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MELODRAMA

A palavra “melodrama” está associada ao drama


exagerado, com heróis e vilões e que sempre acaba com o
triunfo dos bons sobre os maus. Temos no melodrama presença
muito forte da verossimilhança, que seria a arte imitando a
vida e como já dizia Aristóteles no livro Arte Poética, é
instintivo do homem, desde a infância, a tendencia à
imitação; Ele ainda afirma que a arte dramática, sobretudo
a tragédia, é uma imitação “dos caracteres, das paixões e
das ações humanas” e por esse motivo alcança uma
identificação com o público para, enfim, chegar a promover
um prazer ao espectador.

A definição da tragédia é assim dada por Aristóteles,


no capítulo VI da Arte Poética:
A tragédia é a imitação de uma ação importante e completa, de
certa extensão; num estilo tornado agradável pelo emprego
separado de cada uma de suas formas, segundo as partes; ação
apresentada, não com a ajuda de uma narrativa, mas por atores, e
que, suscitando a compaixão e o terror, tem por efeito obter a
purgação dessas emoções. (ARISTÓTELES: 1985, 248)

A diferença entre drama e melodrama é que no


melodrama se depende fortemente de personagens
estereotipados e elementos sensacionais, enquanto no
drama se apresenta desenvolvimento de personagens e
enredo mais sutil. 

DEFINIÇÃO DOS PERSONAGENS

Os personagens no melodrama são construídos para


que fique evidente quem é quem, sendo os bons
excessivamente bons e os maus, mesmo que em algum ponto da
história se arrependam, na maior parte do tempo são
maléficos. Essa estrutura é estabelecida para que o
espectador identifique facilmente o herói e o vilão da
trama.
Exemplos de personagens:
 Vilão: possuidor de uma maldade intensa e de uma série de
vícios, muitas vezes encarnado como um príncipe cruel e
sanguinário ou por um chefe militar.

 Herói: jovem e destemido amado da mocinha, a quem cabia


defendê-la da maldade do vilão, salvando-a e concretizando
a paixão entre os dois, não sem antes dar ao tirânico
perseguidor uma vingança exemplar.

ENREDO MELODRAMA

Na trama melodramática, sempre teremos o herói em


uma situação terrível, sendo ameaçado pelo vilão,
precisando derrotá-lo para “salvar o dia”. Essas ameaças
do vilão ao herói despertam no publico o sentimento de
“terror” por um e “compaixão” pelo outro, gerando a
catarse¹. Os personagens ditos como heróis também sempre
estarão em busca de ficar ao lado da pessoa amada, que
por algum motivo ou força maior estejam sendo impedidos,
ou por justiça de atos feitos pelo vilão no passado,
como por exemplo a morte dos familiares do herói.

1. Catarse: Segundo Aristóteles, a catarse é ativada por


uma tragédia e isso provoca uma descarga emocional.
Ela é classificada como uma ação de caráter elevado,
uma réplica reproduzida por meio de atores que
representam o drama, e não apenas por recitar um texto
finalizado. Sendo assim, uma atuação dramática vai da
alegria à tristeza, de uma extremidade a outra. O
efeito disso é a ordenação ou a purgação das emoções.

É possível observar a catarse em diversas atividades


diárias como, por exemplo, ao assistir uma cena de
filme ou uma peça melodramática que provoque um
descarregamento de sentidos e emoções em quem está
assistindo, as lágrimas derramadas pelos espectadores
ao assistirem são uma prova da identificação da
plateia com o palco/tela. Outro ambiente em que a
catarse pode ser notada são os programas de auditório
com forte apelo emocional. 
O despertar de sentimentos de moralidade e
justiça também são presentes nos enredos melodramáticos,
visto que no final quando o bem vence o mal o público
tem a certeza de que aquele personagem que foi ameaçado
durante toda a trama foi vingado e será recompensado por
seu sofrimento.

FOLHETIM

O romance-folhetim nasceu em 1836 na França por


Émile de Girardin e expandiu-se para Portugal, com
reflexos no Brasil. O género tornou-se um contributo
fundamental para que as camadas mais baixas da população
usufruam de bens culturais, podendo criar hábitos de
leitura que estimulavam o desejo de ler e desencadeavam
a fidelização do leitor. Antes dele, folhetim denominava
um tipo de suplemento dedicado à crítica literária e a
assuntos diversos, normalmente publicados no rodapé do
jornal.
O primeiro romance-folhetim foi publicado em 5 de
agosto e se intitulava Lazarillo de Tormes. Com o
sucesso das postagens diárias do folhetim, no início dos
anos 1840 o gênero já estava bastante estabelecido e era
disputado entre os jornais para que escritores franceses
criassem romances-folhetins exclusivos, afinal os
jornais tiveram aumento significativo de vendas e isso
significava mais pessoas lendo suas histórias nos
rodapés.
No Brasil, o primeiro romance-folhetim a ser
publicado foi O capitão Paulo, de Alexandre Dumas, em
1838 no Jornal do Commercio, antes mesmo do primeiro
romance oficial brasileiro que foi lançado somente em
1843 intitulado O filho do pescador. Antes de serem
publicados nos jornais, os romances eram pouco
acessíveis no Brasil, aos leitores o preço era
proibitivo e aos escritores muito difícil a publicação
de uma obra já que o país não tinha imprensa na época,
para publicar algo teria que ser somente na Europa. Com
a chegada dos folhetins se democratizou o acesso a
literatura e serviu de estímulo para que muitos
escrevessem, uma vez que lhes dava a possibilidade de
publicação.

Quase todos os grandes escritores brasileiros do


século XIX passaram pelos jornais com folhetins, como
por exemplo Joaquim Manoel de Macedo, Raul Pompéia,
Aloísio de Azevedo e Euclides da Cunha.

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