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Estudo da copy do “Desvendando os Segredos da Linguagem”

Primeira parte

“Aprenda a se comunicar com a clareza, a desenvoltura e o poder que não lhe


ensinaram na escola (ou na faculdade).”

Comentário

Promessa forte (aprender a se comunicar), combinando três formas de fazê-lo, e


ataque ao inimigo comum (ensino institucional, representado por escola e
faculdade)

Segunda parte

Já aconteceu de você ter grandes ideias na sua cabeça e as ter perdido por não
conseguir expressá-las? Você é alguém cujos pensamentos se embaralham e
confundem com facilidade, tanto na hora de falar quanto para escrever?

Você sente que não absorve de fato o que lê? Que sua memória mais parece um
saco furado, incapaz de segurar mais do que algumas poucas frases?

Você é alguém cujo cérebro parece andar mais rápido que a fala? Que sabe haver
uma distância enorme entre o que queria dizer e o que consegue dizer?

Você sente que suas ideias não ganham o devido respeito, e não consegue fazê-las
valer porque as palavras lhe escapam e, na passagem para sua fala ou escrita,
perdem todo o impacto?

Comentário

Depois da headline, quatro parágrafos dedicados exclusivamente a fazer


diretamente ao leitor perguntas relacionadas aos problemas para os quais o próprio
Raul apresentar-se-á como solução mais à frente.

Problemas apontados: perder grandes ideias por não conseguir expressá-las, ter
pensamentos embaralhados que confundem na escrita e na fala, não absorver o
que lê, memória horrível (tal qual um saco furado), cérebro mais rápido do que a
fala, distância entre o que gostaria de dizer e o que consegue dizer, ideias não têm
respeito, palavras perdem todo o impacto.
Terceira parte

Olá, meu nome é Raul Martins.

Sou tradutor de inglês/português, copidesque e ghostwriter autodidata. Já traduzi


(com fartos elogios) alguns clássicos da literatura e trabalhei nas mais variadas
áreas ligadas à escrita e comunicação. Atualmente, trabalho com Italo Marsili,
psiquiatra renomado e um dos maiores nomes do marketing digital do país,
preparando-lhe seus best-sellers.

Se você está lendo isto, é quase certo que já me conhece e está um pouco a par do
meu trabalho.

Não sou aquele tipo de vendedor que lhe puxa o casaco enquanto você está
passeando pela internet e quase o obriga a ler minhas promessas mirabolantes,
todas escritas em caixa-alta e com cores vibrantes e psicodélicas.

Falo com quem já viu algum conteúdo meu e comigo interagiu. Falo com quem quer
mudar.

E “mudar o quê?”, você pode perguntar. Bem, poderíamos começar por isto:

Comentário

Depois de apontar oito problemas envolvendo a linguagem, ele se apresenta ao


público com um fundo de página preto, uma foto sua e uma pequena biografia com
o intuito de colocar-se no lugar de autoridade.

Excelente espaço para dizer-se diferente dos outros, que só vende àqueles que com
ele interagiram, afirmando que estes querem mudar — afirmação que, aliás, traz um
gancho muito bom para a quarta parte com a pergunta “mudar o quê?”.

Quarta parte

[em destaque] Mais de 176 milhões de brasileiros não conseguem entender o que
leem.

[Manchete “Só 8% dos brasileiros dominam de fato português e matemática”]

Quem me dera esse título fosse sensacionalista, uma simples jogada de marketing
para chocá-lo e prender sua atenção.
MAS NÃO É.

É uma descrição precisa e científica do estado atual de um número incontável de


brasileiros.

Com razão, muito se fala sobre o ensino sucateado e os péssimos índices


educacionais do país. Só que o buraco é mais embaixo do que se imagina. Muito
mais embaixo.

E não sou eu quem o diz. É o INAF, uma instituição sem fins lucrativos que foi criada
justamente para estudar o nível de letramento dos brasileiros.

Comentário

Boa utilização de provas estatísticas, que são alarmantes, da situação causada


pelos problemas apontados na segunda parte.

Mais uma vez, excelente diferenciação dos marqueteiros de meia-tigela, dizendo


que queria estar sendo sensacionalista, mas, infelizmente, este não é o caso. A
situação é realmente grave; ele não quer apenas chocar o leitor e prender-lhe a
atenção.

Na sequência, afirma que têm razão aqueles que falam em ensino sucateado e
péssimos índices educacionais no país. Mas, além disso, afirma que o “buraco é
muito mais embaixo”.

Para isso, ele tira sua autoridade de campo e volta a trazer a autoridade das
estatísticas, usando o INAF, que estuda o nível de letramento dos brasileiros —
deixando mais uma abertura para explicar o que significa a expressão na próxima
parte.

