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Plantas medicinais e o uso de fitoterápicos: saiba como elas

podem te auxiliar na saúde mental.

Cartilha de Fitoterápicos - Psicofarmacologia e Toxicologia


Profº Felipe Guilherme de Souza
Psicologia 7NA
Uma planta é considerada medicinal quando possui
substâncias que, quando administradas ao ser humano,
podem prevenir, curar ou tratar doenças. Quando se
obtém um medicamento a partir de uma planta
medicinal, este é chamado fitoterápico.

Apesar do uso de plantas medicinais para tratamento de


problemas de saúde ser tradicionalmente aceito, esta
prática da medicina popular ainda encontra resistência
por profissionais da saúde, sobretudo sob a alegação da
falta de comprovação de seus efeitos.
A pesquisadora Bettina Ruppelt, membro do comitê de
Produtos Naturais da UFF* realça que as pesquisas com
plantas medicinais no cuidado e tratamento dos
problemas de saúde mental vêm crescendo a cada dia e
trazem importantes contribuições para a melhora da
qualidade de vida da população e, consequentemente, a
promoção do equilíbrio mental, como também para a
redução do custo.

Diante das pesquisas acerca dos benefícios do uso de


plantas medicinais na saúde mental encontrou-se
diversos tipos de plantas que auxiliam na melhora da
qualidade de vida, podendo destacar a seguir alguns Esta Cartilha tem o objetivo de instruir a
população quanto ao uso seguro de plantas
desses exemplos nessa cartilha de orientação.
medicinais e fitoterápicos.

*UFF - Universidade Federal Fluminense (Rio de Janeiro - RJ)


FLOR-DE-MARACUJÁ
(Passiflora Incarnata L)

Ao contrário do que o senso comum acredita, não é o suco de maracujá


que causa sonolência, mas sim a flor-de-Maracujá, tendo três tipos da
mesma, a mais indicada é a Passiflora Incarnata L, seu mecanismo de
ação se dá na Inibição de MAO e ativação do ácido GABA, causando
efeitos depressores no sistema nervoso central.

Estudos apontam que sua ação calmante é eficaz no tratamento de


ansiedade generalizada e insônia, assim então melhorando a
concentração e causando sensação de bem estar. Um de seus efeitos
colaterais é a sensação de sonolência excessiva, em alguns casos pode
diminuir a pressão arterial e os reflexos, e raramente são notados alguns
sintomas como náusea, taquicardia e dor de cabeça.

Apesar não haver registros de toxicidade, seu uso não é indicado


para idosos, grávidas e crianças menores de doze anos, não se deve ser
usado concomitantemente com outros sedativos, calmantes e anti-
histamínicos, e também não deve ser utilizada juntamente com
antiplaquetários e anti-inflamatórios não esteroides, ou medicamentos
como aspirina, varfarina ou heparina.

O Chá de Passiflora incarnata pode ser preparado com 2 colheres de


sopa do extrato seco adicionadas a uma xícara de água fervente. Deixe
em infusão por 10 minutos, coe e beba em seguida. Em cápsulas, pode
ser ingerido de 200mg a 1g por dia.
ERVA-DE-SÃO-JOÃO
(Hypericum Perforatum)

Conhecida como hipérico, a Erva-de-são-joão, das plantas do gênero Artemísia, e


seu nome científico se chama hypericum perforatum, é uma planta antibactericida,
antifúngica, antioxidante, antidepressiva, seu uso é bem diverso, pode ser usada para
tratamentos de ansiedade e tensões musculares, psoríase, reumatismo, gases
intestinais é utilizada no tratamento de cortes, queimaduras ou feridas na pele por
conter compostos bioativos como hiperforina, hipericina, flavonoides e taninos.

É comparado com remédios antidepressivos Inibidores Seletivos de Recaptação da


Serotonina (ISRS), os dois funcionam baixando os níveis de serotonina 5-ht, no cérebro,
bloqueando a recaptação nos neurônios pré-sinápticos e aumentando a concentração
na fenda pré-sináptica.

Não é indicado o uso para pessoas que tomam a pílula anticoncepcional, pois
diminui o seu efeito, e também para pacientes com: transtorno bipolar, depressão grave,
Alzheimer, esquizofrenia, menores de 12 anos, ou pessoas que tomam antidepressivos
com recaptação de serotonina.

O efeito colateral do remédio a base da erva pode causar irritações


gastrointestinais, reações alérgicas, fadiga e agitação, mesmo sendo considerado leve.
É comprada de forma natural de variáveis formas, com as flores e folhas secas, em
tinturas ou em cápsulas, e pode ser compradas em lojas de produtos naturais ou
farmácias.

