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Objetivos da aula:

O que é um parágrafo, importância do tópico frasal e como usá-lo nos parágrafos do


desenvolvimento.

Algumas expressões úteis para iniciar os parágrafos do desenvolvimento.

Como estruturar os parágrafos do desenvolvimento-Afirmação, explicação ou exemplificação e


conclusão.

Leitura e análise de redações com bons parágrafos de desenvolvimento.

Expressões que não devem ser utilizadas na redação .

Textos motivadores e proposta de redação sobre o tema: A importância da educação de jovens e


adultos na sociedade atual

Primeira parte: O que é um parágrafo?

O parágrafo é uma parte do texto entendida como unidade formada por uma ou mais frases em torno
de uma ideia central denominada tópico frasal. Pode-se dizer que o parágrafo é um microtexto dentro
de um texto. Nesses termos, ele possui:

Introdução: todo parágrafo tem um período introduzindo a sua ideia central, nesse caso, o tópico
frasal.

Desenvolvimento: após introduzir a ideia central, o parágrafo deve discuti-la trazendo informações,
ideias secundárias etc.

Conclusão: é preciso encerrar a ideia abordada ou introduzir um novo elemento a ser abordado no
parágrafo seguinte.

No caso do parágrafo da introdução, a ideia central pode ser representada pela definição ou
contextualização do tema da redação, o desenvolvimento corresponde a tese defendida e a conclusão
são os argumentos que serão trabalhados ao longo do texto.

OS PARÁGRAFOS DO DESENVOLVIMENTO

Os parágrafos do desenvolvimento são fundamentais para uma boa redação, pois é nesse momento do
texto que você deve explicar, por meio de exemplos, dados estatísticos, ou citação de autoridades no
assunto, os argumentos apresentados no parágrafo da introdução.

O desenvolvimento é a parte do texto responsável por apresentar o conteúdo a ser analisado pelos
corretores. Para conseguir argumentar bem em cada parágrafo, tenha em mente os seguintes pontos: o
objetivo do parágrafo + informação+ reflexão relacionada ao tema da redação.

Veja a seguir algumas expressões úteis para o primeiro parágrafo do desenvolvimento:

No que tange ao [...]

Convém mencionar [...]

Ao se examinar alguns fatos como [...]

Pode-se afirmar em razão de [...]

É indiscutível que [...]

Expressões para iniciar o segundo parágrafo do desenvolvimento:

Além disso [...]


Ainda convém mencionar [...]

Outro ponto importante[...]

Cada parágrafo do desenvolvimento deve ter um objetivo diferente, sempre seguindo o que foi citado
na introdução. A afirmação desse objetivo deve ser a frase inicial do desenvolvimento, ou seja, o tópico
frasal.

PRIMEIRA PARTE: O TÓPICO FRASAL

O tópico frasal é a primeira frase que aparecerá no parágrafo, não deve ser muito extenso e deve
apresentar somente uma ideia central. É a frase responsável por indicar ao leitor qual o seu objetivo
naquele parágrafo. Inicie cada parágrafo do desenvolvimento com um tópico frasal diretamente
relacionado aos argumentos apresentados no parágrafo de introdução do seu texto.

Após apresentar o tópico frasal, você deve enriquecer seu parágrafo por explicar ou exemplificar essa
frase inicial. A declaração inicial é o tipo mais comum de tópico frasal. Ela traz uma afirmação sobre o
tema da redação.

A explicação ou exemplificação no parágrafo do desenvolvimento:

Após a afirmação inicial do parágrafo do desenvolvimento, é o momento de explicar o que foi dito. Isso
pode ser feito através da apresentação de algum fato atual, um filme, livro ou fala de algum especialista
da área, como um escritor ou educador.

A conclusão nos parágrafos do desenvolvimento

É importante que no final de cada parágrafo do desenvolvimento fique claro como as explicações
apresentadas atingiram o objetivo do parágrafo.

