Exercite sua capacidade crítica Procure observar todas as informações que você recebe do mundo com olhar crítico. Seja um observador e reflita sempre sobre tudo, seja um post do Instagram ou uma notícia do jornal da TV. Argumentação e sequência lógica
Os argumentos devem ser encadeados de forma progressiva
para que o leitor perceba o entrelaçamento e a evolução das ideias. Para facilitar essa sequência, é importante estabelecer um plano esquemático a ser cumprido.
Tema: Caminhos para combater a intolerância religiosa no
Brasil Tese: O ser humano costuma rejeitar crenças religiosas que não coincidem com as suas. Observe a linha de argumentação
1. Na Antiguidade - intolerância religiosa, com pagãos e judeus
perseguindo cristãos. 2. Na Idade Média - intolerância religiosa entre cristãos e muçulmanos. 3. No século XIX - perseguição em algumas regiões dos Estados Unidos contra mórmons. 4. Na atualidade - os conflitos envolvendo o Estado Islâmico. Observe a linha de argumentação
Tendo em vista que o recorte do tema proposto para a redação é
a intolerância religiosa no Brasil, os argumentos podem ser estendidos em sequência progressiva a partir da comparação também com fatos históricos no Brasil:
❖ Pressão que os colonizadores estabeleceram para catequizar
os povos originários, desrespeitando as religiões seguidas pelos nativos. Observe a linha de argumentação
❖ Na sequência, a discriminação contra aqueles que professavam
religiões difrerentes da oficial. ❖ A perseguição intensificada contra as religiões adotadas pelos escravos, com campanha constante e ostensiva para que fossem vistas de maneira negativa. ❖ Hoje, ainda que a legislação proiba de maneira clara a intolerância religiosa, são comuns os constantes ataques tanto verbais quanto físicos, especialmente contra religiões seguidas por afrodescendentes. Observe a linha de argumentação
❖ Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução
da casa colonial, como disserta Gilberto Freyre em “Casa-grande e Senzala”. O autor ensina que a realidade do Brasil até o século XIX estava compactada no interior da casa-grande, cuja religião oficial era católica, e as demais crenças – sobretudo africanas – eram marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhes deram aparência cristã, conhecida hoje por sincretismo religioso. No entanto, não é razoável que ainda haja uma religião que subjugue as outras, o que deve, pois, ser repudiado em um Estado laico, a fim de que se combata a intolerância de crença. Observe a linha de argumentação
❖ De outra parte, o sociólogo Zygmunt Bauman defende , na obra “Modernidade
Líquida”, que o individualismo é uma das principais características – e o maior conflito – da pós-modernidade , e , consequentemente, parcela da população tende a ser incapaz de tolerar diferenças. Esse problema assume contornos específicos no Brasil, onde, apesar do multiculturalismo, há quem exija do outro a mesma postura religiosa e seja intolerante àqueles que dela divergem. Nesse sentido, um caminho possível para combater a rejeição à diversidade de crença é desconstruir o principal problema da pós-modernidade , segundo Zygmunt Bauman: o individualismo. Observe a linha de argumentação
❖ Desde a colonização, o país sofre com imposições religiosas. Os padres
jesuítas eram trazidos pelos portugueses para catequizar os índios, e a religião que os nativos seguiam – a exaltação da natureza – era suprimida. Além disso, a população africana que foi trazida como escrava também enfrentou fortes repressões ao tentar utilizar sua religião como forma de manutenção cultural. É relevante notar que, ainda hoje, as religiões afro-brasileiras são os maiores alvos de discriminação, com episódios de violência física e moral veiculados pelas mídias com grande frequência. Observe a linha de argumentação
❖ Concomitantemente, ainda que o Brasil tenha se tornado um Estado laico,
com uma enorme diversidade religiosa devido à grande miscigenação que o constituiu, o respeito pleno às diferentes escolhas de crença não é realidade. A palavra religião tem sua origem em “religare”, que significa ligação, união em torno de um propósito; entretanto, ela tem sido causa de separação, desunião. Mesmo que legislações, como a Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, já prevejam o direito à liberdade de expressão religiosa, enquanto não houver amadurecimento social não haverá mudança. Tema: "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil" REDAÇÃO 1
O poeta modernista Oswald de Andrade relata, em "Erro de Português",
que, sob um dia de chuva, o índio foi vestido pelo português - uma denúncia à aculturação sofrida pelos povos indígenas com a chegada dos europeus ao território brasileiro. Paralelamente, no Brasil atual, há a manutenção de práticas prejudiciais não só aos silvícolas, mas também aos demais povos e comunidades tradicionais, como os pescadores. Com efeito, atuam como desafios para a valorização desses grupos a educação deficiente acerca do tema e a ausência do desenvolvimento sustentável. Tese: educação dificiente e a ausência do desenvolvimento sustentável Diante desse cenário, existe a falta da promoção de um ensino eficiente sobre as populações tradicionais. Sob esse viés, as escolas, ao abordarem tais povos por meio de um ponto de vista histórico eurocêntrico, enraízam no imaginário estudantil a imagem de aborígenes cujas vivências são marcadas pela defasagem tecnológica. A exemplo disso, há o senso comum de que os indígenas são selvagens, alheios aos benefícios do mundo moderno, o que, consequentemente, gera um preconceito, manifestado em indagações como “o índio tem ‘smartphone’ e está lutando pela demarcação de terras?” – ideia essa que deslegitima a luta dos silvícolas. Entretanto, de acordo com a Teoria do Indigenato, defendida pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o direito dos povos tradicionais à terra é inato, sendo anterior, até, à criação do Estado brasileiro. Dessa forma, por não ensinarem tal visão, os colégios fometam a desvalorização das comunidades tradicionais, mediante o desenvolvimento de um pensamento discriminatório nos alunos. Além disso, outro desafio para o reconhecimento desses indivíduos é a carência do progresso sustentável. Nesse contexto, as entidades mercadológicas que atuam nas áreas ocupadas pelas populações tradicionais não necessariamente se preocupam com a sua preservação, comportamento no qual se valoriza o lucro em detrimento da harmonia entre a natureza e as comunidades em questão. À luz disso, há o exemplo do que ocorre aos pescadores, cujos rios são contaminados devido ao garimpo ilegal, extremamente comum na Região Amazônica. Por conseguinte, o povo que sobrevive a partir dessa atividade é prejudicado pelo que a Biologia chama de magnificação trófica, quando metais pesados acumulam-se nos animais de uma cadeia alimentar – provocando a morte de peixes e a infecção de humanos por mercúrio. Assim, as indústrias que usam os recursos naturais de forma irresponsável não promovem o desenvolvimento sustentável e agem de maneira nociva às sociedades tradicionais. Portanto, é essencial que o governo mitigue os desafios supracitados. Para isso, o Ministério da Educação – órgão responsável pelo estabelecimento da grade curricular das escolas – deve educar os alunos a respeito dos empecilhos à preservação dos indígenas, por meio da inserção da matéria “Estudos Indigenistas” no ensino básico, a fim de explicar o contexto dos silvícolas e desconstruir o preconceito. Ademais, o Ministério do Desenvolvimento – pasta instituidora da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais – precisa fiscalizar as atividades econômicas danosas às sociedades vulneráveis, visando à valorização de tais pessoas, mediante canais de denúncias. REDAÇÃO 2
Na segunda metade do século XVIll, os escritores da primeira fase do
Romantismo elevaram, de maneira completamente idealizada, o indígena e a natureza à condição de elementos personificadores da beleza e do poder da pátria (quando, na verdade, os nativos continuaram vítimas de uma exploração desumana no momento em questão). Sem desconsiderar o lapso temporal, hoje nota-se que, apesar das conquistas legais e jurídicas alcançadas, a exaltação dos indígenas e dos demais para tradicionais não se efetivou no cenário brasileiro e continua restrita às prosas e poesias do movimento romântico. A partir desse contexto, é imprescindível compreender os maiores desafios para uma plena valorização das comunidades tradicionais. Nesse sentido, é inegável que o escasso interesse político em assegurar o respeito à cultura e ao modo de vida das populações tradicionais frustra a valorização desses indivíduos. Isso acontece, porque, como já estudado pelo sociólogo Boaventura de Sousa Santos, há