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utilizadas no tratamento
de gripes e resfriados
Recife, 2021
Corpo Editorial
José Guilherme Crespo de Farias
Rafaela Cavalcante de Barros
Coordenadora do Projeto
Lourinalda Luiza Dantas da Silva
Autoras e Autores:
Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen
Claudeonora Ana Alves
Neidjane dos Santos Cordeiro
Kézia Oliveira dos Santos
Júlia Martins Figueiredo
José Rogério Silva da Fonseca Junior
Brenda Suelany Oliveira Maranhão
Luciana Valois Pereira de Castro
@redearoeirasaude
SUMÁRIO
Apresentação ...................................................................1
Bibliografias das mulheres curandeiras ......................2
Introdução ......................................................................6
Rede Aroeira ...................................................................8
Capítulo 1- Quina-quina .............................................10
Capítulo 2 - Ipê-Roxo ..................................................19
Capítulo 3 - Alho ..........................................................27
Capítulo 4 - Espinho-de-Cigano ................................35
Capítulo 5 - Angico ......................................................40
Capítulo 6 - Imburana-de-Cheiro .............................50
Capítulo 7 - Jatobá ......................................................62
Capítulo 8 - Murta da Chapada do Araripe..............84
Capítulo 9 - Marmeleiro do Mato ..............................86
Glossário ........................................................................92
APRESENTAÇÃO
Esta Cartilha é uma costura dos saberes e
práticas sobre saúde de mulheres que fazem
parte da Rede Aroeira de Saúde da Mulher no
Campo e na Cidade. As comunidades onde estas
rendeiras estão localizadas situam-se em vários
municípios do Estado de Pernambuco. A
preocupação com a chegada da pandemia e a falta
do acesso a saúde de qualidade para as
populações vulneráveis no campo e na cidade no
nosso estado, fez com que as rendeiras se
articulassem na promoção de saúde, através dos
saberes e práticas das benzedeiras e das
raizeiras. Tecendo assim os conhecimentos das
principais plantas medicinais e alimentos que
estivessem prevenindo e tratando as gripes e
resfriados nos seus territórios. Estas
reflexões compartilhadas em rede formam esta
cartilha que agora é apresentada.
1
Biografias das Mulheres
Curandeiras
Claudeonoura Ana Alves
2
Mulher do Sertão do Moxotó
Me chamo Claudeonoura Ana Alves e tenho 42 anos.
Sou Índia do território Kambiwá, lugar mais conhecido
como Baixa da Alexandra. Nasci aqui mesmo na aldeia,
onde vivo até hoje. Tenho uma filha chamada Hellem
Maria, nós participamos de todos os rituais da aldeia e
vivemos da agricultura e da arte. As plantas medicinais
são nossos remédios, elas sempre fizeram parte da
minha vida, sendo utilizadas em vários tipos de doenças.
Eu obtive resultados positivos com elas dentro do nosso
território. Por isto, protejo nossas plantas medicinais,
pois é delas que buscamos á cura e construímos a nossa
saúde.
3
Mulher do Sertão do Araripe
Sou agricultora, benzedeira, raizeira, educadora
popular, orientadora em saúde comunitária,
pesquisadora/ praticante dos saberes e vivências dos
povos e Graduanda no Curso de Ciências Humanas. Me
chamo Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen e
tenho 46 anos e sou associada da Agrodóia, participo
ativamente do Fórum de Mulheres do Araripe, da Rede
Aroeiras de Saúde da Mulher do Campo e da Cidade e
faço parte também da Rede de Apoio a Mulheres
Agroflorestoras (Rama), com atuação em todo o país.
Mãe de quatro filhos (Jefferson, 22 anos; Pedro, 17 anos;
Fernanda 13 anos e Débora, 07 anos) e esposa de Vilmar.
Em casa ensino que todos devem colaborar, segundo
suas idades e habilidades, transmitindo a nova geração
os valores e princípios de vida como opção para viver no
campo.
4
Mulher do Sertão do Pajeú
Me chamo Neidjane Cordeiro, tenho 32 anos e sou
Camponesa, educadora popular, mãe do Samuel e da
Alicy. Nasci e cresci em Santa Cruz no Sertão do
Araripe. Atualmente moro em Afogados da Ingazera
no Sertão do Pajeú. A minha família sempre cultivou
muitas plantas para uso medicinal tanto no quintal
como no roçado. Apesar de ter vivido em duas regiões
do sertão, cada uma apresenta costumes diferentes e
usam as plantas medicinais para finalidades diferentes.
5
INTRODUÇÃO
Na Região Metropolitana do Recife temos uma
associação que há mais de 20 anos contribui através
da agricultura urbana, as Farmácias Vivas, no
beneficiamento, produção e comercialização de
produtos tradicionais fitoterápicos nas feiras
agroecológicas, contribuindo na prevenção e
tratamento de saúde das populações, sendo que esta
prática é política ( Politica Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos) no nosso país mas que
nunca alcançou as ações que a AMARFTSA (Associação
dos Manipuladores de Remédios Fitoterápicos
tradicionais Semiartesanal do Estado de Pernambuco)
já alcançou no mesmo período de existência. A Rede
Aroeira de Saúde da Mulher no Campo e na Cidade,
compõe com articuladoras, rendeiras que fazem parte
da AMARFTSA. No auge da pandemia em 2020 realizamos
uma vakinha pra conseguir recurso para produzir
lambedores que atuam em gripes e resfriados e
distribuir frente as populações vulneráveis no Campo
e na Cidade. Foi a primeira ação emergencial da rede
no Estado. Os fitoterápicos foram distribuídos
através das antenas de cada comunidade presente na
Rede. A comunidade do Poço da Cruz, Ibimirim-PE,
Comunidade Quilombola Sítio Teixeira, Comunidade de
Pescadores Tradicionais Ilha de Deus, Recife – PE,
Comunidade de Marisquieras, Maracaipe – PE, foram as
primeiras a receberem os lambedores devido alta
ocorrência de casos de COVID-19.
