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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – CAMPUS MATA NORTE

CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS


DISCIPLINA DE LÍNGUA INGLESA VI
DOCENTE: CARLOS SILVA
DISCENTE: MARTA KALINE PEREIRA

ATIVIDADE II – Hamlet de Willian Shakespeare

1. Existia uma atração/ciúme de Hamlet pela mãe (Gertrudes) ou sua


indignação decorria apenas do apressado casamento da mãe com seu
tio (Cláudio)?

R: Willian Shakespeare, em sua obra “Hamlet”, desenvolve uma tragédia


centrada no tema da vingança. Sendo a maior peça de sua criação, o enredo
evidencia um novo tipo de herói, pois o príncipe Hamlet, diferente dos heróis
gregos, apresenta um teor melancólico e uma complexa indecisão que o leva
a questionar o sentido da vida.
“Será mais nobre sofrer na alma? Pedradas e
flechadas de um destino feroz ou pegar em armas
contra o mar de angústias.”
Hamlet, Ato III, Cena I.

Com a morte do Rei Hamlet, em menos de dois meses, Cláudio seu irmão e
autor do crime assume o reinado e casa-se com a sua então cunhada viúva
Gertrudes. Dessa forma, torna-se tio-padrasto do Príncipe Hamlet, além de Rei
da Dinamarca. Tal ocorrência deixou o príncipe ainda mais retraído. Nessa
perspectiva, é notório que Hamlet buscou vingança contra seu tio pela
insistência do fantasma de seu pai, entretanto, seu maior incômodo ocorria
pelo casamento de sua mãe.
“Um pequeno mês, antes mesmo que gastasse As
sandálias com que acompanhou o corpo de meu
pai, Como Níobe, chorando pelos filhos, ela, ela
própria - Ó Deus! Uma fera, a quem falta o sentido
da razão, Teria chorado um pouco mais - ela
casou com meu tio, O irmão de meu pai, mas tão
parecido com ele Como eu com Hércules! Antes
de um mês! Antes que o sal daquelas lágrimas
hipócritas Deixasse de abrasar seus olhos
inflamados, Ela casou. Que pressa infame, Correr
assim, com tal sofreguidão, ao leito incestuoso!”
Hamlet, Ato I, Cena II.
Pode-se inferir que ele desenvolveu um complexo de Édipo, que se caracteriza
quando o filho começa a sentir uma forte atração e ciúmes pela figura materna
e se rivaliza com a figura paterna. Portanto, Hamlet invejava o tio assassino
(Cláudio), justamente porque era o que gostaria de ter feito com o pai, com o
objetivo de “possuir” narcisisticamente a mãe (Gertrudes), assim, o príncipe é
fixado na mãe, desejando o lugar do tio em relação a rainha com a justificativa
da vingança.

2. Hamlet oscila em uma linha tênue entre a razão/sanidade e a


loucura/sandice. O que predomina na personagem?

R: Hamlet vivia uma crise interior, no meio palaciano sempre foi visto como
uma pessoa séria e mais retraída. Na peça, observa-se que ao elaborar o
plano contra o seu tio, o Príncipe assume o compromisso de fingir-se de louco
para apurar os fatos relatados pelo fantasma e pensar na estratégia de
vingança. Entretanto, ao fazer-se de louco, as pessoas ao seu redor
começaram a estranhar o seu comportamento. Muitos passaram a achar que
era pelo luto profundo pela morte do pai, outros pelo rápido casamento  de seu
Tio Cláudio com sua mãe Gertrudes e até mesmo que Hamlet sofria de amor
por Ofélia. Por sua vez, o príncipe da Dinamarca era muito frio e racional, a
exemplo da sua frieza, destaca-se a morte de Polônio, pois ao fazer tal
execução ele não demonstrou o arrependimento imediato, apenas alegou
posteriormente que “Deus quis assim”.
“Hamlet (Puxando o florete.) Que é isso?
Um rato? Morto! Aposto um ducado; morto!
(Dá um lance com o florete através da
tapeçaria.).” Hamlet, Ato III, Cena IV.

“Eu me arrependo; mas Deus quis assim;”


Hamlet, Ato III, Cena IV.

Nessa perspectiva, suas atitudes eram seguidas de forma consciente,


constatando a predominância da sanidade na personagem, pois ele afirma:
“Não estou louco de verdade, estou louco por astúcia”. A loucura foi um meio
encontrado pelo príncipe para justificar suas atitudes, plano que foi articulado
racionalmente e conforme colocou seu em ação, descobriu a maldade entre as
pessoas do seu convívio. Portanto, a loucura serviu de “armadura” para que ele
pudesse descobrir e enfrentar essas situações.
3. Qual a relação que poderia ser feita entre a personagem Hamlet e o
homem renascentista?

R. Durante a Idade Média, o homem não tinha uma consciência de si próprio,


via-se apenas como uma parte restrita de uma categoria geral. Por sua vez, a
partir da transição para a Idade Moderna com a propagação do Humanismo no
período do Renascentismo, o homem tornou-se um ser espiritual, consciente
da sua condição no mundo e passou a se deparar com enfretamentos que o
responsabiliza de suas ações. Dessa forma, há uma ambiguidade inerente a
esse homem renascentista, pois no desenvolver desse período os valores
modernos e medievais passaram a conviver lado a lado, colocando o “ser” a
refletir sobre seu papel no meio social. Nesse contexto, Hamlet, o príncipe da
Dinamarca, é um dos personagens mais perturbados do acervo de William
Shakespeare. Ele questionava o sentido da existência, afinal, a famosa frase
“ser ou não ser, eis a questão”, constata a dualidade presente na construção
desse personagem, assim, refletindo características do homem renascentista.
“Ser ou não ser, eis a questão: será mais
nobre em nosso espírito sofrer pedras e
setas com que a Fortuna, enfurecida, nos
alveja, ou insurgir-nos contra um mar de
provocações e em luta pôr-lhes fim?
Morrer. dormir: não mais. Dizer que
rematamos com um sono a angústia E as
mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor
[...]"
Hamlet, Ato III, Cena I.

Portanto, nota-se que Hamlet vive um paradoxo. É refém do sofrimento que o


destrói, e do qual paradoxalmente também se alimenta, é uma alma triste,
melancólica. Também é racional ao seguir seu objetivo traçado, a então
vingança contra o Claúdio. Assim, nosso personagem é antes de qualquer
coisa alguém que não sabe para onde ir nem o que é. Sua reflexão sobre Ser
ou Não Ser, eis verdadeiramente a questão. Ele está plantado diante da
incerteza e da dúvida, no centro da reflexão, assim como ocorreu com o
homem renascentista quando tomou consciência do seu papel no mundo
moderno.

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