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NºBrasileira

Departamento Científico de Adolescência • Sociedade 2, Fevereiro de 2017


de Pediatria

Manual de Orientação
Departamento Científico de Adolescência

Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS


à saúde da criança e do adolescente
Departamento Científico de Adolescência
Presidente: Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo
Secretária: Evelyn Eisenstein
Conselho Científico: Beatriz Bermudez, Elizabeth Cordeiro Fernandes, Halley Oliveira,
Lilian Day Hagel, Patrícia Regina Guimarães, Tamara Goldberg.
Colaboradores: Carmen Lúcia de Almeida Santos, Darlan Correa Dias, João Paulo Lotufo,
Monica Borile

Introdução

Nas últimas décadas, os padrões de morbi- O álcool na adolescência é fenômeno com-


mortalidade sofreram modificações profundas, plexo, multifatorial e socialmente determinado.
sendo que a predominância das mortes deixou de Participam da cadeia descritiva das causas do uso
ser ocasionada por doenças infectocontagiosas do álcool diversos fatores sociodemográficos no
para ser decorrente de doenças ligadas às mu- contexto do ambiente familiar, escolar além de
danças no estilo de vida. Esse processo é conhe- outros fatores, como a relação com amigos e ou-
cido como transição epidemiológica e afeta todos tros adolescentes(5). Os fatores que controlam a
os países. Entre os comportamentos prejudiciais oferta, o acesso e o marketing envolvendo as be-
à saúde, destaca-se o consumo de álcool, por ser bidas alcoólicas são fundamentais para se com-
um dos mais prevalentes na população, inclusive preender o contexto social, pois ultrapassam os
entre crianças e adolescentes (1,2). fatores individuais.
Segundo dados apresentados pela Organiza- O álcool é a substância psicotrópica conside-
ção Mundial de Saúde (OMS,2014), o consumo rada droga legal mais utilizada por adolescentes
de álcool excessivo no mundo é responsável por no Brasil e no mundo. Seu consumo nesse grupo é
2,5 milhões de mortes a cada ano. O percentual preocupante, tanto pela maior tendência à impul-
equivale a 4% de todas as mortes [no mundo], o sividade e atividades de risco, nessa fase da vida,
que faz com que o álcool se torne mais letal que quanto pelo prejuízo ao desenvolvimento cerebral
a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Aids) na infância e na adolescência, determinando reper-
e a tuberculose. A OMS também estima que 76,3 cussões durante a vida adulta. O consumo de bebi-
milhões de pessoas possuam diagnóstico de con- das alcoólicas compromete, sobretudo, a região cor-
sumo abusivo de álcool (2,3,4). tical, afetando negativamente o desenvolvimento

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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente

cognitivo, emocional e social do indivíduo. O uso de outros comportamentos de risco(4).


álcool na adolescência tende a ocorrer em conjunto Políticas públicas e iniciativas de promoção
com outros comportamentos de risco para a saúde, da saúde e prevenção ao uso do álcool em ida-
como o uso de tabaco e de drogas ilícitas, além de de precoce devem ser articuladas, com o envol-
comportamentos de risco sexual e maior número de vimento de diversos grupos (pais, professores e
acidentes automobilísiticos (3). escolas, pediatras, indivíduos que servem de mo-
O envolvimento precoce com esse tipo de delos para os mais jovens e os gestores do poder
substâncias, ainda que de forma curiosa e experi- público, educadores, membros da família e da
mental, poderá causar danos ao desenvolvimento sociedade em geral). Torna-se urgente envolver a
cognitivo e fisiológico, além de atraso no desen- sociedade no debate sobre o consumo de álcool
volvimento da capacidade de autocontrole dos entre adolescentes, visando aperfeiçoar as polí-
adolescentes, tornando-os mais suscetíveis às ticas públicas existentes, desde a regulação da
influências de amigos no seu envolvimento em oferta até a venda propriamente dita e o uso (5).

“Uso de álcool por menores de 18 anos deve ser


PROIBIDO e FISCALIZADO, em todo território nacional”

Objetivo do documento

C onsiderando a adolescência como uma estados, educadores, familiares, adolescentes e


fase vulnerável à aquisição de hábitos, os instituições governamentais e não governamen-
quais podem se tornar duradouros ao longo da tais que atuam com as crianças e os adolescentes
vida, este documento tem por objetivo descre- brasileiros para uma discussão concreta e atuali-
ver a prevalência do consumo de álcool entre zada, incentivando a prevenção do uso precoce
adolescentes brasileiros, sua importância na do álcool e, como consequência, promovendo a
saúde destes adolescentes e alertar os pe- saúde com hábitos saudáveis.
diatras, pais, professores e adolescentes para Um ponto é inquestionável no que diz respei-
a importância da prevenção de seu consumo to ao consumo de álcool por adolescentes: quan-
nessa fase da vida. to mais precoce o início de uso, maior o risco de
Neste sentido, o Departamento de Adoles- surgirem consequências graves a curto e longo
cência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) prazo. Os profissionais que lidam com este tema
elaborou este documento, dirigido aos pediatras, devem estar atentos para esta questão. Para tan-
como proposta inicial para recomendações e to, devem conhecer as particularidades da ado-
mobilização, envolvendo as filiadas em todos os lescência e do uso do álcool nesta faixa etária.

A adolescência e o álcool

Por quais motivos os adolescentes utilizam drogas? plexos. Alguns fatores podem estar relacionados
A adolescência é uma fase do crescimento e a essa fase da vida, como a sensação juvenil de
desenvolvimento humano, caracterizada por mu- onipotência, o desafio à estrutura familiar e social,
danças biológicas, cognitivas, emocionais e sociais a curiosidade, a impulsividade, a pressão e a acei-
importantes para a afirmação e consolidação de tação pelos seus pares e a busca de novas experi-
hábitos na vida adulta. É a faixa etária de maior ências. É nessa fase, em que existe a pressão dos
vulnerabilidade para experimentação e uso abusi- grupos de pertencimento, que o indivíduo é mais
vo de drogas, e os motivos que levam ao aumen- vulnerável às influências dos outros na aquisição
to do uso dessas substâncias são diversos e com- de diversos comportamentos de risco. Porém, são

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os valores intrínsecos e as atitudes adotadas pe- Dentre os fatores apontados pelos adolescen-
los pais, os principais norteadores da conduta dos tes que relataram consumo anterior de drogas,
filhos, que oferecem proteção ou risco para os jo- citaram como motivador à utilização em outro es-
vens, inclusive para o consumo de álcool. tudo que 18,5% apontaram a curiosidade, 15,4%
a diversão e o prazer proporcionados pela(s)
O que se conhece, em geral, sobre o uso de álcool substância(s), 7,7% indicaram a influência de
entre adolescentes? amigos ou namorado(a) e 6,2% relacionaram ao
Estudo revela que 39,2% dos adolescentes ex- alívio do estresse diário (8).
perimentaram o álcool em casa pela primeira vez, Estes dados reforçam a importância da orien-
muitos na idade entre 12 e 13 anos, e referiam o tação pelo profissional de saúde no sentido de es-
costume de beber principalmente com amigos e clarecer as dúvidas pertinentes sobre esse tema,
familiares(6). Além disso, 44,5% dos escolares não principalmente sobre os efeitos, sensações e con-
sabiam qual seria a reação dos pais se chegassem sequências das bebidas alcoólicas e das drogas
em casa alcoolizados, o que reforça a importância no organismo, para que a curiosidade não seja in-
do ambiente familiar em que o consumo do álcool centivada entre os adolescentes. Paralelamente,
não é reforçado (6). há a necessidade de articulação entre o serviço de
O uso do álcool na adolescência é um fator saúde e as instituições de ensino de forma a po-
de exposição para problemas de saúde na idade tencializar o acesso à informação pelos jovens (8).
adulta, além de aumentar significativamente o Dentre os motivos apontados pelos adoles-
risco de o indivíduo se tornar um consumidor em centes para não utilização destas substâncias (ál-
excesso ao longo da vida, sendo uma preocupa- cool e drogas), 36,9% afirmaram que as drogas
ção mundial, podendo causar prejuízos sociais, não são importantes em sua vida, 16,9% destaca-
psíquicos e biológicos (7). ram o medo das consequências, 3,1% atribuíram
Os adolescentes constituem grupo de risco à influência religiosa, 3,1% relacionaram ao medo
peculiar entre os consumidores de bebidas al- da descoberta por parte da família, sendo que
coólicas, em dois aspectos principais: a época de 41,5% não responderam, pois, já haviam utiliza-
início do seu consumo e a forma como bebem (6,7). do tais substâncias. Este dado remete à importân-
A precocidade de início do uso de álcool é um cia de um diálogo aberto sem preconceitos com
dos fatores preditores mais relevantes de proble- os adolescentes, enfatizando as consequências
mas futuros. O consumo antes dos 16 anos de ida- da utilização de tais substâncias, e, apontando, a
de aumenta significativamente o risco para beber priori, o caminho da atividade física, das relações
em excesso na idade adulta, em ambos os sexos. sociais saudáveis, da leitura e outras atividades,
Pesquisas indicam que quanto menor a idade mí- bem como o envolvimento em atividades praze-
nima legal para o consumo de bebidas, maiores rosas como alternativas que possam combater
as possibilidades de ocorrência de acidentes de ou minimizar a utilização das bebidas alcoólicas,
trânsito relacionados ao álcool, de traumatismos principalmente, em finais de semana ou em festas
acidentais, homicídios, suicídios e acidentes com por parte desta população (8).
armas de fogo (6).
Quanto à forma de beber, estudos apontam Quais são os fatores de risco para o uso de álcool pe-
que 90% do álcool consumido por adolescentes los adolescentes?
nos Estados Unidos ocorre de forma abusiva (bin- O álcool é uma das substâncias psicoativas
gedrinking), ou seja, a ingestão de cinco ou mais mais precocemente consumidas pelos jovens. Di-
doses na mesma ocasião, como ocorre com mui- ferentes estudos, nacionais e estrangeiros, siste-
tos adultos. Os adolescentes utilizam as bebidas maticamente confirmam a impressão genérica de
alcoólicas por curiosidade, por diversão, por pres- que, se há ampla divulgação e fácil acesso ao álco-
são do grupo social, ansiedade e devido à baixa ol, consequentemente seu consumo será precoce
autoestima (7,8). e disseminado. Além de mudanças na forma, local