Quinta parte

[em destaque] E o que é o tal “nível de letramento”?

É a eficiência com que alguém lê e/ou escreve algum texto. Segundo o INAF,
existem cinco níveis diferentes de eficiência:

Há os analfabetos em sentido estrito, que batem os olhos numa página e não


conseguem juntar as letras G, A, T e O para formar “gato”.
Há, depois, mais quatro níveis: os que foram alfabetizados de modo rudimentar,
elementar, intermediário e proficiente.

Sem rodeios ou exageros: apenas quem está no nível proficiente consegue ler um
artigo de jornal e entendê-lo. Isso corresponde a 12% da população. O resto está
espalhada entre os quatro outros níveis.

E não estamos falando de textos literários rebuscados ou complexos artigos


científicos. Estamos falando sobre a compreensão de um texto cotidiano pequeno,
com não mais do que dez parágrafos.

E mais: o problema não se restringe às leituras. Quem não consegue interpretar um


texto básico não consegue interpretar falas básicas. Pois a fala é apenas texto oral.

E quem lê mal, escreve mal.

Comentário

Fechando a abertura deixada na quarta parte, ele coloca a pergunta em destaque,


sendo breve na resposta — há cinco níveis: analfabeto estrito, alfabetizados de
modo rudimentar, elementar, intermediário e proficiente.

No parágrafo seguinte, porém, aprofunda-se para trazer mais um alarmante dado


(apenas 12% da população consegue ler um artigo de jornal e entendê-lo),
afirmando que este não se refere a leituras complexas, mas a leituras curtas e
cotidianas.

Para finalizar, faz quatro observações firmes: “o problema não se restringe às


leituras” (ressaltando que o buraco é mais embaixo), “Quem não consegue
interpretar um texto básico não consegue interpretar falas básicas” (motivo de o
problema não se restringir às leituras), “a fala é apenas texto oral” (explicação da
frase que lhe antecede) e “quem lê mal, escreve mal.” (abrangendo o problema e
criando mais um gancho).

Sexta parte

E por que você deve se preocupar com sua escrita? Para torná-la “rebuscada” e
dizer com firulas o que poderia ser dito de modo mais simples? Não.

Você deve se preocupar com sua escrita porque uma escrita desordenada, obscura
e sem correção gramatical é o reflexo e, de certo modo, a causa e o efeito de
uma cabeça que não consegue se ordenar. Quem escreve mal, pensa mal.
Portanto, a situação é calamitosa.

Imagine o seguinte cenário: imagine aquela confusão e incapacidade verbais


demonstradas no início do texto multiplicadas milhares de vezes. Milhões de vezes.

Imagine os políticos discutindo leis. Imagine advogados pleiteando por causas


justas nessas condições. Imagine professores lecionando aos seus filhos, em
escolas que às vezes chegam aos vários milhares de reais por mês.

Como queremos que o Brasil vá para a frente se não conseguimos nos entender
uns aos outros?

Mas você talvez ache que ela não lhe diz respeito. Que não é com você.

Ou, talvez, que até seja com você.

Comentário

Puxando mais um gancho, ele faz pergunta ao leitor por que este deveria se
preocupar com a escrita, apresentando dois motivos errados que poderiam ser
apontados por inimigos em comum (torná-la rebuscada e lançar mão de firulas
desnecessariamente) como possíveis respostas e negando-os na sequência.

Para responder corretamente, usa de firmeza para dizer que uma escrita
“desordenada, obscura e sem correção gramatical é o reflexo e, de certo modo,
causa e efeito de uma cabeça que não consegue se ordenar. Quem escreve mal,
pensa mal”.

Que construção!

Há um detalhe, porém: não entendi por que esta última frase não foi sequer
colocada em negrito. Faria mais sentido deixá-la sozinha na linha abaixo, como foi
feito com “E quem lê mal, escreve mal” na quinta parte.

Mais uma vez, volta a apontar para a gravidade da situação, classificando-a como
calamitosa.

No próximo parágrafo, uma ótima referência ao início do texto, fazendo o leitor


imaginar, em grande escala, todas as confusões citadas no início da copy, citando
exemplos práticas (políticos discutindo leis, advogados pleiteando causas e
professores ensinando aos filhos do leitor, detalhando as escolas absurdamente
caras.)

Pronto! O problema mais do que tocou o leitor. Já deu para perceber que realmente
há algo de muito errado acontecendo e algo precisa ser feito urgentemente.

