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Índice geral
1 2 3
Introdução
4
Profissionalismo
5
O brief
6
Fluxo de trabalho
112 136 166
O impacto do digital
188
Sem título
Greg Chandler
Todas as imagens desta banca
procedem de bancos de
imagens ou foram criadas por
encomenda. Os fotógrafos
geram imagens para uma
ampla variedade de meios.
006/007
A fotografia é uma forma de autoexpressão artística. Fundamentos da fotografia criativa deve começar
Para muitos fotógrafos, é o lugar em que o sujeito com o entendimento dos princípios fundamentais da
começa e termina. Seu objetivo, qualquer que seja o técnica fotográfica e dos elementos de composição
tema, é aperfeiçoar uma visão pessoal, ou seja, criar a e design. Desde o início, este livro assume o ponto
imagem mais bonita, com mais movimento, ou mais de vista de que a fotografia é uma linguagem com
comunicativa possível. Cada um define a sua meta. um vocabulário e uma gramática, e que os fotógra-
A recompensa, exceto nos casos dos concursos foto- fos modernos precisam se familiarizar com essa lin-
gráficos, é a satisfação pessoal e, talvez, o reconheci- guagem para entender as necessidades dos clientes
mento. No entanto, o mundo saturado de imagens de e criar uma iconografia que seja ao mesmo tempo
hoje está cheio de fotos criadas com outras motiva- expressiva e comunicativa para o espectador. O pri-
ções. Este tipo de fotografia não tem nada a ver com meiro capítulo enfoca a forma como os aspectos téc-
expressão pessoal. A maioria das pessoas que se nicos da fotografia podem ser usados expressiva e
dedica profissionalmente à fotografia está envolvida intencionalmente.
no processo de criação intencional de imagens para A comunicação é a chave para o sucesso da fotogra-
utilização por terceiros. A criatividade tem peso, pois fia criativa. O segundo capítulo aborda a alfabetiza-
somente as imagens únicas e exclusivas conseguirão ção visual, os proprietários e usuários de uma ima-
aflorar à superfície da massa iconográfica e ser memo- gem e como estes influem em seu conteúdo. Usando
ráveis; mas isso é criatividade individual usada a ser- exemplos cuidadosamente selecionados, mostrará
viço de outros. ao leitor como dissecar —desconstruir— uma imagem
Não é fácil encontrar um título que descreva em sua e ler seu significado, bem como entender a intenção
totalidade este tipo de fotografia. Uma geração ante- do fotógrafo e a finalidade e mensagem da imagem.
rior de leitores teria reconhecido e entendido o termo Esta seção também fornecerá uma introdução de
“fotografia aplicada”. Hoje ele é muito limitado para fácil compreensão sobre a semiótica, o estudo dos
expressar com precisão e abranger a construção de signos. Além disso, abordará as influências e o con-
imagens e sua utilização. Fotografia aplicada também texto. Ser capaz de descrever em detalhes e sucinta-
tem conotações de imagem científica e de imagens mente o que você está vendo ou o que está tentando
que são mero registro, o que com toda certeza não é o criar é parte essencial do trabalho na indústria da
que se discute neste livro. A palavra “aplicada”, no imagem criativa. O capítulo termina com um olhar
entanto, também pode significar o uso criativo de para a maneira como a linguagem técnica, artística e
imagens fotográficas para outros fins — geralmente emocional pode ser usada com precisão.
comerciais, mas não só. Decidimos falar aqui em foto-
grafia “criativa”.
Índice geral
Introdução
Então, em que campo da indústria criativa você está Na fotografia criativa, o cliente é quem dá as cartas.
pensando em trabalhar? O terceiro capítulo trata dos Portanto, o fotógrafo precisa entender tanto o que é
diversos setores da indústria da fotografia criativa, exigido dele quanto o que pode oferecer. O quinto
incluindo o comercial e o publicitário — as semelhan- capítulo enfoca o brief, um acordo entre o fotógrafo
ças e diferenças ao fazer fotografias para publicação. e o cliente, que pode ser formal ou informal. Ele
A fotografia de moda é uma das profissões mais popu- inclui aspectos importantes, como, por exemplo,
lares e uma das mais difíceis de acessar. Embora em delimitar até onde pode ir sua criatividade, o forma-
muitas áreas da fotografia criativa o cliente seja uma to apropriado para apresentar o trabalho realizado e
marca, uma organização ou uma publicação, esse como lidar com os aspectos legais e contratuais. Esta
também pode ser um indivíduo. A fotografia social seção também aborda como trabalhar com outros
—em especial retratos encomendados de indivíduos, profissionais e como trabalhar de forma segura.
