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Apostila de Redação do ENEM

gratuita e completa!

A base de uma boa redação é um bom argumento. Sem o


argumento, não adianta nada usar a crase direitinho ou citar
filósofos que morreram dois mil anos atrás. Tudo isso só serve
pra dar aquela caprichada na sua argumentação, que nem
granulado em cima do brigadeiro; só que granulado nenhum
conserta um brigadeiro queimado.

Quer ver só? Dá uma olhada em como as redações do ENEM são


corrigidas:

quem disse que professor de redação não sabe fazer conta

A nota da redação, que pode chegar até 1000 pontos, é calculada


a partir de cinco critérios, cada um valendo 200: domínio
da escrita formal, mecanismos linguísticos,
estrutura e conhecimentos, argumentação e proposta
de intervenção.
Domínio da Escrita Formal, como o próprio nome já
diz, confere se o texto tá dentro das regrinhas do português
padrão. O corretor vai olhar sua ortografia, concordância,
pontuação, uso de maiúsculas, etc — o básico. A menos que você
teja tão acostumada com o zap que esqueceu como se usa
acento, não é muito difícil pegar uns 120 pontos aqui.

Já o critério Mecanismos Linguísticos continua avaliando seu


português, mas em outro aspecto; aqui a questão não é só se
você tá escrevendo certinho, mas se as suas frases fazem sentido
juntas. Se eu disser “Maria estava feliz. Ela escolheu o vestido
amarelo”, essas frases estão conectadas? Não. E se eu
disser “Maria estava feliz, e pra exibir sua felicidade, escolheu o
vestido amarelo”? Agora sim dá pra entender o que é que uma
frase tem a ver com a outra. O mesmo vale pra sua redação!
Vamos supor, então, que você também tire 120 pontos aqui; até
agora, sua nota é 240.

Agora a coisa começa a complicar: Estrutura e


Conhecimentos avalia dois aspectos da sua redação que não têm
nada a ver com português. Primeiro, o corretor confere se você
seguiu o modelo dissertativo-argumentativo; ou seja, se o seu
texto tá dentro do tema, dividido em introdução,
desenvolvimento e conclusão, e se ele tem argumentos. Essa é
a parte da estrutura. Já a parte do conhecimento tem a ver com
você mostrar que entende do problema, reforçando
seu argumento com referências: exemplos, estatísticas,
citações, essas coisas.

Se o critério anterior conferiu se você tem argumentos e se


reforçou seus argumentos com referências, aqui o negócio é
olhar a Argumentação em si. Seu raciocínio é claro? Suas ideias
tão bem explicadas? Não adianta chegar na redação sobre
violência contra a mulher e falar que bater em mulher é errado.
Que é errado, todo mundo sabe! (Quem dera.)
Seu argumento tem que ir além.

Por fim, o último critério é o da Proposta de Intervenção. Todo


mundo faz o último parágrafo na pressa, escrevendo qualquer
coisa pra terminar logo, e depois reclama que a nota vem baixa.
Claro que vem baixa! A proposta vale, sozinha, 200 pontos, só
que pra chegar aos 200 ela precisa ser bem detalhada e tar
amarradinha nos argumentos. Se você explicou a violência
contra a mulher dizendo que é resultado do machismo, então
sua proposta precisa atacar o machismo! Parece óbvio, mas se
fosse óbvio mesmo eu não taria escrevendo essa apostila. Eu
tenho mais o que fazer.

Resumindo: teu português só te garante uns 240 pontos — 400,


no máximo, se você usar um monte de conectivo chique,
tipo “Todavia” e “Ademais”, e tiver o vocabulário de um imortal
da Academia de Letras. Todo o resto da nota vem dos critérios
que analisam seu argumento!
Isso pode parecer má notícia, mas não é. Matérias como História
ou Biologia vão te pedir pra decorar, sei lá, quem foi Marquês de
Pombal, e aí você decora e o negócio não cai na prova. Fica
aquela frustração de ter estudado “à toa”. Já a redação não te
avalia por sorteio — ela é um teste de habilidade. Toda prova
de redação avalia seu português e seus argumentos. Sempre.
Não existe chance de não cair proposta de intervenção, ou de
não pedirem pra você argumentar. E já que você
sabe exatamente no que vai ser avaliada, todo segundo que você
passa treinando redação ajuda a aumentar sua nota. Eu sei disso
porque funcionou comigo.

Da primeira vez que eu tentei o vestibular, no fim do ensino


médio, minha nota na redação foi 580 — bem ruinzinha. Acabei
não passando no curso que eu queria. Quatro anos depois eu
resolvi tentar de novo, só que praticando redação uma vez por
semana. Aí eu tirei 920 e passei em Direito na USP.

Se você, como eu, não fez ensino médio num colégio particular,
não pode pagar cursinho e não tem muito tempo e memória
livres, a sua melhor chance de passar na faculdade é tirar mais
de 900 na redação — caprichando no argumento. E foi pra isso
que eu criei a apostila.

Beleza, então já que a gente sabe que o importante é a


argumentação, vamo começar do começo: O que é
argumentar?
Filisteus. Basquiat, 1982

O QUE É ARGUMENTAR?

Se o autor faz alguma


afirmação, procurando convencer o leitor
da verdade do que se está afirmando,
estamos diante de um argumento.

Essa é definição de argumento do autor Cezar Mortari, um cara


que você só precisa saber quem é se tiver prestando o ENEM pra
cursar filosofia. Segundo Mortari, argumentar é tentar
convencer alguém de que uma afirmação é verdadeira.
Mas como que é você convence alguém de alguma coisa?

Digamos que uma mãe mande a filha desligar a tevê porque tá


na hora de dormir, e a filha diz que não precisa dormir agora;
que pode assistir desenho até tarde. Essa é uma afirmação: “eu
posso assistir desenho até tarde”. Olha, eu não sei como você foi
criada, mas lá em casa minha mãe tacaria um chinelo na minha
cabeça por responder assim. Então eu teria que ser mais
diplomática: eu posso assistir desenho até tarde porque amanhã
não tem escola.

Essa é a diferença entre uma afirmação e um argumento:


a explicação. Nós explicamos uma afirmação pra que ela seja
mais convincente. Você precisa comer verduras porque faz bem
pra saúde. A escravidão é injusta porque liberdade é um direito
humano. Eu prefiro dar três exemplos porque melhora o ritmo
do parágrafo.

A fórmula mágica do argumento

Seguindo essa lógica de que explicar uma afirmação torna ela


mais convincente, quanto mais se explica uma afirmação, mais
convincente ela é. “Você precisa comer verduras porque faz
bem pra saúde.” Ok. Mas por que faz bem pra
saúde? “Porque verduras são ricas em nutrientes, como fibras
e vitaminas.” Agora a minha afirmação é mais convincente
ainda! E dá pra continuar explicando: “fibras e vitaminas fazem
bem pra saúde porque são nutrientes essenciais ao bom
funcionamento dos órgãos.” Quanto mais fundo você for, mais
convincente é a afirmação original; só de escrever esse parágrafo
me deu vontade de almoçar salada. (Não vou fazer isso)
Mas aí você me diz: pera, eu nunca vi correção pedindo pro
argumento ser mais convincente. O ENEM leva isso em
consideração? Leva, só que sob outro nome — o temido senso
comum.

Não existe um argumento que, em si, seja senso comum. Senso


comum não é a mesma coisa que “clichê”. Não tem problema
nenhum você seguir uma linha de raciocínio que não é, digamos,
um estouro de criatividade. Quer ver só? Olha esse parágrafo de
uma redação nota 1000, de 2016, do tema Caminhos para
combater a intolerância religiosa no Brasil:

Em primeiro plano, é necessário que a


sociedade não seja uma reprodução da casa
colonial, como disserta Gilberto Freyre em
“Casa-grande e Senzala”. O autor ensina
que a realidade do Brasil até o século XIX
estava compactada no interior da casa-
grande, cuja religião oficial era católica, e as
demais crenças — sobretudo africanas —
eram marginalizadas e se mantiveram vivas
porque os negros lhes deram aparência
cristã, conhecida hoje por sincretismo
religioso. No entanto, não é razoável que
ainda haja uma religião que subjugue as
outras, o que deve, pois, ser repudiado em
um Estado laico, a fim de que se combata a
intolerância de crença.

No parágrafo acima, o autor argumenta que as religiões


africanas são marginalizadas desde os tempos coloniais, e que
isso não é razoável. Agora me diz: esse argumento é muito
criativo? Não. É um argumento muito original? Não! Todo
mundo sabe que a intolerância religiosa com o candomblé tem a
ver com escravidão. Se um argumento senso comum fosse um
argumento clichê, o autor tinha perdido ponto — mas ele tirou
1000. Então o que é senso comum?

o coraçãozinho é parte importante da argumentação


Quando se diz que um argumento é senso comum, o que se quer
dizer é que ele não está muito bem explicado. Vamos pegar esse
exemplo aí da intolerância. Finge que o autor escreveu assim:

Em primeiro plano, vê-se que a intolerância


contra religiões afro-brasileiras tem suas
raízes nos tempos coloniais. No entanto, não
é razoável que ainda haja uma religião que
subjugue as outras, pois esta é uma forma de
preconceito.

A ideia é exatamente a mesma de antes, mas aqui ela cai no


senso comum. E por quê? Porque eu afirmei, mas não expliquei!
Volta no parágrafo original e olha a diferença. Lá, o autor explica
que as religiões africanas eram marginalizadas porque a religião
oficial, dos escravagistas, era a católica, e que a intolerância deve
ser combatida porque o Estado é laico. Ele até usa uma
referência! Já no segundo parágrafo, nada disso é dito; eu só
afirmo e deixo pra lá, como se eu achasse que você já concorda
comigo.

Esse é o argumento senso comum — o que acha que não


precisa convencer ninguém. Comum, aqui, não quer
dizer simples, ordinário. Quer dizer compartilhado. Senso
comum: o argumento que só funciona se nós já compartilhamos
a mesma opinião.
“porque sim” não é argumento!
Em geral, os argumentos que mais caem no senso comum são os
que explicam um fenômeno (como a violência contra a mulher,
ou a intolerância religiosa) com base em um preconceito (como
o machismo, ou o racismo), porque é muito fácil se satisfazer
com isso, já que todo mundo concorda que o problema é
preconceito e que o preconceito é ruim. Mas se só o que eu digo
é que a violência contra a mulher é fruto do machismo, eu ainda
não expliquei direito minha afirmação. Como o machismo
oprime a mulher? O que leva o machista a agredir uma
mulher? Por que o machismo existe? Nada disso foi
explicado. Aí eu meto um pedido de “conscientização” no último
parágrafo e pronto, fica uma redação senso comum, nota 520.

Então o único jeito de fugir do senso comum é explicando tudo


que você afirma, principalmente o que te parecer óbvio. Óbvio
é tudo que nós aceitamos sem explicação. Argumentos que não
explicam o óbvio são argumentos medíocres, que se apoiam no
que já está estabelecido. Todo mundo sabe que a causa da
violência contra a mulher é o machismo, então não precisa
explicar mais nada. Claro que precisa! Por isso que é uma
REDAÇÃO, não uma questão de múltipla escolha. Não é a
resposta que interessa, é a explicação!

E já que é a explicação que importa, não existe resposta certa.


Você pode dizer que o machismo valoriza comportamentos
agressivos, e faz o homem se sentir mais homem quando bate na
mulher; ou que o machismo estimula o controle da mulher,
tanto por vias econômicas e psicológicas quanto físicas. Tanto
faz! O ENEM não está procurando o argumento certo — o que a
gente quer é um argumento convincente. E pra convencer,
só explicando.

Então vamos exercitar isso.

EXERCÍCIO DE ARGUMENTAÇÃO — I — CRIANDO


ARGUMENTOS

Este primeiro exercício começa com uma afirmação bem


simples: “Não-sei-o-quê é bom”. Pode ser qualquer coisa:
viagem ao espaço, Bolsa Família, acordar às duas da tarde. Pro
meu exemplo, eu vou usar “Maçãs são boas”, pra ver se minhas
alunas pegam a dica e me trazem uma maçã na aula.

