Prof. Jair Santana Estudante: Anthony Assis da Silva Atividade 1/ Segundo Exercício OBS: É uma atividade de filosofia, não a faça sem ter lido todo o texto, quero respostas bem fundamentadas, com argumentos racionais e lógicos. Não vale respostas rasas e pouco desenvolvidas.
1. Na aula na qual discutimos a filosofia da ancestralidade vimos a complexidade desse
conceito. O que é essa filosofia? Qual o seu posicionamento diante de filosofias eurocêntricas?
Ela surge como resultado da encruzilhada do pensamento contemporâneo, sofrendo
influência da filosofia da diferença francesa, pensamento afrocêntrico norte-americano, filosofia intercultural, filosofia latinoamericana da libertação e pensamento social negro no Brasil. Possui a característica de ser decolonial, indo contra a filosofia eurocêntrica. Aqui a ancestralidade vai além dos laços sanguíneos e graus de parentesco, deixa de ser uma categoria nativa para uma analítica, auxiliando na construção de sentidos e experiência ética. Nós, descendentes dos escravos no Brasil, somos africanos ao nosso modo, sem a cidadania em algum país do continente matriz, mas mantendo as festas, línguas, artes, crenças e outras tradições nas Américas. Um exemplo disso é a polifonia de sentidos inserida no português brasileiro com palavras como: mandinga, maloqueiro, calunga, ginga, etc. A filosofia da ancestralidade não segue a mesma lógica da europeia, de ser escrita, mesmo em outros continentes, na sua maioria por indivíduos do sexo masculino e brancos, sempre deixando um teor de dominação. Ela, ao contrário da citada, é comunitarista, reivindicando seu fazer filosófico à tradição dinâmica dos povos africanos. Um exemplo usado recentemente desse estilo de vida não individualista foi a união de muitas favelas para enfrentarem as dificuldades econômicas geradas pelo isolamento social da pandemia da COVID.
2. Ao conhecer a filosofia da ancestralidade que compromissos você deve assumir em
relação ao ensino de história diante da LDB 9394/96? Qual deve ser o lugar da história e cultura africana e afro-brasileira no seu fazer pedagógico?
Existe primariamente a responsabilidade de combater os conceitos coloniais, não só
mostrando porque estão errados, como se fosse um deslize gramatical, mas também confrontado as pessoas e condições que os geram. Uma ideia de fazer isso em aulas de História seria ao falar da escravidão negra e épocas contemporâneas, mostrar as ideias “científicas” preconceituosas que justificavam a violência, as pessoas que escreviam essas visões, o processo de superação com seus agentes revolucionários e o que infelizmente ainda ficou. Por exemplo: ao se falar sobre a Lei Áurea, pode-se expor os movimentos abolicionistas e os quilombos, quem era contra a libertação dos escravos e problematizar a imagem santificada da princesa Isabel. Partindo para além da ressignificação dos conceitos e identificação do rosto do Outro, é necessário reconhecer e vislumbrar as distintas formas culturais. As crianças não podem ter apenas uma rápida visualização no dia da consciência negra, ou no caso dos povos originários, no dia do indígena. Elas precisam saber das manifestações populares das suas regiões, como o maracatu, cavalo marinho, Jurema Sagrada, Umbanda, entre outras. Vale ressaltar a importância de não se ensinar dizendo que é folclore, isso é um termo usado para inferiorizar as culturas tidas por muitos acadêmicos como inferiores. Na matéria de História isso pode ser trabalhado mostrando como interferiram no dia a dia das pessoas. Exemplificando: a capoeira foi legalizada no governo de Getúlio Vargas como esporte nacional, mas as pessoas a praticavam mesmo sendo proibido, então poderia ser apresentado como acontecia a resistência, a forma das periferias e elite verem a luta e o real motivo político por trás do ditador civil. Tendo essas preocupações trazidas pela Filosofia da Ancestralidade, em reconhecer os saberes protegidos pelos negros e indígenas, educando nossas novas gerações de forma igualitária na importância dos assuntos exigidos pelo sistema escolar, vai ser possível cumprir a LDB 9394/96, que diz: "a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais."