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Bullying: brincadeiras que ferem

Ameaças, agressões, humilhações... a escola pode se tornar um verdadeiro inferno para crianças que
sofrem nas mãos de seus próprios colegas, ainda mais nos dias de hoje, em que a internet pode potencializar
os efeitos devastadores do bullying. Você sabe o que é isso? Onde e como ele ocorre?

Você já ouviu falar de bullying? O termo em inglês pode causar estranhamento a muita gente, mas as
atitudes agressivas intencionais e repetitivas que ridicularizam, agridem e humilham pessoas – tão comum
entre crianças e jovens – é muito familiar a todos. A palavra inglesa 'bully' significa valentão, brigão. Atos
como empurrar, bater, colocar apelidos ofensivos, fazer gestos ameaçadores, humilhar, rejeitar e até mesmo
ameaçar sexualmente um colega dentro de uma relação desigual de poder, seja por idade, desenvolvimento
físico ou relações com o grupo são classificados como bullying. O problema pode ocorrer em qualquer
ambiente social – em casa, no clube, no local de trabalho etc –, mas é na escola que se manifesta com mais
freqüência. (...)
O Bullying é um problema mundial, encontrado em qualquer escola, não se restringindo a um tipo
específico de instituição. Esse 'fenômeno' começou a ser pesquisado há cerca de dez anos na Europa, quando
se descobriu que ele estava por trás de muitas tentativas de suicídio entre adolescentes. Geralmente os pais e
a escola não davam muita atenção para o fato, que acreditavam não passava de uma ofensa boba demais para
ter maiores conseqüências. No entanto, por não encontrar apoio em casa, o jovem recorria a uma medida
desesperada. E no Brasil a situação não é diferente.(...)
Quem já não teve um apelido ofensivo na escola? Ou mesmo sofreu na mão de um grupo de colegas
que o transformava em 'bode espiatório' de brincadeiras no colégio? Exemplos não faltam. Entre alguns
deles está o da gaúcha Daniele Vuoto, que conta toda a sua história em um blog onde também discute sobre
o assunto e troca experiências com outras vítimas desse tipo de agressão, psicológica, física e até de assédio
sexual. (...)
"O aluno alvo de bullying se culpa muito pelo que acontece, e é preciso esclarecer isso: um aluno que
agride outro, na verdade, também precisa de ajuda, pois está diminuindo o outro para se sentir melhor, e
certamente não é feliz com isso, por mais de demonstre o contrário. A turma entra na onda por medo, não
por concordar. Enxergar a situação dessa forma pode ajudar muito", conta Daniele.
Porém, a realidade de vítimas que 'sofrem em silêncio', como Daniele explica em seu blog, está
mudando. Além de atitudes como a da estudante, em que pessoas utilizam a internet para procurar ajuda e
trocar experiências, o assunto vêm ganhando corpo e se tornando pauta de veículos de comunicação de
massa, a exemplo das matérias veiculadas no Jornal Nacional, da Rede Globo, e em discussões como a
realizada no programa Happy Hour, do canal a cabo GNT. (...)
(Disponível em: http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=revista_educarede.especiais&id_especial=361. Acesso:22 agosto 2010)

Trabalhando com o texto/ Copiar e responder no caderno.

1. Como o autor define bullying?


2. Por que o termo foi utilizado em inglês?
3. Segundo o texto, esse tipo de atitude precisa ser seriamente enfrentado. Qual sua opinião?
4. Você acredita que o bullying existe na escola apenas pelo fato de que as crianças são diferentes
entre si? Explique.
5. Que soluções você apontaria para o problema?
6. Em algum momento, na nossa escola, você se sente vítima de bullying? Justifique sua resposta.
7. Você conhece ou já ouviu falar de alguém na nossa escola, vítima de bullying?
O Diário de Davi Satil: uma Vítima de Bullying (Adaptado)
 
Não sei o que acontece... às vezes me acho diferente dos meus colegas. Queria sumir,  me esconder dentro de um baú
e de lá não sair tão cedo. Sinto uma dor, e dói mais quando penso que amanhã terei que voltar lá outra vez e
encontrarei aqueles meninos. Às vezes eu me sinto tão só, mesmo tendo muita gente por perto de mim. Fico com medo
de chegar na escola, pegar o transporte e ter que ouvir aquelas palavras. Tudo isso é tão doloroso que parece que
estão espremendo o meu coração... fico sem letras e palavras para escrever.
 
