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Patrimônio: Guilherme de Andrea Frota
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Relações Institucionais: João Mauricio de A. Pinho
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marães (subcoord.)
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ADMISSÃO DE SÓCIOS: CIÊNCIAS SOCIAIS: ESTATUTO:
Alberto da Costa e Silva Antônio Celso Alves Pereira Antonio Celso Alves Pereira
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reira
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gueira
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DO
INSTITUTO HISTÓRICO
E
GEOGRÁFICO BRASILEIRO
Hoc facit, ut longos durent bene gesta per annos.
Et possint sera posteritate frui.
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Revisora: Carolina Pereira Vicente Silva
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Quadrimestral
ISSN 0101-4366
Ind.: T. 1 (1839) – n. 399 (1998) em ano 159, n. 400. – Ind.: n. 401 (1998) – 449 (2010) em n. 450
(2011)
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Victor Tau Anzoategui – Universidade de Buenos Aires – Buenos Aires – Argentina (in memoriam)
ESTE NÚMERO CONTOU COM O APOIO DE:
17
I – ARTIGOS E ENSAIOS
ARTICLES AND ESSAYS
Resumo: Abstract
O artigo busca entender como o Código Civil The article seeks to understand how the Civil
de 1916 foi recepcionado na prática judicial ca- Code of 1916 was received by judicial practice
rioca e pela imprensa local até o ano de 1927, in Rio de Janeiro and by the local press until
contemplando o período dos seus primeiros dez 1927, covering the first decade of its validity.
anos de vigência. Foi realizada pesquisa quanti- First, a quantitative research was carried out
tativa com a finalidade de identificar a frequên- in order to identify the frequency of mentions
cia das menções ao Código nos processos cíveis of the Code in civil lawsuits in the city of Rio
que tramitaram na cidade do Rio de Janeiro de Janeiro between 1917 and 1927. Next,
entre os anos de 1917 e 1927. Em seguida, foi we conducted a qualitative research, using
realizada pesquisa qualitativa, tendo como fonte as source the main newspapers of the time
os principais jornais da época, com o objetivo de in order to analyse how the press described
analisar como a imprensa descrevia as expecta- expectations and criticisms in the application
tivas e as críticas na aplicação do novo diploma of the new code. The research was structured
normativo. Desse modo, a pesquisa foi estru- with the aim of understanding how the Code
turada buscando entender como o Código foi was applied, criticized and debated in the
aplicado, criticado e debatido na então capital capital of the county at the time. We found only
federal. Foi identificada a quase inexistência de sparse references to the 1916 Civil Code in Rio
referências ao Código Civil de 1916 na prática de Janeiro’s judicial practice. The analysis of
judicial carioca. A análise da cobertura da im- the press coverage returned likewise only a few
prensa da época caminhou no mesmo sentido, results, confirming the resistance and reactions
confirmando resistências e reações por parte de of jurists, politicians and the local population
juristas, políticos e da população local à aplica- to the applicability of the new civil legislation.
bilidade da nova legislação civil.
Palavras-chave: Código Civil de 1916 ; Plura- Keywords: Brazilian Civil Code of 1916, legal
lismo jurídico ; Imprensa. pluralism, Brazilian press.
“Afinal, Dr. ?
Para ser franco, não encontro solução para o seu caso.
É extraordinário! O Dr. affirma-me que tinha toda a ra-
zão, que o meu direito é liquido e, entretanto, não quer ac-
ceitar a minha causa porque ella não tem apoio na lei.
Mas de certo. O seu espanto provém do facto do senhor confun-
dir lei com direito, duas coisas que são diametralmente opostas.
Ah, julguei...
Sim, julgou o que geralmente julgam todos os leigos na
sciencia jurídica, misturam alhos com bugalhos, o direi-
to com a lei, a lei com a justiça e até a nuvem, que tem
uma face apenas, com Juno que tem duas”4.
Introdução
No dia 01 de janeiro de 1917 entrou em vigor o primeiro Código
Civil brasileiro5. Depois de muitos anos em estado de projeto, o texto foi
Direito. Sócio Honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). E-mail:
gsique@gmail.com.
4 – Crônica assinada por um advogado com pseudônimo de D. Quixote sobre a ausência
no Código Civil de dispositivos protegendo direitos do inquilino (Correio da manhã,
14.03.1920).
5 – Ainda carece, na historiografia jurídica brasileira, de estudos consistentes sobre a
história da codificação civil, ao contrário de outros países, como Bélgica (VANDERLIN-
DEN, J. Le concept de code en Europe occidentale du XIIIe au XIXe siècle, Essai de défi-
nition, Bruxelles), França (HALPÉRIN, J.-L. L’impossible Code civil, Paris: PUF, 1992),
Chile (BRITO, A. La Codificación Civil en Iberoamérica. Siglos XIX y XX. Santiago:
Editorial Jurídica de Chile, 2000), Suíça (CARONI, P. Gesetz und Gesetzbuch. Beiträge
zu einer Kodifikationsgeschichte, Basel/Genf/München, 2003), Peru (NÚÑEZ, C. Histo-
ria del Derecho Civil Peruano. Siglos XIX y XX. Lima: Pontificia Universidad Católica
del Perú, 2005), Argentina (ANZOÁTEGUI, V. T. La Codificación en la Argentina 1810-
1870. Mentalidad Social e Ideas Jurídicas. 2a ed. Buenos Aires: Histórica Emilio J. Per-
rot, 2008). Essa ausência foi sublinhada por Thiago Reis em artigo publicado no livro do
Centenário do Código Civil de 1916, que reúne outros estudos importantes em torno do
tema (REIS, T. Autonomia do direito privado ou politica codificada? O Código Civil de
8 – A expressão “pluralismo jurídico” deve ser entendida em oposição à concepção mo-
nista, que centra a produção normativa unicamente no Estado, sendo a codificação sua
maior expressão. Além do pluralismo denotar diferentes centros de produção do direito,
também demarca diferentes mecanismos para situações idênticas (VANDERLINDEN, J.
Trente ans de longue marche sur la voie du pluralisme juridique. Cahiers d’Anthropologie
du droit. Les pluralismes juridiques. Paris : éd. Karthala, 2003, p. 28). No Oitocentos
brasileiro, em que o legalismo estatal se apresentava, ideologicamente, desde a Indepen-
dência, como uma solução moderna ao antigo sistema plural de fontes do direito, o tema
aparece ainda imbricado e repleto de paradoxos, sobretudo no âmbito do direito privado
que só terá a primeira codificação em 1916. Se, até lá, algumas leis esparsas aportavam
regulação pontual ao direito privado (Lei de Terras de 1850, Lei do Casamento Civil de
1890), deve-se atentar à permanência de uma “constelação normativa” típica do Antigo
Regime. Para maior aprofundamento teórico no tema, confira: HESPANHA, A. M. Cultu-
ra jurídica européia: Síntese de um milênio. Florianópolis: Fundação Boiteux, reimpr.
2015, p. 148 e s.). Para um primeiro e amplo apontamento teórico sobre a pluralidade
do sistema de fontes no direito brasileiro: FONSECA, R. A jurisprudência e o sistema
das fontes no Brasil: uma visão histórico-jurídica. Revista Seqüência, n° 58, jul., 2009,
p. 23-34. Para a colocação do problema no direito colonial brasileiro: HESPANHA, A.
M. Por que é que existe e em que é que consiste um direito colonial brasileiro. Quaderni
Fiorentini per la storia del pensiero giuridico moderno, n. 35, t. 1, 2006, p. 59-61; e
WEHLING, A., WEHLING, M. J. A questão do direito no Brasil colonial: a dinâmica do
direito colonial e o exercício das funções judiciais. In: NEDER, G. História & direito:
jogos de encontros e transdisciplinariedade. Rio de Janeiro: Revan, 2007, p. 77-94. Sobre
o pluralismo e o direito civil antes do Código de 1916: SIQUEIRA, op. cit., 2017.
9 – As palavras são de Pedro Lessa (Gazeta de notícias, 01.01.1917).
10 – A comarca do Rio de Janeiro contava, à época, com cinco varas cíveis, tendo a
pesquisa contemplado a sua totalidade.
Código Civil, o que não implica dizer que o resultado obtido valeria para
todo território nacional no período indicado11.
11 – Arquivo Nacional do Rio de janeiro, 1a Vara Cível do RJ (fundo CG), 2a Vara Cível
do RJ (fundo CH), 3a Vara Cível do RJ (fundo CI), 4a Vara Cível do RJ (fundo CJ), 5a Vara
Cível do RJ (fundo CK).
12 – Sobre a consciência do juiz na história do direito, CARBASSE, J.; DEPAM-
BOUR-TARRIDE, L. La conscience du juge dans la tradition juridique européenne.
Paris : Presses Universitaires de France, 1999. Existe uma tradução para o português: A
consciência do juiz na tradição europeia. Belo Horizonte : Livraria tempus, 2010. Sobre o
arbítrio dos juízes (arbitrium iudicis), cujo fundamento jurídico remonta a um fragmento
do Digesto (D., 48, 19, 13), atribuído a Ulpiano, alguns estudos já foram feitos para o
direito europeu, com enfoque no direito penal: ver o estudo clássico de SCHNAPPER,
B. Les peines arbitraires du XIIIe au XVIIIe siècle (doctrines savantes et usages français),
Tijdschrift voor Rechtsgeschiedenis, Revue d’histoire du droit (Bruxelles), t. 41, 1973, p.
237-277 e, mais recente, aquele de GAU-CABÉE, C. Arbitrium judicis. Jalons pour une
histoire du principe de la légalité des peines. In: MASCALA, C. (org.), A propos de la
sanction. Toulouse: Presses de l’Université de Toulouse 1 Capitole, 2007, p. 39-61. Artigo
na internet, consultado em 10 de junho de 2022: https://books.openedition.org/putc/1781
dívida, entretanto, seguia a via judicial, com o contraditório, provas e sentença. Podería-
mos aqui questionar o papel da Vara Cível nessas lides de natureza pública dentro de um
contexto que parece desconhecer competência especializada para tratar a matéria.
Inventário 2
Emancipação 2
Cobrança honorários advocatícios 1
Carta de arrematação 1
Uma última consideração: uma parte que se conhece hoje como “di-
reito do trabalho” era tratado como locação de serviços, regulado na épo-
ca pelo Código Civil, assim como a locação de serviços agrícolas.
gramatical entre Rui Barbosa e Ernesto Carneiro Ribeiro sobre a redação do Projeto do
Código Civil. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Lín-
gua Portuguesa da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2010). Além do mais,
como sugere um estudo, o presidente Campos Sales e seu ministro Epitácio Pessoa eram
inimigos políticos de Rui, o que poderia explicar sua participação restrita a aspectos gra-
maticais nos trabalhos preparatórios (LYNCH, C. República, evolucionismo e Código
Civil: a presidência Campos Sales e o projeto Clóvis Beviláqua. RIHGB, Rio de Janeiro,
a. 178 (473), jan.-mar., 2017, p. 157-180). Na década de 1960, o jurista San Tiago Dantas
encontrou um parecer, sob a forma de manuscrito, sobre a Parte Geral do Código Civil, no
arquivo da Casa de Rui Barbosa, o que pode colocar em questão a ideia de que sua par-
ticipação na elaboração do Código tenha se limitado à revisões gramaticais (BARBOSA,
R. Obras completas, vol. XXXII (1905), tomo III: Código Civil. Parecer Jurídico. Rio de
Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, Prefácio de San Tiago Dantas, 1968 p. XIV).
23 – O Paiz, 15.04.1924.
24 – O Paiz, 02.12.1926.
25 – O Paiz, 02.01.1917.
26 – Idem.
27 – Idem.
28 – Idem.
29 – Idem.
30 – O Paiz, 24.04.1917.
31 – Idem.
32 – Idem.
33 – Idem.
34 – Idem.
Bevilacqua não foi à palestra, mas enviou uma carta que foi lida
por Sá Freire, à época presidente do IAB, na qual afirmava que parecia
exagerada a crítica do colega ao dizer que o Código Civil continha “erros
crassos”52. Asseverava, ainda,
que os mais eminentes juristas collaboraram nesse trabalho, auxilia-
dos pelas corporações scientificas, salientando o orador o modo por
que foi, além disso, elaborado no Congresso. Enalteceu a colaboração
de Ruy Barbosa, e diz que tratando embora apenas da sua redação, não
deixaria ele passar erros crassos53.