Exemplos de bons parágrafos de desenvolvimento:

Redação sobre o papel da brincadeira na educação infantil

As brincadeiras são fundamentais para o pleno desenvolvimento da criança durante o período escolar. O
brincar auxilia na aprendizagem fazendo com que as crianças criem conceitos, ideias e adquiram novas
habilidades. Além disso, também desenvolvem as habilidades de linguagem quando brincam e a
exposição constante a atividades novas, constrói e expande seu vocabulário. Segundo Vygotsky, o
brincar está intimamente ligado ao processo de aprendizagem. Assim, quando o professor oferece aos
alunos a oportunidade de brincarem, está construindo as condições para que estes possam expandir e
aprimoras seus diversos conhecimentos.

Redação sobre a importância da educação para o desenvolvimento do país


Uma educação de qualidade é o principal fator para o desenvolvimento econômico de um país. É por
meio dela que as pessoas desenvolvem suas habilidades e ficam mais preparadas para o mercado de
trabalho, além de exercerem melhor seu papel como cidadãos. Entretanto, o Brasil ainda está longe de
oferecer uma educação de qualidade e justa para todos. Apenas um em cada quatro brasileiros atingem
um nível pleno de habilidades no uso da leitura, escrita e matemática, segundo dados do Inaf Brasil
2011 (Indicador de Analfabetismo Funcional), realizado pelo Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação
Educativa. Como consequência, entrar no mercado de trabalho torna-se mais difícil, além do que a
qualidade dos serviços prestados é nivelada por baixo, tal como a sua remuneração. Tudo isso gera um
forte sentimento de desmotivação, a qual acaba por consolidar ainda mais a desigualdade social no
Brasil.

Observe agora uma redação cujo tema foi: Desafios da leitura no Brasil

Certa vez, Paulo Freire, importante educador e filósofo brasileiro, destacou a necessidade de a leitura
ser um ato de amor. Em outra ocasião, Jorge Luis Borges, poeta argentino, apontou o ato de ler como
uma forma de felicidade. De fato, durante séculos, tal atividade foi fonte de conhecimento e
desenvolvimento da sociedade, trazendo importantes ensinamentos a quem a tinha como um hábito.
Entretanto, nos dias de hoje, tal avidez tem perdido seu espaço no meio social, vítima de uma falta de
incentivo por parte dos setores responsáveis por criá-lo e do próprio mercado, que desestimula um
hábito crucial na vida da população.

Em um primeiro plano, é importante analisar o problema pela sua raiz: a educação. Instituições de
ensino, hoje, não incentivam mais a leitura diária. É fato que ainda há escolas e universidades de ensino
mais tradicional que adotam livros para o ano letivo e trabalham seu conteúdo em sala de aula, mas, em
sua grande maioria, os principais agentes responsáveis pela criação do hábito na sociedade não se
preocupam mais com a leitura. O foco do ensino hoje está nos concursos e, uma vez que as provas não
cobram mais o conhecimento acerca de determinadas histórias, não há incentivo para a sua adoção. O
problema, porém, não se resume à negligência.

Além disso, enquanto as instituições não fazem a sua parte, o mercado mostra a que veio: a cada dia, o
preço dos livros em lojas físicas fica maior. Diante de um mercado digital que ainda cresce pouco no
mundo, crescimento que ajudaria a amenizar o problema, o já baixo número de consumidores diminui
ainda mais pelos altos valores. Prova disso é a diversificação de produtos por parte de livrarias
renomadas em prol de não perderem seu lugar no comércio, como muitas “megastores”. A escassez na
venda de livros traz prejuízos compensados por eletrônicos, CDs, DVDs e brinquedos. Nesse sentido, o
incentivo, que já era pouco, é posto em xeque pela própria precificação.

Torna-se evidente, portanto, que setor privado e instituições de ensino em nada ajudam na resolução
do problema, que só cresce, sendo necessário, então, que se recorra a outros agentes sociais, de forma
que estimulem uma ação por parte dos omissos. Em primeiro lugar, o governo, em parceria com as
ONGs, pode criar campanhas de doação de livros, a fim de incentivar a adoção das leituras habituais
sem custo por parte das escolas. Além disso, a mídia pode auxiliar as principais livrarias na divulgação de
seus lançamentos, para que as vendas aumentem e, então, seus preços sejam reduzidos. Só assim,
estimulando o hábito de ler na raiz, amor e felicidade na leitura pregados pelos dois grandes autores
serão, finalmente, características do leitor contemporâneo.

