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N ManOrient Alcoolismo
N ManOrient Alcoolismo
Manual de Orientação
Departamento Científico de Adolescência
Introdução
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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente
Objetivo do documento
A adolescência e o álcool
Por quais motivos os adolescentes utilizam drogas? plexos. Alguns fatores podem estar relacionados
A adolescência é uma fase do crescimento e a essa fase da vida, como a sensação juvenil de
desenvolvimento humano, caracterizada por mu- onipotência, o desafio à estrutura familiar e social,
danças biológicas, cognitivas, emocionais e sociais a curiosidade, a impulsividade, a pressão e a acei-
importantes para a afirmação e consolidação de tação pelos seus pares e a busca de novas experi-
hábitos na vida adulta. É a faixa etária de maior ências. É nessa fase, em que existe a pressão dos
vulnerabilidade para experimentação e uso abusi- grupos de pertencimento, que o indivíduo é mais
vo de drogas, e os motivos que levam ao aumen- vulnerável às influências dos outros na aquisição
to do uso dessas substâncias são diversos e com- de diversos comportamentos de risco. Porém, são
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os valores intrínsecos e as atitudes adotadas pe- Dentre os fatores apontados pelos adolescen-
los pais, os principais norteadores da conduta dos tes que relataram consumo anterior de drogas,
filhos, que oferecem proteção ou risco para os jo- citaram como motivador à utilização em outro es-
vens, inclusive para o consumo de álcool. tudo que 18,5% apontaram a curiosidade, 15,4%
a diversão e o prazer proporcionados pela(s)
O que se conhece, em geral, sobre o uso de álcool substância(s), 7,7% indicaram a influência de
entre adolescentes? amigos ou namorado(a) e 6,2% relacionaram ao
Estudo revela que 39,2% dos adolescentes ex- alívio do estresse diário (8).
perimentaram o álcool em casa pela primeira vez, Estes dados reforçam a importância da orien-
muitos na idade entre 12 e 13 anos, e referiam o tação pelo profissional de saúde no sentido de es-
costume de beber principalmente com amigos e clarecer as dúvidas pertinentes sobre esse tema,
familiares(6). Além disso, 44,5% dos escolares não principalmente sobre os efeitos, sensações e con-
sabiam qual seria a reação dos pais se chegassem sequências das bebidas alcoólicas e das drogas
em casa alcoolizados, o que reforça a importância no organismo, para que a curiosidade não seja in-
do ambiente familiar em que o consumo do álcool centivada entre os adolescentes. Paralelamente,
não é reforçado (6). há a necessidade de articulação entre o serviço de
O uso do álcool na adolescência é um fator saúde e as instituições de ensino de forma a po-
de exposição para problemas de saúde na idade tencializar o acesso à informação pelos jovens (8).
adulta, além de aumentar significativamente o Dentre os motivos apontados pelos adoles-
risco de o indivíduo se tornar um consumidor em centes para não utilização destas substâncias (ál-
excesso ao longo da vida, sendo uma preocupa- cool e drogas), 36,9% afirmaram que as drogas
ção mundial, podendo causar prejuízos sociais, não são importantes em sua vida, 16,9% destaca-
psíquicos e biológicos (7). ram o medo das consequências, 3,1% atribuíram
Os adolescentes constituem grupo de risco à influência religiosa, 3,1% relacionaram ao medo
peculiar entre os consumidores de bebidas al- da descoberta por parte da família, sendo que
coólicas, em dois aspectos principais: a época de 41,5% não responderam, pois, já haviam utiliza-
início do seu consumo e a forma como bebem (6,7). do tais substâncias. Este dado remete à importân-
A precocidade de início do uso de álcool é um cia de um diálogo aberto sem preconceitos com
dos fatores preditores mais relevantes de proble- os adolescentes, enfatizando as consequências
mas futuros. O consumo antes dos 16 anos de ida- da utilização de tais substâncias, e, apontando, a
de aumenta significativamente o risco para beber priori, o caminho da atividade física, das relações
em excesso na idade adulta, em ambos os sexos. sociais saudáveis, da leitura e outras atividades,
Pesquisas indicam que quanto menor a idade mí- bem como o envolvimento em atividades praze-
nima legal para o consumo de bebidas, maiores rosas como alternativas que possam combater
as possibilidades de ocorrência de acidentes de ou minimizar a utilização das bebidas alcoólicas,
trânsito relacionados ao álcool, de traumatismos principalmente, em finais de semana ou em festas
acidentais, homicídios, suicídios e acidentes com por parte desta população (8).
armas de fogo (6).