6
Tivemos a oportunidade de fortalecer e interiorizar as
ações da rede através do projeto: Ação Fitoterápicos
nas Comunidades tradicionais do Campo e da Cidade no
enfretamento a COVID-19 que além de receberem os
fitoterápicos, foram implantadas as farmácias vivas,
laboratórios de campana e realização de oficinais de
tinturas e lambedores com a utilização do recurso
emergencial do Fundo Casa. As comunidades assistidas
foram o Povo Kambiwa, Inaja-PE, Comunidade Varzinha
dos Quilombolas, Iguaracy-PE, Sitio Malokambo,
Tracunhaem-PE, Comunidade do Chapéu do Papa, Recife -
PE e as comunidade que já foram mencionadas. Com estas
ações articuladas com os territórios e as comunidades
foi possível prevenir e tratar os casos de Covid-19
através da utilização das plantas medicinais, produtos
fitoterápicos tradicionais e as práticas de saúde
integral. As atividades desse projeto foram
desdobradas dentro dos cursos de graduação dos cursos
de Biologia e Engenharia Florestal da Universidade
Federal Rural de Pernambuco, através das disciplinas
de química orgânica ministradas pela Profa Lourinalda
Silva, tendo como trabalho de pesquisação junto as
mulheres protagonistas da saúde em suas comunidades e
territórios, Silvanete Lernen, Lalinha Kambiwa e
Neidjane Cordeiro. O produto gerado foi esta cartilha
com a contribuição das mulheres e estudantes da
graduação. Um processo muito rico, cheio de
encantamento, amorosidade, saberes, práticas e muita
ciência e que esta sendo socializada com toda a
comunidade. 7
REDE AROEIRA SAUDE DA MULHER
NO CAMPO E NA CIDADE
A Rede Aroeira de Saúde da Mulher no Campo e na
Cidade foi criada através de uma articulação realiza
pelo Laboratório de Química Aplicada à Fitoterápicos
e o Núcleo de Agroecologia e Campesinatos ambos
localizados na Universidade Federal Rural de
Pernambuco, em 23 de outubro de 2019. Mulheres do
campo e da cidade que trabalham com práticas de saúde
tradicionais e populares que fazem parte dos seus
territórios para socializarem e fortalecerem em rede.
Desde sua criação a Rede Aroeira tem realizado
atividades em vários territórios para que outras
mulheres possam conhecer, socializar e fortalecer
seus saberes e fazeres dentro dos seus territórios. A
Rede Aroeira é uma articulação destes saberes e
práticas sem esquecer de cuidar e olhar para a saúde
das mulheres. Dentro da Rede tem mulheres que são
especializadas com a saúde da mulher. A Rede também é
uma escuta desses saberes e práticas que cuida de
preservar os conhecimentos ancestrais, tradicionais e
populares e por é importante construir as atividades
de forma coletiva. Produzir material de divulgação de
acordo com as demandas dos territórios também faz
parte da articulação da Rede Aroeira de Saúde.
8
O mais importante de tudo é que as mulheres se
apropriem e empoderem-se e saibam que ela que são as
protagonistas das articulações. E que as demandas
virão de acordo cm a realidade dos territórios. A
valorização, preservação e conservação dos biomas
localizados nos territórios também faz parte da
articulação da Rede Aroeira de Saúde, as plantas
medicinais, alimentícias hoje estão ameaçadas e por
isso que também fazemos esta atividade. Se as
plantas forem extintas e com ela irão todo o poder
de cura da Caatinga, da Mata Atlântica, das futuras
raizeiras e parteiras. Atualmente a Rede Aroeira
conta com aproximadamente 50 pessoas dentre elas nos
temos: 1. Mulheres do LaQAF/UFRPE, 2 .Mulheres
Apicultoras, 3. Mulheres Indígenas, 4. Mulheres do
Pajeú, 5. Mulheres Boninas, 6. Mulheres Quilombolas,
7. Mulheres do Cuidado Ginecológico, 8. Mulheres da
Agricultura Urbana, 9. Mulheres da Saúde do MST, 10.
Mulheres do Flor do Mulungu, 11. Mulheres da
Agrodoia. São mulheres que são articuladores e
multiplicadoras de ações nos seus territórios.
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CAPÍTULO 1
Quina-quina
(Coutarea hexandra)
Autoras:
Aline Kassandra Alves Carvalho; Bruna
Monaiza Silva de Oliveira; Camila Teixeira
Araújo; Gabrielle Caroline Rodrigues Costa.
Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen;
Claudeonora Ana Alves
10
Introdução
11
Quina-quina
(Coutarea hexandra)
Família: Rubiaceae
12
Morfologia: Possui copa globosa e
troncos baixos e tortuosos, com flores
que variam de tons mais claros ao rosa.
Seus frutos amadurecem nos meses de
junho e julho e servem de alimentos
para os pássaros. Árvore ornamental,
ocasionalmente usada no paisagismo, mas
que também é rara como resultado do
extrativismo predatório.