Caso queira comprar a erva seca é necessário uma colher de chá e 250 ml de água,
deixar repousar de 10 a 15 minutos e tomar após as refeições, de dois a três xícaras
por dia, já as capsulas devem ser tomadas tres vezes ao dia também após as refeições.
LAVANDA
(Lavandula Angustifólila)

Sobre a Lavanda que também é conhecida popularmente como


alfazema que possui nome científico de Lavandula Angustifólila, é um
membro da família laminaciae, do gênero Lavandula, nativa da região do
mediterrâneo. É muito cultivada para fins industriais no sul da Europa,
porém seu cultivo se espalhou pelo mundo. Seus princípios ativos são:
linalil, cariofileno, taninos, saponina ácida, princípio amargo e os álcoois
geraniol, furfurol, linalol e seus ésteres.

De acordo com (Lima et al., 2021) lavanda passou a ser inserida no


formulário de Fitoterápicos em 2021, sendo indicada para o alívio da
ansiedade e insônias leves. Vale salientar que o uso da lavanda requer
cautela, devido aos efeitos adversos que são sonolência, cefaleia,
constipação intestinal, dermatite de contato, confusão mental e
hematúria, não podendo ultrapassar 15 a 20 dias, podendo ser repetido
após 7 dias de intervalo.

O mecanismo de ação da Lavanda aumenta o efeito do ácido gama-


aminoutírico (GABA) na amígdala e tem efeitos narcóticos e sedativos
semelhantes aos Benzodiazepínicos. Outro ponto importante são as
características antibacterianas, antifúngicas e carminativas que
aumentam a cicatrização de ferida, desintoxicação de feridas associadas
a picadas de insetos.
KAVA KAVA
(Piper Methysticum)

O Piper Methysticum, mais conhecido como Kava Kava, ou só Kava, é uma planta nativa
das ilhas do Pacífico Sul, como Fiji, Vanuatu e Samoa. É amplamente utilizado por suas
propriedades medicinais e pelo seu papel nas tradições culturais.

A palavra “kava” é usada para se referir a planta quanto a bebida preparada a partir das
raízes da mesma. As suas raízes contêm compostos ativos chamados kavalactonas, que são
responsáveis pelos efeitos sedativos e ansiolíticos da planta. Esses kavalactonas têm a
capacidade de relaxar os músculos, aliviar ansiedade e promover sensação de calma, além de
melhorar o humor.

Essas substâncias interagem com receptores do cérebro, chamados de receptores GABA-


A, que desempenham um papel na regulação da ansiedade. O Kava Kava parece aumentar a
atividade desses receptores, o que resulta em um efeito relaxante e calmante.

Além disso, o kava tem também propriedades analgésicas e anticonvulsivantes. Uma


curiosidade é que a bebida é consumida em rituais sociais e cerimônias. Ela tem um sabor
amargo e terroso, e pode causar uma sensação de dormência na boca e língua. Suas
contraindicações incluem o não uso em pessoas com doenças hepáticas, alcoolismo,
depressão ou em mulheres grávidas e amamentando e crianças com menos de 12 anos,
também é contraindicado em combinação com certos medicamentos, como sedativos,
antidepressivos e medicamentos que afetam o fígado.

O Kava Kava pode causar efeitos colaterais como sonolência, tontura, comprometimento
da coordenação motora e visão turva. Deve ingerir uma cápsula quatro vezes ao dia,
obedecendo ao intervalo de seis horas entre as doses. Deve ser administrado após as
refeições. A dose diária não deve ultrapassar 9 cápsulas ao dia.
VALERIANA
(Valeriana Officinalis)

A Valeriana officinalis, popularmente conhecida como Valeriana, é uma planta


medicinal com nome científico homônimo. Ela é amplamente utilizada devido às suas
propriedades terapêuticas. A Valeriana é indicada para o tratamento de distúrbios do
sono, ansiedade e tensão muscular. Seus compostos ativos, como ácido valerênico,
valeranona e valepotriatos, possuem efeitos sedativos e relaxantes, ajudando a
promover um sono tranquilo e aliviar os sintomas de ansiedade.

No entanto, é importante destacar algumas contraindicações e precauções no uso


da Valeriana. Ela não é recomendada para gestantes, lactantes e pessoas com alergia
conhecida à planta. O uso prolongado ou abusivo também deve ser evitado, pois pode
causar sonolência excessiva, dores de cabeça e distúrbios gastrointestinais.

O mecanismo de ação da Valeriana ocorre através do aumento da disponibilidade


do neurotransmissor GABA (ácido gama-aminobutírico) no cérebro. O GABA é
responsável por regular a atividade neuronal e possui efeitos sedativos e ansiolíticos,
contribuindo para a ação relaxante da Valeriana.