Muito embora casos como este, de uso da lei civil para atender a
interesses privados, não sejam raros na história do direito brasileiro87, tal-
vez o jornal tenha exagerado. Na realidade, havia uma tradição na Igreja
Católica do Brasil em admitir esses casamentos, como se nota no já men-
cionado decreto n° 181 de 1890 e no Esboço, projeto de Código Civil de
Teixeira de Freitas, de 1860, em que o impedimento poderia ser dispensa-
do pelo “Governo, na Corte pelo Ministério dos Negócios da Justiça, nas
Províncias pelos respectivos Presidentes” (art. 1.278).
83 – Correio da manhã, 22 e 24 de setembro e 21 de novembro de 1919.
84 – Gazeta de notícias, 14.06.1919.
85 – Correio da manhã, 25.04.1919.
86 – Correio da manhã, 28.05.1919.
87 – Veja o famoso caso da “lei teresoca”, no qual Getúlio Vargas alterou o Código Civil
por dois decreto (n° 4.737 de 1942 e n° 5.213 de 1943) para que Assis Chateaubriand
pudesse reconhecer uma filha havida fora do casamento e ter direitos sobre ela.
118 – Correio da manhã, 01.09.1918. O artigo 243, parágrafo único, previa uma exceção
à regra da autorização marital, quando se tratasse de “ocupar cargo público”.
119 – Correio da manhã, 02.09.1918.
120 – Correio da manhã, 07.09.1918.
121 – O jornal Correio da manhã abriu uma coluna, que vinha estampada na sua pri-
meira página, intitulada “O divorcio. O Correio da Manhã abre um inquérito a respeito”,
na qual diferentes personalidades da época escreveram sobre o tema.
122 – Esse decreto retirou o casamento da jurisdição eclesiástica para o tornar civil. A
separação de corpos estava prevista no artigo 88, de redação bastante confusa, indicada
pelo termo “divórcio”. Decreto n° 181, de 24 de janeiro de 1890, “Art. 88. O divorcio não
dissolve o vinculo conjugal, mas autoriza a separação indefinida dos corpos e faz cassar o
regime dos bens, como se o casamento fosse dissolvido”.
123 – Mais acertadamente, porque em sentido estrito o divórcio pressupõe o rompimen-
to do vínculo matrimonial e a possibilidade de constituir segundas núpcias.
5. Considerações finais
Ao termo final da pesquisa, traçamos, em linhas gerais, algumas ex-
plicações sobre a escassez de referências ao Código Civil de 1916, du-
rante seus dez primeiros anos de vigência, nas Varas Cíveis do Rio de
Janeiro.
sobre as mudanças trazidas pela nova lei. Todos esses elementos represen-
taram uma resistência à recepção do Código, sendo apenas um sintoma
o reduzido número de referências aos seus artigos nos atos processuais.
Referências bibliográficas
Processos judiciais
ARQUIVO NACIONAL DO RIO DE JANEIRO, 1a Vara Cível do RJ (fundo CG),
2a Vara Cível do RJ (fundo CH), 3a Vara Cível do RJ (fundo CI), 4a Vara Cível do
RJ (fundo CJ), 5a Vara Cível do RJ (fundo CK).
Jornais (em ordem cronológica)
O CÓDIGO CIVIL ENTRA HOJE EM EXECUÇÃO. O que nos dizem os Drs.
Pedro Lessa e Paulo de Lacerda. Gazeta de notícias, 01 jan. 1917, p. 2.
O CÓDIGO CIVIL. As comemorações pelo seu início. O Paiz, 02 jan. 1917, p.
2.
O CÓDIGO CIVIL. As homenagens do Instituto dos Advogados. Correio da
manhã, 02 jan. 1917, p. 2.
TELEGRAMAS RECEBIDOS PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA.
Correio da manhã, 02 jan. 1917, p. 2.
TOPICOS E NOTICIAS. Correio da manhã, 02 jan. 1917, p. 1.
TOPICOS E NOTICIAS. Correio da manhã, 04 jan. 1917, p. 1.
ECHOS E FACTOS. Do registro público. O Paiz, 12 jan. 1917, primeira
página.
AVÓS QUE RECLAMAM O DIREITO DE TER UM NETINHO EM SUA
COMPANHIA. O CÓDIGO CIVIL NÃO COGITA DA PREFERÊNCIA. A avó
materna – pensa o Dr. Astolpho Rezende – deve assistir esse direito. Gazeta de
notícias, 25 jan. 1917, primeira página.
MENSAGEM DIRIGIDA AO CONGRESSO LEGISLATIVO DO ESTADO
136 – Idem.
57
Resumo: Abstract:
O presente artigo pretende compreender os va- In the paper, we seek to understand the values
lores atribuídos ao Patrimônio Cultural de Santa attributed to the Cultural Heritage of Santa
Catarina a partir da análise dos itens enviados Catarina by analysing the documents sent by the
pela Província, ao Rio de Janeiro, para fazer Province for the Brazilian History Exhibition in
parte da Exposição de História do Brasil de Rio de Janeiro in 1881. The documents were
1881. A metodologia utilizada foi a de análise de collected from digital libraries such as the
documentos relativos à exposição. Os documen- Biblioteca Nacional and Biblioteca do Senado
tos foram encontrados em plataformas digitais and analysed based mainly on data collected by
como o acervo digital da Biblioteca Nacional e Lilia Moritz Schwarcz (1998), Alois Riegl (2014)
da Biblioteca do Senado. Os documentos foram and Janice Gonçalves (2016). We conclude that
analisados com base, principalmente, em Lilia the values attributed both by the empire and by
Moritz Schwarcz (1998), Alois Riegl (2014) the Province of Santa Catarina to the cultural
e Janice Gonçalves (2016). Como resultados heritage aimed at showing the organization and
compreendemos que os valores atribuídos, tanto development of the country, thus contributing to
pelo Império quanto pela Província de Santa Ca- the discourse on the progress and greatness of
tarina, ao patrimônio cultural selecionado para the Empire.
a exposição, pretendiam demonstrar a organiza-
ção e o desenvolvimento do país, contribuindo
assim com o discurso relacionado ao progresso
e à grandeza do império.
Palavras-chave: Patrimônio Cultural; Exposi- Keywords: cultural heritage; values of cultural
ção; Valores; Santa Catarina. heritage; exposition; Santa Catarina.
Introdução
No Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, em 2 de dezembro
de 1881, iniciava-se uma exposição de história nacional para comemorar
o aniversário do imperador D. Pedro II, com a presença do imperador e
sua esposa, que contou com um público de 7.621 visitantes nas instala-
ções da Biblioteca Nacional no decorrer do mês de sua duração.3
11 – Bugreiros eram forças paramilitares armadas presentes em Santa Catarina, Paraná,
Rio Grande do Sul e localidades de São Paulo no século XIX, compostas por colonos,
tinham a função de caçar bugres (nomenclatura da época para indígenas). ZANELATTO,
João Henrique; JUNG, Gilvani Mazzucco; OZÓRIO, Rafael Miranda. Índios e brancos no
processo colonizador do sul catarinense na obra de histórias do grande Araranguá de João
Leonir Dall’alba. Revista de História Comparada, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 174-202,
2015. Disponível em: www.hcomparada.historia.ufrj.br/revistahc/revistahc.htm. Acesso
em: 14 set. 2021.
12 – WANDERLEY, Andrea C. T. Exposição de História do Brasil de 1881-1882. 2019.
Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?tag=exposicao-de-historia-do-
-brasil-de-1881-1882. Acesso em: 07 nov. 2021.
33 – BARROS, José D’Assunção. Ranke: considerações sobre sua obra e modelo histo-
riográfico. Diálogos, Maringá, v. 17, n. 3, p. 977-1005, set. 2013.
34 – GONÇALVES, Janice. Figuras de valor: patrimônio cultural em Santa Catarina.
Itajaí: Casa Aberta, 2016.
35 – RUBINO, Silvana. As fachadas da História: os antecedentes, a criação e os tra-
balhos do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – 1937/1968. Campinas,
1992. Dissertação (Mestrado) – Mestrado em Antropologia Social, Universidade Estadual
de Campinas, Campinas, 1992.
cultural têm relações entre si, sendo regulados por tais narrativas - as
quais atribuem sentido a esses valores e estão ligadas a processos sociais
de produção de memória, como escreve Gonçalves36.
São Paulo, que era uma província com um pouco mais de protago-
nismo no cenário imperial, graças à produção de café, também teve três
itens expostos:
S. Paulo. Pint. a oleo. Exp.: S. M. o Imperador; [...] Mappa corogra-
phico da capitania de S. Paulo, [em] que se mostra a verdadeira situa-
ção dos logares por onde se fizeram as sete principaes divisões do seu
Governo com o de Minas Geraes. 1766. Original. Exp.: Arch. Militar;
[...] Memorias e tabellas estatísticas da província de S. Paulo. 1827.
Com a auth. por Joaquim Floriano de Toledo, um dos signatarios da
obra. (B. N.) Vide adiante o n. 67848.
46 – TARGA, Luiz Roberto Pecoits. O Rio Grande do Sul: fronteira entre duas forma-
ções históricas. Ensaios Fee, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 308-344, ago. 1991.
47 – Conforme escrita original: BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Catálogo da expo-
sição de história do Brasil. Introduções de José Honório Rodrigues e de Otaciano Noguei-
ra. Brasília: Editora do Senado Federal, 1998. 3 v. p. 193.
48 – Ibidem, p. 955.
49 – BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Catálogo da exposição de história do Brasil.
trava o trabalho que vinha sendo feito para cumprir os objetivos de ocupar
essas terras com imigrantes e fazê-las produzir.
O álbum de Fotografias
Além de documentos escritos e geográficos, a província catarinen-
se enviou fotografias, mais precisamente quem as enviou foi a Colônia
Dona Francisca. São fotos de um álbum chamado “Vistas Fotográficas
da Colônia Dona Francisca”, produzidas em 1866 pelo fotógrafo Louis
Niemeyer e, segundo Wanderley59, dedicadas e entregues ao imperador.
Pelo que foi possível perceber, o álbum foi enviado para a Exposição de
História do Brasil, em dezembro de 1881, pelo próprio Dom Pedro II, já
que não há registro das fotos no catálogo de itens enviados pela província
catarinense. Em algumas fotografias há datas e em outras não, porém não
há uma data de envio dessas imagens ao imperador. Possivelmente foram
enviadas entre 1868 e 1873, sendo as datas das chegadas dos imigrantes
que tiveram as suas casas fotografadas.
69 – VIEIRA, C. V.; GUEDES, Sandra P. L. C.. Mapeamento das rotas dos viajantes
estrangeiros na baía da Babitonga entre os séculos XVI e XIX. Caderno de Iniciação à
Pesquisa (UNIVILLE), v. 7, p. 306-309, 2005.
Figura 4:Casa da direção: dono o Sr. L. Aubé, 1866. Joinville, Santa Catarina/ Acervo BNDigital.
Figura 5: Casa do Sr. Jordan, negociante, rua do Caxoeira. Joinville, Santa Catarina / Acervo BNDigital.
Figura 6: Casa do Snr. Richlin, sapateiro, rua do Príncipe. Joinville, Santa Catarina / Acervo BNDigital.
Jacob Richlin, cuja residência aparece na Figura 6, por sua vez, era
um imigrante que chegou à Colônia em 1851, com 28 anos de idade, se-
gundo a lista de Imigrantes71 na Colônia Dona Francisca. Um sapateiro
protestante que viajou na 1ª classe, o que pode indicar seu poderio econô-
mico, já que os navios de imigrantes possuíam três classes e os operários,
pedreiros e lavradores, funções mais simples na época, ocupavam a 3ª
classe.
Figura 7: Casa do Snr. G. Hasse, negociante, rua do Príncipe. Joinville, Santa Catarina / Acervo BNDigital.
Por fim, a Figura 8 retrata uma igreja católica ao fundo, com um ce-
mitério em primeiro plano, e uma grande árvore. A questão interessante
é, se a maioria dos imigrantes que chegaram na Colônia eram seguidores
do protestantismo72 e a Colônia possuía uma casa de oração, por que tirar
uma foto de uma igreja católica? Não se pode esquecer que o catolicismo
era a religião oficial do Império brasileiro e essa era a igreja católica da
Colônia.
