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AO JUÍZADO ESPECIAL CIVEL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA

BAHIA.

xxxxxxxxxx, brasileiro, viúvo, aposentado, nascida no dia, filho de,


portador da cédula de identidade RG nº xxxxxxx SSP/BA, inscrito no CPF (MF) sob
o nº xxxxxxxxxxx, residente e domiciliada na xxxxxxxxxxx, por seu advogado
abaixo assinado, devidamente constituído através do instrumento de mandato (doc.
anexo), com escritório profissional localizado na Rua Marechal Floriano Peixoto, n°
100, LM Center, 1º piso, sala 42, Centro, Santo Estevão/Ba, locais onde recebem
intimação, notificação e/ou qualquer outra comunicação dos atos do processo vem,
mui respeitosamente, a ilustre e honrosa presença de Vossa Excelência, para propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO


PENSÃO POR MORTE RURAL

em face do INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -


Autarquia Federal, criada pela lei nº 8.029/90, regulamentado pelo Decreto nº
99.350/90, com endereço na rua da Polônia, nº 01, Ed. João Mendonça, bairro
Comércio, Salvador/Ba, com fundamento no art. 74/79, da lei 8.213/91 c/c art.
105/115, do Decreto n.º 3.048/99, pelos motivos de fato e direitos adiante articulados.
I – DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA
Requer o autor a concessão dos benefícios da gratuidade judiciária, eis
que, sendo como é, pessoa pobre, não dispõe de condições financeira suficiente para
suportar o ônus que a demanda judicial impõe, a exemplo do pagamento das
custas/taxas/emolumentos processuais e, inclusive, dos honorários advocatícios de
sucumbência, sem prejuízo do sustento próprio e da família, com fundamento no art.
5º, LXXIV, da CRFB/88 c/c art. 98 e ss. do Novo CPC.

II – DOS FATOS

O autor era companheiro da de cujus, NILCA GOMES DA SILVA,


portadora da cédula de identidade RG nº 069.926.89-80 e inscrita no CPF sob o nº:
857.256.505-10, e residiam neste estado, na cidade de Camaçari.

O suplicante conviveu em UNIÃO ESTÁVEL com a falecida POR


MAIS DE 15 ANOS e desta relação TIVERAM DOIS FILHOS.

Nesse contexto, em 13/06/2021, a senhora Nilca veio a óbito, tendo como


causa morte: choque céptico; pneumonia; COVID 19, conforme Certidão de Óbito
(doc. anexo), deixando como dependente previdenciário, o autor/viúvo LUIZ
ALBERTO NUNES LEAL.

Diante do falecimento da companheira, o autor, no exercício regular de seu


direito requereu em 01/02/2022 o benefício previdenciário de pensão por morte
(NB: 204.153.983-0), em perfeita harmonia com o entendimento exposto pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário 631.240, o
qual possui repercussão geral, vale destacar.

Ocorre que o INSS, equivocadamente, indeferiu o pedido de concessão do


benefício, sob o fundamento de que, in verbis: “falta de qualidade de dependente -
companheira.”, conforme atesta a comunicação de decisão (doc. anexo), mesmo
tendo o autor preenchido todos os requisitos exidos ao gozo do benefício.

Insta salientar que o indeferimento do benefício pretendido fere,


expressamente, o Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana
entalhado no art. 1º, III, da CF/88, porquanto a autora preencheu os requisitos
legais e, nessa condição, fazem jus a pensão por morte do companheiro.

Se não fosse isso, nunca é demais frisar que, a finalidade do benefício de


pensão por morte é, nesse particular, justamente, substituir a ausência daquele suporte
financeiro que o falecido dava aos dependente/requerente, de modo que a negar a
garantia constitucional aos autores configurou, sim, atentado a Constituição Federal.

Por conseguinte, diante do indeferimento do benefício por parte do Instituto


Nacional de Seguridade Social, alternativa não restou às autoras senão recorrer ao
Poder Judiciário a fim de ver garantido o seu direito (art. 5º, XXXV, da CF/88).

III – DO DIREITO

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 201, inciso V, determina que:


Art. 201. A previdência social será organizada sob
a forma de regime geral, de caráter contributivo e
de filiação obrigatória, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e
atenderá, nos termos da lei, a:
[...]
V - Pensão por morte do segurado, homem ou
mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependentes, observado o disposto no § 2º.

Em consonância com a Norma Constitucional, a Lei n.º 8.213/91, em seu


art. 16, caput e inciso I, preconiza que é beneficiária do Regime Geral de Previdência
Social, na condição de dependente do segurado, o cônjuge e os filhos não
emancipados (até 21 anos), sendo irrelevante a condição econômica, porquanto,
nessas situações, “a dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é
presumida”, nos termos do §4º do aludido dispositivo.

Ora, é inegável que a situação em análise subsume-se, perfeitamente, aos


artigos ora transcritos, eis que o Autor logrou êxito em provar ser companheiro da de
cujus, através de documentos carreados, sendo absolutamente ilegal o Ato
Administrativo do INSS que indeferiu o benefício a que faz jus o Autor.
Se não fosse isso, o benefício perseguido é uma prestação previdenciária
contínua de caráter substitutivo dos salários, renda ou contribuição da falecida.
Assim, se não substitui a ausência do ente, ao menos minimiza a sua falta,
contribuindo para o sustento daqueles que dependiam da força de trabalho do de
cujus.

