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176p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-280-0
CDD 636.1
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................8
2 HISTÓRICO................................................................................................................................9
3.1.5.1Cachimbo ..................................................................................................................................19
3.1.5.4Troncos .....................................................................................................................................23
3.2Exame clínico..................................................................................................................................24
3.2.1 Importância do Exame Clínico ...............................................................................................24
3.2.2 Identificação.............................................................................................................................24
4.6.3 Onfaloflebite.............................................................................................................................47
5 ENFERMIDADES INFECCIOSAS.............................................................................................49
5.6 Brucelose...................................................................................................................................59
9.4 Tying-up.....................................................................................................................................90
10.1 Palatite......................................................................................................................................115
11.2 Feridas......................................................................................................................................125
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................181
1 INTRODUÇÃO
O cavalo, como todos os seres vivos, passaram por uma evolução ao longo dos
tempos. Originário da América do Norte (há 50 milhões de anos), o Eohippus apresentava o
tamanho de um cão.
O Miohippus migrou ao sul da Argentina, indo para o sentido Sul e, para o Norte,
atravessou o Estreito de Bering, chegando à Ásia, Europa e África, com exceção da Austrália e
Ilhas Nipônicas, consistindo esta na primeira migração dos antepassados do cavalo atual.
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2.5 EXTINÇÃO
Os equinos foram domesticados pelo homem há pelo menos 3000 anos antes de
Cristo. Os cavalos foram domesticados mais tarde do que outras espécies, inclusive após a
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domesticação do jumento. Antes da domesticação dos equinos, este era usado como alimento e,
posteriormente como tração e carga. A equitação começou a evoluir após a descoberta da liga
de bronze, com a fabricação das embocaduras (freios e bridões).
Após a invenção do estribo é que a equitação evoluiu ainda mais e o cavalo começou a
ser usado como arma de guerra, pois seu uso permitiu maior estabilidade podendo o cavaleiro
empunhar armas em uma das mãos.
Os “hititas” foram o povo que primeiro usou o cavalo para conquistar vitórias em
guerras e a partir daí influenciaram outros povos. Os cavalos eram venerados como animais
nobres, sendo assim, os encarregados de cuidar dos cavalos assumiam notoriedade na
sociedade hitita. Dos hititas por intermédio dos egípcios (por eles dominados) é que chegou a
paixão por cavalos aos romanos e gregos, que no ano de 700 A.C. instituíram a corrida de
cavalos nos Jogos Olímpicos.
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3.1 CONTENÇÃO
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Os potros podem ser bastante difíceis e até perigosos de controlar antes de tornarem-
se acostumados com o manejo. Isso porque são muito pequenos, não são familiarizados com a
contenção e apresentam movimentos muito rápidos. Embora não sejam tão ameaçadores
quanto um cavalo adulto, ainda assim eles podem morder e coicear perigosamente. Quando o
potro está em estação, o melhor método para a contenção consiste em parar (em pé) ao seu
lado com uma mão ao redor do peito e a outra por trás dos músculos da coxa, e em alguns
potros mais rebeldes, pode ser necessário segurar a base da cauda e elevá-la para obter um
controle extra. Dessa maneira, consegue-se um método de contenção fácil e seguro, pois o potro
não consegue mover-se.
Como os potros ainda não foram treinados a serem conduzidos tanto por rédea como
por cabresto, devem ser conduzidos por uma laçada feita com uma corda e colocados sobre sua
garupa. Assim o condutor, em pé, ao lado do potro, segura a extremidade livre da corda e puxa
gentilmente. Dessa maneira, o potro sente a pressão por trás e tende a mover-se para frente. Do
outro modo, se é puxado por uma corda-guia ou rédea, o potro resiste, recuando no sentido
contrário à pressão. É importante ressaltar que quem está conduzindo o animal deve ter cuidado
para que se o potro recuar, não puxar o cavalo no sentido contrário, pois pode entrar em um
“cabo de guerra” com o animal e isso fará com que ele tenda a sentar, podendo na queda causar
sérias lesões.
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As diferenças essenciais entre adultos e potros são que potros têm um volume menor
de distribuição às drogas, uma menor proporção de gordura corporal, menos albumina para
ligação com as drogas e mecanismos hepáticos e renais de eliminação menos desenvolvidos.
Uma vez que esses aspectos sejam mantidos em mente, a maioria das drogas usadas para
adultos pode ser usada para potros, respeitando as dosagens recomendadas. A xilazina, na
dose de 1,1 mg/kg, é particularmente útil, pois age rápida e confiavelmente, possui um período
de ação curto e pode ser combinada com butorfanol para fornecer uma combinação confiável,
usada em procedimentos diagnósticos dolorosos como coleta de líquido sinovial ou líquido
cefalorraquidiano. Se o Médico Veterinário não deseja decúbito do animal, deve atentar para as
doses utilizadas e para a associação entre fármacos.
Para o exame clínico normal, é melhor que o cavalo não esteja sob influência de
qualquer medicação que possa deprimir o Sistema Nervoso Central (SNC), porque o estado
mental do paciente e sua resposta a vários estímulos constituem uma parte importante na
avaliação clínica. Quando a contenção química se faz necessária, deve-se ter em mente as
ações farmacológicas das drogas usadas e se elas podem ou não interferir com a função dos
órgãos que estão sendo examinados (por exemplo, a administração de xilazina antes da
auscultação abdominal, para avaliar a função dos intestinos, ou da auscultação cardíaca, para
avaliar os sons cardíacos). Drogas usadas para contenção química produzem vários graus de
depressão do SNC e analgesia. Essas drogas são classificadas como tranquilizantes, sedativo-
hipnóticas e opiáceas. A diferença básica entre tranquilizantes e as outras (sedativo-hipnóticas e
opiáceas) é que tranquilizantes produzem depressão no SNC sem analgesia ou anestesia,
enquanto que as outras, além de depressão do SNC, causam vários graus de anestesia e
analgesia.
3.1.5.1 Cachimbo
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O cachimbo é uma peça essencial de equipamento para qualquer pessoa que maneje
cavalos. A estrutura do cachimbo consiste numa laçada de corda ou corrente presa a um cabo.
O princípio é que a laçada é colocada no focinho do cavalo e apertada, torcendo-se o cabo.
Dessa forma, o cavalo é distraído, permitindo que se prossiga com o tratamento ou exame. Há
diferentes métodos de aplicar e segurar o cachimbo, mas como ele é potencialmente perigoso
tanto para o cavalo como para a pessoa que o aplica, é um procedimento que deve ser feito com
segurança. Se há uma pessoa competente segurando a cabeça do cavalo, o veterinário pode
usar ambas as mãos para aplicar o cachimbo.
Utiliza-se como uma forma de contenção, distrair o cavalo agarrando com uma ou as
duas mãos, uma prega da pele do pescoço e aplica-se firmemente um movimento de rotação, de 21
maneira a colocar tensão sobre a pele. Isso pode ser difícil de fazer em cavalos muito fortes ou
de pele grossa, ou se o examinador não é muito forte; no entanto, é um método que dispensa
equipamentos e pode ser aplicado rápida e seguramente.
Esse método tem especial valor para a contenção rápida e para estabilizar a cabeça,
enquanto o cachimbo é aplicado ou uma sonda gástrica, ou endoscópio são passados pelas
fossas nasais. O cachimbo pode ser também aplicado na orelha, mas isso não é recomendado
em razão à possibilidade de lesão na cartilagem aural.
Os troncos são úteis para conter cavalos que apresentam tendência de afastarem-se
do examinador ou de serem violentos, tornando o exame clínico mais seguro, sendo importante 23
que o examinador tenha acesso à região que ele deseja, e que o cavalo seja colocado e retirado
do tronco com segurança. Troncos são fabricados de muitas formas, as principais variações
consistem no grau em que eles são fechados e se as portas laterais podem ou não ser abertas.
Quando os lados são fixos e não podem ser abertos, é importante que eles não sejam totalmente
fechados, pois sempre é desejável ter-se acesso à parte inferior dos membros para exame
radiológico ou ao abdômen ventral, para paracentese abdominal. É desejável que exista uma
forração adequada no tronco para proteger o cavalo de traumatismos, caso ele recue ou coiceie.