AFIRMAÇÃO: Maçãs são boas.

Essa é minha afirmação original. Pra construir um argumento


a partir da minha afirmação eu preciso explicá-la, dar um
porquê; do contrário, eu estou só afirmando, não argumentando.

Maçãs são boas PORQUE fazem bem à


saúde.

Essa é a minha primeira explicação: elas fazem bem à saúde.


Ótimo! Nossa afirmação já virou um argumento, mas ele ainda é
bem senso comum. Pra que ele fique mais convincente,
precisamos aprofundá-lo. Por que maçãs fazem bem à
saúde?
ARGUMENTO 1: Maçãs são boas PORQUE
fazem bem à saúde PORQUE combatem o
tártaro e são ricas em nutrientes.

Beleza, já temos um argumento mais desenvolvido. Não se


preocupa com a repetição do “porque”; a gente cuida disso
depois, na parte de Mecanismos Linguísticos.

Agora eu vou construir um segundo argumento a partir da


afirmação original. Como nós vimos, pra construir um
argumento é só explicar a afirmação — dar um porquê. Então a
mesma afirmação, com uma outra explicação, é um
outro argumento.

Maçãs são boas PORQUE são gostosas.

Aí aprofundamos o argumento:

ARGUMENTO 2: Maçãs são boas PORQUE


são gostosas PORQUE têm um gosto doce
bem natural, sem ser enjoativo.

Pronto! Ao fim desse exercício, temos dois argumentos, que é o


número perfeito pra uma redação.
Agora é sua vez. Vou sugerir algumas afirmações, mas você pode
criar as suas, se preferir. O exercício serve pra qualquer coisa.

AFIRMAÇÃO 1: Escrever uma redação por semana é bom.

a) ARGUMENTO 1: Escrever uma redação por semana é bom


porque…

b) ARGUMENTO 2: Além disso, escrever uma redação por


semana é bom porque…

AFIRMAÇÃO 2. Viajar é bom.

a) ARGUMENTO 1: Viajar é bom porque…

b) ARGUMENTO 2: Além disso, viajar é bom porque…

AFIRMAÇÃO 3. Hospitais públicos são bons.

a) ARGUMENTO 1: Hospitais públicos são bons porque…

b) ARGUMENTO 2: Além disso, hospitais públicos são bons


porque…

AFIRMAÇÃO 4: Energia elétrica é boa.

a) ARGUMENTO 1: Energia elétrica é boa porque…

b) ARGUMENTO 2: Além disso, energia elétrica é boa


porque…
AFIRMAÇÃO 5. Democracia é boa.

a) ARGUMENTO 1: Democracia é boa porque…

b) ARGUMENTO 2: Além disso, democracia é boa porque…

E aí, conseguiu terminar os exercícios? Se você teve dificuldade,


não se preocupa. Demora um pouquinho pra gente se acostumar
a explicar o que diz, mas com o tempo cê pega o jeito. É só
praticar! E falando em prática, vamos agora à sua primeira
proposta de redação.

PROPOSTA DE REDAÇÃO — I — SÉRIE PREFERIDA

Essa é uma proposta bem simples, só pra você exercitar mais sua
argumentação: eu quero que você escreva um texto me
convencendo a assistir sua série preferida. Tenta não se
importar muito com a estrutura, por enquanto; o importante é
incluir dois argumentos diferentes, bem explicados, pra
me convencer.

Quando você terminar sua redação, faça uma pausa — a apostila


não é feita pra ser lida inteira de uma vez só. Vê um desenho aí,
come um lanche, sei lá. Faz alguma coisa de jovem. Amanhã
você volta.
Dante, Virgílio e Caronte atravessando o rio Estige. Gustave Doré, 1861

COMO ARGUMENTAR NA REDAÇÃO DO ENEM?

Agora você já sabe o básico de como convencer alguém, mas o


nosso objetivo aqui é melhorar sua nota no vestibular— e é claro
que não dá pra chegar escrevendo que “respeitar a religião do
outro é bom”. Seu argumento precisa ser mais sofisticado.
Então como é que faz pra argumentar no ENEM?

Se eu te der uma cesta de ingredientes e disser me faz um


bolo, sem nenhuma instrução, é capaz que você entre em pânico.
Com a redação é a mesma coisa. A gente chega na prova, olha os
textos, olha o tema, olha a folha em branco e surta — não sabe
por onde começar.

“mano eu nem sei o que é isso”


Por isso é que na hora de fazer um bolo a gente usa
uma receita, que te diz direitinho quais são os ingredientes e
qual tipo de fermento é o certo, ou sei lá. Algo assim. Devia ter
escolhido outra analogia, eu não sei fazer bolo. Enfim, é
a receita que te guia; então eu vou te dar uma receita de como
fazer redação no ENEM, pra você seguir e não surtar.

Minha receita usa cinco perguntas:

Qual é o problema?

Por que isso é um problema?

Por que esse problema existe?

O que apoia meu ponto de vista sobre o


problema?

Como é que eu resolvo o problema?

Vamos começar pela primeira.

1. QUAL É O PROBLEMA?

Você já sabe que o ENEM quer que a gente explique nosso ponto
de vista, mas não é pra explicar qualquer ponto de vista. Cê não
pode concluir uma redação sobre mobilidade urbana
falando “Portanto, vê-se que a série How I Met Your Mother é
claramente superior a Friends”. Se o corretor lê um negócio
desses ele zera tua nota, e não é porque ele é fã de Friends; é
porque isso é fuga do tema. Então nossa primeira tarefa aqui,
antes de qualquer coisa, é descobrir do que é que a gente tem
que falar. Ou seja — qual é o problema?

Vejamos o tema do ENEM 2018:

???

Muita gente fez essa redação toda direitinha, montando a


estrutura perfeita, deixando tudo bem explicado e citando um
monte de filósofo. Aí quando foi olhar o resultado em janeiro só
faltou morrer do coração, porque a nota ficou ali pelos 460. O
que houve? Pra nota vir tão baixa, só pode ter sido uma coisa: a
redação não abordou o problema!

Toda redação do ENEM gira em torno de um problema — uma


questão social, complexa, sem resposta fácil. Cê nunca vai abrir
a prova e ver o tema Caminhos para impedir um gato de andar
no teclado do notebook enquanto você escreve uma apostila.
Tem que ser algo mais amplo, mais sério. Por exemplo:

enem também é poesia


Em 2014, o tema do ENEM foi esse aí de cima: publicidade
infantil em questão no Brasil. O assunto tava na boca do povo
porque até então a publicidade infantil era liberada, mas aí o
Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente
(Conanda) decidiu que essa prática é abusiva, e proibiu. Como é
um problema social, complexo e sem resposta fácil, virou tema
do ENEM.

Mas o que é “publicidade infantil”?

Pra identificar o problema, sua primeira estratégia tem que ser


a definição. Você circula cada palavra-chave do tema, isto é, as
partes importantes, e aí define cada uma, igual no dicionário. O
que é publicidade? Publicidade é propaganda, divulgação de
produtos. E infantil? É alguma coisa pra criança. E Brasil?
Brasil quer dizer que o problema tá no nosso país (e não em
outros).
Então vamo juntar essas definições e reescrever o tema:

A importância de definir cada palavra do tema é a mesma de


olhar um endereço no Maps antes de sair de casa: só dá pra
chegar no lugar certo se você sabe exatamente pra onde tá
indo. Nesse tema aí, dá pra falar de machismo em propaganda
de cerveja? Não. Propaganda de cerveja não é pra criança. Cê tá
indo pro lugar errado. E do efeito que a tecnologia tem sobre o
desenvolvimento infantil, incentivando sedentarismo? Não. Isso
não é publicidade. E se eu quiser focar só na discussão que tá
rolando sobre isso nos Estados Unidos, eu posso? Não. O ENEM
quer que você fale do Brasil.
Não adianta chegar num lugar parecido, ou num
lugar relacionado ao tema. Se o objetivo da redação é
argumentar a respeito de um problema, o mínimo que o ENEM
espera de você é que tu saiba qual problema é esse. Quem não
tira dez minutinhos no início da prova pra pensar sobre isso
corre o risco de desperdiçar um ano inteiro de estudo.

Então vamos aos exercícios.

EXERCÍCIO DE ARGUMENTAÇÃO — II — ENTENDENDO O


PROBLEMA
Seu segundo exercício é o seguinte: você vai reescrever o tema
usando sinônimos ou expressões do mesmo sentido, que nem eu
fiz ali em cima. Tanto faz as palavras que você usar, desde que te
ajudem a entender melhor o problema. A partir disso, você vai
escolher, dentre as opções apresentadas, qual argumento
está fugindo do tema, e explicar por quê.

Pro meu exemplo, eu vou usar o tema de 2018:

vamo botar a mesma imagem que o orçamento tá baixo, blza

A equipe que escreveu essa frase não é que nem a gente, que fica
enchendo linguiça no texto botando um monte de palavra bonita
pra ver se ganha mais ponto. Na frase acima, cada palavra
tem uma função. Tudo tá ali por um motivo. Se você deixar de
falar da manipulação, ou do comportamento, ou dos dados, ou
da internet, cê já desviou um pouquinho do tema. Ou seja — pra
falar da coisa certa, não pode deixar nada faltando.

Tá, mas e se eu não souber o que tal palavra significa? Vamos


supor que eu não saiba o que são dados. Aí é que entra o texto
motivador, seu MELHOR e ÚNICO amigo. Vejamos o Texto I:

Às segundas-feiras pela manhã, os usuários


de um serviço de música digital recebem uma
lista personalizada de músicas que lhes
permite descobrir novidades. Assim como os
sistemas de outros aplicativos e redes
sociais, este cérebro artificial consegue traçar
um retrato automatizado do gosto de seus
assinantes e constrói uma máquina de
sugestões que não costuma falhar. (…) De
fato, plataformas de transmissão de vídeo on-
line começam a desenhar suas séries de
sucesso rastreando o banco de dados gerado
por todos os movimentos dos usuários para
analisar o que os satisfaz.

Se o banco de dados é gerado por movimentos dos usuários, o


que são dados? São informações sobre o seu uso da internet;
uma espécie de histórico do que você clica, ouve e assiste. É a
partir dessas informações que o site te conhece melhor e
aprende o seu gosto.

calma, ele só quer te conhecer


Depois de ler o tema, circular cada palavra-chave e procurar o
significado nos textos, eu tou pronta pra reescrevê-lo. Vamo lá:

Ótimo! Agora eu já entendo melhor o problema. Vamos agora à


segunda parte do exercício, que é apontar, entre duas opções de
argumento, qual delas se encaixa no tema e qual está em fuga.

ARGUMENTO 1: As fake news vêm se


espalhando em redes sociais, influenciando o
resultado de eleições com suas mentiras
políticas.
Pra decidir se um argumento se encaixa no tema, lembre-se de
que ele tem que se encaixar INTEIRO, não só a uma parte! O
argumento acima fala de influência, de internet, de usuários…
mas não fala de dados. Isso aí não tem nada a ver com
monitoramento de informações pessoais. Logo, estamos fugindo
do tema.

ARGUMENTO 2: À medida que serviços de


streaming de música e filmes são
personalizados de acordo com o gosto do
usuário, detectado por meio da fiscalização
de seus hábitos, tende-se a uma estagnação
cultural — o indivíduo só consome a arte que
já está acostumado a consumir.

Este argumento, por outro lado, se encaixa perfeitamente ao


tema.

Agora é sua vez.

TEMA 1: Desafios para a formação educacional de surdos


no Brasil.