famílias e grupos— é outra maneira de relacionamento Compreender o fluxo do trabalho fotográfico é fun-
com o cliente, geralmente de forma individual, e só é damental para chegar a uma compreensão da pro-
adequada para alguns fotógrafos. O fotojornalismo e dução das imagens nas indústrias criativas. O último
a fotografia de atualidades também não são para capítulo do livro explica o fluxo do trabalho básico,
todos. Há muitas outras funções na indústria que você do planejamento prévio à administração de bens.
pode exercer, não produzindo ativamente imagens, Por meio de estudos de caso, abordará as diferentes
mas lidando com fotografia no âmbito de uma galeria aplicações do fluxo do trabalho básico específico
ou banco de imagens. Estas funções intimamente para cada setor.
relacionadas e que requerem plena compreensão do
processo fotográfico criativo também serão aborda-
das neste livro.
Fazer parte das indústrias criativas costuma implicar
envolvimento comercial e, portanto, profissional.
O quarto capítulo examina como desenvolver uma
abordagem profissional, receber formação adequa-
da e adquirir experiência. Você precisará saber como
vender e promover seu talento para conseguir traba-
lho; esse capítulo explica como criar um portfólio (em
papel ou on-line) para transmitir mensagens apropria-
das e atrair os tipos certos de oferta. Uma vez que
você esteja estabelecido, pode ser importante unir-se
a uma associação profissional ou contratar um agente
para representá-lo e negociar em seu nome com os
clientes.
008/009
Câmera de fole
Michelle Wood
Um curso de fotografia, seja
técnico ou universitário,
proporciona espaço para
desenvolver a criatividade
individual, dominar uma gama
de equipamentos profissionais
e experimentar diferentes
estilos e técnicas.
Fundamentos da fotografia criativa
1
Fundamentos fotográficos
Fotográfico: (adj.) relativo à fotografia.
Fundamentos fotográficos
O mundo está saturado de imagens, a maioria foto- Desse modo a fotografia se refere à imagem feita
gráfica ou de algum modo baseada na fotografia. com luz. Isso inclui as imagens obtidas com lentes, e
Embora com o nosso consentimento, a fotografia se por essa razão atualmente existe uma categoria de
interpõe à nossa compreensão do mundo visual — isto arte e ensino classificada como “mídia baseada na
é, ela é penetrante e incontrolável. Parece que a lente”. Agora que sabemos o que é fotografia, deve-
sociedade sofre de um excesso de imagens. Com mos introduzir a questão: para que a sociedade usa a
certeza, somos capazes de reconhecer uma foto- fotografia? Novamente, o número de respostas será
grafia quando a vemos. No passado, a fotografia foi praticamente igual ao número de pessoas questio-
considerada apenas como um meio de registro; hoje, nadas. As respostas, no entanto, estarão agrupadas
no entanto, pode-se dizer que seus limites são cada em torno de tópicos como, por exemplo, comparti-
vez mais difusos. Para começar, devemos perguntar: lhar, recordar uma emoção, mostrar uma ideia ou
o que é exatamente fotografia? chamar a atenção das pessoas sobre uma situação.
Poderíamos falar com a mesma naturalidade de helio- Agora que chegamos a uma conclusão sobre o que é
grafia. Foi esse o nome dado às primeiras imagens fotografia e para que a usamos, para sermos capazes
permanentes tomadas da realidade e produzidas pelo de criar nossas próprias imagens de qualidade, pre-
francês Joseph Nicéphore Niépce por volta de 1826. cisamos saber o que faz com que uma fotografia seja
Ele denominou sua criação de “heliografia”, do grego boa. Perguntar às pessoas que características têm as
“sol” e “escrita/ desenho”. Naquela época não havia boas fotografias geraria muitas respostas. Pergunte
nenhuma palavra universalmente aceita para o pro- a um número suficiente de pessoas, e as respostas
cesso da criação de imagem com luz. Mais tarde, na vão cair em duas categorias distintas.
Inglaterra, William Henry Fox Talbot se referiu ao seu Uma tem que ver com os aspectos técnicos da ima-
processo —diferentemente de Niépce e, mais tarde, gem: exposição, utilização de diferentes técnicas
de Daguerre— como desenho fotogênico, ou seja, lite- fotográficas etc. A outra é mais difícil de definir
ralmente, desenho gerado por luz. — alguns diriam que está relacionada com os aspec-
Em 1839, quando o processo fotográfico estava sen- tos artísticos da imagem. Colocar as palavras “arte”
do apresentado ao público e à comunidade científica e “fotografia” na mesma frase levanta imediatamen-
no Reino Unido e na França, sir John Herschel, astrô- te uma série de diferentes questões, então vamos
nomo real e amigo de Fox Talbot, sugeriu a palavra chamar essa outra categoria de coisas relacionadas à
“fotografia”. Este termo também é composto por “composição” da fotografia. Em vez de falar em boa
palavras gregas, que significam “luz” e “ato de dese- fotografia, vamos usar a definição do fotojornalista
nhar ou escrever”: fos e grafis. Andreas Feininger (1906-1999) que a descreve
como “fotografia efetiva”: uma combinação de boa
técnica e composição consistente.
