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Esdras e Neemias formavam, originalmente, um único livro, composto por uma variedade
de fontes históricas, inclusive pelas memórias pessoais de Esdras e Neemias. Isto pode ser
verificado no Talmude, a Bíblia Hebraica, nos escritos de Josefo (c. 37 -100 d.C.) e no
manuscrito mais antigo da Septuaginta (A tradução grega do antigo testamento).
Conforme a tradição judaica, Esdras, que era escriba e possuía dons literár ios, pode ter
sido um dos responsáveis pela compilação desse material na sua forma atual. Muitos
historiadores dizem que o início do livro de Esdras pode não ter sido escrito por ele, pois era
datado de muito antes... Não se sabe quem juntou em sua presente forma todos os
documentos reunidos em Esdras e Neemias.
É consenso entre os historiadores afirmar que o autor do livro de Crônicas, o ³cronista´ ,
provavelmente não seja o autor de Esdras e Neemias, como se pensava no início. Eles podem
ser datados no período entre 430 ± 400 a.C.
Os livros de Esdras e Neemias são, sem a menor sombra de dúvida, indissociáveis no seu
estudo. Isto porque tratam do mesmo período da história da nação de Israel e descrevem
como se deu o retorno do povo do exílio babilônico e a reconstrução da nação. Foram escritos
para encorajar os judeus que haviam retornado do exílio, revelando-lhes que, embora Israel
ainda estivesse sob o domínio Persa, o seu Deus soberano estava dando prosseguimento à
sua obra redentora e restabelecendo o culto verdadeiro entre eles .
Orígenes, (185-253 d.C.) foi o primeiro a separar Esdras e Neemias em dois livros.
Durante o exílio babilônico, o povo (de Judá) reconheceu que o motivo de seu sofrimento
era sua transgressão contra Deus. Em razão disso, os livros de Esdras e Neemias é também
um relato da restauração do culto ao Senhor, de uma reforma religiosa e moral do povo, cuja fé
e costumes haviam estado expostos por longo tempo às influências de outros povos, causando
o seu desvio da reta obediência à Lei de Deus .
Esdras e Neemias reúnem uma narrativa histórica composta de vários documentos que
foram combinados entre si para formar um conjunto de força e beleza. A listagem tem um
papel importante em Esdras e Neemias. Há listas de artigos do templo, dos primeiros que
regressaram do exílio, dos líderes que retornaram com Esdras, daqueles que se envolveram
em casamentos mistos, dos que reconstruíram os muros, daqueles que selaram a aliança, dos
novos residentes em Jerusalém e nas aldeias, dos sacerdotes e levitas que retornaram com
Zorobabel. Muita correspondência oficial foi incluída. Essas cartas foram escritas em aramaico,
a língua da diplomacia internacional de então. Também se registram as cartas entre os reis
Reum, Artaxerxes, Tenatai, Dario e o decreto de Ciro.
Três temas podem ser encontrados no decreto de Ciro: primeiro a reconstrução do templo
em Jerusalém é o objetivo de Deus na história da redenção; segundo, o povo de Deus como
um todo (e não somente os grandes líderes) é imprescindível na realização desse p ropósito;
terceiro, a palavra escrita é uma ferramenta poderosa utilizada por Deus para a realização do
seu objetivo.
Ciro ordenou o retorno do exílio com o expresso propósito de reconstruir ³a casa do Senhor
Deus de Israel´. A ordem de Ciro foi dada ao p ovo como um todo. O decreto do Rei Ciro foi o
instrumento humano que gerou a ação de Esdras e Neemias.
Através de várias cartas Esdras teve a autoridade para começar e recomeçar os trabalhos
no templo e executar as reformas. A Palavra Escrita de Deus é a f orça motriz na narrativa. Este
é um tema significativo uma vez que o período em consideração é o dos últimos profetas do
Antigo Testamento (Ageu, Zacarias e Malaquias). Haveria um período de silêncio depois deles
durante o qual o povo de Deus seria governado exclusivamente pela Palavra Escrita. Este
silêncio só foi rompido mais tarde, por João Batista, o precursor de Jesus Cristo
Enquanto Esdras ocupa-se da reforma religiosa e de colocar a Casa do Senhor em ordem,
Neemias, o governador enviado por Artaxerxes para a reconstrução de Jerusalém, ocupa-se
da reestruturação política e administrativa da nação de Israel.
O propósito geral de Esdras e Neemias é afirmar que Deus age soberanamente por meio
de agentes humanos responsáveis por realizar seu objetivo reden tor. Ciro promulga o seu
decreto porque o Senhor moveu o seu espírito. Aqueles que retornaram assim o fizeram
porque o Senhor moveu o seu espírito. Esdras obteve sucesso porque a boa mão de Deus
estava sobre ele. Artaxerxes patrocinou a obra de reconstruçã o porque o Senhor havia
colocado esse propósito no seu coração. Seres humanos agiam livres e responsavelmente sob
a providência de Deus a fim de que seus planos se cumprissem. Deus reina e a sua soberania
é divina.
Henrieta C. Mears (Estudo Panorâmico da Bíblia, São Paulo: Editora Vida, 2003) descreve
cinco semelhanças bastante interessantes entre Esdras e Neemias:
1. Ambos começam na Babilônia e terminam em Jerusalém;
2. Ambas as histórias começam com o decreto de um rei da Pérsia;
3. Ambos têm por tema principal a reconstrução;
4. Ambos os livros contém uma longa oração de humilhação e confissão no nono capítulo;
5. Ambos terminam com a purificação do povo.
Acima de tudo, Esdras e Neemias expressa nitidamente a soberania de Iavé, o Deus de
todas as nações. O Deus que intervém na vida dos reinos, que governa os governos. Um
Deus diante de quem os príncipes da terra são apenas servos.
Esse senhorio de Deus sobre a história, sobre as nações termina por demonstrar o
universalismo do Deus de Israel. Não apenas um Deus nacional, como os das nações
circunvizinhas, mas o Senhor de todos os povos e nações. O único e verdadeiro Deus.

