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DISSERTAÇÃO
PONTA GROSSA
2014
ANDRÉ LUIZ SOARES
PONTA GROSSA
2014
Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento de Biblioteca
da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa
n.05/14
CDD 670.42
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Ponta Grossa
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
FOLHA DE APROVAÇÃO
por
Prof. Dr. Carlos Antonio Pizo Prof. Dr. Ariel Orlei Michaloski
(UEM) (UTFPR)
Prof. Dr. Maria Helene Giovanetti Canteri Prof. Dr. Antonio Augusto de Paula Xavier
(UTFPR) Orientador
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Antonio Augusto de Paula Xavier, por
ter sido um dos alicerces da minha carreira, desde a graduação em Engenharia à
obtenção do título de Mestre em Engenharia para o futuro de toda minha carreira
profissional.
Agradeço ao meu co-orientador Prof. Dr. Ariel Orlei Michaloski, por ter sido,
além de um orientador, um amigo para as horas de decisão.
Agradeço ao Sr. Antonio Marcos Rodrigues, Sócio Gerente da empresa na
qual este estudo foi realizado.
À Julia Cazini e Erika Davanzo, por terem auxiliado na análise da estrutura
da organização analisada.
À Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Ponta Grossa, por
ter proporcionado todo o conhecimento que adquiri ao longo destes 10 anos de
estudos, e dentro da qual construí toda minha carreira acadêmica. Espero
ansiosamente poder retribuir todo o conhecimento fornecido.
Aos membros de minha família, os quais estão e sempre estarão ao meu
lado.
À minha mãe Amarilis da Graça Soares, para quem dedico o meu trabalho, e
sem ela nada teria sentido.
Ao meu avô Eurides Soares, em memória.
Aos meus amigos: Cibele Aparecida de Jesus, Guilherme Dutra, Nicolas
Machado, Valéria Moro Campese, Valéria Kaminski, Thaís Alves e Ana Caroline
Dzulinski.
Enfim, a todos os que por algum motivo contribuíram para a realização desta
pesquisa e a conclusão de mais esta etapa em minha carreira acadêmica.
Viver no mundo sem tomar consciência do
significado do mundo é como vagar por uma
imensa biblioteca sem tocar os livros.
(HALL, Manly Palmer, 1922)
RESUMO
Ergonomics seeks in essence to adapt the work to the individual, using various tools
to achieve this goal, including environmental analysis. The characteristics of the
environment such as noise, temperature and lighting can influence the work of an
employee, and therefore need to be evaluated to assess its effect on the health of
workers and their working ability. The thermal stress caused by heat is the condition
where both the physiological system as the psychological system are affected by the
environment in which it is , when this temperature is in extreme levels, and can cause
effects such as: hyperthermia, dizziness, dehydration, headache, among others. The
purpose of this research was to evaluate the quantitative effect that the symptoms of
heat stress can cause on the productivity of operators in a foundry. Two
normalizations were used to analyze the thermal stress: ISO 7243 (1989), which
presents the methodology of the Index Wet Bulb Globe Temperature (WBGT) and
ISO 7933 (2004), which presents the Required Sweat Rate method. After collecting
environmental and personal data in six different points of the foundry, it was
conducted analyzes of correlation and linear regression between the index of thermal
stress and productivity to verify the relation between them. The results showed that
productivity is inversely proportional to the level of heat stress, and that the index that
has the best correlation with productivity is the WBGT, with a determination
coefficient 94.05% , ie 94.05% of the variation found for the time of casting parts,
productivity indicator is justified by the variation of WBGT index. The other indices
had correlations of 82.16 % and 78.26%, and the linear regression provided in all
methods determine an equation to predict productivity as a function of the variation of
heat stress.