Figura 8:Igreja Catholica da rua da Telheira, 1866. Joinville, Santa Catarina / Acervo FBN.
73 – Ibidem.
-se os conflitos de poder que os mais diversos grupos sociais travam sobre
essa nação unificada e pacífica, e então a memória histórica se mescla
com a memória coletiva e com a memória autobiográfica.
Considerações finais
A partir do que vimos podemos estabelecer uma questão que irá
guiar as considerações acerca do patrimônio cultural catarinense enviado
à Exposição de História do Brasil de 1881. Podemos entender o que era
considerado patrimônio histórico para a província no contexto de uma ex-
posição nacional: documentos, mapas, legislação, documentos escritos,
muitas vezes oficiais.
83 – GUEDES, Sandra P. L. de Camargo; OLIVEIRA NETO, Wilson de; OLSKA, Ma-
rilia Gervasi. O exército e a cidade. Joinville, SC: Univille, 2008. 192 p.
91
Resumo: Abstract:
Este artigo tem por objetivo principal uma aná- The main aim of the paper is to carry out a
lise vertical do capítulo Sentido da colonização, vertical analysis of the chapter Meaning of
mote utilizado por Caio Prado Júnior (2011) Colonization, written by Caio Prado Júnior
para explicar a Formação do Brasil contempo- (2011) in order to explain the Formation of
râneo, em contraste com críticas e complemen- Contemporary Brazil, in contrast to critiques
tações ligadas à sua interpretação. Após expor- and additions linked to his interpretation.
mos os principais pontos que fundamentaram We present the main facts that supported
sua narrativa, buscaremos elencar, através dos his narrative, analyse the essays written by
ensaios de Costa (2010) e Souza (2010), alguns Costa (2010) and Souza (2010), and list some
pontos dignos de reconsiderações, observando a viewpoints worthy of reconsideration, in light
revisão empreendida por Novais (1969). Então, of Novais´review. (1969). Next, we analyse the
utilizaremos da obra de Luiz Felipe de Alencas- work of Luiz Felipe de Alencastro (2001) and
tro (2001) para apontarmos as aproximações point out the similarities between both authors,
entre esses dois autores, destacando as possi- highlighting the subsequent possibilities
bilidades subsequentes para a formulação de of formulating new analytical keys for the
novas chaves analíticas para o período colonial. colonial period. The purpose is to emphasize
Pretendemos expor a importância de conside- the importance of considering the colonial
rarmos as estruturas coloniais desveladas desde structures unveiled since Caio Prado Júnior for
Caio Prado Júnior na construção de modelos the construction of interpretive models about
interpretativos sobre o período, que continuam the period, which remain current in the face of
atuais diante de novos paradigmas. new paradigms.
Palavras-chave: Caio Prado Júnior; colonialis- Keywords: Caio Prado Júnior; colonialism;
mo; estrutura. structure.
Introdução
Os debates mais recentes em torno da colonização portuguesa nas
Américas têm ganhado muito com as contribuições que buscam ampliar
seu “sentido”, garantindo releituras capazes de dar voz aos elementos
que, muito embora não tenham sido silenciados pela empiria presente nas
obras clássicas, muitas vezes não foram explorados em suas potencialida-
des. Reconhecido o devido valor destas novas propostas, preocupa-nos,
no entanto, a tendência ao abandono das grandes estruturas elencadas
principalmente por autores marxistas, o que pode resultar na perda de
algumas contribuições relevantes para a construção da própria historio-
grafia brasileira. Aqui, destacamos Caio Prado Júnior em Formação do
Brasil contemporâneo.
4 – Destacamos além de Prado Júnior, dentro dessa geração, Sérgio Buarque de Holanda
em Raízes do Brasil (1936) e Gilberto Freyre em Casa-grande e senzala (1933), grandes
obras que buscaram interpretar a constituição do Brasil a partir de seus elementos forma-
dores enquanto colônia.
5 – COSTA, Wilma Peres. “A independência na historiografia brasileira”. In: JANCSÓ,
István. Independência: história e historiografia. São Paulo: Hucitec; FAPESP, 2005, p.
74.
13 – PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 2011, p. 22.
14 – PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 2011, p. 23.
15 – PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 2011, p. 25.
16 – PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 2011, p. 25.
17 – PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 2011, pp. 25-6.
18 – Elemento interessante para se pensar é a desvalorização que os nascentes núcleos
urbanos sofreram em abordagens como a de Caio Prado Júnior, em detrimento da cen-
tralidade da grande lavoura. Sobre isso, e também sobre o papel das cidades no mercado
interno, cf. ABREU, Maurício de Almeida. “Pensando a cidade no Brasil do passado”. In:
CASTRO, Iná Elias de; et al (orgs.). Brasil: questões atuais da reorganização do territó-
rio. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996, pp. 145-184.
19 – COSTA, Wilma Peres. “A independência na historiografia brasileira”. In: JANC-
SÓ, István. (Org.). Independência: história e historiografia. São Paulo: Hucitec; FAPESP,
2005, p. 75.
28 – FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima. (Orgs.). Na trama das redes: po-
lítica e negócios no império português, séculos XVI-XVIII. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2010.
29 – SOUZA, João Paulo A. de. “Entre o sentido da colonização e o arcaísmo como
projeto: a superação de um dilema através do conceito de capital escravista-mercantil”.
In: PIRES; COSTA (orgs.). O capital escravista-mercantil e a escravidão nas Américas.
São Paulo: EDUC; FAPESP, 2010, p. 133.
30 – NOVAIS, Fernando A. “Considerações sobre o sentido da colonização”. Revista do
Instituto de Estudos Brasileiros. São Paulo, n. 6, 1969, p. 55.
35 – SOUZA, João Paulo A. de. “Entre o sentido da colonização e o arcaísmo como
projeto: a superação de um dilema através do conceito de capital escravista-mercantil”.
In: PIRES; COSTA (orgs.). O capital escravista-mercantil e a escravidão nas Américas.
São Paulo: EDUC; FAPESP, 2010, pp. 131-2.
36 – SOUZA, João Paulo A. de. “Entre o sentido da colonização e o arcaísmo como
projeto: a superação de um dilema através do conceito de capital escravista-mercantil”.
In: PIRES; COSTA (orgs.). O capital escravista-mercantil e a escravidão nas Américas.
São Paulo: EDUC; FAPESP, 2010, pp. 134.
41 – COSTA, Iraci del Nero da. “Repensando o modelo interpretativo de Caio Prado
Júnior”. In: PIRES; COSTA (orgs.). O capital escravista-mercantil e a escravidão nas
Américas. São Paulo: EDUC; FAPESP, 2010, p. 81.
Ampliando os sentidos
Não é nosso objetivo, aqui, esquadrinhar todas as obras que foram
influenciadas pelo “sentido da colonização”, mas debater a partir daquelas
que se tornaram marcos, como a obra de Fernando Novais por exemplo, o
impacto gerado pelo modelo interpretativo Pradiano na historiografia so-
bre o período colonial. E até mesmo sobre o período específico de ruptura
42 – COSTA, Iraci del Nero da. “Repensando o modelo interpretativo de Caio Prado
Júnior”. In: PIRES; COSTA (orgs.). O capital escravista-mercantil e a escravidão nas
Américas. São Paulo: EDUC; FAPESP, 2010, pp. 103-6.
43 – COSTA, Wilma Peres. “A independência na historiografia brasileira”. In: JANC-
SÓ, István. (Org.). Independência: história e historiografia. São Paulo: Hucitec; FAPESP,
2005.
44 – MALERBA, Jurandir. “Notas à margem: a crítica historiográfica no Brasil dos anos
1990”. Textos de História, v. 10, n. 1/2, 2002, p. 191.
com Portugal, já que sua linha de análise conduziu a uma noção de con-
tinuidade nos processos históricos: é uma forte herança que continua a se
fazer presente nas discussões acerca das rupturas ou permanências dentro
da independência do Brasil45. Diversos foram os esforços em atualizar
esse debate, perceptíveis na publicação de coletâneas46, mas João Paulo
Pimenta felizmente recordou a dívida que essa historiografia atual tem
com autores como Caio Prado Júnior e suas “periodizações ampliadas”47.
45 – PIMENTA, João Paulo G. “A independência do Brasil como uma revolução: histó-
ria e atualidade de um tema clássico”. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 3, 2009,
p. 63.
46 – Há um importante balanço historiográfico com enfoque na independência do Brasil
feito por João Paulo Pimenta, chamando atenção para o caráter inovador das obras de
Caio Prado, Fernando Novais, Emília Viotti da Costa, entre outros, com desdobramentos
que foram capazes de colocar o Brasil dentro de dinâmicas mundiais, o que permanece
interessante na atualidade. Cf. PIMENTA, João Paulo G. “A independência do Brasil e o
liberalismo português: um balanço da produção acadêmica”. Revista de História Iberoa-
mericana, v. 1, n. 1, 2008.
47 – PIMENTA, João Paulo G. “A independência do Brasil como uma revolução: histó-
ria e atualidade de um tema clássico”. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 3, 2009,
p. 73.
48 – BICALHO, Maria Fernanda Baptista. “Monumenta Brasiliae: O Império Português
no Atlântico Sul”. Tempo. Rio de Janeiro, v. 6, n. 11, 2001, p. 267.
49 – ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes. A formação do Brasil no
Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 9.
50 – ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes. A formação do Brasil no
Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 9.
51 – ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes. A formação do Brasil no
Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, pp. 11-2.
Para além da busca por uma explicação das bases da formação nacio-
nal, outro ponto de encontro entre Prado Júnior e Alencastro foi a extensa
empiria utilizada na construção de suas narrativas. A contextualização
econômica atingiu um grau de profundidade, em Alencastro, capaz de
perceber nas correntes marítimas a relação entre jurisdição e geografia
comercial de navegação a vela, como no caso da criação do Estado do
Grão-Pará e Maranhão, em 1961, parte dissociada do trânsito direto com
Angola por causa do sistema de ventos53. Num território tão complexo
mesmo geograficamente, não era crível que a metrópole exercesse sem-
pre o papel de centro, ou que mantivesse sempre trato uniforme diante da
colônia. Facilita-se, pois, o entendimento da aparente contradição entre a
relativa autonomia concedida aos colonos, enquanto as monarquias bus-
cavam centralizar seus poderes: além da utilização do capital colonial, a
concessão de títulos estabelecia uma verdadeira economia de favores que
inseriu os súditos nos vínculos diretos com o Rei. O que não significa
dizer que não houve movimento inverso:
De início, a Coroa concede amplos poderes aos seus súditos que dis-
põem de capital e também aos estrangeiros católicos ativos no além-
52 – ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes. A formação do Brasil no
Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 19.
53 – ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes. A formação do Brasil no
Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 20.
jar com esses novos e sólidos argumentos. Desde que, também neste
caso, não se ceda à tentação de mais uma ênfase unilateral. Mesmo se
as análises [...] são, às vezes, delimitadas e tratam de elementos e va-
riáveis parciais, não estarão esquecendo exageradamente, empurrando
um tanto para fora do horizonte, a dependência colonial e neocolonial
– e as determinações e condicionamentos que ela sem qualquer dúvida
implicava [...]?62
Algumas considerações
Já que não nos propomos a fazer considerações conclusivas, toma-
mos a liberdade de tecer mais algumas considerações relevantes, seguindo
arestas para as quais o tema aqui trabalhado nos conduz. Recentemente,
a busca por uma razão decolonial tem representado em grande medi-
da, preocupações decorrentes do “sentido da colonização”. De acordo
com Adelia Miglievich-Ribeiro, a urgência de uma crítica pós-colonial
tem a função de revelar aquilo que a modernidade buscou ceifar atra-
vés da colonialidade, ou seja, as mais diversas formas de manifestação
e produção de conhecimento que tenham sido concebidas nas “bordas
da globalização hegemônica”. Isso se explica no fato da razão moderna
62 – CARDOSO, Ciro Flamarion. (Org.). Escravidão e abolição no Brasil: novas pers-
pectivas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988, p. 58.
