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Professor conteudista: Alexandre Saramelli

Contador formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de Sã o Paulo, mestre profissional em


Controladoria pela mesma universidade e doutorando em Epistemologia e Histó ria da Ciê ncia pela Universidad
Nacional Tres de Febrero – Buenos Aires, Argentina. Atuou em empresas nacionais e internacionais de mé dio e
grande porte como contador em á reas de Custos e Orçamentos e foi consultor em sistemas de controladoria da
desenvolvedora alemã SAP. É també m autor de livros didá ticos.

Dados Internacionais de Catalogaçã o na Publicaçã o (CIP)

Normas Internacionais
S243n Saramelli, Alexandre.

Normas Internacionais de Contabilidade. / Alexandre Saramelli.


– Sã o Paulo: Editora Sol, 2021.

de Contabilidade 148 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Sé rie Didá tica, ISSN 1517-9230

Autor: Prof. Alexandre Saramelli 1. Políticas contábeis. 2. Normas de contabilidade. 3. Elaboração das
demonstraçõ es contá beis. I. Título.
Colaboradoras: Profa. Cristiane Nagai
Profa. Rachel Niza CDU 657

U512.07 – 21

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrô nico, incluindo fotocó pia e gravaçã o) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissã o escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. Joã o Carlos Di Genio
Reitor

Prof. Fá bio Romeu de Carvalho


Vice-Reitor de Planejamento, Administraçã o e Finanças

Profa. Melâ nia Dalla Torre


Vice-Reitora de Unidades Universitá rias

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Pó s-Graduaçã o e Pesquisa

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Graduaçã o

Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didá tico – EaD

Comissã o editorial:
Dra. Angé lica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Ká tia Mosorov Alonso (UFMT)

Apoio:
Profa. Clá udia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissã o de Qualificaçã o e Avaliaçã o de Cursos

Projeto grá fico:


Prof. Alexandre Ponzetto

Revisã o:
Carla Moro
Virgínia Bilatto
Unidade III

Sumá rio 7 EFEITOS DAS MUDANÇAS NAS TAXAS DE CÂ MBIO E CONVERSÃ O DE


DEMONSTRAÇÕ ES CONTÁ BEIS ....................................................................................................................112
7.1 Procedimentos de acordo com IAS 21 (BV2010), CPC02(R2) e NBC TG02(R1) .........112
7.2 Metodologia de conversã o das demonstraçõ es contá beis................................................119
Normas Internacionais de Contabilidade
8 APLICAÇÃ O DA CONVERSÃ O DE DEMONSTRAÇÕ ES APLICADAS ..............................................123
8.1 Modelos de conversã o das demonstraçõ es contá beis ........................................................123
APRESENTAÇÃ O ......................................................................................................................................................7
8.2 Conversã o das demonstraçõ es contá beis para moeda estrangeira ...............................125
INTRODUÇÃ O ...........................................................................................................................................................8

Unidade I
1 ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃ O DAS
DEMONSTRAÇÕ ES CONTÁ BEIS ...................................................................................................................... 11
1.1 Princípios de contabilidade segundo o CPC 00(R1) e NBC TG
Estrutura Conceitual................................................................................................................................... 11
1.2 Princípios Fundamentais de Contabilidade, segundo o CFC nº 1.282/2010 ................. 19
1.3 Ativo, passivo, receitas e despesas ................................................................................................ 23
2 NORMAS DE CONTABILIDADE .................................................................................................................... 26
2.1 Convergê ncia contá bil........................................................................................................................ 26
2.1.1 Ó rgã os preocupados com a harmonizaçã o contá bil ................................................................ 30
2.2 Normas Internacionais de Contabilidade: NIAS e IFRS......................................................... 36
2.3 Normas Brasileiras de Contabilidade: CPC e NBC – TG......................................................... 41
2.4 Quadro comparativo dos CPCs com as IAS/IFRS ..................................................................... 45
3 POLÍTICAS CONTÁ BEIS................................................................................................................................... 48
3.1 Procedimentos de acordo com a IAS 8, CPC 23(R1) e NBC TG 23(R1) ........................... 48
3.2 Políticas contá beis ............................................................................................................................... 64
4 MUDANÇAS NAS ESTIMATIVAS E RETIFICAÇÃ O DE ERRO .............................................................. 80
4.1 Mudanças nas estimativas ............................................................................................................... 80
4.2 Retificaçã o de erro............................................................................................................................... 81

Unidade II
5 AJUSTE A VALOR PRESENTE ........................................................................................................................ 95
5.1 Procedimento de acordo com a IAS 8, CPC 12 e NBC TG 12 ............................................. 95
5.2 Alcance ...................................................................................................................................................101
6 OPERACIONALIZANDO O AJUSTE A VALOR PRESENTE ..................................................................102
6.1 Mensuraçã o ..........................................................................................................................................102
6.2 Passivos nã o contratuais .................................................................................................................105
APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO

É imprescindível ao contador estudar a Contabilidade aplicada aos ambientes internacionais e as A disciplina trata das mudanças ocorridas na contabilidade
Normas Internacionais de Contabilidade. Contudo, esse nã o é um estudo de fá cil absorçã o porque brasileira com a convergê ncia contá bil perante as exigê ncias impostas pelo processo de globalizaçã o.
requer, alé m de uma observaçã o dos aspectos té cnicos da profissã o, um olhar apurado para contornos També m se pretende capacitar os alunos à compreensã o dos aspectos relacionados à estrutura
culturais, usos e costumes e histó ria dos povos/naçõ es. conceitual para a elaboraçã o das demonstraçõ es contá beis no â mbito internacional, considerando os
procedimentos adotados nas políticas contá beis, mudanças nas estimativas e retificaçã o de erro, ajuste
Exige-se do profissional de contabilidade (assim como de qualquer outro profissional que se propõ e a valor presente e efeitos das mudanças nas taxas de câ mbio e conversã o de demonstraçõ es contá beis.
a trabalhar com relaçõ es internacionais) desprendimento de sua pró pria cultura e esforço para lidar com
problemas que nã o teria caso estivesse trabalhando exclusivamente em ambiente nacional. Nesse sentido, temos os seguintes objetivos gerais:

As normas internacionais estã o trazendo ao Brasil novos conceitos e mudando há bitos. A depreciaçã o, • apresentar uma síntese dos princípios da Teoria Contá bil de um ponto de vista doutriná rio;
por exemplo. Durante muitos anos, o contador simplesmente seguia e aplicava em seu trabalho o que
estava descrito em instruçõ es normativas que tratavam sobre a questã o. A partir de agora, terá que • desenvolver o raciocínio contá bil;
aplicar um julgamento para cada situaçã o em específico. Para isso, entre outras coisas, terá que aprender
a fazer depreciaçã o! Nã o aquela que vinha sendo ensinada nas faculdades, uma simples interpretaçã o • compreender a construçã o teó rica bá sica das principais demonstraçõ es contá beis;
da legislaçã o fiscal, mas o contador deverá entender e acompanhar as teorias envolvidas para que possa
realizar um trabalho à altura das expectativas. • apresentar um referencial gené rico para avaliar á reas da teoria e da prá tica contá bil em trê s níveis
bá sicos: o nível estrutural, de interpretaçã o semâ ntica e pragmá tica.
Conforme Niyama (2005), contabilidade internacional pode ser definida como a linguagem dos
negó cios, mas que enfrenta um grande obstá culo: as diferenças normativas entre os vá rios países. A O livro-texto tem como objetivos específicos capacitar os estudantes à compreensã o dos aspectos
harmonizaçã o surge como um meio para lidar com essa problemá tica, minimizando as diferenças e relacionados à estrutura conceitual para a elaboraçã o das demonstraçõ es contá beis, seus fundamentos
deixando a contabilidade compreensível para agentes em todos os países. té cnicos e teó ricos; e à necessidade da convergê ncia contá bil perante as exigê ncias impostas pelo
processo de globalizaçã o. Ou seja, trata-se de um livro que auxilia os alunos a ter contato, saber usufruir
Nesta disciplina teremos contato com vá rios assuntos importantes nas normas contá beis internacionais, e bem utilizar as normas contá beis internacionais.
sendo que muitos deles você já teve contato em outras disciplinas. Entã o, se nessas outras disciplinas a
ê nfase era o assunto que estava sendo estudado, nesta você irá aumentar seu conhecimento sobre as normas Na elaboraçã o deste livro-texto també m se seguiu orientaçõ es da Organizaçã o das Naçõ es
internacionais em conjunto. Ou seja, irá conhecer melhor essa “linguagem”, como diz Niyama (2005). Unidas − ONU, UNCTAD; do Conselho Federal de Contabilidade e da Fundaçã o Brasileira de
Contabilidade (Proposta Nacional de Conteú do para os Cursos de Graduaçã o em Ciê ncias Contá beis),
Nã o é raro observarmos que, ao se depararem com questõ es internacionais, muitos contadores reduzam do Ministé rio da Educaçã o (Resoluçã o CNE/CES nº 10/2004 e Parecer CNE/CES nº 269/2004) e
a complexidade dessas questõ es, limitando-se apenas a verificar o que está escrito em um pronunciamento orientaçõ es do Prof. Jorge Katsumi Niyama aos professores do curso de Ciê ncias Contá beis.
do CPC. Esse comportamento muitas vezes é influenciado pelo fato de haver cursos de formaçã o rá pida
que privilegiam, como comenta Niyama (2005), o “como fazer” (crité rios de reconhecimento, mensuraçã o Sendo assim, mais do que simplesmente uma introduçã o à s novidades das normas contá beis
e evidenciaçã o) e nã o o “por que fazer” (diferenças na forma de apresentaçã o do balanço). internacionais, é necessá rio um estudo muito mais amplo, proporcionando aos alunos contato e
entendimento das normas internacionais.
Recomenda-se, entã o, a você aluno(a), que controle sua ansiedade no “como fazer”, motivando-se a
analisar as questõ es do “por que fazer”. É importante lembrar que, neste momento, estamos atuando como difusores de novas normas
contá beis internacionais que trazem uma sé rie de novos conhecimentos, há bitos e conceitos.
Ao final do estudo, espera-se que você tenha formado habilidades nã o apenas para interpretar as
normas contá beis, mas para efetuar julgamentos profissionais de melhor qualidade, contando inclusive Sabemos que nossos alunos nã o atuarã o apenas como aprendizes, mas como agentes de mudança,
com eventuais diferenças culturais. atualizando os contadores que nã o estã o mais nos bancos escolares.

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Para atingir esses objetivos, escolhemos expor as novas teorias de forma ampla, com comparaçõ es
entre autores. Assim, optamos por uma exposiçã o de exemplos e casos, tanto reais como fictícios, para
complementar a teoria e possibilitar uma visualizaçã o dos problemas na prá tica.

A combinaçã o de exposiçã o de um referencial teó rico de forma ampla com casos reais e fictícios
para auxiliar na aprendizagem sã o um caminho interessante e quiçá muito agradá vel para o estudo da
contabilidade internacional.

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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

que criar uma nova regra. Poré m, se você disser que “o princípio diz que
ABC acontece e aqui está a regra contá bil X”, quando eles criarem o BCD,

Unidade I nó s poderemos dizer: Desculpe, isso é apenas uma variaçã o, te pegamos!

Sir David Tweedie

1 ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO DAS


DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Saiba mais
Durante a 23ª Bienal de Sã o Paulo, o artista japonê s Yukinori Yanagi instalou um painel de areia
colorida que representava bandeiras de todos os países interligadas por tubos. Essas bandeiras (feitas A declaraçã o anterior foi concedida ao jornalista Jill Treanor do jornal
de areia colorida) se misturavam à medida que formigas saú vas iam levando os grã os de um lado para e pode ser acessada no seguinte :
o outro.
TREANOR, J. Calvinist on a clean-up quest: Sir David Tweedie, chairman,
A obra intitulada fez muito sucesso e atraiu a curiosidade durante a Bienal. International Accounting Standards Board. , 29 jun. 2002.
O artista declarou aos jornalistas que, enquanto os homens ainda acreditarem em símbolos, haverá a
necessidade de um formigueiro. Acesso em: 14 jul. 2014.

Independentemente dessa interpretaçã o de Yanagi, essa obra nos faz pensar sobre o que significa
a globalizaçã o. Existem bandeiras, nacionalidades e fronteiras controladas, mas as pessoas estã o em Iniciaremos o nosso estudo de Normas Internacionais de Contabilidade relembrando a importâ ncia
constante trâ nsito pelo mundo, levando suas coisas e culturas de lá para cá e de cá para lá ! da estrutura conceitual e dos princípios contá beis.

Como formigas, as pessoas deixam suas marcas em diversos locais no planeta. Assim, já era hora de A finalidade das demonstraçõ es financeiras é apresentar a todos a situaçã o econô mico-financeira
termos Normas Internacionais de Contabilidade. da empresa em determinado período. Deve-se ressaltar que tais informaçõ es deverã o ser prestadas
pela á rea contá bil, levando-se em conta a necessidade de cada usuá rio, ou seja, usuá rios internos como
proprietá rios, gestores e empregados terã o necessidades diferentes comparadas aos usuá rios externos
(bancos, fornecedores, clientes, entre outros).
Saiba mais
Para alcançar esse objetivo, os contadores precisam elaborar as demonstraçõ es com base em normas
Conheça melhor essa obra de arte em: e princípios geralmente aceitos, ou seja, em normas que sejam conhecidas e aceitas por todo mundo,
ou pela maioria das pessoas.
YANAGI cria com naçõ es e formigas. , Sã o Paulo, 4 out.
1996. Disponível em: https://bit.ly/2U8nxo8. Acesso em: 2 jan. 2015.
Imagine, por exemplo, um contador que trabalha em uma empresa que produz algo estranho,
Saiba mais sobre o artista em: muitas vezes difícil de explicar até mesmo para os profissionais da á rea. Nã o raramente, é muito comum
ouvirmos as pessoas dizerem que nã o conseguem explicar o que fazem para os seus pró prios pais, para a
Disponível em: http://www.yanagistudio.net/home.html. Acesso em: família ou para as pessoas. Apesar disso, o contador precisa necessariamente explicar nã o apenas o que
2 jan. 2015. é feito, mas como está a situaçã o econô mico-financeira da empresa em moldes que todos entendam.

1.1 Princípios de contabilidade segundo o CPC 00(R1) e NBC TG É evidente que as pessoas tê m necessidades diferentes. Ao mesmo tempo em que um usuá rio
Estrutura Conceitual da contabilidade se contenta em saber que uma empresa “está dando dinheiro” e nã o tem nenhum
interesse em saber sequer o produto e/ou serviço que essa empresa oferece ao mercado, outros usuá rios
Se nó s tivermos uma regra que diz que “se ABC acontecer, a contabilidade irã o querer saber os detalhes da operaçã o, como sã o valorizados os estoques, qual a composiçã o dos
é X”, eu sei que em trê s minutos os bancos de investimento vã o produzir empré stimos e financiamentos etc.
um esquema BCD que nã o vai ser coberto por essa regra. Entã o, teremos

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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Sabe-se que, conforme lembram Martins, Miranda e Diniz (2014, p. 6), uma boa aná lise depende de Influê ncia
dois aspectos importantes, a qualidade e a quantidade de informaçõ es disponíveis: escola contá bil
norte-americana a
partir de 1976
A quantidade de informaçõ es disponibilizadas é importante, pois quem
está de fora da empresa só poderá conhecer determinados aspectos do
empreendimento se as informaçõ es forem divulgadas. Mais importante
ainda é que as informaçõ es constantes nas demonstraçõ es analisadas sejam
confiá veis e acuradas, caso contrá rio as conclusõ es nã o serã o confiá veis.

Para atender a essas expectativas, tanto dos usuá rios internos como dos externos, os contadores Influê ncia escola IFRS
(e aqui nã o estamos nos referindo apenas aos contadores brasileiros, mas de todo o planeta) utilizam contá bil europeia A partir de 2008
normas e princípios geralmente aceitos porque, alé m de uma necessidade té cnica contá bil, eles facilitam
as empresas alcançarem um padrã o mínimo de qualidade e quantidade de informaçõ es e demonstraçõ es
Figura 1 − Linha do tempo das influê ncias das escolas contá beis no Brasil
financeiras que devem ser divulgadas.

Assim, cada país estabelece qual é esse conjunto de informaçõ es mínimas, sendo possível instaurar No sé culo passado, até as dé cadas de 1960 e 1970, era muito comum aos contadores brasileiros
uma verdadeira linguagem dos negó cios, aceita, compreendida, praticada e incentivada por todos os terem enorme admiraçã o pelas escolas contá beis europeias, especialmente a italiana. De Rocchi (1998),
agentes no mercado. por exemplo, explica que o contador Francisco D’Auria nã o se preocupava com contabilidade gerencial,
mas era fascinado por autores italianos e franceses e, em uma atitude de contínua atualizaçã o,
A legislaçã o brasileira bá sica que traz a estrutura conceitual das demonstraçõ es financeiras é costumava viajar frequentemente a países da Europa. Em 1932, encontrou-se com Gino Zappa e pô s-se
a Lei nº 6.404/76, a Lei das Sociedades Anô nimas, e que posteriormente foi alterada em diversos a elogiar com entusiasmo a cultura contá bil italiana. No entanto, Zappa disse que naquele momento
pontos pela Lei nº 11.638/2007 e pela Lei nº 11.941/2009 (que alterou os grupos do Balanço Patrimonial a contabilidade italiana nã o seria o melhor exemplo, haveria muito que aprender com os americanos e
e os respectivos pronunciamentos contá beis – CPCs). alemã es em maté ria de aná lise.

Os autores brasileiros de Ciê ncias Contá beis normalmente nã o citam a existê ncia de uma escola
contá bil brasileira. Entende-se que nã o é possível dizer que o Brasil teria criado uma escola genuína;
Saiba mais a contabilidade nacional surgiria de uma influê ncia ou mescla de influê ncias de escolas estrangeiras.
Sá (1997), que afirma que as principais influê ncias de escolas contá beis estrangeiras foram da escola
O Brasil já teve vá rias Leis das Sociedades Anô nimas. Os pesquisadores patrimonialista italiana, confirma essa “mescla” de influê ncias de escolas estrangeiras, no entanto, ele
Schmidt e Santos (2012) fizeram um interessante levantamento de todas pró prio se dedicou exaustivamente durante sua vida para formar uma escola contá bil genuinamente
essas leis, desde 1850 até o CPC 26 de 2009. brasileira, a escola neopatrimonialista.

No entanto, por diversos fatores, a escola contá bil norte-americana passou a influenciar
fortemente os mercados em todo o planeta, principalmente nos mercados de capitais. Isso levou o
26 do CPC de 2009. , UEM−Paraná , v. 31, n. 1, p. 27-35, governo brasileiro a optar por um alinhamento com a escola contá bil norte-americana, movimento
jan./abr. 2012. Disponível em: https://doi.org/10.4025/enfoque.v31i1.15233. que foi acompanhado por professores da Universidade de Sã o Paulo, uma importante doutrinadora
Acesso em: 30 jun. 2014. de Ciê ncias Contá beis no Brasil.

, A partir das dé cadas de 1990 e 2000, com as discussõ es sobre a necessidade de criaçã o de uma
o Conselho Federal de Contabilidade, para legislar sobre maté ria contá bil. Essas normas contá beis, no convergê ncia internacional, professores da Universidade de Sã o Paulo e, em especial, o prof. Dr. Eliseu
entanto, sofreram influê ncias e estavam alinhadas a escolas contá beis de outros países que, à é poca, Martins, influenciam a adoçã o da Lei nº 11.638, iniciando oficialmente o processo de convergê ncia
mostravam alta qualidade e inspiravam admiraçã o e confiança. Na figura a seguir é possível observar contá bil internacional no Brasil.
uma linha do tempo com os alinhamentos da contabilidade brasileira.

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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Mannsieht sabia que seria difícil captar dinheiro nos Estados Unidos para financiar a expansã o da
empresa. Convencer os investidores americanos até que nã o seria muito difícil. Mas ele nã o contava
Observação era com os jornalistas. Chamaram sua empresa de insolvente sem o menor pudor. Isso o deixou
absolutamente possesso. Ele nã o admitia ser tratado como um fracassado. Era um vencedor! Nã o só ele,
Alguns países nã o mantê m normas contá beis pró prias ou um comitê de mas mil e tantos funcioná rios que trabalhavam duro nas oficinas de sua empresa!
pronunciamentos contá beis como no Brasil e nos EUA. A China, por exemplo,
decidiu incorporar as Normas Internacionais da IASC integralmente em sua Felizmente soube se controlar e nã o provocou um vexame. Poré m, esse incidente foi muito ruim para
legislaçã o. o humor de Mannsieht. Melhor ver o movimento das pessoas para se acalmar.
As Normas Internacionais de Contabilidade, como você vai estudar nas pró ximas unidades, discutiu Nova York nã o o recebeu bem!
intensamente os graves problemas que vinham assolando os mercados quanto a problemas de
informaçã o contá bil. A seguir, apresento um texto para reflexã o, inspirado no caso Mercedes Benz, que Pergunta-se: como explicar o fato de a empresa do Sr. Gehard Mannsieht ter ó timos resultados em
ficou muito famoso. um país e em outro ter resultados ruins? É necessá rio “traduzir” as demonstraçõ es contá beis?
Exemplo de aplicaçã o Um caso emblemá tico, que ajudou a acelerar a convergê ncia contá bil internacional foi descrito na
revista , em janeiro de 2003, quando entã o a empresa alemã Mercedes Benz AG
A decepçã o de Gerhard Mannsieht obteve em 1993 um lucro de DM$ 612 milhõ es de acordo com as normas contá beis alemã s (German
GAAP) e, quando as demonstraçõ es financeiras foram traduzidas e ajustadas para as normas contá beis
Gerhard Mannsieht devora um apetitoso pacote de batatas fritas e toma um refrigerante gelado norte-americanas (US GAAP), apurou-se um prejuízo de DM$ 1,839 bilhõ es.
enquanto espera pacientemente o seu voo no frio e movimentado saguã o do aeroporto John F. Kennedy,
em Nova York. O ano é 1999, é inverno e seu aviã o atrasou por motivos que nã o se interessava em saber. Veja que se trata de uma diferença absurda, inacreditá vel e que demonstrava claramente que normas
O fato é que Mannsieht precisaria esperar muitas horas pelo voo. Com certeza nã o iria viajar aquela contá beis internacionais eram absolutamente necessá rias em uma economia globalizada.
noite, mas nã o estava disposto a ir a um hotel e descansar.
Lucro alemã o GAAP – DM$612 milhõ es.
A ú ltima coisa que queria era dormir.
Prejuízo USGAAP – DM$1,839 bilhõ es.
Estava particularmente furioso e, nessas horas, preferia sentar-se e ver o movimento das pessoas
caminhando. Apesar de estar ansioso para voltar para casa e rever sua mulher, Mannsieht nã o estava DM$ = Marco alemã o, a antiga moeda da Alemanha e que hoje utiliza o euro.
particularmente furioso por conta do atraso do aviã o. Ao contrá rio, de certa forma, ainda bem que esse
aviã o havia atrasado! Como diretor financeiro de uma grande indú stria alemã , foi obrigado a viajar para
Nova York poucos dias apó s voltar de sua lua de mel, onde teve a oportunidade rara de conhecer as
paradisíacas ilhas da Poliné sia Francesa. Um dos graves problemas envolvendo contabilidade que assolavam os mercados é que muitos
usuá rios solicitavam, seja para as pequenas e mé dias empresas, seja para as grandes empresas,
A empresa que representava, com sede em Hannover, produzia lentes para câ meras fotográ ficas e demonstraçõ es financeiras , ou seja, demonstraçõ es preparadas sob medida para fins específicos
era uma das melhores marcas desse mercado. Apó s muitos anos de trabalho, decidiu finalmente fazer e muitas vezes uma ú nica vez, para uso esporá dico. Isso é muito prejudicial porque, ao mesmo tempo
um lançamento de açõ es na NYSE, a bolsa de valores nova-iorquina. Entre os diversos trabalhos que em que o contador se desdobrava para ter tempo disponível para atender pedidos especiais de usuá rios,
foram necessá rios para a abertura das açõ es das empresas na NYSE, foram obrigados a “traduzir” toda a trazia cada vez menos confiança. Percebeu-se uma mania de “sempre pedir mais do que está nas
contabilidade dos ú ltimos cinco anos para o FASB, as normas contá beis norte-americanas. demonstraçõ es contá beis”, que nunca satisfazem!

O problema é que na Alemanha a empresa nunca relatou prejuízo em seus balanços. Estava Assim, para evitar essa mania e valorizar o trabalho do contador, formou-se o conceito de relató rio
acostumado a ser tratado pela imprensa local como um vencedor, um profissional muito competente. contá bil-financeiro de propó sito geral, que como o nome já insinua é um relató rio de uso geral ou
Em Nova York, no entanto, pelas regras norte-americanas, a empresa relatava prejuízo. As mesmas multiuso, já desenvolvido para todas as necessidades em potencial dos usuá rios externos, sem que estes
operaçõ es, as mesmas coisas que em um país eram um sucesso, em outro eram um fracasso. peçam informaçõ es adicionais ou . Esse conceito foi definido da seguinte forma no CPC 00 (R1)
Conceitual Bá sico (CPC, 2011a):

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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

OB2. O objetivo do relató rio contá bil-financeiro de propó sito geral é Valor preditivo
fornecer informaçõ es contá bil-financeiras acerca da entidade que reporta Relevâ ncia
essa informaçã o ( ) que sejam ú teis a investidores existentes Valor confirmató rio
e, em potencial, a credores por empré stimos e a outros credores, quando Fundamentais Completa
da tomada decisã o ligada ao fornecimento de recursos para a entidade.
Representaçã o Neutra
Essas decisõ es envolvem comprar, vender ou manter participaçõ es em fidedigna
instrumentos patrimoniais e em instrumentos de dívida, e a oferecer ou Características Livre de erro material
disponibilizar empré stimos ou outras formas de cré dito. qualitativas

Compatibilidade
Nesse sentido, para que os relató rios realmente tenham essa característica de “propó sito geral”,
Verificabilidade
elegeram-se trê s grupos de usuá rio externos que necessitam de uma sensibilidade especial:
De melhorias Tempestividade
• investidores existentes e em potencial; Compreensibilidade

• credores por empré stimos;


Figura 2 − Características qualitativas da informaçã o contá bil

• outros credores.
Em complemento, o CPC 26 – Apresentaçã o das Demonstraçõ es Financeiras define o conjunto
Muito importante que o contador nã o dê a esse grupo “preferê ncia”, porque todos os usuá rios sã o completo de demonstraçõ es e informaçõ es que o contador deve disponibilizar para o pú blico, sendo
importantes. Entretanto, de fato, a IASB reconhece que esses usuá rios tê m uma relevâ ncia muito grande que o texto é apresentado na íntegra, a seguir:
e é importante que o contador seja sensível à s necessidades deles.
10. O conjunto completo de demonstraçõ es contá beis inclui:

(a) balanço patrimonial ao final do período;


Observação
(b1) demonstraçã o do resultado do período;
A escolha de um grupo de usuá rios como um grupo que deve receber
mais atençã o do contador, sem prejuízo de outros grupos de usuá rios,
(b2) demonstraçã o do resultado abrangente do período;
é uma ideia muito polê mica. Qualquer pessoa que tenha a necessidade
de conhecer algum assunto sobre uma empresa e, por isso, recorra à s
(c) demonstraçã o das mutaçõ es do patrimô nio líquido do período;
demonstraçõ es contá beis é digna de atençã o! No entanto, a orientaçã o
da IASB é de bom senso dentro da necessidade profissional de aumentar a
relevâ ncia do trabalho. Os investidores, e credores, tê m um especial interesse (d) demonstraçã o dos fluxos de caixa do período;
pela empresa e o que for feito para satisfazer esses grupos é vá lido e será
(e) notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contá beis
ú til aos outros grupos de usuá rios també m!
significativas e outras informaçõ es elucidativas;
A IASB, por meio do pronunciamento conceitual bá sico, reconheceu que os contadores já vinham
publicando informaçõ es quantitativas de excelente qualidade, contudo, havia deficiê ncias quanto a
nos itens 38 e 38A; (incluída pela Revisã o CPC 03) (f) balanço patrimonial
informaçõ es qualitativas.
do início do período mais antigo, comparativamente apresentado, quando
a entidade aplicar uma política contá bil retrospectivamente ou proceder
É nesse sentido que se torna imprescindível que os contadores melhorem as informaçõ es qualitativas,
à reapresentaçã o retrospectiva de itens das demonstraçõ es contá beis, ou
sendo que a IASB relacionou essas características, conforme podemos verificar na figura preparada por
quando proceder à reclassificaçã o de itens de suas demonstraçõ es contá beis
Martins, Miranda e Diniz (2014, p. 16):
de acordo com os itens 40A a 40D; e (Alterada pela Revisã o CPC 03)

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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

(f1) demonstraçã o do valor adicionado do período, conforme No Brasil, adota-se o chamado “direito romano” e, por consequê ncia, há uma forte orientaçã o
Pronunciamento Té cnico CPC 09, se exigido legalmente ou por algum legalista-formalista, na qual as açõ es e procedimentos contá beis e fiscais sã o expressos em instrumentos
ó rgã o regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente. (Alterada jurídicos, ao contrá rio do chamado “direito consuetudiná rio” dos países anglo-saxõ es, que adotam a
pela Revisã o CPC 03) , na qual as açõ es e procedimentos contá beis emanam dos usos e costumes.

A entidade pode usar outros títulos nas demonstraçõ es em vez daqueles Assim, os princípios fundamentais de contabilidade sã o integrados ao arcabouço jurídico brasileiro e
usados neste Pronunciamento Té cnico, desde que nã o contrarie a legislaçã o nã o sã o apenas orientaçõ es utilizadas pela profissã o de forma responsá vel.
societá ria brasileira vigente.

10A. A entidade pode, se permitido legalmente, apresentar uma ú nica Observação


demonstraçã o do resultado do período e outros resultados abrangentes, com
a demonstraçã o do resultado e outros resultados abrangentes apresentados O aspecto da adoçã o no Brasil de uma orientaçã o jurídica
em duas seçõ es. As seçõ es devem ser apresentadas juntas, com o resultado legalista-formalista é particularmente um desafio em se tratando da
do período apresentado em primeiro lugar seguido pela seçã o de outros necessidade de adoçã o do − valor justo, que tem origem na
resultados abrangentes. A entidade pode apresentar a demonstraçã o do orientaçã o jurídica de .
resultado como uma demonstraçã o separada. Nesse caso, a demonstraçã o
separada do resultado do período precederá imediatamente a demonstraçã o Os princípios fundamentais de contabilidade sã o dispostos na Legislaçã o brasileira, na Resoluçã o
que apresenta o resultado abrangente, que se inicia com o resultado do nº 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade, que, no esforço para a harmonizaçã o contá bil
período. (Incluído pela Revisã o CPC 03) internacional, foi alterada pela Resoluçã o CFC nº 1.282/10 NBC TI 1 – Estrutura Conceitual para a
Elaboraçã o e Apresentaçã o das Demonstraçõ es Contá beis.
10B. Quando da aprovaçã o deste Pronunciamento Té cnico, deve atentar-se
para o fato importante de que a legislaçã o societá ria brasileira requer que
seja apresentada a demonstraçã o do resultado do período como uma seçã o contemplados pela contabilidade. Muitos profissionais no mercado e/ou estudantes costumam chamar os
separada (Incluído pela Revisã o CPC 03) (CPC, 2011c). princípios contá beis norte-americanos de USGAAP e por analogia, os princípios brasileiros de BRGAAP.