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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente

de consumo e volume e concentração de etanol Quais são os principais dados sobre o consumo de
ingerido de acordo com a idade, assim como em álcool no mundo?
relação ao gênero: os meninos começam a beber Entre os estudos conhecidos identifica-
fora de casa e com amigos mais precocemente, -se que no Canadá, o uso de bebida alcoólica
enquanto as meninas, mantem o hábito de consu- por adolescentes foi de 59,1%. Na Espanha,
mo familiar e doméstico por mais tempo (9). 84% dos alunos adolescentes entrevistados
já tinham experimentado um ou vários tipos
Para Pechansky (2014), há informações con- de bebida alcoólica. Em Madri, os resultados
sistentes sobre elementos que influenciam o iní- apontaram que 85% dos adolescentes haviam
cio ou mantêm o uso de substâncias por parte dos experimentado álcool (4). Em 2013 – Youth Risk
adolescentes. Alguns deles se encontram abaixo: Behavior Survey (EUA) mostrou que cerca de
35,0% dos adolescentes entre 14 e 17 anos re-
1) A experimentação inicial se dá pelo fato de feriram consumo de álcool nos últimos 30 dias.
o adolescente ter amigos que usam drogas, o No Health Behavior in School-Aged Children
que gera uma pressão de grupo na direção do (HBSC) estudos referentes a adolescentes entre
uso. Por outro lado, valores construtivos e per- 11 a 15 anos de 41 países e regiões da Europa
formance escolar dos colegas ou amigos tam- e América do Norte demonstraram o consumo
bém podem ser um elemento na prevenção semanal variando de 0% a 59,0%, dependendo
do uso de drogas. O efeito de loops, ou seja, do país, sexo e faixa etária (4).
a potencialidade de que retroalimentações O uso do álcool nos últimos 30 dias, pelos
acontecem entre uso de drogas pelos colegas adolescentes foi verificado em países da América
e amigos e o uso pessoal de álcool e drogas Latina como Argentina (25,5%), Uruguai (17,7%)
(adolescentes que estão usando álcool e dro- e Peru (17,3%) evidenciando necessidade de uma
gas têm mais chance de estarem associados a atenção maior para esse importante problema de
pares que também usam drogas e, essa asso- Saúde Pública, refletindo a magnitude do proble-
ciação, por sua vez, aumenta a chance de que ma para a saúde mundial (4).
eles mantenham ou aumentem o seu envolvi- O relatório publicado pelo Escritório Regional
mento com drogas). da Organização Mundial de Saúde (OMS) para as
Américas / Organização Pan-Americana da Saúde
2) Elementos relacionados à estrutura de vida do nas Américas aponta que a América é a segunda
adolescente desencadeiam um papel funda- maior região em consumo per capita de álcool de
mental na gênese da dependência de drogas. todas as regiões analisadas depois da Europa (10).
Traumas familiares, separação, brigas e agres- O consumo excessivo de álcool é um dos
sões estavam francamente associados ao gru- responsáveis pelo aumento dos acidentes e dos
po de adolescentes com maior intensidade de óbitos por causas externas, principalmente na
dependência. O papel dos pais e do ambien- adolescência. A experimentação pela primeira
te familiar é marcante no desenvolvimento vez costuma ocorrer precocemente, em idade
do adolescente e, consequentemente, na sua inferior a 12 anos. Em muitos casos, o consumo
relação com o álcool e outras drogas. Falta de acontece junto à família, em casa e com os ami-
suporte parental, famílias disfuncionais, uso gos, em festas, bares e shoppings. Além disso,
de drogas pelos próprios pais, atitudes per- sabe-se que o uso de substâncias psicoativas
missivas dos pais perante o uso de drogas, in- costuma produzir um efeito multiplicador, em
capacidade de controle dos filhos pelos pais, que o consumo de uma substância aumenta o
indisciplina e uso de drogas pelos irmãos são risco do consumo de outras. Estudo longitudinal
todos fatores predisponentes à maior inicia- com adolescentes finlandeses observou que o
ção ou continuação de uso de drogas por parte uso de álcool na adolescência aumentava o risco
dos adolescentes (9). de tabagismo na vida adulta (4).

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Quais são os principais dados sobre o consu- em uma ou duas ocasiões no período. Entre os
mo de álcool no Brasil? adolescentes que consumiam bebidas alcoó-
Os estudos sobre o uso de álcool no Brasil licas, 24,1% beberam pela primeira vez antes
com amostras de estudantes começaram em de 12 anos de idade, e os tipos de bebidas al-
meados da década de 1980 e têm mostrado o coólicas mais consumidas pelos adolescentes
consumo de bebidas alcoólicas por uma parce- foram os drinques à base de vodca, rum ou
la importante de adolescentes no país (3). Uma tequila e a cerveja. Observou-se prevalência
revisão sistemática de 28 estudos populacio- elevada de uso de álcool pelos adolescentes,
nais com adolescentes entre 10 e 19 anos en- assim como o início precoce (3).
controu prevalências de consumo de bebidas Outros estudos também relatam início pre-
alcoólicas (segundo diferentes definições) va- coce na experimentação de bebidas alcoólicas.
riando de 23,0% a 68,0% (3). Esse dado é bastante preocupante se conside-
A Pesquisa Nacional de Saúde do Esco- rarmos que o consumo de bebidas alcoólicas
lar (PeNSE) revelou em 2009 a prevalência de só está legalmente autorizado no Brasil para
27,3% e em 2012 prevalência de 26,1% de indivíduos maiores de 18 anos (3).
consumo de álcool entre adolescentes. Cerca
de três quartos dos adolescentes entre 13 e Que bebidas são consumidas atualmente?
15 anos já experimentaram álcool, cerca de um A preferência do tipo de bebida está mu-
quarto bebeu regularmente nos últimos 30 dias dando. Dados do Levantamento Nacional de
com episódios de embriaguez e 9% relatam ter Álcool e Drogas (LENAD)2005-2006 revelam a
tido problemas com o álcool. Estes dados mos- cerveja (cerca de 50,0%), seguida pelo vinho
tram a extensão e gravidade do problema tão (cerca de 35,0%) são as bebidas preferidas, ex-
frequente entre adolescentes brasileiros (6). ceto nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul,
O sexto Levantamento Nacional sobre o onde são os destilados (vodca, rum e tequila).
Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estu- Mesmo no Norte e Nordeste o uso de drinques
dantes do Ensino Fundamental e Médio das Re- à base de destilados ficou em segundo lugar
des Pública e Privada, realizado nas 27 capitais independentemente do sexo. Na região Sul,
brasileiras (dados de 2010) ouviu 50.890 estu- o vinho ficou em terceiro lugar com cerca de
dantes, e 15,4% dos com idades entre 10 e 12 13,0%. Portanto, observa-se provável mudan-
anos declaram ter consumido álcool no ano da ça por bebidas de alto teor alcoólico entre os
pesquisa. A proporção subiu para 43,6% entre adolescentes (13).
aqueles entre 13 e 15 anos, e para 65,3% en- Uma explicação a ser considerada seria a
tre os adolescentes com 16 a 18 anos. De todo busca, pelos adolescentes, do efeito do álcool,
o universo pesquisado, 60,5% dos estudantes mas com um sabor mais atraente na mistura de
declararam ter consumido álcool. Mais que um refrigerantes, sucos e bebidas lácteas(3). Am-
quinto dos estudantes (21,1%) tinha consumi- plamente divulgado e conhecido pelos jovens
do álcool no mês da pesquisa (11,12). e vendido na mídia como Kit da balada (vodka
Em 2016, o Estudo de Riscos Cardiovascula- com energético), mas muitas vezes se usa ál-
res em Adolescentes (ERICA), estudo transver- cool adulterado ou caseiro e os jovens nada
sal, multicêntrico, nacional e de base escolar, sabem!
avaliou 74.589 adolescentes de 1.247 escolas Outro aspecto a ser ressaltado quanto ao
em 124 municípios brasileiros. O ERICA verifi- consumo desse tipo de bebida é que, por con-
cou resultados expressivos tais como cerca de ter maior concentração alcoólica (em torno de
20% dos adolescentes consumiram bebidas 40,0%), as bebidas destiladas proporcionam
alcoólicas pelo menos uma vez nos últimos 30 os efeitos da alta ingestão de álcool mesmo
dias e, desses, aproximadamente 2/3 o fizeram com consumo de pequenas quantidades (3).

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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente

Importância da família no uso de álcool

A família é o alicerce de qualquer indivíduo, cuidar de sua vida com melhor qualidade (4).
uma vez que esta é responsável pela elaboração de Como o uso do álcool é socialmente aceitável e
relações primárias de convivência e a base de seu estimulado na maioria dos países, tem sido grande
desenvolvimento, e quando esta família não está a exposição dos adolescentes ao álcool e, portanto,
em condições de apoiar, o adolescente procura pre- às maiores chances de se envolverem em episódios
encher essa lacuna na rua com amigos próximos e, de risco (4).
dependendo da situação vivenciada, pode ser in- A família é o ambiente fundamental para o
centivado à experimentação e ao uso de drogas (8). desenvolvimento dos adolescentes, tornando-se
“A estrutura e composição da família, o padrão muito importante o apoio dos pais e o acompanha-
de interação familiar, a comunicação entre seus mento dos mesmos em relação às atividades desen-
membros, a religião e a esperança são componen- volvidas pelos filhos. Filhos cujos pais estão mais
tes que se articulam diretamente com a prática do atentos às atividades desenvolvidas por eles apre-
consumo de álcool pelos adolescentes” (14). Todos sentam menor envolvimento com álcool, drogas e
os adolescentes precisam de modelos ou líderes e tabaco. O fato dos adolescentes considerarem que
estes podem exercer papel importante na decisão 93% dos pais ficariam chateados caso chegassem
de beber. bêbados em casa, mostra a família como um espa-
As famílias são responsáveis por seus jovens. ço de proteção, quando os pais se preocupam com
No ambiente familiar se constrói e se compartilha as atitudes dos filhos e os desencorajam a atitudes
experiências e são transmitidas as primeiras regras consideradas de risco (6).
e valores ligados ao convívio social. Em muitas fa- O interesse demonstrado pelos pais em re-
mílias e culturas, o álcool não é visto como um fa- lação à vida cotidiana dos filhos, aos lugares que
tor de risco à saúde e sim como elemento cultural frequentam, ao que fazem no tempo livre e aos
e agregador. É comum encontrar nessas famílias amigos com que se relacionam é uma prática que
adultos que oferecem vinho diluído com água para diminui o comportamento de risco na adolescên-
a criança, utilizando-o como se fosse um alimento, cia, como uso de álcool. A convivência e a coesão
sobretudo na cultura italiana (4,14,15). familiar, assim como as atividades conjuntas, pre-
Sabe-se que, a ausência de limites e/ou auto- vinem o uso de álcool e drogas por adolescentes,
ridade, o descumprimento de regras, a carência de a transgressão juvenil, a depressão e os sintomas
afeto, de compreensão e de apoio familiar podem psicossomáticos. Nesse sentido, o indicador de
fragilizar os adolescentes, favorecendo a influência convivência familiar (fazer refeições com a com-
prejudicial de amigos e a adoção de comportamen- panhia dos pais, por exemplo) representa um fator
tos de risco à saúde. É necessária uma atitude fa- protetor para o consumo de álcool (5).
miliar positiva no sentido de alterar hábitos pouco Sabe-se que muitos dos pais brasileiros não
saudáveis e evitar que os jovens sejam influencia- conversam com os filhos sobre o consumo de álcool,
dos negativamente por amigos e pessoas de suas apesar da maioria dizer que consideram importan-
relações (4). Portanto, é necessário o envolvimento te. Já na Alemanha, apenas 15% dos pais disseram
da família e da escola na realização de programas nunca ter falado sobre o assunto com seus filhos (16).
educativos voltados à prevenção do consumo de ál- Quase metade dos pais brasileiros, que disse-
cool ou de outras drogas, principalmente entre ado- ram não ter tocado no assunto, consideram que o
lescentes mais jovens(4). filho é muito novo para isso (48%), apesar de a mé-
Cada adulto, familiar, profissional da Saúde ou dia de idade em que os entrevistados consideraram
da Educação, representante da comunidade, tem ideal para a conversa ser 9 anos. Vinte e dois por
papel importante na orientação do adolescente cento disseram não saber como tocar no assunto,
oferecendo-lhe a oportunidade da informação, con- 15% afirmaram confiar nos filhos e 9% alegaram
tribuindo para que se torne habilitado e capaz de que acham estranho ou têm vergonha de conversar

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sobre isso. Geralmente, os pais também consomem cidas como “fatores de risco e proteção”. Dentre
álcool e de forma exagerada, o que torna difícil fa- os fatores de risco se destacam: genética, transtor-
lar de um hábito que ocorre, às vezes, na frente dos nos psiquiátricos - transtornos de conduta - falta
filhos. Os pais que não consomem de maneira abu- de monitoramento dos pais e disponibilidade do
siva na frente dos filhos, os protegem do consumo álcool. Já entre os fatores protetores, destacam-se:
mais tarde (16). controle da impulsividade, supervisão dos pais,
bom desempenho acadêmico e políticas públicas
A influência familiar é positiva ou negativa? de prevenção sobre drogas. Vale ressaltar que os
Evidências científicas apontam que determina- fatores de risco não são necessariamente iguais
das características ou situações podem aumentar a todos os indivíduos e podem variar conforme a
ou diminuir a probabilidade de surgimento e/ou personalidade, a fase do desenvolvimento e o am-
agravamento de problemas com o álcool, conhe- biente em que estão inseridos (12).

“18 anos é a idade mínima para o consumo de álcool


e os pais precisam estar ALERTAS para excessos”

O papel da mídia e da sociedade

Como os meios de comunicação influenciam o uso O marketing de bebidas alcoólicas é maciço,


precoce de álcool? permissivo, em qualquer horário de propaganda
Mitos culturais e símbolos estereotipados comercial na televisão ou em outdoors nas ruas,
ou sexualizados utilizados em propaganda so- nos cinemas, rádio ou na internet e redes sociais,
bre álcool reforçam que a mídia efetivamente envolvendo desde roupas, brinquedos, prêmios,
influencia o consumo. Para uma mente em de- promoções de verão ou férias, praias, viagens,
senvolvimento, tipicamente sugestionável e festividades, sexualidade, questões de gênero e
plástica como a de um adolescente, o paradoxo machismo, vínculos com esportes, cultura, músi-
de posição da sociedade e a falta de firmeza no ca, bombardeando a imaginação e o cotidiano dos
cumprimento de leis são um ambiente cultu- adolescentes e também dos adultos. A realidade
ral ideal para a experimentação de substâncias criada é diferente da que existe e se cria a ilusão do
psicoativas, contribuindo para a precocidade da consumo que só tem resultados positivos e nada
exposição de jovens ao consumo abusivo (6,9). de negativo, não se mostram doenças causadas
A propaganda do álcool entre crianças e jo- pelo alcoolismo e nem os acidentes nas ruas e nas
vens ocasiona, dentre outros malefícios, a for- estradas, que foram o principal motivo da lei seca,
mação de hábitos e o estímulo ao consumo. por exemplo. São bilhões investidos no consumo
Para que se tenha êxito na redução da preva- e na “busca de alegrias e felicidades” e as campa-
lência de experimentação e do uso regular do nhas de prevenção são tímidas, quando ocorrem,
álcool em populações jovens e vulneráveis, o têm que competir com todos estes mitos alardea-
posicionamento da sociedade frente ao álco- dos e sem chances de alterar comportamentos (16).
ol deverá evoluir de uma posição passiva e de A sociedade como um todo adota atitudes pa-
estímulo, reconhecendo os riscos da exposição radoxais frente ao tema: por um lado, condena o
precoce e propondo medidas de controle, como, abuso de álcool pelos jovens, mas é tipicamente
por exemplo, a proibição da propaganda do ál- permissiva ao estímulo do consumo por meio da
cool, em especial da cerveja, tal qual foi obtido propaganda. Os meios de comunicação ao exibir
na proibição da propaganda do tabaco, o princi- propagandas com belas imagens associando fu-
pal instrumento utilizado para o declínio do uso mantes e usuários de álcool a pessoas bonitas,
desta droga (6,16). ricas e bem-sucedidas podem, hipoteticamente,

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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente

iludir as crianças e os adolescentes e resultar no ADULTOS”). As demais apenas fazem menção a


estímulo ao consumo (8). restringir o abuso, não beber e dirigir, e beber
Pinsky et al. estudando comerciais de bebidas com moderação (9).
alcoólicas demonstraram que a frequência destes Existem estudos que demonstram que a au-
comerciais era, em média, maior do que a frequ- torregulação não funciona e a OMS recomenda a
ência de comerciais sobre outros produtos, como regulação estatal, que ainda é bastante precária
bebidas não alcoólicas, medicamentos ou outros no Brasil. No entanto, é sabida a desproporção
produtos. Mais ainda, dos cinco temas mais fre- entre este esforço versus o gigantesco impacto
quentemente encontrados nos comerciais de be- da propaganda sobre o consumo de bebidas al-
bidas alcoólicas, três deles (como relaxamento, coólicas entre os jovens. E, de certa forma, esta
camaradagem e humor) eram diretamente rela- desproporção é visível na comparação entre as
cionáveis às expectativas dos jovens. Além disso, belas imagens produzidas na mídia e propagadas
não havia, à época, qualquer tipo de mensagem em intervalos de programas na televisão e outdo-
consistente e demonstrando malefícios relacio- ors, que ocupam a grande parte de um comercial,
nados ao consumo das bebidas anunciadas (13). versus a tarja governamental, sóbria e obrigatória,
Atualmente, existe um movimento na dire- informando sobre os danos causados pelo uso
ção do consumo de álcool na prevenção de aci- abusivo daquela substância.
dentes, ou mesmo de iniciativas do Conselho No que compete ao controle do consumo, es-
Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária tudos recentes, realizados nos EUA, confirmam a
– CONAR – quanto à regulamentação de propa- impressão leiga de que a maioria dos estabeleci-
ganda voltada para jovens (9). Em resolução di- mentos comerciais vende bebidas alcoólicas para
vulgada em outubro de 2003, o CONAR define indivíduos menores de 21 anos sem solicitação
uma série de regras e parâmetros restritivos de verificação da idade. Outro achado preocupan-
à propaganda de bebidas alcoólicas visando a te mencionado pelos autores do estudo é o de
exclusão de imagens voltadas para crianças e que, mesmo havendo maior controle sobre o con-
adolescentes, vetando a utilização de pessoas sumo de álcool dentro de ambientes com grande
de menos de 25 anos nos comerciais, dentre ou- concentração de jovens (escolas e universidades,
tras. Mesmo assim, apesar das mensagens que por exemplo), mais da metade dos estados ame-
o CONAR resolve deverem fazer parte obrigató- ricanos permite a entrega domiciliar de bebidas
ria das cláusulas de advertência nos comerciais, alcoólicas vendidas por telefone – o que não é
apenas uma é explicitamente voltada a infor- diferente da realidade brasileira – favorecendo
mar que o consumo não se destina a crianças ou o menor controle sobre o consumo de álcool por
adolescentes (“ESTE PRODUTO É DESTINADO A adolescentes (9).

No Brasil, qualquer bar ou botequim nas cidades ou em qualquer lanchonete nos postos de gasolina,
vendem cervejas sem qualquer fiscalização da idade dos compradores.