63 – MALERBA, Jurandir. “As independências do Brasil: ponderações teóricas em
perspectiva historiográfica”. História, São Paulo, v. 24, n. 1, 2005, p. 106.
64 – MALERBA, Jurandir. “As independências do Brasil: ponderações teóricas em
perspectiva historiográfica”. História, São Paulo, v. 24, n. 1, 2005, p. 121.
Resumo: Abstract:
Acompanhando a ideia da escravidão geracional Following the idea of matrilineal generational
matrilinear, este artigo procura entender as for- slavery, the article seeks to understand the forms
mas de constituição do conceito e as dificulda- of conceptual constitution and the difficulties
des que o princípio do partus sequitur ventrem that the principle of partus sequitur ventrem
encontrou no espaço formativo do escravismo encountered in regions with colonial slavery.
colonial. Para tanto, o texto empreende uma We examine how the English, French, Spanish
investigação da aplicação de quatro diferen- and Portuguese slavery systems were applied
tes sistemas jurídicos no espaço do continente in the American continent and follow them up
americano – inglês, francês, espanhol e portu- in the transformation and adaptation processes
guês, buscando acompanhá-los nos processos proper to the development of the technique of
de transformação e adaptação próprios da for- passing on slavery to children in America. We
mação da técnica de construção da transmissão seek to show that the process faced difficulties
da escravidão aos filhos no espaço americano. which were perceived and overcome over time,
Procurar-se-á demonstrar que existiram difi- contributing to the definitive abolition of the
culdades performativas nesse processo, que, ao domination and ownership over the enslaved
longo do tempo, foram percebidas, instrumenta- womb.
lizadas e acabaram por contribuir para a definiti-
va destruição do domínio e da propriedade sobre
o ventre escravizado.
Palavras-chave: Direito e Escravidão; História Keywords: law and slavery; history of law; free
do Direito; Ventre Livre; Partus Sequitur Ven- womb; partus sequitur ventrem.
trem.
1 – Esse texto foi apresentado em uma versão em língua inglesa, para a tradicional revis-
ta da Harvard Law School, a Harvard Backletter Law Jornal, onde se encontra em fase de
publicação (no prelo). Essa versão em língua portuguesa, entretanto, é inédita.
2 – Paulo Henrique Rodrigues Pereira é doutor pelo Departamento de Filosofia e Teoria
Geral do Direito da Universidade de São Paulo. É pesquisador do Afro-Latin American
Research Institute (ALARI) da Universidade de Harvard e membro do Laboratório de
Estudos sobre o Brasil e o Sistema Mundo (LABMUNDI) da Universidade de São Paulo.
Introdução
Nos anos de 1770, uma articulada organização de africanos e seus
descendentes, escravizados ou livres, empreendeu aquele que pode ser
considerado um dos maiores ataques legais já sofridos pela instituição da
escravidão no continente americano. Peticionando aos poderes políticos
locais da então colônia de Massachusetts, as lideranças negras opuseram
argumentos contra a continuidade do cativeiro, relevaram a incoerência
de manutenção de um regime de trabalho forçado em uma pátria que lu-
tava por liberdade e opuseram uma gama de contradições entre os pres-
supostos ideológicos da nação que se formava e a existência da escravi-
dão perpétua dos africanos. O tempo revolucionário servia como mote.
O espaço também tinha seu papel: Massachusetts consolidava uma longa
tradição de ativismo judicial3, a existência de precedentes jurídicos que
revelavam a presença de tensões arraigadas no direito local materializa-
das por um longo debate sobre a extensão legal da escravidão negra4, e
ainda condições sociais muito específicas, em que escravizados africanos
conviviam com servos brancos por contrato, experienciando um contato
que gerava expectativa de possibilidade de regimes jurídicos alternativos
ao da escravidão negra norte-americana, vinculada ao trabalho forçado
para toda a vida5.
3 – BLANCK, Emily. Seventeen eighty-three: the turning point in the law of slavery and
freedom in Massachusetts. The New England Quarterly, Cambridge: MIT Press, v. 75, n.
1, p. 24-51, 2002.
4 – O exemplo mais claro desse processo é o chamado Body of Liberties, do começo
do século XVII: Para uma bibliografia do Body of Liberties de Massachusetts. MAS-
SACHUSETTS. Massachusetts Body of Liberties - Synopsis of the history of the Mas-
sachusetts Body of Liberties. State Library of Massachusetts, 1641. Disponível em:
https://www.mass.gov/service-details/massachusetts-body-of-liberties#:~:text=The%20
Body%20of%20Liberties%2C%20a,General%20Court%20of%20the%20time. Acesso
em: 12.12.21.
5 – COOK, Margaret Celeste. Servitude in Massachusetts as revealed in two Boston
newspapers, 1751-1763. Tese (Dissertação de Mestrado). College of William and Mary -
Arts e Sciences, Williamsburg, 1960.
Diz a sua redação que no reino português existiam “Pessoas tão fal-
tas de sentimentos de Humanidade, e de Religião, que guardando nas
suas casas Escravas, umas mais brancas do que eles, com os nomes de
Pretas, e de Negras; outras Mestiças; e outras verdadeiramente Negras”,
as mantinham em escravidão se utilizando de “pretexto de que os ventres
das mães Escravas não podem produzir Filhos livres, conforme o Direito
Civil”. Avança a redação legal dizendo que “não permitindo, nem ainda
o mesmo Direito, de que se tem feito um tão grande abuso, que aos des-
cendentes dos Escravos, em que não há mais culpa, que a da sua infeliz
condição de cativos, se estenda a infâmia do cativeiro”. Por fim, qualifi-
cando a situação de crime de “lesa majestade divina, ou humana”; “gran-
de indecência”, e atestando as “diminuições que as escravidões gerariam
nos Vassalos do Rei”, o alvará decide que aqueles cuja escravidão vier
das “bisavós, fiquem livres, e desembargados, posto que as mães e avós
tenham vivido em cativeiro”.
12 – LEATHLEY, Samuel Arthur. The Roman Family and de Ritu Nuptiarum: Title XX-
III (2) from the digesto of Justinian. Londres: Basil Blackwell Broad Street (ed.), 1st ed.,
1922; DIXON, Suzanne. The Roman Family. Baltimore: JHU Press, 1992, p. 47.
13 – MOREY William Carey. Outlines of Roman law: comprising its historical growth
and general principles. New York & London: G.P. Putnam's sons, 1884, p. 233.
14 – HUBBACK, John. Treatise on the Evidence of Succession to Real and Personal
Property and Peerages. Philadelphia: J.S. Little, 1845, p. 274.
15 – DELVAUX A. Delvaux et. alii. Andreae Vallensis vulgò Del Vaulx ... Paratitla
juris canonici sive Decretalium D. Gregorii papae IX, summaria ac methodica explicatio;
cui accesserat Annonis Schnorremberg Commentarium in eiusdem juris regulas. Editio
secunda matritensis plurimis foedatum mendis, purgatum prodit. Matriti: ex typographia
Placidi Barco Lopez, 1796, p. 372.
16 – LEAPINGWELL, George. A manual of the Roman civil law. Cambridge: Deighton,
Bell and co., 1859, p. 39.
21 – Para dar um exemplo, menciono o trabalho de Laviron. O autor fala especifica-
mente da mudança do tratamento que a Igreja passou a dar sobre o tema dos casamentos:
LAVIRON, Aristide. Le Christianisme jugé par ses œuvres: ou de l'influence de la religion
Chrétienne. Paris: E. Belin, A. Bray, 1857, p. 243.
dido espaço para uma nova sorte de respostas jurídicas voltadas a regular
o status dos filhos de escravizados a partir da condição do pai, da lei
mais dura, ou mesmo obrigando-os a serem divididos a diferentes senho-
res, quando seus pais possuíam vínculos de domínio diferentes. Também
apareceram respostas que abandonaram o vínculo geracional, para cons-
truir formas de sucessão ligadas à terra, e não à ascendência materna ou
paterna. Esse conjunto de alternativas jurídicas levou à consequências:
regulações proibiram expressamente o uso do partus em alguns lugares,
como a Inglaterra, e debates teológico-jurídicos discutiram os limites da
ideia de escravidão perpétua entre os cristais . Como se verá, em algumas
situações, se entendeu que a escravidão não podia ser transmitida de for-
ma integral aos filhos.
24 – Scienza e la fede, raccolta religiosa. Fasc. 871-872. Napoli: Tip. Manfredi, 1887,
p. 223.
países que já não tinham mais contatos estruturais com o partus, de modo
a criar, no complexo ambiente do escravismo americano, um cenário de
diversidades legais que redundaria no aparecimento de situações de insta-
bilidades das formas de transmissão geracional da escravidão.
O caso inglês
28 – CRABB, George. A history of English law: or an attempt to trace the rise, progress,
and successive changes, of the common law; from the earliest period to the present time.
London: Baldwin and Cradock, 1829, p. 78.
29 – BANKTON, Andrew MacDowall. An institute of the laws of Scotland in civil
rights: with observations upon the agreement or diversity between them and the laws of
England. In four books. After the general method of the Viscount of Stair's Institutions V.
1. Edinburgh: Printed by R. Fleming, for A. Kincaid and A. Donaldson, 1751, p. 67-77.
30 – HOFFMAN, David. Legal outlines: being the substance of the first title of a course
of lectures now delivering in the University of Maryland. Baltimore: J. Neal, 1836, p. 525.
31 – THRUPP, John. The Anglo-Saxon home: a history of the domestic institutions and
customs of England, from the fifth to the eleventh century. London: Longman, Green,
Longman, & Roberts, 1862, p. 119.
32 – LITTLETON, Thomas. Littleton's Tenures in English. New ed., cor. London: V. &
R. Stevens and G.S. Norton, 1845, p. 78.
33 – LITTLETON, Thomas et al. The first part of the institutes of the laws of England,
or, A commentary upon Littleton: not the name of the author only, but of the law itself. 1st
American, from the 19th London ed., corr. / Philadelphia: Robert H. Small, 1853, p. 723.
34 – COWELL, John. A law dictionary: or the interpreter of words and terms: used in
the common or statute laws with an appendix containing the antient names of places and
surnames. London: Walthoe, 1727, p. 306.
35 – HOWELL, Thomas et al. A complete collection of state trials: and proceedings
for high treason and other crimes and misdemeanors: with notes and other illustrations.
London: printed by T.C. Hansard for Longman, Hurst, Rees, Orme, and Brown v. 20
(1772-77), 1816-1828, p. 37.
36 – The beauties of English prose: being a select collection of moral, critical, and en-
tertaining passages, disposed in the manner of essays In four volumes. London: Hawes
Clarke and Collins, 1722, p. 19.
37 – Op. cit., p. 390.
38 – BLACKSTONE, William. Commentaries on the laws of England: In four books.
Philadelphia: Printed for the subscribers, by Robert Bell, at the late Union Library, in
Third-street, Philadelphia, 1771-72, p. 94.
39 – WRIGHTS, Elizur. A curiosity of Law: or, A response in the Supreme Judicial court,
as a judge in the General Courts, and what possibly came of it. Boston, 1866, p. 89.
40 – BLACKSTONE, William. Op. cit., p. 94.
41 – BLACKSTONE, William. Op. cit., p. 72.
42 – DOUGLAS, Stephen A. Senate. Speech of Hon. S. A. Douglas, of Illinois, in the
United States Senate, March 3, 1854, on Nebraska and Kansas. Washington: Printed at
the Sentinel Office, 1854, p. 622.
43 – O exemplo mais interessante a esse respeito é o de Mathias de Souza, filho de afri-
canos escravizados que chegou a ser representante na Assembleia de Maryland. BOGEN,
David S. Mathias de Sousa: Maryland's First Colonist of African Descent. Maryland His-
torical Magazine, 96, Maryland: MUP 68-85, 2001.
44 – Sobre isso, vide: COOMBS, John C. The phases of conversion: a new chronology
William Tucker, filho de dois africanos presos por contrato, era homem
livre, foi batizado, e gozou das prerrogativas de um cidadão normal no
começo do século XVI45.
for the rise of slavery in early Virginia. The William and Mary Quarterly, v. 68, n. 3, Wil-
liamsburg: WMUP, p. 332-360, 2011.