Expressões que não devem ser usadas na redação: expressões generalistas e frases clichês

As frases generalistas ou clichês enfraquecem o sentido e a compreensão da redação. Clichê é uma ideia
já muito batida, uma fórmula muito repetida de falar ou escrever. Os clichês são compreendidos como
frases ou ideias prontas e podem retirar a credibilidade daquilo que está sendo dito. Sua utilização
repetitiva faz com que o texto se assemelhe a outros anteriores, perdendo a originalidade e a qualidade.
As generalizações podem passar a impressão de que o estudante não tem conhecimento sobre o tema.
Portanto, evite usar expressões como “todos sabem”, “qualquer pessoa”, etc. As palavras que não
demonstram precisão, como os termos “algo” e “coisa”, também devem ser evitadas. Abaixo alguns
exemplos desse tipo de expressão:

“Desde os primórdios da humanidade” ou “Antigamente”

Estruturas como “desde os primórdios da humanidade” ou “antigamente” são vícios generalistas que
devem ser evitados. Como muitos estudantes usam essas expressões como uma muleta para começar a
redação, os corretores podem ter a percepção de que o texto começou mal e vai apresentar muitos
clichês. Caso deseje fazer alguma referência ao passado, use datas e expressões mais específicas.
Começar uma frase com “antigamente” traz uma ideia muito vazia. É preciso questionar-se:
“Antigamente quando? Há 50 anos ou antes de Cristo? “qual a data que tal evento realmente
aconteceu?”

Se você não datar o período ao qual você está se referindo, fica muito difícil confiar nas suas ideias –
além de parecer que você não sabe quando determinado evento aconteceu. Muitas vezes o uso dessas
expressões é dispensável, caso não seja, procure substituir essas expressões por outras com mais
exatidão. Exemplos:

Desde 2021, existem muitos debates sobre como evitar a evasão escolar nas escolas do país.

Há dezenove anos foi estabelecida a lei que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para
incluir no currículo oficial a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira".

“Atualmente” ou “hoje em dia”

No caso da palavra “atualmente”, o candidato pode cometer um erro na perspectiva do pleonasmo


(redundância). Os alunos geralmente tendem a iniciar o texto com “atualmente”, e em seguida, o usam
o verbo no presente do indicativo, que já mostra que se trata do tempo presente. Exemplo: Atualmente,
o Brasil é um país violento. O verbo “é”, no presente, já indica que está tratando do país dos dias atuais.
Quando se inicia uma frase com “Hoje em dia” surge muitas dúvidas, por exemplo: hoje em dia quer
dizer no período Contemporâneo ou nos dias de hoje mesmo? Esse termo, apesar de se referir ao
tempo presente, deixa uma ideia pouco fundamentada e vaga.

“A cada dia que passa”

Mais um exemplo de expressão pleonástica. “Todos os dias passam, então “a cada dia que passa” é uma
estrutura que gera um equívoco no campo da semântica.

“Especialistas afirmam “

Quais especialistas? Quem são eles? Qual a base teórica da pessoa que afirma esse tipo de coisa? E em
que contexto ela fez essa afirmação? Essas perguntas servem também para quem costuma usar “Há
quem diga que…”.

É preciso creditar a fonte corretamente para não correr o risco de falar algo equivocado ou se apropriar
indevidamente de uma ideia.

“Muitas sociedades”

Outro grande problema de falta de repertório que aparece muito nas redações. O uso de “muitas
sociedades” ou “muitos países” aparecem com o intuito de exemplificar, porém sem uma especificação
torna-se um repertório improdutivo. Exemplo:

Em muitos países, os professores são valorizados pela sociedade.

A pergunta é: quais países? É preciso nomeá-los.

A população precisa se conscientizar


E Na proposta de intervenção, é importante você detalhar como isso será feito. Mostre como a medida
deve ser feita, quem vai participar dessa ação e complete a sentença.

