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Frei Luís de Sousa, uma Tragédia ou um Drama Romântico?

Romantismo
O poema Camões de Garrett, publicado em Paris em 1825, que assinala o início do Romantismo em
Portugal.

As suas Características:
 Nostalgia pela Natureza;
 Trata-se de um fenómenos urbano;
 O individualismo - O “eu” é o valor máximo para os românticos. Por isso, o romântico
afirma o culto da personalidade (egocentrismo), da expressão espontânea de sentimentos,
do confessionalismo e a subjectividade;
 O idealismo - O romântico aspira ao infinito e a um ideal que nunca é atingido. Por isso,
valoriza o devaneio e o sonho;
 A inadaptação social - Por isso, mantêm uma atitude de constante desprezo e rebeldia face
à realidade e às normas estabelecidas, considerando-se inadaptado e vítima do destino;
 Predominância do Patriotismo / Nacionalismo;
 Predominância da ideia de Originalidade/génio;
 Subjectividade Absoluta;
 A literatura apresenta-se como criação e não como imitação;
 Privilegia a liberdade como valor máximo;
 Atracção pela melancolia, pela solidão e pela morte como solução para todos os males;
 A sacralização do amor – O amor é um sentimento vivido de forma absoluta, exagerada e
contraditória, precisamente por ser um ideal inatingível;
 O gosto pela natureza nocturna – Para os românticos, a natureza é a projecção do seu
estado de alma, em geral tumultuoso e depressivo;
 O amor a tudo o que é popular e nacional – Para o romântico, é no povo que reside a alma
nacional;
 A linguagem é declamativa e teatral;
 Linguagem corrente e familiar.

Tragédia Clássica
As personagens, ilustres, protagonizam uma acção recheada de atitudes nobres, de coragem, mas
em que o protagonista, pessoa justa e sem culpa, caminha inexoravelmente em direcção à desgraça
ou à morte, vítima de um destino que não consegue vencer. A finalidade da tragédia é o de
provocar o terror e a piedade.

As principais características da tragédia clássica são as seguintes:


 Na tragédia clássica, o Homem é um mero joguete do Destino. Este é uma força superior
que age de forma implacável sobre o protagonista, sem que ele tenha qualquer culpa;
 Dividia-se em prólogo, três actos e epílogo;
 Tem poucas personagens (três). Estas são nobres de sentimentos ou de condição social;
 A acção dispõe-se sempre em gradação crescente, terminando num clímax;
 Contém sempre vários elementos essenciais – o desafio, o sofrimento, o combate, o
Destino, a peripécia, o reconhecimento, a catástrofe e a catarse;
 Existe um coro que têm como função comentar e anunciar o desenrolar dos
acontecimentos;
 A tragédia clássica obedece à lei das três unidades – unidade de espaço, unidade de tempo
e unidade de acção;
 A linguagem da tragédia é em verso.
Momentos da Tragédia
 Hybris: A injúria, o desafio;
 Nemesis – Vingança, castigo dos deuses;
 Anagnorisis- Reconhecimento ou constatações dos motivos trágicos;
 Phobos- Terror experimentado pelo espectador;
 Pathos: O sofrimento crescente;
 Agón: O conflito;
 Klímax: Auge do Sofrimento;
 Cathársis: A purificação;
 Katastrophé: Agouros, profecias e superstições, desfecho trágico;
 Peripéteia: A peripécia;
 Ananké: Destino.

Definição de Drama
Poema dramático, que contém uma acção séria e completa, que visa provocar nos espectadores
sentimentos de compaixão e piedade em relação às situações das personagens. O drama
romântico é um género teatral em que aparecem unidos o elemento trágico e o cómico, o sublime e
o grotesco.

Características do Drama Romântico:


 O Romantismo valoriza a acção do Homem, por isso o herói já não é joguete do destino,
mas das próprias paixões humanas.
 O drama romântico pretende fazer uma maior aproximação da realidade. Assim Victor Hugo
propõe uma aproximação entre o sublime e o grotesco, conforme a vida real. Tem também
preferência por temas nacionais.
 A linguagem deverá corresponder à realidade e por isso é em prosa.
 A personagem imaginária constituída pelo coro desaparece.
 Não estão presentes as unidades de acção, tempo e espaço.
 Existe um grande número de personagens, e uma mistura de classes sociais.