Defina cada palavra-chave, reescreva o tema e aí selecione o


argumento que se ENCAIXA nele. (Link pros textos
motivadores)
a) ARGUMENTO 1: Pessoas com deficiência sofrem
discriminação nas escolas, já que as famílias dos estudantes não
os preparam para aceitar quem é diferente.

b) ARGUMENTO 2: Apesar da oferta do ensino em Libras ser


lei no Brasil, poucas escolas oferecem esta e outras formas de
apoio ao aluno surdo, efetivamente o excluindo da educação.

TEMA 2: Caminhos para combater a intolerância religiosa


no Brasil.

Defina cada palavra-chave, reescreva o tema e aí selecione o


argumento que se ENCAIXA nele. (Link pros textos
motivadores)

a) ARGUMENTO 1: A intolerância religiosa é epidêmica. Por


todo o mundo, grupos fundamentalistas, como o Estado
Islâmico, buscam impor sua religião por meio da força. Este
problema exige uma reflexão global a respeito da liberdade
religiosa.

b) ARGUMENTO 2: No Brasil, a umbanda e outras religiões


afro-brasileiras vêm sendo discriminadas desde a escravização
do povo africano, um fenômeno cujas repercussões também
devem ser abordadas para que possamos combater a
intolerância religiosa.

TEMA 3: A persistência da violência contra a mulher na


sociedade brasileira.
Defina cada palavra-chave, reescreva o tema e aí selecione o
argumento que se ENCAIXA nele. (Link pros textos
motivadores)

a) ARGUMENTO 1: A persistência da violência contra a


mulher, mesmo com o advento de leis como a Maria da Penha,
nos diz que este problema está enraizado no machismo da
cultura brasileira.

b) ARGUMENTO 2: A violência doméstica é um fenômeno


que atinge casais de todas as idades, sendo consequência de
relacionamentos abusivos, cuja dinâmica envolve agressão física
e psicológica.

TEMA 4: As alternativas para a diminuição do desperdício


de alimentos no Brasil.

Defina cada palavra-chave, reescreva o tema e aí selecione o


argumento que se ENCAIXA nele. (Link pros textos
motivadores)

a) ARGUMENTO 1: Para diminuir o desperdício, programas


de televisão podem informar suas audiências de que estes
alimentos “feios” — tortos, defeituosos — são igualmente
comestíveis e nutritivos.

b) ARGUMENTO 2: O desperdício no Brasil pode ser


remediado, por exemplo, por meio da redução, da reutilização e
da reciclagem, princípios que minimizam a produção de lixo e os
seus efeitos sobre o meio ambiente.
TEMA 5: Consequências da busca por padrões de beleza
idealizados.

Defina cada palavra-chave, reescreva o tema e aí selecione o


argumento que se ENCAIXA nele. (Link pros textos
motivadores)

a) ARGUMENTO 1: A cultura de que o emagrecimento é


sempre positivo, seja como for alcançado, é a principal culpada
pelas milhares de mortes ao ano de jovens anoréxicos, cujo
organismo se enfraquece com a desnutrição.

b) ARGUMENTO 2: Ao se comparar com os padrões de


perfeição estética, o jovem percebe traços individualizantes da
sua aparência, como sardas e sobrancelhas grossas, como
defeitos, o que o leva à baixo autoestima e, frequentemente, à
depressão.

Agora que você já sabe identificar um problema, você precisa


entendê-lo. Pra isso, eu uso duas perguntas: Por que isso é um
problema? e Por que esse problema existe?
Henri Cartier-Bresson

2. POR QUE ISSO É UM PROBLEMA?

O que faz do problema um problema é o seu efeito


negativo. Ele precisa fazer mal a alguém, de alguma forma, pra
que você queira resolvê-lo.
Vamos supor que você esteja em casa agora, sentada na sua
escrivaninha, lendo a apostila. Cê tá sentindo alguma dor?
Febre? Nariz escorrendo? Seu braço esquerdo apodreceu e caiu
no chão? Não? Então talvez você não tenha
nenhum problema de saúde. Assim como as doenças, que nós
percebemos a partir dos sintomas, os problemas sociais são
identificados por seus efeitos negativos — isto é, pelo que eles
prejudicam.

imagens de dor e sofrimento

Digamos que o tema da redação seja Desafios para a formação


educacional de surdos no Brasil. Você sabe que o problema é a
educação dos surdos, e que isso tem que ser resolvido — mas
primeiro você precisa mostrar que é um problema,
apontando os efeitos negativos. Qual é o efeito negativo da
educação atual? Que mal ela tá fazendo?
Dá uma olhada nesse parágrafo de outra redação nota 1000:

Contudo, observam-se algumas distorções


para essa garantia educacional. Infelizmente,
os surdos são alvo de preconceito e são
vistos erroneamente como incapazes. Isso é
frequentemente manifestado na forma
de violência simbólica, termo do sociólogo
Pierre Bourdieu, que inclui os
comportamentos, não necessariamente
agressivos física ou verbalmente,
que excluiriam moralmente grupos
minoritários, como a pessoa com deficiência
(…) as vítimas dessa agressão simbólica
tenderiam a se isolar, gerando, por
exemplo, evasão escolar e redução da
procura pela qualificação profissional e
acadêmica por esses deficientes.

Se você se sentiu intimidada com a linguagem do trecho acima,


não se preocupe — cê não precisa escrever assim pra tirar uma
nota boa. A ideia do parágrafo é a seguinte: pra te convencer a
melhorar a educação dos surdos, primeiro eu preciso te
convencer de que essa educação precisa ser melhorada. Por
que eu preciso resolver isso? Por que isso é um
problema? Como resposta, a vestibulanda lista vários efeitos
negativos — violência simbólica, exclusão, isolamento, evasão
escolar… Ou seja, os surdos tão mesmo sofrendo com isso; e se
tá causando sofrimento, é um problema.

efeitos negativos

Beleza, então pra ser problema tem que ter efeito negativo. Mas
como eu faço pra saber qual efeito é esse?

Como eu disse lá em cima, não existe só um argumento correto


— você pode argumentar a mesma coisa de várias maneiras.
Seguindo essa lógica, um mesmo problema também tem vários
efeitos negativos. Não importa você falar de evasão escolar ou
violência simbólica ou exclusão; o importante é que
você explique muito bem o efeito que escolher, seja qual for.
Pra facilitar nossa vida, vamos considerar que um problema
possa prejudicar a sociedade de oito maneiras diferentes:
afetando
a saúde, cultura, segurança, renda, educação, inovação,
meio ambiente ou moral.

Problemas que abalam a saúde têm efeitos negativos sobre o


bem-estar físico e psicológico das pessoas afetadas. São
problemas que causam doenças, transtornos, traumas — que
prejudicam o corpo e a alma. A poluição das grandes cidades,
por exemplo, tem como efeito o câncer; já o vestibular gera
ansiedade e depressão em muitas das minhas alunas.

Problemas que afetam a cultura têm efeitos negativos sobre a


produção, adaptação e preservação da cultura em qualquer das
suas formas — livros, pinturas, música, religião, língua,
costumes regionais, prédios tombados. Em 2018, nós vimos
como o descaso do Estado pode ter efeitos terríveis sobre a
cultura: o Museu Nacional queimou e levou junto boa parte do
nosso conhecimento sobre povos indígenas que não existem
mais. Da mesma forma, a intolerância religiosa também tem
esse efeito negativo, já que as religiões discriminadas são parte
da cultura dos povos afetados. Quando a intolerância se volta
contra o candomblé, por exemplo, ela prejudica a cultura afro-
brasileira.

um baita de um efeito negativo

Problemas que afetam a segurança geram mais mortes. A


diferença entre um problema de saúde e um de segurança
pública é a diferença entre o câncer e um acidente de carro, ou
entre a depressão e um assassinato. Quando o problema é a
ausência de ciclovias, por exemplo, podemos falar que isso
coloca em perigo a vida de ciclistas, assim como a homofobia é
uma causa de morte da população LGBT.

Problemas que afetam a renda de uma pessoa fazem com que


ela ganhe menos dinheiro e tenha mais dificuldade de se
sustentar e de viver uma vida digna. Se um surdo não tem uma
formação educacional de qualidade, é claro que o emprego dele
não vai pagar tão bem. O mesmo ocorre com pessoas trans — a
discriminação sofrida em entrevistas e no ambiente de trabalho
leva muitas à prostituição.

Calma, tá quase acabando. Mais quatro. Problemas que afetam


a educação prejudicam o aprendizado e excluem a pessoa do
convívio social e de todo tipo de oportunidade. Quanto menos
educação, mais exclusão. E educação não serve só pra arranjar
emprego; ela te dá as ferramentas pra se desenvolver como
indivíduo. Sem alguma educação, dá pra criar arte? Dá pra
entender o mundo? Quem não tem educação tá preparado pra
exercer sua cidadania?

Problemas que afetam a inovação têm efeitos negativos sobre o


progresso tecnológico — invenções de eletrônicos, vacinas para
doenças, novos meios de transporte. A burocracia brasileira é
um impedimento à inovação, mas o desmatamento também
pode ser, caso se percam espécies de plantas que poderiam ser
transformadas em remédios, por exemplo.

Problemas que afetam o meio ambiente prejudicam a


qualidade do ar, do solo e da água e a biodiversidade. Indústrias
poluentes, como a da mineração, contaminam os rios e lençóis
freáticos, isso a gente sabe — mas você sabia que a criação
de bitcoin consome mais energia do que a Irlanda inteira?

Finalmente, problemas de efeito negativo moral são problemas


errados em si. É o caso do homicídio de jovens negros nas mãos
da polícia. Eu posso até citar leis e declarações de direitos
humanos e a Bíblia, mas não é porque tá escrito num livro que é
errado. É errado porque é. Mas como eu disse lá em cima,
“porque sim” não é explicação; então esses são os argumentos
mais difíceis de desenvolver, já que é muito fácil ficar no senso
comum. O jeito é enfiar referência. (vamos falar de referências
mais à frente)

Agora que nós sabemos alguns tipos de efeitos negativos, vamos


escolher um para o problema excesso de carros nas ruas do
Brasil. Vejamos:

Pronto! O efeito negativo do excesso de carros nas ruas é o


aumento da poluição. Mas, antes de qualquer coisa, eu preciso
explicar daonde eu tirei isso. Eu não posso simplesmente dizer,
por exemplo, que o uso do ventilador no verão causa enchentes.
Eu preciso dar um efeito negativo que faça sentido com o
problema. O que é que me faz pensar que o excesso de carros nas
ruas leva ao aumento da poluição? Por que o problema tem
esse efeito?

É aqui que entra a argumentação que a gente aprendeu na seção


anterior. Lembre-se: se você não explicar o que diz, seu
argumento cai no senso comum. Se precisar, vai lá, dá uma
relida e aí volta pra cá, porque eu não vou ficar me repetindo.
Isso aqui já tá grande demais e eu ainda tenho um monte de
coisa pra dizer.

AFIRMAÇÃO: O excesso de carros nas ruas tem como


efeito o aumento da poluição.

Por que o problema tem esse efeito?

EXPLICAÇÃO: O excesso de carros nas ruas tem como


efeito o aumento da poluição porque o carro polui mais do
que um ônibus porque consome mais combustível fóssil por
pessoa do que um ônibus.

Certo, então tá explicado por que o aumento da poluição é


um efeito do excesso de carros. Mas eu preciso que ele não seja
só um efeito — tem que ser um efeito negativo. Então agora a
gente vai explicar: por que esse efeito é negativo? Por que isso é
ruim pra saúde (ou pra cultura, pra moral, etc)?

AFIRMAÇÃO: O aumento da poluição é ruim.


Por que esse efeito é ruim?

EXPLICAÇÃO: O aumento da poluição é ruim porque a


poluição faz mal à saúde pública porque causa diversas
doenças, como o câncer.

Não se preocupe se você demorar a pensar em uma


explicação. Lendo o exemplo assim parece fácil, mas chegar
nesse resultado dá um pouco de trabalho, ainda mais agora que
você tá só começando. Quanto mais acostumada você tiver, mais
rápido vai explicar qualquer problema que apareça na tua frente.