Figura 11: Exemplo de tronco de ferro. Fonte: Méd. Vet. Sabrina Lorenzoni
3.2 EXAME CLÍNICO
24
3.2.2 Identificação
- Preto;
- Castanho (zaino);
- Tordilho;
- Alazão-tostado (chestnut);
- Alazão-claro (sorrel);
- Colorado (Bay);
- Gateado (dun);
- Lobuno (grullo);
- Baio cabos negros (buckskin);
- Palomino;
- Paint (pintado);
- Branco;
- Salpicado (Dappling);
Figura 12: Baio Cabos Negros. Figura 13: Branco. Fonte: Méd. Vet. Sabrina Lorenzoni
Figura 14:Rosilho. Figura 15: Alazão tostado. Fonte: Méd.Vet. Sabrina Lorenzoni
Figura 16: Castanho. Figura 17: Preto. Fonte: Méd. Vet. Sabrina Lorenzoni
Marcas nos membros são também muito comuns e constituem parte importante da
identificação do paciente. Temos as seguintes denominações: coroa (coronet), traço de calçado
nos talões e na coroa (heel and white spot), quartela, boleto, canela, joelho e jarrete, marcas
pretas e redemoinhos nos pelos.
Padrões de fluxo de pelos são únicos para um indivíduo e importantes para sua
identificação. Há numerosos locais, denominados redemoinhos, onde ocorre o encontro entre
regiões de pelos orientados em diferentes direções e onde os pelos têm a tendência em
permanecer eretos.
Ainda podemos identificar o paciente equino pelos seus sinais adquiridos, tais como:
cicatrizes, marcação por congelamento, marcação a fogo ou tatuagens.
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3.2.3 Anamnese
- Postura;
- Tipo de respiração;
- Desenvolvimento muscular;
- Andar;
- Fraqueza;
- Temperamento.
3.2.5 Exame Físico Geral
O exame geral é feito para identificar problemas rapidamente e para localizá-los num
determinado órgão ou sistema. É um componente extremamente importante da avaliação clínica, 32
porque, quando realizado de forma correta, pode rapidamente dirigir as atenções para uma
região ou sistema específico e, simultaneamente, assegurar que não se negligenciem problemas
menos aparentes ou totalmente inesperados.
Esse é um ponto importante, pois muitos proprietários têm pouca ou nenhuma ideia do
problema específico que está afetando seu cavalo. O exame físico começa com registro da
temperatura, pulso e respiração e a seguir concentra-se em determinadas regiões do organismo,
seguindo dessa forma para um exame detalhado de cada sistema do organismo.
O exame do ambiente é uma etapa não menos importante que as anteriores, devendo
incluir todos ou alguns dos seguintes tópicos:
- Acomodação;
- Ventilação;
- Água;
- Nutrição;
- Exame relacionado a intoxicações.
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Embora um diagnóstico possa, muitas vezes, ser feito sem recurso de meios auxiliares
de diagnóstico, um auxílio extra frequentemente é necessário. Meios auxiliares de diagnóstico
usados de modo relativamente comum incluem patologia clínica, radiologia, ultrassonografia,
eletrocardiografia e histologia.
3.3.1 Temperatura
A temperatura é avaliada por meio do uso de termômetro previamente lubrificado, por
via retal. A temperatura normal de um cavalo adulto é de 38°C e de potros nos primeiros dias de
vida é de 37°C a 39°C.
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3.3.2 Pulso
3.3.4 Urina
3.3.5 Hematologia
Os exames sanguíneos são realizados por intermédio da coleta de sangue venoso das
veias jugulares. Os valores de referência para análise de eritrócitos é de 6,5-12,5 x 109/l,
hemoglobina 110-190g/l e hematócrito 0,32-0,52 l/l.
4 CUIDADOS COM O POTRO RECÉM-NASCIDO
4.1 GESTAÇÃO
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A duração da prenhez na égua é geralmente de 335 a 345 dias, embora não seja
incomum para uma égua conduzir a gestação até os 365 dias. Qualquer nascimento antes dos
325 dias é prematuro, e o nascimento a menos de 300 dias é geralmente incompatível com a
vida. Muitas éguas repetem seu plano de gestação, de tal forma que a duração de cada
gestação deve ser documentada. Qualquer variação marcada nesse esquema deve ser
investigada.
Os potros, por constituírem o futuro e a finalidade para qual se criam cavalos, devem
receber atenção mesmo antes do nascimento. Éguas prenhes deverão receber suplementação
alimentar e um fornecimento adicional de concentrados e sais minerais, devidamente
equilibrados na relação Ca:P, 2:1, a fim de que o desenvolvimento do feto não seja prejudicado.
Aproximadamente dois terços do crescimento fetal ocorre durante os últimos três meses de
prenhez. Durante este período as quantidades de proteína, cálcio e fósforo necessários devem
ser adicionados à ração.
4.2 PARTO
4.3 O NASCIMENTO
Tão logo o potro tenha nascido, certifique-se que a bolsa amniótica esteja fora do nariz
do potro. Espere 30 segundos e se o potro não respirar, friccione-o, segure-o de cabeça para
baixo e balance-o, e retire o material de sua boca e narinas. O potro geralmente fará isso por si
só. Se o potro não estiver respirando por mais que 60 segundos após o nascimento, inflar os
pulmões soprando em uma narina enquanto se fecha a narina oposta e a boca. Essa inflada
inicial pode ser tudo o que era necessário para se iniciar a respiração.
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Tente deixar o cordão umbilical intacto por diversos minutos e deixe a égua deitada
descansando. O potro pode receber até 1500ml de sangue da placenta. Se o cordão umbilical for
rompido muito rapidamente, o sangue esguichará do umbigo do potro. Para evitar essa perda
sanguínea, a artéria umbilical deve ser pinçada com os dedos e premanecer segura e ocluída
por vários minutos.
A placenta, ou anexos fetais, que normalmente pesa de 4,5 a 5,5 kg, é de um modo
geral expelida dentro de 15 minutos a 01 (uma) hora após o parto. Se ela não vier para fora
facilmente, o tratamento médico-veterinário é recomendado. A placenta retida na égua pode
resultar em infecção uterina (metrite), infertilidade, laminite ou morte.
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4.4 LACTAÇÃO
Pode ocorrer o fato de a égua não aceitar o potro, ou então tenha ocorrido a morte da
mãe no momento do parto, ou mesmo durante o primeiro mês de vida do potrinho, surgindo a
necessidade do aleitamento artificial, sendo de suma importância termos um banco de colostro
na propriedade.
O desmame deve ser feito de tal forma que se minimize o estresse e a excitação tanto
para a égua como para o potro. Alguns potros se tornam nervosos quando são separados da
mãe pela primeira vez, e em consequência podem se machucar. Por ocasião do desmame é 41
sempre melhor mudar a égua, deixando o potro em adjacências familiares, fazer a separação
abrupta, completa e final, e deixar o potro com outro cavalo que é acostumado a tal manobra, ou
colocar dois potros juntos. Se o potro vê, ouve ou cheira a mãe nesse período, o desmame é
mais difícil e prolongado. Se eles não podem ser separados completamente desta maneira, o
desmame pode ser conseguido colocando-os em piquetes separados de forma ao potro não
poder entrar em contato com a mãe.
4.5 COLOSTRO
O colostro é o leite mais importante para o potro e ele deverá tomá-lo no máximo
dentro das primeiras 6-12 horas de vida, que é o período que ocorre o pico de absorção das
imunoglobulinas, reduzindo gradativamente em razão das modificações das células epiteliais por
células maduras e início da atividade enzimática.
Antes do potro se alimentar, lave o úbere da égua com uma boa solução desinfetante,
enxágue e enxugue o mesmo. Normalmente, o potro irá mamar em 1.1/2 a 2 horas, embora esse
tempo possa variar desde ½ a 6 horas. Se o potro não estiver mamando em torno das 6 horas
após o parto, ou estiver fraco, ordenhe certa quantidade de colostro da égua, ou retire um pouco
de um banco de colostro congelado, e forneça ao potro com o uso de uma mamadeira ou outro
recipiente parecido com uma sonda estomacal.