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Eventos relacionados com a reconstrução das muralhas de Jerusalém e a subseqüente


eliminação das práticas erradas entre os judeus.
Abrange um período que começa mais de 80 anos depois do retorno dos judeus do exílio
em Babilônia.
As muralhas de Jerusalém são reconstruídas em face de oposição.
Em Susã, Neemias fica sabendo da condição arruinada da muralha de Jerusalém; ele ora
a Yehowah em busca de apoio, depois pede ao monarca persa, Artaxerxes, permissão
para ir e reconstruir a cidade e sua muralha; Artaxerxes consente. (1:1-2:9)
Chegando a Jerusalém, Neemias inspeciona à noite as muralhas arruinadas; depois,
revela aos judeus seu propósit o de reconstruí-las. (2:11-18).
Sambalá, Tobias e Gesém ² todos estrangeiros ² opõem-se à reconstrução; primeiro
tentam escárnio, depois conspiram para lutar contra Jerusalém; Neemias arma os
trabalhadores, e estes continua m com a construção. (2:19-4:23)
Tramas contra o próprio Neemias fracassam, e a muralha é completada em 52 dias. (6:1-
19)
A muralha é inaugurada; na cerim ônia, dois coros de agradecimento e cortejos marcham
em direções opostas no alto da muralha e se encontram no templ o; há muita alegria.
(12:27-43)
Os assuntos de Jerusalém são postos em ordem.
Depois de completada a muralha, Neemias torna Jerusalém segura com portões e designa
deveres a porteiros, cantores e levitas; encarrega da ci dade Hanani e Hananias. (7:1 -3)
Neemias empreende fazer um registro genealógico do povo; ele encontra o livro do registro
genealógico dos que retornaram de Babilônia junto com Zo robabel; os sacerdotes que não
conseguem comprovar sua genealogia são impedidos de atuar até que o sacerdote se
ponha de pé com Urim e Tumim¶. (7:5-73)
Jerusalém tem pouca população, de modo que se designa por sortes um em cada dez do
povo para morar na cidade. (7:4; 11:1, 2)
Fazem-se esforços para melhorar a condição espiritual dos judeus.
Judeus abastados concordam em fazer devoluções aos seus irmãos pobres, aos quais
cobraram erroneamente juros sobre empréstimos. (5:1-13)
Numa assembléia pública, Esdras lê a Lei, e certos levitas participam na explicação dela; o
povo chora, mas é incentivado a regozijar -se, porque o dia é santo; alegram -se também
por compreender o que se leu para eles. (8:1 -12)
No dia seguinte, à base da leitura da Lei, o povo fica sabend o da celebração da
Festividade das Barracas; acata isso por celebrar a festividad e com grande alegria. (8:13 -
18)
A seguir, realiza-se um ajuntamento durante o qual o povo confessa seus pecados
nacionais e reexamina os tratos de Yehowah com Israel; jura tam bém guardar a Lei,
refrear-se de casamentos com estrangeiros, e aceitar as obrigações para a manutenção do
templo e seus serviços. (9:1-10:39)
Depois da inauguração da muralha, há outra leitura pública da Lei; quando discernem que
os amonitas e os moabitas não deviam ser permitidos na congregação, eles separam de
Israel ³toda a mistura de gente´. (13:1 -3)
Após uma prolongada ausência, Neemias retorna a Jerusalém e verifica que as coisas
haviam deteriorado; ele purifica os refeitórios, ordena a contribuição de dízimos para o
sustento dos levitas e dos cantores, impõe a guarda do sábado e repreende os que se
casaram com mulheres estrangeiras. (13:4-30)

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