Fruto aberto
Fonte: Flora Digital
13
Distribuição: Nativa do Brasil, a Quina-quina
tem ampla distribuição por todo país, sendo
encontrada principalmente em partes úmidas da
Mata Atlântica e Floresta Amazônica, e é
conhecida em cada região de uma forma
diferente.
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Uso Medicinal: Compostos presentes na Coutarea
hexandra como flavonóides, cumarinas, alcalóides,
quinina e taninos fazem a planta apresentar efeitos
anti-inflamatório, antinociceptivo, cicatrizante e
tonificante. A Quinina, por exemplo, traz as funções
antitérmicas, antimaláricas e analgésicas. Enquanto
os flavonóides são capazes de retardar o
envelhecimento das células, além das ações
antimicrobiana, vasodilatadora, anticancerígena e
anti-hepatotóxica.
Uso Tradicional e Popular: O chá da Quina é
popularmente usado para tratar dores de cabeça,
enxaquecas, dores de barriga e infecções. Segundo
Claudenora, no território Kambiwá, a planta é
utilizada para tratar sinusite e dores de cabeças
isoladas, porém não é usada para febre, nem gripe.
Enquanto no Sertão do Araripe, é bastante usada
para enxaquecas e no combate de piolhos, conta
Maria Silvanete. Ainda é utilizada para sinusite
aplicando-se um cozido na área do nariz e em casos
mais fortes, é feito um extrato da planta que é
usado para aplicar uma gota em cada narina uma vez
por dia. Também pode ser empregado em casos onde se
tem problemas intestinais. Em relação aos sintomas
da COVID-19, é utilizado o chá da quina-quina, além
de dar um banho no indivíduo com a água bem morna
em um quarto fechado para que o vapor da planta
permaneça no ambiente.
15
A Quina-quina indicada para reduzir dores de
cabeça e no corpo, no combate a inflamações
e no alívio de febre;
É necessário atentar para a quantidade a ser
usada, pois a ingestão em excesso pode ser
tóxica e trazer mais malefícios que
benefícios;
Não é indicado o uso da Quina-quina para
gestantes, pois pode ter efeito abortivo.
Fitoterápicos:
• Chá:
1. É utilizada a casca da Quina-quina;
2. 2 Colheres de sopa da casca para 1L de água;
3. Como fazer: Deixar ferver por cerca de 10
minutos; retirar do fogo e deixar descansar
tampada por mais 10 minutos; coar e está pronto
para beber.
4. Tomar de 2 a 3 xícaras por dia.
• Aplicação direta:
1. São usadas raspas da casca da planta em
pequenas quantidades para serem colocadas em
contato com o local da dor. (Território Kambiwá)
2. Outro processo é feito da seguinte maneira:
embebedam o cabelo com o cozido da folha da
planta, em seguida amarram-no e colocam um saco
plástico na cabeça. (Sertão do Araripe)
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Referências
GIACON, Gustavo. Quina ou Quina-quina (Coutarea hexandra). Viveiro
Ciprest, 2020. Disponível em:
<https://ciprest.blogspot.com/2020/05/quina-ou-quina-quina-coutarea-
hexandra.html>.
IPÊ ROXO
(Tabebuia impetiginosa)
Autoras:
Ana Beatriz de Andrade Souza;
Esther de Souza Silva;
Emilay Natalia Silva do Nascimento;
Mariane Cassia da Silva;
Claudenora Ana Alves;
Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen;
Neidjane dos Santos Cordeiro.
19
Introdução
A etnobotânica estuda a interação entre o ser
humano e mundo vegetal em contexto cultural,
social e científico, como a antropologia e a
toxicologia, por exemplo. Sendo de grande
importância para a ciência moderna, pois ao
entrar em contato com os conhecimentos
tradicionais torna-se possível o melhor
entendimento da biodiversidade da região, seu
manejo e conservação. Esses conhecimentos são
passados oralmente de geração em geração,
perpetuando o vínculo com a natureza. Segundo
o ISA em 2001 o Brasil já classificou mais de
55 mil espécies de plantas, sendo muitas
dessas plantas medicinais e usadas pelos
povos tradicionais. Uma dessas plantas é o
Ipê Roxo que vem ganhando notoriedade e, com
a pandemia do COVID-19, está sendo utilizada
por algumas comunidades nos sintomas da
doença. Devido a todo o contexto
socioambiental é preciso conservar as
comunidades tradicionais bem como a
biodiversidade e os saberes do território,
sendo de grande importância a troca de
saberes tradicionais e os conhecimentos
científicos, com respeito mutuo.
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Nome popular
Ipê roxo; Pau-d'arco-roxo; Lapacho
Nome científico
Tabebuia impetiginosa (Mart. Ex DC.)
Mattos (sin. Handroanthus impetiginosus,
Bignoniaceae).
Família
Bignoniaceae
O Ipê roxo tem em média 8 à 13 metros de
altura, chegando a 30 metros dentro da
floresta, possui folhas compostas, de sabor
amargo, os frutos são vagens que guardam as
sementes aladas e ocorrem de forma anual. No
verão as folhas apresentam cor verde,
enquanto que no outono e inverno, antes de
cair, possuem coloração castanho-alaranjado.
Na primavera surge a floração rosa-arroxeada.
