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Vitória Fernandes Serafim - T28A

Farmacologia
Profº Heder Estrela
Introdução à Farmacologia - 09/02/22
❖ Farmacologia → estuda como substâncias químicas interagem com os sistemas fisiológicos.
❖ Vertentes:
➢ Farmacotécnica: preparo e conservação de medicamentos. Desenvolvimento de
produtos viáveis de serem administrados.
➢ Farmacognosia: obtenção, identificação e isolamento de princípios ativos, a partir
de produtos naturais de origem animal, vegetal ou mineral, para uso terapêutico.
➢ Toxicologia: estuda efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias
químicas com o organismo.

Fármaco ou princípio ativo ⇒ Substância de estrutura química definida, capaz de modificar ou


explorar o sistema fisiológico, para o uso terapêutico.
Tóxico ⇒ substância química capaz de causar dano a um sistema biológico, alterando uma função
ou levando-o à morte.
Medicamento ⇒ fármaco que possui excipientes e princípio ativo.
Ex.: Valium (medicamento) → diazepam (princípio ativo) + substâncias para manter esse fármaco
estável.

Tipos de medicamento
➔ Quanto à origem:
◆ Natural: extraídos de órgãos ou glândulas, áreas de minério e princípios ativos de
diversas plantas.
◆ Sintética: substâncias preparadas em laboratórios por processos químicos. Tem
composição e ação idênticas aos produtos naturais.
◆ Oficinal: é clássico, corresponde à formulação descrita na farmacopéia.
Ex.: ácido acetilsalicílico 500 mg; tintura de iodo.
◆ Magistral: é personalizado, preparado mediante manipulação em farmácia, a partir
de fórmula constante de prescrição médica. Específico para determinado paciente.
Ex.: digluconato de clorexidina 0,12%, água mentolada 500 ml.
◆ Especialidade farmacêutica: medicamentos produzidos em escala industrial.
Ex.: medicamentos que se compram em caixinhas convencionais nas drogarias.

Alopatia → medicamento alopático


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❖ Produzem reação contrária aos sintomas que ele apresenta, a fim de diminuí-los ou
neutralizá-los.
❖ Seus problemas são os efeitos toxicológicos adversos.
Ex.: Fitoterápicos são alopáticos para ansiedade.
Se um paciente tem febre, o médico receita um antitérmico, este, portanto, é alopático.
Homeopatia → medicamento homeopático.
❖ Medicamento, com mecanismos não conhecidos, usados para fortalecer o organismo e
estimulá-lo a reagir, fortalecendo seus mecanismos de defesa naturais.
❖ Não possui princípio ativo, apenas uma “energia”.
Ex.: Floral ⇒ plantas colocadas sobre um frasco com água são atravessadas por raios UV,
estes que ao penetrarem a água, deixa-a com propriedades adequadas para ser chamada de
medicamento homeopático.

Fases envolvidas na resposta terapêutica


➔ Primeira fase - Farmacêutica: desintegração e dissolução.
➔ Segunda fase - Farmacocinética: absorção, distribuição, metabolização, excreção.
➔ Terceira fase - Farmacodinâmica: ligação droga-receptor.
➔ Quarta fase - Farmacoterapêutica: efeito do medicamento.

Primeira fase - Farmacêutica


● Forma de apresentação do medicamento.
● Podem ser:
○ Sólidos:
■ Comprimidos: podem ter sulcos que permitem a divisão das doses (preferir
não dividir).
■ Cápsulas: constituída por um invólucro de gelatina e por um medicamento
em forma sólida ou líquida (dissolução → absorção). É vantajoso por
permitir que medicamentos com odor ou sabor desagradáveis sejam
ingeridos via oral.
■ Drágea: contém um núcleo com o medicamento e um revestimento de
goma laca, açúcar e corante (desintegração → dissolução → absorção).
■ Efervescente: ajuda a mascarar o sabor desagradável, dissolvendo-o em água
para a ingestão.
■ Mastigável: se desintegra na boca.
■ Pastilha: dor de garganta, etc.
○ Semi-sólidos:
■ Pomada: macia, oleosa, pouca ou nenhuma penetração na pele, atuação
superficial.
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■ Creme: 2 fases (óleo e água), bem dispersas. Boa penetração na pele.


■ Pasta: 20% de pó, atuação superficial.
■ Gel: predominantemente aquosa, pode ou não ter atuação de penetração na
pele dependendo do medicamento.
■ Unguento: vick.
○ Líquidos:
■ Xarope: solução com ⅔ de açúcar.
■ Suspensão: mistura não homogênea.
■ Solução: mistura homogênea.
■ Elixir: preparação com álcool.
■ Emulsão: hidrofílico + lipofílico + tensoativo
■ Loção

Vias de administração de medicamentos


➔ Via oral:
◆ Vantagens: Maior segurança, comodidade, economia, etc.
◆ Desvantagens: alguns medicamentos são destruídos pelo estômago, impossibilidade
de engolir.
◆ Está sujeita a perdas no fígado, o que não ocorre na via sublingual (neste há rápida
absorção, mais aplicados para pacientes com angina ou enxaqueca, tem ação em até
5 minutos).
➔ Via retal:
◆ Supositórios introduzidos pelo canal anal, com efeitos locais ou sistêmicos.
◆ Não se comunica com o sistema porta (não sofre efeitos de primeira passagem),
porém depende dos vasos do plexo retal alcançados pela profundidade em que o
supositório é injetado.
◆ Supositório de glicerina lubrifica a região, amolece fezes e estimula peristaltismo.
◆ Em pacientes constipados, tem efeito local.
➔ Via ocular/oftálmica:
◆ Colírio.
◆ Pomada: ação mais longa que a do colírio.
➔ Via nasal:
◆ Mucosa nasal (spray, por exemplo).
◆ Pacientes com sinusite, rinite, alergia.
◆ Ação quase sempre local.
◆ ADH por via nasal → tratamento de diabetes insipidus → aumento da
vasoconstrição.
➔ Via inalatória:
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◆ Inalador orofaríngeo manual (bombinha para asmáticos) → pulmões → efeito


local ou sistêmico.
◆ Há um pouco de perda hepática.
◆ Indivíduo com asma → broncodilatador com corticoides → alguns sinais
sistêmicos → absorvidos no sangue → vasodilatação → taquicardia e tremores.
◆ Outro exemplo: anestesia geral.
➔ Via tópica ou cutânea:
◆ Através da pele.
◆ Hidrofílica geralmente não penetra, somente as lipofílicas.
➔ Via tecal:
◆ Dentro das meninges.
◆ Ação local e rápida.
◆ Exemplos: Raquianestesia (espaço subaracnóideo); quimioterapia (substâncias não
passam pela BBB); corticoide para controle da dor na região lombar
(dexametasona).
➔ Via parenteral:
◆ Injeção.
◆ Via rápida.
◆ Para pacientes desacordados.
◆ Dose menor, geralmente não há perdas para o trato gastrointestinal.
◆ Endovenosa não há absorção porque já é direto na corrente sanguínea, aumenta o
risco de embolia, incompatível com substâncias lipossolúveis.

Segunda fase - Farmacocinética


Aula 2 - 16/02/2022
● Engloba os processos de absorção, distribuição, metabolização e excreção.
● Refere-se ao movimento ou processamento do fármaco no organismo → quando o
fármaco entra na circulação, pode ir para o local de ação terapêutica ou local de ação
inesperada.

1 - ABSORÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------
➔ Passagem do fármaco de seu local de administração para o plasma.
➔ Série de processos, pelos quais uma substância externa a um ser vivo, nele penetre
sem lesão traumática, chegando até o sangue.
◆ Ex.: uma administração de medicamento intramuscular precisa de um tempo para
absorver na corrente sanguínea.
◆ OBS.: administração endovenosa não sofre absorção, porque já é direto no sangue.
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➔ Absorver significa atravessar a mucosa de um órgão, o interstício e as paredes dos vasos


sanguíneos (epitélio) até chegar ao plasma sanguíneo.
◆ Sublingual → mucosa sublingual.
◆ Inalada → mucosa vias aéreas.
◆ Tópico → camadas do epitélio da pele.
➔ Quanto mais lipossolúvel o medicamento, mais fácil e rápido ele atravessa a membrana
plasmática. Se for hidrossolúvel, precisa de carreador para ser absorvido, por isso alguns
não podem ser administrados via oral.
➔ Processos passivos:
◆ A favor do gradiente de concentração.
◆ Difusão passiva por diferença de concentração.
◆ Transporte pela bicamada (lipofílico) e canais.
● Difusão simples → através da bicamada.
● Difusão facilitada → através de proteínas carreadoras.
➔ Processos ativos:
◆ Com gasto de ATP.
◆ Contra o gradiente de concentração.
◆ Glicoproteína P ⇒ bomba de efluxo, transporta substâncias para fora da célula com
gasto de ATP. Dessa forma, diminui a absorção de alguns fármacos, apenas para
aqueles que têm afinidade com essa glicoproteína-P.
● Pode agir no fígado, rins, intestino e barreira hematoencefálica.
● Pode agir diminuindo a absorção de fármacos → atorvastatina.

Fatores que interferem na absorção


- Biodisponibilidade: quantidade de fármaco que chega intacta à circulação sistêmica. A
glicoproteína-P diminui a biodisponibilidade.
→ Morfina: 10%; diclofenaco 98%.
A. Ligados ao fármaco.
➢ Solubilidade do fármaco → quanto menor a solubilidade, maior a absorção do
fármaco, porque ele consegue passar diretamente pela membrana plasmática e não
precisa passar por canais ou carreadores.
➢ Peso molecular → quanto maior o peso molecular, menor a absorção, porque as
partículas grandes não conseguem atravessar as barreiras necessárias para a absorção.
➢ Carga elétrica (polaridade e ionização) → cargas precisam de canais, não
atravessam a bicamada fosfolipídica da membrana. Quanto mais ionizado o
fármaco, maior a polaridade, mais hidrossolúvel o composto e menor a absorção.
➢ Coeficiente de partição óleo/água → quanto maior o coeficiente, maior a
lipossolubilidade, maior e mais veloz a absorção.
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➢ Concentração da droga no local de absorção → quanto maior, maior a


velocidade de absorção.
➢ pKa → constante de ionização para ácidos (pH) – valor de pH que é capaz de
ionizar 50% das moléculas.
○ AAS não ionizado (50%) ⇋ ionizado (50%)
○ Se o indivíduo toma um medicamento ácido, desloca o equilíbrio para a
esquerda e vice-versa.
○ Se eu deixo o ambiente mais ácido eu facilito a absorção de fármacos ácidos
e vice-versa.
○ O intestino, mesmo que tenha maior pH, tem muita área para absorção.
Assim, mesmo um medicamento ácido seria absorvido na região, por conta
das microvilosidades. O intestino, portanto, é local de absorção de
praticamente todos os medicamentos.
○ Equação de Henderson-Hasselbach, para ácidos: ph - pk = log (I/NI).
■ Serve para calcular a proporção de ionizados em relação a não
ionizados.
■ I – forma ionizada.
■ NI – forma não ionizada.
B. Ligados ao paciente e à superfície absortiva.
➢ Via de administração.
➢ Área de superfície absortiva.
➢ A circulação no local de administração (plexos sublingual e retal).
➢ Integridade das barreiras.
➢ Esvaziamento gástrico.
➢ Presença de alimento.
➢ Microbiota.
- Plasil – metoclopramida → aumento da velocidade do esvaziamento gástrico: diminui
náuseas.
- Esvaziamento gástrico contribui para maior velocidade de absorção de fármacos alcalinos
no intestino.
* Saquinavir ⇒ antirretroviral contra HIV.

Metabolismo de primeira passagem ou pré-sistêmico


➔ Metabolismo de uma droga durante sua passagem do local de absorção para o interior da
circulação sistêmica ⇒ HEPÁTICO.
➔ Um indivíduo cirrótico pode ter aumento da biodisponibilidade de determinado
fármaco, porque ele ajudaria a devolver alguma parte para fora da circulação, mas como
parte do fígado está com perda de função pela fibrose, isso ocorre.
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➔ Substâncias do tabaco podem influenciar a metabolização de fármacos através da ativação


de algumas enzimas.
◆ OBS.: a única via que tem biodisponibilidade de 100% é a intravascular, as outras
sempre têm alguma perda, ainda que mínima.

2 - DISTRIBUIÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------
➔ Passagem da droga do sangue para os tecidos, que pode ser reversível.
➔ Tecidos com alto fluxo sanguíneo terão distribuição rápida e em maior quantidade e
vice-versa.
Acúmulo ou armazenamento de drogas nos tecidos:
➢ Drogas muito lipossolúveis (anestésicos e inseticidas) → droga no sangue → tecido
adiposo.
➢ Algumas substâncias, como a droga ilícita LSD, deprimem o SNC e podem ficar retidos no
tecido adiposo e, depois de algum tempo, retornam à corrente sanguínea um tempo depois,
por meio da redistribuição, que pode intoxicar o paciente.
➢ Pessoas que perdem peso rapidamente podem ter uma intoxicação por perda de muitos
adipócitos, já que substâncias como metais pesados e inseticidas ficam armazenadas nesses
adipócitos.
Fatores que interferem na distribuição:
A. Ligados ao fármaco:
➢ Solubilidade do fármaco.
➢ Peso molecular.
➢ Carga elétrica.
➢ Coeficiente de partição óleo/água.
➢ pKa.
➢ Ligação a proteínas plasmáticas.
○ MUITO IMPORTANTE → varfarina se liga à albumina, a proteína mais
presente no plasma sanguíneo.
○ Quanto mais ligado a proteínas, menor a distribuição dos fármacos para os
tecidos e maior o tempo que ele permanece na corrente sanguínea.
○ O plasma é hidrossolúvel, logo, o fármaco lipossolúvel não se mantém por
muito tempo na corrente sanguínea e logo atravessa a plasmática, sendo
distribuído para outros tecidos.
○ Anticoagulantes são compostos interessantes de se manter dentro da
corrente sanguínea, por exemplo, por isso eles precisam ser hidrossolúveis e
se acoplar à proteínas plasmáticas.
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○ Fármaco livre acontece tudo rápido: ação, metabolização e excreção, o que


não ocorre com fármacos ligados à albumina → quanto maior a taxa de
ligação, menor a taxa de distribuição.
○ Fatores que alteram a ligação da droga com as proteínas plasmáticas:
■ Concentração de proteínas plasmáticas → quanto maior a
concentração de proteínas no plasma, menor a distribuição.
■ Afinidade da droga pelas proteínas plasmáticas → quanto maior a
afinidade a proteínas no plasma, menor a distribuição.
■ Coristina ⇒ AAS → liga-se às proteínas em até 98% e 2% fica livre.
AAS (antigripal) aumenta o desprendimento da varfarina (função
anticoagulante) da albumina e pode causar hemorragias.
■ Antinflamatórios não esteroidais: causam muito deslocamento de
equilíbrio entre o plasma e as proteínas plasmáticas, de forma a
liberá-los em grandes quantidades na circulação sistêmica e
trazendo efeitos adversos.

Drogas ácidas ⇒ albumina plasmática.


Drogas básicas ⇒ alfa 1-glicoproteína ácida.
Hormônios sexuais ⇒ globulina de ligação de hormônios sexuais.
● Barreiras:
○ Placentária → tecidos localizados entre a circulação materna e fetal. Nem tudo o
que está no sangue da mãe passa para o feto por conta dessa barreira. Compostos
lipofílicos são melhor absorvidos.
○ Barreira hematoencefálica → parede revestida por células endoteliais, que estão
fortemente unidas por junções estreitas. Por ela, passam substâncias lipossolúveis,
aminoácidos e L-dopa (Parkinson).
■ Capilar recoberto por células da glia.
■ Presença de transportadores.
○ Medicamentos teratogênicos: alteram o primeiro trimestre de gestação e dão má
formação fetal grave, podendo causar morte. Ex.: roacutan.
(Losartana causa alterações no último trimestre de gestação)
○ Amamentação:
■ A mãe não pode usar medicamento.
■ Quase tudo da corrente sanguínea vai para as glândulas mamárias e o bebê
ingere parte do fármaco.
■ É mais perigoso tomar algum medicamento amamentando do que na
gestação propriamente dita.
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○ Barreira hematotesticular → maior parte de quimioterápicos neoplásicos passa


por essa barreira.

Modelos farmacocinéticos
1. Monocompartimental ⇒ o corpo é imaginado como um só compartimento, onde o
fármaco penetra e é eliminado.

● A distribuição do fármaco é quase instantânea (15 a 20 min após a administração).


2. Bicompartimental ⇒ O corpo é formado por dois compartimentos: central (sangue) e
periférico (tecidos).
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● Distribuição não é instantânea (1 a 2h após a administração).


● A concentração do fármaco no plasma aumenta primeiro e depois vai para o tecido,
até que alcance o equilíbrio.
● Quanto maior o K12, mais fármaco vai para o sangue, o que desloca o equilíbrio
para a direita.
● Quanto maior o K21, mais fármaco vai para os tecidos, o que desloca o equilíbrio
para a esquerda.

Volume de distribuição aparente (VDA)


● É o volume líquido necessário para conter a quantidade total de medicamento no corpo, na
mesma concentração presente no plasma, é expresso pela fórmula: C = m/v

● É um valor fixo que indica como a distribuição está ocorrendo, pode ser encontrado na bula
técnica do medicamento.
● Na distribuição, é importante levar em conta a água corporal, que representa cerca de 50 a
70% do peso do organismo distribuída em 4 compartimentos. O volume plasmático é de
aproximadamente 4L.
● Quanto menor a concentração plasmática encontrada, maior a distribuição tecidual.
● Alto VDA indica que o fármaco vai ser concentrado nos tecidos em maior proporção
que no sangue e vice-versa.
● Substâncias químicas que praticamente não deixam o espaço vascular, como o
corante azul de Evans que tem VDA para humanos de 3 a 5L, isto é, somente o volume
plasmático, assim possuem baixo VDA.
● VDA de 40 a 70 L ⇒ álcool e ureia têm distribuição homogênea em volume maior nos
tecidos.
● VDA > 70L ⇒ acúmulo em território extravascular, por exemplo o LSD.
● VDA em outra unidade de medida (L/kg): sempre multiplica o volume por 70, que é a
massa padrão de comparação (homem de 70 kg).
○ 10L/kg → 10L x 70 = 700L.

3 - METABOLIZAÇÃO OU BIOTRANSFORMAÇÃO ------------------------------------


● Conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior do organismo.
● Enzimas nos rins, pulmões, plasma, intestino e fígado (enzima citocromo P450-CYP).
● Os processos de biotransformação acarretam:
○ Término da ação do fármaco.
○ Facilitam a excreção do fármaco.
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○ Ativação (fármacos originalmente inativos - pró-fármacos - formando metabólitos


ativos ou tóxicos).
● Processo para transformação de moléculas lipossolúveis (não polares) em insolúveis em
lipídios (polares), de modo que não sejam reabsorvidos e acabem a serem excretados.
APOLAR → POLAR / LIPOSSOLÚVEL → HIDROSSOLÚVEL
● Um metabólito inativo é mais polar e é hidrossolúvel e indica quando o fármaco perde seu
efeito.
○ Exemplos:
■ Midazolam (4h) → metabólito inativo.
■ Diazepam (18h) → metabólito + → metabólito + → metabólito inativo.
■ Enalapril → enalaprilato.
- Pró-fármaco ou pró-droga (começa inativo depois fica ativo).
- Enalaprilato é a forma ativa que age como inibidor da ECA e ajuda
no controle da PA. Não é absorvido no tubo digestivo, por isso
precisa entrar no organismo como Enalapril.
- Seu metabolismo começa no fígado.
● Fases da biotransformação:
○ 1ª Fase: hidroxilação → enzimas do citocromo P450.
○ 2ª Fase: conjugação.
● Citocromo P450
○ Enzima oxigenase de função mista ou monoxigenase.
○ Liga-se ao monóxido de carbono (CO), fornecendo um produto com espectro de
absorção com um máximo de intensidade em 450 nm.
○ Enzimas desses citocromos → na membrana do retículo endoplasmático liso de
hepatócitos e enterócitos.
○ Atuam em substratos endógenos causando oxidação, peroxidação ou mesmo
redução acarretando mudanças em pequenas moléculas químicas com
diferentes estruturas.
○ Substratos: ácidos graxos saturados, eicosanóides, etc.
○ CYP – várias isoformas.
■ Isoforma: formas múltiplas de uma mesma enzima que catalisa o mesmo
tipo de reação, apresentando afinidade por substratos diferentes em regiões
do corpo diferentes. Exemplos: CYP1A2, CYP3A, CYP2C9, CYP2C19,
CYP2D6.
■ Nomenclatura: CYP2D6
- CYP: citocromo P450.
- 2: família genética.
- D: subfamília genética.
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- 6: gene específico.
■ Amitriptilina (antidepressivo) –CYP2D6→ metabólito inativo.
■ Quanto menos enzimas presentes, mais lento se torna o metabolismo,
aumentando o tempo de ação do fármaco. No caso contrário, há risco do
fármaco perder o efeito.
○ Fluoxetina → inibidor da CYP2D6.
■ Diminui o metabolismo e aumenta o tempo de meia vida do fármaco.
■ Causa intoxicação por não haver inativação do fármaco.
○ Carbamazepina → estimula a CYP2D6.
■ Aumenta o metabolismo e diminui o tempo de meia vida do fármaco.
■ Diminui o efeito do fármaco porque ele é inativado com maior rapidez.
OBS1: o uso de álcool e tabaco pode estimular as enzimas CYP, diminuindo a
atuação do fármaco.
OBS2: a alimentação influencia na expressão enzimática como CYP, etc.
○ Paracetamol: acetaminofeno.
■ Glutationa-transferase liga glutationa no metabólito NAPQI, proveniente
do metabolismo do acetaminofeno, para transformá-lo em um produto
menos tóxico. Em superdose, o NAPQI é muito produzido e não há
glutationa suficiente para conjugar-se nele, tornando o processo tóxico e
promovendo, eventualmente, a morte de hepatócitos. N-acetilcisteína
(NAC) é o antídoto que é administrado para aumentar a quantidade de
glutationa disponível para conjugação.
OBS.: glucuronil-transferase é pouco presente em crianças recém-nascidas, por isso não se pode
usar alguns fármacos que precisem dessa enzima para realizar o metabolismo.

Tolerância
● Redução das respostas farmacológicas por uso contínuo, por um longo período, assim a
dose deve ser reajustada.
Aspirina (AAS) –Fase 1→ ácido salicílico –Fase 2→ glicuronídeo
● Reações:
○ Fase 1: oxidação, redução, hidrólise.
■ Convertem o medicamento original em mais polar.
○ Fase 2: sulfatação (sulfatotransferase transferem sulfato para molécula do fármaco),
glicuronidação, metilação e acetilação.
■ Aumentam muito a hidrossolubilidade do metabólito.

4 - EXCREÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------
● Retirada do fármaco inalterado e/ou seus metabólitos do organismo.
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● Vias: urina (90% da excreção), fezes (5% da excreção), ar, lágrimas, suor, saliva, líquido
seminal, leite materno.
● Fatores que interferem na excreção:
○ Ligados ao paciente:
■ Quanto maior o fluxo sanguíneo renal, maior a excreção do fármaco.
■ Quanto maior o número de patologias ou mais avançada uma patologia
renal, por exemplo, diminui a excreção.
■ Quanto mais velho o paciente, menor a funcionalidade dos néfrons e
menor a excreção dos fármacos.
■ pH dos túbulos renais.
○ Ligados ao fármaco:
■ Solubilidade do fármaco → quanto mais lipossolúvel o fármaco, maior a
reabsorção do fármaco e menor a excreção (solubilidade do fármaco).
■ Ligação nas proteínas plasmáticas → quanto mais o fármaco se ligar às
proteínas plasmáticas, como a albumina, maior a reabsorção e menor a
excreção.
■ pKa (caráter ácido-base)
Sobre o pH envolvendo tanto o paciente quanto o fármaco:
- Anfetamina: fármaco lipossolúvel com caráter básico. Digamos que o pH desse fármaco é
de 6,5 (mais baixo que as bases usuais) e o pH dos túbulos renais é de 6,5. Tendo em vista o
pKa sendo o equilíbrio entre forma não ionizada (50%) ⇋ ionizada (50%), e a forma
ionizada se difunde para o epitélio, sofrendo absorção, tem-se seguintes simulações:
⇒ Simulação 1: pH do fármaco de 9,0 e pH ácido (inferior a 7) nos túbulos renais →
equilíbrio desloca para a direita (no sentido da forma ionizada), pois a base recebe prótons
(H+) aumentando a ionização da anfetamina e diminui a reabsorção, aumentando a
excreção.
⇒ Simulação 2: pH do fármaco é ácido e pH dos túbulos renais é 6,5 → desloca para a
esquerda para ionizar menos, reabsorvendo mais.
- Conclusão:
1. Alcalinização da urina → aumenta a excreção ácida.
Ex.: Pessoa intoxicada com gardenal, cujo princípio ativo é o fenobarbital que
possui um pH ácido, é medicada com uma base usada para alcalinizar a urina e
excretá-lo mais na urina.
2. Acidificação da urina → aumenta a excreção básica.

Macete que pensei:


- Fármaco ácido com meio básico ou fármaco básico com meio ácido: desloca o equilíbrio
para a direita (no sentido da ionização) → aumenta a excreção (diminui a reabsorção).
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- Fármaco ácido com meio ácido ou fármaco básico com meio básico: desloca o equilíbrio
para a esquerda. (no sentido da não ionização) → diminui a excreção (aumenta a
reabsorção).

○ Via renal:

■ Glomérulo – passa pela cápsula de Bowman todas as moléculas menores →


túbulo proximal → alça de henle → túbulo distal → túbulo coletor →
ureter → bexiga → uretra.
■ Há cerca de 1000 néfrons por rim – cada néfron produz 180L/dia de
filtrado → a maioria é reabsorvido.
■ 90% da penicilina plasmática é perdida, sendo que apenas 10% dela é
filtrada, pois a maioria é secretada pelos capilares peritubulares para os
túbulos do néfron.
■ Fármacos lipossolúveis geralmente são reabsorvidos nos túbulos e
dificilmente serão excretados pela urina, pois saem pelas células que
revestem os túbulos e vão para o sangue, se distribuindo para os tecidos e
ficando acumulados lá.
■ Processos de formação de urina: filtração glomerular, secreção tubular ativa,
reabsorção tubular, difusão passiva através do epitélio tubular.
● Filtração glomerular:
○ Representa 20% da eliminação de fármacos.
○ Filtram moléculas de peso inferior a 20000 Da.
○ Moléculas ligadas a proteínas plasmáticas não são filtradas.
■ Caso o paciente apresente perda maciça de
albumina, que é a chamada síndrome nefrótica, o
medicamento também será filtrado.
○ O fluxo sanguíneo influencia a filtração → menor fluxo,
menor filtração glomerular, menor excreção do fármaco.
● Secreção tubular:
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○ Mecanismo de transporte ativo.


○ Presença de transportador de membrana.
○ Sistema saturável, portanto, podem ser inibidos.
Ex.: penicilina + probenicida → secretada para túbulo,
compete com penicilina pelo transportador. Quanto menor
a excreção de penicilina, maior o tempo de ação.
○ Transportador que secreta ácido úrico → fármacos também
entram por ele e diminuem a excreção de ácido úrico →
gota.
○ Verapamil + digoxina (tóxica) → verapamil compete nas
proteínas de secreção ativa (com gasto de ATP) → diminui
sua excreção e aumenta seu tempo de ação → intoxicação
do paciente.
P.S.: a maior parte dos transportadores estão localizados no
túbulo proximal.
■ Depuração renal ou clearance renal (Clr)
● Volume de plasma, que contém a quantidade da substância,
removido pelo rim por unidade de tempo.
Ex.: a depuração de cefalexina é de 4,3 ml/min/kg. Isso significa que
em um homem de 70 kg temos 301 ml/min (fazendo o cálculo: 4,3
x 70) ⇒ 301 ml de plasma com droga sendo eliminado por minuto.
● Quanto maior a depuração, maior a velocidade de eliminação do
fármaco.

○ Via biliar (fezes):


■ Fígado → ducto biliar → duodeno → jejuno → íleo → cólon → reto.
■ Ciclo enterohepático: estradiol (estrógeno) → passa pelo fígado →
metabolizado → estrógeno conjugado → ducto biliar → intestino:
● Parte vai para as fezes.
● Parte sofre ação de enzimas da microbiota → glicuronidase
quebram conjugado (perda de glicuronídeo) → estrógeno ativo
novamente → reabsorvido e volta o fígado.
○ Parte sofre metabolismo de primeira passagem.
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○ Parte vai para o corpo.


OBS: quem não sofre o ciclo enterohepático excreta mais rapidamente.

■ Antibióticos (azitromicina, por exemplo) alteram microbiota e quando o


indivíduo toma anticoncepcional, por exemplo, diminui a reabsorção e é
excretado mais rapidamente, diminuindo seu tempo de efeito original, que
seria de aproximadamente 24h.
■ Fatores que determinam esta forma de excreção: tamanho e polaridade
da molécula do medicamento a ser eliminado. Medicamentos com peso
molecular elevado tem grande probabilidade de serem excretados pela bile.
● Comparação:
○ Heparina BPM (baixo peso molecular) → excreção pela
urina.
○ Heparina NF (não fracionada) → parte é excretada pela
urina e outra parte pelas fezes.
■ Usada para pacientes com clearance renal baixo, ou
seja, baixas taxas de creatinina.
○ Depuração ou clearance total (CLT): soma de todos os clearances.
CLT = CL renal + CL hepático + CL outras vias
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Resumo:

Gráfico farmacocinética

● CEM – Concentração efetiva mínima → mínima concentração plasmática do fármaco


para que ele faça efeito.
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○ Superior a isso, começa a surgir sintomas no paciente: náuseas, taquicardia, vômito,


nervosismo.
● CMT – Concentração máxima tolerada: máxima concentração plasmática do fármaco
para ele não se tornar tóxico.
● Período de latência ou defasagem: tempo que leva para começar a fazer efeito.
● Janela terapêutica: intervalo que faz efeito sem causar intoxicação.
○ Teofilina e digoxina são fármacos que possuem janelas terapêuticas estreitas
Ex.: Tratamento de HAS precisa manter a concentração plasmática do fármaco dentro da janela
terapêutica, se não a pressão fica descompensada, ou seja, sobe novamente.
OBS: medicamentos tarja preta (diazepam, por exemplo) causam dependência para o paciente.
● Índice Terapêutico (IT): valor obtido por estudos toxicológicos, que determina a margem
de segurança de um fármaco.

○ DL50 → dose letal em 50% da população.


○ DE50 → dose efetiva em 50% da população.
○ Quanto maior o índice terapêutico mais segura é a droga, porque a dose letal é
distante da efetiva.
■ Entre 5 e 10 é moderado.
■ Maior que 10 é bom.
○ Quimioterápicos citotóxicos para câncer possuem menor índice terapêutico, ou
seja, precisa ter sua dose muito bem calculada → menor que 5 é ruim.
● Parâmetros farmacocinéticos: importantes para indicar a posologia (dosagem de quanto
em quanto tempo) da droga.
○ Valores que refletem um determinado processo, ou um conjunto de processos
cinéticos, sofrido pela droga no organismo.
○ Meia vida de eliminação: tempo necessário para reduzir a quantidade de droga no
plasma à metade ⇒ 4 a 5 tempos de meia vida é praticamente desprezível no
plasma.
■ Consumo de álcool diminui o tempo de meia vida de fármacos.
○ Cmáx: concentração plasmática máxima.
○ Tmáx: tempo para atingir a concentração máxima.
○ AUC: área sob a curva.
○ Taxa de absorção: velocidade de absorção.
○ Extensão de absorção: o quanto da droga foi absorvida ⇒ fármaco ingerido com
alimento diminui a absorção.
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○ Biodisponibilidade: fração da droga absorvida que chega intacta à circulação


sistêmica.
■ Administração
● Absorção → biodisponibilidade (chega no sangue).
● Perdas (metabolismo de primeira passagem).
■ Ligação com proteína plasmática não interfere na biodisponibilidade, mas
diminui a excreção.
○ Bioequivalência:
■ É o estudo comparativo entre as biodisponibilidades de 2 medicamentos
que possuem a mesma indicação terapêutica e são administrados pela
mesma via extravascular, na mesma dose.
■ Consiste na demonstração de equivalência farmacêutica entre produtos
apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idêntica
composição qualitativa de princípios ativos e que tenham comparável
biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo desenho
experimental.

- Medicamentos equivalentes não são registrados como genéricos.


- Prescrição de medicamento referência → o farmacêutico pode trocar por genérico ou
similar. Já se for genérico ou equivalente pode trocar com equivalente, não se pode trocar
genérico por equivalente nem vice-versa ⇒ Deve-se sempre usar o medicamento referência
para comparação.
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● Estado de equilíbrio dinâmico: quantidade de medicamento que entra é próxima da que


sai, a partir de várias administrações → muito usado para tratamento contínuo de doenças
crônicas.
○ Leva cerca de 4 a 5 tempos de meia vida para entrar nesse estado ⇒ comuns para
drogas com VDA elevado, pois está muito distribuída.
● Dose de ataque: dose inicial mais alta para atingir o estado de equilíbrio dinâmico mais
rapidamente. Não deve chegar na margem de dosagem tóxica (CMT).
○ Cardiopatas → AAS 100 mg ⇒ varia de 75 - 150 mg.
■ Pessoas com angina instável entram com dose de ataque de 200-300 mg e
depois fazem manutenção para ajuste ao estado de equilíbrio dinâmico.

Terceira fase - Farmacodinâmica


● Estuda o mecanismo de ação pelo qual um fármaco atua sobre as funções bioquímicas ou
fisiológicas de um organismo vivo ⇒ interação fármaco-receptor.
● Realiza a relação dose-resposta dos efeitos biológicos e terapêuticos dos fármacos.
● Entendimento sobre os efeitos farmacológicos e adversos causados pelos medicamentos.
● Fármaco não cria uma nova função no organismo, apenas modifica uma função
pré-existente.
○ Paracetamol → inibe COX → efeito antipirético e analgésico.
○ AAS → inibe COX → inibe a agregação plaquetária como efeito colateral, além de
gastralgia.
■ Reação adversa em crianças gripadas: síndrome de Reye.
Efeito colateral x reação adversa:
- Efeito colateral: comum, esperado, desejado ou não, tem explicação.
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- Reação adversa: sempre ruim e é mais rara.

