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Não está fácil ser cristão, em várias partes do mundo! Muitos estão sendo
cerceados em sua liberdade de consciência, perseguidos e martirizados,
apenas por serem discípulos de Jesus Cristo. São muito atuais as palavras de
advertência de Jesus, ao encorajar os discípulos, falando-lhes do que os
esperava: "sereis perseguidos e odiados por minha causa" (cf Lc 21, 12-19).
Jesus não prometeu vida fácil a seus seguidores!
As palavras de Jesus a Pedro são duras: "vá para longe de mim, satanás! És
para mim, ocasião de tropeço!" São as mesmas palavras usadas por Jesus
para superar a terceira tentação no deserto, antes de iniciar sua missão pública
(cf Mt 4,10). Pedro fazia o papel de "tentador" e Jesus o afastou
decididamente, continuando seu caminho para Jerusalém: "tu não pensas
conforme Deus, mas conforme os homens!" (cf Mt 16,23).
De qual tentação tão grave se tratava? Se Jesus desse razão a Pedro, evitaria
os sofrimentos anunciados. Qual seria o mal? É que essa tentação implicava
em desistir do Evangelho e da missão de Jesus. Pedro, ingenuamente,
querendo impedir que algo de mal acontecesse a Jesus, acabaria desviando
Jesus do seu caminho, impedindo-o de ser a testemunha fiel da verdade de
Deus, de ser coerente e fiel à missão de manifestar o amor de Deus até às
últimas consequências. Era uma grande tentação!
Essa tentação traiçoeira, mais do que nunca, pode ser atual em nossos dias:
pretende-se apresentar um Jesus simpático e atraente, produto falsificado nas
vitrines de um mercado religioso sempre mais florescente, para atrair adeptos
com toda sorte de facilidades e vantagens. Lembrou o Papa Francisco: uma
Igreja sem Jesus Cristo crucificado e ressuscitado, acabaria sendo uma
espécie de "ONG do bem", mas não seria mais a Igreja de Cristo!
Tentação perigosa, pois mexe com coisas muito sérias e induz a engano fatal:
"de que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida?" –
pergunta Jesus. (cf Mt 16,26). Quem busca Jesus apenas para ter vantagens
pessoais, facilidades, vaidades e riquezas, não "arrisca" nada por ele; não é a
Jesus e o reino de Deus que busca, mas apenas a si próprio e a seus projetos
pessoais. A "renúncia a si mesmo" equivale, de fato, à primazia absoluta dada
a Deus e a seus caminhos.