Distribuição geográfica
Originária do Brasil, ocorrendo em quase todo
o país (Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do
Norte, Piauí, Sergipe, Alagoas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São
Paulo, Espírito Santo, Paraná, Goiás Santa
Catarina, Rio Grande do Sul). Ocorre em
florestas ombrófilas densas e mistas, na
estacional semidecidual, matas ciliares e,
ocasionalmente, no cerrado e caatinga tanto
no interior da floresta primária densa, como
nas formações abertas e secundárias.
22
Composição química
A partir de extratos da folha, caule e raiz do
Ipê roxo, foram isolados diversos
fitoquímicos, dentre eles, destacasse o
Lapachou (figura 3), devido a atividade
antitumoral e por ser um potencial
antimetastático. A literatura relata que, em
diferentes concentrações, o extrato do Ipê
roxo apresenta atividades antibacteriana,
antioxidante, antifúngica, antinociceptiva,
antidiabética, anti edema, anti-inflamatória e
antitumoral.
Figura 3: Estrutura química do lapachou
24
Uso tradicional
Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen
(Benzedeira, Agrofloresteira e orientadora em
Saúde Comunitária) - Sertão do Araripe - PE.
"Nós utilizamos o chá da casca do Ipê roxo para
úlcera, gastrite e, após o parto, é indicado que
as mulheres façam banho de assento com água morna
e a raiz. O pó da raiz também é indicado para
cicatrização de feridas. Como não houveram casos
de COVID-19 na comunidade, o Ipê roxo não foi
utilizado na comunidade para esta finalidade,
apenas foi indicado o uso do chá para as pessoas
que estavam com covid nas regiões próximas, para
fazer o chá, partes da casca são deixadas à
sombra para desidratar e em seguida são maceradas
até formar um pó. Ferve-se 1L de água e são
adicionadas 2 colheres do pó e é indicado beber
durante todo o dia. Não há necessidade de coar,
pois quanto mais o pó permanecer na água, mais a
madeira irá liberar suas propriedades."
Fitoterápicos
Chá da casca do tronco de Ipê Roxo
Retirar a casca da árvore*;
Deixar as cascas secar à sombra;
Depois de secas, macerar as cascas até obter
um pó;
1L de água fervida;
Adicionar 2 colheres de sopa do pó na água e
deixar esfriar.
*Ao tirar a casca é preciso ter cuidado em não
cortar o tronco em forma de anel para não
interromper o fluxo da seiva que nutri a planta.
25
Referências
AGOSTINHO, A. B. Etnobotânica: Conhecimentos Tradicional
e Científico. Revista Biodiversidade, v. 15, n. 1, 2016.
Departamento de Ciências Biológicas, do Instituto de
Ciências Exatas e Naturais de Rondonópolis, da
Universidade Federal do Mato Grosso.
Autoras e Autores:
Bruna Maria Correia dos Santos,
Bruna Serpa Caitano,
Danilo Nunes Lemos Santos de Sousa,
Joyce Nayara Gomes da Silva
(estudantes)
Claudeonoura Ana Alves
Maria Silvanete Benedito de Sousa e
Neidjane Santos Cordeiro.
(mulheres que foram entrevistadas)
27
Introdução
O alho é uma especiaria herbácea anual aromática e
uma das mais antigas ervas autenticadas e mais
importantes, que foram usadas desde os tempos
antigos na medicina tradicional. Possui gosto e
odor bastante característico e é amplamente
utilizado como condimento na culinária mundial. No
entanto, muitas culturas diferentes também
reconheceram o potencial do alho para prevenção e
tratamento de diferentes doenças. Em medicamentos
tradicionais, relata-se várias propriedades
biológicas, incluindo atividades anti-inflamatória,
antiviral, imunomoduladora, antimicrobiana,
antioxidante e anti-hipertensiva. Esses efeitos
benéficos do alho são atribuídos, em particular, a
seus compostos contendo enxofre, alguns polifenóis
e flavonoides. Devido a suas propriedades
biológicas e consequentemente sua alta adesão
medicinal, o alho constitui diversos produtos
fitoterápicos que são tradicionalmente consumidos e
repassados a gerações. No contexto da COVID-19,
esses produtos podem ser utilizados para melhorar o
bem-estar geral do paciente e oferecer a
oportunidade de personalizar as abordagens
terapêuticas.
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Nome Popular: Alho-comum, Alho-hortense, Alho-
ordinário, Alho-vulgar, Alho-manso.
Família: Amaryllidaceae
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Uso Medicinal:
Compostos como alina, alicina, ajoenes, vinilditiínas e
flavonóides, que estão presentes no bulbo do alho,
especialmente quando esmagado, possuem propriedades
imunomoduladoras, antimicrobianas, anti-inflamatórias,
antivirais, entre outras, que permite a indicação da
planta para o tratamento de sintomas como febre, tosse,
gripe e resfriados. Além disso, pode ser usado para
tratar indigestão, infecções do trato respiratório e
urinário, sendo ainda um aliado na luta contra o
colesterol.
Uso Tradicional:
Devido a reputação em diferentes tradições como planta
medicinal profilática e terapêutica, inúmeros são os
produtos fitoterápicos provindos do alho, dentre eles as
diversas formas de chá, o óleo essencial de alho, xarope
e tintura.
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Fitoterápicos:
Chá 1
Chá 2
Xarope (Lambedor)
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Maceração com água
Composição: 1 bulbilho de alho
Preparo: Um dente de alho descascado e partido para um
copo com 200 ml de água. Deixar descansar a noite toda.
Modo de uso: Ingerir o líquido em jejum pela manhã.
