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Organização:
Alan Alves Lustosa
Bianca Rückert
Josilene Nascimento Passos
Colaboração:
Cátia Maria Moreira Cardoso
Flávia Palha
Maria Beatriz Barreto do Carmo
Revisão:
Pablo Marcio Abranches
Ilustrações e Diagramação:
Bruno Marcello
Dezembro de 2021
Sumário
Apresentação
Escalda-pés
Lavar bem a parte da planta a ser usada, em água limpa e corrente. Não se deve
utilizar plantas mofadas, velhas, danificadas, com manchas, com furos, com bichos
ou que estejam próximas a fossas, lixos, esgotos, locais tratados com agrotóxicos ou
beira de estrada, pois podem fazer mal à saúde.
Recomenda-se colher as plantas em horários que o sol estiver menos forte: no in-
ício da manhã (após a evaporação completa do orvalho da noite) ou no final da tarde.
Embora de origem natural, toda planta medicinal pode apresentar algum risco para
a saúde, como intoxicações ou reações alérgicas. Por isso, é importante verificar a
forma de uso da planta (se uso interno, na forma de chá ou tintura; se uso externo,
na forma de banho ou pomada, por exemplo), a quantidade a ser utilizada e o tempo
de tratamento. Vale lembrar que algumas plantas são recomendadas apenas para
uso externo.
Evite misturar plantas sem a orientação de alguém que tenha bastante conheci-
mento das plantas. Caso faça uso de medicamento alopático, é recomendado que
converse com o profissional de saúde que te acompanha.
Caso sinta algum efeito indesejado, ou não alcance o resultado esperado com as
plantas medicinais, procure a unidade de saúde.
PREPARO DOS CHÁS
A infusão é o chá das partes das plantas que são moles e ricas em óleos essenciais (que têm
cheiro), como flores, folhas e caules finos. Para o preparo da infusão, deve-se adicionar água
fervente sobre a parte selecionada da planta. Tampe, deixe em repouso por 5 a 15 minutos,
e coe.
A decocção (cozimento) é utilizada para partes duras das plantas (raízes, cascas). Para o
preparo da decocção, deve-se colocar a planta em água fria, levar ao fogo e ferver por 15
minutos (no caso de plantas com textura macia) ou por 15 a 30 minutos (no caso de plantas
com textura dura). Retire do fogo, tampe, deixe em repouso por 10 a 15 minutos e coe.
TINTURA OU ALCOOLATURA
Alcoolatura é a extração dos princípios ativos da planta verde ou fresca. Já a tintura é a ex-
tração dos princípios ativos da planta seca.
Para a preparação de uma tintura usa-se a proporção de 20%, ou seja, para cada 20g de
planta adiciona-se 100mL de álcool de cereais. Para a alcoolatura (planta fresca) deve-se
usar o álcool a 80% (para produzir o álcool 80% misturam-se 830ml de álcool a 96% para 170
ml de água fervida). Já para a tintura (planta seca) deve-se usar o álcool a 70% (para produzir
o álcool 70% misturam-se 730ml de álcool a 96% para 270 ml de água fervida).
Para uso interno, as tinturas devem ser feitas em álcool cereais e podem ser utilizadas dis-
solvidas em água. Outra opção é o uso de vodca e nestes casos não será preciso diluição. As
gramaturas continuam as mesmas, ou seja, para 20g de planta seca usa-se 100 ml de vodca.
Para uso externo, as tinturas podem ser feitas em álcool comum.
OLEATO
É um extrato oleoso feito através da maceração de ervas secas em contato com óleo vegetal
(coco, oliva, canola, gergelim, girassol, licuri) por um período de 30 a 45 dias.
Para a preparação do oleato usa-se 50g de erva seca para 100ml de óleo vegetal. É impor-
tante que a erva esteja completamente coberta pelo óleo, para evitar que mofe. Durante o
período de 30 a 45 dias é importante agitar o conteúdo. Manter o pote em local seco, arejado
e escuro (Caso seja necessário, cubra o pote com um pano escuro).
Para coar o conteúdo usa-se pano voal ou filtro de café (papel). Coar o conteúdo em
recipiente esterilizado.
Para uma melhor conservação, usa-se 4 gotas de oleoresina de alecrim para cada 100ml
de oleato. Quando o óleo rançar (estragar) ficará com cheiro parecido com giz de cera. É
recomendável não usar mais o produto nesta condição.