● Classificação de medicamentos:
○ Ação inespecífica:
■ Não interagem diretamente com receptores farmacológicos.
■ Produzem alterações nas propriedades físico-químicas, mudanças em
mecanismos e funções celulares.
■ N-acetilcisteína: agente fluidificante. Quebra as pontes de dissulfeto de
mucoproteínas, aumentando a fluidez do muco do trato respiratório.
■ Dimeticona e simeticona: agente antifisético ou carminativo → diminui a
tensão superficial das bolhas de gás, facilitando sua eliminação.
■ Antiácidos → Al(OH)3, Mg (OH)2.
○ Ação específica:
■ Ligam-se a receptores ou aceptores formando um complexo
fármaco-receptor e, desta forma, alteram processos bioquímicos e
fisiológicos das células.
■ O fármaco deve interagir quimicamente com um ou mais constituintes
celulares para produzir uma resposta farmacológica.
■ Receptor: qualquer macromolécula do organismo, que interage com
compostos endógenos, e ao formar o complexo ligante-receptor, inicia
alterações bioquímicas e fisiológicas dentro de uma célula ou tecido (efeito).
■ Alvos de ação de fármacos:
● Enzimas
● Proteínas transportadoras
● Canais iônicos
● Proteínas de membrana
● Proteínas citoplasmáticas
● Ácidos nucleicos – quimioterápicos, por exemplo

● Classificação dos receptores farmacológicos


1. Rápidos: ação em milissegundos.
- Ionotrópicos (canais iônicos) → entra cátion (repolarização), entra ânion
(hiperpolarização).
- Nicotínicos.
- GABA-A.
- Glutamatérgicos.

2. Intermediários: ação em segundos e minutos.


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- Receptores de catecolaminas
- GABA-B (ligados à proteína Gi).
- Muscarínicos.
- Metabotrópicos (ligados à proteína G com 3 subunidades, uma delas ligada ao
GTP, de onde advém a nominação G dessas proteínas).

3. Lentos: ação em horas e prolongado a dias.


- Receptores citoplasmáticos e nucleares de glicocorticoides, hormônios sexuais.
- No miócito: alfa-GTP se liga a adenilil ciclase → aumento de cAMP (segundo
mensageiro) → ativa proteína quinase A (PKA) → fosforila canais de cálcio →
contração muscular.
OBS:
- alfa-GTP se desloca e vai ativar alguma enzima → efeitos. Adrenalina se liga
a receptor beta-adrenérgico.
- Alfa-1 adrenérgico → receptor do músculo liso vascular → ligado à
proteína Gq → fosfolipase C na membrana. Noradrenalina liga-se a alfa-1
→ ativa proteína Gq → ativa fosfolipase C a partir da subunidade
GTP-alfaQ → quebra fosfolipídeos de membrana → libera IP3 (trifosfato
de inositol) e diacilglicerol (DAG) → IP3 estimula a abertura do canal e
intensifica a sinalização para ativar a proteína quinase.

● Tipos de proteína G:
○ G estimuladora (Gs) → ativa canais de Ca2 +, ativa adenilil ciclase.
○ G inibitória (Gi) → ativa canais de K +, inibe a adenilil ciclase.
○ G0 → inibe canais de Ca2 +.
○ Gq → ativa a fosfolipase C.
○ G12/13 → diversas interações com transportadores de íons.
OBS: O cálcio causa contração do músculo liso → vasoconstrição.
● Enzimas fosfodiesterases degradam AMP cíclico e GMP cíclico.
○ Viagra inibe fosfodiesterases → aumento do GMP cíclico → relaxa m. liso →
aumenta a ereção.
● Receptores ligados à proteína quinase → insulina.
○ Respondem a mediadores proteicos (hormônios, fatores de crescimento, citocinas e
insulina).
○ Receptores tirosinaquinase → queratinócitos e fibroblastos.
● Receptores citoplasmáticos e nucleares:
○ Receptores ligados à transcrição de genes (receptores nucleares).
○ Receptor de estrogênio.
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● Forças de interação fármaco-receptor:


○ Van der Waals < ligação de hidrogênio < iônica < covalente.
○ AAS → ligação irreversível com COX-1 (covalente).
○ Modelo chave-fechadura explica por que determinadas substâncias ativas são como
chaves que se acoplam em receptores que são fechaduras.
○ Características:
■ Afinidade química pelo receptor.
● Força de interação reversível entre um fármaco e seu receptor, que
pode ser medida por sua constante de dissociação.
● Capacidade da molécula se ligar ao receptor.
● Atividade intrínseca ou eficácia: capacidade do sistema
ligante-receptor de, uma vez ligado, desencadear uma determinada
resposta biológica, ativa sinalização intracelular.
○ Furosemida x Hidroclorotiazida.
■ Hidroclorotiazida demora mais para fazer efeito e
não causa tanto efeito quanto a furosemida.
● Propranolol: aumenta a afinidade por receptor beta-1 adrenérgico
→ não tem eficácia.
○ Curva dose-resposta: quantificação entre a concentração
de determinado fármaco e o efeito biológico por ele
causado.
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■ Especificidade de sítio de ligação → aumento da concentração e diminuição


da especificidade.
→ Trazodona → 25 mg atua inibindo em receptores de histamina H1 →
ajuda a dormir (200mg tratamento para depressão).
■ Teoria de ocupação: a intensidade do efeito farmacológico é diretamente
proporcional ao número de receptores ocupados.
● Para produzir resposta máxima, não precisa que 100% dos
receptores estejam ativados, pode atuar com receptores de reserva.
● Potência
○ Uma dose menor é capaz de proporcionar o efeito desejado.

○ Ex.: dobutamina (cardioestimulante) e dopamina chegam ao mesmo ponto de


resposta máxima, portanto são igualmente eficazes, mas a dobutamina é mais
portente porque com uma concentração menor ele já consegue ter efeito.
○ Determinada pela concentração efetiva de 50% (EC) ou seja concentração
que produz 50% da resposta máxima do fármaco.
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K ligado: taxa de associação → afinidade.


K livre: taxa de dissociação.
Quanto maior a afinidade com o receptor, maior a potência e mais baixa é a Kd.

● Eficácia:

K alfa: constante de velocidade de ativação do receptor.


K beta: constante de velocidade de desativação do receptor.
Relação de eficácia = K beta / K alfa.

○ Fármacos mais eficazes são aqueles que produzem ativação de maior número de
receptores.
○ Eficácia negativa: causa efeito contrário à função do receptor.

● Agonista:
○ Substância que, ao ligar-se ao receptor, produz ativação do mesmo levando ao efeito
farmacológico → resposta intrínseca.
○ Quanto maior a concentração, maior a eficácia.
○ Tipos:
■ Agonista pleno ou total: resposta tecidual máxima.
■ Agonista parcial: resposta tecidual submáxima, mesmo com todos os
receptores ligados.
● Agonista pleno x agonista parcial: diminui a resposta do agonista
pleno, mas ainda é maior que a resposta do agonista parcial.
○ Exemplo 1: pindolol, agonista parcial, compete com os
receptores beta-1 do coração para diminuir a ação da
noradrenalina, agonista pleno.
○ Exemplo 2: buprenorfina, agonista parcial, modula a ação
da morfina, agonista pleno.
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● Pindolol → receptores beta-1 → taxa de ativação diminui → não


consegue atingir a resposta máxima do tecido. Muito usado para
gestante porque é mais seguro.
● Antagonista:
○ Substância que, ao ligar-se ao receptor, não produz ação do mesmo.
○ Zero eficácia – não tem efeito nenhum.
○ Exemplo: propranolol impede a noradrenalina de continuar se ligando aos
receptores beta-1 → diminuição da frequência cardíaca.
○ Competitivos:
■ Droga se liga reversivelmente no mesmo sítio de ligação do agonista no
receptor, sem ativá-lo, e, dessa maneira, impede que o agonista se ligue a ele.
■ Mesmo o antagonista possuindo maior afinidade, se colocarmos muito
agonista pleno não vai ter como o antagonista se ligar direito. É possível que
o agonista pleno ainda consiga chegar na resposta máxima mesmo na
presença do antagonista. O antagonista, portanto, diminui a potência
do agonista.
○ Não competitivo irreversível / pseudoirreversível: agonistas ligam-se no mesmo sítio
ativo, porém o antagonista liga-se de forma irreversível. Diminui a quantidade de
receptores disponíveis para o agonista. ⇒ Reduz a eficácia do agonista.
■ Pseudoirreversível: dissociação lenta, mas sem ligação covalente, ele causa
um desvio na curva de dose-resposta para a direita, com depressão
progressiva da resposta máxima à medida que a concentração do
antagonista aumenta.
○ Regulação alostérica:
■ Agonista e antagonista ligam-se em locais diferentes e, portanto, não
competem pelo mesmo sítio de ligação. O antagonista se liga em um sítio
alostérico e impede a ligação do agonista pela mudança de conformação da
proteína. O efeito alostérico é saturável, pois a inibição atinge um valor
limitante quando o sítio alostérico está ocupado.
○ Potencialização:
■ Efeitos alostéricos de potencialização ocorrem quando um ligante alostérico
P liga-se a um sítio diferente do receptor de forma a potencializar a resposta.
As concentrações crescentes do ligante P desviam curvas progressivamente
para a esquerda. Esse efeito alostérico também é saturável.
● Álcool + benzodiazepínicos → interação medicamentosa grave.
● Agonistas inversos:
○ Existe atividade intrínseca do receptor, mesmo na ausência de um ligante endógeno
ou de um agonista exógeno administrado.
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○ Agonistas inversos atuam em abolir essa atividade intrínseca do receptor livre,


assim, possui eficácia negativa.
○ Exemplo: receptores benzodiazepínicos, canabinoides, 5HT, dopamina, histamina,
opioides, bradicinina, adenosina, etc.
○ Não tem medicamentos com essa ação ainda.
● Antagonistas sem receptores:
○ Antagonismo fisiológico → substâncias com efeitos opostos num mesmo tecido.
■ Adrenalina: receptores beta-2 ⇒ broncodilatação.
■ Acetilcolina: receptores muscarínicos ⇒ broncoconstrição.
○ Antagonismo químico → não reagem com os receptores do organismo, mas
promovem reação química entre si antagonizando o efeito de um deles.
■ Protamina e heparina: formam complexo inativo.

○ Dessensibilização, tolerância e taquifilaxia: redução do efeito de um fármaco,


quando o mesmo é administrado de maneira contínua ou repetida.
■ Administração crônica de nitrovasodilatadores para tratar angina resulta no
desenvolvimento rápido de tolerância completa, em processo conhecido
como taquifilaxia.
■ Pode ocorrer em até 48h.
NO2 → NO → SH → vasodilatação
■ Dessensibilização e taquifilaxia: são sinônimos quando a redução do
efeito se desenvolve de modo rápido, muitas vezes ocorre em poucos
minutos.
■ Tolerância: usado para descrever uma diminuição + gradual do efeito de
um fármaco, que pode levar horas, dias ou semanas para se desenvolver.
○ Fatores que podem afetar a farmacodinâmica
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■ Magnitude da resposta à mesma concentração de um único fármaco varia


individualmente e determinado indivíduo pode nem sempre responder da
mesma forma à mesma contração de um fármaco.
■ A reatividade ao fármaco pode mudar em consequência de doença,
envelhecimento (idade) ou administração pregressa do fármaco.
■ Fatores genéticos, comorbidades e outros fármacos administrados.
■ As concentrações dos receptores sofrem em processo dinâmico: podem ser
hiper-reguladas (up regulation) ou hiporreguladas (down regulation)

Sistema Nervoso Autônomo e Fármacos


● Age sobre músculo liso, músculo estriado cardíaco, glândulas suprarrenais, etc.
● SNA:
○ Simpático:
■ Pré-ganglionar: sinapse com acetilcolina (receptor nicotínico).
■ Pós-ganglionar: sinapse com noradrenalina (receptor adrenérgico).
○ Parassimpático:
■ Pré-ganglionar: sinapse com acetilcolina (receptor nicotínico).
■ Pós-ganglionar: sinapse com acetilcolina (receptor muscarínico).
Simpático

● Noradrenalina → (PNMT feniletanolamina n-metiltransferase) → adrenalina.


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● MAO e COMT → degradam catecolaminas.


● Serotonina é monoamina, mas não é catecolamina porque não tem grupo catecol → só
sofre ação da MAO.
○ MAO-A ⇒ serotonina, noradrenalina e dopamina.
○ MAO-B ⇒ dopamina.
*Não se usa catecolamina via oral porque não tem biodisponibilidade por ser degradada pela MAO
dos tecidos, por exemplo.
● Receptores adrenérgicos ou adrenorreceptores: metabotrópicos → acoplados à
proteína G.
○ Principais acoplamentos:
■ Alfa-1: Gq → fosfolipase C → IP3 e DAG → aumenta [Ca2+] ⇒
vasoconstrição, aumento de resistência periférica, aumento da PA, midríase,
aumento do fechamento do esfíncter interno da bexiga.
■ Alfa-2: Gi → diminui AMPc → diminui [Ca2+] → aumenta a
condutância de K+ → efeito inibitório ⇒ inibe a liberação de
noradrenalina, inibe a liberação de acetilcolina, inibe a liberação de insulina.
■ Acoplam-se à proteína Gs → ativa adenil-ciclase → aumenta AMPc →
ativa proteína quinase → fosforilação de estruturas intracelulares →
aumento da força e da frequência cardíaca.
● Beta-1: diminui [Ca2 +] no músculo liso e aumenta a [Ca2 +] no
músculo esquelético ⇒ taquicardia, aumento de lipólise, aumento
da contratilidade do miocárdio, aumento da liberação de renina.
● Beta-2: vasodilatação, diminui a resistência periférica,
broncodilatação, aumento da glicogenólise hepática e muscular,
aumento da liberação de glucagon, relaxamento da musculatura
uterina.
● Beta-3: atuam sobre os adipócitos e promovem a lipólise.
● Enzimas fosfodiesterases degradam o AMPc e o GMPc.
○ Inibidores dessa enzima diminuem a concentração de cálcio e promovem o
relaxamento muscular.
● Fármacos adrenérgicos ou simpatomiméticos:
○ Promovem efeitos da noradrenalina e do simpático.
○ Ação direta, indireta ou mista.
■ Indireta: cocaína → aumento de noradrenalina.
■ Direta: dobutamina → agonista beta-1.
■ Mista: efedrina.
○ Neurônios pré-ganglionares liberam acetilcolina em receptores nicotínicos.
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○ Neurônios pós-ganglionares liberam noradrenalina em receptores diferentes


dependendo do órgão em que atua.
■ No coração: beta-1 e beta-2 → aumento da frequência cardíaca e da força
de contração.
■ Brônquios: beta-2 → broncodilatação.
■ Bexiga: beta-2 → relaxamento. alfa-1 → contração.
■ Pupila: alfa-1 → midríase.
■ TGI: alfa e beta → reduz as funções desse trato.
○ Salbutamol → agonista seletivo de receptores beta-2 adrenérgicos.
■ É adrenérgico ou simpatomimético porque promovem ações do SNA
simpático.
○ Drogas adrenérgicas de ação direta:
■ Agonistas alfa e beta adrenérgicos:
● Adrenalina ou epinefrina.
○ Tem mais afinidade por beta-2 > beta-1 > alfa-1 > alfa-2.
○ Beta-2: vasodilatação de alguns leitos vasculares.
○ Beta-1: aumento de frequência cardíaca e força de
contração.
○ Vasoconstrição periférica.
○ Indicação:
■ Suporte hemodinâmico em situações de parada
cardiorrespiratória ou estados de choque.
■ Reações de anafilaxia ou choque anafilático.
■ Crise asmática grave e pouco responsiva às medidas
terapêuticas habituais.
■ Controle de pequenas hemorragias cutâneas.
■ Em associação aos anestésicos locais, de forma a
promover incremento na duração do efeito
analgésico (dentistas dão o sedativo lidocaína +
adrenalina para promover vasoconstrição
periférica).
○ Administração:
■ Endovenosa direta (lentamente).
■ Endovenosa bomba de infusão.
■ Subcutânea.
■ Intramuscular.
■ Inalatória.
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■ Não pode ser infundida na mesma via do


bicarbonato se não ela pode ser oxidada.
■ Não pode ser administrada por via oral, porque os
enterócitos estão repletos de enzimas MAO, o que
deixaria a catecolamina com 0 de
biodisponibilidade.
○ Reações adversas:
■ Taquiarritmias.
■ Aumento do lactato → aumento do metabolismo
basal.
■ Tremores.
■ Alterações glicêmicas.
■ Isquemia de extremidades, renal e mesentérica
(doses elevadas), porque nas extremidades tem mais
receptores alfa e, mesmo que ela não tenha tanta
afinidade com esse receptor, em altas concentrações,
ela tem.
● Noradrenalina ou norepinefrina.
○ Tem mais afinidade por alfa-1 > beta-1 > beta-2.
○ Alta potência (alfa-1) e meia vida curta.
○ Excelente vasopressor e pouco efeito cardíaco.
○ Administração endovenosa em veias de acesso central (veias
de grande calibre) por conta da potência vasoconstritora
periférica que ela possui, tem altas chances de necrosar
tecidos se for administrada em veias de pequeno calibre.
■ Veia jugular interna, veia subclávia e veia femoral.
○ Tempo de meia vida: 1 a 2 minutos. Em pacientes
internados, usa-se bombas de infusão contínua.
○ Em emergências: fossa antecubital.
○ Reações adversas:
■ Necrose isquêmica (rins, leitos mesentéricos e
extremidades).
■ Insuficiência renal aguda.
■ Arritmias cardíacas.
● Dopamina
○ Agonistas de receptores D1 e D2. Com maiores
concentrações, começa a atuar em beta-1 e alfa-1 também.
■ D1 → vasodilatação de leitos mesentéricos.
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○ Doses:
■ Baixas: 1,0 a 1,5 microgramas/kg/min →
vasodilatação de arteríola aferente e leitos
mesentéricos → efeito nefroprotetor.
■ Moderadas: 5,0 a 15 microgramas/kg/min →
inotropismo positivo (beta-1) e vasodilatação da
arteríola aferente renal (aumento da taxa de
filtração glomerular) e leitos mesentéricos (D1).
■ Doses elevadas: > 15 microgramas/kg/min, acima de
10 → aumento da resistência vascular periférica
(alfa-1).
■ Faz muito mais arritmia cardíaca do que a
adrenalina e a noradrenalina.
○ Indicações:
■ Choque circulatório: choque séptico, choque
cardiogênico e choque anafilático.
■ Hipotensão severa.
○ Desvantagens e reações adversas:
■ Arritmogênica.
■ Vasopressor fraco.
■ Angina.
■ Necrose tecidual no extravasamento.
● Dobutamina
○ Agonista seletivo de beta-1 adrenérgico → inotrópico
(força de contração do coração) de primeira escolha.
○ Indicações:
■ Choque cardiogênico.
■ Insuficiência cardíaca aguda ou descompensada.
○ Não deve se infundir na mesma via do bicarbonato.
○ Seu tempo de meia-vida é curto.
○ Reações adversas:
■ Arritmias.
■ Angina.
■ Flebite no local da infusão (inflamação de uma veia
superficial).
■ Agonistas alfa-1 adrenérgicos:
● Descongestionante nasal, hipotensão grave → fenilefrina e
nafazolina.
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● Efeitos colaterais: hipertensão, midríase.