Indicação: Fortalecer a imunidade
Óleo de alho
Composição: Bulbilhos de alho e óléo de gergelim.
Preparo: Deixar macerar 100g de alho junto a 100ml de
óleo de gergelim por 15 dias.
Modo de uso: Ingerir 10 gotas uma vez ao dia.
Indicação: Fortalecer a imunidade e infecções
respiratórias.
Tintura
Composição: Bulbilhos de alho e bebida alcoólica.
Preparo: Misturar 100g de alho para 300ml de cachaça ou
álcool de cereal. Deixe por 15 dias em um local escuro e
seco.
Modo de uso: Ingerir 25 gotas diluídas duas vezes ao
dia.
Indicação: ajuda a limpar o corpo de toxinas e ativar os
processos metabólicos.
Observações:
A ingestão de alho cru em altas doses com o estômago
vazio pode induzir alterações na flora intestinal,
flatulência e distúrbios gastrointestinais. Durante a
gravidez, o consumo exagerado pode levar a alguns
efeitos adversos, como afinamento do sangue e aborto
espontâneo.
33
Referências
Badal DS, Dwivedi AK, Kumar V., Singh S., Prakash A., Verma
S., Kumar J. Efeito de adubos orgânicos e fertilizantes
inorgânicos no crescimento, rendimento e suas características
de atribuição no alho ( Allium sativum L.) J. Pharmacogn.
Phytochem. 2019; 8 : 587–590.
Shang A, Cao SY, Xu XY, Gan RY, Tang GY, Corke H, et al. .
Compostos bioativos e funções biológicas do alho ( Allium
sativum L.) Alimentos (2019) 8(7):246. 10.3390/foods8070246
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CAPÍTULO 4
Espinho de Cigano
(Acanthospermum hispidum)
Autoras e Autores:
Afonso Luiz de Oliveira;
Anderson Eduardo Medeiros;
João Ômega da Silva;
Luciana Valois;
Claudenora Ana Alves;
Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen;
Neidjane dos Santos Cordeiro.
35
Introdução:
Nos territórios Indígenas, quilombos e no
Sertão Pernambucano, o Espinho de cigano (ou
Carrapicho de carneiro) é uma das plantas
mais utilizadas para o tratamento de
enfermidades virais (gripes e resfriados).
Sendo altamente eficaz contra seus sintomas
respiratórios. Esse tesouro da Natureza tem
cuidado da população por gerações,
remediando aqueles que vivem da terra.
Costuma aparecer em épocas chuvosas nos
terrenos comuns, não pode ser cultivado.
Cansaço respiratório,
Indicado também para os seguintes sintomas:
Broncodilatadora e asma.
36
Modos de preparo:
Chá:
- 2g de raiz para 100 ml de água
- Ferver e infusionar
Modo de usar: 1/2 xíc de chá 4 vezes ao
dia para crianças | 1 xíc de Chá 4 vezes
ao dia para adultos.
Tintura:
- 200g de raiz seca para 1 L de cachaça,
deixa de molho 15 dias em um vidro antes de
usar.
- Se o uso for urgente, deixar somente 3
dias.
Modo de usar: 5 ml em 10 ml de água 4 vezes
ao dia para crianças | 10 ml em qualquer
quantidade de água para adultos.
Lambedor:
- 100 g de raiz seca, 100 g de Hortelã
graúda, 17g de cravo da Índia para 1 L de
água.
- Ferve a raiz, adicionar o cravo e mexer
por 7 min.
- adicionar o Hortelã e cozinhar por 3 min.
Quando frio, adicionar 1,7 kg de açúcar
mascavo ou rapadura .
39
CAPÍTULO 5
Angico
(Anadenanthera macrocarpa)
Autoras e Autores:
José Rogério Silva da Fonseca Junior;
Luiz Miguel Gonçalves dos Santos;
Alejandro Anthony Castro da Silva;
Claudenora Ana Alves;
Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen;
40
Neidjane dos Santos Cordeiro.
Introdução
41
Nome Popular: Angico Vermelho também conhecido
como Angico de Caroço, Angico Branco também
conhacido como Angico Manjola
Morfologia:
Angico vermelho:
O angico de caroço, como é conhecido pelo povo
do território dos sertões do Araripe, Moxotó e
Pajeú, é uma árvore decídua, nativa, pioneira
de médio à grande porte, mede cerca de 13
metros de altura podendo chegar a 20 metros.
Apresenta o tronco cilíndrico ou tortuoso com
40-60 cm de diâmetro, sua casca tem aspecto
quase liso e claro até rugosa ou muito
fissurada e escura. As folhas são compostas
bipinadas (10-25 folíolos) e apresentam uma
coloração verde escuro.Possui a superfície
áspera de cor marrom. Amadurecem de agosto a
novembro.
42
Angico branco:
Arvoreta perenifólia também conhecida como
Angico Manjola conta com 2,2 a 15 m de altura e
20 a 40 cm de diâmetro, a árvore com até 25 m
de altura e 60 cm de diâmetro. Folhas com
folíolos coriáceos, nítidos, frequentemente
falados. As flores são reunidas em
inflorescências e os frutos são de coloração
marrom, com 10 a 25 cm de comprimento e 17 a 25
mm de largura,contendo entre 10 e 15 sementes.
Não é usada para fins fitoterápicos medicinais.