Uso do pronome “o mesmo”

ATENÇÃO:

A gramática afirma que não se deve usar a palavra "mesmo" como pronome pessoal. Você já deve ter
ouvido a frase “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se encontra parado neste andar”.
Neste caso o pronome “mesmo” foi empregado erroneamente, vamos entender o motivo?

“O mesmo” ou “do mesmo” e suas variações não servem para substituir nome ou pronome, ou seja, não
servem para substituir uma palavra dita anteriormente.

A frase antes mencionada deve ser grafada assim:

“Antes de entrar no elevador, verifique se ele está parado neste andar.”

MESMO é variável?

“Ela mesma fez o requerimento” ou “Ela mesmo fez o requerimento”?

A forma correta é “ela mesma fez”. Isso porque a palavra “mesmo”, quando usada com sentido de
“próprio”, atua como partícula de reforço; é variável (feminino e plural), ou seja, sofre alteração
conforme o sujeito da ação. No plural, a frase acima seria assim grafada: “Elas mesmas fizeram o
requerimento.”

São INADEQUADAS as construções:

O professor cancelou a aula. O mesmo precisou fazer uma reunião de emergência.

O prefeito declarou que as aulas não irão voltar. O mesmo disse, ainda, que recolherá o alvará de
faculdades e escolas.

Como utilizar o pronome “mesmo” da forma correta?

“Mesmo” utilizado como partícula de reforço, e significa “próprio”. Exemplo: “Ela mesma me
entregou a roupa.”

Quando denota ideias como “justamente, de fato, até, ainda”. Exemplo: “É aqui mesmo que quero
ficar.”

Como conjunção concessiva, significando “ainda que”. Exemplo: “Mesmo que ela fale que não precisa
de ajuda, eu vou ajudar.”

Proposta e tema de redação: A importância da educação de jovens e adultos na sociedade atual

A exposição e defesa das ideias do autor do texto deverão ser construídas tendo como centro da
discussão o tema apresentado nesta proposta, tendo em vista aspectos, tais como:

A alfabetização de adultos como uma prática de caráter político;

O papel da educação no processo de inclusão dos jovens e adultos;

Os desafios da sociedade atual e suas demandas de aprendizagem.

Como usar os textos motivadores para a produção da redação:

No parágrafo de introdução, explique, de modo conciso, o que é a EJA e a importância dessa


modalidade de ensino para superar os desafios da sociedade atual. Você pode explicar de que modo a
educação contribui para inclusão de jovens e adultos na sociedade ou destacar dois desafios da
sociedade atual que poderão ser superados através da educação de jovens e adultos. Pode mencionar
também o papel da alfabetização na melhora da qualidade de vida das pessoas.

Nos parágrafos de desenvolvimento, explique as propostas apresentadas na introdução. Lembre-se de


concluir esses parágrafos com frases relacionadas ao tema da redação. É o momento de citar dados
sobre como as pessoas com pouca educação são prejudicadas no mercado de trabalho e sofrem
exclusão social.

Na conclusão, retome o tema da redação e destaque como as ideias apresentadas no seu texto estão
relacionadas ao ponto principal da redação. Fale sobre ações positivas que devem ser tomadas para
uma oferta de qualidade para jovens e adultos.

Texto I

Da Educação de Jovens e Adultos

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade
de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam
efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as
características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola,


mediante ações integradas e complementares entre si.

§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular‐se, preferencialmente, com a educação


profissional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

(Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/)

Texto II- Importância da EJA

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) ainda é vista por muitos como uma forma de alfabetizar quem não
teve oportunidade de estudar na infância ou aqueles que por algum motivo tiveram de abandonar a
escola. Felizmente, o conceito vem mudando e, entre os grandes desafios desse tipo de ensino, agora se
inclui também a preparação dos alunos para o mercado de trabalho – o que ganha destaque nestes
tempos de crise econômica. “Hoje sabemos do valor da aprendizagem contínua em todas as fases da
vida, e não somente durante a infância e a juventude”, afirma o inglês Timothy Ireland, mestre e doutor
na área e especialista em Educação da representação da Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil.

