunhão Íntima com a Luz Viva?
37. Qual é o preço a pagar para alguém alcançar Comunhão com a Vida
que emana d’Ela mesma?
38. Porque quem não aceitar a mim e à Doutrina do reino da Luz Viva, a
fim de permanecer nesta geração adúltera e desviada, não verá o Filho
do Homem chegar na Força e Poder Substancial do reino d’A Luz do
Vivo acompanhado de seus santos enviados”.
9:1. E disse mais: “Em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, eu
vos digo que alguns de vós, que aqui estão presentes, não experimentarão
a morte e alcançarão o reino da Luz, que já vem chegando, como prêmio
ao seu esforço”.

126
Sebastião Anselmo

A TRANSFIGURAÇÃO
Mt. 17:1-9; Mc. 9:2-9; Lc. 9:28-36
2. Passados seis dias, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João e os
fez subir com ele num lugar à parte, no alto de um monte; e
transfigurou-se diante deles:
3. Suas vestes se tornaram resplandecentes, de uma brancura
luminosa, como a neve, de um modo tal que nenhum lavandeiro sobre
a terra as poderia alvejar;
4. então, apareceram-lhes, diante dos olhos, os espíritos de Moisés e
Elias conversando com Jesus.
5. Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: “Rabi, como se sente bem
aqui! Façamos, pois, três tendas: Uma para ti, uma para Moisés e uma
para Elias”.
6. Na verdade, nem Pedro sabia o que dizer naquela circunstância, pois
haviam ficado tomados pelo medo;
7. então, surgiu uma nuvem de Luz envolvendo-os, e da nuvem saiu
uma voz, dizendo: “Este é o Meu Filho Amado, no qual me Manifesto:
Ouvi-o!”.
8. Quando a nuvem se dissipou, os discípulos olharam ao redor, mas a
ninguém mais viram, senão somente a Jesus, ali com eles.
9. Ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes que a ninguém
contassem sobre a visão que tiveram, até o momento em que o Filho do
Homem ressuscitasse da morte.
REENCARNAÇÃO
Mt. 17:10-13; Mc. 9:10-13
10. Refletindo sobre a ordem de Jesus, os discípulos começaram a
discutir sobre o que realmente ele quis dizer com ‘ressuscitar da
morte’;
11. então, lhe perguntaram: “Por que os escribas dizem que, antes de
vós, primeiro deve vir Elias?”
12. Ele lhes respondeu: “Certamente que, de acordo com a Escritura,
Elias deve vir primeiro, a fim de restaurar todas as coisas. Entretanto,

127
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
também lá não está escrito que o Filho do Homem haverá de muito
padecer e ser tratado com desprezo?
13. Pois eu os digo, em Imerso em Espírito Verdadeiro, que Elias já veio
e a ele não deram nenhuma importância; como, aliás, está escrito a
respeito dele”.
A CURA DO EPILÉPTICO
Mt. 17:14-18; Mc. 9:14-27; Lc. 9:37-43a
14. Quando voltaram para onde estavam os outros discípulos, viram
uma grande multidão em torno deles e alguns escribas que com eles
discutiam.
15. Quando a multidão, tomada de surpresa, o avistou, logo correu
para saudá-lo;
16. e ele lhes perguntou: “Sobre o que estais discutindo?”
17. Alguém da multidão respondeu: “Rabi, eu te trouxe meu filho
possuído por um espírito desconectado que o deixa mudo,
18. e cada vez que o ataca, ele o atira ao chão: Ele solta espuma, range
os dentes e fica rijo. Pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas não
conseguiram”.
19. Ele lhes respondeu: “Ó geração incrédula! Até quando estarei
convosco? Até quando vos suportarei? Trazei-o a mim”;
20. e eles, imediatamente, o trouxeram. Quando o espírito viu Jesus,
logo sacudiu violentamente o menino, que caiu por terra e se revolveu,
espumando.
21. Jesus perguntou ao pai do menino: “Há quanto tempo lhe acontece
isto?” Ele respondeu: “Desde criança;
22. e muitas vezes o atira no fogo ou na água a fim de matá-lo. Se podes
fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos”.
23. Jesus lhe respondeu: “Se posso? Tudo é possível àquele que crê!”;
24. e o pai do menino, imediatamente, gritou: “Eu creio! Socorre a
minha falta de fé”.

128
Sebastião Anselmo
25. E Jesus, vendo que a multidão se aglomerava ao seu redor,
repreendeu severamente o espírito imundo, e disse: “Espírito mudo e
surdo, eu te ordeno: Sai dele e não voltes a perturbá-lo”.
26. E o espírito, urrando e agitando o menino com violência, deixou-o.
O menino ficou como morto, estirado no chão; e o povo começou a
dizer: “Está morto!”.
27. Mas Jesus, tomando-o pela mão, despertou-o; e o menino se
levantou.
A FÉ
Mt. 17:19-21; Mc. 9:28-29
28. Quando Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram em
particular: “Por que não pudemos nós expulsá-lo?”
29. Jesus respondeu: “Não se expulsa essa classe de espírito se não tiver
Conexão-Íntima com a Luz Viva”.
PREDIÇÃO DA MORTE - 2
(setembro de ano 30)
Mt. 17:22-23; Mc. 9:30-32; Lc. 9:43b-45
30. E, partindo dali, foi Jesus com os seus discípulos atravessando todo
o território da Galiléia; e não queria que ninguém o soubesse.
31. Aos discípulos, ele dizia: “O Filho do Homem será entregue às mãos
dos homens, que o matarão; porém, ao terceiro dia, ressuscitará dos
mortos”;
32. e, embora não compreendessem o significado profundo de suas
palavras, não se atreviam a fazer-lhe perguntas.
SIMPLICIDADE
Mt. 18:1-5; Mc. 9:33-37; Lc. 9:46-48
33. E chegaram a Cafarnaum; e, estando ele em casa, perguntou aos
seus discípulos: “Sobre o que discutíeis no caminho?”
34. Eles ficaram calados, porque no caminho haviam discutido sobre
qual deles era o maior.
35. Então ele se sentou, chamou os Doze para perto de si, e ensinou:
“Aquele que quiser ser o primeiro, seja o último e servidor de todos”.

129
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
36. Depois, convocou um dos pequeninos que o seguiam e colocou-o no
meio deles; e então, abraçando-o, continuou:
37. “Qualquer um que acolher a um destes pequeninos, por seguir a
Doutrina da Luz, é a mim que acolhe; e quem acolhe a mim, não é a mim
que acolhe, mas Àquele que me enviou”.
TOLERÂNCIA
Mc. 9:38-41; Lc. 9:49-50
38. Disse, então, João a Jesus: “Rabi, vimos um homem que expulsava
espíritos desconectados em teu nome, e lho proibimos; porque não te
segue conosco”.
39. Jesus respondeu: “Não o impeçais, pois não há ninguém que faça
prodígios em meu nome e, logo depois, possa falar mal de mim;
40. porque quem não é contra nós está a nosso favor;
41. e quem vos der de beber, ainda que seja um copo de água fria, por
serdes mensageiros da Doutrina da Luz Viva, em Perfeita Comunhão eu
vos digo: De modo algum ficará sem o seu quinhão de Comunhão Íntima
com a Luz.
CURA DE UM OBSIDIADO
Mc. 1:21b-28; Lc. 4:31b-37
21b. e, no sábado seguinte, entrou Jesus na sinagoga para ensinar.
22. O povo se admirava com o seu modo de ensinar, pois ele os
ensinava com obras, como quem tem autoridade, e não como o faziam
os escribas, apenas com palavras sem o testemunho das ações.
23. Na sinagoga havia um homem possuído por uma alma
desconectada intimamente com o Espírito da Luz Viva, que gritava,
24. dizendo: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos
destruir? Sei quem és: O Ungido Permeado de Luz Viva”.
25. Jesus o repreendeu, dizendo: “Cala-te e sai dele”.
26. A alma desconectada internamente com o Espírito da Luz Viva,
então, sacudindo-o violentamente e soltando um grande grito, saiu
daquele homem.

130
Sebastião Anselmo
27. Todos ficaram tão admirados que se perguntavam uns aos outros:
“O que é isto? Que nova Doutrina é esta? Porque ele dá ordens até
mesmo às almas
28. E sua fama se espalhou rapidamente por todos os lugares, em toda
a região da Galiléia.
CURA DE UM OBSIDIADO
Mt. 12:22-30; Mc. 3:22-27; Lc. 11:14-23
22. E os escribas que haviam descido de Jerusalém, diziam: “Está
possuído por Belzebu”, e também: “É pela autoridade do príncipe dos
demônios que ele expulsa os demônios”;
23. mas Jesus, chamando-os para perto de si, exortou-os com
parábolas, dizendo: “Pensai bem: Como pode o Antagonista voltar-se
contra si mesmo e
24. Pode um reino, dividido contra si mesmo, subsistir?
25. Assim também uma casta, dividida contra si mesma, não poderá
subsistir.
26. Do mesmo modo, se o Antagonista se levantou contra si mesmo, e se
dividiu, seu reino não poderá subsistir; mas estará fadado ao fracasso.
27. Como poderá alguém entrar na casa de um homem forte e despojá-lo
de seus bens, sem primeiro o dominar? Somente depois poderá destituir-
lhe de seus pertences.

FALAR CONTRA O ESPÍRITO


Mt. 12:31-37; Mc. 3:28-30
28. Em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, eu vos digo: Aos
homens serão perdoados todos os pecados e blasfêmias que entre si
tiverem praticado;
29. mas aquele, porém, que tiver blasfemado contra o Espírito da Luz
Viva, isto não lhe será passível de perdão; porque é delito que não é
passível de remissão”.
30. Jesus disse isto porque falavam, a seu respeito: “Está possuído por
um espírito imundo”.

131
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

O SINAL CELESTE
Mt. 12:38-42; Mc. 8:11-13; Mt. 16:1-4; Lc. 11:29-32
11. Saíram, então, os fariseus, e vieram ter com ele, a fim de provocá-
lo; e pediram-lhe que realizasse algum prodígio realizado pela da Luz
Viva, a fim de que cressem nele.
12. E Jesus, arrancando do fundo de seu coração um suspiro
lamentoso, disse: “Para que esta geração pede um sinal? Em Comunhão
Íntima com o Espírito da Luz Viva, eu vos digo que nenhum sinal será
suficiente para convencer a esta geração”;
13. e, deixando-os, embarcou de novo e foi para a outra margem.
MOSTARDA E FERMENTO
Mt. 13:31-33; Mc. 4:30-32; Lc. 13:18-22
30. E continuou: “Com que compararemos o reino da Luz da Luz? Como
podemos representá-lo?
31. É como um grão de mostarda, o qual, ao ser semeado na terra, é a
menor de todas as sementes;
32. mas, depois de semeada, cresce e se torna a maior de todas as
hortaliças, e lança ramos altos, de tal forma que as aves do céu vêm
abrigar-se em sua sombra”.
A SEMENTE
Mc. 4:26-29
26. E ensinava: “O reino da Luz Viva é comparável a um homem que
lançou a semente em seu campo:
27. Estando ele dormindo ou acordado, sendo dia ou noite, a semente
germina e cresce, sem que ele possa dizer como isto acontece.
28. A terra por si mesma produz fruto: Primeiro aparecem as folhas,
depois a espiga e, finalmente, os grãos cheios que recobrem a espiga.
29. E cada vez que o fruto fica maduro, mete-se-lhe a foice, pois é
chegado o momento da colheita”.

132
Sebastião Anselmo

VOLTA A TRANSJORDÂNIA
Mt. 19:1b-2; Mc. 10:1; Jo. 10:40-42
1. Partindo dali, ele foi para o território da Judéia, do outro lado do
Jordão; e outra vez as multidões se reuniram em torno dele e, como
era seu costume, os ensinava.
ESCÂNDALOS
Mt. 18:6-10; Mc. 9:42-48; Lc. 17:1-2
42. Se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem em mim,
melhor seria que se lhe atassem ao pescoço uma mó de jumento e o
atirassem ao mar.
43. Se tua mão te faz cair, corta-a; porque melhor te é entrar na
Comunhão com a Vida Imanente com uma só mão do que, tendo as duas,
sejas lançado na geena, para o fogo regenerador que nunca se apaga;
44. lá, onde o verme não morre e o fogo não se extingue. [*Obs.:
Algumas traduções omitem este versículo].
45. E se teu pé te faz cair, corta-o; porque melhor te é entrar na
Comunhão com a Vida Imanente com um só pé do que, tendo os dois,
sejas lançado na geena,
46. lá, onde o verme não morre e o fogo não se extingue. [*Obs.:
Algumas traduções omitem este versículo].
47. E se teu olho te faz cair, arranca-o; porque melhor te é entrares na
Comunhão com a Vida Imanente com um só olho do que, tendo os dois,
sejas lançado na geena,
48. lá, onde o verme não morre e o fogo não se extingue.
LIBELO DE REPÚDIO
Mt. 19:3-12; Mc. 10:2-12
2. E vieram a ele alguns fariseus que, para colocá-lo à prova,
perguntaram: “É lícito a um homem repudiar sua mulher?”
3. Ele respondeu: “Que vos ordenou Moisés?”
4. Disseram: “Moisés permitiu dar carta de divórcio e repudiar”.
5. Jesus, então, disse-lhes: “Por causa da dureza de vossos corações é
que vos escreveu esse preceito,

133
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
6. mas no início da criação a Luz Viva manifestou-os macho e fêmea;
7. por essa razão, deixará o homem de ser pai e mãe e se unirá à sua
contraparte, tornando-se os dois um só corpo;
8. de modo que já não serão dois, mas um só corpo;
9. então, que prevaleça o modo como o Pai, que é Luz Viva, os gerou, e
que os preceitos humanos não o contrarie”.
10. Entrando em casa, os discípulos de novo o interrogaram sobre isso,
11. e ele lhes respondeu: “Todo aquele que se dividir de sua contraparte
e se ligar a outro, comete adultério contra a sua natureza primeira;
12. e aquele que a ele se ligar, por sua vez também comete adultério”.
JESUS E AS CRIANÇAS
Mt. 19:13-15; Mc. 10:13-16; Lc. 18:15-17
13. E trouxeram-lhe alguns pequeninos para que os tocasse, mas os
discípulos os impediam;
14. vendo isso, Jesus indignou-se ao extremo, e lhes disse: “Deixai que
venham a mim os pequeninos e não os impeçais, porque deles é o reino
da Luz Viva.
15. Em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, eu vos digo:
Aquele que não receber o reino da Luz como um pequenino, de modo
algum entrará
nele”.
16. E então, abraçando-os e acariciando-os, impôs as suas mãos sobre
eles.
O MOÇO RICO
Mt. 19:16-22; Mc. 10:17-22; Lc. 18:18-23
17. Quando se pôs a caminho, eis que alguém, correndo, o alcançou e,
ajoelhando-se diante dele, perguntou: “Bom Mestre, o que devo fazer
para entrar em Conexão Íntima com a Vida Imanente que brota d’Ela
Mesma?”
18. Jesus lhe respondeu: “Por que me chamais Bom? Bom é apenas o
Um, o Pai, que é Luz Viva.

134
Sebastião Anselmo
19. Tu conheces os Mandamentos: Não matarás, não adulterarás, não
furtarás, não darás falso testemunho, não cometerás fraudes, honrarás a
teu pai e a tua mãe”.
20. Ele replicou: “Rabi, tudo isso tenho praticado desde a minha
juventude”.
21. Jesus o olhou com carinho e lhe disse: “Uma coisa ainda te falta:
Vai, vende todos os teus bens e dá o dinheiro aos pobres, assim terás um
tesouro no reino da Luz Viva; depois vem e segue os Ensinamentos”.
22. Ele, porém, ouvindo esse Ensinamento, afastou-se tomado de
tristeza, porque era possuidor de muitos bens.
DIFICULDADE DOS RICOS
Mt. 19:23-30; Mc. 10:23-31; Lc. 18:24-30
23. Olhando ao redor de si, disse Jesus aos seus discípulos: “Como
terão dificuldades para entrar no reino da Luz Viva aqueles que possuem
riquezas!”
24. Então, vendo o assombro que esse Ensino causava em seus
discípulos, Jesus insistiu, dizendo: “Sim, filhos, quão difícil é para
aqueles que são apegados a bens materiais, a sua entrada no reino da
Luz Viva:
25. É mais fácil passar um camelo, passando pelo buraco da agulha, do
que entrar um rico no reino da Luz Viva”.
26. Ainda mais espantados, diziam os seus discípulos uns aos outros:
“Quem, então, entre esses, poderá salvar-se?”
27. Então, fitando-os nos olhos, Jesus disse: “Para eles, isso é
impossível; porém, para o Pai, que é Luz Vivificadora, tudo é possível”.
28. Pedro, então, lhe disse: “E quanto a nós, que tudo deixamos para te
seguir?”
29. Jesus respondeu: “Em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz
Viva, eu vos digo: Todo aquele que, para seguir a Doutrina do reino,
tiver deixado o apego a bens materiais e parentes consanguíneos, como
casa ou irmãos ou irmãs ou mãe ou pai ou filhos ou campos,
30. receberá, ainda nesta existência, o cêntuplo em casas e irmãos e
irmãs e mães e filhos e campos, acompanhados de perseguições,

135
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
conquistando, assim, a Comunhão Íntima com a Vida que brota d’Ela
mesma;
31. porém, muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão
primeiros”.
PREDIÇÃO DAS DORES
Mt. 20:17-19; Mc. 10:32-34; Lc. 18:31-34
32. Estavam no caminho, subindo para Jerusalém, e Jesus ia adiante
deles, que o seguiam pesarosos e assustados; em dado momento, ele
tomou novamente os Doze consigo e começou a anunciar o que iria lhe
acontecer, dizendo:
33. “Vede, estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será
entregue aos chefes dos sacerdotes e aos escribas da Lei, e eles o
condenarão à morte e o entregarão aos gentios,
34. a fim de ser escarnecido, cuspido, açoitado e morto; mas no terceiro
dia, porém, ressurgirá dos mortos”.
PEDIDO EXTEMPORÂNEO
Mt. 20:20-28; Mc. 10:35-45
35. E aproximaram-se dele Tiago e João, os filhos de Zebedeu,
dizendo-lhe: “Rabi, queremos que nos concedas o que te pedirmos”.
36. Ele perguntou-lhes: “Que quereis que vos faça?”
37. Responderam: “Concede-nos que nos sentemos um à direita e outro
à esquerda de tua Força e Poder Essenciais”.
38. Jesus replicou: “Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber do cálice
que estou para beber e ser mergulhados no mergulho em que serei
mergulhado?”
39. Responderam: “Podemos!” Então, Jesus lhes disse: “Bebereis do
cálice que vou beber e sereis mergulhados no mergulho em que serei
mergulhado;
40. mas o assentar-se à direita ou esquerda do Poder da Luz Vivificante
não cabe a mim conceder: É prerrogativa do Pai conceder para aqueles a
quem tem preparado”.
41. Quando os outros dez ouviram isso, começaram a indignar-se
contra Tiago e João.
136
Sebastião Anselmo
42. Mas Jesus, chamando-os, disse: “Sabeis como agem no mundo os
governantes dos povos, de como tiranizam os seus súditos, e de como
agem os poderosos, impondo com violência a sua autoridade;
43. mas entre vós, porém, não será assim: Pelo contrário, aquele que
quiser ser o maior entre vós, deverá tornar-se o menor e servo de todos;
44. sim, aquele que quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o último e
servidor de todos,
45. assim como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para
servir e oferecer a vivência da Doutrina da Luz Viva como um Caminho
de Libertação para todos que a seguirem”.
CURA DE BARTIMEU
Mt. 20:29-34; Mc. 10:46-52; Lc. 18:35-43
46. E chegaram a Jericó; e quando Jesus já ia saindo de Jericó,
acompanhado de seus discípulos e grande multidão, estava sentado à
beira do caminho, mendigando, o cego Bartimeu, filho de Timeu;
47. e este, ouvindo que era Jesus de Nazaré que passava, começou a
gritar: “Descendente de Davi, compadece-te de mim!”;
48. e muitos o repreendiam para que se calasse; mas ele gritava ainda
mais alto: “Descendente de Davi, compadece-te de mim!”;
49. então, detendo-se, Jesus disse: “Chamai-o!”; e chamaram o cego,
dizendo-lhe: “Tende bom ânimo! Levanta-te, ele te chama”;
50. e ele, imediatamente lançando fora a sua capa, pôs-se de pé e
cambaleou até Jesus.
51. Quando chegou, Jesus lhe disse: “Que queres que te faça?” O cego
respondeu: “Rabi, que eu veja novamente”.
52. Jesus lhe disse: “Vai, tua fé te curou”. No mesmo instante ele
recobrou a visão e o seguia pelo caminho.
A UNÇÃO EM BETÂNIA
Mt. 26:6-13; Mc. 14:3-9; João, 12:1-8
3. Em Betânia, quando estava assentado à mesa em casa de Simão, o
leproso, aproximou-se de Jesus uma mulher trazendo um frasco de
alabastro, cheio de um perfume de nardo puro, caríssimo, e quebrou o
frasco e o derramou sobre a sua cabeça.
137
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
4. Alguns entre os presentes se indignaram, e comentavam entre si:
“Para que esse desperdício de perfume?
5. Esse perfume poderia ser vendido por trezentos denários, e o dinheiro
distribuído aos pobres”. E murmuravam contra ela.
6. Mas Jesus os interrompeu, dizendo: “Deixai-a. Por que a aborreceis?
Ela praticou uma boa ação para comigo.
7. Quanto aos pobres, sempre os tereis convosco; mas a mim, nem
sempre tereis.
8. Ela fez o que estava ao seu alcance: Antecipou-se à minha morte,
ungindo o meu corpo para a sepultura.
9. Em verdade vos digo: Onde quer que a Doutrina da Luz Viva venha a
ser pregada, isto que ela fez em meu favor também será contado para que
a sua memória fique preservada”.
A CAMINHO DE JERUSALÉM
Mt. 21:1-9; Mc. 11:1-10; Lc. 19:29-40; Jo. 12:12-19
1. Quando se aproximavam de Jerusalém, diante de Betfagé e de
Betânia, junto do monte das Oliveiras, enviou Jesus dois de seus
discípulos,
2. dizendo-lhes: “Ide à aldeia que está à vossa frente e, logo que
entrardes, encontrareis um jumentinho amarrado, sobre o qual nenhum
homem ainda montou: Soltai-o e trazei-o.
3. E se alguém vos perguntar: ‘Por que fazeis isso?’, respondei: ‘O
Mestre tem necessidade dele, mas logo o devolverá’”.
4. Eles foram e encontraram o jumentinho amarrado junto a um
portão, do lado de fora, na rua, e o soltaram;
5. e alguns dos que lá estavam lhes perguntaram: “Por que estais
soltando o jumentinho?”;
6. eles responderam conforme Jesus lhes havia instruído, e eles os
deixaram partir;
7. então, levaram o jumentinho a Jesus e puseram sobre ele as suas
vestes; então, Jesus o montou

138
Sebastião Anselmo
8. e muitos forravam o caminho com seus mantos, enquanto outros
cobriam o chão com ramos apanhados no campo.
9. Os que iam à frente dele e os que iam atrás, gritavam: “Hosana!
Bendito o que vem em nome do Espírito da Luz!
10. Bendito o reino que vem, de nosso pai Davi! Hosana na mais Alta
Luz!
NA CIDADE
Mt. 21:10-11; Mc. 11:11a
11a. Entrou Jesus em Jerusalém e logo se dirigiu ao Templo.
JESUS SE RETIRA
Mc. 11:11b
11b. e, depois de fazer rigorosa inspeção no Templo, sendo já tarde,
saiu com os Doze para Betânia.
A FIGUEIRA HIPÓCRITA
Mt. 21:18-19; Mc. 11:12-14
12. No dia seguinte, quando saíam de Betânia, teve fome.
13. E, vendo ao longe uma figueira coberta de folhagem promissora, foi
até ela para ver se encontraria algum fruto; mas nada encontrou,
senão somente folhas, pois ainda não era tempo de figos.
14. Então, lhe disse: “Jamais comerá alguém fruto de ti”; e os seus
discípulos o ouviram.
EXPULSÃO DOS EXPLORADORES
(Em Jerusalém, abril de 29 A.D.)
Mc. 11:15-17; Mt. 21:12-13; Lc. 19:45-46; Jo. 2:14-17
15. E chegaram a Jerusalém. Entrando ele no Templo, começou a
expulsar os que ali vendiam e compravam: derrubou as mesas dos
cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas,
16. e não permitia que ninguém atravessasse o templo
17. levando qualquer objeto. E ensinava dizendo: “Não está escrito:
‘Minha casa será chamada casa de oração para todas as nações’? Vós,
porém, a transformastes em covil de ladrões”.

139
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

A FIGUEIRA SECA
Mt. 21:20-22; Mc. 11:20-23; Lc. 17:5-6
20. No outro dia, pela manhã, ao passarem pela figueira, viram que ela
havia secado até a raiz.
21. Pedro lembrou-se do que Jesus dissera, e falou: “Olha, Mestre! A
figueira que amaldiçoaste secou”,
22. e Jesus lhe respondeu: “Crede na Força e Poder da Luz,
23. porque, em Perfeita Comunhão, eu te digo que, se alguém, sem
duvidar em seu coração e crendo que acontecerá exatamente o que
determinar, disser a este monte: ‘Ergue-te daqui e lança-te no mar’, isso
acontecerá.
ENSINO NO TEMPLO
Mc. 11:18-19; Lc. 19:47-48; Lc. 21:37-38
18. Os principais sacerdotes e escribas, tendo ouvido o que Jesus
dissera, pensavam num modo de acabar com ele, porque o temiam,
pois todo o povo admirava a sua Doutrina.
19. E, caindo a tarde, ele saiu da cidade.
O PODER DE JESUS
Mt. 21:23-27; Mc. 11:27-33; Lc. 20:1-8
27. Foi de novo a Jerusalém e, enquanto Jesus passeava pelo Templo,
vieram a ele os chefes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos do povo,
28. e lhe perguntaram: “De onde lhe vem a Força e o Poder com que
fazes estes prodígios? E quem te deu Autoridade para fazê-los?”
29. Jesus lhes respondeu: “Também eu tenho uma pergunta para fazer-
vos; se a responderdes, também eu vos responderei a vossa:
30. O mergulho de João, de onde vinha: Da Luz, ou dos homens?
Respondei-me”.
31. Eles arrazoavam entre si, dizendo: “Se respondermos ‘Da Luz’, ele
nos perguntará: ‘Por que não crestes nele?’
32. Por outro lado, se respondermos: ‘Dos homens’, o povo nos atacará,
pois o têm como profeta”.

140
Sebastião Anselmo
33. Por isso, responderam: “Não sabemos”; e Jesus lhes disse:
“Tampouco eu vos digo donde me vem a Força e o Poder com que realizo
esses prodígios.
OS LAVRADORES MAUS
Mt. 21:33-46; Mc. 12:1-12; Lc. 20:9-19
1. E começou a falar-lhes em parábolas, dizendo: “Um homem plantou
uma vinha, a rodeou com uma cerca, cavou um lagar, e construiu uma
torre; depois, arrendou-a a uns certos lavradores e saiu do país.
2. Quando chegou o tempo da colheita, enviou um servo aos lavradores
para receber a sua parte do fruto da vinha;
3. mas os lavradores não lhe deram ouvidos e, agarrando-o, o
espancaram e mandaram-no de volta sem nada.
4. Enviou-lhes de novo um segundo servo, mas também a este não
ouviram; e feriram-no na cabeça e o insultaram.
5. Enviou ainda um terceiro, e a este mataram. Depois, enviou a muitos
outros, que também não foram ouvidos: A uns espancaram, e a outros
mataram.
6. E assim foi, até que lhe restou apenas um, o seu filho amado; e enviou
a este por último, dizendo: ‘A meu filho ouvirão’.
7. Os lavradores, porém, ouvindo o seu filho, o reconheceram, e disseram
entre si: ‘É este o herdeiro; matemo-lo e fiquemos com a vinha’;
8. e então, agarrando-o, o mataram e despejaram fora da vinha.
9. Que fará, então, o dono da vinha? Virá, expulsará aqueles homens, e
confiará a sua vinha a outros lavradores.
10. Nunca lestes a Escritura, que diz: ‘A pedra que os construtores
rejeitaram essa é a pedra angular;
11. assim o quis o Senhor, para que os nossos olhos ficassem
maravilhados’?”
12. Tentaram agarrá-lo, pois compreenderam que a parábola era
sobre eles; mas recuaram, porque temiam o povo. E então, deixando-o
foram embora.

141
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

A MOEDA DE CÉSAR
Mt. 22:15-22; Mc. 12:13-17; Lc. 20:20-26
13. Enviaram-lhe, então, alguns dos fariseus e dos herodianos, a fim de
enredá-lo com suas próprias palavras;
14. aproximaram-se dele, e lhe disseram: “Rabi, sabemos que te
pontuas pelo Espírito Verdadeiro e que não fazes acepção de pessoas,
porque não olhas o homem pela sua forma exterior; e que, através de
Contato Íntimo, ensinas a Doutrina da Luz. Dá-nos, pois, a tua opinião
sobre isto: É lícito, ou não, pagar tributo a César? Pagamos ou não
pagamos?”
15. Ele, porém, conhecendo a malícia de seus corações, respondeu-lhes:
“Por que me colocais à prova? Trazei-me um denário, para que eu o
veja”;
16. eles lho trouxeram. E ele, analisando-o, perguntou-lhes: “De quem
é esta imagem e inscrição?” Eles responderam: “De César”.
17. Então, ele lhes disse: “Dai, pois, a César o que é de César; e à Luz,
Viva o que a ela pertence!” E muito se admiraram de sua sabedoria.
A RESSURREIÇÃO
Mt. 22:23-33; Mc. 12:18-27; Lc. 20:27-39
18. Vieram a ele alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e
lhe disseram:
19. “Rabi, Moisés escreveu, dizendo: ‘Se alguém tiver irmão que morra
deixando mulher sem filhos, tomará ele a viúva a fim de suscitar
descendência para
20. Pois bem, havia sete irmãos: O primeiro tomou mulher e morreu sem
deixar descendência;
21. o segundo tomou a viúva e morreu sem deixar descendência; a
mesma coisa ocorreu com o terceiro, e até o sétimo;
22. e nenhum deles deixou descendência. Por último, morreu também a
mulher.
23. Então, perguntamos: Na ressurreição dos mortos, a qual deles
pertencerá a mulher, uma vez que todos a possuíram?”

142
Sebastião Anselmo
24. Jesus lhes respondeu: “Enganai-vos, por não conhecerdes as
Escrituras e, menos ainda, a Força e o Poder da Luz Viva;
25. porque, quando ressuscitam dos mortos, nem eles se casam nem elas
se dão em casamento, pois tornam-se Mensageiros da Luz vivendo na
Luz.
26. Sobre a ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés, no
episódio da sarça, como se manifestou a Luz, dizendo: ‘Eu sou a Luz
Viva, que faz
27. Não infunde, pois, a Luz, a morte, mas a Vida! Estais vós
completamente enganados”.
O GRANDE MANDAMENTO
Mt. 22:34-40; Mc. 12:28-34a
28. Um dos escribas, tendo ouvido a pergunta dos saduceus e
considerado muito arrazoada a resposta dada por Jesus, perguntou-
lhe: “De todos os Mandamentos, qual deve ser observado em primeiro
lugar?”
29. Jesus respondeu: “O mais importante Mandamento, o que deve ser
observado em primeiro lugar, é este: ‘Ouve, Ó Israel: A Luz que nos guia
é Una,
30. e tu a amarás com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo
o teu entendimento, e com toda a tua força’;
31. e o segundo mandamento, que complementa o primeiro, e que
também deve ser observado em primeiro lugar, é este: ‘Amarás o teu
próximo como amas a ti mesmo’. Não há mandamento que se iguale em
importância a esses dois”.
32. O escriba lhe disse: “Muito bem, Rabi, respondeste em Espírito
Verdadeiro: A Luz é Una, e nada existe fora d’Ela;
33. portanto, o amá-la com todo o coração, com toda a inteligência e com
todas as forças, e o amar ao próximo como a si mesmo, vem em primeiro
lugar e é mais importante do que todos os holocaustos e sacrifícios”.
34a. Vendo Jesus que o escriba comentara com sabedoria, disse-lhe:
“Não estás distante do reino da Luz”.

143
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

FILHO DE DAVI
Mt. 22:41-46; Mc. 12:35-37 e 34b; Lc. 20:41-44 e 40
35. E prosseguiu Jesus ensinando no Templo, dizendo: “Como podem
os escribas dizer que o Ungido de Luz Viva é descendente de Davi,
36. se o próprio Davi falou, inspirado pelo Espírito, o Santo, dizendo:
‘Disse o Espírito da Luz Viva ao meu Senhor: Senta-te à minha mão
direita, até que eu faça de teus inimigos escabelo para os teus pés’?
37. Se o próprio Davi o chama ‘seu Senhor’, como pode descender dele?”
A numerosa multidão o ouvia com satisfação;
34b. e, desde então, ninguém mais se atreveu a fazer-lhe mais
perguntas.
CONDENAÇÃO DO CLERO
Mt. 23:1-12; Mc. 12:38-40; Lc. 20:45-47
38. E, no seu Ensino, dizia o Mestre: “Guardai-vos do comportamento
dos escribas, que gostam de se exibir em público com vestes compridas e
de serem
saudados nas praças,
39. dos primeiros assentos nas sinagogas, dos lugares de honra nos
banquetes,
40. e que devoram as casas das viúvas sob o pretexto de fazer longas
orações. Estes serão julgados com maior severidade”.
A ESMOLA DA VIÚVA
Mc. 12:41-44; Lc. 21:1-4
41. Estando Jesus no Templo, assentado defronte do gazofilácio,
observava os que lançavam moedas no Tesouro e constatava que os
ricos atiravam grande quantidade de moedas, enquanto que os pobres
atiravam poucas;
42. então, olhando com atenção, viu quando chegou uma viúva muito
pobre e lançou ao cofre apenas duas moedinhas, no valor de um
quadrante;
43. imediatamente convocou os seus discípulos, e lhes disse: “Em
Espírito Verdadeiro, eu vos digo que esta pobre viúva lançou ao Tesouro
mais do que

144
Sebastião Anselmo
44. porque todos lançaram daquilo que lhes sobrava, enquanto que ela,
em sua indigência, depositou tudo quanto lhe restava para sobreviver”.
DESTRUIÇÃO DO TEMPLO
Mt. 24:1-2; Mc. 13:1-2
1. Enquanto saía do Templo, um de seus discípulos lhe disse: “Rabi,
olha que pedras e que construções!”
2. Jesus lhe respondeu: “Vês essas grandes construções? Pois delas não
ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada”.
PROFECIAS
Mt. 24:3-14; Mc. 13:3-13; Lc. 21:5-19
3. Estando ele assentado no monte das Oliveiras, defronte do Templo,
Pedro, Tiago, João e André lhe perguntaram em particular:
4. “Dize-nos quando acontecerá e qual o sinal da consumação das eras?”
5. Jesus lhes respondeu: “Tende cuidado para que ninguém vos desvie,
6. porque muitos virão alegando esta condição de Manifestação Direta da
Luz, dizendo: ‘Sou Enviado da Luz Viva’, e enganarão a muitos.
7. Quando ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos
alarmeis, porque é necessário que tudo isso ocorra, mas ainda mão será a
consumação das eras.
8. Levantar-se-á povo contra povo e reino contra reino; haverá
terremotos em todos os lugares, e haverá fome; mas isso será apenas o
princípio das dores de parto.
9. Quando isso começar a ocorrer, ficai avisados de que sereis levados
aos tribunais e aos conselhos dos magistrados, e sereis açoitados nas
sinagogas e conduzidos perante governadores e reis por seguirdes a
Doutrina do reino da Luz Viva, para que sirvais de testemunho diante
deles;
10. assim, antes da consumação das eras, esta Doutrina será pregada e
vivida em todas as nações da terra.
11. Quando, pois, vos conduzirem para vos entregar, não vos preocupeis
com o que havereis de dizer; mas dizei, naquele momento, aquilo queo
Espírito da Luz Viva vos inspirar, porque não sereis vós que falareis, mas
o Espírito Verdadeiro é que falará por vós.
145
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
12. Um irmão entregará à morte outro irmão, e o pai ao filho; também
filhos se levantarão contra os pais e os matarão,
13. porque sereis odiados de todos por praticares a Doutrina; mas aquele
que perseverar até o fim, esse estará liberto das amarras do mundo e
entrará em Comunhão Íntima com a Vida Imanente.
DIAS CALAMITOSOS
Mt. 24:15-28; Mc. 13:14-23; Lc. 17:31-37; Lc. 21:20-24
14. Quando, pois, virdes o ‘ídolo que traz a desolação’ entronizado onde
não deve estar, — que o entenda o que lê! — então, os que estiverem na
Judéia fujam para os montes,
15. e o que estiver no telhado não desça nem entre na casa para recolher
coisa alguma,
16. e o que estiver no campo não volte para pegar o manto.
17. Mas ai das que estiverem grávidas e das que tiverem acabado de dar à
luz naqueles dias,
18. rogai para que a fuga não ocorra no inverno,
19. porque naqueles dias haverá uma tribulação tão grande como nunca
houve desde que a Luz manifestou a forma, e nem haverá,
20. de tal modo que, e se aqueles dias não fossem abreviados, impossível
se tornaria a Conexão-Íntima com o Espírito da Luz Viva; porém, por
ação da Graça e da Misericórdia do Pai, que é Luz e Vida Imanente,
esses dias de provação serão abreviados.
21. Por isso, ficai atentos: Se alguém vos disser que o Ungido de Luz está
aqui ou ali, não lhe deis crédito,
22. porque surgirão falsos ungidos e falsos enviados, que pregarão falsas
doutrinas e produzirão prodígios de ilusionistas tão perfeitos que, se fosse
possível, enganariam até mesmo os que já estão aptos a adentrar o reino
da Luz do Vivo.
23. Quanto a vós, porém, ficai atentos ao que vos ensinei!

146
Sebastião Anselmo

VINDA DO FILHO DO HOMEM


Mt. 24:29-31; Mc. 13:24-27; Lc. 21:25-28
24. Naqueles dias, depois dessa tribulação, o sol escurecerá e a lua não
dará a sua claridade,
25. as Centelhas serão emanadas da Luz e a sua Força sofrerá
modificações;
26. até o momento de verem chegar o Filho do Homem, por força da
reconexão íntima entre Mente e Centelha, em seu Poder e Força
Originais;
27. e, nesse tempo, enviará os seus Mensageiros aos quatro cantos do
mundo, os que cumpriram a jornada do extremo da terra ao Pórtico do
reino da Luz.
DESPERTAR DO SONO)
Mt. 24:32-44; Mc. 13:28-37; Lc. 21:29-36
28. Aprendei com o exemplo da figueira: Quando os ramos se tornam
tenros e suas folhas começam a brotar, sabeis que a primavera está
próxima.
29. Também vós, quando virdes todas essas coisas, sabei que a vinda do
estado de Filho do Homem para vós está próximo, às portas.
30. Em Espírito de Verdade, eu vos digo que esta geração não passará
antes que tudo isso aconteça.
31. Céu e terra passarão, minhas palavras não passarão.
32. Quanto ao dia e à hora, ninguém os conhece, nem os Mensageiros da
Luz, nem o Filho do Homem que virá, mas somente o Pai, que é Luz e
Vida, os conhece.
33. Atenção! Ficai preparados, porque não conheceis o dia nem a hora!
34. Será como um homem que, ao ausentar-se de sua casa, a confiou a
seus servos, repartindo as tarefas, e encarregou o porteiro de vigiar.
35. Vigiai, pois, porque não sabeis quando vai chegar o dono da casa: Se
no entardecer, ou à meia-noite, ou ao canto do galo, ou no amanhecer;
36. para que, vindo ele de repente, não vos encontre adormecidos.
37. O que vos digo, digo-o a todos: Vigiai!”
147
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

PLANO DE PRISÃO
Mt. 26:1-5; Mc. 14:1-2; Lc. 22:1-2
1. Faltavam dois dias para a Páscoa. Os chefes dos sacerdotes e os
escribas se reuniram em Conselho para decidir sobre como o
prenderiam, através de algum ardil, para finalmente entregá-lo à
morte;
2. Mas diziam, contudo: “Não durante a festa, para que o povo não se
amotine”.
PROPOSTA DE JUDAS
Mt. 26:14-16; Mc. 14:10-11; Lc. 22:3-6
10. Então Judas Iscariotes, um dos Doze, foi até os chefes dos
sacerdotes oferecendo-se para entregá-lo a eles.
11. Ouvindo-o, eles se alegraram e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele
começou a procurar uma ocasião para entregá-lo.
PREPARAÇÃO PARA A PÁSCOA
Mt. 26:17-19; Mc. 14:12-16; Lc. 22:7-13
12. No primeiro dia em que se comiam os pães ázimos, quando se
imolava o cordeiro pascal, os discípulos lhe disseram: “Onde queres
que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?”
13. Ele enviou dois de seus discípulos e disse-lhes: “Ide à cidade, e virá a
vós um homem carregando um cântaro de água. Segui-o,
14. e onde ele entrar, dizei ao dono da casa que o Rabi pergunta: ‘Onde é
o meu aposento, em que comerei a Páscoa juntamente com os meus
discípulos?’
15. Ele vos mostrará uma grande sala, no piso superior, mobiliado e à
disposição. Preparai ali o que for necessário”.
16. Os discípulos partiram e foram à cidade: Acharam tudo como lhes
fora dito e prepararam a Páscoa.
INÍCIO DA CEIA
Mt. 26:20; Mc. 14:17; Lc. 22:14
17. E, caindo a tarde, foi Jesus com os seus Doze.

148
Sebastião Anselmo

JUDAS É INDICADO
Mt. 26:21-25; Mc. 14:18-21; Lc. 22:21-23; Jo. 13:21-32
18. E, enquanto estavam reclinados à mesa, ceando, Jesus disse: “Em
Espírito Verdadeiro, eu vos digo: A um de vós, que come comigo, foi
dado o encargo de me entregar”;
19. e eles, tomados de surpresa, começaram a perguntar-lhe um por
um: “Quem é, Rabi?”,
20. e Jesus respondeu: “Um dos Doze, que comigo molha o pão na
panela;
21. porque o Filho do Homem será entregue para a prova final,
conforme o que sobre ele está escrito; mas tenho pena deste que foi o
escolhido para o ato da entrega: Melhor seria para ele não ter nascido”.
TRANSUBSTANCIAÇÃO
Mt. 26:26-29; Mc. 14:22-25; Lc. 22:15-20; 1Co. 11:23-26
22. Estando eles a comer, Jesus tomou um pão e, tendo-o abençoado, o
partiu e o deu a seus discípulos, dizendo: “Tomai e comei, isto é o meu
corpo”.
23. Depois, tomou um cálice e, tendo dado graças, ofereceu-o a eles, e
todos beberam;
24. e disse: “Este é o meu sangue, que dá testemunho de Mim, e para
todos se derrama;
25. em Espírito Verdadeiro, eu vos digo que desde este momento não
mais beberei convosco do fruto da videira, até o momento em que juntos
o beberemos no reino de meu Pai”.
AVISO A PEDRO
Mt. 26:31-35; Lc. 22:31-34; Mc. 14:27-31; Jo. 13:36-38
27. então, Jesus lhes disse: “Todos vos escandalizareis por causa de mim
nesta noite, assim como está escrito: ‘Ferirei o pastor e as ovelhas do
rebanho se dispersarão’;
28. mas, depois que eu ressurgir dos mortos, irei à vossa frente para a
Galiléia”.
29. Pedro lhe respondeu: “Ainda que todos se escandalizem por tua
causa, eu jamais me escandalizarei”;
149
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
30. mas Jesus lhe replicou: “Em Espírito Verdadeiro, eu te digo que
nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás”.
31. Disse-lhe Pedro, com maior veemência: “Ainda que tenha de morrer
contigo, não te negarei”. E todos diziam o mesmo.
SAÍDA DO CENÁCULO
Mt. 26:30; Mc. 14:26; Lc. 22:39; Jo. 18:1a
26. E assim, cantando um hino, saíram para o monte das Oliveiras;
ORAÇÃO NO JARDIM
Mt. 26:36-46; Mc. 14:32-42; Lc. 22:40-46; Jo. 18:1b
32. E foram a um lugar chamado Getsêmani; então, disse a seus
discípulos: “Sentai-vos aqui, enquanto vou ali orar”.
33. Levou consigo a Pedro, Tiago e João, e começou a sentir
entristecer-se e a angustiar-se.
34. Então, disse-lhes: “Sinto minh’alma triste até a morte: Ficai aqui e
vigiai”.
35. Adiantou-se um pouco, prostrou-se por terra e orou para que, se
fosse possível, se afastasse dele aquela hora,
36. dizendo: “Abba, Pai! Tudo é possível para Ti: Afasta de mim este
cálice; contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua”.
37. Voltou aos discípulos e encontrou-os adormecidos; então, disse a
Pedro: “Simão, dormes? Não foste capaz de vigiar nem por uma hora?
38. Vigiai e orai para não sucumbires na prova. O espírito está pronto,
mas a carne o enfraquece”.
39. E, afastando-se de novo, orou dizendo as mesmas palavras.
40. Voltou de novo e encontrou-os novamente adormecidos, com os
olhos pesados de sono: E não sabiam como justificar-se.
41. Então, vindo pela terceira vez, disse-lhes: “Ainda dormis e
repousai? Agora basta, a hora chegou: O Filho do Homem será entregue
nas mãos dos
42. Erguei-vos, vamos! Aproxima-se o que há de me entregar”.

