MODELO DE TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
Tema: Redução da Maioridade Penal
Prof. Reno Torquato
Título:
Pode ser um resumo ou
variação da sua tese.
Introdução:
Deve apresentar, primeiro,
FATOS acerca do problema.
Em segundo lugar, deve
apresentar a TESE.
Desenvolvimento:
É ideal que apresente no
mínimo DOIS
ARGUMENTOS. Cada
argumento deve conter um
TÓPICO FRASAL, o resumo
do argumento, sua ideia
central, acompanhado de
explanações, exemplos,
dados, etc. que comprovem
o que está sendo afirmado.
Conclusão:
Deve conter, inicialmente, a
RETOMADA DA TESE, para
dar um caráter cíclico ao
texto, para dar-lhe uma
impressão de fechamento,
de permanência em torno do
tema.
Pode conter propostas de
intervenção, como é exigido
no ENEM. Mas isso não é
obrigatório. Apenas se
estiver exposto nas
orientações da prova da
prova.
AS MENTIRAS SOBRE A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL
Segundo o Departamento Penitenciário Nacional – Depen, em 2019 o Brasil
tinha mais de 750 mil detentos, mantendo-se em terceiro lugar no mundo em número
de apenados, atrás de Estados Unidos e China. Apesar disso, a criminalidade
continua alarmante, porém, de acordo com pesquisa do Instituto Sou da Paz, menos
de 2% dos crimes hediondos cometidos em 2018 na cidade de São Paulo, uma das
mais violentas do país, foram por menores de idade. Sendo assim, é equivocada a
ideia de reduzir a maioridade penal visando à diminuição da violência.
Um fator que contribui para a ânsia punitivista de menores infratores é o
sensacionalismo midiático. Em busca de bodes expiatórios, muitos jornalistas
influentes apontam a alta criminalidade como culpa de uma suposta falta de punição
a criminosos juvenis. José Luiz Datena, por exemplo, afirmou em um de seus
programas que menores infratores “matam mais que todos os 007 juntos”. No entanto,
esse é um discurso que distorce a realidade. Primeiro, porque há um exagero
desfavorável a esses menores. Segundo, porque omite que jovens delinquentes já
são devidamente punidos pelas leis nacionais vigentes, sendo que há milhares deles
nos centros de internação juvenil espalhados pelo país. Terceiro, porque nega que a
restrição de liberdade se dá não apenas visando à punição, mas também à
ressocialização de criminosos, seja qual for sua idade.
Ademais, é fato que as penitenciárias brasileiras estão superlotadas,
dificultando o processo de reintegração de apenados à sociedade, já que os presos
são obrigados a lutar pela sobrevivência muitas vezes integrando-se às facções
criminosas que dominam as cadeias, sendo forçados a perpetuar-se na criminalidade.
Tome-se esse problema e pense-se que a redução da maioridade penal deixaria a
superlotação mais absurda; em vez de facilitar a já difícil ressocialização dos presos,
torná-la-ia quase impossível. E pior ainda: daria às organizações criminosas ainda
mais poder de recrutamento, dessa vez de pessoas mais vulneráveis, os menores
infratores. Ou seja: em vez de propiciar que a sociedade enfraquecesse o crime, a
medida de diminuição da maioridade penal poderia fortalecê-lo, reforçando o poder
das facções com milhares de adolescentes.
Portanto, reduzir a maioridade penal como uma medida de diminuição da
violência que assola o Brasil é uma ideia equivocada. Antes, é preciso combater os
discursos que inflam o problema da criminalidade com mentiras, para que as
discussões sejam feitas com base na verdade. Nesse momento, então, os governos
devem exigir que a mídia paute dados verdadeiros. Também é necessário pensar em
diminuir problemas, esses sim, concretos, como a superlotação de presídios e a
influência das facções criminosas nesses espaços, e isso é dever do Estado. Além, é
claro, do mais urgente: é necessário que o Estado paute programas sociais capazes
de mudar a perspectiva que condiciona muitos jovens a verem no crime um meio e
um objetivo de vida.