(Disponível:http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/educacao/conteudo_476364.shtml)

Texto III- Desafios da EJA

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) pode ser vista como o ápice do retrato das desigualdades sociais e
econômicas do Brasil. Isto porque congrega em si duas faces: as fragilidades de uma escola excludente
diante da diversidade e, no outro extremo, o direito de aprender independentemente da idade. Com
isso, carrega também a responsabilidade de não excluir estas pessoas uma vez mais.

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2017 deixam claro quem a escola
abandonou: sete em cada dez brasileiros sem Ensino Fundamental completo têm renda familiar de até
um salário-mínimo. No Nordeste, 52,6% dos brasileiros sequer concluíram o Fundamental, enquanto no
Sudeste, 51,1% têm pelo menos o Ensino Médio. As pessoas brancas têm 2 anos a mais de escolarização
em relação às pretas e pardas pretas e mais chances de chegar ao nível superior: 22,2% contra 8,8%.
“A EJA não é só um problema educacional, mas político e social”, resume Sonia Couto, coordenadora do
Centro de Referência Paulo Freire, do instituto homônimo. “Para resolver um lado, tem que resolver os
outros.”

Não é isso, contudo, que se vê na prática. A especialista explica que os alunos evadem ou migram para a
EJA em razão das falhas presentes no Ensino Fundamental e Médio. O Estado, por sua vez, não assume
sua responsabilidade de resolver as questões que levam ao abandono escolar, culpando estudantes e
professores pelo fracasso escolar e fazendo com que a EJA tenha mais um caráter assistencialista do que
de direito, como assegurado pela Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB).

Um levantamento de fevereiro de 2018 do Banco Mundial indica que jovens de 15 a 25 anos vivendo em
lares afetados por quedas nos rendimentos têm 2,3% mais chances de abandonar os estudos.

“Há uma precarização total da educação. Agora, com os investimentos limitados, tende-se a baixar
ainda mais a qualidade na Educação Básica e produzir cada vez mais alunos da EJA, analfabetos e
analfabetos funcionais”, explica Sonia.

Migração para a EJA: causas e consequências

No Brasil, 30% dos alunos da EJA têm entre 15 e 19 anos, segundo o Censo Escolar de 2017. A presença
de adolescentes neste espaço se dá porque muitos precisam trabalhar no período diurno, mas não
querem abandonar os estudos. Também por causa da distorção idade-série resultante de uma cultura
de fracasso escolar ou por serem induzidos a se preparar para o ENCCEJA e obter um certificado mais
rapidamente. EJA persiste em um modelo compensatório, com tempo e conteúdos reduzidos, mais
distante de uma formação integral e emancipatória.

Texto IV- EJA – modalidade de ensino garantida por lei

A EJA é considerada uma modalidade de ensino de extrema importância, pois um dos seus pontos
instiga o resgate de pessoas marginalizadas no mercado de trabalho devido a sua falta na sala de aula na
idade regular. Entre os objetivos desta modalidade destacam-se: oportunizar a inclusão e a permanência
de pessoas jovens e adultas fora da faixa etária obrigatória, na escola, permitindo a conclusão dos
estudos e a qualificação profissional e conclusão do Ensino Fundamental; proporcionar espaços de
formação inicial e continuada aos sujeitos envolvidos (alunos e professores), valorizando suas vivências
e experiências através do diálogo e da escuta para tornar a aprendizagem significativa.

EJA é uma modalidade de ensino criada pelo governo federal pela Lei de Diretrizes Básicas e Bases da
Educação Nacional (LDB 9.394/96). Ela tem o intuito de dar acesso à educação para jovens e adultos que
não concluíram o ensino fundamental ou ensino médio.

No Brasil, metade da população acima de 25 anos não tem a educação básica completa, segundo dados
do IBGE. Desse número, 33,1% das pessoas não terminaram o ensino fundamental. Por essa razão, a
Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma ótima oportunidade para quem deseja concluir a educação
básica. Com o certificado em mãos, é possível participar de concursos públicos que exigem escolaridade
mínima e até mesmo começar uma faculdade.