O colostro é o primeiro leite disponível para o potro após o nascimento. Ele é secretado
antes, durante, e um pouco após o parto. Ele contém anticorpos que são essenciais para a
resistência do potro contra enfermidades infecciosas. A quantidade de anticorpos presente no
colostro diminui rapidamente à medida que o leite é retirado do úbere: a habilidade dos intestinos 42
do potro em absorver o colostro também diminui rapidamente durante seu primeiro dia de vida.
Portanto, como todos os animais recém-nascidos, é importante para o potro mamar quantidades
adequadas de colostro durante o primeiro dia de vida. Se a égua gotejou leite por mais de uma
ou duas horas antes do potro mamar, ela pode ter perdido muito do seu colostro, e o potro pode
necessitar de ser alimentado com colostro de égua obtido de outra fonte.
A doença ocorre por meio da ativação do sistema imunitário da égua por antígenos
provenientes das hemáceas do feto.
A icterícia hemolítica poderá ser evitada realizando-se o teste acima citado para o
diagnóstico da enfermidade no potro recém-nascido, ou através da prova de aglutinação do
sangue do garanhão, pai do potro, e do soro da mãe, duas semanas antes do parto. Este
procedimento permite, com relativa antecedência, que as providências possam ser tomadas para
a substituição do colostro, ou para que o aleitamento do potro que vai nascer seja artificial.
O potro ao nascer deverá ter seu sangue testado para se evitar a incompatibilidade,
antes da primeira mamada. Caso seja positivo, deverá ser impedido de mamar, portanto o parto
preferencialmente deve ser assistido, e receber colostro de outra égua após o teste, associado
ou não à administração de plasma.
O tratamento é a ingestão de colostro de doadoras sadias, transfusão de sangue
previamente testado quando o hematócito for menor do que 18, ou então transfusão quando os
níveis de hemáceas forem menores do que 3 x 106/ul (cerca de 1 a 2 litros de sangue total).
O único tratamento que pode ser necessário é não permitir que o potro mame em sua
mãe por 36 horas e mantê-lo tão quieto quanto possível. Mantenha o potro em uma baia e
minimize assim todo tipo de estresse. Se a icterícia estiver presente e os sinais clínicos e anemia
forem mais severos, uma transfusão sanguínea é necessária.
Um teste de lâmina para determinar se essa condição ocorrerá pode ser conduzido ao
se misturar 1 gota de sangue do coto umbilical do potro com quatro gotas de solução salina 0,9%
e 5 gotas do colostro da égua em um lâmina de vidro limpa. Se a aglutinação verdadeira ocorrer
dentro de aproximadamente 5 minutos, então a doença ocorrerá se o potro ingerir esse colostro.
4.6.3 Onfaloflebite
O tratamento, na fase inicial, deve ser feito pela aplicação de tintura de iodo 2%,
diariamente no coto do umbigo, e cobertura antibiótica com pelicinina G benzantina na dose de
20.000 UI/kg, pela via intramuscular ou gentamicina na dose de 2mg/kg, pela via intramuscular
ou subcutânea a cada 8 horas, pelo menos durante 5 dias.
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O agente etiológico é endêmico nas criações de equinos e pode ser encontrado nas
mucosas orofaríngea e nasal normais. O micro-organismo preexiste na mucosa nasal, faríngea,
ou em recém-contaminados, penetram nas glândulas nasais e no tecido linfoide faríngeo,
causando processo inflamatório com exsudato seroso ou seromucoso que em dois a quatro dias
se transforma em purulento. A seguir, pelos vasos linfáticos o processo alcança os linfonodos
regionais que se infartam e sofrem processo purulento, abscendando e fistulizando nos quatro a
dez dias seguintes.
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Se a enfermidade se agravar, o que poderá ocorrer em 1-2% dos casos surge forte
dispneia e pneumonia; pode ainda acontecer difusão linfática e hemática, comprometendo
muitos outros linfonodos como os faringeanos, submaxilares, parotídeos.
Figura 32 e 33: Equino com linfonodos retrofaríngeos e submandibulares enfartados. Fonte: Méd. Vet. Sabrina
Lorenzoni
Figura 34: Abscedação em razão ao Garrotilho. Fonte: Méd. Vet. Sabrina Lorenzoni
5.2 INFLUENZA EQUINA
Todos os equinos são sensíveis, sendo que o contágio se processa através do ar e por
partículas úmidas que os equinos afetados eliminam por meio da tosse.
A auscultação dos pulmões dos animais gravemente enfermos pode revelar estertores
e sibilos decorrentes do líquido contido nos brônquios e bronquíolos, traduzindo complicações
como bronquite e bronquiolite e, às vezes, edema ou pneumonia.
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O vírus é transmissível a todos os equídeos, por meio da picada de insetos
hematófagos que funcionam como vetores da doença.
Da mesma maneira com que a transmissão se realiza naturalmente, ela pode ser
efetuada pelo emprego de instrumental cirúrgico e agulhas hipodérmicas não-esterilizadas, o que
justifica a utilização de agulhas descartáveis na colheita do sangue para exames ou tratamentos
de doenças.
Figura 36: Mucosa pálida típica de anemia. Fonte: Dyson, S. Equine Practice, 1997.
Nos casos crônicos ativos, o equino apresenta períodos de febre de 1 a 7 dias e, a
seguir, podem voltar à normalidade por algumas semanas, para, posteriormente, principalmente
sob condições de estresse e de má nutrição, manifestar novamente os sintomas.
Como não existe tratamento específico, o controle e a profilaxia são, ainda, as únicas
alternativas que possuímos, para o combate à doença. Como também não existem vacinas e os
animais doentes são os reservatórios vitalícios, a única medida efetiva é a realização da Prova
de Coggins pelo menos uma ou duas vezes ao ano, assim como a exigência de atestado
provando a negatividade para a Prova de Coggins em exposições, leilões e transporte de
animais.
Três são os tipos de vírus causadores da encefalomielite; são RNA vírus da família
Togaviridae. Os agentes da enfermidade são os vírus da encefalomielite equina oeste, leste e
Venezuela.
5.5 TÉTANO
O Clostridium tetani é encontrado em todo o mundo e é mais comum, variando por isto
a morbidade da doença, em regiões de terras férteis de cultura com exploração animal e, apesar
de habitar o solo, o bacilo também é encontrado abundantemente nas fezes dos animais.
Com o progredir da doença, a marcha pode estar impedida em virtude à rigidez dos
músculos e o cavalo adotar uma postura de “cavalete” ou “cavalo de pau”, mantendo os
membros estirados e abertos para possibilitar uma base de apoio ampla e facilitar a respiração. 58
A cauda estará erguida e desviada para um dos lados (cauda em bandeira) e, nesta fase, o
animal reage violentamente, com hiper-reflexia, ao ruído, à luz solar ou tocando-se e batendo-se
levemente no focinho, logo abaixo dos olhos. Quando forçado a locomover-se, o animal pode
cair mantendo a posição espástica dos membros. Podem ocorrer convulsões e opistótomo, o
suor pode ser profuso e a temperatura extremamente elevada (42°C) na fase inicial.
O tratamento auxiliar deve ser feito com injeções de penicilina procaína mais penicilina
benzatina em partes iguais a fim de eliminar o Clostridium tetani do foco; o relaxamento da
tetania deve ser feito com aplicação de 0,5 mg/kg de clorpromazina. Como alternativa podem ser
usados os benzodiazepínicos ou miorrelaxantes com bons resultados como flunitrazepan.
A profilaxia a curto prazo deve ser feita com aplicação de soro antitetânico, pela via
subcutânea, em todo animal que for operado, com antecedência de 24 horas, ou em qualquer
cavalo que apresente ferimento, assim ele estará protegido por 15-20 dias. Associe
preventivamente penicilina benzatina para impedir o estabelecimento do agente infeccioso.
A vacinação com anatoxina ou o toxoide tetânico deve ser feita em todos os animais,
aplicando-se uma dose, repete-se um mês após e novamente 5 a 6 meses após. A imunidade
útil com este esquema é de pelo menos cinco anos, podendo-se realizar, quando em cirurgia ou
em acidentes traumáticos, a qualquer tempo, mais uma dose de reforço para a “memória” 59
imunológica do animal. Os potros devem ser vacinados com a primeira dose do toxoide com seis
meses de idade.