Observação
Saiba mais
O GAAP abrevia a expressã o
Recomenda-se que você leia na íntegra os pronunciamentos CPC 00 e ou princípios contá beis geralmente aceitos.
CPC 26, visitando o seguinte :
Segundo Iudícibus . (1990), para um princípio ser incorporado à doutrina contá bil, é necessá rio
Disponível em: http://www.cpc.org.br. Acesso em: 30 jun. 2014. que atenda a duas condiçõ es bá sicas:
É sempre interessante ver també m a versã o em inglê s da IASB em: 1 − o objetivo deve ser considerado praticá vel pelo consenso profissional;
Disponível em: www.iasb.org. Acesso em: 30 jun. 2014.. 2 − deve ser considerado ú til.
1.2 Princípios Fundamentais de Contabilidade, segundo o CFC nº 1.282/2010 A ordem de classificaçã o é importante porque, para muitos profissionais da contabilidade, é de
fundamental importâ ncia que um princípio seja praticá vel antes de ser relevante. Nã o basta que um
Iremos estudar e/ou relembrar alguns aspectos sobre os Princípios Fundamentais de princípio seja aderente a uma realidade econô mica, é necessá rio que tenha como ser colocado em prá tica
Contabilidade e das normas brasileiras, que sã o imprescindíveis como base para o estudo da com facilidade, em uma relaçã o de custo-benefício. Isso nã o quer dizer que um potencial princípio
contabilidade internacional. contá bil que hoje é considerado impraticá vel nã o venha a ser considerado praticá vel no futuro, mas
quer dizer que a tecnologia e a cultura podem favorecer sua aceitabilidade.
19 20
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

a) custo corrente. Os ativos sã o reconhecidos pelos valores em caixa ou


equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou
Observação
contá beis. Os passivos sã o reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes
O − valor justo – é um exemplo de praticabilidade. Por muito de caixa, nã o descontados, que seriam necessá rios para liquidar a obrigaçã o
tempo nã o foi adotado porque se julgava que nã o poderia ser praticá vel. na data ou no período das demonstraçõ es contá beis;

Nesse sentido, atualmente sã o aceitos os seguintes princípios contá beis: b) valor realizá vel. Os ativos sã o mantidos pelos valores em caixa ou
equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em
Art. 5º. O Princípio da Continuidade pressupõ e que a Entidade continuará uma forma ordenada. Os passivos sã o mantidos pelos valores em caixa e
em operaçã o no futuro e, portanto, a mensuraçã o e a apresentaçã o dos equivalentes de caixa, nã o descontados, que se espera seriam pagos para
componentes do patrimô nio levam em conta esta circunstâ ncia. liquidar as correspondentes obrigaçõ es no curso normal das operaçõ es
da Entidade;
Art. 6º. O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuraçã o
e apresentaçã o dos componentes patrimoniais para produzir informaçõ es c) valor presente. Os ativos sã o mantidos pelo valor presente, descontado do
íntegras e tempestivas (CFC, 2010). fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item
no curso normal das operaçõ es da Entidade. Os passivos sã o mantidos pelo
Nã o houve novidades, comparando-se o período anterior à convergê ncia internacional. valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se
espera seja necessá rio para liquidar o passivo no curso normal das operaçõ es
Pará grafo ú nico. A falta de integridade e tempestividade na produçã o da Entidade;
e na divulgaçã o da informaçã o contá bil pode ocasionar a perda de sua
relevâ ncia, por isso é necessá rio ponderar a relaçã o entre a oportunidade e d) valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo
a confiabilidade da informaçã o (CFC, 2010). liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transaçã o
sem favorecimentos; e
Nã o houve novidades, comparando-se o período anterior à convergê ncia internacional.
e) atualizaçã o monetá ria. Os efeitos da alteraçã o do poder aquisitivo da
Art. 7º. O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contá beis mediante o
componentes do patrimô nio devem ser inicialmente registrados pelos ajustamento da expressã o formal dos valores dos componentes patrimoniais.
valores originais das transaçõ es, expressos em moeda nacional.
§ 2º. Sã o resultantes da adoçã o da atualizaçã o monetá ria:
§ 1º. As seguintes bases de mensuraçã o devem ser utilizadas em graus
distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, nã o
representa unidade constante em termos do poder aquisitivo;
I – custo histó rico. Os ativos sã o registrados pelos valores pagos ou a serem
pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos II – para que a avaliaçã o do patrimô nio possa manter os valores das
que sã o entregues para adquiri-los na data da aquisiçã o. Os passivos transaçõ es originais, é necessá rio atualizar sua expressã o formal em moeda
sã o registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos
da obrigaçã o ou, em algumas circunstâ ncias, pelos valores em caixa ou componentes patrimoniais e, por consequê ncia, o do Patrimô nio Líquido; e
equivalentes de caixa, os quais serã o necessá rios para liquidar o passivo no
curso normal das operaçõ es; e III – a atualizaçã o monetá ria nã o representa nova avaliaçã o, mas tã o somente
o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a
II – variaçã o do custo histó rico. Uma vez integrado ao patrimô nio, os aplicaçã o de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variaçã o
componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variaçõ es do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período (CFC, 2010).
decorrentes dos seguintes fatores:

21 22
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

No artigo 7º, incorpora-se o conceito de valor justo que estudaremos neste livro-texto. Quadro 1 − Componentes do Ativo

[...] Art. 9º. O Princípio da Competê ncia determina que os efeitos das O Ativo Circulante (AC) é composto por bens e direitos que
transaçõ es e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se serã o recebidos em dinheiro num prazo de até 360 dias. O Ativo
referem, independentemente do recebimento ou pagamento. circulante, també m conhecido por ativo a curto prazo, compõ e
geralmente as seguintes contas: caixa e equivalente de caixa
(contas correntes bancá rias e aplicaçõ es financeiras), clientes,
Pará grafo ú nico. O Princípio da Competê ncia pressupõ e a simultaneidade da estoques, entre outras, mas sempre apresentadas em ordem
confrontaçã o de receitas e de despesas correlatas (CFC, 2010). de liquidez.
O Ativo Nã o Circulante (ANC), alé m de compor os bens direitos
Nã o houve novidades, comparando-se o período anterior à convergê ncia internacional. que serã o recebidos em dinheiro num prazo superior de 360 dias,
os chamados “realizá veis em longo prazo”, també m comporta
os investimentos, e os mais comuns sã o as aquisiçõ es de
Art. 10. [...] participaçõ es em outras empresas, o imobilizado, representado
pelos bens corpó reos, como má quinas, mó veis, equipamentos de
Pará grafo ú nico. O Princípio da Prudê ncia pressupõ e o emprego de certo informá tica, entre outros.
grau de precauçã o no exercício dos julgamentos necessá rios à s estimativas
Ainda temos o intangível, bens e direitos nã o corpó reos, mas
em certas condiçõ es de incerteza, no sentido de que ativos e receitas nã o que també m contribuem para o desenvolvimento da atividade
sejam superestimados e que passivos e despesas nã o sejam subestimados, empresarial, como as marcas e o capital intelectual.
atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuraçã o e apresentaçã o
dos componentes patrimoniais (CFC, 2010).
O subgrupo do balanço patrimonial, chamado passivo, representa todas as dívidas contraídas pelas
empresas. Pode-se afirmar que as dívidas registradas sã o contraídas com terceiros, ou seja, com pessoas
Nã o houve novidades, comparando-se o período anterior à convergê ncia internacional.
físicas e/ou jurídicas. Alé m de possuírem um vencimento predeterminado, essas dívidas levam a
empresa a sançõ es (juros e multas) no caso de nã o saldá -las na data prevista, o que já nã o ocorre
A condiçã o de praticabilidade e/ou relaçã o custo-benefício no caso da incorporaçã o do valor justo
no patrimô nio líquido.
nã o está sendo levada em conta, ou está sendo abafada. A necessidade de convergê ncia contá bil é o
argumento mais forte, mesmo que o contador enfrente dificuldades na aplicaçã o prá tica do valor justo
É dividido entre o passivo circulante e o passivo nã o circulante, mostrados no quadro a seguir:
a um ponto que impeça este de ser utilizado. Entã o, as recomendaçõ es sã o a de que o contador tome
providê ncias para usar o valor-justo mesmo que enfrente resistê ncias na empresa e descentralize essa
Quadro 2 − Componentes do Ativo
responsabilidade para outros profissionais da empresa, como os engenheiros. O engenheiro, com base
em laudos e opiniõ es de corretores imobiliá rios, pode apresentar ao contador qual seria o valor justo de
As dívidas com vencimento em curto prazo, ou seja, que vencerã o
um imó vel.
em até um ano apó s o exercício social atual, serã o classificadas como
passivo circulante, ficando as demais, aquelas com vencimento superior
Entende-se que o contador deve formar um sistema de informaçõ es e manter uma rede de a um ano, registradas como passivo nã o circulante.
relacionamentos internos. Sendo assim, os impactos da convergê ncia nã o ficam restritos apenas aos No passivo circulante sã o registradas dívidas como salá rios a pagar,
contadores, mas afetam vá rios outros profissionais. impostos a pagar, fornecedores, entre outras. Enquanto no passivo nã o
circulante, as dívidas mais comuns sã o os financiamentos bancá rios e
1.3 Ativo, passivo, receitas e despesas outras com vencimento em longo prazo.

Segundo o CPC 00 (2011a), o balanço patrimonial de uma empresa é composto de seu ativo, passivo No patrimô nio líquido sã o registradas as dívidas contraídas pela empresa, poré m, junto aos seus
e patrimô nio líquido. Na demonstraçã o de resultados do exercício realiza-se um confronto entre as proprietá rios, como o capital social. Caso a empresa venha a pagar o capital social para os proprietá rios,
receitas e as despesas. haverá o encerramento das atividades.

O ativo é composto por bens e direitos necessá rios para o desenvolvimento da atividade operacional A seguir, uma rá pida comparaçã o sobre a estrutura do balanço patrimonial antes e apó s a
de quaisquer empresas e representa os recursos aplicados por ela para a sobrevivê ncia. É dividido entre convergê ncia internacional:
o ativo circulante e o ativo nã o circulante, mostrados no quadro a seguir:
23 24
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Conteú do do Balanço Antes da convergê ncia, era comum no Brasil separar as despesas e receitas “operacionais” das “nã o
Ativo Passivo
operacionais”, ou seja, as despesas mais corriqueiras ou que estã o ligadas ao negó cio das despesas
esporá dicas, que nã o estã o ligadas com as operaçõ es normais da empresa. No entanto, entendeu-se
Ativo circulante Passivo circulante
Obrigaçõ es que mesmo as despesas mais esporá dicas també m sã o realizadas com o intuito de gerar receitas. Nã o
Ativo realizá vel em longo prazo Passivo exigível em longo prazo
se admite que uma empresa esteja gastando dinheiro em algo que nã o irá trazer retorno. Assim, nã o há
Bens e
Ativo permanente, dividido em: Resultados de exercícios futuros
– Investimentos Patrimô nio líquido, dividido em: mais separaçã o entre despesas “operacionais” e “nã o operacionais”.
direitos
– Ativo imobilizado – Capital social
– Ativo diferido – Reservas de capital Outra importante mudança no patrimô nio líquido e em despesas e receitas é a obrigaçã o do lucro
Patrimô nio acumulado receber uma destinaçã o. Entende-se que nã o se devem acumular lucros de um período para
– Reservas de reavaliaçã o líquido
– Reservas de lucro o outro, o que nã o ocorre com o prejuízo, que pode ser acumulado. Nã o há mais “lucros acumulados”.
– Lucros (ou prejuízos) acumulados
2 NORMAS DE CONTABILIDADE
Figura 3 − Conteú do do Balanço de acordo com a Lei 6.404/76, antes das Normas Internacionais de Contabilidade
2.1 Convergência contábil
A estrutura anterior a 2007 continha, por exemplo, o ativo diferido e, no esforço de convergê ncia, os
contadores brasileiros resolveram abandonar a amortizaçã o dos gastos pré -operacionais. Relacionam-se trê s conceitos para entender o que significa harmonizaçã o contá bil:

Conteú do do Balanço • convergê ncia;


Ativo Passivo
Ativo circulante Passivo circulante • harmonizaçã o;
Obrigaçõ es
Ativo nã o circulante, dividido em: Passivo nã o circulante
Bens e – Realizá vel em longo prazo Patrimô nio líquido, dividido em: • padronizaçã o.
direitos
– Investimentos – Capital social
– Ativo imobilizado – Reservas de capital Patrimô nio Quando existem vá rias pessoas ou, como no caso da contabilidade, a mesma prá tica sendo realizada
líquido
– Ativo intangível – Reservas de avaliaçã o patrimonial em diferentes países e lugares, pelos mais diferentes profissionais que fazem “mais ou menos a mesma
– Reservas de lucro coisa”, surge uma intençã o ou necessidade de harmonizar, fazer com que todos sigam os mesmos
– Lucros (ou prejuízos) acumulados có digos e significados. Em outras palavras, que todos “falem a mesma língua”.

Figura 4 − Conteú do do Balanço de acordo com as Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09, apó s as Normas Internacionais de Contabilidade Entretanto, o que acontece quando esses profissionais empreendem regras e/ou normas diferentes? Logo
surge uma vontade de “padronizar” o trabalho, fazer com que todos façam exatamente do mesmo jeito.
Observe que, se já nã o há o ativo diferido, agora há espaço para o tã o necessá rio ativo intangível!
Quando vemos, por exemplo, uma bola de futebol, é de interesse de todos que essa bola tenha os
As receitas sã o os ganhos que a empresa pode ter no momento (receitas à vista) ou em data mesmos elementos em qualquer lugar. Nã o é interessante que o Brasil utilize uma bola mais pesada, a
predeterminada (receitas a prazo) ao revender suas mercadorias (atividade comercial) e/ou vender seus Itá lia uma bola mais leve e rá pida ou a Á frica do Sul uma bola mais achatada. Todos, entã o, devem ter
produtos (atividade industrial), ou ainda prestar serviços (atividade prestadora de serviços). Para obter a mesma bola e, independente do lugar onde ela seja fabricada, com as mesmas características finais.
essas receitas, a empresa precisa dispor de alguns gastos, o que chamamos de despesas. Em outras
palavras, as despesas representam o sacrifício para buscar uma receita.
Observação
Ou seja, as despesas nã o sã o um gasto sem propó sito, sem sentido. Representam uma intençã o de
trazer recursos para a empresa. Ou como definem Iudícibus (1990, p. 66): Por exemplo, em outros países é comum má quinas de autoatendimento
nos bancos serem conhecidas como ATM Automatic Teller Machine), mas
O consumo de bens ou serviços, que, direta ou indiretamente, ajuda a
no Brasil essa sigla nã o é conhecida, todos chamam esse equipamento de
produzir uma receita. Diminuindo o Ativo ou aumentando o Passivo, uma
caixa eletrô nico.
despesa é realizada com a finalidade de se obter uma receita.

25 26
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

A padronizaçã o nem sempre é fá cil, mas é possível em muitos casos. Por exemplo, a organizaçã o ISO Por outro lado, Ikuno (2010) comentam també m que Choi e Meek ( SHIMA, 2007, p. 6)
( Organizaçã o Internacional para a Padronizaçã o) realiza apontam oito fatores que causam diferenças nas demonstraçõ es contá beis, porque influenciam o
um excelente trabalho nesse sentido. sistema financeiro:

Temos como exemplo a produçã o de cabos telefô nicos: independentemente de uma fá brica estar no • principal fonte de financiamento;
Paquistã o ou na Argentina, deve-se aplicar as mesmas regras de qualidade. Nã o deve haver influê ncia
do país e/ou da cultura do país. No entanto, em maté ria contá bil nã o é possível dar esse tratamento. Há • sistema legal;
diversas influê ncias na contabilidade, portanto, o uso da palavra harmonizar no sentido de padronizar,
tornar as coisas rigorosamente iguais, nã o é razoá vel. • sistema de tributos;

Nesse sentido, Ikuno (2010) analisaram o trabalho de Nobes (1993), que propô s 17 fatores que • relaçõ es políticas e econô micas;
causam diferenças contá beis internacionais:
• inflaçã o;
• herança colonial;

• invasõ es; • nível de desenvolvimento econô mico;

• tributaçõ es; • educaçã o;

• inflaçã o; • cultura.

• nível de educaçã o; Há , no entanto, conforme relatam Ikuno (2010), pesquisadores como Zarzeski (1996
IKUNO ., 2010) e Jaggi e Low (2000 IKUNO ., 2010) que contestam se os aspectos culturais
• duraçã o e tamanho da profissã o contá bil; sã o de fato tã o importantes para as diferenças na contabilidade entre os diversos países. Eles lembram
que muitas empresas atualmente sã o multinacionais, e com isso os aspectos culturais tendem a nã o
• está gio do desenvolvimento econô mico; ter muita importâ ncia. Aspectos como as forças de mercado e fatores institucionais seriam atualmente
mais importantes.
• sistema legal;

• cultura; Sobre esse aspecto das influê ncias culturais e do ambiente, Weffort (2005, p. 19) confirma que a
contabilidade acaba por receber de fato essas influê ncias:
• histó ria;

• geografia; as naçõ es tê m diferentes histó rias, valores e sistemas políticos, elas també m
tê m diferentes padrõ es de desenvolvimento da contabilidade financeira.
• linguagem; […] Esta diversidade é resultante da variaçã o dos ambientes de negó cios ao
redor do mundo e do fato de a contabilidade ser ambientalmente sensível.
• influê ncia da Teoria Contá bil;
Sob o conceito de convergê ncia, as regras e/ou procedimentos podem ser diferentes, respeitando
• sistema político; a cultura, língua, usos e costumes e/ou legislaçã o local, desde que o resultado final leve ao mesmo
entendimento, ao mesmo objetivo. Essa é uma costura complexa de ser realizada. Como, por exemplo,
• clima social;
fazer com que um contador á rabe relate a sua contabilidade de forma que um contador asiá tico ou
• religiã o; da Amé rica Central possa entender essa contabilidade, mesmo sabendo que as diferenças culturais
influenciam nos negó cios?
• acidentes de percurso.

27 28
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

A seguir, uma dificuldade de convergê ncia que foi enfrentada no Brasil.


Lembrete Exemplo de aplicaçã o

As características qualitativas da informaçã o contá bil també m sã o A convergê ncia no Brasil


muito importantes nesse conceito de convergê ncia contá bil internacional.
Houve uma preocupaçã o acentuada em nã o aumentar os custos tributá rios, o que criaria resistê ncias
A seguir, te convido para uma interessante comparaçã o visual para contribuir no entendimento da para que as normas internacionais fossem adotadas no Brasil.
diferença entre padronizaçã o e convergê ncia.
Segundo Plö ger ([s.d.]), coordenador de relaçõ es institucionais do Comitê de Pronunciamentos
Contá beis – CPC, destinado a buscar soluçõ es para as questõ es que se apresentarem, com ampla e
indiscriminada consulta a quem possa ser afetado, o comitê inova no trato de questõ es regulamentares
porque reú ne representantes de entidades da á rea privada, do mundo acadê mico e do setor governamental,
sentados à mesma mesa e imbuídos de um ú nico crité rio, que é a busca da modernidade.

Na verdade, estamos diante de uma dupla convergê ncia: de um lado, a necessidade universal de
integrar regras contá beis aos padrõ es internacionais; de outro, a participaçã o, no debate interno,
Figura 5 − Processo de padronizaçã o de representantes de todos os atores do mercado brasileiro – governo, iniciativa privada e ó rgã os
acadê micos – dialogando livre e democraticamente no CPC.

Nó s sabemos, por nossa pró pria experiê ncia de vida, que nada será fá cil na trajetó ria do CPC. O mundo
da contabilidade é complexo e sutil; as soluçõ es buscadas devem responder à s questõ es levantadas e aos
ambientes nos quais proliferam, mas nem sempre isso é muito fá cil de identificar. Para citar um exemplo
já muito discutido, será necessá rio muito cuidado para verificar se alguma norma ou procedimento
adotado produzirá elevaçã o dos custos tributá rios, de modo a minimizar as possíveis resistê ncias à
adoçã o de procedimentos modernizantes.

Sã o cuidados que deveremos ter, para tocar a difícil tarefa, que será gratificante, de colocar o CPC
em pleno funcionamento.
Figura 6 − Processo de harmonizaçã o

Esse trabalho de convergê ncia é exaustivo, no entanto, é vá lido porque consegue efetivamente
trazer benefícios claros para os mercados e para o trabalho do pró prio contador. É o que comentam 2.1.1 Ó rgã os preocupados com a harmonizaçã o contá bil
Carvalho, Lemes e Costa (2006, p. 15):
Analisam-se a seguir os principais organismos internacionais que influenciam a formaçã o das
Balanços de empresas […] em diversos países tinham que ser comparados normas contá beis internacionais.
quanto a margens, retornos, custos de oportunidade, estruturas patrimoniais
e desempenhos, e havia (ainda há ) enorme desperdício de tempo e dinheiro Uniã o Europeia
para entender as distintas normas contá beis nacionais e reconciliá -las para
um padrã o ú nico. Isso deixará de ser obstá culo e deixará de ser um custo A formaçã o de uma comunidade europeia foi uma mudança inimaginá vel em se tratando
a partir das IFRS – as normas das empresas de países que as adotarem já de países que há sé culos viviam em estado de guerra. Esses países formavam um ambiente de
sairã o, na origem, em IFRS e eventualmente o má ximo que se exigirá será a hostilidade tã o forte que foram capazes de gerar os horrores como as duas guerras mundiais e
traduçã o do idioma, e nã o mais das prá ticas contá beis. o holocausto. Por influê ncia de políticos e figuras políticas importantes da é poca, como Winston
Churchil, Jean Monnet, Robert Schuman, Paul-Henri Spaak e Alcide de Gasperi, alcançou-se o

29 30
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

entendimento de que nã o era inteligente continuar a manter um ambiente de hostilidade entre as Sua missã o envolve regulaçã o internacional para o bom funcionamento dos valores mobiliá rios
naçõ es europeias. (operaçõ es em bolsas de valores).

O ideal era que esses países se unissem, passassem a empreender um esforço comum em prol da FASB
melhoria de vida de suas populaçõ es. Mas como fazer isso? A soluçã o encontrada foi a criaçã o de um
modelo político jamais visto na histó ria da humanidade, em que os países abriram mã o de parte de suas A FASB é uma entidade norte-americana que desde 1973 é a responsá vel pela publicaçã o das normas
soberanias nacionais em prol de uma comunidade. contá beis americanas. Nã o é um organismo internacional propriamente dito, mas, por causa da pujança
da economia americana e da obrigaçã o de empresas de outros países que tê m açõ es nas bolsas de
O resultado foi um sucesso. Por mais que se critique a Uniã o Europeia, fortemente questionada valores americanas de seguir as normas emitidas pela FASB, acabou por atuar como um verdadeiro e
durante a crise de 2008 a 2010 e crises de governança pú blica e financeira pipocando em países como influente organismo internacional.
Irlanda, Portugal, Gré cia, Espanha e Itá lia, a qualidade de vida nesses países é invejá vel.
Apó s anos de divergê ncias, a FASB finalmente concordou em trabalhar em conjunto com a IASB,
Essa experiê ncia da formaçã o da Uniã o Europeia també m teve seus reflexos na contabilidade e mais firmando em 2002 um histó rico entendimento chamado de Acordo de Norwalk.
do que isso, mostrou a possibilidade de adoçã o de normas comuns nã o só entre países europeus, mas
em todo o planeta.

A Uniã o Europeia foi um dos organismos internacionais que ajudaram a tornar a intençã o das Saiba mais
Normas Internacionais de Contabilidade uma realidade por conta de sua missã o natural, que é a de
tomar decisõ es para seus países membros. A Uniã o Europeia publicou a 4ª Diretiva, na qual tratava Você pode consultar o Acordo de Norwalk no seguinte :
de contabilidade e do conceito de – valor justo.
FINANCIAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD (FASB).
Evidentemente que a Uniã o Europeia nã o é um ó rgã o contá bil, como é , por exemplo, a IASB, que
é mais ampla. Contudo, foi e está sendo atualmente uma das maiores incentivadoras da adoçã o das
normas internacionais.

Associaçã o Interamericana de Contabilidade − AIC IFAC

A Associaçã o Interamericana de Contabilidade é uma entidade que congrega os contadores A Federaçã o Internacional dos Contadores, The International Federation of Accountants – IFAC, foi
do continente americano. Sua missã o, de acordo com Niyama (2010, p. 52), é a de “alcançar criada em 1977 durante o 11º Congresso Mundial dos Contadores e desde entã o vem desenvolvendo
uma profissã o forte e coerente, no â mbito dos contadores das Amé ricas (Norte, Central e Sul), pronunciamentos sobre normas internacionais, facilitando a colaboraçã o e a cooperaçã o entre
que cumpra com sua responsabilidade perante a sociedade dentro de um sincero intercâ mbio e suas associaçõ es-membro e servindo como porta-voz da profissã o contá bil. A IFAC, por meio da
convivê ncia fraternal”. − IASC, publicou as primeiras normas internacionais,
denominadas pela sigla IAS.

Observação
Observação
A AIC conta com 23 países-membros, sendo que entre eles está Cuba,
com o curioso nome de “Cuba em exílio”. Você já notou que nas normas do CPC Brasil há sempre uma correlaçã o
a uma norma internacional, sendo que algumas fazem mençã o à uma
Iosco norma IAS e outras a uma norma IFRS? Pois bem, as normas IAS sã o as

A Iosco é uma entidade internacional que reú ne comissõ es de valores mobiliá rios, como a brasileira sã o as normas mais recentes, preparadas pela IASB.
Comissã o de Valores Mobiliá rios (CVM) e/ou a americana Securities and Exchange Commission (SEC).

31 32
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

The International Accounting Standards Board – IASB (Comitê ou Colegiado de Padrõ es


Contá beis Internacionais)

Segundo Mourad e Paraskevopoulos (2010), a IASB foi criada em 2001, aproveitando e/ou continuando Saiba mais
o trabalho da IASC. As novas normas criadas pela IASC passaram a usar a sigla IFRS e, posteriormente,
IFRIC (International Financial Reporting Interpretations Committee). É o atual organismo internacional O Sr. Hans Hoogervorst assumiu a presidê ncia do IASB em primeiro de
responsá vel pelas publicaçõ es das normas internacionais. julho de 2011 e nessa data emitiu uma carta que pode ser lida (requer
conhecimentos de inglê s) no seguinte :

A WELCOME from the incoming chairman of the IASB. 1 jul. 2011.


Saiba mais Disponível em: https://bit.ly/3iRgB9j. Acesso em: 30 jun. 2014.

Consulte o documento “Quem somos e o que fazemos” da IASB:


Nessa carta, Hoogervorst comenta sobre o legado que recebeu de Sir David Tweedie e que apesar
IFRS. Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (IASB). de nã o ser um té cnico na á rea contá bil, foi Ministro das Finanças do governo holandê s e líder da
. Londres, jan. 2014. Autoridade do Mercado Financeiro desse país. Com isso, aprendeu també m com a crise financeira de
2007-2010 a importâ ncia de se manter um alto nível de transparê ncia nas empresas, para uma efetiva
Disponível em: https://bit.ly/3gp1P89. Acesso em: 30 jun. 2014. proteçã o ao investidor.

Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 11) dizem que o principal objetivo da IASB é : “promover Hoogervorst comentou ainda que há muitas oportunidades de mudanças e que suas prioridades sã o
a convergê ncia entre as normas contá beis locais e as Normas Internacionais de Contabilidade para a de completar o projeto de convergê ncia contá bil internacional e preparar uma agenda para assuntos
soluçõ es de alta qualidade e transparê ncia”. e desenvolvimentos pó s-convergê ncia. Em especial, trabalhar para que os Estados Unidos adotem as
normas internacionais em sua plenitude.
Niyama (2010, p. 40) mostra que na constituiçã o da IASB há os seguintes objetivos:
Por fim, Hoogervorst enfatiza o cará ter internacional da IASB, que apesar de ser uma entidade
a) Desenvolver, no interesse pú blico, um ú nico conjunto de normas contá beis jovem, reú ne uma verdadeira diversidade cultural contá bil.
globais de alta qualidade, inteligíveis, exequíveis, que exijam informaçõ es de
alta qualidade, transparentes e compará veis nas demonstraçõ es contá beis e G20
em outros relató rios financeiros, para ajudar os participantes do mercado de
capital e outros usuá rios em todo o mundo a tomar decisõ es econô micas; O grupo dos vinte ministros da fazenda e presidentes de banco central (G20) das 19 maiores

b) promover o uso e a aplicaçã o rigorosa dessas normas; e

c) promover a convergê ncia entre as normas contá beis locais e as Normas


Internacionais de Contabilidade de alta qualidade.
Saiba mais
É muito recomendá vel pesquisar na internet e conhecer um pouco sobre a impressionante biografia
do Prof. Sir David Tweedie, um homem que assumiu a presidê ncia do IASB em 2001 e desde entã o Leia o comunicado do CFC sobre as recomendaçõ es do Ifac ao G20.
conseguiu que mais de cem países aderissem aos esforços de harmonizaçã o contá bil. Embora seja raro
encontrar informaçõ es sobre o Prof. Sir David Tweedie em língua portuguesa, vale o esforço de ler em CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Federaçã o Internacional de
inglê s ou usar um tradutor automá tico.

Sir David Tweedie permaneceu à frente da IASB até junho de 2011, sendo substituído pelo holandê s
Hans Hoogervorst.

33 34
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Tem sido frequente a IASB e a FASB norte-americana informarem ao líder político de um país
anfitriã o de uma reuniã o do G20 como está o processo de convergê ncia internacional.
• Organization for Economic and Devolopment − OECD (Organizaçã o para Desenvolvimento e
Cooperaçã o Econô mica);
Saiba mais • Banking Supervision Committee (Comitê de Supervisã o Bancá ria do Banco de Compensaçõ es
Internacionais);
No site da IASB é possível encontrar uma pá gina exclusiva dedicada só
para os documentos emitidos ao G20, relatando as açõ es da IASB/IFAC. • The Confederation of Asian and Pacific Accountants – CAPA (Confederaçã o de Contadores da Á sia
e do Pacífico).

2.2 Normas Internacionais de Contabilidade: NIAS e IFRS

Organismos ligados à Organizaçã o das Naçõ es Unidas – ONU

Os seguintes ó rgã os ligados à ONU també m se preocupam com a convergê ncia internacional:

• Fundo Monetá rio Internacional (FMI);

• Banco Mundial;

• United Nations Conference on Trade and Development – UNCTAD (Conferê ncia das Naçõ es Unidas
para o Comé rcio e Desenvolvimento);
Figura 7 − Representaçã o do edifício sede da IASB – Londres
• International Standard of Accounting and Reporting – ISAR.
A seguir, iremos estudar o processo para a formaçã o e publicaçã o de uma norma internacional,
É muito relevante a atuaçã o da UNCTAD/ONU/ISAR que, entre outras coisas, editou recomendaçõ es sendo que apó s esse processo tal norma ainda nã o será de uso regulamentar nos países, passando por
para o currículo dos cursos de Ciê ncias Contá beis e documentos sobre as IFRS e governança corporativa. um segundo processo para convergê ncia à s condiçõ es locais.

Entretanto, há uma polê mica sobre a participaçã o da ONU nesse processo, que segundo alguns Segundo a IFRS (2014), o IASB é formado por 14 membros e exige-se que pelo menos 9 deles
autores seria muito tímida em relaçã o à s necessidades de mercado. aprovem a publicaçã o de uma norma. O IASB é assessorado pelo SAC, Conselho Consultivo de Normas,
composto por quarenta membros. O processo é formal e requer ampla consulta internacional e segue os
Segundo Niyama (2005), a ISAR acabou por “nã o decolar”. Entre as causas, Niyama (2005) lista passos a seguir, conforme IFRS (2014):
trê s fatores:
a) A equipe do IASB é solicitada a identificar, revisar, e levantar questõ es que possam justificar a
• um boicote das naçõ es desenvolvidas em revelar dados das subsidiá rias; atençã o do conselho. A discussã o do IASB sobre projetos potenciais e suas decisõ es em adotar
novos projetos ocorre nas reuniõ es pú blicas do conselho. Antes de chegar a essas decisõ es, o IASB
• um questionamento se as Naçõ es Unidas deveriam definir padrõ es contá beis; consulta o SAC sobre os itens da agenda proposta e a definiçã o de prioridades.

• a ausê ncia dos Estados Unidos desde 1986. b) Ao incluir um item em sua agenda ativa, o IASB decide se conduz o projeto sozinho ou em
conjunto com outro normatizador.
Essa ausê ncia dos Estados Unidos é a mesma que també m dificultou o processo de convergê ncia,
sendo que a IFAC e IASB tomaram a dianteira nesse processo. c) Apó s considerar a natureza das questõ es e o nível de interesse entre os constituintes, o IASB pode
estabelecer um grupo de trabalho.

35 36
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

d) Embora um documento de discussã o nã o seja um passo obrigató rio em seu processo, o IASB A cada minuta de discussã o e de exposiçã o de norma, é oferecida a possibilidade de comentá rios
normalmente publica um documento de discussã o como sua primeira publicaçã o sobre qualquer durante o período de 120 dias, quando interessados poderã o se expressar. A imagem a seguir resume o
novo tó pico importante. processo de elaboraçã o de uma norma internacional na IASB:

Normalmente, um documento de discussã o inclui uma visã o abrangente da questã o, possíveis Definiçã o da agenda
abordagens no tratamento da questã o, pontos de vista preliminares de seus autores ou do IASB Pesquisa
e um convite para comentá rios. Se o IASB decidir omitir esse passo, ele declarará seus motivos.
Propostas Documento Propostas
de discussã o
(opcional)
e) A publicaçã o de uma minuta de exposiçã o é um passo obrigató rio no processo requerido. O
desenvolvimento de uma minuta de exposiçã o é realizado durante as reuniõ es pú blicas conduzidas
Atividades Consulta pú blica
pelo IASB. Isso envolve a consideraçã o e decisõ es do IASB sobre questõ es com base na pesquisa extensivas de
e recomendaçõ es da equipe, bem como em comentá rios de qualquer documento de discussã o,

Usuá rios interessados


interaçã o com Minuta de
partes externas exposiçã o de
sugestõ es feitas pela SAC, grupos de trabalho e normatizadores nacionais e resultantes de sessõ es pronuncia-
pú blicas de instruçã o conduzidas para o IASB. Contribuiçã o para
mento IRFS
o processo de
elaboraçã o dos Consulta
Uma minuta de exposiçã o será acompanhada de uma base para conclusõ es e incluirá quaisquer proncunciamentos pú blica
pontos de vista alternativos de membros divergentes do IASB. contá beis Publicaçã o Relató rio de
do IFRS sugestõ es

f) O IASB revisa as cartas-comentá rio recebidas e os resultados de outras consultas. Como uma forma
de explorar mais as questõ es e solicitar outros comentá rios e sugestõ es, o IASB pode conduzir Processo de adoçã o jurisdictional
visitas em campo ou providenciar audiê ncias pú blicas e reuniõ es de mesa-redonda. Revisã o pelo IASB, dois anos apó s a
implantaçã o
g) O desenvolvimento de uma IFRS é realizado durante as reuniõ es pú blicas conduzidas pelo IASB.
Apó s resolver as questõ es que surgem da minuta de exposiçã o, o IASB considera se deve expor Figura 8 − Desenvolvimento de Normas Internacionais pela IASB
quaisquer propostas revisadas para comentá rios pú blicos. Quando o IASB estiver satisfeito de ter
chegado a uma conclusã o sobre as questõ es que surgem da minuta de exposiçã o, ele instrui a A estrutura conceitual do IASB ( )
equipe a preparar a IFRS. Uma IFRS deve ser aprovada por pelo menos nove membros do IASB. Uma
IFRS será acompanhada de uma base para conclusõ es e incluirá quaisquer opiniõ es divergentes de É muito importante estudarmos a interessante estrutura conceitual do IASB.
membros do IASB que votem contra a norma.
A IASB manté m uma estrutura conceitual, que auxilia o desenvolvimento de IFRSs futuras e suas revisõ es
Ao adotar a abordagem “cumprir ou explicar” – , que é usada por vá rios ó rgã os e a promoçã o da harmonizaçã o de regulamentos, normas e procedimentos relacionados à apresentaçã o das
reguladores, o IASB explica seus motivos de decidir omitir qualquer passo nã o obrigató rio de seu demonstraçõ es financeiras, conforme International Accounting Standards Committee Foundation (2008):
processo de consulta.
a) Os preparadores de demonstraçõ es financeiras, na aplicaçã o de IFRSs e no tratamento de tó picos
Apó s a apreciaçã o do IASB, o pronunciamento segue para o IFRIC, onde sã o desenvolvidas as que ainda devem formar o objeto de uma norma ou uma interpretaçã o.
interpretaçõ es das IFRSs.
b) Os auditores na formaçã o de uma opiniã o sobre se as demonstraçõ es financeiras estã o de acordo
O IFRIC també m segue um processo de aná lise, aprovaçã o e publicaçã o, semelhante ao que é adotado com as IFRSs.
pelo IASB.
c) Os usuá rios de demonstraçõ es financeiras, na interpretaçã o das informaçõ es contidas nas
Todas as reuniõ es do IASB e do IFRIC sã o abertas para observaçã o pú blica, embora algumas discussõ es demonstraçõ es financeiras preparadas de acordo com as IFRSs.
possam ser realizadas de forma privada.
d) Aqueles que estiverem interessados no trabalho do IASB, fornecendo-lhes as informaçõ es sobre a
abordagem à formulaçã o de normas contá beis.
37 38
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Quando uma entidade desenvolve uma norma contá bil e há ausê ncia de uma norma ou uma Na você poderá ver como é a contabilidade aplicada ao cinema nos Estados
interpretaçã o que se aplique especificamente a um item, a administraçã o dessa entidade é obrigada Unidos, ou seja, a aplicaçã o de uma norma específica para esse segmento da economia.
a se referir e considerar a aplicabilidade dos conceitos dessa estrutura conceitual, de acordo com o
CPC 23 (CPC, 2009c). Exemplo de aplicaçã o

É possível que surja conflito entre a estrutura conceitual e um requisito dentro uma norma ou uma Segundo Cardoso e Szuster (2003), a The American Institute of Certified Public Accountants
interpretaçã o. Nesses casos, os requisitos da norma ou interpretaçã o prevalecem sobre os da estrutura (Instituto Americano de Contadores Pú blicos Cerficados – AICPA) lançou uma nova norma contá bil para
comercial. a indú stria cinematográ fica, a FASB 139, em substituiçã o a FASB 53, que tinha o nome de Relató rio
Financeiro para Produtores e Distribuidores de Filmes.

Lembrete Desde o lançamento, promoveu-se uma grande mudança na indú stria cinematográ fica com o
surgimento de novas mídias como vídeos, TV a cabo, , a televisã o em e, com
A IASB é atualmente um dos ó rgã os internacionais mais envolvidos isso, foram necessá rias mudanças nas normas contá beis.
com a convergê ncia.
Embora fosse do conhecimento que a FASB 53 estava desatualizada e novos procedimentos eram
Apó s estudar a estrutura da IASB, você deve estar se perguntando: afinal de contas, necessá rios, a FASB nã o poderia lançar uma nova norma porque estava com a agenda lotada. Sendo
o que é tã o diferente nas normas contá beis internacionais? Por que tanta discussã o? A seguir, há dois assim, repassou-se excepcionalmente a tarefa de atualizar a FASB 53 para a AICPAs AcSEC, que já tinha
exemplos de aplicaçã o que vã o te auxiliar a entender o que é tã o diferente nas contabilidades entre os um histó rico de serviços para normatizaçã o em ramos específicos de negó cios.
diversos países. Um dos exemplos de aplicaçã o é sobre usos e costumes comerciais chineses aplicados à
contabilidade. Depois, teremos a oportunidade de conhecer um dos casos mais famosos de aplicaçã o de As principais mudanças instituídas foram:
normas contá beis, a chamada .
1 − as despesas com propaganda e promoçã o de filmes nã o podem ser capitalizadas (antes permitia-se
Exemplo de aplicaçã o a capitalizaçã o desses gastos);

A China vem despontando como uma das maiores economias do planeta e já é um dos grandes 2 − os estú dios tê m no má ximo 10 anos para amortizar filmes;
parceiros comerciais do Brasil. Um verdadeiro gigante econô mico!