45 – WADE, Evan Wade. William Tucker. (1624-?). Blackpast, 16 de abril de 2014. Dis-
ponível em: https://www.blackpast.org/african-american-history/tucker-william-1624/
Acesso em: 12.12.21.
46 – SMILEY, Tavis. The covenant in action. EUA: Hay House, Inc., 2007, p. 108.
47 – SAINT-ALLAIS, M. de et. alii. L'art de vérifier les dates. Paris: Moreau, im-
primeur, v. 17, 1842, p. 320.
48 – LOCKE, John. The Fundamental Constitutions of Carolina. London: s.n., 1670.
49 – MCCORD, David J. The Statutes at Large of South Carolina. Containing the Acts
Relating to Charleston, Courts, Slaves, and Rivers. Columbia, SC: A.S. Johnston, v. 7,
1840, p. 397.
50 – DUNN, Richard S. Sugar and slaves: The rise of the planter class in the English
West Indies, 1624-1713. North Carolina: UNC Press Books, 2012, p. 228.
O caso francês
51 – HALL, Richard. Acts, passed in the island of Barbados: From 1643 to 1762, inclu-
sive. London: Printed for R. Hall, 1764, p. 56.
52 – GREAT BRITAIN. Parliament. House of Commons. Parliamentary papers. Lon-
don: His Majesty's Stationery Office, v. 24, 1829, p. 142.
O padre chega a dizer que se esses mulatos eram de uma cor negra
eles não carregavam o estigma da escravidão71. A lógica aqui é a de que
o descendente de uma mulher negra com um homem branco não poderia
ser tratado exatamente como um africano. A sua condição de inclusão na
comunidade cristã era outra.
70 – DU TERTRE, Jean Baptiste. Histoire Générale des Antilles habitées par les Fran-
çois. Paris: Chez Thomas Iolly, v. 2, 1667, p. 512.
71 – DU TERTRE, Jean Baptiste. Op. cit., p. 512.
72 – LABAT, Jean-Baptiste. Voyages aux iles françaises de l'Amérique. Nouvelle éd.,
d'après celle de 1722. Paris: Lefebvre, 1831, p. 37.
por ser central nas pressões políticas dos fazendeiros de então. O cresci-
mento da população de pessoas livres de cor 73, bem como a necessidade
de modernizar a máquina escravista francesa, teria gerado uma onda de
reformas e de aumento do controle social das ilhas. A documentação mos-
tra fazendeiros exigindo que mesmo os caminhos da alforria fossem fe-
chados para mulheres e seus filhos. Em ofício de 1673 – antes da primeira
regulação sobre o partus na ilha – Ruau-Palu, agente da Companhias das
Índias, discute o problema dos mulatos, dizendo que os colonos se divi-
diam: alguns defendiam a liberdade deles por serem filhos de homens
livres; outros, descontentes, queriam um endurecimento das regras. Para
esses, a solução seria adotar o partus: (“[…] disent que dans le cas où nos
lois n’ont point pouvoir, nous nous servons du droit Romain qui ordonne
que Partus sequitur ventrem, que par cette disposition la mère étant de
condition esclave, son fils ne peut être libre”)74. Nobres franceses se en-
gajaram no tema. O governador das ilhas, Blénac, em discussão travada
com o intendente Patoulet, registrou que o costume na Martinica era de
que os descendentes mulatos ficassem livres aos 20 anos, se homens; as
mulheres, aos 1575 (“[...] l’usage de la Martinique est que le mulâtre soit
libre après avoir atteint l’âge de 20 ans et la mulâtresse à 15 ans [...]”).
Existiam procedimentos jurídicos para que pais legítimos resgatassem
seus filhos injustamente postos em escravidão, por serem filhos de escra-
vizadas de outros senhores76.
O caso ibérico
81 – LOPEZ, Gregório (Org.). Las Siete Partidas. Madrid: s./n., 1555.
82 – SAN JOSÉ, Antonio de. Compendium Salmanticense in duos tomos distributum
universae theologiae moralis quaestiones. Editio secunda. Romae: apud Antonium Ful-
gonium, 1787, p. 261.
83 – MAGRO, Jacobo et al. Elucidationes ad quatuor libros institutionum imperatoris
Justiniani: opportunè locupletatae legibus decisionibusque juris hispani. Reimpres. Ma-
triti: apud viduam Joachimi Ibarra, 1792, p. 90.
84 – MACKENZIE, Thomas et al. Estudios de derecho romano comparado en algunos
puntos con el francés: el inglés y el escocés. Madrid: F. Gongora, 1876, p. 99.
85 – MACKELDEY, Ferdinand. Elementos del derecho romano: que contienen la teoría
de la instituta precedida de una introducción al estudio del mismo derecho. Madrid: So-
ciedad Literaria y Tipográfica, 1845, p. 150.
86 – HEINECIUS, Jojann Gottlieb. Elementos del derecho natural y de gentes. Madrid,
1837, p. 247.
87 – Para dar dois exemplos: ROSELLI, Salvatoris Mariae Roselli. Fratis Saluatoris
Mariae Roselli Summa philosophica ad mentem angelici doctoris S. Thomae Aquinati.
Matriti: Typis Benedicti Cano, 1788, p. 310; VON ZALLINGER, Jacob Anton. Opera
Omnia Romae: Collegio Urbano, 1832.
tes degredados” e as pessoas “que pelo dito regimento” foram “dadas” se-
riam “nossos cativos ou forros”. Para evitar aprisionamentos injustos – o
documento cita um caso –, o Rei declarava de uma vez que todos estavam
forros e livres. Embora a historiografia tenha entendido que a posição do
Rei tenha sido mesmo a de conceder alforria a essa geração96, a redação
do documento e o contexto da ilha fazem ser mais provável a interpreta-
ção de que a vontade real era mais a de garantir uma liberdade ameaçada
pelo fortalecimento do tráfico de escravizados, do que propriamente uma
concessão de liberdade. Os “filhos da terra”, como era chamada essa pri-
meira geração, provavelmente haviam sido sempre tratados como livres.
Conclusões
Nas diversas tradições jurídicas que colonizaram a América, pare-
ce ter sido comum usar o partus como forma de solução da questão da
ascendência africana. Na construção da moderna máquina escravista no
continente, a regra ajudou a manter e restringir o número de pessoas li-
vres de cor , aumentar o poder dos proprietários de escravizados, e a or-
ganizar um sistema de controle racializado da força de trabalho, baseado
na ligação categoria entre africanos e seus descendentes – concentrados
na categoria do negro – e a escravidão. O princípio do partus foi defini-
tivamente uma solução adequada para assegurar a escravidão altamente
desenvolvida e produtiva que acabaria por se viabilizar, em tempos e es-
paços diferentes, em diversas partes do continente.
Resumo: Abstract:
A proposta neste artigo é analisar as interpreta- The article’s aim is to analyse the interpretations
ções de Emílio Joaquim da Silva Maia (1808- of Emilio Joaquim da Silva Maia (1808-
1859), médico, naturalista e um dos sócios 1859) that marked the history of Brazil and
fundadores do Instituto Histórico e Geográfico Portugal. He was a doctor and naturalist, and
Brasileiro, sobre os principais acontecimentos one of the founders of Brazilian Historical and
que marcaram a história do Brasil e de Portugal. Geographical Institute. He never concealed his
Sem ocultar suas intenções quanto ao pagamen- intention of keeping his father´s memory alive.
to de um tributo à memória de seu pai Joaquim In the 1840s, he not only edited and published
José da Silva Maia (1776-1831), Emílio Maia his father´s posthumous writings, but also
não só editou e publicou os escritos póstumos endeavoured to write his own version about
dele na década de 1840 como se empenhou em the events that led to Brazil’s Independence.
registrar sua própria versão dos acontecimentos In the 1850s, Emilio Maia published a set of
relativos à Independência do Brasil. Na década writings entitled Historical Studies on Portugal
de 1850, Emílio Maia produziu um conjunto de and Brazil in order to revive his father’s legacy,
escritos denominado Estudos históricos sobre which had been forgotten and supplanted
Portugal e Brasil, com o objetivo de recuperar o by memory and the historical writings that
legado deixado pelo pai que havia sido esqueci- prevailed in Brazil following the country´s
do e suplantado pela memória e pela escrita da separation from Portugal. We examine the
história que se cristalizou sobre a nação brasi- actions and trajectories of father and son in
leira subsequente à separação. Neste artigo, pre- light of the dynamics between memory and
tendemos articular as atuações e as trajetórias oblivion and their political unfolding.
do pai e do filho, considerando a dinâmica entre
a lembrança e o esquecimento e seus desdobra-
mentos políticos.
Palavras-chave: IHGB; Política; Memória; Keywords: IHGB; politics; memory; historiography.
Historiografia.
Três anos mais tarde, em 1844, Emílio Maia publicou outra memória
histórica escrita pelo pai, dessa vez, voltada à América Portuguesa. Nessa
memória, o autor fez um balanço sobre os erros e acertos ao longo da
História Portuguesa, destacando a época do “descobrimento” do Brasil;
das Guerras de Restauração; dos Ministérios do Marquês de Pombal e
de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, apontando os prejuízos causados pelo
absolutismo que, segundo ele, foram sendo suprimidos pela Revolução
do Porto de 18203.
Além de editar tais obras, Emílio Maia produziu suas próprias refle-
xões sobre a história. Em 1852, apresentou em sessões do IHGB “perante
Sua Majestade o Imperador” D. Pedro II um trabalho intitulado História
2 – MAIA, Joaquim José da Silva. Memórias históricas, políticas e filosóficas da revo-
lução do Porto de maio de 1828 e dos emigrados portugueses pela Espanha, Inglaterra,
França e Bélgica. Rio de Janeiro: Tipografia Laemmert, 1841.
3 – Ver: MAIA, Joaquim José da Silva. Memórias históricas e filosóficas sobre o Bra-
sil. In: Revista Minerva Brasiliense, 1844, fls. 381-389 e ALVES, Walquiria de Rezende
Tofanelli. Política e historiografia na Independência: a trajetória de Joaquim José da Sil-
va Maia entre Brasil e Portugal, 1776-1831. In: XXV Encontro Estadual de História da
ANPUH – SP, 2020, p. 1-17.
10 – SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Semanário Cívico Bahia, 1821-1823. Bahia: EDU-
FBA, 2008, p.18.
11 – MAIA, Emílio Joaquim da Silva. Estudo décimo sétimo. Arquivo do IHGB,
DL345.17, f. 4.
12 – Ibid., p. 17.
13 – Cartas Baianas.1821-1824. Subsídios para o estudo dos problemas da opção na
Independência brasileira. São Paulo: Companhia Editorial Nacional, 2008, p. 115.
14 – Ibid., p. 168.
15 – MAGALHÃES, Pablo Antonio Iglesias. A Cabala Maçônica do Brasil: o primeiro
grande oriente brasileiro (BAHIA E PERNAMBUCO, 1802-1820). In: Revista do Institu-
to Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, Recife, n° 70, p. 108-109, 2017.
22 – BERBEL, Márcia. A retórica da recolonização. In: JANCSÓ, Istvan (Org.). Inde-
pendência: história e historiografia. São Paulo: Hucitec, 2005, p. 806.
23 – Ibid., p. 807.
24 – Conforme observou Cecília de Salles Oliveira, “...a deflagração dos movimentos
liberais foi simultânea [no Império Português]. Revela igualmente que as transformações
nas relações de mercado processavam-se de forma concomitante tanto no Reino do Bra-
sil quanto no Reino de Portugal e que havia uma identidade de desígnios entre liberais
portugueses e liberais fluminenses. Apesar dos contraditórios interesses que defendiam,
esses homens questionavam as práticas exercidas pelos grupos que controlavam, naquele
momento, a administração pública e apresentavam-se na qualidade de portadores de um
projeto capaz de ‘regenerar’ a monarquia por intermédio de uma nova legislação que
traduzisse as mudanças verificadas no interior da sociedade e eliminasse os entraves à
mercantilização da produção, da terra e da força de trabalho”. In: OLIVEIRA, Cecília
Helena Lorenzini de Salles. Astúcia liberal. Relações de mercado e projetos políticos no
Rio de Janeiro (1820-1824). São Paulo: Editora EDUSF, 1999, p. 102-103.