● Não são catecolaminas, não são inativadas pela COMT.
■ Agonistas beta adrenérgicos:
● Agonistas seletivos do beta-2:
○ Salbutamol, fenoterol, formoterol, terbutalina.
○ Usos: asma, bronquite.
■ Relaxamento da musculatura lisa: vascular, útero,
brônquios (broncodilatação).
○ Drogas adrenérgicas de ação indireta:
■ Aumentam a quantidade de noradrenalina na fenda.
OBS: A cocaína inibe a recaptação de noradrenalina, por conta da inibição
da MAO ou a COMTE, deixando ela mais presente na fenda sináptica,
estimulando mais os receptores do coração ⇒ COMTE só degrada
catecolaminas.
■ Inibidores da MAO.
■ Inibidores da recaptação neuronal.
■ Fármacos que aumentam a liberação de catecolaminas → anfetaminas
(metilfenidato, lisdexanfetamina) e tiramina.
● Anfetaminas → estimulantes do SNC, aumentam o estado de
alerta e reduz o apetite.
○ Drogas adrenérgicas de ação mista:
■ Efedrina
● Direta: agonista dos receptores alfa e beta.
● Indireta: aumenta a liberação de noradrenalina.
● Usos: hipotensão causada por anestésicos e outros quadros de
hipotensão. Além disso, pode ser usado como descongestionante
nasal, broncodilatador, estimulante.
○ Performance atlética e perda de peso.
○ Superdosagem: alucinações, tremores, alterações de humor.
● Fármacos simpatolíticos ou antiadrenérgicos
○ São drogas que inibem as respostas fisiológicas do SNA simpático.
○ Bloqueadores adrenérgicos.
■ Alfa-adrenérgicos.
■ Beta-adrenérgicos.
○ Ação central → clonidina e alfametildopa.
○ Bloqueadores terminais adrenérgicos → bloqueiam a liberação de noradrenalina →
não são mais usadas.
○ Uso:
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■ Tratamento de hiperplasia prostática benigna: relaxamento da musculatura


lisa da próstata, relaxamento do esfíncter da bexiga.
● Doxazosina age no esfíncter da bexiga, principalmente. Bloqueio
alfa-1 na próstata, diminui a contração da próstata ⇒ tem no SUS e
é barato.
■ Antagonista alfa-adrenérgicos seletivos.
● Prazosina → alfa-1 >>> alfa-2.
● Tansulosina → alfa-1A >> alfa-1B ⇒ efeitos direcionados à
próstata e à bexiga – tratamento da hiperplasia prostática benigna
⇒ menos acessível pelo preço.
■ Antagonista beta-adrenérgico: interesse cardiovascular.
● Propranolol → antagonista beta-1 e beta-2 ⇒ primeira geração ou
não seletivos.
● Atenolol → antagonistas seletivos beta-2.
■ Inibidores de ação central:
● Clonidina → atua no SNC diminuindo a ativação das fibras
simpáticas, a partir da inibição do centro vasomotor e,
consequentemente, reduz a liberação de noradrenalina para a
periferia.

Fármacos que alteram a sinalização colinérgica


● Transmissão colinérgica

○ A acetilcolinesterase é uma enzima usada para tirar o excesso de neurotransmissores


parassimpáticos da fenda sináptica.
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○ Receptores colinérgicos
■ Receptores muscarínicos:

● Muscarina: ações parassimpáticas → receptor muscarínico (ACh).


● Metabotrópicos.
● M1, M2, M3, M4, M5
○ M1:
■ SNS: células parietais gástricas.
■ Receptor acoplado à proteína G (fosfolipase C; IP3;
DAG; Ca2+) → redução da condutância ao K+ →
despolarização.
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○ M2:
■ Coração e músculo liso.
■ Receptor acoplado à proteína G (inibição da
adenilato ciclase: redução de AMPc e ativação dos
canais de K+).
■ Redução da FC e da força de contração →
INIBIÇÃO.
○ M3:
■ Glândulas secretoras, músculos lisos.
■ Receptor acoplado à proteína G → fosfolipase
C/fosfatidilinositol: IP3, DAG, Ca2+.
■ Secreção glandulares; contração muscular →
estimulação.
■ Receptores nicotínicos:

● Nicotina: gânglios autonômicos e junção neuromuscular →


receptor nicotínico (ACh).
● Ionotrópicos.
● N1 e N2.
○ N1: músculo esquelético.
○ N2: gânglios autonômicos.
● Diretamente acoplados a canais iônicos.
● Medeiam a transmissão sináptica excitatória rápida.
● Localizam-se na junção neuromuscular, nos gânglios autônomos e
em vários locais do SNC.
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● O nAchR (receptores nicotínicos e colinérgicos) musculares e


neuronais diferem na sua estrutura molecular e farmacologia.

● Agonistas colinérgicos
○ Drogas colinérgicas de ação direta ⇒ AGONISTAS MUSCARÍNICOS
■ Mimetizam os efeitos da estimulação dos neurônios colinérgicos, atuando
diretamente em receptores de acetilcolina.
■ Outros exemplos: carbacol, pilocarpina e muscarina.
■ Não pode ser usada na terapêutica, porque antes de chegar no local
de ação, ela já terá sido destruída pela acetilcolinesterase.
■ Uso terapêutico: NÃO SÃO USADAS REGULARMENTE.
● Drogas de baixa segurança e não tem especificidade por nenhum
receptor, ia ativar reações parassimpáticas exacerbadas,
desencadeando uma série de sintomas ao invés de agir apenas onde
eu quero que aja.
● Pilocarpina: tratamento de glaucoma, melhorando a drenagem do
humor aquoso.
● Betanecol: agonista muscarínico → diminui FC, sialorreia, diarreia,
micção e contração muscular lisa.
○ Usado para estimular a bexiga atônica principalmente após
o parto.
● Metacolina: aumenta a mobilidade gástrica.
○ Melhor administrar laxante para instigar a mobilidade
intestinal de forma mais local.
■ Mecanismo de ação:
● Ligam-se aos receptores muscarínicos.
● Seus efeitos equivalem àqueles dos impulsos nervosos
parassimpáticos pós-ganglionares.
● Parassintomiméticos: m. liso, glândulas, sistema cardiovascular.
■ Efeitos colaterais e contra indicações:
● Exacerbam a ação do SNP.
○ Aumentam sudorese, cólicas abdominais, secreção salivar.
● Hipotensão e bradicardia.
● Úlceras pépticas.
● Contraindicados em pacientes com asma, pois causa
broncoconstrição.
○ Drogas colinérgicas de ação indireta ⇒ ANTICOLINESTERÁSICOS
■ Agentes anticolinesterásicos.
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■ Carbamatos: inibidores reversíveis das colinesterases - agentes de curta


duração.
● Tóxicos:
○ “Chumbinho” → carbamato tóxico anticolinesterásico →
Aldicarbe.
■ Aumento da quantidade de ACh na fenda, porque
tem aumento de acetilcolinesterase → promove
efeitos parassimpáticos → diminuição da FC,
sialorreia, miose, diarreia.
■ Administrar atropina para bloquear receptores
muscarínicos.
● Terapêuticos:
○ Fisostigmina
○ Neostigmina
○ Piridostigmina → junção neuromuscular
■ Organofosforados: inibem de modo irreversível as colinesterases, devido à
formação de complexos estáveis, agentes de longa duração.
● Gases dos nervos: tabun, sarin, soman → estimulação excessiva
causa convulsões.
● Inseticidas: paration, malation.
● Utilizado na clínica: ecotiofato.
● Efeitos farmacológicos:
○ Acúmulo de ACh na fenda sináptica.
○ Podem provocar uma resposta em todos os receptores
colinérgicos do corpo.
○ Incluindo receptores muscarínicos e nicotínicos.
■ Junção neuromuscular → trato gastrointestinal.
■ Sistema respiratório → sistema cardiovascular e
glândulas exócrinas.
■ Olhos (aplicação tópica).
● Usos terapêuticos:
○ Alguns podem ser utilizados em medicina humana ou
veterinária, como:
■ Antiparasitários (Triclorfon).
■ Glaucoma.
■ Miastenia grave.
■ Atonia de bexiga.
■ Reversão do bloqueio neuromuscular.
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● Mecanismo de ação:
○ Inibição irreversível da acetilcolinesterase.
● Tratamento da intoxicação:
○ Os efeitos muscarínicos podem ser controlados com doses
adequadas de agentes antimuscarínicos como atropina.
○ Intoxicações por organofosforados podem-se utilizar
também reativadores das colinesterases.
■ PRALIDOXIMA: desloca o organofosforado da
acetilcolinesterase e reativa a enzima.
● Antagonistas colinérgicos
○ Drogas anticolinérgicas ou parassimpatolíticas:
■ Antagonistas competitivos de receptores muscarínicos (M1, M2, M3 e
M4):
● Atropina: atropina e espasmocron.
○ Mais potente e menos específica, causa muitas reações
adversas.
● Escopolamina ou hioscina: buscopan, veratropan.
○ Potência menor e ação mais direcionada para receptores das
vísceras (TGI e trato geniturinário).
○ Alívio de cólica.
● Homatropina: espasmo luftal.
● Brometo de ipratrópio → potência mais baixa e com boa margem
de segurança, age melhor nas vias respiratórias.
○ Broncodilatador e antiasmático.
■ Efeitos farmacológicos:
● SNC:
○ Atropina produz excitação.
○ Escopolamina produz depressão.
● Sistema cardiovascular:
○ Aumento da frequência cardíaca.
● TGI:
○ Redução da motilidade e secreção gástrica.
● Secreções:
○ Redução da secreção pelas glândulas salivares, sudoríparas,
lacrimais e brônquicas.
● Músculo liso:
○ Broncodilatação → relaxamento de músculos lisos aparelho
urinário.
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● Olhos:
○ Midríase, cicloplegia (paralisia da acomodação visual).
■ Usos terapêuticos:
● TGI:
○ Agentes antiespasmódicos para distúrbios gastrointestinais.
○ Utilizado no tratamento de úlcera péptica.
● Medicação pré-anestésica:
○ Diminuem a secreção nas vias respiratórias produzida pelos
anestésicos gerais → broncodilatador, inibe reflexos vagais.
● Olhos:
○ Dilatação da pupila (midríase) e cicloplegia (paralisia do
músculo ciliar do olho, resultando na perda da capacidade
de acomodação visual).
● Tratamento de intoxicação pelos anticolinesterásicos:
○ Diminuição da bradicardia.
○ Antagoniza o aumento da secreção nos brônquios.
■ Efeitos colaterais:
● Em superdose promovem ressecamento da boca.
● Aumento da frequência cardíaca.
● Uso prolongado pode levar à retenção urinária.
● Intoxicação por atropina:
○ Paralisia generalizada dos órgãos inervados pelos
parassimpáticos.
○ Tratamento sintomático → fisostigmina
(anticolinesterásico).
Junções neuromusculares
● Bloqueadores neuromusculares:
○ Pacientes que precisam ser entubados recebem bloqueadores de junções
neuromusculares para que os músculos esqueléticos da respiração não atrapalhem o
trabalho do aparelho de ventilação mecânica.
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○ ACh se liga aos receptores nicotínicos, entrada de sódio, aumenta potencial de


membrana, aumento de cálcio, promove a contração muscular.
○ Bloqueadores despolarizantes:
■ Simula a ação da acetilcolina causando abertura dos canais iônicos.
■ Canais são abertos gerando corrente de Na +.
■ Não é substrato específico para a acetilcolinesterase.
■ Única droga desse grupo é a succinilcolina.
● Semelhante à ACh, mas é mais resistente à acetilcolinesterase.
● Se liga nos receptores nicotínico, sódio entra, despolariza, canais de
sódio fechariam e deixariam a célula em período refratário, mas a
succinilcolina continua se ligando aos receptores e impedem que
eles se fechem e continuam despolarizando a célula por mais alguns
segundos ⇒ fasciculações musculares passageiras, seguida por
bloqueio da transmissão neuromuscular e por paralisia flácida.

Canais de sódio ficam inativados enquanto a despolarização é


mantida
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○ Efeitos colaterais:
■ Hipertermia maligna: paciente atinge febre superior à 40°C. Pode alterar a
produção de energia da mitocôndria. Se a pessoa é medicada com
succinilcolina e tem esse efeito colateral, é importante que ele não volte a ser
medicado com succinilcolina de novo, porque há risco de morte.
■ Bradicardia
■ Hipercalemia
■ Hipertensão intraocular e cerebral
■ Mialgia pós-operatória
■ Paralisia prolongada
○ Finalidades:
■ Facilitar a intubação traqueal.
■ Facilitar técnicas cirúrgicas (relaxamento muscular e imobilidade).
■ Corrigir laringo e o broncoespasmo.
■ Complementar a terapêutica de convulsões.
■ Diminuir as dosagens dos anestésicos gerais.
■ Facilitar a respiração controlada mecânicas.

○ Bloqueadores não despolarizantes ou adespolarizantes:


■ Causados por agentes que possuem afinidades pelos receptores colinérgicos,
porém não provocam alterações conformacionais.
■ Curares: mistura de alcaloides de ocorrência natural, encontrados em
diversas plantas sul-americanas e utilizados como venenos para pontas de
flechas dos índios.
● Pancurônio, rocurônio e atracúrio.
○ Ação curta.
○ Ação intermediária → atracúrio e rocurônio.
○ Ação longa → pancurônio.
● Mecanismo de ação:
○ Agem na junção neuromuscular competindo com a ACh
pelos receptores competitivos do receptor nicotínico.
○ O aumento da infusão, aumenta a sua ação →
dose-dependente.
■ Pode atuar no bloqueio dos gânglios, extravasando
o efeito que era para ser apenas na placa motora →
efeito indesejado.
● Uso clínico:
○ Principal: CONTROLE DA VENTILAÇÃO.
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○ Outras opções:
■ Cirurgias → relaxamento muscular durante a
cirurgia: ação duradoura e reversível.
■ Afecções espásticas → tétano.
■ Controle das convulsões → epilepsias.
■ Manobras ortopédicas.
■ Laringoscopia, broncoscopia, etc.
○ Descurarização: inibição da colinesterase plasmática com a
finalidade de aumentar a concentração de ACh na fenda
sináptica.
■ Tempo de ação em 20 minutos.
● Para reverter o seu efeito → administrar
carbamatos como a fisostigmina para
impedir a acetilcolinesterase de destruir a
ACh.
● Não pode deixar tanta acetilcolina assim,
então se combina neostigmina, que é um
anticolinesterásico que apresenta atividade
nicotínica e muscarínica, seu uso deve ser
precedido de um anticolinérgico (Atropina)
→ assim se evita a exacerbação dos efeitos
do parassimpático em outros locais do
corpo além da placa motora.
○ Miastenia grave: doença neuromuscular de origem
autoimune, que na sua forma mais comum provoca graus
variáveis de cansaço e fraqueza muscular, atingindo
preferencialmente os músculos de contração voluntária, tais
como os dos braços, pernas, face, olhos e os músculos
torácicos responsáveis pela respiração.
■ Anticorpos da pessoa inibem os receptores
nicotínicos, logo, a pessoa fica com paralisia flácida.
Além dos imunossupressores, podemos utilizar
medicamentos que inibem a acetilcolinesterase e
aumenta, por consequência, a ACh. Ele usa esse
medicamento de maneira diária, logo, terá sintomas
típicos com o aumento da salivação,
broncoconstrição, bradicardia, etc.
Antihipertensivos
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● Determinantes da PA
○ PA = DC x RVP
■ DC (débito cardíaco), RVP (resistência vascular periférica).
■ DC = VS x FC → VS (volume sistólico), FC (frequência cardíaca).
● Classificação PA:

● Hipertensão primária ou essencial (95%)