Minha mãe diz que eu tenho que falar tudo para ela, mas para quê falar? Preciso de ajuda querido diário. Ela não
tem tempo para mim. Como um menino de 13 anos fica assim? Tristonho, moribundo e com medo. Se eu fosse forte e
alto, quem sabe as coisas seriam diferentes. Sou meio gordinho e o médico diz que tenho que fazer regime. Regime é
uma lista enorme de coisas que te proíbem de comer. Eu não como muito, só gosto de chocolate, torta de maçã,
refrigerante, e minha sobremesa preferida é pudim. Na lista do regime, sou proibido de comer tudo isso.
 
Na semana passada, o Pedro e o Daniel tomaram meu lanche. Fiquei com tanta raiva que se eu pudesse fazia eles
sumirem no mapa. Mas tem também as gêmeas lá da sala, que ficam me chamando de baleia orca. Eu até fui no
Google ver como era essa tal orca e não acho que pareço muito com elas não. As orcas são chamadas de baleias
assassinas e chegam a pesar nove toneladas. Eu só peso 78 quilos, é pouco considerado o peso das Orcas.
 
Já pedi para a minha mãe me tirar desta escola, mas fico com medo de na outra escola tudo se repetir. E tem uma
outra coisa: gosto muito da professora e do recreio, porque vou sempre para a biblioteca e fico lá. Pelo menos
ninguém fica me perturbando. Queria ser diferente do que sou. Quem sabe assim eles me aceitariam. O João é o
único que não me provoca, ele é meu melhor amigo. Ser diferente é errado? O que faço para que eles parem de me
perseguir? A professora às vezes vê tudo o que acontece, reclama e chama a atenção de todo mundo, mas no outro
dia começa tudo de novo. Não posso ficar sofrendo assim.
 
Já inventei que estava me sentido mal para não ir à escola. Sei que isso é errado, mas o que faço?  Fico desanimado e
vejo que se a situação agravar não irei mais ser advogado, pois tirei uma nota ruim em matemática porque estava
chateado. Os meninos logo na chegada me perguntaram sobre o lanche de hoje. Qual seria o cardápio? Um dia eles
me pagam. Quando eu for advogado, eles vão ver.
 
Já olhei tudo, para ser advogado eu tenho que fazer uma prova chamada de vestibular. Caso eu passe vou ingressar
na Faculdade de Direito. Vamos ver se com as leis eles vão brincar. Já até sonhei com tudo isso. Pensar que eles vão
ser punidos me alegra.
 
Mas sabe de uma coisa? Amanhã irei entregar esta folha do diário a professora e pedir para ela só ler quando
chegar em casa. Ela pode me ajudar a ser advogado, e prender logo todo mundo que me faz me sentir tão diferente e
triste assim. Sei que vai doer, mas não se preocupe, a folha vai e volta. Desta forma, continuaremos amigos.
 
Ps: Prezada professora, favor após a leitura me devolver a página do diário, ele vai agradecer.
 
Ps 2: Não conte para ninguém o que está escrito aqui. São minhas histórias. Posso confiar em você? 
 
Ps 3: Você me acha parecido com uma orca? Tem mais coisas, muito mais, mas o meu diário ficaria triste se as
outras páginas tiverem que sair dele.
 
Autor: Silvano Sulzart
Trabalhando com o texto/ Copiar e responder no caderno.

1)     Em sua opinião, qual seria a faixa etária de Davi? Justifique.


2)     O menino afirma que tem medo de pegar o transporte e ouvir “aquelas palavras”. A que ele se refere?
3)     Que outros problemas Davi enfrenta?
4)     Por que ele não conta para a mãe o que está acontecendo?
5)     Para fugir das provocações dos colegas, Davi pediu a sua mãe que o tirasse da escola. No entanto, o menino parece
não ter certeza de que isso seria a melhor solução. Por quê?
6)     Para o menino, de que forma a profissão que escolheu poderia auxiliá-lo a sair da difícil situação em que se encontra?
7)     Ao escrever, Davi se dirige ao próprio diário durante quase todo o texto. No final, porém, se dirige à outra pessoa.
Quem é essa pessoa? O que ele lhe diz?
8)     Para você, o que o menino deveria fazer para tentar se livrar dos problemas que está vivendo na escola?
9)  De que forma a família, professores, diretores ou outros colegas poderiam ajudá-lo?
10)  Pesquise o significado da palavra bullying.
11)Você já sofreu bullying ou já testemunhou casos de bullying? Relate.

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