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UFRJ/ EBA Aluna – Larysan Saffira Fonseca De Aquino Da Silva

DRE - 119198992 Professor – Antônio Guedes

ANÁLISE
A peça Dinamarca feita pelo grupo Magiluth começa em seus primeiros segundos abordando
como Hamlet ao pensar em fazer, a repetição incessante de questionamentos, sentimentos que
o levam ao lado trágico, pulando a razão interior que o cerca o faz que até o assunto da mais
importância perca o sentindo quando a razão por trás não é levada em consideração.
Diferente da história dramática de William Shakespeare, a peça cria todas essas narrativas
com o humor ácido, música, dança, que se divide em performances contemporâneas
A peça possui uma linha não linear entre a “amizade” de 5 integrantes, narrando sobre
questões de modo embaralhado, misturando controvérsias sociais, ambientais, econômicas e
políticas de cada países, criando uma espécie de metáfora, talvez, com relação a corrupções
que desde os primordiais da humanidade, ainda é bastante recorrente e discutido em nossa
sociedade. Em Hamlet, a corrupção não é existente na traição que ronda o drama familiar,
mas também é a alusão ao governo da Dinamarca que se beneficia com seus interesses
próprios com relação ao reinado do novo traidor, isso pode ser retratado na frase ‘A algo de
pobre no reino da Dinamarca’, que embora essa frase tenha outros sentidos também, como o
poder, de como um homem com tanto poder nas mãos pode fazer qualquer coisa e com isso
corromper a alma.
A peça cria essas vertentes de diversas formas, como os 5 membros sobre suas ações, no
entanto falhas ao pensarem tanto sobre elas sem arcar com as consequências externas,
ressaltando essa questão política com uma certa tirania, “Somos os melhores”. Essa Tirania
se tratando do Rei Cláudio que usurpou o poder que era de direito de Hamlet.
No entanto, de forma muito sutil, na peça a um certo desentendimento entre os 5 membros
inicialmente, porém que é silenciada por uma questão de felicidade falsa sobre a
superficialidade dentro do contexto interno dos 5 membros, como o Hygge que é descrito
como uma espécie de estado de felicidade, de relaxamento. Em Hamlet, a felicidade falsa
diante dos personagens existe de como nada é alterado por um certo período de tempo depois
da aparição do fantasma Rei Hamlet que assombra seu filho jurando vingança por sua morte,
O príncipe se faz de louco, mantendo-se na inercia externa enquanto internamente planeja
minunciosamente por sua vingança.
Na peça a sensação de falsa felicidade permanece, porém cada vez mais evidente a
“harmonia” se desfazendo em pequenos pedaços, criando a loucura dos 5 membros, sendo
esquecido nesse emaranhado com as narrativas, entretanto guardando em um conflito trágico
futuro. Assim como mãe de Hamlet insiste para que o filho deixe o passado para trás, pois o
reinado da Dinamarca deixou de lado muito rápido a morte do rei, no entanto Hamlet não
consegue viver com a perda do pai, isso é bem enfatizado na peça Dinamarca através da
influência de um membro ao outro e vice-versa. No entanto, sempre transparece que um
membro tem mais poder que o outro, deixando bem claro essa posição ao interpretar
situações que colocam os outros membros como fantoches.
Em Hamlet, no contexto de como o príncipe planeja essa vingança se torna um tormento,
porque ao pensar em excesso, criando ilusões que não aconteceram, definhando em sua
própria trama de planos de vingança, muita falta de controle sobre si próprio, mas que se vira
contra as pessoas erradas. Tudo sendo guiado pela alienação pela perda de seu pai que o
transborda de tomadas de decisões. Um exemplo em metáfora sobre a alienação na peça
talvez, seja o momento quando os 5 membros falam sobre o bolo imaginário, que mesmo que
um deles insista que é um bolo de massa podre, um deles diz que a massa é deliciosa, ainda
que o gosto seja horrível, a insistência de influenciar que a massa seja boa, embora realmente
não exista esse bolo, a questão é passar a mensagem de que as razões dos indivíduos não
constam quando se perde seu estado racional.
O príncipe Hamlet se perde completamente, deixando que seus pensamentos, capacidade
físicas, sentimentos, emoções deixem fluir 100% diante da vingança e as investigações, ao
mesmo tempo não querendo abdicar das responsabilidades de seus atos, dissociando sobre a
realidade e alucinações de forma que suas ações são cegas, embora ao mesmo tempo Hamlet
faz tudo com muita inteligência e cautela para fugir de situações difíceis em diversas
vertentes embora a loucura tenha realmente o consumido. A vingança seja uma boa solução
em alguns casos, no entanto não alimenta a alma, como não alimentou a alma do jovem
príncipe além de perturbá-lo constantemente.
A morte é retratada na peça como uma forma de buscar a verdade absoluta sobre si. Como
partes do contexto de Hamlet é retratado na peça Dinamarca de forma não contextual e
confusa sem seguir os padrões, a narrativa se aplica ao desejo de se libertar das
responsabilidades que são deferidas ao protagonista, e o desejo de deixar o passado para trás
seria melhor do que amargar vivendo entre o presente no passado. Mas a peça busca outras
narrativas para representar a morte, A menina das fitas, que o rio não conservou, durante
toda a peça é citado essa frase, a morte da Ofélia, onde Shakespeare deixa dúvida se ela
cometeu suicídio ou não. Entretanto em um momento da peça ocorre uma certa erotização
sobre o corpo feminino, mas também a questão de local de fala com relação a ser mulher,
onde pode ser ter dúvidas quando um dos 5 membros tenta recriar essas questões em um
corpo masculino com certa violência, retratando novamente a morte.
A peça também faz referência a morte do Rei Hamlet, sobre o veneno do ouvido. Nesse
ponto, a peça retrata a verdade como uma visão desfocada, como se a loucura de alucinar
poderia ser uma nova verdade, e de como aceitar dessa forma seria melhor do que viver uma
vida cheia de incertezas, ou uma morte mais difícil de engolir diante de uma situação
completamente difícil.
No final da peça Dinamarca, fala sobe a distopia da humanidade, assim como a drástica
distopia em Hamlet, onde a tragedia é certa para final do ato.
A peça deixa em entrelinhas em uma construção única o que quer passar, mas também o que
quer deixar explicito, soa bastante claro fazendo o espectador criar diversas interpretações,
porém a conexão com público que alguns momentos fazendo parte do espetáculo, deixou de
lado a zona de conforto entre palco, ator e espectadores.
BIBLIOGRAFIA
Peça Dinamarca, do grupo Magiluth
Hamlet de William Shakespeare, tradução de Millôr
Fernandes.

SITES
https://www.grupomagiluth.com.br/dinamarca
https://oglobo.globo.com/rioshow/dinamarca-peca-do-grupo-
magiluth-se-inspira-em-hamlet-23821736

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