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................13
1.1 PROBLEMA ......................................................................................................15
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................15
1.3 OBJETIVO GERAL ...........................................................................................16
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................16
1.5 DELIMITAÇÃO DO TEMA ................................................................................16
1.6 HIPÓTESE ........................................................................................................16
2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................17
2.1 ERGONOMIA ....................................................................................................17
2.2 ESTRESSE TÉRMICO .....................................................................................19
2.2.1 Termorregulação.............................................................................................21
2.2.2 Efeitos fisiológicos decorrentes da exposição à altas temperaturas ...............23
2.3 ÍNDICES DE ANÁLISE DE ESTRESSE TÉRMICO ..........................................26
2.3.1 IBUTG: Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo ...................................28
2.3.2 SW req: Taxa requerida de suor ........................................................................31
2.3.3 Equipamentos de medição de estresse térmico .............................................35
2.4 PRODUTIVIDADE.............................................................................................37
2.4.1 Introdução .......................................................................................................37
2.4.2 Abordagens da Produtividade .........................................................................40
2.4.3 Avaliação de produtividade .............................................................................41
3 METODOLOGIA ...................................................................................................44
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ....................................................................44
3.2 LOCAL DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA .......................................................44
3.3 COLETA DE DADOS ........................................................................................48
3.3.1 Coleta de dados ambientais ...........................................................................48
3.3.2 Coleta de dados de produtividade ..................................................................50
3.4 ANÁLISE DE DADOS .......................................................................................51
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...........................................................................54
4.1 NORMALIDADE DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS .............................................56
4.1.1 Análise de normalidade: temperatura de bulbo úmido ....................................57
4.1.2 Análise de normalidade: temperatura de globo negro ....................................58
4.1.3 Análise de normalidade: temperatura do ar ....................................................59
4.1.4 Análise de normalidade: velocidade do ar ......................................................59
4.1.5 Análise de normalidade: umidade relativa do ar .............................................60
4.2 ANÁLISE DO ESTRESSE TÉRMICO ...............................................................63
4.2.1 IBUTG:estresse térmico segundo a NR 15 (2011) e ISO 7243 (1989) ...........63
4.2.1.1 IBUTG segundo a NR 15 (2011) .................................................................65
4.2.1.2 IBUTG segundo a ISO 7243 (1989) ............................................................67
4.2.2 SWreq: estresse térmico de acordo com a ISO 7933 (2004) ..........................69
4.3 ANÁLISE DE PRODUTIVIDADE ......................................................................75
4.4 ANÁLISE DO EFEITO DO ESTRESSE TÉRMICO NA PRODUTIVIDADE ......79
4.4.1 IBUTG X Produtividade ...................................................................................79
4.4.2 Wreq X Produtividade .......................................................................................83
4.4.3 SW req X Produtividade ....................................................................................86
4.5 DISCUSSÃO .....................................................................................................89
4.6 SUGESTÕES DE MELHORIA NO AMBIENTE TÉRMICO ...............................91
5 CONCLUSÃO .......................................................................................................93
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................94
REFERÊNCIAS .......................................................................................................96
ANEXO A - Dados ambientais obtidos nas medições .......................................103
ANEXO B - Dados de produtividade obtidos nas medições .............................114
13
1 INTRODUÇÃO
cidade de Ponta Grossa – PR. Para tal, foi selecionada a atividade de vazamento
manual de peças, pois desse modo os trabalhadores poderiam influenciar
diretamente a produtividade da organização.
As medições ambientais foram realizadas em 6 pontos distintos da fábrica,
ao redor de toda a linha de produção, com o objetivo de buscar a variabilidade dos
dados obtidos tanto para o estresse térmico e para a produtividade. As medições
foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de 2013.
No capítulo 2, buscou-se elaborar o referencial teórico fornecendo toda a
base necessária para a execução da proposta desta pesquisa. A Ergonomia foi
abordada, pois a mesma busca adaptar o trabalho ao homem, através da avaliação,
diagnóstico e sugestão de melhorias, e conhecer os efeitos que o trabalho e o
ambiente onde o mesmo é executado geram no ser humano. Apresentou-se o
conceito de estresse térmico, tópico fundamental neste estudo, e os efeitos
fisiológicos que essa condição pode gerar ao corpo, como hipertermia e
desidratação, além de afetar a capacidade de execução do trabalho.