○ Origem desconhecida, porém pode estar associada a fatores de risco.
○ Fatores de risco:
■ Hereditariedade
■ Obesidade
■ Tabagismo
■ Dislipidemia
■ Diabetes
■ Estresse
■ Sedentarismo
■ Ingestão excessiva de sal
● Hipertensão secundária:
○ Apneia obstrutiva do sono
○ Hiperaldosteronismo primário
○ Feocromocitoma → tumor da adrenal secretor de adrenalina
○ Síndrome de Cushing → acúmulo de cortisol.
○ Doença renovascular.
● Tratamento da HAS
○ Fisiologia:
■ Regulação neural da PA → SNA simpático.
■ SNC (encéfalo e medula espinal).
● Centro vasomotor na região rostro-ventral do bulbo.
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○ Seus axônios descem pela medula e ativam fibras simpáticas,


que liberam ACh no gânglio.
● No gânglio, saem fibras pós-ganglionares, que estimulam o coração,
vasos e rins pela ação da noradrenalina.
○ Coração: beta 1 e beta 2 → aumento de FC, força de
contração e débito cardíaco.
○ Vasos sanguíneos: alfa 1 → aumento da vasoconstrição
periférica com aumento da resistência vascular periférica.
○ Rins: beta-1 → liberação de renina no mecanismo
renina-angiotensina-aldosterona.
■ Regulação hormonal da PA:
● Sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA):
○ Diminuição da PA → queda do fluxo sanguíneo renal e da
filtração glomerular → estimulam receptores beta-1 nos
rins → renina transforma angiotensinogênio em
angiotensina I no fígado → ECA no pulmão transforma
angiotensina I em angiotensina II → atua nos receptores
AT1:
■ Vasoconstrição de arteríolas (aumento da resistência
vascular periférica) → aumento da PA.
■ Reabsorção renal de sódio que retém água e
aumenta a volemia→ efeitos de aumento da PA.
■ Ativação simpática.
■ Efeitos hipertróficos e proliferativos.
■ Liberação de aldosterona (reabsorção de Na + e
secreção de K +)
■ Liberação do ADH → retém água, é
vasoconstritora e estimula o centro da sede.
○ Hiperatividade do SRAA:
■ Fibrogênico.
■ Pró-inflamatório.
■ Diminui a sensibilidade de barorreceptores.
■ Aumento de espécies reativas em oxigênio.
■ Barorreceptores → sensíveis ao aumento da PA → conduzem impulsos
para o centro vasomotor do bulbo, inibindo a região e diminuindo a
atividade vasomotora simpática.
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● Angiotensina II, aldosterona, citocinas inflamatórias, espécies


reativas de oxigênio (EROs) → envolvidos na diminuição da
sensibilidade de barorreceptores.
○ Não farmacológico
■ Mudanças do estilo de vida
● Estilo alimentar DASH (Dietary Approaches to Stop
Hypertension).
● Abandono do tabagismo.
● Exercício físico regular.
○ Farmacológico
■ Classes de anti-hipertensivos disponíveis para uso clínico no Brasil:
● Simpatolíticos
○ Antagonistas beta-adrenérgicos ou betabloqueadores:
■ Primeira geração ou não seletivo → antagonista
beta-1 e beta-2.
● Propranolol.
○ Usado para tratamento de tremor
essencial, além de seu efeito
antihipertensivo.
● Cronotropismo negativo e inotropismo
negativo ⇒ diminui a frequência cardíaca, a
força de contração do coração ⇒ diminui
débito cardíaco, diminui PA. [ver
mecanismo de Frank-Starling]
● Cardioproteção → betabloqueadores
beta-1 e beta-2 protegem o coração da
descarga adrenérgica, seja por razões
emocionais ou de esforços físicos excessivos.
● Indicação: HAS 1, 2 e 3, cardioproteção,
arritmias cardíacas, angina, IC, IAM,
enxaqueca (propranolol) e ansiedade
(propranolol).
○ Mulheres têm maior tendência a ter
pressão baixa, por isso, geralmente
não se recomenda propranolol para
tratar enxaqueca nessas pessoas,
porque ia causar tonturas, mal estar
e podendo causar desmaios.
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○ Propranolol inibe porções da


amígdalas cerebrais e ajudam no seu
efeito contra ansiedade.
● Cuidados:
○ Pacientes com bradicardia ou
doença de condução cardíaca.
○ Pacientes asmáticos ou com DPOC
→ risco de broncoconstrição.
■ Beta-2 nos brônquios é
inibido →
broncoconstrição.
■ Em pacientes com asma
grave não é recomendado o
uso de betabloqueadores.
■ Carvedilol causa menos
efeitos respiratórios do que
o atenolol, porque o
atenolol não tem tanta
seletividade que o outro,
possivelmente a
distribuição do carvedilol
nas vias respiratórias é
menor.
○ Retirada gradual → retirada
abrupta do medicamento promove
a síndrome de abstinência.
○ Respondem menos na raça negra
→ por conta da resistência que
essas pessoas costumam ter aos
fármacos betabloqueadores, já que
tendem ser mais propensos a ter
hipertensão.
○ Alterações glicêmicas:
■ Beta-2 no fígado é inibido
→ inibe glicogenólise →
diminui a glicemia.
■ Beta-2 no pâncreas inibida
→ diminui a liberação de
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insulina → aumenta a
glicemia.
OBS: em pessoas diabéticas pode
piorar tudo, porque diminui ainda
mais a liberação de insulina.
Entretanto, pode melhorar, porque
inibe a glicogenólise no fígado e
diminui a glicemia. Podem, até
mesmo, mascarar sinais e sintomas
de hipoglicemia como tremores,
sudorese fria e taquicardia.
● Contraindicação:
○ Betabloqueadores não devem ser
associados com bloqueadores de
canais de cálcio (verapamil e
diltiazem).
● Efeitos colaterais/reações adversas:
○ Elevação de triglicerídeos
plasmáticos → inibe beta-2 no
fígado.
○ Redução do HDL.
○ Bradicardia.
○ Broncoconstrição (propranolol).
○ Fadiga.
○ Sedação (propranolol)
○ Alterações glicêmicas
(propranolol).
○ Disfunção erétil (propranolol).
■ Beta-2 nos corpos
cavernosos, diminuindo
óxido nítrico e diminui a
ereção.
○ Depressão (propranolol).
○ Redução do fluxo sanguíneo nas
extremidades (extremidades frias)
→ devido à diminuição do débito
cardíaco.
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■ Segunda geração ou cardiosseletivos →


antagonistas seletivos beta-1.
● Atenolol e metoprolol.
■ Terceira geração ou vasodilatadores →
antagonistas beta-1, beta-2 e alfa-1.
● Carvedilol.
● Ação no receptor alfa-1 → vasodilatador.

○ Antagonistas alfa-adrenérgicos ou vasodilatadores: não são


muito usados para tratamento de HAS, porque eles são
absorvidos e distribuídos rapidamente, causando quedas
bruscas de pressão, desativando os barorreceptores e causa
hipotensão postural e taquicardia reflexa, mas sim para
hiperplasia prostática benigna.
■ Antagonistas seletivos alfa-1 adrenérgicos →
prazosina.
■ Antagonistas alfa-1 e alfa-2 adrenérgicos →
fentolamina.
■ Efeitos colaterais:
● Além dos citados, cefaleia e congestão nasal
→ porque é vasodilatador.

○ Ação central:
■ Atuam no SNC inibindo os neurônios do centro
vasomotor, diminuindo a ativação elétrica das fibras
simpáticas, diminuindo a descarga adrenérgica na
periferia.
■ Alfametildopa e clonidina.
■ Agonistas de receptores alfa-2 adrenérgicos (ação
pré-sinápticas).
● Clonidina: Ativam receptores alfa-2
inibitórios (Gi) do centro vasomotor →
diminui a descarga adrenérgica → diminui
ação simpática.
● Alfametildopa: é um pró-fármaco,
transportado para dentro do botão
sináptico → alfa metil-noradrenalina é o
princípio ativo.
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■ Indicações:
● HAS estágios 1, 2 e 3.
● HAS em afrodescendentes.
● HAS associadas à doença renal crônica
grave.
● HAS em terapia intensiva – clonidina →
usada como sedativo, pois diminui
glutamato em vias de dor, diminuindo a
sensação dolorosa.
● Pré-eclâmpsia (aumento de PA na terceira
semana gestação) e outras hipertensões na
gravidez – alfametildopa (classificação B
de risco).
■ Efeitos colaterais:
● Hipotensão postural.
● Sedação.
● Déficit de concentração.
● Aumento de risco de depressão pós-parto.
● Sinais extrapiramidais → diminuição da
síntese de dopamina (alfametildopa).
● Disfunção sexual (alfametildopa).
● Anemia hemolítica (alfametildopa).
● Hipertensão rebote → a PA sobe quando a
droga é metabolizada e eliminada
(clonidina).

● Bloqueadores de canais de cálcio


○ Bloqueador de canal de cálcio diminui contrações
musculares de músculo liso, principalmente.
○ Diidropiridinas → afinidade por receptores de m. liso,
primeira linha de tratamento contra hipertensão.
■ Tem maior margem de segurança.
■ Nifedipino
■ Anlodipino
■ Isradipino
■ Efeitos:
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● Vasodilatadores de leitos arteriais,


reduzindo expressivamente a RVP →
diminuindo a PA.
■ Indicações:
● HAS de estágios 1, 2 e 3, hipertensões na
gestação IC e angina.
● Tocolíticos para prevenção de partos
prematuros, não deixam que a mulher
tenha parto natural, por diminuírem as
contrações uterinas, devido a ação em
receptores beta-2.
■ Efeitos colaterais/reações adversas:
● Cefaleia.
● Rubor facial.
● Edema periférico.
● Constipação intestinal.
● Taquicardia reflexa.
○ Não diidropiridinas
■ Promovem cronotropismo e inotropismo negativo,
diminuindo o débito cardíaco → diminui a PA.
■ Fenilalquilamina
● Verapamil
■ Benzodiazepina
● Diltiazem
■ Indicações:
● HAS associada a cardiopatia, angina e
arritmias cardíacas.
■ Efeitos colaterais/reações adversas:
● Bradicardia.
● Disfunção sistólica.

● Vasodilatadores diretos
○ Ativação dos canais de K + e consequente hiperpolarização
da membrana do músculo liso vascular.
○ Vasodilatação de arteríolas → diminui o retorno venoso.
■ Devido à saída de potássio da célula, deixando ela
ainda mais negativa, causa hiperpolarização e
dificulta ainda mais a ativação de canais de cálcio,
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fazendo com que não haja contração dos vasos, mas


sim a vasodilatação, o que resulta na diminuição do
retorno venoso, represando mais sangue na região.
○ Indicação:
■ Emergências hipertensivas.
■ Hipertensão refratária.
■ Alopécia - uso tópico.
○ Efeitos colaterais:
■ Hipotensão.
■ Retenção compensatória de Na + e H2O.
■ Taquicardia reflexa.
■ Rubor facial.
■ Para uso sistêmico há baixo índice terapêutico.
○ Hidralazina (Apresolina)
■ Mecanismo de ação:
● Incerto. Pode envolver a ativação de canais
de K + e consequentemente hiperpolariza a
membrana do músculo liso vascular.
■ Indicação:
● Hipertensão estágios 2 e 3.
● Hipertensão refratária.
● Emergência hipertensiva.
● Hipertensão na gravidez (classificação C de
risco).
■ Efeitos colaterais:
● Hipotensão.
● Retenção compensatória de Na + e H2O.
● Rubor facial.
● Taquicardia reflexa.
○ Nitroprussiato de sódio (Nipride)
■ Vasodilatação de arteríolas e vênulas.
■ Uso hospitalar para insuficiência cardíaca aguda ou
descompensada. Não é usado em casa.
■ O mais importante vasodilatador em ambiente
hospitalar, em emergência hipertensiva.
■ Cuidados:
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● Libera NO (óxido nítrico), tem meia vida


de segundos → infunde e diminui a pressão
→ bomba de infusão contínua.
● Droga bastante fotossensível → proteger da
luz.
● Cianeto (CN) presente interfere na cadeia
respiratória, por isso precisa avaliar o risco
de intoxicação por cianeto, especialmente
em idosos ou pacientes com IR.
○ Acidose metabólica, arritmias
cardíacas e morte.
■ Efeitos colaterais: hipotensão grave, taquicardia
reflexa, hipertensão intracraniana.

○ Inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA) [cininase II é


parecida com a ECA, então inibidores dela possuem efeitos parecidos aos iECA).

■ Captopril
■ Enalapril (pró-fármaco)
■ Indicações:
● HAS estágios 1, 2 e 3.
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● IC.
● Cirrose hepática.
● Pós-infarto do miocárdio.
● Doença renal crônica → SRAA fica muito ativado e faz muita
fibrose renal.
■ Efeitos colaterais:
● Hipotensão.
● Hipercalemia → devido à redução de aldosterona.
○ Causa arritmias cardíacas.
● Tosse seca devido ao aumento de bradicinina nas vias aéreas → ação
de broncoconstrição, causando irritação e um pouco de edema nas
vias aéreas.
● Angioedema →devido ao aumento de bradicinina nas vias aéreas.
■ Cuidados:
● Respondem menos na raça negra.
● Contraindicados durante a gestação (classificação D de risco) →
efeitos hipertróficos e proliferativos são inibidos e trazem má
formação fetal no último trimestre de gestação.

● Antagonistas ou bloqueadores do receptor AT1 (BRA)


○ Losartana
○ Indicações:
■ HAS de estágios 1, 2 e 3.
■ IC.
■ Cirrose hepática.
■ DRC - nefroproteção.
○ Efeitos colaterais:
■ Hipercalemia.
■ Hipotensão.
■ Não é indicado durante a gravidez.
○ Vantagens:
■ Não causa tosse e nem angioedema.
○ Contraindicação:
■ Respondem menos na raça negra.
■ Contraindicados durante a gestação (classificação D
de risco).

● Inibidor direto de renina


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○ Alisquireno

Farmacologia dos diuréticos


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● Agentes que aumentam o débito urinário (taxa do fluido de urina) → aumento da


eliminação de sódio e água do organismo.
○ Diminui volemia → diminui retorno venoso → diminui volume sistólico e diminui
o débito cardíaco.
● Diuréticos no geral impedem a saída do sódio para o interstício, fazendo com que a água se
mantenha dentro dos ductos dos néfrons e seja eliminada na urina.
○ Não temos diurético eficaz que atua nos túbulos proximais.
○ Os mais eficazes são os diuréticos de alça, túbulo distal e ducto coletor.
● Usos: HAS, emergência hipertensiva, edema, ICC, insuficiência renal aguda e crônica,
cirrose hepática.
● Diuréticos:
○ Diuréticos e natriuréticos de alça
■ Atuam na alça de henle do néfron.
■ Fisiologia: Ramo ascendente da alça de henle chega eletrólitos como Na+,
Cl-, K+. Cotransporte Na+ K+ 2Cl-, faz com que os eletrólitos vão para o
interstício e levam mais água para o interstício. O gradiente elétrico
promove maior reabsorção de magnésio.

■ A furosemida (Lasix®) inibe a proteína da alça ascendente transportadora


de Na+, Cl- e K+, fazendo com que haja menor reabsorção de eletrólitos e
eles não deixem o túbulo, sendo eliminados com a água pela urina. Há
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também diminuição de reabsorção de outros eletrólitos como cálcio e


magnésio, o que não é muito bom para o paciente.
● Tempo de meia vida curto. Para uma emergência é adequado, mas
para quadros a longo prazo deve ser prescrita mais de uma vez ao
dia.
■ Bumetanida e piretanida também fazem parte dessa classificação.
■ Efeitos colaterais/reações adversas:
● Hipovolemia
● Hipotensão
● Hipocalemia → diminuição de potássio, diminui a secreção de
insulina, o que causa leve aumento de glicemia do paciente.
● Alcalose metabólica → contratransportadores que fazem
reabsorção de potássio em troca de hidrogênio. Paciente que toma
furosemida tem perda de potássio e perda de hidrogênio, mas os
sistemas tampão conseguem fazer o equilíbrio eletrolítico. Paciente
com edema de pulmão com dosagem alta causa acidose metabólica.
● Ototoxicidade (zumbido) → combinação de medicamentos com
mesmo efeito adverso como a vancomicina pode causar perda
auditiva no paciente.
● Nefrotoxicidade
● Hiperuricemia → furosemida disputa transportador de ácido úrico,
se tiver muita furosemida, o ácido úrico fica retido no sangue e não
consegue ser excretado da forma correta.
● Hipocalcemia → não é comum acontecer, porque a paratireoide é
muito sensível à diminuição de cálcio, liberando o paratormônio.
Mas em mulheres em menopausa, por exemplo, com osteopenia,
etc, pode acontecer.
● Hiponatremia
● Hipomagnesemia → a perda de magnésio causa muitas cãimbras.
● Hipocloremia
● Hiperglicemia

○ Diuréticos e natriuréticos Tiazídicos


■ Na porção inicial do túbulo distal há alguns transportadores que fazem
reabsorção de sódio e cloreto (5% do sódio). Esses diuréticos tiazídicos
bloqueiam essa proteína de cotransporte Na+ Cl-, impedindo a reabsorção
de sódio e do cloreto, diminuindo a reabsorção de água, aumentando a sua
perda pela urina. Acaba, também diminuindo a reabsorção do potássio.
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■ Hidroclorotiazida (Clorana®)
● Geralmente ocorre uma vez ao dia.
● Só existe via oral.
■ Clortalidona e indapamida também são exemplos dessa classe de diuréticos.
■ Indicações: HAS estágios 1, 2 e 3, edema, IC e IR.
■ Efeitos colaterais/reações adversas:
● Hipocalemia → com o aumento da concentração de sódio no
túbulo, instiga a bomba Na+/K+ e a abertura de canais de sódio na
face luminal do túbulo (a partir da ação da aldosterona nos
receptores de mineralocorticoides no citoplasma celular) a
transportar o potássio para dentro do túbulo e o sódio para fora
dele.
● Hiperuricemia
● Hiperglicemia

○ Diuréticos e natriuréticos poupadores de K+:


■ Espironolactona (Aldactone®)
● Antagonista de receptores mineralocorticoides, diminuindo a ação
da aldosterona, consequentemente diminuindo a ação da bomba de
Na+/K+ e de canais de sódio luminais.
■ Amilorida e triantereno também são outros exemplos.
● Bloqueadores de canais de sódio.
■ Aldosterona em excesso não só causa aumento de Na+ e perda de K+, mas
também causa hipertrofia cardíaca, diminuição de sensibilidade de
barorreceptores e promove fibrose cardíaca. Dessa forma, há muito mais
benefícios em se utilizar a espironolactona por bloquear os efeitos da
aldosterona e influenciar em muitos outros aspectos que não envolvam
apenas os canais de sódio.
■ Indicações:
● Associação com diuréticos gastadores de potássio.
● Hiperaldosteronismo primário.
● IC.
● Acne.
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● Hirsutismo (crescimento excessivo e indesejado de cabelo em


mulheres, seja no rosto, no peito ou nas costas).
○ Espironolactona interage com receptores andrógenos (AR),
um receptor nuclear, sendo seu antagonista fraco, tendo
influência direta na conversão de testosterona em
dihidrotestosterona (enzima 5-alfa-redutase). Dessa forma
há menor formação de DHT.
● Síndrome dos ovários policísticos.
■ Efeitos colaterais/reações adversas:
● Hipercalemia → inibidor da ECA + espironolactona + doença
renal pode aumentar muito o potássio, por isso é importante
combinar com furosemida que acarreta perda de K+.
● Ginecomastia
● Distúrbios menstruais
● Disfunção erétil

○ Diuréticos osmóticos
■ Manitol endovenosa → carboidrato grande que não passa para o
interstício, se mantém na corrente sanguínea e puxa água do interstício por
conta do aumento da pressão dentro do vaso e consequentemente
osmótica, faz diurese intensa no indivíduo.
● Mecanismo de ação: aumento da osmolaridade no interior dos
túbulos renais. É livremente filtrado.
● Locais de ação: túbulo proximal → ramo descendente da alça de
henle, final do túbulo distal e ductos coletores.
● Usos: hipertensão intracraniana aguda (emergência), elevação
aguda da pressão intraocular.
○ Aumento da osmolaridade plasmática por solutos que não
entram no olho nem no cérebro.
● Efeitos colaterais/reações adversas: expansão transitória do volume
de líquido extracelular.
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IECA x BRA → reduz a pressão arterial, mas aumenta o risco de insuficiência renal aguda,
diminuindo a função renal e não diminui o número de mortes.