Quanto à forma de beber, estudos apontam Quais são os fatores de risco para o uso de álcool pe-
que 90% do álcool consumido por adolescentes los adolescentes?
nos Estados Unidos ocorre de forma abusiva (bin- O álcool é uma das substâncias psicoativas
gedrinking), ou seja, a ingestão de cinco ou mais mais precocemente consumidas pelos jovens. Di-
doses na mesma ocasião, como ocorre com mui- ferentes estudos, nacionais e estrangeiros, siste-
tos adultos. Os adolescentes utilizam as bebidas maticamente confirmam a impressão genérica de
alcoólicas por curiosidade, por diversão, por pres- que, se há ampla divulgação e fácil acesso ao álco-
são do grupo social, ansiedade e devido à baixa ol, consequentemente seu consumo será precoce
autoestima (7,8). e disseminado. Além de mudanças na forma, local
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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente
de consumo e volume e concentração de etanol Quais são os principais dados sobre o consumo de
ingerido de acordo com a idade, assim como em álcool no mundo?
relação ao gênero: os meninos começam a beber Entre os estudos conhecidos identifica-
fora de casa e com amigos mais precocemente, -se que no Canadá, o uso de bebida alcoólica
enquanto as meninas, mantem o hábito de consu- por adolescentes foi de 59,1%. Na Espanha,
mo familiar e doméstico por mais tempo (9). 84% dos alunos adolescentes entrevistados
já tinham experimentado um ou vários tipos
Para Pechansky (2014), há informações con- de bebida alcoólica. Em Madri, os resultados
sistentes sobre elementos que influenciam o iní- apontaram que 85% dos adolescentes haviam
cio ou mantêm o uso de substâncias por parte dos experimentado álcool (4). Em 2013 – Youth Risk
adolescentes. Alguns deles se encontram abaixo: Behavior Survey (EUA) mostrou que cerca de
35,0% dos adolescentes entre 14 e 17 anos re-
1) A experimentação inicial se dá pelo fato de feriram consumo de álcool nos últimos 30 dias.
o adolescente ter amigos que usam drogas, o No Health Behavior in School-Aged Children
que gera uma pressão de grupo na direção do (HBSC) estudos referentes a adolescentes entre
uso. Por outro lado, valores construtivos e per- 11 a 15 anos de 41 países e regiões da Europa
formance escolar dos colegas ou amigos tam- e América do Norte demonstraram o consumo
bém podem ser um elemento na prevenção semanal variando de 0% a 59,0%, dependendo
do uso de drogas. O efeito de loops, ou seja, do país, sexo e faixa etária (4).
a potencialidade de que retroalimentações O uso do álcool nos últimos 30 dias, pelos
acontecem entre uso de drogas pelos colegas adolescentes foi verificado em países da América
e amigos e o uso pessoal de álcool e drogas Latina como Argentina (25,5%), Uruguai (17,7%)
(adolescentes que estão usando álcool e dro- e Peru (17,3%) evidenciando necessidade de uma
gas têm mais chance de estarem associados a atenção maior para esse importante problema de
pares que também usam drogas e, essa asso- Saúde Pública, refletindo a magnitude do proble-
ciação, por sua vez, aumenta a chance de que ma para a saúde mundial (4).
eles mantenham ou aumentem o seu envolvi- O relatório publicado pelo Escritório Regional
mento com drogas). da Organização Mundial de Saúde (OMS) para as
Américas / Organização Pan-Americana da Saúde
2) Elementos relacionados à estrutura de vida do nas Américas aponta que a América é a segunda
adolescente desencadeiam um papel funda- maior região em consumo per capita de álcool de
mental na gênese da dependência de drogas. todas as regiões analisadas depois da Europa (10).
Traumas familiares, separação, brigas e agres- O consumo excessivo de álcool é um dos
sões estavam francamente associados ao gru- responsáveis pelo aumento dos acidentes e dos
po de adolescentes com maior intensidade de óbitos por causas externas, principalmente na
dependência. O papel dos pais e do ambien- adolescência. A experimentação pela primeira
te familiar é marcante no desenvolvimento vez costuma ocorrer precocemente, em idade
do adolescente e, consequentemente, na sua inferior a 12 anos. Em muitos casos, o consumo
relação com o álcool e outras drogas. Falta de acontece junto à família, em casa e com os ami-
suporte parental, famílias disfuncionais, uso gos, em festas, bares e shoppings. Além disso,
de drogas pelos próprios pais, atitudes per- sabe-se que o uso de substâncias psicoativas
missivas dos pais perante o uso de drogas, in- costuma produzir um efeito multiplicador, em
capacidade de controle dos filhos pelos pais, que o consumo de uma substância aumenta o
indisciplina e uso de drogas pelos irmãos são risco do consumo de outras. Estudo longitudinal
todos fatores predisponentes à maior inicia- com adolescentes finlandeses observou que o
ção ou continuação de uso de drogas por parte uso de álcool na adolescência aumentava o risco
dos adolescentes (9). de tabagismo na vida adulta (4).
