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" LAKLANO/XOKLENG O POVO QUE CAMINHA EM DIRECAO AO SOL SEMANA DOS POVOS INDIGENAS 2016 17-23 DE ABRIL LAKLANO/XOKLENG O POVO QUE CAMINHA EM DIRECAO AO SOL ‘Organizacao: Cledes Markus, Janaina Hubner, Nienke Pruiksmia Responsabilidade: ISAEC/DAI COMIN Autoria dos textos: Adriana Koriaran da Silva Pripré; Adriel Weitcnd da Silva Pripra; Aléxia K. Farias; Anélio Créndo; Altieres Pripra; Cuvei Crendo; Dari Vanhecu Patté; Eberton Munna Weitcha; Elton Vaipon Weitcha; Emerson Domingos Crend@; Felipe Amandio Crendo Pripra; Franciele Vailui Pripra; Geraldino Nambla Patté; Guilber Penky Pripra; Jar Ghoguin Crendo; Jasom de Oliveira; Jean Cangé Patté Pripr; Jesaias Vaipon Patté; Jodo Adao Nunc-nfdnro de Almeida; Jasué Vomble Crendo; Leidiane Leonda Juvei; Leoni Kalebe Clendo; Marian Ruth Heineberg; Mateus Pereira da Silva; Mauro Julian da Silva; Micae! Weitscha; Miia Rayssa Cavias Camblem; Milena Txului W. C. Amandio; Miriam Vaicd Pripra; Namiblé Gakran; Suelen K. Weiteha Amandio; Tania Maria daSilva Nail; Valderes Cocté Pripra de Almeida; Zleide Vaitrung Juve Desenho historia em quadrinhos: Eton Vaipon Weitcha. Desenho da drvore: Alexia Farias. Elaboracao do mapa: Osvaldo Gemma, Jesalas Vaipon Patté, Tania Maria da Silva Ndili, Eberton Munha Weitcha, Leidiane Juve Autoria das fotos: Janaina Hubner, Jidean Raphael Fonseca, Lucio Roberto Schwingel, Marian Ruth Heinenberg, Tiago Gomes. Aldeias Envolvidas: Aldeia Bugio. Elaboragéo didatico-pedagégica: Sonia Mees, Edson Ponick, Janaina Hubner, Jasom de Oliveira, Maria Dirlane Wit, Lori Altmann, Maria Eunice Jardim Schuch, Maria Cristina Rieth, Cledes Markus. Diagramagao, capa e cartaz: Allegra Comunicacao. Fotografias: Arquivo do COMIN. Impressao: Impressos Porto, Realizago: COMIN em parceria com Secretaria de Formagao da IECLB. Apoio: lgreja Evangélica Luterana da Baviera (ELKB), Pao para o Mundo ¢ Obra Missionéria Evangélica Luterana na Baika Saxénia (MEL), da Alemanha, e Kerkinactie, da Holanda, Tiragem: 40 mil exemplares. ISBN: 978-85-7843-567-7 Editora Oikos Ltda. - Rua Parana, 240 - B. Scharlau - CEP 93120-020 - Sao Leopoldo/RS Fone: (51) 3568.2848 * contato@oikoseditora com.br * www.cikoseditora.com.br ahi, KK 2016 O material da Semana dos Povos Indigenas de 2016 tem como titulo “Laklan6/Xokleng — o Povo que caminha em direcao ao sol”. Este povo vive no Vale do Itajai no estado de Santa Catarina. Neste caderno, a comunidade reafirma aspectos valiosos de sua historia e de sua cultura, da vivéncia comunitdria e do convivio coma natureza, de seus mitos, de sua lingua, da educagao, de seu artesanato e das ervas medicinais. Além disso, a comunidade também relata sobre suas experiéncias ecoldgicas, especialmente sobre a Trilha da Sapopema. Nela os jovens aprendem dos ancidos a importancia da natureza para a vida de todo o planeta e a partilham com as pessoas visitantes. Os saberes partilhados neste caderno nos levam a reflexdo. A sabedoria Laklan6/Xokleng é fonte de aprendizagem para toda a sociedade nacional, caracterizada pela pluralidade étnica e cultural. A primeira parte do caderno é elaborada para criangas. A segunda volta-se para o plblico juvenil, servindo também como fonte de informagées para as pessoas que irdo orientar e animar as reflexdes. A terceira parte traz orientagdes de como trabalhar de forma didatica com 0 cadernoe ocartaz. Os textos e os desenhos elaborados pelo povo Laklan6/Xokleng