Pesquise algumas prá ticas, usos costumes comerciais chineses, tentando relacioná -los com os como despesas.
17 fatores que causam diferenças contá beis de Nobes (1998), que você estudou nesta unidade.
Definiu-se “filme” como recurso cinematográ fico que inclui cenas de açã o e argumentos animados,
especiais de televisã o, sé ries de televisã o e outros produtos que sã o vendidos, licenciados ou exibidos
caso sejam produzidos no formato de fitas (películas), , tecnologias digitais ou qualquer outra
forma de formato de gravaçã o.

Saiba mais Especialistas previam que, com a entrada da FASB 139, os grandes estú dios iriam ser severamente
impactados, porque os gastos com promoçã o seriam considerados como despesas, antes mesmo de um
Um interessante artigo que pode auxiliar nessa proposta de estudo: filme ser lançado.

Perguntas para estudo:

v. 2, n. 2, p. 9-23, maio/ago. 2006. Disponível em: https://bit.ly/3iDybxu. Por que a norma FASB 53 teve que ser revogada e substituída pela norma FASB 139?
Acesso em: 15 jul. 2014.
É correto um filme ser amortizado em dez anos, como determina a norma FASB 139? Por quê ?

39 40
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Filmes clá ssicos como , de Charles Chaplin, , Uma norma internacional nã o entra em vigor no Brasil a partir da sua publicaçã o pela IASB. O
ou també m devem receber esse mesmo tratamento, mesmo se tratando de filmes que continuam Comitê de Pronunciamentos Contá beis realiza um trabalho de aná lise e aprovaçã o e, posteriormente, a
a gerar faturamento para os estú dios vá rios anos apó s o seu lançamento? norma internacional é publicada em uma Norma Brasileira de Contabilidade, uma NBC.

Está correto que os gastos excessivos com produçã o de filmes sejam considerados despesas e nã o Assim como a IASC, o CPC manté m um processo de aná lise, discussã o e aprovaçã o, no qual se prevê ,
amortizados junto com os filmes? entre outras coisas, audiê ncias pú blicas.

Deveria haver uma norma deste tipo no Brasil? Foi organizado o Comitê Gestor da Convergê ncia, formalizado por meio da Resoluçã o CFC nº 1.103,
de 28 de setembro de 2007, art. 2º. As entidades que compõ em o Comitê Gestor da Convergê ncia no
Tente estabelecer diferenças entre a forma como o profissional da contabilidade é orientado a agir Brasil sã o:
de acordo com a norma norte-americana FASB 153 e com o Pronunciamento Conceitual Bá sico do CPC.
• Conselho Federal de Contabilidade (CFC);

• Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON);


Observação • Comissã o de Valores Mobiliá rios (CVM);
A FAS 153 é de uso específico nos Estados Unidos e nã o tem validade • Banco Central do Brasil (BCB);
no Brasil. Ainda nã o há uma norma específica para o audiovisual no Brasil e
també m nã o há nas normas internacionais. A normatizaçã o contá bil nos EUA • Superintendê ncia de Seguros Privados (Susep);
e no Brasil, como característica, é extensa. Já a Normatizaçã o Internacional
de Contabilidade e Auditoria, ao contrá rio, é muito menos extensa. • Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
2.3 Normas Brasileiras de Contabilidade: CPC e NBC – TG • Banco Nacional do Desenvolvimento Econô mico e Social (BNDES).
As Normas Brasileiras de Contabilidade, NBC, de responsabilidade do Conselho Federal de
Contabilidade – CFC, sã o regras e condutas para o exercício da profissã o contá bil, alé m dos conceitos
doutriná rios, princípios, estrutura té cnica e procedimentos para a realizaçã o de trabalhos na á rea
contá bil. Elas abrangem o Có digo de É tica Profissional do Contabilista, Normas de Contabilidade,
Normas de Auditoria Independente e de Asseguraçã o, Normas de Auditoria Interna e Normas de
ORG 1
Perícia. Alé m disso, sã o convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade.
ORG 2
CFC

Saiba mais ORG 3

As Normas Brasileiras de Contabilidade estã o em constante atualizaçã o.


Acompanhe-as: Figura 9 – Situaçã o anterior à criaçã o do CPC: o CFC é o responsá vel pelas NBCs,
mas outras organizaçõ es també m costumavam emitir normas com consequê ncia contá bil
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resoluçõ es, ementas e normas de forma autô noma. Nã o raramente essas normas eram discordantes ou geravam dú vidas
do CFC. Brasília, [s.d.]a. Disponível em: https://bit.ly/2Txh31R. Acesso em:
14 jul. 2014.

41 42
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

• as Interpretaçõ es sã o emitidas para esclarecer, de forma mais ampla, os Pronunciamentos Té cnicos;

CPC IASB • a Interpretaçã o é identificada pela sigla ICPC, seguida de numeraçã o sequencial, seguido de hífen
e denominaçã o, por exemplo, ICPC 01 – “Denominaçã o”;

• as Interpretaçõ es, apó s aprovadas, serã o divulgadas juntamente com: Termo de Aprovaçã o;
Relató rio de Audiê ncia Pú blica, quando houver;
ORG 1
ORG 2 • as Orientaçõ es possuem cará ter transitó rio e informativo, destinando-se a dar esclarecimentos
CFC sobre a adoçã o dos Pronunciamentos Té cnicos e/ou Interpretaçõ es.

• a Orientaçã o é identificada pela sigla OCPC, seguida de numeraçã o sequencial, seguido de hífen e
denominaçã o, por exemplo, OCPC 01 – “Denominaçã o”.
ORG 3
• quando houver a revogaçã o de um Pronunciamento Té cnico, Interpretaçã o ou Orientaçã o, sua
numeraçã o nã o será reutilizada.
Figura 10 – Situaçã o posterior à criaçã o do CPC: a IASB, com sede em Londres, emite as
normas internacionais que, por sua vez, passam por uma aná lise no CPC, que depois distribui o • o CPC dará conhecimento pú blico da aprovaçã o ou revogaçã o de seus documentos, por meio dos
mesmo conteú do para todas as organizaçõ es interessadas. Nã o há mais risco de conflitos e dú vidas seguintes termos:
entre diferentes organizaçõ es. O CPC també m colabora continuamente com a IASB
— Termo de Aprovaçã o – contendo, obrigatoriamente, a informaçã o da Ata da Reuniã o do CPC
O processo adotado pelo CPC, de acordo com o regimento interno, para a aprovaçã o de uma norma em que se deu a aprovaçã o do documento.
internacional é demonstrado a seguir:
— Termo de Revogaçã o – contendo, obrigatoriamente, a informaçã o da Ata da Reuniã o do CPC
• o CPC reú ne-se no mínimo a cada 30 (trinta) dias; em que se deu a revogaçã o do documento.
• a aprovaçã o dos Pronunciamentos Té cnicos, das Orientaçõ es e das Interpretaçõ es dá -se, sempre,
• com o objetivo de que todos os documentos emitidos pelo CPC estejam convergentes com as
por no mínimo 2/3 (dois terços) dos membros do CPC;
Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo International Accounting Standards Board
• o CPC pode, em cará ter temporá rio, criar comissõ es compostas por entidades e/ou especialistas (IASB), o CPC dará conhecimento pú blico da inclusã o de aprimoramentos e de correçõ es em
para assessoramento em assuntos de interesse específico; documentos já editados, por meio do documento intitulado “Revisã o CPC nº ‘X’”;

• de acordo com a Resoluçã o CFC nº 1.055/05, é atribuiçã o do CPC estudar, pesquisar, discutir, • a Revisã o CPC é seguida de numeraçã o sequencial, por exemplo, Revisã o CPC nº “X”;
elaborar e deliberar sobre o conteú do e a redaçã o de pronunciamentos té cnicos, podendo,
inclusive, emitir instruçõ es e orientaçõ es; • as Revisõ es CPC, apó s aprovadas, serã o divulgadas juntamente com: Termo de Aprovaçã o;
Relató rio de Audiê ncia Pú blica, se houver;
a serem aplicados; • os documentos revisados serã o identificados pela sigla do documento a que se refere, seguido
• o Pronunciamento Té cnico é identificado pela sigla CPC, seguida de numeraçã o sequencial, da letra R, numeraçã o sequencial, seguido de hífen e denominaçã o, por exemplo, CPC 01 (R1) –
seguido de hífen e denominaçã o, por exemplo, CPC 01 – “Denominaçã o”; “Denominaçã o”. A letra “R” identifica que aquele CPC foi revisado e o nú mero 1 identifica que foi
realizada uma primeira revisã o;
• os Pronunciamentos Té cnicos, apó s aprovados, serã o divulgados juntamente com:
• os itens revisados serã o identificados ao final do novo texto do Pronunciamento Té cnico,
— sumá rio; interpretaçã o ou orientaçã o, pela sigla NR, entre parê nteses;
— termo de aprovaçã o; relató rio de audiê ncia pú blica. • a aprovaçã o do documento de Revisã o CPC se dará nos termos do art. 5º do Regimento Interno.
43 44
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Segundo Mourad e Paraskevopoulos (2010), o processo de convergê ncia está em fase adiantada no Documento Título Data Aprovaçã o Data Divulgaçã o IASB (IAS/IFRS)
Brasil, sendo que já foram aprovadas vá rias normas e emitidos vá rios pronunciamentos. CPC 21 Demonstraçã o Intermediá ria 02/09/2011 20/10/2011 IAS 34
CPC 22 Informaçõ es por Segmento 26/06/2009 31/07/2009 IFRS 8
2.4 Quadro comparativo dos CPCs com as IAS/IFRS Políticas Contá beis, Mudança de
CPC 23 26/06/2009 16/09/2009 IAS 8
Estimativa e Retificaçã o de Erro
A seguir, demonstram-se os pronunciamentos, atualizados até o mê s de abril de 2015: CPC 24 Evento Subsequente 17/07/2009 16/09/2009 IAS 10

CPC 25 Provisõ es, Passivos Contingentes e 26/06/2009 16/09/2009 IAS 37


Tabela 1 − Pronunciamentos contá beis emitidos Ativos Contingentes
Apresentaçã o das Demonstraçõ es
CPC 26 Contá beis 02/12/2011 15/12/2011 IAS 1
Documento Título Data Aprovaçã o Data Divulgaçã o IASB (IAS/IFRS)
Estrutura Conceitual para CPC 27 Ativo Imobilizado 26/06/2009 31/07/2009 IAS 16
CPC 00 Elaboraçã o e Divulgaçã o de 02/12/2011 15/12/2011 CPC 28 Propriedade para Investimento 26/06/2009 31/07/2009 IAS 40
Relató rio Contá bil-Financeiro
CPC 29 Ativo Bioló gico e Produto Agrícola 07/08/2009 16/09/2009 IAS 41
CPC 01 Reduçã o ao Valor Recuperá vel de 06/08/2010 07/10/2010 IAS 36
Ativos CPC 30 Receitas 19/10/2012 08/11/2012 IAS 18
Efeitos das Mudanças nas Taxas Ativo Nã o Circulante Mantido para
CPC 02 de Câ mbio e Conversã o de 03/09/2010 07/10/2010 IAS 21 CPC 31 17/07/2009 16/09/2009 IFRS 5
Venda e Operaçã o Descontinuada
Demonstraçõ es Contá beis
CPC 32 Tributos sobre o Lucro 17/07/2009 16/09/2009 IAS 12
CPC 03 Demonstraçã o dos Fluxos de Caixa 03/09/2010 07/10/2010 IAS 7
CPC 33 Benefícios a Empregados 07/12/2012 13/12/2012 IAS 19
CPC 04 Ativo Intangível 05/11/2010 02/12/2010 IAS 38
Exploraçã o e Avaliaçã o de
Divulgaçã o sobre Partes CPC 34 Recursos Minerais
CPC 05 Relacionadas 03/09/2010 07/10/2010 IAS 24
CPC 35 Demonstraçõ es Separadas 31/10/2012 08/11/2012 IFRS 27
CPC 06 Operaçõ es de Arrendamento 05/11/2010 02/12/2010 IAS 17
Mercantil CPC 36 Demonstraçõ es Consolidadas 07/12/2012 20/12/2012 IFRS 10
Subvençã o e Assistê ncia Adoçã o Inicial das Normas
CPC 07 Governamentais 05/11/2010 02/12/2010 IAS 20 CPC 37 05/11/2010 02/12/2010 IFRS 1
Internacionais de Contabilidade
Custos de Transaçã o e Prê mios Instrumentos Financeiros:
CPC 08 na Emissã o de Títulos e Valores 03/12/2010 16/12/2010 IAS 39 CPC 38 Reconhecimento e Mensuraçã o 02/10/2009 19/11/2009 IAS 39
Mobiliá rios
Demonstraçã o do Valor Adicionado CPC 39 Instrumentos Financeiros: 02/10/2009 19/11/2009 IAS 32
CPC 09 30/10/2008 12/11/2008 - Apresentaçã o
(DVA)
CPC 10 Pagamento Baseado em Açõ es 03/12/2010 16/12/2010 IFRS 2 Instrumentos Financeiros:
CPC 40 Evidenciaçã o 01/06/2012 30/08/2012 IFRS 7
CPC 11 Contratos de Seguro 05/12/2008 17/12/2008 IFRS 4
CPC 41 Resultado por Açã o 08/07/2010 06/08/2010 IAS 33
CPC 12 Ajuste a Valor Presente 05/12/2008 17/12/2008 -
Contabilidade e Evidenciaçã o em
Adoçã o Inicial da Lei nº 11.638/07 CPC 42 Economia Altamente Inflacioná ria
CPC 13 05/12/2008 17/12/2008 -
e da Medida Provisó ria nº 449/08
Adoçã o Inicial dos
Instrumentos Financeiros: CPC 43 Pronunciamentos Té cnicos CPCs 03/12/2010 16/12/2010 IFRS 1
Reconhecimento, Mensuraçã o 15 a 41
CPC 14
e Evidenciaçã o (Fase I) –
Transformado em OCPC 03 CPC 44 Demonstraçõ es Combinadas
CPC 15 Combinaçã o de Negó cios 03/06/2011 04/08/2011 IFRS 3 Divulgaçã o de Participaçõ es em
CPC 45 outras Entidades 07/12/2012 13/12/2012 IFRS 12
CPC 16 Estoques 08/05/2009 08/09/2009 IAS 2
CPC 46 Mensuraçã o do Valor Justo 07/12/2012 20/12/2012 IFRS 13
CPC 17 Contratos de Construçã o 19/10/2012 08/11/2012 IAS 11
Contabilidade para Pequenas e
Investimento em Coligada, em CPC PME Mé dias Empresas com Glossá rio de 04/12/2009 16/12/2009 IFRS for SMES
CPC 18 Controlada e em Empreendimento 07/12/2012 13/12/2012 IAS 28 Termos
Controlado em Conjunto
CPC 19 Negó cios em Conjunto 09/11/2012 23/11/2012 IAS 31 Fonte: CPC ([s.d.]).
CPC 20 Custos de Empré stimos 02/09/2011 20/10/2011 IAS 23

45 46
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Alinhada com a IASB, que reconheceu a necessidade de normas específicas para pequenas e mé dias Exemplo de aplicaçã o
empresas, també m o CFC criou normas para essas empresas: as normas NBC TG 1000 e sua simplificaçã o,
a NBC TG 1000. Que tal investigar como está a convergê ncia das normas internacionais de outros países?

Quadro 3 − Normas contá beis brasileiras de acordo com o porte da empresa Indicamos que você explore como foi o processo de convergê ncia nos países do BRICS, ou seja:

Porte Adoçã o Norma CFC Comentá rios Extensã o • Á frica do Sul.


+ – 3.000
Grande Compulsó rio NBC TG 1 a 46 Normas contá beis completas pá ginas • China.
Versã o simplificada
+ – 250
Pequenas e mé dias Compulsó rio NBC TG 1000 35 seçõ es das normas
pá ginas • Índia.
completas
Micro e Pequenas Opçã o ITG 1000 Versã o simplificada da NBG TG 1000 + – 13 pá ginas • Rú ssia.

A seguir um quadro com os crité rios utilizados para a classificaçã o do porte das empresas: Alé m desses, um país que indicamos para pesquisa é Angola. Apó s uma dolorosa, sangrenta e longa
guerra civil, o país conquistou a paz. Durante algum tempo teve a presença militar de brasileiros, atuando
Quadro 4 − Classificaçã o das empresas quanto ao porte, conforme legislaçã o nas forças de paz da ONU, os famosos “capacetes azuis”.

Porte Adoçã o Norma CFC Comentá rios Receita Bruta Desde entã o, Angola vem experimentando um formidá vel e inacreditá vel crescimento econô mico,
sendo que no ano de 2014 foi inaugurada a Bolsa de Dívidas e Valores de Angola – “BODIVA”.
Grande Compulsó rio NBC TG 1 a 46 Normas contá beis completas R$ 300 milhõ es
Versã o simplificada Diversos profissionais e operadores para a BODIVA estã o recebendo instruçõ es aqui no Brasil, em Sã o
Pequenas e mé dias Compulsó rio NBC TG 1000 das normas completas Até R$ 300 milhõ es
35 seçõ es Paulo, na Associaçã o dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais – APIMEC.
PME – Pequenas e Acima de R$
mé dias Compulsó rio NBC TG 1000 3.600.000,00
EPP – Empresa de Opçã o ITG 1000 De R$ 360.000,00
Pequeno Porte Versã o simplificada da NBG TG 1000 até R$ 3.600.000,00
Até R$ 360.000,00
ME – Microempresa Opçã o ITG 1000
Saiba mais

Acompanhe as publicaçõ es no da Comissã o de Valores Mobiliá rios


de Angola:
Saiba mais
Disponível em: https://bit.ly/3gI3GUn. Acesso em: 27 jan. 2015.
Consulte a ITG 1000:
3 POLÍTICAS CONTÁBEIS
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. .
Aprova a ITG 1000 – Modelo Contá bil para Microempresa e Empresa de 3.1 Procedimentos de acordo com a IAS 8, CPC 23(R1) e NBC TG 23(R1)
Pequeno Porte. Brasília, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3glPOjR. Acesso
em: 27 maio 2015. A seguir, iremos estudar o trâ mite desta norma para ser incorporada nas prá ticas contá beis brasileiras
e suas principais implicaçõ es.

No dia 26 de junho de 2009, o CPC resolveu aprovar a IAS 8 no Brasil, com a codificaçã o CPC23.
Nessa ocasiã o, CPC (2009c) redigiu o seguinte “Termo de aprovaçã o”:

47 48
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

A Coordenadoria Té cnica do Comitê de Pronunciamentos Contá beis b. Sugestã o de inclusã o do guia de implementaçã o.
(CPC) torna pú blica a aprovaçã o pelos membros do CPC, de acordo com
as disposiçõ es da Resoluçã o CFC n.º 1.055/05 e alteraçõ es posteriores, Razã o: o CPC concluiu que esse guia nã o traria benefícios substanciais
do Pronunciamento Té cnico CPC 23 – Políticas Contá beis, Mudança de nesse momento, tendo em vista o Pronunciamento já ser bem conhecido e
Estimativa e Retificaçã o De Erro. O Pronunciamento foi elaborado a aplicado no Brasil.
partir do IAS 8 –
, e sua aplicaçã o, no julgamento do Comitê , produz c. Sugestã o de autorizaçã o para adoçã o antecipada.
reflexos contá beis que estã o em conformidade com o documento
editado pelo IASB. Razã o: essa maté ria é de responsabilidade dos ó rgã os reguladores.

A aprovaçã o do Pronunciamento Té cnico CPC 23 – Políticas Contá beis, Como podemos ver aqui, o CPC partiu do princípio de que essa norma já trazia uma prá tica corrente
Mudança de Estimativa e Retificaçã o de Erro pelo Comitê de Pronunciamentos e comum no Brasil, por isso dispensou a elaboraçã o de um manual. Havia, nesse momento, algumas
Contá beis está registrada na Ata da Reuniã o Extraordiná ria do Comitê de dificuldades quanto aos termos, que ficaram para aná lise posterior.
Pronunciamentos Contá beis, realizada no dia 26 de junho de 2009.

O Comitê recomenda que o Pronunciamento, para fins de sua adoçã o, seja Lembrete
referendado pelas entidades reguladoras brasileiras.
O Brasil já vinha realizando um esforço de convergê ncia à s normas
Brasília, 26 de junho de 2009. internacionais, nã o como uma exigê ncia, mas de forma voluntá ria, ao
mesmo tempo em que se baseava nas normas norte-americanas, que
Antes disso, de acordo com o procedimento, o CPC organizou uma audiê ncia pú blica onde a norma tinham um mercado de capitais mais evoluído.
pode ser discutida. É possível observar que houve uma intensa atividade para a melhoria dessa norma
no â mbito brasileiro. É o que diz o “Relató rio da Audiê ncia Pú blica”, de acordo com CPC (2009c): Por fim, o CPC (2009c) comenta que recebeu comentá rios e sugestõ es, mas sem oferecer alternativas:

1. A minuta do CPC 23 – Políticas Contá beis, Mudança de Estimativa 3. Diversos comentá rios e sugestõ es de natureza geral ou específica foram
e Retificaçã o de Erro esteve em audiê ncia pú blica conjunta com a recebidos, mas sem oferecer alternativas.
Comissã o de Valores Mobiliá rios – CVM até 15/06/09. Houve sugestõ es
principalmente quanto à forma, e algumas quanto ao conteú do. As 4. O CPC agradece por todas as sugestõ es recebidas.
relativas à forma nã o serã o destacadas neste relató rio. A maioria das
sugestõ es de natureza redacional ou com característica de melhoria do Comitê de Pronunciamentos Contá beis (CPC) Coordenadoria Té cnica
entendimento foi acatada.
A norma foi entã o divulgada ao mercado no dia 16 de setembro de 2009. A partir da publicaçã o da
Dentro do procedimento, adotado també m pela IASB, de “cumprir ou explicar” ( , norma IAS 8 para o Brasil, com a codificaçã o CPC23, outras organizaçõ es que emitem normas contá beis ou
o CPC justificou o motivo de nã o ter acatado algumas sugestõ es, conforme CPC (2009c):

2. As sugestõ es nã o acatadas e os motivos da nã o aceitaçã o por parte do


CPC estã o a seguir apresentados: Lembrete

a. Sugestã o de modificaçã o de uma sé rie de termos e expressõ es.


internacionais no Brasil é a possibilidade de criarem consequê ncias que elevem
Razã o: sugestã o nã o aceita em virtude de grande parte dessas sugestõ es
se referir a termos e expressõ es que já foram ou vê m sendo utilizadas pelo
CPC em outros Pronunciamentos. Provavelmente uma revisã o geral será
efetuada futuramente, quando o assunto deverá ser revisitado.
49 50
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

A seguir, vemos na figura quais sã o essas publicaçõ es: Resolve:

Art. 1º. Aprovar a NBC TG 23 – Políticas Contá beis, Mudança de Estimativa


CPC e Retificaçã o de Erro.
CPC 23
Art. 2º. Esta Resoluçã o entra em vigor nos exercícios iniciados a partir de
1º de janeiro de 2010, quando dar-se-á a revogaçã o da Resoluçã o CFC
IASB nº 1.087/06, publicada no D.O.U., Seçã o I, de 12/02/07, sendo recomendada
IAS 8
sua adoçã o antecipada.
ORG 1
ORG 2 CVM - Deliberaçã o CVM nº 592/09 Brasília, 24 de julho de 2009.
CFC BACEN/CMN - Resoluçã o nº 4.007/11
(Banco Central do Brasil)
Aneel - 605/14 Manual Contadora Maria Clara Cavalcante Bugarim
ANS - Resoluçã o Normativa nº 322/13
Susep - Circular nº 464/13 Presidente
ANTT - 3.847 e 3.848/12 Manual
ORG 3
Ata CFC nº 927 (CFC, 2009).

Observe que essa resoluçã o foi um ato cerimonial, sendo a CPC 23 publicada na íntegra. Um
Figura 11 – Emissã o da Norma IAS 8 e sua introduçã o no Brasil comportamento coerente com a proposta do processo de convergê ncia contá bil internacional. Na
ocasiã o, essa resoluçã o revogou a “NBC T 19.11– Mudanças Prá t. Cont. Estimat. Correçã o Erros” de
No Conselho Federal de Contabilidade, onde a norma recebe a nomenclatura NBC TG 23, houve a 12 fevereiro de 2007, a norma brasileira que vigorava até entã o.
redaçã o da seguinte resoluçã o:

Resoluçã o CFC nº. 1.179/09


Saiba mais
Aprova a NBC TG 23 – Políticas Contá beis, Mudança de Estimativa e
Retificaçã o de Erro. Compare a NBC TG 23 com a NBC T 19.11. O texto na íntegra dessas
duas resoluçõ es pode ser encontrado em:
O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de suas atribuiçõ es legais
e regimentais, Disponível em: www.cfc.org.br/. Acesso em: 30 jun. 2015.

Considerando que o Conselho Federal de Contabilidade, em conjunto com


outras entidades, é membro do Comitê de Pronunciamentos Contá beis Posteriormente, em 2013, a resoluçã o passou por uma revisã o no Conselho Federal de Contabilidade,
(CPC), criado pela Resoluçã o CFC nº. 1.055/05; que passou a ter em sua sigla a expressã o (R1), que significa que a norma já passou por uma revisã o.
Segundo CFC (2013c):
Considerando que o CPC tem por objetivo estudar, preparar e emitir
Pronunciamentos Té cnicos sobre procedimentos de contabilidade e divulgar Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TG 23 (R1), de 11 de dezembro
informaçõ es dessa natureza, visando permitir a emissã o de normas uniformes de 2013
pelas entidades-membro, levando sempre em consideraçã o o processo de
convergê ncia à s normas internacionais; Altera a NBC TG 23 que dispõ e sobre políticas contá beis, mudança de
estimativa e retificaçã o de erro.
Considerando que o Comitê de Pronunciamentos Contá beis, a partir do IAS
8 do IASB, aprovou o Pronunciamento Té cnico CPC 23 – Políticas Contá beis, O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de suas atribuiçõ es legais
Mudança de Estimativa e Retificaçã o de Erro; e regimentais e com fundamento no disposto na alínea “f” do art. 6º do

51 52
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Decreto-Lei n.º 9.295/46, alterado pela Lei n.º 12.249/10, faz saber que Agora, ela está assim:
foi aprovada em seu Plená rio a alteraçã o da seguinte Norma Brasileira de
Contabilidade (NBC): b) teria estado disponível quando as demonstraçõ es contá beis desse
período anterior foram autorizadas para divulgaçã o. Para alguns tipos
1. Altera a alínea (b) do item 52 na NBC TG 23 – Políticas Contá beis, Mudança de estimativas (por exemplo, a mensuraçã o do valor justo que utiliza
de Estimativa e Retificaçã o de Erro, que passa a vigorar com a seguinte dados significativos nã o observá veis), é impraticá vel distinguir esses
redaçã o: tipos de informaçã o. Caso a aplicaçã o retrospectiva ou a reapresentaçã o
retrospectiva exigir que se faça uma estimativa significativa para a qual
“52. (...) seja impossível distinguir esses dois tipos de informaçã o, é impraticá vel
aplicar a nova política contá bil ou retificar o erro de período anterior
retrospectivamente (CFC, 2013c).
(b) teria estado disponível quando as demonstraçõ es contá beis desse período
anterior foram autorizadas para divulgaçã o. Para alguns tipos de estimativas
(por exemplo, a mensuraçã o do valor justo que utiliza dados significativos A alteraçã o realizada foi para deixar mais adequados os procedimentos quanto ao valor justo.
nã o observá veis), é impraticá vel distinguir esses tipos de informaçã o. Caso
a aplicaçã o retrospectiva ou a reapresentaçã o retrospectiva exigir que se
Já na Comissã o de Valores Mobiliá rios, que revogou a Deliberaçã o 506, de 19 e junho de 2006, temos
faça uma estimativa significativa para a qual seja impossível distinguir esses
a seguinte redaçã o, segundo CVM (2009):
dois tipos de informaçã o, é impraticá vel aplicar a nova política contá bil ou
Deliberaçã o CVM Nº 592, de 15 de setembro de 2009
retificar o erro de período anterior retrospectivamente.”
Aprova o Pronunciamento Té cnico CPC 23 do Comitê de Pronunciamentos
2. Em razã o dessa alteraçã o, as disposiçõ es nã o alteradas desta Norma sã o Contá beis, que trata de políticas contá beis, mudança de estimativa e
mantidas e a sigla da NBC TG 23, publicada no DOU, Seçã o I, de 4/8/09, passa retificaçã o de erro.
a ser NBC TG 23 (R1).
O Presidente da Comissã o de Valores Mobiliá rios – CVM torna pú blico
3. A alteraçã o desta Norma entra em vigor na data de sua publicaçã o, que o Colegiado, em reuniã o realizada em 8 de setembro de 2009, com
aplicando-se aos exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro de 2013. fundamento nos §§ 3º e 5º do art. 177 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro
de 1976, combinados com os incisos II e IV do § 1o do art. 22 da Lei no 6.385,
Brasília, 11 de dezembro de 2013. de 7 de dezembro de 1976, DELIBEROU:

Contador Juarez Domingues Carneiro


Presidente Té cnico CPC 23, emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contá beis – CPC,
anexo à presente Deliberaçã o, que trata de políticas contá beis, mudança de
Observe entã o que foi modificada a alínea b do item 52, na NBC TG 23. Vamos entender o que estimativa e retificaçã o de erro;
aconteceu? Antes a alínea b do item 52 tinha a seguinte redaçã o (CFC, 2013c):
II – revogar a Deliberaçã o CVM nº 506, de 19 de junho de 2006; e
(b) teria estado disponível quando as demonstraçõ es contá beis desse
III – que esta Deliberaçã o entra em vigor na data da sua publicaçã o no Diá rio
período anterior foram autorizadas para divulgaçã o. Para alguns tipos
Oficial da Uniã o, aplicando-se, inclusive no que se refere à revogaçã o de que
de estimativas (por exemplo, a estimativa do valor justo nã o baseada trata o item II, aos exercícios encerrados a partir de dezembro de 2010 e à s
em preço observá vel ou em variá veis observá veis), é impraticá vel demonstraçõ es financeiras de 2009 a serem divulgadas em conjunto com
distinguir esses tipos de informaçã o. Caso a aplicaçã o retrospectiva ou a as demonstraçõ es de 2010 para fins de comparaçã o.
reapresentaçã o retrospectiva exigir que se faça uma estimativa significativa
para a qual seja impossível distinguir esses dois tipos de informaçã o, é Original assinado por
impraticá vel aplicar a nova política contá bil ou retificar o erro de período
anterior retrospectivamente. Marcos Barbosa Pinto
Presidente, em Exercício
53 54
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

També m temos aqui um ato cerimonial, mas com a preocupaçã o de alertar a entrada em vigor da Art. 3º. Esta Resoluçã o entra em vigor na data de sua publicaçã o, produzindo
deliberaçã o. efeitos a partir de 1º de janeiro de 2012.

No Banco Central do Brasil, houve a seguinte resoluçã o (BACEN, 2015): Brasília, 25 de agosto de 2011.

Altamir Lopes
Resoluçã o nº 004007
Presidente do Banco Central, substituto
-------------------
Vemos que a grande preocupaçã o do Banco Central foi com a nomenclatura ser aderente ao plano
contá bil das instituiçõ es do sistema financeiro nacional, o COSIF, e em alertar para que alguns itens
Dispõ e sobre registro contá bil e evidenciaçã o de políticas contá beis, mudança
dependiam de um ato específico do Conselho Monetá rio Nacional.
de estimativa e retificaçõ es de erros.

O Banco Central do Brasil, na forma do art. 9º da Lei nº 4.595, de 31 de


Observação
dezembro de 1964, torna pú blico que o Conselho Monetá rio Nacional, em
sessã o realizada em 25 de agosto de 2011, com base no art. 4º, incisos VIII
Observe a que ponto podem chegar as consequê ncias de uma nova
e XII, da referida Lei, e tendo em vista o disposto no art. 61 da Lei nº 11.941,
norma contá bil no Brasil: alguns assuntos precisam ser aprovados pelo
de 27 de maio de 2009,
Conselho Monetá rio Nacional, a mais alta comissã o responsá vel por
decisõ es sobre a economia do país!
Resolveu:
No â mbito da Agê ncia Nacional de Energia Elé trica – Aneel, em 19 de março de 2014, por
Art. 1º. As instituiçõ es financeiras e as demais instituiçõ es autorizadas a meio da Resoluçã o Normativa nº 605/2014, foi publicado o “Manual de Contabilidade do Setor
funcionar pelo Banco Central do Brasil devem observar o Pronunciamento Elé trico – MCSE”, instituído pela Resoluçã o Normativa Aneel nº 444 de 26.10.2001, que revogou
Té cnico CPC 23 Políticas Contá beis, Mudança de Estimativa e Retificaçã o de a seguinte legislaçã o:
Erro, aprovado pelo Comitê de Pronunciamentos Contá beis (CPC), em 26 de
junho de 2009.
- Resoluçã o Normativa Aneel nº 444 de 26.10.2001,

§ 1º. Os pronunciamentos citados no texto do CPC 23, enquanto nã o - Resoluçã o Aneel nº 668 de 26.12.2001,

ser aplicados. - Resoluçã o Normativa Aneel nº 370 de 30.06.2009,

§ 2º. As referê ncias a “pronunciamento, interpretaçã o e orientaçã o”, - Os pará grafos 1º e 2º do art. 1º, o art. 2º, o pará grafo 2º do art. 9º, e o
constantes dos pará grafos 7, 10, 11, 13, 14, 19, 20, 21, 26, 28, 30, 31 e 41 pará grafo ú nico do art. 10, todos da Resoluçã o Normativa Aneel 396,
do CPC 23, devem ser entendidas como “pronunciamento, interpretaçã o e de 23.02.2010 (ANEEL, 2014)
orientaçã o recepcionados pelo Conselho Monetá rio Nacional, bem como
outros dispositivos do Plano Devido a diversas especificidades do setor elé trico, a Aneel preferiu elaborar um manual de
contabilidade completo, com 754 pá ginas, ao invé s de elaborar Resoluçõ es Normativas Constantes. Este
Contá bil das Instituiçõ es do Sistema Financeiro Nacional (Cosif)”. foi o ato de aprovaçã o desse manual, conforme Aneel (2015):

Art. 2º. O Banco Central do Brasil disciplinará os procedimentos adicionais Agê ncia Nacional de Energia Elé trica – Aneel
a serem observados na contabilizaçã o e divulgaçã o das informaçõ es de que
trata esta Resoluçã o. Resoluçã o Normativa nº 605, de 11 de março de 2014

Aprova o Manual de Contabilidade do Setor Elé trico – MCSE, instituído pela


Resoluçã o Normativa nº 444, de 26 de outubro de 2001.
55 56
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

O Diretor-Geral da Agê ncia Nacional de Energia Elé trica – Aneel, no uso


de suas atribuiçõ es regimentais, de acordo com a deliberaçã o da Diretoria, disponível no endereço SGAN – Quadra 603 – Mó dulo I – Brasília – DF, bem
tendo em vista o disposto no art. 2º da Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de como no endereço eletrô nico www.aneel.gov.br.
1996, nos incisos IV e XXXIII do art. 4º do Anexo I do Decreto nº 2.335, de
Art. 7º. Revogar a Resoluçã o Normativa nº 444, de 26 de outubro de 2001,
resolve: a Resoluçã o nº 668, de 26 de dezembro de 2001, a Resoluçã o Normativa
nº 370, de 30 de junho de 2009, os pará grafos 1º e 2º do art. 1º, o art. 2º,
Art. 1º. Aprovar o Manual de Contabilidade do Setor Elé trico – MCSE, o § 2º do art. 9º, e o pará grafo ú nico do art. 10, todos da Resoluçã o Normativa
conforme anexo. nº 396, de 23 de fevereiro de 2010.