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Quais são os principais dados sobre o consu- em uma ou duas ocasiões no período. Entre os
mo de álcool no Brasil? adolescentes que consumiam bebidas alcoó-
Os estudos sobre o uso de álcool no Brasil licas, 24,1% beberam pela primeira vez antes
com amostras de estudantes começaram em de 12 anos de idade, e os tipos de bebidas al-
meados da década de 1980 e têm mostrado o coólicas mais consumidas pelos adolescentes
consumo de bebidas alcoólicas por uma parce- foram os drinques à base de vodca, rum ou
la importante de adolescentes no país (3). Uma tequila e a cerveja. Observou-se prevalência
revisão sistemática de 28 estudos populacio- elevada de uso de álcool pelos adolescentes,
nais com adolescentes entre 10 e 19 anos en- assim como o início precoce (3).
controu prevalências de consumo de bebidas Outros estudos também relatam início pre-
alcoólicas (segundo diferentes definições) va- coce na experimentação de bebidas alcoólicas.
riando de 23,0% a 68,0% (3). Esse dado é bastante preocupante se conside-
A Pesquisa Nacional de Saúde do Esco- rarmos que o consumo de bebidas alcoólicas
lar (PeNSE) revelou em 2009 a prevalência de só está legalmente autorizado no Brasil para
27,3% e em 2012 prevalência de 26,1% de indivíduos maiores de 18 anos (3).
consumo de álcool entre adolescentes. Cerca
de três quartos dos adolescentes entre 13 e Que bebidas são consumidas atualmente?
15 anos já experimentaram álcool, cerca de um A preferência do tipo de bebida está mu-
quarto bebeu regularmente nos últimos 30 dias dando. Dados do Levantamento Nacional de
com episódios de embriaguez e 9% relatam ter Álcool e Drogas (LENAD)2005-2006 revelam a
tido problemas com o álcool. Estes dados mos- cerveja (cerca de 50,0%), seguida pelo vinho
tram a extensão e gravidade do problema tão (cerca de 35,0%) são as bebidas preferidas, ex-
frequente entre adolescentes brasileiros (6). ceto nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul,
O sexto Levantamento Nacional sobre o onde são os destilados (vodca, rum e tequila).
Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estu- Mesmo no Norte e Nordeste o uso de drinques
dantes do Ensino Fundamental e Médio das Re- à base de destilados ficou em segundo lugar
des Pública e Privada, realizado nas 27 capitais independentemente do sexo. Na região Sul,
brasileiras (dados de 2010) ouviu 50.890 estu- o vinho ficou em terceiro lugar com cerca de
dantes, e 15,4% dos com idades entre 10 e 12 13,0%. Portanto, observa-se provável mudan-
anos declaram ter consumido álcool no ano da ça por bebidas de alto teor alcoólico entre os
pesquisa. A proporção subiu para 43,6% entre adolescentes (13).
aqueles entre 13 e 15 anos, e para 65,3% en- Uma explicação a ser considerada seria a
tre os adolescentes com 16 a 18 anos. De todo busca, pelos adolescentes, do efeito do álcool,
o universo pesquisado, 60,5% dos estudantes mas com um sabor mais atraente na mistura de
declararam ter consumido álcool. Mais que um refrigerantes, sucos e bebidas lácteas(3). Am-
quinto dos estudantes (21,1%) tinha consumi- plamente divulgado e conhecido pelos jovens
do álcool no mês da pesquisa (11,12). e vendido na mídia como Kit da balada (vodka
Em 2016, o Estudo de Riscos Cardiovascula- com energético), mas muitas vezes se usa ál-
res em Adolescentes (ERICA), estudo transver- cool adulterado ou caseiro e os jovens nada
sal, multicêntrico, nacional e de base escolar, sabem!
avaliou 74.589 adolescentes de 1.247 escolas Outro aspecto a ser ressaltado quanto ao
em 124 municípios brasileiros. O ERICA verifi- consumo desse tipo de bebida é que, por con-
cou resultados expressivos tais como cerca de ter maior concentração alcoólica (em torno de
20% dos adolescentes consumiram bebidas 40,0%), as bebidas destiladas proporcionam
alcoólicas pelo menos uma vez nos últimos 30 os efeitos da alta ingestão de álcool mesmo
dias e, desses, aproximadamente 2/3 o fizeram com consumo de pequenas quantidades (3).
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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente
A família é o alicerce de qualquer indivíduo, cuidar de sua vida com melhor qualidade (4).
uma vez que esta é responsável pela elaboração de Como o uso do álcool é socialmente aceitável e
relações primárias de convivência e a base de seu estimulado na maioria dos países, tem sido grande
desenvolvimento, e quando esta família não está a exposição dos adolescentes ao álcool e, portanto,
em condições de apoiar, o adolescente procura pre- às maiores chances de se envolverem em episódios
encher essa lacuna na rua com amigos próximos e, de risco (4).