Características do Drama Romântico em Frei Luís de Sousa:


 Texto escrito em prosa;
 Não há um “mau da fita” que se mate ou mate alguém;
 Há conflitos psicológicos;
 Crítica aos preconceitos que vitimam inocentes;
 As personagens adquirem personalidades próprias para que se tornem símbolo dramático;
 O fundamento cristão aparece como recompensa ou castigo pelas acções praticadas;
 O facto de se tratar de um assunto nacional acarreta consigo o patriotismo;
 O messianismo/Sebastianismo;
 O comportamento emocional típico de personagens românticas;
 A religião como consolo;
 A morte de uma personagem em cena;
 Os Agouros, superstições, crenças, visões, sonhos são evidentes em Madalena, Telmo e
Maria;
 O individualismo/hipertrofia do “eu” revelasse no confronto permanente entre os
indivíduos e a sociedade;
 Culto da mulher – anjo na personagem Maria;
 Não respeita as unidades de tempo e de lugar;
 Preferências pelas horas sombrias;
 Liberdade versus destino: Ao escolher o amor, D. Madalena comete uma infracção à religião
e costumes e o destino castiga essa acção;

Características Trágicas em Frei Luís de Sousa:


 Não é em verso, mas em prosa;
 Não tem cinco actos, têm três;
 Existência de momentos que retardam o desenlace trágico;
 Existência de um número reduzido de personagens;
 Vislumbre do coro da tragédia Clássica em Frei Jorge e Telmo Pais, o coro actua como um
travão ao ímpeto libertário do individuo, aconselhando a moderação, o condimento.;
 Reduzido número de espaços;
 Acção sintética (número reduzido de acções).
 Existência de Presságios (elementos, situações ou ditos das personagens que vão
aumentando a tragédia): fogo (destrói a família e destrói o retrato), leituras (Lusíadas e
Menina e Moça);
 As personagens agem sobre um fatalismo que as empurra para a desgraça;
 Presença de elementos da tragédia Clássica como:

->Hybris (desafio): Presente essencialmente no casamento de D.Madalena com Manuel de


Sousa Coutinho, sem a confirmação da morte do seu primeiro marido, e no incêndio do palácio do
Manuel de Sousa Coutinho pelo próprio.

->Anaké (destino): responsável pela ausência e cativeiro de D.João de Portugal durante


vinte e uma anos e pela mudança da família de Manuel de Sousa Coutinho para o palácio de D.João
de Portugal.

->Peripetia (peripécia): Mudança de situações, por exemplo: o incêndio de Palácio de


Manuel de Sousa, originando a mudança para o Paço que fora de D. João de Portugal, assume
particular interesse para o agudizar do clímax. (“Ilumino a minha casa para receber […] / Meu
Deus, meu Deus!... Ai, o retrato de meu marido!... Salvem-me aquele retrato!”).

->Catástrophe (catástrofe): O suicídio clássico em plena cena é aqui, substituído, por


um lado, pela morte melodramática de Maria, e, por outro, pela morte “simbólica” para o mundo,
dois cônjuges que decidem tomar hábito religioso. (“Para mim aqui está esta mortalha: morri
hoje”…; “deixastes tudo até vos deixar a vós mesmos […]”).

->Anagnórise (reconhecimento): A cena fulcral da peça, o reconhecimento de D. João de


Portugal, na figura de Romeiro, apressa o desenlace fatal. (“Romeiro, romeiro, quem és tu? _
Ninguém!”).

->Clímax (auge do sofrimento): final do segundo acto com o reconhecimento do romeiro.

->Cathársis (purificação): renuncia ao prazer mundano pelo casal, que se refugia num
convento, e ascensão de Maria ao espaço celeste, devido á sua inocência.

->Agon (conflito): resulta da hybris, manifesta-se a nível psicológico nos conflitos


interiores dilemas vividos por Telmo e por Madalena. Intensifica-se ao longo da acção.

->Pathos (sofrimento crescente) : A aflição do herói é notória aqui, quer nos temores de
D. Madalena, quer no fatalismo sofredor de Maria. (“…este medo, estes contínuos terrores [… ]”;
[…] Que felicidade … que desgraça a minha” ; “dei decerto que vou ser infeliz […]”).

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