Uma curiosidade interessante sobre a Valeriana é que, desde a Grécia Antiga e a


Roma Antiga, essa planta já era utilizada como remédio natural. Além disso, seu aroma
atrai os gatos, que muitas vezes ficam fascinados por ela, apresentando um
comportamento semelhante ao do catnip. É importante ressaltar que antes de iniciar o
uso da Valeriana ou qualquer outra planta medicinal, é fundamental buscar orientação
médica para uma indicação correta e segura.
MULUNGU
(Erythrina Mulungu)

O mulungu é uma planta nativa do Brasil e de outras regiões da América do Sul,


também conhecida por seu nome científico Erythrina mulungu. É popularmente
conhecida como suinã, mulungu, canivete, corticeira, mulungu-da-catinga, pau-de-
coral, sanaduí, sananduva, dentre outros.

Dentre as propriedades medicinais, são atribuídas à casca propriedades sudorífica,


calmante, emoliente e peitoral e ao fruto seco, ação anestésica local quando usado na
forma de cigarro como odontálgico . A planta é ainda popularmente utilizada no
combate a dores de cabeça, febre, insônia, inflamações, hipertensão e diabetes.

O uso do extrato promoveu a capacidade de ativação dos receptores GABAA,


liberação de acetilcolina, ativação de receptores muscarínicos e aumento da entrada
de Ca++ através de L- canais e liberação de cálcio dos estoques intracelulares.

Os efeitos adversos do mulungu são sonolência, diminuição da pressão arterial.


possibilidade de que seu consumo possa levar a paralisias musculares. Para crianças,
idosos e gestantes o uso do mulungu é de risco por não haverem estudos suficientes
que comprovem sua segurança e eficácia em tratamentos médicos.

O mulungu é vendido em diversas casas de chá e lojas de produtos naturais. Para


aproveitar a propriedade calmante dessa planta, adicione a sua casca na água
fervente por cinco minutos, coe e beba. Porém, evite tomar o chá muitos dias seguidos
e tente limitar o seu uso para pelo menos uma hora antes de dormir, uma vez que um
de seus efeitos é a sonolência.
COMPONENTES
ALINE MEIRY ROQUE BEZERRA
DEBORAH PEREIRA DA SILVA
HERIKA CRISTINA DE SOUSA PEREIRA
JOAO VITOR RODRIGUES DE MEDEIROS
JULIA ALMEIDA SOARES
KARINA DUARTE OLIVEIRA LIMA
MIKHAEL VARAO DOS SANTOS
PAULO ARTHUR DE OLIVEIRA NOGUEIRA
REFERÊNCIAS
ASSEF, Julia. Ecycle Mulungu: como usar, benefícios e
contraindicações. Disponível em:
https://www.ecycle.com.br/mulungu/amp/ Acesso em: 2. Jun. 2023.

AVENA. Avena Farmacêutica. Disponível em:


https://www.avenafarmaceutica.com.br/o-que-e-passiflora-incarnata-e-
quais-sao-seus-beneficios. Acesso em: 3. Jun. 2023.

Autor da própria saúde. Erva-de-são-joão [Dor articular, pedra nos rins,


problemas menstruais]. YouTube, 22. Nov. 2017. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=7sofuwym4ts. Acesso em: 3. Jun.
2023.

Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2011). Formulário de


Fitoterápicos da Farmacopéia Brasileira. Anvisa, p. 110.
REFERÊNCIAS
Entenda quais são as propriedades medicinais da erva-de-são-joão.
Jornal USP, São Paulo. Disponível em: http://rbp.fmrp.usp.br/entenda-
quais-sao-as-propriedades-medicinais-da-erva-de-sao-joao/. Acesso em
3. Jun. 2023.

LIMA, M. A. de; PEREIRA, K.; SOUZA, G. O. de . Promotion of herbal


medicine in the use of medicinal plants with neurological action: an
integrative review. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n.
14, p. e393101422281, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i14.22281.
Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/22281.
Acesso em: 3 jun. 2023.

LOPES, Mayke Willian. UTILIZAÇÃO DE PASSIFLORA INCARNATA


NOTRATAMENTO DA ANSIEDADE. Revista UNINGÁ Review, Paraná,
Vol.29,n.2,pp.81-86 (Jan – Mar 2017) Disponível em:
https://revista.uninga.br/uningareviews/article/download/1952/1548.
Acesso em: 3. Jun. 2023.
REFERÊNCIAS
REIS, Manuel. Tua Saúde. Kava-kava: o que é, para que serve e como
tomar (2019). Disponível em: https://www.tuasaude.com/kava-kava/
Acesso em: 2. Jun. 2023.

SILVA, Lailson Suelisson de Almeida. Potencial terapêutico de Erythrina


velutina (mulungu) na ansiedade e insônia: uma revisão da literatura. /
Lailson Suelisson de Almeida Silva. – Cuité: CES, 2020.

YONEKURA, Shigueo. Cuidados pela vida. Entenda como a planta


valeriana ajuda no combate aos distúrbios do sono. Disponível em:
https://cuidadospelavida.com.br/cuidados-e-bem-estar/dormir-
bem/entenda-como-planta-valeriana-ajuda-no-combate-aos-disturbios-
do-sono. Acesso em: 4. Jun. 2023.
OBRIGADO.

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