09 - Qual a importância da obra de Camillo Sitte para a valorização dos centros históricos?

Responda e transcreva um trecho que aponte essa importância

Em 1889, Sitte desenvolvia ideias numa obra chamada ‘’Der Stiidtebau nach seinen
kiinstlerischen Grundsatzen [A Urbanização nos seus Princípios Estéticos]’’. A importância
dessa obra traz pressupostos nos conceitos difundidos por teóricos e por cartas e
recomendações relacionadas a conservação do patrimônio cultural das cidades, aonde todas
elas recomendam a manutenção da morfologia original dos entornos dos monumentos.

A dinâmica de Stiidtebau, é que passam por uma análise prévia dos arranjos de que as cidades
antigas retiram a sua beleza, com a constatação de carência traçada por Sitte não tem para ele
interesse em si. Longe de se reduzir a uma crítica amarga, ela é o trampolim de urna
interrogação. Estarão as metrópoles contemporâneas condenadas a este grau zero da beleza
urbana? Pode conceber-se e preparar-se o advento de urna arte urbana em concordância com
o futuro da sociedade industrial? Estas são as interrogações que determinam a dinâmica de
Stadtebau. Elas passam por uma análise prévia dos arranjos de que as cidades antigas retiram
a sua beleza, o que faz de Sitte o criador da morfologia urbana: a partir do paradigma de praça
pública, e com a ajuda de plantas realizadas pelo próprio em dezenas de locais e centros
antigos, descreve e explica como, desde a cidade antiga até à cidade barroca, diferentes
configurações espaciais não deixaram de irradiar uma beleza que as praças contemporâneas
não oferecem nunca. Mas o interesse destas análises não é apenas histórico. A cidade antiga
pode ainda nos dar. Sob a diversidade das configurações espaços, portadoras em cada época,
antiga, medieval, barroca, de efeitos estéticos próprios, procuraria regras ou princípios
constantes ao longo dos tempos. Esses princípios consistem num conjunto de caracteres
formais, comuns aos diferentes exemplos de espaços públicos antigos apresentados por Sitte:
cercado, assimetria, diferenciação e articulação de elementos. Eles são devidos até à sua
intemporalidade, aplicáveis pelo urbanismo de finais do século XIX.

Existem vários trechos no livro em que Sitte aponta a importância da valorização dos centros
históricos. Tais como:

‘’O estudo morfológico das cidades antigas e, logo, a história formal do seu espaço,
constituem, assim, para o urbanista um utensílio heurístico sem equivalente’’.

‘’Ele admite: «Pode, deliberadamente, imaginar-se e construir sobre o papel formas que os
acasos da história produziram ao longo dos séculos? Poderia gozar-se verdadeiramente dessa
ingenuidade fingida, desse natural artificial? Seguramente que não. As alegrias serenas da
infância são recusadas numa época que já não constrói espontaneamente.’’

‘’Uma única certeza se retira de Stadtebau e diz respeito às. cidades do passado: o seu papel
terminou, a sua beleza plástica permanece. Conservar os conjuntos urbanos antigos como se
conserva os objetos de museu parece então inscrever-se na lógica das análises de Stadtebau.
Contudo, Sitte não militou pela preservação dos centros antigos. Ele não expressa a
preocupação de «salvar», se ainda é tempo, as nossas velhas cidades da destruição que as
ameaça cada vez mais», senão por duas vezes, muito brevemente, no curso do seu livro que
responde a diferentes preocupações. ‘’