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6 de Abril de 2017

Os Cinco Impactos do Novo CPC nos Juizados Especiais
Cíveis

Novo CPC e os Juizados Especiais Cíveis

1﴿ QUANTO AOS EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO – EFEITO
INTERRUPTIVO?
Antes da vigência do NCPC, a Lei 9.099/95, em seu art. 50, rezava que
os embargos de declaração suspendiam o prazo para interposição de
recurso.

Ocorre que, o Novo CPC, em seu art. 1026 determina que os embargos
de declaração não possuem efeito suspensivo, mas interrompem o
prazo para interposição de recurso.

Portanto, com a vigência do NCPC, houve modificação da Lei 9.099/95
em seu art. 50, determinando que os embargos de declaração
interrompem o prazo para interposição de recurso.

Os advogados ganham muito mais com essa modificação, uma vez que
as contagens dos prazos ficam muito mais fáceis e com muito menos
chances de erros e perdas de prazos.
2﴿ QUANTO AOS PRAZOS
PROCESSUAIS?
O NCPC, em seu art. 219, determina que os prazos processuais sejam
contados somente em dias úteis.

A lei 9.099/95 seguia as determinações do antigo CPC de 1973 e fazia a
contagem em dias corridos.

Naturalmente, é de se esperar que a contagem nos Juizados Especiais
Cíveis siga no mesmo procedimento do Novo CPC, contando os prazos
processuais somente em dias úteis.

Não obstante há de se observar que o FONAJE, em seu Enunciado 161
orienta que considerado o princípio da especialidade, o CPC/2015
somente terá aplicação ao Sistema dos Juizados Especiais nos casos de
expressa e específica remissão ou na hipótese de compatibilidade com
os critérios previstos no art. 2º da Lei 9.099/95.

3﴿ SE HOUVER FALHA NO
RECOLHIMENTO DO PREPARO
Desde o CPC de 1973 que há autorização para que o juiz oportunize à
parte a regularização do recolhimento errôneo do recurso.

No novo CPC o que conta é a efetividade do processo, que seja feita a
análise do mérito das partes e se a parte deixar de recolher o preparo
ou recolher erroneamente, o juiz deve oportunizar a regularização do
procedimento com o recolhimento do valor remanescente.

No Juizado Especial Cível, a 1ª Instância é gratuita, o recolhimento de
preparo e pagamento de custas só se dão quando a parte quer acionar a
2ª Instância e não possui justiça gratuita.
A prazo para recolhimento do preparo nos Juizados Especiais Cíveis é
de até 48 horas após a impetração do recurso inominado e a Lei
9.099/95 não dá ao juiz a possibilidade de aceitar a complementação
dessas custas após o prazo.

A Lei 9.099/1995, foi criada muito após a vigência do antigo CPC de
1973 e já não deixava nenhuma brecha para que o juiz possibilite a
parte a regularização do recolhimento do preparo.

Então, provavelmente não vai ser modifico o procedimento no JEC
quanto ao recolhimento do preparo para Recurso Inominado.

4﴿ QUANTO AS TUTELAS
PROVISÓRIAS
O Novo CPC de 2015, em seu artigo 294 traz o instituto da tutela
provisória de urgência ou evidência. Em seu parágrafo Único reza que a
Tutela provisória de urgência pode ser cautelar ou antecipada e pode
ser concedida em caráter antecedente ou incidental.

O Enunciado 163 do FONAJE narra que os procedimentos de tutela de
urgência requeridos em caráter antecedente, na forma prevista nos
arts. 303 a 310 do CPC/2015, são incompatíveis com o Sistema dos
Juizados Especiais.

Diante disso, resta prejudicado o uso da Tutela de urgência em caráter
antecedente nos Juizados Especiais Cíveis, em virtude do art. 2º da Lei
9.099/95.

5﴿ QUANTO AO AGRAVO DE
INSTRUMENTO
No Juizado Especial caberão basicamente três recursos: o recurso
inominado (art. 41), os embargos de declaração (art. 48) e o recurso
extraordinário. Não há previsão sobre o agravo, portanto a obediência
ao princípio da taxatividade reconhece apenas os recursos previstos em
lei.

Entendo que o agravo de instrumento é incabível nos Juizados
Especiais Cíveis, tendo em vista tratar­se de recurso não previsto pela
Lei 9.099/95, em respeito ao princípio da celeridade e economia
processual, até porque as decisões interlocutórias nos Juizados não
precluem e podem ser arguidas em sede de Recurso Inominado.

Enunciados Cíveis do FONAJE que tratam sobre o NCPC

ENUNCIADO 161 ­ Considerado o princípio da especialidade, o
CPC/2015 somente terá aplicação ao Sistema dos Juizados Especiais
nos casos de expressa e específica remissão ou na hipótese de
compatibilidade com os critérios previstos no art. 2º da Lei 9.099/95
(XXXVIII Encontro – Belo Horizonte­MG).

ENUNCIADO 162 ­ Não se aplica ao Sistema dos Juizados Especiais a
regra do art. 489 do CPC/2015 diante da expressa previsão contida no
art. 38, caput, da Lei 9.099/95 (XXXVIII Encontro – Belo Horizonte­
MG).

ENUNCIADO 163 ­ Os procedimentos de tutela de urgência requeridos
em caráter antecedente, na forma prevista nos arts. 303 a 310 do
CPC/2015, são incompatíveis com o Sistema dos Juizados Especiais
(XXXVIII Encontro – Belo Horizonte­MG).

ENUNCIADO 164 ­ O art. 229, caput, do CPC/2015 não se aplica ao
Sistema de Juizados Especiais (XXXVIII Encontro – Belo Horizonte­
MG).

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