XAROPE
É preparado a partir de água e açúcar, o que atribui um melhor sabor ao produto. Assim, é
recomendado principalmente para as crianças. Não é recomendado para pessoas com dia-
betes.
Utiliza-se 100 (g) de planta seca para 1 litro (L) de xarope. Coloque 850g de açúcar e 450mL
de água em uma panela esmaltada, de vidro ou de aço inox. Dissolva o açúcar, aquecer até
fervura e acrescentar as plantas picadas.
Cascas, sementes e raízes devem cozinhar em fogo baixo por 10 a 15 minutos; folhas tenras
e flores devem cozinhar em fogo baixo por 2 a 3 minutos. Tampe a panela e deixe em repouso
até que esfrie. Por fim, filtre e guarde em um frasco escuro. Sua validade é de 10 dias em
geladeira, mas pode-se utilizar cravo-da-Índia para aumentar a validade.
REFERÊNCIAS
CARDOSO, S. R. et al. Uso Correto de Plantas Medicinais. Rede Farmácia de Minas: Com-
ponente Verde. Belo Horizonte, 2013
ESPINDOLA, F. S. et al (org.). Saúde para todos: informações sobre o uso de plantas medic-
inais: conectando o saber popular ao saber científico. Uberlândia: Composer, 2013.
“Nossos pés são a base de sustentação do nosso corpo e sofrem enorme desgaste ao longo
do dia, após horas de atividade sem descanso. O escalda-pés, é uma maneira simples e
eficaz de aliviar a tensão, relaxar a musculatura e diminuir a sensação de cansaço dos pés
e pernas. Esses efeitos estão relacionados, em grande parte, com a água e sua temperatura
- em torno dos 38°C para o escalda-pés - que possuem efeito curativo, revigorante e extrema-
mente relaxante. Além disso, segundo os chineses, nossos pés possuem cerca de 70 mil ter-
minações nervosas que estão associadas a diversos órgãos do corpo humano (reflexologia).
Sendo assim, a pressão e o aquecimento desses pontos refletem em um equilíbrio do corpo
todo.” (AFREEKANA, 2012). O uso de plantas medicinais é uma prática realizada desde os
primórdios, e que hoje vem sendo uma grande aliada para a medicina moderna.
Modo de preparo:
1º Passo:
Coloque água para esquentar em
uma panela. Deixe que aqueça
entre 36ºC e 40ºC.
2º Passo:
Ao chegar na temperatura ideal, despe-
je toda água em uma bacia. Caso fique
muito quente para você colocar seus
pés, tente encontrar uma temperatura
confortável acrescentando água natural
aos poucos. Nesse momento, aprove-
ite, também, para separar uma toalha
para o final secar os pés.
3º Passo:
Na bacia com água morna, adicione sal
grosso e ervas medicinais. Você, tam-
bém, pode adicionar óleos essenciais.
4º Passo:
Sente-se e coloque os pés na bacia.
Eles devem ficar 15min ou mais em
contato com a água. Aproveite para
colocar uma música e relaxar.
5º Passo:
Ao tirar o pé da água, é importante secar
bem os pés. Aproveite para hidratar os
pés aproveitando para massageá-los,
realizando pequenos movimentos circu-
lares na planta, dedos, calcanhares e
dorso. Também, pode colocar meias e
não tome friagem depois do escalda-pés.
Algumas das principais ervas:
Lavanda: relaxante, regeneradores celulares e podem curar frieiras, pois são fungicidas,
bactericidas e cicatrizantes.
Sálvia branca ou sálvia officinalis: como tônico, antidepressivo, baixa a pressão e equilibra
a circulação, renova a pele.
Sal grosso ou fino: Para potencializar, proporcionam sensação de leveza nos pés, ajudando
a drenar o excesso de líquidos e reduzir o inchaço
Referências
AFREEKANA, Carol. Raiz Afreekana: Escalda-pés. In: AFREEKANA, Carol. Raiz Afreeka-
na. São Paulo, 7 set. 2012. Disponível em: http://raizafreekana.blogspot.com/2012/09/escal-
da-pes.htmlhttp://raizafreekana.blogspot.com/2012/09/escalda-pes.html. Acesso em: 1 nov.
2021.
BARAKAT, Dalila. Escalda pés, uma cultura milenar. In: O Mil e uma Viagens – 1001 Trips.
[S. l.], 5 jul. 2020. Disponível em: https://www.mileumaviagens.com.br/escalda-pes/. Acesso
em: 1 nov. 2021.