A Escola – como pode intervir no consumo de bebi- agressividade e violência dos alunos. O uso
das alcoólicas? abusivo de drogas psicotrópicas retroalimen-
A escola é vista como um agente transforma- ta a violência e está associado com atos de
dor e promotor da educação em saúde. Quando bullying para ambos sexos. Também, os jovens
ela é incapaz de desenvolver esse papel, associa- que fazem esse uso apresentam maior agressi-
do à falta de apoio familiar e à facilidade de aces- vidade, estão menos predispostos aos estudos
so ao álcool, tabaco e outras drogas prejudiciais e são mais desatentos (4).
à saúde, há produção de vários fatores que pre- Ações de saúde e educação para a população
dispõem o estudante ao uso dessas substâncias (4). estudantil adolescente devem ser planejadas a
As escolas têm vivenciado um aumento da fim de diminuir a prevalência e o início precoce

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do consumo de bebidas alcoólicas em todo o país. de álcool pelos jovens – seja no ambiente domi-
Este documento poderá servir de subsídio ciliar, em festividades, ou mesmo em ambientes
às ações do Programa de Saúde na Escola (PSE), públicos, como durante festivais de música ou
uma política nacional ou implantada desde 2007 no Carnaval (17).
com o propósito de articular as áreas da Saúde e Desde março de 2015, vender, fornecer, servir,
da Educação no desenvolvimento de estratégias ministrar ou entregar bebida alcoólica a criança
de ação para promover uma população escolar ou adolescente, ainda que gratuitamente, é passí-
mais saudável. vel de detenção por dois a quatro anos e multa. A
publicidade está restrita a bebidas com teor alco-
As Leis - Qual é a legislação brasileira sobre o con- ólico igual ou superior a 0,5 grau Gay Lussac(GL),
sumo de álcool para crianças e adolescentes? Lei Federal 9.294/96, cujos anúncios só podem
Embora o álcool seja uma droga legalizada e ser veiculados em emissoras de rádio e televisão
considerada lícita na sociedade brasileira e seu entre 21h e 6h. A veiculação até 23h só pode ser
consumo social seja aceito, não se pode esque- feita no intervalo de programas não recomenda-
cer da existência de leis vigentes, que proíbem a dos para menores de 18 anos (3).
venda de álcool para menores de 18 anos. Essas No Brasil, também o Estatuto da Criança e
leis não estão sendo cumpridas ou fiscalizadas e do Adolescente (ECA) tipifica como criminosa a
direta ou indiretamente, tem havido estímulo ao conduta de quem vende, fornece, ministra ou en-
consumo por parte das propagandas sobre be- trega bebidas alcoólicas e outros produtos capa-
bidas alcoólicas. Há necessidade de revisão da zes de causar dependência física ou psíquica em
legislação sobre a propaganda desses produtos. crianças ou adolescentes. A falta de fiscalização
Ao mesmo tempo em que a lei brasileira define no cumprimento da Lei e a permissividade das
como proibida a venda de bebidas alcoólicas famílias e da sociedade são fatores que contri-
para menores de 18 anos (Lei nº 9.294, de 15 buem para o consumo de bebidas alcoólicas e
de julho de 1996), é prática comum o consumo outras drogas (4).

Álcool e repercussões no desenvolvimento e comportamentos de risco

O uso problemático de álcool por adolescen- transgressão, envolvendo-se, assim, em situa-


tes está associado a uma série de prejuízos no de- ções de maior risco, por muitas vezes com con-
senvolvimento da própria adolescência e em seus sequências mais graves (9).
resultados posteriores que são diferentes dos pre-
juízos evidenciados em um adulto, seja por especi- Que repercussões comportamentais podem acon-
ficidades existenciais desta etapa da vida, seja por tecer com adolescentes alcoolizados?
questões neuroquímicas deste momento do ama- O Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Al-
durecimento cerebral. Os seus efeitos repercutem coolismo (NIAAA) é um dos 27 institutos e cen-
na neuroquímica cerebral, em pior ajustamento tros que compõem os Institutos Nacionais de
social, problemas de escolaridade e no retardo Saúde (NIH), nos Estados Unidos (EUA). O NIAAA
do desenvolvimento de suas habilidades, pois um apoia e conduz pesquisas sobre o impacto do
adolescente ainda está se estruturando em termos uso de álcool na saúde e no bem-estar humanos.
biológicos, sociais, pessoais e emocionais. É o maior financiador de pesquisas sobre álcool
Alguns riscos são mais frequentes nesta eta- no mundo. Alcohol Alert é um boletim trimestral
pa do desenvolvimento, pois expressam carac- que divulga resultados de pesquisas importan-
terísticas próprias desta etapa, como o desafio tes sobre aspectos do uso abusivo de álcool e
a regras e à onipotência. O adolescente acredita alcoolismo e que descreve algumas das graves
estar magicamente protegido de acidentes, por consequências pelo uso de álcool em crianças e
exemplo, e também se sente mais autônomo na adolescentes como:

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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente

1) O uso de álcool por crianças e adolescentes 5) O uso precoce de bebidas alcoólicas pode
está mais associado à morte do que todas as subs- ter consequências duradouras. Aqueles que come-
tâncias psicoativas ilícitas em conjunto. Sabe-se, çam beber antes dos 15 anos apresentam predis-
por exemplo, que os acidentes automobilísticos são posição quatro vezes maior de desenvolver de-
a principal causa de morte entre jovens dos 16 aos pendência dessa substância do que aqueles que
20 anos. Este comportamento é mais característico fizeram seu primeiro uso de álcool aos 20 anos ou
de adolescentes do que adultos, pois a prevalência mais de idade (9,18,19).
de acidentes automobilísticos fatais associados ao 6) Outros danos cerebrais incluem modifica-
álcool, entre jovens de 16 a 20 anos, é mais do que ções no sistema dopaminérgico, como nas vias do
o dobro da prevalência encontrada entre os maiores córtex pré-frontal e do sistema límbico. Alterações
de 21 anos. nestes sistemas acarretam efeitos significativos em
2) Estar alcoolizado aumenta a chance de vio- termos comportamentais e emocionais em adoles-
lência sexual, tanto para o agressor quando para a centes. É importante destacar que, durante a ado-
vítima. Da mesma forma, tendo consumido álcool, o lescência, o córtex pré-frontal ainda está em desen-
adolescente envolve-se mais em atividades sexuais volvimento. Como ele pode ser afetado pelo uso de
sem proteção, com mais exposição às infecções se- álcool, uma série de habilidades que o adolescente
xualmente transmissíveis, como ao vírus HIV, e, mais necessita desenvolver e que são mediadas por este
exposição aos riscos da gravidez. Dados nacionais circuito – como o aprendizado de regras e tarefas
apontam para uma associação entre uso de álco- focalizadas – ficarão prejudicadas. O hipocampo, as-
ol, maconha e comportamentos sexuais de risco – sociado à memória e ao aprendizado, é afetado pelo
como início precoce de atividade sexual, não uso de uso de álcool por adolescentes, apresentando-se
preservativos, e exploração sexual comercial (9,18,19). com menor volume em usuários de álcool do que
3) O consumo de álcool na adolescência tam- em controles e tendo sua característica funcional
bém está associado a uma série de prejuízos acadê- afetada pela idade de início do uso de álcool e pela
micos como, déficit de memória: adolescentes com duração do transtorno. Estes dados são importantes,
dependência de álcool apresentam mais dificulda- pois demonstram haver um efeito cerebral conse-
des em recordar palavras e desenhos geométricos quente ao consumo de álcool em adolescentes: os
simples após um intervalo de 10 minutos, em com- efeitos ocorrem em áreas cerebrais ainda em desen-
paração aos adolescentes sem dependência alcoó- volvimento e associadas a habilidades cognitivo-
lica. A memória é função fundamental no processo -comportamentais que deveriam iniciar ou se firmar
de aprendizagem e esta se altera com o consumo de na adolescência (9). Apresentam alteração do sono,
álcool. A queda no rendimento escolar pode dimi- seja na manutenção como conciliação, provocando
nuir a autoestima do jovem, o que representa um acúmulo de cansaço, aumentando o prejuízo laboral
conhecido fator de risco para maior envolvimento e educacional (9).
com experimentação, consumo e abuso de subs- 7) O adolescente ainda está construindo a sua
tâncias psicoativas. Assim, a consequência do uso identidade. Mesmo sem um diagnóstico de abuso
abusivo de álcool para o adolescente poderia levá- ou dependência de álcool, pode se prejudicar com o
-lo a aumentar o consumo em uma cadeia de retro- seu consumo, à medida que se habitua a passar por
alimentação, ao invés de motivá-lo a diminuir ou uma série de situações apenas sob efeito de álcool.
interromper o uso (9,18,19). Vários adolescentes costumam, por exemplo, asso-
4) A percepção que o adolescente tem sobre ciar o lazer ao consumo de álcool, ou só conseguem
os problemas decorrentes do consumo de álcool tomar iniciativas em experiências afetivas e sexuais
não acompanha, necessariamente, a hierarquia dos se beberem. Assim, aprendem a desenvolver habili-
prejuízos considerados mais graves como seu com- dades sociais apenas possíveis com o uso de álcool
portamento de uma forma imprópria durante ou e, quando este não se encontra disponível, sentem-
após o consumo, prejuízo no pensamento, ou dirigir -se incapazes de desempenhar estas atividades,
alcoolizado (9,18,19). evidenciando uma outra forma de dependência (9).

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Diagnóstico e classificação do envolvimento com álcool

Um dos primeiros obstáculos relacionados ao so, dependência e recuperação. Esta classificação


tema do uso problemático de álcool entre ado- é interessante, pois contempla características da
lescentes é a própria definição do que é o uso adolescência: a experimentação dentro de certos
normal. Os sistemas classificatórios apresentam padrões pode ser considerada uma conduta nor-
discordâncias e necessidades de aprimoramento mal neste período de desenvolvimento, no qual o
bastante comentadas na literatura. jovem percorre outras experimentações, como a da
sexualidade. Sabe-se, por exemplo, que a maioria
Quais são os estágios do uso abusivo de bebidas dos adolescentes que experimentam uma subs-
alcoólicas? tância de abuso não se tornará um usuário regu-
De acordo com a Academia Americana de Pedia- lar da mesma. Também, esta classificação permite
tria (AAP), haveria seis estágios no envolvimento o diagnóstico de abuso inicial quando pequenos
do adolescente com substâncias psicoativas, como prejuízos começam a emergir, como um pior de-
o álcool: abstinência, uso experimental/ recreacio- sempenho escolar por estar sofrendo dos efeitos
nal (em geral limitado ao álcool), abuso inicial, abu- posteriores a um abuso de álcool (9).