dependendo da situação vivenciada, pode ser in- A família é o ambiente fundamental para o
centivado à experimentação e ao uso de drogas (8). desenvolvimento dos adolescentes, tornando-se
“A estrutura e composição da família, o padrão muito importante o apoio dos pais e o acompanha-
de interação familiar, a comunicação entre seus mento dos mesmos em relação às atividades desen-
membros, a religião e a esperança são componen- volvidas pelos filhos. Filhos cujos pais estão mais
tes que se articulam diretamente com a prática do atentos às atividades desenvolvidas por eles apre-
consumo de álcool pelos adolescentes” (14). Todos sentam menor envolvimento com álcool, drogas e
os adolescentes precisam de modelos ou líderes e tabaco. O fato dos adolescentes considerarem que
estes podem exercer papel importante na decisão 93% dos pais ficariam chateados caso chegassem
de beber. bêbados em casa, mostra a família como um espa-
As famílias são responsáveis por seus jovens. ço de proteção, quando os pais se preocupam com
No ambiente familiar se constrói e se compartilha as atitudes dos filhos e os desencorajam a atitudes
experiências e são transmitidas as primeiras regras consideradas de risco (6).
e valores ligados ao convívio social. Em muitas fa- O interesse demonstrado pelos pais em re-
mílias e culturas, o álcool não é visto como um fa- lação à vida cotidiana dos filhos, aos lugares que
tor de risco à saúde e sim como elemento cultural frequentam, ao que fazem no tempo livre e aos
e agregador. É comum encontrar nessas famílias amigos com que se relacionam é uma prática que
adultos que oferecem vinho diluído com água para diminui o comportamento de risco na adolescên-
a criança, utilizando-o como se fosse um alimento, cia, como uso de álcool. A convivência e a coesão
sobretudo na cultura italiana (4,14,15). familiar, assim como as atividades conjuntas, pre-
Sabe-se que, a ausência de limites e/ou auto- vinem o uso de álcool e drogas por adolescentes,
ridade, o descumprimento de regras, a carência de a transgressão juvenil, a depressão e os sintomas
afeto, de compreensão e de apoio familiar podem psicossomáticos. Nesse sentido, o indicador de
fragilizar os adolescentes, favorecendo a influência convivência familiar (fazer refeições com a com-
prejudicial de amigos e a adoção de comportamen- panhia dos pais, por exemplo) representa um fator
tos de risco à saúde. É necessária uma atitude fa- protetor para o consumo de álcool (5).
miliar positiva no sentido de alterar hábitos pouco Sabe-se que muitos dos pais brasileiros não
saudáveis e evitar que os jovens sejam influencia- conversam com os filhos sobre o consumo de álcool,
dos negativamente por amigos e pessoas de suas apesar da maioria dizer que consideram importan-
relações (4). Portanto, é necessário o envolvimento te. Já na Alemanha, apenas 15% dos pais disseram
da família e da escola na realização de programas nunca ter falado sobre o assunto com seus filhos (16).
educativos voltados à prevenção do consumo de ál- Quase metade dos pais brasileiros, que disse-
cool ou de outras drogas, principalmente entre ado- ram não ter tocado no assunto, consideram que o
lescentes mais jovens(4). filho é muito novo para isso (48%), apesar de a mé-
Cada adulto, familiar, profissional da Saúde ou dia de idade em que os entrevistados consideraram
da Educação, representante da comunidade, tem ideal para a conversa ser 9 anos. Vinte e dois por
papel importante na orientação do adolescente cento disseram não saber como tocar no assunto,
oferecendo-lhe a oportunidade da informação, con- 15% afirmaram confiar nos filhos e 9% alegaram
tribuindo para que se torne habilitado e capaz de que acham estranho ou têm vergonha de conversar
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sobre isso. Geralmente, os pais também consomem cidas como “fatores de risco e proteção”. Dentre
álcool e de forma exagerada, o que torna difícil fa- os fatores de risco se destacam: genética, transtor-
lar de um hábito que ocorre, às vezes, na frente dos nos psiquiátricos - transtornos de conduta - falta
filhos. Os pais que não consomem de maneira abu- de monitoramento dos pais e disponibilidade do
siva na frente dos filhos, os protegem do consumo álcool. Já entre os fatores protetores, destacam-se:
mais tarde (16). controle da impulsividade, supervisão dos pais,
bom desempenho acadêmico e políticas públicas
A influência familiar é positiva ou negativa? de prevenção sobre drogas. Vale ressaltar que os
Evidências científicas apontam que determina- fatores de risco não são necessariamente iguais
das características ou situações podem aumentar a todos os indivíduos e podem variar conforme a
ou diminuir a probabilidade de surgimento e/ou personalidade, a fase do desenvolvimento e o am-
agravamento de problemas com o álcool, conhe- biente em que estão inseridos (12).
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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente
No Brasil, qualquer bar ou botequim nas cidades ou em qualquer lanchonete nos postos de gasolina,
vendem cervejas sem qualquer fiscalização da idade dos compradores.