Para sensibilizar o leitor que ainda não compreendeu o nível a que chegamos, o
Raul faz uma pergunta em primeira pessoa do plural, explorando a necessidade de
entendimento entre os brasileiros para que o Brasil “vá para a frente”.

E, se havia ainda alguém desacreditado da importância dos fatos apresentados e


que lhes permaneceria alheio, ele dá a cartada final, dedicando uma parte inteira à
explicação do motivo pelo qual deveríamos nos importar com a qualidade de nossa
comunicação.

Sétima parte

[em destaque] "Mas e aí?"

O que isso já mudou sua vida? De que importa não dominar a língua? Você não é
um professor de português. Não é um influenciador no Instagram. Não trabalha com
comunicação e não gosta de escrever.

Um fato absurdamente óbvio, e do qual nos esquecemos justamente por ser óbvio,
é que se a linguagem não se desenvolve NADA MAIS PODE SE DESENVOLVER.

O indivíduo não consegue dar nomes aos sentimentos e ordenar seus


pensamentos; não consegue entender direito as pessoas que o cercam e cria
conflitos desnecessários, uns atrás dos outros.

Não consegue escrever uma boa redação para entrar numa faculdade; não
consegue entender o que lhe dizem nos jornais. Não consegue escrever um
relatório decente e sua linguagem pobre não impõe respeito.

A capacidade de linguagem é, no limite, o que nos separa dos animais. Se não


somos bichos é porque conseguimos articular uma linguagem mais complexa e
elevada.

Comentário
Aqui, a coisa fica séria. É o momento da virada na copy: não há caminho de volta. A
principal objeção — “que me importa a tal da linguagem se não trabalho
escrevendo?” — é quebrada a pauladas, com direito a caixa alta e negrito.

Depois de citar alguns exemplos dos problemas (a pessoa não consegue descrever
os próprios sentimentos, a escrita de uma redação de vestibular torna-se uma
missão quase impossível etc.), ele dá uma bela cartada ao afirmar que a
“capacidade de linguagem é, no limite, o que nos separa dos animais”.

Oitava parte

“Ok, Raul. Já entendi que a linguagem é importante e a situação está preta. E


o que você tem a ver com isso?”

Há mais ou menos quatro meses eu comecei a postar regularmente no Instagram.


Sem acreditar que as pessoas fossem prestar atenção ao que eu tinha para lhes
dizer sobre a linguagem, a importância do português e da leitura, postava com certa
relutância.

Em julho, tinha 3 mil seguidores. Agora, já passo dos 40 mil.

Nesse meio tempo, recebi já dezenas, talvez centenas de testemunhos confirmando


a importância e a qualidade do meu trabalho.

Mais de uma vez universitários, às vezes mestrandos, já vieram me dizer no direct


do Instagram que aprenderam mais com o meu perfil naquela rede em dois
meses do que haviam aprendido na faculdade inteira.

E quanto mais eu postava, mais aumentava um verdadeiro clamor por algum curso.

E eu relutei. E esperei. E demorei.

Queria apresentar-lhes algo de valor, que realmente pudesse ajudá-los. Sem


soluções mágicas; sem promessas mirabolantes só para rechear minha carteira.

Já poderia ter lançado algo faz muito tempo. No primeiro mês. E teria vendido muito.
Mas não quis. Preferi esperar.

Comentário

Depois da impecável virada da sétima parte, nesta a copy começa a se encaminhar


ao seu final. E a transição é feito com um detalhamento das qualidades que ele
possui, contando um pouco de sua experiência no Instagram e mostrando provas
sociais (de 3 mil a 40 mil seguidores, pessoas afirmando que aprenderam mais
acompanhando-lhe o perfil do que na faculdade).

Além disso, um ponto muito importante: as pessoas estavam clamando por um


curso. Essa ideia não partiu dele, mas do público. Além disso, ele esperou muito. O
motivo disso foi muito bem frisado: a entrega tinha de ter muito valor, sem fórmulas
mágicas nem promessas mirabolantes.

Nona parte

[em destaque] MAS A ESPERA ACABOU.

Papo reto, direto ao ponto: quero oferecer-lhe o roteiro que eu percorri desde
aqueles graves problemas e deficiências que eu tinha com a linguagem até onde
estou hoje.

Quero compartilhar com você o que funcionou comigo e melhorou absurdamente


minha capacidade expressiva e o domínio que tenho da língua.

Caso esteja com dúvidas e queira conferir se não estou lhe aplicando o bom e velho
gogó, entre na minha página do Instagram e leia alguns textos meus. Garanto-lhe
que não há nada parecido no IG.