25 – MOREL, Marco. Os primeiros passos da palavra impressa. In: MARTINS, Ana
Luiza; LUCA, Tânia Regina de (Org.). História da Imprensa no Brasil. 1ª edição. São
Paulo. Contexto, 2008, p. 25.
26 – NEVES, Lucia Maria Bastos Pereira das. Regeneração política no Brasil: os movi-
mentos de 1821/1822 na Bahia e os primórdios da edificação do Império do Brasil. In: XXVI
Simpósio Nacional de História, 2011, São Paulo. Ementa do XXVI Simpósio Nacional de
História. São Paulo, 2011, v. 1, p. 08. Acesso em: http://www.snh2011.anpuh.org/resour-
ces/anais/14/1307718674_ARQUIVO_LBASTOSNEVES%23ANPUH%232011vf.pdf.
27 – OLIVEIRA, Cecília Helena de Salles; MARSON, Izabel Andrade (Orgs.) (2013).
Liberalismo, monarquia e negócios: laços de origem. In: OLIVEIRA, Cecília Helena de
Salles; MARSON, Izabel Andrade. Monarquia, liberalismo e negócios no Brasil: 1780-
1860, São Paulo: Difel/Edusp, p.13-14.
34 – Idem.
35 – GONÇALVES, Andréa Lisly. A luta de brasileiros contra o miguelismo em Portugal
(1828-1834): o caso do homem preto Luciano Augusto. In: Revista Brasileira de História,
v. 33, n° 65, 2013, p. 211-234.
36 – Imparcial¸ 12 de abril de 1828, n° 32, f. 1.
37 – Imparcial, 11 de março de 1828, n° 24, f. 2.
38 – Brasileiro Imparcial, 23 de janeiro de 1830, n° 7, fls. 3-4.
Três dias após a prisão de Joaquim Maia, sua esposa faleceu. Na drás-
tica situação, o negociante lamentou que a mulher tivesse sido “sepultada
em terra estrangeira” – porque era natural da Bahia – e por ter sido en-
terrada “sem lhe podermos dizer o último adeus39”. Também entristeceu-
-se ao saber que “o nosso jovem filho [...] abandonou a Universidade de
Coimbra [para] socorrer seu infeliz pai, e sua mãe moribunda!40”.
44 – O próprio Evaristo da Veiga, opositor de Silva Maia em 1830, lembrava o sucesso
que o Semanário Cívico havia feito no início da década de 1820 na Bahia, com posturas
contrárias à separação do Brasil. Entretanto, esse mesmo sucesso não seria repetido no
período subsequente em que redigiu os demais periódicos: “Mas quando foi o Imparcial
[Joaquim Maia] Leão valente? Quando decorreram os anos de sua força? Não podia ser
senão no tempo em que, debaixo do nome de Semanário Cívico, investia sem piedade
aos Brasileiros, ultrajava o nosso país, os nossos usos, e hábitos, a causa que havíamos
abraçado [...] Foi essa época, em que o Imparcial [Joaquim Maia] se achava em todo o
seu vigor: agora, ele mesmo reconhece que está decrépito”. In: Aurora Fluminense, 5 de
maio de 1830, n° 333, f. 2.
45 – GARNIER, Aristides Francisco. Discurso biográfico pronunciado na sessão solene
da Academia de Medicina, pelo Dr. Garnier. In: Anais brasilienses de Medicina, 4 de
junho de 1860, n° 4, 1860, f. 73.
46 – Idem.
59 – Ibid., 105.
60 – Ibid., p. 34-35.
61 – Ibid., p. 36.
consciência”, que somente lhe serviam para afastar do curso natural pre-
parado pela Providência62.
62 – MAIA, Emílio Joaquim da Silva. Estudo primeiro. Arquivo do IHGB, DL. 345.1,
f. 02.
63 – Ibid., f. 10.
64 – Idem.
65 – Ibid., f. 9.
Desse modo, “enquanto não chega tão almejada idade de ouro, a qual
parece-nos próxima”, o médico considerou útil escrever sobre “alguns
dos feitos dos nossos antepassados” despertando a lembrança “de nos-
sos progenitores”. Lançava-se, assim, à historiografia por compreender
ser “a única maneira de chegar-se ao profícuo conhecimento dos passos
por menores que sejam dados pelas gerações de outros tempos”. Através
desse exame, acreditava poder “descortinar a verdade histórica tantas ve-
zes ofuscada, e alguma ideia possuir-se da ascendente marcha do espírito
brasileiro66”.
reunir-se no dia seguinte pelas quatro horas da tarde [...] onde além dos
eleitores teria ingresso todo o mundo” que quisesse participar94.
97 – Ibid., p. 7.
98 – Ibid., p. 4.
99 – Ibid., p. 7.
181
Resumo: Abstract:
O objetivo deste artigo é a pergunta: é possível The aim of the article is to question the possibility
descrever uma instituição judiciária a partir da of describing a judicial institution based on the
forma como organiza e distribui medalhas, co- way it organizes and awards medals, orders and
mendas e homenagens que ela mesmo criou? honors created by the institution itself. The focus
Assim, nos interessará a forma como isto é feito, of our interest is to find out how the awarding
as normas da “Ordem do Mérito Judiciário” da process worked. We will discuss the rules behind
justiça trabalhista do Rio de Janeiro, a maneira the “Order of Judicial Merit” for Labor in Rio
como são feitas as indicações e principalmente de Janeiro, the way the nominations were made,
quem é homenageado. Investigaremos a distri- and, especially, who was honored. We examine
buição das homenagens por sua própria hierar- the distribution of honors according to both
quia (existem quatro), bem como pela relação their own hierarchy (there are four of them), and
entre estas e outros marcadores sociais, como the relationship between them and other social
gênero, região, profissão e pertença ao mundo markers such as gender, region, profession and
do direito*. belonging to the legal world**.
Palavras-chave: Justiça do trabalho; Honrarias; Keywords: labor justice; honors; sociology of
Sociologia do Judiciário. the judiciary.
1. Metodologia e fontes
Para a realização deste trabalho, nos foram disponibilizadas pelo
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região a lista das pessoas que rece-
beram homenagens, distribuídas pelos tipos de comendas e por ano. Essas
informações eram (1) os regulamentos que prescrevem a dita “Ordem do
Mérito Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região”,
(2) os ofícios com as indicações de homenageados, (3) as atas das reuni-
ões e, por fim, (4) a lista dos agraciados do ano vigente.
Ao todo, foram nove anos analisados: 2004, 2007, 2008, 2012, 2013,
2014, 2015, 2016 e 2017, somando 613 laureados. A partir dessas infor-
mações foi montado um banco de dados de onde foi possível realizar
estatísticas descritivas e cruzamentos entre as variáveis a fim de entender
qual é o perfil das pessoas agraciadas, mas, sobretudo, as condições orga-
nizacionais de distribuição destas honrarias.
Gráfico 5: Distribuição do total de comendas por ordem do mérito e sexo (total por sexo).
Fonte: elaboração própria.
Das 120 mulheres que pertencem ao meio jurídico, 66% fazem parte
da justiça do trabalho, sendo que desse grupo 70% integram o Tribunal
Regional do Trabalho da 1ª Região. Em relação a divisão de mulheres
entre as medalhas distribuídas, 57% receberam o grau comendador e 26%
o grau grã-cruz.
3. Discussão
No Brasil, honras, condecorações e medalhas são elementos com
elevada importância histórica, além de amplamente retratados na histo-
riografia sobre as ordens honoríficas no período imperial5. Fazem parte
da cultura das elites brasileiras a mobilização e os significados dos mais
diversos títulos nobiliárquicos6 e indumentários7. Em tese de doutora-
do recentemente defendida, foi reforçado o papel das condecorações na
construção do Estado Imperial brasileiro, demonstradas as relações entre
as ordens honoríficas e a independência do Brasil. Afirma a autora que a
concessão de comendas honoríficas por Pedro I, além de significar forte
instrumento de cooptação de alianças, cristalizava numa nova elite políti-
ca o sentimento aristocrático:
Os exemplos são inúmeros, e servem para que se demonstre que todos
se inseriam em disputas estamentais, lutando para consolidar sua po-
sição no sistema de poder profundamente instável no pós-independên-
cia, de modo que o prêmio, embora consolidasse a posição estamen-
tal do agraciado, não impedia que o mesmo buscasse melhorar sua
posição no sistema de relações e, para isso, ele poderia se distanciar
do poder central ou, ao menos, ser acusado de tal. Assim, embora a
condecoração, após ser concedida, acabasse sendo, na prática, apenas
uma expectativa de fidelidade por parte do poder central, ela não dei-
xava de ser uma importante moeda de troca, extremamente almejada
em uma sociedade de cunho estamental e profundamente marcada
pelo sentimento aristocrático. Era evidente que, por mais que o con-
decorado buscasse sempre construir em seu requerimento um discurso
5 – POLIANO, Luiz Marques. Ordens honoríficas do Brasil (história, organização, pa-
drões, legislação). Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943. PINHEIRO, Artidoro Au-
gusto Xavier. Organização das Ordens Honoríficas do Império do Brasil. São Paulo: Typ.
Jorge Seckler & C, 1884. LAGO, Laurêncio. Medalhas e condecorações brasileiras. Co-
letânea de atos oficiais (1808-1934). Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1935. RIBEIRO
FILHO, João de Souza. Ordens Honoríficas Nacionais e Estrangeiras. Rio de Janeiro:
Ed. O Cruzeiro, 1955.
6 – OLIVEIRA, Marina Garcia de. Entre nobres lusitanos e titulados brasileiros: prá-
ticas, políticas e significados dos títulos nobiliárquicos entre o período joanino e o al-
vorecer do Segundo Reinado. Dissertação (Mestrado em História). Universidade de São
Paulo, São Paulo. 2013.
7 – SILVA, Camila Borges da. O símbolo indumentário: distinção e prestígio no Rio de
Janeiro (1808-1821). Rio de Janeiro: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro: Secre-
taria Municipal de Cultura, 2010.
12 – FONTAINHA, Fernando de Castro; JORGE, Thiago Filippo Silva ; SATO, Leonar-
do Seiichi Sasada (2018). Os três poderes da elite jurídica: a trajetória político-partidária
dos ministros do STF (1988-2013). Revista de Ciências Sociais (UFC), v. 49, p. 93-131,
2018.
13 – FONTAINHA, Fernando de Castro; SANTOS, Carlos Vitor Nascimento dos; OLI-
VEIRA, Amanda Martins Soares de. A elite jurídica e sua política: a trajetória jurídico-
-profissional dos Ministros do STF (1988-2013). In: ENGELMANN, Fabiano (Org.).
Sociologia Política das instituições judiciais. 1ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS/CE-
GOV, p. 98-123, 2017.
14 – FONTAINHA, F. C; NUÑEZ, I. S.; OTERO, V. B. O lugar das elites jurídicas: o
deslocamento territorial dos ministros do STF (1988-2013). Contemporânea - revista de
sociologia da UFSCar, v. 7, p. 341-364, 2017.
15 – ALMEIDA, Fábio Ferraz de; FONTAINHA, Fernando de Castro; SANTOS, Ga-
briela Maciel. Produzindo elites jurídicas: prêmios, comendas e distinções dos ministros
do STF (1988-2013). Cadernos Adenauer, v. 18, p. 149-171, 2017.
16 – GARAPON, A. Bien Juger. Essai sur le rituel judiciaire. Paris: Odile Jacob, 1996.
197
Resumo: Abstract:
O presente artigo pretende contribuir para o The paper aims to contribute to a deeper
aprofundamento da compreensão da cultura understanding of the Brazilian legal culture
jurídica brasileira, empregando o método de using the content analysis method to examine
análise de conteúdo para examinar os principais the main “themes” discussed by the science
“temas” debatidos pela ciência brasileira do di- of administrative law in 19th century Brazil.
reito administrativo no século XIX. A análise A quantitative analysis of the main subjects
quantitativa dos principais assuntos discutidos discussed at the time by experts in administrative
pelos administrativistas do período permite law allows us to identify the most relevant
identificar os objetos de regulação considerados objects of regulation, the main concerns of
mais relevantes, as principais preocupações da the doctrine, the general function attributed
doutrina, a função geral atribuída ao direito ad- to administrative law, and the effects expected
ministrativo e os efeitos que se esperava obter from its incidence on society. In addition, a
de sua incidência sobre a sociedade. Além dis- diachronic analysis highlights the developments
so, a análise diacrônica dos temas examinados that occurred in legal-administrative thought
destaca as transformações ocorridas no pensa- during the period.
mento jurídico-administrativo durante o período
estudado.