no Brasil uma espécie de “Colonialismo Insidioso”, isto é, a manutenção de estruturas coloniais perversas de dominação, que se disfarça em meio a avanços sociais, mas mantém a camada mais vulnerável da sociedade explorada e negligenciada. Nessa perspectiva, percebe-se o quanto a invisibilização dos povos tradicionais é proposital e configura-se como uma estratégia política para permanecer no poder e fortalecer situações de desigualdade e injustiça social. Dessa forma, tem-se um país que, além de naturalizar as mais diversas invasões possessórias nos territórios dos povos tradicionais, não respeita a forma de viver e produzir dessas populações, o que comprova uma realidade destoante das produções literárias do Romantismo. Ademais, é nítido que as dificuldades de promover um verdadeiro reconhecimento e valorização das comunidades tradicionais ascendem à medida que raízes preconceituosas são mantidas. De fato, com base nos estudos da filósofa Sueli Carneiro, é perceptível a existência de um “Epistemicídio Brasileiro” na sociedade atual; ou seja, há uma negação da cultura e dos saberes de grupos subalternizados, a qual é ainda mais reforçada por setores midiáticos. Em outras palavras, apesar da complexidade de cultura dos povos tradicionais, o Brasil assume contornos monoculturais, um vez que inferioriza e “sepulta” os saberes de tais grupos, cujas relações e produções, baseadas na relação harmônica com a natureza, destoam do modelo ocidental, capitalista e elitista. Logo, devido a um notório preconceito, os indivíduos tradicionais permanecem excluídos socialmente e com seus direitos negligenciados. Portanto, faz-se necessário superar os desafios que impedem a vilanização das comunidades tradicionais no Brasil. Para isso, urge que o Poder Executivo - na esfera federal - amplie a verba destinada a órgãos fiscalizadores que visem garantir os direitos dos povos tradicionais e a preservação de seus territórios e costumes. Tal ação deve ser efetivada pela implantação de um Projeto Nacional de Valorização dos Povos Tradicionais, de modo a articular, em conjunto com a mídia socialmente engajada, palestras e debates que informem a importância de tais grupos em todos os 5570 municípios brasileiros. Isso deve ser feito a fim de combater os preconceitos e promover o respeito às populações tradicionais. Afinal, o intuito é que elas sejam tão valorizadas quanto os índios na primeira fase da literatura romântica. ANÁLISE DO TEXTO No Brasil, o insignificante destaque midiático em relação à pobreza extrema vem sendo criticado. Em face disso, a marginalização do segmento social miserável, nos veículos de comunicação, resulta da associação dos fatores socioculturais, no contexto do mundo global, o que pode agravar o estado de exclusão desse grupo, evidenciando, assim, a necessidade de estratégias que deem visibilidade às contradições da sociedade. Analisando o fragmento anterior: introdução ▪ Apresentação do tema: No Brasil, o insignificante destaque midiático em relação à pobreza extrema vem sendo criticado. ▪ Contextualização e a tese: a marginalização do segmento social miserável nos veículos de comunicação resulta da associação dos fatores socioculturais no contexto do mundo global, o que pode agravar o estado de exclusão desse grupo, evidenciando, assim, a necessidade de estratégias que deem visibilidade às contradições da sociedade. ▪ Elementos coesivos: em face disso, assim. ANÁLISE DO TEXTO Com efeito, os sociólogos Adorno e Hokheimer afirmam que a indústria cultural estima a necessidade de consumir. Nessa perspectiva, a mídia, muitas vezes, omite-se de enfatizar a situação miserável de alguns indivíduos, pois eles não possuem hábitos socioculturais que sirvam como modelo para criar um desejo consumo. Desse modo, quando uma celebridade é fotografada usando alguma marca ou patrocinando alguma atividade, a indústrias midiática utiliza-se desse fato para promover-se e aumentar os lucros. Nesse contexto de marginalização, denunciar a miséria não é rentável aos veículos midiáticos. ANALISANDO O FRAGMENTO ANTERIOR: DESENVOLVIMENTO ▪ Argumentos em defesa do ponto de vista: os sociólogos Adorno e Horkheimer afirmam que a indústria estimula a necessidade de consumir. Celebridade é fotografada usando alguma marca ou patrocinando alguma atividade. ▪ Repertório sociocultural produtivo: contextualização das teorias dos sociólogos