5.6 BRUCELOSE
O tratamento para a brucelose animal não é recomendado, pois existe grande risco de
insucesso, em razão à presença intracelular da bactéria, que impede os antibióticos de
alcançarem concentrações ótimas para eliminá-la.
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5.7 LEPTOSPIROSE
Em equinos a infecção por Leptospira interrogans sorovar pomoma tem sido associada
a uma oftalmite recidivante.
A leptospirose pode ser transmitida por meio do sêmen, que se contamina com a urina
durante a monta natural ou na sua coleta para inseminação artificial.
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Figura 39: Cavalo lesão oftálmica; sequela de leptospirose. Figura 40: Cavalo com leptospirose usando óculos
de proteção.
Esquema de Vacinação
Fonte: http://www.cavaloscrioulos.com.br/materias.php?idm=41
6 SISTEMA RESPIRATÓRIO
6.1 EPISTAXE
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As causas mais comuns da epistaxe são as lesões traumáticas sobre a cavidade nasal
e as fraturas de ossos nasais, seguida pela hemorragia causada pela passagem mal conduzida
de sonda nasogástrica, ou em cavalos com fragilidade vascular decorrente de endotoxemia.
Menos frequentes são as epistaxes provenientes de processos de ulceração micótica dos vasos
sanguíneos das bolsas guturais, e de lesões da laringe e da traqueia.
Nas epistaxes provenientes de problemas das vias aéreas inferiores, o exame clínico
minucioso deve revelar a origem do processo.
No caso de epistaxes pós-exercício, referida como hemorragia pulmonar (alveolar)
pós-exercício, em razão da etiopatogenia pouco esclarecida, muitos esquemas terapêuticos são
utilizados, quase todos com poucos resultados práticos.
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6.2 SINUSITES
Figura 42: Imagem endoscópica da laringe de um equino com movimentação fisiológica de ambas as cartilagens.
Fonte: d'Utra, 1998.
Figura 43: Imagem endoscópica da laringe de um equino portador de hemiplagia. Fonte: d'Utra, 1998.
O tratamento deve ser médico e cirúrgico. Médico quando o cavalo é precocemente
atendido, e é portador de enfermidades como o garrotilho, podendo utilizar a antibioticoterapia
específica (penicilina benzatínica na dose de 90.000 UI/IM) para produzir melhora do quadro
clínico.
Os melhores resultados que poderão ser obtidos com a utilização das várias técnicas
propostas, só ocasionalmente podem ultrapassar os 70% de recuperação total, mantendo-se
comumente na média de 30% e 50%.
São muitos sinônimos pelos quais a D.P.O.C. é conhecida, entre eles citamos:
enfisema crônico, bronquite crônica, bronquiolite crônica e obstrução de fluxo de ar recorrente. A
etiopatogenia não se encontra ainda completamente esclarecida, assim como os sinais clínicos
podem apresentar variações em termos de tipos de manifestações e de intensidade com que se
manifestam.
Cavalos com crises agudas podem ser tratados com anti-histamínicos (prometazina 0,5
70
a 1,0mg/kg) associados à corticoterapia (prednisolona oral 1 a 2mg/kg). Drogas
broncoespasmolíticas (clembuterol 0,8 µg/kg) e mucolíticas (Bisolvon®), ou em sistemas de
nebulização (Pirbuterol 600g/cavalo), produzem alívio imediato dos sintomas, principalmente
quando se realiza oxigênioterapia concomitantemente.
6.5 PNEUMONIAS
Muitas podem ser as causas predisponentes de pneumonias nos equinos, podendo ser
decorrentes de estresse causados por transporte prolongado e inadequado, trabalho forçado em
animais débeis e enfermos, intervenções cirúrgicas e debilidade física geral. Podem também ser
consequência de acidentes iatrogênicos ou não, como na intubação pulmonar nas passagens de
sonda nasogástrica, ferimentos e traumas torácicos e traqueias, ou introdução de corpos
estranhos nos pulmões.
O ciclo pulmonar de alguns parasitos como Parascaris equorum e o Dictyocaulus
arnfield também pode predispor ao desenvolvimento de pneumonia bacteriana. Os processos
virais geralmente ocorrem como epidemias, ou endemias, com alta morbidade e baixa
mortalidade.
As pneumonias acometem com frequência os potros e cavalos adultos, sendo que nos
cavalos adultos, os micro-organismos que mais frequentemente podem ser isolados são o 71
Streptococcus zooepidemicus, Pasteurella hemolítica. Staphylococcus aureus, E. coli e a
klebsiela pneumoniae. Em geral, os aspiradores traqueobronquiais em cavalos adultos, revelam
infecções por S. zooepidemiccus ou Pasteurella sp, isoladamente ou associadas entre si, e a
outros microrganismos patogênicos. Nos potros são comuns os isolamentos de S.
zooepidemicus, Pasteurella sp., Rhodococcus equi, e o Staphylococcus aureus, Actinobacillus
equuli, Klebsiella e Salmonella spp.
O Rhodococcus equi pode ser encontrado no solo seco, solo arenoso, no ar sob a
forma de aerosois, e no trato intestinal. Por estas razões, a imunocompetência do potro, constitui
fator fundamental na defesa de seu organismo, impedindo a instalação e desenvolvimento da
infecção, principalmente do segundo ao quarto mês de vida em que a imunidade passiva
começa declinar.
74
7 SISTEMA SANGUÍNEO E VASCULAR
7.1 BABESIOSE
75
A babesiose, é uma doença causada por protozoários do gênero Babesia sp, que
pode acometer bovinos, ovinos, suínos e equinos.
O apetite pode permanecer presente nas crises menos graves, ou até mesmo ocorrer
anorexia quando os cavalos são intensamente afetados. Nestas condições os animais adultos
podem ficar imóveis, relutantes para movimentar-se e alguns chegam mesmo a permanecer em
decúbito esternal ou lateral, não respondendo quando estimulados. A icterícia aparece
discretamente como uma ligeira descoloração da conjuntiva ocular e das mucosas, para
posteriormente apresentar-se de coloração fracamente amarelada, até amarelo-escura. Há
edema na região do machinho e ocasionalmente nas partes baixas do corpo e na cabeça.
Devido à hemólise, a contagem dos glóbulos vermelhos pode chegar a 1,5 milhões de
hemácias por milímetro cúbico de sangue, caracterizando um quadro alarmante de anemia
hemolítica.
O tratamento não está muito bem estabelecido, porém, excelentes resultados têm
sido obtidos com o uso do diazoaminodibenzamidina na dose de 3 mg/kg, que pode ser
repetido após 24 horas, se necessário, ou Imizol na dose de 1ml para cada 50kg de peso vivo,
podendo ser verificado por exame de esfregaço de sangue se o parasito foi combatido.
Figura 45: Animal com Babesiose. Fonte: Méd. Vet. Sabrina Lorenzoni
7.2 TRIPANOSSOMOSE
É o processo inflamatório que acomete a veia jugular e pode ser causada por injeções
endovenosas com substâncias irritantes como o gluconato de cálcio, fenilbutazona, éter gliceril 79
guaiacol; ou consequência de uma localização hematogênica de micro-organismos, por
disseminação de infecção de tecidos circunvizinhos, principalmente as decorrentes de injeções
feitas com material contaminado, sangrias com lanceta e utilização de cateter trombogênico.
Embora seja ocorrência pouco frequente, mesmo nos casos mais graves quando a
trombose é bilateral, poderá haver dificuldade de fluxo sanguíneo da cabeça, com edema,
sonolência e afecção respiratória grave. Na flebite séptica, a região fica tumefeita, principalmente
sobre a “ferida”, que pode drenar pus amarelado ou cinzento.
82
As causas podem ser múltiplas, como quedas, coices na região frontal ou na testa do
cavalo, colisão entre animais e pancadas voluntárias, com pedaços de madeira, produzidas
pelos domadores ou tratadores, uma verdadeira agressão ao animal.