Ainda no capítulo 2, foram apresentados os índices de estresse térmico
utilizados neste trabalho: IBUTG e taxa requerida de suor, o qual divide-se em W req e
SW req. As normalizações nacionais e internacionais foram apresentadas, bem como
seus métodos de cálculo e também quais são os equipamentos recomendados para
realizar as medições das variáveis ambientais necessárias a cálculo de tais índices.
Por fim, foi apresentado o estudo de produtividade, pelo qual este trabalho
classificou-se como uma abordagem de engenharia, pois necessitou estudo da
planta e processo de fabricação para então ser definida a maneira pela qual a
produtividade pode ser mensurada. O indicador definido foi o tempo de vazamento
de peças, em segundos, sendo que quanto maior fosse o tempo utilizado, menor
seria a produtividade da atividade.
No capítulo 3, Metodologia, a pesquisa foi classificada como: aplicada,
quantitativa, descritiva e exploratória. Deu-se destaque à descrição da organização
na qual esta pesquisa foi realizada, através da descrição da planta, localização da
linha de produção e forno, e definição dos pontos de medição onde o estudo seria
realizado. Foi definida também a quantidade de medições que seriam realizadas, e
os equipamentos que seriam empregados para execução do estudo. A produtividade
também foi abordada, onde explanou-se o modo de coleta de dados. Ainda no
capítulo 3, foi descrito o modo como os dados coletados foram analisados, bem
15
1.1 PROBLEMA
1.2 JUSTIFICATIVA
1.6 HIPÓTESE
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ERGONOMIA
2.2.1 Termorregulação
- vasodilatação;
- abertura dos poros da pele;
- circulação sanguínea pela periferia do corpo humano;
- transpiração;
- evaporação do suor pela pele.
Caso esses mecanismos não entrem em ação ou sejam insuficientes para
regular a temperatura corporal, podem se iniciar estados patológicos.
Além desses mecanismos, há alguns comportamentos que o ser humano
executa quando apresenta problemas com a regulação da temperatura corporal,
seja por uma alta atividade metabólica ou pelo ambiente. Dentre esses estão aliviar
as roupas ou diminuir sua quantidade, procurar ventilação, abrigar-se à sombra,
reduzir a atividade metabólica ao reduzir o ritmo da atividade e realizar pausas no
trabalho (BUDD, 2008).
Há ainda a influência do gênero no que diz respeito à percepção ao
ambiente, pois segundo Karjalainen (2012), em estudos realizados em um mesmo
ambiente, as mulheres apresentam-se mais insatisfeitas do que o homem em
relação a este local.
Temperaturas corporais fora da faixa ideal (hipotermia e hipertermia)
causam sérios riscos e danos à saúde se providências imediatas não forem tomadas
para retornar a temperatura à sua faixa ideal. Em variações térmicas menores, o
próprio trabalhador busca retornar sua temperatura para sua zona de conforto já
citadas, porém tais ações podem diminuir sua atenção e distraí-lo do trabalho,
levando a possíveis riscos durante a execução de suas atividades e também à perda
da eficiência (FIEDLER, VENTUROLI e MINETTI, 2006).
23
Gráfico 1 – Comparação anual entre a temperatura, mês e número de acidentes a cada mil
trabalhadores
Fonte: Bedford apud Leite (2002)
por Yaglou e Minard. Este índice é considerado o índice mais comum para avaliar
estresse térmico tanto em ambientes internos quanto externos (MORAN et al, 2001),
e mais mundialmente usado (BUDD, 2008).
O IBUTG foi desenvolvido pelo exército e marinha dos Estados Unidos,
devido à ocorrência de surtos graves de doenças relacionadas ao calor em campos
de treinamento (BUDD, 2008). Posteriormente foram realizados estudos em outros
ambientes, e o IBUTG foi considerado apropriado também para prevenir o estresse
térmico em indústrias (PETERS, 1991). Em 1986, o método IBUTG foi definido pelo
NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health), como o critério para
avaliar a exposição a ambientes quentes e avaliação de estresse térmico.