150
Sebastião Anselmo

PRISÃO MOVIMENTADA
Mt. 26:47-56; Lc. 22:47-53; Mc. 14:43-52; Jo. 18:2-12
43. Ainda estava falando quando chegou Judas, um dos Doze, trazendo
com ele uma multidão armada de espadas e paus, enviada pelos
principais sacerdotes, pelos escribas e pelos anciãos do povo,
44. que havia combinado com eles um sinal, dizendo: “Aquele a quem
eu beijar, é ele; prendei-o e conduzi-o com gentileza”.
45. Então, aproximando-se de Jesus, disse: “Rabi!”, e carinhosamente
o beijou;
46. e, imediatamente, os guardas lançaram as mãos sobre ele e o
prenderam.
47. Um dos presentes, desembainhando a espada, feriu o servo do
Sumo Sacerdote, decepando-lhe a orelha.
48. Jesus se dirigiu a eles, dizendo: “Como a um ladrão, saístes armados
de espadas e paus para prender-me?
49. Diariamente estive convosco, ensinando no Templo, e não me
prendestes; entretanto, agora, serão cumpridas as Escrituras”;
50. então, deixando-o, fugiram todos os seus discípulos;
51. mas um jovem, vestido apenas com um lençol, o ia seguindo,
quando o agarraram;
52. mas ele, soltando o lençol, escapou nu de suas mãos.
NA CASA DE CAIFÁS
Mt. 26:57-58; Lc. 22:54; Mc. 14:53-54; Jo. 18:15-16
53. Conduziram Jesus à casa do Sumo Sacerdote onde estavam
reunidos, em Conselho, todos os chefes dos sacerdotes, os anciãos do
povo e os escribas.
54. Pedro o foi seguindo de longe, até entrar no interior do pátio do
Sumo Sacerdote; e ali permaneceu, sentado junto aos criados,
aquecendo-se junto ao fogo.

151
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

1.ª NEGAÇÃO DE PEDRO


Mt. 26:69-70; Lc. 22:55-57; Mc. 14:66-68; Jo. 18:17-18
66. Pedro estava embaixo, no pátio, quando uma criada do Sumo
Sacerdote,
67. vendo Pedro que se aquecia, fitou-o e disse: “Também tu estavas
com Jesus, o Nazareno”;
68. mas ele o negou, e respondeu: “Não sei nem compreendo o que
dizes”, e saiu para o alpendre. Então, um galo cantou.
OUTRAS NEGAÇÕES
Mt. 26:71-75; Lc. 22:58-62; Mc. 14:69-72; Jo. 18:25-27
69. E a criada, vendo-o novamente, repetiu aos que estavam ali
presentes: “Esse é um deles”;
70. mas Pedro de novo o negou. Pouco tempo depois, os que ali
estavam presentes disseram a Pedro: “De certo que és um deles; pois és
galileu”;
71. então Pedro começou a praguejar e jurar, dizendo: “Não conheço
esse homem de quem falais!”,
72. e imediatamente, pela segunda vez, o galo cantou; e Pedro se
lembrou o que lhe havia dito Jesus: “Antes que o galo cante duas vezes,
tu me terás negado três”. E começou a chorar.
INTERROGATÓRIO OFICIAL
Mt. 26:59-68; Lc. 22:63-71; Mc. 14:55-65
55. Ora, os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um
testemunho contra Jesus, que permitisse condená-lo à morte, e não o
encontravam,
56. porque muitos apresentavam testemunho contra ele, mas os seus
testemunhos não eram concordantes.
57. Alguns se levantaram e deram falso testemunho contra ele,
dizendo:
58. “Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este Templo, feito por homens, e
em três dias lhes apresentarei outro, não feito por homens”,
59. mas nem quanto a esta acusação o testemunho deles concordava.

152
Sebastião Anselmo
60. Então o Sumo Sacerdote se pôs em pé, no centro, e perguntou a
Jesus: “Nada respondes? O que dizem estes contra ti?”,
61. mas ele continuou calado, e nada respondeu. De novo o Sumo
Sacerdote interrogou-o, perguntando: “Tu és o Ungido, o que
Manifesta a Luz no mundo?”
62. Jesus respondeu: “EU SOU. Vereis o Filho do Homem sentado à
direita da Força e Poder do Altíssimo e manifestando-se por Centelhas de
Luz”.
63. O Sumo Sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: “Que
necessidade temos ainda de testemunhas?
64. Ouvistes a blasfêmia. Que vos parece?”, e todos o sentenciaram
como réu de morte,
65. e começaram a cuspir nele, a tapar-lhe os olhos e dar-lhe bofetadas,
dizendo: “Profetiza!”; e também os criados lhe davam bofetadas.
ENVIO A PILATOS
Mt. 27:1-2; Mc. 15:1; Lc. 23:1; Jo. 18:28
1. Assim que o dia amanheceu, reunindo o Conselho com os chefes dos
sacerdotes, os anciãos do povo, os escribas e todo o Sinédrio,
ordenaram que Jesus fosse algemado e o conduziram para ser entregue
a Pilatos.
2.º INTERROGATÓRIO
Mt. 27:11-14; Lc. 23:3-5; Mc. 15:2-5; Jo. 18:33-38a
2. Pilatos o interrogou, dizendo: “És tu o rei dos judeus?” Ele
respondeu: “Tu o dizes”.
3. Os chefes dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas.
4. Então Pilatos o interrogou de novo, dizendo: “Não respondes nada?
Vê de quantas coisas te acusam”;
5. mas Jesus nada mais lhe respondeu, o que causou grande admiração
em Pilatos.

153
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

3.º INTERROGATÓRIO
Mt. 27:15-23; Lc. 23:17-23; Mc. 15:6-14; Jo. 18:38b-40
6. Por ocasião da Festa, costumava o governador soltar-lhes um preso,
que o povo escolhia,
7. e havia um, chamado Barabas, que havia sido preso com alguns
amotinadores que, numa revolta, haviam cometido um homicídio;
8. e a multidão ali reunida começou a pedir-lhe que fizesse conforme o
seu costume.
9. Pilatos, então, lhes perguntou: “Quereis que eu vos solte o rei dos
judeus?”,
10. pois ele sabia que os chefes dos sacerdotes o haviam entregue por
inveja;
11. os chefes dos sacerdotes, porém, já haviam incitado o povo para
que, ao invés de Jesus, escolhessem Barabas.
12. Então, tomado de surpresa, Pilatos lhes perguntou: “E quanto a
este Jesus, o que farei com este a quem chamais rei dos judeus?”
13. Eles gritaram: “Crucifica-o!”,
14. e Pilatos voltou a perguntar-lhes: “Mas o que ele fez de mal?”, e eles
gritaram ainda mais forte: “Crucifica-o!”
REI ESCARNECIDO
Mt. 27:27-30; Mc. 15:16-19; Jo. 19:1-3
16. Os soldados o levaram para o pátio do Pretório e ali reuniram toda
a corte;
17. e então, vestindo-o de púrpura, trançaram uma coroa de acácia,
lha impuseram na cabeça,
18. e começaram a saudá-lo, dizendo: “Salve, rei dos judeus!”,
19. e batiam-lhe na cabeça com um caniço; cuspiam nele e, dobrando
os joelhos, o adoravam.

154
Sebastião Anselmo

PILATOS LAVA AS MÃOS


Mt. 27:24-26; Mc. 15:15; Lc. 23:24-25
15. Então Pilatos, pensando fazer a vontade do povo, soltou-lhes
Barabas e, depois de fazer açoitar a Jesus, entregou-o para que fosse
crucificado.
SIMÃO, O CIRENEU
Mt. 27:31-32; Mc. 15:20-21; Jo. 19:16-17a; Lc. 23:26-32
20. Depois de caçoarem dele, despiram-lhe a púrpura e tornaram a
vesti-lo com suas vestes, e o levaram para crucificar;
21. no caminho, obrigaram a um certo Simão, homem de Cirene, pai
de Alexandre e de Rufo, que voltava do campo, a carregar a cruz de
Jesus
A CRUCIFICAÇÃO
Mt. 27:33-38; Mc. 15:22-28; Lc. 23:33-34; Jo. 19:17b-24
22. E levaram-no ao lugar chamado Gólgota, que significa: ‘Lugar da
Caveira’, ou ‘Calvário’;
23. e deram-lhe a beber vinho com mirra, mas ele não o tomou.
24. Em seguida, o crucificaram e repartiram entre si as suas vestes,
sorteando-as para saber o que caberia a cada um;
25. e era a hora terceira quando o crucificaram.
26. Acima de sua cabeça colocaram uma placa com o motivo de sua
condenação: ‘O rei dos judeus’;
27. e com ele foram crucificados dois salteadores, um à direita e outro
à esquerda,
28. para assim cumprir-se a Escritura, que diz: ‘E foi contado entre os
malfeitores’ (Conf. Is. 53,12).
ZOMBARIAS
Mt. 27:39-44; Mc. 15:29-32; Lc. 23:35-43
29. Os que passavam o insultavam balançando a cabeça e dizendo: “Ó
tu, que destróis o Templo e em três dias o reedificas:
30. Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!”

155
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
31. Também os chefes dos sacerdotes e os escribas zombavam dele,
comentando entre si: “A outros salvou, a si mesmo não pode salvar!
32. Dizia ser ele o Ungido de Luz Viva e rei de Israel: Pois que desça
agora da cruz para que o vejamos e creiamos!” E até mesmo os que
haviam sido crucificados com ele o injuriavam.
AO PÉ DA CRUZ
Mt. 27:55-56; Mc. 15:40-41; Lc. 23:49; Jo. 19:25-27
40. Também estavam ali algumas mulheres, olhando à distância. Entre
elas estavam Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago Menor, de
José, e de Salomé,
41. que o acompanhavam e serviam desde quando estava na Galiléia; e
muitas outras que haviam subido com ele para Jerusalém.
A MORTE DE JESUS
Mt. 27:45-54; Mc. 15:33-39; Lc. 23:44-48; Jo. 19:28-30
33. À hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona.
34. E, à hora nona, Jesus deu um grande grito, dizendo: “Eli, Eli,
lammá sabacthani?” que, traduzido, significa: “Óh Luz, minha
Essência Essencial, por que me abandonaste?”
35. Alguns dos presentes, ao ouvirem isso, disseram: “Eis que Ele
chama por Elias!”
36. E um deles, correndo, encheu uma esponja de vinagre e, fixando-a
na ponta de uma vara, deu-lhe de beber, dizendo: “Deixai! Vejamos se
Elias vem libertá-lo!”;
37. mas Jesus, lançando um grande grito, expirou,
38. e o véu do Santuário se rasgou em duas partes, de cima a baixo.
39. O centurião, que se achava bem defronte dele, vendo que Jesus
expirara dando esse brado final, disse: “Verdadeiramente este homem
era um Manifestante da Luz Viva!”
MORTE E LIBERAÇÃO DO CORPO
Mt. 27:57-58; Mc. 15:42-45; Lc. 23:50-52; Jo. 19:31-38
42. Quando a tarde já caía, sendo dia de Preparação, isto é, a véspera
de Sábado,

156
Sebastião Anselmo
43. veio José de Arimatéia, ilustre membro do Conselho, que também
esperava a chegada do reino da Luz Viva, e dirigiu-se com
determinação a Pilatos, o governador, e pediu-lhe que lhe desse o
corpo de Jesus;
44. e Pilatos, admirando-se de que Jesus já fizera a passagem,
convocou o centurião e perguntou-lhe se fazia muito tempo que ele
morrera.
45. Informado pelo centurião, cedeu o corpo a José,
JESUS É COLOCADO NO TÚMULO
Mt. 27:59-60; Mc. 15:46; Lc. 23:53-54; Jo. 19:39-42
46. o qual, comprando um lençol, desceu-o da cruz, envolveu-o no
lençol e depositou-o num sepulcro que fora escavado na rocha. Em
seguida, rolando uma pedra, fechou a entrada do sepulcro.
VIGIA E GUARDA DO TÚMULO
Mt. 27:61-66; Mc. 15:47; Lc. 23:55-56
47. Entretanto, Maria Madalena e Maria, mãe de José, ficaram
observando onde ele fora sepultado.
AS MULHERES VISITAM O TÚMULO
Mt. 28:1; Mc. 16:1
1. Passado o sábado, Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e Salomé,
compraram aromas para embalsamar o corpo de Jesus.
AS MULHERES ENCONTRAM O TÚMULO VAZIO
Mt. 28:5-8; Mc. 16:2-8; Lc. 24:1-8; Jo. 20:1
2. De madrugada, no primeiro dia da semana, elas foram ao túmulo ao
nascer do sol,
3. dizendo entre si: “Quem rolará a pedra da entrada do túmulo para
nós?”;
4. e, tendo lá chegado, ergueram os olhos e viram que a pedra já fora
removida; e era muito grande a pedra.
5. Entrando no sepulcro, viram um jovem trajando vestes
luminescentes sentado à direita, e ficaram tomadas de espanto;

157
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
6. mas ele, porém, lhes disse: “Não vos assusteis! Estais buscando a
Jesus de Nazaré, que foi Crucificado; ele já ressurgiu dos mortos, não
está mais aqui. Vede o lugar onde o puseram.
7. Mas ide dizer a seus discípulos e a Pedro que ele irá à frente deles para
a Galiléia. Lá o vereis, como ele vos disse”.
8. Elas, saindo dali, correram para longe do sepulcro, tomadas de
grande tremor e estupor; e a ninguém contaram sobre o ocorrido,
porque ficaram muito assustadas com a aparição do Mensageiro d’A
Luz.
APARIÇÃO A MARIA MADALENA
Mc. 16:9-11; Jo. 20:11-18
9. No primeiro dia da semana, pela manhã, ressuscitou Jesus dos
mortos e apareceu a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete
espíritos em estado de desconexão íntima com o Espírito Vivo;
10. e ela, então, foi anunciá-lo aos outros, que estavam chorando e de
luto;
11. mas eles, ao ouvir que estava vivo e que havia aparecido para ela,
não lhe deram crédito.
NO CAMINHO DE EMAÚS
Mc. 16:12-13; Lc. 24:13-32
12. Depois disso, ele se manifestou com outra aparência a dois deles
que iam caminhando para uma aldeia;
13. e estes o foram noticiá-lo aos outros, que também não lhes deram
crédito.
APARIÇÃO AOS DEZ
Mc. 16:14; Lc. 24:36-43; Jo. 20:19-25
14. Por último, apareceu Jesus aos Onze quando eles estavam
reclinados à mesa, e repreendeu a sua fraqueza na fé e dureza de
coração por não terem acreditado no testemunho dos que o haviam
visto ressuscitado da morte.

158
Sebastião Anselmo

APARIÇÃO AOS ONZE NA GALILÉIA


1ª Co. 15:6; Mt. 28:16-20; Mc. 16:15-18
15. E disse-lhes: “Ide por todo o mundo, ensinai e exemplificai esta
Doutrina a toda a humanidade;
16. quem nela crer e praticar, será feliz e alcançará o reino da Luz Viva;
quem não crer se condenará a si próprio e permanecerá nas dores do
mundo.
17. São estes os sinais que acompanharão aos que crerem e a praticarem:
Em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva expulsarão do corpo
de suas vítimas os espíritos sofredores; falarão de modo inteligível aos
que o ouvem, convertendo multidões;
18. pacificarão as serpentes do ódio; em contato com os venenos do
mundo, não serão contaminados; e, pela sua Comunhão Íntima com i
Espírito da Luz Viva curarão os enfermos pela simples imposição de suas
mãos.
A BÊNÇÃO FINAL E ASCENSÃO
At. 1:9-12; Mc. 16:19-20; Lc. 24:50-53
19. Ora, o Mestre Jesus, depois de lhes ter falado, ascendeu ao reino da
Luz Viva onde permanece à direita do Vivo;
20. e seus discípulos saíram para pregar e ensinar a praticar a
Doutrina da Luz por todos os lugares, e o Espírito de Verdade
cooperava e confirmava a Mensagem com os sinais que a
acompanhavam.

FIM

159
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS


(ORDEM CRONOLÓGICA)
(Versão de Sebastião Anselmo)
APRESENTAÇÃO
Lc. 1:1-4
1. Tendo em vista que muitos já empreenderam compor uma narração
pormenorizada dos fatos que entre nós se realizaram,
2. conforme nos transmitiram aqueles que desde o Princípio foram
deles testemunhas oculares, e ministrantes da Doutrina do reino da
Luz Viva,
3. também a mim me pareceu bem, excelentíssimo Teófilo – depois de
acurada investigação de tudo desde o Princípio – dar-te por escrito
uma narração bem ordenada dos fatos,
4. para que comproves a solidez da Doutrina em que foste instruído.
OS PAIS DE JOÃO
Lc. 1:5-7
5. No tempo de Herodes, rei da Judéia, havia um sacerdote chamado
Zacarias, do turno de Abias; sua mulher era descendente de Aarão e se
chamava Isabel.
6. Ambos eram justos diante do Espírito da Luz Viva e seguiam de
modo irrepreensível todos os Seus Mandamentos e Preceitos.
7. Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois se achavam em
idade avançada.
COMO FOI PREDITO O NASCIMENTO DE JOÃO
Lc. 1:8-25
8. Certa vez, quando exercia o sacerdócio na ordem de seu turno,
9. teve a oportunidade, segundo o esperado, de entrar no Santuário
para oferecer incenso;
10. e a multidão permanecia de fora, em oração, enquanto a oferenda
era ofertada.

160
Sebastião Anselmo
11. Então, sem que ele esperasse, apareceu-lhe um Mensageiro do
Espírito da Luz Viva, em pé, à direita do altar do incenso.
12. Ao vê-lo, porém, Zacarias se assustou e foi tomado pelo medo.
13. Disse-lhe o Mensageiro: “Não temas, Zacarias, tua oração foi
ouvida, e Isabel, tua mulher, te dará um filho; e tu lhe porás o nome de
João.
14. Nele tu terás grande gozo e alegria e muitos se regozijarão com o seu
nascimento,
15. pois ele será grande diante do Espírito da Luz Viva; não beberá
bebida inebriante, e terá conexão-íntima com o Espírito da Luz Viva já
desde o ventre materno;
16. e converterá a muitos dos filhos de Israel à Doutrina do Espírito da
Luz Viva.
17. Ele irá à frente do Ungido Permeado de Luz, com o espírito e o poder
de Elias, a fim de reconciliar os pais com os filhos e os rebeldes à
prudência dos justos; e preparará para o Espírito Verdadeiro um povo
que O manifeste”.
18. Perguntou Zacarias ao Mensageiro: “Como saberei se se dará?
Porque sou velho, e minha esposa de idade avançada”.
19. O Mensageiro lhe respondeu: “Eu sou Gabriel, e sirvo na presença
do Espírito Vivo; por Ele fui enviado para dar-te esta boa notícia,
20. mas se queres um sinal, desde agora ficarás mudo e não poderás
falar até o dia em que isso se cumprir, por teres duvidado de minhas
palavras que, no devido tempo, se cumprirão”.
21. Do lado de fora, o povo aguardava Zacarias e se impacientava com
sua demora no Santuário.
22. Quando, finalmente, saiu, não lhes podia falar; e compreenderam
que tivera uma visão no Santuário, pois se comunicava por acenos e
permanecia mudo.
23. Completados os dias de seu ministério, voltou para sua casa.
24. Passado algum tempo, Isabel, sua mulher, concebeu e ocultou-se
por cinco meses; pois dizia:

161
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
25. “Isto me fez o Espírito da Vida, a fim de retirar a minha provação
diante dos homens”.
ANÚNCIO A MARIA
Lc. 1:26-38
26. No sexto mês, foi o Mensageiro Gabriel enviado, da parte do
Espírito da Vida, a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré,
27. a uma jovem desposada com um homem chamado José, da
descendência de Davi: o seu nome era Maria.
28. Aproximando-se dela, disse-lhe o Mensageiro: “Salve, iluminada!
Estás em conexão-íntima com o Espírito da Luz!”
29. Ela, ao ouvir tal saudação, ficou intrigada e pensativa quanto ao
seu significado.
30. O Mensageiro, porém, esclareceu: “Não temas, Maria, pois entraste
em conexão-íntima com o Espírito da Luz;
31. por isso, conceberás e darás à Luz um filho, e lhe porás o nome de
JESUS [que significa ‘Manifestado pelo Manifestante’].
32. Ele será Pleno das Virtudes do Manifestante e será reconhecido como
‘Manifestado pelo Espírito da Luz’, ao qual está reservado o trono de
Davi, seu ascendente,
33. para que reine para sempre sobre a descendência de Jacó: o seu
reinado não terá fim”.
34. Maria perguntou ao Mensageiro: “Como se dará isto? Pois não
coabito com homem”.
35. O Mensageiro respondeu-lhe: “Uma alma embebida da Luz do
Espírito Vivo descerá sobre ti e te envolverá com a sua sombra; por este
motivo, o filho de teu ventre será chamado ‘Manifestado pelo Espírito da
Luz’.
36. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho em sua velhice; este
já é o sexto mês para aquela que era considerada estéril.
37. Portanto, para o Espírito do Vivo Manifestante da Vida nada é
impossível”.

162
Sebastião Anselmo
38. Disse Maria: “Eis aqui a serva do Espírito do Vivo: Faça-se em mim
segundo a tua palavra”. E o Mensageiro retirou-se de sua presença.
VISITA A ISABEL
Lc. 1:39-40
39. Dias depois, Maria se levantou e se dirigiu apressadamente à região
montanhosa, a um povoado da Judéia,
40. entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel.
O CÂNTICO DE ISABEL
Lc. 1:41-45
41. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o nascituro deu saltos
de alegria em seu ventre; então, Isabel, em estado de conexão-íntima
com o Espírito da Luz Viva,
42. exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre.
43. Donde me vem o mérito para que me venha visitar a mãe do meu
Rabi, o Permeado de Luz Viva?
44. Pois logo que a voz de tua saudação me chegou aos ouvidos, a
criança deu saltos de alegria em meu ventre.
45. Bem-aventurada és tu, porque creste; o que te foi dito, da parte do
Espírito da Luz, se cumprirá!”
O CÂNTICO DE MARIA
Lc. 1:46-56
46. Maria respondeu: “Minha alma se conecta ao Espírito da Luz Viva,
47. minha alma se extasia no Espírito da Luz, meu Libertador,
48. porque pôs os olhos na pequenez de sua serva; por isso, de agora em
diante, todas as gerações me chamarão ‘bem-aventurada’.
49. Sua Força e Poder operou em mim grandes coisas: Santo é o Seu
Nome!
50. Sua misericórdia se estende de geração em geração, sobre aqueles
que seguem Sua Lei,
51. cuja Força de Justiça dissipa a soberba dos corações orgulhosos;

163
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
52. humilha os poderosos e exalta os humildes;
53. cumula de bens os famintos e torna ricos em mendigos;
54. socorre a Israel, seu servo, lembrando-se da misericórdia
55. que prometera aos nossos antepassados, em favor de Abraão e de sua
descendência para sempre”.
56. Maria permaneceu com Isabel cerca de três meses; depois voltou
para casa.
O NASCIMENTO DE JOÃO
Lc. 1:57-66
57. Completado o tempo de sua gestação, Isabel teve um filho;
58. seus vizinhos e parentes, reconhecendo a grande misericórdia que o
Espírito da Luz Viva tivera para com ela, participaram de seu
regozijo.
59. No oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o
nome de seu pai: ‘Zacarias’.
60. Sua mãe, porém, disse: “Não! Será chamado ‘João’”.
61. Replicaram-lhe: “Ninguém há entre os teus parentes que tenha este
nome”.
62. E perguntaram ao pai do menino, por meio de acenos, que nome
queria que lhe dessem.
63. Zacarias, pedindo uma tabuinha, escreveu: ‘Seu nome é João’. E
todos ficaram admirados.
64. No mesmo instante, sua boca se abriu e a língua se soltou; e ele
começou a falar, bendizendo ao Espírito da Luz.
65. O temor se apoderou de todos os seus vizinhos e aquela notícia se
espalhou por toda a região montanhosa da Judéia.
66. E todos os que a ouviam a guardavam no seu coração, dizendo:
“Que virá a ser esse menino?” Pois, de fato, o Espírito do Vivo estava
com ele.

164
Sebastião Anselmo

O CÂNTICO DE ZACARIAS
Lc. 1:67-79
67. E Zacarias, o pai do menino, em estado de conexão-íntima com o
Espírito da Luz Viva, profetizou dizendo:
68. “Bendito seja o Vivo, Luz de Israel, porque visitou e redimiu o seu
povo,
69. fazendo levantar-se entre os descendentes de Davi, seu servo, um
Poderoso Libertador,
70. como tinha anunciado, desde tempos imemoriais, pela boca dos seus
santos profetas:
71. Trazendo libertação da força de nossos inimigos e do poder de todos
os que nos odeiam;
72. usando de misericórdia para com os nossos antepassados e
lembrando-se de sua santa aliança,
73. conforme o juramento que fez ao nosso pai Abraão, de nos conceder
74. que, libertos da força e poder de nossos inimigos, o servíssemos sem
temor,
75. com santidade e justiça, em sua presença, todos os dias de nossa vida.
76. Sim! E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo Espírito da
Luz, porque irás à frente do Ungido, preparando-lhe os caminhos,
77. anunciando ao seu povo a chegada da libertação pela restauração de
sua conexão-íntima com o Espírito da Luz Viva;
78. graças ao amor misericordioso do Manifestante de todas as formas,
que nos vem visitar – tal como o Sol nascente – procedente das Alturas do
Espírito,
79. para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e guiar
os nossos passos pelo caminho da paz interior”.
INFÂNCIA E VIDA NOS DESERTOS
Lc. 1:80
80. E o menino foi crescendo e se fortalecendo no Espírito do Vivo; e
habitou nos desertos da Judéia, até o dia em que se manifestou a Israel.

165
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

NASCIMENTO DE JESUS
Mt. 2:1a; Lc. 2:1-7
1. Quando César Augusto promulgou um decreto que obrigava o
recenseamento de todo o mundo habitado,
2. – trata-se do primeiro recenseamento, feito enquanto Quirino era
governador da Síria –
3. todos tinham que se alistar, cada um em sua cidade de origem.
4. Assim, José subiu de Nazaré, cidade da Galiléia, a Belém, cidade da
Judéia – por ser ele da descendência de Davi –
5. a fim de se alistar juntamente com Maria, sua mulher, que estava
grávida.
6. Enquanto lá estavam, completaram-se os dias para o parto,
7. e ela deu à luz o seu primogênito; envolveu-o em faixas e o deitou
numa manjedoura, porque não havia lugar para eles no interior da
estalagem.
ANJOS E PASTORES
Lc. 2:8-14
8. Próximo dali, havia uns pastores que estavam nos campos, que
guardavam seus rebanhos durante as vigílias da noite,
9. quando um Mensageiro do Espírito da Luz Viva lhes apareceu: Ao
verem-se envolvidos pelo Brilho da Luz Viva, ficaram tomados de
medo e espanto.
10. Disse-lhes o Mensageiro: “Não temais! Eis que eu vos trago uma
notícia que será de grande alegria para todo o povo:
11. Nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Libertador, o Ungido,
Permeado de Espírito Vivo!
12. Isto vos servirá de sinal para reconhecê-lo: Encontrareis um menino
envolto em faixas, deitado numa manjedoura”.
13. Nesse instante apareceu com o Mensageiro uma multidão de almas
Luminosas, louvando à Luz, e dizendo:
14. “Vivas ao Espírito da Luz que reina no cerne de todas as formas
trazendo paz à terra e boa vontade aos homens!”
166
Sebastião Anselmo

A VISITA DOS PASTORES


Lc. 2:15-20
15. Assim que a Nuvem de Luz que projetava a visão dos Mensageiros
desfez-se no ar, os pastores disseram entre si: “Vamos a Belém e
vejamos o que aconteceu, o que o Espírito Verdadeiro nos deu a
conhecer”.
16. Foram a toda pressa e encontraram Maria, José e o menino deitado
na manjedoura.
17. Ao vê-lo, contaram o que lhes fora dito a respeito do menino;
18. e todos os que os ouviam ficavam maravilhados com as palavras
dos pastores.
19. Maria, porém, guardava todas essas coisas, meditando-as em seu
coração.
20. e os pastores retornaram ao campo, glorificando e louvando o
Espírito da Luz por tudo o que viram e ouviram, tal como lhes havia
sido anunciado.
CIRCUNCISÃO
Lc. 2:21
21. Completados os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe
o nome de JESUS, como fora chamado pelo Mensageiro antes que
fosse concebido;
A PURIFICAÇÃO
Lc. 2:22-24
22. e, passados os dias da purificação, conforme a Lei de Moisés,
levaram-no a Jerusalém a fim de ser apresentado no Templo,
23. (segundo o que foi anunciado pelo Espírito e anotado na Lei, que
diz: ‘Todo rebento macho, que abre o útero, será consagrado ao Vivo’),
24. e para fazer o sacrifício (segundo o que está escrito na Lei: ‘Um par
de rolas ou dois pombinhos’).

167
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

CÂNTICO DE SIMEÃO
Lc. 2:25-35
25. Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão, justo e piedoso,
que esperava a consolação de Israel e se deixava guiar pelo Espírito da
Luz Viva.
26. Comunicara-lhe o Espírito de Verdade que ele não deixaria o corpo
sem antes ver, com os próprios olhos, o Ungido Permeado de Luz.
27. Movido pelo Espírito, dirigiu-se ao Templo; e quando os pais
trouxeram o menino para cumprir os ditames da Lei,
28. Simeão tomou-o nos braços e bendisse ao Espírito de Verdade,
dizendo:
29. “Agora, Espírito da Luz, segundo a tua palavra, despede em paz o teu
servo;
30. porque os meus olhos já viram o Libertador
31. que preparaste para todos os povos,
32. que vem como Teu Enviado para iluminar os gentios, Força
Substancial de teu povo Israel”.
33. Seu pai e sua mãe admiravam-se do que se dizia sobre o menino.
34. Simeão os abençoou e disse a Maria, sua mãe: “Este menino veio ao
mundo para a queda e para o soerguimento de muitos em Israel, para
apontar a contradição
35. que contra ele se voltará como espada — que traspassará a tua
própria alma — a fim de revelar o que muitos trazem em seus corações”.
PROFETISA ANA
Lc. 2:36-38
36. Havia também uma profetisa chamada Ana — filha de Fanuel, da
tribo de Aser — de idade muito avançada; tinha ela vivido com o
marido sete anos, desde a sua virgindade,
37. e permaneceu viúva até os oitenta e quatro anos. Não se afastava do
Templo, servindo à Luz Manifestante de todas as formas noite e dia
com jejuns e orações.

168
Sebastião Anselmo
38. Esta, tendo chegado nessa mesma hora, agradecia ao Espírito da
Luz Viva e falava do menino a todos os que esperavam pela redenção
de Israel.
A VOLTA PARA CASA
Lc. 2:39a
39a. Cumpridos todos os preceitos do Espírito do Vivo, escritos na Lei,
voltaram [à casa].
RETORNO A NAZARÉ
Mt. 2:19-23; Lc. 2:39b
39b. [voltaram] à Galiléia, à sua cidade de Nazaré.
EM NAZARÉ
Lc. 2:40
40. O menino crescia e se fortalecia, enchendo-se de Sabedoria; e a
Força e Poder do Espírito da Luz Viva permaneciam nele.
VISITA AO TEMPLO
Lc. 2:41-50
41. Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa.
42. Quando o menino completou doze anos subiram para a festa,
segundo o costume;
43. terminados os dias da festa, eles voltaram, mas o menino Jesus
ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem.
44. Pensando que ele estivesse na caravana, andaram o caminho de um
dia, e começaram a procurá-lo entre parentes e conhecidos.
45. Não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura.
46. Após três dias o encontraram no Templo, sentado em meio aos
doutores, ouvindo-os e interrogando-os;
47. e todos os que o ouviam ficavam admirados de sua inteligência e de
suas respostas.
48. Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse: “Filho, por que
fizeste isto conosco? Teu pai e eu te procurávamos, cheios de aflição”.

169
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
49. Ele replicou: “Por que me procuráveis em vão? Não sabíeis que
estaria na casa de meu Pai?”
50. Eles, porém, não compreenderam o sentido das palavras que lhes
dissera,
DE VOLTA A NAZARÉ, DOS DOZE AOS TRINTA ANOS
Lc. 2:51-52
51. e desceu com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua mãe,
porém, guardava todas essas coisas em seu coração.
52. E Jesus crescia em sabedoria, estatura e poder, diante da Luz e das
formas habitadas pelos homens.
JOÃO: INÍCIO DO MINISTÉRIO
Lc. 3:1-2
1. No décimo quinto ano do império de Tibério César, sendo Pôncio
Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão
Filipe tetrarca da Ituréia e da Traconítide, e Lisânias tetrarca de
Abilene,
2. sendo Sumos Sacerdotes Anás e Caifás, veio a Doutrina do Espírito
da Luz Viva a João, filho de Zacarias, no deserto.
A MENSAGEM E O MENSAGEIRO
Mt. 3:1-6; Mc. 1:2-6; Lc. 3:3-6
3. E ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, propondo um
mergulho íntimo para a mudança de mente e correção de atitudes,
4. como está escrito no Livro do profeta Isaías: ‘Voz do que clama no
deserto: Preparai o caminho para o Espírito do Vivo, endireitai as suas
veredas.
5. Todo vale será preenchido, montes e colinas serão abaixados, os
caminhos tortos serão endireitados e os escabrosos tornados planos;
6. e todo homem alcançará libertação pela Doutrina do Espírito da Luz
Viva’.

170
Sebastião Anselmo

OS ENSINAMENTOS DE JOÃO
Mt. 3:7-10; Lc. 3:7-14
7. E dizia às multidões que vinham para ser mergulhadas por ele:
“Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da consequência de vossas
ações?
8. Produzi, pois, frutos dignos que comprovem a transmutação de vossas
mentes, e não comeceis a dizer: ‘Temos por pai a Abraão; porque eu vos
digo que mesmo destas pedras o Espírito da Luz Viva suscita filhos a
Abraão.
9. O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não
produzir bom fruto será cortada e lançada no fogo regenerador”.
10. Então, a multidão lhe perguntava: “Que obras devemos praticar?”
11. Respondia-lhes: “O que tem duas túnicas, dê uma ao quem não tem;
e quem tem o que comer, faça o mesmo”.
12. Foram também cobradores de impostos para serem mergulhados, e
lhe perguntaram: “Rabi, e nós, que obras devemos praticar?”
13. Ele lhes respondeu: “Não cobreis nada além do que vos foi
estipulado”.
14. Também os soldados lhe perguntaram: “E nós, que obra devemos
praticar?” Respondeu-lhes: “A ninguém façais violência, nem deis falso
testemunho; e contentai-vos com o vosso soldo”.
O ANÚNCIO DO MESSIAS
Lc. 3:15-18; Mt., 3:11-12; Mc. 1:7-8
15. Estando o povo na expectativa e cogitando entre si se João não
seria o Ungido Permeado de Luz,
16. João, tomando a palavra, esclareceu: “Eu vos mergulho na água,
com o objetivo de transmutar as vossas mentes; depois de mim, porém,
vem Aquele
que tem mais autoridade do que eu, do Qual eu não sou digno de desatar
a correia das sandálias: Ele vos mergulhará no Espírito da Luz Viva
através do Fogo Purificador que vos reconecta com a VIDA.
17. Ele traz em sua mão a pá para limpar bem a sua eira: O trigo das
boas ações será recolhido no Celeiro; mas a palha de vossas ações
171
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
desconectadas com o VIVO ele a lançará no Fogo Reparador que para
sempre permanece aceso”.
18. E assim, com muitas outras exortações, ele anunciava a Doutrina
do reino da Luz Viva ao povo.
A IDADE LEGAL
Lc. 3:23a
23a. Jesus iniciou o seu ministério quando tinha cerca de trinta anos
A GENEALOGIA
Mt. 1:1-17; Lc. 3:23b-38
23b. e era, como se sabia, filho de José, filho de Eli,
24. filho de Matat, filho de Levi, filho de Melqui, filho de Janai, filho
de José,
25. filho de Matatias, filho de Amós, filho de Naum, filho de Esli, filho
de Nagai,
26. filho de Maat, filho de Matatias, filho de Semein, filho de Jose, filho
de Jodá,
27. filho de Joanã, filho de Résa, filho de Zorobabel, filho de Salatiel,
filho de Neri,
28. filho de Melqui, filho de Adi, filho de Cosã, filho de Elmadã, filho
de Her,
29. filho de Jesus, filho de Eliezer, filho de Jorim, filho de Matat, filho
de Levi,
30. filho de Simeão, filho de Judá, filho de José, filho de Jonã, filho de
Eliacim,
31. filho de Meléa, filho de Mená, filho de Matatá, filho de Natã, filho
de Davi,
32. filho de Jessé, filho de Obed, filho de Booz, filho de Salá, filho de
Naasson,
33. filho de Aminadab, filho de Admin, filho de Arni, filho de Esron,
filho de Farés, filho de Judá,

172
Sebastião Anselmo
34. filho de Jacó, filho de Isaac, filho de Abraão, filho de Taré, filho de
Nacor,
35. filho de Seruc, filho de Ragau, filho de Faleg, filho de Eber, filho de
Salá,
36. filho de Cainã, filho de Arfaxad, filho de Sem, filho de Noé, filho de
Lamec,
37. filho de Matusalém, filho de Henoc, filho de Jared, filho de
Malaleel, filho de Cainã,
38. filho de Enós, filho de Seth, filho de Adão, gerado no Espírito da
Luz Viva.
O MERGULHO DE JESUS
Mt. 3:13-17; Mc. 1:9-11; Lc. 3:21-22
21. Quando todo o povo mergulhava, também Jesus foi mergulhado; e,
estando ele em oração, o céu se abriu numa Explosão Luminosa,
22. e pousou sobre ele o Espírito da Luz Viva como um raio, em forma
corpórea que lembra a figura de uma pomba pairada no ar de asas
abertas; então, ouviu-se uma voz vinda da Nuvem de Luz, dizendo:
“Tu és o meu Manifestado; neste Dia te gerei”.
JESUS É COLOCADO À PROVA
Mt. 4:1-11; Lc. 4:1-13; Mc. 1:12-13
1. Então Jesus, plenificado pelo Espírito da Luz Viva, afastou-se do
Jordão e, em estado de Comunhão Íntima com a Luz, foi conduzido ao
deserto,
2. onde permaneceu durante quarenta dias, a fim de ser colocado à
prova pelo Adversário. Durante esse tempo, nada comeu; mas no fim
teve fome.
3. Disse-lhe então o Opositor: “Se és o Enviado do Espírito da Luz Viva,
manda que esta pedra se transforme em pão”.
4. Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem’”.
5. Depois, o Antagonista o levou a um alto monte e lhe mostrou, num
instante, todos os reinos do mundo;

173
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
6. então, lhe disse: “Eu te darei todo este poder e a riqueza destes reinos,
porque a mim me foram entregues; e os dou a quem bem desejar.
7. Portanto, se te prostrares diante de mim, tudo isto será teu”.
8. Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Ao Espírito da Luz Viva, n’O qual
fostes gerado, adorarás; e somente a Ele cultuarás’”.
9. Então conduziu-o a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do
Templo, e lhe disse: “Se és o Enviado do Espírito da Luz Viva, atira-te
daqui para baixo,
10. porque está escrito: ‘O Espírito do Vivo dará ordem a seus
Mensageiros para te guardarem’.
11. E ainda: ‘Seus Mensageiros te susterão nas mãos para não
tropeçares em alguma pedra’”.
12. Jesus respondeu: “Está dito: ‘Não porás à prova ao Espírito da Luz
n’O qual fostes gerado’”.
13. Terminada a prova, o Opositor afastou-se dele até ocasião
oportuna.
PRISÃO DE JOÃO
Mt. 14:3-5; Mc. 6:17-20; Lc. 3:19-20
19. Mas Herodes, o tetrarca, tendo sido repreendido por João por
causa de Herodíades, mulher de seu irmão, e por causa de todas as más
ações que havia praticado,
20. acrescentou a todo o mal feito por ele ainda este: o de mandar
prender João.
JESUS SAI DA JUDÉIA
Mt. 4:12; Mc. 1:14; Lc. 4:14; Jo. 4:1-3
14. Jesus voltou então para a Galiléia e, por manifestar a Força e o
Poder do Espírito da Luz Viva, sua fama espalhou-se por toda aquela
região.

174
Sebastião Anselmo

VISITA A NAZARÉ
Lc. 4:16-22a
16. Estando em Nazaré, onde fora criado, entrou na sinagoga em dia
de Sábado, como era seu costume; e então, colocou-se de pé para fazer
a leitura.
17. Entregaram-lhe o rolo do profeta Isaías; ele o desenrolou e
encontrou o texto que diz:
18. ‘O Espírito da Luz Viva está sobre mim, ele me ungiu com Força e
Poder para anunciar a Doutrina aos pobres de espírito; enviou-me para
proclamar libertação dos cativos, restauração da vista aos cegos e para
por em liberdade os oprimidos,
19. e proclamar a proximidade do reino do Espírito da Luz Viva’.
20. Terminada a leitura, enrolou o livro e entregou-o ao assistente;
depois, sentou-se. Todos, na sinagoga, mantinham os olhos fixos nele.
21. Então, Jesus lhes falou: “Hoje se cumpriu, aos vossos ouvidos, esta
Escritura”.
22a. Todos lhe davam testemunho e se admiravam dos ensinamentos
da Doutrina que saíam de sua boca.
CONVOCAÇÃO DOS DISCÍPULOS
Mt. 4:18-22; Mc. 1:16-21a; Lc. 4:31a
31a. Então, desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, (...)
CURA DE UM OBSIDIADO
Mc. 1:21b-28; Lc. 4:31b-37
31b. (...) e, aos sábados, ensinava o povo;
32. e todos ficavam admirados da Doutrina do reino da Luz do Vivo,
pois falava como quem tem autoridade.
33. Havia na sinagoga um homem possuído por uma alma
desconectada intimamente com o Espírito da Luz Viva que começou a
gritar, dizendo:
34. “Ah! Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir?
Sei quem és: O Ungido Permeado de Luz”.

175
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
35. Jesus o repreendeu, dizendo: “Cala-te e sai dele”. Então a alma,
lançando-o no meio de todos, saiu dele sem fazer-lhe mal algum.
36. Ficaram todos tão admirados, que se perguntavam uns aos outros:
“Que nova Doutrina é esta? Porque ele dá ordens até mesmo às almas
desconectadas intimamente com o Espírito da Luz Viva, e estas o
obedecem!”
37. E sua fama se espalhou por toda aquela região.
CURA DA SOGRA DE PEDRO
Mt. 8:14-15; Mc. 1:29-31; Lc. 4:38-39
38. Saindo da sinagoga, Jesus entrou na casa de Simão. A sogra de
Pedro estava com febre alta, e suplicaram-lhe que a curasse.
39. Ele, inclinando-se sobre ela, admoestou severamente a febre, e esta
a deixou; imediatamente ela se levantou e pôs-se a servi-los.
OUTRAS CURAS
Mt. 8:16-17; Mc. 1:32-34; Lc. 4:40-41
40. Assim que o sol se pôs, trouxeram-lhe todos os doentes e
acometidos por diversos males; e ele, impondo-lhes as mãos, a todos
curou.
41. E de muitos saíam almas desconectadas intimamente com o
Espírito da Luz Viva, gritando: “Tu és o Filho Manifestado pelo
Espírito da Luz’; mas ele, repreendendo-os com firmeza, os proibia de
falar, pois sabiam que ele era o Ungido Permeado de Luz.
ORAÇÃO
Mc. 1:35-38; Lc. 4:42-43
42. Logo que o sol despontou, Jesus retirou-se para um lugar deserto; a
multidão o procurava e, quando o encontrou, queriam retê-lo para que
não mais se afastasse deles.
43. Ele, porém, lhes disse: “É necessário que eu anuncie também a
outras cidades a Doutrina do reino da Luz Viva; pois para isso sou
Enviado”.

176
Sebastião Anselmo

NO BARCO DE PEDRO
Lc. 5:1-3
1. Certa ocasião, estando ele à margem do lago de Genesaré, a
multidão se comprimia ao seu redor para ouvi-lo pregar a Doutrina do
reino da Luz Viva.
2. Então, vendo dois barcos próximos, junto à margem, cujos
pescadores haviam desembarcado para lavar as suas redes,
3. foi ele e entrou num desses barcos, que era o de Simão, e mandou
que se afastasse um pouco da terra; sentou-se e, de dentro do barco,
passou a
ministrar a Doutrina ao povo.
PESCARIA INESPERADA
Lc. 5:4-11
4. Quando acabou de falar, disse a Simão: “Agora vai para o meio das
águas e lançai as vossas redes para pescar”.
5. Simão respondeu: “Rabi, trabalhamos a noite inteira sem nada
apanhar; mas, sob a tua palavra, lançarei as redes”.
6. Feito isto, apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes
se rompiam.
7. Diante disto, acenaram aos sócios que estavam no outro barco para
que viessem auxiliá-los; e, chegando eles, encheram tanto os dois
barcos que quase afundaram.
8. Vendo isso, Simão Pedro lançou-se aos seus pés, e disse: “Afasta-te
de mim, Rabi, porque sou homem desconectado”.
9. Disse isto porque o espanto, diante da grande quantidade de peixes
que haviam apanhado, apoderara-se dele e de todos os que estavam
com ele;
10. o mesmo aconteceu com Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram
sócios de Simão. Mas Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo!
Doravante serás pescador de homens”.
11. Então eles, conduzindo os seus barcos para a terra, deixaram tudo
e o seguiram.

177
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

JESUS PERCORRE A GALILÉIA


Mt. 4:17 e 23; Mc. 1:15 e 39; Lc. 4:15 e 44
15. Ensinava em suas sinagogas, e todos davam testemunho de sua
autoridade.
44 E, pregando, percorria as sinagogas da Galiléia.
CURA DO LEPROSO
Mt. 8:2-4; Mc. 1:40-45; Lc. 5:12-16
12. E aconteceu que, estando ele numa cidade, eis que um homem cheio
de lepra, vendo-o, lançou-se diante dele com o rosto em terra, e
implorou: “Rabi, tens poder para curar-me, se assim o desejar”.
13. Ele, estendendo a mão, tocou-o e disse: “Eu quero. Fica curado”.
Imediatamente a lepra desapareceu.
14. Em seguida, ordenou-lhe: “Não o contes a ninguém; mas vai
apresentar-te ao sacerdote e, para que lhe sirva de prova, leva a oferta
estabelecida na Lei por Moisés”.
15. E sua fama cada vez mais se difundia, de sorte que grandes
multidões vinham a ele para ouvi-lo e serem curadas de suas
enfermidades.
16. Mas ele constantemente se retirava a lugares desertos, e assim
permanecia em Contato Íntimo com o Espírito da Luz Viva.
CURA DO PARALÍTICO
Mt. 9:1-8; Mc. 2:1-12; Lc. 5:17-26
17. Certo dia, estando ele em casa ensinando a Doutrina, achavam-se
ali sentados alguns fariseus e doutores da Lei, vindos de todos os
povoados da Galiléia, da Judéia, e de Jerusalém; e nele estava a Força
e Poder do Espírito da Luz Viva para operar curas e prodígios
18. Chegaram, então, alguns homens trazendo um paralítico
transportado numa maca; eles tentavam, sem conseguir, levá-lo para
dentro e colocá-lo diante de Jesus.
19. Não encontrando modo de fazê-lo, por causa da multidão que se
aglomerava na porta, subiram ao terraço e, retirando algumas telhas,
o desceram com a maca, no meio de todos, colocando-o bem diante de
Jesus.