83
O tratamento pode ser realizado aplicando-se anti-inflamatórios, que variam de dose
conforme o tipo de droga e o porte do animal; vitamina B1, durante 1 semana, e fricções com
pomadas revulsivas à base de Iodo, 1 vez ao dia. Geralmente o prognóstico é bom quando a
causa da paralisia for uma compressão por decúbito cirúrgico, complicando-se nos casos de
traumas diretos, e é reservado nos casos de alterações primárias do Sistema Nervoso Central.
84
O tratamento pode ser tentado utilizando-se o mesmo esquema e drogas das outras
paralisias de nervos periféricos. O prognóstico é desfavorável em razão de complicações
motoras secundárias como decúbito e estafa muscular. Duchas e natação são benéficas no
sentido de manter o tônus muscular e ativar a circulação.
9.1 Miosite
87
88
A evolução da miopatia é, até a fase de ossificação da lesão, acompanhada por
formação de aderências entre os músculos semitendinoso, semimembranoso e o bíceps femural.
9.3 Azotúria
O repouso para os animais levemente afetados pode reverter a situação assim como
conduzi-los pela rédea em ritmo de passo durante 30 a 40 minutos, pode aliviar os sintomas.
Neste sentido, a displasia fiseal é uma afecção que acomete potros em crescimento,
entre quatro a oito meses de idade, ou início da fase de condicionamento e de treinamento de 12
a 24 meses, principalmente aqueles que foram submetidos às diversas formas de
superalimentação.
9.6 Osteocondrose
- Predisposição hereditária;
- Nutrição;
- Desequilíbrio mineral;
- Stress biomecânico.
- Exame clínico;
- Anestesia intra-articular;
- Exame radiológico.
O animal deve permanecer em repouso pelo menos durante dez dias antes de retornar
metódica e gradativamente ao trabalho.
O tratamento deve ter como base um repouso mínimo de 60 dias e ser acompanhado
pela aplicação de liga de descanso embebida em água vegetomineral. A utilização de corticoides
para a reversão do processo inflamatório deverá ser feita, assim como a indicação de ferraduras
ortopédicas munidas com rampões de 1 a 3 cm de altura. A finalidade principal do ferrageamento
é aliviar a tensão dos ligamentos e ossos atingidos, reduzindo a dor.
Ocorre com mais frequência em animais de corrida, pólo e hipismo, cuja mecânica
locomotora predispõe ao apoio instável, desequilibrado e falso, produzindo, geralmente, torção
da articulação.
9.9 Fraturas
É denominada fratura toda e qualquer solução de continuidade sofrida pelos ossos, por
ação traumática direta ou indireta.
As fraturas diretas são produzidas por traumas intensos que atingem os ossos e
podem produzir grandes lacerações de tecidos moles. São oriundas de ação perpendicular de
forças em sentido oposto sobre o osso, geralmente em acidentes, em que o membro permanece
preso e fixo, como por exemplo, em buracos no solo, em vãos de cercas de madeiras ou “mata- 98
burros”.
Quando a fratura localiza-se em ossos distais dos membros – abaixo dos ossos
metacarpo e metatarso e decorrido o período de 48 a 72 horas, em que ocorre aumento de
volume na região afetada, pode-se optar pela imobilização das fraturas simples, com ataduras de
“gesso sintético” (fibra de vidro) ou resinas especiais. Esta imobilização deverá ser mantida até a
reparação do osso, controlada radiograficamente, pois permite que o membro seja radiografado
sem qualquer interferência na qualidade da imagem a ser obtida.
Após o tratamento emergencial ou decorrente de uma nova avaliação, até no máximo
cinco a sete dias do acidente que resultou a fratura, pode-se optar pelo tratamento cirúrgico com
redução do foco com pinos, calhas, parafusos, placas ou cerclagem ortopédica.
99
9.10 Artrites
É relativamente comum em cavalos atletas. Nos estágios iniciais pode haver somente
artrite serosa, com efusão articular, aumento de volume do tecido mole e pequeno dano articular.
É essencial não somente que os cavalos sejam tratados neste estágio, mas também
devem ter um período de descanso. Se isso não é feito, cria-se um ciclo vicioso que envolve
trauma e degeneração da cartilagem, eventualmente melhora com estreitamento do espaço
articular e neoformação óssea periarticular.
100
9.12 Tendinite
– trabalho precoce;
– natureza do solo;
– defeitos de aprumos;
– lesões podiais;
– hereditariedade.
O exame clínico dos tendões deve se iniciar junto à articulação carpiana ou tarsiana,
na fase posterior do membro, e descer até a articulação metacarpo ou metatarso-falangeana.
Este exame deverá ser realizado com o membro em apoio e repetido com o membro em flexão
passiva.
Preventivamente, animais que apresentam com certa frequência lesões nos tendões
flexores, devem permanecer sob controle e receberem duchas e ligas nos membros após o
trabalho para que possam ter uma vida atlética útil mais prolongada.
9.13 Ruptura de Tendão
O tendão peroneus-tertius é uma resistente estrutura que tem origem entre o músculo
extensor digital longo e o músculo tibial anterior, inserindo-se na superfície cranial proximal do 104
terceiro metatarsiano, terceiro tarsiano, quarto tarsiano e tarso peroneo. Sua função é a de
flexionar o tarso concomitantemente à flexão da articulação patelar.
Foi demonstrado que esta síndrome possui uma predisposição hereditária, talvez
relacionada à conformação muito vertical e um osso navicular fraco. Acredita-se que fatores 105
como uma conformação falha, aparação e ferração inadequadas e exercícios em superfícies
duras e irregulares agravem o problema. A concussão também é um fator definido na
etiopatogenia. Os cavalos que realizam trabalhos duros, como: corridas, provas de laço, lida e
prova dos barris, estão especialmente sujeitos à doença.
O osso navicular transmite uma parte do peso, distribuindo-se pela falange média, para
a falange distal. Quando faz isso o sesamoide é forçado em direção palmar, de encontro ao
tendão do flexor profundo. Uma pressão ainda maior sobre o tendão ocorre quando o peso
corpóreo passa por esse membro durante o movimento. A pressão do osso navicular de
encontro ao tendão pode ser um fator incitante. Animais com patas pequenas terão menor área
para distribuir a concussão e o peso, portanto a pressão por unidade de área é maior.
Ocorre principalmente devido à falta de higiene e pela ação do barro, fezes e urina,
especialmente em cavalos cujos cascos não são aparados quando necessário, e não ocorra
limpeza periódica dos sulcos da ranilha.
Muitos micro-organismos estão envolvidos no processo de putrefação, sendo os
fusiformes os mais importantes.
107
O tratamento preventivo consiste na eliminação das condições predisponentes da
lesão, com higiene das instalações, eliminação de focos lamacentos, limpeza diária das
cocheiras com solo que permita boa drenagem da urina.
Os cascos devem ser protegidos por ataduras, com alcatrão vegetal ou Neutrol nos
primeiros sete dias e o tratamento com formol a 5% associado à tintura de iodo 10% deve ser
mantido até o controle da lesão e início da reconstituição da ranilha.
9.16 Laminite
Laminite é o processo inflamatório que atinge o tecido laminar dos pés. Raramente o
processo acomete um só membro, sendo mais frequente nos dois anteriores e ocasionalmente 108
nos quatro.
A laminite é definida também como sendo uma afecção metabólica sistêmica que afeta
os sistemas: cardiocirculatório, renal, endócrino, o equilíbrio ácido-base, equilíbrio
hidroeletrolítico e altera os fatores de coagulação, manifestando-se, em particular, mais
intensamente nos cascos do cavalo.
- Fase de desenvolvimento;
- Fase aguda;
- Fase crônica.
A forma crônica da laminite advém da evolução de uma laminite aguda que não foi
tratada, que foi tratada tardiamente, ou cujo tratamento tenha sido ineficiente para reverter o
processo congestivo que se instalou. Nestas condições, e sob a ação dos fenômenos de
necrose isquêmica, agrava-se o rebaixamento e a rotação da falange distal, que praticamente
perde a relação de sustentação com o córium laminar.
A falange distal sofre a ação do tendão extensor digital comum, compressão da sola
no sentido ventro-dorsal e tração do tendão flexor digital profundo, alterando sua relação de
paralelismo com a muralha do casco.
Uma avaliação completa dos sinais clínicos gerais e podais é fundamental para o
estabelecimento do diagnóstico da laminite.
