Você está na página 1de 2

ARANHA, Maria Lúcia Arruda. Pressupostos políticos da educação. In:____.

Filosofia da
Educação. São Paulo: Moderna, 2002. cap.14, p.136-145.
Marta Kaline Pereira
Fundamentos Filosóficos da Educação, Iº período de Letras Português e Inglês pela
Universidade de Pernambuco.

Na obra “Filosofia da Educação”, Arruda Aranha destaca a relação entre educação,


política e filosofia em diferentes contextos históricos. Dessa forma, a professora filósofa nos
leva a refletir sobre o passado e a atualidade de forma crítica para o melhor entendimento dos
processos educacionais até aos dias atuais. Diante disso, o décimo quarto capítulo traz para a
discussão os pressupostos políticos da educação, enfatizando características da tendência
liberal e socialista, mães de diversas vertentes pedagógicas que se perpetuam até os dias de
hoje.
De antemão, observa-se a vertente liberal relacionada ao contexto em que estava inserida.
Dessa forma, várias concepções sociais surgiram decorrente dos interesses do capitalismo
burguês, o que interferiu nas relações de trabalho, direitos e educação. Neste viés, a autora
nos conduz a analisar o ensino que nesse contexto não era um bem democrático porque havia
a uma dualidade que segregava o conhecimento repassado a elite e aos mais pobres. Assim,
se ensinava aos que viriam a se tornar parte do proletariado (pobres) o trabalho manual, pois
para esses não era “permitido” pensar, aguçar a criticidade para própria emancipação. Já para
os filhos dos burgueses ensinava-se ciência para que se tornassem intelectuais de prestígio,
colaborando para a permanência da elite como classe dominante por longos anos. Portanto, é
notório que essa proposta educacional serviu apenas para colaborar com os anseios da
supremacia elitista, inferiorizando os mais pobres.
Em contrapartida aos interesses capitalistas, a tendência socialista aparece com base nas
filosofias de Marx e outros pensadores para se rebelar aos ideais burgueses. Desse modo,
aborda a educação através de um cunho político e social visando a liberdade dos cidadãos até
então não vistos. Assim, almeja acabar com a dualidade do ensino colocando o trabalho
manual e intelectual como importantes na escola unitária, bem como relacionar a escola com
a vida fora dela ensinando os indivíduos a desenvolver a criticidade. Desse modo, nota-se que
a perspectiva socialista abriu portas para a esperança da emancipação e mudança da realidade
social dos cidadãos da camada mais baixa da sociedade.
Assim, diante ao exposto, convém destacar relevância da obra em questão e capítulo
analisado, o que o torna recomendável. Isso porque a filosofia mesmo desvalorizada nos dias
atuais contribui para as análises da sociedade em todo seu conjunto, bem como para questões
emblemáticas como a educação. Desse modo, nota-se que a tendência liberal não foi saudável
para o desenvolvimento social educacional, pois valorizavam apenas os interesses burgueses
atrapalhando o desempenho dos alunos pobres e conduta dos professores. Contudo, a
socialista aparece com um papel importante para a mudança desse cenário no mundo, já que
visa democratizar o ensino e emancipar os cidadãos colaborando para uma linha de ensino
mais humanizada. Portanto, as colocações da autora foram relevantes aos estudos de filosofia
da educação, pois de forma clara alcança seu objetivo de melhor formar professores e levar a
reflexão sobre políticas educacionais para o melhor trabalho em sala de aula.

Você também pode gostar