Fatores de risco e fatores de proteção

Fatores de risco e protetores caracterizam si- escolar; dificuldade com as relações sociais; in-
tuações que aumentam ou diminuem a probabili- gresso em grupos de comportamento inadequado;
dade de evolução do uso para dependência e/ou percepção de aprovação de uso de substâncias
abuso (7). De acordo com a política do Ministério psicoativas pelo ambiente escolar e social e pelos
da Saúde para a atenção integral a usuários de companheiros, além de facilidade de acesso (7).
álcool e outras drogas cinco fatores propiciam o A disponibilidade comercial também desem-
abuso de substâncias psicoativas: penha papel relevante como fator de risco e pes-
• falta de informação sobre o problema; quisas vem sendo conduzidas em vários países
• dificuldade de inserção no meio familiar e no para verificar com que facilidade os adolescentes
trabalho; obtêm bebidas alcoólicas em pontos de venda e
• insatisfação com a qualidade de vida; de que forma a sua compra é realizada: direta-
• problemas de saúde; mente, por meio de irmãos, amigos ou adquirindo
• facilidade de acesso às substâncias psicoativas as bebidas em casa (18).
incluindo as bebidas alcoólicas(7). Nesse ambiente, a norma é o descumprimen-
to da lei por parte de quem deveria observá-la, a
Quais são os fatores de risco para o uso de álcool? omissão do poder público que deveria fiscalizar
Pode-se caracterizar como fatores de risco seu cumprimento e o silêncio da sociedade que
familiares o ambiente doméstico caótico (pais deveria exigi-lo (17).
abusadores de alguma substância e transtornos O baixo preço torna o álcool facilmente aces-
psiquiátricos); a paternidade não-participante, es- sível para os adolescentes, que são também as
pecialmente com filhos de temperamento difícil e maiores vítimas das poucas restrições à propa-
problemas de conduta; e, por fim, falta de vínculo ganda de bebidas nos meios de comunicação. A
afetivo com a criança e com o adolescente(7). ampla disponibilidade do álcool nos ambientes
Além dos fatores familiares, há fatores de risco banaliza o seu consumo. Bares operando em sis-
ligados à escola e/ou comunidade, como timidez tema de consumação mínima, promoções do tipo
e/ou agressividade na escola; baixo desempenho “open bar”,“kit balada”, venda de bebidas para

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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente

consumo imediato em postos de gasolina, agra- Quais fatores evitam o uso de bebidas alcoólicas?
vam o risco de problemas relacionados ao consu- Como fator protetor destaca-se o apoio, com
mo de álcool nesta faixa etária (18). fortes laços afetivos; a participação efetiva dos
Os valores sociais que imperam são: a aceita- pais na vida dos filhos, determinando regras cla-
ção do consumo de álcool por adolescentes e a ras de conduta no núcleo familiar (o que propicia o
tolerância em relação à transgressão de uma lei desenvolvimento de recursos internos diante das
que proíbe a venda a menores de 18 anos (16). Este frustrações); o rendimento escolar satisfatório; as
fato demonstra a necessidade da implantação de relações com outros núcleos da comunidade como
um ambiente envolvendo atividades culturais igreja, ações cívicas, grupos desportivos, exem-
denominadas de protagonismo juvenil onde os plos, recolhimento de donativos, entre outros; a
adolescentes possam dialogar, relatar medos, ca- adoção de normas convencionais e regras familia-
rências e descobertas com outros adolescentes, res a respeito de uso de bebidas alcoólicas e outras
socializar experiências e estabelecer novos laços substâncias psicoativas (7). A busca de informações,
de amizade, como alternativas para a prevenção a orientação adequada dos pais por pediatras e ou-
do uso de bebidas alcoólicas e de outras drogas. tros profissionais é sempre muito importante.

Prevenção do uso precoce de álcool

Adiar o consumo de bebidas alcoólicas do o aumento do preço da bebida e a implementação


início da adolescência para durante a vida adulta e fiscalização da idade mínima para se beber, que
deve constituir parte importante dos esforços de é para maiores de 18 anos. Esta última é a mais
prevenção dos problemas relacionados ao consu- estudada, sendo consenso na literatura sua alta
mo do álcool nesta faixa etária (17). efetividade, elevado suporte científico, boa trans-
Os riscos imediatos e de longo prazo advindos posição cultural e baixo custo (17).
do uso de álcool por crianças e adolescentes re- A questão das drogas lícitas e ilícitas deve
forçam a necessidade de desenvolver programas ser tratada como problema de saúde pública e
efetivos de prevenção e de tratamento. A compre- ser integrada às políticas governamentais vigen-
ensão dos fatores sociais, pessoais e ambientais tes. As estratégias de prevenção dos diversos
que contribuem para a iniciação e o aumento no problemas que ocorrem com os adolescentes
uso de bebidas alcoólicas é essencial para o de- devem constar dos programas de saúde pública
senvolvimento desses programas (19). adotados pelas três esferas de governo (munici-
pal, estadual e federal).
Que estratégias gerais podem evitar o consumo? Para a prevenção desse evento são poucas as
Um fator importante no uso de bebidas alcoó- intervenções existentes, o que favorece a eficácia
licas por jovens é a sua oferta. Consequentemen- das campanhas publicitárias que, diariamente e
te, as intervenções que atuem nesse segmento com muita competência, “bombardeiam” a socie-
da população devem ser complementadas por dade com mensagens explícitas do consumo de
mudanças na política que ajudem na restrição do álcool ligado ao sucesso, ao erotismo, à condição
acesso ao álcool pelos jovens e que diminuam as de se dar bem na vida (7).
consequências danosas do hábito de beber já ins- Portanto, a proibição de toda a publicidade e
talado (19). marketing de bebidas alcoólicas seria a principal
medida de prevenção, o que se denomina preven-
Quais são as políticas públicas recomendadas ção primordial.
pela OMS? Na prevenção primária a divulgação de infor-
A OMS propõe duas políticas de alta evidência mações é o meio mais conhecido e utilizado, não
de efetividade para diminuir os problemas rela- usando o amedrontamento e sim a “valorização
cionados ao consumo do álcool em adolescentes: da vida” como eixo central. Apesar de ser funda-

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Departamento Científico de Adolescência • Sociedade Brasileira de Pediatria

mental o conhecimento, ele não é capaz de, por A viabilização dos programas de prevenção está
si só, mudar o comportamento dos adolescentes. diretamente vinculada à participação das famílias e
Para tanto, têm sido usados outros modelos de seus filhos, promovendo o protagonismo infanto-ju-
prevenção primária, como fortalecimento de ati- venil, em todas as etapas do trabalho proposto. Vale
tudes saudáveis, promoção de atividades esporti- ressaltar que os conceitos de prevenção e promoção
vas e culturais, modificação do ambiente e sensi- de saúde muitas vezes se confundem na prevenção.
bilização de líderes juvenis com o objetivo de que O foco dessa ação são as modificações do compor-
se tornem multiplicadores junto a seus pares (7). tamento individual e a redução dos fatores de risco,
As prevenções secundária e terciária envolvem configurando o modelo de intervenção biomédico
orientação familiar no tratamento e reinserção do modelo psicossocial. Na promoção da saúde a
dos adolescentes dependentes do álcool no seu estratégia é a da mediação entre as pessoas e seu
meio familiar, educacional e social. A inexistência ambiente, conforme os determinantes sociais da
de uma política pública integrada contribui para a saúde/doença. Essas duas abordagens se comple-
precariedade das ações e propostas visando a im- mentam e possibilitam, no caso da droga lícita, o ál-
plementação de medidas preventivas. Mesmo as- cool, o benefício das medidas propostas por ambas
sim têm sido verificadas iniciativas dos setores da as estratégias de intervenção (7). Importante sempre
saúde e da educação que ainda não conseguiram diferenciar as drogas consideradas lícitas das ilíci-
mudar o quadro epidemiológico no país relativo ao tas, mas fazer a associação dos efeitos a curto prazo
problema em questão. Promover a criação de re- e repercussões a longo prazo, durante a vida adulta.
des de apoio, intensificar a atenção integral à saú- Importante sempre diferenciar as drogas conside-
de do adolescente e insistir na valorização da vida radas lícitas das ilícitas, mas fazer a associação dos
podem ser os diferenciais para a prevenção de uso efeitos a curto prazo e repercussões a longo prazo,
e abuso do álcool pelos adolescentes (7). durante a vida adulta.

“A prevenção deve começar na infância, em especial na família, que é o primeiro exemplo”.

Bem aceito por boa parte da sociedade, legaliza- A prevenção deve ser realizada através das in-
do e promovido pela publicidade, o consumo de ál- terfaces com outros temas importantes durante a
cool deve ser tema de conversa entre pais e filhos. O adolescência, como estímulo à autoestima, resili-
tempo certo para a conversa, no entanto, é variável e ência, bullying e violência; o desafio das depen-
depende de cada família, embora a necessidade da dências não químicas; a importância dos limites de
conversa dependa do grau de exposição à bebida, tempo de tela na era digital; influência da mídia; a
é bom que isso não seja depois dos 12 anos, idade sexualidade; a importância da família, entre outros
em que muitos têm o primeiro contato com o álcool. temas relevantes (20,21).
Melhor que a conversa é o exemplo. Nesta fase a lin-
guagem não verbal é muito importante e a rotina em Qual é o papel atribuído às famílias na prevenção?
casa e o comportamento dos pais também (19).
O critério sobre investimento de recursos e polí- “As famílias podem atuar de maneira protetora,
ticas públicas direcionadas à prevenção, na realidade principalmente quando existem fortes vínculos
brasileira, ainda é muito incipiente. Em virtude da familiares e envolvimento afetivo” (21).
mentalidade sociocultural meramente curativa, hoje
as noções são mais voltadas para o tratamento. A As primeiras interações da criança ocorrem com
prevenção é mais eficaz e de baixo custo, sendo que seus familiares e podem ser positivas ou negativas.
estimativas evidenciam que para cada um dólar in- Por essa razão, os fatores que afetam o desenvolvi-
vestido em prevenção ocorre uma economia de até mento na família são provavelmente os mais cruciais,
10 dólares em tratamento para abuso de álcool ou podendo exercer tanto um caráter protetor como de
outra substância (20,21). risco para o uso e abuso do álcool (21).