SAAD, G. A. et al. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. 2. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
STRÄHUBER, Luciane. Escalda-pés: uma prática milenar, terapêutica e restauradora. In:
Wohali Terapias. [S. l.], 15 jul. 2020. Disponível em: https://wohaliterapias.com/2015/08/05/
escalda-pes-uma-pratica-milenar-terapeutica-e-restauradora/. Acesso em: 1 nov. 2021.
“Por entender que
são saberes e fazeres
tradicionais das famílias,
etnias, comunidades
e que são essenciais
para a formação de um
cidadão e de todo ser
humano.”
Maria do Socorro dos Santos
Remanso / BA
Argila (barro) é um produto natural encontrado embaixo da terra. Em função das suas proprie-
dades terapêuticas, é utilizada desde a Antiguidade em olarias, na fabricação de cerâmica,
nas medicinas e na estética.
A argila possui uma grande quantidade de minerais e um alto poder de absorção, o que lhe
possibilita reter toxinas e impurezas do organismo e tratar inflamações. Além disso, a argila
irradia energia, estimula o bom funcionamento dos órgãos adoecidos, combate a dor e o in-
chaço, tem efeito cicatrizante, calmante e antibacteriana.
Existem argilas de várias cores: (verde, branca, vermelha e amarela). As mais utilizadas na
medicina caseira são a branca e a vermelha.
Coleta:
A argila deve ser colhida em local apropriado, livre de contaminações como esterco, insetici-
da ou esgoto, longe de hospitais, indústrias e cemitérios.
Para coleta de argila, deve-se cavar um a dois metros de profundidade na terra. Após cavar,
deve-se colocar fogo na enxada para desinfecção e em seguida retirar a argila em blocos. A
argila pode ser estendida sobre uma lona para secar ao sol. Depois de seca, pode-se bater
a argila com um martelo de madeira e peneirá-la como uma peneira fina, formando um pó.
Caso não seja possível realizar este procedimento, pode-se utilizar a argila imediatamente
após colhida.
Para conservar suas propriedades e não contaminá-la deve ser guardada em vasilha de
cerâmica, louça, vidro ou madeira e cobri-la com um pano de algodão. Não se deve usar met-
al ou plástico para guardar ou manusear a argila. Para retirar a argila da vasilha, recomen-
da-se usar uma colher de pão. A argila pode ser aplicada no local a ser tratado, em forma de
cataplasma grande ou pequeno.
Cataplasma
O cataplasma é uma mistura de argila com água que possui aspecto grudento. Para preparar
o cataplasma, devemos usar vasilhas de cerâmica ou vidro e colher de pau. É importante
separar esses instrumentos apenas para manuseio do barro medicinal.
Misturamos a argila com água, até formar uma mistura grudenta. Podemos aplicá-la em
camadas de 1cm de espessura, envolvendo o membro do corpo com dor, diretamente so-
bre a pele ou entre dois panos de algodão. Este cataplasma deve ficar na pele por 2 horas.
Recomenda-se não aplicar imediatamente após as refeições.
Os cataplasmas grandes são mais usados para casos de dores em geral, reumatismo, dores
na coluna, cólica dos rins ou da vesícula, dores de estômago e do intestino. Os cataplasmas
pequenos são usados para ferida infectada, panarício (inflamação nas unhas) e queimadu-
ras. Nesse caso, usar em cima do pano de algodão.
O cataplasma frio pode ser aplicado em qualquer parte do corpo. Sobre o coração, rins e a
coluna vertebral é aconselhável aplicar argila morna, levemente aquecida em banho-maria
ou ao sol.
Após o uso, o cataplasma deve ser descartado no lixo ou em local que não contamine o
ambiente.
Lembre-se: quando estamos fazendo tratamento com argila, devemos evitar alimentos indus-
trializados e medicamentos que interferem na eliminação das toxinas.
Referência:
WERNER, David. Onde não há médico. Paulus, 22 ed, 2002.
A seguir apresentamos uma receita de gel medicinal que pode ser usado para dores muscu-
lares, traumas leves e contusões.
Ingredientes
NOTAS:
● No lugar da água, pode fazer com chá forte de alguma outra erva.
● O própolis serve como conservante.
● É importante manter na geladeira para aumentar o tempo de conservação do gel.
“Por entender que
são saberes e fazeres
tradicionais das famílias,
etnias, comunidades
e que são essenciais
para a formação de um
cidadão e de todo ser
humano.”