bem como informagdes complementares, podem ser encontrados No site: www.comin.org.br PN else materi ce)) Povo Laklané/Xokleng O povo Laklan&/Xokleng habita a Terra Indigena Laklané, no Vale do Itajai, Santa Catarina. Ela é formada por oito aldeias. As aldeias Palmeira, Toldo, Sede, Pavao e Plipatdl localizam-se no municipio de José Boiteux. As aldeias Figueira e Coqueiro, no municipio de Vitor Meireles. Parte da aldeia Bugio esta localizada no municipio de Doutor Pedrinho e outra parte em José Boiteux. Atualmente, a populagdo é de aproximadamente dois mil e quinhentos habitantes, formada principalmente pelo povo Lakland/Xokleng, alguns descendentes do povo Kaingang e do povo Guarani Mbya. 04 A vida nas aldeias A Terra Indigena tem uma lideranca geral, que pode ser homem ou mulher, e que é denominada de cacique presidente. Esta lideranca é eleita por todas as aldeias. Cada aldeia tem uma lideranca regional eleita pela comunidade, que também pode ser homem ou mulher. Todas as liderangas podem ser reeleitas, desde que fagam uma boa administragao. As pessoas do Povo Lakland/Xokleng acima dos 15 anos tém o direito de votar. OF A arte faz parte da cultura e ajuda a contar a histéria do povo Laklan6/Xokleng. Para sua confeccao utilizam elementos que a natureza oferece e que sdo encontrados na mata: sementes, palha, barro, cipd, madeira. Estes objetos sao utilizados como utensilios no diaa dia, como enfeites corporais ou como objetos para a venda. Conhega algumas destas artes: VANHGUZE - Tecido de urtiga E feito da fibra de uma planta chamada urtiga. E muito usado em dias de frio como cobertor e como vestimenta para mulheres. Leva muitos dias para confeccio- na-lo. Algumas mulheres sdo responsd- veis por essa tarefa. ZANKO - Colar O colar é um adorno feito de varios tipos de semen- te. Ele é usado pela prdépria comunidade e também feito para vender. KOPAN - Pegador de brasas O kopan é feito da vara de uma planta chamada cutia. E usado para mexer nas brasas quando se assa alimentos. 06 Fonte; Svo Caetho des Santos - Memére Visa KUKLO TO KUHOL - Paneladeargila A panela de argila é usada no cotidiano do povo Laklan6/Xokleng e serve para cozinhar e armazenar alimentos. Quem conhece a técnica para fazer a panela de argila 6 a mulher; ela sabe onde buscar a argila e domina todo o processo de preparacao. KAKENH - Recipiente do Mog O kakénh € uma madeira cavada que serve para fazer 0 Még. E uma bebida tipica feita em ocasides como casamentos, rituais ou para comemorar um grande feito. Para fazer o kakénh nao pode ser usado qualquer tipo de madeira, pois é ela que dard um sabor especial parao Mog. Atividade: Troque os cédigos por letras e descubra o nome de outras pecas de artesanato. fn LofPyR| alx (Ole Alimentagao... ... NO passado A professora Miriam Vaicd Pripré, 48 anos, conta que ainda lembra dos tempos de crianca, quando caminhava na mata com os seusavos: “Nés caminhavamos no mato, perto do rio e, de repente, os homens iam até o rio e tiravam de dentro dele um balaio cheio de pinhao. Tinha algumas folhas por cima. Eles pegavam um pouco para matar a fome das criangas, para elas aguentarem a caminhada até chegar em casa. Depois guardavam o restante para o proximo grupo que vinhaatras. Os alimentos vi- nham da ca¢a, da pesca e da-coleta de tudo o que a vasta Mata Atlan- tica oferecia. Eram cole- tados por pessoas esco- lhidas pelo Kuja (curan- deiro ou chefe do povo). As tarefas eram distri- buidas