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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente

As crianças estão mais propensas a desenvol- envolvendo as práticas curativas e preventivas da


ver problemas com álcool quando há falta de en- especialidade, mas também solicitando ajuda no
volvimento afetivo; ambiente familiar vulnerável; que diz respeito a atitudes, à educação e à forma-
pais com histórico de abuso de drogas, transtor- ção de seus filhos. Durante as consultas pediátri-
nos mentais e comportamentos criminais; falta cas os pais se mostram mais receptivos e, nesse
de autoridade e uso de álcool na família. Quando momento, desponta o importante papel do pedia-
se trata especialmente do abuso de álcool pelos tra nas práticas educativas e preventivas(7,19).
pais ou cuidadores, essas experiências podem O conhecimento sobre os padrões de consu-
comprometer o vínculo familiar e ameaçar os sen- mo é essencial para se eliminar ideias pré-con-
timentos de segurança que as crianças precisam cebidas no que tange aos grupos mais atingidos
para um desenvolvimento saudável (14, 20, 21). e aos padrões de uso de bebidas alcoólicas por
Por outro lado, as famílias podem atuar de ma- adolescentes, fornecendo subsídios para o de-
neira protetora, principalmente quando existem senvolvimento de políticas públicas visando a
fortes vínculos familiares, envolvimento dos pais prevenção e o tratamento (7,19).
na vida da criança, apoio da família ao processo Dentro deste contexto, o trabalho preventivo
de aquisição da autonomia pelo adolescente; su- faz-se de suma importância e o PEDIATRA deve
porte familiar acerca dos aspectos financeiros, estar preparado para desenvolver estratégias
emocionais, cognitivos e sociais; envolvimento para a faixa etária adolescente, com foco na pre-
afetivo; hábitos saudáveis; comunicação clara e venção do uso indevido de substâncias psicoa-
sincera; discernimento quanto aos papéis de pais tivas em serviços de atenção primária à saúde,
e filhos; limites claros e consistentes na aplicação que vêm remodelando suas práticas, além de
de disciplina e monitoramento dos diversos pro- sua inserção em escolas, planejando ações para
cessos de crescimento e desenvolvimento (22). o público adolescente. Além da necessidade de
A família é o primeiro e relevante agente para desenvolver a habilidade de escuta e buscar as
a formação de valores que protegem o jovem do histórias e experiências que o próprio adoles-
consumo precoce e excessivo de álcool. O diálogo cente traz. É preciso aceitar o desafio de traba-
aberto e a colocação de limites constituem uma im- lhar não apenas os aspectos negativos do uso
portante ferramenta na proteção do indivíduo(22). de substâncias, mas também os positivos, e que
Os pais devem estar presentes na vida dos fi- são muitas vezes revelados durante a consulta.
lhos para acompanhar essa questão. Por exemplo, Estar preparado para ouvir e questionar sobre o
levá-los e buscá-los a festas e casa dos amigos, assunto (7,19,23).
se no local haverá oferta de bebidas alcoólicas, Nesse processo, os pediatras em ação conjun-
quem está lá, e em que estado o adolescente vol- ta com a equipe multidisciplinar devem articular-
ta para casa (22). -se com a equipe nas escolas, comprometendo-se
com a comunidade, escola, governo e a família
“Diálogo aberto e colocação de limites dos adolescentes, promovendo debates, refle-
ajudam a proteger crianças e jovens do xões, estudos e metodologias diferenciadas no
abuso de bebidas alcoólicas”(22). atendimento ao adolescente (7,19,23).
Os adolescentes devem encontrar auxílio
De que forma o pediatra pode contribuir na pre- em um ambiente para o diálogo, dúvidas, des-
venção do uso de álcool? cobertas, medos e carências que possa suprir as
O vínculo construído entre o pediatra, os fami- inseguranças, a descrença para, potencialmente,
liares e o adolescente, muitas vezes acompanha- tornarem-se capazes de se autogerir dentro de
do desde a infância pelo mesmo médico, permite uma sociedade. É importante a oferta de espaços
que temas complexos sejam abordados com fran- onde as famílias possam ser acolhidas, ouvidas e
queza e tranquilidade nas consultas. Os pais sem- esclarecidas a cerca de suas dúvidas e impasses
pre recorrem aos pediatras, não só em questões na abordagem do adolescente (7,19,23).

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Departamento Científico de Adolescência • Sociedade Brasileira de Pediatria

“Álcool é considerado uma DROGA, mesmo sen- Quais são as orientações recomendadas aos pais
do legal e permitida a venda e cuidadores?
em muitos locais” 1- Evitar a ingestão e o consumo de bebidas
alcoólicas durante todo o período da gestação e
Quais as orientações para os pediatras? amamentação. Álcool zero nestes períodos!
1- Importância de conversar sobre as questões 2- Alertar sobre as consequências do uso pre-
envolvendo o uso de quaisquer drogas/nicotina/ál- coce do álcool assim como todas as outras drogas
cool nas rotinas das famílias como uma oportunida- legais e ilegais no corpo humano especialmente
de durante a consulta para estabelecer o diálogo e durante as fases de crescimento e desenvolvimen-
orientação sobre prevenção dos riscos. to cerebral e mental das crianças e adolescentes.
2- Eliminar e contrapor as ideias pré-concebi- 3- Evitar a exposição e glamorização das in-
das, preconceituosas e estereotipadas em relação ao toxicações (“bebedeiras”) nas festas de família e
tema do uso de drogas/nicotina/álcool e tratar das a noção errônea de que “beber cedo é motivo de
causas e dos riscos associados durante a avaliação júbilo e orgulho para os pais” (distorção do mode-
diagnóstica. Referenciar aos especialistas ou psico- lo referencial familiar e cultural).
terapeutas, se e quando necessário. 4- Estar consciente sobre as pressões de con-
3- Estar preparado para ouvir os adolescentes sumo e marketing e propagandas exercidas pelas
em seus questionamentos, dúvidas, descobertas e mídias que usam de mensagens estereotipadas
ambivalências sobre todos os aspectos e os obstá- que bebidas alcoólicas fazem parte da festa e que
culos encontrados nas rotinas e dinâmicas da famí- “beber relaxa e traz felicidades! ”
lia e da escola. 5- Proibir a oferta e o consumo de bebidas
4- Conversar com os adolescentes sobre as alcoólicas em festas de aniversários e outras cele-
influências e pressões dos grupos de amigos/cole- brações e eventos com a participação de crianças
gas/redes sociais antes e durante as festas, feria- e adolescentes.
dos e férias e como estar alerta para não se subme- 6- Sempre que possível, conversar com os
ter às redes de exploração comercial sobre drogas/ filhos sobre o que as propagandas mostram real-
nicotina/álcool. mente (positivo e negativo) e o que elas não mos-
5- Explicar sobre os riscos corporais e compor- tram em suas duplas mensagens (análise crítica).
tamentais em relação ao uso e mistura do teor e qua- 7- Não utilizar os logos de bebidas alcoóli-
lidade/quantidade das bebidas alcoólicas e a asso- cas, como as cervejas, em camisetas, chaveiros,
ciação com outras drogas e ocasionar overdose, coma chupetas, brinquedos e outros produtos. Isto é
e morte por acidentes, além de outras emergências. marketing e favorece a associação precoce para o
6- Prover informações objetivas e corretas que consumo e o uso excessivo entre adolescentes.
reforcem que não consumir é mais “normal e sau- 8- Reforçar o papel supervisor, orientador e
dável” do que consumir e ficar drogado na busca de legal dos pais estabelecendo limites e regras de
sensações “paradisíacas” imaginárias que ocorrem convívio familiar e servindo como modelos refe-
durante as intoxicações. renciais entre as gerações.
7- Esclarecer sobre mitos e mensagens distor- 9- Alertar sobre os riscos da desidratação e
cidas que envolvam o uso das drogas/nicotina/álcool falta de alimentação e estimular o consumo e a
através da história e dos contextos sociais e sua rela- distribuição de água em shows e eventos, festas,
ção com a violência, mortes precoces e doenças. baladas à noite ou finais de semana ou férias. Es-
8- Trabalhar em redes de proteção social com tabelecer um telefone de contato para buscar nas
outros pediatras, através da SBP e suas filiadas, em saídas ou comunicação para qualquer emergência.
trabalhos e campanhas intersetoriais de prevenção 10- Construir uma rede de apoio com outros
envolvendo eventos com outros profissionais da mí- pais, com a escola e outros responsáveis para o
dia, sistema de garantia dos direitos, judiciário sobre planejamento das estratégias de prevenção e cui-
os aspectos da responsabilidade social e de saúde dados durante as festas e outras atividades/even-
pública em relação às drogas/nicotina/álcool. tos culturais ou comunitários.

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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente

11. Orientar os pais desde os primeiros dias de Sugestões para os gestores:


vida da criança, que álcool também é uma droga; 1- Alerta à Sociedade em geral e advertência
12. Reforçar o papel supervisor e orientador dos às políticas públicas e governamentais a respeito
pais, estabelecendo limites e servindo de modelo dos riscos e os danos à saúde causados e associados
para os filhos; às bebidas alcoólicas em qualquer idade e princi-
13. Discutir como o uso excessivo entre os pais palmente no uso precoce e indevido por crianças e
se associa com o abuso verbal, físico e às vezes se- adolescentes.
xual, a negligência dos filhos, e perdas econômicas 2- Proibição e fiscalização sanitária efetiva dos
para a família; pontos comerciais de venda de qualquer bebida al-
14. Esperar que o adolescente não aceite esta coólica incluindo a cerveja para crianças e adoles-
postura e se oponha as regras e controle do uso das centes.
bebidas, sempre dialogar francamente; 3- Restrição ao marketing das bebidas alcoó-
15. Manter os adolescentes hidratados e ali- licas incluindo a cerveja e implementação com ur-
mentados antes de eventos onde estiverem em ris- gência das políticas de regulação da propaganda,
co. Estimular o consumo de água em shows, even- independente das indústrias e pontos comerciais
tos, festas e baladas à noite ou nos finais de semana. das bebidas alcoólicas.
4- Restrição às mensagens distorcidas ou com
Quais são as principais orientações para os adoles- dupla interpretação nos meios de comunicação, ou-
centes, jovens e universitários? tdoors e mídias sociais, incluindo a proibição do pa-
o Perguntar sobre o consumo de maneira con- trocínio e venda em atividades e eventos culturais,
fidencial e neutra, sem julgar os adolescentes pelo esportivos e artísticos que envolvam a participação
uso, por curiosidade ou por pressão dos amigos; de crianças e adolescentes.
o Prover informações objetivas e corretas; 5- Mais investimentos em campanhas públi-
reforçar que NÃO CONSUMIR é mais “normal” que cas sobre a prevenção do uso de qualquer droga,
consumir! incluindo o álcool em bebidas alcoólicas, a nicotina/
o Lembrar que começar a beber cedo é perigo- tabaco em cigarros e outros produtos nocivos dire-
so; a intoxicação aguda pode ser fatal; cionados às crianças e adolescentes.
o Quanto mais cedo se começa, maior o ris- 6- Apoio às estratégias que possam coibir o
co de se tornar dependente e de apresentar outros uso de álcool/bebidas alcoólicas por motoristas e
comportamentos de risco; dirigentes de carros, ônibus, motocicletas ou trens
o Se o consumo já existe, orientar para a inter- com fiscalização ininterrupta no trânsito, nas ruas
rupção, quanto antes melhor será; das cidades, estradas e rodovias.
o Café não ajuda; energizantes são perigosos; 7- Apoiar o projeto de lei de iniciativa popular
comer antes não diminui o impacto tóxico; alternar e Campanha Cerveja também é Álcool alterando o
com água ou outras bebidas pode ajudar na dimi- parágrafo único do artigo 1o da Lei 9294/96 para
nuição da sensação de intoxicação, mas o álcool to- que as restrições à publicidade passam a abranger
tal continua sendo uma agressão tóxica ao organis- toda e qualquer bebida alcoólica igual ou superior a
mo; 0,5 graus Gay-Lussac, conforme a definição técnica
o Sempre se manter hidratado e alimentado, es- do Decreto 6117/2007 que institui a Política Nacio-
pecialmente em eventos; nal sobre o Álcool.
o Tolerância inata é fator genético que pre- 8- Educação em saúde e a proteção de crian-
dispõe ao alcoolismo (“posso beber quanto quero ças e adolescentes ao uso precoce e indevido de
pois não fico bêbado” ou “sou bom para beber” quaisquer drogas/álcool/nicotina devem ser reco-
são alguns dos mitos frequentes). Quem acha que nhecidas como prioridades e aprimoradas nas po-
misturar bebidas, virar tudo num gole, ficar tonto é líticas públicas e governamentais que envolvam
divertido e “não vai dar em nada”, é uma “furada”! as famílias, as escolas, os meios de comunicação e
Isto é mito também e mensagem errada, pois pode a sociedade em geral, com o apoio de todos os pe-
terminar em coma alcoólico e morte. Não marque diatras através da Sociedade Brasileira de Pediatria
bobeira! (SBP) e suas filiadas.