Farmacologia do sistema cardiovascular


● Angina
○ Síndrome clínica caracterizada por dor ou desconforto em qualquer das seguintes
regiões: tórax, epigástrio, mandíbula, ombro, dorso ou membros superiores.
○ Sensação de dor ou pressão torácica associada à isquemia transitória do miocárdio.
○ Desequilíbrio entre a oferta ou suprimento de oxigênio ao miocárdio e o consumo
ou demanda por esse mesmo oxigênio pelo miocárdio [alta demanda para pouca
oferta].
○ Fatores que alteram o suprimento de oxigênio → fluxo sanguíneo coronariano.
■ Pressão de perfusão
■ Resistência coronariana:
● Metabólitos que dilatam as arteríolas coronarianas.
● Atividade autonômica.
● Aterosclerose.
● Trombose intracoronária.
○ Fatores que alteram a demanda de oxigênio
■ Frequência cardíaca
■ Contratilidade
■ Estresse da parede ventricular:
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● Pré-carga - retorno venoso.


● Pós-carga - resistência vascular sistêmica.
○ Quanto maior a RVP, maior a pressão que deve ser realizada
no músculo cardíaco para realizar o débito cardíaco
desejado.
○ Classificação:
■ Estável crônica
● Episódios desencadeados por esforço → exercício, frio, estresse
emocional.
● Melhora com o repouso.
■ Vasoespástica
● Ocorre geralmente durante o esforço mínimo ou durante o
repouso.
● Causada por espasmos das artérias coronárias. Frequentemente
associados à doença ateromatosa.
■ Instável
● Síndrome coronária aguda de isquemia miocárdica.
● Geralmente estão envolvidos trombos plaquetários e fibrina
associados à placa ateromatosa rompida, mas sem oclusão completa
do vaso.
● Ocorre por ruptura e reparo das placas ateroscleróticas.
● Vasodilatadores e antianginosos
○ Antianginosos
■ Nitratos orgânicos

● Nitrato de amila (via inalatória) → em desuso.


● Óxido nítrico (não é nitrato) → na forma de gás: efeitos locais.
Tratamento da hipertensão pulmonar.
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Arginina é captada pelo endotélio – óxido nítrico sintetase → NO (efeito vasodilatador)

● Dinitrato de isossorbida → atua em veias e coronárias.


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● NO se associa a radicais tióis, forma nitrosotióis e prolonga a ação


enzimática da guanilil ciclase, a qual converte GTP em GMPc,
ativando CL miosina fosfatase, que desfosforila a cabeça da
miosina, causando, dessa forma, o relaxamento de veias e
coronárias.
● Por isso que não é um antihipertensivo principal, porque a PA alta é
nas artérias, e esse mecanismo periférico descrito ocorre em veias
apenas.
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● Efeitos farmacológicos:
○ Dilatação de grandes artérias coronárias
■ Sem alteração na autorregulação dos pequenos
vasos coronarianos.
■ Redistribuição do fluxo coronariano para áreas
isquêmicas (circulação colateral).
○ Vasodilatação periférica
■ Maior ação nas veias do que nas arteríolas,
resultando em redução na pré-carga e em menor
intensidade redução na pós-carga.
○ Antiagregante plaquetário
■ Aumento do GMPcíclico nas plaquetas reduz a
agregação plaquetária.
■ OBS: A principal característica que discrimina
entre drogas anticoagulantes e antiplaquetárias é
que as antiplaquetas inibem a formação de
trombos, impedindo a agregação de plaquetas. Em
contraste, os anticoagulantes impedem a formação
de trombos através do atraso na formação de
fibrina. Portanto, ambas as classes de drogas
antitrombóticas têm suas próprias aplicações.
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● Efeitos colaterais:
○ Hipotensão ortostática
○ Taquicardia reflexa (cuidado!)
○ Cefaleia pulsátil → dilatação dos vasos meníngeos
○ Tontura
○ Rubor
○ Síncope
● Tolerância:
○ Exposição contínua ou frequente aos nitratos orgânicos
pode levar à tolerância.
○ A possível causa é a depleção celular dos grupos sulfidrila
(-SH).
○ O fenômeno de tolerância tem sido atribuído à depleção
dos radicais sulfidrila (radicais tióis) existentes na parede dos
vasos.
● Interação medicamentosa: inibidores da fosfodiesterase 5:
sildenafil, vardenafil e tadalafil.

■ Inibidores da enzima fosfodiesterase (FDEs)


● Sildenafila (Viagra®), tadalafila e vardenafila (Levitra®) - inibidores
da enzima fosfodiesterase-5.
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● Usos:
○ Hipertensão pulmonar
○ Disfunção erétil
○ Insuficiência cardíaca
● 11 tipos de PDEs: degradam AMPc e GMPc
○ PDE-5: musculatura lisa do corpo cavernoso e pulmões.
○ PDE-1 e 3: coração.
○ PDE-6: retina.
○ PDE-11: músculo esquelético.
● Alívio da crise:
○ Iniciar com via sublingual - até 3 doses, com intervalos de 5
minutos.
○ Se não aliviar → iniciar administração de nitroglicerina
(eficácia e início imediato) via endovenosa.
● Efeitos colaterais: hipotensão, taquicardia e cefaléia.
● Prevenção das crises:
○ Nitratos de liberação prolongada ou de longa duração.
○ Betabloqueadores → seletivos beta-1 são mais tolerados.
■ Atenolol.
■ Correção da dose pela resposta bradicárdica.
■ Retirada gradual: risco de efeito rebote e quadro
isquêmico grave.
■ Não usar na angina vasoespática.
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○ Bloqueadores de canais de cálcio


■ Dihidropiridinas → anlodipina.
■ Não dihidropiridinas → diltiazem.
■ Eficácia similar aos betabloqueadores e melhor
tolerância ao exercício.
○ Associações:
■ Betabloqueador (só o diidropiridina) e antagonista
de Ca2+ → comum.
■ Betabloqueador + antagonista de Ca2+ e nitrato de
longa duração → casos graves ou não responsivos.
○ Prevenção de crises:
■ Hipolipêmicos: estatinas.
■ Antiagregantes plaquetários: AAS e/ou clopidogrel.
○ Vasodilatadores
■ Geral (todos)
● Nitroprussiato
● Nitroglicerina
■ Arteríolas
● Hidralazina
● Antagonistas alfa-adrenérgicos
● Bloqueadores de canais de cálcio (BCC)
● Diidropiridínicos.
■ Veias e vênulas
● Nitratos orgânicos

Insuficiência Cardíaca
● Síndrome cardiovascular definida como incapacidade do coração de gerar um adequado
débito cardíaco para atender às necessidades metabólicas dos tecidos.
○ Coração não consegue bombear sangue suficiente para suprir as necessidades
metabólicas do organismo, ou só o faz através de elevadas pressões de enchimento.
● Classes:
○ Grau I: doença presente, mas seu portador não percebe desconforto respiratório e
pode executar sem dificuldades suas atividades habituais.
○ Grau II: doença presente, produz leve grau de limitação física de modo que o
indivíduo pode executar suas atividades habituais com algum grau de desconforto
respiratório, palpitações taquicárdicas e fatigabilidade.
○ Grau III: doença presente, paciente passa a apresentar dificuldade de realizar
esforço físico, mas no repouso ainda se sente confortável.
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○ Grau IV: paciente não consegue realizar qualquer esforço físico sem sentir
dispneia, que até no repouso se manifesta.
● Fração de ejeção reduzida (disfunção sistólica): volume de sangue que é ejetado do
coração durante a sístole (que deveria ser de 70% começa a diminuir para 50 até 30%,
causando prejuízo para o paciente).
● Fração de ejeção preservada (disfunção diastólica): alteração no relaxamento
ventricular associado à rigidez e baixa complacência, levando a elevações nas pressões de
enchimento.

● Fisiopatologia
○ Descarga adrenérgica renal excessiva tende a causar disfunção renal.
■ Aumento da descarga de angiotensina no rim causa aumento de EROS e
fibrose.
■ Retém sódio e água, aumenta a volemia.
■ Altera a sensibilidade de receptores mineralocorticoides.
● Farmacoterapia
○ Sugestão de associação medicamentosa: para beta-1 e beta-2 (propranolol), para
alfa-1 vasodilatador bloqueador de canal de cálcio diidropiridina (anlodipina),
hidralazina, furosemida, IECA/BRA, espironolactona.
○ Terapêutica atual: dinâmica circulatória desordenada e remodelagem cardíaca
patológica.
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■ Betabloqueador, vasodilatador, ISRAA, diuréticos, antiagregante


plaquetário, nitrato orgânico, antiarrítmico, anticoagulante, ômega 3
(propriedades antiinflamatórias).
○ Objetivos:
■ Diminuição de estresse na parede ventricular → inibidor do SNA simpático
e SRAA.
■ Diminuição da pré e pós-carga.
■ Aumento do inotropismo.
● Cardiotônicos ou inotrópicos positivos
○ São pouco utilizados hoje em dia.
○ Agonistas beta-adrenérgicos (dobutamina, dopamina) - IC aguda ou
descompensada.
○ Inibidores da fosfodiesterase (milrinona e sildenafila)
■ Inanrinona, milrinona.
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■ Pacientes com ICC há aumento de retorno venoso (pré-carga), aumento


dos peptídeos natriuréticos atriais (ANP e BNP), esse aumento no
organismo há prognóstico ruim porque indica que o coração está sendo
sobrecarregado.
■ ANP e BNP → degradados pela enzima neprilisina.
● Sacubitril inibe o efeito da neprilisina, promovendo aumento de
ANP e BNP, o que promove vasodilatação e efeito antifibrótico.
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● Além disso, a neprilisina também degrada a angiotensina II e a


bradicinina (este acumulado nos pulmões causa angioedema). Se ela
for inibida, tanto a angiotensina II quanto a bradicinina vão
aumentar.
○ Por esse motivo que se usa o sacubitril associado a outro
fármaco da classe dos bloqueadores de receptores de
angiotensina (BRA), como por exemplo o valsartana ⇒
VALSARTANA + SACUBITRIL.
○ Sacubitril não pode ser utilizado com inibidores da ECA,
porque os iECA causam o aumento da bradicinina, o que
piora o quadro de angioedema.
● O aumento dos peptídeos natriuréticos só é preocupante quando
não há intervenção farmacológica envolvida, logo, não é
preocupante quando se está usando a conjugação medicamentosa
de valsartana + sacubitril, pois esses efeitos já são esperados.
■ Insuficiência cardíaca aguda:
● Uso de agonistas beta-adrenérgicos.
● Nitroglicerina e hidralazina.

○ Digitálicos:
■ Digoxina → retirada da dedaleira, uma planta cujo nome científico é
Digitalis purpurea.
● Glicosídeos cardíacos.
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● Fisiologia: A célula recebe um estímulo, abre canal de cálcio, que


entra no citoplasma, abre canal de cálcio no retículo
sarcoplasmático, ativa troponina e ativa a maquinaria contrátil,
estimulando a sístole. Sódio que está do lado de fora, cálcio liberado
dentro, o trocador de sódio e cálcio libera cálcio para fora da célula
em troca de sódio.
● Os digitálicos, vão inibir a bomba de sódio e potássio, fazendo com
que haja aumento de sódio intracelular, fazendo com que haja
inibição do trocador de cálcio e sódio, aumentando o cálcio
intracelular, ajudando na contração do miocárdio ⇒ inotropismo
positivo.
● Faz modulação diminuindo a atividade nervosa simpática e
estimulando o núcleo do vago, aumentando o tônus vagal no nó
atrioventricular → influência no ritmo cardíaco ⇒ cronotropismo
negativo.
● Efeitos hemodinâmicos:
○ Aumenta débito cardíaco.
○ Aumenta fração de ejeção de VE.
○ Diminuição da pressão capilar pulmonar.
○ Aumenta a tolerância ao exercício.
○ Aumenta a natriurese.
■ Diminui a reabsorção tubular de sódio.
○ Diminuição da ativação neurohormonal.
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● POUCO UTILIZADOS ⇒ Não reduzem a mortalidade, apenas


melhoram a qualidade de vida → são pouco seguros (baixo índice
terapêutico), facilmente causam intoxicação de tecidos quando
acima da dose recomendada.
○ Intoxicação digitálica:
■ Anorexia
■ Náusea e vômito
■ Diarreia
■ Desorientação e alucinações
■ Convulsões
■ Arritmias (bradiarritmias) → comum, altera do
ECG.
■ Manifestações cardíacas: arritmias ventriculares
(extrassístoles, taquicardia ventricular, fibrilação
ventricular), bloqueio de vários graus até bloqueio
atrioventricular total, exacerbação dos sintomas de
ICC.
● Digoxina e Digitoxina
○ Para a digoxina se ligar, o potássio não pode estar ligado no
receptor de potássio da bomba de sódio e potássio, porque
quando o potássio se acopla a ele, muda a conformação do
receptor, fazendo com que o digoxina não se ligue a ele.
○ Uso de espironolactona (poupadores de potássio): há
aumento do potássio no meio extracelular há diminuição
ou inibição da ação da digoxina.
○ Uso de furosemida (gastador de potássio): há diminuição
de potássio no meio extracelular há aumento da ação da
digoxina, podendo causar um efeito tóxico no paciente.
● Interações medicamentosas:
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Antiarrítmicos
● Eletrofisiologia cardíaca

○ Nodo sinusal ou sinoatrial


■ Marcapasso natural.
■ Fibras autoexcitáveis.
■ Potencial de ação:
● Fase 4: repouso → entrada lenta e espontânea de Na+.
● Fase 0: despolarização → entrada de Ca2+.
● Fase 3: repolarização → saída de K+.

■ Sistema de condução elétrico:


● Nodo sinusal → vias internodais → nodo atrioventricular → feixe
de HIS ou atrioventricular → fibras de purkinje.
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■ Potencial de ação do músculo ventricular:

● Fase 0: despolarização → entrada de Na+.


● Fase 1: repolarização breve → saída de K+.
● Fase 2: platô → saída de K+ e entrada de Ca2+.
● Fase 3: repolarização → saída de K+.
● Fase 4: repouso.
■ Ritmicidade - refratariedade:
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○ Arritmias cardíacas:
■ Alterações na formação e/ou propagação da excitação que resultam em
sequência alterada da excitação atrial, ventricular ou da transmissão
átrio-ventricular.
■ Algumas arritmias podem causar danos à maquinaria de contração do
miocárdio, causando problemas de débito cardíaco, podendo causar
choque no paciente.
■ Fármacos antiarrítmicos:
● São substâncias que afetam os canais ou receptores iônicos
cardíacos, alterando o potencial de ação cardíaco ou sua geração ou
propagação. Isso resulta em mudanças na propagação da ativação
ou no padrão de repolarização. Assim, essas drogas suprimem a
arritmia cardíaca.
● Classificação de Vaughan-Williams:
○ Classe I: bloqueio dos canais de Na+ → diminuição da
automaticidade das células do nó sinusal. Aumentam a
duração da fase 4 (repouso) e causam a diminuição da FC.
■ A → dissociação intermediária.
● Quinidina: bloqueio moderado dos canais
de Na+ (intermediária) e bloqueio de canais
de K+ → uso incomum.
■ B → rápida dissociação.
● Lidocaína (via endovenosa): bloqueio leve
dos canais de Na+ → utilizada apenas em
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emergências para tratamento de


taquiarritmias graves e, por vezes, como
anestésico local.
■ C → dissociação lenta.
● Propafenona (via oral ou endovenosa) →
bom para controle de arritmias atriais.

○ Classe II: antagonistas do receptor beta-adrenérgico →


diminuem a frequência de despolarização da fase 4.
Prolongam a repolarização.
■ Propranolol → antagonista beta-1 e beta-2.
■ Atenolol e metoprolol → antagonistas seletivos
beta-1.
○ Classe III: bloqueio dos canais de K+ → não se associa
verapamil e diltiazem. Prolongam o platô e a repolarização.

■ Aumento do período refratário da fibra.