A Escola – como pode intervir no consumo de bebi- agressividade e violência dos alunos. O uso
das alcoólicas? abusivo de drogas psicotrópicas retroalimen-
A escola é vista como um agente transforma- ta a violência e está associado com atos de
dor e promotor da educação em saúde. Quando bullying para ambos sexos. Também, os jovens
ela é incapaz de desenvolver esse papel, associa- que fazem esse uso apresentam maior agressi-
do à falta de apoio familiar e à facilidade de aces- vidade, estão menos predispostos aos estudos
so ao álcool, tabaco e outras drogas prejudiciais e são mais desatentos (4).
à saúde, há produção de vários fatores que pre- Ações de saúde e educação para a população
dispõem o estudante ao uso dessas substâncias (4). estudantil adolescente devem ser planejadas a
As escolas têm vivenciado um aumento da fim de diminuir a prevalência e o início precoce
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do consumo de bebidas alcoólicas em todo o país. de álcool pelos jovens – seja no ambiente domi-
Este documento poderá servir de subsídio ciliar, em festividades, ou mesmo em ambientes
às ações do Programa de Saúde na Escola (PSE), públicos, como durante festivais de música ou
uma política nacional ou implantada desde 2007 no Carnaval (17).
com o propósito de articular as áreas da Saúde e Desde março de 2015, vender, fornecer, servir,
da Educação no desenvolvimento de estratégias ministrar ou entregar bebida alcoólica a criança
de ação para promover uma população escolar ou adolescente, ainda que gratuitamente, é passí-
mais saudável. vel de detenção por dois a quatro anos e multa. A
publicidade está restrita a bebidas com teor alco-
As Leis - Qual é a legislação brasileira sobre o con- ólico igual ou superior a 0,5 grau Gay Lussac(GL),
sumo de álcool para crianças e adolescentes? Lei Federal 9.294/96, cujos anúncios só podem
Embora o álcool seja uma droga legalizada e ser veiculados em emissoras de rádio e televisão
considerada lícita na sociedade brasileira e seu entre 21h e 6h. A veiculação até 23h só pode ser
consumo social seja aceito, não se pode esque- feita no intervalo de programas não recomenda-
cer da existência de leis vigentes, que proíbem a dos para menores de 18 anos (3).
venda de álcool para menores de 18 anos. Essas No Brasil, também o Estatuto da Criança e
leis não estão sendo cumpridas ou fiscalizadas e do Adolescente (ECA) tipifica como criminosa a
direta ou indiretamente, tem havido estímulo ao conduta de quem vende, fornece, ministra ou en-
consumo por parte das propagandas sobre be- trega bebidas alcoólicas e outros produtos capa-
bidas alcoólicas. Há necessidade de revisão da zes de causar dependência física ou psíquica em
legislação sobre a propaganda desses produtos. crianças ou adolescentes. A falta de fiscalização
Ao mesmo tempo em que a lei brasileira define no cumprimento da Lei e a permissividade das
como proibida a venda de bebidas alcoólicas famílias e da sociedade são fatores que contri-
para menores de 18 anos (Lei nº 9.294, de 15 buem para o consumo de bebidas alcoólicas e
de julho de 1996), é prática comum o consumo outras drogas (4).
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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente
1) O uso de álcool por crianças e adolescentes 5) O uso precoce de bebidas alcoólicas pode
está mais associado à morte do que todas as subs- ter consequências duradouras. Aqueles que come-
tâncias psicoativas ilícitas em conjunto. Sabe-se, çam beber antes dos 15 anos apresentam predis-
por exemplo, que os acidentes automobilísticos são posição quatro vezes maior de desenvolver de-
a principal causa de morte entre jovens dos 16 aos pendência dessa substância do que aqueles que
20 anos. Este comportamento é mais característico fizeram seu primeiro uso de álcool aos 20 anos ou
de adolescentes do que adultos, pois a prevalência mais de idade (9,18,19).
de acidentes automobilísticos fatais associados ao 6) Outros danos cerebrais incluem modifica-
álcool, entre jovens de 16 a 20 anos, é mais do que ções no sistema dopaminérgico, como nas vias do
o dobro da prevalência encontrada entre os maiores córtex pré-frontal e do sistema límbico. Alterações
de 21 anos. nestes sistemas acarretam efeitos significativos em
2) Estar alcoolizado aumenta a chance de vio- termos comportamentais e emocionais em adoles-
lência sexual, tanto para o agressor quando para a centes. É importante destacar que, durante a ado-
vítima. Da mesma forma, tendo consumido álcool, o lescência, o córtex pré-frontal ainda está em desen-
adolescente envolve-se mais em atividades sexuais volvimento. Como ele pode ser afetado pelo uso de
sem proteção, com mais exposição às infecções se- álcool, uma série de habilidades que o adolescente
xualmente transmissíveis, como ao vírus HIV, e, mais necessita desenvolver e que são mediadas por este
exposição aos riscos da gravidez. Dados nacionais circuito – como o aprendizado de regras e tarefas
apontam para uma associação entre uso de álco- focalizadas – ficarão prejudicadas. O hipocampo, as-
ol, maconha e comportamentos sexuais de risco – sociado à memória e ao aprendizado, é afetado pelo
como início precoce de atividade sexual, não uso de uso de álcool por adolescentes, apresentando-se
preservativos, e exploração sexual comercial (9,18,19). com menor volume em usuários de álcool do que
3) O consumo de álcool na adolescência tam- em controles e tendo sua característica funcional
bém está associado a uma série de prejuízos acadê- afetada pela idade de início do uso de álcool e pela
micos como, déficit de memória: adolescentes com duração do transtorno. Estes dados são importantes,
dependência de álcool apresentam mais dificulda- pois demonstram haver um efeito cerebral conse-
des em recordar palavras e desenhos geométricos quente ao consumo de álcool em adolescentes: os
simples após um intervalo de 10 minutos, em com- efeitos ocorrem em áreas cerebrais ainda em desen-
paração aos adolescentes sem dependência alcoó- volvimento e associadas a habilidades cognitivo-
lica. A memória é função fundamental no processo -comportamentais que deveriam iniciar ou se firmar
de aprendizagem e esta se altera com o consumo de na adolescência (9). Apresentam alteração do sono,
álcool. A queda no rendimento escolar pode dimi- seja na manutenção como conciliação, provocando
nuir a autoestima do jovem, o que representa um acúmulo de cansaço, aumentando o prejuízo laboral
conhecido fator de risco para maior envolvimento e educacional (9).