Agora nós vamos pegar as duas explicações, a do efeito e a


do negativo, e encaixar uma na outra, formando uma corrente.
Esse é o nosso argumento! Vê só o que acontece quando eu junto
as duas com uma estatística (referência!) e reescrevo um
pouquinho, pra ficar mais natural:

Como o carro é um meio de transporte mais


poluente, já que consome mais combustível
fóssil por pessoa do que um ônibus, o
excesso de carros nas ruas tem como efeito o
aumento da poluição. Em São Paulo, estima-
se que os carros sejam responsáveis por
73% da emissão de gases poluentes, mesmo
transportando apenas 30% da população.
Essa é uma estatística assustadora, já que a
poluição faz um grande mal à saúde pública,
causando diversas doenças; entre elas, o
câncer.

Sabe o que é isso? É o nosso primeiro parágrafo de


desenvolvimento. Repara que só o que eu fiz foi juntar as duas
explicações, com uma referência no meio e caprichando na
escrita, e pronto! Ou seja, eu não tou te mostrando isso tudo
aqui à toa. Esses exercícios te ajudam a construir sua redação.

Então senta aí e exercita!

EXERCÍCIO DE ARGUMENTAÇÃO — III —


EXPLICANDO O EFEITO NEGATIVO

Nosso terceiro exercício foca em explicar o efeito negativo de um


problema, usando as duas perguntas acima — por que o
problema tem esse efeito? e por que esse efeito é ruim?
Pra facilitar sua vida, vamos usar os mesmos temas do exercício
anterior. Fica à vontade pra escolher QUALQUER efeito
negativo que quiser, mas é uma boa ideia pegar um que você
entende melhor. Eu, por exemplo, não entendo nada de saúde,
então não vou falar de saúde nunca, mas alguém que tá
prestando Medicina talvez se sinta mais à vontade falando disso.

TEMA 1: Desafios para a formação educacional de surdos


no Brasil.

Escolha um efeito negativo e responda às perguntas. (Link pros


textos motivadores)

Por que esse efeito é ruim?

Por que o problema tem esse efeito?

TEMA 2: Caminhos para combater a intolerância religiosa


no Brasil.

Escolha um efeito negativo e responda às perguntas. (Link pros


textos motivadores) Uma dica: o problema aqui é a intolerância
religiosa, não os CAMINHOS pra combater a intolerância!
Lembre-se que o problema é sempre o que causa alguma
dificuldade ou sofrimento.

Por que esse efeito é ruim?

Por que o problema tem esse efeito?


TEMA 3: A persistência da violência contra a mulher na
sociedade brasileira.

Escolha um efeito negativo e responda às perguntas. (Link pros


textos motivadores)

Por que esse efeito é ruim?

Por que o problema tem esse efeito?

TEMA 4: As alternativas para a diminuição do desperdício


de alimentos no Brasil.

Escolha um efeito negativo e responda às perguntas. (Link pros


textos motivadores)

Por que esse efeito é ruim?

Por que o problema tem esse efeito?

TEMA 5: Consequências da busca por padrões de beleza


idealizados.

Escolha um efeito negativo e responda às perguntas. (Link pros


textos motivadores)

Por que esse efeito é ruim?

Por que o problema tem esse efeito?

Agora que nós já sabemos explicar por que o problema é um


problema, o próximo passo é: por que esse problema existe?
The Last Resort. Martin Parr, 1983–85

3. POR QUE ESSE PROBLEMA EXISTE?

Lembra daquele negócio de geração espontânea, de uns caras


que achavam que larva aparecia do nada em carne podre, e aí
descobriram que não é bem assim? Então, o problema social é
igual a essa larva aí. Ele não aparece do nada. Pra que o
problema exista, alguma coisa precisa existir antes — a
sua causa.
A causa vem antes do problema e o efeito negativo
vem depois. Todo problema precisa ter pelo menos uma (1)
causa, senão ele não existe, porque não aconteceu nada pra que
ele existisse. Pensa numa linha do tempo, daquelas da aula de
História: a causa vem primeiro, depois vem o problema, e aí o
efeito!

Mas pra que é que eu tenho que descobrir a causa? Vamos


retomar a ideia de que o problema é uma doença. Os efeitos
negativos são os sintomas: febre, nariz escorrendo, braço
ficando podre e caindo no chão, etc. Você vai querer que o
médico resolva isso, certo? Mas pra resolver teu problema, ele
primeiro precisa saber a causa, que é o que criou a doença — um
vírus, por exemplo. Só aí ele vai poder te curar. Então se você
quiser fazer uma boa proposta de intervenção (que vale 200
pontos!), cê precisa saber a causa do teu problema.

Dá uma olhada nesse parágrafo de outra redação nota 1000:

O filósofo italiano Norberto Bobbio afirma que


a dignidade humana é uma qualidade
intrínseca ao homem, capaz de lhe dar direito
ao respeito e à consideração por parte do
Estado. Nessa lógica, é notável que o poder
público não cumpre o seu papel enquanto
agente fornecedor de direitos mínimos, uma
vez que não proporciona aos surdos o
acesso à educação com a qualidade devida,
o que caracteriza um irrespeito descomunal a
esse público. A lamentável condição de
vulnerabilidade à qual são submetidos os
deficientes auditivos é percebida no déficit
deixado pelo sistema educacional vigente no
país, que revela o despreparo da rede de
ensino no que tange à inclusão dessa
camada (…)

Nós já sabemos que os efeitos do déficit educacional dos surdos


são a evasão escolar, a exclusão, o isolamento, entre outros. E
a causa? O que é que vem antes? Ali em cima, o estudante
aponta que o “despreparo da rede de ensino” é uma causa, já
que o poder público deveria estar garantindo esses direitos.
Então qual vai ser a proposta de intervenção? Arrumar a rede de
ensino! (mas depois a gente cuida disso.)

Voltando ao nosso exemplo da mobilidade urbana — agora que


nós já entendemos por que o excesso de carros nas ruas é um
problema, nós precisamos entender por que esse excesso
existe. O que causa o problema? Qual é a origem dele?
Daonde saiu tanto carro?

Vamos usar as mesmas categorias que usamos nos


efeitos: renda, moral, meio ambiente, educação, cultura,
inovação, segurança e saúde. Não se preocupa se você não
decorou todas ainda. Demora um pouquinho mesmo. Eu mesma
passei dois minutos ali tentando lembrar “inovação”.
A seta é essencial ao aprendizado

Pronto, eu escolhi a cultura como causa. Pra mim, a cultura do


automóvel como símbolo de status contribui muito pro excesso
de carros nas ruas. Note, no entanto, que todo problema é
complexo e tem várias causas; eu também poderia dizer, por
exemplo, que a falta de inovação no transporte público, sem
novas estações de trem e metrô e linhas de ônibus, é uma causa
do problema. Você pode escolher a causa que quiser, desde que
foque só em uma e a explique muito bem.

Então agora eu preciso explicar essa afirmação com duas outras


perguntas: o que é essa causa? e por que isso causa o
problema?

A primeira pergunta é um pouquinho diferente das outras — ela


começa com “o que”, em vez de “por que”. Isso significa que você
só precisa me dizer o que é, como se fosse um dicionário. O que
é a cultura do automóvel?

AFIRMAÇÃO: A cultura do automóvel como símbolo de


status causa o excesso de carros nas ruas.
O que é essa causa?

EXPLICAÇÃO: A cultura do automóvel como símbolo de


status é uma valorização do carro pelo poder de compra
que ele representa. Carros são associados ao sucesso
financeiro, enquanto o uso de transporte público é relegado
aos mais jovens — e aos mais pobres.

Beleza, já deu pra entender o que é a causa que eu escolhi.


Agora, assim como com o efeito, eu preciso mostrar que essa
causa faz sentido com o problema. O que é que me faz pensar
que a cultura do automóvel como símbolo de status leva ao
excesso de carros nas ruas?

AFIRMAÇÃO: A cultura do automóvel como símbolo de


status causa o excesso de carros nas ruas.

Por que isso causa o problema?

EXPLICAÇÃO: A cultura do automóvel como símbolo de


status causa o excesso de carros nas ruas porque faz com
que as pessoas prefiram comprar um carro a usar o
transporte público porque andar de carro é mais
respeitável porque sinaliza poder econômico.

Pronto! Juntando essas duas respostas com uma referência, dá


pra gente montar um bom parágrafo de desenvolvimento.
Como disse Rafael Chirbes, escritor
espanhol, aqui o céu é o carro. A cultura do
automóvel como símbolo de status valoriza o
carro pelo poder de compra que ele
representa, associando-o ao sucesso
financeiro, enquanto o uso de transporte
público é relegado aos mais jovens — e aos
mais pobres. Assim, quem se desloca
diariamente para o trabalho prefere fazê-lo de
carro, por ser um meio de transporte mais
respeitável e que sinaliza poder econômico,
resultando em um excesso de carros nas
ruas.

E aí, pronta pra exercitar?

EXERCÍCIO DE ARGUMENTAÇÃO — IV —
EXPLICANDO A CAUSA

Nosso exercício aqui vai ser igualzinho ao exercício anterior:


você escolhe uma causa do problema — qualquer causa, mas de
preferência uma que você entenda muito bem — e aí explica essa
causa a partir de duas perguntas: o que é essa causa? e por
que isso causa o problema?
refletindo sobre os problemas em minha vida

Agora é sua vez.

TEMA 1: Desafios para a formação educacional de surdos


no Brasil.

Escolha uma causa do problema e responda às perguntas. (Link


pros textos motivadores)

O que é essa causa?

Por que isso causa o problema?

TEMA 2: Caminhos para combater a intolerância religiosa


no Brasil.

Escolha uma causa do problema e responda às perguntas. (Link


pros textos motivadores) Uma dica: o problema aqui é a
intolerância religiosa, não os CAMINHOS pra combater a
intolerância! Lembre-se que o problema é sempre o que causa
alguma dificuldade ou sofrimento.
O que é essa causa?

Por que isso causa o problema?

TEMA 3: A persistência da violência contra a mulher na


sociedade brasileira.

Escolha uma causa do problema e responda às perguntas. (Link


pros textos motivadores)

O que é essa causa?

Por que isso causa o problema?

TEMA 4: As alternativas para a diminuição do desperdício


de alimentos no Brasil.

Escolha uma causa do problema e responda às perguntas. (Link


pros textos motivadores)

O que é essa causa?

Por que isso causa o problema?

TEMA 5: Consequências da busca por padrões de beleza


idealizados.

Escolha uma causa do problema e responda às perguntas.(Link


pros textos motivadores)

O que é essa causa?


Por que isso causa o problema?

Esse esquema aí de apontar causa e efeito é tudo que você


precisa pra tirar uma nota boa no critério Argumentação, que
confere se as suas ideias tão bem explicadas. Ótimo! Agora
vamos cuidar dos Conhecimentos — isto é, das suas
referências.

Quer dizer, agora não. Deixa isso pra amanhã. A apostila foi feita
pra ser lida aos poucos, ok? Não me responsabilizo por quem
tentar ler isso tudo de uma vez e ficar embaralhada das ideias.

Sunset, Long Island. Georgia O’Keeffe, 1939

4. O QUE APOIA MEU PONTO DE VISTA SOBRE O


PROBLEMA?
bauman, o queridinho das referências

A referência é tipo um fiador pro teu argumento. Você pode


falar pra imobiliária que vai pagar o aluguel todo fim do mês,
certinho, mas isso é só a sua palavra. Por que ela confiaria em
você? Aí vem o fiador e fala: olha só, eu garanto o que essa
pessoa tá falando. E o fiador é alguém de confiança, então ele
passa essa confiança pra você — agora você é confiável também.
Referências funcionam do mesmo jeito. Você pode desenvolver
direitinho seu argumento, mas sem um fiador, sem uma
referência, ele não tem peso. Pro seu argumento ser confiável,
ele precisa ter algum apoio externo, senão o texto vira trinta
linhas de você falando sozinha.