178
Sebastião Anselmo
20. Observando a fé que os movia, Jesus disse: “Homem, teus atos em
desconexão íntima com o Espírito da Luz Viva te são perdoados”.
21. Os escribas e os fariseus, ouvindo isto, começaram a refletir em
seus corações: “Quem é este homem para dizer tal coisa? Está
blasfemando! Quem pode perdoar ações desconectadas senão somente o
Espírito da Luz?”
22. Mas Jesus, percebendo intimamente os seus pensamentos,
respondeu-lhes: “Por que abrigais maus pensamentos em vossos
corações?
23. O que é mais correto? Dizer: ‘teus atos em desconexão íntima com o
Espírito da Luz Viva te são perdoados’, ou dizer ‘levanta-te e anda?’
24. Pois para que saibais que o Filho do Homem tem Poder para perdoar
açõem desconectadas com o Espírito da Luz Viva, digo a este homem:
Levanta-te, toma o teu leito, e vai para a tua casa”.
25. Imediatamente o homem se levantou e, diante deles, tomou o leito
em que estivera deitado e foi para a sua casa, enaltecendo o Poder do
Espírito da Luz.
26. E todos os que viram isto ficaram tomados de espanto e disseram:
“Hoje vimos coisas inacreditáveis”.
MATEUS É CHAMADO
Mt. 9:9; Mc. 2:13-14; Lc. 5:27-28
27. Depois disso, saiu para a beira-mar e, ao passar, viu um publicano,
chamado Levi, sentado na coletoria de impostos e lhe disse: “Segue-
me!”
28. Deixando tudo, ele se levantou e o seguiu.
O BANQUETE DE LEVI
Mt. 9:10-13; Mc. 2:15-17; Lc. 5:29-32
29. Levi lhe ofereceu um grande banquete em sua casa; e era grande o
número de publicanos, entre outras pessoas, que estavam reclinados à
mesa com ele.
30. Vendo isso, os fariseus e seus escribas começaram a murmurar
entre si, e a perguntar aos seus discípulos: “Por que comeis e bebeis
com publicanos e homens pecadores?”

179
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
31. Jesus, ouvindo-os, lhes respondeu: “Não sãos os sãos que precisam
de médico e sim os doentes.
32. Não vim chamar os justos, mas sim desconectados, para uma
mudança de mente”.
A QUESTÃO DO JEJUM
Mt. 9:14-17; Mc. 2:18-22; Lc. 5:33-39
33. Então, lhe disseram: “Os discípulos de João jejuam com frequência
e recitam versos de Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva, e
também os discípulos dos fariseus fazem o mesmo; os teus, ao contrário,
comem e bebem”.
34. Jesus lhes respondeu: “Podeis fazer jejuar os convidados ao
Casamento Íntimo com o Espírito da Luz Viva enquanto está com eles o
Noivo?
35. Dias virão, contudo, em que o Noivo lhes será tirado, então jejuarão.
36. E propôs-lhes uma parábola: “Ninguém tira retalho de roupa nova
para remendar roupa velha; do contrário, além de estragar a nova, o
remendo não
37. E ninguém põe vinho novo em odres velhos: do contrário, o vinho
novo arrebentará os odres, e se perderá tanto o vinho quanto os odres.
38. Vinho novo se coloca em odres novos, assim ambos se conservam.
39. Ninguém há que, tendo já bebido do velho, queira experimentar o
novo; pois diz: O velho é melhor”.
A QUESTÃO DO SÁBADO
(GENESAR - SÁBADO, 22 DE MAIO DE 29 A.D.)
Mt. 12:1-8; Mc. 2:23-28; Lc. 6:1-5
1. Num dia de sábado, ao passarem pelas plantações, seus discípulos
colhiam espigas e, debulhando-as com as mãos, comiam os seus grãos.
2. E alguns fariseus, vendo isso, lhes disseram: “Por que fazeis o que
não é permitido em dia de Sábado?”
3. Jesus respondeu-lhes: “Não lestes o que fez Davi, ele e seus
companheiros, quando tiveram fome?

180
Sebastião Anselmo
4. Como entrou no Templo do Espírito da Luz Viva e comeu os pães da
proposição, que só aos sacerdotes é permitido comer, e os deu também
aos seus companheiros?”
5. E acrescentou: “O Filho do Homem é senhor do Sábado”.
CURA DA MÃO ATROFIADA
(CAFARNAUM, SÁBADO, 29 DE MAIO DE 29 A.D.)
Mt. 12:9-14; Mc. 3:1-6; Lc. 6:6-11
6. Aconteceu também que, num outro Sábado, entrou Jesus na
sinagoga para ensinar; e ali estava um homem que tinha a mão direita
atrofiada.
7. Os escribas e os fariseus observavam-no para ver se ele o curaria em
dia de Sábado, para terem de que o acusar.
8. Ele, porém, sabendo o que se passava em seus corações, disse ao
homem da mão atrofiada: “Levanta-te, e vem aqui para o meio”. O
homem se levantou e pôs-se no meio de todos.
9. Depois, dirigindo-se a eles, disse: “Eu vos pergunto o que é lícito fazer
em dia de Sábado: Fazer o bem, ou fazer o mal? Salvar vidas, ou tirá-
las?”
10. Em seguida, percorrendo o olhar sobre todos à espera de uma
resposta, que não veio, disse ao homem: “Estende a tua mão”. Ele a
estendeu, e viram que estava curada.
11. Eles ficaram enfurecidos, e reuniram-se para deliberar o que
fariam com ele.
A ESCOLHA DOS DOZE
Mt. 10:1-4; Mc. 3:13-19; Lc. 6:12-16
12. E aconteceu que, naqueles dias, subiu Jesus a um monte a fim de
orar; e passou a noite em Comunhão Íntima com o Espírito da Luz
Viva.
13. Quando amanheceu, chamou seus discípulos e escolheu Doze
dentre eles, aos quais chamou ‘apóstolos’.
14. São eles: Simão, a quem chamou ‘Pedro’, e André, seu irmão;
Tiago e João, Filipe e Bartolomeu;
15. Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, o Zelote;
181
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
16. Judas, irmão de Tiago d’Alfeu, a quem chamou ‘Tadeu’, e Judas
Iscariotes, que foi quem o entregou ao sacrifício final.
A DESCIDA DO MONTE
Lc. 6:17-19
17. Em seguida, desceu com eles e se deteve num lugar plano, onde
havia um grande número de discípulos e imensa multidão de povo
vindos de toda a Judéia, de Jerusalém, e do litoral de Tiro e Sidônia,
18. para ouvi-lo e ser curados de suas enfermidades; também os que
estavam possuídos por almas em estado de desconexão-íntima com o
Espírito da Luz Viva ficavam curados.
19. E toda aquela multidão procurava tocá-lo, porque dele saía uma
Força que os curava a todos.
O SERMÃO DO MONTE
AS BEM-AVENTURANÇAS
Mt. 5:1-12; Lc. 6:20-26
20. Então, dirigindo o olhar para os seus discípulos, dizia-lhes: “Felizes
sois vós, os de alma humilde, porque a vós está destinado o reino da Luz
Viva;
21. vós, que agora tendes fome de justiça, sereis saciados; que agora
chorais de desesperança, haveis de rir.
22. Felizes sereis quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem,
insiltarem e declararem o vosso nome como indigno, por seguirem a
Doutrina do Vivo;
23. exultai de alegria quando isso ocorrer, porque será grande o vosso
galardão de Luz no reino; pois o mesmo fizeram os vossos pais aos que
vos precederam no Caminho.
24. Mas ai de vós, ricos, porque já tendes a vossa consolação!
25. Ai de vós, que agora estais saciados, porque tereis fome! Ai de vós,
que agora rides, porque haveis de chorar e lamentar!
26. Ai de vós quando os homens vos bendisserem, porque o mesmo
fizeram os vossos pais aos que praticaram iniquidades.

182
Sebastião Anselmo

O SAL DA TERRA
Mt. 5:13; Mc. 9:50; Lc. 14:34-35
34. O sal é bom; mas, se o sal se tornar insípido, para que servirá?
35. Não será útil para a terra, e nem mesmo servirá para estrume; mas
somente para ser lançado fora: Quem tem ouvidos de ouvir, que ouça!”.
A LUZ DO MUNDO
Mt. 5:14-16; Lc. 11:33-36
33. Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la em baixo, ao rés do
chão, ou ocultá-la sob o alqueire, mas para colocá-la no alto, sobre o
candelabro, para que os que entram vejam a Luz.
34. O olho é a lâmpada que traz luz ao corpo: Se o teu olho tiver brilho,
todo o teu corpo ficará iluminado; mas se o teu olho for trevoso, todo o
teu corpo ficará em trevas.
35. Procura, pois a fonte de Luz que há em ti, para que o teu olho a
manifeste e o teu corpo não fique em trevas;
36. porque, se todo o teu tiver luz, totalmente isento de trevas, ficará todo
iluminado, tal como a lâmpada que ilumina com o seu brilho”.
AS OFENSAS
Mt. 5:21-26; Lc. 12:54-59
54. Disse também à multidão: “Quando vedes levantar-se uma nuvem
no poente, logo dizeis: ‘Haverá chuva’, e assim acontece;
55. e quando vedes soprar o vento sul, dizeis: ‘Haverá calor’, e assim
ocorre.
56. Insensatos! Sabeis distinguir os sinais do tempo, quanto às coisas do
mundo, e não sabeis distinguir os sinais da Luz, quanto ao tempo
presente?
57. Por que não discernis também, em vosso íntimo, sobre o que é justo
em vossas atitudes?
58. Enquanto estás com o teu adversário, a caminho do Tribunal, fazei o
possível para reconciliar-te com ele; para que ele não te arraste ao Juiz, e
este te entregue ao Executor da Lei e sejas lançado na prisão.
59. Digo-te que dali não sairás, enquanto não pagares toda a tua dívida”.

183
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

O ADULTÉRIO
Mt. 5:27-32; Lc. 16:18
18. Todo aquele que repudiar sua mulher e a outra se unir, comete
adultério; e aquele que a ela se unir, também comete adultério.
A NÃO-RESISTÊNCIA
Mt. 5:38-42; Lc. 6:29-30
29. Ao que te bater numa face, oferece-lhe também a outra; ao que te
tirar a capa, não impeça que leve também a túnica.
30. Dá a quem te pedir dado; e ao que tomar o que é teu, não o denuncie
nem lho peças de volta.
AMOR AO PRÓXIMO
Mt. 5:43-48; Lc. 6:27-28 e 32-36
27. Digo, porém, a vós que me ouvis: Amai aos vossos inimigos, fazei o
bem aos que vos odeiam;
28. bendizei aos que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam.
32. Pois se amardes somente aos que vos amam, qual será o vosso
mérito? Até mesmo os que estão em estado íntimo de desconexão íntima
com o Vivo amam aos que os amam.
33. E se fizerdes o bem apenas aos que vos fazem o bem, que mérito
tereis? Também agem assim os desconectados com a Luz.
34. Se emprestardes apenas aos que vos possam devolver, que mérito
tereis? Também os desconectados emprestam uns aos outros para
receberem de volta.
35. Vós, pois, deveis agir de modo diferente: Amai aos vossos inimigos,
fazei o bem, e emprestai sem esperar ressarcimento. Desse modo, será
enorme o vosso merecimento e sereis considerados Filhos do Espírito da
Luz Altíssima; pois que ele é bom e generoso para com os ingratos e
maus.
36. Sede, pois, misericordiosos; como também é misericordioso o vosso
Pai Luminoso.

184
Sebastião Anselmo

A ORAÇÃO
Mt. 6:5-15; Mc. 11:24-26; Lc. 11:1-4
1. Aconteceu que, estando Jesus num certo lugar, orando, ao terminar,
um de seus discípulos lhe disse: “Rabi, ensina-nos a orar, como João
ensinou a seus discípulos”.
2. Jesus lhe respondeu: “Quando orardes, dizei assim: Pai, santificado
seja o teu Nome; venha a nós o teu Reino;
3. o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
4. releve os nossos atos em desconexão íntima Contigo, assim como
também nós relevamos aos nossos irmãos os atos de desconexão íntima
contra nós praticados; e não nos deixes cair nos testes de provação".
OS TESOUROS
Mt. 6:19-24; Lc. 12:32-34
32. “Não temas, pequenino rebanho, porque é do agrado de vosso Pai
Espiritual dar-vos o seu reino.
33. Vendei os vossos bens e dai o dinheiro em esmolas aos pobres. Fazei,
com isso, bolsas que não envelhecem, um tesouro inextinguível no reino
do Vivo, onde o ladrão não alcança nem a traça corrói;
34. porque, onde está o vosso tesouro, aí também estará o vosso coração.
AS PREOCUPAÇÕES
Mt. 6:25-34; Lc. 12:22-31
22. Depois, disse ele a seus discípulos: “Por isso, eu vos ensino: Não
andeis preocupados com a vossa vida, quanto ao que haveis de comer,
nem com o vosso
corpo, quanto ao que haveis de vestir;
23. não é a vida mais que o alimento, e o corpo mais que a roupa?
24. Observai os corvos: Eles não semeiam nem colhem, não têm despensa
nem celeiro; e, no entanto, o vosso Pai de Luz os alimenta. Quanto mais
adiantados estais vós do que as aves?
25. Qual de vós pode, por mais preocupado que esteja, acrescentar um só
dia à duração de sua vida?

185
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
26. Ora, se não sabeis nem ao menos se estareis vivos amanhã, por que se
preocupar com isso?
27. Observai como crescem os lírios, e não trabalham nem fiam;
entretanto, eu vos afirmo que nem Salomão, com toda a sua riqueza, se
vestiu como um deles.
28. Portanto, se o vosso Pai de Luz assim veste a erva do campo, que hoje
existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de fé
vacilante?
29. Por isso, não andeis preocupados com o dia de amanhã, com o que
havereis de comer, ou com o que havereis de beber; não seja isto motivo
de preocupação para vós,
30. porque os homens do mundo é que vivem preocupados com todas
essas coisas; quanto a vós, sabei bem que o vosso Pai de Luz cuida de
todas essas necessidades.
31. Basta apenas que busqueis o lugar onde habita a Luz em vosso
interior, e que vivais de acordo com a sua Doutrina, e tudo o mais vos
será providenciado”.
OS JULGAMENTOS
Mt. 7:1-5; Lc. 6:37-38 e 41-42
37. Não julgueis, para não serdes julgados; e não condeneis, para não
serdes condenados. Perdoai, para serdes perdoados.
38. Em primeiro, oferecei em abundância, e só então recebereis; e
recebereis medida generosa, calcada, sacudida e transbordante, porque
com a mesma medida com que derdes, a vós será dado também”.
41. Por que vês tu o cisco no olho de teu irmão, e não vês a trave que tens
no teu?
42. Como podes dizer ao teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu
olho’, quando não vês a trave que tens no teu? Insensato! Tira primeiro
a trave de teu olho, e então poderás enxergar melhor para tirar o cisco do
olho de teu irmão.

186
Sebastião Anselmo

LEI DE CAUSA E EFEITO


Mt. 7:7-12; Lc. 11:5-13 e 6:31
5. Disse-lhes ainda: “Qual de vós é o homem que, tendo um amigo e este
for procurá-lo no meio da noite, dizendo: ‘Amigo, empresta-me três pães,
6. porque acaba de chegar de viagem um de meus amigos e nada tenho
para lhe oferecer’,
7. responderá: ‘Não me importunes; a porta já está fechada e eu e meus
filhos já estamos deitados; não posso levantar-me para dá-los a ti’?
8. Eu vos digo que, mesmo que não se levante por ser seu amigo, se
levantará para livrar-se do incômodo; e dar-lhe-á o de que necessita.
9. O mesmo se dará convosco: Pedi e vos será dado; buscai e achareis;
batei e se vos abrirá;
10. porque todo o que pede, recebe; o que busca, acha; e ao que bate,
abre-se-lhe.
11. Qual de vós é o pai que, se o filho lhe pede peixe, lhe dá uma cobra?
12. Ou se lhe pede ovo, lhe dá um escorpião?
13. Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos,
quanto mais Pai Vivo: Ele dará a conexão-íntima com o seu Espírito aos
que lho pedirem!”
31. Como quereis que os homens vos façam, assim também fazei-o vós,
primeiro, a eles.
DIFICULDADE NA EVOLUÇÃO
Mt. 7:13-14; Lc. 13:23-30
23. Alguém lhe perguntou: “Rabi, são poucos os que se salvam?” Ele
respondeu:
24. “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que
muitos procurarão entrar e não conseguirão;
25. porque, uma vez que o dono da casa tiver se levantado e fechado a
porta e vós, tendo ficado de fora, começardes a bater, dizendo: ‘Senhor,
abre-nos!’ ele vos responderá: ‘Não sei de onde sois’.
26. Então começareis a dizer: ‘Nós comemos e bebemos em tua presença,
e tu ensinaste em nossas praças’.
187
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
27. Ele, porém, vos responderá: ‘Não sei de onde sois. Apartai-vos de
mim, todos vós que praticais iniquidades’.
28. Lá haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac,
Jacó e todos os profetas no reino da Luz Viva, e vós permanecendo do
lado de fora, nas trevas.
29. Muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão
lugar à mesa no reino da Luz.
30. Por isso, em Comunhão Íntima com a Verdade, eu vos digo: Há
últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”.
FRUTOS DO ESPÍRITO
Mt. 7:15-20; Lc. 6:43-45
43. Não há árvore boa que dê fruto mau, nem árvore má que dê fruto
bom,
44. porque é pelos frutos que se conhece se a árvore é boa: Não se
colhem figos de espinheiros, nem de abrolhos se vindimam uvas.
45. Do mesmo modo, o homem bom, do bom tesouro de seu coração
produz o bem; e o homem mau, do mau tesouro de seu coração pratica o
que é mal, porque a boca fala daquilo que o coração está cheio.
VIVER OS ENSINAMENTOS
Mt. 7:21-27; Lc. 6:46-49
46. Por que me chamais ‘Rabi, Rabi’, mas não praticais o que eu ensino?
47. Todo aquele que vem a mim, ouve os meus ensinamentos e os põe em
prática, eu vos direi a quem o comparo:
48. Eu o comparo a um homem que, ao construir sua casa, cavou, abriu
profunda vala, e colocou o seu alicerce sobre a rocha. Veio a enchente, a
torrente bateu com força contra aquela casa, e ela não sofreu nenhum
abalo, porque foi construída sobre a rocha.
49. Aquele, porém, que ouve os meus ensinamentos e não os pratica, eu o
comparo a um homem que construiu a sua casa ao rés do chão, sem
alicerce. A torrente bateu com força contra aquela casa e ela ruiu. E
quão grande foi a sua ruína!”.

188
Sebastião Anselmo

JESUS DESCE DO MONTE


Mt. 7:28-29; Mt. 8:1; Lc. 7:1
1. Tendo Jesus acabado de transmitir os seus Ensinamentos aos
ouvidos do povo, entrou em Cafarnaum.
CURA DO SERVO DO CENTURIÃO
Mt. 8:5-13; Lc. 7:2-10
2. Um centurião tinha um servo, a quem muito estimava, que estava
doente à beira da morte.
3. Tendo ouvido falar de Jesus, enviou-lhe alguns dos anciãos dos
judeus para pedir-lhe que fosse curar o seu servo;
4. e estes, vindo ter com Jesus, rogaram-lhe, solícitos: “Ele é digno de
que lhe faças isso,
5. porque ama o nosso povo e até nos construiu a sinagoga”.
6. Indo Jesus com eles, quando já se achava bem perto da casa, o
centurião enviou-lhe alguns amigos para dizer-lhe: “Mestre, não te
incomodes, porque não sou digno de que entres em minha casa;
7. por isso, também não me considerei digno de ir eu mesmo ao teu
encontro. Dize, porém, uma só palavra, e meu servo ficará curado.
8. Porque eu também obedeço a ordens superiores e, não obstante, tenho
soldados sob as minhas ordens; e, se digo a um: ‘Vai!’, ele vai; e se digo
a outro: ‘Vem!’, ele vem; e se digo a meu servo: ‘Faze isto!’, ele o faz”.
9. Ouvindo isso, Jesus admirou-se e, voltando-se para a multidão que o
acompanhava, disse: “Em Comunhão Íntima com o Espírito de Verdade,
eu vos digo: Nem mesmo em Israel encontrei fé tão grande”.
10. Ao voltarem para casa, os que tinham sido enviados encontraram
em perfeita saúde o servo que estivera doente.
O FILHO DA VIÚVA
Lc. 7:11-18a
11. No dia seguinte, foi Jesus a uma cidade chamada Naim; seus
discípulos e numerosa multidão caminhavam com ele.

189
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
12. Ao aproximar-se da porta da cidade, viu que traziam para fora um
morto, filho único de uma viúva; e grande número de pessoas
acompanhava o féretro.
13. Ao olhar para a mãe, que seguia para enterrar o seu único filho,
Jesus compadeceu-se dela, e disse-lhe: “Não chores”.
14. Em seguida, aproximando-se, tocou o esquife; e os carregadores
pararam. Então disse: “Menino, eu te ordeno, levanta-te!”;
15. e o que estivera morto se levantou e começou a falar, e Jesus o
entregou à sua mãe.
16. Então todos, tomados de espanto, agradeciam à Força e Poder da
Luz, dizendo: “Um grande profeta surgiu entre nós; e o Espírito da Luz
visitou o seu povo”.
17. Esta notícia rapidamente se espalhou por toda a Judéia e sua
redondeza,
18a. e chegou aos discípulos de João, que lhe informaram de todas
essas coisas.
A FAMÍLIA DE JESUS
Mt. 12:46-50; Mc. 3:20-21 e 31-35; Lc. 8:19-21
19. Vieram ter com ele sua mãe e seus irmãos, mas não podiam
aproximar-se por causa da multidão;
20. e alguém lhe disse: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem
ver-te”.
21. Ele respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são os que ouvem a
Doutrina do reino da Luz Viva, e a praticam”.
JOÃO - REENCARNAÇÃO DE ELIAS
Mt. 11:2-19; Lc. 7:18b-35
18b. João chamou dois de seus discípulos
19. Vieram ter com ele sua mãe e seus irmãos, mas não podiam
aproximar-se por causa da multidão;
20. e alguém lhe disse: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem
ver-te”.

190
Sebastião Anselmo
21. Ele respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são os que ouvem a
Doutrina do reino da Luz Viva, e a praticam”.
22. Depois, lhes respondeu: “Ide informar a João sobre o que vistes e
ouvistes: Cegos voltando a ver; coxos voltando a andar; leprosos ficando
curados; surdos voltando a ouvir; mortos voltando à vida; a Doutrina
d’A Luz Viva sendo pregada aos pobres de espírito,
23. e beneficiando a todos os que a recebem”.
JESUS DÁ TESTEMUNHO DE JOÃO
24. Quando partiram dali, Jesus começou a falar ao povo a respeito de
João: “O que fostes ver no deserto? Um caniço movido pelo vento?
25. O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Não! Porque
os que se vestem com roupas finas e vivem no luxo habitam nos palácios
dos reis.
26. O que fostes ver, então? Um profeta? Sim! E eu vos digo: João é mais
que simples profeta,
27. porque é a ele que se refere o texto da Escritura: ‘Eis que envio o
meu Mensageiro à tua frente, ele abrirá o caminho diante de ti’.
28. Dele, eu vos digo, em Espírito de Verdade: Dos nascidos de mulher,
não há um sequer maior do que João, o Batista; no entanto, o menor no
reino d’A Luz Viva é maior do que ele.
29. Todos os que o ouviram, e até mesmo os publicanos, aprenderam a
Doutrina da Luz e aceitaram o mergulho na água;
30. menos os fariseus e doutores da Lei, que não aceitaram o Preceito da
Luz, causando danos a si mesmos, e desprezaram o mergulho.
JESUS COMPARA AQUELA GERAÇÃO A MENINOS
INDECISOS
31. A quem compararei esta geração? Com quem se parecem?
32. São como meninos brincando na praça, discutindo entre si: ‘Tocamos
flauta e não dançastes, cantamos hinos de lamentação e não chorastes’.
33. Porque veio João, o Batista, que não comendo pão nem bebendo
vinho, e dizeis: ‘Está com espírito sem Luz’.

191
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
34. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: ‘É comilão e
beberrão, amigo de publicanos e homens desconectados’;
35. porém, as obras é que dão testemunho da sabedoria de quem as
pratica”.
O AMOR SALVA
Lc. 7:36-50
36. Um fariseu o convidou a comer com ele; Jesus entrou em sua casa e
se reclinou à mesa.
37. Nisso, uma mulher da cidade, considerada de má vida, sabendo que
ele estava à mesa na casa do fariseu, para lá se dirigiu levando consigo
um frasco de alabastro com perfume de mirra;
38. e, colocando-se por trás dele, junto aos seus pés, pôs-se a chorar e a
banhar-lhe os pés com as suas lágrimas, e a enxugá-los com os seus
cabelos; e beijava-lhe os pés enquanto os ungia com o perfume.
39. Vendo isso, o fariseu que o havia convidado se pôs a refletir: ‘Se
este homem verdadeiramente fosse um profeta, bem saberia quem é esta
mulher, pois é de má vida’.
40. Jesus, porém, tomando a palavra, disse-lhe: “Simão, tenho algo a
dizer-te”. Ele respondeu: “Fala, Rabi”.
41. Tornou Jesus: “Um credor tinha dois devedores: um lhe devia
quinhentos denários, e o outro cinquenta.
42. Como não tivessem com que pagar, o credor perdoou-lhes a dívida.
Então, eu te pergunto: Qual dos dois lhe terá mais gratidão?”
43. Simão respondeu: “Penso que aquele a quem perdoou mais”. Jesus
replicou: “Julgaste bem”;
44. e, voltando-se para a mulher, disse a Simão: “Vês esta mulher?
Entrei em tua casa e não me banhaste os pés: ela, porém, o fez com suas
lágrimas e secou-os com os seus cabelos.
45. Tu não me deste ósculo no rosto: ela, porém, desde que entrou não
cessa de beijar-me os pés.
46. Tu não ungiste a minha cabeça com óleo: ela, ao contrário, com
perfume ungiu os meus pés.

192
Sebastião Anselmo
47. Por essa razão, eu te digo que os seus muitos atos de desconexão
íntima com a Luz estão perdoados, por isso ela demonstra muito amor;
aquele, porém, que tem pouco a ser perdoado, demonstra pouco amor”.
48. E, dirigindo-se à mulher, disse: “Teus pecados estão perdoados”.
49. Os que estavam com ele à mesa começaram a murmurar entre si,
dizendo: “Quem é esse homem que até perdoa pecados?”
50. Mas ele, ignorando-os, apenas disse à mulher: “A tua fé te dalvou;
vai-te em paz”.
AS MULHERES
(Julho a setembro de 29 A.D. - 782 A.U.C.)
Lc. 8:1-3
1. Depois disso, Jesus passou a perambular por cidades e aldeias da
região, pregando e anunciando a Doutrina do reino da Luz Viva; e os
Doze iam com ele,
2. assim como algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos
desconectados com a Luz-Íntima e enfermidades: Maria, chamada
Madalena, da qual havia expulsado sete demônios;
3. Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Suzana e muitas
outras, que o serviam com seus bens.
ENSINANDO À BEIRA MAR
Mt. 13:1-3; Mc. 4:1-2; Lc. 8:4
4. Reunindo-se grande multidão, com pessoas que vinham até ele de
todas as cidades, propôs-lhes uma parábola, dizendo:
A PARÁBOLA DO SEMEADOR
Mt. 13:4-9; Mc. 4:3-9; Lc. 8:5-8
5. “Um semeador saiu a semear a sua semente. Ao semeá-la, uma parte
das sementes caiu ao longo do caminho; foi pisada e as aves do céu a
comeram.
6. Outra parte caiu sobre a pedra; quando nasceu, secou por falta de
umidade.
7. Outra caiu no meio de espinhos; quando nasceu, estes a sufocaram.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
8. Outra parte, por fim, caiu em terra boa; germinou e produziu cem
frutos por grão”. Dito isto, exclamou: “Quem tem ouvidos de ouvir,
ouça”.
OS DISCÍPULOS INQUIREM JESUS
Mt. 13:10-15; Mc. 4:10-12; Lc. 8:9-10
9. Seus discípulos perguntaram-lhe o significado da parábola,
10. e ele lhes respondeu: “A vós é permitido conhecer os segredos do
reino da Luz; a eles, porém, se ensina por meio de parábolas porque
vendo, não veem, e ouvindo, não compreendem.
O SENTIDO DA PARÁBOLA DO SEMEADOR
Mt. 13:18-23; Mc. 4:13-20; Lc. 8:11-15
11. Eis, pois, o que significa esta parábola: A semente é a Doutrina da
Luz Viva.
12. A que caiu ao longo do caminho são os que a ouvem; mas logo vem o
Adversário e lhes arrebata do coração o que foi semeado, para que não
creiam e a pratiquem e sejam salvos.
13. A que caiu sobre pedras são os que, ao ouvir a Doutrina, logo a
acolhem com alegria em seus corações, mas, por não terem profundidade
em seus corações não lançam raízes; esses creem por um tempo, mas
quando vem a provação, voltam atrás.
14. A que caiu sobre os espinhos são os que a ouvem, mas, alimentando
em seus corações as preocupações com as coisas do mundo, a ilusão das
riquezas e prazeres da carne sufocam-na e não permitem que deem fruto
de boa obra.
15. Finalmente, a que cai em terra boa são os que possuem o coração
misericordioso e a ouvem e a conservam para a prática diária; estes
produzem fruto de obra boa pelo seu muito persistir.
A LÂMPADA DEBAIXO DO ALQUEIRE
Mc. 4:21-23; Lc. 8:16-17
16. Ninguém acende uma lâmpada e a oculta com uma vasilha ou a põe
debaixo da cama; ao contrário, acende-se a lâmpada para colocá-la
sobre o candelabro, a fim de que os que entram vejam a luz.

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Sebastião Anselmo
17. Assim, em Espírito de Verdade, eu vos digo: Nada há oculto que não
se torne conhecido, nem segredo algum que não venha a ser revelado.
NA MESMA MEDIDA
Mc. 4:24-25; Lc. 8:18
18. Cuidai, pois, do modo como ouvis; pois, àquilo que tens, será
acrescentado; e àquilo que não tens lhe será tirado, de modo que
aumente a sua falta.
VENTANIA ACALMADA
Mt. 8:18 e 23-27; Mc. 4:35-41; Lc. 8:22-25
22. E aconteceu que, num daqueles dias, entrou num barco com seus
discípulos e disse: “Passemos à outra margem”; e partiram.
23. Enquanto navegavam, ele adormeceu. E sobreveio ao mar um
grande turbilhão de vento, que açoitava o barco e enchia-o de água
ameaçando afundar.
24. Foram, então, até ele e o despertaram, dizendo: “Rabi, estamos
afundando”. Ele despertou e repreendeu o vento e a fúria da água que,
cessando a agitação, deu lugar a grande calmaria.
25. Então, disse Jesus aos discípulos: “Onde está a vossa fé?”; e eles,
espantados, comentavam entre si: “Quem é esse, que manda até nos
vento e nas ondas, e eles lhe obedecem?”
O OBSIDIADO DE GERASA
Mt. 8:28-34; Mc. 5:1-20; Lc. 8:26-39
26. Navegaram em direção ao território dos gerasenos, que faz
fronteira com a Galiléia,
27. e, ao desembarcarem, veio ao seu encontro um homem da cidade,
possesso de demônios, que há muito tempo não vestia roupas, nem
habitava em casa alguma, mas vivia entre as sepulturas.
28. Este homem, vindo de encontro a Jesus, lançou-se aos seus pés e
disse, gritando: “Que queres de mim, Jesus, Filho da Luz Altíssima?
Suplico-te que não me atormentes”.
29. Disse isto porque, ao vê-lo vindo em sua direção, Jesus ordenara
que o espírito imundo saísse do corpo daquele homem, pois se apossava
dele com frequência, e ainda que o prendessem com correntes e

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
grilhões, ele os arrebentava e conduzia aquele homem para lugares
desertos.
30. Então, Jesus lhe perguntou: “Qual é o teu nome?” Ele respondeu:
“Legião”, porque muitos demônios haviam entrado nele;
31. e lhe rogavam que não os mandasse para o abismo.
32. Ora, havia ali, pastando no monte, uma grande manada de porcos;
então, lhe suplicaram que lhes permitisse entrar nos porcos, e Jesus o
permitiu.
33. Saindo eles do corpo do homem e entrando nos porcos, estes se
precipitaram pelo despenhadeiro abaixo e, caindo no mar, se
afogaram.
34. Vendo o que havia acontecido, os guardadores dos porcos fugiram
e contaram o ocorrido em toda aquela região, tanto nas cidades quanto
nos campos.
35. Saíram então os moradores para ver o que havia acontecido e,
chegando onde estava Jesus, encontraram o homem de quem haviam
saído os demônios vestido, sentado aos pés de Jesus e em perfeito juízo;
e ficaram com medo.
36. Aqueles que haviam visto o ocorrido contaram-lhes como o
endemoninhado tinha sido libertado;
37. então, os moradores do território dos gerasenos pediram que Jesus
se retirasse dali, pois estavam possuídos pelo medo; e ele embarcou de
volta.
38. O homem, do qual haviam saído os demônios, pediu para ficar com
ele; mas Jesus o despediu, dizendo:
39. “Volta para a tua casa e conta o que fez por ti o Espírito da Luz”. E
saiu o homem divulgando por toda a cidade o que, através de Jesus,
fora feito em seu favor.
O PEDIDO DE JAIRO
Mt. 9:18-19; Mc. 5:21-24; Lc. 8:40-42
40. Quando Jesus voltou, foi recebido pela multidão, pois todos o
estavam esperando.

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Sebastião Anselmo
41. Então, chegou-se a ele um homem, chamado Jairo, chefe da
sinagoga que, lançando-se aos seus pés, implorava para que fosse à sua
casa,
42. pois sua única filha, de doze anos, estava à morte. Enquanto ele ia,
a multidão o seguia e comprimia.
CURA DE HEMORRAGIA
Mt. 9:20-22; Mc. 5:25-34; Lc. 8:43-48
43. E uma mulher que, havia doze anos, padecia de hemorragia, e que
ninguém pudera curar,
44. aproximou-se dele por trás e tocou-lhe a extremidade de seu
manto; no mesmo instante a hemorragia cessou.
45. E Jesus perguntou: “Quem me tocou?” Como todos negassem,
Pedro disse: “Rabi, a multidão te aperta e comprime, e tu perguntas
quem te tocou?”
46. Mas Jesus insistiu: “Alguém me tocou, pois senti que de mim saiu
Virtude de Força curadora”.
47. A mulher, vendo que não passara despercebida, aproximou-se
tremendo e, prostrando-se diante dele, declarou perante todo o povo o
motivo que a levou a tocá-lo, e como ficara instantaneamente curada.
48. E Jesus lhe disse: “Filha, a tua fé te curou; vai-te em paz”.
A FILHA DE JAIRO
Mt. 9:23-26; Mc. 5:35-43; Lc. 8:49-56
49. Jesus ainda falava, quando chegou alguém da casa do chefe da
sinagoga, e lhe disse: “Tua filha morreu, não incomodes o Mestre”.
50. Jesus, ouvindo-o, respondeu: “Não temas, apenas crê e ela será
curada”.
51. Chegando à casa, não deixou que entrassem com ele senão Pedro,
João, Tiago e os pais da menina.
52. Todos choravam e se lamentavam; mas Jesus, porém, disse: “Não
choreis, a menina não está morta, mas dorme”;
53. e zombavam dele, pois sabiam que estava morta.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
54. Ele, porém, tomando-a pela mão, chamou-a, dizendo: “Menina,
levanta-te!”;
55. seu espírito voltou ao corpo, ela se levantou, e Jesus mandou que
lhe dessem de comer.
56. Seus pais ficaram tomados de assombro, e ele lhes ordenou que a
ninguém contassem o que havia acontecido.
JESUS EM NAZARÉ
(Sábado, 21 de outubro do ano 29 A.D.)
Mt. 13:54-58; Mc. 6:1-6a; Lc. 4:22b-30; Jo. 4:44
22b. E diziam: “Não é este o filho de José?”
23. Ele lhes respondeu: “Certamente ireis citar-me o provérbio que diz:
‘Médico, cura-te a ti mesmo’. Tudo o que ouvimos dizer que fizeste em
Cafamaum,
faze-o também aqui, em tua terra”.
24. E acrescentou: “Eu vos digo, em Espírito de Verdade, que nenhum
profeta é reconhecido em sua terra;
25. pois havia muitas viúvas em Israel nos dias de Elias, quando o céu se
fechou por três anos e meio, de forma que houve grande fome em toda a
região;
26. mas a nenhuma delas foi Elias enviado, a não ser a uma viúva, em
Sarepta, na região de Sidon;
27. como também havia muitos leprosos em Israel no tempo do profeta
Eliseu; todavia, nenhum deles foi curado, a não ser o sírio Naamã”.
28. Ouvindo isso, todos ficaram indignados,
29. e, levantando-se, o expulsaram para fora e o levaram ao cimo do
monte sobre o qual estava construída a aldeia, com a intenção de
lançá-lo de lá.
30. Ele, porém, passando pelo meio deles, foi embora.

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Sebastião Anselmo

INSTRUÇÕES AOS EMISSÁRIOS – PARTE I


(Ano 30 A. D. ou 783 A. U . C. - Janeiro - Fevereiro)
Mt. 10:5-15; Mc. 6:7-11; Lc. 9:1-5
1. Convocando os Doze, deu-lhes Poder e Autoridade sobre todos os
espíritos intimamente desconectados com a Luz Viva, e Força para
curar doenças;
2. e enviou-os a pregar o reino da Luz, e a curar os enfermos.
3. E disse-lhes: “Não leveis nada para a viagem: nem bastão, nem
alforje, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas.
4. Na casa em que entrardes, permanecei até vos retirardes daquele
lugar.
5. Quando não vos receberem, ao sair da cidade sacudi o pó dos vossos
pés, como única resposta e testemunho do que aprendestes”.
INSTRUÇÕES AOS EMISSÁRIOS – PARTE III
Mt. 10:24-33; Lc. 6:40
40. O discípulo não é mais que o seu mestre; mas todo aquele que recebe
o Ensinamento e o pratica se torna como o seu mestre.
INSTRUÇÕES AOS EMISSÁRIOS – PARTE IV
Mt. 10:34-39; Lc. 12:49-53
49. “Eu vim trazer à terra o fogo regenerador - e eis que já está aceso
50. o meu batismo de fogo - e como me angustio até que esteja
concluído.
51. Pensais que vim para estabelecer a paz sobre a terra? Não, eu vos
digo, mas conflito;
52. pois de ora em diante, numa casa haverá cinco em conflito, três
contra dois e dois contra três:
53. o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a
filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra”.
PREGAÇÃO
Mt. 11:1; Mc. 6:12-13; Lc. 9:6
6. Quando saíram, percorreram as aldeias pregando a Doutrina do
reino da Luz Viva e curando por toda parte.
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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

REGRESSO DOS EMISSÁRIOS


Mc. 6:30-31; Lc. 9:10
10. Tendo voltado os Doze que enviara, contaram-lhe tudo o que
tinham feito. Tomou-os então consigo e retirou-se a um lugar deserto,
no território de Betsaida.
OPINIÃO DE HERODES
Mt. 14:1-2; Mc. 6:14-16; Lc. 9:7-9
7. O tetrarca Herodes, ouvindo falar sobre os feitos de Jesus, ficou
perplexo; porque uns diziam: “É João que ressuscitou dos mortos”,
8. e outros: “É Elias que voltou”, e outros ainda: “É um dos antigos
profetas que reencarnou”.
9. Herodes, porém, disse: “A João, eu mandei decapitar; quem é esse,
então, de quem ouço falar tais coisas?” E buscava ocasião de vê-lo.
JESUS É SEGUIDO
Mt. 14:12b-14; Mc. 6:32-34; Lc. 9:11; Jo. 6:1-4
11. E, ao saber disso, a multidão o seguiu; e ele, acolhendo-os, ensinou-
lhes a Doutrina do reino da Luz Viva e curou os que dentre eles
estavam enfermos.
1.ª MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES
Mt. 14:15-21; Mc. 6:35-44; Lc. 9:12-17; Jo. 6:5-13
12. Caindo a tarde, aproximaram-se dele os Doze e lhe disseram:
“Despede a multidão para que vão às aldeias e sítios vizinhos à procura
de pouso e alimento, pois estamos em lugar deserto”.
13. Ele respondeu-lhes: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Eles
disseram: “Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes; quer que
vamos comprar comida
para toda essa gente?”,
14. pois eram quase cinco mil homens. Então, disse Jesus aos
discípulos: “Fazei-os sentar em grupos de cinquenta”;
15. assim o fizeram e todos se assentaram.
16. Então, tomou os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos ao céu,
agradeceu, partiu-os e os foi dando aos discípulos para que os
distribuíssem à multidão.
200
Sebastião Anselmo
17. Todos comeram e ficaram saciados; e ainda recolheram doze cestos
dos pedaços que sobraram.
O QUE PREJUDICA
Mt. 15:12-20; Mc. 7:17-23; Lc. 6:39
39. E falou-lhes uma parábola: “Poderá um cego guiar a outro cego?
Não cairão ambos num buraco?
A CONFISSÃO DE PEDRO
Mt. 16:13-20; Mc. 8:27-30; Lc. 9:18-21
18. E aconteceu que, ao estar Jesus orando, a sós, os discípulos se
aproximaram e ele os interrogou: “Quem dizem as multidões que eu
sou?”
19. Eles responderam: “Uns, dizem que és João Batista; outros, que és
Elias; e outros ainda, que voltou à carne um dos antigos profetas”.
20. Voltou a perguntar-lhes: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro
respondeu: “Tu és o Ungido Permeado de Luz Viva”.
21. Ele, porém, advertindo-os severamente, ordenou que a ninguém
revelassem isto.
PREDIÇÃO DA MORTE - 1
Mt. 16:21-23; Mc. 8:31-33; Lc. 9:22
22. E acrescentou: “É necessário ao Filho do Homem sofrer muito, ser
rejeitado pelos anciãos do povo, chefes dos sacerdotes e escribas, e ser
entregue à morte, a fim de ressuscitar ao terceiro dia”.
O DISCIPULATO
Mt. 16:24-28; Mc. 8:34-38 e 9: 1; Lc. 9:23-27
23. E dizia a todos: “Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo,
tome a cada dia a sua cruz, e siga-me;
24. porque quem quiser preservar a sua alma, morrerá; mas quem
renunciar à sua alma, por seguir a Doutrina, este encontrará a Vida
Verdadeira.
25. Pois que adianta ao homem conquistar o mundo todo, ao preço de
arruinar a sua alma?

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
26. Quem não aceitar a mim e à Doutrina da qual sou Enviado, a fim de
permanecer neste mundo adúltero e desconectado, não verá chegar o
Filho do Homem na Força e Poder Substanciais do reino da Luz Viva,
acompanhado de seus santos Mensageiros.
27. Em Espírito de Verdade, eu vos digo que alguns de vós, que aqui
estão presentes, não experimentarão a morte até que tenham alcançado a
Comunhão-Íntima com o reino da Luz Viva”.
A TRANSFIGURAÇÃO
Mt. 17:1-9; Mc. 9:2-9; Lc. 9:28-36
28. Passados cerca de oito dias depois desses Ensinamentos, Jesus
tomou consigo a Pedro, João e Tiago, e conduziu-os a um monte para
orar.
29. E aconteceu que, enquanto orava, seu rosto se transfigurou e suas
vestes adquiriram um aspecto de intensa e luminosa brancura;
30. e eis que dois homens conversavam com ele: Eram Moisés e Elias,
31. que apareceram envoltos em nuvem Luminosa, e falavam de sua
partida deste mundo, que iria se consumar em Jerusalém.
32. Pedro e seus companheiros foram tomados por um sono pesado e,
ao abrirem os olhos, puderam ver, envolvidos em intensa Luz, os dois
homens que conversavam com ele.
33. Enquanto se afastavam, Pedro disse a Jesus: “Mestre, como é bom
estarmos aqui! Façamos, pois, três tendas: Uma para ti, uma para
Moisés e uma para Elias”; mas falava movido por Força Interior, sem
consciência do que estava dizendo;
34. ainda estava falando, quando foram envolvidos por aquela nuvem
de Luz; porém, ao se verem envolvidos por ela, sentiram medo.
35. E, de dentro da Nuvem, ouviu-se uma Voz, que dizia: “Este é o meu
Filho, o Enviado: Dai-lhe ouvidos!”
36. Quando cessou a Voz, já não viram as figuras de Moisés e Elias,
mas somente a Jesus, que se achava sozinho. Eles ficaram em silêncio
e, por muito tempo, a ninguém falaram sobre a visão que tiveram.