com experimentação, consumo e abuso de subs- 7) O adolescente ainda está construindo a sua
tâncias psicoativas. Assim, a consequência do uso identidade. Mesmo sem um diagnóstico de abuso
abusivo de álcool para o adolescente poderia levá- ou dependência de álcool, pode se prejudicar com o
-lo a aumentar o consumo em uma cadeia de retro- seu consumo, à medida que se habitua a passar por
alimentação, ao invés de motivá-lo a diminuir ou uma série de situações apenas sob efeito de álcool.
interromper o uso (9,18,19). Vários adolescentes costumam, por exemplo, asso-
4) A percepção que o adolescente tem sobre ciar o lazer ao consumo de álcool, ou só conseguem
os problemas decorrentes do consumo de álcool tomar iniciativas em experiências afetivas e sexuais
não acompanha, necessariamente, a hierarquia dos se beberem. Assim, aprendem a desenvolver habili-
prejuízos considerados mais graves como seu com- dades sociais apenas possíveis com o uso de álcool
portamento de uma forma imprópria durante ou e, quando este não se encontra disponível, sentem-
após o consumo, prejuízo no pensamento, ou dirigir -se incapazes de desempenhar estas atividades,
alcoolizado (9,18,19). evidenciando uma outra forma de dependência (9).
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Fatores de risco e protetores caracterizam si- escolar; dificuldade com as relações sociais; in-
tuações que aumentam ou diminuem a probabili- gresso em grupos de comportamento inadequado;
dade de evolução do uso para dependência e/ou percepção de aprovação de uso de substâncias
abuso (7). De acordo com a política do Ministério psicoativas pelo ambiente escolar e social e pelos
da Saúde para a atenção integral a usuários de companheiros, além de facilidade de acesso (7).
álcool e outras drogas cinco fatores propiciam o A disponibilidade comercial também desem-
abuso de substâncias psicoativas: penha papel relevante como fator de risco e pes-
• falta de informação sobre o problema; quisas vem sendo conduzidas em vários países
• dificuldade de inserção no meio familiar e no para verificar com que facilidade os adolescentes
trabalho; obtêm bebidas alcoólicas em pontos de venda e
• insatisfação com a qualidade de vida; de que forma a sua compra é realizada: direta-
• problemas de saúde; mente, por meio de irmãos, amigos ou adquirindo
• facilidade de acesso às substâncias psicoativas as bebidas em casa (18).
incluindo as bebidas alcoólicas(7). Nesse ambiente, a norma é o descumprimen-
to da lei por parte de quem deveria observá-la, a
Quais são os fatores de risco para o uso de álcool? omissão do poder público que deveria fiscalizar
Pode-se caracterizar como fatores de risco seu cumprimento e o silêncio da sociedade que
familiares o ambiente doméstico caótico (pais deveria exigi-lo (17).
abusadores de alguma substância e transtornos O baixo preço torna o álcool facilmente aces-
psiquiátricos); a paternidade não-participante, es- sível para os adolescentes, que são também as
pecialmente com filhos de temperamento difícil e maiores vítimas das poucas restrições à propa-
problemas de conduta; e, por fim, falta de vínculo ganda de bebidas nos meios de comunicação. A
afetivo com a criança e com o adolescente(7). ampla disponibilidade do álcool nos ambientes
Além dos fatores familiares, há fatores de risco banaliza o seu consumo. Bares operando em sis-
ligados à escola e/ou comunidade, como timidez tema de consumação mínima, promoções do tipo
e/ou agressividade na escola; baixo desempenho “open bar”,“kit balada”, venda de bebidas para
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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente
consumo imediato em postos de gasolina, agra- Quais fatores evitam o uso de bebidas alcoólicas?