■ Amiodarona (classe I, II e IV) via oral e
endovenosa.
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● Efeitos colaterais e cuidados:


○ Disfunção tireoidiana e inibição da
conversão periférica de T4 em T3.
○ A infusão endovenosa é bem
tolerada, porém, doses altas podem
causar descompensação
hemodinâmica e hipotensão.
○ Fibrose pulmonar.
○ Retinopatia.
○ Hepatotoxicidade.
○ Neuropatias.
○ Distúrbios de coloração cinza
azulada da pele.
○ Pró-arritmia.
○ Disfunção tireoidiana.
○ Inibição da conversão periférica de
T4 em T3.
○ Classe IV: bloqueio dos canais de Ca2+ →diminuem a
frequência de despolarização da fase 0.

■ Verapamil e diltiazem.
○ Classe V: miscelânea de fármacos.
■ Conjunto de fármacos que não se enquadram nas
outras 4 classes.
■ Envolve vários medicamentos, usados para outras
indicações, inclusive, que possuem propriedades
antiarrítmicas.
■ Agonistas de receptores purinérgicos.
■ P1 - Adenosina.
■ P2 - ADP (P2Y12).
■ A1 - miocárdio.
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● Aumento da condução dos canais de K+


nas células do nó sinusal e AV, reduzindo a
automaticidade.
■ Indicações: taquicardias supraventriculares.
■ Digitálicos:
● Digoxina.
● Cedilanide.
■ Atropina:
● Anticolinérgico.

Fármacos antiagregantes e antiplaquetários


● Caso clínico:
○ Paciente do sexo masculino, 62 anos, branco, aposentado, natural e residente de São
Paulo (SP), procurou o PS com queixas de “forte dor no peito”. A dor em aperto
em região precordial que iniciou há 6 horas com piora progressiva. Agravada após
moderado esforço físico e melhora com repouso. No momento da consulta a
intensidade da dor é 8, numa escala de 0 a 10. Paciente referiu apresentar também
desconforto em região de dorso e membro superior esquerdo. Refere ainda que
sente palpitações, náuseas e tonturas. Em relação aos antecedentes pessoais, paciente
é hipertenso, diabético, obeso e tabagista. Relata histórico familiar de infarto agudo
do miocárdio (pai faleceu aos 50 anos) e de hipertensão (mãe hipertensa).
○ Ao exame físico, o paciente encontrava-se em regular estado geral, lúcido, orientado
em tempo e em espaço, afebril, leve cianose em extremidades (1+/4+), anictérico,
hidratado, taquipneico (26 irpm), taquicárdico (128 bpm) e com pressão arterial de
170/130 mmHg e saturação de oxigênio de 88%. Apresentava sudorese, edema em
membros inferiores (1+/4+), pulsos irregulares e estase jugular. Na ausculta
cardíaca, apresentava bulhas arrítmicas normofonéticas em 3 tempos, com ritmo de
galope, com discreto sopro sistólico em foco aórtico e sopro diastólico em foco
mitral. Abdome flácido, globoso, com ruídos hidroaéreos presentes, som timpânico,
fígado e baço não palpável e indolor à palpação superficial e profunda.
○ O paciente foi encaminhado para realização de eletrocardiograma que mostrou
desnivelamento supra no segmento ST de 2 mm na parede póstero-inferior. Após
6h, desenvolveu inversão na onda T, onda Q patológica, além da presença de onda
U invertida transitória. Na pesquisa de marcadores bioquímicos de lesão
miocárdica houve elevação das troponinas acima do percentil 99 do limite máximo
de referência, porém a CK-MB massa estava dentro da normalidade.
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○ Neste caso houve obstrução completa de uma artéria coronária, o que levou a um
supranivelamento do segmento ST, observado no ECG.
■ Diagnóstico: infarto do miocárdio.
■ Síndrome coronária aguda e isquemia miocárdica.
● Inclui a angina instável e o infarto agudo do miocárdio.
○ No caso, o paciente recebe oxigenoterapia e nitrato sublingual, que, na angina
estável, alivia a dor do paciente. Na síndrome coronária e isquemia miocárdica, a
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angina não passa apenas com a administração dos nitratos, devendo ser
administrado um analgésico, como a morfina, para alívio de tal sintoma.
○ Lesão da parede do vaso estimula a ocorrência da vasoconstrição local. Isso
desencadeia os mecanismos que ativam a agregação plaquetária e a coagulação,
podendo formar trombos.

○ Mecanismo da agregação plaquetária:


■ Não é necessário saber todo o mecanismo que ocorre na plaqueta, apenas:
● O tromboxano A2 (TxA2) deriva do ácido araquidônico por ação
da COX-1.
● Ao se ligar ao seu receptor na plaqueta, o TxA2 faz com que a
plaqueta expresse na sua membrana a Gp IIb IIIa. O fibrinogênio
faz a agregação entre duas plaquetas.
● Além disso, tem-se a via do receptor P2Y12, que é um receptor
purinérgico de ADP. Quando o ADP se liga ao seu receptor, aciona
a via de sinalização, alterando a formação da glicoproteína,
facilitando a interação entre ela e o fibrinogênio.
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○ Em pacientes com SCA e isquemia miocárdica, administram-se antiagregantes


plaquetários para evitar a formação de trombos.
○ Para prevenir (prevenção primária) eventos isquêmicos ou para evitar complicações
da SCA coronária, usa-se antiagregantes plaquetários.

● Antiagregantes plaquetários:
○ Inibidores irreversíveis e seletivos da COX-1:
■ O ácido acetilsalicílico (AAS) é o antiagregante plaquetário mais antigo, o
qual é um inibidor irreversível e seletivo da COX-1.

■ Acima de 400 mg de AAS, passa também a inibir a COX-2.

○ Antagonistas purinérgicos/antagonistas PY12/antagonista de ADP:


■ Clopidogrel
● Antagonista irreversível de receptor purinérgico.
● Inibe a via do receptor purinérgico de agregação plaquetária.
■ Ticlopidina
● Inibidores de P2Y12 (receptor ADP).
● Não se deve usar esse fármaco na fase aguda, dado que seu efeito
acontece entre 24 e 48h, além de ser menos seguro.
■ Reações adversas:
● Dores abdominais.
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● Náuseas e vômitos.
● Neutropenia.
● Trombocitopenia, causando púrpuras.
■ Quando não usar o AAS, mas sim o clopidogrel:
● Pós AVC isquêmico, pois o clopidogrel é mais seguro.
● Casos de alergia a AAS.
● AAS pode causar gastrite, úlcera, desconforto gástrico, sintomas
que se não forem tolerados pelo paciente, devem levar à troca do
medicamento.

○ Antagonistas dos receptores glicoproteicos IIb e IIIa:


■ Impedem a ligação do fibrinogênio aos receptores ativados, bloqueando o
processo de agregação plaquetária e a formação do trombo plaquetário.
■ Exemplos de medicamentos:
● Abciximab
○ Anticorpo monoclonal que atua como bloqueador não
competitivo e irreversível dos receptores de Gp IIb IIIa.
● Tirofiban
● Eptifibatide
■ Usos:
● Intervenção coronária percutânea como alternativa à trombólise →
pré ou durante a angioplastia primária, devendo ter seu início de
infusão na sala de hemodinâmica.

● Anticoagulantes
○ Usados para prevenir:
■ TVP
■ Extensão da TVP estabelecida
■ TEP
■ Trombose e embolização em pacientes com fibrilação atrial.
■ Trombose em próteses valvulares cardíacas.
■ Coagulação em circulação extracorpórea.
● Ex.: durante a hemodiálise.
■ Infarto do miocárdio em pacientes com angina instável.
○ Medicamentos:
■ Heparina:
● Muitas vezes como heparina de baixo peso molecular.
● É utilizada de forma aguda.
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■ Varfarina ou inibidores diretos da trombina ou Xa podem ser usados


com uma terapia prolongada.

○ Heparinas:
■ Heparina não fracionada
● Se liga na antitrombina III e, juntas, inibem o fator Xa de
coagulação e, também, a trombina.
● Tem maior risco de sangramento, o que faz com que seja necessário
monitorar o paciente através do TTPa, que é o tempo da
tromboplastina parcial ativado, que possibilita o ajuste de dose do
medicamento de acordo com as necessidades do paciente.
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● Reações adversas:
○ Hemorragia.
○ Trombocitopenia grave por reação imunológica.
■ As unidades de heparina não fracionada tendem a
se ligar na plaqueta, levando a um mecanismo que
acarreta sua lise.
● Eliminação por via renal e biliar
■ Heparina fracionada ou de baixo peso molecular
● Se liga na antitrombina III e, assim, inibe apenas o fator Xa de
coagulação (não inibe a trombina).
○ Como não inibe a trombina, não interfere em outras vias de
sinalização como a heparina não fracionada.
○ Tem um efeito mais previsível, um perfil farmacológico
mais estável e uma meia vida mais longa, o que faz com que
o monitoramento a partir da TTPa seja dispensável.
■ Faz-se apenas uso do protocolo para ajustar a dose
ao peso do paciente.

■ Enoxaparina
● É completamente eliminada pelos rins ⇒ cuidado com pacientes
com problemas renais graves não podem receber heparina
fracionada.
● Pode ser utilizada por gestantes.
■ Fondaparinux
● Inibição seletiva do fator Xa mediada pela antitrombina III.
● Potencializa em aproximadamente 300 vezes a neutralização
fisiológica do fator Xa pela ATIII.
● É semelhante às heparinas, mas é outra molécula que não a
heparina.
● Pouco utilizado, porque é mais caro.
■ Antídoto das heparinas: protamina (Protamin).
■ Comparação entre os tipos de heparina: fracionada e não fracionada:
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● Mesmos benefícios cardiovasculares e redução do risco de morte ou


IAM.
● Maior risco de sangramento e trombocitopenia com a heparina não
fracionada.
● A heparina não fracionada requer acompanhamento de
anticoagulação a partir do tempo de tromboplastina parcial ativado
(TTPa).
■ Podem ser utilizadas tranquilamente na gestação.
○ Varfarina (Marevan®)
■ Mecanismo:
● Vitamina K, chamada de fitomenadiona, é a responsável por ativar
os seguintes fatores de coagulação produzidos pelo fígado, como os
fatores II, VII, IX e X.
● A vitamina K precisa estar na forma reduzida (ativa) para ativação
deles, ela se torna oxidada (inativa).
● Para ser reativada ela deve ser reduzida pelas reações que envolvem o
NAD+ e o NADH.
● A varfarina inibe a redução da vitamina K, impedindo sua ação
sobre os fatores de coagulação.
● Por isso é comum ouvirmos dizer que ela é uma antagonista da
vitamina K, dado que ela inibe as reações de oxirredução que
ativaria a vitamina K.
■ Não é utilizada na emergência pelo fato de o indivíduo já possuir vitamina
K ativada no seu organismo.
● Só começa a fazer efeito após 48h.
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● Como a vitamina K está presente em folhas verdes, deve-se ajustar a


ingestão destes alimentos para que não haja a alteração da ação do
medicamento.
● Cuidado com o risco de hemorragia!
● Possui baixo índice terapêutico, o que faz com que seja necessária a
monitorização do paciente através do TP (tempo de protrombina -
tempo que demora para coagular), que foi normalizado no mundo
como relação normalizada internacional (INR).

● ISI = Índice de sensibilidade do kit utilizado para avaliar o caso do


paciente.
● Valores de INR:
○ Aumento (acima de 3): indica risco de hemorragia.
○ Redução (abaixo de 2) indica risco de isquemia.
■ Interações medicamentosas com a varfarina:
● Fármacos que diminuem o efeito anticoagulante da varfarina:
○ Colestiramina → inibe a absorção de varfarina no TGI.
○ Barbitúricos, carbamazepina, fenitoína, rifampicina →
aceleram o metabolismo da varfarina ao induzir as etapas do
citocromo P450.
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○ Vitamina K (reduzida) → transpõe a inibição da epóxido


redutase pela varfarina.
● Fármacos que aumentam o efeito anticoagulante da varfarina:
○ Hidrato de cloral → desloca a varfarina da albumina
plasmática.
○ Amiodarona, clopidogrel, etanol, fluconazol, fluoxetina,
metronidazol, sulfametoxazol → diminuem o metabolismo
da varfarina ao inibir as enzimas hepáticas do citocromo
P450.
○ Antibióticos de amplo espectro → eliminam as bactérias
intestinais e, portanto, reduzem a disponibilidade de
vitamina K no TGI.
○ Esteroides anabólicos (testosterona) → inibem a síntese e
aumentam a degradação dos fatores da coagulação.
■ Varfarina se liga entre 95 a 98% a proteínas plasmáticas, o que viabiliza a
ocorrência de interações medicamentosas.
● Cuidado com o AAS.
○ Aumento do risco de sangramento.
○ AAS tem alta taxa de ligação com albumina, causando
deslocamento da varfarina e, consequentemente
aumentando a taxa de varfarina livre, ficando disponível
para inibir os fatores de coagulação através da vitamina K,
aumentando os riscos de sangramento.
■ Antídoto da varfarina: vitamina K → fitomenadiona.
■ Deve ser evitada para gravidez → risco D nos primeiros 6 meses,
risco C nos últimos 6 meses de gestação.
○ Novos anticoagulantes (NOAs)
■ Quebra de patente no ano passado (2021) os tornaram muito mais
acessíveis.
○ Inibidores do fator X
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■ Rivaroxabana (Xarelto ®):


● Geralmente se utiliza esse fármaco em casos de trombose e leve dor
no peito, que não afetam a saturação do paciente ou causam outros
efeitos mais graves.
● Se administra, nos primeiros dias, altas doses e depois abaixa a dose.
■ Apixabana (Eliquis ®)
■ Vantagens:
● Menor risco de hemorragia.
● Não necessita de acompanhamento do INR ou TTPa.
■ Desvantagens:
● Custo muito elevado.
● Avaliação da anticoagulação.
■ Ainda não há antídoto → se usa administração de fator V ativado,
concentrado de plaquetas, entre outros.

● Trombolíticos ou fibrinolíticos

○ Promovem a lise do coágulo já formado.


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○ Devem ser utilizados até 12h após o infarto agudo do miocárdio com supra de ST.
○ Estreptoquinase, tenecteplase, reteplase, alteplase.
○ Contraindicações:
■ Episódio pregresso de hemorragia intracraniana em qualquer época da vida.
■ AVC isquêmico < 3 meses (exceto os casos com menos de 3h).
■ Neoplasia intracraniana conhecida.
■ Suspeita diagnóstica de dissecção aguda de aorta.
■ Sangramento interno ativo.
■ Hipertensão acentuada (PA > 180x110 mmHg) e não controlada.
■ Histórico de HAS acentuada.
■ Uso corrente de terapia anticoagulante (INR maior ou igual a 2-3).
■ Trauma recente, incluindo trauma cranioencefálico (em 2 a 4 semanas).
■ Procedimentos cirúrgicos de grande porte dentro das 3 últimas semanas.
■ Sangramentos internos dentro das últimas 2 a 4 semanas.
■ Gestação.
■ Úlcera péptica ativa.
○ ALTEPLASE:
■ Produzida por tecnologia de DNA recombinante, é essencialmente igual ao
ativador do plasminogênio (t-PA) humano. Como é produzido pelo ser
humano, não causa formação de anticorpos, podendo ser administrado por
mais de uma ocasião.
■ Deverá ser administrada EV na forma:
● 15 mg EV em bolus.
● 0,75 mg/kg - máximo de 50 mg – em 30 minutos.
● 0,50 mg/kg - máximo de 35 mg – em 60 minutos.
■ Plasminogênio → plasmina → quebra a rede de fibrina.
● Alteplase ativa o plasminogênio em plasmina que quebra a rede de
fibrina.
● Hipolipêmicos ou antilipidêmico ou antidislipidêmicos
○ Absorção intestinal de colesterol e outros lipídeos:
■ NPC1L1 - proteína C1 - símile de Niemann-Pick 1.
■ ACAT - colesterol aciltransferase → deixa o colesterol mais lipofílico.
■ DGAT - diacilglicerol aciltransferase.
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○ Receptores de LDL:
■ Promovem intensa depuração de LDL do plasma.

■ Expresso na superfície de:


● Hepatócitos (70%)
● Macrófagos
● Linfócitos
● Células adrenocorticais
● Células gonadais
● Células musculares lisas
■ Aumento de LDL:
● Importante fator de risco cardiovascular para aterosclerose e
doenças isquêmicas.
● Tempo de vida: 2 a 4 dias.
● LDL oxidada: aumenta a liberação de citocinas inflamatórias,
radicais livres e expressão de moléculas de adesão.
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■ HDL:
● Faz o transporte inverso do colesterol: das células do fígado.
● apo AI e apo AII: principais apolipoproteínas das HDL.
● Tempo de vida: 2 a 5 dias.
■ Hiperlipidemias:
● Tipos:
○ Hipercolesterolemia
■ Primária:
● Aumento do LDL.
● Diminuição ou ausência de expressão de
receptores de LDL funcional.
■ Poligênica:
● Aumento do colesterol.
● Origem desconhecida: variantes em genes
do metabolismo dos lipídios que
aumentam a suscetibilidade à dieta.
○ Hipertrigliceridemia
■ Primária:
● Aumento de triglicerídeos, VLDL e
diminuição de HDL.
● Produção excessiva e comprometimento do
catabolismo das VLDL ricas em
triglicerídeos.
■ Excesso de triglicerídeos aumenta risco de
pancreatite para pacientes.
○ Hiperlipidemia mista
■ Combinada familiar:
● Herança dominante.
● Aumento de LDL, TG e algumas vezes
diminuição de HDL.
○ Distúrbios do metabolismo das HDL
■ Poligênica baixa:
● Diminuição do HDL.
● Sobrepeso, diabetes, falta de atividade
física, dieta rica em carboidratos.
● Níveis considerados acima:
○ LDL:
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■ > 100 mg/dl para população sem risco


cardiovascular.
■ > 70 mg/dl para a população de alto risco.
○ CT (colesterol total):
■ > 200 mg/dl.
○ TAG (triglicerídios):
■ > 150 mg/dl.
○ Classes e agentes farmacológicos:
■ Estatinas: inibidores da síntese de colesterol.
● Lovastatina, pravastatina, sinvastatina, fluvastatina,
atorvastatina, rosuvastatina, pitavastatina.
● Primeira escolha para tratamento de hipercolesterolemia.
● MEA: inibidores da enzima HMG CoA redutase.