202
Sebastião Anselmo

A CURA DO EPILÉPTICO
Mt. 17:14-18; Mc. 9:14-27; Lc. 9:37-43a
37. No dia seguinte, ao descer do monte, veio ao seu encontro uma
grande multidão;
38. então, do meio da multidão, um homem gritou: “Rabi, suplico-te
que ajude a meu filho; ele é o único que tenho,
39. e um espírito desconectado o incorpora com frequência, e o faz gritar,
se contorcer e espumar; e quando, com muita dificuldade, dele se afasta,
deixa-o todo ferido.
40. Pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas não o conseguiram”.
41. Jesus respondeu: “Ó geração incrédula e perversa! Até quando
estarei convosco e vos suportarei? Trazei-me aqui o teu filho”.
42. Quando traziam o menino para perto dele, o espírito contaminado
o jogou no chão e o fez contorcer-se todo; mas Jesus, repreendendo
severamente o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai.
43a. E todos ficaram maravilhados com o Poder que a Luz deu ao
homem.
PREDIÇÃO DA MORTE - 2
(setembro de ano 30)
Mt. 17:22-23; Mc. 9:30-32; Lc. 9:43b-45
43b. Observando a enorme admiração que seus discípulos lhe
devotavam, por tudo o que ele fazia, disse-lhes:
44. “Abri bem os vossos ouvidos para compreenderdes isso que vos digo:
O Filho do Homem será entregue às mãos dos homens”;
45. porém, os seus ouvidos permaneceram fechados, e eles não
puderam penetrar-lhes o sentido ali oculto; e não se atreveram a
perguntar-lhe sobre o seu significado.
SIMPLICIDADE
Mt. 18:1-5; Mc. 9:33-37; Lc. 9:46-48
46. Surgiu uma discussão entre eles, sobre qual deles seria o maior;
47. e Jesus, sabendo o que se passava em seus corações, chamou para
junto de si um dos pequeninos que o seguiam,

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
48. e transmitiu-lhes o seguinte Ensinamento: “Quem acolhe a um
destes pequeninos, em seguimento à Doutrina do Espírito da Luz Viva, é
a mim que acolhe; e quem me acolhe, acolhe Aquele que me enviou.
Portanto, aquele que dentre vós se tornar o menor, este será o maior”.
TOLERÂNCIA
Mc. 9:38-41; Lc. 9:49-50
49. Então, tomando a palavra, João lhe disse: “Rabi, vimos um homem
que expulsava espíritos desconectados em teu nome, e lho proibimos;
porque não te segue conosco”.
50. Jesus respondeu: “Não lho proibais; pois quem não é contra vós, está
a vosso favor”.
VIAGEM A JERUSALÉM
Mt. 19:1a; Lc. 9:51; Jo. 7:10
51. Quando se completou o tempo para que fosse entregue, tomou a
firme decisão de subir para Jerusalém,
FOGO DO CÉU
Lc. 9:52-56
52. e enviou alguns mensageiros à sua frente. Eles puseram-se a
caminho, e entraram numa aldeia de samaritanos a fim de lhe arranjar
pouso;
53. porém, estes samaritanos não o quiseram receber porque
desconfiaram que seguia para a festa em Jerusalém.
54. Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Rabi, queres que
ordenemos que caia fogo do céu para consumi-los?”
55. Mas ele, voltando-se para eles, os repreendeu dizendo: “Estais em
dúvida sobre de que Espírito sois? O Filho do Homem não veio ao
mundo para condenar, mas para salvar”.
56. E então, seguiram para outra aldeia.
DISCÍPULOS CONVIDADOS
Mt. 8:19-22; Lc. 9:57-62
57. Indo eles pelo caminho, alguém se aproximou e disse: “Eu te
seguirei para onde fores”.

204
Sebastião Anselmo
58. Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e as aves do céu têm
ninhos; o Filho do Homem, porém, não tem onde reclinar a cabeça”.
59. A outro disse: “Segue-me!” Ele respondeu: “Rabi, deixa-me ir
primeiro enterrar o meu pai”.
60. Replicou-lhe Jesus: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos;
quanto a ti, porém, vai e anuncia o reino do Espírito da Luz Viva”.
61. Outro lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas primeiro deixa
despedir-me dos que estão em minha casa”.
62. Jesus lhe respondeu: “Quem põe a mão no arado e olha para trás
não é apto para o reino do Espírito da Luz Viva”.
OS 72 EMISSÁRIOS
Lc. 10:1-16; Mt. 11:20-24
1. Depois disso, Jesus escolheu outros setenta e dois e os enviou de dois
em dois à sua frente a todas as cidades e lugares por onde devia passar,
2. dizendo-lhes: “A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos;
pedi, pois, ao Senhor da seara que envie trabalhadores para a sua seara.
3. Ide! Eis que eu vos envio como cordeiros no meio de lobos.
4. Não leveis consigo bolsa, nem alforje, e nem sandálias; nem vos
distraias ao saudar alguém pelo caminho.
5. Quando entrardes nalguma casa que vos acolha, dizei primeiro: ‘Que
a Paz esteja nesta casa’,
6. se houver ali alguém que seja ‘filho da Paz’, à sua Paz se unirá a vossa
Paz; mas se, ao contrário, não houver ali ninguém que seja ‘filho da
Paz’, a vós retornará a vossa Paz.
7. Permanecei aí, comendo e bebendo o que vos for oferecido, porque o
trabalhador é digno de seu salário; não ficai mudando de casa em casa a
fim de conquistar maior conforto.
8. Do mesmo modo, quando entrardes nalguma cidade que vos acolha,
comei o que vos for servido,
9. curai os enfermos que nela houver e dizei: ‘O reino do Espírito da Luz
Viva está próximo de vós’;

205
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
10. mas quando, porém, entrardes numa cidade que não vos acolha, ao
sairdes dali, passando por suas ruas e praças, dizei:
11. ‘De vós não levamos nada, até mesmo o pó de vossa cidade, que
grudou em nossos pés, nós o sacudimos e devolvemos a vós; sabei, no
entanto, que o reino da Luz está próximo.
12. Digo-vos, Em Espírito de Luz Viva, que no dia do ajuizamento de
suas ações, haverá maior misericórdia para com Sodoma do que para os
habitantes daquela cidade.
13. Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Pois se em Tiro e em Sidon se
tivessem realizado os prodígios que a Força e Poder da Luz Viva realizou
entre vós, de há muito se teriam convertido para um coração humilde,
vestindo-se com panos de sacos e assentando-se sobre o chão;
14. e por isso, no dia do ajuizamento de vossas ações, haverá maior
misericórdia para Tiro e para Sidon do que para vós.
15. E tu, Cafamaum, pretendes elevar-te para a Luz? Não! Antes, para os
abismos sepulcrais vos movereis.
16. Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem
me rejeita, rejeita Aquele que me enviou”.
O SAMARITANO
Lc. 10:25-37
25. Então, acercou-se dele um doutor da Lei e, querendo colocá-lo à
prova, perguntou: “Rabi, que devo fazer para alcançar a Luz da Vida
Imanente?”
26. Jesus respondeu-lhe: “O que está escrito na Lei? Como lês?”
27. Ele disse: “Amarás o Senhor Espírito de Luz, de todo o teu coração,
com toda a tua alma, com toda a tua força, e com todo o teu
entendimento; e amarás ao teu próximo como amas a ti mesmo”.
28. Jesus respondeu: “Sim! Faze isto e alcançarás a Vida!”
29. Mas ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: “E
quem é o meu próximo?”
30. Jesus respondeu-lhe com uma parábola, dizendo: “Certo homem
descia de Jerusalém para Jericó e caiu vítima de assaltantes, que lhe
tiraram as roupas,
206
Sebastião Anselmo
31. Coincidiu de passar por esse caminho um sacerdote; mas este, vendo-
o caído no chão, passou ao largo e seguiu adiante.
32. O mesmo fez um levita que, deparando-se com ele caído ao chão,
desviou-se e seguiu adiante.
33. Vindo, porém, um samaritano que viajava por aquele lugar, viu-o
caído no chão, aproximou-se dele e, movido de compaixão,
34. tratou de suas feridas com azeite e vinho e as enfaixou com panos;
depois, montando-o em seu jumento, conduziu-o a uma hospedaria e
cuidou dele.
35. No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo:
‘Cuida dele, e o que gastares a mais eu te pagarei no meu regresso’.
36. Qual dos três, na tua opinião, foi o próximo daquele que sucumbiu
vítima de assaltantes?”
37. Respondeu o doutor da Lei: “Aquele que usou de misericórdia para
com ele”; e Jesus lhe disse: “Perfeito! Vai e, também tu, faze o mesmo
com o necessitado que aparecer no teu caminho”.
MARIA E MARTA
Lc. 10:38-42
38. Prosseguindo viagem, entrou Jesus em uma aldeia, e certa mulher,
de nome Marta, o recebeu em sua casa.
39. Sua irmã, de nome Maria, ficou sentada aos pés de Jesus, ouvindo
os seus Ensinamentos,
40. enquanto que Marta permanecia ocupada com as múltiplas tarefas
domésticas; até que, interrompendo os seus afazeres, disse: “Rabi, a ti
não importa que minha irmã me tenha deixado sozinha a dar conta de
todo o trabalho? Dize-lhe que venha me ajudar”.
41. Mas Jesus lhe respondeu: “Marta! Marta! Tu te preocupas e te
inquietas com muitas coisas;
42. entretanto, com uma só coisa deverias ocupar-te. Maria escolheu a
melhor parte para ocupar-se, e asseguro-te que esta não lhe será tirada”.

207
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

O REGRESSO DOS 72
Mt. 11:25-30; Mt. 13:16-17; Lc. 10:17-24
17. Voltaram os setenta e dois e, com grande alegria, disseram: “Rabi,
em teu nome, até os demônios se submetiam a nós”.
18. Jesus lhes respondeu: “Eu via Satanás cair do céu como um
relâmpago!
19. Vede: Eu vos dei poder para pisardes sobre serpentes e escorpiões e
sobre toda a força do inimigo, e nada poderá vos causar dano;
20. porém, não vos alegreis porque os espíritos desconectados se
submetem a vós; alegrai-vos, antes, porque os vossos nomes estão
inscritos no reino da Luz”.
21. E nesse mesmo instante, Jesus exultou de alegria sob a ação do
Espírito de Luz, e disse: “Graças te dou, ó Pai, Espírito Luminoso que
Manifesta o mundo; porque ocultaste essas coisas aos sábios e doutores,
e as revelaste aos pequeninos de coração humilde. Assim é, Ó Pai,
porque é deles que Te agradas.
22. Tudo o que vos ensino me foi transmitido pelo Pai; pois ninguém
conhece o Filho, senão somente o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão
somente o Filho, e aquele a quem o Filho o dá a conhecer”.
23. E, voltando-se para os seus discípulos em particular, disse-lhes:
“Felizes os olhos que veem o que vedes;
24. porque eu vos digo, em Espírito de Luz, que muitos profetas e reis
quiseram ver o que vedes, e não viram; e ouvir o que ouvis, e não
ouviram”.
CURA DE UM OBSIDIADO
Mt. 12:22-30; Mc. 3:22-27; Lc. 11:14-23
14. Estava Jesus expulsando um espírito desconectado que era mudo; e
aconteceu que, quando o espírito saiu do corpo do homem, este
começou a falar e a multidão, vendo esta cura, ficou admirada.
15. Mas, disseram alguns dentre o povo: “É pelo poder de Belzebu, o
príncipe dos espíritos desconectados, que ele expulsa os seus asseclas”.
16. Outros, para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal vindo do céu.

208
Sebastião Anselmo
17. Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: “Todo reino
dividido contra si mesmo acaba em ruína, e casa por casa desmoronará.
18. Pensai bem: Se o Adversário está dividido contra si mesmo, como
poderá o seu reino subsistir? Como, pois, podeis dizer isso? Que eu
expulso demônios pelo poder de Belzebu?
19. Mas, se assim fosse, se expulso os demônios pelo poder de Belzebu,
eu vos pergunto: Pelo poder de quem os expulsam os vossos discípulos?
Por dizerdes isso, eles mesmos vos julgarão.
20. No entanto, se é pelo poder do Espírito de Vida e Luz que eu expulso
os espíritos que jazem em trevas, isto se dá porque o reino da Luz já
chegou até vós.
21. Quando um homem forte e bem armado guarda a sua morada, todos
os seus bens estão protegidos;
22. porém, quando chega um homem mais forte do que ele e o vence,
arranca-lhe todas as armas, nas quais confiava, e distribui os seus
despojos.
23. Por isso, eu vos digo, em Espírito de Verdade: Quem não é por mim, é
contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
AÇÃO DE ESPÍRITOS INFERIORES
Mt. 12:43-45; Lc. 11:24-26
24. Quando um espírito em trevas sai de um homem, fica vagando por
lugares áridos à procura de repouso; e, não o encontrando, diz: Voltarei
para a casa donde saí;
25. e ao voltar, encontra-a varrida e ornamentada;
26. então vai e toma consigo a outros sete espíritos, ainda piores do que
ele, e ali entram e se põem a habitar; e a condição desse homem torna-se
pior que a anterior”.
O ELOGIO DA MULHER
Lc. 11:27-28
27. Quando Jesus terminou de ensinar essas coisas, uma mulher do
meio do povo, levantando a voz, exclamou: “Feliz o ventre que te
carregou e os seios que te amamentaram!”

209
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
28. Mas ele respondeu: “Antes, felizes são os que ouvem e praticam a
Doutrina da Luz Viva”.
O SINAL CELESTE
Mt. 12:38-42; Mc. 8:11-13; Mt. 16:1-4; Lc. 11:29-32
29. Como as multidões se aglomerassem em torno dele, Jesus começou
a dizer-lhes: “Esta é uma geração incrédula; procura sinais para que
possam crer; porém, nenhum sinal será capaz de convencê-la, senão o de
Jonas.
30. Pois assim como Jonas se tornou um sinal para os ninivitas, assim
também o Filho do Homem se tornará um sinal para esta geração.
31. A rainha do Sul se levantará no dia julgamento das ações desta
geração, e a condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a
sabedoria de Salomão, e se converteu; e eu, sabedoria ainda maior que a
de Salomão lhes tenho revelado.
32. Também os ninivitas se levantarão no dia do julgamento das ações
desta geração, e a condenarão, porque eles se converteram com a
pregação de Jonas; e eu, prodígios maiores ainda que os que fez Jonas
lhes tenho mostrado.
ALMOÇO COM O FARISEU
Lc. 11:37-41
37. Tendo Jesus acabado de falar, um fariseu o convidou para almoçar
com ele; e, tendo entrado em sua casa, logo reclinou-se à mesa.
38. Vendo isto, o fariseu estranhou que Jesus não lavasse as mãos antes
de colocar-se à mesa para a refeição.
39. Então, Jesus lhe disse: “Vós, fariseus, purificais o exterior do copo e
do prato, mas o vosso interior está repleto de corrupções e malícias.
40. Insensatos! Aquele que fez o vosso exterior não está também em
vosso interior?
41. Oferecei, antes, o que tendes em vosso interior como doação, e todas
as coisas se tornarão puras”.

210
Sebastião Anselmo

OS SETE AIS
Mt. 23:13-36; Lc. 11:42-52
42. “Mas ai de vós, fariseus! Porque vos preocupais em pagar o dízimo
pela colheita da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças, e desprezais o
mais importante da Lei: A prática da justiça e da misericórdia
substancial da Luz; e isto deve vir em primeiro lugar, por ser mais
importante que todo o resto.
43. Ai de vós, fariseus! Porque gostais de ocupar os primeiros assentos
nas sinagogas e de serdes respeitosamente saudados nas praças.
44. Ai de vós! Porque sois como sepulcros não identificados, sobre os
quais as pessoas andam sem o saberem”.
45. Então lhe disse um dos doutores da Lei: “Rabi, falando assim, tu
nos ofendes também”.
46. E Jesus lhe respondeu: “Ai de vós também, doutores da Lei! Porque
colocais sobre os ombros dos homens fardos insuportáveis de carregar, e
não moveis um dedo sequer para os aliviar.
47. Ai de vós! Porque edificais os túmulos dos profetas que vossos pais
mataram,
48. tornando-se, assim, cúmplices das más ações de vossos pais; pois eles
os mataram, e vós lhes construís os túmulos.
49. É por isso também que disse a Sabedoria do Vivo: ‘Eu lhes enviarei
profetas e emissários, e a alguns eles matarão, e a outros perseguirão;
50. para que também a esta geração se peça conta do sangue de todo o
sangue de profetas que foi derramado desde a criação do mundo’;
51. desde o sangue de Abel até o de Zacarias, que foi morto entre o Altar
e o Santuário. Sim, em Espírito de Verdade eu vos digo: Contas serão
pedidas também a esta geração!
52. Ai de vós, doutores da Lei! Porque vos apossastes da chave do
Conhecimento, para que vós mesmos não entreis e nem a outros deixeis
entrar”.

211
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

EPÍLOGO DO ALMOÇO
Lc. 11:53-54
53. Quando saiu de lá, os escribas e os fariseus começaram a persegui-
lo terrivelmente, e a provocá-lo com perguntas cheias de malícia,
54. armando-lhe ciladas para comprometê-lo com palavras saídas de
sua própria boca.
PREGAR SEM MEDO
Lc. 12:1-12
1. Nesse momento, mi1hares de pessoas se ajuntaram em torno de
Jesus, e se acotovelavam uns aos outros em busca de espaço à sua
volta. Então, ele começou a ensinar, dirigindo-se primeiro aos seus
discípulos, dizendo: “Abstende-vos do fermento dos fariseus, que é a
hipocrisia;
2. porque nada há que se faça com intenção disfarçada, que não venha a
descobrir-se; e nada há que se faça escondido, que não venha a tornar-se
conhecido:
3. Tudo o que disserdes no escuro, se ouvirá em plena luz; e o que
sussurrares ao ouvido, nos porões, será proclamado por sobre os
telhados.
4. Digo-vos, porém, a vós que sois meus discípulos: Não temais os que
podem alcançar apenas o vosso corpo para tirar a vida, porque ao vosso
espírito eles não podem alcançar.
5. Eu vos indicarei a quem verdadeiramente deveis temer: Temei Àquele
que, além de tirar-lhes a vida do corpo, tem também o poder de lançar a
vossa alma na geena. Sim! Eu vos digo: É a este que deveis temer!
6. Não se vendem cinco pardais por dois asses? No entanto, até isto está
dentro do desígnio da Luz.
7. Mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não temais,
pois sois mais adiantados que todos os pássaros.
8. Também vos digo: Todo aquele que se declarar por mim diante dos
homens, no cumprimento de meus Ensinamentos, também o Filho do
Homem se declarará por ele diante dos Mensageiros da Luz;

212
Sebastião Anselmo
9. porém, aquele que me negar, não cumprindo os meus Ensinamentos
diante dos homens, por mim também será negado diante dos
Mensageiros da Luz.
10. Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do Homem, ser-
lhe-á isto relevado; mas ao que blasfemar contra o Espírito da Luz Viva,
isto não lhe será relevado que, tendo contato íntimo com a Luz, não
seguir os seus Ensinamentos, não lhe será isto relevado.
11. Quando vos conduzirem como réus às sinagogas, chefes ou
autoridades, por não seguirem preceitos instituídos por homens, não vos
preocupeis como ou com o que vos defendereis, e nem mesmo com o que
haveis de dizer;
12. porque o Espírito da Luz Viva vos ditará, naquele exato momento,
tudo quanto haveis de dizer.
A AVAREZA EGOÍSTA
Lc. 12:13-21
13. Disse-lhe alguém do meio do povo: “Rabi, dize a meu irmão que
reparta comigo a herança”.
14. E Jesus respondeu: “Homem, quem me constituiu juiz, ou árbitro de
vossa partilha?”
15. E continuou: “Prestai atenção: Abstende-vos de tudo o que é
supérfluo, porque a Vida Verdadeira não está no ter e, sim no ser”.
16. Então, lhes propôs uma parábola: “As terras de um homem deram
frutos abundantes,
17. e ele raciocinava consigo mesmo, dizendo: ‘Que farei? Não tenho
onde guardar todos esses frutos’.
18. Então, resolveu: ‘Farei isto: Derrubarei todos os meus celeiros e
construirei outros maiores, e neles guardarei toda a minha colheita e
todos os meus bens;
19. e então, direi à minha alma: Alma, possuis agora muitos bens que te
garantirão a existência por muitos anos; repousa, come, bebe, desfruta!’
20. Mas o Pai, que é Luz e Vida Verdadeiras, lhe disse: ‘Insensato! Nesta
mesma noite morrerás! E os bens que acumulaste, quem deles
desfrutará?’

213
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
21. Assim acontece àquele que ajunta tesouros para o reino do mundo,
esquecendo-se de ajuntar tesouros para o reino da Luz”.
"METANÓIA"
Lc. 13:1-5
1. Nesse momento, chegaram alguns trazendo notícias sobre certos
galileus, cujo sangue Pilatos havia misturado com o das suas vítimas.
2. Ele respondeu: “Pensais que esses galileus eram mais desconectados
do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal provação?
3. Em Espírito de Verdade, eu vos digo que não! Todavia, se também vós
não transmutardes as vossas mentes, sofrereis de igual modo.
4. Ou aqueles dezoito sobre os quais desmoronou a torre de Siloé e os
matou, pensais que eles eram mais culpados do que todos os outros
habitantes de Jerusalém?
5. Mais uma vez eu vos digo que não! Mas se também vós não
transmutardes as vossas mentes, estareis sujeitos à mesma sorte”.
PRODUZIR FRUTOS
Lc. 13:6-9
6. E contou-lhes esta parábola: “Certo homem que tinha uma figueira
plantada em sua vinha, veio a ela à procura de frutos e não encontrou
nenhum;
7. então, disse ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho buscar fruto nesta
figueira e não encontro; corta-a, pois. Para que deixá-la inutilmente
ocupando espaço na terra?’
8. O vinhateiro, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa-a ainda por mais este
ano. Vou cavar em volta e colocar adubo;
9. se mesmo assim não der fruto, então a cortarás’”.
CURA DE UMA OBSIDIADA
Lc. 13:10-17
10. Em outra ocasião, estava Jesus ensinando em uma sinagoga num
dia de Sábado,

214
Sebastião Anselmo
11. e eis que havia ali uma mulher que, já há dezoito anos, padecia sob
a influência de um espírito que a deixava enferma, andando
encurvada, sem poder endireitar-se e olhar para o alto.
12. Ao vê-la, Jesus a chamou e lhe disse: “Mulher, estás livre de tua
doença”,
13. e impôs as mãos sobre a sua cabeça; ela imediatamente se
endireitou e começou a agradecer ao Espírito da Luz Viva.
14. O chefe da sinagoga, porém, indignado por Jesus ter feito uma cura
em dia de Sábado, tomou a palavra e disse à multidão que lá estava
presente:
“Há seis dias na semana em que se deve trabalhar; vinde, portanto,
nesses dias para serdes curados, e não em dia de Sábado”.
15. O Mestre, porém, replicou: “Hipócritas! Cada um de vós não solta,
em dia de sábado, o seu boi ou o seu jumento do estábilo, a fim de leva-lo
para beber?
16. E quanto a esta filha de Abraão, que há 18 anos sofre provação do
Adversário, não convinha libertá-la em dia de Sábado?”
17. Ao ouvirem isso, todos os que o criticavam se sentiram
envergonhados; mas a multidão de povo ali presente se regozijava com
os prodígios que ele realizava.
MOSTARDA E FERMENTO
Mt. 13:31-33; Mc. 4:30-32; Lc. 13:18-22
18. E disse, então: “Com que se parece o reino da Luz Viva? A que
podemos compará-lo?
19. É semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e
semeou em sua horta, e este veio a brotar e a crescer, até tornar-se
grande como árvore; e as aves do céu vieram fazer ninhos em seus
ramos”.
20. E continuou: “A que mais compararei o reino da Luz Viva?
21. É semelhante a uma porção de fermento que uma mulher tomou e
ocultou em três medidas de farinha; e então, em breve tempo, toda a
massa ficou fermentada”.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
22. E assim, ia percorrendo as cidades e aldeias, ensinando a Doutrina
enquanto caminhava rumo a Jerusalém.
RECADO A HERODES
Lc. 13:31-33
31. Naquele mesmo dia, alguns fariseus se aproximaram de Jesus e lhe
disseram: “Vai-te daqui, porque Herodes procura matar-te”;
32. mas ele respondeu: “Ide dizer àquela raposa: ‘Realizo curas e
expulso demônios mais hoje e amanhã; e no terceiro dia terei concluído a
minha missão’.
33. Portanto, é necessário que eu prossiga viagem mais hoje, amanhã e
depois, porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.
QUEIXA DE JERUSALÉM
Mt. 23:37-39; Lc. 13:34-35
34. Oh, Jerusalém, Jerusalém! Oh, tu que assassinas os profetas e
apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus
filhos, como uma galinha que aconchega os seus pintinhos debaixo de
suas asas, e tu me rejeitaste!
35. Eis que agora, em Espírito de Verdade, eu te digo: Depois que eu me
for, ficará deserta a tua casa! Sim, eu te digo: Não me vereis, até o dia
em que exclamareis: Bendito o que vem em nome do Espírito de Luz!”
CURA DO HIDRÓPICO
Lc. 14:1-6
1. E aconteceu que, ao chegar à casa de um dos chefes dos fariseus
para tomar refeição, num dia de Sábado, Jesus percebeu que eles o
observavam a fim de ver como se comportava;
2. e eis que um homem que sofria de hidropisia se colocou diante dele.
3. E Jesus, tomando a palavra, se dirigiu aos fariseus e doutores da Lei
ali presentes, e perguntou: “É permitido, ou não, curar em dia de
Sábado?”;
4. eles se calaram. Então Jesus, tocando o homem, curou-o e o despediu
para a sua casa.

216
Sebastião Anselmo
5. Depois, voltou a dirigir-se aos fariseus e doutores da Lei,
perguntando: “Qual de vós, se seu filho ou seu boi cair num poço, não o
retirará dali por ser dia de Sábado?”;
6. e novamente nada puderam responder-lhe.
OS PRIMEIROS LUGARES
Lc. 14:7-11
7. Em seguida, tendo já antes observado como os convidados escolhiam
para si os primeiros lugares à mesa, começou a ensinar-lhes, dizendo:
8. “Sempre que fores convidado para uma festa ou banquete, abstende-
vos de procurar os primeiros lugares à mesa, para que não aconteça que
haja outro convidado mais importante que tu,
9. e o dono da casa seja obrigado a pedir-lhe que ceda o seu lugar para o
outro, que é mais digno de ocupá-lo; e então, envergonhado, sejas
obrigado a retirar-vos dali para ocupar o último lugar.
10. Ao contrário, quando fores convidado, vai ocupar o último lugar;
deste modo, quando chegar aquele que te convidou, vendo que ocupas
um lugar que não é digno de ti, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima!’, e
isso será para ti um motivo de honra à vista de todos os outros
convidados.
11. Pois, em Espírito de Verdade, eu vos digo: Todo aquele que se exalta
será humilhado, e quem se humilha será exaltado”.
OS CONVIDADOS
Lc. 14:12-14
12. Em seguida, disse ao que o convidara: “Quando ofereceres um
almoço ou jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus
parentes, nem
os vizinhos ricos, para que não aconteça que também eles te convidem
por sua vez e te retribuam do mesmo modo;
13. antes, quando deres um banquete, convida os pobres, mutilados,
coxos e cegos,
14. porque eles não podem retribuir-te, e a tua recompensa será a
ressurreição para o reino da Luz Viva”.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

PARÁBOLA DOS CONVIDADOS


Mt. 22:1-14; Lc. 14:15-24
15. Ouvindo isso, um dos que estavam à mesa, disse: “Feliz daquele que
se alimenta do reino d’A Luz!”
16. Jesus replicou-lhe: “Certo homem preparou uma grande ceia, para a
qual convidou a muitos.
17. Na hora de servir, enviou o seu servo para dizer aos convidados:
‘Vinde, já está tudo preparado’;
18. porém, todos eles, um após o outro, começaram a declinar do convite.
O primeiro disse: ‘Comprei um campo e preciso ir vê-lo; peço-te que me
dês por escusado’.
19. O segundo disse: ‘Comprei cinco juntas de bois e vou examiná-las;
peço-te que me dês por escusado’.
20. O terceiro disse: ‘Acabo de casar-me; por isso, não posso ir’.
21. Voltando, o empregado relatou tudo ao seu patrão. Indignado,
ordenou o dono da casa ao seu empregado: ‘Vai depressa pelas praças e
ruas da cidade, e traze-me aqui os mendigos e aleijados, cegos e coxos’.
22. Quando retornou, disse o servo ao dono da casa: ‘Senhor, foi feito
como ordenaste; e ainda sobra lugar!’
23. Respondeu o dono da casa: ‘Vai, então, pelas estradas e atalhos de
caminhos e faze-os entrar, para que a minha casa fique repleta,
24. porque eu te digo: Nenhum daqueles anteriormente convidados
provará do meu alimento’”.
SER DISCÍPULO
Lc. 14:25-33
25 Seguia-o grande multidão; e ele, voltando-se, lhes disse:
26. “Se alguém vem a mim e não põe em segundo lugar a seu pai e sua
mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs, e até mesmo a
sua própria alma, não pode ser meu discípulo;
27. também aquele que não carrega a sua cruz e vem após mim, não pode
ser meu discípulo;

218
Sebastião Anselmo
28. pois quem de vós, querendo construir uma torre, primeiro não se
senta para calcular as despesas e ponderar se possui o necessário para
concluí-la?
29. Para que não aconteça que, tendo lançado ao solo os alicerces e não
podendo concluí-la, todos os que a virem ponham-se a caçoar dele,
dizendo:
30. ‘Este começou a construir e não foi capaz de terminar’.
31. Ou, ainda, qual o rei que, saindo para lançar-se em guerra com outro
rei, primeiro não se senta para analisar se, com apenas dez mil homens,
será capaz de enfrentar àquele que vem contra ele com vinte mil?
32. Do contrário, se chega à conclusão que não pode vencê-lo, enquanto
o outro ainda está longe envia-lhe uma delegação para pedir-lhe as
condições para a paz.
33. Do mesmo modo, qualquer de vós que não renunciar a tudo o que
possui, não pode ser meu discípulo.
A OVELHA PERDIDA
Mt. 18:12-14; Lc. 15:1-7
1. Todos os publicanos e pecadores se aproximaram dele para ouvi-lo;
2. então, os fariseus e os escribas começaram a murmurar entre si,
dizendo: “Este homem recebe pecadores e come com eles”,
3. e Jesus lhes respondeu com uma parábola, dizendo:
4. “Qual de vós é o homem que, tendo cem ovelhas e perdendo-se uma,
não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu
até encontrá-la?
5. E que, encontrando-a, não a coloca alegremente sobre os seus ombros
6. e vai para a sua casa, e convoca os seus amigos e vizinhos, dizendo:
Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha que estava
perdida?
7. Em Espírito de Verdade, eu vos digo que, do mesmo modo, haverá
maior alegria no reino do Vivo, por um só pecador que se converta
intimamente para a Luz, do que por noventa e nove justos que não têm
necessidade de transmutar a sua mente.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

A DRACMA PERDIDA
Lc. 15:8-10
8. Ou, qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma, não
acende uma lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente até
encontrá-la?
9. E que ao encontrá-la, não convoca as suas amigas e vizinhas, e diz:
Alegrai-vos comigo, porque encontrei a dracma que estava perdida?
10. Em Espírito Luminoso, eu vos digo que, do mesmo modo, há grande
alegria por parte dos Mensageiros da Luz por um só pecador que se
arrepende”.
O FILHO PRÓDIGO
Lc. 15:11-32
11. Disse ainda: “Um homem tinha dois filhos.
12. O mais moço disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me
cabe’, e o pai dividiu com eles os seus bens.
13. Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, o filho mais
moço partiu para um país distante, e lá esbanjou toda a sua herança
vivendo de
14. Quando o seu dinheiro acabou, uma grande fome sobreveio àquele
país, e ele começou a passar necessidade;
15. então, ele foi trabalhar como empregado de certo fazendeiro daquele
país, que o enviou a seus campos para apascentar porcos;
16. e ele ansiava por matar a sua fome com as alfarrobas com que os
porcos se fartavam, mas nem isto lhe era permitido.
17. Então, caindo em si, pensou: ‘Quantos empregados de meu pai
comem pão com fartura, e eu aqui morrendo de fome!
18. Voltarei à casa de meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra a Luz e
contra ti;
19. já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como a um de
teus empregados’.
20. E se pôs a caminho da casa de seu pai. Estando ainda a grande
distância, viu-o o seu pai e dele se compadeceu; e então, lançando-se em

220
Sebastião Anselmo
sua direção, rapidamente o alcançou e lançou-se ao seu pescoço e o
beijou.
21. O filho lhe disse: ‘Pai, pequei a Luz e contra ti; já não sou digno de
ser chamado teu filho’.
22. Mas o pai, ouvindo-o, disse aos seus servos: ‘Ide depressa e trazei a
melhor túnica, e vesti-o com ela; e colocai-lhe também um anel no dedo e
calçai com sandálias os seus pés.
23. Trazei o bezerro gordo e sacrificai-o aqui: Comemoremos com júbilo
esta ocasião,
24. porque este meu filho estava morto e voltou à vida’. E começaram a
festejar.
25. Quando o seu filho mais velho, que estava trabalhando no campo,
voltava para casa, ouviu o som de músicas e ruídos de danças,
26. chamou um dos criados e perguntou-lhe o que estava acontecendo na
casa de seu pai;
27. e este respondeu-lhe: ‘Teu irmão voltou e teu pai sacrificou o bezerro
gordo, porque veio com saúde plena’.
28. O mais velho, então, aborreceu-se e não queria entrar; mas, saindo, o
seu pai o exortava a não ficar de fora;
29. mas ele disse a seu pai: ‘Há tantos anos que te sirvo sem jamais
desobedecer a uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para festejar
com meus amigos;
30. porém, quando voltou esse teu filho, que devorou os teus bens com
prostitutas, sacrificaste-lhe o bezerro gordo’.
31. Então, o pai lhe respondeu: ‘Filho, tu estás sempre comigo e
desfrutas de tudo que é meu;
32. necessário é que comemoremos, porque esse teu irmão estava morto e
voltou à vida, estava perdido e foi achado’”.
O ADMINISTRADOR NÃO-JUSTO
Lc. 16:1-17
1. Dizia ainda aos seus discípulos: “Um homem rico tinha um
administrador que foi denunciado por estar dissipando os seus bens;

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
2. este mandou chamá-lo, e lhe disse: ‘O que é isso que ouço dizer de ti?
Presta-me contas de tua administração, pois não poderás continuar no
cargo’.
3. O administrador pensou: ‘O que vou fazer, agora que o meu senhor
me tira o cargo? Não tenho forças para cavar; tenho vergonha de
mendigar...
4. Já sei o que vou fazer para que, quando for afastado da administração
dos bens de meu senhor, alguém me receba na sua casa’;
5. e foi chamando um por um os devedores de seu senhor. Ao primeiro,
disse: ‘Quanto deves ao meu senhor?’
6. Ele respondeu: ‘Cem barris de azeite’. Ele disse: ‘Pega a tua fatura,
senta-te rápido e escreve cinquenta’.
7. Ao segundo, disse: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas
de trigo’. Ele disse: ‘Pega a tua fatura e escreve oitenta’.
8. Assim, o senhor daquele servo desonesto elogiou a sua esperteza, pois
assim agem uns com os outros os que são deste mundo; contudo, não é
este o proceder dos que já não pertencem a este reino, mas ao reino da
Luz Viva que Irradia e Manifesta a Vida.
9. Em Espírito de Verdade, eu vos digo: Os amigos que fizerdes
praticando iniquidades, estes mesmos vos receberão quando de vosso
desencarne;
10. porque, quem é confiável no pouco, também é confiável no muito; e
quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito.
11. Ora, se não fostes confiáveis na administração da riqueza deste reino,
que é vã, como se vos confiará a administração dos dons espirituais do
reino da Luz, que é a Verdadeira Riqueza?
12. Se não fostes confiáveis na administração dos bens deste mundo, que
são alheios aos bens que a vós está destinado no reino da Luz, como se
vos dará o que de fato vos pertence?
13. Um servo não pode estar a serviço de dois senhores: Ora agindo com
a astúcia desonesta deste reino, ora com a prudência dos justos do reino
da Luz; pois, se assim agir, ora se contentará com um e desprezará o

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Sebastião Anselmo
outro, ora se contentará com o outro e desprezará o primeiro. Não! Não
podeis servir ao reino da Luz sendo servos das riquezas do mundo”.
14. Ouviam tudo isso os fariseus, que eram avarentos e amantes do
dinheiro; e zombavam dele.
15. Então, Jesus lhes disse: “Vós vos fazeis passar por justos diante dos
homens; mas o Espírito de Luz Viva conhece o vosso interior: A riqueza
do mundo, que para vós é importante, para a Luz é abominável.
16. A Lei e os Profetas foram anunciados até João, o Batista: A partir
daí, anuncia-se o reino da Luz Viva, por ações de misericórdia e de amor
ao próximo; e todos a ele são convidados,
17. porque céus e terra passarão, mas nenhuma vírgula da Lei sofrerá
alteração.
O RICO E LÁZARO
Lc. 16:19-31
19. Havia um homem muito rico que vestia púrpura e linho finíssimo; e
que todos os dias se banqueteava esplendidamente.
20. Havia também um pobre mendigo, de nome Lázaro, todo coberto de
chagas, que jazia à sua porta
21. ansiando por fartar-se das sobras que caíam da mesa do rico; e até os
cães vinham lamber-lhe as feridas.
22. Aconteceu, porém, morrer o mendigo; e foi levado pelos Mensageiros
da Luz ao seio de Abraão. Tempos depois, morreu também o rico e foi
sepultado.
23. Estando ele no hades, em meio a tormentos, levantou os olhos e
avistou, ao longe Abraão e Lázaro repousando em seu seio;
24. Foi então que, chamando-o, disse: ‘Pai Abraão, compadece-te de
mim, e envia Lázaro, para que molhe a ponta do dedo na água e me
refresque a língua, porque estas chamas me atormentam’.
25. Mas Abraão lhe respondeu: ‘Filho, lembra-te de que, durante a tua
vida na terra, tu recebeste conforto e Lázaro tormento; agora, aqui, ele
recebe consolo, e tu, tormento;
26. porque, entre nós e vós existe um abismo imenso e, mesmo que se
queira, é impossível passar daqui para aí, nem tampouco daí para aqui’.
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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
27. O que fora rico na terra insistiu: ‘Peço-te, então, pai Abraão, que o
envies à casa de meu pai,
28. porque tenho cinco irmãos; que ele os avise, para que não venham
parar neste lugar de tormento’.
29. Mas Abraão lhe disse: ‘Eles têm Moisés e os profetas: que os ouçam’.
30. Ele replicou: ‘Não, pai Abraão; se um morto os visita, eles
transmutarão a mente’.
31. E Abraão concluiu: ‘Se não ouvem nem a Moisés nem aos profetas,
ainda que lhes apareça um espírito desencarnado, nem assim se
convencerão’.
ESCÂNDALOS
Mt. 18:6-10; Mc. 9:42-48; Lc. 17:1-2
1. Disse Jesus aos seus discípulos: “É inevitável que haja escândalos;
mas ai daquele por quem os escândalos venham:
2. Melhor seria que se lhe atassem ao pescoço uma mó de jumento e o
lançassem ao mar do que fazer cair um só destes pequeninos.
O PERDÃO
Mt. 18:15-35; Lc. 17:3-4
3. Ficai avisados: Se o teu irmão pecar contra vós, repreende-o; e se ele
se arrepender, perdoa-o.
4. E se sete vezes no dia ele pecar contra ti, e sete vezes no dia voltar até ti
dizendo: ‘estou arrependido’, tu lhe perdoarás”.
SERVOS INÚTEIS
Lc. 17:7-10
7. Quem de vós, se tem um servo arando ou pastoreando, lhe dirá quando
voltar do campo: ‘Vem já, e senta-te à mesa comigo?’
8. Pelo contrário, isto é o que lhe dirá: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e
serve-me enquanto como e bebo; depois comerás e beberás tu’.
9. E acaso terá de agradecer ao servo por ter feito o que lhe foi
ordenado?

224
Sebastião Anselmo
10. Assim também vós: Quando tiverdes feito tudo o que vos foi
ordenado, dizei: ‘Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que nos
foi ordenado fazer’”.
OS DEZ LEPROSOS
Lc. 17:11-19
11. E aconteceu que, viajando ele em caminho para Jerusalém, teve de
atravessar pelo meio da Samaria e da Galiléia;
12. e, entrando ele em certa aldeia, vieram ao seu encontro dez
leprosos, que pararam a certa distância
13. e, levantando a voz, disseram: “Jesus, Mestre, tem piedade de nós”.
14. E então, vendo-os, ele lhes disse: “Ide apresentar-vos aos
sacerdotes”; e aconteceu que, enquanto iam, ficaram todos curados.
15. Um deles, vendo-se curado, voltou-se para trás e, glorificando em
alta voz a Força e o Poder do Espírito da Luz Viva,
16. caiu de rosto em terra a seus pés, agradecendo-lhe; e este era
samaritano.
17. Tomando a palavra, disse Jesus: “Não foram dez os que foram
curados? Onde estão os outros nove?
18. Não houve quem se convertesse, enaltecendo a Força e o Poder do
Espírito da Luz Viva, a não ser este estrangeiro?”
19. Em seguida, disse ao homem que fora curado: “Levanta-te e segue
em frente, a tua fé te curou”.
DENTRO DE VÓS
Lc. 17:20-21
20. Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino da Luz Viva,
Jesus respondeu: “O reino da Luz Viva não surge com ostentação,
21. e sobre ele não se dirá: ‘Ei-lo aqui!’, ou: ‘Ei-lo ali!’, porque é dentro
de vós que ele está”.
O “DIA” DO FILHO DO HOMEM
Lc. 17:22-30
22. Disse ainda aos seus discípulos: “Virão dias em que ansiarão por ver
apenas um dos dias do Filho do Homem, mas não o vereis;
225
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
23. e então vos dirão: ‘Ei-lo aqui!’, ou: ‘Ei-lo ali!’; mas, tende cuidado:
Não saiais, nem os sigais,
24. pois como o relâmpago brilha de um horizonte a outro no céu, assim
será a vinda do Filho do Homem no seu Dia.
25. Porém, até que este Dia chegue, muita coisa deve padecer e ser
rejeitado por esta geração.
26. Assim como aconteceu com Noé, assim também será quando vier o
Dia do Filho do Homem:
27. Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em
que Noé entrou na arca; então, veio o dilúvio e fez perecer a todos.
28. Ou, como igualmente ocorreu nos dias de Ló: Comiam, bebiam,
compravam, vendiam, plantavam e construíam,
29. mas no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre
que consumiu a todos.
30. Do mesmo modo será o Dia em que o Filho do Homem se revelar.
A PRECE
Lc. 18:1-8
1. E para mostrar a necessidade de estar sempre em conexão-íntima
com o Espírito da Luz Viva, e jamais ser negligentes, contou-lhes ainda
uma parábola, dizendo:
2. “Havia, em certa cidade, um juiz que não tinha Comunhão Íntima
com o Espírito da Luz Viva e não amava o seu próximo;
3. Nesta mesma cidade havia uma viúva que recorria constantemente a
ele, dizendo: ‘Defende-me contra meu adversário’;
4. e por muito tempo ele se negou; mas, depois, pensou consigo mesmo:
‘Embora eu não busque Comunhão Íntima com o Espírito da Luz Viva
nem com o meu próximo,
5. irei atendê-la, defendendo-a contra o seu adversário, para que não
mais me importune”.
6. E concluiu o Mestre, dizendo: “Prestai bem atenção ao que diz este
juiz injusto

226
Sebastião Anselmo
7. e considerai se, assim como ele, também a Luz defenderá os seus
escolhidos, que a Ela clamam dia e noite, e agirá com misericórdia para
com eles.
8. Pois eu vos digo, em Espírito de Verdade, que agirá com rapidez;
porém, vindo logo o Dia do Filho do Homem, encontrará ele, sobre a
terra, quem seja perseverante na fé?”
VAIDADE
Lc. 18:9-14
9. E para aqueles que se consideram justos e, inadvertidamente,
desprezam os outros, contou também uma parábola, dizendo:
10. “Dois homens subiram ao Templo para orar, um era fariseu e o outro
cobrador de impostos.
11. O fariseu, de pé, orava interiormente, dizendo: ‘Ó Pai, que é Espírito
de Luz, eu te dou graças porque não sou como os outros homens, que são
ladrões, injustos, adúlteros, e nem tampouco como este cobrador de
impostos;
12. jejuo duas vezes na semana e pago dízimos de tudo quanto ganho’.
13. O cobrador de impostos, porém, de pé ao longe, não ousava sequer
levantar os olhos para o Alto; e batia no peito, dizendo: ‘Ó Pai, que é
Espírito de Luz, tem piedade de mim, que sou um transgressor de Tua
Santa Vontade’.
14. Eu vos digo, em Espírito de Verdade, que este último desceu para a
sua casa justificado, enquanto que o outro não; porque quem a si mesmo
exalta será humilhado, e quem a si mesmo humilha será exaltado”.
JESUS E AS CRIANÇAS
Mt. 19:13-15; Mc. 10:13-16; Lc. 18:15-17
15. Trouxeram-lhe alguns pequeninos para que os tocasse; mas os seus
discípulos, vendo isso, não o queriam permitir.
16. Então Jesus, convocando-os para junto de si, disse: “Deixai que
venham a mim os pequeninos e não os impeçais, pois a eles pertence o
reino do Espírito da Luz Viva.
17. Em Espírito de Verdade, eu vos digo: Quem não se candidatar ao
reino da Luz Viva como pequenino, jamais entrará nele”.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

O MOÇO RICO
Mt. 19:16-22; Mc. 10:17-22; Lc. 18:18-23
18. Certo homem de alta posição lhe perguntou: “Bom Mestre, que
devo fazer para conectar-me internamente com a Vida que brota d’Ela
mesma?”.
19. Jesus lhe respondeu: “Por que me chamas bom? Bom é apenas o
Um, o Pai, que é Espírito de Luz Viva.
20. Conheces os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não
furtarás, não darás falso testemunho, honrarás a teu pai e a tua mãe”.
21. Ele replicou: “Rabi, assim tenho me comportado desde a minha
juventude”.
22. Ouvindo isso, Jesus lhe disse: “Uma coisa ainda te falta: Vende tudo
o que tens e reparte o dinheiro com os pobres, assim terás um tesouro no
reino da Luz Viva; depois vem e segue a Doutrina”.
23. Ele, porém, ouvindo isso, ficou muito triste; porque era possuidor
de muitos bens.
DIFICULDADE DOS RICOS
Mt. 19:23-30; Mc. 10:23-31; Lc. 18:24-30
24. Vendo-o afastar-se, Jesus disse: “Como é difícil para os que possuem
riquezas entrar no reino da Luz Viva:
25. É mais fácil entrar um camelo, passando pelo buraco de uma agulha,
do que um rico entrar no reino da Luz Viva”.
26. Disseram os que o ouviram: “Quem, então, dentre eles, poderá
salvar-se?”
27. Ele respondeu: “Para eles, isso é impossível; porém, para o Pai, que
é Espírito de Luz Viva, o impossível se torna possível”.
28. Então, Pedro disse: “E quanto a nós, que tudo deixamos para te
seguir?”
29. Jesus respondeu: “Em Espírito de Verdade, eu vos digo: Todo aquele
que tiver deixado o apego aos bens materiais e aos parentes
consanguíneos, como
30. receberá muito mais ainda nesta existência, conquistando, assim, a
Comunhão Íntima com a Luz, que é Vida, e que brota d’Ela mesma”.
228
Sebastião Anselmo

PREDIÇÃO DAS DORES


Mt. 20:17-19; Mc. 10:32-34; Lc. 18:31-34
31. Tomando consigo os Doze à parte, disse-lhes: “Vede, subimos a
Jerusalém, e tudo o que foi escrito pelos profetas a respeito do Filho do
Homem, se cumprirá:
32. Será entregue aos gentios, escarnecido, injuriado, cuspido,
33. açoitado e morto; mas no terceiro dia, porém, ressurgirá dos mortos”.
34. No entanto, os discípulos tinham os ouvidos fechados para essas
palavras, e não compreenderam o que ele lhes dizia.
CURA DE BARTIMEU
Mt. 20:29-34; Mc. 10:46-52; Lc. 18:35-43
35. E aconteceu que, ao aproximar-se de Jericó, havia um cego sentado
junto ao caminho pedindo esmola;
36. e este, ouvindo os passos da multidão que se aproximava,
perguntou o que estava acontecendo,
37. e disseram-lhe que era Jesus, o Nazoreu, que vinha pelo caminho.
38. Ele, então, gritou: “Jesus, descendente de Davi, compadece-te de
mim!”;
39. e os que iam à frente o repreendiam para que se calasse; ele,
porém, gritava ainda mais alto: “Descendente de Davi, compadece-te de
mim!”
40. Então Jesus, detendo-se, mandou que o trouxessem até ele; quando
ele se aproximou, perguntou-lhe:
41. “Que queres que eu te faça?” Ele respondeu: “Rabi, que eu veja de
novo”.
42. Jesus lhe disse: “Vê de novo! A tua fé te curou”.
43. No mesmo instante ele recobrou a visão e o seguia agradecendo ao
Pai, que é Espírito de Luz Viva; e o povo, vendo o que acontecera,
também rendeu graças.