Ou seja, a referência apoia seu argumento. É como se você


dissesse: escuta, isso aqui não é só coisa da minha cabeça não.
Já disseram a mesma coisa em tal música, tal filme, tal teoria,
tal época. Eu entendo como esse tema se encaixa no mundo.

Pra chegar à nota 900, sua redação precisa incluir duas


referências.

TÁ, MAS O QUE É UMA REFERÊNCIA?

Referenciar é traçar uma relação entre o argumento e algo


que você já conhece. Vamos supor que o tema seja Legalização
da educação domiciliar, e que um dos meus argumentos gire em
torno de como o professor ajuda a mudar o mundo. Eu posso
falar do filme Sociedade dos Poetas Mortos, em que um
professor inspira seus alunos, ou citar Paulo Freire, que disse
que se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda. Ambas são referências válidas; o
importante é enxergar a relação entre a referência e o
argumento.
privilégio do professor homem é dar aula arreganhado assim

E se eu não souber uma referência sobre educação? Então


procura outro aspecto do argumento em que você possa encaixar
uma referência. Um tema como esse envolve educação, sim, e
também liberdade — mas é principalmente uma redação
sobre desigualdade. A educação domiciliar seria desigual,
porque gente pobre não tem dinheiro nem tempo nem é
capacitada pra educar os filhos em casa. Por isso a educação
pública é importante. Então qualquer referência relacionada à
desigualdade serviria!

Ou seja, o importante é que a referência seja relevante ao seu


argumento de alguma forma. Digamos que eu queira criticar a
política brasileira, dizendo que ela avança e retrocede, sem fazer
progresso. Eu posso puxar da mitologia grega e referenciar
Sísifo, que foi condenado a rolar uma pedra enorme montanha
acima. Toda vez que ele chegava ao topo, a pedra rolava de volta,
e ele precisava buscá-la e empurrar ao topo novamente. Essa é
uma referência sobre ciclos; como o meu argumento diz que a
política brasileira está num ciclo, ela se aplica.

ENTÃO EU POSSO USAR QUALQUER COISA DE


REFERÊNCIA?

Praticamente qualquer coisa. Pense nas referências como


categorias — referências culturais, históricas, acadêmicas e
em forma de frases.

Entre as culturais, temos filmes, músicas, livros, poemas,


fábulas, mitologias, estátuas, pinturas. O quadro “Guernica”*,
por exemplo, retrata a cidade de Guernica sofrendo um
bombardeio; é uma ótima referência em argumentos
antimilitarismo e antiguerra.

*Todo título de obra, seja livro, arte, filme, o que for, deve ser
incluído na redação com ASPAS!
Já as referências históricas usam, como o nome já diz, eventos
ou períodos históricos como apoio pro argumento. Você pode
mencionar, por exemplo, a Revolta da Vacina, ou o costume
romano de abandonar bebês “imperfeitos” pra serem devorados
por cachorros selvagens.

As referências acadêmicas apresentam conceitos de todo tipo;


da filosofia, sociologia, antropologia. Falar do individualismo em
Durkheim ou do mundo das ideias de Platão, por exemplo. Essas
são as mais difíceis, mas valem MUITO a pena se você souber
encaixar. Uma dica: tente se especializar em um filósofo só (por
exemplo, Bourdieu) e entender muito bem o que ele pensa sobre
o mundo. Aí você pode usar o pensamento dele pra quase
qualquer coisa! Lembre-se que o corretor do ENEM só vai ler
uma redação sua, então o que importa não é o tamanho do seu
repertório, mas sim a qualidade.
Por fim, referências em forma de frase podem ser tanto
acadêmicas quanto históricas ou culturais; a diferença é que
estão em forma de citação direta. Existe uma diferença entre
dizer que Rousseau escreveu sobre a liberdade do indivíduo,
uma referência acadêmica, ou citar diretamente a abertura do
seu livro mais famoso:

“O homem nasce livre e por toda parte se


encontra acorrentado.”

Isso porque as frases famosas têm mais impacto; não é à toa que
elas ficaram famosas!

ENTENDI, ENTÃO NÃO TEM ERRO, É SÓ


REFERENCIAR QUALQUER COISA!

Calma lá. Não é bem assim. Em quase toda redação que eu


corrijo, a autora comete um dos três erros a seguir: usou
referências que não entende, referências que não se
encaixam no argumento ou simplesmente não explicou o
que a referência tem a ver com o texto!

O primeiro erro é muito comum, especialmente em referências


acadêmicas. A regra é: não entende? Não referencie. É
muito melhor citar uma música que você conhece bem do que
um trecho de Bourdieu que você pesquisou só pra usar na
redação. Filósofos e sociólogos têm ideias complexas, que
precisam ser entendidas direitinho, pra você não acabar
associando a pessoa a algo em que ela não acredita. Você pode
não saber que fez isso, mas a corretora sabe.

Uma maneira de evitar esse erro é utilizar referências de áreas


que te interessam. Quem gosta muito de filmes, por exemplo,
pode sempre referenciar filmes em suas redações. Eu gosto
muito de mitologia grega, então sempre enfio um mito em
algum lugar, mas você pode ser mais fã da Bíblia e saber várias
parábolas de cor. Use o que você conhece! E se você tem um
apego por um filósofo específico, fique craque nas ideias dele. Aí
você pode usar ele pra tudo. Bauman, Marx, Durkheim e Weber
são bons exemplos de filósofos que combinam com vários temas
— dá pra deixar um na manga em caso de emergência.

Já o segundo erro, da referência que não cabe no


argumento, tem a ver com aquela EMPOLGAÇÃO que a gente
sente quando pensa no autor perfeito, ou na música perfeita pra
referenciar. A gente fica tão animada com esse pontinho extra
que acaba nem conferindo se a referência faz sentido mesmo.
Lembre-se: não adianta jogar uma referência qualquer e se dar
por satisfeita. Você só ganha ponto pela referência que faz
sentido!

Por fim, o terceiro erro é o mais grave e o mais comum: inserir


a referência solta no parágrafo, sem explicar o que ela tem a
ver com o seu argumento ou com o tema. Olha esse exemplo de
como NÃO encaixar uma referência:

O sociólogo alemão Max Weber defendia que


o poder é toda a possibilidade de impor sua
vontade sobre uma pessoa. Não são poucos
os relatos de violência policial no Brasil, que
estão infelizmente relacionados com o
racismo, crescendo cada vez mais o número
de jovens negros mortos pela polícia.

Deu pra entender onde a pessoa tá querendo ir com isso: a


violência policial é uma consequência de concedermos poder a
uma instituição racista. Só que o texto não fala isso! A relação
entre a referência e o argumento fica só nas entrelinhas, como se
a autora achasse que a gente consegue ler o pensamento dela.
Ninguém consegue ler pensamento, e pior; ninguém ganha
ponto por pensamento. Tem que botar tudo no papel.
corrigindo sua redação

E COMO EU ENCAIXO MINHA REFERÊNCIA NO


TEXTO?

Seja bem direta! Não adianta só escrever a referência e seguir


em frente; tem que parar, explicar, mostrar a relação. Só aí ela é
usada direito. Esse aqui é um exemplo de referência numa
introdução:

“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento,


mas ninguém diz violentas as margens que o
comprimem.” Os versos do poeta alemão
Brecht ilustram os desafios do combate ao
tráfico de drogas; enquanto a sociedade
repudia a violência do traficante, nada é dito
sobre a pobreza que o leva ao crime.
O trecho “Os versos…ilustram” explica exatamente a relação
entre a referência e o tema (Desafios do combate ao tráfico de
drogas). Ou seja, a referência tá encaixadinha — você sabe
exatamente por que ela tá ali.

Peraí, pode referência em introdução? Pode! A prioridade é


o desenvolvimento, porque é lá que os seus argumentos
precisam de mais ajuda; mas se você tiver uma referência
sobrando, joga pra introdução. Mas calma — antes de falar de
introdução, a gente precisa falar da proposta, que é nosso
próximo assunto.

E aí, pronta pra exercitar?

EXERCÍCIO DE ARGUMENTAÇÃO — V —
ENCAIXANDO A REFERÊNCIA

Nosso quinto exercício não te pede pra explicar nada, graças a


Deus. Só o que você precisa fazer é escolher e encaixar uma
referência. Fácil!
você quando eu digo que alguma coisa é fácil

Vamos aproveitar o trabalho que você já fez nos exercícios


passados. Pega uma causa OU um efeito dos temas abaixo e
escreva um parágrafo a respeito, incluindo uma referência bem
encaixada. Pode pesquisar na internet, se quiser; o importante é
pegar a prática de inserir referências no texto.

TEMA 1: Desafios para a formação educacional de surdos


no Brasil.

Escreva um parágrafo sobre a causa ou sobre o efeito, incluindo


uma referência.(Link pros textos motivadores)

TEMA 2: Caminhos para combater a intolerância religiosa


no Brasil.
Escreva um parágrafo sobre a causa ou sobre o efeito, incluindo
uma referência. (Link pros textos motivadores)

TEMA 3: A persistência da violência contra a mulher na


sociedade brasileira.

Escreva um parágrafo sobre a causa ou sobre o efeito, incluindo


uma referência. (Link pros textos motivadores)

TEMA 4: As alternativas para a diminuição do desperdício


de alimentos no Brasil.

Escreva um parágrafo sobre a causa ou sobre o efeito, incluindo


uma referência. (Link pros textos motivadores)

TEMA 5: Consequências da busca por padrões de beleza


idealizados.

Escreva um parágrafo sobre a causa ou sobre o efeito, incluindo


uma referência. (Link pros textos motivadores)

Agora nós já cuidamos do critério Argumentação e


do Conhecimentos — você aprendeu a explicar o problema
usando referências. Ótimo! A seguir, vamos tratar da Proposta
de Intervenção, com a qual você elimina o problema.
Autorretrato com camisa xadrez. Schiele, 1917

5. COMO ELIMINAR O PROBLEMA?

Depois de todo esse esforço no desenvolvimento, é muito


comum a aluna chegar na conclusão cansada e propondo
qualquer coisa pra acabar o texto logo. Ah, o problema é
intolerância? Conscientiza o intolerante. O problema é
congestionamento? Conscientiza o motorista. O problema é o
apocalipse? Conscientiza Deus aí. Pede mais uma chance pra
nois.
É aí que a sua nota afunda. O último parágrafo da redação vale
sozinho 200 pontos, considerando a conclusão e a proposta.
Bota uma proposta genérica, sem capricho, e tu perde 80 pontos
na hora. Essa é a diferença de uma redação 840 pra uma 920 —e
pode ser a diferença entre a lista de espera e a aprovação.

Então como é que eu monto uma proposta de


intervenção? Fácil. A proposta de intervenção ataca a
causa e o efeito.
Todo o trabalho que você teve no desenvolvimento vai ser bem
aproveitado aqui, porque você já definiu os objetivos da sua
proposta. A causa é o machismo? A proposta ataca o machismo.
O efeito é o trauma da mulher? Ataca o trauma da mulher. Você
já sabe o que precisa resolver — agora é
decidir QUEM e COMO.

Vamos voltar praquelas oito áreas (saúde, cultura, etc). Você


escolheu uma causa da área de cultura? Então a proposta deve
vir da cultura também. Por exemplo, digamos que a causa
do bullying seja padrões estéticos; a criança chama a outra de
gorda porque existe um padrão estético que diz que é ruim ser
gorda, que ser gorda é feio. Olha a proposta:

Emissoras de televisão devem se afastar dos


padrões estéticos inserindo atores de
aparência diferente do padrão em suas
novelas, especialmente naquelas voltadas ao
público jovem, como Malhação.