Em 1982, a ISO - International Organization for Standardization tornou o
método IBUTG uma norma internacional de avaliação de estresse térmico. A versão
atualizada data de 1989, e é amplamente aplicada no mundo todo, criando a norma
internacional ISO 7243 – Hot environments – estimation of the heat stress on
working man, based on the WBGT – index (wet bulb globe temperature), ou
Ambientes quentes - Estimativa do estresse térmico sobre o trabalhador, com base
no índice IBUTG - (Índice de bulbo úmido temperatura de globo) (ISO 7243, 1989).
No Brasil, o índice IBUTG é o método recomendado para avaliação de estresse
térmico, regulamentado através da Norma Regulamentadora 15 – Atividades e
Operações Insalubres, em seu Anexo 3 – Limites de tolerância para exposição ao
calor (Ministério do Trabalho, 2011).
O índice IBUTG é obtido à partir de três parâmetros ambientais, conforme a
seguir (ISO 7243, 1989; MORAN et al, 2003):
A medição das variáveis deve ser realizada na região onde está concentrada
a maior quantidade de estresse térmico. Se as medições forem heterogêneas
verticalmente, ou seja, suas variações sejam maiores que 5% ao longo da altura do
corpo humano, é necessário realizar medições em três alturas diferentes, sendo:
cabeça, abdômen e tornozelos, e também o uso da equação 3, a seguir (ISO 7243,
1989):
Tabela 1 - Limites de IBUTG segundo a ISO 7243, onde M é a taxa metabólica, expressa em
W/m²
Valor de referência para IBUTG
Taxa Metabólica (W/m²) Pessoas aclimatadas (◦C) Pessoas não aclimatadas (◦C)
M≤65 33 32
65<M≤130 30 29
130<M≤200 28 26
sem movimento movimento de sem movimento movimento de
200<M≤260 de ar perceptível ar perceptível de ar perceptível ar perceptível
25 26 22 23
M>260 23 25 18 20
Fonte: Adaptado da ISO 7243 (1989)
Para avaliar o estresse térmico pela norma brasileira NR 15, Anexo 3, utiliza-
se a Tabela 2, abaixo. Além de fornecer os limites máximos de IBUTG, determina-se
o tempo de descanso por hora de trabalho, ou a necessidade mudanças no
ambiente.
Tipo de Atividade
Regime de trabalho
intermitente com
descanso no próprio
Leve Moderada Pesada
local de trabalho
(por hora)
Trabalho contínuo
60 minutos até 30,0 até 26,7 até 25,0
45 minutos trabalho 30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
15 minutos descanso
IBUTG
30 minutos trabalho 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
30 minutos descanso
15 minutos trabalho 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
45 minutos descanso
Trabalho não
permitido sem acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0
adoção de medidas
Fonte: Adaptado da NR 15 – Anexo 3 (Ministério do Trabalho, 2011)
estresse térmico (EN 27243, 1993; EN 12515, 1997 apud FORSTHOFF; MEHNERT;
NEFFGEN, 2001).
O índice SW req vem suprir a necessidade de um método de avaliação com
maiores detalhes, para avaliar o estresse térmico de ambientes de trabalho. O
objetivo deste índice é calcular a taxa requerida de suor para manter o equilíbrio
térmico no corpo humano. Esse equilíbrio depende da perda da mesma quantidade
de calor que o corpo está recebendo do ambiente, seja por condução, convecção ou
radiação, e assim evitar que o corpo atinja o estado psicofisiológico de estresse
térmico por calor. No entanto, quando essa norma foi adotada como padrão
europeu, foi declarada como não aplicável para situações onde os trabalhadores
necessitam utilizar roupas especiais para trabalhar (devido ao novo ambiente muito
mais quente e úmido criado dentro da roupa), em locais com temperatura radiante
muito alta e também com velocidade do ar elevada (EM 12515, 1997 apud
FORSTHOFF; MEHNERT; NEFFGEN, 2001).