Eva Ferreira Santos
Ilhéus/BA
Nós mulheres somos guardiãs e detentoras dos saberes sobre nossos corpos. Historica-
mente, o paradigma médico dominante nos fez acreditar que as medicinas vindas da Mãe
Terra não serviam para prevenir doenças ou tratar desordens de nossos ciclos. Mas, sabe-
mos que a Mãe Terra oferece, generosamente, plantas e ervas potentes para equilibrar,
cuidar, acalmar e suavizar possíveis desequilíbrios, bem como para ser uma amiga que nos
acompanha e nos acolhe diariamente.
Neste exercício de resgatar e relembrar a potência da Mãe Terra, apresentaremos algumas
desordens mais comuns do nosso ciclo feminino, e possíveis cuidados e tratamentos fito-
terápicos e naturais.
Nossa cultura retirou a possibilidade de viver o ciclo menstrual de maneira confortável e bem
cuidada. Normalmente, mesmo menstruada, trabalhamos e produzimos sem conseguir ga-
rantir um tempo para o autocuidado.
Quando estamos perto de menstruar, nosso corpo físico, emocional e espiritual manifesta
sensações, que podem nos informar sobre nossas necessidades mais profundas. Muitas
vezes, sentimos cansaço, peso nas pernas, irritação, dor de cabeça, inchaços. Tudo isso nos
aponta que precisamos guardar alguns minutos do dia para o autocuidado.
Para ajudar nesse processo, podemos fazer algumas medicinas:
• Chá de tangerina + casca de limão + anis estrelado - 2x ao dia
• Escalda-pés com ervas calmantes (camomila, lavanda, cidreira)
• Tomar chá de camomila - 2x ao dia
• Tintura ou chá de artemísia - 3x ao dia
Cólicas Menstruais
As cólicas nos alertam que algo precisa ser cuidado/olhado no ciclo menstrual. Neste período
é importante beber bastante água e descansar sempre que possível.
Para ajudar na diminuição de dores e incômodos do período menstrual, podemos usar:
• Chá de anis estrelado
• Chá de alecrim
• Chá de camomila
• Chá de orégano
• Mascar ou fazer chá da raiz do gengibre
• Escalda-pés, para deixar os pés quentinhos. Desta forma, também deixaremos nosso
útero quentinho e confortável.
O fungo que mais provoca infecções é o Candida albicans. Por isso chamamos de can-
didíase. Este fungo é encontrado em todas as partes do corpo, como boca, intestino e vagina.
Na vagina, o fungo pode viver sem causar danos, mas desequilíbrios podem fazer o fungo se
desenvolver e multiplicar, provocando incômodos.
Quando a acidez da vagina se altera, o fungo passa a se reproduzir, causando infecções.
Principais sintomas: fluxo vaginal anormal (normalmente abundante, cor branca e textura
leitosa), vermelhidão, ardor, coceira.
Cuidados
Menopausa
Cuidados
Cistite é uma inflamação na bexiga, sendo muito comum acontecer nas mulheres. Estamos
mais propensas a contraí-la porque nossa uretra é mais curta e próxima ao ânus, o que pode
facilitar as infecções.
Situações em que as mulheres usam pílulas anticoncepcionais, tem diabetes, estão gestan-
tes ou estão com baixa imunidade também são fatores que colaboram no aparecimento das
inflamações.
Sintomas mais comuns: vontade frequente de urinar, sensação de ardor, sobretudo quando
fizer xixi. Fazer xixi com sangue ou dor; dor acima do púbis; falso desejo de fazer xixi (só
saem algumas gotinhas); xixi com mal cheiro e mais escuras.
Caso perceba algum destes sintomas, mantenha os cuidados básicos de hidratação e pro-
cure com agilidade a Unidade de Saúde mais próxima. Infecções são normalmente causadas
por bactérias e, por isso, precisam ser rapidamente curadas.
Cuidados básicos
Limpeza Uterina
O útero é considerado o segundo coração das mulheres. Através dele as energias de criação
e fertilidade são movimentadas em nossas vidas.
Durante todo o ciclo, esse órgão vive diferentes transformações, sendo um grande receptor
de sangue, fluídos, emoções e energias.
Por isso, é importante que pelo menos a cada 6 meses façamos uma limpeza uterina, para
uma faxina física e emocional.
Deixar em maceração em uma garrafa de vinho tinto por 15 dias. Depois de pronto, coar.
Tomar 2 colheres de sopa por dia até finalizar a garrafada. Repetir por três meses, para trat-
amentos mais profundos. Pode ser usado para tratamento de endometriose e adenomiose
Referências