Ótimo. E o efeito do bullying? A criança gorda acha que ser


gorda é mesmo ruim, desenvolve vários complexos e chega até à
anorexia, que é um puta efeito negativo sobre a saúde — pode
até levar à morte. Efeito sobre a saúde pede proposta de saúde:

Escolas devem submeter seus alunos a


exames médicos periódicos, de forma a
detectar estresses e traumas derivados do
bullying, assim como flutuações de peso
indicativas de transtornos alimentares. Uma
vez diagnosticado, o jovem receberá
acompanhamento psicológico até que supere
o problema.
Pronto. Eu defini o QUEM (emissoras de televisão e escolas) e
o COMO (diversificando atores e examinando alunos) e tá
pronta a proposta!

> Tá, mas como eu escolho o QUEM?

O QUEM, que é o agente da proposta, tem a ver com quem cria


o problema e quem sofre com o problema. Vamo pegar esse
último exemplo aí. A vítima do bullying é a criança, o
adolescente. Quem é que tem influência sobre criança e
adolescente? Eu disse que as escolas devem submeter os jovens
a acompanhamento médico, mas eu poderia muito bem ter dito
que esse papel é das famílias.

Da mesma forma, pra resolver a causa, eu posso pedir


que emissoras de televisão exibam pessoas fora do padrão
estético em suas novelas, ou que anunciantes usem essas
pessoas em comerciais — porque jovem assiste TV.

Já naquela proposta dos canudos de plástico, várias


pessoas pediram que o governo desenvolvesse canudos
melhores; mas faz mais sentido pedir isso do fabricante, que é
quem cria o problema (o canudo de plástico).

Por falar em governo, toma cuidado na hora de


escolher agentes governamentais. Cada um dos três Poderes
tem seu papel. O Poder Legislativo, que é o Congresso (Câmara
dos Deputados e Senado Federal), cria as leis. Se você pede uma
lei ou quer que algo vire crime ou deixe de ser crime, o negócio é
usar o Congresso. Olha essa proposta de uma redação nota
1000:

Ademais, o Estado, através do corpo


legislativo, deve propor incentivos fiscais às
grandes empresas que instituírem um
percentual proporcional na contratação de
pessoas com alguma restrição física,
incluindo a auditiva.

Agora, se o que você quer é uma política pública ou um plano de


governo, seu caminho é o Poder Executivo, e aí você recorre aos
governos municipais, estaduais e ao federal.

Destarte, para que as pessoas com


deficiência na audição consigam o acesso
pleno ao sistema educacional, é preciso que
o Ministério da Educação, em parceria com
as instituições de ensino, promova cursos de
Libras para os professores, por meio de
oficinas de especialização à noite — horário
livre para a maioria dos profissionais — de
maneira a garantir que as escolas e
universidades possam ter turmas para
surdos, facilitando o acesso desse grupo ao
estudo.

Aproveita e aprende aqui o nome dos ministérios. Minhas


alunas só conhecem o MEC e isso porque é o que cuida do
ENEM.

Já os casos em julgamento ficam ao cargo do Poder Judiciário,


composto pelos juízes e pelos ministros do STF. Só lembra que
não é papel do Judiciário encontrar criminoso; isso aí é com a
polícia. O Judiciário só julga.

> E o COMO?

O COMO precisa ser minimamente original. Não pode


conscientizar e não pode dar palestra. Ninguém nunca aprendeu
nada com palestra. Pra isso que serve puxar a proposta da
mesma área que veio o argumento; se a causa é de saúde, dá pra
resolver distribuindo vacina e preservativo, enviando agentes de
saúde às casas mais afastadas, organizando mutirões pra limpar
pneus. Não precisa ficar conscientizando.

E mesmo se você quiser muito conscientizar alguém dá pra fazer


isso sem apelar pro clichê. Quer ver um bom exemplo de
proposta de conscientização? Dá uma olhada nesse vídeo.

Além de original, o COMO também precisa ser viável. Já tive


aluna querendo resolver vício em internet disponibilizando
atendimento psicológico gratuito pra todos os brasileiros. Sem
condições. Agora, disponibilizar atendimento pros jovens que já
têm o vício é muito mais viável, porque é uma parcela pequena
da população.

Aliás, um aviso importante: não adianta querer resolver


qualquer coisa com revolução, viu? Redação do ENEM não é
lugar de ideia radical, porque quanto mais radical for a proposta,
mais explicação você precisa dar pra que o leitor entenda que a
proposta é necessária. De quantas linhas você acha que precisa
pra conectar o tema Excesso de carros nas ruas à revolução?
Mais de 30? No ENEM cê só tem trinta. Melhor deixar tuas
convicções de lado e focar em um plano prático, simples e bem
explicado. A meta aqui não é ser 100% fiel ao que você acredita;
é entrar na faculdade.

MAS EU POSSO FUGIR DA CAUSA E DO EFEITO E


FALAR DE OUTRA COISA?

Não. Você tem que falar exatamente do que falou no


desenvolvimento. Nada de inserir informações novas.

Muita gente tem dificuldade nisso, confundindo resolver o


problema com falar de uma coisa nova. A diferença é a
seguinte: se você menciona um assunto que não apareceu em
momento algum no desenvolvimento, você abriu um argumento
novo.

Vamos supor que você fale no seu texto que a causa do excesso
de carros é a cultura do automóvel como símbolo de status.
Beleza. Aí você chega na proposta e diz que vai resolver isso
melhorando o transporte público. Ué, mas o que tem a ver o
transporte público com isso? A causa não era a cultura?
Melhorar o transporte público pode ajudar o problema, sim, mas
não tem nada a ver com o que você disse!

improvisando na conclusão

Lembre-se: assim como o médico estuda os sintomas e as


origens da doença pra saber curá-la, nós explicamos a causa e o
efeito do problema pra saber resolvê-lo. Quando o médico
descobrir que você tá com pneumonia, ele pode te passar
remédio pra verme? Não. (a menos que você seja muito azarada
e tenha pneumonia e verme. Nesse caso, a redação do ENEM é o
menor dos seus problemas.) Da mesma forma, se a sua
intervenção não encaixar direitinho nos argumentos, o texto fica
todo desconexo! A solução tem que fazer sentido.

Pronta pra exercitar?

EXERCÍCIO DE ARGUMENTAÇÃO — VI—


ELIMINANDO O PROBLEMA
O objetivo deste exercício é eliminar o problema montando uma
proposta nos moldes acima, articulando um quem e um como.
Pra isso, eu vou te dar um desenvolvimento pronto, com um
parágrafo tratando da causa e outro dos efeitos. Seu trabalho é
só enfiar a bota na cara do problema.

A cultura jovem é disseminada online.


Adolescentes de todas as partes do país se
unem para criar e compartilhar memes,
imagens humorísticas que são reproduzidas
e referenciadas à exaustão até compor parte
do repertório cultural de milhões de jovens
brasileiros. Assim, a sensação de se conectar
à internet é a de pertencer a um grupo
cultural — sensação essa que pode se
revelar viciante.

De fato, o vício em se manter conectado


afasta os jovens de atividades offline
essenciais ao seu desenvolvimento. Como
dizia Durkheim, o indivíduo tem um dever
perante a sociedade. Ao preterir atividades
comunitárias no mundo real — como o teatro
ou o trabalho voluntário — para dedicar todo
seu tempo à internet, o jovem descumpre o
seu dever social e reprime o desenvolvimento
da sua personalidade.

Terminou o exercício? Beleza. Agora você já sabe identificar o


problema, analisá-lo pelos ângulos da causa e do efeito (com
direito a referência!) e propor uma intervenção adequada. Hora
de escrever outra redação.

PROPOSTA DE REDAÇÃO — II — SELF-SERVICE

Pra sua segunda redação, escolha qualquer um dos cinco temas


que aparecem nos exercícios — formação educacional,
intolerância religiosa, etc — e escreva uma redação completa. Eu
quero que você inclua uma causa e um efeito, com pelo menos
uma referência, e capriche na proposta.

Sentiu dificuldade na hora de começar o texto? Não se preocupa.


Tá na hora da gente falar da introdução.
Jaqueline com flores. Picasso, 1954

Lá no início da apostila, eu te disse que a minha receita de


redação passa por cinco questões: Qual é o problema?, Por que
isso é um problema?, Por que esse problema existe?, O que
apoia meu ponto de vista sobre o problema?
e Como é que eu resolvo o problema?. Juntas, elas formam um
modelo de projeto de texto; ao encarar qualquer tema do
ENEM, basta responder essas perguntinhas que você descobre
exatamente pra onde seu texto tem que ir. As primeiras três
perguntas compõem sua Argumentação, a quarta,
seus Conhecimentos, e a quinta, sua Proposta de
Intervenção.

Só que o critério Conhecimentos tá pela metade! O nome


completo é Estrutura e Conhecimentos. Precisamos cuidar,
agora, da estrutura.
E O QUE É A ESTRUTURA?

A estrutura da redação do ENEM é a seguinte:

PARÁGRAFO 1: INTRODUÇÃO

PARÁGRAFO 2: DESENVOLVIMENTO DO
1º ARGUMENTO

PARÁGRAFO 3: DESENVOLVIMENTO DO
2º ARGUMENTO

PARÁGRAFO 4: PROPOSTA DE
INTERVENÇÃO

Ah, mas a minha amiga Ana Bárbara fez só três parágrafos na


redação e tirou 920, posso fazer só três? Pode. Pode fazer três,
quatro ou até cinco, se quiser, mas não é coincidência que todas
as redações nota 1000 divulgadas pelo MEC tenham quatro
parágrafos. Também não é porque quatro é um número mágico.
Essa estrutura é recomendada porque facilita a argumentação.

Se uma aluna minha tá só começando a praticar a redação do


ENEM, sem experiência nenhuma, ela provavelmente vai
cometer algum dos dois erros mais comuns de argumentação:
usar argumentos demais ou usar só um. Usar argumentos
demais é sinal de nervosismo — você quer tanto impressionar o
corretor que escreve TUDO que te vem à mente, vomitando
conhecimento no papel. Ah, o tema é vestibular? Beleza, então
eu vou falar do sistema educacional precário, e das cotas, e de
Paulo Freire, e de projeto pedagógico, e de outros vestibulares
em outros países, e de… Cê tá escrevendo um livro sobre o
assunto? Não! Você não tem nem uma folha inteira — só 30
linhas. Não cabe tudo isso. Quanto mais argumentos você usar
na sua redação, menos espaço você tem pra desenvolver cada
um; ou seja, menos espaço pra explicação. Então quanto mais
argumentos você usar, menor é a qualidade do texto.

Isso não quer dizer que o ideal seja usar um argumento só. É
claro que você explicaria muito melhor seu argumento se usasse
TODO o espaço da redação pra isso, mas também é importante
demonstrar que você sabe outras coisas sobre o assunto.

Se eu não posso usar argumentos demais nem focar em um


argumento só, qual é o número ideal de argumentos na
redação? Dois — um em cada parágrafo.
seus dois argumentos

Argumentos são desenvolvidos em parágrafos diferentes pra


evitar que as ideias se misturem. Pense nos argumentos como
água e óleo — cada um no seu canto, bem definido. Aí a
argumentação fica super clara, sem pular pra cá e pra lá
tentando explicar tudo ao mesmo tempo.

Tá, e quais são os meus dois argumentos? Isso você já


sabe.

PARÁGRAFO 1: INTRODUÇÃO

PARÁGRAFO 2: CAUSA

PARÁGRAFO 3: EFEITO
PARÁGRAFO 4: PROPOSTA DE
INTERVENÇÃO

Ou seja: respondendo as cinco perguntas lá do início da apostila,


você já tem quase toda a redação pronta. Só falta a introdução.

UÉ, MAS A INTRODUÇÃO NÃO É A PRIMEIRA COISA


QUE EU FAÇO?