Assim como o IBUTG, o índice SW req também foi tranformado em norma
pela International Organization for Standardization, sendo portanto a norma
internacional ISO 7933 - Ergonomics of the thermal environment - Analytical
determination and interpretation of heat stress using calculation of the predicted heat
strain (2004). Esta norma teve seu título modificado em sua última revisão; na
primeira versão, de 1989, seu título era “Ambientes quentes - determinação analítica
e interpretação de estresse térmico pelo método de cálculo da taxa requerida de
suor” (ISO 7933, 1989). A norma ISO 7933 representa o estágio final de
desenvolvimento do índice de taxa requerida de suor, o qual começou a ser
desenvolvido por Givoni em 1963, sendo derivado do balanço térmico do corpo
humano (KAMPMANN; PIEKARSKI, 2000).
A ISO 7933 (2004) descreve um método para avaliação e interpretação do
estresse térmico ao qual um trabalhador está sujeito em um ambiente quente, no
qual é prevista a taxa de suor e a temperatura interna que o corpo humano poderá
atingir ao reagir às condições ambientais de seu posto de trabalho.
Para o cálculo do índice SW req, as seguintes variáveis precisam ser
mensuradas:
Onde:
- M: taxa metabólica (W/m2): calor gerado internamente devido à atividade
executada;
- W: energia mecânica efetiva (W/m2), valor considerado nulo, de acordo
com a ISO 7933 (2004);
- Cres: calor trocado por convecção pela respiração (W/m2);
- Eres: calor latente trocado pela respiração (W/m2);
- K: troca de calor por condução (W/m2), valor considerado nulo, de acordo
com a ISO 7933 (2004);
- C: troca de calor por convecção na superfície da pele (W/m2);
- R: troca de calor por radiação na superfície da pele (W/m 2);
- E: troca de calor por evaporação na superfície da pele (W/m2);
- S: calor armazenado no organismo (W/m2).
Por fim, a taxa requerida de suor, SWreq, de acordo com a ISO 7933 (2004) é
calculada conforme a equação (9), em função da taxa requerida de evaporação Ereq
(Equação (8). Porém, levando-se em conta uma fração de suor que possa
ocasionalmente escorrer da pele antes que se evapore (efeito que não resfria a pele,
pois o suor não evapora levando calor consigo):
Tabela 3 - Valores de referência para os diferentes critérios de Stress térmico na ISO 7933
Descanso
M < 65 SWmáx (W/m2) 100 150 200 300
(g/h) 260 390 520 780
Trabalho
M > 65 SWmáx (W/m2) 200 250 300 400
(g/h) 520 650 780 1040
Máximo calor armazenado (Qmáx)
50 60 50 60
Qmáx (W.h/m2)
Máxima perda de água do organismo (Dmáx)
Dmáx (W.h/m2) 1000 1250 1500 2000
existente no registro dos dados. Assim, existem diversos equipamentos que buscam
agrupar os sensores e facilitar a coleta de dados.
Na Figura 1 está apresentada uma árvore de IBUTG, um dos possíveis
equipamentos que podem ser utilizados para medição das variáveis ambientais
necessárias. O termômetro de globo é o instrumento mais comum para a
mensuração da temperatura média radiante (ALFANO et al, 2013). A árvore de
IBUTG permite que todos os equipamentos necessários à determinação do índice
estejam em um único dispositivo. Tais equipamentos são: termômetro de bulbo
seco, termômetro de bulbo úmido e termômetro de globo. No entanto, o
equipamento não registra automaticamente os dados coletados, de modo que o
pesquisador precisa anotar manualmente os valores das variáveis.
2.4 PRODUTIVIDADE
2.4.1 Introdução
do serviço proposto para um cliente. De acordo com Smith (1993), os outputs são a
maneira mais simples de avaliar a produtividade, pois fornecem informações mais
claras e simples de serem mensuradas. Assim, a produtividade seria, de maneira
simplista, a razão entre a saída (produto ou serviço) e a entrada (insumos), expressa
de modo simples pela equação (10), abaixo:
objeto de estudo, e também cada posto de trabalho. Isso se deve ao fato de que
cada posto de trabalho pode ter inputs e outputs diferentes, mesmo sendo parte de
um mesmo processo. Além disso, em um mesmo processo, o posto de trabalho
anterior a outro acaba assumindo papel de fornecedor interno, enquanto o posto de
trabalho seguinte assume o papel de cliente interno, influenciando diretamente em
sua capacidade de produção.
A organização pode já utilizar indicadores próprios de desempenho para
monitorar sua produção, os quais serão analisados para verificar se atendem os
propósitos desta pesquisa. No entanto, há um método de cálculo baseado no tempo
útil de produção, que fora proposto por Moreira (1996) e que pode ser aplicado tanto
a produtos quanto a serviços.
O indicador consiste em primeiramente calcular o tempo total utilizado para
produzir uma quantidade de diferentes de produtos, denominados n. É necessário
que a organização e o avaliador conheçam ou determinem o tempo padrão para
fabricação deste produto, pois o mesmo será inserido em seu método de cálculo. O
cálculo do tempo total T é dado pela Equação (11), a seguir:
P = (T / H) . 100 (12)
Onde:
P = produtividade
H = tempo disponibilizado para produção
equação pode ser adaptada para outras variáveis do processo, caso necessário ou
não se deseje avaliar a produtividade através do tempo.
No entanto, a própria unidade de tempo simplesmente pode ser um
indicador da produtividade, visto que quanto menor for o tempo utilizado, melhor
será a produtividade. Utilizar menos tempo para executar uma tarefa pode ser
interpretado como uma eficiente utilização de recursos, que poderão ser
empregados em outras atividades da organização.
Na produção de produtos em série e manualmente, o tempo necessário para
a produção de uma peça ou um processo torna-se um indicador que permite
visualizar diretamente o comportamento da produção em relação a dias anteriores e
a produção programada. Dessa maneira, é possível verificar a variabilidade do
processo e também se a meta estipulada pela gerência poderá ser atingida.
44
3 METODOLOGIA
FORNO
VESTIÁRIOS
ESTEIRA 1
DEPÓSITO
ESTEIRA 2 DE AREIA
GERÊNCIA
ESTEIRA 3
de
ESTEIRA 4
ENGENHARIA
FORNO
VESTIÁRIOS
4
ESTEIRA 1
5
3
DEPÓSITO
ESTEIRA 2 DE AREIA
GERÊNCIA
ESTEIRA 3
6 de
ESTEIRA 4
ENGENHARIA
2
1
Figura 6 – Localização dos pontos de execução de medições
Fonte: Autoria própria
cálculo dos índices aplicados neste estudo. Na Figura 9 observa-se a tela principal
de trabalho do software.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Início
Coleta de Coleta de
dados dados de
ambientais produtividade
Análise da
normalidade
dos dados
Análise da
Cálculo do Cálculo do Cálculo do
normalidade
índice IBUTG índice Wreq índice SWreq
dos dados
Discussão
Conclusão
Para uma melhor validação das análises, o ponto considerado espúrio pode
ser removido, e outra análise pode ser realizada. A seguir observa-se o novo teste
de normalidade, após a remoção do valor de umidade de 78%.
Tipo de
Atividade trabalho
Sentado, movimentos moderados com braço e tronco
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas Leve
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação Moderado
Em movimento, trabalho moderado de levantar e empurrar
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos
Trabalho fatigante Pesado
Quadro 1 – Classificação de atividades segundo a NR 15
Fonte: Adaptado da NR 15 – Anexo 3 (2011)
Tabela 10 – Análise de estresse térmico segundo a ISO 7243 (1989) para o limite de IBUTG de
26 O C
Ponto IBUTG Jornada recomendada
Real (ºC)
1 24,15 Trabalho permitido
2 26,08 Trabalho não permitido
3 26,85 Trabalho não permitido
4 28,17 Trabalho não permitido
5 26,68 Trabalho não permitido
6 25,26 Trabalho permitido
Fonte: Autoria própria
Portanto, qualquer valor de W req maior do que 1,0 indicaria condição de estresse
térmico, visto que é impossível que mais do que 100% da pele esteja molhada.
