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Análise das perguntas 5 à 8, da entrevista.

Alef Augusto Martins, Carlos Eduardo Teles de Oliveira, Kelvin Sampaio

A quinta pergunta diz respeito a passagem dos conhecimentos das Ciências


Sociais para os estudantes do ensino médio, mas especificamente, como a Gisele
aborda didaticamente esses conhecimentos.
A Gisele começa respondendo que sua formação foi baseada na pedagogia
histórico-crítica o que faz com que sua prática pedagógica seja orientada para a
construção do conhecimento meio pra práxis, contudo, a mesma informa que
encontra, nos colégios aos quais leciona, uma barreira burocrática, de forma que há
uma cobrança para ela passe determinados conteúdos seguindo o material didático
disponibilizado pelos colégios. Observamos que, desse modo, ela não possui
liberdade de construção de conteúdo pedagógico, ela nos informa que deve seguir
estritamente os conceitos e autores indicados nos materiais didáticos fornecidos
pelos colégios.
Esse relato da pressão burocrática de certos conteúdo nos lembra o que a
autora Ileizi Fiorelli Silva (2007) chama de um currículo “tecnicista”, ou seja, “os
conhecimentos agrupando-os em áreas de aplicabilidade tecnológica
imediata”(2007, p.412), assim, a autora aponta que a prática pedagógica torna-se
operacionalizada e imediatista, de forma que o professor apresenta-se na sala de
aula como meio de transmissão de certos conteúdos bem delimitados e com certos
objetivos, e que seu papel restringe-se ao como e não ao o que.
Seguindo, na sexta pergunta, questionamos sobre a liberdade pedagógica e
a relação da direção dos colégio que leciona e da secretaria de Educação sobre sua
atividade docente.
A resposta inicia no mesmo tom da resposta à pergunta anterior, muita
cobrança. A professora lembra que há cobrança nos dois colégio, porém no colégio
Max há mais liberdade, pois é possibilitada espaços onde pode discutir certos temas
- que pelo tom que ela nos relata - que estão fora dos conteúdos dos materiais
didáticos. Entretanto ,lembra que no Sesi a cobrança é maior, fazendo com que seja
dificultado a discussão de temas que ultrapassem o prescrito pelo colégio,
principalmente pelo fato de as salas de aulas serem de paredes de vidros e
passarem a sensação de vigilância. No que diz respeito ao papel da direção ou
secretaria, pouco nos informa, somente lembrando que é uma trabalhadora CLT, - o
que nas entrelinhas do relato da professora soa como “não poder ultrapassar certas
regras ocultas” -, mas lembra que nunca ter sofrido nenhuma retaliação.

Na sétima pergunta, questionamos a professora sobre qual seria sua maior


preocupação ao iniciar o trabalho docente. A professora informa que sua maior
preocupação segue-se em não só apresentar os conceitos e conteúdos “pré-
definidos” pela escola, mas sim em tornar possível a compreensão sociológica da
realidade pelos alunos, de forma que se possa ser rompido a tendência tecnicista de
docência subjacente ao programas escolares, assim, como já observado em em
resposta às perguntas anteriores, vemos aqui que a professora se preocupa
bastante em desenvolver nos alunos a capacidade crítica da análise social, que
possam eles mesmos realizarem uma abordagem em direção à práxis em suas
próprias relações com o mundo social.
Já na oitava pergunta, a pergunta foi direcionada para a relação de que a
professora tem com a comunidade do entorno da escola, se ela buscar conhecê-la
mais detidamente. A professora seguiu o caminho de apresentar a diferença entre
as duas escolas pela quais leciona, demonstrando conhecer a realidade do entorno
das escolas e os próprios perfis dos alunos. Para exemplificar, a professora relata o
caso de que no Colégio Max conseguiu contextualizar a aula por meio de uma
música dos Racionais Mc’s, pois como a comunidade em volta era urbanizada,
havia já uma identificação com as letras do grupo, de forma que o mesmo não
ocorreu no Sesi, pois como este colégio se encontra mais numa zona de “roça”,
contextualizar por meio da música dos Racionais não causaram o impacto
esperado, surgindo até questionamentos dos alunos se a professora não gostava de
sertanejo. Outra análise importante que a professora discorre sobre a realidade
social das comunidades circundantes das escolas é quando ela apresenta os
objetivos dos próprios alunos a partir de suas experiências escolares, assim, no
Colégio Max, onde o foco é vestibulares, os próprios alunos criam expectativas de
progressão universitária, e expõe até o caso de alunas que possuem bolsas de
estudo no colégio por jogarem no clube de vólei da cidade, de forma que por já
estarem no mercado de trabalho, o próprio clube exige certa progressão
educacional de suas atletas. Já no Sesi, o perfil apresenta-se diferente, como o foco
do colégio é formação profissional, os alunos criam expectativas de prosseguirem
as profissões de seus pais, de modo que a progressão universitária é quase deixada
de lado. A partir desses conhecimentos das comunidades e perfis dos alunos, a
professora monta planos de aulas mais direcionado às realidade de cada
comunidade, de forma que possa envolver os alunos em compreensões
sociológicas que sejam mais adequadas às suas realidades.

Referências
ILVA, Ileizi F. “A Sociologia no Ensino Médio: os desafios institucionais e
epistemológicos para a consolidação da disciplina”. Cronos, Natal-RN, v. 8, p. 403-
427, jul./dez. 2007. Disponível em:
http://www.periodicos.ufrn.br/index.php/cronos/article/view/1844/pdf_60

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