Art. 2º. Sã o alcançados pelo MCSE os agentes com outorgas de geraçã o, Art. 8º. Esta Resoluçã o entra em vigor em 1º de janeiro de 2015.
transmissã o e distribuiçã o de energia elé trica.
Romeu Donizete Rufino
Pará grafo ú nico. No caso das outorgas de geraçã o, estã o no alcance do
MCSE as de serviço pú blico de energia elé trica e as de uso de bem pú blico Este texto nã o substitui o publicado no D.O. de 19.03.2014, seçã o 1, p. 43,
para exploraçã o de potencial de energia hidrá ulica em regime de produçã o v. 151, n. 53.
independente.

Art. 3º. Estabelecer que a implantaçã o do plano de contas do MCSE deverá


estar respaldada na confiabilidade da informaçã o, obedecendo a requisitos Saiba mais
té cnicos que garantam a segurança, rastreabilidade, disponibilidade e
auditoria das informaçõ es contá beis. O Manual de Contabilidade do Setor Elé trico – MCSE pode ser encontrado
no site da Aneel, no seguinte endereço:
§ 1º. O plano de contas da Aneel deverá estar associado diretamente aos eventos
contá beis, mesmo que a concessioná ria ou permissioná ria possua outros planos AGÊ NCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉ TRICA.
de contas que atendam a seus controles internos ou a outros ó rgã os. . Versã o 2015. Brasília, 2015.

§ 2°. A associaçã o entre os eventos contá beis e o plano de contas referencial Disponível em: https://bit.ly/2TsWR16. Acesso em: 11 maio 2015.
da Aneel deverá respeitar o princípio da univocidade, ou seja, a prestaçã o
de informaçõ es deve obedecer a uma origem ú nica aonde as regras
estabelecidas possam ser facilmente identificá veis. A Agê ncia Nacional de Saú de – ANS, por meio de sua Resoluçã o Normativa 322/13, aprovou em 27
de março de 2013 uma alteraçã o ao seu Plano de Contas Padrã o. Segundo ANS (2013):
Art. 4º. Serã o disponibilizadas pela Aneel, anualmente, na Central
de Informaçõ es Econô mico-Financeira do Setor Elé trico – CIEFSE, as Resoluçã o Normativa – RN nº 322, de 27 de março de 2013
Demonstraçõ es Contá beis Societá rias e Regulató rias das empresas obrigadas
ao envio da Prestaçã o Anual de Contas – PAC. Altera o Anexo da Resoluçã o Normativa nº 290, de 27 de fevereiro de 2012,
que dispõ e sobre o Plano de Contas Padrã o para as Operadoras de Planos de
Pará grafo ú nico. O prazo para disponibilizaçã o das informaçõ es previstas no Assistê ncia à Saú de.
caput considerará os prazos legais para envio das Demonstraçõ es Contá beis
Societá rias à Comissã o de Valores Mobiliá rios – CVM. A Diretoria Colegiada da Agê ncia Nacional de Saú de Suplementar –
ANS, em vista do que dispõ e o inciso XLI do artigo 4º e o inciso II do
Art. 5º. Os eventuais custos com a implementaçã o das alteraçõ es do MCSE artigo 10, ambos da Lei nº 9.961, de 28 de janeiro de 2000; o § 3º do
nos sistemas corporativos serã o tratados no Mó dulo 2 do PRORET. artigo 1º da Lei nº 10.185, de 12 de fevereiro de 2001; o pará grafo ú nico
do artigo 35-A da Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998; e a alínea “a” do

57 58
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

inciso II do artigo 86 da Resoluçã o Normativa – RN nº 197, de 16 de Art. 6º. Nos termos do artigo 32, inciso V, do Decreto-Lei nº 73/1966,
julho de 2009, em reuniã o realizada em 20 de março de 2013, adotou combinado com o artigo 2º da Resoluçã o CNSP nº 86/2002, por força da
a seguinte Resoluçã o Normativa e eu, Diretor-Presidente, determino a delegaçã o de competê ncia do Conselho Nacional de Seguros Privados
sua publicaçã o. – CNSP, cabe à Susep expedir as normas gerais de contabilidade a serem
observadas pelas sociedades supervisionadas.
Art. 1º. Os anexos da Resoluçã o Normativa nº 290, de 27 de fevereiro de Art. 7º. A escrituraçã o das operaçõ es deve obedecer à s normas estabelecidas
2012, que dispõ e sobre o Plano de Contas Padrã o da ANS para as Operadoras pelo Comitê de Pronunciamentos Contá beis – CPC e pela Resoluçã o nº
de Plano de Assistê ncia à Saú de passam a ser substituídos pelo Anexo da 750/93, do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, no que nã o contrariem
presente resoluçã o. as disposiçõ es contidas neste Plano Contá bil.

§ 1º. Os Anexos referidos no caput ficarã o disponíveis, para consulta e có pia, E finalmente, como a ú ltima entidade reguladora a abordar o CPC23, temos a Agê ncia Nacional
no endereço eletrô nico da ANS na internet (http:// www. ans. gov. br). de Transportes Terrestres, que em sua Resoluçã o nº 3.847/12, de 20 de junho de 2012, aprovou a
Revisã o nº 2 do Manual de Contabilidade do Serviço Pú blico de Transporte Ferroviá rio de Cargas
§ 2º .As pró ximas atualizaçõ es do Plano de Contas Padrã o da ANS passarã o e Passageiros e a Revisã o nº 2 do Manual de Contabilidade do Serviço Pú blico de Exploraçã o da
a ser promovidas por meio de Instruçã o Normativa da Diretoria de Normas Infraestrutura Rodoviá ria Federal Concedida. Para tal, a ANTT revogou quatro outras resoluçõ es:
e Habilitaçã o das Operadoras – DIOPE. Resoluçã o nº 1772 de 20/12/2006; Resoluçã o nº 2492 de 13/12/2007; Resoluçã o nº 1773 de
20/12/2006; Resoluçã o nº 2507 de 19/12/2007.
Art. 2º. Esta Resoluçã o Normativa entra em vigor a partir da data de sua
publicaçã o. Alé m da Resoluçã o nº 3.847/12, temos també m a Resoluçã o nº 3.848/12. Em ambas resoluçõ es,
como vimos na Aneel e na ANS, temos manuais detalhados que devem ser atendidos por empresas que
André Longo Araú jo de Melo atuam no setor de transportes terrestres. Conforme ANTT (2012):
Diretor-Presidente
Resoluçã o nº 3848, de 20 de junho de 2012.
Este texto nã o substitui o texto normativo original e nem o de suas alteraçõ es,
caso haja, publicados no Diá rio Oficial. Aprova a Revisã o nº 2 do Manual de Contabilidade do Serviço Pú blico de
Transporte Rodoviá rio Interestadual e Internacional de Passageiros, e dá
O que a ANS denomina de “Plano de Contas Padrã o” é na realidade um manual de procedimentos outras providê ncias.
contá beis, com uma preocupaçã o de aplicar as normas internacionais ao contexto das empresas da á rea
A Diretoria da Agê ncia Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, no uso das
da saú de. O anexo é um conjunto de orientaçõ es e, especificamente quanto a CPC 23, vemos um ato atribuiçõ es que lhe confere o art. 25º, inciso VIII, do Anexo à Resoluçã o ANTT
formal de reconhecimento da norma, como vemos a seguir: nº 3000, de 28 de janeiro
de 5 de junho de 2001, fundamentada
9.21 – CPC 23 – Políticas Contá beis, Mudança de Estimativa e Retificaçã o no Voto DAL – 026, de 14 de junho de 2012, no que consta do Processo
de Erro. nº 50500.044019/2012-47 e anexos; e

9.21.1 No que nã o contrariem esta norma, aplicam-se integralmente as Considerando o disposto no inciso III do art. 3º da Resoluçã o ANTT nº 1.773,
disposiçõ es e os crité rios estabelecidos no Pronunciamento CPC 23, emitido de 20 de dezembro de 2006, RESOLVE:
pelo Comitê de Pronunciamentos Contá beis (CPC, 2009c).
Art. 1º. Aprovar a revisã o nº 2 do Manual de Contabilidade do Serviço Pú blico
de Transporte Rodoviá rio Interestadual e Internacional de Passageiros, na
Já na Superintendê ncia de Seguros Privados – Susep, publicou-se a Circular Susep nº 464/13 em forma do anexo, disponível no sítio eletrô nico da Agê ncia Nacional de
1 de março de 2013, revogando a circular nº 430/12 e, por sua vez, a pró pria Susep nº 464/13 foi Transportes Terrestres, a partir da data de publicaçã o desta Resoluçã o.
revogada pela Resoluçã o nº 484/13. No anexo I da Resoluçã o Susep nº 484/13, també m há um ato
formal, de reconhecimento da norma, conforme ANS (2013): Art. 2º. Determinar que as Permissioná rias e Autorizatá rias em Regime
Especial adotem, em cará ter obrigató rio, a Revisã o nº 2 do Manual de
Contabilidade a partir de 1º de janeiro de 2013.

59 60
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

do [...]

desta Resoluçã o. “§ 3º. Os Relató rios Auxiliares, o Balancete Analítico do exercício, o BP, a
DRE, a DMPL, a DFC e a DVA deverã o ser enviados nos moldes do Manual
§2º. As concessioná rias poderã o optar pela adoçã o da Revisã o nº 2 do de Contabilidade instituído pela ANTT, na forma de planilha eletrô nica
Manual de Contabilidade – Revisã o nº 2 no exercício de 2012. de dados, para o endereço eletrô nico demonstrativo@antt.gov.br e,
posteriormente, por meio de sistema instituído pela ANTT, quando de sua
Art. 3º. Sem prejuízo das demais exigê ncias do manual a que se refere a implementaçã o.” (NR)
presente Resoluçã o, as Demonstraçõ es Contá beis, bem como suas Notas
Explicativas, que forem objeto de publicaçã o deverã o seguir os modelos e
informaçõ es mínimas estabelecidos no capítulo 8 da Revisã o nº 2 do Manual Art. 7º. O Manual de Contabilidade, na forma do anexo, deverá ser adotado
de Contabilidade da ANTT. como padrã o de contabilizaçã o por todas as empresas permissioná rias
reguladas pela Agê ncia.
Pará grafo ú nico. Sem prejuízo das demais exigê ncias do manual a que
se refere a presente Resoluçã o, a composiçã o das contas do Balanço
Pará grafo ú nico. Compete à Superintendê ncia de Serviços de Transporte de
Patrimonial e da Demonstraçã o do Resultado do Exercício, para efeito de
Passageiros promover revisõ es perió dicas e adequaçõ es permanentes que
publicaçã o, deverá observar o estabelecido no capítulo 8.2.2.7 da Revisã o nº
se fizerem necessá rias no Manual de Contabilidade do Serviço Pú blico de
2 do Manual de Contabilidade da ANTT.
Transporte Rodoviá rio Interestadual e Internacional de Passageiros. (Incluído
Art. 4º. O art. 1º da Resoluçã o ANTT nº 233, de 25 de junho de 2003, passa a pela Resoluçã o nº 4.532, de 19.12.14)
vigorar com a seguinte redaçã o:
Art. 8º. Esta Resoluçã o entra em vigor na data da sua publicaçã o.
Art.1º...
Art. 9º. Ficam revogadas a Resoluçã o ANTT nº 1.771, de 13 de dezembro de
II –... 2006, e a Resoluçã o ANTT nº 2.491, de 13 de dezembro de 2007.

“r) deixar de cumprir qualquer determinaçã o estipulada no Manual de Ivo Borges e Lima
Contabilidade da ANTT.” (AC) Diretor-Geral, em Exercício

Art. 5º. O art. 2º da Resoluçã o nº 3.075, de 26 de março de 2009, passa a


Exemplo de aplicaçã o
vigorar com a seguinte redaçã o:

Art. 2º... Um aspecto muito interessante é a forma entusiasmada como o redator do Manual de contabilidade
da ANTT trata do processo de convergê ncia contá bil internacional, sendo que é salutar reproduzir esse
II –... texto aqui, porque nos auxilia a consolidar os conhecimentos que estudamos na unidade anterior.
Segundo a ANTT (2012, p. 7-8):
“q) deixar de cumprir qualquer determinaçã o estipulada no Manual de
Contabilidade da ANTT.” (AC) Nesses ú ltimos anos, o Comitê de Pronunciamentos Contá beis – CPC, os
Art. 6º. O art. 1º da Resoluçã o ANTT nº 3.524, de 26 de maio de 2010, passa ó rgã os reguladores, as associaçõ es de companhias abertas, de analistas
a vigorar com a seguinte redaçã o: e auditores e outros profissionais direta ou indiretamente envolvidos
pesquisaram, trabalharam e discutiram de forma intensa todo esse conjunto
Art. 1º... de novas normas.

II -... No trecho a seguir, o manual da ANTT (2012) comenta sobre os impactos e processos de mudança pelos
quais as empresas e profissionais passaram, por conta da convergê ncia e o significado da convergê ncia:
“g) Relató rios Auxiliares, definidos no capítulo 8 do Manual de
Contabilidade da ANTT.” (AC)

61 62
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

A implantaçã o das novas normas contá beis normalmente demanda


envolvimento de vá rias á reas de uma empresa. Podem afetar as exigê ncias
para coleta de dados, os requisitos de sistemas de controles internos, Observação
inclusive dos sistemas informatizados, entre outros. É importante ter No trecho anterior, quando se diz no manual da ANTT (2012)
ciê ncia de que as novas normas tê m como base o princípio da essê ncia que “requerem que as companhias abertas apresentem a informaçã o
sobre a forma. Isso para um País de sistema jurídico romanogermâ nico segmentada”, trata-se de um comentá rio sobre o CPC 22 – Informaçõ es
(codificado), baseado principalmente na normatizaçã o, é um grande por Segmento. Atualmente é muito comum uma mesma empresa ou
desafio. Esse desafio foi superado com a nova Lei das Sociedades Anô nimas grupo empresarial se envolver em diversos negó cios. Em um mesmo grupo
e com o Comitê de Pronunciamentos Contá beis – CPC emitindo as normas
contá beis convergentes com as normas internacionais, homologadas pelos
reguladores. Esse caminho permite agilizar a criaçã o e a atualizaçã o das
normas de acordo com a necessidade de uma contabilidade moderna que, A seguir, iremos estudar as políticas contá beis que, dentro do ambiente de convergê ncia contá bil
por ser uma ciê ncia social, tem necessidade de novas normas, revisõ es e internacional, onde a informaçã o qualitativa é vista como de enorme necessidade aos usuá rios da
adaptaçõ es com muita frequê ncia. Pelo fato de tomar por base princípios contabilidade, sã o imprescindíveis.
e nã o normatizaçã o pura e simplesmente, as novas normas contá beis
brasileiras apontam para a necessidade de uma vasta divulgaçã o, na 3.2 Políticas contábeis
qual devem ficar claro, para o leitor das demonstraçõ es financeiras, quais
princípios foram seguidos e como foram aplicados. Vale lembrar que, Segundo o CVM (2009), em seu pronunciamento CPC 23: “Políticas contá beis sã o os princípios, as
mesmo sendo baseadas em princípios, há regras que possibilitam sua bases, as convençõ es, as regras e as prá ticas específicas aplicados pela entidade na preparaçã o e na
aplicaçã o de maneira coerente e uniforme. apresentaçã o de demonstraçõ es contá beis”.

E no trecho a seguir, comenta-se sobre o outro desafio do contador moderno: o de divulgar Dessa forma, a empresa deve selecionar e aplicar as políticas contá beis de forma adequada com o
informaçõ es, ou melhor, divulgar a melhor informaçã o possível (ANTT, 2012): disposto nas normas, considerando també m as operaçõ es comerciais, transaçõ es e eventos mais comuns.

A empresa, apó s entender as mudanças internamente à luz de seu Nesse sentido, Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 245) comentam que:
negó cio, tiveram um segundo desafio que foi o de explicá -las de maneira
estruturada aos investidores e reguladores, distinguindo as alteraçõ es quando o efeito de uma política contá bil for imaterial, a entidade nã o precisa
decorrentes de impacto efetivo no seu desempenho daquelas advindas das aplicá -la (princípio da relevâ ncia). Na ausê ncia das normas contá beis que se
mudanças nas normas ou, ainda, distinguindo as variaçõ es decorrentes apliquem especificamente a uma transaçã o, outro evento ou condiçã o, a
de oscilaçõ es que essas normas podem gerar ao resultado. As novas administraçã o da companhia exercerá seu julgamento no desenvolvimento
normas requerem que as companhias abertas apresentem a informaçã o e na aplicaçã o de política contá bil que resulte em informaçã o que seja:
segmentada do ponto de vista da administraçã o, devendo seguir o a) relevante para a tomada de decisã o econô mica por parte dos usuá rios;
formato de apresentaçã o utilizado pelo “principal tomador de decisõ es”
da empresa. O receio de divulgar informaçõ es estraté gicas ao mercado e b) confiá vel, de tal modo que as demonstraçõ es contá beis:
a potenciais concorrentes, bem como a oportunidade de explicar melhor
• representem adequadamente a posiçã o patrimonial e financeira, o
o negó cio, aparecem juntos. O desafio para os profissionais das á reas desempenho financeiro e os fluxos de caixa da entidade;
financeiras e de relaçõ es com investidores é encontrar o equilíbrio entre
esses dois aspectos. A informaçã o por segmento é considerada de grande • representem a essê ncia econô mica de transaçõ es, outros eventos e
importâ ncia pelos investidores, e empresas podem se diferenciar de seus condiçõ es, e nã o meramente a forma legal;
concorrentes permitindo uma aná lise mais apurada.
• sejam neutras, isto é , estejam isentas de vié s;

• sejam prudentes;

• sejam completas em todos os aspectos materiais.

63 64
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Exemplo de aplicaçã o Sendo assim, Sir David Tweedie propô s com base em estudos que já vinham sendo feitos na literatura
contá bil e com base em sua percepçã o como regulador, uma outra estrutura de normas, baseadas em
Observe atentamente que o contador nã o deve simplesmente aplicar o que está na norma, ou princípios e na essê ncia das coisas. É o que podemos ver nas figuras a seguir:
mesmo na lei, representando a tradiçã o brasileira do Direito romanogermâ nico (codificado, em que
só se faz algo se estiver expressamente escrito na lei), mas para fazer um trabalho qualitativamente o O que é feito no mercado A norma contá bil
mais adequado e correto possível, necessita aplicar julgamento, o que o aproxima do que vemos no
Direito anglo-saxô nico, o . Este ponto é que traz uma revoluçã o no trabalho do contador,
que assume uma enorme responsabilidade sobre seus atos, e, por isso mesmo, precisa ter a habilidade
de explicar os seus atos.

Por que isso se faz necessá rio? Lembra-se da epígrafe no início da unidade I? Vamos relembrá -la:
O que for criado no mercado
apó s a publicaçã o da norma
Se nó s tivermos uma regra que diz que “se ABC acontecer, a contabilidade é
X”, eu sei que em trê s minutos os bancos de investimento vã o produzir um
esquema BCD que nã o vai ser coberto por essa regra. Entã o, teremos que
criar uma nova regra. Poré m, se você disser que “o princípio diz que ABC
acontece e aqui está a regra contá bil X”, quando eles criarem o BCD, nó s
poderemos dizer: Desculpe, isso é apenas uma variaçã o, te pegamos!
Sir David Tweedie.

Sir David Tweedie é um contador e auditor escocê s e que foi o Presidente da IASB nos primeiros Figura 13 − Regulaçã o e normatizaçã o apó s à s Normas Internacionais de Contabilidade
(e dificílimos) anos de operaçã o de uma entidade responsá vel por normas contá beis internacionais.
Antes disso, Tweedie, que já havia presidido entidades de regulaçã o contá bil no Reino Unido, percebeu O que é feito no mercado A norma contá bil
que havia muitos abusos por parte de algumas empresas, principalmente do setor financeiro.

Notou també m que as normas contá beis versavam sobre determinado assunto, de forma ampla,
até com riqueza de detalhes. Poré m, havia ausê ncia de normas quando se criava algo completamente
novo. Isso era perigoso e dava margem para que uma empresa pudesse fazer o que bem entendesse, até
o momento em que fosse emitida uma norma contá bil para o assunto, o que leva tempo e dedicaçã o.
E daí, criavam outra operaçã o nova! Uma espé cie de deboche à s autoridades pú bicas e contá beis. É o que O que for criado no mercado
apó s a publicaçã o da norma
podemos ver na figura a seguir: A norma já publicada atende
també m à s novas situaçõ es
O que é feito no mercado A norma contá bil disponível

O que for criado no mercado


apó s a publicaçã o da norma Nã o há norma contá bil

?
Figura 14 − Representaçã o da abrangê ncia das Normas Internacionais de Contabilidade
Figura 12 − Regulaçã o e normatizaçã o anterior à s Normas Internacionais de Contabilidade junto com o julgamento do profissional da á rea contá bil

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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Toda essa preocupaçã o existe para informar mais adequadamente os agentes no mercado, para que • Setor primá rio (agronegó cios e mineraçã o): Renar Maçã s.
nã o haja, por exemplo, assimetria nas informaçõ es, ou seja, para que o investidor nã o confie em uma
empresa com base em algo que nã o existe, ou nã o foi sequer publicado, ou entã o é um blefe. • Setor secundá rio (indú strias): Embraer.

Uma curiosidade: o “Sir” na frente do nome do David Tweedie nã o é por acaso. Ele realmente recebeu • Setor terciá rio (serviços): T4F (Tickets for Fun).
uma honraria de “Sir”, que é uma espé cie de cavalheiro real da Rainha da Inglaterra, por conta de
excelentes serviços prestados ao Reino Unido e à humanidade. • Terceiro setor: (Comitê Olímpico Brasileiro).

O objetivo é o de conhecer e realizar um estudo comparativo de como os contadores de cada empresa


redigiram as políticas de cada empresa e, posteriormente, fazer uma reflexã o com base na OCPC7, uma
O CPC informa que mesmo na ausê ncia de pronunciamentos contá beis específicos, o contador orientaçã o pioneira no planeta sobre como os contadores devem preparar as notas explicativas.
deve buscar algum guia de implementaçã o pertinente. O CPC 23 (Sumá rio), define em seus itens 3 e 4
informaçõ es para preparar as políticas contá beis: É importante comentar que nem sempre as notas explicativas sã o redigidas pelos contadores ou
apenas pelos contadores, ou mesmo se contadores sã o os responsá veis por esse trabalho. Em muitos
3. Quando um Pronunciamento, uma Interpretaçã o ou uma Orientaçã o se casos entende-se que a construçã o das notas explicativas e das políticas contá beis sã o um trabalho
aplicarem especificamente a uma transaçã o, evento ou situaçã o, as políticas multidisciplinar, em que cada vez mais se envolvem administradores, corpo té cnico da empresa, corpo
contá beis adotadas devem ser determinadas pela aplicaçã o desses documentos jurídico e relaçõ es com investidores, alé m de profissionais das á reas de comunicaçã o, principalmente os
específicos para essa situaçã o, juntamente com qualquer Guia de Implementaçã o jornalistas que trabalham com relaçõ es pú blicas.
pertinente. Na ausê ncia de um Pronunciamento, uma Interpretaçã o ou uma
Orientaçã o que se aplique especificamente a uma transaçã o, evento ou condiçã o,
a administraçã o deve exercer julgamento no desenvolvimento e aplicaçã o de Observação
uma política contá bil que resulte em informaçã o que seja relevante e confiá vel.
A mençã o a essas empresas está sendo realizada para fins exclusivamente
4. Nesse cená rio, a seguinte hierarquia de fontes de informaçã o para didá ticos, em ambiente universitá rio. Nã o representa jamais sugestã o de
seleçã o e adoçã o de políticas contá beis deverá ser utilizada no exercício do consumo de bens, produtos ou serviços ou investimentos.
julgamento referido:
Exemplo de aplicaçã o
(a) os requisitos e a orientaçã o dos Pronunciamentos, Interpretaçõ es e
Orientaçõ es que tratem de assuntos semelhantes e relacionados; Políticas Contá beis da Renar Maçã s
(b) as definiçõ es, os crité rios de reconhecimento e os conceitos de mensuraçã o A Renar Maçã s S.A., primeira empresa do setor hortifrutigranjeiro a entrar na Bolsa de Valores de
para ativos, passivos, receitas e despesas contidos na Pronunciamento Sã o Paulo, fazendo parte do chamado “Novo Mercado”, publicou as seguintes Políticas Contá beis. Leia
Conceitual Bá sico Estrutura Conceitual para a Elaboraçã o e Apresentaçã o atentamente.
de Demonstraçõ es Contá beis emitido pelo CPC;
3. Principais prá ticas contá beis
(c) adicionalmente, podem també m ser consideradas as mais recentes
posiçõ es té cnicas assumidas por outros ó rgã os normatizadores contá beis 3.1 Apuraçã o do resultado
que usem uma estrutura conceitual semelhante à do CPC para desenvolver
pronunciamentos de contabilidade, ou ainda, outra literatura contá bil e O resultado das operaçõ es é apurado em conformidade com o regime contá bil de competê ncia de
prá ticas geralmente aceitas do setor, até o ponto em que estas nã o entrem exercício. A receita de venda de produtos é reconhecida no resultado quando todos os riscos e benefícios
em conflito com as fontes enunciadas nos itens anteriores (CVM, 2009). inerentes ao produto sã o transferidos para o comprador, e é prová vel que os benefícios econô micos
sejam gerados a favor da companhia. Uma receita nã o é reconhecida se há uma incerteza significativa
A seguir, proponho o estudo de casos reais de políticas contá beis, preparadas e divulgadas por da sua realizaçã o. As receitas e despesas de juros sã o reconhecidas pelo mé todo da taxa efetiva de juros
algumas empresas brasileiras. Serã o estudadas as políticas contá beis de diferentes setores da economia: na rubrica de receitas e despesas financeiras.
67 68
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

3.2 Instrumentos financeiros 3.5 Estoques

Os instrumentos financeiros sã o reconhecidos a partir da data em que a companhia se torna parte Os estoques de mercadorias e materiais de consumo, incluindo a safra de maçã s pró prias em
das disposiçõ es contratuais dos instrumentos financeiros. Quando reconhecidos, sã o inicialmente formaçã o, estã o demonstrados pelo custo mé dio de aquisiçã o, formaçã o ou produçã o, e nã o excedem
registrados ao seu valor justo, acrescido dos custos de transaçã o que sejam diretamente atribuíveis à aos respectivos valores líquidos de realizaçã o.
sua aquisiçã o ou emissã o. Sua mensuraçã o subsequente ocorre a cada data de balanço, de acordo com
as regras estabelecidas para cada tipo de classificaçã o de ativos e passivos financeiros. 3.6 Imobilizado

3.2.1 Ativos financeiros Na controladora o ativo imobilizado está registrado ao custo de aquisiçã o ou construçã o, acrescido
de reavaliaçã o de exercícios anteriores, incluindo os bens adquiridos por arrendamento mercantil,
Sã o mensurados ao valor justo por meio do resultado, e incluem ativos financeiros disponíveis para deduzido da depreciaçã o acumulada, atualizado monetariamente até 31/dez/95.
negociaçã o no curto prazo e ativos designados no reconhecimento inicial ao valor justo por meio do
resultado. A cada data de balanço sã o mensurados pelo seu valor justo. Os juros, correçã o monetá ria e As depreciaçõ es sã o calculadas pelo mé todo linear, em funçã o da expectativa de vida ú til econô mica
as variaçõ es decorrentes da avaliaçã o ao valor justo, sã o reconhecidos no resultado na linha de receitas dos bens.
ou despesas financeiras quando incorridos.
A companhia optou por manter os saldos existentes da reavaliaçã o, os quais serã o realizados de
Os principais ativos financeiros, reconhecidos pela companhia, sã o caixa e equivalente de caixa, acordo com a depreciaçã o ou baixas dos bens reavaliados. Em funçã o da reavaliaçã o ocorrida
aplicaçõ es financeiras em fundos de renda fixa com rendimento diá rio, contas a receber de clientes, em 29/dez/06, novas taxas de depreciaçã o foram aplicadas aos pomares, edificaçõ es urbanas e rurais,
contas a receber por alienaçã o de bens do ativo imobilizado. A companhia nã o identificou ativos a partir de jan/07, considerando o tempo de vida ú til econô mica remanescente. Especificamente, aos
financeiros que seriam classificados na categoria de investimentos mantidos até o vencimento. pomares, foram aplicadas taxas anuais de depreciaçã o diferenciadas, considerado o período de vida ú til
produtiva de cada pomar.
3.2.2 Passivos financeiros
A reavaliaçã o ocorrida em 2006 també m contemplou ativos nã o depreciá veis, como terrenos. Na
Os passivos financeiros sã o classificados como nã o mensurados ao valor justo e compostos por é poca nã o foram contabilizados os correspondentes tributos, em atendimento à prá tica contá bil vigente
passivos financeiros nã o derivativos que nã o sã o usualmente negociados antes do vencimento. Apó s o naquele momento (Lei nº 6404/76). Contudo, em 2010, para atender a Interpretaçã o Té cnica ICPC 10 –
reconhecimento inicial, sã o mensurados pelo custo amortizado, pelo mé todo da taxa efetiva de juros. Interpretaçã o sobre a Aplicaçã o Inicial do Ativo Imobilizado, a administraçã o efetuou registro contá bil
Os juros, atualizaçã o monetá ria e variaçã o cambial, quando aplicá veis, sã o reconhecidos no resultado, a dé bito de conta retificadora da reserva de reavaliaçã o e a cré dito de provisã o para imposto de renda e
quando incorridos. Os principais passivos financeiros reconhecidos pela companhia sã o: contas a pagar contribuiçã o social no passivo nã o circulante.
a fornecedores, empré stimos e financiamentos.
Em virtude dos ativos da companhia serem constituídos, principalmente, de imó veis e
3.3 Caixa e equivalentes de caixa (disponibilidades) implementos rurais, foi contratada a empresa Rosfil Cadastramento e Gerenciamento Patrimonial
Ltda., CNPJ 00.593.896/0001-60, qualificada para desenvolver os trabalhos visando atender aos
Incluem: caixa, saldos positivos em conta movimento, aplicaçõ es financeiras, resgatá veis no prazo CPCs 01 e 27. Em relaçã o ao Pronunciamento CPC 01 que se refere à reduçã o ao valor recuperá vel
de até 90 dias das datas dos balanços e com risco insignificante de mudança de seu valor de mercado. de ativos, foram aplicados os procedimentos, e nã o foi constatado a necessidade do registro
As aplicaçõ es financeiras, classificadas como equivalentes de caixa, sã o ativos financeiros disponíveis de ajustes, uma vez que o valor de uma possível venda do ativo imobilizado, ultrapassa o valor
para negociaçã o. contabilizado (saldo residual) e o CPC 27 que prescreve, que o mé todo de depreciaçã o utilizado
pela entidade deve refletir o modelo de previsã o de consumo (vida ú til) dos benefícios econô micos
3.4 Clientes do ativo, foi atendido.

As contas a receber de clientes sã o apresentadas a valores de realizaçã o, com atualizaçã o cambial, Em junho de 2014 a companhia contratou os serviços da empresa Ferrari Organizaçã o e Avaliaçõ es
quando denominadas em moeda estrangeira, e ajustadas por provisã o para cré ditos de liquidaçã o Patrimoniais Ltda., CNPJ 93.272.003/0001-65, com a finalidade de atender a Lei nº 11.638/07 – CPC 27 e
duvidosa, constituída em montante considerado suficiente pela administraçã o, para fazer face a
eventuais perdas na realizaçã o. exceto bioló gicos. Foram aplicados os procedimentos e nã o foi constatado a necessidade de ajustes.

69 70
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Na controlada os bens patrimoniais estã o registrados ao custo de aquisiçã o ou construçã o, 3.10 Imposto de Renda e contribuiçã o social sobre o lucro

suportado por laudo de avaliaçã o patrimonial elaborado por empresa especializada e as depreciaçõ es A tributaçã o sobre o lucro do exercício compreende o imposto de renda pessoa jurídica (“IRPJ”)
sã o calculadas pelo mé todo linear, em funçã o da expectativa de vida ú til econô mica dos bens. e a contribuiçã o social sobre lucro líquido (“CSLL”), abrangendo imposto corrente e o diferido, que
sã o calculados com base nos resultados tributá veis (lucro contá bil ajustado), à s alíquotas vigentes nas
Na controlada e na controladora a administraçã o revisa, anualmente, o valor contá bil líquido dos datas dos balanços, sendo elas: (i) Imposto de Renda – calculado à alíquota de 25% sobre o lucro
ativos, especialmente o imobilizado, com o objetivo de avaliar eventos ou mudanças nas circunstâ ncias contá bil ajustado (15% sobre o lucro tributá vel, acrescido do adicional de 10%); (ii) contribuiçã o social
econô micas, operacionais ou tecnoló gicas, que possam indicar deterioraçã o ou perda de seu valor – calculada à alíquota de 9% sobre o lucro contá bil ajustado. As inclusõ es ao lucro contá bil de despesas
recuperá vel. Quando tais evidê ncias sã o identificadas e o valor contá bil líquido excede o valor recuperá vel, temporá rias nã o dedutíveis ou exclusõ es de receitas temporá rias nã o tributá veis, consideradas para
é constituída provisã o para deterioraçã o, ajustando o valor contá bil líquido ao valor recuperá vel. apuraçã o do lucro tributá vel corrente geram cré ditos ou dé bitos tributá rios diferidos.

a 3.11 Informaçõ es da consolidaçã o


administraçã o nã o identificou a necessidade do registro de provisã o para desvalorizaçã o no imobilizado.
Controlada é toda a entidade cuja política financeira e operacional pode ser conduzida pela
3.7 Intangível companhia e na qual normalmente há uma participaçã o acioná ria de mais da metade dos direitos de
voto. A existê ncia e o efeito de potenciais direitos de voto, que sã o atualmente exercíveis, sã o levados em
Corresponde à s marcas, registradas ao custo de aquisiçã o e nã o ultrapassa o valor de realizaçã o. consideraçã o para constatar que a companhia controla outra entidade. Uma controlada é integralmente
Estes ativos possuem vida ú til indefinida e sã o submetidos a teste anual para aná lise de perda do seu consolidada a partir da data em que o controle é transferido para a companhia e deixa de ser consolidada
valor recuperá vel. a partir da data em que o controle cessa.