Palavras-chave: história do direito administra- Keywords: history of administrative law,
tivo; direito administrativo brasileiro; século Brazilian administrative law, 19th century, legal
XIX; cultura jurídica; temas do direito adminis- culture, themes of administrative law.
trativo.
1. Introdução
2. Os critérios de análise
Foram tomados como objeto de análise todos os livros monográficos
publicados no Brasil sobre o direito administrativo durante o século XIX7.
Como já se demonstrou8, trata-se de obras de maturidade, publicadas por
juristas consagrados após longas carreiras, sempre entre 40 e 60 anos de
idade; são, além disso, obras publicadas por acadêmicos especialistas,
que em sua maioria limitam sua produção bibliográfica somente a obras
de direito administrativo, o que é um importante indicador de sua dedica-
ção à construção da disciplina no país. Constituem, assim, a essência do
pensamento jurídico erudito acerca do direito administrativo no Brasil do
século XIX.
7 – A lista de livros consultados foi produzida com base em pesquisa realizada nas bi-
bliotecas públicas do país, nas informações constantes de estudos já publicados sobre a
história do direito administrativo, e nas indicações bibliográficas das obras publicadas nos
séculos XIX e XX. Foram examinadas as seguintes obras: Direito Público e Análise da
Constituição do Império, publicada por José Antônio Pimenta Bueno (Marquês de São
Vicente) em 1857; Elementos de Direito Administrativo Brasileiro, publicada por Vicente
Pereira do Rego em 1857; Direito Administrativo Brasileiro, publicada por Prudêncio
Giraldes Tavares da Veiga Cabral em 1859; o Ensaio sobre o Direito Administrativo de
Paulino José Soares de Sousa (Visconde do Uruguai), publicado em 1862; os Estudos
Práticos sobre a Administração das Províncias no Brasil, também de Paulino José Soares
de Sousa (Visconde do Uruguai), publicado em 1865; o Excerto de Direito Administrativo
Pátrio de Francisco Maria de Souza Furtado de Mendonça, publicado em 1865; o Direito
Administrativo Brasileiro de Antônio Joaquim Ribas, publicado em 1866; e a Epítome de
Direito Administrativo de José Rubino de Oliveira, publicada em 1884.
8 – GUANDALINI JR., Walter. As razões do direito administrativo na doutrina brasilei-
ra do século XIX (1857-1884), in: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
a. 180, nº 481, set./dez. Rio de Janeiro: IHGB, 2019, p. 219-254; e GUANDALINI JR.,
Walter. Raízes históricas do direito administrativo brasileiro: fontes do direito adminis-
trativo na doutrina brasileira do século XIX (1857-1884). Curitiba: Appris, 2019.
pública na vida social francesa. Com isso, Pereira do Rego fecha os olhos
à realidade brasileira e se torna incapaz de promover um diálogo efetivo
entre a inovadora doutrina europeia do direito administrativo e as peculia-
res necessidades locais, limitando-se a, em vez de traduzir, ressignificar
e compatibilizar, simplesmente transpor à língua portuguesa os temas e
preocupações típicos da doutrina jurídica europeia.
Ainda assim parece digno de nota que o segundo tema mais impor-
tante na obra de Pereira do Rego também seja o tema da Administração
Central, que ocupa 14,66% das suas páginas – dedicadas ao Conselho de
Estado (8,51%), aos ministros (4,26%) e ao imperador (1,89%). Mesmo
sob a profunda influência temática da doutrina francesa a realidade local
se impõe, manifestando-se a necessidade de instituição de uma estrutura
jurídica para a administração central do Império – mas também para a
administração provincial (6,62%) e municipal (5,44%).
administrados 0 0,00%
nacionais 0 0,00%
Administrados 0,00%
estrangeiros 0 0,00%
escravos 0 0,00%
Atribuições Políticas atribuições governamentais 163 27,82% 27,82%
atribuições dos ministérios 0 0,00%
Atribuições Administrativas 0,00%
atribuições administrativas 0 0,00%
Direito Administrativo conceito e natureza 38 6,48% 6,48%
Jurisdição Administrativa jurisdição administrativa 96 16,38% 16,38%
tivo brasileiro: a partir dessa data a doutrina supera a sua primeira fase de
formação e ingressa em uma segunda fase de consolidação, reduzindo a
atenção dada à legitimação do poder soberano exercido pelo imperador e
se concentrando com mais atenção no estudo da estrutura do Estado e das
competências dos órgãos estatais.
obras selecionadas para este estudo. Tem 243 páginas, e talvez seja a
obra com distribuição temática mais equânime entre todas as analisadas.
O tema mais debatido é a categoria teórica da Administração, que ocupa
25,31% das páginas do livro. Se a agruparmos às páginas dedicadas ao
conceito de direito administrativo (8,16%) temos mais de um terço da
obra dedicada a reflexões teóricas, o que continua a tendência que já ha-
víamos percebido em Ribas.
4. Conclusões
A análise do conjunto dos dados coletados pode contribuir para uma
compreensão mais abrangente dos principais temas tratados pela doutrina
brasileira sobre o direito administrativo durante o século XIX.
Quadro 9 – Temas do Direito Administrativo Brasileiro no séc. XIX
Média:
Categorias Categorias Especí- Percen- Percentual
Páginas percentuais
Gerais ficas tual Total**
por obra*
conceito de administra-
113 3,30% 4,39%
ção
Administração 8,18%
funcionamento e agentes 121 3,53% 4,74%
atos administrativos 46 1,34% 1,53%
divisão territorial do Im-
36 1,05% 1,34%
Descentralização pério 1,87%
ato adicional 28 0,82% 0,40%
natureza 136 3,97% 3,40%
Imperador 31 0,91% 1,62%
Administração Cen-
Poder Executivo 25 0,73% 0,90% 15,92%
tral
Conselho de Estado 256 7,48% 9,20%
Ministros 97 2,83% 3,67%
noções gerais 7 0,20% 0,26%
Administração Pro- Presidente 71 2,07% 3,44%
29,23%
vincial Assembleias Provinciais 200 5,84% 5,51%
atribuições 723 21,12% 10,28%
Câmaras Municipais 93 2,72% 4,44%
Administração Mu-
juízes municipais 8 0,23% 0,24% 3,89%
nicipal
reforma municipal 32 0,93% 0,71%
22 – Como se verifica da análise das médias por obra – ver quadro 9 – nota *.
Referências bibliográficas
BARROS JÚNIOR, Carlos S. Antonio Joaquim Ribas (o conselheiro Ribas), in:
Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, v. 69, nº 2. São
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Formação (1821-1895). Curitiba: Juruá, 2016.
GUANDALINI JR., Walter. O Poder Moderador: ensaio sobre o debate jurídico-
constitucional no século XIX. Curitiba: Prismas, 2016.
233
Resumo: Abstract:
O lúpulo é vital para a produção de cerveja e Hops are vital for brewing production and
está para um elemento importante na relação da an important element in the relationship
sociedade brasileira e do álcool. A partir desse between Brazilian society and alcohol. From
panorama buscamos traçar a trajetória alcoóli- this background, we seek to trace the history
ca até o domínio cervejeiro e a introdução do of alcoholic beverages until the dominance of
lúpulo. O estudo usou dados e informações beer and the introduction of hops in Brazil. We
dos relatórios do Ministério da Agricultura, do collected our data and information from reports
Sistema de Estatísticas do Comércio Exterior e of the Ministry of Agriculture, the Foreign
da Revista do Imperial Instituto Fluminense de Trade Statistics System and the Magazine of the
Agricultura. Os achados mostram a íntima rela- Imperial Fluminense Institute of Agriculture.
ção com a Alemanha, devido sua tradição cerve- The findings show a close relationship with
jeira e de cultivo de lúpulo, além do impacto do Germany with its brewing and hop-growing
processamento do lúpulo no comércio nacional tradition, in addition to the impact of hop
e internacional e, mais recentemente, a impor- processing on national and international trade
tância da organização dos produtores. and, more recently, the importance of producer
organization.
Palavras-chave: Trajetória Alcoólica; Cerveja; Keywords:history of alcoholic beverages; beer;
Lúpulo. hops.
Introdução
A introdução do lúpulo no Brasil decorre da longa trajetória do álco-
ol moldada pelo território social do país, bem como do forte crescimento
da indústria cervejeira em território nacional. Nesse contexto, o objetivo
deste artigo concentra-se em colocar em perspectiva a evolução das be-
bidas no Brasil e sua relação com a sociedade brasileira, a fim de olhar a
introdução do lúpulo no cenário brasileiro a partir do contexto dos princi-
pais fatores que influenciaram esse acontecimento.
Dessa forma, “os índios bebiam para não esquecer”, nos termos de
Eduardo Viveiros de Castro4. Para determinados povos indígenas, o ato
de beber faz parte das manifestações de sociabilidade e estão na roti-
na desses grupos. Geralmente, os rituais incluem cantigas, pinturas, or-
namentos, músicas e bebidas alcoólicas fermentadas para celebrar uma
boa colheita ou caça, a mudança das estações, casamentos, a primeira
menstruação das moças, vitória em guerras, etc. Para os tupinambás, o
consumo do cauim era frequente. Segundo o relato de Alfred Métraux, de
1950, nada acontecia de importante na vida social ou religiosa dessa etnia
2 – CARNEIRO, Henrique. Pequena enciclopédia da história das drogas e bebidas:
histórias e curiosidades sobre as mais variadas drogas e bebidas. Rio de Janeiro: Else-
vier, 2005.
3 – FERNANADES, Florestan. A Função Social da Guerra na Sociedade Tupinambá.
São Paulo: Pioneira/Edusp, 1970.
4 – ALBUQUERQUE, Maria Betânia Barbosa. Beberagens tupinambá e processos edu-
cativos no Brasil colonial. Educação em Revista, v. 27, n. 01, 2011, p.40.
Contudo, foi Martim Afonso de Souza que deu o primeiro forte im-
pulso na produção de cana-de-açúcar. Sua expedição chegou à sua ca-
pitania hereditária de São Vicente em 1532 e deu início a plantação do
produto construindo o então engenho Madre de Deus. Apesar desse mo-
vimento, o Nordeste, sobretudo Pernambuco, despontava como líder na
produção e comercialização da cana como produto agroexportador12.
15 – CASCUDO, Luis da Câmara. Prelúdio da Cachaça. São Paulo: Global, 2006.
16 – PRADO JR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense,
1957.
17 – WEIMANN, op. cit
18 – FERNANDES, João Azevedo. Um tesouro etílico: bebidas, identidades e catego-
rias sociais na Amazônia portuguesa do século XVIII. sÆculum – Revista de História
[27], 2012, p.45.
19 – SANDRE, Sandra. Cachaça: Patrimônio Brasileiro. Monografia (Especialidade em
Gastronomia e Segurança Alimentar) Centro de Excelência em Turismo. Universidade de
Brasília-DF, 2004.
Esse comércio de ouro, cachaça e escravos era tão intenso que apro-
ximadamente 25% dos escravos trazidos da África para o Brasil entre
1710 e 1830 foram trocados pela cachaça, o que pode ter chegado a cifra
do milhão de escravos no século XVIII27 .
O domínio cervejeiro
Antes da chegada da família real ao Brasil eram proibidas as indús-
trias por aqui, então, nesta época existiam alguns contrabandos de cerve-
ja nos portos de Recife, Salvador e Rio de Janeiro vindos da Inglaterra.
Contudo, nada suficiente para gerar um hábito, especialmente porque,
no período colonial, os portos brasileiros eram fechados para navios es-
trangeiros e os portugueses temiam perder o mercado do vinho para a
cerveja30. Evidências literárias mostram que um inglês chamado Lindley
tomou cerveja em um mosteiro em Salvador, onde existia grande estoque
da bebida. Por volta de 1800, muitas garrafas de cerveja foram encontra-
das em inventários de Porto Alegre31.
a cerveja, que segundo alguns relatos, era uma bebida apreciada por D.
João VI32.
2016.