110
O tratamento da pododermatite (laminite) asséptica difusa, exige do médico
veterinário, do proprietário do animal e do pessoal de enfermaria, consciência da gravidade do
caso, conhecimento dos custos da terapêutica que será instituída e dedicação integralmente
voltada à recuperação plena da capacidade física do paciente.
Figura 56: Laminite crônica. Figura 57: Cavalo com laminite aguda
Fonte: Dyson, S. Equine Practice, 1997. Fonte: Méd. Vet. Sabrina Lorenzoni
113
- Cavalo recentemente ferrado com suspeita de cravo ter atingido estruturas sensitivas;
- Aguda e severa claudicação não associada com exercício, com o cavalo relutando
em apoiar o peso no membro afetado, devido à dor. Testes no casco demonstram dor severa
generalizada nos casos agudos, ou dor localizada nos casos crônicos. Pressão com a pinça de
casco pode demonstrar um ponto de saída do pus e nesse caso esta é a localização da lesão.
Se não tratado a infecção pode atravessar a parede do casco e formar sinus, tendo como ponto
de descarga a banda coronária.
Quando alguma dessas situações estiver ocorrendo deve-se realizar a “descarmação” 114
com a rineta e continuar até a origem do abscesso ser aberta. Deve-se realizar a drenagem da
área afetada e colocar a pata em pedilúvio por 10 minutos em água quente com desinfetante. A
drenagem efetiva é a chave do sucesso do tratamento.
10.1 Palatite
115
Ocorre por trauma leve e constante causado pela alimentação à base de grãos de milho
inteiro, alimentos grosseiros, ou pelo hábito de morder madeira – aerofagia.
A dor, associada à sensação de pressão persiste sobre a mucosa esofagiana, faz com
que o animal fique aflito e realize movimentos vigorosos de deglutição. A sialorreia geralmente é
abundante, podendo fluir pelas narinas; o cavalo mantém, de tempos em tempos, a cabeça
estendida, tenta deglutir e abre a boca; realiza movimentos de lateralidade com a língua e pode
apresentar tosse espasmódica. Com a persistência do corpo estranho no esôfago e a pressão
exercida sobre a mucosa, pode se instalar infecção local e consequente necrose.
O tratamento deve ser feito o mais rápido possível. De imediato, pode-se tentar
movimentar o corpo estranho no sentido da boca, manobra esta que frequentemente resulta em
insucesso, mas que deve ser tentada.
Caso não seja possível desfazer-se do corpo estranho, e ele estiver localizado junto à
região proximal do esôfago, a esofagoscopia armada com pinça longa de extração poderá
possibilitar a desobstrução.
Ruptura do esôfago
O esôfago cervical nos cavalos, por sua localização superficial, à esquerda do pescoço,
frequentemente é atingido por objetos traumáticos pontiagudos, seja ele lasca de madeira,
objetos metálicos ou em ferimentos lacerantes profundos.
Considerações gerais
118
Para se ter uma ampla visão da importância da Síndrome Cólica nos equinos, deve-se
atentar para o fato de que até há pouco tempo, os equinos eram considerados animais úteis à
sociedade, imprescindíveis ao transporte e ao trabalho, sendo alimentados, por razões de ordem
econômica, da forma mais simples possível através das pastagens naturais e uma pequena
suplementação de milho em grão. Raramente os equinos recebiam alimentos concentrados ou
fenos de forrageiras.
A primeira das condições predisponentes, reconhecida como tal pela maioria dos
autores veterinários, é a própria anatomia e fisiologia do trato gastrintestinal do equino. O que
se pode concluir disto, é que o homem, por meio de artifício, que naturalmente tem por objetivo
o melhor desempenho do animal, interfere na natureza fisiológica propiciando condições
adversas ao animal, que em última análise, seriam as responsáveis pelo desencadeamento
das graves patologias digestivas.
Podemos considerar o exame clínico do paciente com cólica, dividido em três fases
principais: 1)Anamnese; 2)Procedimentos físicos e interpretação clínica; e 3)Procedimentos
laboratoriais.
120
Figura 62: Aparelho digestivo do equino. Fonte: Two Friends Farms, LLC.
6. Utilização de laxantes: para aumentar a velocidade do trânsito intestinal como o DSS (10 a
20 mg/kg) ou o psylilium (1 g/kg diluído em 6 litros de água morna) ;
A clínica e a cirurgia dos equinos evoluíram rapidamente nas duas últimas décadas,
exigindo do profissional Médico Veterinário um constante aprimoramento técnico e disciplina na
condução dos casos. A síndrome cólica em particular foi uma das afecções que mais tem sido
estudada pelos centros de pesquisa que procuram soluções e modificações técnicas
objetivando a cura do cavalo.
11.1 Contusões
124
É considerada contusão todo trauma direto sobre a pele, sem que haja qualquer
comprometimento da integridade cutânea. É uma lesão fechada, cuja extensão depende
diretamente do agente traumático, da potência do trauma e dos tecidos afetados.
- 1º Grau – Equimose;
- 2º Grau – Hematoma;
Hematomas e derrames serosos devem ser drenados após uma semana, tempo
suficiente para sua organização e maturação.
11.2 Feridas
1. Superficiais (simples);
2. Profundas (compostas).
1. Perfurantes (penetrantes);
2. Incisas;
3. Contusas;
1. Assépticas;
2. Contaminadas;
3. Infectadas.
126
A ferida evolui de forma rápida, podendo atingir grandes diâmetros. Possui o centro
ligeiramente côncavo com tecido de granulação irregular, vermelho e às vezes recoberto por
crosta acinzentada. O granuloma pode evoluir atingindo grandes volumes, o que torna
importante o tratamento precoce.
Como opção ao tratamento convencional, em granulomas pequenos, pode-se instituir a
crioterapia, utilizando-se gás carbônico ou nitrogênio líquido.
127
11.4 Ficomicose
As tinhas são dermatomicoses que produzem uma afecção cutânea contagiosa causada
por fungos que se alojam em pelos e pele, ou ambos, invadindo células epiteliais cornificadas ou 128
o próprio pelo.
O tratamento mais indicado são banhos com xampus à base de Sulfeto de Selênio a 1%
seguido de banhos com Thiabendazol a 5%. Caso ocorra contaminação bacteriana nas lesões
micóticas deve-se utilizar antibioticoterapia sistêmica pode-se aplicar 20.000UI/kg de penicilina e
10mg/kg de dihidroestreptomicina.
129
11.6 Melanoma
Esta neoplasia está relacionada com células produtoras de melanina, substância esta
que confere a coloração escura ou preta à pele. O melanoma acomete preferencialmente
cavalos tordilhos.
Muito embora seja um tumor com características invasivas e metastáticas, alguns não
apresentam este comportamento agressivo ao organismo, evoluem lentamente e não causam
grandes problemas ao animal.
12.1 Nefrites
131
São inflamações renais que muito raramente acometem os equinos na forma primária
aguda. É uma doença de alta incidência no homem e nos cães sob a forma primária,
desenvolvendo quadro muito grave.
A sensibilidade renal pode ser testada por palpação retal ou através de percussão direta
sobre a região lombar direita e esquerda, próximo ao rebordo das últimas costelas.
12.2 Nefrose
A nefrose é o processo degenerativo e inflamatório que pode acometer os rins dos
cavalos, principalmente seus túbulos de filtração, caracterizada por necrose tubular aguda.
O tratamento deve estar dirigido para a correção da afecção primária devendo o clínico
estar sempre atento a qualquer manifestação anormal do comportamento do aparelho urinário no
decorrer da doença. Um tratamento adjuvante pode ser feito com fluidoterapia, principalmente
solução fisiológica, e eventualmente com produtos que contenham cálcio (Stimovit ®), para
auxiliar o animal a superar a insuficiência renal até que a doença primária esteja controlada.
Urólito ou cálculo urinário são concreções (pedras) formadas por substância mineral,
podendo ocorrer em qualquer parte do aparelho urinário. São frequentes as litíases renais nos
133
cães, ao passo que bovinos e equinos apresentam os cálculos com maior incidência, localizados
na uretra e bexiga, respectivamente.