vam o risco de problemas relacionados ao consu- Como fator protetor destaca-se o apoio, com
mo de álcool nesta faixa etária (18). fortes laços afetivos; a participação efetiva dos
Os valores sociais que imperam são: a aceita- pais na vida dos filhos, determinando regras cla-
ção do consumo de álcool por adolescentes e a ras de conduta no núcleo familiar (o que propicia o
tolerância em relação à transgressão de uma lei desenvolvimento de recursos internos diante das
que proíbe a venda a menores de 18 anos (16). Este frustrações); o rendimento escolar satisfatório; as
fato demonstra a necessidade da implantação de relações com outros núcleos da comunidade como
um ambiente envolvendo atividades culturais igreja, ações cívicas, grupos desportivos, exem-
denominadas de protagonismo juvenil onde os plos, recolhimento de donativos, entre outros; a
adolescentes possam dialogar, relatar medos, ca- adoção de normas convencionais e regras familia-
rências e descobertas com outros adolescentes, res a respeito de uso de bebidas alcoólicas e outras
socializar experiências e estabelecer novos laços substâncias psicoativas (7). A busca de informações,
de amizade, como alternativas para a prevenção a orientação adequada dos pais por pediatras e ou-
do uso de bebidas alcoólicas e de outras drogas. tros profissionais é sempre muito importante.
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mental o conhecimento, ele não é capaz de, por A viabilização dos programas de prevenção está
si só, mudar o comportamento dos adolescentes. diretamente vinculada à participação das famílias e
Para tanto, têm sido usados outros modelos de seus filhos, promovendo o protagonismo infanto-ju-
prevenção primária, como fortalecimento de ati- venil, em todas as etapas do trabalho proposto. Vale
tudes saudáveis, promoção de atividades esporti- ressaltar que os conceitos de prevenção e promoção
vas e culturais, modificação do ambiente e sensi- de saúde muitas vezes se confundem na prevenção.
bilização de líderes juvenis com o objetivo de que O foco dessa ação são as modificações do compor-
se tornem multiplicadores junto a seus pares (7). tamento individual e a redução dos fatores de risco,
As prevenções secundária e terciária envolvem configurando o modelo de intervenção biomédico
orientação familiar no tratamento e reinserção do modelo psicossocial. Na promoção da saúde a
dos adolescentes dependentes do álcool no seu estratégia é a da mediação entre as pessoas e seu
meio familiar, educacional e social. A inexistência ambiente, conforme os determinantes sociais da
de uma política pública integrada contribui para a saúde/doença. Essas duas abordagens se comple-
precariedade das ações e propostas visando a im- mentam e possibilitam, no caso da droga lícita, o ál-
plementação de medidas preventivas. Mesmo as- cool, o benefício das medidas propostas por ambas
sim têm sido verificadas iniciativas dos setores da as estratégias de intervenção (7). Importante sempre
saúde e da educação que ainda não conseguiram diferenciar as drogas consideradas lícitas das ilíci-
mudar o quadro epidemiológico no país relativo ao tas, mas fazer a associação dos efeitos a curto prazo
problema em questão. Promover a criação de re- e repercussões a longo prazo, durante a vida adulta.
des de apoio, intensificar a atenção integral à saú- Importante sempre diferenciar as drogas conside-
de do adolescente e insistir na valorização da vida radas lícitas das ilícitas, mas fazer a associação dos
podem ser os diferenciais para a prevenção de uso efeitos a curto prazo e repercussões a longo prazo,
e abuso do álcool pelos adolescentes (7). durante a vida adulta.
Bem aceito por boa parte da sociedade, legaliza- A prevenção deve ser realizada através das in-
do e promovido pela publicidade, o consumo de ál- terfaces com outros temas importantes durante a
cool deve ser tema de conversa entre pais e filhos. O adolescência, como estímulo à autoestima, resili-
tempo certo para a conversa, no entanto, é variável e ência, bullying e violência; o desafio das depen-
depende de cada família, embora a necessidade da dências não químicas; a importância dos limites de
conversa dependa do grau de exposição à bebida, tempo de tela na era digital; influência da mídia; a
é bom que isso não seja depois dos 12 anos, idade sexualidade; a importância da família, entre outros
em que muitos têm o primeiro contato com o álcool. temas relevantes (20,21).
Melhor que a conversa é o exemplo. Nesta fase a lin-
guagem não verbal é muito importante e a rotina em Qual é o papel atribuído às famílias na prevenção?
casa e o comportamento dos pais também (19).
