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CIDADANIA:
O SUJEITO COMO AGENTE, ATOR E AUTOR
3.1 Contextualizando
No decorrer deste capítulo você verá que se trata de algo bem mais amplo
que isso. Trata-se de uma condição específica dos seres humanos que vivem
de maneira socialmente organizada. Esta condição possui uma história e, em
cada período da história da cidadania, aparecem direitos e deveres específicos
para os assim chamados cidadãos.
Assim, ser cidadão hoje não é o mesmo que ser cidadão na Idade Média
europeia, ou na Grécia ou Roma antigas. É justamente sobre essas diferenças
históricas que você aprenderá neste capítulo, de maneira que possamos
chegar a um conceito mais preciso e que corresponda ao que hoje se entende
por cidadania.
Ao mesmo tempo, existem muitas relações com este tema e os temas dos dois
capítulos anteriores. E como você já aprendeu sobre Ética (capítulo 1) e Direitos
Humanos (capítulo 2) certamente estará em condições de perceber com clareza
que relações são essas. Provavelmente você modificará de alguma forma a sua
maneira de entender o conceito de cidadania. Pelo menos, é isso que esperamos.
Conceituar cidadania;
A cidade grega
CONCEITO
Em grego, a palavra cidade se traduz pela
palavra polis. Assim, quando Aristóteles diz que
o homem é um animal político (de polis) está
querendo dizer que é um animal que nasce no
contexto das relações públicas de sua cidade
natal. E que, por isso, tem o direito e o dever de
se interessar por elas.
CURIOSIDADE
A democracia grega, apesar do espantoso grau
de desenvolvimento em relação às demais
formas de governo da época, ainda não era
uma democracia plena. Só eram considerados
cidadãos os homens livres. Os escravos não
desfrutavam dos mesmos direitos e não podiam
participar da vida pública grega. Obviamente,
uma democracia como esta ainda está em seus
primeiros estágios de desenvolvimento.
A cidade romana
Roma foi fundada por volta do ano 753 a.C. Há dúvidas quanto à precisão
desta data, mas em geral ela costuma ser aceita em boa parte dos livros de
história. Como o nosso interesse principal não é a de ordem histórica, não
vamos entrar em grandes detalhes quanto à fundação de Roma. Por enquanto
é suficiente dizer que seus fundadores foram povos itálicos, que, possivelmente,
possuíam certo parentesco com os primeiros habitantes gregos.
Uma vez fundada, a cidade romana não diferiu muito da cidade grega.
No aspecto político, entretanto, Roma se mostrou mais conservadora, pois
demonstrou mais interesse pela autoridade e estabilidade política do que pelos
princípios democráticos. Assim, enquanto na Grécia exaltava-se a participação
pública nos assuntos da cidade, em Roma o governo era praticamente uma
extensão a toda comunidade do princípio da família patriarcal. Assim, o rei
exercia sobre os súditos um poder semelhante ao exercido pelo chefe de
família sobre seus dependentes.
Priscilla Silveira
A revolução francesa
Mas o que muda após todas essas transformações históricas que você
acabou de ver? Na prática, que direitos os indivíduos efetivamente possuem e
que são frutos dessas transformações? É isso que veremos agora.
Os direitos civis
SAIBA QUE
Um bom exemplo de desrespeito aos direitos
civis, tais como liberdade de pensamento,
direito de livre associação e direito de ir e vir é
o famoso episódio de ditadura militar no Brasil.
No período em que a ditadura vigorou, até
mesmo pensar de forma diferente dos interesses
do Estado poderia ser algo bastante perigoso.
É claro que, em circunstância como essa, o
exercício da cidadania fica completamente
comprometido.
Os direitos sociais
como máquinas e técnicas cada vez mais sofisticadas; numa época como essa,
faz-se necessário, mais do que nunca, o investimento em educação de base e
educação profissionalizante, de modo a inserir parcelas cada vez maiores de
nossa sociedade neste complexo sistema produtivo. Do contrário, trabalhos
dignos e com bons salários continuarão a ser privilégio das classes médias e ricas.
Roberto Viana/AGECOM
Os direitos políticos
É a partir do exercício dos direitos políticos que cada um pode, ao seu modo
e da maneira que achar melhor, participar dos destinos da sociedade em que
vive. Esse exercício é fundamental para a plena realização da democracia e para
o completo desenvolvimento da cidadania. A noção de direitos políticos retoma a
velha concepção grega de cidadania em que todos têm o direito e até mesmo o
dever de se interessar e de intervir nos assuntos relativos à sociedade como um todo.
REFLEXÃO
É muito importante que você perceba que os
direitos civis, sociais e políticos não são inteiramente
diferentes entre si. Na verdade, eles guardam uma
relação bastante próxima. Por exemplo, os direitos
políticos dependem das garantias dos direitos
civis. Como preservar o direito de fundar uma
associação de bairro (direito político) sem que
se garanta o direito de agir e pensar livremente
(direito civil)? Por outro lado, como os cidadãos
podem se interessar por seus direitos políticos se
lhes for negada uma educação (direito social), que
os permita desenvolver este interesse?
Essa breve exposição dos direitos do cidadão abre caminho para que
possamos agora, finalmente, elaborar uma definição mais objetiva, precisa e
mais atual do conceito de cidadania. Uma definição satisfatória deve incluir
quatro pontos básicos:
CONCEITO
A cidadania é a condição do ser humano que,
pelo simples fato de ser, independentemente
de sua condição de nacionalidade, classe social,
sexo, religião, etc., possui direitos básicos
que devem ser assegurados pelo Estado. Esses
direitos dividem-se em direitos civis, direitos
sociais e direitos políticos. Cada cidadão deve
ter assegurado o direito de reclamar e defender
seus direitos, ao passo que está obrigado, ao
mesmo tempo, a respeitar os direitos dos outros.
Por fim, vale lembrar ainda mais uma vez que a manutenção dos direitos
de cidadania depende da participação efetiva de todos os cidadãos. Todos
estão obrigados a contribuir, seja respeitando os direitos dos demais, seja
participando, cada um ao seu modo, das decisões que influenciam os rumos
da vida em comunidade. Em um Estado democrático, a participação de todos
é imprescindível, pois, quando parcelas da sociedade deixam de participar das
decisões comuns, deixam espaço para que outras decidam sozinhas.
No primeiro mês fica feliz por receber aquele dinheiro de que tanto
precisa. Do segundo mês em diante, percebe que trabalha demais e que o
salário que recebe talvez não seja justo. A partir do sexto mês de trabalho está
insatisfeita e descontente com o trabalho, cuja remuneração reconhece como
indigna. No décimo mês percebe que aquela situação é desumana, ao mesmo
tempo em que se entristece por perceber que, por não ter instrução, a vida
talvez lhe reserve apenas aquele tipo de trabalho. A jovem empregada está
completamente deprimida.
outras jovens. Ao exigir os seus direitos, ela não os exige só para si, mas para
todas as pessoas que estão na mesma situação que a sua.
Nesta obra, você poderá conhecer alguns dos principais desafios que
a cidadania e a democracia enfrentam nos dias atuais. É um livro muito
interessante para quem quer aprender sobre o assunto no contexto das
dificuldades que a sociedade atual enfrenta.
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil - O longo Caminho. São Paulo:
Civilização Brasileira, 2009.
3.5 Relembrando
Onde encontrar