134
13 OLHOS, OUVIDOS E ANEXOS
13.1 Conjuntivites
135
Conjuntivite traumática;
Conjuntivite mecânica devido a ectrópio, entropion, triquiase e corpos
estranhos;
Conjuntivite tóxica (alimentar);
Conjuntivite alérgica e;
Conjuntivite infecciosa.
13.2 Ceratite
A catarata traumática é a mais comum das alterações do cristalino do cavalo. Pode ser
consequência de lesões sobre o globo ocular e inflamações de estruturas adjacentes do globo e
órbita.
138
Fonte: Knottenbelt DC, Pascoe RR, Diseases and Disorders of the Horse, Saunders, 2003.
Muito embora não esteja bem determinada, a uveíte recorrente deve ser considerada
como patologia ocular de participação eminentemente imuno-mediada. Para tanto:
1 – Atividade imuno-mediada;
13.5 Otites
Otite externa
É uma inflamação que envolve o canal auditivo externo. Podem ser uni ou bilateral e
frequentemente é causada por infecção bacteriana mista.
Os sinais de que há alteração no ouvido externo são: intenso prurido, dor contínua ou
intermitente, aumento de temperatura local, animal irritado e inquieto, movimentos de
lateralidade da cabeça e secreção, geralmente fétida.
Os sintomas, nos casos agudos, são: hiperemia, dor, aumento de temperatura local e
secreção.
O tratamento é trabalhoso e demorado, deve ser realizada limpeza cuidadosa do canal
auditivo com um cotonete grande, que pode ser feito com uma pinça tendo à ponta um chumaço
de algodão. A limpeza é realizada primeiro com algodão seco, repetindo-se a manobra várias
vezes até que ele saia praticamente limpo. Em seguida, faça o mesmo esquema com algodão
embebido em álcool ou éter.
Após a limpeza rigorosa, aplique no conduto uma solução de antibiótico associado a um 141
corticosteroide Aurivet®, aplicado duas vezes ao dia durante cinco dias, se a inflamação for
severa. A antibioticoterapia sistêmica somente será realizada nos casos persistentes e,
evidentemente, sob supervisão.
São processos extremamente raros nos equinos, apresentando sintomas graves, como
desequilíbrio e quadros de comprometimento do Sistema Nervoso Central.
Figura 71: Empiema das Bolsas Guturais. Fonte: Dyson, S. Equine Practice, 1997.
14 APARELHO REPRODUTOR
14.1 MACHO
143
Anatomia
O aparelho reprodutor do garanhão é composto por dois testículos que são glândulas
essenciais para a reprodução, produzindo hormônios masculinos e os espermatozoides; pelos
condutos ou canal deferente, que serve de via secretora dos testículos; pelas vesículas
seminais, que produzem um líquido característico que entra na formação do sêmen; pela
próstata que também produz um líquido característico; glândulas bulbouretrais; pela uretra, que
constitui um canal misto, dando passagem às secreções reprodutivas e urinárias: e pelo pênis
que constitui o órgão copulador masculino.
Os testículos são os principais órgãos que constituem o aparelho genital masculino por
efetuarem duas funções essenciais: a espermatogênica (produção de espermatozoides) e
androgênica (produção de hormônios esteroides). Os testículos estão situados no interior da 144
bolsa escrotal que constitui uma dobra cutânea, que internamente está recoberta por um
prolongamento peritoneal chamado de túnica vaginal comum.
Na maioria das espécies, os testículos estão fora do abdômen na bolsa escrotal, a qual
é pendular e a posição dos testículos é horizontal nos cavalos.
O pênis do cavalo é uma formação cilíndrica e pode ser dividido em raiz, corpo e
glande; sua estrutura é composta essencialmente por tecido erétil que se enche de sangue
durante a ereção e a cópula.
O pênis tem duas funções, quais sejam conduzir urina através da uretra inferior e
inseminar as fêmeas, para o qual algum grau de ereção é necessário. Os dois eventos são
mutuamente excludentes porque a tumescência impede a micção e o esfíncter interno da bexiga
se contrai durante a ejaculação. 145
Ducto
Deferente
Testículo
Epidídimo
Fisiologia do macho
A puberdade está definida no macho como a época em que atinge a capacidade para
fertilizar uma fêmea. Isto significa que o indivíduo deve ter um número suficiente de
espermatozoides fecundantes, além de um comportamento sexual que permita a cópula.
Geralmente é atingida aos 15 a 18 meses nos equinos.
O espermatozoide está composto de quatro partes, que são: a cabeça, o colo, a peça
intermediária e a cauda. 147
É uma célula especializada, cuja única função é fertilizar o óvulo, para o qual utiliza os
movimentos autônomos de sua cauda.
148
Dentre os fatores apontados como responsáveis pela hipoaplasia testicular destacam-
se as infecções transplacentárias, criptorquidia idiopática (etiologia não identificada),
intoxicações da égua durante o período de gestação, deficiências hormonais, interrupção da
migração testicular (como por exemplo, as hérnias), anormalidades de cariótipo, afecções
vasculares intrínsecas ao testículo, e administração prolongada de anti-inflamatórios hormonais
em garanhões e potros em desenvolvimento.
Criptorquidismo
14.2 FÊMEA
Anatomia da fêmea
O aparelho reprodutor da égua é formado por dois ovários, duas trompas de Falópio,
útero, cérvice, vagina, clitóris e vulva.
Figura 77: Aparelho reprodutivo da égua. Fonte: Sul Ross State University
O útero da égua é formado por um corpo e dois cornos. O corpo uterino se encontra
parte na cavidade abdominal e parte na cavidade pélvica. Do assoalho pélvico ele segue em
direção à região lombar, isto é, para cima. É no corno uterino que se instala o óvulo já fecundado
para se processar a gestação.
Fisiologia
O equino tem como característica principal ser uma espécie poliéstrica estacional, com
atividade ovariana máxima nos meses de verão e final da primavera e mínima nos meses de
inverno e início da primavera. Entre os fatores que determinam esta estacionalidade, é
considerado como primário o fotoperíodo, além da condição nutricional, temperatura e raça.
Os primeiros ciclos estrais são irregulares e/ou prolongados, podendo durar de dez a
vinte dias.
Nos equinos, com gestação próxima há um ano, a cobertura e o nascimento dos potros
acontecem na primavera e no verão, enquanto que ovinos e caprinos, com gestações menores
(146 a 150 dias), acasalam no outono e início do inverno e o nascimento dos produtos ocorre na
primavera período do ano que oferece melhores condições ambientais para a sobrevivência da
espécie (disponibilidade de alimentos, temperatura, luminosidade).
154
receptividade sexual, crescimento folicular e secreção de estrógeno, outra luteal ou de diestro
que inicia logo após a ovulação e se caracteriza por uma ativa resistência ao garanhão e
formação de corpo lúteo, com secreção de progesterona.
Este período compreende os meses do ano nos quais menos de 25% das éguas
ovulam e menos de 10% permitem a monta do garanhão, sendo que 19,9% ficam indiferentes a
sua presença. As éguas permanecem em anestro com pouca ou nenhuma atividade folicular
detectável pela palpação retal, ovários pequenos, consequentes da queda estacional da
estimulação gonodotrófica, sugerindo produção estrogênica mínima.
A duração do dia pode afetar a reprodução dos mamíferos, pois fotoperíodos longos
estimulam e fotoperíodos curtos inibem o tamanho testicular, a espermatogênese e a ocorrência
de estro nas espécies que se acasalam na primavera e verão.
O “status” nutricional é o segundo fator a estimular a atividade ovariana. O
retardamento da regularização dos ciclos, com ocorrência de ovulação e aumento da incidência
de mortalidade embrionária, é comum em éguas falhadas, com “potros ao pé” e em potras que
iniciam a estação de monta em péssimas condições físicas.
155
O ovário sofre alterações em sua forma, textura, no tamanho e no peso, dependendo
da fase do ciclo estral e da sua atividade durante as estações ovulatórias e anovulatória. Os
ovários das éguas em anestro profundo se apresentam com pouca ou nenhuma atividade
folicular, consequentes à queda estacional da estimulação gonodotrófica.