Angico do cerrado:
É uma árvore com muitos galhos, porém pouco
frondosa e com aspecto de mato. Tem caule reto,
galhos muito reforçados e ramificados. Suas
flores são brancas, muito numerosas, sem cheiro
e o fruto, em vagens pequenas, chatas,
compridas e de sementes pequenas; ocorre
naturalmente no Cerrado por ser uma espécie
pioneira, rústica e adaptada a terrenos secos,
podendo atingir alturas de 8 a 16 m, com tronco
revestido por grossa casca suberosa, de 30-50
cm de diâmetro.
43
Fonte: UFMG - Univaersidade Federal
De Minas Gerais
Fonte: Viveiro Ipê
45
Angico Branco: Tem várias aplicações como
fornecimento de madeira para tabuado, tacos,
marcenaria, desdobro, obras internas, ripas,
implementos, embalagens, construção civil e
naval. Gera lenha e carvão de boa qualidade.
Uso Medicinal:
Deve ser observado com atenção, a única espécie
que tem Propriedades Medicinais é o Angico
vermelho ou de Caroço, sendo utilizado com muito
cuidado e moderação.
As rezadeiras responsáveis por passar esses
conhecimentos para agregar o artigo são:
Claudeonora Ana Alves, Neidjane Santos Cordeiro e
Silvanete de Sousa Lermen.
46
O chá da casca é indicado para resfriados,
gripes, catarro de peito, faringite, infecções
pulmonares, debilidade orgânica e raquitismo;
A tintura feita a partir de sua casca é
utilizada no tratamento de reumatismo;
Goma para tratar anemia, faz o fortalecimento
do sangue, também usado como estancador de
hemorragia.
47
Goma do Angico - Dica de uso utilizada por
Silvanete de Sousa Lermen.
Usado junto ao fubá de milho, uma colher de
farinha para um quilo de fubá, por ter tanino, ele
faz a limpeza e a purificação da corrente
sanguínea, fortalecendo o sangue e evitando a
anemia.
48
Referências Angico:
ÂNGELO, Tamara; RIBEIRO, Charlis Chaves. Utilização de plantas
medicinais e medicamentos fitoterápicos para idosos. Ciência &
Desenvolvimento-Revista Eletrônica da FAINOR, v. 7, n. 1, 2014.
Autoras e Autores:
Kézia Oliveira dos Santos; Pedro Henrique de Lima
Silva; Alexandre César da Silva Alves; Maria
Augusta da Costa Luna;
Claudenora Ana Alves;
Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen;
Neidjane dos Santos Cordeiro. 50
o
Introdução
51
Morfologia:
52
Distribuição:
Ocorre em todos os estados do Nordeste
brasileiro, estando também presente em regiões
como: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás,
Tocantins, Espírito Santo, Minas Gerais e São
Paulo, chegando até a Argentina, Peru, Paraguai e
Bolívia.
Estado:
Segundo a Embrapa, com o levantamento feito pela
IUCN (União Internacional para a Conservação da
Natureza e dos Recursos Naturais) a Amburana
cearensis corre o risco de ser extinta, devido ao
extrativismo. Estando também em perigo a outra
espécie do mesmo gênero, a Amburana Acreana.
Uso Geral:
Possui uso múltiplo, tendo sua madeira que é
considerada nobre e resistente a ataques de
insetos utilizada para a fabricação de móveis
finos, construção civil, carpintaria e etc.
Uso Medicinal:
54
Usos tradicionais:
57
Já sobre o Lambedor ela diz que: “O lambedor vai
muito para o que você quer, se eu quero que o
lambedor também sirva para comida que ofende eu
tenho que colocar a semente torrada e pilada. Eu
uso a semente torrada e pilada e ela cozinhada,
se ela for somente para servir como
expectorante, ela pode ir só cozida. É uma
colher para 1 litro, só pilamos, não torramos. O
lambedor não é feito somente com uma planta, é
uma mistura com outras ervas, um coquetel de
plantas. Eu aconselho a tomar com algo quente,
como um chá, porque a absorção e a ação vai ser
mais rápida”.
58
Fitoterápicos:
·Chá:
Composição: Casca da Imburana.
Preparo: Decocção de 2g de casca para 100ml de
água fervendo.
Modo de uso: Tomar chá quatro vezes ao dia. As
crianças devem ingerir ½ xícara e os adultos 1
xícara de chá.
59
• Lambedor:
60
Referências Imburana-de-cheiro:
61
CAPÍTULO 7
Jatobá
Hymenea Courbaril
L.
JATOBÁ
Fonte: Nedjane
Santos
Autoras e Autores
Ana Carolina Santos Barbosa; Ana Fernanda Rodrigues Miranda; Brenda
Maryana Menezes Lima da Silva; Eduardo Antonio Ramos da Silva; Ellen Gomes
Bezerra; Gabriel Matos Valverde; Pedro Henrique da Silva Paiva Batista;
Vitória das Dores da Silva Nascimento.
Claudeonoura Ana Alves;
63
Nomes populares: jatobá, jatobá-verdadeiro,
jatobazeiro, jatobá-da-catinga, jatobá-miúdo,
jataúba, jataí, jataí-amarelo, jataí-peba,
jataí-vermelho, jutaí, jutaí-açu, jutaí-bravo,
jutaí-grande, jutaí-peba, jutaí-ubá, jutaí-
uva,jitaí, farinheira, jataíba, burandã,
imbiúva, jari, entre outros.