38 – DA CUNHA, Jorge Luiz. Os colonos alemães de santa cruz e a fumicultura: Santa
Cruz do Sul; Rio Grande do Sul 1849-1881. Dissertação (Mestrado em História) Univer-
sidade Federal do Paraná, Curitiba-PR, 1988, p.162
39 – MARCUSSO, Eduardo Fernandes. Da cerveja como cultura aos territórios da cer-
veja: Uma análise multidimensional. Tese (Doutorado em Geografia) Universidade de
Brasília, 2021, p.191-192.
40 – SILVA, José Ferreira da. Cervejas de Blumenau. Blumenau em Cadernos. Tomo
III, n. 9, 1960.
cerveja41. Isso pode ser verificado nos dados do século XIX que mostram
um domínio de imigrantes ou seus descendentes que atendiam o controle
de 71 das 98 cervejarias registradas nesse período42. Na cidade do Rio de
Janeiro, por exemplo, em 1920, 64,7% das cervejarias eram controladas
por portugueses43.
54 – FONSECA FILHO, Luciano Roberto Corrêa da. História, política e cerveja: a traje-
tória do lobby da indústria da cerveja. 2008. Dissertação (Mestrado em Ciência Política)
Universidade de São Paulo, 2008.
55 – MARCUSSO, op. cit.
56 – Idem.
60 – As braças são medidas com os dois braços abertos, o comprimento dos dois braços
abertos equivale a uma braça. Essa medida foi muito usada no meio rural brasileiro e
segundo o Sistema Métrico Decimal a Braça equivale a 2,20 m (ABREU; CARRAHER,
1989). ABREU, G. M.; CARRAHER, David. The mathematics of Brazilian sugar cane
farmers. In: Mathematics, Education and Society. Paris: UNESCO, p.60-70. (DOCU-
MENT SERIES 35), 1989.
61 – BRASIL. Relatório do Ministério da Agricultura, 1866, p.1.
62 – SCHMIDT-GERLACH, Gilberto. Colônia Blumenau no sul do Brasil. Clube de
Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019, p.319
63 – CRUZ, Sebastião. Brusque – centenária. Blumenau em Cadernos. Tomo III, nº8,
agosto, 1960, 142.
64 – MOSIMANN, J. C. Kraichgau – Berços dos Badenses de Brusque. Blumenau em
Cadernos. Tomo XXX, n. 2, 1989, p.46-50
Considerações Finais
Como podemos notar, é fundamental compreender o contexto da
produção e consumo de bebidas alcoólicas no Brasil para entender o pro-
cesso de introdução de lúpulo no Brasil. A ingestão de bebidas alcoólicas
é uma marca do povo brasileiro desde sua formação nas diferentes matri-
zes étnico-culturais e nas diferentes fases históricas e espaços geográfi-
cos, estabelecendo uma linha de conexão entre as bebidas alcoólicas que
vigoraram com predominância em terras tupiniquins, a saber, em sequ-
ência histórica: as bebidas alcoólicas fermentadas indígenas, as bebidas
destiladas portuguesas e brasileiras e, por fim, as cervejas importada e
nacional102. Essa trajetória etílica passa pela ascensão da cachaça como
mecanismos de desagregação dos índios e construção de práticas e há-
bitos culturais envolvendo essa bebida no âmbito da escravidão e de seu
comércio até como elemento de resistência, de identidade nacional e de
símbolo da independência do Brasil. O domínio da cerveja vem com a
imigração europeia e a modernidade estruturando novas formas cotidia-
nas de consumo de bebidas alcoólicas.
265
II – COMUNICAÇÕES
NOTIFICATIONS
Resumo: Abstract:
Na primeira parte do artigo, desminto a len- In the first part of the article, I dispel the
da urbana difundida de que o epíteto “Cidade widespread myth that the writer Coelho Neto
Maravilhosa” para designar o Rio de Janeiro created the epithet “Cidade Maravilhosa”
foi uma criação do escritor Coelho Neto. Na (Marvellous City) to designate the city of Rio de
segunda parte, procuro desvendar a origem real Janeiro. In the second part, I try to unravel the
do epíteto. Mostro que foi usado para designar real origin of the epithet by showing that it was
a Exposição Nacional de 1908, depois o “novo first used to designate the National Exhibition
Rio” surgido das reformas urbanísticas de Perei- of 1908, and later the “New Rio” resulting from
ra Passos, até enfim se popularizar com a mar- the urban reforms carried out of Pereira Passos,
chinha “Cidade Maravilhosa”. until it finally became popular in the carnival
song Cidade Maravilhosa.
Palavras-chave: Cidade Maravilhosa, Rio de Keywords: Cidade Maravilhosa, Rio de Janeiro,
Janeiro, Coelho Neto. Coelho Neto.
PARTE I
1 – Escritor com duas obras premiadas pela UBE-RJ, tradutor consagrado, lexicógrafo,
filósofo graduado e licenciado pela UFRJ, pesquisador da história do Rio. Tem colabo-
rações publicadas na Revista Brasileira da ABL, revista Littera, revista Ficções, revista
Pilares da História e jornal O Trem Itabirano. E-mail: ivokory@gmail.com.
2 – Segundo as evidências que consegui levantar em antigos jornais.
5 – Nonada: Letras em Revista, vol. 1, n. 28, maio de, 2017, pp. 194-209.
6 – Convite enviado por e-mail a este autor.
7 – “Cidade maravilhosa” I: André Filho e a saga de uma marcha-hino. Artigo publicado
em 20 de janeiro de 2015 no site do IMS. Acessível em https://ims.com.br/por-dentro-
-acervos/cidade-maravilhosa-i-andre-filho-e-a-saga-de-uma-marcha-hino/
Página 3 de A Notícia de 29-30 de outubro de 1908, contendo no folhetim superior a crônica “Os Sertanejos” de
Coelho Neto. As edições de 1908 desse jornal não constam da Hemeroteca Digital, só estando disponíveis em
microfichas na Biblioteca Nacional.
PARTE II
12 – O artigo foi incluído como bônus na edição brasileira do livro citado, intitulada Em
Alto-Mar, publicada em 2017 pela Nova Alexandria em coedição com o Istituto Italiano
di Cultura, com tradução, curadoria e notas de Adriana Marcolini.
13 – Edmondo De Amicis: scritti per "La lettura," 1902-1908, Fondazione Corriere della
Sera, 2008, acessado no Google Livros.
Cidade maravilhosa!
Salve, Rio de Janeiro!14”
14 – Nessa mesma data, o Jornal do Brasil reproduz, na pág. 2, e o Jornal do Commer-
cio, na primeira página, estes mesmos versos.
considerado pelos que ainda o não conhecem como uma cidade maravi-
lhosa”. Este mesmo jornal, na edição de 15-16 de agosto de 1910, escre-
ve, em matéria de primeira página intitulada A CIDADE:
Dias como o de hontem, pela sua doçura, a sua luz, a sua alegria são
verdadeiras dadivas do céo. [...] É por um dia assim que a nossa cidade
melhor brilha nas suas pompas e galas, ostentando os esplendores de
uma cidade maravilhosa [...].
exclamação de todos que nos visitam.” Mais adiante deparamos com este
trecho profético:
A cidade progride e avança; toma o mar e toma as montanhas, e esten-
de-se para as costas, varando as rochas. Ainda não temos os caminhos
subterraneos, mas para lá caminhamos acceleradamente. E quando a
cidade tiver tudo isso, quando ella não construir os seus palacios ape-
nas na planicie, mas os levar para as montanhas, quando ella habitar
tambem os [sic] ilhas encantadoras de sua refulgente bahia e o mar se
encher de elegantes yachts, como hoje as avenidas se enchem de auto-
moveis, então ella poderá desafiar as que mais bellas o forem. Ella já
é a cidade maravilhosa.18
18 – Jornal A Notícia, edição de 20-21/3/1913, pág. 3, acessado por este autor na Heme-
roteca Digital.
inferno não sahi mais, nem á mão di Deus Padre. E a outra, de olhos
lacrimosos:
– Eu bem não quiria vim. Tanto dinhêro modi cantá i sambá era mêmo
p’ra genti discunfiá. E os homens mudos, arrastando as alpercatas,
lá iam cabisbaixos, mazorros, refugindo, com timidez, á curiosidade
publica. Um outro buzinou soturno.
– Ocê uviu, Clódina ? A modi qu’é boi berrando. Não vá sê genti
incantada! Era a hora angelical e o bando poz-se a rezar baixinho,
á medida que a noite começa a desengranzar o seu rosario de es-
trellas. Subito, uma deflagração. Collares de lampadas de fogo e a
linha dos edificios debruada a luzes. Foi um medo panico indizivel:
“Misericordia! Credo! Abrenuntio! P’ras areias gordas!”
– Sê tá vendo, Clódina ? Eu não dixe qu´é u inferno ? Oia cumu tudo
s’accendeu d’uma vez ! sem phosque. Estacaram deslumbrados.
A Cidade maravilhosa resplandecia como nas lendas. E a misera gen-
te tremia e encommendava-se a Deus, a Nossa Senhora e aos santos,
fazendo promessa, arrependida de haver seguido o demonio tentador
que a fôra buscar no repouso feliz da sua terra. E quando appareceu
um automovel urrando, com os dois immensos olhos accesos em cla-
rões, a debandada foi tumultuosa e gritos e esconjuros atroaram.
Foi em tal estado d’alma que os sertanejos ensaiaram no cinema os
cantos e as danças em que são exímios.
Mas que podiam os miseros cantar se lhes faltava a voz ? Como dan-
çariam elles se as pernas lhes tremiam como varas verdes? O fiasco foi
absoluto e o emprezario, corrido, recambiou-os na manhan seguinte,
desfazendo no espirito do povo uma illusão poetica. E toda a gente
está hoje convencida de que danças e cantos sertanejos são estopadas
ridiculas.
Serão no palco do cinema, mas lá no verde sertão, com a lúa grande
no ceu e as fogueiras flammejando, emquanto o rio murmúra o seu
canto dormente e a morena, arrepanhando a saia, labios entreabertos
no fervor do samba, sacode, boleia os quadris redondos, as violas e os
machetes repinicam, os violões plangem e os adufes rebatem o rythmo
do sapateio, lá é que é ver como os corações se agitam, lá é que é sentir
o prestigio do canto, lá é que é comprehender como póde o almiscar
estoteante de um corpo de mulher faceira fazer de um caboclo paci-
fico um assassino e desprestigiar um santo tirando-o da ascese para o
frenesi na eira.
Cidade maravilhosa!
Na luz do luar, fluídica e fina,
Lembra excêntrica bailarina,
Corpo de náiade ou sereia,
Desfolhando-se em pétalas de rosa,
Com os pés nus sobre a areia.
295
Resumo: Abstract:
A presente comunicação tem como objeto cen- The main purpose of this communication is
tral rememorar/homenagear os 150 anos de nas- to recall/honor the 150th anniversary of the
cimento de Luiz Gastão d’Escragnolle Dória. A birth of Luiz Gastão d’Escragnolle Dória. The
narrativa tem por objetivo revisitar a vida e a narrative aims to revisit the life and work of the
obra do ilustre escritor, professor, historiador, illustrious writer, teacher, historian, member
sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasi- of the Brazilian Historical and Geographical
leiro e catedrático do Colégio Pedro II. Institute and professor of Colégio Pedro II.
Palavras-chave: homenagem; história-memó- Keywords: honor; history memory; writer;
ria; escritor; professor; historiador. professor; historian.
No IHGB seu nome foi proposto para sócio correspondente por Max
Fleiuss, Gastão Ruch, Eduardo Peixoto e Arthur Guimarães em 16 de
abril de 1912, apresentado como:
...Exímio estilista, fino observador e crítico de bom quilate. [...]
Espírito de combatividade e acendrado amor às causas pátrias. [...] De
família ilustre, [recebeu] por herança dotes de inteligência [...] é so-
brinho do nosso pranteado consócio Alfredo d’ Escragnolle Taunay...
Principais obras:
11 – Idem, p. XX.
1937 – Centenário do CP II
– Ficha catalográfica
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1997.
R.IHGB, tomo 109, v. 164, p. 432-436, 1931.
SEGISMUNDO, Fernando. Grandezas do Colégio Pedro II. Rio de Janeiro:
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