● São inibidores competitivos e na etapa limitante da síntese do


colesterol.
● Utilizadas tanto na prevenção primária quanto secundária.
● Têm redução de morbidade e mortalidade comprovada.
● Reduzem LDL em 25 a 55%.
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● Aumentam HDL em 5%.


● Reduzem TG em 10 a 35%.
○ Entre meia noite e 2h da manhã é o maior pico de produção
de colesterol, porque acompanha o menor nível de cortisol,
por isso, se indica que o paciente tome antes de dormir
(por volta das 22h).
○ A atorvastatina tem maiores porcentagens de redução
lipídicas quando comparada com a sinvastatina, por
isso é mais cara e é usada em casos mais graves de lipidemia.

● Outras ações farmacológicas - efeitos pleiotrópicos das estatinas.


○ In vitro e modelos experimentais
■ Reversão da disfunção endotelial.
● Disfunção endotelial: lesões no endotélio
capazes de alterar o seu funcionamento.
● Independente do LDL, a estatina melhora
o funcionamento endotelial.
■ Diminuição da coagulação - diminui a ativação de
protrombina.
■ Redução da inflamação.
● Nas paredes de vasos (m. liso), mas piora a
inflamação no músculo esquelético.
■ Melhora da estabilidade das placas ateroscleróticas.
■ Aumento da disponibilidade de NO.
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● Reações adversas:
○ Miotoxicidade:
■ Mialgia
● SINVASTATINA É MUITO COMUM O
PACIENTE SENTIR FRAQUEZA NAS
PERNAS POR CAUSA DA
MIOTOXICIDADE.
■ Miopatias - rabdomiólise (dose-dependente) →
quebra de células musculares esqueléticas (rara,
porém grave).
● Pode-se monitorar níveis de creatinina para
analisar se há lesão.
● Também pode monitorar os níveis de
TGO.
○ Hepatotoxicidade:
■ Dosar TGO e TGP antes de iniciar o tratamento e
3 após

● Com o tempo de meia vida menor deve ser usado à noite, mas se for
a meia vida maior não faz diferença o horário do dia que o paciente
use.
● Contraindicações:
○ Gestação → teratogênicas.
○ Crianças abaixo de 8 anos.

● Inibidores de absorção de ácidos biliares


○ Resinas:
■ Colestiramina
● Colesevelam
● Colestipol
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■ MEA: ligam-se de modo não covalente a ácidos biliares de carga negativa no


intestino e são excretados com as fezes.
■ Interrompe parcialmente a circulação enterohepática.
■ Possuem boa segurança e geralmente atuam no intestino.
■ Muito utilizado para tratamento de obesidade, mas a eficácia é pequena.

■ Cuidados:
● Devem ser administrados próximos às refeições.
● Aumentam a síntese hepática de colesterol e TG.
● Redução de 8 a 24% do LDL.
■ Reações adversas:
● Diminuem a absorção de vitaminas lipossolúveis.
● Diminuem a absorção da vitamina K, do anticoagulante varfarina e
da digoxina.
■ Condutas para pessoas com hipercolesterolemia:
● Primeira conduta: estatina (atorvastatina).
● Segunda conduta: estatina + inibidor de absorção do colesterol
(ezetimiba).
● Terceira conduta: estatina + inibidor de absorção de colesterol +
inibidor de absorção de ácidos biliares (colestiramina).

● Inibidores da absorção do colesterol


○ Ezetimiba
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■ Inibe o transportador NPC1L1.


● Diminui 50% a absorção intestinal do colesterol.
○ Reduz 15 a 20% do LDL plasmático.
○ Reduz 8% dos TG plasmáticos.
○ Aumenta em 3% de HDL.
■ Associação com estatinas: aumenta em 15% as ações das estatinas.
■ Não é fornecido pelo SUS.

● Fibratos
○ Genfibrozil, fenofibrato, bezafibrato, ciprofibrato.
■ Ligam-se ao PPAR-alfa (receptor ativado pelo proliferador peroxissômico),
um receptor nuclear expresso nos hepatócitos, músculo esquelético,
macrófagos e coração ⇒ TRANSCRIÇÃO DE GENES → EXPRESSÃO
PROTEICA ⇒ AUMENTA SÍNTESE DE apo AI → aumenta levemente
o HDL plasmático.
■ São os mais efetivos para controle da hipertrigliceridemia.
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○ Reações adversas:
■ Distúrbios gastrintestinais
■ Miopatia
■ Arritmias cardíacas
■ Elevação de transaminases hepáticas
○ Interações medicamentosas:
■ Varfarina: desloca a varfarina do sítio de ligação da albumina.
■ Estatina: inibem a glicuronidação das estatinas, portanto, podem aumentar
o risco de rabdomiólise (genfibrozila, principalmente).
○ São caros, então se não estiver tão aumentado além do normal, assim, pode-se tratar
com estatinas, que diminuem muito o TAG.

● Niacina
○ Ácido nicotínico ou vitamina B3 (vitamina hidrossolúvel).
■ Em concentrações fisiológicas – é o substrato na síntese de NAD e NADP
(cofatores metabólicos).
■ Quando utilizada acima de 500 mg → consegue reduzir LDL, TAG,
aumenta um pouco a HDL.
● De todas as classes, a niacina é quem aumenta mais os níveis de
HDL (apesar de não ser tanto).
● Atua nos próprios receptores de niacina → diminui a depuração da
HDL.
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● Se sugere 1g a 3g, mas, na prática, é recomendado usar uma


dosagem menor para evitar efeitos adversos.

○ Reações adversas:
■ Rubor cutâneo e prurido → liberação de prostaglandinas D2 e E2 na pele.
■ Miopatia (rara), porém pode aumentar com estatina.
■ Resistência insulínica.
■ Hiperuricemia (20%).

● Ácidos graxos ômega-3


○ Óleos de peixe: ácido eicosapentaenoico, ácido docosahexaenoico.
○ Possuem ação antiinflamatória em paredes de vasos.
○ Reduzem a biossíntese de TG → aumentam a oxidação de ácidos graxos.

● Inibidor da lipase gástrica e intestinal


○ Orlistat (Xenical ®)
■ Inibidor das lipases intestinais. Atua ligando-se covalentemente aos sítios
catalíticos das lipases gástrica e pancreática.
■ Diminui a absorção de triglicerídeos ingeridos em 30%.
■ Não se conhece definitivamente o papel do seu uso na prevenção da
aterosclerose.
■ É mais utilizado no tratamento de obesidade.
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Antinflamatórios não esteroidais (AINEs)


● Inflamação:
○ É uma resposta protetora a uma lesão tecidual de qualquer origem (trauma físico,
químico e infecção), com o objetivo de limitar a difusão do agente patogênico, levar
à sua destruição, remover detritos e iniciar reparo do tecido lesionado.
○ DOR, CALOR, RUBOR, TUMOR, PERDA DE FUNÇÃO.
○ Aumento da permeabilidade vascular → facilita diapedese → facilita transporte de
leucócitos para as áreas necessárias.
○ Mediadores químicos da inflamação
■ Respostas multimediadas:
● Histamina
● Bradicinina
● Óxido nítrico
● Eicosanoides ou prostanoides → prostaglandinas.
● PAF → Fator de agregação plaquetária.
● Citocinas
■ Eicosanoides:
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● Lesão/agressão tecidual e prostaglandinas → Fosfolipase A2 quebra


fosfatidilcolina → ácido aracdônico.
○ Lipoxigenase (LOX)
■ Leucotrienos.
● LTB4 e LTC4.
● Fazem broncoconstrição, se ligando aos
receptores de leucotrienos → importantes
vilões da asma.
● Promovem a ativação de neutrófilos.
● São agentes quimiotáticos → LTB4 e
LTC4.
○ Cicloxigenase (COX) → COX 1, COX 2 e COX-3
■ Tromboxanos.
● TXA2.
■ Prostaciclinas.
● PGI2.
■ Prostaglandinas
● PGR2, PGD2, PGF-alfa.
● Vasodilatação.
● Hiperalgesia, pelo aumento da sensibilidade
de nociceptores.
● Febre → prostaglandinas no centro
termorregulador do hipotálamo.
● Cólicas menstruais → PGF2-alfa →
estimula contrações do miométrio.
● Funções fisiológicas:
○ Diurese → vasodilatação da
arteríola aferente renal.
○ Inibe bomba de prótons e ativa
glândulas mucosas no estômago →
efeito gastroprotetor.
● COX:
○ COX-1 → CONSTITUTIVA (FISIOLÓGICA)
■ Estômago → gastroproteção.
● Citoproteção do TGI, com aumento da
secreção de muco e diminuição do HCl.
■ Rins → nefroproteção.
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● prostaglandinas → dilata a arteríola


aferente renal → aumenta a taxa de filtração
glomerular.
● Atua no processamento tubular →
transportadores, relacionados à absorção e
excreção de íons.
■ Útero → contração.
■ SNC
○ COX-2
■ INDUZIDA POR PROCESSO PATOLÓGICO
● Dor e inflamação.
● Macrófagos
● Linfócitos
● Células polimorfonucleares (PMN)
■ CONSTITUTIVA
● Rins → função renal.
● SNC → transmissão nervosa.
○ COX-3
■ É uma recente descoberta de isoforma da COX
encontrada no cérebro, medula espinhal e coração.
■ Possivelmente responsável pelo efeito antiálgicos
marcantes da dipirona e do acetaminofeno.
● Efeitos eicosanoides:

○ PGD2:
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■ Cérebro e mastócitos → vasodilatação.


○ PGF2-alfa:
■ Útero e pulmões → contração do músculo liso e
broncoconstrição.
○ PGE2:
■ Macrófagos e mastócitos → vasodilatação,
hiperalgesia, febre, diurese (vasodilatação renal),
inibe bomba de prótons e ativa glândulas mucosas
no estômago.
○ PGI2:
■ Endotélio:
● Vasodilatação.
● Inibe a agregação plaquetária.
● Hiperalgesia.
● Vasodilatação da arteríola aferente renal.
○ TXA2:
■ Plaquetas → vasoconstrição, broncoconstrição e
agregação plaquetária.
● Antinflamatórios:

○ Antiinflamatórios não esteroidais (AINEs)


■ Não tem ação hormonal.
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■ Exemplos:
● AAS
● Dipirona
● Paracetamol
● Diclofenaco
● Ibuprofeno
● Cetoprofeno
● Nimesulida
■ MEA → inibem as COX, reduzindo a síntese de prostanoides
(prostanoides e tromboxanos).
Fisiologia: pirogênio endógeno, em situações de sinalização imunológica, aumenta
muito a expressão da COX-2 e um pouco a COX-1. Aumenta a produção de
prostaglandina, aumenta o se
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■ AINEs podem piorar crises de asma, principalmente AAS. Eles podem


apenas reduzir os prostanoides, os leucotrienos continuam participando do
processo inflamatório.
■ Febre:

● Centro termorregulador do hipotálamo


○ t point da regulação de temperatura → temperatura sobe e
causa febre.
○ AINEs atuam inibindo as COX e impedem a produção de
prostaglandina e, assim, diminui o set point de regulação de
temperatura → temperatura diminui e abaixa a febre.
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○ OBS: antipirético diminui a febre para 36,5°C, antitérmico


diminui um pouco mais.
○ AINE tem ação antipirética mais eficiente do que AIE,
porque tem ação mais rápida do que os hormonais (meia
vida menor), assim, a pessoa não ficaria muito tempo com
febre.
■ Dor:
● Prostaglandina diminui o limiar de excitabilidade da dor → sente
dor mais facilmente.
○ Mecanismos periféricos da dor e inflamação:
prostaglandinas.
■ AINEs.
○ Mecanismos centrais da dor: receptores de endorfina,
participação de noradrenalina para sinalização de dor →
dor de membro fantasma.
■ Morfina → opioides.
■ Tramadol.
■ Codeína.
■ Antidepressivos → venlafaxina.
■ Anticonvulsivantes → carbamazepina.
● Escada da dor:

○ Ações farmacológicas:
■ Antinflamatório
■ Analgésico
■ Antipirético
○ Usos: febre, dor, cefaleias, processos inflamatórios, bursite,
tendinite, artrite, dor de dente.
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■ Classificação:
● Inibidores seletivos da COX-1: Indometacina, AAS (70 a 400
mg, inibe seletiva e irreversivelmente a COX-1; A partir de 400 mg
inibe COX-1 e COX-2).
● Inibidores da COX-1 e COX-2:
○ AAS
○ Diclofenaco
○ Ibuprofeno
○ Naproxeno
○ Paracetamol/acetaminofeno - não é antinflamatório.
○ Dipirona - não é antinflamatório.
● Inibidor preferencial da COX-2:
○ Nimesulida.
● Inibidores seletivos da COX-2:
○ Celecoxibe
■ Reações adversas:

● Irritação TGI → AAS, principalmente.


● Sangramento → inibição de agregação plaquetária (AAS e
ibuprofeno, principalmente).
○ Não é indicado para cólica menstrual → aumentaria o fluxo
menstrual.
● Nefrotoxicidade:
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■ Função renal:
● COX-1 e COX-2 são altamente expressas nos rins.
● Prostaglandinas são importantes moduladores fisiológicos do
tônus vascular e equilíbrio hídrico em rins de mamíferos,
incluindo modulação da hemodinâmica glomerular, reabsorção
tubular de sódio e água e regulação da secreção de renina.
● A medula renal interna apresenta importante papel na homeostase
hidroeletrolítica.
● Prostaglandinas medulares intersticiais podem modular
reabsorção de soluto e água também através de efeitos diretos na
absorção de sódio pelo ramo ascendente da alça de henle e ducto
coletor.
● Determinados pacientes encontram-se em maior dependência das
prostaglandinas renais vasodilatadoras para o adequado
funcionamento desse órgão: idosos, pessoas com insuficiência
cardíaca, doenças renais prévias, diabéticos, cirróticos e
hipovolêmicos.
■ Inibição das COX:
● Inibir só a COX-1: sangramento.
● Inibir só a COX-2 aumenta o risco de IAM, porque pode causar
trombose.
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● Prostaglandinas derivadas da COX-2 também podem ter papel


crítico na manutenção do fluxo sanguíneo medular renal e excreção
de sódio.
○ Coxibe e alecoxibe.
● Inibe as 2 COX: equilíbrio.
■ Classificação:
● Salicilatos: AAS

○ Bom analgésico e antipirético.


○ Fraco antinflamatório.
○ Usos: cefaleia, artralgia, mialgia, dor de dente, febre,
antirreumático e antiagregante plaquetário.
○ Contraindicado em caso de suspeita de dengue:
■ A doença já diminui as plaquetas, naturalmente. Se
for hemorrágica, pior ainda.
○ Reação adversa:
■ Síndrome de Reye em crianças → distúrbio
hepático e encefalopatia.
■ Salicilismo.
■ Crise de asma → porque os leucotrienos não são
induzidos.
● Pirazolonas:
○ Dipirona (Novalgina®)
■ Excelente analgésico e antipirético.
■ Sem ação antiinflamatória (doses terapêuticas).
■ Não altera a função plaquetária.
■ Reação adversa:
● Aplasia medular.
● Agranulocitose.
● Hipersensibilidade.
● Queda de pressão arterial.
● Sonolência.
● Acetaminofeno:
○ Paracetamol (Tylenol®)
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○ Bom analgésico e antipirético.


○ Sem ação antiinflamatória.
○ Não altera a função plaquetária.
○ Reação adversa: hepatotoxicidade
■ Paracetamol → metabólito hepatotóxico.
○ Toxicidade: necrose hepática severa → óbito.
○ Doses tóxicas:
■ Adultos: 6 - 7,5g.
■ Dano hepático após consumo diário de 5g.
■ Crianças: > 150 mg/kg de peso.
■ Óbitos: 15g.
● Derivados do ácido heterorilacético:
○ Diclofenaco (Cataflan®)
■ Bom analgésico e antipirético.
■ Boa ação antinflamatória.
● Derivados de ácidos propiônicos:
○ Ibuprofeno
○ Naproxeno
○ Bom analgésico e antipirético.
○ Boa ação antiinflamatória.
○ Reação adversa: fechamento prematuro do ducto arterioso
(se utilizado no último trimestre da gestação).
■ Ducto arterioso precisa de prostaglandinas para se
manter aberto. Então, se a gestante ingerir um
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fármaco que passa pela barreira hematoplacentária,


inibe a COX-1, principalmente no último trimestre
de gestação.
○ Indometacina → inibidor seletivo na COX-1, disponível
por via parenteral para promover fechamento de ducto
arterioso. Ibuprofeno também pode ser usado (é ainda mais
comum do que usar indometacina).
○ Ter cuidado para administração de antiinflamatório
durante a amamentação, porque passa para o bebê através
do leite.
● Coxibes ou AINES de 2ª geração → inibidores seletivos da
COX-2
○ Celecoxib (Celebra®)
■ Bom analgésico.
■ Fraco antipirético.
■ Boa ação antiinflamatória.
■ Não causa tanto desconforto gástrico.
○ Rofecoxibe (Vioxx®) → retirado do mercado por risco de
IAM.

○ Antiinflamatório esteroidais (AIEs)


■ Glicocorticoides ou antiinflamatórios hormonais → têm estrutura
semelhante ao cortisol.
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