3.8 Outros ativos e passivos A companhia usa o mé todo de aquisiçã o para contabilizar as combinaçõ es de negó cios.

Um passivo é reconhecido no balanço quando a companhia possui uma obrigaçã o legal ou constituída As operaçõ es entre a companhia e sua controlada, bem como os saldos, os ganhos e as perdas
como resultado de um evento passado, sendo prová vel que um recurso econô mico seja requerido para nã o realizados nessas operaçõ es e seus efeitos tributá rios, foram eliminados. As políticas contá beis
liquidá -lo. As provisõ es sã o registradas tendo como base as melhores estimativas do risco envolvido. da controlada foram ajustadas para assegurar consistê ncia com as políticas contá beis adotadas pela
companhia. As demonstraçõ es financeiras consolidadas abrangem as demonstraçõ es financeiras da
Outros ativos sã o reconhecidos nos balanços somente quando for prová vel que seus benefícios Renar Maçã s S.A. e sua subsidiá ria integral Pomifrai Fruticultura S.A. a qual també m é controladora
econô micos futuros serã o gerados em favor da companhia e seu custo ou valor puder ser mensurado da Pomifrai Alimentos Ltda.
com segurança. Ativos contingentes nã o sã o reconhecidos.
Em 17 de janeiro de 2014, a Pomifrai Fruticultura S.A. incorporou 100% da Pomifrai Alimentos S.A.,
3.9 Ajuste a valor presente de ativos e passivos conforme protocolo de intençõ es de incorporaçã o firmado em 18 de novembro de 2013, Ata da AGE
realizada em 18 de novembro de 2013 e 8ª alteraçã o contratual da Pomifrai Alimentos S.A., todos os atos
Os ativos e passivos de longo prazo sã o atualizados monetariamente e, portanto, estã o ajustados registrados junto a JUCESC em 17 de janeiro de 2014. Com isso a empresa Pomifrai Alimentos S.A. deixa
pelo seu valor presente. O ajuste a valor presente de ativos e passivos monetá rios de curto prazo é de existir e todas as suas operaçõ es passaram a ser da Pomifrai Fruticultura S.A.
calculado e, somente, registrado se considerado relevante em relaçã o à s informaçõ es anuais tomadas
em conjunto. 3.12 Estimativas contá beis

Para fins de registro e determinaçã o de relevâ ncia, o ajuste a valor presente é calculado considerando As estimativas contá beis sã o baseadas em fatores objetivos e subjetivos, com base no julgamento
os fluxos de caixa contratuais e a taxa de juros explícita, e em certos casos implícita, dos respectivos da administraçã o, para determinaçã o do valor a ser registrado nas demonstraçõ es financeiras. Itens
ativos e passivos. Com base nas aná lises efetuadas e na melhor estimativa a administraçã o concluiu significativos sujeitos à estimativas incluem: a seleçã o de vida ú til do ativo imobilizado e ativos
que o ajuste a valor presente de ativos e passivos monetá rios circulantes é irrelevante em relaçã o à s intangíveis; a provisã o para cré ditos de liquidaçã o duvidosa; a provisã o para perdas no estoque; a
informaçõ es anuais tomadas em conjunto e, dessa forma, nã o registrou nenhum ajuste. aná lise de recuperaçã o dos valores dos ativos imobilizados e intangíveis; as taxas e prazos aplicados na
determinaçã o do ajuste a valor presente de certos ativos e passivos; e a provisã o para contingê ncias. A
liquidaçã o das transaçõ es, envolvendo essas estimativas, poderá resultar em valores significativamente
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

divergentes dos registrados nas demonstraçõ es financeiras, devido à s imprecisõ es inerentes ao processo 3.16 Novos Pronunciamentos do IFRS, emissõ es, alteraçõ es e interpretaçõ es emitidas pelo IASB
de sua determinaçã o. A companhia revisa suas estimativas regularmente. aplicá vel à s demonstraçõ es contá beis

3.13 Lucro ou prejuízo por açã o As seguintes novas normas, alteraçõ es e interpretaçõ es de normas foram emitidas pelo IASB e
possuem adoçã o inicial em 01 de janeiro de 2014:
O cá lculo é efetuado segundo a equaçã o “lucro líquido/prejuízo/ quantidade de açõ es em circulaçã o”
no encerramento de cada exercício. • IAS 32 – Compensaçã o de ativos financeiros e passivos financeiros: em dezembro de 2011, o IASB
emitiu uma revisã o da norma IAS 32. A alteraçã o desta norma aborda aspectos relacionados à
3.14 Alteraçã o procedimento de cá lculo dos custos apurados compensaçã o de ativos e passivos financeiros. Esta norma é efetiva desde 01 de janeiro de 2014,
a companhia analisou a revisã o do pronunciamento já convertido e atualizado no CPC e nã o
Os estoques de mercadorias e materiais de consumo, incluindo a safra de maçã s pró prias em identificou impactos para divulgaçõ es destas demonstraçõ es contá beis.
formaçã o, estã o demonstrados pelo custo mé dio de aquisiçã o, formaçã o ou produçã o, e nã o excedem
aos respectivos valores líquidos de realizaçã o. Sob este aspecto, anteriormente todo o montante apurado • IFRS 10, IFRS 12 e IAS 27 – “Entidades de Investimento”, em outubro de 2012, o IASB emitiu uma revisã o
de custos era agregado ao estoque e baixado/calculado conforme sua venda mensal, tanto o valor das normas IFRS 10, IFRS 12 e IAS 27, as quais definem entidade de investimento e introduzem uma
apurado no pomar (formaçã o da fruta) quanto ao valor agregado no PackingHouse (armazenagem, exceçã o para consolidaçã o de controladas por entidade de investimentos, estabelecendo o tratamento
classificaçã o e embalagem). contá bil nestes casos. As alteraçõ es destas normas sã o efetivas para períodos anuais iniciando desde
01 de janeiro de 2014. A companhia analisou a revisã o do pronunciamento já convertido e atualizado
A companhia na busca de melhoria e simplificaçã o de seus procedimentos quanto a apuraçã o do custo no CPC e nã o identificou impactos para divulgaçõ es destas demonstraçõ es contá beis.
dos produtos vendidos (fruta), entende que a melhor forma de demonstrar a apuraçã o do CPV mensal,
calculado sobre os estoques formados (colhidos) de maçã s disponíveis para venda é , considerar que nos • IFRIC 21 – “Impostos”, em maio de 2013, o IASB emitiu a interpretaçã o IFRIC 21. Esta interpretaçã o
primeiros seis meses do ano toda a Fruta Industrial (na sua maioria vendida diretamente do pomar para a aborda aspectos relacionados ao reconhecimento de um passivo de impostos quando esse tiver
indú stria), passa a receber somente o custo de pomar (custo agrícola) por ser uma fruta de descarte, nã o origem em requerimento do IAS 37 – “Provisõ es, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes”.
contendo nenhum valor de armazenagem, classificaçã o e embalagem agregado em seu custo. Esta interpretaçã o de norma é efetiva para períodos anuais desde 01 de janeiro de 2014. A
companhia analisou a revisã o do pronunciamento já convertido e atualizado no CPC e nã o
Nos ú ltimos seis meses do ano, a Fruta Industrial é acrescida do custo de armazenagem e classificaçã o, identificou impactos para divulgaçõ es destas demonstraçõ es contá beis.
do PackingHouse em seu custo.
• IAS 36 – “Reduçã o ao Valor Recuperá vel de Ativos”, em maio de 2013, o IASB emitiu uma revisã o
Para as frutas de categoria comercial, alé m do custo Pomar (agrícola), sã o acrescidos os custos da norma IAS 36. A alteraçã o desta norma requer a divulgaçã o das taxas de desconto que foram
apurados no PackingHouse (armazenagem, classificaçã o e embalagem da fruta), que sã o atribuídos utilizadas na avaliaçã o atual e anterior do valor recuperá vel dos ativos, se o montante recuperá vel
mensalmente ao custo da fruta classificada e embalada, vendida, ou seja, CPV. do ativo deteriorado for baseado em uma té cnica de avaliaçã o a valor presente baseada no valor
justo menos o custo da baixa. Esta norma é efetiva para períodos anuais iniciando desde 01 de
3.15 Conversã o de açõ es janeiro de 2014. A companhia analisou a revisã o do pronunciamento já convertido e atualizado
no CPC e nã o identificou impactos para divulgaçõ es destas demonstraçõ es contá beis.
Na AGE 59ª de 01 de outubro de 2014, aprovado, por unanimidade dos acionistas presentes, a
proposta apresentada pelo Conselho de Administraçã o para grupamento de açõ es da companhia, à razã o • IAS 39 – “Mudanças em Derivativos e Continuidade da Contabilidade de Hedge”, em junho de 2013,
de 20 para 1, nos termos do artigo 12 da Lei das S.A., bem como que as fraçõ es de açõ es detidas por o IASB emitiu uma revisã o da norma IAS 39. A alteraçã o desta norma tem o objetivo de esclarecer
acionistas da companhia, como resultado do grupamento, sejam complementadas por fraçõ es de açõ es quando uma entidade é requerida a descontinuar um instrumento de hedge, em situaçõ es em que
a serem doadas direta ou indiretamente pelo acionista controlador da companhia, a EFC Participaçõ es este instrumento expirar, for vendido, terminado ou exercido. Esta norma é efetiva para períodos
S.A., de forma que cada acionista da companhia recebeu a fraçã o necessá ria para garantir a propriedade anuais desde 01 de janeiro de 2014. A companhia analisou a revisã o do pronunciamento já convertido
do pró ximo nú mero inteiro de açõ es apó s a aplicaçã o do fator de grupamento. e atualizado no CPC e nã o identificou impactos para divulgaçõ es destas demonstraçõ es contá beis.

A companhia possuía 151.875.000 açõ es ordiná rias emitidas e em circulaçã o antes do grupamento. • IAS 19 – “Benefícios a Empregados”, em novembro de 2013, o IASB emitiu uma revisã o da
Apó s a conclusã o do grupamento das açõ es ordiná rias aprovada na AGE, ficou 7.593.750 açõ es ordiná rias norma IAS 19. A alteraçã o desta norma tem o objetivo de estabelecer aspectos relacionados
emitidas e em circulaçã o. ao reconhecimento das contribuiçõ es de empregados ou terceiros e seus impactos no custo do
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

serviço e períodos de serviços. Esta norma é efetiva para períodos anuais desde 01 de julho de contá bil para aquisiçõ es de participaçõ es em acordos de compartilhamento que constituam um
2014. A companhia analisou a revisã o do pronunciamento já convertido e atualizado no CPC e negó cio de acordo com os conceitos constantes no IFRS 3. Esta alteraçã o na norma é efetiva
nã o identificou impactos para divulgaçõ es destas demonstraçõ es contá beis. para períodos anuais iniciando em/ou apó s 01 de janeiro de 2016. A companhia está avaliando os
impactos da adoçã o desta norma em suas demonstraçõ es contá beis.
• IAS 27 – “Demonstraçõ es Separadas”, em 12 de agosto de 2014, o IASB emitiu revisã o da norma
IAS 27, permitirá o mé todo de equivalê ncia patrimonial para contabilizar os investimentos em IAS 16 e IAS 38 – “Esclarecimentos sobre Mé todos Aceitá veis de Depreciaçã o e Amortizaçã o”, em
subsidiá rias, joint ventures e associadas em suas demonstraçõ es contá beis separadas. Esta norma maio de 2014, o IASB emitiu revisã o das normas IAS 16 e IAS 38. Esta revisã o tem o objetivo de
é efetiva para períodos anuais iniciando em/ou apó s 01 de janeiro de 2016 nas IFRS e para as esclarecer sobre mé todos de depreciaçã o e amortizaçã o, observando o alinhamento ao conceito
prá ticas contá beis adotadas no Brasil já é aceito a partir de 31 de dezembro de 2014, conforme de benefícios econô micos futuros esperados pela utilizaçã o do ativo durante sua vida ú til
aprovaçã o do Conselho Federal de Contabilidade e adoçã o antecipada das IFRS. A companhia nã o econô mica. Esta alteraçã o na norma é efetiva para os períodos anuais iniciando em/ou apó s
espera ter impactos da adoçã o desta norma em suas demonstraçõ es contá beis. 01 de janeiro de 2016. A companhia está avaliando os impactos da adoçã o desta norma em suas
demonstraçõ es contá beis.
3.16 Normas, alteraçõ es e interpretaçõ es de normas que ainda nã o estã o em vigor
• IFRS 15 – “Receitas de contratos com clientes”, em maio de 2014, o IASB emitiu a norma IFRS 15.
As seguintes novas normas, alteraçõ es e interpretaçõ es de normas foram emitidas pelo IASB, mas A norma substitui a IAS 18 – “Receitas” e a IAS 11 – “Contratos de construçã o” e uma sé rie de
nã o foram editadas pelo CPC: interpretaçõ es relacionadas a receitas. Esta norma é efetiva para os períodos anuais iniciando

• IAS 1 – “Apresentaçã o das Demonstraçõ es Financeiras” – em 18 de dezembro de 2014, o IASB suas demonstraçõ es contá beis.
publicou “Iniciativa de Divulgaçã o” (alteraçõ es ao IAS 1). As alteraçõ es visam esclarecer o IAS 1
e direcionar os impedimentos percebidos sobre o julgamento para a preparaçã o e apresentaçã o • IAS 16 e IAS 41 – em julho de 2014, o IASB emitiu revisã o das normas IAS 16 – “Ativo Imobilizado”
das demonstraçõ es contá beis. Esta norma é efetiva para os períodos anuais iniciando em/ou apó s e IAS 41 – “Ativo Bioló gico”, para incluir ativos bioló gicos que atendam a definiçã o de
01 de janeiro de 2016, com aplicaçã o antecipadas permitida. A companhia está avaliando os (definidos como “plantas vivas” que sã o usadas na produçã o de produtos agrícolas), essa
impactos da adoçã o desta norma em suas demonstraçõ es contá beis. alteraçã o requer que os sejam registrados como ativo imobilizado de acordo com
o IAS 16, registrando a custo histó rico ao invé s de serem mensurados ao valor justo conforme
• IFRS 9 – Instrumentos Financeiros – em julho de 2014, o IASB emitiu versã o final da norma IFRS 9, é requerido pelo IAS 41. Esta norma é efetiva para períodos anuais iniciando em/ou apó s
a qual tem o objetivo de substituir a norma IAS 39 – “Instrumentos financeiros: Reconhecimento 01 de julho de 2016. A companhia nã o espera ter impactos da adoçã o desta norma em suas
e Mensuraçã o”. Estas alteraçõ es endereçam algumas questõ es sobre a aplicaçã o da norma e demonstraçõ es contá beis.
introduzem o conceito de “valor justo contra os resultados abrangentes” para a mensuraçã o de
alguns tipos de instrumentos de dívida. • IFRS 10 e IAS 28 – em 11 de setembro de 2014, o IASB emitiu revisã o das normas IFRS 10 –
“Demonstraçõ es Consolidadas” e IAS 28 – “Investimento em Coligada, em Controladas e
Adicionalmente, o IASB incluiu na norma IFRS 9 requerimentos de reconhecimento de perdas pela em Empreendimento Controlado em Conjunto”, essas alteraçõ es tê m como consequê ncia a
nã o recuperabilidade de ativos relacionadas ao registro de perdas esperadas com cré ditos sobre inconsistê ncia reconhecida entre as exigê ncias da IFRS 10 e aqueles na IAS 28, para lidar com
os ativos financeiros e compromissos de renegociaçã o destes cré ditos. Esta norma é efetiva para a venda ou a entrada de ativos de um investidor, coligada ou empreendimento controlado em
períodos anuais iniciando em/ou apó s 01/01/2018. A companhia está avaliando os impactos da conjunto. A principal consequê ncia das alteraçõ es é que o ganho ou perda é reconhecido quando
adoçã o desta norma em suas demonstraçõ es contá beis. uma transaçã o envolve um negó cio (se ele está instalado em uma subsidiá ria ou nã o). Um ganho
ou perda parcial é reconhecido quando uma transaçã o envolve ativos que nã o constituam um
• IFRS 14 – “Contas de Diferimento Regulató rio”, em janeiro de 2014, o IASB emitiu a norma IFRS 14, a negó cio, mesmo que esses ativos estejam alocados em uma subsidiá ria. Esta norma é efetiva para
qual tem o objetivo específico de regular o reconhecimento de ativos e passivos regulató rios quando períodos anuais iniciando em/ou apó s 01 de julho de 2016. A companhia está avaliando o impacto
da primeira adoçã o das normas IFRS. Esta norma é efetiva para períodos anuais iniciando em/ou da adoçã o destas alteraçõ es em suas demonstraçõ es contá beis.
apó s 01 de janeiro de 2016. A companhia nã o espera ter impactos da adoçã o desta norma em suas
demonstraçõ es contá beis. • Melhoria anual das IFRS de setembro de 2014 – o IASB emitiu uma revisã o das normas IFRS 5,
IFRS 7, IAS 19 e IAS 34. Estas normas sã o efetivas para os períodos anuais iniciando em/ou apó s
• IFRS 11 – “Acordos de Compartilhamento”, em maio de 2014, o IASB emitiu uma revisã o 01 de janeiro de 2016. A companhia está avaliando o impacto da adoçã o destas alteraçõ es em
da norma IFRS 11. A Alteraçã o da norma IFRS 11 aborda crité rios relacionados ao tratamento suas demonstraçõ es contá beis.
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Interpretaçã o Cabe uma rá pida reflexã o sobre a importâ ncia das notas explicativas e na exposiçã o das politicas
contá beis em geral. Os contadores devem entender que as notas explicativas nã o sã o um mero
Apó s o estudo das notas explicativas sobre as políticas contá beis da Renar Maçã s, você pode optar comentá rio complementando o que já está exposto por meio de nú meros nos demonstrativos contá beis.
em conferir a aná lise a seguir, ou (recomendá vel) continuar a estudar as notas explicativas com as Muito menos uma mera formalidade.
políticas contá beis de outras trê s empresas brasileiras de outros setores, a Bardella S.A., T4F Tickets for
Fun Entretenimento S.A. e Comitê Olímpico Brasileiro, disponíveis na plataforma. Com as normas internacionais, como vimos anteriormente, as notas explicativas passam a ter um papel
formidá vel para a percepçã o de qualidade e confiabilidade que o usuá rio tanto precisa para analisar os dados
Podemos observar algumas características comuns nas políticas contá beis das quatro empresas de uma empresa por meio das demonstraçõ es contá beis. É necessá rio entender que as notas explicativas
analisadas. Todas fazem um comentá rio aos principais aspectos previstos nas Normas Internacionais devem trazer informaçõ es que nã o sã o possíveis de comunicar pelos nú meros e que em nenhum outro lugar
de Contabilidade. o usuá rio irá encontrar essas informaçõ es com transparência, correçã o, isençã o e credibilidade.

Isso é adequado e esperado de acordo com as atuais leis e normas, no entanto, cada vez mais Lauretti (2003, p. 16) comentou que “quanto mais completas e detalhadas forem as notas explicativas
espera-se que os contadores preparem políticas contá beis e notas explicativas em geral, adaptadas aos divulgadas, menor o nú mero de pedidos de esclarecimento que a titular vai receber de seus leitores”.
negó cios das empresas.
Sendo que Martins, Miranda e Diniz (2012) foram ao seu encontro dizendo que:
Selecionamos, nas políticas contá beis da empresa, um trecho no qual ocorre essa característica. Observe: A quantidade de informaçõ es disponibilizadas é importante, pois quem
está de fora da empresa só poderá conhecer determinados aspectos do
Renar Maçã s S.A. empreendimento se as informaçõ es forem divulgadas. Mais importante
ainda é que as informaçõ es constantes nas demonstraçõ es analisadas sejam
A companhia na busca de melhoria e simplificaçã o de seus procedimentos quanto a apuraçã o confiá veis e acuradas, caso contrá rio as conclusõ es nã o serã o confiá veis.
do custo dos produtos vendidos (fruta), entende que a melhor forma de demonstrar a apuraçã o
do CPV mensal, calculado sobre os estoques formados (colhidos) de maçã s disponíveis para As notas explicativas sã o uma prá tica antiga na publicaçã o de demonstraçõ es financeiras. No entanto,
venda é , considerar que nos primeiros seis meses do ano toda a Fruta Industrial (na sua maioria com as normas internacionais, o tema passou a ser encarado com verdadeiro pavor pelos contadores. O que
vendida diretamente do pomar para a indú stria), passa a receber somente o custo de pomar se viu foi uma dificuldade impressionante e inesperada, tanto de contadores brasileiros como de contadores
(custo agrícola) por ser uma fruta de descarte, nã o contendo nenhum valor de armazenagem, de outras vá rias localidades no planeta, em como preparar adequadamente as notas explicativas.
classificaçã o e embalagem agregado em seu custo.
Alguns se viram na necessidade de repetir o exato conteú do das normas, outros de detalhar dados,
Nos ú ltimos seis meses do ano a Fruta Industrial é acrescida do custo de armazenagem e e outros ainda de comentar alguma coisa sobre todos os aspectos previstos nas normas, mesmo que
classificaçã o, do PackingHouse em seu custo. para um determinado assunto nã o houvesse necessidade de explicar algo. Como consequê ncia, as notas
explicativas ficaram com uma quantidade inacreditá vel de pá ginas, tornando sua leitura quase impossível.
Para as frutas de categoria comercial, alé m do custo Pomar (agrícola), sã o acrescidos os
custos apurados no PackingHouse (armazenagem, classificaçã o e embalagem da fruta), que sã o Uma interessante crítica aos balanços com dezenas de pá ginas é possível de ser encontrado no comentá rio
atribuídos mensalmente ao custo da fruta classificada e embalada, vendida, ou seja, CPV. de um jornalista. Segundo Torres (2012), os contadores teriam medo de preparar as notas explicativas.

Nesses trechos podemos ver detalhes das operaçõ es e a aplicaçã o das normas internacionais sobre
essa operaçã o. Muito se discute se nã o seria importante a formulaçã o de políticas aplicadas, de acordo Saiba mais
com as operaçõ es que as empresas se envolvem.
Acesse na íntegra o artigo em:
O CPC e o CFC perceberam essa dificuldade, do “espírito de ”, no qual os contadores se
preocupam em repassar e conferir as normas internacionais e emitiram uma orientaçã o para a elaboraçã o TORRES, F. Na briga da essê ncia contra a forma, prevalece o “medo”.
de notas explicativas (e políticas contá beis) como iremos estudar a seguir. , Sã o Paulo, set. 2012.

Disponível em: http://www.crcsc.org.br/noticia/view/1137. Acesso em:


12 maio 2015.

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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Essa dificuldade levou as entidades contá beis e o CPC em 2014 a emitir uma orientaçã o específica D. A mençã o, em Pronunciamentos, Interpretaçõ es e Orientaçõ es do CPC
sobre as informaçõ es que devem ser publicadas pelas empresas, a OCPC 7. e em Lei, de exigê ncias de divulgaçã o deve sempre ser interpretada à luz
da relevâ ncia da informaçã o a ser divulgada, mesmo que apareçam as
expressõ es “divulgaçã o mínima”, “no mínimo” e assemelhada

Saiba mais E. Por outro lado, nenhuma informaçã o relevante que possa influenciar
o usuá rio das demonstraçõ es contá beis da entidade pode deixar de ser
Leia a OCPC07, que você pode obter em: evidenciada, mesmo que nã o haja explícita mençã o a ela em Lei ou em
documento do CPC.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁ BEIS. . OCPC 07
– Evidenciaçã o na Divulgaçã o dos Relató rios Contá bil-Financeiros de
Propó sito Geral. Brasília, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/2U7ntoP.
Acesso em: 3 jun. 2015. de propó sito geral.

Observe que a orientaçã o enfatiza a relevâ ncia das informaçõ es. Uma informaçã o somente é relevante
Essa orientaçã o realiza uma aná lise das características qualitativas expostas no CPC00 – Conceitual quando influencia no processo de decisã o dos investidores e credores. O problema, que representa um
Bá sico e traz a seguinte minuta té cnica, reproduzida em parte, a seguir (CPC, 2011a): verdadeiro desafio para cada contador, é como conhecer as expectativas dos usuá rios da contabilidade
e preparar informaçõ es que sejam necessá rias a eles.
Orientaçã o Té cnica OCPC 07
O CPC observou que estava acontecendo um espírito de , ou seja, o contador ticava todos
Evidenciaçã o na Divulgaçã o dos Relató rios os aspectos que julgava necessá rios.
Contá bil-Financeiros de Propó sito Geral A orientaçã o OCPC 07 enfatiza que o contador nã o deve seguir o “espírito de ; para elaborar
as demonstraçõ es financeiras é necessá rio exercitar o sentimento do mercado e imaginar o que será
Minuta de Orientaçã o Té cnica OCPC 07 importante para o usuá rio das demonstraçõ es financeiras.
Explicaçã o sobre as características qualitativas das demonstraçõ es contá beis Enfim, trata-se de uma tarefa difícil, mas que traz calor e perplexidade para a profissã o. Assim como
do CPC 00 (R1) – Estrutura Conceitual para Elaboraçã o e Divulgaçã o de um grande jornalista, o contador vai viver a emoçã o, nem sempre prazerosa, de ter que lidar com as
Relató rio Contá bil-Financeiro. expectativas das pessoas pelo anseio à informaçã o.
A. Todas as informaçõ es evidenciadas devem ser relevantes para os usuá rios 4 MUDANÇAS NAS ESTIMATIVAS E RETIFICAÇÃO DE ERRO
externos. E só sã o relevantes se influenciarem no processo de decisã o dos
investidores e credores. 4.1 Mudanças nas estimativas

Consequentemente, as nã o relevantes nã o devem ser divulgadas. De acordo com Comitê de Pronunciamentos Contá beis (2009c), o CPC 23, as estimativas sã o
essenciais no processo contá bil e entende que eventuais necessidades de correçã o sã o uma espé cie de
B. A relevâ ncia, por sua vez, abrange os conceitos de magnitude e de natureza amadurecimento da empresa e dos profissionais, por isso devem ser praticadas. Também sã o consideradas
da informaçã o, olhadas sob o ponto de vista dos usuá rios. correçõ es de erros. É o que podemos observar nos itens de 7 a 9 no pronunciamento referido:
C. Somente as informaçõ es relevantes e específicas à entidade devem ser 7. O uso de estimativas é parte essencial da preparaçã o de demonstraçõ es
evidenciadas, tanto as relativas à s políticas contá beis quanto a todas as contá beis, nã o fazendo diminuir a sua confiabilidade. Uma alteraçã o na
demais notas, inclusive aquelas relativas a prová veis efeitos de políticas estimativa contá bil é um ajuste no valor de um ativo, passivo ou do consumo
contá beis a serem adotadas no futuro. perió dico de um ativo, que resulta da avaliaçã o atual das obrigaçõ es e
benefícios futuros esperados associados a esses ativos e passivos.
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

8. As alteraçõ es nas estimativas contá beis resultam de nova informaçã o ou 13. O Pronunciamento determina, resumidamente, que devem ser divulgados:
maior experiê ncia e, portanto, nã o sã o correçõ es de erros. Sã o exemplos: a) a natureza da política contá bil que sofrer mudança, as razõ es da mudança,
mudança na expectativa de vida ú til econô mica de um ativo imobilizado, os efeitos da mudança e outras informaçõ es pertinentes; b) a natureza
mudança na classificaçã o de perda esperada de uma obrigaçã o de prová vel e o montante de mudança na estimativa contá bil que tenha efeito no
para possível ou remota, mudança no valor da parte nã o recuperá vel de um período corrente ou se espera que tenha efeito em períodos subsequentes;
ativo ( ) etc. c) a natureza do erro sendo retificado, o valor dessa retificaçã o e outras
informaçõ es també m pertinentes; c) no caso de impossibilidade de
9. O efeito de uma alteraçã o numa estimativa contá bil deve ser reconhecido mensuraçã o de quaisquer desses efeitos, as razõ es que levam a essa situaçã o
prospectivamente e reconhecido no resultado: (a) do período da alteraçã o, devem també m ser divulgadas.
se a alteraçã o afetar apenas esse período; ou (b) do período da alteraçã o e
futuros períodos, se a alteraçã o afetar todos (CPC, 2009c). Observe que há uma preocupaçã o da IASB e do CPC em nã o envolver o contador em uma
situaçã o insustentá vel, portanto, as correçõ es devem ser realizadas apenas quando houver
Assim, a prá tica de mudanças nas estimativas, provocando consequentemente a necessidade de praticabilidade. Isso, por outro lado, també m nã o é um convite à desídia e à preguiça. É muito
retificar erros, é saudá vel. A nã o observaçã o ao CPC 23 é que nã o seria o correto. fá cil dizer que “nã o dá para fazer uma correçã o”. É necessá rio que o contador busque soluçõ es,
aplique julgamento profissional, faça viabilizar. O maior exemplo recente nesse sentido é o “Caso
4.2 Retificação de erro Petrobrá s”, descrito a seguir.

De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contá beis (2009c), o CPC 23 (CVM, 2009), em seus Caso Petrobrá s
itens de 10 a 13, orienta o que sã o erros, como identificá -los e a maneira correta de lidar com eles, como
podemos ver a seguir: Apesar dos acontecimentos na Petrobrá s serem muito recentes e ainda nã o haver uma reflexã o
acadê mica sobre as consequê ncias da corrupçã o no patrimô nio da empresa Petrobrá s, é salutar
10. Erros de períodos anteriores sã o omissõ es e incorreçõ es nas estudarmos rapidamente esse caso porque é um exemplo perfeito de ajuste por retificaçã o de erro.
demonstraçõ es contá beis da entidade de um ou mais períodos anteriores
decorrentes da falta de uso, ou uso incorreto, de informaçã o confiá vel que: É inegá vel que o “caso Petrobrá s”, que se junta a diversos outros que sã o usados para estudo nas
(a) estava disponível quando as demonstraçõ es contá beis desses períodos universidades, como os casos Nagi Nahas, Parmalat, Banco Nacional, Enron e tantos outros, traz uma
foram autorizadas para divulgaçã o; e (b) poderia ter sido razoavelmente reflexã o positiva que interessa ao nosso estudo.
obtida e levada em consideraçã o na preparaçã o e apresentaçã o dessas
demonstraçõ es contá beis. Durante o ano de 2014, a Polícia Federal deflagrou a chamada “Investigaçã o Lava Jato”, uma extensa
investigaçã o que vinha mantendo desde 2009, na qual os depoimentos e evidê ncias colhidos até entã o
11. Tais erros incluem os efeitos de erros matemá ticos, erros na aplicaçã o de deixavam claro que houve um esquema organizado e sofisticado de corrupçã o entre diretores da
políticas contá beis, descuidos ou interpretaçõ es incorretas de fatos e fraudes. Petrobrá s, que durou muitos anos.

12. A nã o ser que seja impraticá vel determinar ou os efeitos específicos de É evidente que naquele momento ainda nã o havia condenados na Justiça, apenas uma investigaçã o
um período ou o efeito cumulativo do erro, a entidade deve corrigir os policial. A condenaçã o por eventuais crimes cometidos ainda seria realizada a posteriori pela Justiça.
erros materiais de períodos anteriores retrospectivamente no primeiro Poré m, com os depoimentos tomados em “delaçã o premiada”, ou seja, um tipo de confissã o onde
o investigado pode se beneficiar posteriormente com reduçõ es de pena, mas somente se disser a
(a) republicaçã o comparativa para o(s) período(s) anterior(es) apresentado(s) verdade, indicavam que ativos estavam sendo comprados com propina embutida. A auditoria externa e
em que tenha ocorrido o erro; ou (b) se o erro ocorreu antes do período independente tomou a decisã o histó rica de nã o emitir um relató rio de auditoria.
anterior mais antigo apresentado, ajuste dos saldos de abertura dos
ativos, passivos e patrimô nio líquido para o período anterior mais antigo Essa decisã o crucial lançou a Petrobrá s, uma das maiores empresas brasileiras, em uma crise de
apresentado. As omissõ es ou declaraçõ es incorretas de itens sã o materiais se confiança que representava també m um enorme desafio contá bil, porque o ajuste das fraudes e dos
puderem, individual ou coletivamente, influenciar as decisõ es econô micas valores do ativo foram uma exigê ncia da auditoria externa e independente para que emitisse o relató rio.
dos usuá rios tomadas com base nas demonstraçõ es contá beis. E como fazer esse ajuste?

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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Durante vá rias semanas, os mercados acompanharam a tentativa hercú lea de tentar “salvar a
empresa”, isolando e reconhecendo como perdas os efeitos da corrupçã o. em detalhes, em uma extensa nota explicativa denominada ‘”Operaçã o Lava-Jato” e seus reflexos
na companhia (PETROBRAS, 2014). Nessa nota explicativa, a empresa apontou como foi formada a
Alguns dias antes do histó rico dia 22 de abril de 2015, o jornalista Fernando Torres, do , metodologia para apurar o valor estimado das perdas com a corrupçã o.