Adorno e Horkheimer com situações contemporâneas. ▪ Estratégias sociocultural produtivo: alusão histórico-filosófica, exemplos, contextualização do argumento de autoridade, relação causa/consequência. ▪ Elementos coesivos: com efeito, nessa perspectiva, desse modo, nesse contexto. ANÁLISE DO TEXTO: desenvolvimento Em virtude disso, a incorporação dos padrões impostos pela mídia, aliada à falta da criticidade, faz muitos indivíduos tornarem-se indiferentes às condições de vida dos estratos miseráveis e não compreendem a pobreza como um fenômeno social. Ademais, essa situação de indiferença, segundo sociólogos, promove a violência simbólica, ou seja, a desvalorização das práticas sociais dos grupos marginalizados, como músicas, danças e crenças, o que é um desrespeito à igualdade social e à tolerância. ANALISANDO O FRAGMENTO ANTERIOR: DESENVOLVIMENTO ▪ Argumentos em defesa do ponto de vista: incorporação dos padrões impostos pela mídia, aliada à falta da criticidade, faz muitos indivíduos tornarem-se indiferentes às condições de vida dos estratos miseráveis e não compreendem a pobreza como um fenômeno social. Ademais, essa situação de indiferença, segundo sociólogos, promove a violência simbólica, ou seja, a desvalorização das práticas sociais dos grupos marginalizados, como músicas, danças e crenças, o que é um desrespeito à igualdade social e à tolerância. ▪ Repertório sociocultural produtivo: análise social e filosófica de aspectos contemporâneos, dando enfoque à marginalização da pobreza e suas consequências, como a violência simbólica. ▪ Elementos coesivos: em virtude disso, ademais, ou seja, como. ANÁLISE DO TEXTO: CONCLUSÃO Destarte, a pobreza extrema precisa ser mais destacada e discutida pela mídia e pela sociedade. Para isso, os veículos de comunicação devem ampliar os espaços editorias que questionem as contradições sociais e permitem a expressão dos grupos marginalizados, por meio dos artigos opinativos e da carta ao leitor. Além disso, as escolas e as universidades devem estimular a criticidade dos discentes e aprofundar questionamentos acerca das causas da pobreza, por intermédio de debates, em sala de aula, e fóruns de discussão, como forma de diminuir a alheamento à pobreza a amenizar os preconceitos socioculturais. Analisando o fragmento: conclusão ▪ Retomada da tese: Destarte, a pobreza extrema precisa, ser mais destacada a discutida pela mídia e pela sociedade. ▪ Intervenção (o que fazer?): ampliar os seus espaços editorias que questionem as contradições sociais e permitem a expressão dos grupos marginalizados, por meio dos artigos opinativos e carta ao leitor. Além disso, as escolas e as universidades devem estimular a criticidade dos discentes e aprofundar questionamentos acerca das causas da pobreza, por intermédio de debates, em sala de aula, e fóruns de discussão, como forma de diminuir a alheamento à pobreza a amenizar os preconceitos socioculturais. ▪ Agentes (quem vai fazer?): veículos de informação, escolas, universidades. ▪ Detalhamento (como será feito): por meio dos artigos opinativos, por intermédio de debates, em sala de aula, e fóruns de discussão. ▪ Elementos coesivos: destarte, para isso, por meio, além disso, por intermédio, como. Nunca cometa esse erro: ▪ Tautologia: pensamento cíclico, ou seja, rodar em círculos e acabar dizendo na sentença seguinte o que você já disse antes. Ser tautológico mostra a falta de repertório sobre o conteúdo. DE OLHO NA LÍNGUA: DICAS ▪ Discriminar: é o ato de diferenciar, distinguir, separar ▪ Descriminar: significa deixar de ser um crime. Ex.: O parlamentar acusou o governo federal de discriminar o Paraná. Ex.: Pediram a descriminação do uso de drogas. De olho na língua: dica ▪ Frases fragmentadas: decorre da pontuação empregada de forma errada. Errado: O programa recebeu a convocação do Congresso Nacional. Depois de ter longamente debatido. Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso Nacional, depois de ter longamente debatido. Certo: Depois de ter longamente debatido, o programa recebeu a aprovação do Congresso Nacional. De olho na língua: dica ▪ Se não: deve ser usado quando puder ser substituído por caso não ou quando não Ex.: Se não houvesse tanta mobilização (caso não houvesse) ▪ Senão: significa do contrário, a não ser, mais do que... Ex.: Aliança entre os partidos é como um casamento: tem que cuidar todo dia, senão desanda.