229
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

ZAQUEU
Lc. 19:1-10
1. E Jesus, tendo entrado em Jericó, atravessava a cidade,
2. quando um homem chamado Zaqueu, chefe dos publicanos, homem
muito rico,
3. procurava ver quem era Jesus; porém, não o conseguia por causa da
multidão e porque era de baixa estatura.
4. Então, correndo à frente, subiu a um sicômoro para vê-lo, pois
haveria de passar por ali;
5. e quando Jesus chegou ao lugar, levantou os olhos e lhe disse:
“Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo permanecer em tua casa”;
6. e ele, tendo descido rapidamente, o hospedou com alegria.
7. Tendo visto isto, muitos da multidão passaram a murmurar,
dizendo: “Foi hospedar-se em casa de um pecador”.
8. Em sua casa, Zaqueu, colocando-se de pé, disse a Jesus: “Rabi, eis
que a metade de meus bens eu a darei aos pobres, e se a alguém
defraudei restituirei quatro vezes mais”.
9. Então, Jesus disse: “Hoje a salvação chegou a esta casa, porque
também ele é descende de Abraão.
10. Com efeito, para isto é Enviado o Filho do Homem: Procurar e
tornar são o que estava enfermo”.
OS TALENTOS
Mt. 25:14-30; Lc. 19:11-28
11. Como a multidão o ouvisse com atenção, Jesus acrescentou ainda
uma parábola, pois estavam perto de Jerusalém e eles pensavam que o
reino do
Espírito da Luz Viva se instalaria de imediato no mundo.
12. Disse então: “Certo homem, de nobre origem, partiu para um reino
distante a fim de ser investido de realeza e voltar.
13. Chamando dez de seus servos, confiou-lhes dez minas e disse-lhes:
‘Negociai com elas e fazei-as render até que eu volte’.

230
Sebastião Anselmo
14. Os do seu país, no entanto, não tinham amor por ele e enviaram uma
comitiva ao se encalço para lhe dizer: ‘Não o queremos como nosso
soberano’.
15. Após ter sido investido de realeza, voltou ao seu país e mandou
chamar aqueles servos, aos quais confiara suas riquezas, para saber
quanto cada um havia lucrado.
16. Veio, então, o primeiro, e disse: ‘Senhor, tua mina rendeu outras
dez’.
17. Ele lhe respondeu: ‘Muito bem! És um bom servo, e por teres sido fiel
no pouco, te confiarei a administração de dez cidades’.
18. Veio o segundo e disse: ‘Senhor, tua mina rendeu outras cinco’.
19. Ele lhe respondeu: ‘A ti confiarei a administração de cinco cidades’.
20. Veio o terceiro e disse: ‘Senhor, aqui tens o que te pertence, e que
ocultei depositada num lenço,
21. porque tive medo de ti, sabendo que és um homem rigoroso, que tiras
o que não puseste e colhes o que não semeaste’.
22. Então, ele lhe disse: ‘Por tua boca te condeno, servo imprudente!
Sabias que sou homem rigoroso, que tiro onde não pus e colho o que não
semeei?
23. Por que não empregaste o que te confiei a juros para que, ao voltar,
eu recebesse com acréscimo o que é meu?’
24. E disse aos que lá estavam presentes: ‘Tirai a mina e confiai-a ao que
tem dez’.
25. Eles lhe responderam: ‘Senhor, aquele já tem dez’.
26. Respondeu-lhes ele: Pois eu vos digo que a todo o que tem, mais
ainda lhe será dado, e ao que não tem mais lhe será tirado;
27. e quanto a esses inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre
eles, trazei-os aqui para que pereçam diante de mim”.
28. E assim, tendo dito mais esta parábola, seguiu à frente deles,
subindo para Jerusalém.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

A CAMINHO DE JERUSALÉM
Mt. 21:1-9; Mc. 11:1-10; Lc. 19:29-40; Jo. 12:12-19
29. E aconteceu que, quando se aproximavam de Betfagé e de Betânia,
perto do monte chamado das Oliveiras, enviou dois de seus discípulos,
30. dizendo: “Ide à aldeia em frente; ao entrar, encontrareis um
jumentinho amarrado, sobre o qual nenhum homem ainda montou:
Desamarrai-o e trazei-o;
31. e se alguém vos perguntar: ‘Por que o soltais?’, respondei: ‘O Mestre
necessita dele’”.
32. Eles foram e encontraram o jumentinho, como Jesus lhes dissera.
33. Enquanto o desamarravam, os donos lhes perguntaram: “Por que
estais soltando o jumentinho?”
34. Eles responderam: “Porque o Mestre necessita dele”,
35. e o levaram a Jesus, e puseram sobre ele os seus mantos; então,
Jesus o montou
36. e, enquanto avançava, a multidão forrava o caminho com seus
mantos.
37. Quando já ia se aproximando da descida do monte das Oliveiras,
toda a multidão de discípulos que o acompanhava começou a
agradecer ao Espírito da Luz Viva alegremente, em alta voz e em
uníssono, por todas as maravilhas que tinham visto,
38. Dizendo: “Bendito o rei que vem como Enviado do Espírito da Luz!
Paz e Harmonia, Força e Poder na Essência de todas as formas por Ele
Manifestadas no mundo!”
39. Alguns dos fariseus que estavam em meio à multidão, lhe disseram:
“Mestre, repreende teus discípulos”;
40. mas ele lhes respondeu: “Em Espírito de Verdade, eu vos digo: Se
estes se calarem, as próprias pedras clamarão”.
DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM
Lc. 19:41-44
41. E, estando já bem próximo, avistou a cidade e chorou sobre ela,

232
Sebastião Anselmo
42. dizendo: “Ah! Se também tu pudesses reconhecer hoje a Mensagem
de Paz! Mas, por hora, isto te é impossível, porque está oculto aos teus
olhos;
43. e, por isso, atravessarás dias difíceis, em que teus inimigos te
cercarão com trincheiras e te rodearão e te apertarão por todos os lados,
44. e derrubarão a ti e a teus filhos dentro de ti, e não deixarão de ti
pedra sobre pedra, porque não reconheceste o tempo em que, pelo
Espírito da Luz, foste visitada!”
EXPULSÃO DOS EXPLORADORES
(Em Jerusalém, abril de 29 A.D.)
Mc. 11:15-17; Mt. 21:12-13; Lc. 19:45-46; Jo. 2:14-17
45. Tendo entrado no Templo, começou a expulsar os que ali vendiam,
46. dizendo-lhes: “Está escrito: Minha casa será Casa de Oração; vós,
porém, fizestes dela um covil de ladrões”.
A FIGUEIRA SECA
Mt. 21:20-22; Mc. 11:20-23; Lc. 17:5-6
5. Disseram os apóstolos ao Mestre: “Aumenta-nos a fé!”
6. O Mestre respondeu: “Se tiverdes a fé do tamanho de um grão de
mostarda, direis a esta amoreira: ‘Arranca-te pela raiz e planta-te no
mar’, e assim acontecerá.
ENSINO NO TEMPLO
Mc. 11:18-19; Lc. 19:47-48 e 21:37-38
47. E ensinava diariamente no Templo. Os chefes dos sacerdotes, os
escribas e os anciãos do povo procuravam um modo de acabar com ele;
48. mas não achavam um meio de fazê-lo, porque todo o povo se
admirava ao ouvir os seus Ensinamentos.
37. Diariamente Jesus ensinava no Templo e, à noite, saía da cidade e
se recolhia no monte das Oliveiras;
38. mas, de manhã bem cedo, todo o povo acorria para ouvi-lo no
Templo.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

O PODER DE JESUS
Mt. 21:23-27; Mc. 11:27-33; Lc. 20:1-8
1. Certo dia, quando Jesus ensinava no Templo e pregava a Doutrina
do Espírito da Luz Viva ao povo, vieram a ele os chefes dos sacerdotes,
os escribas e os anciãos do povo
2. e lhe perguntaram: “De onde lhe vem a Força e o Poder com que
fazes esses prodígios? E quem te deu Autoridade para fazê-los?”
3. Jesus lhes respondeu: “Também eu tenho uma pergunta para vos
fazer, respondei-me:
4. O mergulho de João, de onde vinha: Da Luz, ou dos homens?
Respondei-me?”
5. Eles arrazoavam entre si, dizendo: “Se respondermos ‘Da Luz’, ele
nos perguntará: ‘Por que não crestes nele?’
6. Por outro lado, se respondermos: ‘Dos homens’, todo o povo nos
apedrejará, pois têm convicção de que João era um profeta”.
7. Então, responderam que não sabiam de onde vinha;
8. e Jesus lhes disse: “Tampouco eu vos digo donde me vem a Força e o
Poder com que que realizo esses prodígios.
OS LAVRADORES MAUS
Mt. 21:33-46; Mc. 12:1-12; Lc. 20:9-19
9. E começou a dizer ao povo esta parábola: “Um homem plantou uma
vinha, depois arrendou-a a alguns lavradores e ausentou-se por bastante
tempo.
10. Na época da colheita, enviou aos lavradores um de seus servos para
que lhe entregassem a parte do fruto da vinha que lhe correspondia; os
lavradores, porém, não lhe deram ouvidos, e o espancaram e mandaram-
no de volta de mãos vazias.
11. O dono da vinha voltou a enviar outro servo,; mas a este também não
deram ouvidos, espancaram, insultaram e o despediram de mãos vazias.
12. Enviou ainda um terceiro; mas a este também feriram e lançaram
fora.

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Sebastião Anselmo
13. Disse então o dono da vinha: ‘Que farei para que me deem ouvidos?’,
e decidiu enviar o seu filho amado, dizendo: ‘A meu filho ouvirão’.
14. Os lavradores, porém, ouvindo o seu filho, o reconheceram, e
disseram entre si: ‘É este o herdeiro; matemo-lo e fiquemos com a
vinha’;
15. e o lançaram fora da vinha, e o mataram. Que fará então o dono da
vinha?
16. Virá, expulsará de seu campo aqueles homens, e confiará a sua vinha
a outros lavradores”. Ouvindo-o os do povo, disseram: “Que o Espírito
da Luz não permita que isto se dê!”
17. Jesus, porém, olhando-os fixamente, disse: “Então, o que significa
isto, que está escrito: ‘A pedra que os construtores rejeitaram, esta é a
pedra angular!
18. Todo aquele que lançar-se contra esta pedra, ficará destroçado; e
aquele sobre o qual ela for lançada, ficará esmagado?’”
19. Os chefes dos sacerdotes e os escribas tentaram agarrá-lo nesta
hora, porque compreenderam que a parábola era sobre eles; mas
temeram o povo.
A MOEDA DE CÉSAR
Mt. 22:15-22; Mc. 12:13-17; Lc. 20:20-26
20. E assim, colocando-se de espreita, enviaram-lhe alguns agentes
disfarçados, fingindo-se de justos, para enredá-lo com suas próprias
palavras e denunciá-lo à autoridade local, sob jurisdição do
governador,
21. e interrogaram-no, dizendo: “Rabi, sabemos que falas a Verdade e
ensinas com retidão sem olhar o exterior das pessoas, mas falas por
Contato Íntimo com o Espírito da Luz Viva;
22. dá-nos, pois, a tua opinião sobre esta questão: É lícito, ou não, pagar
tributo a César?”
23. Jesus, porém, conhecendo a malícia de seus corações, respondeu:
24. “Mostrai-me um denário. De quem é a imagem e inscrição?”
Responderam-lhe: “De César”.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
25. Ele, então, disse: “Dai, pois, a César o que é de César; e ao Vivo o
que a Ele pertence”.
26. E não foram capazes de apanhá-lo em suas próprias palavras
diante do povo; e, admirados pela sabedoria de sua resposta, calaram-
se.
A RESSURREIÇÃO
Mt. 22:23-33; Mc. 12:18-27; Lc. 20:27-39
27. Então aproximaram-se dele alguns saduceus, que negam haver
ressurreição, e lhe perguntaram:
28. “Rabi, Moisés nos escreveu, dizendo: ‘Se um homem morrer, tendo
ele mulher e não tendo filhos, tome o seu irmão a viúva a fim de suscitar-
lhe descendência’.
29. Pois bem, havia sete irmãos: O primeiro tomou mulher e morreu sem
deixar filhos;
30. também o segundo,
31. e depois o terceiro, e até o sétimo a tomaram; e todos eles morreram
sem deixar filhos;
32. e, por fim, morreu também a mulher.
33. Quando, pois, ressuscitarem dos mortos, a quem pertencerá a mulher,
uma vez que todos a possuíram?”
34. Jesus lhes respondeu: “Os filhos do mundo é que casam-se e dão-se
em casamento;
35. mas os dignos de tornarem-se Filhos da Luz, ressuscitando dos
mortos, não mais se casam nem se dão em casamento;
36. porque, estando Vivos, tornam-se Mensageiros Manifestantes da Luz:
Ressuscitaram da morte, tornaram-se Centelhas de Luz.
37. Que todos haverão de ressuscitar dos mortos, o revelou Moisés, no
episódio da sarça, quando diz: ‘É o Espírito da Luz que torna Vivos a
Abraão, a Isaac, e a Jacó’.
38. Não infunde a Luz, pois, a morte, mas a Vida; porque n’Ela todos
vivem”.

236
Sebastião Anselmo
39. Alguns escribas lhe disseram: “Mestre, como ensinas
corretamente!”
FILHO DE DAVI
Mt. 22:41-46; Mc. 12:35-37 e 34b; Lc. 20:41-44 e 40
41. Então, Jesus lhes disse: “Como podem dizer que o Ungido Permeado
da Luz do Vivo descende de Davi?
42. Pois o próprio Davi, no Livro dos Salmos, diz: ‘Disse o Espírito ao
meu Senhor: Senta-te à minha mão direita,
43. até que eu faça de teus inimigos escabelo para os teus pés.
44. Ora, se o próprio Davi o chama ‘seu Senhor’, como pode descender
dele?”
40. E, dali em diante, ninguém mais ousou interrogá-lo sobre coisa
alguma.
CONDENAÇÃO DO CLERO
Mt. 23:1-12; Mc. 12:38-40; Lc. 20:45-47
45. Com todo o povo a ouvi-lo, dirigiu-se aos seus discípulos, dizendo:
46. “Guardai-vos do comportamento extravagante dos escribas, que
gostam de se exibir em público com vestes compridas, de serem
ruidosamente saudados nas praças, de ocupar os primeiros assentos nas
sinagogas, dos lugares de honra nos banquetes,
47. e que devoram as casas das viúvas com o pretexto de fazer longas
orações. Estes serão julgados com maior severidade”.
A ESMOLA DA VIÚVA
Mc. 12:41-44; Lc. 21:1-4
1. Erguendo os olhos, observou alguns ricos lançando suas ofertas no
Tesouro do Templo,
2. e viu também quando certa viúva, muito pobre, lançou ao cofre
apenas duas moedinhas.
3. Então, disse: “Em Espírito de Verdade, eu vos digo que esta pobre
viúva lançou ao Tesouro mais do que todos os outros,
4. porque todos lançaram daquilo que lhes sobrava, enquanto que ela, em
sua indigência, depositou tudo quanto lhe restava para sobreviver”.
237
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

PROFECIAS
Mt. 24:3-14; Mc. 13:3-13; Lc. 21:5-19
5. Para alguns que admiravam as formosas pedras do Templo e a
beleza de sua ornamentação, disse:
6. “Chegará o dia em que tudo o que contemplais será derrubado, sem
deixar pedra sobre pedra”.
7. Perguntaram-lhe: “Rabi, quando acontecerá isso, e qual é o sinal de
que está para acontecer?”
8. Ele respondeu: “Tende cuidado para que ninguém vos desvie, porque
muitos virão se dizendo Permeado de Luz, e dirão: ‘Eu Sou’, e: ‘A hora
chegou’; não sigais atrás deles.
9. Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos atemorizeis,
porque é necessário que tudo isso ocorra, mas ainda mão será a
consumação deste tempo”.
10. E continuou: “Levantar-se-á nação contra nação e reino contra
reino;
11. haverá grandes terremotos em todos os lugares, fome e epidemias,
fenômenos espantosos e grandes sinais por parte da Luz.
12. Mas antes de tudo isso, porém, lançarão perseguições sobre vós, e vos
entregarão às sinagogas e às prisões, e vos conduzirão à presença de reis
e magistrados por causa do meu Ensinamento,
13. para que deis o testemunho de seguidores da Doutrina.
14. Tende ciência, em vossos corações, de não premeditar o que haveis de
responder,
15. porque eu vos darei uma tal eloquência e sabedoria, às quais nenhum
de vossos opositores poderá confrontar, e nem mesmo retrucar.
16. Até mesmo vossos pais e irmãos, parentes e amigos, vos entregarão à
morte e vos farão padecer;
17. e sereis odiados de todos por seguirdes o meu Ensino.
18. Contudo, não perdereis em vão um único fio de cabelo de vossas
cabeças,

238
Sebastião Anselmo
19. porque, pela vossa perseverança, conquistareis a Comunhão-Íntima
com o Pai, que é Espírito Luminoso e Imanência de Vida.
DIAS CALAMITOSOS
Mt. 24:15-28; Mc. 13:14-23; Lc. 17:31-37 e Lc. 21:20-24
31. Naquele dia, quem estiver no terraço e tiver utensílios em casa, não
desça para pegá-los; igualmente quem estiver no campo, não volte atrás.
32. Lembrai-vos da mulher de Ló.
33. Quem quiser conquistar a Vida Imanente, a Ela se renderá; e o que a
Ela se render, A conquistará.
34. Eu vos digo que, na noite da rendição de sua alma, estarão dois
deitados no leito da morte: Um será elevado para a Vida, e o outro será
deixado;
35. ou, duas mulheres estarão moendo juntas: Uma será elevada, a outra
deixada;
36. ou, ainda, dois estarão em trabalho no campo: Um será elevado e o
outro será deixado”.
37. Perguntaram-lhe: “Onde, Rabi?” Ele respondeu: “No mundo, onde
os mortos atraem os abutres que os devorarão”.
20. Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei que está
próxima a devastação.
21. então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes, os que
estiverem na cidade, retirem-se, e os que estiverem nos campos não
voltem à cidade;
22. porque são os dias da provação, a fim de auferir a qualidade dos que
estão aptos a adentrar o reino da Luz do Vivo.
23. Mas ai das que estiverem grávidas e das que tiverem acabado de dar à
luz naqueles dias, porque as provas serão de grandes sofrimentos e
tormentas:
24. Em todas as nações, serão rendidos a fio de espada e levados cativos;
então, Jerusalém será atormentada até que em vós tenha fim a
subjugação ao reino do mundo.

239
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

VINDA DO FILHO DO HOMEM


Mt. 24:29-31; Mc. 13:24-27; Lc. 21:25-28
25. Haverá sinais que repercutirão no sol (Luz), na lua (Mente) e nas
estrelas (personas); e, na terra, os povos de todas as nações estarão
angustiados e inquietos pelo bramido do mar e das ondas (emoções).
26. Os homens se deixarão possuir pelo medo, na expectativa do que virá
sobre o mundo todo, porque os Poderes da Luz estarão sendo
movimentados;
27. e então, neste tempo, verão chegar o Filho do Homem, por força da
reconexão-íntima entre Mente e Centelha, em seu Poder e Força
Originais.
28. Quando começarem a identificar essas coisas, elevai-vos mentalmente
da forma exterior para a Luz Vivificadora interior, pois se aproxima a
vossa libertação”.
DESPERTAR DO SONO
Mt. 24:32-44; Mc. 13:28-37; Lc. 21:29-36
29. Em seguida, contou-lhes uma parábola: “Observai a figueira e as
árvores todas:
30. Quando começam a produzir frutos, sabeis que o verão está próximo.
31. Assim também vós: Quando virdes todas essas coisas acontecendo,
sabei que o reino da Luz do Vivo está próximo.
32. Em Espírito Verdadeiro, eu vos digo que esta geração não passará
antes que tudo isso aconteça.
33. Centelhas e formas passarão, minhas palavras (esta Doutrina) não
passarão.
34. Ficai atentos para que a vossa mente não se embote com o vício, a
embriaguez e os cuidados desta vida, de modo que aquele Dia vos
surpreenda de repente,
35. como um laço; porque ele sobrevirá sobre todos os habitantes da
terra.
36. Ficai, pois, atentos, em constante oração e vigilância, para que não
sejais surpreendidos pelos acontecimentos que virão e para que o dia do
Filho do Homem não vos encontre adormecidos”.
240
Sebastião Anselmo

SERVOS BONS E MAUS


Mt. 24:45-51; Lc. 12:35-48
35. Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas;
36. sede semelhantes a homens que aguardam ansiosos que o seu senhor
volte das núpcias, a fim de lhe abrirem as portas logo que ele chegar e
bater.
37. Felizes os servos que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes: Em
verdade, eu vos digo que ele se cingirá, os colocará à mesa e,
caminhando entre eles, os servirá.
38. E se chegar na segunda ou na terceira vigília e assim os encontrar,
quão felizes serão!
39. Sabei vós que se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão,
não o deixaria arrombar sua casa;
40. portanto, também vós estejais preparados, porque quando menos
esperais virá a vós o estado de Filho do Homem”.
41. Pedro lhe perguntou: “Rabi, dizes esta parábola somente para nós,
ou também para todos?”
42. Respondeu Jesus: “Quem é, pois, o administrador fiel e prudente que
o senhor constituirá sobre sua criadagem, para dar-lhe a ração de trigo
no tempo certo?
43. Feliz daquele servo que o senhor, ao chegar, encontrar fazendo
assim.
44. Em verdade, eu vos digo que o constituirá sobre todos os seus bens.
45. Se aquele servo, porém, disser em seu coração: ‘Meu senhor tarda a
chegar’, e começar a espancar os criados e criadas, a comer, a beber e a
se embriagar,
46. virá o senhor daquele servo no dia em que não espera e na hora que
não sabe, e o partirá ao meio, dando-lhe o destino dos infiéis;
47. pois o servo que, conhecendo a vontade de seu senhor, não se prepara
nem age de acordo com a sua vontade, receberá o castigo de muitos
açoites.

241
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
48. Todavia, aquele que, não a conhecendo, comete ações dignas de
castigo, com menos golpes será açoitado; porque, a todo aquele a quem
muito foi dado, muito será pedido; e daquele a quem muito foi confiado,
muito será exigido.
PLANO DE PRISÃO
Mt. 26:1-5; Mc. 14:1-2; Lc. 22:1-2
1. Aproximava-se a festa dos ázimos, chamada Páscoa,
2. e os chefes dos sacerdotes e os escribas procuravam um meio de
tirarem a vida de Jesus; porém, temiam a reação do povo.
PROPOSTA DE JUDAS
Mt. 26:14-16; Mc. 14:10-11; Lc. 22:3-6
3. Então Judas, o chamado Iscariotes, um dos Doze, assumiu o papel de
Tentador para colocar Jesus à prova;
4. e indo ele ao encontro dos chefes dos sacerdotes e magistrados,
combinou com estes um modo de entregá-lo a eles.
5. Eles se alegraram e se comprometeram em dar-lhe dinheiro se o
fizesse.
6. Ele aceitou, e procurava oportunidade de entregá-lo a eles,
escondido da multidão.
PREPARAÇÃO PARA A PÁSCOA
Mt. 26:17-19; Mc. 14:12-16; Lc. 22:7-13
7. Veio, pois, o dia dos pães ázimos, quando se devia sacrificar o
cordeiro para a Páscoa.
8. Jesus enviou a Pedro e a João, dizendo-lhes: “Ide preparar-nos a
Páscoa para que a celebremos”.
9. Eles lhe perguntaram: “Onde queres que a preparemos?”
10. Ele lhes respondeu: “Logo que entrardes na cidade, virá a vós um
homem carregando um cântaro de água. Segui-o até a casa em que ele
entrar;
11. dizei, então, ao dono da casa: ‘O Rabi te pergunta: Onde é o aposento
em que comerei a Páscoa juntamente com os meus discípulos?’

242
Sebastião Anselmo
12. Ele vos mostrará uma grande sala, no piso superior, ornada com
almofadas: Preparai-a ali”.
13. Eles foram e encontraram tudo conforme Jesus lhes dissera, e
prepararam a Páscoa.
INÍCIO DA CEIA
Mt. 26:20; Mc. 14:17; Lc. 22:14
14. Quando chegou a hora, ele se pôs à mesa com os Doze.
O MAIOR SERVE AO MENOR
Lc. 22:24-30
24. Quando surgiu uma discussão entre eles, sobre qual seria o maior,
25. Jesus lhes respondeu: “Os reis deste mundo mantêm os seus povos
submissos a eles, e os que impõem a sua autoridade sobre eles são
chamados ‘Benfeitores’.
26. Dentre vós, porém, não será assim; pois o maior é como o menor, e o
que detém autoridade é quem vos serve.
27. Vede, quem é maior? O que está à mesa ou aquele que serve? Não é o
que está à mesa? Pois bem: Eu, que estou no meio de vós, sou quem vos
serve.
28. Vós sois os que permaneceram comigo nas provas,
29. e eu vos conduzo ao reino, conforme a Obra que o Pai me confiou,
30. para que comais e bebais à minha mesa no reino, e vos senteis sobre
tronos e, assim, julgar as doze tribos de Israel.
JUDAS É INDICADO
Mt. 26:21-25; Mc. 14:18-21; Lc. 22:21-23; Jo. 13:21-32
21. Mas eis que um de vós, que comigo põe a mão no prato, foi o
escolhido para fazer a entrega;
22. porque o Filho do Homem será entregue para a prova final, segundo
o que está determinado; mas me compadeço por aquele que o entrega!”
23. Começaram então a indagar entre si a qual deles fora determinado
fazer tal coisa.

243
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

TRANSUBSTANCIAÇÃO
Mt. 26:26-29; Mc. 14:22-25; Lc. 22:15-20; 1Co. 11:23-26
15. e disse-lhes: “Como desejei comer convosco esta Páscoa antes de
minha prova;
16. pois eu vos digo que já não a comerei até que ela se plenifique no
reino da Luz”.
17. Depois, tomando o cálice, agradeceu e disse: “Tomai dele e reparti-o
entre vós,
18. pois eu vos digo, em Espírito Verdadeiro, que a partir deste momento
não mais dele beberei convosco até que venha o reino da Luz”.
19. E, tomando um pão, agradeceu, partiu-o e deu-o aos discípulos,
dizendo: “Isto é o meu corpo, que é entregue em favor de todos: Fazei
isto para lembrar-vos de Mim”.
20. Terminada a ceia, tomou de uma taça de vinho, e disse: “O
conteúdo desta taça simboliza a minha Doutrina, que será concluída com
o meu sangue, derramado em favor de todos.
AVISO A PEDRO
Mt. 26:31-35; Lc. 22:31-34; Mc. 14:27-31; Jo. 13:36-38
31. Simão, Simão, eis que o Antagonista vos reclama para joeirar-vos
como trigo;
32. mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando
enfim te converteres, seja arrimo para os teus irmãos”.
33. Pedro lhe respondeu: “Rabi, estou pronto para ir contigo tanto para
a prisão quanto para a morte!”
34. Jesus, porém, replicou: “Pedro, em Espírito de Verdade, eu te digo:
Não cantará o galo, hoje, sem que por três vezes tenhas negado
conhecer-me”.
SAÍDA DO CENÁCULO
Mt. 26:30; Mc. 14:26; Lc. 22:39; Jo. 18:1a
39. Ele saiu e, como de costume, dirigiu-se ao monte das Oliveiras; e
seus discípulos o seguiram.

244
Sebastião Anselmo

OS FACÕES
Lc. 22:35-38
35. E disse-lhes: “Quando vos enviei sem bolsa, sem alforje e sem
sandálias, tivestes necessidade de algo mais?” Responderam: “Não”.
36. Ele continuou: “Agora, porém, quem tiver uma bolsa, leve-a;
igualmente quanto ao alforje. E quem não tiver espada, venda o manto e
compre uma.
37. Porque, em verdade, eu vos digo: É necessário que se cumpra em
mim o que está escrito na Lei: ‘Foi tido por malfeitor’. Se aproxima o
cumprimento de tudo o que, sobre Mim, foi escrito”.
38. Disseram-lhe os discípulos: “Rabi, temos aqui duas espadas”. Ele
respondeu: “Basta!”
ORAÇÃO NO JARDIM
Mt. 26:36-46; Mc. 14:32-42; Lc. 22:40-46; Jo. 18:1b
40. Chegando ao lugar, disse-lhes: “Orai, para não sucumbirdes na
prova”;
41. e afastou-se deles, cerca de um arremesso de pedra; então,
dobrando os joelhos ao chão, orou, dizendo:
42. “Pai, se é do teu agrado, afasta de mim este cálice; porém, não se
faça a minha vontade, e sim a tua!”;
43. no mesmo instante, corporificou-se um Mensageiro da Luz Viva,
que o confortava;
44. e então, tomado de angústia, Jesus orou mais intensamente: O suor
lhe escorria do rosto e, como gotas de sangue, caíam no chão.
45. Depois, tendo-se erguido após a oração, aproximou-se dos
discípulos e os encontrou adormecidos de tristeza;
46. então, disse-lhes: “Porque estais adormecidos? Levantai-vos e orai,
para que não venhais a sucumbir na provação”.

245
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

PRISÃO MOVIMENTADA
Mt. 26:47-56; Lc. 22:47-53; Mc. 14:43-52; Jo. 18:2-12
47. Enquanto ainda falava, eis que chegou uma grande multidão; e um
dos Doze, o chamado Judas, que vinha à sua frente, aproximou-se de
Jesus para beijá-lo.
48. Jesus lhe disse: “Judas, com um beijo entregas o Filho do Homem”.
49. Vendo o que estava para acontecer, os que estavam com ele
disseram: “Rabi, resistimos com luta?”;
50. e um deles, desembainhando a espada, feriu o servo do sumo
sacerdote, decepando-lhe a orelha direita.
51. Jesus lhe disse: “Basta!”; e tocando-lhe a orelha, o curou.
52. Depois, disse Jesus aos chefes dos sacerdotes, chefes da guardas do
Templo e anciãos, que tinham vindo para prendê-lo: “Como se fosse
ladrão, viestes armados de espadas e paus para prender-me?
53. Estava eu diariamente convosco no Templo, e não me prendestes.
Porém, chegou a hora em que sereis dominados pelas trevas”.
NA CASA DE CAIFÁS
Mt. 26:57-58; Lc. 22:54; Mc. 14:53-54; Jo. 18:15-16
54. Eles o prenderam, o levaram e introduziram na casa do Sumo
Sacerdote; e Pedro, de longe, o foi seguindo.
1.ª NEGAÇÃO DE PEDRO
Mt. 26:69-70; Lc. 22:55-57; Mc. 14:66-68; Jo. 18:17-18
55. Tendo eles acendido uma fogueira no meio do pátio, assentaram-se
ao redor; e Pedro assentou-se no meio deles.
56. Uma criada o viu assentado junto ao fogo, olhou-o fixamente e
disse: “Este também andava com ele”;
57. mas ele o negou, respondendo: “Mulher, eu não o conheço”.
OUTRAS NEGAÇÕES
Mt. 26:71-75; Lc. 22:58-62; Mc. 14:69-72; Jo. 18:25-27
58. Pouco depois, um outro, tendo-o visto, disse: “Tu também és um
deles”; mas Pedro respondeu: “Homem, não sou”.

246
Sebastião Anselmo
59. E tendo passado cerca de uma hora, um outro afirmou:
“Certamente este também é um deles, pois é galileu”;
60. e Pedro respondeu: “Homem, não sei o que dizes”. E
imediatamente, enquanto ele ainda falava, o galo cantou,
61. e Jesus, voltando-se, fixou em Pedro o seu olhar; e ele recordou o
que o Mestre lhe havia dito: “Antes de o galo cantar, três vezes me
negarás”;
62. então, saindo para fora, chorou amargamente.
INTERROGATÓRIO OFICIAL
Mt. 26:59-68; Lc. 22:63-71; Mc. 14:55-65
63. Entretanto, os guardas que o prenderam caçoavam dele e
espancavam-no;
64. e, tapando-lhe os olhos com uma venda, diziam: “Faz-nos uma
profecia: Quem é que te bateu?”,
65. e lhe insultavam de muitas outras maneiras.
66. Quando se fez dia, reuniu-se o conselho dos anciãos do povo, chefes
dos sacerdotes e escribas da Lei; então, levaram-no para o Sinédrio,
67. e lhe interrogaram, dizendo: “Se tu és o Ungido Permeado de Luz,
afirma-o diante de nós”. Ele lhes respondeu: “Se eu vos disser, não
acreditareis,
68. e se eu vos perguntar, não respondereis;
69. mas eu vos digo, em Espírito de Verdade, que desde agora estará o
Filho do Homem posicionado à direita da Força e Poder da Luz!”
70. E voltaram a interrogá-lo, dizendo: “Então, tu és Filho do Deus
Vivo?” Ele respondeu: “Sim, eu o sou!”
71. Eles replicaram: “Que necessidade temos ainda de testemunhas?
Ouvimo-lo de sua própria boca!”
ENVIO A PILATOS
Mt. 27:1-2; Mc. 15:1; Lc. 23:1; Jo. 18:28
1. E levantando-se todos do Conselho, conduziram Jesus e o
entregaram a Pilatos.

247
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

ACUSAÇÕES
Lc. 23:2; Jo. 18:29-32
2. Começaram, então, a acusá-lo perante o governador, dizendo:
“Encontramos este homem agitando o povo, opondo-se ao pagamento de
tributo a César, e dizendo ser ele um Rei Ungido da Luz do Vivo”.
1.º INTERROGATÓRIO
Mt. 27:11-14; Lc. 23:3-5; Mc. 15:2-5; Jo. 18:33-38a
3. Pilatos o interrogou, dizendo: “És tu o Rei dos Judeus?” Ele
respondeu: “Tu o dizes”.
4. Então Pilatos disse aos chefes dos sacerdotes e à multidão: “Não
encontro culpa alguma neste homem”;
5. mas eles insistiram, dizendo: “Ele confunde todo o povo da Judéia
com a Doutrina que prega: Começou na Galiléia e chegou até aqui”.
ENVIO A HERODES
Lc. 23:6-12
6. Ouvindo falar da Galiléia, Pilatos perguntou se ele era galileu;
7. e, certificando-se que Jesus pertencia à jurisdição de Herodes,
enviou-o para ele que, nessa ocasião, se encontrava em Jerusalém.
8. Herodes se alegrou muito ao ver Jesus, pois havia muito tempo que
desejava conhecê-lo, pelo que ouvia dizer dele; e esperava vê-lo fazer
algum sinal movido internamente pela Força e Poder da Luz.
9. Então, interrogou-o Herodes com muitas perguntas, mas ele nada
lhe respondeu;
10. e ali também se encontravam os chefes dos sacerdotes e os escribas,
que o acusavam de muitas coisas.
11. Por causa disso, Herodes, juntamente com os seus soldados, tratou-
o com desprezo e escárnio; e então, vestindo-o com uma veste real,
devolveu-o a Pilatos.
12. E, nesse dia, Herodes e Pilatos restabeleceram relações, pois até
então tinham sido inimigos.

248
Sebastião Anselmo

2.º INTERROGATÓRIO
Lc. 23:13-16
13. Pilatos convocou os chefes dos sacerdotes, autoridades e todo o
povo,
14. e lhes disse: “Vós me trouxestes este homem alegando que ele
confunde o vosso povo; contudo, eu o interroguei diante de vós e nele
não encontrei motivo algum de condenação, das culpas de que o acusais.
15. E tampouco Herodes encontrou, pois devolveu-o a mim. Como vedes,
nada fez este homem que mereça a pena de morte;
16. por isso, após impor-lhe um castigo, o deixarei livre”.
3.º INTERROGATÓRIO
Mt. 27:15-23; Lc. 23:17-23; Mc. 15:6-14; Jo. 18:38b-40
17. Ora, por ocasião da Festa, Pilatos costumava soltar-lhes um preso,
que o povo escolhesse;
18. e eles gritaram todos juntos: “Morra este homem! Solta-nos
Barabas!”
19. Este último estava preso por causa de um motim na cidade, em que
ocorrera um homicídio.
20. E Pilatos, querendo soltar a Jesus, contra argumentou em seu favor
diante do povo,
21. mas eles todos gritavam, em uníssono: “Crucifica-o! Crucifica-o!”
22. Então, Pilatos falou-lhes pela terceira vez, dizendo: “Que mal fez
este homem? Não encontro nele nada que mereça a morte: Vou castigá-
lo e deixá-lo
livre”;
23. mas o povo insistia, em altos gritos, pedindo que Jesus fosse
crucificado; e seus gritos prevaleciam sobre a voz do governador.
PILATOS LAVA AS MÃOS
Mt. 27:24-26; Mc. 15:15; Lc. 23:24-25
24. Então, ordenou Pilatos que se fizesse a vontade deles,

249
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
25. e pôs em liberdade aquele que havia sido preso por motim e
homicídio, pelo qual pediam, e entregou-lhes Jesus, para que fizessem
com ele o que bem desejassem.

SIMÃO, O CIRENEU
Mt. 27:31-32; Mc. 15:20-21; Jo. 19:16-17a; Lc. 23:26-32
26. Enquanto o levavam, tomaram um certo Simão de Cirene, que
voltava do campo, e lhe impuseram a cruz para que a levasse atrás de
Jesus.
27. Seguia-o uma grande multidão de povo; mulheres choravam e se
lamentavam por causa dele.
28. Jesus, porém, voltando-se para elas, disse: “Filhas de Jerusalém,
não choreis por mim; antes, chorai por vós e por vossos filhos,
29. porque virão dias em que se dirá: Felizes as estéreis, os ventres que
não geraram e os peitos que não amamentaram!
30. Então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós; e às colinas:
Sepultai-nos!
31. Pois, se tratam assim a árvore viçosa, o que não farão com a seca?”
32. E com ele eram também levados dois malfeitores a fim de serem
mortos.
A CRUCIFICAÇÃO
Mt. 27:33-38; Mc. 15:22-28; Lc. 23:33-34; Jo. 19:17b-24
33. E chegando ao lugar chamado ‘Caveira’ ou ‘Calvário’, foi
crucificado com os malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
34. Então, Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que
fazem”; e repartiram as suas vestes entre si, sorteando-as.
ZOMBARIAS
Mt. 27:39-44; Mc. 15:29-32; Lc. 23:35-43
35. Entretanto, o povo permanecia lá, admirando-o, causando ciúmes
nos chefes dos sacerdotes que respondiam com zombarias, dizendo: “A
outros salvou, salve agora a si mesmo! Não se disse Ungido e Enviado
Permeado de Luz?”

250
Sebastião Anselmo
36. Também os soldados o escarneciam; chegavam-se a ele, ofereciam-
lhe vinagre para beber,
37. e diziam: “Se és o Rei dos Judeus, salva-te a ti mesmo”.
38. Acima dele puseram uma inscrição, afirmando: ‘Este é o Rei dos
Judeus’.
39. Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo: “Não és tu o
Ungido de Luz? Salva, pois, a ti mesmo e a nós”;
40. mas o outro, porém, o repreendeu, dizendo: “E porque tu, que
sofres a mesma pena, não respeitas a Vontade do Espírito da Luz Viva?
41. Quanto a nós, é justo que pereçamos pelos nossos erros; mas, e este,
que delito cometeu?”
42. E acrescentou: “Mestre, lembra-te de mim quando estiveres no teu
reino”;
43. e Jesus lhe respondeu: “Em Espírito de Verdade, eu te digo: Neste
Dia estarás comigo no reino da Luz do Vivo”.
AO PÉ DA CRUZ
Mt. 27:55-56; Mc. 15:40-41; Lc. 23:49; Jo. 19:25-27
49. Todos os seus amigos, bem como as mulheres que haviam subido
com ele desde a Galiléia, permaneciam à distância, observando isso
tudo que acontecia.
A MORTE DE JESUS
Mt. 27:45-54; Mc. 15:33-39; Lc. 23:44-48; Jo. 19:28-30
44. Era então quase a hora sexta quando houve treva sobre a terra
inteira até à hora nona;
45. e também o sol escureceu. O véu do Santuário rasgou-se ao meio,
46. e Jesus, num grande brado, disse: “Pai, em tuas mãos entrego o meu
espírito”, e expirou.
47. O centurião, vendo o que acontecera, rendeu agradecimentos à
Força e Poder d’A Luz, e disse: “Realmente, este homem era um
Enviado!”

251
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
48. E toda a multidão que havia acorrido para o espetáculo, vendo o
que havia acontecido, voltou, batendo no peito, e rendendo
agradecimentos à Luz.

MORTE E LIBERAÇÃO DO CORPO


Mt. 27:57-58; Mc. 15:42-45; Lc. 23:50-52; Jo. 19:31-38
50. Eis que havia um homem chamado José, membro do Conselho,
homem bom e justo,
51. que não havia concordado com o julgamento de seus pares, nem
com as suas atitudes em relação a Jesus; era ele de Arimatéia, cidade
dos judeus, e esperava ansiosamente pela chegada do reino da Luz do
Vivo;
52. indo este homem até onde estava Pilatos, o governador, pediu-lhe
que lhe desse o corpo de Jesus.
JESUS É COLOCADO NO TÚMULO
Mt. 27:59-60; Mc. 15:46; Lc. 23:53-54; Jo. 19:39-42
53. E, descendo-o da cruz, envolveu-o num lençol e depositou-o num
sepulcro cavado na rocha, no qual ainda ninguém havia sido guardado.
54. Era o dia da Preparação, e começava o Sábado.
VIGIA E GUARDA DO TÚMULO
Mt. 27:61-66; Mc. 15:47; Lc. 23:55-56
55. As mulheres que o haviam acompanhado desde a Galiléia foram
atrás para observar o local do sepulcro e como o corpo de Jesus fora
nele depositado.
56. Em seguida, voltaram e prepararam aromas e perfumes; e, no
Sábado, observaram o repouso prescrito na Lei.
AS MULHERES ENCONTRAM O TÚMULO VAZIO
Mt. 28:5-8; Mc. 16:2-8; Lc. 24:1-8; Jo. 20:1
1. No primeiro dia da semana, de madrugada, foram elas ao sepulcro
levando os perfumes que haviam preparado,
2. e encontraram removida a pedra que fechava a entrada do sepulcro;
3. e, entrando elas no sepulcro, encontraram-no vazio;
252
Sebastião Anselmo
4. mas eis que, de repente, enquanto se olhavam admiradas por não
encontrarem ali o corpo do Mestre, materializaram-se diante delas
dois homens cobertos por uma veste cintilante;
5. e elas, tomadas pelo medo, imediatamente se inclinaram para o
chão. Eles, porém, lhes disseram: “Por que procurais entre os mortos
Aquele que vive?
6. Não está aqui, ressuscitou; recordai-vos, porém, do que ele vos disse
quando ainda estava na Galiléia:
7. ‘É preciso que o Filho do Homem seja entregue às mãos dos
pecadores, que seja crucificado, e que ressuscite no terceiro dia’”;
8. e elas se lembraram das palavras dele.
PEDRO E JOÃO ENCONTRAM O TÚMULO VAZIO
Lc. 24:9-12; Jo. 20:2-10
9. Ao voltarem de sua ida ao sepulcro, contaram tudo o que viram e
ouviram aos Onze e a todos os demais;
10. e as que relataram essas coisas aos apóstolos eram Maria
Madalena, Joanna e Maria, mãe de Tiago; as outras mulheres, que
estavam com elas e testemunharam o ocorrido, o confirmaram;
11. eles, porém, não lhes deram crédito, porque lhes parecia desvario.
12. mas Pedro, ao contrário dos outros, acreditou e, levantando-se,
dirigiu-se correndo ao sepulcro; lá chegando, encontrou-o como elas
haviam dito e, inclinando-se para dentro, viu apenas os lençóis; então,
voltou para casa, muito admirado com o acontecido.
NO CAMINHO DE EMAÚS
Mc. 16:12-13; Lc. 24:13-32
13. Naquele mesmo dia, eis que dois deles caminhavam em direção a
uma aldeia chamada Emaús, que distava cerca de sessenta estádios de
Jerusalém;
14. e iam comentando sobre todos esses acontecimentos.
15. Enquanto conversavam e discutiam entre si, o próprio Jesus
aproximou-se e pôs-se a caminhar com eles;
16. seus olhos, porém, não estavam preparados para reconhecê-lo.