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Departamento Científico de Adolescência • Sociedade Brasileira de Pediatria

Comentários finais sobre prevenção

Especialistas internacionais alertam que postos sobre as bebidas alcoólicas. Já a idade


os adolescentes/jovens estão sendo expostos mínima de 18 anos para a venda de bebidas al-
ao marketing sobre bebidas alcoólicas e que coólicas foi defendida por 55% da população
os controles sociais têm sido ineficazes em pesquisada. Para 89% dos entrevistados, os
bloquear a associação entre a exposição e o estabelecimentos não deveriam servir bebidas
hábito/dependência de álcool, a seguir. Álcool alcoólicas para clientes que já estivessem alco-
é a principal causa de morte e acidentes para olizados ou bêbados. As padarias, confeitarias,
adolescentes do sexo masculino entre 15-24 mercearias e lojas de conveniência, na opinião
anos de idade em todas as regiões do mundo de 74%, deveriam ser proibidas de vender be-
e também para adolescentes do sexo feminino bidas alcoólicas. Quanto à restrição do horário
nos países desenvolvidos e nas Américas (24). de venda de bebidas alcoólicas, 76% defende
Especialistas conclamam os governos e a essa medida. A grande maioria dos responden-
Sociedade em geral a renovar os esforços para tes apoiou medidas que, de alguma forma, fa-
resolver o problema e fortalecer a implemen- zem restrições às propagandas nas mídias em
tar regras e regulamentos independentes rela- geral (LENAD).
cionados ao marketing de bebidas alcoólicas Além disso, o relatório publicado pelo Es-
uma vez que, nenhum outro produto comercial critório Regional da OMS para as Américas /
legal com tanto potencial de causar danos à Organização Pan-Americana da Saúde (2015)
saúde é tão promovido através de anúncios de também recomenda: o aumento dos impostos
marketing como o álcool (24). sobre o álcool; os requisitos de idade mínima
É necessário proteger crianças e adolescen- para a compra, venda e consumo de bebidas
tes que fazem parte da população vulnerávelà alcoólicas; restrições sobre onde e quando
exposição do marketing sobre o álcool (24). as bebidas alcoólicas podem ser vendidas;
Deve-se dissociar diversão de exagero e regulação rígida e abrangente do marketing do
combater a banalização e a irresponsabilidade álcool (10).
com o esclarecimento contínuo, a atitude crítica
e a insistente exemplificação dos danos médicos Em concordância com a comunidade científica
causados pelas bebidas, para promover mudan- mundial(24) sobre:
ças em uma sociedade vulnerável e que conso-
me as bebidas de forma claramente desigual (5). - Exposição ao marketing de bebidas
A maioria da população adulta no Brasil alcoólicas está francamente associada ao au-
apoia o aumento de programas preventivos e mento do consumo por adolescentes/jovens.
restritivos ao uso do álcool em escolas e de - Os códigos das indústrias de bebidas
campanhas governamentais de alerta sobre alcoólicas não protegem as crianças/adoles-
os seus riscos e está pronta para uma série centes/jovens da exposição em promoções do
de ações públicas com o objetivo de regular álcool especialmente através da mídia social.
o mercado do álcool. Existe a percepção de - Durante a Copa do Mundo da FIFA em
que maiores controles sociais são necessários 2014, realizada no Brasil, as práticas de marke-
para estabelecer regras de comercialização e ting das indústrias de bebidas alcoólicas não
utilização social do álcool. Mais da metade da respeitaram os códigos de proteção das crian-
população (56%) defende o aumento dos im- ças/adolescentes.

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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente

Recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria

1- Alerta à Sociedade em geral e advertência na/tabaco em cigarros e outras substâncias noci-


às políticas públicas e governamentais a respeito vas direcionados às crianças e adolescentes.
dos riscos e os danos à saúde causados e asso- 6- Apoio às estratégias que possam coibir o
ciados às bebidas alcoólicas em qualquer idade uso de álcool/bebidas alcoólicas por motoristas
e principalmente no uso precoce e indevido por e dirigentes de carros, ônibus, motocicletas ou
crianças e adolescentes. trens com fiscalização ininterrupta no trânsito,
2- Proibição e fiscalização sanitária efetiva nas ruas das cidades, estradas e rodovias.
dos pontos comerciais de venda de qualquer be- 7- Apoiar o projeto de lei de iniciativa popular
bida alcoólica, incluindo a cerveja para crianças e e Campanha Cerveja também é Álcool alterando o
adolescentes. parágrafo único do artigo 1o da Lei 9294/96 para
3- Restrição ao marketing das bebidas alcoóli- que as restrições à publicidade passem a abran-
cas incluindo a cerveja, e implementação com ur- ger toda e qualquer bebida alcoólica igual ou su-
gência das políticas de regulação da propaganda, perior a 0,5 graus Gay-Lussac, conforme a defini-
independente das indústrias e pontos comerciais ção técnica do Decreto 6117/2007 que institui a
das bebidas alcoólicas. Política Nacional sobre o Álcool.
4- Restrição às mensagens distorcidas ou com 8- Educação em saúde e a proteção de crian-
dupla interpretação nos meios de comunicação, ças e adolescentes contra o uso precoce e inde-
outdoors e mídias sociais, incluindo a proibição vido de quaisquer drogas/álcool/nicotina devem
do patrocínio e venda em atividades e eventos ser reconhecidas como prioridades e aprimoradas
culturais, esportivos e artísticos que envolvam a nas políticas públicas e governamentais que en-
participação de crianças e adolescentes. volvam as famílias, as escolas, os meios de comu-
5- Mais investimentos em campanhas públi- nicação e a sociedade em geral, com o apoio de
cas sobre a prevenção do uso de qualquer droga, todos os pediatras através da Sociedade Brasilei-
incluindo o álcool em bebidas alcoólicas, a nicoti- ra de Pediatria (SBP) e suas filiadas.

Campanha “Cerveja também é Álcool’

(assinaturas em todo o território nacional cujo formulário poderá ser


acessado no site: www.cervejatambemealcool.com.br) (25)
Campanha zero de álcool na gravidez!

Beba à saúde com MAIS água e sucos de frutas !”

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Departamento Científico de Adolescência • Sociedade Brasileira de Pediatria

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

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de Saúde revisita e atualiza o tema. Epidem Ser acesso: https://www.usp.br/agen/?p=129762
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EERP imprensa.rp@usp.br
2 - PIMENTEL J. Levantamento Nacional de Álcool
e Drogas mostra o consumo de álcool crescente 15 - h t t p : / / w w w. d i a r i o d e s o r o c a b a . c o m . b r /
e desigual pela população brasileira [Internet]. noticia/218163
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Disponível em: http://dssbr.org/site/2013/06/ 16 - PRATTA EMM, SANTOS MA. Família e
ii-levantamento-nacional-de-alcool-e-drogas- adolescência: a influência do contexto familiar
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Bebidas alcoólicas são PREJUDICIAIS à saúde da criança e do adolescente