Vou ensinar-lhe:

● Um fundamento filosófico real para o seu aprendizado da língua;


● Como ser um leitor eficiente;
● Quais são os malefícios de ler traduções ruins, e como encontrar boas
traduções;
● Por que a leitura ficcional é importantíssima, e como abordá-la;
● Como criar um processo de escrita;
● Para que, afinal de contas, serve a gramática, e como estudá-la;
● Por que a leitura é crucial ao desenvolvimento da inteligência;
● E muito, muito mais…

Este curso é a solução ideal para:

1 Todo e qualquer profissional que use a palavra escrita e queira melhorar seu
domínio da língua e alavancar sua carreira (tradutores, revisores, copidesques,
jornalistas, redatores publicitários, advogados etc.)
2 Professores de português que não se contentam com a pobreza de sua formação
universitária e queiram se aprofundar na matéria que escolheram lecionar pelo resto
da vida;

3 Qualquer um que tenha consciência de que foi lesado pela horrível educação
institucional e queira correr atrás do prejuízo, agora com a liberdade plena de
escolha.

Comentário

Começa a nona parte já com uma frase de impacto destacada. Ótimo


posicionamento. Na sequência, reafirmando que quer transmitir conhecimentos que
lhe foram úteis durante sua jornada.

Ainda afirma que, se continuar em dúvida de sua qualidade, o leitor pode


procurar-lhe o perfil no Instagram, ler-lhe os textos e concluir que não há nada igual
nessa rede social.

No parágrafo seguinte, enumera uma porção de conteúdos a que o leitor terá


acesso adquirindo o curso, desde o fundamento filosófico do aprendizado da língua
à criação de um processo de escrita, prometendo na última linha “muito, muito
mais…”.

Fechando a nona parte, temos o público-alvo do curso, dando destaque aos que
trabalham em contato direto com a língua sem esquecer de todo o resto que
também foi educado de modo deficitário.

Décima parte

Descrição do curso: Fundamentos da escrita (5 módulos, R$ 997,00), Dominando a


linguagem e a comunicação (14 lives, R$ 199,00), Transcrições revisadas do
desafio (todas as 14 lives transcritas, R$ 197,00), e-book “Como não passar
vergonha com o português” (mais de 50 páginas com dicas gramaticais, R$ 197,00)
e “Guia passo-a-passo de Jordan Peterson para a escrita” (bônus, tradução inédita
do psicólogo canadense, R$ 149,00)

Soma do preço dos produtos avulsos, que é R$ 1739,00, e o preço que será pago
no curso completo, R$ 347,00.

Relógio contando o tempo para o fechamento do carrinho, que se dará em uma


semana.
Destaque à garantia incondicional de 7 dias, caso o leitor queira desistir do produto
depois de comprá-lo.

Frase: “Se depois de tudo isso, você ainda tem dúvidas se o curso é para você, veja
alguns testemunhos que já chegaram até mim:”, acompanhada de seis prints com
depoimentos de pessoas agradecidas ao Raul pelo conteúdo oferecido.

Comentário

Fechamento da copy muito bem-feito. Combinando overdelivery (entrega maior do


que a promessa), desconto nos produtos que seriam muito mais caros se
comprados avulsos (escassez de preço), tempo limitado para compras (escassez de
tempo), o direito à garantia e depoimentos como prova social.

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Comentário geral

A página de vendas do curso Desvendando os Segredos da Linguagem, de Raul


Martins, foi construída de forma muito inteligente. Como analisei acima, os
apontamentos foram muito pertinentes e realmente mostraram que a situação na
qual nós brasileiros estamos não é nada boa em relação à linguagem.

Começa com uma promessa forte, faz perguntas diretas ao leitor (como se fosse
uma conversa, que, aliás, é o objetivo do Copywriting), apresenta-se rapidamente,
traz dados gerais, mostra por que o leitor deveria se importar, explica por que ele é
uma boa opção para ajudar o leitor a enfrentar os problemas e faz o
fechamento-padrão (o que será entregue, preço com desconto, relógio correndo,
garantia e depoimentos).

Não tem erro.

Porém, há de se prestar atenção a um detalhe: o Raul fez o engajamento da


audiência de maneira realmente eficaz. As pessoas acompanham-no com muito
prazer e nele enxergam uma possibilidade de alçar voos maiores na vida a partir do
que lhes é ensinado.

De nada adiantaria ter construído essa página de vendas sem os pilares que lhe
servem de sustentação — o tempo dedicado ao público, as dúvidas respondidas, as
recomendações de livros, os textos escritos…
A história por trás desse lançamento tem muitos fundamentos, o que lhe confere
quase garantia de sucesso.

Ah, a título de registro, comprei o curso no momento em que ele o divulgava.

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