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CASOS-PRÁTICOS

1. Suponha que, no dia 15 de Março de 52 a.C., Valerius recebeu de Caius a


quantia de 3.000 sestércios. Estabeleceu-se que Valerius deveria restituir tal
importância no prazo de um ano, havendo-se fixado, outrossim, um juro de
9%.

Quid iuris, se atendermos a que:

a) em 12 de Janeiro de 50 a.C., Valerius ainda nada havia pago a Caius?


b) em lugar de dinheiro, Valerius houvera recebido oito dúzias de limões,
pretendendo restituir seis dúzias de maçãs (as quais, em seu entender, valiam
muito mais…)?

2. Suponha que, nos idos de Março de 125 d.C., Sertorius empreendeu fazer
uma longa viagem. Vivendo sozinho, foi-lhe mister entregar o seu cavalo-
lusitano favorito a alguém que dele cuidasse durante a sua ausência.
Escolheu, para tanto, Marcus, a quem o prendiam, desde a infância,
irrefragáveis laços de amizade.
Quid iuris, se:
a) Sertorius, ao regressar, houvesse constatado ter Marcus deixado o seu cavalo
morrer de fome?
b) Marcus, aquando do regresso de Sertorius, lhe exigisse 1.000 sestércios para
consertos vários nas suas cocheiras, motivados por danos causados pelo
cavalo?
c) Marcus houvesse, naquele entretanto, utilizado o cavalo para uma corrida de
quadrigas?
d) Marcus, encantado com a beleza e pujança do cavalo, dele se houvesse
apropriado e o não quisesse restituir a Sertorius?

3. Suponha que, em 14 de Agosto de 254, Paulus viu a sua casa soçobrar ante
um inclemente incêndio. Seu amigo Caius, movido pelo nobre sentimento de
auxiliar Paulus em hora tão tremendamente aziaga, entregou-lhe um imóvel

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de que era proprietário e que se achava desocupado, a fim de que nele
habitasse até ao final do Inverno.
Quid iuris, se:
a) pouco tempo transcorrido, Caius viesse a descobrir que Paulus explorava
no imóvel uma actividade comercial, sendo certo, ademais, que o
contínuo fluxo de clientes – famintos buscantes de um vinho de grande
qualidade que Paulus ali vendia –, frequentemente ébrios e desordeiros,
vinha causando, de quando em quando, alguns danos materiais no
mesmo?
b) Paulus, constatando o avançado estado de degradação do imóvel, tivesse
tido necessidade de mandar compor-lhe o telhado, pois que divisões
havia em que a água da chuva entrava a jorros?

4. Suponha que, em 30 de Abril de 242, Titius entregou o seu escravo Stichus a


Sempronius, vizinho e grande amigo, para que dele fizesse uso, no meio ano
subsequente, em actividades agrícolas. Em razão da fraterna amizade
existente entre Titius e Sempronius, não foi fixada qualquer retribuição por
isso. Findo o prazo acordado, Sempronius recusou-se a restituir o escravo
Stichus a Titius; constava, aliás, que Sempronius o vinha utilizando em
trabalhos de olaria, dos quais o escravo se vinha desincumbindo
apreciavelmente, tornando-se-lhe, ipso facto, indispensável – isso mesmo
contaram a Titius outros amigos comuns.
a) Identifique e caracterize o contrato celebrado entre Titius e Sempronius.
b) Como, e com que fundamentos, poderia agir Titius contra Sempronius?
c) Suponha agora que Stichus sofrera grave acidente, tendo Sempronius
despendido a quantia de 1.000 sestércios com o seu tratamento médico.
Atento tal facto, pretende Sempronius ser ressarcido de semelhante
despesa. Quid iuris?

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