(PETROBRAS..., 2015): Na seguinte nota, a Petrobrá s expõ e o esquema de pagamentos indevidos e reconhece a necessidade
de ajustes:
A parte referente a corrupçã o será tratada como correçã o de erro, nos
termos do pronunciamento contá bil CPC 23, e terá valor entre R$ 4 bilhõ es
3.2.1. O esquema de pagamentos indevidos e a necessidade de ajustar o
e R$ 8 bilhõ es, segundo uma das fontes. O erro a ser corrigido se refere
valor contá bil de determinados ativos imobilizados
ao tratamento dos gastos com corrupçã o como investimento, e nã o
como despesa indedutível. A segunda parcela de baixa contá bil será fruto
de impairment, ou perda do valor recuperá vel de ativos, nos termos do De acordo com as informaçõ es disponíveis à companhia descritas acima, no
pronunciamento contá bil CPC 01. A estatal deve manter a prá tica de fazer esquema de pagamentos indevidos, diversas empreiteiras e fornecedores se
projeçõ es de fluxo de caixa futuro tendo como base seu parque de refino organizaram em conluio com ex-empregados da Petrobras para impor gastos
como uma ú nica grande unidade geradora de caixa (UGC). Isso acabou adicionais no â mbito de contratos para a construçã o de ativos e fornecimento
tendo como consequê ncia o nã o reconhecimento de baixas referentes à s de bens e serviços à companhia e utilizaram os valores pagos a mais pela
Petrobras para fazer pagamentos indevidos a partidos políticos, políticos
numa aná lise individual dos ativos, houvesse sinais de que o custo desses em exercício e outros agentes políticos, empregados de empreiteiras e
investimentos, ante dos estouros de orçamento, nã o seria todo recuperado. fornecedores, alé m de ex-empregados da Petrobras. Em particular, o ex-diretor
de abastecimento, o ex-diretor de serviços e um ex-gerente executivo da á rea
De qualquer forma, os executivos da Petrobrá s, auditores e profissionais em geral sabiam que estavam de serviços estavam envolvidos no esquema. Todos eles ocupavam posiçõ es de
envolvidos com uma situaçã o totalmente nova, para a qual nã o havia um pronunciamento específico liderança na Petrobras e, alé m de omitirem a existê ncia do cartel, utilizaram
e que demandaria entã o um julgamento profissional. É o que podemos ver no relato jornalístico sua influê ncia para possibilitar os objetivos do esquema de pagamentos
(PETROBRAS..., 2015): indevidos, principalmente garantindo que os membros do cartel participassem
de licitaçõ es para a compra de bens e serviços pela Petrobras e, dessa forma,
A norma contá bil estabelece como regra geral que os ajustes relativos obtivessem contratos com a companhia. Nã o há , no entanto, informaçõ es
correçã o de erros sejam feitos retroativamente, no exercício em que cada que indiquem que eles controlassem ou direcionassem o uso dos pagamentos
erro ocorreu, o que exigiria republicaçã o de balanços antigos. No entanto,
indevidos quando os recursos saíam da Petrobras. Alé m disso, as investigaçõ es
a empresa deve citar literatura que trata especificamente de fraude e
també m identificaram outras ocorrê ncias específicas em que empresas
argumentar que nã o conseguiu identificar períodos e valores precisos, de
impuseram gastos adicionais à Petrobras na aquisiçã o de ativos imobilizados.
forma que provavelmente fará o ajuste todo no exercício de 2014, quando
Estes valores també m foram utilizados para financiar pagamentos indevidos
o problema foi descoberto.
feitos por fornecedores e empreiteiras a ex-empregados da Petrobras, nã o
O jornalista alerta ainda para o fato de que seria imprescindível a essa empresa ter profunda relacionados ao esquema de pagamentos indevidos, descrito acima.
transparê ncia e relatar os fatos nas notas explicativas (PETROBRAS..., 2015):
Já na nota 3.2.3, a empresa definiu como lidou com a situaçã o e efetuou os cá lculos das perdas a
A avaliaçã o entre todos os envolvidos é que estã o diante de um caso nã o serem corrigidas:
previsto expressamente nas normas contá beis, o que exige a aplicaçã o de
julgamento contá bil por parte da administraçã o da companhia para mostrar a 3.2.3. Abordagem adotada para ajuste de ativos afetados pelos gastos adicionais
melhor informaçã o possível para os acionistas, credores e demais interessados.
Assim, os reguladores e auditores devem exigir que a empresa seja bastante Devido à impraticabilidade de identificaçã o dos períodos e montantes de
transparente nas notas explicativas que acompanham o balanço sobre os gastos adicionais incorridos pela companhia, a Petrobras utilizou todo
crité rios usados para os ajustes que serã o feitos, bem como para as premissas o conjunto de informaçõ es disponíveis (descrito anteriormente) para
que vai utilizar nos testes de – taxas de desconto, margens de quantificar o impacto do esquema de pagamentos indevidos. Quando a
refino, preço de petró leo, taxa de câ mbio, entre outros. companhia divulgou suas demonstraçõ es contá beis intermediá rias do
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

terceiro trimestre de 2014, nã o revisadas pelos auditores independentes, Com relaçã o ao período de atuaçã o do cartel, os depoimentos esclarecem que
ainda nã o tinha informaçõ es com suficiente robustez para embasar os o esquema de pagamentos indevidos teria ocorrido entre 2004 e abril de 2012.
ajustes em suas demonstraçõ es contá beis. Isso ocorreu em funçã o de A companhia també m avaliou a possibilidade de o esquema ter impactado
diversos documentos, cuja existê ncia era de conhecimento da companhia, períodos anteriores a 2004. No entanto, alé m dos depoimentos nã o sugerirem
poré m ainda nã o haviam sido tornados pú blicos, com destaque para os que o esquema acontecesse antes de 2004, o impacto de eventuais valores
depoimentos prestados no â mbito dos acordos de colaboraçã o premiada de adicionais cobrados na aquisiçã o de bens e serviços anteriormente a 2004 nã o
Pedro José Barusco Filho, Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef. seria material, uma vez que a maior parte do saldo atual do ativo imobilizado
da companhia foi construída entre 2004 e 2014 (o saldo do ativo imobilizado
A partir de 28 de janeiro de 2015, evidê ncias adicionais relevantes era de R$ 67 bilhõ es em 31 de dezembro de 2003) e que os ativos existentes
foram tornadas pú blicas, corroborando e amplificando as informaçõ es em 2003 estã o substancialmente depreciados em 2014.
anteriormente disponíveis:
Em suma, com base nas informaçõ es descritas anteriormente, a companhia
• depoimentos de Pedro José Barusco Filho; concluiu que a parcela dos gastos incorridos na construçã o de seus ativos
imobilizados como resultado da atuaçã o de empreiteiras e fornecedores no
• depoimentos prestados no â mbito do acordo de colaboraçã o de Paulo cartel para cobrar valores adicionais e utilizar esses valores para realizar
Roberto Costa e Alberto Youssef, que estavam mantidos em sigilo; pagamentos indevidos nã o deveria ter sido capitalizada. A fim de contabilizar
o impacto dos referidos gastos adicionais, foi desenvolvida uma metodologia
• uma parte dos depoimentos de Shinko Nakandakari; para estimar o ajuste que deveria ser feito no ativo imobilizado, que envolve
os cinco passos descritos a seguir:
• o Ministé rio Pú blico Federal ajuizou açõ es de improbidade
administrativa contra membros do cartel pelos danos materiais 1) Identificaçã o da contraparte do contrato: foram listadas todas as
atribuíveis ao esquema de pagamentos indevidos; companhias citadas como membros do cartel nos depoimentos tornados
pú blicos e com base nessa informaçã o, foram levantadas as empresas
• o Ministé rio Pú blico Federal instaurou outras açõ es criminais contra envolvidas e as entidades a elas relacionadas.
indivíduos envolvidos no esquema de pagamentos indevidos, como
2) Identificaçã o do período: foi concluído, com base nos depoimentos, que
representantes das empreiteiras, intermediá rios ou ex-empregados
o período de atuaçã o do esquema de pagamentos indevidos foi de 2004 a
da Petrobras;
abril de 2012.
• acordo de leniê ncia da empresa Setal Engenharia e Construçõ es,
3) Identificaçã o dos contratos: foram identificados todos os contratos
participante do cartel, com as autoridades brasileiras.
assinados com as contrapartes mencionadas no passo (1) durante o período
do passo (2), incluindo també m os aditivos aos contratos originalmente
Os valores pagos pela Petrobras no â mbito dos contratos junto aos
assinados entre 2004 e abril de 2012. Em seguida, foram identificados os
fornecedores e empreiteiras envolvidos no esquema descrito anteriormente
ativos imobilizados aos quais estes contratos se relacionam.
foram integralmente incluídos no custo histó rico dos respectivos ativos
imobilizados da companhia. No entanto, a administraçã o entende que 4) Identificaçã o dos pagamentos: foi calculado o valor total dos contratos
a parcela dos pagamentos que realizou a essas empresas que representa referidos no passo (3).
gastos adicionais incorridos em decorrê ncia do esquema de pagamentos
indevidos nã o deveria ter sido capitalizada. 5) Aplicaçã o de um percentual fixo sobre o valor total de contratos definido
no passo (4): o percentual de 3%, indicado nos depoimentos, foi utilizado
Os depoimentos identificaram 27 membros do cartel (fornecedores para estimar os gastos adicionais impostos sobre o montante total dos
e empreiteiras brasileiras que pertenceriam ao esquema) e diversos contratos identificados.
fornecedores e empreiteiras que teriam atuado de forma isolada, també m
cobrando valores adicionais da companhia que eram utilizados para realizar O cá lculo considerou todos os valores registrados nos registros contá beis
pagamentos indevidos, poré m fora do escopo do cartel. da companhia entre 2004 e setembro de 2014, referentes aos contratos
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

inicialmente firmados entre 2004 e abril de 2012, bem como quaisquer porém alguns depoimentos indicam percentuais inferiores com relaçã o a certos
aditivos firmados entre as empresas do sistema Petrobras e os membros do contratos, períodos menores de atuação do cartel (2006 a 2011), bem como o
cartel (individualmente ou em consó rcio). envolvimento de um nú mero menor de fornecedores e empreiteiras.

Esse escopo amplo de contratos foi adotado para gerar a melhor estimativa dos Alé m das baixas no ativo imobilizado, os impactos no resultado do período
gastos adicionais, mesmo nã o havendo evidê ncia de que todos os contratos incluem a baixa de cré ditos fiscais existentes e uma provisã o para os cré ditos
assinados com as empresas em questã o tivessem sido alvo do esquema de já utilizados com relaçã o aos ativos em questã o, alé m da reversã o de parte
pagamentos indevidos. A companhia também identificou montantes verificados da depreciaçã o dos referidos ativos, a partir de suas respectivas datas de
em seus registros contá beis, referentes aos contratos e projetos específicos com entrada em operaçã o.
empresas que nã o eram membros do cartel para contabilizar os gastos adicionais
Conforme indicado anteriormente, os depoimentos nã o fornecem informaçõ es
impostos por essas empresas para financiar pagamentos indevidos, realizados
suficientes para permitir que a companhia determine o período específico no
por elas, nã o relacionados ao esquema de pagamentos indevidos ou ao cartel.
qual cada valor gasto adicionalmente foi incorrido. Dessa forma, a baixa de
gastos adicionais capitalizados indevidamente foi reconhecida no resultado do
No caso específico de valores cobrados adicionalmente por empresas fora do
terceiro trimestre de 2014, em funçã o da impraticabilidade de se determinar
escopo do cartel, a companhia considerou como parte da baixa de gastos adicionais
os efeitos específicos em cada período no passado. A companhia acredita que
capitalizados indevidamente os valores específicos de pagamentos indevidos
essa abordagem é a mais adequada no â mbito dos padrõ es internacionais de
ou o percentual sobre o contrato citados nos depoimentos, pois també m foram
contabilidade (IFRS) para a correçã o do erro.
utilizados por essas empresas para financiar pagamentos indevidos.
Além disso, a companhia avaliou, através de duas hipó teses, a materialidade
A companhia possui diversos projetos em construçã o cujo contrato do impacto do esquema de pagamentos indevidos em informaçõ es financeiras
original foi assinado entre 2004 e abril de 2012. A abordagem adotada de períodos anteriores que são apresentadas para fins comparativos. Uma das
para realizar os ajustes considera que os valores cobrados adicionalmente hipó teses foi considerar que a alocaçã o dos gastos adicionais impostos pelos
pelas empreiteiras e fornecedores foram aplicados sobre o valor total do fornecedores tivesse sido ao longo do tempo e, consequentemente, capitalizada, na
contrato, ou seja, incluindo pagamentos que ainda serã o incorridos em mesma proporçã o em que a companhia pagou os valores no âmbito dos contratos
períodos futuros. Como é impraticá vel alocar os gastos adicionais impostos impactados, ou seja, como se ocorressem em uma base pro rata. A outra hipó tese
por essas empresas a períodos específicos no tempo, a parcela de gastos foi considerar que os pagamentos indevidos fossem realizados de forma integral
adicionais referentes a pagamentos que serã o realizados no futuro pela no momento em que os contratos foram assinados. Em nenhum dos casos, realizar
companhia já pode ter sido cobrada antecipadamente. Dessa forma, a baixa a baixa dos gastos adicionais capitalizados indevidamente impactaria de forma
de gastos adicionais capitalizados indevidamente incorpora o valor total dos material os períodos anteriores apresentados para fins comparativos.
contratos assinados e nã o apenas os valores referentes a pagamentos já
efetuados. Contudo, conforme mencionado anteriormente, com base nas A companhia ainda nã o recuperou nenhum valor referente aos pagamentos
informaçõ es disponíveis, a companhia acredita que a atuaçã o do cartel tenha indevidos feitos por fornecedores e nã o pode estimar de forma confiá vel
sido interrompida apó s abril de 2012 e que, considerando os andamentos qualquer valor recuperá vel nesse momento. Qualquer valor recuperá vel será
recentes das investigaçõ es criminais, os pagamentos indevidos relacionados reconhecido como resultado quando recebido (ou quando sua realizaçã o se
ao esquema de pagamentos indevidos tenham sido interrompidos. tornar praticamente certa).

A companhia considera ter adotado uma metodologia que produz a melhor Conforme mencionado anteriormente, a Petrobras acredita que, de acordo
estimativa de quanto seus ativos imobilizados estã o superavaliados como com o IAS 16, os valores que foram pagos a mais em decorrê ncia do referido
resultado do esquema de pagamentos indevidos, uma vez que utilizou como base esquema de pagamentos indevidos nã o deveriam ter sido incluídos no custo
um valor limítrofe dentre as estimativas consideradas razoá veis. Em sua estimativa, histó rico do seu ativo imobilizado. Assim, nos termos da legislaçã o tributá ria
a companhia considerou que todos os contratos com as contrapartes identificadas brasileira, esta baixa é considerada uma perda resultante de uma atividade
foram impactados e o percentual de 3% representa os valores adicionais impostos ilícita e sujeita ao andamento das investigaçõ es a fim de determinar a
pelas empreiteiras e fornecedores, utilizados por essas empresas para realizar extensã o real das perdas antes que possam ser consideradas despesas
pagamentos indevidos. As duas premissas sã o corroboradas pelos depoimentos, dedutíveis para fins de imposto de renda e contribuiçã o social.
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Como resultado, em 30 de setembro de 2014, nã o era possível para a A companhia fez uma aná lise de sensibilidade, considerando que
companhia estimar os valores que poderiam ser considerados como despesas aproximadamente 26% das baixas de gastos adicionais capitalizados
dedutíveis ou o prazo em que poderiam ser compensados. Desta forma, nã o indevidamente estã o relacionadas a ativos que sofreram baixas por
foi constituído imposto de renda diferido sobre os pagamentos indevidos. impairment no quarto trimestre de 2014. Excluindo esses ativos, um
aumento ou reduçã o de 1% no percentual aplicá vel de gastos adicionais
A companhia considerou cuidadosamente todas as informaçõ es disponíveis impostos pelos fornecedores ocasionaria um aumento ou reduçã o de
e, conforme indicado anteriormente, nã o acredita que novas informaçõ es R$ 1.479 nos valores das baixas.
oriundas das investigaçõ es pelas autoridades brasileiras, da investigaçã o
interna independente por escritó rios de advocacia, ou de novas comissõ es No entanto, conforme indicado anteriormente, a companhia entende
internas de apuraçã o que venham a ser constituídas (ou revisõ es das comissõ es que utilizou as premissas mais adequadas à apuraçã o dos impactos do
internas já concluídas) poderã o impactar ou mudar de forma relevante a esquema de pagamentos indevidos e nã o tem evidê ncias que indiquem
metodologia adotada. Nã o obstante esta expectativa, a companhia monitorará a possibilidade de qualquer diferença material com relaçã o aos valores
continuamente as investigaçõ es para obter informaçõ es adicionais e avaliará que foram baixados.
seu potencial impacto sobre os ajustes realizados.
Dessa forma, o “Caso Petrobrá s” evidencia, acima de tudo, que apenas a verdade deve ser informada
O efeito total dos ajustes apurados, conforme descrito acima, por á rea de nas demonstraçõ es contá beis e que, em casos onde nã o haja essa verdade, é preciso fazer uma correçã o.
negó cio, é apresentado a seguir:
A correçã o, se necessá ria, nã o deve jamais ser entendida como algo dispendioso e que por isso
Tabela 2 nã o deveria ser praticada em uma aná lise custo x benefício simples. É imprescindível encontrar uma
metodologia e utilizar. Nã o se tem aqui uma preocupaçã o com a acurá cia dos valores, que talvez seja
Consolidado mesmo impossível de encontrar, mas sim com a credibilidade.
“Baixa de gastos adicionais Gá s & Valor
E&P Abastecimento Distribuiçã o Internacional Corporativo
capitalizados indevidamente” Energia total É esse o principal aspecto a ser observado por todos os contadores, principalmente porque um caso
Esquema de pagamentos isolado acaba por atingir a todos os contadores.
indevidos: 62.679 110.867 21.233 757 752 3.322 199.610
Valor total dos contratos (*)
Estimativa do valor total de
1.880 3.326 637 23 23 99 5.988 Observações
gastos adicionais (3%)
Pagamentos nã o relacionados A mençã o e o uso das demonstraçõ es financeiras da empresa Petrobrá s
ao esquema de pagamentos 139 1 10 - - - 150
indevidos (fora do cartel) S.A. está sendo realizada exclusivamente para fins didá ticos, em ambiente
universitá rio. Nã o deve jamais ser entendido como sugestã o de compra de
2.019 3.327 647 23 23 99 6.138
produtos ou serviços, realizaçã o de investimentos ou ainda elogio, crítica
Reversã o da depreciaçã o dos
referidos ativos
(87) (198) (52) - - (9) (346) ou comentá rio político.
Impacto no ativo imobilizado 1.932 3.129 595 23 23 90 5.792
Exemplo de aplicaçã o
Baixa de cré ditos fiscais
referentes aos ativos 37 298 57 - - 10 402
impactados (**)
Nos pró ximos anos, pesquisas relacionadas com a divulgaçã o das políticas contá beis e notas
explicativas das empresas serã o cada vez mais relevantes. Por isso, a sugestã o é a de que você pesquise
Baixa de cré ditos adicionais
capitalizados indevidamente
1.969 3.427 652 23 23 100 6.194 sobre notas explicativas e a OCPC 7, que veio trazer mais orientaçõ es sobre esse aspecto.
(*) Inclui R$ 44.115 referentes a valores de contrato cujos pagamentos serã o realizados apó s 30 de setembro de 2014.
(**) Baixa de cré ditos ue nã o serã o aproveitados.

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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

Resumo diferentes setores da economia e aprendemos sobre a imensa necessidade


de se refletir nas políticas transparê ncia – o que é importantíssimo para os
Esta unidade foi uma só lida preparaçã o para entrar no estudo das normas usuá rios. Dito isso, vimos rapidamente a OCPC 07 – uma orientaçã o para a
internacionais e dos pronunciamentos do CPC e as Resoluçõ es do Conselho melhoria das notas explicativas.
Federal de Contabilidade com as Normas Brasileiras de Contabilidade.
Espera-se que, ao final desta unidade, você tenha condiçõ es nã o só de
Vimos a atuaçã o dos principais organismos internacionais que editam interpretar uma norma contá bil, mas també m de fazer melhores julgamentos
normas contá beis, dos quais a FASB, o ó rgã o norte-americano que publica profissionais. Em especial com as normas contá beis internacionais, nã o
os pronunciamentos nos EUA e que funcionava na prá tica como um basta dar atençã o quantitativa (nú meros) à s demonstraçõ es contá beis,
verdadeiro organismo internacional, concordou em colaborar com a IASB, o conferir exatidã o e/ou acurá cia, a qualidade do julgamento profissional e
ó rgã o internacional que atualmente é responsá vel pelas normas contá beis. dos assuntos que o contador relata sã o igualmente importantes. Ou seja,
Vimos també m o papel das Naçõ es Unidas, principalmente com a ISAR/ nã o é mais possível ser apenas correto, é necessá rio ser convergente.
UNCTAD que, segundo alguns autores como Niyama (2005), deveria ter um
papel mais relevante. Atualmente, temos o G20 como um incentivador à
adoçã o e uso das normas internacionais. Exercícios

Aprendemos o significado do processo de harmonizaçã o contá bil Questã o 1. (Enade, 2006) A observâ ncia dos Princípios Fundamentais de Contabilidade emanadas
e o complexo processo de convergê ncia, que nã o se confunde com pelo Conselho Federal de Contabilidade é obrigató ria no exercício da profissã o e constitui condiçã o de
uma padronizaçã o, mas sim diz respeito a uma maneira sofisticada de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade.
traduzir procedimentos nacionais que podem ser diferentes, mas que
sã o convergentes. A norma contá bil que determina a inclusã o das receitas e despesas na apuraçã o do resultado do
período a que pertencerem, de forma simultâ nea quando se correlacionarem, independentemente de
Conhecendo os principais organismos internacionais e o significado ter havido recebimento no caso de receita, ou pagamento, no caso de despesa, está contida no Princípio
do processo de convergê ncia, vimos o processo de formaçã o de uma Fundamental de Contabilidade da:
norma internacional, os ritos e procedimentos e a estrutura conceitual
que a IASB adota. A) Competê ncia.
Em seguida, estudamos a IAS 08 /CPC 23 e NBC TG (R1) – “Políticas B) Continuidade.
Contá beis e Retificaçõ es de Erros e Estimativas” em seus detalhes.
Basicamente, de acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contá beis C) Oportunidade.
(2009c), CPC 23, “Políticas contá beis sã o os princípios, as bases, as
convençõ es, as regras e as prá ticas específicas aplicados pela entidade D) Tempestividade.
na preparaçã o e na apresentaçã o de demonstraçõ es contá beis”. Há
situaçõ es em que se faz necessá rio alterar estimativas e retificar erros. E) Uniformidade.
Nesse sentido, essa alteraçã o precisa ser realizada levando-se em conta
o Comitê de Pronunciamentos Contá beis (2009c), na Norma CPC 23, Resposta correta: alternativa A.
que diz que “erros de períodos anteriores sã o omissõ es e incorreçõ es nas
demonstraçõ es contá beis da entidade de um ou mais períodos anteriores Aná lise das alternativas
decorrentes da falta de uso, ou uso incorreto, de informaçã o confiá vel que:
(a) estava disponível quando as demonstraçõ es contá beis desses períodos A) Alternativa correta.
foram autorizadas para divulgaçã o; e (b) poderia ter sido razoavelmente
obtida e levada em consideraçã o na preparaçã o e apresentaçã o dessas Justificativa: o sincronismo entre os períodos de ocorrê ncias de receitas e de despesas é tratado pelo
demonstraçõ es contá beis”. princípio da competê ncia.
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade I

B) Alternativa incorreta. Aná lise das alternativas

Justificativa: o princípio da continuidade estabelece que a empresa tem duraçã o ilimitada, A) Alternativa incorreta.
independentemente de seus só cios ou acionistas.
Justificativa: o custo corrente refere-se ao estado atual de manutençã o e conservaçã o, mas
C) Alternativa incorreta. normalmente nã o é assim validado no mercado. Segundo a alínea “A” do inciso II do § 1° do art. 7°
da Resoluçã o CFC n° 750/93, “os ativos sã o reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes
Justificativa: o princípio da oportunidade considera que os valores devem ser contabilizados nos de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na
momentos em que ocorrem os eventos ou fatos econô micos. data ou no período das demonstraçõ es contá beis”.

D) Alternativa incorreta. B) Alternativa incorreta.

Justificativa: o princípio da tempestividade refere-se ao processo de imediato reconhecimento dos Justificativa: o custo histó rico é o praticado no momento da incorporaçã o do bem ao patrimô nio
ativos e dos passivos contá beis. da empresa, o que normalmente difere daquele praticado no mercado. Segundo o inciso I do § 1°
do art. 7° da Resoluçã o CFC n° 750/93, “os ativos sã o registrados pelos valores pagos ou a serem
E) Alternativa incorreta. pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que sã o entregues para
adquiri-los na data da aquisiçã o”
Justificativa: o princípio da uniformidade considera a manutençã o de determinado crité rio ou
princípio nos processos executados em vá rios períodos, de forma a permitir a comparaçã o entre valores C) Alternativa incorreta.
e resultados.
Justificativa: esse mé todo visa a trazer, a valor presente, os fluxos de caixa dos benefícios
futuros possíveis de serem obtidos com esses bens, de maneira a determinar o seu montante
Questã o 2. (Enade, 2009) Em funçã o da crise econô mica internacional, a empresa Patativa
atual. A quantificaçã o desse valor depende do estabelecimento de uma taxa de desconto que seja
passou por dificuldades econô mico-financeiras, o que provocou um processo de descontinuidade
compatível com a realidade do mercado. Segundo a alínea “C” do inciso II do § 1° do art. 7° da
e, consequentemente, está sendo obrigada a vender ativos para pagar dívidas com empregados,
Resoluçã o CFC n° 750/93, “os ativos sã o mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro
fornecedores e credores.
de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operaçõ es da
Entidade” (grifo nosso).
Sendo assim, os ativos devem ser avaliados pelo:
D) Alternativa incorreta.
A) Custo corrente.
Justificativa: o preço corrente de venda, també m conhecido como valor realizá vel líquido,
B) Custo histó rico. é utilizado quando o produto da empresa for vendido em mercado organizado ou em situaçã o
de inventá rio de produtos para venda ou, ainda, para produtos pró ximos do está gio final de
C) Fluxo de caixa descontado. acabamento. Segundo a alínea “B” do inciso II do § 1° do art. 7° da Resoluçã o CFC n° 750/93, “os
ativos sã o mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos
D) Preço corrente de venda. pela venda em uma forma ordenada (...) no curso normal das operaçõ es da Entidade”.

E) Valor de liquidaçã o. E) Alternativa correta.

Resposta correta: alternativa E. Justificativa: essa é a hipó tese extrema para valores de saída por presumir venda forçada.
O valor de liquidaçã o é utilizado quando mercadorias ou outros ativos tornam-se obsoletos ou
quando a empresa nã o espera continuar o empreendimento em futuro pró ximo. É , portanto, uma
hipó tese de descontinuidade.

93 94
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade II

Reuniã o Ordiná ria do Comitê de Pronunciamentos Contá beis, realizada no


dia 05 de dezembro de 2008.

Unidade II O Comitê recomenda que o Pronunciamento seja referendado pelas


entidades reguladoras brasileiras visando à sua adoçã o.

5 AJUSTE A VALOR PRESENTE Brasília, 05 de dezembro de 2008.

5.1 Procedimento de acordo com a IAS 8, CPC 12 e NBC TG 12 O CPC organizou uma audiê ncia pú blica, na qual a norma pode ser discutida. É possível observar que,
també m para este pronunciamento té cnico, houve uma intensa atividade para a melhoria dessa norma
A seguir, iremos estudar o trâ mite desta norma para ser incorporada nas prá ticas contá beis brasileiras no â mbito brasileiro. Houve també m muita inquietaçã o sobre as decisõ es. É o que diz o “Relató rio da
e suas principais implicaçõ es. Audiê ncia Pú blica”, de acordo com CPC (2008):

No dia 5 de dezembro de 2008, o CPC resolveu aprovar uma norma que trouxesse orientaçõ es sobre Pronunciamento Té cnico CPC 12 – Ajuste a Valor Presente
o ajuste a valor presente no Brasil. Essa norma nã o tem uma correlaçã o imediata com uma norma
internacional emitida pelo IASB, mas, como a Lei nº 11.638/07 já estava em vigor e o assunto envolve, ou Relató rio da Audiê ncia Pú blica
circula entre outros diversos pronunciamentos, houve a necessidade de um pronunciamento específico
para o ajuste a valor presente. O pronunciamento foi divulgado em 17 de dezembro de 2008. Nessa 1. A minuta do CPC 12 – Ajuste a Valor Presente esteve em audiê ncia pú blica
ocasiã o, CPC (2008) redigiu o seguinte Termo de Aprovaçã o: conjunta com a Comissã o de Valores Mobiliá rios – CVM até 04.12.2008.

Termo de Aprovaçã o 2. Foram recebidas diversas manifestaçõ es de associaçõ es de classe e


profissionais.
Pronunciamento Té cnico CPC 12
O resultado da audiê ncia pú blica revelou a necessidade de um
Ajuste a valor presente aprofundamento maior na discussã o de determinados conceitos e na
elucidaçã o de questõ es específicas. O CPC está pautando reapreciar a
A Coordenadoria Té cnica do Comitê de Pronunciamentos Contá beis maté ria.
(CPC) torna pú blica a aprovaçã o pelos membros do CPC, de acordo com
as disposiçõ es da Resoluçã o CFC nº 1.055/05 e alteraçõ es posteriores, do 3. É importante salientar que a tarefa assumida pelo CPC na regulaçã o do
Pronunciamento Té cnico CPC 12 – Ajuste a Valor Presente. tema foi bastante á rida, uma vez que nã o há no rol dos pronunciamentos
emitidos pelo IASB (IAS, IFRS, IFRIC, SIC) uma norma específica que aborde
O Pronunciamento foi elaborado para atender à s alteraçõ es a questã o, estando a maté ria dispersamente tratada. A elaboraçã o de
procedidas na Lei nº 6404/76 por intermé dio da Lei nº 11.638/07 e da uma regra dentro dos parâ metros e da filosofia do que seria uma norma
Medida Provisó ria nº 449/08, que versam sobre o tema. Nas Normas internacional foi o caminho que se procurou trilhar, com as características
Internacionais de Contabilidade (IFRS), o conceito de Ajuste a Valor de flexibilidade e subjetividade molduram um pronunciamento orientado
Presente está inserido em inú meros documentos emitidos pelo IASB. por princípios.
Nã o obstante, por ter sido o Pronunciamento elaborado em consonâ ncia
com as diversas normas do IASB, no julgamento do Comitê a aplicaçã o Dentro do procedimento, adotado també m pela IASB, de “cumprir ou explicar” (
pelas entidades do Pronunciamento Té cnico CPC 12, ora aprovado, ), o CPC justificou o motivo de nã o ter acatado algumas sugestõ es. Conforme CPC (2008),
produz reflexos contá beis que estã o em conformidade com as normas temos o seguinte:
editadas pelo IASB.

A aprovaçã o do Pronunciamento Té cnico CPC 12 – Ajuste a Valor Presente


pelo Comitê de Pronunciamentos Contá beis está registrada na Ata da 30ª
95 96
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade II

4. As sugestõ es nã o acatadas e os motivos da nã o aceitaçã o por parte do Razã o: sugestã o nã o aceita em decorrê ncia do prazo exíguo imposto
CPC estã o a seguir apresentados: ao CPC para aprovaçã o do pronunciamento, que inviabiliza um
aprofundamento na discussã o da maté ria no momento. É importante
deixar registrado que o CPC está pautando um projeto em que o tema
seja revisto.

5. O CPC agradece por todas as sugestõ es recebidas.

Razã o: sugestã o nã o aceita em virtude de referidos elementos serem Comitê de Pronunciamentos Contá beis (CPC)
alcançados pelas té cnicas de abordagem tradicional e abordagem de fluxo Coordenadoria Té cnica
de caixa esperado, que já sã o tratadas no Anexo do Pronunciamento Té cnico
CPC 01 – Reduçã o ao Valor Recuperá vel de Ativos. Como podemos ver aqui, apesar de nã o haver uma norma em específico dentro das normas
internacionais sobre o ajuste a valor presente, apenas indicaçõ es esparsas, o CPC julgou por bem
preparar um pronunciamento específico para os contadores brasileiros, assumindo um risco de haver
alguma incorreçã o, mas reconheceu que esse é um tema importante para o Brasil.

Razã o: sugestã o nã o aceita em virtude de a maté ria já ter sido considerada


no pronunciamento específico sobre instrumentos financeiros. A Observação
minuta de AVP alcança todo e qualquer ativo e passivo que seja objeto,
nos termos da norma, da mensuraçã o a valor presente. Ademais, os O CPC nã o é um mero tradutor ou faz arranjos pontuais em normas
pronunciamentos do CPC devem ser interpretados de modo sistemá tico, que já vê m prontas; o CPC de fato nacionaliza as normas internacionais,
em que a regra sempre é a de um pronunciamento específico prevalecer criando condiçõ es para que sejam melhor praticadas no Brasil.
sobre outro gené rico.
A partir da publicaçã o da norma CPC 12 para o Brasil, outras organizaçõ es que emitem normas
contá beis ou com consequê ncias contá beis, ou como se diz, “reguladoras”, també m realizaram suas
pró prias publicaçõ es.

Razã o: Sugestã o nã o aceita para nã o prejudicar o encadeamento ló gico do


documento. Ademais, no que nã o for conflitante com o documento, ditas Lembrete
disposiçõ es poderã o ser observadas.
A intençã o é a de que o CPC atue como um ó rgã o ú nico, centralizador e
especializado em normas internacionais e que emita uma norma aplicá vel
por todas as demais agê ncias reguladoras. Essa é uma estrutura muito
pró xima ao que existe nos Estados Unidos, com a FASB.

Razã o: sugestã o nã o aceita em virtude de ditas questõ es terem sido A seguir, vemos na figura quais sã o essas publicaçõ es:
contempladas no corpo da minuta. Pontualmente a letra “a” é respondida
no item 17, a letra “b” é respondida no item 5; a letra “c” é respondida no
item 17; a letra “d” é respondida nos itens 20-23 ; a letra “e” é respondida
nos itens 12-15; a letra “f” é respondida no item 11; a letra “g” é respondida
nos itens 24 e 25 da versã o colocada em audiê ncia pú blica.

97 98
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade II

Considerando que o Comitê de Pronunciamentos Contá beis aprovou o


CPC
Pronunciamento Té cnico 12 – Ajuste a Valor Presente.
12
Resolve:

IASB Art. 1º. Aprovar a NBC TG 12 – Ajuste a Valor Presente.


Diversos
ORG 1 pronunciamentos
Art. 2º. Esta Resoluçã o entra em vigor na data da sua publicaçã o, aplicando-se
ORG 2 CVM - Deliberaçã o CVM nº 564/08 aos exercícios sociais iniciados em 2008.
CFC CFC - NBC TG 12 - Resoluçã o CFC nº 1.151/09
NBC TG 12 Aneel - Resoluçã o normativa nº 605/14
ANTT - Manual Brasília, 23 de janeiro de 2009.
ANS - Resoluçã o nº 3.847 e 3.848/12
Susep - Manual
Contadora Silvia Mara Leite Cavalcante
ORG 3 Presidente em exercício

Ata CFC nº 921


Figura 15 – Emissã o da Norma CPC 12
Observe que essa resoluçã o també m foi um ato cerimonial, sendo a CPC 12 publicada na íntegra. Essa
No Conselho Federal de Contabilidade, onde a norma recebe a nomenclatura NBC TG 12, houve a resoluçã o continua em vigor, apenas teve nomenclaturas e outros aspectos corrigidos pela Resoluçã o
redaçã o da seguinte resoluçã o (CFC, 2012b): CFC nº 1.329, de 2011.

A Resoluçã o CFC n.º 1.329/11 alterou a sigla e a numeraçã o desta norma de


NBC T 19.17 para NBC TG 12 e de outras normas citadas: de NBC T 1 para
NBC TG Estrutura Conceitual; de NBC T 19.4 para NBC TG 07; de NBC T 19.10 Saiba mais

O Conselho Federal de Contabilidade, em conjunto com a Fundaçã o


Resoluçã o CFC nº 1.151/09 Brasileira de Contabilidade, costuma editar livros e conteú dos
informativos sobre normas internacionais. Exemplos desses livros
Aprova a NBC TG 12 – Ajuste a Valor Presente. sã o Pronunciamentos Contá beis 2012 e Interpretaçõ es e Orientaçõ es
Té cnicas Contá beis 2012.
O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de suas atribuiçõ es legais
e regimentais; CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE.
Considerando que o Conselho Federal de Contabilidade, em conjunto com Acesso em: 26 maio 2015.
outras entidades, é membro do Comitê de Pronunciamentos Contá beis
(CPC), criado pela Resoluçã o CFC nº 1.055/05; CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE.
. Brasília, 2013b. Disponível em: https://bit.ly/3vp2haE.
Considerando que o CPC tem por objetivo estudar, preparar e emitir Acesso em: 26 maio 2015.
Pronunciamentos Té cnicos sobre procedimentos de contabilidade e divulgar
informaçõ es dessa natureza, visando permitir a emissã o de normas uniformes
pelas entidades-membro, levando sempre em consideraçã o o processo de Na CVM també m temos um ato cerimonial, formal, com a publicaçã o da Deliberaçã o 564, de 17 de
convergê ncia à s normas internacionais; dezembro de 2008 (CVM, 2008):

99 100
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade II

Deliberaçã o CVM nº 564, de 17 de dezembro de 2008

Aprova o Pronunciamento Té cnico CPC 12 do Comitê de Pronunciamentos Saiba mais


Contá beis, que trata de Ajuste a Valor Presente.
Recomenda-se, com ê nfase, que você leia o artigo “Efeito da Lei
A Presidente da Comissã o de Valores Mobiliá rios – CVM torna pú blico nº 11.638/07 sobre o Conservadorismo Condicional das Empresas Listadas
que o Colegiado, em reuniã o realizada em 16 de dezembro de 2008, com BMF&Bovespa”, no qual os pesquisadores traçam um importante estudo
fundamento nos §§ 3º e 5º do art. 177 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro sobre o comportamento dos contadores brasileiros já na era da Contabilidade
de 1976, combinado com os incisos II e IV do § 1o do art. 22 da Lei no 6.385,
internacional, no Brasil.
de 7 de dezembro de 1976;

Deliberou: SANTOS, L. P. G. .
[s.d.]. Disponível em:
I – aprovar e tornar obrigató rio, para as companhias abertas, o http://www.congressousp.fipecafi.org/web/artigos102010/177.pdf.
Pronunciamento Té cnico CPC 12, anexo à presente Deliberaçã o, que trata Acesso em: 1 jul. 2014.
de Ajuste a Valor Presente, emitido pelo Comitê de Pronunciamentos
Contá beis – CPC; e No CPC 12 – Ajuste a Valor Presente (2008), ajustes somente devem ser realizados em situaçõ es
muito excepcionais, como quando a empresa decide realizar uma renegociaçã o de dívida. É o que
II – que esta Deliberaçã o entra em vigor na data da sua publicaçã o no explicam Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 242): “em uma renegociaçã o de dívida em que novos
Diá rio Oficial da Uniã o, aplicando-se aos exercícios encerrados a partir de termos sã o estabelecidos, o ajuste a valor presente deve ser aplicado como se fosse uma nova mediçã o
dezembro de 2008. de ativos e passivos”.
Original assinado por

Maria Helena dos Santos Fernandes de Santana Observação


Presidente
Nem sempre o ajuste a valor presente equipara o ativo ou o passivo ao
O Banco Central nã o emitiu regulamentaçã o sobre o CPC 12. seu valor justo. Nã o se deve entender os dois como sinô nimos.