entre homens e mulheres. A caca era feita pelos homens; a coleta era feita por homens e mulheres juntos. O preparo dos alimentos era tarefa das mulheres. Os homens eram responsaveis por encontrar locais para guardar os alimentos que sobravam. O principal alimento guardado era o pinhao, que ficava dentro de um cesto colocado em um riacho. A agua auxiliava na conservacao do pinhao.” ob Da mesma forma como no passado, os Laklafio/Xokleng, quando cacgam e coletam alimentos na mata para alimentar as pessoas da comunidade, respeitam os animais e as plantas. Antes de caca-los e coleta-las eles conversam com eles e pedem permissao. Além disso, eles pegam somente o estritamente necessario. Como a drea da Terra Indigena ficou reduzida, diminuiu bastante a caga e a coleta de alimentos. Isto obrigou 0 povo a mudar seus habitos alimentares. A alimentacdo também mudou por causa da convivéncia com outros povos indigenas e com a sociedade nao indigena. O cultivo do milho e da mandioca nao faz parte da cultura Xokleng, Este € um conhecimento que foi repassado ou transmitido por outros povos indigenas. Com as culturas nao indi- genas vieram os alimentos in- dustrializados: o sal, o agucar, os corantes e os conservantes. Co el Ainda em relagao a subsisténcia, a principal atividade desenvolvi- da pelos Laklan6/Xokleng é a agricultura. Ha também diversas pes- soas que sao professoras/es, agentes de satide, técnicos em enfermagem e enfermei- ras/os, artesds e artesdos. Outras ainda trabalham em plantagdes ou em frigorificos CEC) Atividade: Encontre os seguintes alimentos dos Lakland/Xokleng no quadro abaixo: ca¢a, milho, peixe, carne, aipim, fuba, pinhao. a/=/m|/o/|x M|O|x|/SPl|n|a/o|a O;Alm|x<}—|m)/vjc —|O);Cl}r|pal[r|nj2ix xlx|m|z]/a/>]ol-|o o|-—|r/alz}]e|rl|sfe -Fl/O/EIN|S]/Al/Sl]—-|o o;>|m)/ >| cl}m|—|=2/> Do |x| Dy VvIal;c|zic m|>/m}m\|/aD}<|joO);o/4 vlrlxrjo}/zjr}/—-jZ{u Z2/c|r Dr |v} am) x}o}—je}—|m be EY eit) A educacao A escola é um dos principais meios para revitalizar e registrar a historia do povo. Os ancidos participam da vida da escola, pois eles possuem a sabedoria dos ancestrais. O ensino é bilingue, ou seja, nas escolas se ensina o portugués ea lingua materna Laklan6/Xokleng. A lingua Laklan6/Xokleng A lingua Lakland/Xokleng ainda é falada pelo povo. A comunidade se preocupa com a revitalizagao e o fortalecimento de sua lingua, pois é um meio importante de comunicac¢ao, reflete a cultura eo modo de vero mundo do povo. Hoje as escolas indigenas t€m pessoas educadoras para trabalhar no curriculo a lingua materna e a arte indigena. Muitas delas so formadas em magistério indigena num curso universitario especificamente criado para indigenas. Este curso se chama Licenciatura Intercultural Indigena. Isto esta fazendo com que as pessoas jovens voltem a sentir orgulho de aprender e mostrar as suas tradicdes. O alfabeto da lingua Laklané/Xokleng contém 33 letras, entre consoantes e vogais. Cada letra possui uma pronuncia diferenciada. Ascriangas aprendem a ler e escrever a sua lingua na escola indigena. z Tey emo) CLES heey Mitos Os mitos séo conhecimentos muito antigos e também ensinamentos sagrados que sdo transmitidos de geracdo a geracdo. Sao contados pelas pessoas ancids quando 0 povo se reine ao redor do fogo. As criangas, e as pessoas jovens e adultas ouvem atentas e com muito respeito as pessoas ancids contarem as historias. Deste modo, elas ficam gravadas na memoria do povo, e sdo a