Texto V: Alfabetização de adultos

O desafio da alfabetização de adultos no Brasil está diretamente relacionado a superação de um de


nossos maiores problemas educacionais: as altas taxas de analfabetismo. De acordo com dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2014 o país contava com 13,2 milhões de pessoas
analfabetas, em termos representativos esse número equivale a população inteira da cidade de São
Paulo na época da pesquisa.
Pauta das políticas de educação no Brasil desde os anos 40, a alfabetização de adultos especialmente
em faixas etárias mais altas requer alguns cuidados na elaboração das propostas pedagógicas e dos
planos de curso das unidades escolares que atendem este segmento de ensino.

A trajetória de vida, os pensamentos, necessidades materiais e a inserção no mundo do trabalho devem


ser consideradas com a finalidade de propor uma metodologia de ensino adequada. É comum o fato de
alunos que retornam aos bancos escolares depois de adultos terem abandonado a escola quando mais
jovens por necessidades de trabalho. Logo, o próprio trabalho, as aspirações de cada aluno, suas crenças
e valores devem ser respeitados e como ponto de partida para a construção do conhecimento. E por se
tratar de grupos com características tão heterogêneas, o ensino em turmas de alfabetização deve se
pautar pelo respeito às origens e os ritmos de aprendizagem de cada um. Por esses motivos, a escola
não pode oferecer a esses alunos um ensino baseando-se nas mesmas características do ensino
oferecido em turmas regulares, que contam com crianças em idade e série compatíveis.

Adultos aprendem melhor quando percebem que o que estão aprendendo se aplica a sua realidade e se
motivam quando percebem transformações em suas aprendizagens. O aprendizado por resolução de
problemas, com tarefas e atividades a serem executadas ao invés de memorizadas, por exemplo, irá
estimular a construção de conhecimentos partindo do conhecimento prévio do aluno ao mesmo tempo
em que irão estimular sua autoestima e sua própria valorização como cidadãos.

Perante tais especificidades a serem consideradas no ensino dessa população, é importante refletir
sobre a formação dos professores responsáveis por aulas nessas turmas. Via de regra a formação inicial
de professores nos cursos de nível superior não privilegia o processo de alfabetização de adultos. Logo,
cresce a importância de se criar dentro dos espaços escolares momentos de formação continuada
aonde, a partir de uma proposta de ensino, os professores possam coletivamente discutir sobre as
características de aprendizagem dos alunos atendidos, as dificuldades encontradas na retomada da
escolaridade, evasão escolar, estratégias interdisciplinares de aprendizagem, abordagens
metodológicas, adaptação de materiais e livros didáticos, avaliação etc.

Esses momentos de reflexão sobre práticas pedagógicas e concepções de ensino são importantes para
que o processo de alfabetização tenha como objetivo final a educação de adultos sob uma perspectiva
integradora, isto é, que privilegie o conhecimento escolar sem deixar de lado as experiências de vida
desses alunos. Desta forma, a aprendizagem deve ser significativa para que os estudantes, para além do
saber ler e escrever, ao longo da escolarização, mesmo que tardia, construam competências para a
compreensão do mundo no qual estão inseridos e participam, autonomia necessária para a melhoria da
própria qualidade de vida dessa população.

Como funciona a EJA?

A EJA pode ser cursada presencialmente ou a distância.

Na modalidade presencial, a dinâmica é similar ao modelo tradicional das escolas. Os estudantes


precisam frequentar às aulas todos os dias, durante quatro horas.

A EJA a distância

Já no ensino a distância, existem duas formas: on-line e por correspondência.

No formato por correspondência, o estudante recebe em casa todo o material necessário para estudar
sozinho. No on-line, por sua vez, o estudante tem acesso a uma plataforma na internet. Lá, ele visualiza
todo o conteúdo disponível durante o curso.

Independentemente do modelo escolhido, estudante da EJA precisa ser aprovado na prova final para
obter o certificado de conclusão. Essa avaliação é feita presencialmente, conforme exigência do
Ministério da Educação (MEC).
Com relação às outras avaliações e atividades, fica a critério da instituição de ensino o formato
escolhido para aplicação.