A Aneel, por sua vez, incorporou a norma em sua Resoluçã o Normativa nº 605/14 e no manual de 6 OPERACIONALIZANDO O AJUSTE A VALOR PRESENTE
contabilidade das empresas do setor elé trico. A ANTT e a Susep també m incorporaram a norma em seus
manuais de contabilidade. A ANS aprovou as Resoluçõ es nº 3.847 e 3.848/12. 6.1 Mensuração

O CPC 12 – Ajuste a Valor Presente (CPC, 2008), enumera as seguintes situaçõ es passiveis
Lembrete de mensuraçã o:

A legislaçã o da ANTT, da Susep e da ANS para o CPC 12 é a mesma do Diretrizes gerais


CPC 23, estudado na unidade anterior. Reveja!
7. A questã o mais relevante para a aplicaçã o do conceito de valor presente,
5.2 Alcance nos moldes de Pronunciamento baseado em princípios como este, nã o é
a enumeraçã o minuciosa de quais ativos ou passivos sã o abarcados pela
Segundo Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 242), o momento de se realizar a mensuraçã o contá bil norma, mas o estabelecimento de diretrizes gerais e de metas a serem
a valor presente é sempre quando do “reconhecimento inicial” de ativos de longo prazo e de curto prazo alcançadas. Nesse sentido, como diretriz geral a ser observada, ativos,
que sejam relevantes. Os autores enfatizam que os prazos de realizaçã o financeira e valores sã o dois passivos e situaçõ es que apresentarem uma ou mais das características
fatores bá sicos para determinar que ativos e passivos de curto prazo sã o relevantes para fins de ajuste abaixo devem estar sujeitos aos procedimentos de mensuraçã o tratados
a valor presente. neste Pronunciamento:

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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade II

(a) transaçã o que dá origem a um ativo, a um passivo, a uma receita ou a uma Passivo, objeto de Pronunciamento Té cnico específico, mas que,
despesa (conforme definidos no Pronunciamento Conceitual Bá sico Estrutura conforme previsto nas Normas Internacionais de Contabilidade, nã o
Conceitual para a Elaboraçã o e Apresentaçã o das Demonstraçõ es Contá beis sã o passíveis de ajuste a valor presente, o que deve ser observado
deste CPC) ou outra mutaçã o do patrimô nio líquido cuja contrapartida é um desde a implementaçã o deste Pronunciamento.
ativo ou um passivo com liquidaçã o financeira (recebimento ou pagamento)
em data diferente da data do reconhecimento desses elementos; 11. Com relaçã o a aos empré stimos e financiamentos subsidiados, cabem
as consideraçõ es a seguir. Por questõ es das mais variadas naturezas, nã o
(b) reconhecimento perió dico de mudanças de valor, utilidade ou substâ ncia há mercado consolidado de dívidas de longo prazo no Brasil, ficando a
de ativos ou passivos similares emprega mé todo de alocaçã o de descontos; oferta de cré dito ao mercado em geral com essa característica de longo
prazo normalmente limitada a um ú nico ente governamental. Assim,
(c) conjunto particular de fluxos de caixa estimados claramente associado a excepcionalmente, até que surja um efetivo mercado competitivo de cré dito
um ativo ou a um passivo; de longo prazo no Brasil, passivos dessa natureza (e ativos correspondentes
no credor) nã o estã o contemplados por este Pronunciamento como sujeitos
8. Em termos de meta a ser alcançada, ao se aplicar o conceito de valor à aplicaçã o do conceito de valor presente por taxas diversas daquelas a que
presente deve-se associar tal procedimento à mensuraçã o de ativos e tais empré stimos e financiamentos já estã o sujeitos. Nã o estã o abrangidas
passivos levando-se em consideraçã o o valor do dinheiro no tempo e as nessa exceçã o operaçõ es de longo prazo, mesmo que financiadas por
incertezas a eles associados. entes governamentais que tenham características de subvençã o ou auxílio
governamental, tratadas no Pronunciamento Té cnico CPC 07 Subvençã o e
Desse modo, as informaçõ es prestadas possibilitam a aná lise e a tomada Assistê ncia Governamentais.
de decisõ es econô micas que resultam na melhor avaliaçã o e alocaçã o de
recursos escassos. Para tanto, diferenças econô micas entre ativos e passivos 12. Outra questã o relevante para fins de mensuraçã o diz respeito à forma
precisam ser refletidas adequadamente pela Contabilidade a fim de que os pela qual devem ser alocados em resultado os descontos advindos do ajuste
agentes econô micos possam definir com menor margem de erro os prê mios a valor presente de ativos e passivos (juros). A abordagem corrente deve
requeridos em contrapartida aos riscos assumidos. ser eleita como mé todo de alocaçã o de descontos por apresentar uma
informaçã o de qualidade a um custo desprezível para sua obtençã o. Por essa
sistemá tica, vale dizer, deve ser utilizada para desconto a taxa contratual
ou implícita (para o caso de fluxos de caixa nã o contratuais) e, uma vez
inicial, por ser este o valor de custo original dentro da filosofia de valor justo aplicada, deve ser adotada consistentemente até a realizaçã o do ativo ou
( ). Por isso, quando aplicá vel, o custo de ativos nã o monetá rios liquidaçã o do passivo.
deve ser ajustado em contrapartida; ou entã o a conta de receita, despesa
ou outra conforme a situaçã o. A esse respeito, uma vez ajustado o item nã o Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 242) comentam que nos lançamentos contá beis de mensuraçã o
monetá rio, nã o deve mais ser submetido a ajustes subsequentes no que de ajustes a valor presente, a contrapartida será sempre uma despesa ou receita financeira. Isso somente
respeita à figura de juros embutidos. Ressalte-se que nem todo ativo ou nã o ocorrerá quando a empresa tiver condiçõ es de fundamentar que o financiamento feito a seus
passivo nã o monetá rio está sujeito ao efeito do ajuste a valor presente; por clientes faz parte de suas atividades operacionais. Nesse caso, as reversõ es serã o apropriadas como
exemplo, um item nã o monetá rio que, pela sua natureza, nã o está sujeito ao receita operacional. Os autores citam um exemplo dessa situaçã o quando a empresa opera em dois
ajuste a valor presente é o adiantamento em dinheiro para recebimento ou segmentos distintos:
pagamento em bens e serviços.
• venda de produtos e serviços;
10. Quando houver Pronunciamento específico do CPC que discipline a
forma pela qual um ativo ou passivo em particular deva ser mensurado • financiamento das vendas a prazo, desde que sejam relevantes esse ajuste e os efeitos de
com base no ajuste a valor presente de seus fluxos de caixa, referido sua evidenciaçã o.
pronunciamento específico deve ser observado. A regra específica
sempre prevalece à regra geral. Caso especial é o relativo à figura do
Imposto de Renda Diferido Ativo e à do Imposto de Renda Diferido
103 104
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade II

6.2 Passivos não contratuais taxa de juros explícita, e em certos casos implícita, dos respectivos ativos
e passivos. Com base nas aná lises efetuadas e na melhor estimativa da
Passivos nã o contratuais sã o situaçõ es muito específicas, mas nã o sã o raras de acontecer. Surgem Administraçã o, a companhia concluiu que o ajuste a valor presente
quando simplesmente nã o há informaçõ es sobre um passivo, o que dificulta o cá lculo para trazê -lo de ativos e passivos monetá rios circulantes é irrelevante em relaçã o
a valor presente. Esses itens sã o imprescindíveis para o contador ter um bom relacionamento com os à s demonstraçõ es financeiras tomadas em conjunto, nã o registrando
outros profissionais da empresa e envolver a todos na tarefa de buscar um valor presente. ajustes desta natureza.

Muitas vezes, os profissionais, na â nsia de realizar negó cios, esquecem ou nã o se importam com
detalhes da transaçã o. Por sua vez, os profissionais da outra empresa també m apresentam o mesmo
problema. Surge entã o um passivo truncado, difícil de entender, com contratos complexos ou mesmo
sem contratos. Envolver os outros profissionais em uma atitude multidisciplinar pode inclusive contribuir Observações
para que essas situaçõ es sejam minimizadas.
A mençã o e o uso das demonstraçõ es financeiras da empresa Bardella
A seguir, reproduz-se o conceito que consta no CPC 12 (2008, p. 9) sobre passivos nã o contratuais: S.A. está sendo realizada exclusivamente para fins didá ticos, em ambiente
universitá rio. Nã o deve jamais ser entendido como sugestã o de compra de
produtos ou serviços, realizaçã o de investimentos.
para fins de mensuraçã o contá bil pelo uso de informaçõ es com base no
valor presente. Fluxos de caixa ou sé ries de fluxos de caixa estimados sã o Exemplo de aplicaçã o
carregados de incerteza, assim como sã o os períodos para os quais se
tem a expectativa de desencaixe ou de entrega de produto/prestaçã o de Quanto vale um terreno?
serviço. Logo, muito senso crítico, sensibilidade e experiê ncia sã o requeridos
na conduçã o de cá lculos probabilísticos. Pode ser que em determinadas Nos escritó rios de uma empresa eletrô nica em Seul, na Coreia do Sul, pró ximo ao canal
situaçõ es a participaçã o de equipe multidisciplinar de profissionais seja Cheonggyecheon, alguns executivos decidem que uma nova fá brica será construída em uma cidade do
imperativo para execuçã o da tarefa. interior do estado de Sã o Paulo.

Exemplo de aplicaçã o Tempos depois, uma requisiçã o chega a uma imobiliá ria da cidade de Indaiatuba, na regiã o
metropolitana de Campinas. A ordem ao corretor era a de comprar, pelo valor mais baixo possível, um
Nã o é sempre que se faz necessá rio uma empresa adotar ajuste a valor presente de ativos e passivos, determinado terreno.
isso depende també m das operaçõ es em que as empresa se envolve e do julgamento do contador e dos
demais profissionais da empresa. Havia uma foto de saté lite acompanhando a requisiçã o de compra, indicando o exato local onde o
terreno que deveria ser comprado. Logo o corretor percebeu: esse local nã o era por acaso! A localizaçã o
A seguir, reproduz-se um trecho das notas explicativas das demonstraçõ es contá beis da empresa era privilegiada, pró ximo a grandes rodovias, com fá cil acesso ao aeroporto e a poucos quilô metros da
Bardella S.A. (2013), em que é declarado que a empresa nã o procede ajustes a valor presente porque em fá brica de um dos principais fornecedores da empresa coreana.
sua operaçã o isso seria irrelevante.
Apó s alguma pesquisa, o corretor descobriu que o tal terreno era um sítio, onde vivia um homem
3.16. Ajuste a valor presente de ativos e passivos muito simples acompanhado de sua mulher. O homem, um típico sertanejo do interior de Sã o Paulo,
mantinha um pomar e cuidava de seus animais com muita dedicaçã o. O sítio era bonito, florido, com
Os ativos e passivos monetá rios de longo prazo sã o atualizados uma porteira sempre branquinha, pintada com cal.
monetariamente e, portanto, estã o ajustados pelo seu valor presente.
O ajuste a valor presente de ativos e passivos monetá rios de curto O corretor conversou com esse homem e ofereceu o negó cio. Fixou um valor x de acordo com o
prazo é calculado, e somente registrado, se considerado relevante em preço mé dio de mercado do hectare de terra na regiã o de Indaiatuba, ou seja, R$ 200.000,00. O homem
relaçã o à s demonstraçõ es financeiras tomadas em conjunto. Para fins nã o aceitou, por sinal, ficou ofendido! Nã o gostaria de sair daquele lugar onde havia nascido, criado
de registro e determinaçã o de relevâ ncia, o ajuste a valor presente é seus filhos e onde colhia suas frutas. Seria até uma ofensa ao seu falecido pai que lhe deixou o sítio de
calculado levando em consideraçã o os fluxos de caixa contratuais e a herança. Aquele era um pedaço de terra que foi conquistado ao longo de muito suor derramado na roça

105 106
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade II

e onde as lembranças eram muito mais importantes do que o dinheiro. O homem pediu para o corretor
nã o mais o incomodar e foi embora. Resumo
O corretor entrou em contato com o executivo que contratou seus serviços, na sede da empresa na Nesta unidade estudou-se o CPC 12, observando os mé todos que sã o
cidade de Sã o Paulo. Relatou o ocorrido e perguntou se nã o seria possível comprar outro terreno nas usados para trazer a valor presente o valor de ativos e passivos.
imediaçõ es. Era uma sexta-feira.

No dia seguinte, o corretor recebeu uma ligaçã o do pró prio presidente da empresa no Brasil, que de ó rgã os brasileiros. Esta nã o é uma norma que faz correlaçã o direta com
estava preocupadíssimo com o atraso do projeto. Ao saber que havia uma questã o sentimental que outra norma internacional da IASB, mas que passa por um assunto presente em
impediria o negó cio de ser realizado, o presidente pensou em algo até entã o inimaginá vel: disse que era diversas normas internacionais. Entendeu-se que seria salutar para o Brasil um
para ele pagar o que fosse necessá rio para o homem sair daquela terra o quanto antes. Disse para que o pronunciamento específico sobre o valor presente de ativos e passivos.
corretor voltasse ao sítio e oferecesse trinta vezes o valor de mercado do terreno! Uma pequena fortuna
de R$ 6.000.000,00. Entende-se que o momento de se realizar a mensuraçã o contá bil a
valor presente é sempre quando do “reconhecimento inicial” de ativos de
E assim foi feito. Apó s muita negociaçã o, porque de fato a questã o sentimental falava mais alto, o longo prazo e de curto prazo que sejam relevantes. É sempre importante
homem aceitou o negó cio e ficou feliz, pois, pensando bem, com o dinheiro poderia comprar outro sítio atentar para os prazos de realizaçã o financeira e valores. Sã o dois fatores
e dar melhores condiçõ es de vida aos seus filhos. bá sicos para determinar que ativos e passivos de curto prazo sã o relevantes
para fins de ajuste a valor presente.
Depois de finalizado o negó cio, o corretor foi muito elogiado pelo trabalho e por ter conseguido
fechar o negó cio em pouco tempo. O corretor entã o, curioso, disse ao presidente da empresa coreana Para muitas empresas, como tivemos a oportunidade de verificar nas
que nã o havia entendido o que havia acontecido. Pagar trinta vezes mais por aquele terreno nã o seria políticas contá beis (notas explicativas) da tradicional empresa mecâ nica
um exagero sem justificativa? O presidente entã o respondeu: se ele soubesse o projeto que eles tinham Bardella S.A., nã o há a necessidade de trazer a valor presente de ativos e
para aquela regiã o, iria pagar nã o trinta, mas cem vezes mais! passivos; contudo, em outras, esse aspecto é muito importante.
Logo apó s esse diá logo com o corretor, o presidente da empresa ligou para o comunicando Conhecendo esse importantíssimo aspecto das normas internacionais,
que haviam acabado de fechar negó cio para a construçã o de todo o pré dio e todas as obras de construçã o vamos passar agora para a unidade III, onde estudaremos a conversã o de
civil. Para tal, serã o liberados R$ 12.000.000,00 pelo Banco Exempel S.A. com pagamento de juros de 3% demonstraçõ es financeiras.
ao ano e prazo de financiamento por 10 anos.

A compra do terreno foi efetuada à vista, com pagamento diretamente do caixa da empresa.

Pergunta-se: na situaçã o fictícia acima, por qual valor o contador deve registrar o terreno nos livros
contá beis da empresa? Pelo valor mé dio do hectare de terras para a regiã o de Indaiatuba? Ou pelo valor
negociado? Pelo valor Presente? Qual o valor justo para esse terreno?

Por quanto deve ser contabilizado o valor do financiamento da construçã o do pré dio?

107 108
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade II

E) Alternativa correta.
Exercícios Justificativa: é o que deve ocorrer se nã o for possível o cumprimento da tarefa sob sua responsabilidade,
de forma lícita e é tica.
Questã o 1. (Enade, 2009) Para o exercício da profissã o contá bil, é necessá rio observar o có digo de
é tica, cujo objetivo é fixar a forma pela qual se devem conduzir os contabilistas. Questã o 2. (Enade, 2009) A empresa XYZ adquire mercadorias para revenda, com promessa de
pagamento em 3 parcelas iguais, sendo a primeira parcela com vencimento para 30 dias.
Uma situaçã o demonstrativa de um comportamento é tico do contador é :
Qual o efeito do registro contá bil dessa operaçã o na data da aquisiçã o?
A) Assinar os balanços de uma empresa, elaborados por profissional nã o habilitado, sem orientar,
sem supervisionar e sem fiscalizar sua preparaçã o. A) Altera o resultado do exercício.
B) Emitir parecer favorá vel de auditoria a uma empresa, sem a realizaçã o de testes suficientes para
fundamentar a sua opiniã o. B) Gera uma receita futura.

C) Propor honorá rios aviltantes para clientes de outros escritó rios, a fim de aumentar a receita que recebe. C) Manté m o ativo inalterado.

D) Publicar, no sítio do seu escritó rio de contabilidade, artigo té cnico, sem citar a fonte consultada. D) Manté m o passivo inalterado.
E) Renunciar à s suas funçõ es, ao perceber a ocorrê ncia de desconfiança, por parte de seu cliente,
E) Manté m o patrimô nio líquido inalterado.
sem prejudicá -lo.
Resposta correta: alternativa E.
Resposta correta: alternativa E.
Aná lise das alternativas
Aná lise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: no momento da aquisiçã o das mercadorias, nã o se observam reflexos em seus
Justificativa: os atos indicados nessa alternativa revelam atitude bastante negativa e nã o profissional. Os
resultados do período. Isso somente acontecerá caso a venda futura dos ativos redunde em lucro
demonstrativos podem apresentar uma sé rie de impropriedades e, eventualmente, fraudes e dados irregulares.
(receitas maiores do que as despesas) para a empresa.
B) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: trata-se de atitude que nã o vai ao encontro da boa conduta e do profissionalismo
Justificativa: a aquisiçã o foi feita com a expectativa de obtençã o de uma receita futura, que
exigidos em um processo de auditoria.
ocorrerá na venda das mercadorias aos clientes.
C) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: trata-se de um procedimento condená vel. O escritó rio deve procurar obter meios que
Justificativa: o ativo é alterado em funçã o da criaçã o ou do aumento do saldo da conta estoques,
permitam a realizaçã o de seus serviços de forma eficiente, com a reduçã o de custos desnecessá rios,
registrada no ativo da entidade.
por exemplo.
D) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: o passivo é alterado em funçã o da criaçã o ou do aumento dos saldos das contas
Justificativa: essa prá tica é condená vel e sujeita o profissional e a empresa a multas e penas judiciais.
que identificam os compromissos junto aos fornecedores da empresa.
109 110
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade III

E) Alternativa correta.

Obs.: é importante lembrar a equaçã o fundamental da contabilidade:


Unidade III
Patrimô nio Líquido = Ativo - Passivo 7 EFEITOS DAS MUDANÇAS NAS TAXAS DE CÂMBIO E CONVERSÃO DE
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

7.1 Procedimentos de acordo com IAS 21 (BV2010), CPC02(R2) e NBC TG02(R1)

A seguir, iremos estudar o trâmite desta norma para ser incorporada nas práticas contábeis brasileiras
e suas principais implicações.

No dia 3 de setembro de 2010, o CPC resolveu aprovar a IAS 21 no Brasil, com a codificação CPC02.
Nessa ocasião, CPC (2010b) redigiu o seguinte Termo de Aprovação:

Termo de Aprovação

Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2)

Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações


Contábeis

A Coordenadoria Técnica do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)


torna pública a aprovação pelos membros do CPC, de acordo com as disposições
da Resolução CFC nº. 1.055/05 e alterações posteriores, do Pronunciamento
Técnico CPC 02 (R2) – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão
de Demonstrações Contábeis. O Pronunciamento foi elaborado a partir do
IAS 21 –
(IASB) e sua aplicação, no
julgamento do Comitê, produz reflexos contábeis que estão em conformidade
com o documento editado pelo IASB.

A aprovação do Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2) – Efeitos das


Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis
pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis está registrada na Ata da 51ª
Reunião Ordinária do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, realizada no
dia 3 de setembro de 2010.

O Comitê recomenda que o Pronunciamento seja referendado pelas


entidades reguladoras brasileiras visando sua adoção.

Brasília, 3 de setembro de 2010.


111 112
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade III

Antes da emissão do termo de aprovação, de acordo com o procedimento, o CPC organizou uma
audiência pública, em que a norma pode ser discutida. A seguir, o Relatório da Audiência Pública, de CPC
acordo com CPC (2010b): 02

Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2)


IASB
Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações 21
ORG 1
Contábeis
ORG 2 CVM - Deliberação CVM nº 640/10
CFC ANS - Resolução normativa nº 322/13
Relatório da Audiência Pública NBC TG 02 Susep - Anexo I, CIrcular nº 464/13
Aneel - anexo IV.
ANTT - Resolução normativa nº 605/14
1. A minuta do Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2) – Efeitos das Mudanças
nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis esteve em
ORG 3
audiência pública conjunta com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
até 20/08/10.

Houve várias sugestões exclusivamente quanto à forma, de natureza Figura 16 – Emissão da Norma IAS 21 e sua introdução no Brasil
redacional ou com a característica de melhoria do entendimento, cuja
grande maioria foi acatada. No Conselho Federal de Contabilidade, onde a norma recebeu a nomenclatura NBC TG 02,
revogaram-se as Resoluções nº 2009/001164 – NBC T 7 (altera a vigência dos itens 4 e 5 – D.O.U de
2. As sugestões relativas à forma não são destacadas nos Relatórios de 31/03/2009) e nº 2008/001120 – NBC T 7 (Efeitos das Mudanças de Taxas de Câmbio e Conversão das
Demonstrações Contábeis – D.O.U de 26/02/2008) e alterou a Resolução nº 2010/001273 (altera as NBC
T 3.8, 7, 10.23, 19.20, 19.27 e 19.36. – D.O.U de 28/01/2010).
3. O CPC agradece pelas sugestões recebidas.
A NBC TG 02 (CFC, 2012b) recebeu a seguinte redação:
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)
Coordenadoria Técnica A Resolução CFC n.º 1.329/11 alterou a sigla e a numeração desta Norma de
NBC T 7 para NBC TG 02 e de outras normas citadas: de NBC T 19.20 para
Para este pronunciamento, observe que o CPC também aplicou o procedimento de “cumprir ou NBC TG 16; de NBC T 19.11 para NBC TG 23; de NBC T 19.2 para NBC TG 32;
explicar”, , mas não teceram maiores comentários no Relatório da Audiência Pública. de NBC T 19.36 para NBC TG 36; de NBC T 19.35 para NBC TG 35; de NBC
T 19.37 para NBC TG 18; de NBC T 19.38 para NBC TG 19; de NBC T 19.32
A norma foi então divulgada ao mercado no dia 7 de outubro de 2010. para NBC TG 38; de NBC T 19.1 para NBC TG 27; de NBC T 3.8 para NBC TG
03; de NBC T 19.10 para NBC TG 01; de NBC T 19.27 para NBC TG 26; e IT 02
A partir da publicação da norma IAS 21 para o Brasil, com a codificação CPC 02, outras organizações para CTG 03.
que emitem normas contábeis ou com consequências contábeis, ou como se diz, “reguladoras”, também
realizaram suas próprias publicações. Resolução CFC N.º 1.295/10

A seguir, vemos na figura quais são essas publicações:


de Demonstrações Contábeis.

O Conselho Federal De Contabilidade, no exercício de suas atribuições legais


e regimentais, e com fundamento no disposto na alínea “f” do art. 6º do
Decreto-Lei n.º 9.295/46, alterado pela Lei n.º 12.249/10,

113 114
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade III

Resolve: A Presidente da Comissão de Valores Mobiliários – CVM torna público que o


Colegiado, em reunião realizada em 5 de outubro de 2010, com fundamento
Art. 1º. Aprovar a NBC TG 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e nos §§ 3º e 5º do art. 177 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976,
Conversão de Demonstrações Contábeis que tem por base o Pronunciamento combinados com os incisos II e IV do § 1º do art. 22 da Lei nº 6.385, de 7 de
Técnico CPC 02 (R2) (IAS 21 do IASB). dezembro de 1976, deliberou:

Art. 2º. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se I – aprovar e tornar obrigatório, para as companhias abertas, o
aos exercícios encerrados a partir de dezembro de 2010, quando serão Pronunciamento Técnico CPC 02(R2), emitido pelo Comitê de
revogadas as Resoluções CFC nº 1.120/08 e 1.164/09, publicadas no D.O.U., Pronunciamentos Contábeis – CPC, anexo à presente Deliberação, que
Seção I, de 26/2/08 e de 31/3/09, respectivamente, e o art. 1º da Resolução trata sobre efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de
CFC n.º 1.273/10, publicada no D.O.U., Seção I, de 28/1/10. demonstrações contábeis;

Brasília, 17 de setembro de 2010. II – revogar a Deliberação CVM nº 534, de 29 de janeiro de 2008; e

Contador Juarez Domingues Carneiro III – que esta Deliberação entra em vigor na data da sua publicação no
Presidente Diário Oficial da União, aplicando-se aos exercícios encerrados a partir
de dezembro de 2010 e às demonstrações financeiras de 2009 a serem
Ata CFC n.º 942 divulgadas em conjunto com as demonstrações de 2010 para fins
de comparação.

Original assinado por

Saiba mais Maria Helena dos Santos Fernandes de Santana


Presidente

A versão atual está disponível em: Assim como nos CPCs 12 e 23, tivemos um ato cerimonial, formal, sem alterações na norma do CPC.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. − . Normas Não houve regulamentação pelo Banco Central Brasileiro. Na Susep, houve a emissão da Carta
completas. [s.d.]a. Disponível em: https://bit.ly/3vkimyh. Acesso em: 12 Circular nº 464/13.
maio 2015.
A Aneel, por sua vez, incorporou a norma em sua Resolução Normativa 605/14 e no Manual de
contabilidade das empresas do setor elétrico. A ANTT e a Susep também incorporaram a norma em seus
. manuais de contabilidade. A ANS aprovou as Resoluções nº 3.847 e 3.848/12.

Na CVM, a Comissão de Valores Mobiliários, temos a Deliberação nº 640, que revogou a Deliberação Lembrete
nº 534, de 29 de janeiro de 2008. Segundo Perez Junior (2002):
A legislação da ANTT, da Susep e da ANS para o CPC 02 é a mesma do
Deliberação CVM nº 640, de 7 de outubro de 2010 CPC 23, estudado na unidade anterior. Reveja!

Verificado o processo de integração da CPC02 ao Brasil, vamos estudar a aplicação da norma.

de demonstrações contábeis. A intenção das Normas Internacionais de Contabilidade é eliminar a necessidade de realizar
conversões para fins de análise, o que era imprescindível anteriormente. Ao receber demonstrações
115 116
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade III

contábeis dos Emirados Árabes Unidos ou dos EUA, um usuário da contabilidade no Brasil teria que fazer No Brasil, os contadores de uma subsidiária holandesa faziam uma contabilidade em florins
não apenas conversões de moeda, mas de critérios contábeis. holandeses e, a partir de 1992, em euros, onde apuravam o custo dos produtos comprados e
uma contabilidade em moeda brasileira (cruzeiros, cruzados, reais) com a apuração do custo dos
produtos vendidos.
Lembrete
O fisco holandês normalmente adotava exercícios fiscais diferenciados do calendário gregoriano. No
Há um famoso caso da Mercedes Benz AG da Alemanha, que estava país, normalmente, os exercícios fiscais eram de três semanas, o que gerava a necessidade de realizar o
dando lucro em sua DRE de acordo com as normas geralmente aceitas fechamento de exercícios contábeis em períodos diferenciados.
alemãs. Quando essa demonstração contábil foi convertida para critérios
norte-americanos, a fim de entrar na bolsa de Nova York, apresentou um Dessa forma, as multinacionais tinham as demonstrações contábeis em moeda brasileira apenas
prejuízo muito grande. como uma obrigação legal e tributária, porque, para fins gerenciais, utilizavam a contabilidade na
moeda da matriz.
Felizmente, isso não é mais necessário, mas é importante conhecer esses métodos porque
as conversões continuarão a ser usadas porque atualmente é muito grande a quantidade Empresas não apenas holandesas, mas de várias outras nacionalidades que mantinham ações na
de empresas que mantém coligadas, controladas ou negócios no exterior. Para converter bolsa de Nova York, teriam que fazer uma terceira contabilidade em dólar e em US GAAP. Então, muitas
demonstrações contábeis, utilizavam-se geralmente as normas da FASB, mais especificamente a empresas optavam em ter uma contabilidade em moeda nacional e outra em dólar, mesmo que suas
FAS8, que depois foi substituída pela FAS52. Com as normas internacionais, esse tema é expresso sedes não fossem nos Estados Unidos.
na IAS21 (BV2010) – CPC02 (R2).
Por isso, muitas empresas multinacionais exigiam para contratar um contador, que ele soubesse o
“FASB 8 e 52”. Haviam muitos anúncios de emprego com essa expressão. O correto seria FAS 8 e 52!
Observação
Segundo o texto do CPC 02, o objetivo da norma, segundo CPC (2010b) é o seguinte:
Há muitos casos nos quais o contador precisa converter uma
demonstração contábil pronta de uma empresa ou subsidiária no exterior.
1 O objetivo do Pronunciamento Técnico CPC 02 – Efeitos das Mudanças
A essa atividade dá-se o nome de “conversão”. No passado, havia a
nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis é como
necessidade de ajustar critérios contábeis junto com os valores monetários.
registrar transações em moeda estrangeira e operações no exterior nas
demonstrações contábeis de uma entidade no Brasil, registrar as variações
O Brasil sempre abrigou muitas empresas multinacionais. No passado havia algumas situações nas
cambiais dos ativos e passivos em moeda estrangeira e como converter as
quais era recomendável que a empresa fizesse uma segunda contabilidade em moeda estrangeira. Essa
demonstrações contábeis de uma entidade de uma moeda para outra.
prática foi muito comum há alguns anos, quando a economia brasileira sofria com altíssimas taxas de
inflação. Costumava-se converter cada operação contábil individual para moeda estrangeira. Mais do
que isso, aproveitava-se para usar na contabilidade paralela ou na segunda contabilidade as mesmas
Observação
normas dos países de origem.
O CPC 02 não trata de , sendo que para operações
Assim, por exemplo, uma empresa de origem holandesa que estava presente no país, geralmente
de hedge são utilizados o Pronunciamento Técnico CPC 38 e a Orientação
costumava realizar uma contabilidade em moeda nacional, que seguia as normas contábeis e fiscais
brasileiras, e uma segunda contabilidade, que se baseava nas normas holandesas. É o que se chamava de OCPC 03.
“contabilidade em moeda estrangeira”.
basicamente é uma operação financeira de “derivativos”, que visa
Na Holanda utilizava-se o procedimento do “custo do produto comprado”. Ao invés do custo de apenas proteger a empresa de oscilações cambiais bruscas e inesperadas.
um produto ser registrado somente no ato da venda, o chamado “custo da mercadoria vendida”, como
fazemos no Brasil (e continuamos a fazer porque entende-se que esse é o método que tem maior
convergência internacional). Os holandeses, no momento da compra, já registravam o custo do produto
e, ao final do exercício contábil, descontavam do custo o que havia ficado no estoque.
117 118
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade III

Em CPC (2010b), explica-se o seguinte: Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 423) trazem uma abordagem diferente de Perez Junior (2002),
conforme segue:
2. Uma entidade pode manter atividades em moeda estrangeira de duas
formas. Ela pode ter transações em moedas estrangeiras ou pode ter É possível identificar três métodos de conversão de demonstrações contábeis
operações no exterior. Adicionalmente, uma entidade pode apresentar suas em moedas estrangeiras:
demonstrações contábeis em uma moeda estrangeira. O objetivo do
Pronunciamento Técnico é orientar acerca de como incluir transações em – converter os métodos contábeis pelas taxas de câmbio das datas de
moeda estrangeira e operações no exterior nas demonstrações contábeis realização, acumulando-os na moeda convertida (método monetário
de uma entidade e como converter demonstrações contábeis para uma e não monetário, ou histórico);
moeda de apresentação.
– converter as demonstrações contábeis pela taxa de câmbio do último
3. Os principais pontos envolvem quais taxa(s) de câmbio deve(m) ser dia do balanço final (método corrente);
usada(s) e como reportar os efeitos das mudanças nas taxas de câmbio nas
demonstrações contábeis. – primeiro corrigir monetariamente as demonstrações contábeis,
basicamente pelo sistema de correção monetária integral, e, depois,
4. O Pronunciamento não cuida dos ajustes necessários para que as
converter em moeda estrangeira pela taxa de conversão da data do
demonstrações contábeis tenham que se adaptar às normas e aos padrões
encerramento do balanço.
contábeis de outro país para a aplicação da equivalência patrimonial, da
consolidação ou da consolidação proporcional, partindo do princípio de
Para qualquer trabalho de conversão de balanços, faz-se necessário o uso de taxas de conversão,
que, antes da conversão, tais ajustes tenham já sido implementados. Essas
que são:
conversões são normalmente necessárias para que a investidora registre, via
equivalência patrimonial, seu investimento em outra empresa no exterior e os
resultados dele derivados, bem como para que possa proceder à consolidação,
• Taxa histórica – a taxa de câmbio que vigorava na época de ocorrência do fato.
plena ou proporcional, das demonstrações de controlada no exterior.

7.2 Metodologia de conversão das demonstrações contábeis

Após a estabilização da economia brasileira por volta de 1992, quando a moeda brasileira passou a
ser mais estável e de acordo com as recomendações técnicas de auditores que perceberam essa nova • Taxa média – média aritmética ponderada das taxas de câmbio vigentes durante determinado
situação, muitas empresas deixaram de ter a segunda contabilidade em moeda estrangeira, embora ela período, geralmente um mês.
ainda seja encontrada algumas vezes.
• Taxa projetada ou prevista – são taxas previstas para um determinado período, que são usadas
geralmente para converter itens com valor fixo em moeda nacional e com vencimento futuro.
Observação
Até 30 anos atrás, eram poucas as multinacionais brasileiras. Nos últimos • Valor da taxa de câmbio – em alguns casos especiais, quando há desconfiança da qualidade da
anos, várias empresas vêm atuando no exterior em um movimento notável. taxa divulgada pelos órgãos governamentais, por exemplo, há muita variação entre a taxa do
dólar no câmbio negro e a oficial, a empresa pode optar por usar uma taxa fixada em sua matriz.
Estudaremos os tipos de taxas de conversão e com base nelas veremos rapidamente as técnicas
geralmente usadas para conversão de balanços, que segundo Perez Junior (2002) são: • Combinações de tipos de taxas – as empresas podem vir a optar por usar diferentes taxas, de
acordo com a situação. Por exemplo, se o faturamento for concentrado em apenas alguns dias do
• câmbio de fechamento; mês, poderá utilizar-se uma taxa específica para esse período.
• monetário e não monetário;
Segundo o texto do CPC 02 (2010b), a empresa precisa estabelecer uma “moeda funcional”:
• temporal.