Nos equinos, considerados animais de “dia longo”, pesquisas realizadas mostram ser
possível a estimulação das funções do ovário em éguas durante o inverno desde que se ministre
uma hora de luz apenas, em animais submetidos a um regime de 8 horas de luz seguidas de 9,5
horas de escuridão.
O flash luminoso ministrado 17,5 horas após o início do tratamento coincide com a fase
sensível à luz no ritmo circadiano do animal.
Metrites
As lavagens e infusões devem ser realizadas rigorosamente uma vez ao dia durante
cerca de 5 a 7 dias ou até que se obtenham resultados negativos na cultura e recuperação do
endométrio.
Preventivamente, deve-se implantar manejo sanitário rigoroso. Sempre que for adquirir
uma égua ou garanhão solicite exames clínicos e bacteriológicos do aparelho genital.
No haras, não negligencie, é exigido que se faça pelo menos o “swab” das éguas que
irão ser cobertas. Caso o garanhão seja utilizado apenas para cobrir as éguas do seu haras, faça
a triagem sanitária do rebanho e “swab” uterino, da fossa clitoriana e da abertura uretral. O
garanhão também deve ser examinado bacteriologicamente.
160
A neoplasia ovariana mais frequente é a das células da granulosa, que afeta as éguas,
principalmente entre cinco e sete anos de idade.
- C – manifestação de anestro.
O tratamento de eleição é a ovariectomia, que poderá ser realizada pela via vaginal,
fossa paralombar ou linha mediana, na dependência do diâmetro da égua.
162
Em contraste, poucos produtos podem ser obtidos de todas as fêmeas por ano, mesmo
com o advento de novas biotécnicas como a transferência de embriões e fertilização in vitro.
Sete anos depois, cientistas russos demonstraram que a fecundação era possível
mesmo quando o plasma seminal era substituído por um meio artificial antes da inseminação.
Para detecção das éguas em cio é necessário a rufiação e quando não é possível
executar esta prática, faz-se necessário a realização de uma avaliação ginecológica por
palpação retal para identificar a presença ou não de folículos e a consistência do útero, a fim de
determinar em que fase do ciclo estral se encontra o animal (BRISKO & VARNER, 1992).
O cio da égua dura de cinco a sete dias e a ovulação ocorre no final deste período,
sendo que a inseminação deve ser realizada o mais próximo possível da ovulação (MIES, 1987).
O ideal é que se faça controle folicular com acompanhamento ultrassonográfico em programas
de inseminação de equinos, a fim de prever a ovulação e decidir o melhor momento para
inseminação, limitando assim o número de inseminações (BRISKO & VARNER, 1992).
Figura 84: Controle folicular por meio de ultrassonografia. Fonte: Méd.Vet. Sabrina Lorenzoni.
A inseminação convencional em éguas é por via vaginal, na qual a mão enluvada do
inseminador guia uma pipeta até a passagem da cérvix e o sêmen é depositado no corpo do
útero.
Figura 85: Inseminação Artificial em égua. Fonte: Méd. Vet. Sabrina Lorenzoni
165
O uso do sêmen equino refrigerado tem aumentado muito nos últimos anos, resultado
de sua aceitação entre as associações de criadores de cavalos. Esta técnica facilita em muito o
manejo, já que não há necessidade de presença da égua e do garanhão no mesmo local. O
armazenamento do sêmen diluído em baixas temperaturas prolonga a viabilidade espermática
pela redução do consumo de energia.
A tecnologia de sêmen refrigerado é estudada com o intuito de manter o potencial
fertilizante do sêmen equino por vários dias. Na verdade, quanto mais tempo o potencial
fertilizante do sêmen refrigerado possa ser estendido, mais fácil será o uso do sêmen
transportado.
166
15.3 Criopreservação de sêmen
A evolução das técnicas de congelamento de sêmen foi intensa para a espécie bovina.
No entanto, apesar dos diversos estudos realizados, os resultados das técnicas de
criopreservação de sêmen de garanhões ainda estão bem distantes daqueles obtidos com
touros.
Para a coleta do sêmen pode ser utilizado égua em cio para atrair o garanhão. Porém
quando este for penetrar a égua, deve-se desviar o pênis para dentro da vagina artificial.
168
A primeira prenhez de um embrião equino criopreservado foi relatado por Griffin et al.
(1981), sendo que o primeiro potro nascido de um embrião congelado foi reportado por
Yamamoto et al. (1982); e desde então, várias tentativas para se congelar embriões equinos tem
sido relatadas.
Contudo, apesar dos estudos usando-se diferentes estágios do desenvolvimento
embrionário, taxas de resfriamento e diferentes tipos e concentrações de crioprotetores, os
resultados obtidos não são satisfatórios. Outro fator a ser considerado é a inabilidade em se
superovular éguas, o que limita o número de embriões avaliados nas pesquisas.
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Figura 93: Material utilizado para realizar a TE. Soro, sonda e copo coletor.
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Figura 94: Embriões com oito dias de idade, recuperados de éguas doadoras.
- Problemas físicos em éguas doadoras, como laminite ou trauma pélvico que também
culminam na impossibilidade de conduzir o feto normalmente;
- O desejo de aumentar a produtividade de uma égua para mais de um potro por ano.
- Obtenção de potros de éguas valiosas mais velhas, que podem ter dificuldade no
aleitamento e na gestação ou já possuem uma degeneração uterina, lesões cervicais e vaginais;
- Obter um ou mais potros de éguas que são objetos de transação comercial, fazendo
com que essas éguas, antes de serem vendidas, produzam embriões de interesse ao ex-
proprietário.
Os fatores principais que podem afetar esta taxa são, dentre outros:
- Dia da colheita, sendo que o ideal é que seja realizado nos dias sete e oito após a
ovulação;
Figura 95: Embrião em fase de blastocisto. Fonte: Méd. Vet. Paula Rodriguez, 2006.
Os fatores principais que podem afetar esta taxa são, dentre outros:
No mundo todo, poucos laboratórios desenvolvem pesquisas nesta área, o que dificulta
o progresso da técnica e a análise de dados disponíveis para o estabelecimento de um protocolo
adequado que proporcione taxas de recuperação satisfatórias.
Carnevale (2005) obteve uma taxa de recuperação de oócitos a partir de folículos pré-
ovulatórios de 77%, preconizando a aspiração desta categoria de folículos como melhor
alternativa para coleta em programas comerciais de transferência de oócitos. Esta taxa
relativamente alta se deve provavelmente às alterações morfológicas observadas no folículo pré-
ovulatório.
Palmer (1987) foi o primeiro a descrever uma técnica de aspiração com o animal em
estação, em que o operador manipulava o ovário pelo reto e guiava a agulha pelo flanco até os
folículos.
A técnica foi inicialmente descrita por BRUCK et al, em 1992, que baseado nos
métodos utilizados em programas de FIV humana e bovina, usou um transdutor digital conectado
a um monitor de ultrassom, que mostrava uma linha de punção na tela, para aspirar folículos pré-
ovulatórios.
Uma agulha de lúmen simples acoplada a uma seringa de 50 ml foi usada para lavar a
cavidade folicular por até três vezes com PBS com heparina. Um oócito foi recuperado de quatro
folículos aspirados, demonstrando que a técnica era acurada, rápida e pouco complicada para
efetuar coleta de oócitos em éguas.
15.8 Clonagem
Uma nova ferramenta tecnológica, que se torna cada vez mais real para a indústria
equina, é a clonagem animal. Clones de garanhões que se tornaram inférteis ou subférteis ou
mesmo que já vieram a óbito, têm sido produzidos. No Brasil, um projeto financiado pela
FAPESP, iniciado em 2006, visa produzir clones equinos, iniciando um banco genético de
animais-base de diferentes raças.
A prática se confirmou possível nos equinos em 2003, com o primeiro clone de uma
égua (na Itália), que, por um capricho do acaso, acabou sendo a única receptora a ficar prenha
de 11 embriões clonados transferidos, ou seja, ela mesma levou a termo seu clone de nome
Prometeia.
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Figura 100: Animais clones. Fonte: Dr. Márcio Teoro do Carmo, 2008.
Hoje, já temos clonagem comercial nos Estados Unidos e na Europa e podemos citar
como exemplo comercial, a produção de cinco clones de um cavalo Quarto de Milha, Smart Little
Lena, de 27 anos.
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