Não, uai. A introdução é uma apresentação do seu texto; é você


falando pro leitor olha só, meu texto fala disso, disso e disso,
beleza?. Como é que você vai apresentar um texto se você
mesma ainda não sabe do que ele se trata? É como se você
apresentasse uma pessoa sem saber o nome dela. Aliás, esse é
um erro super comum de quem tá começando a praticar
redação: escrever a introdução primeiro e decidir os argumentos
depois, no improviso. Aí na hora de reler o texto cê percebe que
a introdução não tem NADA A VER com o resto e sai da prova
chorando.
relendo o rascunho

BELEZA. ENTÃO COMO EU INTRODUZO O TEXTO?

Imagina que alguém tá dando uma volta no bairro e tropeça na


sua redação. Se essa pessoa pega o papel do chão e lê o primeiro
parágrafo, ela vai entender do que o texto se trata? Ou a redação
só faz sentido se o leitor já sabe o tema antes de começar a ler?

Dá uma olhada nessa intro (que NÃO é nota 1000):

Com o advento da era da informação, que


popularizou smartphones e democratizou o
acesso à internet, muitos jovens têm
dedicado todo seu tempo livre às redes
sociais, interagindo com amigos, conhecidos
e estranhos. No entanto, as consequências
podem ser muito prejudiciais, levando a
crises de autoestima e até mesmo à morte.

Qual é o tema dessa redação? Eu entendi que tem alguma coisa a


ver com jovem e internet, mas qual é o tema? Vício em redes
sociais? Cyberbullying? Não dá pra saber. Essa introdução não
cumpre seu papel principal: me dizer do que é que o texto se
trata.

Olha a diferença desse outro exemplo, escrito pela Ana Luiza:

Na arte cristã, pietà é um tema que


representa a Virgem Maria com Jesus morto
em seus braços. Consternada pela dor, a
mãe chora pela brutalidade sofrida pelo filho,
exercida pelas forças do Estado
que falharam em cumprir sua missão: prestar
pelo bem e proteger. Essa imagem reflete a
realidade brasileira da perda da credibilidade
da polícia como instituição do Estado por
conta da sua violência.
Do que é que a redação fala? Da perda da credibilidade da
polícia como instituição por conta da sua violência, certo? Certo;
o tema é violência policial. Então nós já sabemos tanto o
assunto do texto quanto o ponto de vista da Ana Luiza, já que ela
claramente não gosta dessa violência.

Esse ponto de vista, que é o que você pensa sobre o problema,


não precisa ser muito detalhado. Aliás, outro erro super comum
é argumentar na introdução: já chegar explicando o que
pensa, por que pensa, etc. Calma! Não é pra dar spoiler da
argumentação. Eu só quero ter uma ideia do que é que você vai
abordar no texto.

ENTÃO EU TENHO QUE USAR UMA REFERÊNCIA NA


INTRODUÇÃO?
Não! A introdução que traz uma referência é sempre a mais
forte, porque mostra repertório, mas existem vários outros tipos
mais fáceis. Tente experimentar todos, um em cada redação, e
ver quais você prefere!

1. DEFINIÇÃO

O termo “autoestima” significa a estima que


uma pessoa tem por si mesma; o quanto ela
se valoriza, sua autoconfiança. Ironicamente,
apesar da semelhança fonética, a autoestima
dos jovens brasileiros não é alta. De fato, a
inadequação é tanta que muitos desenvolvem
problemas de saúde, podendo chegar até
mesmo à morte.

Esse recurso é o mais simples de todos. Se você tem dificuldade


em pensar em uma intro e acaba gastando tempo demais nisso,
aposte na definição. É só começar definindo uma palavra-
chave do tema, como se você fosse um dicionário — e aí conectar
essa definição ao tema em si e à sua posição sobre ele.

2. DECLARAÇÃO

A baixa autoestima é epidêmica entre jovens


brasileiros. Vítimas dos padrões estéticos,
que ditam rostos e corpos ideais, esses
adolescentes têm sua autoimagem distorcida
e chegam a desenvolver transtornos
alimentares, ferindo corpo e alma em nome
da perfeição.

Outro recurso bem simples — a chave é começar com uma frase


curta que inclua um adjetivo forte, estabelecendo a seriedade do
problema. A baixa autoestima é epidêmica, a proibição das
drogas é ineficaz, o vestibular é um fracasso. Essa declaração
pode até ser mais ousada: A proibição do aborto é a sentença de
morte da mãe.

3. EXEMPLIFICAÇÃO

Seios rijos, músculos definidos, pele de


alabastro. Os padrões estéticos ditam rostos
e corpos ideais e frequentemente
inalcançáveis aos jovens brasileiros, cuja
autoestima sofre. Tomados por um
sentimento de inadequação, esses
adolescentes chegam a desenvolver
transtornos alimentares, ferindo corpo e alma
em nome do que é considerado perfeito.
Mais um recurso fácil de usar, que consiste em dar vários
exemplos concretos. A situação da saúde no Brasil é de salas de
espera lotadas, leitos nos corredores, escassez de remédios. O
vestibulando tem as mãos trêmulas, morde a tampa da caneta,
sua frio. Esse recurso tem o efeito bem legal de estabelecer a
seriedade do problema dando imagens bem claras ao leitor.
Pode caprichar no drama.

4. INTERROGAÇÃO

Vítimas dos padrões estéticos, que ditam


aparências ideais, jovens brasileiros têm sua
autoimagem distorcida e chegam a
desenvolver transtornos alimentares, ferindo-
se para atingir a perfeição. Ao invés de
buscar um corpo magro e cobiçado, não seria
melhor um corpo saudável?

Esse recurso já é um pouquinho mais complexo. A interrogação


vem ao final do parágrafo pra sacudir o senso comum, trazendo
uma reflexão que será desenvolvida ao longo do texto. No
exemplo, o corpo perfeito é tido como um corpo bonito, sensual,
desejável, então eu questiono se não seria melhor do que tudo
isso ter um corpo são — isto é, um corpo sem anorexia, sem
neuras. O vestibular é tido como indispensável, o crack é tido
como um problema a ser resolvido pela força — esses
paradigmas também podem ser questionados. Além de instigar
o leitor, a interrogação obriga o seu texto a sair do óbvio, o que
já garante mais pontos. Olha a intro da Maria Clara, que
combina a definição com uma interrogação:

O termo vestibular faz referência à palavra


“vestíbulo”, sendo um pátio de entrada ao
ensino superior. Instituída no Brasil no início
do século XX, essa prova continua sendo a
principal forma de ingresso nas faculdades.
Entretanto, mais de cem anos depois, cabe
perguntar: o vestibular ainda é necessário
para determinar o conhecimento de um
estudante?

5. REFERÊNCIA

A estatueta Vênus de Willendorf, esculpida há


28 mil anos, representa o padrão de beleza
feminina vigente no período paleolítico:
curvas generosas, associadas à fertilidade.
Em contraste, o padrão estético atual exige
magreza extrema, ao ponto de provocar risco
à saúde. Vítimas da estética do seu tempo,
jovens brasileiros têm sua autoimagem
distorcida e chegam a desenvolver
transtornos alimentares, ferindo corpo e alma
em nome da perfeição.

aí sim

Introduções que incluem referências são mais impressionantes


porque já abrem o texto demonstrando repertório. Pra explicar a
violência contra a mulher, podemos citar Simone de Beauvoir,
que diz que a mulher não nasce mulher; torna-se. Pra
demonstrar o impacto do crack sobre a vida do usuário,
recorremos a MC Carol: Larguei minha família, a escola, você
sabe. Vou perder os meus amigos, se prostituir faz parte. Vale
referenciar QUALQUER coisa — obras filosóficas, contextos
históricos, filmes, músicas, notícias (anime não). O importante é
traçar uma relação com o tema. Mas lembre-se: a prioridade é
colocar referências no desenvolvimento! Se você só pensar em
uma, deixa pra lá.

Olha esse uso brilhante de referência em uma introdução da


Giovana:

“Não é cova grande, é cova medida, é a terra


que querias ver dividida”. O verso de Morte e
Vida Severina ultrapassa a barreira do tempo
e representa a realidade do Brasil de 2018.
Isso porque, infelizmente, a luta pelo fim da
desigualdade social ainda é muito
estigmatizada, principalmente por contrariar a
ordem vigente, o que pode ser observado na
conotação negativa dada ao Movimento Sem
Terra (MST), que luta pela reforma agrária e
fim dos latifúndios improdutivos. Essa visão
do MST como algo imoral prejudica a sua
atuação e contribui para a perpetuação da
narrativa de João Cabral de Melo Neto.

Em Morte e Vida Severina, o personagem que queria um


pedacinho de terra pra si só o recebe em forma de cova. A
referência — poderosíssima — tem tudo a ver com uma redação
sobre o MST.
6. ALEGORIA

No conto Branca de Neve e os Sete Anões, a


Rainha Má indaga: “Espelho, espelho meu,
existe alguém mais bela do que eu?” Seu
espelho mágico então responde que ela é a
mais bela aqui, mas que a Branca de Neve,
que está morando bem longe, é mil vezes
mais bela. A obsessão da Rainha em
alcançar a perfeição estética, personificada
pela princesa, é refletida pelos jovens
brasileiros; ao se compararem aos padrões
vigentes e constatarem que não são os mais
belos, adolescentes colocam sua saúde física
e mental em risco em busca da perfeição
distante.

O poder da alegoria é o de encontrar em uma história, seja um


mito, fábula, parábola ou conto de fadas, um paralelo ao
problema em questão. A introdução demonstra repertório, já
que é uma referência, mas também comprova seu poder de
interpretação e sua compreensão do tema. Esse é o recurso mais
complexo, é claro, mas também é o de resultado mais
impressionante. Segue outro exemplo, que puxa da mitologia
grega:
Na mitologia grega, Narciso se inclina sobre
um rio para matar a sede e outra sede o
toma: a de olhar a si mesmo. Obcecado por
seu reflexo, ele mergulha os braços na água
e se frustra ao abraçar o nada, mas persiste
às margens do rio até definhar. A morte de
Narciso na busca pela perfeição estética
espelha as mortes de milhares de jovens
brasileiros nas mãos de transtornos
alimentares, não por amarem a própria
imagem — mas por odiarem-na.
autoestima é tudo!!

Um último exemplo, dessa vez do Phellipe, que arrasou na


introdução:
De acordo com a mitologia grega, Hércules
precisou cumprir doze tarefas para tornar-se
um deus. Tais tarefas só poderiam ser
realizadas por alguém com capacidade e
habilidades divinas; logo, eram uma forma de
avaliação coerente. O mesmo não pode ser
dito do vestibular, método que seleciona a
entrada de alunos no ensino superior
brasileiro — a dificuldade do exame supera
em muito o que poderia ser razoavelmente
esperado de um estudante.

Agora você já conhece os seis principais tipos de introdução, do


mais fácil ao mais complexo. Pronta pra exercitar?

EXERCÍCIO DE ESCRITA— VII — INTRODUÇÃO

Pro nosso sétimo exercício, nós vamos reaproveitar o exercício


anterior, em que você escreveu uma proposta de intervenção
baseada em dois argumentos já prontos. Releia os argumentos,
responda às perguntas (de acordo com o que está escrito) e
desenvolva várias introduções pro mesmo texto, uma de cada
tipo.

Qual é o assunto do texto?


O que eu penso sobre isso?

1. DEFINIÇÃO

Construa uma introdução deste tipo.

2. DECLARAÇÃO

Construa uma introdução deste tipo.

3. EXEMPLIFICAÇÃO

Construa uma introdução deste tipo.

4. INTERROGAÇÃO

Construa uma introdução deste tipo.

5. REFERÊNCIA

Construa uma introdução deste tipo.

BÔNUS: ALEGORIA

Como este é o tipo mais difícil, fica como um exercício bônus,


opcional. Não precisa fazer se não quiser. Na real, isso vale pra
todos os exercícios da apostila, já que eu não sei onde você mora
e não posso ir aí te obrigar a estudar redação. Eu iria, viu.