253
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
17. Ele lhes perguntou: “Sobre o que conversais pelo caminho?” Eles
pararam com semblante aflito,
18. e um deles, chamado Cléofas, lhe respondeu, dizendo: “És o único
forasteiro em Jerusalém que desconhece os fatos que nela aconteceram
nesses últimos
dias?”
19. Ele voltou a perguntar: “Quais fatos?” Eles lhe responderam: “Os
fatos que aconteceram a Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso
em obras e palavras como intermediário entre a Luz do Vivo e os
homens:
20. Os Sumos Sacerdotes e nossos chefes o entregaram ao governador
para ser condenado à morte, e foi crucificado.
21. Nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel; mas, toda a
nossa esperança deu nisso... E hoje é o terceiro dia depois que tais fatos
aconteceram!
22. É verdade, no entanto, que algumas mulheres do nosso grupo nos
deixaram de sobreaviso, porque, indo elas de madrugada ao sepulcro,
23. lá não encontraram o corpo, e voltaram dizendo que tiveram uma
visão de Mensageiros da Luz Viva que lhes deram a incumbência de
avisar a todos nós que ele está vivo;
24. o que levou a alguns dos nossos a também irem ao sepulcro verificar
e o encontraram vazio, tal como as mulheres haviam contado; mas não
viram nem a ele e nem aos Mensageiros!”
25. Então Jesus lhes disse: “Como sois vacilantes na fé, e tendes o
coração lento para crerdes em tudo o que disseram os profetas!
26. Acaso não tinha o Ungido de Luz que passar por tudo isso para voltar
ao reino de seu Pai?”;
27. e então, começando por Moisés e passando por todos os demais
profetas, interpretou-lhes tudo o que a ele se referia nas Escrituras.
28. Aproximando-se do povoado para o qual estavam indo, deu Jesus a
entender que ia para mais longe;

254
Sebastião Anselmo
29. mas eles insistiram com ele, dizendo: “Fica conosco esta noite, pois
cai a tarde e o dia já declina”; e concordou em entrar para ficar com
eles.
30. Mais tarde, estando com eles reclinado à mesa, ele tomou o pão e o
abençoou, depois, partindo-o, deu-o a eles;
31. então os seus olhos se abriram, e o reconheceram; e,
imediatamente, ele tornou-se invisível para os seus olhos.
32. E diziam uns para os outros: “Não se abrasava o nosso coração
enquanto ele nos falava pelo caminho, e nos interpretava as Escrituras?”
O RELATO DOS DISCÍPULOS
1ª Co. 15:5a; Lc. 24:33-35
33. Então, levantando-se naquela mesma hora, fizeram o caminho de
volta a Jerusalém; lá, encontraram os Onze reunidos com os outros
companheiros,
34. que lhes disseram: “É verdade que o Mestre ressurgiu dos mortos,
tendo, inclusive, aparecido também a Simão!”;
35. e eles, por sua vez, contaram também o que lhes havia acontecido
no caminho de Emaús, e como o reconheceram ao partir o pão.
APARIÇÃO AOS DEZ
Mc. 16:14; Lc. 24:36-43; Jo. 20:19-25
36. Ainda falavam sobre isto quando o próprio Jesus tomou forma no
meio deles, e lhes disse: “A paz esteja convosco. Sou eu, não temais”;
37. mas eles, enceguecidos pelo espanto e pelo medo, pensavam tratar-
se de um espírito embusteiro.
38. Então, Jesus lhes disse: “Por que sois tão vacilantes na fé? Por que
abrigais tanta timidez em vossos corações?
39. Vede minhas mãos e meus pés: Sou eu mesmo! Apalpai-me e
entendei que um espírito embusteiro não se apresenta com carne e ossos,
como eu me apresento diante de vós”;
40. dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés.

255
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
41. E, como ainda mostrassem dificuldade para acreditar, por estarem
tomados de pura alegria e emoção, Jesus lhes disse: “Tendes aqui algo
para comer?”,
42. e eles lhe ofereceram um pedaço de peixe assado e um favo de mel;
43. ele imediatamente os pegou e comeu na presença deles, e ofereceu-
lhes o que sobejou.
APARIÇÃO AOS DISCÍPULOS EM JERUSALÉM
At. 1:3-8; Lc. 24:44-49
44. Depois lhes disse: “Isto tudo que estais presenciando é o que
significam os Preceitos da Doutrina que vos ensinei quando ainda estava
convosco em corpo de carne; que era necessário que se cumprisse em
mim tudo o que está escrito na Lei de Moisés, nos escritos dos Profetas e
nos Salmos”;
45. neste momento, abriu-lhes a mente e a inteligência, e puderam
compreender o sentido das Escrituras.
46. E Jesus, manifestado entre eles em corpo de Luz, continuou:
“Resumindo, é assim que está escrito: ‘O Ungido deve sofrer e padecer
dos aguilhões do mundo, entregar o corpo para a morte da carne, a fim
de ressurgir em espírito de Luz;
47. e ensinará a Doutrina do reino da Luz Viva a todas as nações da
terra, começando por Jerusalém: O reti proceder, que trará uma
mudança de mente e de atitudes, que transcenderá os erros pretéritos
causados pela sua divisão íntima com a Luz do Vivo’;
48. e vós sois testemunhas que tudo isso eu fiz.
49. Agora, inicia-se o tempo de vos recobrirdes com o Dom Espiritual que
o Pai prometeu: Não vos afasteis da cidade, até que alcanceis o estado de
União Plena com o Espírito da Luz Viva, e que, através de vossa
Comunhão Íntima com Ele, sejais revestidos de sua Força e Poder”.
A BÊNÇÃO FINAL E ASCENSÃO
At. 1:9-12; Mc. 16:19-20; Lc. 24:50-53
50. Depois, levou-os até Bethânia e, erguendo as mãos, os abençoou;
51. e, enquanto os abençoava, foi se distanciando deles enquanto
ascendia às Alturas e diluía-se na Luz, tornando-se a própria Luz.

256
Sebastião Anselmo
52. Depois de prostrarem-se diante dele, retornaram a Jerusalém
possuídos de grande êxtase,
53. e permaneciam continuamente no Templo, louvando e bendizendo
à Luz. Amém!

FIM

257
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

O EVANGELHO SEGUNDO JOÃO


(ORDEM CRONOLÓGICA)
(Versão de Sebastião Anselmo)
INTRODUÇÃO
Jo. 1:1-5; Tomé, 18
1. No Princípio era o Verbo; e o Verbo estava presente na Luz; e o
Verbo fazia parte da Luz.
2. Desde o Princípio o Verbo estava com a Luz.
3. Tudo o que existe no mundo foi manifestado pelo Verbo, e sem o
Verbo nada do que existe existiria.
4. o Verbo manifesta a VIDA, e a Vida é a Luz que está presente em
todas ‘formas’ por Ele manifestada no mundo.
5. A Luz brilha no interior de todas as formas, muito embora estas
ainda não A reconheçam.
DA VINDA DE JOÃO PARA DAR TESTEMUNHO DA LUZ
Jo. 1:6-14
6. Houve um homem que veio ao mundo como ‘Enviado da Luz’; o seu
nome era João.
7. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da Luz, a fim de
que, por meio dele, todos viessem a crer na Luz que habita no interior
de todas as formas manifestadas pelo Verbo, vivificando-as.
8. Ele não era ‘Encarnação Direta da Luz’, mas veio ao mundo para
dar testemunho da Luz.
9. O Verbo, que a tudo manifesta, traz em Si a Luz Verdadeira que
ilumina e vivifica todas as formas; ele vinha ao mundo e João foi
Enviado para ser d’Ele testemunha.
10. O Verbo já estava no mundo, pois tudo foi d’Ele manifestado;
porém, o mundo não tinha d’Ele conhecimento.
11. Veio para tonar posse do que é seu, mas o mundo o ignorou;
12. porém, àqueles que o receberam, deu o poder de se tornarem
‘Filhos da Luz’, a saber: aos que creem no seu nome,
258
Sebastião Anselmo
13. o Verbo, que não foi gerado nem do sangue, nem da vontade da
carne, nem do instinto do homem, mas que foi gerado diretamente da
Luz.
14. Assim, O Verbo manifestou-se a Si mesmo na carne e habitou entre
nós; e nós contemplamos a sua Força e Poder, como Substância de
Manifestação Direta da Luz, Pleno de Suas Virtudes.
RESPOSTAS DE JOÃO
Jo. 1:19-28
19. Este é o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de
Jerusalém sacerdotes e levitas para o interrogarem: “Quem és tu?”
20. Ele confessou e não negou. Confessou: “Eu não sou o Ungido
Permeado de Luz”.
21. Perguntaram-lhe: “Quem és, então? És tu Elias?” Respondeu: “Não
sou”. Voltaram a perguntar: “És o profeta?” Respondeu: “Não”.
22. Disseram-lhe eles: “Quem és? Pois temos de levar uma resposta aos
que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?”
23. Ele não negou: “Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o
Caminho para o Espírito do Vivo’, conforme anunciou o profeta Isaías”.
24. Ora, eles tinham sido enviados pelos fariseus,
25. e lhe disseram: “Se não és o Ungido Permeado de Luz, nem Elias,
nem o profeta, por que mergulhas?”
26. João lhes respondeu: “Eu vos mergulho na água, com o objetivo de
transmutar as vossas mentes. No meio de vós está Alguém, que não
conheceis,
27. Aquele que vem depois de mim, do qual eu não sou digno de desatar a
correia das sandálias”.
28. Isto se passou em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João
mergulhava.

259
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

O TESTEMUNHO DE JOÃO
Jo. 1:29-34 e 15-18
29. No dia seguinte, viu João a Jesus, que se aproximava, e disse: “Eis o
cordeiro que manifesta o Espírito da Luz Viva, o que tira o desvio do
mundo.
30. Este é o de quem eu disse: Depois de mim vem Aquele que é mais
adiantado que eu, porque existe antes de mim.
31. Eu não sabia de quem se tratava; por isso vim mergulhar na água:
para que pudesse identificá-lo e apresentá-lo a Israel”.
32. E deu seu testemunho, dizendo: “Eu vi o Espírito que manifesta a
Vida das formas descendo da Luz como pomba, e pousar sobre ele.
33. Eu não sabia que era ele; mas aquele que me enviou para mergulhar
na água, me disse: Aquele sobre quem vires descer o Espírito e pousar,
esse é o que
mergulha no Espírito Luminoso.
34. E eu vi, e dou testemunho que ele é o Ungido, o Manifestado pelo
Espírito da Luz Viva”.
15. João dá testemunho dele, e clama: “Este é aquele de quem eu disse:
O que vem depois de mim é mais adiantado que eu, porque existe antes
de mim.
16. Do mesmo Espírito de que ele é Pleno todos nós recebemos, dádiva
por dádiva;
17. porque a Lei foi dada por Moisés, mas a dádiva de reconectar-se com
a Verdade vem ao mundo através de Jesus, o Ungido Permeado de Luz.
18. Ninguém jamais viu o Espírito da Luz Viva: o Filho Unigênito, que
vive no seio do Pai, é que o deu a conhecer”.
OS PRIMEIROS DISCÍPULOS
Jo. 1:35-42
35. No dia seguinte, João estava com dois de seus discípulos;
36. ao ver Jesus, que passava, disse: “Eis o Cordeiro do Espírito da Luz
Viva”.
37. Os discípulos o ouviram, e seguiram Jesus.
260
Sebastião Anselmo
38. Jesus, então, voltando-se, perguntou: “O que estais procurando?”
Responderam: “Rabi (que significa ‘Mestre’), onde moras?”
39. Jesus respondeu: “Vinde e vede”. Foram com ele e viram onde
morava; e passaram o dia com ele. Isto aconteceu por volta das quatro
da tarde.
40. Um dos que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus era
André, irmão de Simão Pedro;
41. este, ao alvorecer do dia seguinte, foi se ao encontro de Simão, seu
irmão, e lhe disse: “Encontramos o Ungido Permeado de Luz” (que se
traduz ‘Cristo’);
42. e o conduziu a Jesus. Olhando para ele, Jesus lhe disse: “Tu és
Simão, filho de Jonas; serás chamado Cefas” (que significa Pedra,
Rocha).
VOLTA À GALILÉIA
Jo. 1:43-51
43. No dia seguinte, partiu Jesus para a Galiléia. Lá encontrou Filipe, e
lhe disse: “Segue-me”.
44. Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.
45. Filipe encontrou Natanael, e lhe disse: “Encontramos aquele de
quem escreveu Moisés na Lei, e de quem falaram os profetas: Jesus, filho
de José, o de Nazaré”.
46. Natanael respondeu: “De Nazaré pode sair algo de bom?” Filipe lhe
disse: “Vem e vê”.
47. Vendo Jesus a Natanael, que vinha até ele, disse: “Eis aí um
verdadeiro israelita, em quem não há dolo”.
48. Perguntou-lhe Natanael: “Donde me conheces?” Jesus respondeu:
“Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas debaixo da
figueira”.
49. Então, Natanael exclamou: “Rabi, tu és o Filho da Luz Viva, o Rei
de Israel”.
50. Jesus respondeu: “Porque disse que te vi debaixo da figueira, crês?
Maiores coisas vereis”.

261
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
51. E acrescentou: “Vereis o céu aberto e os Mensageiros da Luz
subindo e descendo sobre o Filho do Homem”.
AS BODAS DE CANÁ
Jo. 2:1-11
1. No terceiro dia, houve um casamento em Caná da Galiléia, e a mãe
de Jesus estava presente;
2. também Jesus e seus discípulos foram convidados para o casamento.
3. Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais
vinho”.
4. Jesus respondeu: “Que importa isto a mim e a ti, mulher? Minha hora
ainda não chegou”.
5. Disse sua mãe aos que serviam: “Fazei tudo o que ele vos disser”.
6. Havia ali seis talhas de pedra, das que os judeus usam para a
purificação, cada uma com capacidade de duas a três medidas.
7. Jesus lhes disse: “Enchei as talhas de água”. Eles as encheram até a
borda.
8. Então, lhes disse: “Agora tirai um pouco e levai ao mestre-sala”. E
assim fizeram.
9. Tendo o mestre-sala provado da água transformada em vinho, não
sabendo de onde vinha (embora o soubessem os serventes), foi até o
noivo
10. e lhe disse: “É costume primeiro servir o vinho bom, e depois, quando
os convidados já estão embriagados, servir o inferior; mas tu fizeste o
contrário: guardaste o vinho bom até agora”.
11. Este primeiro prodígio [público] de Jesus ocorreu em Caná da
Galiléia, onde o seu poder se tornou conhecido; e, vendo-o, seus
discípulos creram nele.
ESTADA EM CAFARNAUM
Jo. 2:12
12. Depois disso, desceu com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos a
Cafamaum; mas não ficaram ali muitos dias,

262
Sebastião Anselmo

VIAGEM A JERUSALÉM
(Para a Páscoa, abril de 29 A, D. )
Jo. 2:13
13. porque, como estava próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus
para Jerusalém.
OS PRIMEIROS ENTUSIASTAS
Jo. 2:23-25
23. Estando em Jerusalém para a festa da Páscoa, muitos creram nele
ao ver os sinais que fazia;
24. ele, porém, não confiava em seu testemunho, porque os conhecia a
todos
25. e não necessitava de testemunho humano, pois bem sabia o que há
no interior do homem desconectado de sua Luz-Íntima.
JESUS MERGULHA
Jo. 3:22-24
22. Dias depois, foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia, e
ali permaneceu com eles; e começou a mergulhar.
23. E João estava mergulhando em Enon, perto de Salim, porque ali
havia água em abundância; e o povo ia até ele para ser mergulhado;
24. nessa época, João ainda não tinha sido posto no cárcere.
ÚLTIMO TESTEMUNHO DE JOÃO
Jo. 3:25-36
25. Então, surgiu uma questão entre os discípulos de João e um judeu a
respeito da purificação;
26. e levaram a questão a João, e lhe disseram: “Rabi, aquele que estava
contigo na outra margem do Jordão, de quem deste testemunho, está
mergulhando em água, e todos vão a ele”.
27. João respondeu: “Ninguém pode receber coisa alguma, a não ser
que lhe tenha sido dada pela Luz que tem em Si a Vida.
28. Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: ‘Eu não sou o Ungido
Permeado de Luz, mas à frente dele fui enviado’.

263
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
29. Quem tem a noiva é o Noivo; o amigo do Noivo, que está presente e o
ouve, apenas se alegra por ouvir a sua voz. E nisto a minha satisfação
está completa.
30. Agora, é necessário que ele cresça, e que eu diminua.
31. O que vem do Alto, está acima de todos: O que vem da terra é
terrestre e fala coisas da terra; o que vem do Alto é sobre todos,
32. e fala do que viu e ouviu diretamente do Espírito do VIVO, mas
ninguém acolhe o seu testemunho.
33. Quem acolhe o seu testemunho compreende que a Luz é a Vida
Verdadeira;
34. o Ungido Permeado de Luz Viva fala de coisas Luminosas, pois a Luz
não manifesta Centelha fracionada.
35. O Pai manifesta no mundo o seu Filho e lhe dá potencialidades
infinitas.
36. O que crê no Filho adentra a Vida na Luz; o que não crê no Filho, ao
contrário, permanece na morte da desconexão-íntima; porque rejeita a
Vida Consciente na Luz”.
JESUS SAI DA JUDÉIA
Mt. 4:12; Mc. 1:14; Lc. 4:14; Jo. 4:1-3
1. Quando Jesus ouviu que os fariseus ficaram sabendo que ele fazia
mais discípulos e ganhava mais adeptos que João,
2. se bem que Jesus mesmo não mergulhasse, mas apenas os seus
discípulos,
3. deixou a Judéia e retornou para a Galiléia;
A SAMARITANA
Jo. 4:4-26
4. e era preciso atravessar a Samaria.
5. Chegou, então, a uma aldeia da Samaria, chamada Sicar, perto das
terras que Jacó dera a seu filho José;
6. ali se achava o poço de Jacó. E Jesus, cansado da viagem, sentou-se
junto à fonte. Era perto de meio-dia.
264
Sebastião Anselmo
7. Veio, então, uma mulher da Samaria para tirar água. Jesus lhe
disse: “Dá-me de beber”.
8. Nesse ínterim, os discípulos tinham ido à aldeia para comprar
alimento.
9. A samaritana lhe respondeu: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de
beber a mim, que sou mulher samaritana?” (porque os judeus não se
comunicam com os samaritanos.)
10. Jesus lhe redarguiu: “Se conhecesses a Força e o Poder do Espírito
da Luz e quem é que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu é que pedirias a ele, e
ele te daria
11. A mulher, então, lhe disse: “Senhor, não tens uma vasilha, e o poço
é profundo; donde, pois, retiras essa água da Vida?
12. Acaso és maior que nosso pai Jacó, que nos deixou este poço, do qual
beberam ele, seus filhos e seus rebanhos?”
13. Jesus lhe respondeu: “Aquele que beber desta água voltará a ter
sede;
14. mas quem beber da água que eu lhe darei jamais voltará a ter sede,
pois a água que lhe darei se tornará, dentro dele, numa fonte que jorra
Vida Luminosa Plena”.
15. Disse-lhe a mulher: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não
volte a ter sede, nem tenha de vir aqui para tirá-la”.
16. Em resposta, Jesus lhe disse: “Vai, chama teu marido e volta aqui”.
17. A mulher respondeu: “Não tenho marido”. Tornou Jesus: “Tens
razão em dizer que não tens marido,
18. pois cinco maridos tiveste, e o que agora tens não é teu marido; isso
disseste em Espírito de Verdade”.
19. Disse-lhe a mulher: “Senhor, vejo que és profeta...
20. Pois bem: Nossos pais adoraram sobre este monte, e vós outros dizeis
que é em Jerusalém que se deve adorar”.
21. Jesus redarguiu: “Mulher, acredite, é chegada a hora em que nem
neste monte, nem em Jerusalém, adorareis o Pai Espírito da Luz Viva.

265
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
22. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos,
porque a libertação vem para os judeus;
23. aproxima-se a hora — e já chegou! — em que os verdadeiros
adoradores adorarão ao Pai como Espírito Verdadeiro: São esses os reais
adoradores.
24. A Luz é Espírito; e os que O adoram haverão de adorá-lo como
Espírito Verdadeiro”.
25. Disse-lhe a mulher: “Sei que está para chegar o Enviado, isto é, o
Ungido Permeado de Luz; quando ele chegar, haverá de nos ensinar
todas essas coisas”.
26. Jesus lhe revelou: “Pois sou eu! Eu mesmo, que falo contigo”.
ESPANTO DOS DISCÍPULOS
Jo. 4:27-34
27. Nisso, chegaram os discípulos e se admiraram ao vê-lo falar com
uma mulher; mas ninguém lhe perguntou o que procurava ou por que
falava com ela.
28. A mulher, então, deixou o cântaro, foi à aldeia e disse a todos que
encontrou:
29. “Vinde ver um homem que me disse tudo o que tenho feito: será ele,
porventura, o Ungido Permeado de Luz?”
30. Eles saíram da aldeia e foram ter com ele.
31. Entretanto, os discípulos lhe pediam: “Rabi, come!”
32. Mas ele lhes respondeu: “Eu tenho um alimento que vós não
conheceis”.
33. E os discípulos comentavam entre si: “Será que alguém lhe trouxe
algo para comer?”
34. Mas Jesus lhes disse: “Meu alimento é fazer a vontade d’Aquele que
me enviou e completar a sua Obra.

266
Sebastião Anselmo

OS TEMPOS SÃO CHEGADOS


Jo. 4:35-38
35. Não dizeis vós que faltam ainda quatro meses para a colheita? Pois
eu vos digo: Erguei os vossos olhos e contemplai esses campos: já estão
brancos para a colheita.
36. O que colhe já recebe salário, colhendo fruto para a Vida Imanente
que emana d’Ela Mesma; assim, tanto o que semeia quanto o que colhe,
juntamente se alegram.
37. Pois nisto o ditado é verdadeiro: ‘Um é o que semeia, e outro o que
colhe’.
38. Eu vos enviei para colher onde não semeastes; outros semearam, e
vós entrastes em sua vinha”.
JESUS COM OS SAMARITANOS
Jo. 4:39-42
39. Muitos samaritanos daquela aldeia creram nele por causa do
testemunho da mulher, que afirmara: ‘Me disse tudo o que tenho feito’.
40. Quando, pois, vieram ter com Jesus, pediram-lhe que ficasse com
eles. E ele ficou ali dois dias;
41. e foram muitos mais os que creram, por causa de seu Ensinamento;
42. e diziam à mulher: “Já não é pelo que dissestes a respeito dele que
cremos, pois nós mesmos o ouvimos e pudemos comprovar que este é
verdadeiramente o o Enviado que vem trazer ao mundo Libertação”.
DE VOLTA À GALILÉIA
(maio/junho de 29 AD)
Jo. 4:43 e 45
43. Depois de dois dias, partiu Jesus dali e foi para a Galiléia.
45. Quando chegou à Galiléia, foi bem recebido pelos galileus; pois
estes tinham visto tudo o que fizera em Jerusalém, por ocasião da
Festa: porque eles também tinham ido à Festa.

267
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

CURA DO FILHO DO OFICIAL DE HERODES


Jo. 4:46-54
46. Retornou, então, a Caná da Galiléia, onde havia transformado a
água em vinho. Havia ali um oficial do rei, cujo filho estava doente em
Cafarnaum.
47. Este, ao ouvir que Jesus tinha deixado a Judéia e voltado para a
Galiléia, foi procurá-lo e rogou-lhe que descesse para curar o seu filho,
porque estava para morrer.
48. Jesus lhe disse: “Se não virdes sinais e prodígios, não crereis”.
49. O oficial suplicou: “Rabi, desce, antes que meu filho morra”!
50. Jesus respondeu: “Vai! Teu filho vive”. O homem acreditou na
palavra que Jesus lhe dissera e se pôs a caminho.
51. Já descia ele, quando os seus servos vieram ao seu encontro para
anunciar-lhe que o seu filho estava bem.
52. Perguntou-lhes, então, a que horas o seu filho havia melhorado;
eles lhe disseram: “Ontem, à uma da tarde, a febre o deixou”.
53. O pai reconheceu ser precisamente aquela a hora em que Jesus lhe
dissera: ‘O teu filho vive’; e acreditou, ele e toda a sua casa.
54. Foi esse o segundo prodígio que Jesus fez quando retornou da
Judéia para a Galiléia.
JESUS EM NAZARÉ
(Sábado, 21 de outubro do ano 29 A.D.)
Mt. 13:54-58; Mc. 6:1-6a; Lc. 4:22b-30; Jo. 4:44
44. O próprio Jesus havia declarado que um profeta não é reconhecido
em sua terra.
JESUS É SEGUIDO
Mt. 14:12b-14; Mc. 6:32-34; Lc. 9:11; Jo. 6:1-4
1. Depois disso, passou Jesus para a outra margem do mar da Galiléia,
que é o de Tiberíades;
2. e uma grande multidão o seguiu, pois tinham visto as curas que ele
fazia.

268
Sebastião Anselmo
3. Subiu, então, a um monte e ali se assentou com os seus discípulos.
4. Nesse tempo já estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.
1.ª MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES
Mt. 14:15-21; Mc. 6:35-44; Lc. 9:12-17; Jo. 6:5-13
5. Levantando os olhos e vendo a multidão que a ele acorria, disse a
Filipe: “Onde haveremos de comprar pão para que todos comam?”;
6. porém, disse isso para pô-lo à prova, pois bem sabia ele o que iria
fazer.
7. Filipe lhe respondeu: “Ainda que tivéssemos duzentos denários, e os
gastássemos todos para comprar pão, não seriam suficientes para que
cada um
recebesse um pedaço”.
8. Um de seus discípulos, o que se chamava André, irmão de Simão
Pedro, lhe disse:
9. “Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos;
mas o que é isso para tanta gente?”
10. Disse Jesus: “Fazei o povo se assentar”, pois havia relva abundante
naquele lugar; assim, todo o povo se assentou, e eram cerca de cinco
mil homens.
11. Então, Jesus tomou os cinco pães, agradeceu, partiu-os e os foi
distribuindo; e, do mesmo modo, repartiu os dois peixinhos, e todos
comeram o quanto
quiseram.
12. Quando já estavam saciados, disse Jesus aos discípulos: “Recolhei
as sobras, para que nada se perca”;
13. recolheram-nas e, com os pedaços que sobraram, encheram doze
cestos.
EM ORAÇÃO
Mt. 14:22-23; Mc. 6:45-46; Jo. 6:14-15
14. E aqueles homens, vendo o feito extraordinário de multiplicação de
pães e peixes que Jesus obrara, disseram: “Este é, em Espírito de
Verdade, o profeta que devia vir ao mundo”;
269
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
15. mas Jesus, percebendo que estavam dispostos a iniciar um
movimento para proclamá-lo Rei dos judeus, retirou-se novamente
sozinho ao monte.
JESUS ANDA SOBRE A ÁGUA
Mt. 14:24-33; Mc. 6:47-52; Jo. 6:16-21
16. Quando caiu a tarde, os discípulos desceram ao mar
17. e, subindo num barco, dirigiram-se a Cafarnaum, do outro lado do
mar; já havia escurecido, e Jesus ainda não viera ter com eles.
18. O mar estava agitado, por causa do vento forte que soprava.
19. Depois de terem remado cerca de vinte e cinco a trinta estádios,
avistaram a Jesus, que vinha em sua direção, andando sobre as águas;
e ficaram muito assustados.
20. Então, ele lhes disse: “Sou eu, não temais!”.
21. Quiseram, então, recolhê-lo no barco, mas ele imediatamente
chegou à terra para onde iam.
O PÃO DA VIDA – PARTE I - O CENÁRIO
Jo. 6:22-25
22. No dia seguinte, a multidão que permanecera na outra margem viu
que ali não havia senão um único barco, e que Jesus não havia
atravessado no barco dos discípulos;
23. no entanto, outros barcos, vindos de Tiberíades, chegavam ao lugar
onde Jesus multiplicara os pães e os peixes.
24. Quando a multidão viu que Jesus não estava ali, nem os seus
discípulos, subiu nos barcos e rumou para Cafarnaum, à sua procura;
25. quando o encontraram, na outra margem do mar, perguntaram-
lhe: “Rabi, como chegaste aqui?”
O PÃO DA VIDA – PARTE II - MOTIVAÇÃO
Jo. 6:26-34
26. Jesus lhes respondeu: “Em Espírito de Verdade, eu vos digo: Vós me
procurais, não para aprenderdes a trabalhar nas Obras da Luz, mas para
benefício de vós próprios.

270
Sebastião Anselmo
27. Trabalhai, não pelo alimento que se perde, mas pelo que permanece
para a Vida Imanente, alimento que o Filho do Homem vos dá, o qual é
confirmado pelo Pai, que é Espírito de Luz.
28. Perguntaram-lhe, então: “O que é necessário, para que realizemos
as Obras do Pai?”
29. Jesus lhes respondeu: “As Obras do Pai só podem ser realizadas por
aquele que crê na Doutrina que Ele enviou ao mundo”.
30. Voltaram a perguntar-lhe: “Que Doutrina é essa? Diz-nos, para que
a ouçamos e venhamos a crer. No que consiste este Alimento
Verdadeiro?
31. Sabemos que nossos pais se alimentaram de Maná no deserto, como
está escrito: ‘Deu-lhes a comer o Pão da Luz’”.
32. Jesus lhes respondeu: “E pensais que foi Moisés quem vos deu o Pão
da Luz. Não veio de Moisés, mas do Pai, que é Espírito de Luz.
33. O pão da Luz é a Doutrina que vem do reino do Vivo e regula a Vida
do mundo”.
34. Eles lhe disseram: “Rabi, dá-nos sempre deste pão!”.
O PÃO DA VIDA – PARTE III - VIA CONTEMPLATIVA
Jo. 6:35-46
35. Então, Jesus lhes ensinou dizendo: “Eu sou o Pão da Vida: Quem
vem a mim, nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá
sede.
36. Porém, eu vos disse: Vós me vedes, mas não credes.
37. Aquele que o Pai me dá, este virá a mim; e aquele que vier a mim, de
modo algum o rejeitarei;
38. porque não desci do Alto para fazer a minha vontade, e sim a
Vontade d’Aquele que me enviou.
39. E a Vontade d’Aquele que me enviou é esta: Que eu não perca
nenhum dos que Ele me deu, mas que os eleve até Ele neste final de
ciclo;

271
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
40. porque a Vontade do Pai, que é Espírito de Luz e Vida, é esta: Que
todo aquele que vê o seu Filho, e nele crê, alcance a Vida Imanente que
nasce d’Ela mesma e seja ressuscitado neste final de ciclo”.
41. Os judeus, então, começaram a murmurar contra ele, porque disse:
“Eu sou o pão descido do Alto”;
42. diziam eles: “Este não é Jesus, o filho de José? Não conhecemos seu
pai e sua mãe? Como diz agora: ‘Eu desci do Alto?’
43. Jesus lhes respondeu: “Não murmureis entre vós.
44. Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu o
ressuscitarei no final deste ciclo.
45. Está escrito nos profetas: ‘E todos serão instruídos pela Luz’; aquele
que a ouve e pratica a sua Doutrina, este virá a mim.
46. Não quero dizer com isto que qualquer um possa ver o Pai; somente
aquele que a Ele se reconectou, este vê o Pai.
O PÃO DA VIDA – PARTE IV - VIA UNITIVA
Jo. 6:47-58
47. Eu vos digo, em Espírito de Verdade, que todo aquele que o ouve e se
alimenta de sua Doutrina alcança Vida Imanente.
48. Eu vos trago o pão da Vida Imanente.
49. Vossos pais comeram o maná material no deserto, e morreram;
50. eu vos trago o pão espiritual, e quem dele comer não morrerá.
51. Eu vos trago o pão da Vida Imanente, que vem diretamente do Pai,
que é Espírito de Luz; quem se alimenta deste pão permanece Vivo. Eis
que o pão espiritual se fez matéria, e vem ao mundo através de mim, a
fim de torná-lo Vivo”.
52. Os Judeus começaram a discutir entre si, dizendo: “Como pode o
pão espiritual fazer-se carne neste homem?”
53. Jesus lhes respondeu: “Em Espírito de Verdade, eu vos digo: Se não
comerdes desta carne e não beberdes deste sangue, não alcançareis a
Vida Imanente que está em vós;

272
Sebastião Anselmo
54. porque somente quem se alimentar da carne e do sangue do pão
espiritual que eu vos trago, e que está em mim, alcançará a Vida
Imanente, e será ressuscitado no final deste ciclo;
55. pois que esta carne é verdadeira comida e este sangue é verdadeira
bebida.
56. Quem comer desta carne e beber deste sangue habitará em mim e eu
nele.
57. Como o Pai Vivo me enviou, e eu sou Vivo no Pai, também aquele
que se alimentar do Pão Vivo que eu ofereço viverá em mim.
58. A Doutrina é o Pão Vivo descido do Alto. Ela não é como o pão
material que vossos pais comeram e morreram. Quem comer deste Pão
alcançará a Vida Imanente”
O PÃO DA VIDA – PARTE V - DESFECHO
Jo. 6:59-71
59. Assim falou ele, ensinando na sinagoga de Cafarnaum.
60. Então, muitos dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: “De
difícil compreensão é este Ensino, quem poderá compreendê-lo?”
61. Conhecendo Jesus, por dentro de si, o que se passava no coração de
seus discípulos, disse-lhes: “Tende vós dificuldade em compreender isto?
62. Como reagireis, então, quando virdes o Filho do Homem retornar à
sua condição natural?
63. É do Espírito do Vivo que a Vida jorra, a forma material não possui
vida em si mesma. O Ensinamento que vos dei trata do Espírito e Vida
Verdadeiros;
64. mas há alguns, entre vós, que ainda não podem compreendê-lo”.
Jesus conhecia, desde o princípio, os que não estavam aptos a
compreendê-lo; e já elegera aquele que o haveria de entregar.
65. E concluiu: “Por isso, eu vos disse que ninguém pode vir a mim se
pelo Pai não for atraído”.
66. A partir deste momento, muitos de seus discípulos voltaram-lhe as
costas, e deixaram de segui-lo.

273
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
67. Então, disse Jesus aos Doze: “Não quereis, também vós, voltar-me as
costas?”
68. Simão Pedro respondeu-lhe: “Rabi, para quem iremos? Tu és a
Doutrina da Vida Imanente;
69. nós cremos e reconhecemos que tu és o Ungido Permeado de Luz”.
70. Jesus lhes respondeu: “Não vos escolhi eu em número de Doze? No
entanto, a um de vós escolhi eu para Antagonista”,
71. referindo-se a Judas, filho de Simão Iscariotes, que era um dos
Doze, e que havia sido escolhido para o entregar.
CURA NO TEMPLO
(Sábado, 23 de abril do ano 30)
Jo. 5:1-16
1. Depois disso, por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus subiu a
Jerusalém.
2. Ora, havia em Jerusalém, junto à Porta das Ovelhas, uma piscina
que, em hebraico, se chamava Betesda, com cinco pórticos,
3. e neles ficavam uma multidão de enfermos: cegos, coxos e
paralíticos, esperando que as águas se movessem;
4. porque acreditavam que, de vez em quando, descia do Alto um
Mensageiros da Luz e agitava a água; e o primeiro que entrasse na
piscina, logo que a água fosse agitada, ficava curado de qualquer
enfermidade.
5. Encontrava-se ali um homem que, há trinta e oito anos, estava
enfermo;
6. e Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim há muito tempo,
perguntou-lhe: “Queres ficar curado?”
7. O enfermo lhe respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me
coloque na piscina quando a água é agitada; quando chego, outro já
entrou antes de mim”.
8. Jesus lhe disse: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”.
9. Imediatamente o homem ficou curado, pegou o seu leito e andou;
isto aconteceu num dia de Sábado.

274
Sebastião Anselmo
10. Então, disseram os judeus ao homem que fora curado: “Hoje é dia
de Sábado; não te é permitido carregar o teu leito”;
11. e ele respondeu-lhes: “Aquele que me curou disse: Toma o teu e
anda”.
12. Os judeus perguntaram-lhe: “Quem é o homem que te disse: Toma o
teu leito e anda?”;
13. mas o homem que havia sido curado não podia apontá-lo, porque
Jesus se misturara em meio à multidão que transitava naquele lugar.
14. Mais tarde, Jesus o encontrou no Templo e lhe disse: “Vê que estás
curado; não peques mais, para que não te aconteça algo ainda pior”.
15. Assim, saiu aquele homem e foi informar aos judeus que fora Jesus
que o havia curado.
16. Este foi o motivo de os judeus perseguirem a Jesus: Porque curava
em dia de Sábado;
CRISTO E SUA AÇÃO – PARTE I
Jo. 5:17-29
17. mas a resposta que Jesus lhes deu, foi esta: “Meu Pai trabalha neste
dia, e eu também trabalho”;
18. por isso, os judeus procuravam com mais ânsia matá-lo; porque
não só violava o dia de Sábado, mas também dizia que era
Manifestação direta da Luz, fazendo-se igual, em Essência, à Luz.
19. Inquirido por eles, Jesus lhes respondeu: “Em Comunhão Íntima
com o Espírito da Luz, eu vos digo: O Filho, por si mesmo, nada pode
fazer; faz somente o que vê o Pai fazer. Tudo o que o Pai faz, pode o
Filho igualmente fazer;
20. porque o Pai ama tanto a seu Filho, que lhe dá o poder de fazer as
Obras que faz; e Obras maiores ainda lhes mostrarei, para que
justamente vos admireis e acrediteis.
21. Do mesmo modo que o Pai levanta os mortos, assim também o Filho
o faz a quem desejar;
22. porque a Graça a todos premia igualmente, mas ao Filho é dado
repartir o que tem em abundância a quem ele desejar,

275
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
23. para que seja reconhecido e, assim, honrem o Pai. Quem não
reconhece o Filho, não honra o Pai que o enviou.
24. Eu vos digo, em Espírito de Verdade, que todo aquele que ouve o meu
Ensino, e crê n’Aquele que me enviou, alcança a Vida Imanente; e suas
obras não estão sujeitas a julgamento, porque não mais obra em
consonância com a morte, mas com a Vida.
25. E também vos digo, em Espírito de Verdade, que se aproxima a hora
— e é agora! — em que os mortos ouvirão a voz do Vivo, e os que a
ouvirem Viverão;
26. porque o Pai, sendo Vida, faz com que o Filho a possua em si mesmo,
27. e dá-lhe o poder de repartir o que possui em abundância a quem ele
desejar, porque alcançou o estado íntimo de Filho do Homem.
28. Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos vós, que
habitam em sepulcros, ouvirão a voz do Filho da Luz Viva;
29. os que obraram na Luz, ressuscitarão para a Vida; mas os que
obraram mal, ressuscitarão para o julgamento de suas ações.
CRISTO E SUA AÇÃO – PARTE II
Jo. 5:30-47
30. Eu, de mim mesmo, nada posso fazer; ajo conforme minha intuição, e
minha ação é sempre justa, porque não ajo por motivação própria, mas
pela motivação interna d’Aquele que me manifestou no mundo.
31. Se eu dou testemunho de mim mesmo, vós não o aceitais;
32. porém, há outro que dá testemunho a meu respeito, e vós sabeis que o
seu testemunho é expressão da Verdade.
33. Vós enviastes mensageiros a João e, em seu testemunho, ele
manifestou a Verdade;
34. não foi o homem João que deu testemunhou sobre mim, isto vos digo
para que compreendais e sejais salvos.
35. João era uma lâmpada que ardia e iluminava, mas vós quisestes
apenas vos divertir um pouco com sua luz.

276
Sebastião Anselmo
36. Porém, tenho eu um testemunho de maior valor ainda que o
testemunho de João: As obras que o Pai realiza através de mim, essas são
o maior testemunho de que minhas ações são manifestadas pelo Pai.
37. Como vedes, o próprio Pai, que manifesta o mundo, dá testemunho
em meu favor. Nunca ouvistes a sua voz, nem contemplastes a sua face,
38. nem vos conectastes internamente com sua Doutrina, porque não
credes que sois d’Ele manifestação.
39. Estudais as Escrituras julgando ser elas próprias as doadoras de Vida
Imanente; no entanto, é de mim que elas falam;
40. mas vós não quereis vir a mim para terdes Vida em vós mesmos.
41. Não é de homens desconectados que eu recebo reconhecimento,
42. mas de espíritos reconectados intimamente com o Amor e Vida da
Luz.
43. Eu vim, em nome da Luz, manifestar a sua sã Doutrina, e não me
recebeis; se outro viesse em seu próprio nome, vós o receberíeis.
44. Como podereis alcançar a Verdade através de vossas próprias
doutrinas, sem procurar conhecer a Doutrina que vem diretamente da
Luz?
45. Não penseis que serei eu quem vos acusará diante do Pai: A própria
Lei, trazida ao mundo por Moisés, na qual depositais a vossa esperança,
esta é que vos acusará;
46. porque, se crêsseis naquilo que Moisés escreveu, creríeis em mim,
pois é de mim que trata a Lei;
47. mas, se não credes no que Moisés escreveu, como crereis na Doutrina
que vos trago?”
REGRESSO A GALILÉIA
Jo. 7:1
1. Depois disso passou Jesus a percorrer a Galiléia, evitando transitar
pela Judéia, porque os judeus procuravam matá-lo.
CONVERSA COM OS IRMÃOS
Jo. 7:2-9
2. Estava próxima a festa dos judeus, chamada ‘dos Tabernáculos’;
277
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
3. e então, os seus irmãos lhe disseram: “Parte daqui e vai para a
Judéia, para que mais pessoas possam ver as tuas boas obras;
4. porque não é possível a alguém tornar-se conhecido agindo às
escondidas; se é verdade que realizas as Obras do Pai, mostra-te ao
mundo todo de uma vez”;
5. mas diziam isso para provocá-lo, para que se expusesse aos judeus,
pois nem mesmo os seus irmãos criam nele.
6. Mas Jesus, sabendo disso, lhes respondeu: “A minha hora ainda não
chegou; mas a vossa, ao contrário, está sempre presente;
7. O mundo não os pode odiar, porque não realizais as Obras do Pai; mas
a mim odeia, porque as Obras que faço dão testemunho de que as suas
ações são más.
8. Subi vós para a festa, e mostrai vós a eles as obras que tendes
realizado; eu não subo, porque o tempo que tenho para completar a Obra
do Pai ainda não chegou ao fim”.
9. E assim, permaneceu por mais algum tempo na Galiléia.
VIAGEM A JERUSALÉM
Mt. 19:1a; Lc. 9:51; Jo. 7:10
10. Alguns dias depois que seus irmãos subiram para a festa, também
ele subiu; mas foi, porém, às escondidas.
OPINIÕES DESENCONTRADAS
Jo. 7:11-13
11. Os dias de festa em Jerusalém já haviam começado, e os judeus o
procuravam para matá-lo; e perguntavam: “Onde estará ele?”;
12. e entre o povo também havia muita especulação a seu respeito. Uns
diziam: “Ele é bom”; outros, porém, diziam: “Não, ele engana o povo”.
13. Entretanto, ninguém falava dele abertamente em público, porque
temiam os judeus.
AINDA A CURA NO TEMPLO
Jo. 7:14-24
14. Quando a festa já ia pelo meio, subiu Jesus ao Templo e se pôs a
ensinar;

278
Sebastião Anselmo
15. e os judeus que o ouviam comentavam, surpresos: “Donde lhe vem
tanta Sabedoria, se não estudou?”,
16. e Jesus lhes respondeu: “Tal Gnose não é minha, mas d’Aquele que
me enviou.
17. Qualquer um que com Ele esteja em Comunhão, reconhecerá que tal
Gnose procede d’Ele e não de mim.
18. Quem fala por si mesmo almeja louvores e reconhecimento à sua
pessoa, mas quem se torna porta-voz d’Aquele que o manifesta no mundo
busca o louvor e o reconhecimento d’Aquele que o enviou, em detrimento
de si mesmo, e pratica a Verdade e a Justiça da Doutrina em suas
palavras e ações.
19. Não foi Moisés o porta-voz que lhes revelou a Lei? Esta mesma Lei
que nenhum de vós cumpre e que venho ensinar-lhes a cumprir com
Justiça e Verdade? E não é por isto que procurais matar-me?”
20. Eles responderam: “Estais endemoninhado? Quem procura matar-
te?”
21. Jesus continuou: “Porque realizo a Obra do Pai no Sábado, ficais
indignados;
22. mas vós não praticais a circuncisão em dia de Sábado? — Não que a
circuncisão proceda de Moisés, mas do costume de patriarcas anteriores
a ele —
23. Pois bem, eu vos pergunto: Se a vós é permitido circuncidar em dia de
Sábado, a fim de que não se viole a tradição que se criou em torno da Lei
promulgada por Moisés, por que vos indignais comigo por eu ter tornado
um homem completamente são em dia de Sábado?
24. Consultai a vossa consciência e considerai as minhas palavras”.
MANDADO DE PRISÃO
Jo. 7:25-36
25. Vendo-o diariamente ensinando no Templo, comentavam alguns:
“Não é este o homem que procuram matar?
26. Pois aqui está ele, ensinando em público abertamente, e nada lhe
fazem. Teriam as autoridades finalmente reconhecido ser ele o Ungido
Permeado de Luz?