Elementos formais da composição
Princípios de design
Para tornar um objeto visível por meio de uma ima- A composição é o processo de identificação dos ele-
gem, os fotógrafos só podem escolher entre um mentos formais e de sua organização para produzir a
determinado conjunto de opções. Eles podem esco- imagem final. A edição mental realizada pelo fotógra-
lher ou alterar os seguintes elementos: o valor tonal fo faz com que a imagem final seja facilmente “legí-
para criar e alterar forma e volume; a qualidade da luz vel” pelo espectador. Às vezes a composição fotográ-
e das sombras; o espaço; as texturas; a cor; o ponto fica inclui a manipulação da luz e do tema — em geral,
de vista e a perspectiva; a seleção e a composição, no concentrando seleção e ênfase.
sentido limitado de combinação de objetos; os con-
troles da câmera (velocidade de obturador/diafrag-
ma); e a iluminação (a iluminação no estúdio pode ser
controlada pelo fotógrafo). Da mesma forma que as
respostas à pergunta “Por que uma fotografia é
boa?”, é fácil perceber que essas escolhas também
podem ser divididas nos campos da técnica e da com-
posição. A técnica fotográfica é abordada nas págs. 22
-27; o restante diz respeito à relação dos itens conhe-
cidos como elementos formais da composição.
Na educação artística formal e na análise de pinturas,
são identificados sete elementos formais: linha, figu-
ra, tonalidade e forma, textura, espaço e cor. Parte da
tarefa do fotógrafo criativo consiste em reconhecer e
trabalhar com estes elementos na fotografia.
“A composição é o processo de
identificação dos elementos
formais e de sua organização
para produzir a imagem final.”
1 014/015
Fundamentos fotográficos
Figura
A figura é definida por um dos
elementos formais, geralmente
linhas divisórias, que marcam
limites que podem ou não
existir. A figura também pode
gerar uma área de luz, textura
e cor. No mundo da arte
bidimensional, é necessário
acrescentar um sombreado para
criar a ilusão da forma mediante
a sugestão de altas luzes e
sombras. Se a figura tiver massa,
diz-se que tem volume. O tipo
de luz e sua posição criam a
aparência de solidez em uma
fotografia — o controle da luz,
mediante a compreensão de
seus efeitos sobre o tema,
é uma habilidade fotográfica
essencial.
Elementos formais da composição
Princípios de design
Textura
Textura é a representação
da interação entre a luz e a
superfície. Metais polidos
e superfícies de vidro são muito
refletivos e podem até atuar
como espelhos, sem nenhuma
textura. Já a madeira tem
uma textura de minúsculas altas
luzes e sombras que é revelada
quando a luz passa através dos
grãos. A iluminação para revelar
ou dissimular a textura é uma
das técnicas mais importantes
que o fotógrafo deve
desenvolver.
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Fundamentos fotográficos
Princípios de design
Variação
A variação é facilmente
reconhecível, mas pode ser
difícil conseguir um bom
equilíbrio entre o meramente
repetitivo e o visualmente
caótico. Isto pode significar
utilizar versões dos mesmos
objetos ou de objetos similares,
ou introduzir um elemento novo
e contrastante: a mesma figura,
mas com textura diferente;
a mesma cor, mas com forma
diferente.
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Fundamentos fotográficos
Padrão
O padrão exige cuidadosa
aplicação da variação para
evitar repetições injustificadas.
Alguns fotógrafos, quando
estão aprendendo sua arte,
descobrem a “captura do
padrão” e passam a fotografar
tudo o que se repete, como
se isto bastasse para produzir
imagens impressionantes
e significativas.
Contraste
Para a maioria dos fotógrafos,
o princípio-chave do design é o
contraste. Não é exatamente
o mesmo conceito que o de
contraste no sentido técnico
—o grau de mudança do preto para
o branco ou da sombra para a luz—,
mas o modo como os elementos
formais são escolhidos para
que contrastem entre si.
A ênfase procede do uso da luz
ou da cor para atrair e manter a
atenção do espectador. É também
uma questão de lente (o que
pode ser focado) e de aplicação
da profundidade de campo.
Voltaremos a falar de ênfase
quando tratarmos dos aspectos
técnicos da composição.
Elementos formais da composição
Princípios de design
Considerações técnicas