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HISTÓRIAS DE UM HOMEM DOENTE – PARTE I

Tornei-me um homem mal e rígido. Por qualquer mo tivo metia tiro em


miolos.

Certa manhã, ao passar na frente de uma senhora na fila do


supermercado, sendo repreendido com o xingamento de furão, esquentou-me
o cérebro e lasquei logo uma coronhada na cabeça da velha, para a surpresa
da atendente do caixa, que por sinal era muito gostosa.

Devo confessar que a mão acabou descendo com muito mais força do
que o imaginado, tudo culpa de um peque no problema nos músculos do braço,
que sabe-se lá porque sempre ocorre nesse tipo de circunstancia.

Como pedido de desculpas, mandei uma coroa de flores para a senhora,


e fiz questão de ajudar a família arcando com todas as custas do velório, o que
foi sem dúvida uma atitude muito nobre da minha parte.

A bem da verdade, na maioria das vezes a culpa é do meu dedo, que


possui um certo vicio em apertar o gatilho por qualquer minimo esquentar no
cérebro — algo parecido com o que acontece com mulheres ninfomaníacas
viciadas em pornografia, porém essas apertam outro local.

Fui num médico para resolver o problema do tic no dedo, e ele disse que
não há remédio para esse problema e que a única solução seria amputar.

Evidentemente o dedo se negou a isso, e alguns segundos depois como


se fosse uma mágica da cabala a roupa branca do médico ficou idêntica ao
uniforme dos bombeiros.

Depois disso descobri que tenho um grande dom para a moda


fashionista, pois em poucos segundos alterei o look daquele senhor — o que
nem mesmo um Karl Lagerfeld seria capaz de fazer em tão pouco tempo.

Essas são apenas algumas histórias das muitas de um homem que tem
deficiência nos dedos e nos músculos, uma pobre vitima de uma deformidade
genética. Se eu pudesse amputaria esse braço, mas c reio que não adianta,
pois de uns tempos pra cá a doença se espalhou para as pernas — pisei na
cabeça de uma freira anteontem apenas porque ela se recusou a me pagar um
boquete (pensei que ela agradaria da proposta já que sempre ficava ajoelhada
na igreja). Mas como a vagabunda disse que eu iria pro inferno apenas por
tentar agradá-la, respondi: Como sou um bom samaritano, não lhe responderei
na mesma moeda, não vou dizer que a senhora irá pro inferno, mando-lhe pro
céu, veja só como sou benevolente...

Alguns segundos depois deve ter encontrado Deus — realizei um grande


desejo daquela jovenzinha, porque tudo que ela mais desejava na vida era ver
Deus. Gostosa como é, Deus não deve ter recusado. Mas se tiver recusado o
Diabo sem dúvida fará muito bom aproveito. Se ela estiver lá, melhor, bom que
terei uma boa diversão no inferno — a freira é realmente muito gostosa.

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