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Já foi dito que fotografias são como As fotografias servem como docu-
fantasmas, pois são mentos para atestar a existência de um
condensação de tempos, nunca estão passado vivido, mas o fazem por meio
inteiramente no passado ou no pre- de certa linguagem e por ações codifi-
sente. São seres que habitam o limiar cadas. São, portanto, monumentos que
entre o passado e presente, entre vivo projetam a autoimagem de uma socie-
e morto, exatamente como os fantas- dade a ser perenizada para a posteri-
mas [...] Estão aqui e agora conosco dade. Fotografias são, ao mesmo tem-
e, no mesmo tempo, nos fornecem o po, documentos e monumentos, impor-
testemunho da nossa irremediável di- tantes suportes de relações sociais.2 É
ferença em relação ao que foi.1 neste registro teórico que o trabalho
Instigante pensar que o testemunho de Sandra Koutsoukos se inscreve.
de uma experiência vivida retorna do A obra de Koutsoukos se divide
passado como seu espectro, como em uma apresentação, três capítulos,
algo ou alguém que nos lembra quem um epílogo, um álbum de fotografias
fomos, que nos rememora vivências numeradas e devidamente relaciona-
e modos de ser que foram esqueci- das no corpo dos capítulos. A com-
dos ou, propositadamente, apagados posição destes guarda uma autonomia
pelos trabalhos de enquadramento de anunciada pela autora na sua apresen-
memória. tação (p. 20). Em cada um se busca
1
Maurício Lissovsky, “Dez proposições
2
acerca do futuro da fotografia”, FACOM: Ana Maria Mauad, Poses e flagrantes:
Revista de Comunicação e Marketing da ensaios sobre história e fotografias,
FAAP, n. 23 (2011), p. 9 Niterói: Eduff, 2008.