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CORREÇÃO

1º parágrafo:
De acordo com um levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de
São Paulo, divulgado no final de 2003 pelo jornal “Folha de São Paulo”, [Faltou pôr essa vírgula,
para isolar a oração adjetiva explicativa reduzida intercalada que você usou. Sugiro que você
estude: Pronomes Relativos, Orações Adjetivas Restritivas e Explicativas. O uso da vírgula ou não
implica grande mudança de sentido] os adolescentes são responsáveis por apenas 1% dos
homicídios praticados no estado [Tente citar pesquisas, fontes, dados, etc. mais recentes. De 2003
para cá são quase 20 anos. Muita coisa muda nesse tempo todo. A não ser que seja sua intenção
citar dados mais antigos para analisá-los, por exemplo, à luz de hoje, das mudanças ou
permanências implicadas]. Portanto [Não está errado, mas eu recomendo você evitar o uso desse
conectivo na introdução. Acredite: já vi corretores discutindo e defendendo que esse conclusivo só
deve vir no encerramento do texto, e não em um parágrafo anterior ou em qualquer raciocínio.
Use, por precaução, “Desse modo”, “Sendo assim”...], fica claro perceber que a redução da
maioridade penal não é a solução para a diminuição da violência no país.

2º parágrafo:
Outro estudo, [Faltou pôr essa vírgula, novamente para isolar a oração adjetiva explicativa
reduzida intercalada que você usou. Note que, sem ela, a oração fica adjetiva restritiva, e o sentido
passa a indicar que você teria citado outro estudo do Departamento de Pesquisas... anteriormente.
Mas você não citou] realizado pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias do CNJ (Conselho
Nacional de Justiça), aponta que o índice de reincidência entre adultos maiores de 18 anos, entre
2015 e 2019, foi de 42,5%, enquanto que [Retire. Isso é coloquialismo. Basta: “enquanto o de...] o
de adolescentes foi de 23,9%, para o mesmo período, [Aqui caberia ponto final e, após o ponto, o
uso de Isso, tipo: “Isso nos mostra...”. Cuidado com períodos muito longos. Eles dificultam a leitura,
fazem você perder clareza, objetividade] o que nos [Evite. Não que seja errado usar “nós” no texto.
Mas há dois riscos. Primeiro: você não pode misturar as pessoas no texto. Ou o escreve todo em 3ª
pessoa, impessoal, ou todo em 1ª pessoa do plural, com muito cuidado. É errado, por exemplo,
escrever uma carta e dizer “Eu te amo, você é meu amor”, já que te é 2ª pessoa, e você é 3ª pessoa,
e os dois se referem ao mesmo interlocutor. Ou se diz “Eu a/o amo, você é meu amor”, ou se diz:
“Eu te amo, tu es o meu amor”. O mesmo vale para o uso da terceira e da primeira pessoa do plural
em dissertações-argumentativas. Mas sobre o nós, há o seguinte problema: Ele deve
suficientemente “amplo” para que, através dele, não se note que o autor do texto, ou a voz textual,
está se situando em algum grupo específico, como “Nós, os homens”, ou “Nós, os negros”. Esse nós
deve ser global, digamos. O risco é você perder essa noção em algum momento] mostra que essa
entrada antecipada no sistema prisional, [Retire. Você está dividindo o sujeito e o predicado por
vírgula, sem ter interposto nenhum termo que exigissem esse uso] expõe os menores a
comportamentos reprodutores da violência, aumentando as chances de voltares a cometer novos
crimes na fase adulta.
3º parágrafo:
Outro fator importante de ser lembrado é o de que no Brasil, já responsabiliza-se [Há três
erros aqui: 1º, a vírgula separando, novamente, sujeito e predicado, 2º o pronome se enclítico e 3º
a concordância do verbo. Note que, se você quisesse isolar o adjunto adverbial “no Brasil”, para
destacá-lo, caberia usar vírgula antes e depois desse termo. Mas você usou apenas uma, depois de
Brasil, e antes do verbo “responsabiliza”, dividindo sujeito e predicado erroneamente. Note
também que “já” é um advérbio, e logo atrai o pronome, que deveria ser, então, proclítico, antes
do verbo. Tipo: “já se responsabilizam...”. Isso sempre ocorre com advérbios e alguns pronomes e
conectivos. Eles atraem os pronomes. Note, ainda, que a voz passiva sintética está em jogo, o
mesmo caso do exemplo manjado: “Vende-se esta casa”, “Vendem-se estas casas”. Logo:
“Responsabiliza-se adolescente”, “Responsabilizam-se adolescentes”] os adolescentes a partir dos
12 anos pelos seus atos infracionais, através de medidas socioeducativas previstas pelo Estatuto da
Criança e do Adolscente ECA, que tem o intuito de reeducar os jovens para que eles não voltem a
repetir esses atos infracionais [Repetição próxima de um termo].
4º parágrafo:
Dessa forma, é possível notar que reduzir a menoridade penal não é o caminho para
diminuir os índices da violência no país, pois tal medida seria o mesmo que tratar o efeito e não a
causa. Portanto, começar pela educação dos jovens em situação desfavorável é atacar a causa
[Repetição próxima de um termo], propor ações para acabar com a banalização da violência [Você
não discutiu nada sobre a banalização da violência no texto. A conclusão deve retomar no máximo
o que já foi debatido, para encerrar o papo. Não deve introduzir novas ideias, nem por sugestão] e
mostrar aos jovens que existem outros caminhos que levam ao sucesso [Está parecido com frase
de coach, tipo frase de efeito sem sentido, vulgar. A dica é: nunca conclua textos com esse tipo de
coisa. Não “amoleça no final do texto. A conclusão é importante demais. Outra coisa: o que é o
sucesso????] é a maneira mais eficaz de evitar o ingresso dos jovens no mundo do crime.

Seu texto tem muitos méritos. Sua linguagem é fluida, fácil, elegante. Seu estilo é bom, coeso, firme.

Há, porém, alguns probleminhas, principalmente de uso de vírgula, conforme apontado acima.

Em relação, porém, à argumentação, preocupa-me o fato de você ter citado pesquisas, o que, veja só,
é bom, faz parte do seu “dever de casa”, para se inteirar acerca dos temas, mas que, de outro jeito, é
problemático se, na falta desses dados, dessas pesquisas, dessas leituras em casas, você teria outras
ideias para lançar mão e fazer uma boa argumentação. Ou seja: sem citar essas pesquisas, esses dados
e datas difíceis de decorar, você seria capaz de argumentar bem?

E sobre a argumentação, ainda, devo dizer que não está forte o bastante. Mas vejo que você
conseguirá melhorar muito isso.

Sua nota, sem dúvidas, ficaria entre 65 e 75% do total.

Sugiro que você reescreva esse texto, fazendo todas as mudanças apontadas e outras que achar
interessantes.

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