279
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
27. Porém, sobre este homem nós sabemos de onde ele vem; mas quanto
ao Ungido Permeado de Luz ninguém saberá, quando vier”.
28. Então Jesus, conhecendo o que se passava em seus corações,
replicou: “Vós me conheceis e sabeis de onde venho; no entanto, não
venho por meu próprio arbítrio, mas pelo arbítrio d’Aquele que me
enviou. Vós, porém, não o conheceis;
29. eu o conheço porque d’Ele procedo e d’Ele sou manifestado”.
30. Procuravam, então, prendê-lo, mas ninguém pôde colocar-lhe as
mãos, porque ainda não havia chegado a sua hora;
31. e muitos, dentre o povo, creram nele, e diziam: “Porventura o
Ungido Permeado de Luz, quando vier, realizará mais prodígios do que
este?”
32. Os fariseus ficaram sabendo dos cochichos do povo e, em comum
acordo com os chefes dos sacerdotes, enviaram alguns guardas para
prendê-lo.
33. Mas Jesus lhes disse: “Por um pouco de tempo ainda permanecerei
convosco; depois, voltarei para o seio d’Aquele me enviou.
34. Então, vós me procurareis e não me encontrareis; porque, para onde
eu vou, vós não podeis ir”;
35. e os judeus comentavam entre si: “Para onde irá ele, que não o
poderemos encontrar? Irá, acaso, partir para ensinar aos judeus que
estão dispersos entre os gregos?
36. O que significa isto, que nos disse: ‘Vós me procurareis e não me
encontrareis’; e, ‘para onde eu vou, vós ainda não podeis ir’?”
ÁGUA VIVA
(Quarta-feira, 21 de Tishri - 15 de outubro)
Jo. 7:37-44
37. No último e mais importante dia da festa, Jesus, levantando-se no
meio do povo, bradou em alta voz, dizendo: “Se alguém tem sede,
venha a mim e beba;
38. porque a todo aquele que crê em mim, como diz a Escritura: ‘De seu
íntimo brotarão rios de Água Viva’”;

280
Sebastião Anselmo
39. disse isto referindo-se ao contato íntimo com o Espírito da Luz
Viva, que fatalmente efetuariam todos aqueles que cressem em seus
Ensinamentos e praticassem a sua Doutrina; contato este que ainda
não haviam realizado, pois Jesus ainda não concluíra a sua missão.
40. Então, muitos dentre o povo, ao ouvirem este Ensinamento de
Jesus, exclamaram, convictos: “Este é, verdadeiramente, o Profeta!”;
41. e outros, ainda mais empolgados, bradavam: “É ele o Ungido
Permeado de Luz que esperamos!”; enquanto outros, ouvindo-os,
questionavam: “Por ventura é da Galiléia que vem o Ungido Permeado
de Luz?
42. Não diz a Escritura que o Ungido vem da descendência de Davi e
nascerá em Belém, cidade de Davi?”
43. Dividiu-se, então, entre o povo, a opinião a seu respeito;
44. e as autoridades mandaram guardas para prendê-lo, mas não
houve quem pusesse as suas mãos sobre ele.
MISSÃO FALHADA
Jo. 7:45-53 e 8:1
45. Quando os guardas voltaram, os chefes dos sacerdotes e os fariseus
lhes perguntaram: “Por que não o trouxestes?”;
46. e eles responderam: “Esse homem ensina como jamais ensinou
qualquer outro homem”.
47. Os fariseus retrucaram: “Também vós fostes iludidos?
48. Apontai quem de nós, chefes dos sacerdotes e fariseus, deixou-se
enganar por ele.
49. Não! Não há nenhum! Somente esta raça estúpida que não conhece
a Lei”.
50. Então Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus,
perguntou:
51. “Acaso nossa Lei condena alguém, sem primeiro ouvi-lo e se
certificar do que fez?”
52. Responderam-lhe: “Também tu és galileu? Examina as Escrituras, e
verás que da Galiléia jamais surgiu profeta”;

281
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
53. e foi cada um para a sua casa.
8:1. Jesus, porém, foi para o monte das Oliveiras.
A ADÚLTERA
Jo. 8:2-11
2. No dia seguinte, antes do nascer do sol, veio de novo ao Templo e
todo o povo se reuniu em torno dele para ouvi-lo; e ele, assentado no
pátio, os ensinava.
3. Então, os escribas e os fariseus lhe trouxeram uma mulher que fora
surpreendida em adultério e, colocando-a de pé no meio deles,
4. disseram a Jesus: “Rabi, esta mulher foi surpreendida cometendo
adultério.
5. Na Lei, Moisés nos ordena que tais mulheres sejam apedrejadas: E tu,
o que nos manda fazer?”
6. Diziam isto para pô-lo à prova, e terem algo de que o acusar. Jesus,
porém, inclinando-se, começou a escrever na terra, com o dedo.
7. Como eles insistissem com suas perguntas, Jesus ergueu-se e lhes
disse: “Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire-lhe a primeira
pedra!”;
8. e, inclinando-se de novo, voltou a escrever na terra.
9. Ouvindo isto, os que lhe armaram a emboscada foram se retirando
um após o outro, a começar pelos mais velhos até o último, até restar
somente Jesus e a mulher que fora colocada de pé no meio deles;
10. e Jesus, erguendo-se, lhe disse: “Mulher, onde estão os teus
acusadores? Ninguém te condenou?”
11. Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”; e ele voltou a dizer: “Nem
tampouco eu te condeno. Vai, e não peques mais”.
LUZ DO MUNDO
Jo. 8:12-20
12. De novo Jesus lhes falou: “Eu sou a Luz do mundo. Quem me segue
não andará em trevas, mas terá a Luz da Vida em seu interior”.
13. Os fariseus lhe disseram: “Tu dás testemunho de ti mesmo; portanto,
o teu testemunho não tem valor”.
282
Sebastião Anselmo
14. Jesus lhes respondeu: “Embora eu dê testemunho de mim mesmo, é
válido o meu testemunho; porque eu sei de onde venho e para onde vou.
Vós é que
ignorais quem sou, de onde venho e para onde vou.
15. Vós julgais segundo a aparência da carne; eu, ao contrário, a
ninguém julgo pela forma exterior.
16. Mas, se, porém, eu julgasse pela forma, o meu julgamento seria
verdadeiro, porque julgo em Espírito Verdadeiro, segundo o julgamento
do Pai que me enviou.
17. Na vossa Lei está escrito que o testemunho de dois é verdadeiro;
18. ora, eu dou testemunho de mim mesmo porque o Pai, que está em
mim e do qual sou porta-voz, testifica isto a meu respeito”.
19. Eles, então, perguntaram-lhe: “Onde está teu pai?” Jesus lhes
respondeu: “Não podeis ver nem a mim, nem a meu Pai. Se pudésseis me
ver, veríeis também a meu Pai”.
20. Jesus proferiu estas palavras enquanto ensinava no Templo, junto
à câmara do Tesouro; e ninguém o prendeu porque ainda não havia
chegado a sua hora.
JESUS DECLARA-SE YHWH
Jo. 8:21-30
21. Em outra ocasião, Jesus lhes disse: “Eu me vou; vós me procurareis,
mas morrereis em vossa desconexão. Para onde vou, vós não podeis ir”.
22. Os judeus comentaram: “Acaso irá ele matar-se? Porque diz: Para
onde vou, vós não podeis ir”;
23. e Jesus continuou: “Vós sois de baixo, eu sou do Alto. Vós sois deste
mundo, eu deste mundo não sou;
24. por isso vos disse que morrereis em vossa desconexão íntima; porque,
se não credes n’Aquele que É, morrereis desconexão íntima”.
25. Perguntaram-lhe, então: “Quem és tu?”; Jesus lhes respondeu: “O
que É desde o Princípio”;

283
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
26. muito tenho a vos ensinar e corrigir, porque aquele do qual sou
porta-voz é Espírito e é Verdade, e o meu Ensino consiste no que d’Ele
ouço”.
27. Eles, porém, não compreenderam que lhes falava de sua íntima
relação com o Pai;
28. e Jesus continuou explicando: “Quando vos elevardes à condição de
Filho do Homem, conhecereis Aquele que É e compreendereis o sentido
de minhas palavras, quando digo que nada faço ou falo por mim mesmo,
mas apenas manifesto no vosso mundo a Vontade do Pai.
29. O Pai está conectado a mim; por isso não ajo por mim, mas segundo
a Sua Vontade”.
30. E, tendo explicado deste modo, muitos foram os que creram nele.
A GNOSE DA VERDADE
Jo. 8:31-59
31. Aos judeus que creram nele, Jesus disse: “Se permanecerdes fiéis à
Doutrina da Luz Viva sereis, de fato, meus discípulos,
32. e conhecereis a Verdade, e a Verdade vos fará livres”.
33. Eles lhe responderam: “Somos da descendência de Abraão e nunca
fomos escravos de ninguém, por que dizeis que nos tornaremos livres?”
34. Jesus lhes esclareceu: “Eu vos digo, em Espírito de Verdade, que a
prática de ações desconectadas com a Luz Viva vos torna escravos de
suas consequências,
35. e que esta condição de escravos é passageira, não é o vosso estado
natural: A condição de Filhos da Luz é a que permanece para sempre.
36. Portanto, quando tiverdes o conhecimento integral de vossa real
natureza de Filhos da Luz, este Conhecimento vos fará libertará d de
vossa consição íntima de desconexão com o Pai..
37. Embora sejais da descendência de Abraão, ainda assim procurais
matar-me, porque meu Ensinamento não penetra em vós;
38. porém, eu falo do que vivo em Comunhão Íntima com o Pai; e vós
fazeis o que ouvis de vosso pai”.

284
Sebastião Anselmo
39. Eles responderam: “Não! Nosso pai é Abraão!” Jesus replicou: “Se
fôsseis realmente filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão,
40. e não procuraríeis matar-me a fim de calar o Ensino que vos trago
por parte do Pai, que é Luz: Foi assim que Abraão se comportou?
41. Não! Sois filhos do mundo, e fazeis as obras de vosso pai”. Disseram-
lhe eles: “Não fomos gerados pela corrupção; temos um só pai, que é
Luz”.
42. Jesus lhes respondeu: “Se fosseis Filhos da Luz me amaríeis, porque
venho da Luz e aqui estou; não venho por mim, mas como seu Enviado.
43. Por que não compreendeis o que ensino? É porque não estais
intimamente conectados ao Pai, que é Luz.
44. Vós sois divididos e filhos da divisão, e é dela que sois instrumentos; é
ela que, desde o princípio, mata a vossa conexão íntima com a Luz, pois
se afastou da Verdade, porque nela não há Verdade, mas somente ilusão;
quando profere mentiras, fala de sua própria natureza, porque este
estado é ilusório e pai da ilusão;
45. por isso, quando vos ensino a Verdade do Espírito, não me podeis
ouvir e, portanto, não me credes.
46. Quem de vós pode me acusar de estar dividido com a Luz? Portanto,
se vos ensino a Verdade, por que não me credes?
47. Aquele que é Filho da Luz, ouve em seu íntimo o Ensino da Luz e o
compreende; vós não o escutais, nem o compreendeis, porque não sois
conectados com a Luz”.
48. Eles lhe disseram: “Não tínhamos razão em dizer que és samaritano
e que estais possuído por um espírito enganador?”
49. Jesus respondeu: “Não estou possuído por espírito enganador,
porque sirvo ao Pai, que é Luz; sois vós que, ao não me aceitar, rejeitam
também ao Pai, e sois vítimas de espíritos enganadores que buscam a
própria exaltação.
50. Eu não busco a minha própria exaltação: Outros é que me exaltam,
porque discernem o meu Ensino e compreendem as minhas ações.
51. Em verdade, eu vos digo: Se alguém compreender e praticar meus
Ensinamentos, de modo algum experimentará a morte”.

285
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
52. Os judeus lhe disseram: “Agora temos certeza de que estás possuído
por demônios, porque Abraão morreu – assim como também os profetas
– e tu dizes: ‘Se alguém compreender e praticar meus Ensinamentos, de
modo algum experimentará a morte’.
53. Porventura te consideras maior que nosso pai Abraão, que morreu?
Ou maior que os profetas, que também morreram? Quem pensas que tu
és?”
54. Jesus respondeu: “Se eu a mim mesmo exaltasse, de nada valeria tal
exaltação; quem a mim exalta e confirma o que Ensino e faço é o Pai,
que é Luz, este mesmo a quem chamais ‘nosso Deus’,
55. muito embora vós ainda não o conheceis. Eu, ao contrário de vós, o
conheço. Se eu não o conhecesse, viveria na ilusão, assim como vós; mas
eu o conheço e sigo a sua Doutrina.
56. Abraão, vosso pai, desejou ansiosamente ver o meu dia; viu-o e muito
se regozijou”.
57. Os judeus lhe replicaram: “Ainda não tens cinquenta anos, e
declaras que viste Abraão?”
58. Jesus lhes respondeu: “Em Espírito de Verdade, eu vos digo: Antes
que Abraão fosse, EU SOU”.
59. Então, eles pegaram em pedras para atirar nele; mas Jesus,
ocultando-se, saiu do Templo.
O BOM PASTOR
Jo. 10:10-21
10. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir as ovelhas; eu
venho para que tenham Vida, e a tenham em abundância.
11. Eu sou o bom pastor. O bom pastor é aquele que dá a Vida para as
suas ovelhas.
12. O mercenário, que não é pastor e a quem nenhuma ovelha pertence,
quando vê o lobo aproximar-se, abandona as ovelhas e foge; então o lobo
as arrebata e dispersa,
13. porque ele é mercenário e não se importa com as ovelhas.
14. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e elas me
conhecem,
286
Sebastião Anselmo
15. assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu ofereço Vida
para as minhas ovelhas.
16. Outras ovelhas tenho, que não pertencem a este redil; também a estas
devo conduzir, e elas ouvirão a minha voz; e então haverá um só rebanho
e um só pastor.
17. Por isso o Pai me ama, porque dou Vida para as ovelhas e, assim, eu
as recolho de volta.
18. Eu a dou sem que ela me deixe, porque ela brota de mim em favor de
quem a pode receber: Para isto fui Ungido e Permeado de Luz”.
19. Por causa desses Ensinamentos, houve nova dissenção entre os
judeus a respeito de Jesus.
20. Enquanto uns o atacavam, dizendo: “Está endemoninhado, perdeu
completamente o juízo; por que ainda lhe dais ouvidos?”,
21. outros o defendiam, alegando: “Essas palavras não são de um
endemoninhado; pode, porventura, um endemoninhado abrir os olhos
aos cegos?”
UM COM O PAI
(Fim de dezembro do ano 30)
Jo. 10:22-39
22. E aconteceu a festa da Dedicação em Jerusalém; era inverno.
23. Quando Jesus passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão,
24. os judeus o rodearam e lhe disseram: “Até quando nos deixarás em
dúvida? Se és o Filho Ungido Permeado de Luz, afirma-o com clareza!”.
25. Jesus lhes respondeu: “Eu já vo-lo disse, porém não me credes. As
obras que faço em nome do Pai, que é Espírito de Luz, lhes dão o
testemunho sobre quem sou;
26. mas vós não credes em mim, porque não sois de minhas ovelhas.
27. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me
seguem;
28. eu lhes ofereço a Comunhão Íntima com a Vida Imanente, e elas
jamais se perderão, e ninguém as arrebatará de minha mão.

287
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
29. O Pai, que é o Brilho da Luz Viva, é o Todo; por isso, ninguém pode
arrebatá-las de seu íntimo convívio.
30. Assim, tanto o Pai, que é Luz, quanto a forma, que é Filha da Luz,
são, em essência, um só!”
31. Ouvindo isso, os judeus novamente pegaram em pedras para lhe
atirarem.
32. Mas Jesus retrucou-lhes: “Tenho-vos mostrado muitas obras boas,
que fiz pela Força e Poder do Pai, que é Espírito de Luz; por qual delas
quereis me apedrejar?”
33. Os judeus lhe responderam: “Não é pelas obras que te apedrejamos,
mas pela blasfêmia de, sendo apenas homem, te fazeres Filho da Luz”.
34. Jesus lhes respondeu: “Não é na vossa própria Lei que está escrito,
por intermédio da Luz: ‘Eu vos digo: Sois Filhos da Luz’?
35. Ora, se a Escritura não pode falhar, e ela chama de ‘Filhos da Luz’
àqueles a quem é dirigida a Doutrina da Luz,
36. por que, então, acusais de blasfêmia a quem a Luz Ungiu e Permeou
para enviar ao mundo? Porque eu disse: ‘Sou Filho da Luz’?
37. Se as obras que faço não provêm da Luz, mas de mim, então não
creiais em mim;
38. mas se as faço e delas vos admirais, embora me vejais apenas como
um homem, compreendei que nenhum homem poderia fazê-las por si
mesmo; deste modo podereis reconhecer, muito embora a contragosto,
que a Luz está em mim no mesmo grau em que eu estou na Luz, e por
isso as faço”.
39. E de novo procuravam prendê-lo, mas ele escapou de suas mãos.
VOLTA A TRANSJORDÂNIA
Mt. 19:1b-2; Mc. 10:1; Jo. 10:40-42
40. E Jesus passou de novo para a outra margem do Jordão, para o
lugar onde anteriormente João mergulhava, e aí permaneceu;
41. e muitos vieram a ele, e diziam: “João, na verdade, não fez prodígio
algum; mas tudo quanto disse sobre ele era verdade”.
42. E, naquele lugar, foram muitos os que creram nele.

288
Sebastião Anselmo

RESSURREIÇÃO DE LÁZARO
I - DOENÇA DE LÁZARO
Jo. 11:1-16
1. Certo homem de nome Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e Marta,
suas irmãs, encontrava-se enfermo.
2. Maria, cujo irmão adoecera, era aquela que ungiu o Senhor com
bálsamo e lhe enxugou os pés com os seus cabelos.
3. As duas irmãs, então, enviaram um recado a Jesus, dizendo:
“Senhor, aquele que amas está doente”.
4. Ao ouvir isso, Jesus disse: “Essa não é doença de morte, mas vem
para que a Força e Poder da Luz seja conhecida, e o Filho da Luz
reconhecido por meio dela”.
5. Ora, Jesus amava Marta e sua irmã, e Lázaro.
6. Depois que soube da doença de Lázaro, Jesus ainda permaneceu
dois dias no lugar em que estava;
7. e, no terceiro dia, disse aos seus discípulos: “Vamos retornar à
Judéia”.
8. Os discípulos lhe disseram: “Rabi, há pouco os judeus procuravam
apedrejar-te, e queres voltar para lá?”
9. Jesus lhes respondeu: “Não são doze as horas do dia? Quem caminha
de Dia não tropeça, porque tem consigo a Luz neste mundo;
10. no entanto, se de noite caminha, tropeça, porque não tem a Luz em
si”.
11. E completou, dizendo: “Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou
despertá-lo”.
12. Os discípulos responderam: “Mestre, se ele está dormindo, vai
despertar por si mesmo”.
13. Mas Jesus se referia ao sono da morte, e eles julgaram que se
tratasse do sono de repouso;
14. então, Jesus lhes falou claramente: “Lázaro morreu,
15. e alegro-me por vós de não estar lá, para que creiais; vamos para
junto dele!”
289
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
16. Tomé, apelidado Dídimo, que significa Gêmeo, disse aos outros
discípulos: “Vamos também nós, e morramos com ele”.
RESSURREIÇÃO DE LÁZARO
I I - RESSURGIMENTO DA VIDA
Jo. 11:17-27
17. Quando se aproximava de Betânia, Jesus ouviu que Lázaro estava
sepultado havia quatro dias.
18. Ora, Betânia distava cerca de três quilômetros de Jerusalém,
19. e muitos judeus tinham vindo até Marta e Maria a fim de consolá-
las pela perda do irmão.
20. Quando Marta ouviu que Jesus se aproximava, saiu ao seu
encontro, ao passo que Maria permaneceu em casa.
21. Disse, pois, Marta a Jesus: “Rabi, se estivesses aqui meu irmão não
teria morrido;
22. mas tenho consciência de que tudo o que pedires, o Espírito da Luz
Viva te concederá”.
23. Jesus lhe respondeu: “Tenha fé: Teu irmão voltará à Vida”.
24. Marta lhe disse: “Sei que voltará à Vida por ocasião da ressurreição,
no fim deste ciclo”.
25. Jesus lhe respondeu: “Eu sou a ressurreição para a Vida; quem crê
em mim, ainda que esteja morto, viverá;
26. e quem está Vivo por crer em mim, não conhecerá a morte. Crês
nisso?”
27. Ela respondeu: “Sim, Rabi, eu creio que és o Ungido, gerado pelo
Espírito da Luz Viva, que veio ao mundo”.
RESSURREIÇÃO DE LÁZARO
III - ENCONTRO COM MARIA
Jo. 11:28-37
28. Em seguida, voltou à casa e chamou Maria sua irmã em particular,
e sussurrou-lhe aos ouvidos: “O Rabi se aproxima e te chama!”;
29. e Maria, ouvindo isso, levantou-se depressa e foi ao seu encontro,

290
Sebastião Anselmo
30. pois Jesus ainda não entrara na aldeia, mas estava no lugar em que
Marta o encontrara.
31. Então os judeus que estavam com ela em casa e a consolavam,
vendo Maria erguer-se depressa e sair, acompanharam-na, crendo que
ia ao túmulo chorar a morte do irmão.
32. Quando, pois, Maria chegou onde Jesus estava, vendo-o, prostrou-
se a seus pés, e lhe disse: “Rabi, se estivesses aqui, meu irmão não teria
morrido”.
33. Quando Jesus viu Maria chorando e também os judeus que a
acompanhavam, comoveu-se interiormente e, tomado pela emoção,
disse:
34. “Onde o pusestes?” Responderam-lhe: “Rabi, vem e vê!”.
35. Então, Jesus chorou.
36. Os judeus comentavam: “Vede como o amava!”
37. Mas alguns, dentre eles, disseram: “Ele, que abriu os olhos do cego,
não foi capaz de impedir que este morresse?”
RESSURREIÇÃO DE LÁZARO
IV - LÁZARO ERGUE-SE
Jo. 11:38-44
38. Então Jesus, ainda tomado interiormente por intensa comoção,
dirigiu-se ao sepulcro, que consistia numa gruta com uma pedra
tapando-lhe a entrada.
39. Disse Jesus: “Retirai a pedra!”; Mas Marta, a irmã do morto,
respondeu-lhe: “Rabi, já cheira mal, pois é de quatro dias”.
40. Disse-lhe Jesus: “Não te disse que, se creres, verás o Poder da Força
Ativa da Luz do Vivo?”
41. Então, retiraram a pedra. Jesus ergueu os olhos para o Alto, e
disse: “Ó Pai, que sois Espírito de Luz e Espírito de Vida, graças te dou
porque a mim tendes ouvido;
42. e eu bem sei que sempre me ouves; porém, isto o afirmo para que
também o saibam toda esta multidão que está em volta, para que creiam
que tu me enviaste ao mundo!”

291
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
43. Tendo dito isto, gritou em alta voz: “Lázaro, sai de teu túmulo!”
44. No mesmo instante o morto saiu, tendo os pés e as mãos enfaixados
e o rosto recoberto com um sudário. Então, disse Jesus aos que ali
estavam: “Desatai-o e deixai-o livre”.
DECRETAÇÃO DE MORTE
Jo. 11:45-54
45. Então, muitos dentre os judeus que tinham vindo visitar Maria,
testemunhando o que Jesus fizera, creram nele;
46. mas outros, porém, foram relatar aos fariseus o que tinha
acontecido,
47. e estes, reunindo todo o Conselho juntamente com os chefes dos
sacerdotes, disseram: “Que providência tomaremos? Este homem realiza
muitos sinais de prodígios!
48. Se o deixarmos livre, todos crerão nele! E então, virão os romanos e
retirarão os nossos privilégios, e destruirão o Santuário e porão a perder
a nossa nação”.
49. E um deles, chamado Caifás, que era Sumo Sacerdote naquele ano,
completou: “Raciocinai comigo e considerai:
50. Não é melhor que um só homem morra pelo povo, ao invés de perecer
toda a nação?”;
51. porém, não disse isso por si mesmo, mas profetizando; porque,
sendo ele o Sumo Sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus seria
entregue em sacrifício para benefício de todo o povo.
52. E não só pelo povo daquela nação, mas para que os Filhos da Luz
Viva, dispersos no mundo.
53. E assim, desde aquele momento, decidiram pela conveniência de
matá-lo;
54. por isso, Jesus já não andava publicamente entre os judeus, mas
retirou-se para uma região próxima ao deserto, a uma localidade
chamada Efraim, e ali permaneceu com os seus discípulos.

292
Sebastião Anselmo

ONDE ESTÁ JESUS?


Jo. 11:55-57
55. Estava próxima a Páscoa dos judeus, e foram muitos os que
subiram do campo para Jerusalém, a fim de purificar-se antes da festa,
56. e andavam à procura de Jesus; e, estando de pé no Templo,
comentavam entre si: “Que achais? Virá ele à festa?”
57. Os chefes dos sacerdotes e os fariseus haviam dado ordens para
que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse de pronto para
que imediatamente o prendessem.
A UNÇÃO EM BETÂNIA
Mt. 26:6-13; Mc. 14:3-9; João, 12:1-8
1. Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde estava Lázaro,
que Jesus ressuscitara dos mortos.
2. Ofereceram-lhe aí um banquete; Marta servia e Lázaro era um dos
que estavam à mesa com ele.
3. Então Maria, tomando uma libra de perfume de nardo puro, muito
caro, ungiu com ele os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e
a casa se encheu com o cheiro do perfume de bálsamo.
4. Então Judas Iscariotes, um de seus discípulos, aquele que o iria
entregar, disse:
5. “Por que não vendeu este perfume por trezentos denários e repartiu o
dinheiro entre os pobres?”;
6. mas disse isso, não porque se preocupasse com os pobres, mas
porque era ladrão e, tendo sob seus cuidados a bolsa comum,
carregava o que nela era depositado.
7. Mas Jesus respondeu: “Deixai-a! Ela unge o meu corpo para o dia de
seu sepultamento!
8. Pobres sempre os tereis convosco; mas a mim, nem sempre tereis”.

293
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

CONTRA LÁZARO
Jo. 12:9-11
9. Então, uma grande multidão de judeus, ouvindo que Jesus estava
ali, veio, não só por causa Jesus, mas também para ver Lázaro, que ele
ressuscitara dos mortos,
10. pois os chefes dos sacerdotes haviam decidido matar também a
Lázaro,
11. porque muitos, por causa dele, se afastaram dos judeus e criam em
Jesus.
A CAMINHO DE JERUSALÉM
Mt. 21:1-9; Mc. 11:1-10; Lc. 19:29-40; Jo. 12:12-19
12. No dia seguinte, a grande multidão que viera para a festa, ouvindo
que Jesus chegava a Jerusalém,
13. apanhou ramos de palmeira e saiu ao seu encontro, clamando:
“Hosana! Bendito o que vem em nome do Espírito da Luz, o Rei de
Israel!”;
14. e Jesus, tendo encontrado um jumentinho montou nele, como está
escrito:
15. ‘Não temas, filha de Sião! Eis que vem o teu rei montado num filho
de jumenta’.
16. Naquele momento, os seus discípulos não o perceberam; mas
depois, quando Jesus foi glorificado, se lembraram de que essas coisas
estavam escritas sobre ele e que se tinham realizado.
17. Então, a multidão que estava com ele e que assistiu quando ele
chamou Lázaro do sepulcro e o ressuscitou dentre os mortos, começou
a dar o seu testemunho
18. e, quantos os ouviram, saíram ao seu encontro; porque souberam
que ele havia feito este prodígio.
19. Então, os fariseus começaram a dizer uns aos outros: “Vede! Nada
conseguimos! Eis que todos o estão seguindo!”

294
Sebastião Anselmo

EXPULSÃO DOS EXPLORADORES


(Em Jerusalém, abril de 29 A.D.)
Mc. 11:15-17; Mt. 21:12-13; Lc. 19:45-46; Jo. 2:14-17
14. No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas, e
os cambistas sentados;
15. fez, então, um azorrague de cordas e expulsou a todos do Templo,
junto com as ovelhas e os bois; lançou ao chão as moedas dos
cambistas e derrubou as mesas.
16. Aos que vendiam as pombas disse: “Tirai tudo isto daqui; e não
façais da casa de meu Pai uma casa de negócios”.
17. Vendo-o, seus discípulos se lembraram do que está escrito: ‘O zelo
por tua casa me consumirá’.
DISCUSSÃO COM AS AUTORIDADES
Jo. 2:18-22
18. Perguntaram-lhe, então, os judeus: “Que sinal nos mostras para
agir desse modo?”
19. Respondeu-lhes Jesus: “Derrubai este Templo. Em três dias eu o
reerguerei”.
20. Os judeus replicaram: “Foram gastos quarenta e seis anos para a
edificação deste Templo; e em três dias tu o reerguerás?”
21. Ele, porém, se referia ao Templo do seu corpo.
22. Quando, pois, ressuscitou dentre os mortos, seus discípulos
recordaram-se de suas palavras; e creram na Escritura e nos seus
Ensinamentos.
A CONVERSA COM NICODEMOS
Jo. 3:1-15
1. Havia um homem dentre os fariseus, chamado Nicodemos; este era
uma autoridade entre os judeus.
2. Uma noite, veio ele ter com Jesus; e lhe disse: “Rabi, sabemos que
vens como forma manifestada pela Luz para ensinar; pois ninguém pode
fazer o que fazes, se não for manifestação direta da Luz”.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
3. Jesus respondeu: “Pois estando em União Plena com a Luz Viva, eu te
asseguro: Não pode ver o reino do Espírito da Luz, senão a forma que
nasce desta União Plena e Íntima com a Luz”.
4. Perguntou-lhe Nicodemos: “Como pode um homem nascer de novo
sendo já velho? Haverá de entrar de novo no ventre de sua mãe a fim de
renascer?”
5. Jesus respondeu: “Em Plena União com a Luz, eu te asseguro: Quem
não renascer da água e do Espírito da Vida não entrará no reino da Luz.
6. O que renasce da água é carne, o que nasce da Vida é Luz.
7. Portanto, não te admires de eu te dizer: É necessário nascer da Vida.
8. O Espírito se manifesta onde quer: Sentes o seu mover, mas ignoras de
onde vem e para onde vai. Do mesmo modo é aquele que nasceu do
Espírito”.
9. Nicodemos lhe respondeu: “Como pode acontecer isso?”
10. Jesus respondeu: “És mestre em Israel e ignoras essas coisas?
11. Pois em estado de Plena União Íntima com a Vida, que é Luz, eu te
asseguro: Falamos do que sabemos e damos testemunho do que vimos;
vós, porém, não acolheis o nosso testemunho.
12. Se não credes quando vos falo das coisas da forma, como crereis
quando vos falar das coisas da Luz?
13. Apenas entrará no reino do Espírito da Luz o que é nascido da Luz, a
saber: o Filho do Homem.
14. Assim como Moisés [o nascido da água] no deserto levantou a
serpente, do mesmo modo será levantado o Filho do Homem,
15. a fim de que creia e torne-se Um com a Vida Imanente”.
COMENTÁRIO DO EVANGELISTA
Jo. 3:16-21
16. Teve a Luz tanta predileção pelo mundo que a ele ofertou o seu
Filho Unigênito; a fim de que todo aquele que nele crer não pereça,
mas possua [em si] Vida Imanente.
17. O seu Unigênito não veio ao mundo para condenar o mundo; mas
veio para que o mundo seja restaurado por meio dele.
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Sebastião Anselmo
18. Quem nele crê será restaurado [para a Luz]; o que não crê
permanece condenado, por não ter Comunhão com o seu Unigênito.
19. E a condenação é decorrente disto: Veio a Luz ao mundo, mas os
homens preferiram as trevas; porque as suas obras eram más.
20. Todo aquele que pratica o mal aborrece a Luz, e dela se distancia,
para que ela não revele o seu mal proceder;
21. aquele, porém, que pratica o bem, mais se aproxima da Luz, e suas
ações são iluminadas porque foram feitas na Luz.
REVELAÇÃO AOS GREGOS
Jo. 12:20-36a
20. Ora, entre os que haviam subido para adorar, durante a festa,
havia também alguns gregos;
21. e estes, aproximando-se de Filipe, o de Betsaida da Galiléia,
disseram-lhe: “Senhor, queremos ver Jesus”.
22. Filipe comunicou-o a André; e ambos, indo ter com Jesus, o
avisaram de sua visita.
23. Então Jesus, vindo até ele, disse-lhes: “É chegada a hora em que o
Filho do Homem será glorificado.
24. Em Espírito Verdadeiro, eu vos digo: Se o grão de trigo, ao ser
lançado na terra, não morrer, ficará só; mas se morrer, produzirá muito
fruto.
25. Portanto, todo aquele que luta para preservar a sua alma para o
mundo, a perderá; mas aquele que não a preserva para este mundo, a
entrega para a Luz, que é Vida Imanente.
26. Todo aquele que desejar ser meu servo, siga os meus Ensinamentos,
pois no mesmo lugar onde estou, aí também estará o meu servo; porque o
Pai, que é Espírito de Luz Viva, dá autenticidade ao meu servidor.
27. Eis que agora minha alma está agitada, e o que direi? ‘Pai, livra-me
desta hora?’ Mas não foi justamente para esta hora que vim ao mundo?
28. Direi, antes: ‘Pai, glorifica o Teu Nome através de mim!’” E então,
uma voz, vinda da Luz, respondeu: “Já és o meu Ungido, e de novo o
Transubstanciarei em Luz”.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
29. A multidão que ali estava, ao ouvir aquela voz, disse: “Foi um
trovão”. Outros, porém, diziam: “Um Mensageiro Luminescente falou
com ele”.
30. Jesus respondeu: “Esta voz não soou para mim, mas para vós.
31. A partir de agora, as ações deste mundo começarão a ser julgadas, e
o seu príncipe será lançado para fora:
32. Quando eu for elevado da terra, sereis todos atraídos a mim”;
33. isso, porém, dizia, para indicar a necessidade de morrer para o
mundo.
34. Respondeu-lhe, então, o povo, dizendo: “Temos ouvido da Lei que o
Ungido Permeado de Luz permanecerá para sempre conosco, no mundo.
Por que dizes: ‘É necessário que o Filho do Homem seja elevado para o
Alto?’ De que homem estais falando?”
35. Mas Jesus lhes disse: “Ainda por um breve tempo, tereis a Luz
convosco: Caminhai, enquanto tendes a Luz convosco, a fim de que as
trevas não vos surpreendam; pois quem caminha em trevas, não sabe
para onde está indo!
36a. Enquanto tendes a Luz, crede na Luz, para que vos torneis Filhos da
Luz”.
PROSSEGUE A REVELAÇÃO
Jo. 12:44-50 e 36b
44. Elevando a sua voz, disse Jesus: “Quem segue o que Ensino não é a
mim que segue, mas Àquele que me manifesta no mundo;
45. e quem vê a minha forma exterior, contempla Aquele que me
manifesta no mundo.
46. Aquele que me manifesta veio ao mundo para iluminar a todo aquele
que segue o seu Ensino, para que não pereça em trevas.
47. A Luz não julga o que ouve a Doutrina e não a pratica, porque não
veio ao mundo para julgar, mas para trazer libertação a quem anseie por
libertar-se.
48. Quem não a ouve e não segue o seu Ensino, tem o seu juiz: A
Doutrina que proferi é quem julgará as suas ações,

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Sebastião Anselmo
49. porque o Ensino que proferi não veio por mim mesmo, mas o Pai, que
é Espírito de Luz, ungiu-me para falar e ensinar em Seu Nome;
50. e tal Ensino é o Caminho que conduz à Vida Imanente com o Espírito
da Luz, e eu o transmito tal qual o recebo do Pai”.
36b. E, tendo transmitido mais este Ensinamento, retirou-se e ocultou-
se deles.
INCREDULIDADE DOS JUDEUS
Jo. 12:37-43
37. Apesar de ter realizado tantas demonstrações de prodígios diante
deles, nem assim creram em sua Doutrina;
38. assim se cumpriu o que foi dito através do profeta Isaías, que
escreveu: ‘Senhor, quem acreditou no que ouviu de nós? A quem foi
revelada a Força e
o Poder do Espírito da Luz?’
39. E não podiam crer, porque, como bem disse Isaías:
40. ‘Os seus olhos encegueceram-se, e as suas mentes se embotaram,
para que não pudessem ver, nem compreender, nem tampouco mudar a
sua direção para que fossem curados’.
41. Isaías disse isso porque conheceu a sua Doutrina, e falou a respeito
dele.
42. No entanto, muitos dos judeus, inclusive entre os seus chefes,
creram nele; mas, por causa do partido dos fariseus, não podiam
admiti-lo publicamente para que não fossem expulsos da sinagoga;
43. estes, demonstraram amar mais a doutrina dos homens do que a
Doutrina da Luz.
CEGO DE NASCENÇA
Jo. 9:1-41
1. Jesus ia passando por um lugar quando viu um homem cego de
nascença;
2. então, os seus s discípulos lhe perguntaram: “Rabi, quem pecou: Ele,
ou seus pais, para que nascesse cego?”

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
3. Jesus respondeu: “Nem ele pecou nem seus pais; mas nasceu assim
para a realização da Obra do Pai, que é Espírito de Luz.
4. Enquanto é dia, realizamos a Obra d’Aquele do qual sou porta-voz;
quando chega a noite, a Obra é paralisada.
5. Enquanto estou no mundo, sou Canal da Luz para o mundo”.
6. Tendo dito isso, cuspiu no chão e fez lama com a sua saliva; depois,
aplicou a lama sobre os olhos do cego,
7. e lhe disse: “Vai lavar-te na piscina de Siloé”, que significa ‘Enviado’;
ele foi, lavou-se, e voltou enxergando.
8. Os vizinhos e os que costumavam vê-lo pedindo esmolas, porque era
mendigo, diziam: “Não é esse o que ficava sentado no chão, a
mendigar?”;
9. e diziam alguns: “É ele!”; mas outros diziam: “Não é! Apenas se
parece com ele”; até que ele próprio lhes respondeu: “Sou eu mesmo!”.
10. Então lhe perguntaram: “Como os teus olhos se abriram?”;
11. ele respondeu: “O homem chamado Jesus fez lama com a sua saliva
e aplicou-a sobre os meus olhos; depois, me disse: ‘Vai, e lava-te na
piscina de Siloé!’; eu fui e lavei-me; e logo passei a enxergar”.
12. Voltaram a perguntar-lhe: “Podes apontá-lo a nós?” Ele
respondeu: “Não está aqui!”;
13. então, levaram-no para apresentá-lo aos fariseus;
14. e era Sábado o dia em que Jesus fizera lama com a sua saliva e lhe
abrira os olhos.
15. Então, os fariseus lhe perguntaram novamente como havia passado
a enxergar; e ele respondeu: “O homem chamado Jesus aplicou-me
lama feita com a sua saliva nos olhos e mandou lavar-me nas águas de
Siloé; eu lavei-me e, então, passei a enxergar”.
16. Alguns dos fariseus lhe disseram: “Esse homem não é manifestação
direta da Luz Viva, porque não guarda o dia de Sábado”. Outros, porém,
diziam: “Como pode um simples homem fazer tais prodígios?” E
permaneciam divididos em seus julgamentos.

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Sebastião Anselmo
17. E voltaram a interrogar o homem que fora cego: “E vós, o que
dizeis dele? Visto que te abriu os olhos?” Ele respondeu: “Digo que é um
profeta!”
18. Os judeus não estavam acreditando que ele fora cego de nascença e
que os seus olhos lhe foram abertos; por isso, mandaram chamar os
seus pais para que testemunhassem a seu respeito.
19. E os interrogaram, dizendo: “É este o vosso filho, que dizeis ter
nascido cego? Como é que agora enxerga?”
20. Eles responderam: “Sabemos que este é nosso filho e que nasceu
cego;
21. mas como agora está agora enxergando, não sabemos. Sobre quem
lhe abriu os olhos, também nada sabemos; perguntai diretamente a ele,
pois tem idade suficiente para responder por si mesmo”.
22. Isto disseram seus pais porque temiam os judeus, pois estes já
tinham combinado que se alguém confirmasse ser Jesus o Ungido
Permeado de Luz, seria expulso da sinagoga;
23. por isto os seus pais disseram: ‘Ele já tem idade suficiente para
responder por si mesmo, perguntai diretamente a ele’.
24. Então, chamaram pela segunda vez o homem que fora cego, e lhe
disseram: “Agradece somente à Luz Viva, pois sabemos que este homem
é pecador”.
25. Ele respondeu: “Se é pecador, eu não sei; mas de uma coisa eu sei:
Eu era cego, e agora vejo!”
26. Perguntaram-lhe, pois: “E como se deu isto? O que ele fez para que
seus olhos se abrissem?”
27. Ele respondeu: “Isto eu já vo-lo disse; para que quereis ouvir de
novo? Acaso também vós quereis tornar-vos discípulos dele?”
28. Puseram-se, então, a insultá-lo, dizendo: “Tu sim, que és discípulo
dele; nós o somos de Moisés.
29. Sabemos que a Luz Viva atuou através de Moisés; quanto a este, não
sabemos quem atua através dele”.
30. Ele replicou-lhes: “E isto não é estranho? Vós não sabeis quem atua
através dele e, no entanto, ele abriu-me os olhos.
301
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
31. Sabemos que o Espírito da Luz Viva não se conecta a quem se acha
em estado de divisão íntima; mas está conectado a quem é misericordioso
e pratica a sua Doutrina.
32. Jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos de um cego
de nascença.
33. Se este homem não estivesse conectado ao Pai, que é Espírito de Luz
Viva, nada poderia fazer”.
34. Eles responderam, enfurecidos: “Tu nasceste todo em estado de
divisão íntima com a Luz e queres nos ensinar?” E o expulsaram dali.
35. Jesus ficou sabendo que o haviam expulsado e, quando o
encontrou, perguntou-lhe: “Tu crês no Filho do Homem?”
36. Ele respondeu: “Quem é ele, Senhor, para que eu nele creia?”
37. Jesus lhe disse: “Tu já o podes ver: É o que agora fala contigo”.
38. Ele respondeu: “Eu creio, Senhor!”; e prostrou-se diante dele.
39. Então, Jesus lhe disse: “Vim a este mundo trazer a Doutrina do
Espírito da Luz Viva, a fim de que os que não o veem, o possam ver; e os
que o veem, fiquem ofuscados”.
40. Alguns fariseus que estavam com ele perguntaram: “E nós, estamos
ofuscados?”
41. Jesus lhes respondeu: “Se estivésseis ofuscados pelo Brilho da Luz
Viva, que é seu Espírito, não estaríeis divididos; porém, é por dizerdes:
‘Nós vemos!’, que permanecei cegos”.
A PORTA DAS OVELHAS
Jo. 10:1-9
1. “Em Espírito de Verdade, eu vos digo: Neste aprisco de ovelhas, quem
não entra pela porta, mas escala por outro caminho, é ladrão e
assaltante;
2. somente o que entra pela porta é pastor de ovelhas;
3. para este, a porta se abre e as ovelhas ouvem a sua voz; ele convoca
uma a uma chamando-as pelo nome, e as conduz para fora do redil.
4. Após ter retirado todas as suas ovelhas, caminha à frente delas, e elas
o seguem, porque reconhecem sua voz.
302
Sebastião Anselmo
5. De modo algum seguirão a um estranho; antes, dele fugirão, pois a
sua voz não lhe soa familiar”.
6. Esta parábola, Jesus lhes contou; porém, não compreenderam o seu
significado;
7. por isto, Jesus esclareceu, dizendo: “Em Espírito de Verdade, eu vos
digo: Eu sou a porta das ovelhas.
8. Todos os que se apresentaram em meu lugar, são ladrões e assaltantes;
por isso, as ovelhas não lhes deram ouvidos.
9. Eu sou a porta: Se alguém passar por mim, estará a salvo; entrará e
sairá, e encontrará pastagem.
O LAVA-PÉS
Jo. 13:1-20
1. Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a hora de
passar deste reino do mundo para o reino do Pai após ter amado os
seus irmãos do mundo, continuou amando-os até o fim;
2. e mesmo durante a ceia, sabedor de que Judas, filho de Simão
Iscariotes, assumiria o papel de Tentador para colocá-lo à prova,
3. e consciente de que o Pai lhe dera todas as condições para passar por
aquela provação, que tinha saído do reino do Pai e para ele voltava,
4. levantou-se da mesa, tirou o seu manto e, tomando uma toalha,
cingiu-se com ela;
5. depois, colocou água numa bacia e começou a lavar os pés dos
discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido.
6. Quando chegou em Simão Pedro, este lhe disse: “Rabi, tu me lavas os
pés?”
7. Jesus lhe respondeu: “O que faço, embora não o entendas agora,
compreenderás mais tarde”.
8. Pedro lhe replicou: “Não! Jamais lavarás os meus pés!” Jesus, então,
lhe respondeu: “Se eu não lavar os teus pés, não terás parte comigo”;
9. e Simão Pedro lhe disse: “Rabi! Lava-me não somente os pés, mas
também as mãos e a cabeça!”;

303
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
10. mas Jesus lhe respondeu: “Quem já se banhou não tem necessidade
de lavar senão os pés, porque o resto do corpo já está limpo; e vós estais
limpos, mas não de todo”.
11. Jesus tinha conhecimento da prova que teria que enfrentar, por
isso disse: “Estais limpos, mas não de todo”.
12. Depois de lhes ter lavado os pés, vestiu o manto, reclinou-se
novamente à mesa, e lhes disse: “Entendeis o que vos fiz?
13. Vós me chamais ‘Mestre e Senhor’, e dizeis bem, pois eu o sou;
14. portanto, se eu, que sou ‘Mestre e Senhor’, vos lavo os pés, o que
deveis vós fazer uns pelos outros?
15. Em tudo o que vos ensinei por palavras, o fiz também com o exemplo,
para que também façais conforme eu fiz;
16. porque, em Espírito de Verdade, eu vos digo: Não é o servo maior do
que o seu senhor, nem o enviado é maior do que quem o enviou;
17. se isto bem o compreenderdes e cumprir, sereis sempre imensamente
felizes.
18. Neste momento, não me dirijo a todos vós: ‘O que está na Escritura a
meu respeito há de se cumprir. Eu conheço bem quem escolhi, e é
necessário que um de vós, que come comigo do meu pão, levante contra
mim o calcanhar’.
19. E agora, volto a dirigir-me a todos vós, e eu vos digo, antes que
aconteça, para que, quando acontecer, não duvideis que EU SOU.
20. Em Espírito de Verdade, eu vos digo que ‘Quem não se escandalizar
naquele que eu escolhi, também em mim não se escandalizará, e nem se
escandalizará naquele que me enviou'. Quem tem ouvidos, ouça!”
JUDAS É INDICADO
Mt. 26:21-25; Mc. 14:18-21; Lc. 22:21-23; Jo. 13:21-32
21. Tendo dito isso, Jesus, tomado interiormente por intensa
compaixão, declarou: “Em Espírito Verdadeiro, eu vos digo: A um de
vós foi dado o encargo de me entregar para a prova final do sacrifício de
meu corpo”.
22. Os discípulos, estarrecidos, olhavam uns para os outros
procurando saber de quem ele falava.
304
Sebastião Anselmo
23. Um dos discípulos, a quem Jesus muito amava, estava reclinado à
mesa, à direita de Jesus;
24. então, Simão Pedro, com um gesto, lhe disse: “Pergunta a quem ele
se refere”;
25. e ele, inclinando a cabeça sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe:
“Rabi, quem foi o escolhido?”
26. Respondeu-lhe Jesus: “Aquele a quem eu der um pedaço de pão
molhado”; mergulhou o pão na taça de vinho e o deu a Judas, o filho de
Simão Iscariotes,
27. que assumiu o papel de ‘Tentador’ para colocá-lo à prova.
Ordenou-lhe, pois, Jesus: “O que tens de fazer, faze-o agora!”;
28. e nenhum dos outros que com ele estavam reclinados à mesa
compreendeu o que significava esta ordem.
29. Como era Judas o responsável pela bolsa, alguns interpretaram
que Jesus lhe quisera dizer: “Providencia agora o necessário para o dia
da festa”, ou: “Faça agora uma oferta para os pobres”.
30. E Judas, tomando o pedaço de pão embebido no vinho,
imediatamente saiu; e era noite alta.
31. Após, ter saído, Jesus disse: “Agora o Filho do Homem será
transubstanciado em Luz, e a Luz transubstanciada nele;
32. porque se a Luz for nele transubstanciada, também ele será
transubstanciado em Luz, e isto se dá automaticamente.
O NOVO MANDAMENTO
Jo. 13:33-35
33. Filhinhos, ainda por um pouco estarei convosco. Buscar-me-eis e,
assim como disse aos judeus, digo-o também a vós: Para onde vou, vós
não podeis ir;
34. mas eis que eu vos dou um Novo Mandamento: ‘Amai-vos uns aos
outros. Assim como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros’.
35. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: Se tiverdes amor
uns pelos outros”.