Quanto tempo leva para concluir um ano letivo da EJA?

Um dos benefícios da EJA é a flexibilidade de tempo.

O curso é mais rápido do que o ensino regular.

O ensino fundamental inteiro pode ser concluído em dois anos, enquanto o ensino médio leva um ano e
meio.

Quais são as matérias que se aprendem na EJA?

Os alunos da EJA têm as mesmas disciplinas que os estudantes da educação básica. Assim, na etapa do
Ensino Fundamental, eles aprendem:

Língua Portuguesa

Matemática

História

Geografia

Ciências

Inglês

Artes

Educação Física

Já no Ensino Médio, que é a segunda etapa, a grade curricular é composta por:

Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Química, Física e Biologia);

Matemática e suas Tecnologias;

Linguagens e Códigos e suas Tecnologias e Redação (Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna,
Artes e Educação Física);

Ciências Humanas e suas Tecnologias (História, Geografia, Filosofia e Sociologia).

Como realizar a prova da EJA?

Depois de cursar a EJA, o estudante está apto a fazer a prova para concluir os estudos.

Essa avaliação é aplicada pela Secretarias Municipais ou Estaduais de Educação.

Os interessados devem procurar os órgãos, ou uma escola, com documentos de identificação para fazer
a inscrição, que é gratuita.

Certificação EJA

Ela avalia as habilidades dos estudantes para obter um certificado de conclusão da etapa do ensino
fundamental ou médio. Com o certificado em mãos, é possível participar de concursos públicos que
exigem escolaridade mínima e até mesmo começar uma faculdade.

Modelo de redação: Desafios da EJA: Educação de Jovens e Adultos

Na série “Segunda Chamada”, há uma protagonista na função de professora, que assume a turma de
Educação de Jovens e Adultos e precisa enfrentar vários desafios e problemas para assegurar a
formação de seus alunos. Infelizmente, o seriado apresenta uma premissa extremamente aproximada
da realidade, com histórias de diversos estudantes e as respectivas razões de cada um para a entrada na
EJA. Nessa concepção, compreende-se que a indisponibilidade de escolas que oferecem o serviço e a
ausência de investimento governamental se apresentam como obstáculos na esfera educacional.

Em primeira análise, evidencia-se a escassez de escolas preparadas para o recebimento de alunos


dessa categoria de ensino. De acordo com dados da rede Avançar Mais, de 2009 até 2019, o brasil
perdeu um terço das escolas para adultos com aulas de ensino fundamental. Isso ocorre pois muitas
vezes os colégios apresentam aulas em apenas um turno e que não corresponde ao horário que os
estudantes estão disponíveis. Assim, o desfalque no expediente mostra-se como notável obstáculo na
educação do jovem.

Outrossim, é inegável a negligência do governo para a educação. Dados do G1 explicitam esse descaso,
com a disponibilização de apenas R$2800,00 por ano com cada aluno, investimento menor do que todas
outras áreas da educação brasileira. De forma similar à ficção, esses adultos acabam tendo um
aprendizado frágil e precário. Portanto, os participantes desse grupo são visivelmente deixados de lado
na nossa sociedade.

Diante dos aspectos observados, faz-se necessário que medidas sejam tomadas para facilitar a
educação de jovens e adultos. Posto isso, o governo e as equipes escolares (direção e a coordenação
pedagógica de cada escola), devem desenvolver uma plataforma única para o acesso dos estudantes
dessa modalidade e aumentar a flexibilização das aulas da EJA, por meio da criação de classes com
modalidades presenciais, semipresenciais e à distância, a fim de atenuar os efeitos causados pelos
meios de subsistência dos alunos dessa categoria e visando ainda o aumento do número de alunos que
desejam concluir o Ensino Básico. Dessa forma, os discentes poderão escolher entre os modos de ensino
disponibilizados e se adaptarão mais facilmente. Assim, a realidade representada na série televisiva será
interrompida e o cidadão verá seu direito à educação garantido.

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