PROPOSTA DE REDAÇÃO — III—AGORA É PRA VALER

Escreva uma redação completa, com introdução, causa, efeito


(incluindo referências!) e intervenção, sobre o tema Caminhos
para combater o aborto clandestino no Brasil. (link pros
textos motivadores)

Não se esqueça de começar pelas cinco perguntas! Elas é que


guiam o rumo do texto.
Essam Marouf

Beleza, agora nós já falamos de todos os critérios do ENEM que


envolvem argumentos — Estrutura e
Conhecimentos, Argumentação e Proposta de
intervenção. Ou seja, o mais difícil já foi! Os outros dois
critérios, Domínio da Escrita Formal e Mecanismos
Linguísticos, têm mais a ver com a sua escrita em si; quem tá
acostumada a ler e escrever já se dá bem nisso aí sem problemas.
Tendo dito isso, uns vinte ou quarenta pontinhos a mais não
fazem mal a ninguém, então vamos revisar isso aí, começando
pelos mecanismos linguísticos.

MAS O QUE SÃO MECANISMOS LINGUÍSTICOS?

Pra construir um texto, as frases e parágrafos precisam estar


conectados entre si, como os elos de uma corrente. Assim, cada
frase leva à frase seguinte, e o leitor entende direitinho a linha
do seu raciocínio. Sem os conectivos ligando uma frase à outra e
um parágrafo ao outro, o texto é não é um texto, é só uma
sequência de ideias desconexas. E é pra fazer essa conexão que
nós usamos os mecanismos linguísticos — isto é, os conectivos.
Veja que esta redação nota 1000 usa conectivos no início de
quase todas as suas frases, especialmente no início do
segundo argumento e no início da proposta de
intervenção. Esses são os dois conectivos mais importantes!
Não se esqueça de usá-los.
E QUAIS CONECTIVOS EU POSSO USAR?

Você pode usar conjunções — Além disso, No entanto, etc — ou


conectivos mais sofisticados, que referenciam o próprio assunto
da frase anterior. Por exemplo:

Helen Keller — primeira mulher surdo-cega a


se formar e tornar-se escritora — definia a
tolerância como o maior presente de uma boa
educação. O pensamento de Helen não tem
se aplicado à sociedade brasileira, haja vista
que não se tem…

A autora poderia ter começado a frase seguinte com “No


entanto”, o que estaria correto, mas o uso de “O pensamento de
Helen” é mais criativo e mais relevante à frase anterior. De uma
forma ou de outra, o importante é enxergar a relação entre
as frases — se é uma relação de semelhança, de contraste…
Vou te dar uma listinha de relações e exemplos de conectivos pra
facilitar tua vida:

1) Prioridade (o que deve ser dito primeiro):

em primeiro lugar, antes de mais nada, antes de tudo, em


princípio, primeiramente, acima de tudo.

2) Semelhança (coisas que se parecem):


igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo modo,
de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista,
tal qual, tanto quanto, como, assim como, bem como.

3) Contraste (uma coisa que não se parece com a outra.


É diferente):

pelo contrário, em contraste com, contudo, todavia, entretanto,


no entanto, conquanto.

4) Continuação (uma coisa após a outra. Bom pro


início do 3º parágrafo):

além disso, ademais, outrossim, por outro lado.

5) Conclusão (resume o que foi dito. Bom pro início da


conclusão):

em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo,


portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse modo, logo,
dessarte, destarte, assim sendo, nesse sentido.

BELEZA. E O DOMÍNIO DA ESCRITA FORMAL?

Olha, dominar a escrita formal — isto é, seguir direitinho a


norma culta e usar um vocabulário complexo — é questão de
prática. Não tem atalho. Tem que ler muito e escrever muito, o
ano todo, pra desacostumar da linguagem que a gente usa na
internet (sem pontuação, sem maiúscula, etc). Tendo dito isso,
se o seu tempo tá curto, presta atenção nas três áreas que mais
dão problema: vírgula, crase e divisão de frases.

COMO USAR A VÍRGULA?

Existem muitas regras no uso das vírgulas. Não vou cobrir


todas aqui, senão essa apostila dobra de tamanho; vamos ver só
as mais importantes. Vírgulas são úteis:

1. PARA SEPARAR ELEMENTOS DE UM GRUPO

Marília Rafael e Andressa foram ao shopping. Onde faltou


vírgula na frase? Entre “Marília” e “Rafael”: Marília, Rafael e
Andressa foram ao shopping. Por quê? Porque separam-se
com vírgula palavras que são elementos de um grupo!
Como Marília, Rafael e Andressa formam um grupo, nós os
separamos. Outros exemplos:

Vou à feira comprar tomates, cenoura e beterraba.


As cores primárias são vermelho, verde e azul.
Dois, quatro, seis, oito e dez são números pares.

Uma dica: antes de “e” não vai vírgula.

2. PARA DESTACAR EXPLICAÇÕES

Meu aluno preferido Luan faltou à aula. Onde ficaria a vírgula?


Antes e depois de “Luan”: Meu aluno preferido, Luan, faltou à
aula. Por quê? Porque o sentido da frase é “Meu aluno preferido
faltou à aula”. Luan é uma explicação — eu estou te dando o
nome do meu aluno. Explicações recebem vírgulas antes e
depois, pra que o leitor entenda que o autor está desviando da
frase e então voltando. Outros exemplos:

A mala azul, por ser de rodinhas, é mais fácil de carregar.


Eu, como professora de redação, sou obrigada a tirar boa nota
no ENEM.
Refrigerante, uma bebida super calórica, atrapalha a perda de
peso.

3. PARA SITUAR A FRASE

Na Revolução Industrial os trabalhadores não tinham direitos.


Cadê a vírgula? Depois de “Industrial”: Na Revolução
Industrial, os trabalhadores não tinham direitos. Por quê?
Porque essa expressão situa a frase num período de
tempo. Expressões que vem ao início da frase para situá-
la em um tempo, local, modo, etc são separadas por
vírgula. Por exemplo:

Antigamente, mulheres não podiam votar.


No Brasil, fala-se português.
Geralmente, o que firma o aprendizado do aluno é a resolução
dos exercícios.
Quando a gente gosta, é claro que a gente cuida.

4. ANTES, E ÀS VEZES DEPOIS, DE CONJUNÇÕES


Eu gosto dela porém ela não gosta de mim. Onde fica a vírgula?
Antes do “porém”: Eu gosto dela, porém ela não gosta de mim.
Por quê? Porque o porém é uma conjunção. A fórmula
é: primeira ideia + vírgula + conjunção + segunda ideia.

São só quatro regras, mas não é tão simples entender.


Ou se aprende a vírgula, ou não se passa no ENEM!

Se a conjunção estiver no início da frase, só vem vírgula depois,


é claro. Por exemplo:

A vírgula nem sempre é necessária pro entendimento. Apesar


disso, é importante conhecer seu uso correto.

Só se usam duas vírgulas se você rearranjar a segunda ideia pra


que a conjunção fique no meio dela. Assim:

Queremos ver o mar, porém não será nesta viagem.


Queremos ver o mar. Não será, porém, nesta viagem.

Dá uma olhada também nesse vídeo do prof. Noslen:


perfeito

COMO USAR A CRASE?

A crase é a versão feminina de “ao”. “AO” é a preposição A + o


artigo O; “À” é a preposição A + o artigo A. Quando você precisa
repetir o A, você usa a crase, pra não precisar escrever “a a”.
Assim:
“Eu vou a o teatro” vira:

“Eu vou ao teatro”

“Eu vou a a escola” vira:

“Eu vou à escola”

O erro de crase vem da confusão entre o A-artigo e o A-


preposição. Só é preciso usar crase quando se pede tanto o
artigo quanto a preposição. Dá uma olhada no exemplo:

Consumo de fast food somado a uma rotina atarefada


leva à obesidade.

No primeiro caso, o A-preposição está presente, mas o artigo


é Uma. Ou seja, a crase não é necessária. Já no segundo caso,
tanto a preposição quanto o artigo são As. A + A = À!

Para descobrir se o A é preposição ou artigo, o truque é olhar


a flexão de número e gênero e a definição. Já que o A é um
artigo definido, feminino e singular, o termo precisa ser
definido, feminino e singular também. Pode usar crase com
palavra masculina? Não. Pode usar crase antes de artigo
indefinido? Não. E plural? Pode, mas aí pluraliza a crase
também.

O padre deu bênção ao menino.


O padre deu bênção a uma menina.

O padre deu bênção às idosas.

Uma dica é transformar a palavra feminina em uma masculina e


ver se o À vira AO. Se não fizer sentido usar AO, não faz sentido
o À.

Isso ocorre devido à omissão do governo.

Isso ocorre devido ao lapso do governo.

As exceções à regrinha acima são os usos de crase em expressões


que indicam tempo, lugar e modo. Assim:

Às vezes eu envio lições sobre português.

Essas lições são feitas às pressas.

Preciso sair de casa às 17h!

O prof. Noslen também tem um vídeo legal sobre crase:


alguém por favor tem o zap do noslen só pra eu conferir um negócio aqui

COMO DIVIDIR FRASES?

O que eu mais vejo nas primeiras redações das minhas alunas, lá


no início do semestre, são as frases gigantes. Frases gigantes
são frases de mais de três linhas — aquela frase que, quando
termina, cê já nem lembra mais como começou. Às vezes,
acontece até do parágrafo inteiro vir em uma frase só, o que
prejudica muito a compreensão do texto.

É a diferença entre comer um bife cortado em vários pedacinhos


ou um bife inteiro, de uma vez só. Fracionar o seu texto em
frases curtas torna ele mais fácil de digerir. Olha só:

Num país de 12 milhões de desempregados,


a competitividade do mercado de trabalho
relega ao pobre toda sorte de trabalho braçal,
subalterno e indigno por apenas um salário
mínimo ao mês — se tanto — , e a esses
trabalhadores as facções estendem mão
amiga, oferecendo não só dinheiro como uma
função que inspira medo e respeito,
autoridade, em vez de sujeição, assim, a
pobreza dá forças ao tráfico de drogas.

Num país de 12 milhões de desempregados,


a competitividade do mercado de trabalho
relega ao pobre toda sorte de trabalho braçal,
subalterno e indigno por apenas um salário
mínimo ao mês — se tanto. A esses
trabalhadores, as facções estendem mão
amiga, oferecendo não só dinheiro como uma
função que inspira medo e respeito;
autoridade, em vez de sujeição. Assim, a
pobreza dá forças ao tráfico de drogas.

Procure montar seus parágrafos com um mínimo de duas frases


(idealmente, três ou quatro), usando o ponto final sem medo.
Uma última dica: quase todo conectivo é uma oportunidade de
divisão de frase!

Conforme afirmou Aristóteles, é preciso tratar


igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais, na medida exata de suas
desigualdades, contudo, a instrução
aristotélica não é vista na prática, uma vez
que o mercado de trabalho oferece poucas
oportunidades, ainda que o deficiente auditivo
tenha concluído o ensino superior.

Conforme afirmou Aristóteles, é preciso tratar


igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais, na medida exata de suas
desigualdades. Contudo, a instrução
aristotélica não é vista na prática, uma vez
que o mercado de trabalho oferece poucas
oportunidades, ainda que o deficiente auditivo
tenha concluído o ensino superior.

E é isso! Agora que você já sabe como construir uma redação no


modelo ENEM, só o que falta é praticar bastante. Escreva uma
redação por semana, sem consulta e de olho no relógio
— o tempo ideal é de 1h30. E não fique desanimada se, a
princípio, você demorar bastante a escrever ou tiver muita
dificuldade em colocar suas ideias no papel. Pratique! A gente só
aprende a andar andando.

Agradecimentos a Ana Luiza, Giovana, Maria Clara e Phellipe,


pelas introduções maravilhosas, e a todas as outras alunas pelo
seu esforço e por me encherem de orgulho. Paulo Freire dizia
que a educação é um ato de amor — espero ter transmitido esse
amor a vocês.

Fonte: https://medium.com/@niva/apostila-de-reda%C3%A7%C3%A3o-905fa7b02f2e

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