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Texto 1

A casa e a história de Margarida vêm chamando a atenção de curiosos desde que o caso
foi retratado no podcast "A Mulher da Casa Abandonada", lançado em junho pela Folha de
S. Paulo. Margarida é acusada de ter agredido e mantido uma mulher trabalhando em
condição análoga à escravidão durante duas décadas nos Estados Unidos, onde morava.

Trecho retirado de https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/07/20/casa-abandonada-


em-higienopolis-entenda-o-caso-da-mulher-que-vive-em-mansao-de-sp.ghtml

Texto 2
O que ‘A Mulher da Casa Abandonada’ nos diz sobre a expiação do racismo e a
espetacularização da miséria?
Podcast exibe o caráter terapêutico de figuras como Margarida Bonetti, que servem para
manter a casa grande em seus sonos injustos.

POR YASMIN
Lançado em primeiro de junho deste ano, desde o seu primeiro episódio o programa cativou
a curiosidade dos espectadores com a aura de mistérios que circundava uma excêntrica
senhora do bairro de Higienópolis, em São Paulo. Margarida Bonetti, que se apresentada
como Mari, com sua insistência em defender teorias da conspiração a respeito de órgãos do
município, sua grossa camada de pomada branca e sua casa abandonada, era visivelmente
um prato cheio para o jornalismo literário e para aqueles que de longe conseguem farejar
uma história.
Pois Margarida Bonetti, a mulher que lançava dejetos pela janela e vivia em estado de
temor, não se tratava meramente de uma senhora excêntrica e necessitado de cuidados,
mas sim uma foragida da Justiça cujos delitos envolve um trabalho análogo à escravidão e
cárcere privado por 20 anos, crimes esses cometidos contra uma mulher negra levada por
ela aos Estados Unidos para trabalhar como funcionária doméstica em décadas passadas.
A história de Bonetti, que pertence é uma família de alto escalão do estado de São Paulo,
escancara sem cerimônias raízes e de ondas da elite brasileira, que retira O colonialismo de
um suposto passado e o põe em evidência diariamente através de uma ânsia por reafirmar
que mulheres negras são indivíduos subalternos indignos de humanidade plena. Entretanto,
a repercussão do podcast a mulher da casa abandonada , Também nos exibe o caráter
terapêutico de figuras como Margarida Bonetti, que servem, baseando-se em Conceição
Evaristo, para manter a casa Grande em seu sono os injustos.
Afinal, desde tempos imemoriais, a expiação de um indivíduo que receberia sobre si todas
as mazelas da de uma comunidade ou de um tempo, sempre reconfortou imaginário popular
através do frenesi de uma libertação da culpa. A elite carece que algumas margaridas
Bonetti sejam expostas, escarafunchada e publicamente destruídas, para que possa
abstrair desse o fato de que também comunga e é a gênese dos projetos de sociedade e
comportamentos que visam manter mulheres e homens negros em situação de profunda
vulnerabilidade.
Esse fenômeno expiatório explica de forma visceral o ódio que algumas figuras que por
vezes não assinam as carteiras de suas funcionárias domésticas, ou consideram aceitável a
antiga prática de trazer meninas do interior para que estas trabalhei nas conhecidas casas
de madame, sentiram de Margarida.
https://www.cartacapital.com.br/opiniao/o-que-a-mulher-da-casa-abandonada-nos-diz-sobre-
a-expiacao-do-racismo-e-a-espetacularizacao-da-miseria/

CONTEXTO E COMANDO DE PRODUÇÃO: sua escola está promovendo uma semana de


debate sobre o trabalho análogo à escravidão na atualidade. Dentre os mais variados temas
que envolvem este assunto complexo, sua turma ficou responsável por escrever acerca da
relação trabalho análogo à escravida e racismo. Assim, irão escrever, como alunos do
Ensino Médio, um ARTIGO DE OPINIÃO sobre o tema OS MOLDES DESCRAVIDÃO
CONTEMPORÂNEA E SUA RELAÇÃO COM O RACISMO NO BRASIL. Apoie-se na
coletânea e nos seus conhecimentos de mundo. Escreva argumentos e contra-argumento.
Não assine seu texto. (Mínimo de 15 e máximo de 22 linhas).

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