Com efeito, restando claro o direito que o Autor possui de receber o


benefício de pensão por morte por se tratar de dependente, não há motivo que
justifique o indeferimento ilegal e arbitrário feito pela Autarquia previdenciária.

IV – DA TUTELA DE URGÊNCIA

O tempo apesar de às vezes necessário, todavia termina conduzindo o


processo de conhecimento ou de execução para navegar numa longa viagem criando
malefícios insuportáveis para o jurisdicionado. E, isso começa na gênese da Norma
Processual, quando dotou os entes políticos, as Autarquias e as empresas públicas dos
privilégios prazais inaceitáveis na contemporaneidade.

Em verdade, com o indeferimento do benefício requerido, o autor tem


passado necessidades financeiras, sobrevivendo indignamente, uma vez que depende
de doações de terceiros.
Ademais, jamais imaginava que passaria por verdadeira via crucis para
obter a pensão de sua falecida esposa, mesmo porque todos os requisitos para
concessão do benefício já foram fartamente preenchidos, conforme toda prova
documental carreada aos autos do processo.

No entanto, o INSS, em total descompasso com as garantias


constitucionais e demais leis já citadas, simplesmente, desconsiderou os documentos
apresentados pelo Autor, tendo indeferido o benefício, condenando-lhe, em outros
termos, a viver sem qualquer dignidade, totalmente desamparado.

O art. 300, caput, do NCPC determina que será concedida a tutela de


urgência quando “houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”, podendo ser concedida
liminarmente ou após justificação prévia.

A probabilidade do direito, que corresponde ao requisito legal da prova


inequívoca e da verossimilhança da alegação, está presente nos fatos alegados e nas
provas juntadas à exordial, formando o conjunto probatório necessário para a
realização da cognição sumária, indispensável a esta tutela de urgência.

O perigo de dano decorre da própria natureza alimentar do benefício


pleiteado, sem o qual a Autora tem sido submetida a uma situação de extrema
pobreza e dificuldade de manutenção de sua própria vida, em virtude da privação de
acesso aos bens mais fundamentais, como alimentação, saúde e moradia digna.

Ademais, deve-se observar, no caso em análise, o princípio insculpido no


art. 5º da Lei de Introduções às Normas do Direito Brasileiro, segundo o qual o juiz
deve aplicar a lei, atendendo aos fins sociais a que ela se dirige.

IV – DOS PEDIDOS

Diante dos fatos e da fundamentação legal acima expostos, o autor formula


o objeto dos pedidos e requer que digne-se Vossa Excelência a:

I) acolher a prefacial acima suscitada e, em consequência, se digne em


deferir, inaudita altera pars, A TUTELA DE URGÊNCIA (art. 300, do NCPC c/c
art. 4º da Lei 10.259/01, a fim de compelir o INSS a IMPLANTAR, o benefício de
Pensão por Morte Rural (NB: 204.153.983-0) e a posterior confirmação, bem como a
cominação de multa diária até que a obrigação de fazer seja adimplida.

II) NO MÉRITO, requer a PROCEDÊNCIA DA AÇÃO com a


consequente confirmação da liminar acima pleiteada (na hipótese de deferir antes
da sentença de mérito) e, em consequência, seja o INSS condenado a
IMPLANTAR, imediatamente o benefício de PENSÃO POR MORTE RURAL
(NB: 204.153.983-0), RETROATIVO A DATA DO REQUERIMENTO
(01/02/2022), com o consequente pagamento das parcelas vencidas e vincendas, mês
a mês, acrescidas de correção monetária a partir do vencimento de cada prestação.
Requer, ainda, a aplicação dos juros de mora a serem fixados à taxa de 1% ao mês, a
contar da citação;

III) condenar o INSS a pagar os honorários advocatícios, fixados em 20%


do valor da condenação (art. 55, da Lei n.º 9.099/95 c/c art. 85, §3º, do NCPC).

IV) conceder os benefícios da gratuidade judiciária, em favor das


autoras, nos termos art. 5º, LXXIV, da CF/88 c/c art. 98 e ss. do NCPC (item I, da
exordial).
V) determinar a citação do INSS, na pessoa de seu representante legal,
para, querendo, oferecer defesa, no prazo legal, com as advertências previstas no
artigo 242, §3 do NCPC e arts. 9° e 11, da Lei n.º 10.259/2001, sob pena de revelia.

Finalmente, protesta pela produção de todos os meios de prova em direito


admitidos, principalmente, prova testemunhal, pericial, documental e quaisquer
outras que se façam necessárias para comprovação do quanto alegado. Finalmente,
declara autênticas as anexas cópias reprográficas dos documentos ora
colacionados, nos termos do art. 425, inc. IV, do Novo CPC.

Atribui à causa, o valor de R$ 23.028,00, nos termos do art. 291, do


NCPC (Lei 13.105/2015) c/c §2º, do art. 3º, da lei nº. 10.259/2001.

Nestes termos.
Pede deferimento.
Feira de Santana/Ba, 03 de agosto de 2022.

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