305
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

AVISO A PEDRO
Mt. 26:31-35; Lc. 22:31-34; Mc. 14:27-31; Jo. 13:36-38
36. Perguntou-lhe Simão Pedro: “Rabi, para onde vais?” Jesus lhe
respondeu: “Para onde vou, vós não podeis ir agora; mais tarde, porém,
tu também irás”.
37. Pedro voltou a perguntar: “Rabi, por que não posso seguir-te agora?
Darei a minha vida por ti”.
38. Jesus lhe respondeu: “Darás a tua vida por mim? Em Espírito de
Verdade, eu te digo: Não cantará o galo, até que três vezes me tenhas
negado”.
O “EU” PROFUNDO
Jo. 14:1-14
1. “Não se turbe o vosso coração. Crede na Luz e crereis em mim;
2. na casa do Pai há muitas moradas: Se não fosse assim, eu vo-lo teria
dito, pois estou preparando-vos um lugar;
3. e quando eu me for e o tiver preparado, voltarei e manifestar-me-ei em
vós para levar-vos comigo, para que onde eu estou, estejais vós também.
4 . E para onde eu vou, já tracei-vos o caminho”.
5. Disse-lhe Tomé: “Rabi, não sabemos para onde vais; como podemos
saber o caminho?”
6. Respondeu-lhe Jesus: “Já tracei-lhes o Caminho que conduz à
Verdadeira Vida: Ninguém chega ao Pai se não o seguir;
7. se já o tivésseis seguido, certamente já teríeis chegado ao Pai, mas
agora que o conheceis, também chegareis ao Pai”.
8. Filipe lhe disse: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”.
9. Jesus lhe respondeu: “Há tanto tempo estou convosco e tu não me
conheces, Filipe? Quem me vê, vê o Pai. Como podes dizer: ‘Mostra-nos
o Pai?’
10. Não crês que estou no Pai e o Pai está em mim? A Doutrina que vos
ensino, não a retiro de mim: É o Pai, que está Vivo em mim, realizando a
sua Obra.

306
Sebastião Anselmo
11. Crede-me: Eu estou no Pai e o Pai está em mim; se não o puder,
crede-o, ao menos, pelas Obras que faço.
12. Em Espírito de Verdade, eu vos digo: Quem crê em mim fará todas as
obras que faço, e outras ainda maiores, porque o seu ‘Eu’ estará no Pai;
13. e assim, nesta condição, tudo o que pedirdes em meu nome, ser-vos-á
feito; para que, pelo Filho, se manifeste a Força e o Poder do Pai:
14. Absolutamente tudo o que pedirdes, estando em Comunhão Comigo,
ser-vos-á feito.
O “ADVOGADO”
Jo. 14:15-26
15. Se me dais crédito, segui os meus Ensinamentos;
16. e eu rogarei ao Pai que vos coloque em Comunhão Íntima com o
Vosso Espírito, e ele permanecerá para sempre convosco:
17. É Ele o Espírito Verdadeiro, que infunde nas formas a Vida, que é
Luz, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece.
Vós, entretanto, O conhecereis, porque habita convosco, e está em vós.
18. Não vos deixarei órfãos, mas voltarei e manifestar-me-ei direta e
intimamente em vós.
19. Ainda um pouco e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis
porque estou Vivo em vós e vós viveis em Mim:
20. Nesse dia compreendereis que eu Vivo no Pai, e vós viveis em mim,
assim como eu Vivo em vós.
21. Quem conserva os meus Ensinamentos, e os pratica, este está Vivo
em Mim; e quem está Vivo em Mim, está Vivo no Pai; eu o infundirei de
Vida Verdadeira e me manifestarei através dele”.
22. Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: “Rabi, por que te manifestarás
interiormente em nós, e não exteriormente ao mundo?”
23. Jesus lhe respondeu: “Se alguém está Vivo em mim, pratica os meus
Ensinamentos; deste modo, meu Pai estará Vivo nele e, juntos, nele
viveremos e estabeleceremos morada.
24. Quem não está Vivo (desperto) em Mim não pratica esses
Ensinamentos, que não vêm de Mim, mas do Pai que me torna Vivo.

307
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
25. Isto tudo vos ensino estando ainda convosco,
26. mas quando entrardes em Comunhão com o Vosso Espírito, Centelha
do Vivo, que o Pai vos enviará em meu nome, todas as coisas vos serão
reveladas; e, então, vos recordareis de tudo o que eu vos tenho ensinado.
UNIÃO COM CRISTO
Jo. 15:1-17
1. Eu sou a Videira Verdadeira e meu Pai é o Agricultor.
2. Todo ramo em mim que não produz fruto ele o corta, e todo o que
produz fruto ele o poda, para que produza mais fruto ainda.
3. Vós já estais limpos, pelos Ensinamentos que vos revelei.
4. Permanecei em mim, como eu permaneço em vós; assim como o ramo
não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, também
vós não podeis produzir frutos se não permanecerdes em Mim.
5. Eu sou a Videira e vós sois os ramos da Videira: Aquele que
permanece em Mim e Eu nele, esse produz muito fruto; porque, sem
Mim, nada podeis fazer.
6. Se alguém não permanece em Mim é lançado fora e, assim como o
ramo, seca; tais ramos são recolhidos e lançados ao fogo, a fim de
ficarem limpos de suas impurezas.
7. Se permanecerdes em mim e Meus Ensinamentos permanecer em vós,
pedi o que quiserdes e vos será feito.
8. Se seguirdes a Doutrina, a Força e o Poder do Pai se tornarão
manifestos através de vossas obras.
9. Assim como o Pai autenticou as Minhas obras, eu também autenticarei
as vossas: Permanecei fiéis ao cumprimento de Meus Ensinamentos;
10. porque, no cumprimento de Meus Ensinamentos, permanecereis
unidos a Mim, do mesmo modo que Eu, no cumprimento desta Doutrina,
que é verdadeiramente do Pai, permaneço a Ele unido.
11. Isto tudo vos Ensino para que alcanceis a Minha Realização, e para
que a vossa Realização seja Plena.
12. Um só é o meu mandamento: ‘Que vos doeis uns aos outros, assim
como eu doei-me a vós’.

308
Sebastião Anselmo
13. Não há maior amor do que este: Doar a própria vida em favor de seu
irmão.
14. Vós sereis meus amigos se praticardes os meus Ensinamentos;
15. já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu
senhor: Chamo-vos amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu vos
dei a conhecer.
16. Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu quem vos escolhi e vos
investi do conhecimento desta Doutrina para que, indo, produzais fruto,
um fruto que permaneça para a Vida; e, assim, tudo o que pedirdes ao
Pai em meu nome, ele vo-lo concederá.
17. Numa só coisa se resume a Doutrina que vos trago: ‘Que, a todos, de
todo vos doeis!’
ÓDIO DO MUNDO
Jo. 15:18-27
18. Se o mundo não vos recebe, sabei que, primeiro, não recebeu a mim.
19. Se vós fôsseis do mundo, o mundo vos receberia; mas, como vós não
sois do mundo, porque do mundo eu vos peneirei, o mundo não vos
recebe.
20. Lembrai-vos do Ensino que eu vos dei: Não é o servo maior que o seu
senhor. Se a mim perseguiram, também hão de vos perseguir; mas se
praticarem os meus Ensinos, também aos vossos praticarão.
21. Porém, tudo o que fizerem contra vós, por causa do meu Nome o
farão; porque não conhecem Aquele que me enviou.
22. Caso eu não tivesse vindo ao mundo, e ensinado esta Doutrina, eles
não teriam incorrido em erro; mas, por eu ter vindo ao mundo, e
ensinado a Doutrina, já não têm desculpa para o seu erro.
23. Quem a mim não recebe, também ao Pai deixa de receber.
24. Se eu não tivesse feito entre eles as obras que nenhum outro homem
jamais fez, não teriam responsabilidade pelo seu erro; mas eles viram e,
mesmo assim, não nos receberam: A mim e ao Pai;
25. mas isto, porém, é para que se cumpra o que está escrito sobre eles na
Lei: ‘Sem motivo, rejeitaram-me’.

309
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
26. Quando a vós se manifestar o Espírito que vos enviarei da parte do
Pai, o Espírito Verdadeiro, o que é Vivificado pelo Pai, vereis que ele
confirmará tudo o que vos Ensinei;
27. e então, vós também me dareis testemunho, porque estais comigo
desde o Princípio.
O TRABALHO DO ESPÍRITO
Jo. 16:1-15
1. Digo-vos isto para que fiqueis prevenidos:
2. Sereis expulsos das sinagogas e, mais ainda, chegará um tempo em
que aquele que vos matar acreditará estar realizando um serviço em
favor da Luz;
3. e tudo isto farão porque não foram capazes de reconhecer a Força e o
Poder do Pai atuando em Mim.
4. Tudo isto eu vos digo agora para que fiqueis prevenidos e para que,
quando chegar esta hora para vós, vos lembreis de que eu,
antecipadamente, vos preveni; e não vos disse antes porque eu estava
convosco.
5. Agora, porém, volto para o seio d’Aquele que me enviou, e nenhum de
vós me pergunta: 'Para onde vais?'
6. Mas vejo, porém, que, porque eu vos disse tudo isso, o vosso coração se
encheu de tristeza;
7. no entanto, eu vos digo a verdade: Convém a vós que eu me vá,
porque, se eu não me for, e não der por concluída a Minha Obra, o vosso
Espírito não virá a vós; porém, se eu me for, e derdes testemunho da
Doutrina, vós O alcançareis.
8. E, quando ele chegar a vós, enxergareis com clareza as consequências
dos enganos do mundo; e o julgareis com justiça e discernimento.
9. Então, compreendereis que a causa de o mundo não crer em Mim é o
engano em que vive;
10. e considerareis justa a necessidade de eu voltar ao seio do Pai, e não
mais estar ao alcance de vós, para que possais colocar em prática esta
Doutrina,

310
Sebastião Anselmo
11. alcançando, assim, o necessário discernimento que vos trará o vosso
Paráclito, a fim de identificar o Príncipe deste mundo.
12. Muitas coisas ainda tenho a vos revelar, porém, por agora não as
podeis compreender;
13. mas quando alcançardes o vosso Verdadeiro Espírito, ele vos revelará
a Verdade Absoluta, porque não fala de si mesmo, mas de tudo o que tem
ouvido no Contato-Íntimo com o Pai; e vos tornareis conscientes de tudo
o que passou, e das coisas que virão:
14. Ele está transubstanciado em Mim, por isto vos poderá dar a
conhecer a Verdade;
15. e compreendereis que tenho Unidade com o Pai. Por isso eu vos
disse: ‘Ele está transubstanciado em Mim’; e neste momento, podereis
compreender a Verdade”.
ALEGRIA MÁXIMA
Jo. 16:16-23a
16. Um pouco de tempo ainda e já não mais me vereis; porém, tendo
passado um pouco de tempo, em vós me percebereis. Isto, porque vou
para o Pai.
17. Então, alguns de seus discípulos comentaram entre si: “O que ele
quer dizer, quando diz: ‘Um pouco de tempo ainda e já não mais me
vereis; porém, tendo passado um pouco de tempo, em vós me
percebereis? E também: ‘Isto porque vou para o Pai’?”
18. E se questionavam: “Quanto é ‘um pouco’? Não compreendemos o
que está dizendo”.
19. Percebendo Jesus que eles estavam confusos quanto ao significado
do que lhes revelara, disse: “Quereis saber o que significa: ‘Um pouco
de tempo ainda e já não mais me vereis; porém, tendo passado um pouco
de tempo, em vós me percebereis’? E também: ‘Isto porque vou para o
Pai’?
20. Em Espírito Verdadeiro, eu vos digo: Havereis de muito chorar e se
lamentar, enquanto o mundo estará vibrando de alegria; havereis de
passar por muito sofrimento, mas a vossa dor se transformará em
alegria.

311
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
21. Porque este momento é semelhante a uma mulher, quando está para
dar à luz: Ela sofre e se entristece porque chegou a sua hora; contudo,
quando nasce a criança, ela já não se lembra do sofrimento pelo qual
passou, simplesmente pela alegria de ter dado à luz um Novo Homem.
22. Assim também será para vós: Primeiro a dor, a tristeza e o
sofrimento; mas depois, quando já fordes capazes de me perceberdes em
vós, de novo se alegrará o vosso coração e nada será capaz de separar-
vos desta alegria.
23a. E, quando este dia chegar, nada me perguntareis, porque já a tudo
compreendereis.
A ORAÇÃO
Jo. 16:23b-33
23b. Em verdade, eu vos digo: Neste momento, tudo o que pedirdes ao
Pai, estando vós em Comunhão-Íntima comigo, ele vo-lo dará.
24. Até agora nada pedistes estando jungidos a Mim; mas pedi, e vereis
que recebereis, e assim a vossa alegria ser tornará plena.
25. Tudo isto eu já vos tenho ensinado por meio de parábolas; mas vai
chegar o dia em que já não vos ensinarei por parábolas, mas falarei
diretamente ao vosso íntimo a respeito do Pai;
26. nesse dia pedireis coisas em meu nome, e não vos digo que pedirei ao
Pai para dá-las a vós,
27. pois o próprio Pai vos receberá, porque vós me recebestes e crestes
que vim como enviado da Luz.
28. Saí da Luz e, por Ela, fui enviado ao mundo das formas; agora deixo
o mundo das formas e volto para o reino da Luz, de onde saí”.
29. Disseram-lhe os discípulos: “Agora falas claramente, sem usar de
parábolas,
30. e compreendemos que ensinas sobre todas as coisas, mesmo que
ninguém lhe tenha perguntado; e cremos que isto se dá por causa de sua
Unidade com a Luz”.
31. Jesus lhes respondeu: “Agora credes?

312
Sebastião Anselmo
32. Então vede que a hora se aproxima, em que sereis dispersos e
seguireis cada um para o seu lado, e me deixareis sozinho; contudo, eu
jamais estou sozinho, porque sou no Pai transubstanciado.
33. Isto vos digo para que conservais a vossa paz junto a mim; porque no
mundo tereis muitas provações. Contudo, conservai o vosso bom ânimo,
porque eu venci o mundo”.
UNIFICAÇÃO COM DEUS
Jo. 17:1-26
1. Assim falou Jesus. Depois, erguendo os olhos ao céu, disse: “Pai,
chegou a hora: Transubstancia Teu Filho, para que o Teu Filho seja
transubstanciado em Ti.
2. Assim como lhe concedeste atuar com a Tua Força e Poder curando
toda carne, concede também que ele atue com a Tua Força e Poder para
infundir a Vida Imanente sobre todas as ovelhas que lhe confiaste.
3. Ora, a Vida Imanente jorra sobre todos os que conhecem a Ti, a Luz
primordial que gerou o mundo das formas, e que seguem a Doutrina
revelada por Teu Filho, Jesus, Ungido de Tua Luz.
4. Eu manifestei no mundo a Tua Força e Poder, e concluí a Obra que
me capacitaste a realizar;
5. agora Pai, recebe-me de volta à Tua Força e Poder,
transubstanciando-me em Ti, do mesmo modo que em ti era da mesma
substância antes que o mundo das formas fosse gerado de Ti.
6. Manifestei a Força e o Poder de Teu Nome, oh Essência Luminosa, às
ovelhas peneiradas do mundo que me confiaste: São Tuas ovelhas, e Tu
as confiaste a Mim, e elas compreenderam a Tua Doutrina,
7. e agora sabem que tudo o que lhes ensinei e demonstrei procede de ti.
8. A Doutrina que Tu me colocaste na boca, eu a eles transmiti; eles as
receberam e compreenderam verdadeiramente que provinha de Ti, e que
a eles chegava através de Teu Enviado;
9. por isso, a Ti rogo por eles: Não rogo pelo mundo, que não nos
recebeu; mas rogo por aqueles que me confiaste, porque me receberam e
eu os entrego a Ti.

313
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
10. Todas as ovelhas que me confiaste são Tuas e, por isso, são também
Minhas, porque nelas estou transubstanciado.
11. Logo me retirarei do mundo das formas, porque retornarei à Tua
Substância, mas elas continuarão neste mundo; Pai Santo, infunde nelas
a Tua Luz, como fizeste a Mim, para que se tornem Um Conosco.
12. Enquanto estava com elas, eu as guardava com a Luz que em Mim
infundiste, e eu as protegi; a nenhuma permiti que se rendesse aos
acordos do mundo, exceto aquela que escolheste para fazer cumprir a
Escritura.
13. Agora, porém, retorno ao Teu reino de Luz, para ser
transubstanciado em Tua Essência; mas, enquanto ainda estou no
mundo, digo tudo isto para que compartilhem da minha alegria, que
também nelas se tornará plena.
14. Eu lhes transmiti a Tua Doutrina, e o mundo das formas as odiou,
porque já não pertencem a este mundo, assim como eu também não
pertenço.
15. Pai, sei que não é possível transubstanciá-las agora em Tua Luz,
apenas peço que as protegei da influência ilusória do Mal,
16. porque elas já não pertencem a este mundo, assim como eu deste
mundo não sou.
17. Unge-lhes com o Espírito Verdadeiro, ao qual a Tua Doutrina
conduz.
18. Como tu me enviaste ao mundo, assim também os enviei,
19. e neles me transubstanciei, a fim de que sejam transubstanciados no
Espírito Verdadeiro;
20. e não rogo somente por eles, mas também pelos que me receberão
como Emissário de Tua Doutrina, através de seu testemunho,
21. para que venham a se tornar Um, assim como tu, Pai, estás
transubstanciado em Mim e Eu em Ti; que também eles se
transubstanciem em Nós, para que o mundo creia que tu me enviaste e
receba a Tua Doutrina.
22. Eu lhes transmiti o Caminho para a Transubstanciação, para que
sejam transubstanciados em Nós e Nós neles:

314
Sebastião Anselmo
23. Eu neles e tu em mim, para que sejam recebidos na Unidade, e para
que o mundo reconheça que Tu me enviaste para que possa recebê-lo
assim como recebeste a Mim.
24. Pai, as ovelhas que me confiaste quero que permaneçam em Mim,
onde eu estou, para que contemplem a Força e o Poder de Tua Luz, de
que me investiste, porque sou de Tua Substância desde antes da criação
do mundo das formas.
25. Pai justo, o mundo não te recebeu porque a Ti não conhece, mas Eu
revelei ao mundo a Tua Força e Poder e estes reconheceram que Tu me
enviaste;
26. e eu dei-lhes a conhecer a Força e o Poder de Tua Essência
Luminosa, e os atrairei a Ti, para que a Luz que infundiste em Mim
esteja neles, assim como neles estou”.
DESPEDIDA
Jo. 14:27-31
27. Eu vos deixo a paz, a minha vos dou; não vo-la dou como a dá o
mundo. Não se turbe o vosso coração, nem vos atemorizeis.
28. Ouvistes o que eu vos disse: Distancio-me do mundo para aproximar-
me de vós; se me amásseis, vos alegraríeis, porque eu vou ao Pai, pois o
Pai me abrange.
29. Eu vos disse isso agora, antes que aconteça, para que, quando
acontecer, acrediteis.
30. Já não vos ensinarei muitas coisas, porque vem aí o príncipe deste
mundo, e ele nada tem de Minha Luz;
31. mas o mundo há de conhecer que eu estou no Pai, e que, por isto,
tudo faço conforme a sua Vontade. Mas agora, levantai-vos! Vamo-nos
daqui!
SAÍDA DO CENÁCULO
Mt. 26:30; Mc. 14:26; Lc. 22:39; Jo. 18:1a
1a. Tendo falado essas coisas, Jesus saiu com seus discípulos para a
outra margem do ribeiro do Cedron,

315
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

ORAÇÃO NO JARDIM
Mt. 26:36-46; Mc. 14:32-42; Lc. 22:40-46; Jo. 18:1b
1b. (...) onde havia um jardim; ali entrou ele, juntamente com seus
discípulos.
PRISÃO MOVIMENTADA
Mt. 26:47-56; Lc. 22:47-53; Mc. 14:43-52; Jo. 18:2-12
2. Judas, o que recebera a incumbência de entregá-lo, também
conhecia o lugar, porque muitas vezes Jesus se reunira aí com seus
discípulos;
3. e então, tendo recebido dos chefes dos sacerdotes uma escolta, e dos
fariseus alguns servos, para lá se dirigiu levando consigo tochas,
lanternas e armas;
4. e Jesus, sabendo de antemão tudo o que lhe iria acontecer, adiantou-
se e interpelou-os, perguntando: “A quem procurais?”
5. Eles responderam: “Buscamos a Jesus, o Nazareno”; e Jesus lhes
disse: “Sou eu, levai-me!”; e Judas, que o entregava, lá estava com eles.
6. Quando Jesus lhes disse: ‘Sou eu, levai-me!’, eles recuaram e caíram
por terra.
7. Jesus voltou a indagar-lhes: “A quem procurais?” Eles responderam:
“Buscamos a Jesus, o Nazareno”.
8. Jesus respondeu: “Já vos disse que sou eu; mas então, se é a mim que
buscais, deixai que estes vão embora”;
9. e assim se cumpriu o que ele mesmo dissera: “Não perdi nenhum dos
que me confiaste”.
10. Então, Simão Pedro, que estava armado de espada, a
desembainhou e feriu o servo do Sumo Sacerdote, decepando-lhe a
orelha direita; e o nome dele é Malco.
11. Mas Jesus disse a Pedro: “Embainha a tua espada: Acaso não hei de
beber do cálice que o Pai me dá a beber?”;
12. em seguida, a escolta, o tribuno e os servos dos judeus o prenderam
e o manietaram.

316
Sebastião Anselmo

VISITA A ANÁS
Jo. 18:13, 24, 14
13. Conduziram-no primeiro a Anás, que era sogro de Caifás, o Sumo
Sacerdote daquele ano.
24. Então, Anás o enviou manietado a Caifás, o Sumo Sacerdote.
14. Caifás fora o que aconselhara aos judeus, dizendo: “É melhor que
um só homem morra pelo povo”.
NA CASA DE CAIFÁS
Mt. 26:57-58; Lc. 22:54; Mc. 14:53-54; Jo. 18:15-16
15. Simão Pedro e outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era
conhecido do Sumo Sacerdote e entrou com Jesus no pátio do Palácio
do Sumo Sacerdote;
16. mas Pedro ficou do lado de fora, junto à porta. Então o outro
discípulo, conhecido do Sumo Sacerdote, saiu, falou com a porteira e
fez com que Pedro entrasse no pátio.
1.ª NEGAÇÃO DE PEDRO
Mt. 26:69-70; Lc. 22:55-57; Mc. 14:66-68; Jo. 18:17-18
17. Disse então a Pedro a criada que guardava a porta: “Não és tu
também discípulo desse homem?” Ele respondeu: “Não sou”.
18. Como fizesse frio, os servos e os guardas acenderam ali uma
fogueira, e nela se aqueciam; e Pedro estava junto deles, se aquecendo.
PRIMEIRO INTERROGATÓRIO
Jo. 18:19-23
19. O Sumo Sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e
de sua Doutrina;
20. e Jesus lhe respondeu: “Falei publicamente ao mundo; sempre
ensinei nas sinagogas e no Templo, onde todos os judeus se reúnem, e
nada falei às
21. Por que me interrogais? Interrogai aos que me ouviram falar; ei-los
que aí estão, e sabem bem o que lhes ensinei”.

317
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
22. A essas palavras, um dos guardas que ali estavam deu uma
bofetada em Jesus, dizendo: “É assim que se responde ao Sumo
Sacerdote?”;
23. e Jesus, dirigindo-se a ele, disse: “Se falei mal, mostra-me a
maldade; mas se falei bem, por que me bates?”
OUTRAS NEGAÇÕES
Mt. 26:71-75; Lc. 22:58-62; Mc. 14:69-72; Jo. 18:25-27
25. Simão Pedro continuava lá, de pé, aquecendo-se, quando vieram
lhe perguntar: “Não és, também tu, discípulo dele?”; mas ele o negou,
dizendo: “Não sou”.
26. Um dos servos do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro
decepara a orelha, disse: “Não te vi eu com ele no jardim?”;
27. e Pedro novamente o negou. Então, imediatamente, o galo cantou.
ENVIO A PILATOS
Mt. 27:1-2; Mc. 15:1; Lc. 23:1; Jo. 18:28
28. Então conduziram Jesus da casa de Caifás ao Palácio do
Governador. Era de manhã. Eles, porém, não entraram no Palácio do
Governador para não se contaminarem, e assim poderem comer a
Páscoa.
ACUSAÇÕES
Lc. 23:2; Jo. 18:29-32
29. Pilatos, então, saiu para fora do Palácio, onde eles estavam, e
perguntou-lhes: “Que acusação trazeis contra este homem?”
30. Eles lhe responderam: “Não fosse ele malfeitor, não to
entregaríamos”.
31. Pilatos replicou-lhes: “Tomai-o e julgai-o vós, segundo a vossa
própria Lei”. Disseram-lhe os judeus: “Nossa Lei não nos permite
matar”;
32. mas isto aconteceu para que se cumprisse o que Jesus havia dito,
revelando o tipo de morte que haveria de morrer.

318
Sebastião Anselmo

2.º INTERROGATÓRIO
Mt. 27:11-14; Lc. 23:3-5; Mc. 15:2-5; Jo. 18:33-38a
33. Pilatos entrou de novo no Palácio do Governador, chamou Jesus e
lhe perguntou: “És tu o Rei dos judeus?”
34. Jesus respondeu: “Dizes isso de ti mesmo, ou foram outros que to
disseram de mim?”
35. Replicou Pilatos: “Porventura eu sou judeu? O teu povo, tendo à sua
frente os chefes dos sacerdotes, é que te trouxeram a mim. O que
fizeste?”
36. Jesus respondeu: “Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse
deste mundo, meus súditos teriam combatido para que eu não fosse
entregue aos
37. Disse-lhe Pilatos: “Então, tu és rei?” Jesus respondeu: “Não é disto
que me acusam? Pois eu o sou! Para isto nasci e vim ao mundo: Para
dar testemunho
38a. Disse-lhe Pilatos: “O que é a Verdade?”
3.º INTERROGATÓRIO
Mt. 27:15-23; Lc. 23:17-23; Mc. 15:6-14; Jo. 18:38b-40
38b. E tendo dito isso, saiu de novo e foi para onde estavam os judeus,
e disse-lhes: “Não encontro culpa alguma neste homem;
39. mas há um costume entre vós que eu vos solte um preso por ocasião
da Páscoa: Quereis que eu vos solte o rei dos judeus?”;
40. e o povo voltou a gritar, clamando: “Esse não, soltai a Barabas”; e
este era um criminoso.
REI ESCARNECIDO
Mt. 27:27-30; Mc. 15:16-19; Jo. 19:1-3
1. Então Pilatos tomou Jesus e o mandou açoitar.
2. E os soldados, entrelaçando uma coroa de acácia, puseram-na em
sua cabeça e revestiram-no com manto de púrpura,
3. e acercando-se dele, diziam: “Salve, rei dos judeus!”, e davam-lhe
bofetadas.

319
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

ESFORÇO PARA SALVAR


Jo. 19:4-15
4. E saiu de novo Pilatos ao pórtico do Palácio, e disse ao povo: “Vede:
Eu vo-lo trago aqui fora, para que sejais testemunha que não encontro
nele motivo algum de condenação”.
5. Saiu então Jesus ao pórtico, trazendo a coroa de acácia e o manto de
púrpura; e Pilatos lhes disse: “Eis aqui o homem!”.
6. Quando os chefes dos sacerdotes e os guardas o viram, gritaram:
“Crucifica-o! Crucifica-o!”, e Pilatos lhes respondeu: “Tomai-o vós e
crucificai-o, pois eu não encontro nele culpa alguma”.
7. Os judeus lhe replicaram: “Nós temos uma Lei e, segundo essa Lei,
ele deve morrer, porque se fez a si mesmo Filho vindo da Luz”.
8. Quando Pilatos ouviu essa palavra, ficou assustado,
9. entrou de novo no Pretório, e disse a Jesus: “Donde és tu?”, mas
Jesus não lhe deu resposta;
10. então, Pilatos lhe disse: “Não me respondes? Não sabes que tenho
poder para te soltar e poder para te crucificar?”
11. Jesus lhe respondeu: “Não terias nenhum poder sobre mim, se pelo
Alto não te fosse dado; por isso, quem me entregou a ti tem maior culpa”.
12. Depois disso, Pilatos procurava um modo de libertá-lo; mas os
judeus gritavam, dizendo: “Se o soltas, não és amigo de César! Todo
aquele que se faz rei a si mesmo, opõe-se a César!”
13. Então Pilatos, ouvindo essas palavras, conduziu Jesus para fora e
fê-lo sentar-se no Tribunal, no lugar chamado Pavimento, em hebraico
Gábbatha;
14. era véspera da Páscoa, perto da hora sexta; e disse aos judeus: “Eis
aqui o vosso rei”.
15. Eles gritaram: “À morte! À morte! Crucifica-o!” Disse-lhes Pilatos:
“Crucificarei o vosso rei?” Os chefes dos sacerdotes responderam:
“Não temos outro rei além de César”.

320
Sebastião Anselmo

SIMÃO, O CIRENEU
Mt. 27:31-32; Mc. 15:20-21; Jo. 19:16-17a; Lc. 23:26-32
16. Então, Pilatos o entregou para ser crucificado. Eles o tomaram, e o
levaram;
17a. e ele saiu, carregando a sua cruz,
A CRUCIFICAÇÃO
Mt. 27:33-38; Mc. 15:22-28; Lc. 23:33-34; Jo. 19:17b-24
17b. e chegou ao chamado ‘Lugar da Caveira’, que em hebraico se diz
Gólgota,
18. onde o crucificaram, e com ele outros dois: Um de cada lado, e
Jesus no meio.
19. Pilatos mandara escrever um letreiro e cravá-lo na cruz; o escrito
dizia: ‘Jesus Nazoreu, rei dos Judeus’.
20. Muitos judeus leram o letreiro, porque o lugar onde Jesus fora
crucificado ficava perto da cidade; e estava escrito em hebraico, latim
e grego.
21. Por isso, os chefes dos sacerdotes foram reclamar com Pilatos,
dizendo: “Não devias ter escrito: ‘Rei dos Judeus’; mas: ‘Ele disse: Sou
o rei dos Judeus’”;
22. mas Pilatos lhes respondeu: “O que escrevi, escrito está”.
23. Quando crucificaram Jesus, os soldados pegaram suas roupas e as
repartiram em quatro partes, uma para cada soldado, exceto a túnica,
que era sem costura, tecida como uma só peça, de alto a baixo;
24. então disseram: “Não a rasguemos. Vamos sorteá-la, para ver com
quem ficará”; e assim se cumpriu a Escritura, que diz: ‘Repartiram
entre si as minhas vestes e sortearam a minha túnica’: Exatamente o que
fizeram os soldados.
AO PÉ DA CRUZ
Mt. 27:55-56; Mc. 15:40-41; Lc. 23:49; Jo. 19:25-27
25. Entretanto, permaneciam de pé junto à cruz de Jesus: Maria, sua
mãe; a cunhada de sua mãe, Maria de Cleófas; e Maria Madalena.

321
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
26. Quando, pois, Jesus viu que estavam ali sua mãe e o discípulo que
ele amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis o teu filho”.
27. Depois, disse ao discípulo: “Eis a tua mãe”; e, desde essa hora, o
discípulo a acolheu em sua casa.
A Morte de Jesus
Mt. 27:45-54; Mc. 15:33-39; Lc. 23:44-48; Jo. 19:28-30
28. Depois, sabendo Jesus que sua missão no mundo estava concluída, e
para que se cumprisse toda a Escritura sobre ele, disse: “Tenho sede!”
29. Estava ali um vaso cheio de vinagre. Então os soldados, fixando
uma esponja embebida de vinagre num ramo de hissopo, levaram-na à
sua boca;
30. Jesus bebeu o vinagre e disse: “Tudo está cumprido”, e, inclinando a
cabeça, entregou seu espírito.
MORTE E LIBERAÇÃO DO CORPO
Mt. 27:57-58; Mc. 15:42-45; Lc. 23:50-52; Jo. 19:31-38
31. Como era a Preparação, véspera do Sábado, os judeus pediram a
Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos crucificados e que se os
retirassem dali, a fim de que seus corpos não ficassem expostos
durante o dia mais solene da Festa;
32. os soldados vieram, então, e quebraram as pernas dos dois que
foram crucificados com ele;
33. porém, quando chegaram a Jesus, viram que ele já estava morto e
não lhe quebraram as pernas.
34. Um dos soldados, no entanto, a fim de certificar-se que estava
morto, golpeou-lhe o lado com a ponta da lança; e imediatamente
jorrou sangue e água.
35. Aquele que o viu dá testemunho disso, e o seu testemunho é
verdadeiro; e ele sabe que diz a verdade, para que também vós creiais,
36. pois isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz
‘Nenhum osso lhe será quebrado’;
37. e também outra Escritura, que diz: ‘E verão aquele a quem
traspassaram’.

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Sebastião Anselmo
38. Depois disto, José de Arimatéia, que também era discípulo de
Jesus, embora o fosse apenas secretamente por medo dos judeus, pediu
permissão a Pilatos para retirar o corpo de Jesus, e Pilatos o permitiu;
foi ele, então, e retirou o seu corpo.
JESUS É COLOCADO NO TÚMULO
Mt. 27:59-60; Mc. 15:46; Lc. 23:53-54; Jo. 19:39-42
39. E Nicodemos, aquele que anteriormente procurara Jesus à noite,
veio também, trazendo cerca de cem libras de uma mistura de mirra e
aloés;
40. tomaram o corpo de Jesus e o envolveram em panos de linho com
os aromas, como os judeus costumam sepultar os seus mortos.
41. No lugar onde Jesus fora crucificado havia um jardim, e nesse
jardim havia um sepulcro novo, no qual ninguém ainda havia sido
sepultado;
42. e ali, então, em razão de ser o dia da Preparação dos judeus, e
porque o sepulcro estava perto, eles depositaram o corpo de Jesus.
AS MULHERES ENCONTRAM O TÚMULO VAZIO
Mt. 28:5-8; Mc. 16:2-8; Lc. 24:1-8; Jo. 20:1
1. No primeiro dia da semana, de manhãzinha, quando ainda estava
escuro, veio Maria Madalena ao sepulcro e viu que a pedra que
bloqueava a sua entrada havia sido removida.
PEDRO E JOÃO ENCONTRAM O TÚMULO VAZIO
Lc. 24:9-12; Jo. 20:2-10
2. Correu, pois, e foi a Simão Pedro e ao outro discípulo, que Jesus
amava, e lhes diz: “Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o
puseram”;
3. então, saíram Pedro e o outro discípulo e foram ao sepulcro.
4. Os dois saíram juntos, correndo, mas o outro discípulo, por ser mais
jovem, correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro;
5. e, tendo-se abaixado, viu os lençóis de linho postos no chão; porém,
não entrou.
6. Quando Simão Pedro, que o seguia, finalmente chegou, entrou no
sepulcro e viu os panos espalhados no chão;
323
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
7. mas o sudário, que envolvera a cabeça de Jesus, não estava com os
panos de linho no chão, mas cuidadosamente dobrado em lugar à
parte.
8. Então, entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao
sepulcro; viu e creu,
9. porque, até aquele momento, nenhum deles havia compreendido
que, de acordo com a Escritura, devia ele ressuscitar dos mortos;
10. e voltaram os discípulos para casa.
APARIÇÃO A MARIA MADALENA
Mc. 16:9-11; Jo. 20:11-18
11. Maria estava fora, chorando diante do sepulcro e, enquanto
chorava, inclinou-se para dentro do sepulcro
12. e viu dois Mensageiros vestidos de Luz Refulgente, sentados lá
dentro: Um se postava à cabeceira, e o outro aos pés de onde estivera o
corpo de Jesus.
13. Estes, disseram-lhe: “Mulher, por que choras?” Ela lhes respondeu:
“Porque levaram o corpo do meu Senhor, e não sei onde o colocaram”.
14. Dito isso, voltando-se para o lado de fora, viu a um terceiro que
estava ali, de pé; mas não reconheceu que este era Jesus, porque o seu
rosto irradiava uma Luz Cintilante, que ela julgava ser reflexo do sol
que lhe iluminava a face.
15. Então, Jesus lhe disse: “Mulher, por que choras? A quem
procuras?” Ela, tomando-o pelo jardineiro, respondeu-lhe: “Senhor, se
tu o levaste, dize-me onde o puseste e irei buscá-lo”;
16. e Jesus, materializando-se ainda mais, fez com que ela o
reconhecesse, e disse: “Maria!”; e ela, saindo para fora do sepulcro,
exclama, plena de alegria: “Rabboni”, que significa ‘Mestre’.
17. Então, Jesus lhe disse: “Não se demore, porque tenho pressa; mas
vai a meus irmãos, e dize-lhes: ‘Vou para meu Pai e vosso Pai, à minha e
vossa Essência’”;
18. e foi Maria Madalena anunciá-lo aos discípulos, dizendo: “Vi o
Mestre!”, e contou-lhes o que dele tinha ouvido.

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Sebastião Anselmo

APARIÇÃO AOS DEZ


Mc. 16:14; Lc. 24:36-43; Jo. 20:19-25
19. Ao entardecer desse mesmo dia, o primeiro da semana, os
discípulos estavam reunidos e com as portas bem fechadas, por medo
dos judeus. Jesus chegou, materializou-se no meio deles e lhes disse: “A
paz esteja convosco!”
20. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado feridos. Os discípulos se
alegraram ao ver o Senhor.
21. Segunda vez o Mestre lhes disse: “A paz esteja convosco! Assim
como o Pai me enviou, também eu vos envio”;
22. e, tendo dito isso, assoprou sobre eles e lhes disse: “Recebei de mim
o Espírito da Luz:
23. A quem perdoardes os erros, estes ficarão perdoados; e àqueles aos
quais mantiverdes a culpa, esta ficará mantida”.
24. Um dos Doze, Tomé, chamado ‘Dídimo’, que significa ‘Gêmeo’, não
estava com eles nesta ocasião;
25. e, quando os outros discípulos lhe disseram : “Vimos o Mestre”, ele
lhes respondeu: “Se eu não vir em suas mãos a ferida dos cravos e não
colocar o dedo no lugar; se não puser a mão na ferida de seu lado, não
acreditarei”.
APARIÇÃO AOS ONZE
1ª Co. 15:5b; Jo. 20:26-29
26. Oito dias depois, estavam os seus discípulos novamente reunidos e,
desta vez, Tomé estava com eles. Jesus materializou-se em pé no meio
deles,
quando estavam com as portas da casa trancadas, e disse-lhes: “A paz
esteja convosco!”;
27. em seguida, disse a Tomé: “Põe aqui o teu dedo e vê minhas mãos.
Estende a tua mão e apalpa a ferida do meu lado; e não sejas incrédulo,
mas crê!”
28. Tomé lhe respondeu: “Meu Senhor, minha Luz!”
29. Jesus replicou: “Foi preciso ver para creres; porém, felizes são os
que creem mesmo antes de verem”.
325
Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

CONCLUSÃO DO EVANGELISTA
Jo. 20:30-31
30. Muitos outros sinais e prodígios fez Jesus na presença de seus
discípulos e que não constam neste livro;
31. estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Ungido
Permeado de Luz, Manifestado diretamente a partir da Luz, e para
que, crendo, alcanceis também a Vida, por meio de sua Doutrina.
EPÓLOGO: DEPOIS DA RESSURREIÇÃO
Jo. 21:1-14
1. Depois disso, Jesus manifestou-se novamente aos discípulos, às
margens do mar de Tiberíades; e aconteceu assim:
2. Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado ‘Dídimo’, que
significa ‘Gêmeo’; Natanael, que era de Caná da Galiléia; os filhos de
Zebedeu; e dois outros de seus discípulos.
3. Simão Pedro lhes disse: “Vou pescar”. Eles lhe responderam:
“Vamos nós também contigo”. Saíram e subiram ao barco; mas,
naquela noite, nada apanharam.
4. Já chegando a manhã, Jesus estava de pé, na praia, mas os
discípulos não o reconheceram.
5. Então, Jesus lhes disse: “Amigos, pegaram alguma coisa?” Eles
responderam: “Nada!”
6. Disse-lhes Jesus: “Lançai a rede à direita da embarcação e achareis”.
Lançaram-na, então, e já não tinham força para puxá-la, por causa da
quantidade de peixes.
7. Então, aquele discípulo que Jesus amava disse a Pedro: “É o
Senhor!” Simão Pedro, ouvindo-o dizer: ‘É o Senhor!’, imediatamente
vestiu sua roupa — porque estava nu — e atirou-se ao mar;
8. os outros discípulos, que não estavam longe da terra, mas apenas a
cerca de duzentos côvados, vieram com o barco, arrastando a rede com
os peixes.
9. Quando saltaram em terra, viram brasas acesas, tendo por cima
peixe e pão.
10. Jesus lhes disse: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”.
326
Sebastião Anselmo
11. Simão Pedro subiu então ao barco e arrastou para a terra a rede,
cheia de cento e cinquenta e três peixes grandes; e apesar de serem
tantos, a rede não se rompeu.
12. Disse-lhes Jesus: “Vinde comer!” E nenhum dos discípulos ousou
perguntar-lhe quem era, porque intimamente sabiam que era o
Mestre;
13. e Jesus foi ao encontro deles oferecendo o peixe que mantivera
sobre as brasas; o mesmo fez com o pão.
14. Esta foi a terceira vez que Jesus se manifestou aos discípulos,
depois de ressurgir dos mortos.
O PASTOREIO DE PEDRO
Jo. 21:15-19
15. Quando terminaram de comer, perguntou Jesus a Simão Pedro:
“Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Este lhe
respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”; e Jesus, então, pediu-
lhe: “Apascenta os meus cordeiros”.
16. Perguntou-lhe segunda vez: “Simão, filho de João, tu me amas?” e,
pela segunda vez Pedro lhe respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te
amo”, e Jesus tornou a pedir-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas”.
17. Jesus voltou a perguntar-lhe: “Simão, filho de João, tu me amas?”,
e Pedro entristeceu-se, porque pela terceira vez lhe perguntava se o
amava, e respondeu-lhe: " Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo
com todas as minhas forças”, e Jesus voltou a pedir-lhe: “Apascenta as
minhas ovelhas.
18. Em Espírito de Verdade, eu te digo: Quando eras jovem, tu mesmo te
cingias e andavas por onde querias; mas quando fores velho, estenderás
as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará aonde não queres ir”;
19. disse-lhe isto para revelar-lhe com que tipo de morte Pedro voltaria
ao reino da Luz Viva. Dito isso, acrescentou: “É este o prêmio que
receberás por seguires meus Ensinamentos”.

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

PEDRO E O DISCÍPULO AMADO


Jo. 21:20-23
20. Pedro, voltando-se, viu que o seguia o discípulo que Jesus amava,
aquele que, na ceia, se reclinara sobre seu peito e perguntara: “Rabi,
quem é o escolhido para te entregar?”
21. Pedro, vendo-o, perguntou a Jesus: “Senhor, e este? O que será
dele”
22. Jesus lhe respondeu: “Este permanecerá no mundo até que se faça o
reino da Luz; quanto a ti, irás após mim para o reino”.
23. Divulgou-se, então, entre os irmãos, a notícia de que aquele
discípulo não morreria; Jesus, porém, não disse que ele não morreria,
mas: ‘Este permanecerá no mundo até que se faça o reino da Luz’.
CONCLUSÃO DO EVANGELHO
Jo. 21:24-25
24. Este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e as escreveu; e
sabemos que é verdadeiro o seu testemunho.
25. Há, porém, muitas outras coisas que Jesus fez e que, se fossem
escritas uma por uma, creio que nem no mundo todo caberiam os
livros que delas se escreveriam.

FIM

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Sebastião Anselmo

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica

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Sebastião Anselmo

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Os Evangelhos – Narrativas em ordem sequencial e cronológica
Neste novo trabalho, reunimos os textos em ordem sequencial e
cronológica de cada um dos Evangelhos Segundo Mateus, Marcos,
Lucas e João, em Nova Versão Mística, conforme publicamos em nossa
Obra anterior, com o intuito de auxiliar os estudiosos da Doutrina do
Reino da Luz Viva a terem uma compreensão mais ampla da ordem
dos acontecimentos narrados pelos evangelistas. Trata-se, portanto, de
uma obra auxiliar de tais estudos. Num próximo trabalho, reuniremos
essas quatro narrativas em ordem sequencial em novo livro formando
uma HARMONIA DOS EVANGELHOS; por enquanto, preferimos
publicar a sequência cronológica de cada evangelho a fim de
proporcionar uma melhor compreensão da mensagem que cada
evangelista pretendeu passar em seus escritos.

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