O critério sobre investimento de recursos e polí- “As famílias podem atuar de maneira protetora,
ticas públicas direcionadas à prevenção, na realidade principalmente quando existem fortes vínculos
brasileira, ainda é muito incipiente. Em virtude da familiares e envolvimento afetivo” (21).
mentalidade sociocultural meramente curativa, hoje
as noções são mais voltadas para o tratamento. A As primeiras interações da criança ocorrem com
prevenção é mais eficaz e de baixo custo, sendo que seus familiares e podem ser positivas ou negativas.
estimativas evidenciam que para cada um dólar in- Por essa razão, os fatores que afetam o desenvolvi-
vestido em prevenção ocorre uma economia de até mento na família são provavelmente os mais cruciais,
10 dólares em tratamento para abuso de álcool ou podendo exercer tanto um caráter protetor como de
outra substância (20,21). risco para o uso e abuso do álcool (21).
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“Álcool é considerado uma DROGA, mesmo sen- Quais são as orientações recomendadas aos pais
do legal e permitida a venda e cuidadores?
em muitos locais” 1- Evitar a ingestão e o consumo de bebidas
alcoólicas durante todo o período da gestação e
Quais as orientações para os pediatras? amamentação. Álcool zero nestes períodos!
1- Importância de conversar sobre as questões 2- Alertar sobre as consequências do uso pre-
envolvendo o uso de quaisquer drogas/nicotina/ál- coce do álcool assim como todas as outras drogas
cool nas rotinas das famílias como uma oportunida- legais e ilegais no corpo humano especialmente
de durante a consulta para estabelecer o diálogo e durante as fases de crescimento e desenvolvimen-
orientação sobre prevenção dos riscos. to cerebral e mental das crianças e adolescentes.
2- Eliminar e contrapor as ideias pré-concebi- 3- Evitar a exposição e glamorização das in-
das, preconceituosas e estereotipadas em relação ao toxicações (“bebedeiras”) nas festas de família e
tema do uso de drogas/nicotina/álcool e tratar das a noção errônea de que “beber cedo é motivo de
causas e dos riscos associados durante a avaliação júbilo e orgulho para os pais” (distorção do mode-
diagnóstica. Referenciar aos especialistas ou psico- lo referencial familiar e cultural).
terapeutas, se e quando necessário. 4- Estar consciente sobre as pressões de con-
3- Estar preparado para ouvir os adolescentes sumo e marketing e propagandas exercidas pelas
em seus questionamentos, dúvidas, descobertas e mídias que usam de mensagens estereotipadas
ambivalências sobre todos os aspectos e os obstá- que bebidas alcoólicas fazem parte da festa e que
culos encontrados nas rotinas e dinâmicas da famí- “beber relaxa e traz felicidades! ”
lia e da escola. 5- Proibir a oferta e o consumo de bebidas
4- Conversar com os adolescentes sobre as alcoólicas em festas de aniversários e outras cele-
influências e pressões dos grupos de amigos/cole- brações e eventos com a participação de crianças
gas/redes sociais antes e durante as festas, feria- e adolescentes.
dos e férias e como estar alerta para não se subme- 6- Sempre que possível, conversar com os
ter às redes de exploração comercial sobre drogas/ filhos sobre o que as propagandas mostram real-
nicotina/álcool. mente (positivo e negativo) e o que elas não mos-
5- Explicar sobre os riscos corporais e compor- tram em suas duplas mensagens (análise crítica).
tamentais em relação ao uso e mistura do teor e qua- 7- Não utilizar os logos de bebidas alcoóli-
lidade/quantidade das bebidas alcoólicas e a asso- cas, como as cervejas, em camisetas, chaveiros,
ciação com outras drogas e ocasionar overdose, coma chupetas, brinquedos e outros produtos. Isto é
e morte por acidentes, além de outras emergências. marketing e favorece a associação precoce para o
6- Prover informações objetivas e corretas que consumo e o uso excessivo entre adolescentes.
reforcem que não consumir é mais “normal e sau- 8- Reforçar o papel supervisor, orientador e
dável” do que consumir e ficar drogado na busca de legal dos pais estabelecendo limites e regras de
sensações “paradisíacas” imaginárias que ocorrem convívio familiar e servindo como modelos refe-
durante as intoxicações. renciais entre as gerações.
7- Esclarecer sobre mitos e mensagens distor- 9- Alertar sobre os riscos da desidratação e
cidas que envolvam o uso das drogas/nicotina/álcool falta de alimentação e estimular o consumo e a
através da história e dos contextos sociais e sua rela- distribuição de água em shows e eventos, festas,
ção com a violência, mortes precoces e doenças. baladas à noite ou finais de semana ou férias. Es-
8- Trabalhar em redes de proteção social com tabelecer um telefone de contato para buscar nas
outros pediatras, através da SBP e suas filiadas, em saídas ou comunicação para qualquer emergência.
trabalhos e campanhas intersetoriais de prevenção 10- Construir uma rede de apoio com outros
envolvendo eventos com outros profissionais da mí- pais, com a escola e outros responsáveis para o
dia, sistema de garantia dos direitos, judiciário sobre planejamento das estratégias de prevenção e cui-
os aspectos da responsabilidade social e de saúde dados durante as festas e outras atividades/even-
pública em relação às drogas/nicotina/álcool. tos culturais ou comunitários.
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Triênio 2016/2018
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