119 120
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade III

5. Na preparação das demonstrações contábeis, cada entidade seja ela que reporta a informação é aquela que possui uma entidade no exterior por
meio de controlada, filial, sucursal, agência, coligada ou empreendimento
controladora) ou uma entidade no exterior (como uma controlada ou controlado em conjunto):
filial) deve determinar sua moeda funcional com base nos itens 9 a 14 do
Pronunciamento. A entidade deve converter os itens expressos em moeda (a) se as atividades da entidade no exterior são executadas como extensão
estrangeira para sua moeda funcional e deve reportar os efeitos de tal da entidade que reporta a informação e, não, nos moldes em que lhe é
conversão em consonância com os itens 20 a 37 e 50. conferido um grau significativo de autonomia. Um exemplo para ilustrar a
primeira figura é quando a entidade no exterior somente vende bens que
Nos itens 9 a 14 do pronunciamento (CPC, 2010b), temos o seguinte: são importados da entidade que reporta a informação e remete para esta
o resultado obtido. Um exemplo para ilustrar a segunda figura é quando a
Detalhamento das definições entidade no exterior acumula caixa e outros itens monetários, incorre em
despesas, gera receita e angaria empréstimos, tudo substancialmente em
Moeda funcional sua moeda local;

9. O ambiente econômico principal no qual a entidade opera é normalmente (b) se as transações com a entidade que reporta a informação ocorrem em
aquele em que principalmente ela gera e despende caixa. A entidade deve uma proporção alta ou baixa das atividades da entidade no exterior;
considerar os seguintes fatores na determinação de sua moeda funcional:
(c) se os fluxos de caixa advindos das atividades da entidade no exterior
(a) a moeda: afetam diretamente os fluxos de caixa da entidade que reporta a informação
e estão prontamente disponíveis para remessa para esta;
(i) que mais influencia os preços de venda de bens e serviços (geralmente é a
moeda na qual os preços de venda para seus bens e serviços estão expressos (d) se os fluxos de caixa advindos das atividades da entidade no exterior
e são liquidados); são suficientes para pagamento de juros e demais compromissos, existentes
e esperados, normalmente presentes em título de dívida, sem que seja
(ii) do país cujas forças competitivas e regulações mais influenciam na necessário que a entidade que reporta a informação disponibilize recursos
determinação dos preços de venda para seus bens e serviços; para servir a tal propósito.

(b) a moeda que mais influencia fatores como mão de obra, matéria-prima 12. Quando os indicadores acima estão mesclados e a determinação da
e outros custos para o fornecimento de bens ou serviços (geralmente é a moeda funcional não é um processo tão óbvio, a administração deve se
moeda na qual tais custos estão expressos e são liquidados). valer de julgamento para determinar a moeda funcional que representa
com maior fidedignidade os efeitos econômicos das transações, eventos e
10. Os seguintes fatores também podem servir como evidências para condições subjacentes. Como parte dessa abordagem, a administração deve
determinar a moeda funcional da entidade: priorizar os indicadores primários do item 9 antes de levar em consideração
os indicadores:
(a) a moeda por meio da qual são originados recursos das atividades de
financiamento (exemplo: emissão de títulos de dívida ou ações); (a) enumerados nos itens 10 e 11, os quais são fornecidos para servirem como
evidência adicional para determinação da moeda funcional da entidade.
(b) a moeda por meio da qual os recursos gerados pelas atividades
operacionais são usualmente acumulados. 13. A moeda funcional da entidade reflete as transações, os eventos e
as condições subjacentes que são relevantes para ela. Assim, uma vez
11. Os seguintes fatores adicionais devem ser considerados na determinação determinada, a moeda funcional não deve ser alterada a menos que tenha
da moeda funcional de entidade no exterior, e também devem sê-los para ocorrido mudança nas transações, nos eventos e nas condições subjacentes.
avaliar se a moeda funcional dessa entidade no exterior é a mesma daquela
utilizada pela entidade que reporta a informação (no caso em tela, a entidade
121 122
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade III

14. Se a moeda funcional é a moeda de economia hiperinflacionária, as Após a classificação nos grupos monetário e não monetário, converte-se pelas seguintes taxas:
demonstrações contábeis da entidade devem ser reelaboradas nos moldes
do Pronunciamento Técnico CPC 42 – Contabilidade e Evidenciação em • itens monetários – taxa corrente;
Economia Altamente Inflacionária (pelo método da correção integral
enquanto não emitido esse Pronunciamento). A entidade não pode evitar • itens não monetários – taxa histórica.
a reapresentação nos moldes requeridos pelo Pronunciamento Técnico CPC
42 mediante, por exemplo, a eleição de outra moeda que não seja aquela Após os cálculos, irá surgir uma diferença entre o ativo e o passivo. Deve-se então apropriar esses
determinada em consonância com este Pronunciamento Técnico como sua ganhos e/ou perdas em conta específica, que é a chamada conta – TGL ou
moeda funcional (tal como a moeda funcional de sua controladora). Ganhos ou Perdas na Tradução ou Conversão – GPC.

Uma vez definida a moeda funcional, será necessário proceder a conversão propriamente dita. Sendo O CPC 02, segundo CPC (2015 – item 16) também define itens monetários e não monetários, a seguir:
assim, se faz necessário a escolha de um método, que é o que iremos estudar a seguir.
16. A característica essencial de item monetário é o direito a receber (ou
8 APLICAÇÃO DA CONVERSÃO DE DEMONSTRAÇÕES APLICADAS a obrigação de entregar) um número fixo ou determinável de unidades de
moeda. Alguns exemplos incluem: passivos de planos de pensão ou outros
8.1 Modelos de conversão das demonstrações contábeis benefícios a empregados a serem pagos com caixa; provisões que devem
ser liquidadas em caixa; e dividendos a serem distribuídos com caixa,
Mé todo câ mbio de fechamento que são reconhecidos como passivos. Da mesma forma, um contrato que
preveja o direito a receber (ou a obrigação de entregar) um número variável
Segundo Perez Júnior (2002), nesse método, os itens das demonstrações contábeis são convertidos de instrumentos patrimoniais da própria entidade ou uma quantidade
como segue: variável de ativos, cujo valor justo a ser recebido (ou a ser entregue)
iguala-se a um número fixo ou determinável de unidades de moeda, é
• ativos – taxa de câmbio de fechamento; considerado item monetário. Por outro lado, a característica essencial de
item não monetário é a ausência do direito a receber (ou da obrigação
• passivo exigível – taxa de câmbio de fechamento; de entregar) um número fixo ou determinável de unidades de moeda.
Alguns exemplos incluem: adiantamento a fornecedores de mercadorias;
• patrimônio líquido – taxa histórica; adiantamento a prestadores de serviços; aluguéis antecipados; ;
ativos intangíveis; estoques; imobilizado; e provisões a serem liquidadas
• receitas e despesas – taxa média ponderada. mediante a entrega de ativo não monetário.

Após os cálculos, irá surgir uma diferença entre o ativo e o passivo. Deve-se então apropriar essa Mé todo temporal
diferença em conta específica, que é a chamada conta – CTA ou
Ajustes Acumulados de Tradução – AAT. Segundo Perez Júnior (2002), esse é um método misto, que combina o método monetário e não
monetário e o câmbio de fechamento. Os itens patrimoniais são classificados de acordo com a base de
Mé todo monetá rio e nã o monetá rio valor adotada para avaliação, que pode ser: valor passado, valor presente ou valor futuro.

Segundo Perez Júnior (2002), nesse método, os itens são classificados em dois grupos: Na contabilidade brasileira, os itens patrimoniais são classificados da seguinte forma:

• Os itens monetários: são os direitos e obrigações que serão realizados ou exigidos em recursos a) Itens monetários prefixados – duplicatas a receber e a pagar são avaliadas pelo valor nominal, ou
financeiros. Como exemplo, o caixa, clientes, aplicações financeiras etc. seja, valor futuro.

• Os itens não monetários: nos grupos não financeiros temos os bens e direitos que serão realizados b) Itens monetários pós-fixados – contas a receber e a pagar, e aplicações financeiras indexadas
ou exigidos em bens ou serviços. Exemplos: estoques, ativo imobilizado, patrimônio líquido, atualizadas até a data do balanço, ou seja, valor presente.
adiantamentos, despesas pagas antecipadamente.
123 124
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade III

c) Itens não monetários realizáveis – estoques, avaliados ao custo histórico de aquisição, ou seja,
valor passado. com o item anterior e os valores obtidos pela sua conversão pela taxa de
fechamento do período, bem como as variações entre os valores originais
d) Itens não monetários e patrimônio líquido – avaliados pelo custo histórico.
de final de período serão reconhecidas diretamente no patrimônio líquido.
Os itens patrimoniais classificados dessa forma são convertidos pelas seguintes taxas: As mutações patrimoniais que não o resultado gerarão ganhos ou perdas
cambiais entre a data de sua ocorrência e o final do período, se aumentos
Quadro 5 (como o aumento de capital), e entre a data de fechamento do período
anterior e a data de sua ocorrência, se diminuições (como distribuição
Itens Base de valor Taxa de dividendos).
Monetários prefixados Futuro Corrente ou prevista
Monetários pós-fixados Presente Corrente No caso de presença de sócios minoritários na investida, sua parte
não monetários realizáveis Presente Histórica proporcional nesses ganhos ou perdas será a eles alocada.
Não monetários permanentes ou patrimônio líquido Presente Histórica
21. No caso de demonstrações em moeda funcional de país com economia
Após os cálculos, irá surgir uma diferença entre o ativo e o passivo. Deve-se então apropriar esses hiperinflacionária, primeiramente aplicam-se as técnicas da correção
ganhos e/ou perdas em conta específica, que é a chamada conta – TGL ou integral para depois se efetuar a conversão. Esta será feita com a aplicação
Ganhos ou Perdas na Tradução ou Conversão – GPC. da taxa de encerramento do período a todos os componentes do balanço e
do resultado.
Para minimizar essa diferença, há duas alternativas:
Realizaremos um exercício numérico, prático, onde aplicaremos modelos de conversão das
a) trazer os valores das contas a valor presente; demonstrações contábeis (PEREZ JÚNIOR, 2002).

b) utilizar para conversão uma taxa que estará em vigor na data de liquidação do título. Neste exercício, converte-se um balanço em reais para euros usando os três métodos de conversão
(câmbio de fechamento; monetário e não monetário e temporal).
8.2 Conversão das demonstrações contábeis para moeda estrangeira
As taxas que serão usadas são:
O CPC 02, segundo CPC (2010b), traz um roteiro para o processo de conversão, a seguir:
Taxa histórica ........................................................... 2,50
Conversão das demonstrações contábeis: Taxa corrente ............................................................ 3,00
Taxa de fechamento .............................................. 2,80
18. As contas de ativo e passivo da sociedade investida serão convertidas Taxa média ................................................................. 2,70
pela taxa cambial da data do balanço de fim de período, mantendo-se as
contas do patrimônio líquido inicial pelos mesmos valores convertidos no
balanço do final do período anterior; as mutações do patrimônio líquido que Observação
não o resultado serão convertidas pelas taxas das datas dessas mutações.
O símbolo da moeda europeia euro € é carregado de significados. Lembra
19. As contas da demonstração do resultado poderão ser convertidas pela a letra E, de Europa, e tem grafismos que o identificam como um símbolo
taxa cambial média do período, mas no caso de receitas ou despesas não monetário. As duas linhas paralelas indicam a estabilidade da moeda.
homogeneamente distribuídas ou no de câmbio com oscilações significativas Trata-se da letra grega épsilon e representa toda a Europa, remetendo à
terá que a conversão ser com base na data da competência de tais receitas época clássica e do berço da civilização europeia.
e despesas.
A seguir, o balanço da empresa “Conversão S.A.” em reais, que será o mesmo para os três cálculos.

125 126
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade III

Taxa de fechamento 2,80


Passivo Taxa histórica 2,50
Fornecedores 540.000 192.857
Empréstimos 786.000 280.714
Passivo circulante 1.326.000 473.571
Patrimônio líquido 1.100.000 440.000
Capital
Balanço patrimonial R$ Lucro
Ativo Passivo Patrimô nio líquido total 1.100.000 440.000
Caixa 236.000 Fornecedores 540.000 Total 2.426.000 913.571
Aplicações financeiras Empréstimos 786.000
Clientes 850.000 Após esses cálculos, apura-se o balanço em euros.
Estoques 340.000
Ativo circulante 1.426.000 Passivo circulante 1.326.000 Observe que no patrimônio líquido há uma conta que apura a diferença de variação cambial.

Ativo imobilizado 1.000.000 Patrimônio líquido 1.100.000


Depreciação acumulada Capital
Lucro
Ativo imobilizado líquido 1.000.000 Patrimô nio líquido total 1.100.000

Total 2.426.000 Total 2.426.000 Balanço patrimonial €


Ativo Passivo
Figura 17 Caixa 84.286 Fornecedores 192.857
Aplicações financeiras Empréstimos 280.714
Primeiro cálculo: câmbio de fechamento. Clientes 303.571
Estoques 121.429
Identifica-se cada grupo do balanço e aplica-se ou a taxa de câmbio de fechamento ou a taxa Ativo circulante 509.286 Passivo circulante 473.571
histórica, de acordo com a natureza das contas. A diferença entre ativo e passivo é contabilizada em
uma conta “Ajustes Acumulados de Tradução”. Ativo imobilizado 357.143 Patrimônio líquido 440.000
Depreciação acumulada Capital
Tabela 3 Ajustes acumulados de trad –47.143
Ativo imobilizado líquido 357.143 Patrimô nio líquido total 392.857
Ativo Taxa de fechamento 2,80
Caixa 236.000 84.286
Total 866.429 Total 866.429
Aplicações financeiras
Clientes 850.000 303.571
Figura 18
Estoques 340.000 121.429
Ativo circulante 1.426.000 509.286
Segundo cá lculo: monetário e não monetário.
Ativo imobilizado 1.000.000 357.143
Depreciação acumulada
Identificam-se as contas no balanço classificáveis em itens “monetários e não monetários” e aplica-se
Ativo imobilizado líquido 1.000.000 357.143 ou a taxa de câmbio de fechamento ou a taxa histórica, de acordo com a indicação dessas contas. A
Total 2.426.000 866.426 diferença entre ativo e passivo é contabilizada em uma conta “Ajustes Acumulados de Tradução”.

127 128
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade III

Observe que no patrimônio líquido há uma conta que apura a diferença de variação cambial. Após esses cálculos, apura-se o balanço em euros.

Observe que no patrimônio líquido há uma conta que apura a diferença de variação cambial.

Balanço patrimonial €
Lembrete
Ativo Passivo
Caixa 78.667 Fornecedores 180.000
Os procedimentos e julgamentos que a empresa adota devem ser
Aplicações financeiras Empréstimos 262.000
evidenciados nas notas explicativas das demonstrações contábeis, como
“políticas contábeis”.
Clientes 283.333
Estoques 136.000
Ativo circulante 498.000 Passivo circulante 442.000

Ativo imobilizado 400.000 Patrimônio líquido 440.000


Depreciação acumulada Capital Balanço patrimonial €
Ganhos ou perdas na trad 16.000 Ativo Passivo
Ativo imobilizado líquido 400.000 Patrimô nio líquido total 456.000 Caixa 78.667 Fornecedores 180.000
Aplicações financeiras Empréstimos 262.000
Total 898.000 Total 898.000 Clientes 283.333
Estoques 136.000
Figura 19 Ativo circulante 498.000 Passivo circulante 442.000

Terceiro cá lculo: método temporal. Ativo imobilizado 400.000 Patrimônio líquido 440.000
Depreciação acumulada Capital
Identificam-se as contas no balanço classificáveis nos quatro grupos do método temporal e aplica-se Ganhos ou perdas na trad 16.000
ou a taxa de câmbio corrente ou a taxa histórica, de acordo com a indicação dessas contas. A diferença Ativo imobilizado líquido 400.000 Patrimô nio líquido total 456.000
entre ativo e passivo é contabilizada em uma conta “Ajustes Acumulados de Tradução”.
Total 898.000 Total 898.000
Embora existam duas formas para minimizar o valor da variação cambial, neste exercício optou-se
por um cálculo mais simples. Figura 20

A seguir, os cálculos: Finalizando o exercício, verifique se não foi aplicado valor justo nas contas, o que irá alterar as taxas
que deverão ser usadas.
Tabela 4

Monetá rios prefixados


Clientes 283.333 fornecedores 180.000 Saiba mais
Monetá rios pó s-fixados
Caixa 78.667 empréstimos 262.000 Recomenda-se que você visite frequentemente o da IASB. Há muito
Itens nã o monetá rios realizá veis conteúdo em língua portuguesa. Utilize um tradutor automático, para
Estoques 136.000 navegar com mais facilidade.
Itens nã o monetá rios permanentes e PL
Ativo imobilizado 400.000 patrimônio líquido 440.000 Disponível em: http://www.ifrs.org. Acesso em: 15 jun. 2015.

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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade III

Saiba mais Resumo


Nesta unidade, estudou-se o CPC 02, observando os métodos que são
Para os alunos que tenham interesse de desenvolvimento na usados para a conversão de balanços.
contabilidade internacional e que queiram apresentar na universidade
atividades complementares, é recomendável que participe de eventos Falar de conversão de balanços já não tem o mesmo sentido do passado, onde
organizados pelas câmaras de comércio. As câmaras de comércio demonstrações contábeis eram de fato traduzidas, inclusive quanto a ajustes a
costumam disponibilizar palestras sobre os mais variados temas envolvendo diferenças de critérios contábeis. Em muitos casos era necessário a adoção de
relacionamentos comerciais e diferenças culturais nos seus países. Não duas contabilidades, uma em moeda do país e a outra na moeda da matriz.
raramente, elas mantêm vários documentos para consulta e
na internet. Entre as várias câmaras de comércio, todas recomendáveis, Atualmente, a conversão é limitada aos aspectos cambiais das contas
destacam-se: contábeis, onde se faz necessário separar os itens em “monetários” e
“não monetários”.
Câmara alemã:
Entende-se que os itens monetários são os direitos e obrigações que
Disponível em: http://www.ahkbrasil.com/. Acesso em: 15 jun. 2015. serão realizados ou exigidos em recursos financeiros. Como exemplo, o
caixa, clientes, aplicações financeiras etc. Os itens não monetários são
Câmara americana: os bens e direitos que serão realizados ou exigidos em bens ou serviços.
Exemplos: estoques, ativo imobilizado, patrimônio líquido, adiantamentos,
Disponível em: http://www.amcham.com.br/. Acesso em: 15 jun. 2015. despesas pagas antecipadamente.

Câmara árabe: Para proceder processo de conversão, temos três principais métodos:
câmbio de fechamento; monetário e não monetário e temporal.
Disponível em: http://www.ccab.com.br/site/. Acesso em: 15 jun. 2015.
Observamos o trâmite da Norma Internacional IAS 21 para ser
Câmara chinesa: incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, com a CPC 02, NBC TG 02
e outras regulamentações de órgãos brasileiros, sendo que a IAS 21 tem
forte influência da escola contábil norte-americana com os FAS8 e 52.
Acesso em: 15 jun. 2015.
Espera-se que você tenha desenvolvido uma forte sensibilidade para lidar
Câmara portuguesa: com diferenças culturais e que tenha formado habilidades não só para interpretar
uma norma contábil, mas de fazer melhores julgamentos profissionais.
Disponível em: http://www.ccilb.net/. Acesso em: 15 jun. 2015.
Já não basta mais que, ao se tornar um contador reconhecido, você
Câmara suíça: apenas faça um trabalho com exatidão quantitativa. A sociedade requer
neste importante momento da história que você faça bons julgamentos e
Disponível em: www.swisscam.com.br. Acesso em: 15 jun. 2015. relatos contábeis de alta qualidade.

Nesse sentido, é imprescindível comentar que não estamos sozinhos,


mas inseridos em uma comunidade com profissionais das mais diferentes
especialidades. Saber lidar com esses profissionais, descentralizar
responsabilidades, formar uma boa rede de relacionamento e um bom
sistema interno de informações são habilidades a desenvolver.
131 132
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE Unidade III

Costumo dizer que uma aula nunca acaba. Certamente teríamos muitos de intermediador, e não de investidor. Ademais, decisões de investimento tomadas por diretores
outros assuntos a estudar sobre as normas contábeis internacionais. Espero financeiros e investidores não são semelhantes: enquanto os diretores financeiros apresentam
que você continue estudando e se aperfeiçoando, fazendo das normas suas preocupação com a administração do capital da empresa e com sua operação de forma geral, os
verdadeiras amigas para realizar um bom trabalho. investidores preocupam-se apenas com o retorno financeiro do investimento efetuado e não com
a atividade empresarial.
É necessário ser convergente!
Segunda afirmativa: incorreta.

Exercícios Justificativa: as decisões de investimento dos diretores financeiros focalizam ativos reais, ou
seja, todos os ativos que serão utilizados para que a empresa possa desenvolver sua atividade e dela
Questã o 1. (Enade 2009) Leia as afirmativas: gerar lucros. As decisões de investimento dos investidores focalizam ativos puramente financeiros,
a exemplo de ações e títulos de dívida. A afirmativa está incorreta por trocar os objetivos dos dois
tipos de agentes.
para expandir seus negócios e sobre como obter tais recursos. Investidores são instituições financeiras
ou indivíduos que financiam os investimentos feitos pelas empresas e governos. Assim, decisões de
investimento tomadas por Diretores Financeiros e Investidores são, normalmente, semelhantes.

Porque I − A provisão para crédito de liquidação duvidosa foi constituída, tendo como base o índice de
inadimplência apresentado nos últimos cinco anos.
As decisões de investimento dos diretores financeiros focalizam os ativos financeiros (ações e títulos
de dívidas), enquanto as decisões de investimento dos Investidores focalizam ativos reais (edificações, II − O registro das receitas foi realizado pelo regime de caixa.
máquinas, computadores etc.).
III − As taxas de depreciação foram calculadas pelo método da soma dos dígitos, diferentemente
Com base na leitura dessas frases, é correto afirmar que: do último exercício em que foi adotado o método das quotas constantes, sem evidenciar em
notas explicativas.
A) A primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.
IV − Os estoques estavam avaliados acima do valor de mercado, sem a provisão correspondente.
B) A primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.
V − As despesas pagas antecipadamente foram registradas como ativo circulante.
C) As duas afirmações são falsas.
Diante dos fatos encontrados na Cia. Calada, sob o ponto de vista da condução do trabalho de
D) As duas afirmações são verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira. auditoria, a conduta correta do auditor independente responsável será:

E) As duas afirmações são verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. A) Considerar como não relevantes todos os fatos encontrados.

Resposta correta: alternativa C. B) Oferecer serviço de consultoria para corrigir os fatos encontrados.

C) Solicitar da empresa correções para os fatos I, II e V.


Aná lise das afirmativas
D) Solicitar da empresa correções para os fatos II, III e IV.
Primeira afirmativa: incorreta.
E) Solicitar da empresa correções para todos os fatos encontrados.
Justificativa: em geral, os indivíduos financiam investimentos por intermédio do mercado
financeiro quando adquirem parcela do capital da empresa ou títulos da dívida pública, Resposta correta: alternativa D.
representados pelos títulos governamentais. Nessa operação, cabe às instituições financeiras o papel
133 134
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE

Aná lise das afirmativas FIGURAS E ILUSTRAÇÕ ES

I - Afirmativa correta. Figura 2

Justificativa: a provisão para devedores duvidosos deve ser feita com base no registro histórico das MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. . São Paulo:
ocorrências de não recebimento de vendas a prazo. Tal sistemática procura estabelecer uma média Atlas, 2014. p. 16.
estatística da inadimplência dos últimos três ou cinco anos.
Figura 3
II - Afirmativa incorreta.
IUDÍCIBUS, S. . : equipe de professores da FEA/USP. 11. ed. São Paulo:
Justificativa: o registro das receitas do período deve ser feito com base no método de competência, Atlas, 2010. p. 163.
e não de caixa (vide art. 9° da Resolução CFC n° 750/93).
Figura 4
III - Afirmativa incorreta.
IUDÍCIBUS, S. . : equipe de professores da FEA/USP. 11. ed. São Paulo:
Justificativa: as Instruções Normativas SRF nº 162/98 e nº 130/99 fixam o prazo de vida útil e a taxa Atlas, 2010. p. 163.
de depreciação de vários bens. As empresas podem utilizar taxas diferentes das fixadas pela legislação,
desde que apresentem laudo pericial. Figura 15

IV - Afirmativa incorreta. PETROBRÁS. . Rio de Janeiro,


2014. Disponível em: <http://www.valor.com.br/sites/default/files/upload_element/08-05-petrobras-
Justificativa: pelo princípio da prudência, os estoques devem estar avaliados pelo menor valor, balanco2014.pdf>. Acesso em: 3 jun. 2015. p. 12.
considerando os custos de aquisição ou de mercado (vide art. 10 da Resolução CFC n° 750/93).
REFERÊ NCIAS
V - Afirmativa correta.
Textuais
Justificativa: as despesas pagas antecipadamente devem ser registradas no ativo.
A WELCOME from the incoming Chairman of the IASB. 1 jul. 2011. Disponível em: <http://www.ifrs.
org/News/Features/welcome+Chairman+IASB.htm>. Acesso em: 30 jun. 2014.

ALMEIDA, M. C. : perguntas e respostas com exemplos. São Paulo: Atlas, 2012.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA − Aneel.


. Brasília, 2014. Disponível em: <www.aneel.gov.br/visualizar_texto.cfm?idtxt=1773>. Acesso em:
1 abr. 2015.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA − Aneel. . Versão


2015. Brasília, 2015. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/MCSE_-_Revis%C3%A3o.
pdf>. Acesso em: 27 maio 2015.

AGENCIA NACIONAL DE SAÚDE. . Rio de


Janeiro, 2013. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/index2.php?option=com_legislacao&view=legisl
acao&task=PDFAtualizado&format=raw&id=2395.>. Acesso em: 27 maio 2015.

135 136
AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES − ANTT. Resolução nº 3848: revisão do manual CARDOSO, R. L.; SZUSTER, N. Comunicações: uma contribuição ao aprimoramento da informação
de contabilidade do serviço público de transporte rodoviário interestadual e internacional de contábil, no tocante à mensuração do resultado contábil da produtora cinematográfica.
passageiros. Brasília, 2012. Disponível em: <http://www.antt.gov.br/index.php/content/view/16675/ São Paulo, v. 14, n. 32, p. 111-120, ago. 2003. Disponível em: <http://
Resolucao_n__3848.html>. Acesso em: 1 abr. 2015. www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-70772003000200008&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 20 nov. 2014.
ANTHONY, R. N.; GOVINDARAJAN, V. . 2. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2006.
CARVALHO, L. N.; LEMES, S.; COSTA, F. M. : aplicação das IFRS 2005. São
ANTUNES, M. T. P. . São Paulo: Atlas, 2000. Paulo: Atlas, 2006.

A WELCOME from the incoming Chairman of the IASB. , 1 jul. 2011. Disponível em: <http://www. CARVALHO, M. G.; TREVISAN, L. Relações interculturais entre trabalhadores brasileiros e alemães na VW/
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evidenciação de políticas contábeis, mudança de estimativa e retificações de erros. Disponível em: Pronunciamento Técnico CPC 02(R2) do Comitê de Pronunciamentos Contábeis − CPC sobre efeitos das
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143 144
145 146
147 148
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000
Pergunta 1 A informação contábil-financeira relevante é aquela capaz
1. De acordo com a NBC TG Estrutura Conceitual para Relatório de fazer diferença nas decisões que possam ser tomadas
Financeiro, para a informação contábil-financeira ser útil, ela precisa ter as pelos usuários. A informação pode ser capaz de fazer
b.
seguintes características qualitativas fundamentais: diferença em uma decisão, mesmo no caso de alguns
a. Comparabilidade e valor justo. usuários decidirem não a levar em consideração, ou já
tiverem tomado ciência de sua existência por outras fontes.
b. Relevância e representação fidedigna. As características qualitativas de melhoria podem também
c. Tempestividade e materialidade. auxiliar a determinar qual de duas alternativas, que sejam
c. consideradas equivalentes em termos de relevância e
d. Verificabilidade e objetividade. fidedignidade de representação, deve ser usada para retratar
e. Prudência e conservadorismo. um fenômeno.
0,3 pontos A informação contábil-financeira é capaz de fazer diferença
Pergunta 2 nas decisões se tiver valor preditivo, valor confirmatório ou
ambos. A informação contábil-financeira tem valor
1. De acordo com a NBC TG Estrutura Conceitual, as d.
características qualitativas se subdividem em características preditivo se puder ser utilizada como dado de entrada em
processos empregados pelos usuários para predizer futuros
qualitativas fundamentais e características qualitativas de melhoria.
Não é considerada característica qualitativa de melhoria: resultados.
A informação é material se a sua omissão, distorção ou
a. Comparabilidade.
obscuridade puder influenciar, razoavelmente, as decisões
b. Compreensibilidade. que os principais usuários de relatórios financeiros para fins
e.
gerais tomam com base nesses relatórios, que fornecem
c. Conservadorismo.
informações financeiras sobre a entidade específica que
d. Tempestividade. reporta.
0,3 pontos
e. Verificabilidade.
Pergunta 4
0,3 pontos 1. Uma sociedade empresária mensura suas propriedades para
Pergunta 3 investimento ao valor justo, tal como previsto pela NBC TG 28 (R3) –
1. De acordo com a NBC TG Estrutura Conceitual é incorreto afirmar Propriedades para Investimento, mas deixou de apresentar, em sua nota de
que: conciliação dos valores contábeis da Propriedade de Investimento no início
As características qualitativas fundamentais são e no fim do período, o item “ganhos ou perdas líquidos provenientes de
comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e ajustes de valor justo”. Essa omissão restringiu a capacidade analítica do
compreensibilidade, pois tornam a informação útil. A usuário e, entre outras perdas de qualidade, prejudicou o valor
a. utilidade da informação contábil-financeira é melhorada se confirmatório.
ela for relevante e representar com fidedignidade o que se De acordo com o disposto na NBC TG Estrutura Conceitual, o valor
propõe a representar. Portanto, relevância e representação confirmatório é uma das marcas da característica qualitativa da:
fidedigna são características qualitativas de melhoria. a. Materialidade.

b. Relevância. Informação adicional que não tenha sido apresentada nas


c. demonstrações contábeis, mas que seja relevante para sua
c. Representação fidedigna. compreensão, deve ser apresentada nas notas explicativas.
d. Tempestividade. Políticas contábeis inadequadas podem ser retificadas por
d. meio da divulgação das políticas contábeis utilizadas ou por
e. Comparabilidade.
notas ou qualquer outra divulgação explicativa.
0,3 pontos As Notas Explicativas são partes integrantes das
Pergunta 5 e.
Demonstrações Contábeis.
1. Qual afirmação é correta sobre as representações que devem constar
0,3 pontos
das demonstrações contábeis, de acordo com a seção de características
qualitativas da estrutura conceitual contábil?
Pergunta 7
1. Conforme a NBC TG 23 – Políticas Contábeis, Mudança de
a. Representação fidedigna de fenômeno irrelevante. Estimativa e Retificação de Erro, a aplicação prospectiva de uma mudança
Representação não fidedigna de fenômeno que não afeta as em prática contábil representa:
b.
operações da entidade. A utilização de uma nova prática contábil, como se essa
a.
Fenômeno econômico que tenha o potencial de ser útil para prática estivesse sempre em uso.
c. os usuários da informação contábil-financeira reportada pela A aplicação da nova prática contábil a transações, outros
entidade. b. eventos e circunstâncias que ocorrerem após a adoção da
d. Representação não fidedigna de fenômeno relevante. nova prática.
O registro e a divulgação do efeito da mudança em
e. Representação não fidedigna de fenômeno irrelevante. c. estimativa contábil nos exercícios correntes e futuros
0,3 pontos afetados pela mudança.
Pergunta 6 Correção do registro original, da valorização ou da
1. Em relação às Notas Explicativas e às Demonstrações Contábeis, d.
divulgação de elementos das demonstrações contábeis.
assinale a opção incorreta.
e. Uma escolha da administração da entidade.
A entidade deve divulgar nas notas explicativas as fontes
principais da incerteza das estimativas à data do balanço que 0,3 pontos
a. tenham risco significativo de provocar modificação material Pergunta 8
nos valores contábeis de ativos e passivos durante o 1. Conforme a NBC TG 23 – Políticas Contábeis, Mudança de
próximo. Estimativa e Retificação de Erro, o processo de determinação das
A entidade deve divulgar no resumo de políticas contábeis estimativas contábeis envolve julgamentos baseados nas últimas
significativas as bases de mensuração utilizadas na informações disponíveis. Assim, uma mudança identificada nas bases de
b. elaboração das demonstrações contábeis e outras políticas avaliação:
contábeis utilizadas que sejam relevantes para a a. Corresponde a uma mudança na estimativa contábil.
compreensão das demonstrações contábeis. Ocorre em decorrência da identificação de erro no cálculo
b.
da estimativa.
c. Corresponde a uma mudança em prática contábil. Pergunta 10
1. De acordo com a NBC TG Estrutura Conceitual, quando os gastos
Pode tornar difícil distinguir entre mudança de prática
incorridos não proporcionarem a expectativa provável de geração de
d. contábil e de estimativa contábil. Nesse caso, a mudança
benefícios econômicos para a entidade além do período contábil corrente, o
deve ser tratada como de prática contábil.
item será reconhecido como:
e. Não existem situações de mudança nas bases de avaliação.
a. Ativo.
0,3 pontos
b. Despesa.
Pergunta 9
1. A administração da entidade necessita estabelecer estimativas, assim c. Patrimônio líquido.
como identificar as práticas contábeis adequadas na elaboração das
demonstrações contábeis. Nessa linha, há a NBC TG 23 – Políticas d. Receita.
Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro. Com base no que e. Intangível.
define a referida norma, assinale a opção que não
condiz com tais definições.
Na ausência de norma ou interpretação, a administração da
entidade deve usar seu julgamento no desenvolvimento e na
a.
aplicação de prática contábil que resulte em informação
relevante para a tomada de decisão pelos usuários.
Em seu processo de julgamento, a administração da
entidade deve considerar pronunciamentos de outros órgãos
b. que elaboram padrões e práticas de segmentos específicos e
adotem conceitos similares no desenvolvimento de normas
contábeis.
A entidade deve selecionar e aplicar suas práticas contábeis
de maneira uniforme em relação a transações similares,
c.
outros eventos e circunstâncias, a não ser que outra norma
ou interpretação técnica específica seja mais apropriada.
Mesmo que uma norma ou interpretação técnica exija ou
d. permita forma específica de classificação de itens, essa
prática contábil não deverá ser utilizada nem aplicada.
Os usuários das demonstrações contábeis devem ter a
possibilidade de comparar as demonstrações contábeis da
e. entidade ao longo do tempo para identificar tendências na
sua posição patrimonial e financeira, no seu desempenho e
nos seus fluxos de caixa.
0,3 pontos



pro rata
die

a.

b.
a.
b.
c.
d.
e.
c.

d.

e. a.

b. b.
c.
c. d.
e.
d.

e.

a.
b.
c.
d.
e.

a.


a.

a.
b.

c.
b. –

c.
d.


e.
d.

e. –

a.

e.

b.

c.

a.

d.

b.

c.
d.
e.

a.
b.
c.
d.
e.

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