Família: Fabaceae
Morfologia
64
Sementes do jatobá. Foto: Luis Echeverri Urrea
65
Distribuição
Apesar de ser uma espécie reconhecida como típica
do cerrado, a hymenaea sp.é encontrada em diversas
regiões do país e também fora dele. No Brasil
ocorre no norte: Pará e Amazonas; Nordeste:
Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco e
Bahia; Centro-Oeste: Mato Grosso, Goiás, Distrito
federal, Mato Grosso do sul; Sudeste: Minas
Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro;
Sul: Paraná. É originário do México e das
Antilhas, também é encontrado na Bolívia, e está
sendo introduzida em outros países.
- Sobre a distribuição:
66
Preservação e conservação
67
Uso do Jatobá
68
Neidjane Santos: “Não há o costume de usar a
resina, é utilizada mais a casca (usa o jatobá
para tratar a anemia, tanto chá como lambedor).
No sertão do pajeú não tem tanto pé de jatobá
por conta do desmatamento, porque ele é muito
utilizado na fabricação de móveis, está se
tentando fazer o plantio do jatobá em
comunidades.”
69
• Medicinal:
- Hematomas (resina);
- Ferimentos (lavagem);
• Chá:
Ingredientes:
- 500 ml de água
71
Referências
CNCFlora. Hymenaea courbaril in Lista Vermelha da flora
brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação
da Flora. Disponível em
<http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-
br/profile/Hymenaea courbaril>. Acesso em 29 junho 2021.
73
CAPÍTULO 8
Murta da Chapada do Araripe
(Eugenia gracillima Kiaersk)
Autoras e Autores:
Edilson Lucas da Silva de Almeida; Emanoela Pereira de
Siqueira; Marcela Francini dos Santos de Oliveira; Ryan
Luciano Cordeiro da Silva.
Claudeonoura Ana Alves;
Maria Silvanete Benedito de Sousa
74
Neidjane Santos Cordeiro.
Introdução
75
Murta da Chapada do Araripe
Nomes Comuns: Murta, Cambuí
Nome Científico: Eugenia gracillima Kiaersk.
Sinônimos: Eugenia klappenbachiana; Eugenia
leptomischa; Eugenia multipunctata; Eugenia
neomultipunctata.
Família: Myrtaceae
Morfologia
A Planta da Murta é um arbusto, tendo entre 1
metro e meio a 5 metros de altura. A fruta é
pequena, alongada quando verde, e quando
amadurece tem um formato mais arredondado. A cor
da casca muda do verde para uma cor 100% violeta
no amadurecimento. A Murta lembra um pouco a
pitanga, porém ela é escura como uma azeitona
roxa. Sua espécie se propaga pelas sementes.
Cada fruta da Murta possui cerca de duas
sementes com um revestimento.
Fonte: RessearchGate 76
Distribuição
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Especificações Químicas
79
Fitoterápicos
Lambedor
80
Chá
Tintura
81
Banho com murta
82
Relato de Uso Tradicional
Maria Silvanete Benedito de Souza Lermen - Chapada do
Araripe, Exu-PE
83
"Tanto a casca quanto a folha, a folha é geralmente utilizada
para o chá, mas quando se prepara o banho de assento também é
feito de forma que se pode tomar, mas geralmente se usa a
folha. Mas para banho de assento, ela larga a casca, a murta
é uma planta que libera a casca, só que ela não libera a
casca todos os anos, tem ano que ela libera muita semente, e
tem ano que é mais liberado a casca."
84
Referências
REDE AROEIRAS DE SAÚDE. MURTA. 27 jul. 2020. Instagram:
@redearoeirasaude. Disponível em:
https://www.instagram.com/p/CB9PS5NHMov/. Acesso em: 30 abr.
2021.
Araujo, Dyalla & Lucena, Eliseu & Gomes, Josivanda & Maria
Feitosa de Figueirêdo, Rossana & Silva, Érllens. (2015).
Características físicas, químicas e físico-químicas dos frutos
da murta. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento
Sustentável. 10. 11. 10.18378/rvads.v10i3.3115. 85
CAPÍTULO 9
Marmeleiro do mato
(Croton sonderianus müell)
Autoras e Autores:
Aline Andreia Macedo de Oliveira; Franciele
Vitória Barros da Silva; Gabriel Brandão de Mello
Netto; Gabriela Lima de Barros Lucena; Maria
Silvanete Benedito de Sousa Lermen; Neidjane Santos
Cordeiro, Claudeonoura Ana Alves. 86
Introdução
O marmeleiro do mato é uma planta do gênero
Croton, da família Euphorbiaceae. Possui hábitos
arbustivos nas capoeiras do sertão, onde é
facilmente encontrado, e arbóreos quando cresce
na Mata Atlântica. Apresenta propriedades
químicas diversas, as quais são utilizadas para
tratar inúmeras enfermidades com técnicas de
povos nativos. Os sintomas geralmente tratados
pelo marmeleiro são: desconfortos abdominais,
vômitos, dores no estômago, tosse, entre outros.
Utilizado principalmente através de chás e
lambedores, além de se juntar a outras ervas em
outras preparações. O cultivo do marmeleiro do
mato é feito sob muita atenção dos povos
tradicionais, cujo relacionamento com as plantas
medicinais é íntimo e ancestral. O conhecimento
empírico e técnico desses povos tradicionais
contribuem significativamente para melhor
manipulação da planta, além de preservar a
espécie em seus devidos locais de subsistência.
Marmeleiro do mato (Croton sonderianus müell)
Nome Popular: Marmeleiro do mato
Nome Científico: Croton Sonderianus Müell
Família: Euphorbiaceae
Morfologia: Possui hábitos arbustivos, pode
chegar até quatro metros de altura, suas folhas
são verdes escuras e possuem flor. Suas flores
são brancas e pequenas (imagem 1), com grande
produção de néctar e pólen, tendo grande
importância para a apicultura.