Para análise do índice SWreq também consulta-se a Tabela 3. Se o valor de
SW req for maior do SWmax, o indivíduo estará em estrese térmico devido à perda
hídrica, de modo que sofrerá desidratação. O valor máximo de SW é 300 W/m² para
situação de precaução, portanto qualquer valor de SWreq acima de 300 W/m²
indicaria situação de estresse térmico por perda hídrica.
As Tabelas 15 e 16 apresentam os resultados da interpretação dos dados de
acordo com a ISO 7243 (1989).
1, por ser um dos mais afastados do forno de fusão e estar próximo de uma das
entradas da fábrica, o que lhe confere maior ventilação e menos influência da
radiação proveniente do forno.
Todos os demais pontos apresentam ao menos uma das condições de
estresse térmico, sendo que os pontos 3 e 4 apresentam condição de estresse
térmico tanto por aumento de temperatura quanto por perda hídrica, tornando esses
os pontos mais críticos no ambiente analisado.
A interpretação anterior condiz com a análise de estresse térmico pelo
método IBUTG, onde o ponto 4 também foi considerado o ponto crítico da
organização, seguido pelos pontos 2, 3 e 5. No entanto, através da análise pelo
método da taxa requerida de suor é possível identificar qual o tipo de estresse
térmico que está sendo gerado no corpo do trabalhador.
Para que a utilização desse índice fosse válida, as condições térmicas dos
pontos 1 a 6 deveriam ser iguais, para que pudesse ser realizada uma análise de
produtividade global da fábrica. Para verificar a aplicabilidade deste índice pode-se
empregar um teste de hipótese, para comparar a igualdade das médias entre dois
pontos mensurados e verificar se os mesmos podem ser considerados iguais.
Através do software Minitab, comparou-se o ponto 1, comprovadamente sem
condições de estresse térmico, com o ponto 4, ponto que apresentou estresse
térmico por IBUTG, aumento de temperatura e perda hídrica. Como a maior fonte de
calor na fábrica é o forno de fusão, e este é o maior responsável pelo calor por
radiação, realizou-se o teste de hipótese para a temperatura de globo negro, a qual
é a variável mais influenciada pela radiação, e teoricamente apresentará a maior
diferença entre os pontos mensurados.
Para comparar as duas amostras de dados, ambas devem possuir
distribuição normal (TRIOLA, 2008). Assim, através da análise de inferência entre
duas médias, com amostras grandes e independentes, elaboram-se as seguintes
hipóteses:
- H0: µ1=µ2
- H1: µ1≠µ2
O p-valor obtido foi de 0,000, logo, rejeita-se a hipótese nula, pois este valor
deveria ser maior do que 0,05. Assim, como esperado, comprova-se que os pontos 1
e 4 são diferentes, e portanto a análise de produtividade global não pode ser
comparada com o estresse térmico de apenas um ponto, pois os pontos de medição
tiveram sua diferença estatisticamente comprovada.
Portanto, apenas o tempo de vazamento foi utilizado como índice de
produtividade. As médias de cada medição podem ser observadas nas Tabela 17,
18 e 19, a seguir.
11,6
Produtividade
11,4
11,2
11,0
23 24 25 26 27 28 29
IBUTG
relação de correlação não ser 100%. Porém a mesma é capaz de prever de modo
aproximado a produtividade.
Onde:
y = produtividade
x = W req
4.5 DISCUSSÃO
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALFANO, F.; DELL’ISOLA, M.; PALELLA, B.; RICCIO, G.; RUSSI, A. On the
measurement of the mean radiant temperature and its influence on the indoor
thermal environment assessment. Building and Environment. Vol. 63, p. 79-88,
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