Diretoria
Triênio 2016/2018

PRESIDENTE: COORDENAÇÃO DE ÁREA DE ATUAÇÃO EDITOR REVISTA RESIDÊNCIA PEDIÁTRICA


Luciana Rodrigues Silva (BA) Mauro Batista de Morais (SP) Clémax Couto Sant’Anna (RJ)
1º VICE-PRESIDENTE: COORDENAÇÃO DE CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL EDITOR ADJUNTO REVISTA RESIDÊNCIA PEDIÁTRICA
Clóvis Francisco Constantino (SP) José Hugo de Lins Pessoa (SP) Marilene Augusta Rocha Crispino Santos (RJ)
2º VICE-PRESIDENTE: DIRETORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS CONSELHO EDITORIAL EXECUTIVO
Edson Ferreira Liberal (RJ) Nelson Augusto Rosário Filho (PR) Gil Simões Batista (RJ)
SECRETÁRIO GERAL: REPRESENTANTE NO GPEC (Global Pediatric Education Sidnei Ferreira (RJ)
Sidnei Ferreira (RJ) Consortium) Isabel Rey Madeira (RJ)
1º SECRETÁRIO: Ricardo do Rego Barros (RJ) Sandra Mara Amaral (RJ)
Cláudio Hoineff (RJ) REPRESENTANTE NA ACADEMIA AMERICANA DE PEDIATRIA (AAP) Bianca Carareto Alves Verardino (RJ)
2º SECRETÁRIO: Sérgio Augusto Cabral (RJ) Maria de Fátima B. Pombo March (RJ)
Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS) Sílvio Rocha Carvalho (RJ)
REPRESENTANTE NA AMÉRICA LATINA Rafaela Baroni Aurilio (RJ)
3º SECRETÁRIO: Francisco José Penna (MG)
Virgínia Resende Silva Weffort (MG) COORDENAÇÃO DO PRONAP
DIRETORIA DE DEFESA PROFISSIONAL, BENEFÍCIOS E PREVIDÊNCIA Carlos Alberto Nogueira-de-Almeida (SP)
DIRETORIA FINANCEIRA: Marun David Cury (SP) Fernanda Luísa Ceragioli Oliveira (SP)
Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) DIRETORIA-ADJUNTA DE DEFESA PROFISSIONAL COORDENAÇÃO DO TRATADO DE PEDIATRIA
2ª DIRETORIA FINANCEIRA: Sidnei Ferreira (RJ) Luciana Rodrigues Silva (BA)
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Cláudio Barsanti (SP) Fábio Ancona Lopez (SP)
3ª DIRETORIA FINANCEIRA: Paulo Tadeu Falanghe (SP)
DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA
Fátima Maria Lindoso da Silva Lima (GO) Cláudio Orestes Britto Filho (PB)
Joel Alves Lamounier (MG)
DIRETORIA DE INTEGRAÇÃO REGIONAL: Mário Roberto Hirschheimer (SP)
João Cândido de Souza Borges (CE) COORDENAÇÃO DE PESQUISA
Fernando Antônio Castro Barreiro (BA) Cláudio Leone (SP)
Membros: COORDENAÇÃO VIGILASUS
Anamaria Cavalcante e Silva (CE) COORDENAÇÃO DE PESQUISA-ADJUNTA
Hans Walter Ferreira Greve (BA) Gisélia Alves Pontes da Silva (PE)
Eveline Campos Monteiro de Castro (CE) Fábio Elíseo Fernandes Álvares Leite (SP)
Jussara Melo de Cerqueira Maia (RN) COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO
Alberto Jorge Félix Costa (MS)
Edson Ferreira Liberal (RJ) Rosana Fiorini Puccini (SP)
Analíria Moraes Pimentel (PE)
Corina Maria Nina Viana Batista (AM) Célia Maria Stolze Silvany ((BA) COORDENAÇÃO ADJUNTA DE GRADUAÇÃO
Adelma Alves de Figueiredo (RR) Kátia Galeão Brandt (PE) Rosana Alves (ES)
Elizete Aparecida Lomazi (SP) Suzy Santana Cavalcante (BA)
COORDENADORES REGIONAIS: Maria Albertina Santiago Rego (MG) Angélica Maria Bicudo-Zeferino (SP)
Norte: Isabel Rey Madeira (RJ) Silvia Wanick Sarinho (PE)
Bruno Acatauassu Paes Barreto (PA) Jocileide Sales Campos (CE) COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
Nordeste: COORDENAÇÃO DE SAÚDE SUPLEMENTAR Victor Horácio da Costa Junior (PR)
Anamaria Cavalcante e Silva (CE) Maria Nazareth Ramos Silva (RJ) Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE)
Sudeste: Corina Maria Nina Viana Batista (AM) Fátima Maria Lindoso da Silva Lima (GO)
Luciano Amedée Péret Filho (MG) Álvaro Machado Neto (AL) Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP)
Sul: Joana Angélica Paiva Maciel (CE) Jefferson Pedro Piva (RS)
Darci Vieira Silva Bonetto (PR) Cecim El Achkar (SC) COORDENAÇÃO DE RESIDÊNCIA E ESTÁGIOS EM PEDIATRIA
Centro-oeste: Maria Helena Simões Freitas e Silva (MA) Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS)
Regina Maria Santos Marques (GO) COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE GESTÃO DE CONSULTÓRIO Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP)
Normeide Pedreira dos Santos (BA) Victor Horácio da Costa Junior (PR)
ASSESSORES DA PRESIDÊNCIA: DIRETORIA DOS DEPARTAMENTOS CIENTÍFICOS E COORDENAÇÃO Clóvis Francisco Constantino (SP)
Assessoria para Assuntos Parlamentares: DE DOCUMENTOS CIENTÍFICOS Silvio da Rocha Carvalho (RJ)
Marun David Cury (SP) Dirceu Solé (SP) Tânia Denise Resener (RS)
Assessoria de Relações Institucionais: DIRETORIA-ADJUNTA DOS DEPARTAMENTOS CIENTÍFICOS Delia Maria de Moura Lima Herrmann (AL)
Clóvis Francisco Constantino (SP) Lícia Maria Oliveira Moreira (BA) Helita Regina F. Cardoso de Azevedo (BA)
Jefferson Pedro Piva (RS)
Assessoria de Políticas Públicas: DIRETORIA DE CURSOS, EVENTOS E PROMOÇÕES Sérgio Luís Amantéa (RS)
Mário Roberto Hirschheimer (SP) Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck (SP) Gil Simões Batista (RJ)
Rubens Feferbaum (SP) COORDENAÇÃO DE CONGRESSOS E SIMPÓSIOS Susana Maciel Wuillaume (RJ)
Maria Albertina Santiago Rego (MG) Ricardo Queiroz Gurgel (SE) Aurimery Gomes Chermont (PA)
Sérgio Tadeu Martins Marba (SP) Paulo César Guimarães (RJ) COORDENAÇÃO DE DOUTRINA PEDIÁTRICA
Assessoria de Políticas Públicas – Crianças e Cléa Rodrigues Leone (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA)
Adolescentes com Deficiência: COORDENAÇÃO GERAL DOS PROGRAMAS DE ATUALIZAÇÃO Hélcio Maranhão (RN)
Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo (MT) Ricardo Queiroz Gurgel (SE)
Eduardo Jorge Custódio da Silva (RJ) COORDENAÇÃO DAS LIGAS DOS ESTUDANTES
COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE REANIMAÇÃO NEONATAL: Edson Ferreira Liberal (RJ)
Assessoria de Acompanhamento da Licença Maria Fernanda Branco de Almeida (SP) Luciano Abreu de Miranda Pinto (RJ)
Maternidade e Paternidade: Ruth Guinsburg (SP) COORDENAÇÃO DE INTERCÂMBIO EM RESIDÊNCIA NACIONAL
João Coriolano Rego Barros (SP) COORDENAÇÃO PALS – REANIMAÇÃO PEDIÁTRICA Susana Maciel Wuillaume (RJ)
Alexandre Lopes Miralha (AM) Alexandre Rodrigues Ferreira (MG)
Ana Luiza Velloso da Paz Matos (BA) COORDENAÇÃO DE INTERCÂMBIO EM RESIDÊNCIA INTERNACIONAL
Kátia Laureano dos Santos (PB) Herberto José Chong Neto (PR)
Assessoria para Campanhas:
Conceição Aparecida de Mattos Segre (SP) COORDENAÇÃO BLS – SUPORTE BÁSICO DE VIDA DIRETOR DE PATRIMÔNIO
Valéria Maria Bezerra Silva (PE) Cláudio Barsanti (SP)
GRUPOS DE TRABALHO:
COORDENAÇÃO DO CURSO DE APRIMORAMENTO EM NUTROLOGIA COMISSÃO DE SINDICÂNCIA
Drogas e Violência na Adolescência: PEDIÁTRICA (CANP)
Evelyn Eisenstein (RJ) Gilberto Pascolat (PR)
Virgínia Resende S. Weffort (MG) Aníbal Augusto Gaudêncio de Melo (PE)
Doenças Raras: CONVERSANDO COM O PEDIATRA Isabel Rey Madeira (RJ)
Magda Maria Sales Carneiro Sampaio (SP) Victor Horácio da Costa Júnior (PR) Joaquim João Caetano Menezes (SP)
Metodologia Científica: PORTAL SBP Valmin Ramos da Silva (ES)
Gisélia Alves Pontes da Silva (PE) Flávio Diniz Capanema (MG) Paulo Tadeu Falanghe (SP)
Cláudio Leone (SP) Tânia Denise Resener (RS)
COORDENAÇÃO DO CENTRO DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA
Pediatria e Humanidade: José Maria Lopes (RJ) João Coriolano Rego Barros (SP)
Álvaro Jorge Madeiro Leite (CE) Maria Sidneuma de Melo Ventura (CE)
Luciana Rodrigues Silva (BA) PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO CONTINUADA À DISTÂNCIA
Marisa Lopes Miranda (SP)
Christian Muller (DF) Altacílio Aparecido Nunes (SP)
João Joaquim Freitas do Amaral (CE) CONSELHO FISCAL
João de Melo Régis Filho (PE) Titulares:
Transplante em Pediatria: DOCUMENTOS CIENTÍFICOS Núbia Mendonça (SE)
Themis Reverbel da Silveira (RS) Luciana Rodrigues Silva (BA) Nélson Grisard (SC)
Irene Kazue Miura (SP) Dirceu Solé (SP) Antônio Márcio Junqueira Lisboa (DF)
Carmen Lúcia Bonnet (PR) Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho (PE) Suplentes:
Adriana Seber (SP) Joel Alves Lamounier (MG) Adelma Alves de Figueiredo (RR)
Paulo Cesar Koch Nogueira (SP) DIRETORIA DE PUBLICAÇÕES João de Melo Régis Filho (PE)
Fabiana Carlese (SP) Fábio Ancona Lopez (SP) Darci Vieira da Silva Bonetto (PR)
EDITORES DA REVISTA SBP CIÊNCIA ACADEMIA BRASILEIRA DE PEDIATRIA
DIRETORIA E COORDENAÇÕES: Joel Alves Lamounier (SP) Presidente:
DIRETORIA DE QUALIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO Altacílio Aparecido Nunes (SP) José Martins Filho (SP)
PROFISSIONAL Paulo Cesar Pinho Pinheiro (MG) Vice-presidente:
Maria Marluce dos Santos Vilela (SP) Flávio Diniz Capanema (MG) Álvaro de Lima Machado (ES)
COORDENAÇÃO DO CEXTEP: EDITOR DO JORNAL DE PEDIATRIA Secretário Geral:
Hélcio Villaça Simões (RJ) Renato Procianoy (RS) Reinaldo de Menezes Martins (RJ)

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