sua literatura oral. Com seus mitos os Laklano/Xokleng contam o seu cotidiano e transmitem os seus sentimentos. Neste sentido, os mitos sdo histérias reais pois contam acontecimentos que marcam a vida. Em sua maioria estas historias tem como personagens animais, pessoas e outros elementos da natureza. Neste sentido, os mitos ajudam os povos indigenas a preservarem o meio ambiente, a entenderem o contexto em que vivem e Ihes dao animo para sobreviver. Eles normalmente transmitem um ensinamento a ser seguido. E muito importante que aquilo que ainda é preservado seja guardado para as roximas geracgdes. pl gerag eB Tradugao do texto da historia em quadrinhos O machado da coruja que foi escondido Certa vez, o pica-pau quis pegar o machado da coruja para ele. Ele perguntou para ela: —Empresta seu machado? Quero ir procurar mel. A coruja entregou 0 machado para ele, que saiu com o machado caminhando pela mata, procurando mel. No caminho o pica-pau encontrou um pé de pinheiro araucaria que estava seco e caido e escondeu neleo machado da coruja. Quando ele voltou a coruja perguntou: —Cadéo meu machado? — Eu achei um tronco de pinheiro araucdria seco caido e deixei o machado em cima e vim embora. Deixei com a ponta fincada la. Esta guardado, quando eu voltar | eu trago. Cada vez que o pica-pau saia, a coruja perguntava sobre o machado e ele respondia a mesma coisa. Mesmo passando pela coruja ele nao traziao machado. E ela continuava a perguntar: —Por que nao trouxe o meu machado? O pica-pau havia escondido o machado da coruja e nao contava para ela, pois era com o machado que o pica-pau tirava mel. E a coruja continuava a pedir pelo machado, sem desconfiar que o pica-pau o havia escondido. O pica-pau, certo dia, falou para ela: —Eu vou la pegar o machado! Ele foi, pegou o machado e tirou mais mel. Depois ele pensou onde iria esconder o machado mais uma vez. Escondeu-o e foi embora. O pica-pau escondeu o machado da coruja e nunca mais o entregou. E por isso que hoje o pica-pau come mel e a coruja nao come mais. $6 0 pica-pau consegue tirar o mel para comer, porque ele tem_o machado, dacoruja - e Respostas Resposta da pagina 07 > Fl alo}>fajw}w)ae}w D/Z)/>R}o}a}a|xl/o}a -t/S)—-|wl/a\<}ol/aln M)=|<|F/SiN/2/o}- S|) ojw)—|xfuyejo)/=)x=}<] | w ft O|-|O)e/el2iw)r\z (www.comin.org-br) re. Gesenhos, histbrias e bibliografia © CIMI disponibiliza informacées ¢ posicionamentos -OF8-bY frente a politica indigenista do governo CP www.ci (>| www.socioambiental.org.br LKIFOS O ISA disponibiliza informacées e Acessiveis na internet: indicag6es de literatura sobre povos indigenas Arte e Cultura Xokleng, FUNA\ Litoral Sul Trabalhos de conclusdo dos mn Coelho dos Sartos, Silvio formados Laklén&/Xokleng em Os Indios xolieng Licenciatura Intercultural Meméria Visual. Florianépolis: Indigena pela UFSC Ed. da UFSC, 1997. http://licenciaturaindigena.ufsc.br/xokleng/ Pagina da Trilha da Sapopema ' Ag ve tkdgl@l mo = [Eid 102-21 Sepopema-1395817824077154/ Nosoidemarevveu. Indios Xokleng, onde foram parar seus costumes? www. youtube.com/watch?v=_sLO3FPSUNB XOKLENG/LAKLANO www.youtube.com/watch?v=VCMS5yu56Gzk Video nas Aldeias com cineastas indigenas. (| www.videonasaldeias.org.br a7 a recip ISAEC - DAI - COMIN S80 Leopoldo/RS * Fone/Fax: 51. 3590.1440 Caixa Postal 14 « CEP: 93001-970 cominsecretaria@est.edu.br www.comin.org.br 96-1 | a ISBN o7e-a5-7842.867-7 40KOS. JNM 7

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