Lambedor:
100g da casca seca, 100g de hortelã graúda, 17g
de cravo da índia e 1L de água. Primeiro
acrescentar a casca do marmeleiro, após fervura,
acrescentar o cravo da índia e deixar cozinhar
por 7 minutos. Depois disso, adicione a hortelã e
deixe por mais 3 minutos no fogo. Depois de
esfriar acrescente 4 tabletes de rapadura ou
1,7kg de açúcar mascavo.
90
Referências:
PLATAFORMA ESPAÇO DIGITAL. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS
ÓLEOS ESSENCIAIS DE CROTON SONDERIANUS DO AGRESTE
PARAIBANO. Plataforma Espaço Digital. Disponível
em:
<https://www.editorarealize.com.br/index.php/artigo
/visualizar/56662>. Acesso em: 30 Jun. 2021.
MACIEL; CORTEZ, M; MACIEL, J; et al. No03 dezembr
ol.2 No03 dezembr ol.2 No03 dezembr ol.2 No03
dezembr ol.2 No03 dezembro. v. 2, 2006. CNiP -
Centro Nordestino de Informações Sobre Plantas.
IVA
V CAATINGA! MARMELEIRO BRANCO -
https://www.youtube.com/watch?v=oMQ5_Qhr28k
91
Glossário
Afecções: Quaisquer doenças no corpo.
Antioxidantes: substância que reduz ou impede os
efeitos e consequências da oxidação.
Anti-hepatotóxica: Combate os danos no fígado
causado por substâncias químicas.
Antimicrobiana: Tem a capacidade de inibir o
crescimento de microorganismos, como bactérias e
fungos.
Antitérmica: Utilizado para combater a febre,
diminuindo a temperatura do corpo.
Antimalárica: Previne e é utilizado no tratamento
contra a malária.
Anticancerígena: Substância que auxilia no
combate ao câncer.
Antinociceptivo: Que anula ou reduz a percepção e
transmissão de estímulos que causam dor.
Anti-inflamatório: Substância ou medicamento
capaz de combater a inflamação dos tecidos do
corpo, e assim aliviando os sintomas causados por
essa inflamação.
Aromática: são plantas que desprendem um cheiro
ou aroma, normalmente intenso e agradável.
Alicina: principal composto bioativo do alho,
responsável por suas propriedades bactericidas e
imunomoduladoras.
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Ajoenes: são compostos ricos em enxofre,
encontrados em extratos de alho. Funciona como um
antioxidante e possui ainda propriedades
antitrombóticas e antivirais.
Arbórea: Que pertence à árvore.
Constipação: Prisão de Ventre.
Cumarina: Aromatizantes.
Depurativo: Agente, produto ou medicamento que
purifica o organismo eliminando substâncias em
excesso.
Extrativismo predatório: É a retirada
indiscriminada de recursos da natureza. Em geral
tiram-se as riquezas do local sem se preocupar se
elas se reconstituirão e, em determinado momento,
esta riqueza deixa de existir.
Enfermidades: Qualquer alteração patológica do
corpo; doença, moléstia.
Entrecasca: Parte mais interna da casca da árvore.
Fitoterápico: São produtos obtidos de plantas
medicinais ou de seus derivados, utilizados para
prevenir, melhorar e até curar diversas
enfermidades.
Flavonoides: são bioativos produzidos a partir do
metabolismo dos vegetais. Na planta eles atuam
como pigmentos coloridos e desempenham diversas
funções, como a proteção contra raios
ultravioletas.Herbácea: são plantas com caule não
lenhoso ou semi-lenhoso de porte variado.
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Inflorescência: Parte da planta onde se
encontram as flores.
Imunomoduladora: substâncias que atuam
diretamente no sistema imunológico, modulando-o
de forma a fortalecer suas defesas.
Lenhosa: Aparência ou características da madeira
Medicamentos alopáticos: São os mais utilizados
na medicina tradicional e são produzidos em
larga escala pela indústria farmacêutica.
Ornamental: O que é usado como adorno ou
enfeite, por suas características estéticas.
Perpetuação: Ação de durar eternamente ou por
tempo indeterminado.
Polifenóis: são substâncias químicas presentes
em diversos vegetais. Eles atuam como
antioxidantes, inibindo a ação dos radicais
livres e combatendo o envelhecimento das
células.
Paisagismo: É a técnica de projetar, planejar,
fazer a gestão e a preservação de espaços
livres, ou seja, organizar a paisagem.
Resina: Substância vegetal que flui naturalmente
ou por incisão da casca ou dos frutos de certas
árvores.
Terapêutica: Meio usado para tratar determinada
doença, ou seja, é um tratamento/terapia.
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Tonificante: Capaz de tonificar e que provoca uma
sensação vigorosa, além de fortificar e
fortalecer.
Teor: Conteúdo.
Vargem: Frutos das leguminosas.
Vasodilatadora: Que relaxam ou dilatam os vasos
sanguíneos, capaz de reduzir a pressão arterial e
facilitar o fluxo sanguíneo no corpo.
Vasta: Algo extenso ou que é muito amplo.
Versátil: Algo que tem muita tendência em se
alterar/mudar.
Vinilditiínas: são compostos formados na quebra
de alicina quando o dente de alho é esmagado.
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