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Políticas antigênero na América Latina: desdobramentos

teóricos no debate feminista1


Gabriela Peixoto Vieira Silva (PPGS-UFG)
Elismênnia Aparecida Oliveira(PPGS-UFG)

Introdução

Nossa proposta neste trabalho é analisar como as políticas antigênero têm sido tratadas no
campo das Ciências Sociais, mais especificamente nas vertentes feministas, atentando para as
contribuições e estratégias de resistência levantadas. De cunho teórico-analítico nossa proposta é
mapear as produções desta temática que tenham um amplo acesso no Brasil e América Latina.
Utilizamos fontes diversas, em especial o portal Sexuality Policy Watch (SPW), que reúne
panoramas e pesquisas significativas nesse campo. Partindo de estudos feministas, descoloniais e
terceiro mundistas, consideramos a interseccionalidade e a colonialidade como categorias que
atravessam as políticas antigênero e que possibilitam um alargamento de nossa interpretação dos
contextos em disputa.
Como apontam diferentes campos teóricos, o crescimento da extrema direita tem sido
abordado a partir de distintas vertentes e conceitos como o de fundamentalismo, supremacia
branca, masculinidade tóxica, dentre outros. Embora os estudos sistémicos sobre ideologia de
gênero e política antigênero, como o levantamento de Gabriela Ramirez (2020), apontem alguns
trabalhos da Europa e dos EUA como pioneiros sobre a discussão, no Brasil e na América Latina o
tema é abordado há décadas pelos movimentos sociais feministas em publicações, pesquisas, ações
e campanhas de algumas ONGs, dentre as quais podemos citar a CFEMEA e a SOS Corpo de
Recife dentre outras que compõem a Articulação Nacional de Mulheres Brasileiras (AMB) e a
Articulação Feminista Marcosul2, ou externas a elas como as Católicas Pelo Direito de Decidir e a

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Esse artigo foi apresentado no Simpósio de Pesquisa Pós-Graduada n° 33, Obstáculos à igualdade de gênero e Crise
da democracia​, coordenado por Viviane Gonçalves Freitas (UFMG) e Marina Brito (IPEA), ​durante o 44° Encontro
Anual da ANPOCS.
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​Mais informações sobre essas instituições e suas públicações podem acessadas em seus sites: Articulação Feminista
Marco Sul, <​https://www.mujeresdelsur-afm.org/resistencias-feministas-ante-la-avanzada-fundamentalista/​>;
Universidade Livre Feminista <​https://feminismo.org.br/​>; CFEMEA, < ​https://www.cfemea.org.br/​>; Agência
Patricia Galvão, ​https://agenciapatriciagalvao.org.br/​> e SOS Corpo de Recife; <https://soscorpo.org/>

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Agência Patrícia Galvão. Essas instituições vêm elaborando campanhas e pesquisas com ampla
divulgação e ações de combate a elas desde 2001 por meio da sociedade civil e articulações
políticas partidárias para barrar o avanço desses ideais nas políticas de estado. Entendo sua
relevância para o país, principalmente no campo das resistências, mapeamos algumas das ações
neste artigo em conjunto aos estudos com levantamento de dados e análises, realizados de forma
sistemática desde 2018 e publicados em 2020, no Observatório de Sexualidade de Política (SPW).
Por fim, com o estudo desses campos mapeamos indicativos de crescimento das políticas
antigênero, a quem beneficia, por quem é sustentada, e quais suas bases estruturais, assim como
atividades de resistência que têm sido articuladas ao longo dos anos. Para realizar essa análise
partimos de algumas vertentes feministas que há mais de 30 anos, com estudos dentro e fora das
universidades indicam a existência de políticas antigênero e sua presença de forma estratégica em
atuações políticas locais e internacionais como demonstram os estudos de Sônia Corrêa (2020) e
Mirta Moragas (2020). Nesse sentido, ainda que não seja novidade a articulação de políticas
racistas, sexistas e abertamente antigênero, sua utilização como ferramenta para eleger e manter
governos de direita e ultra-direita vem crescendo nos últimos dez anos e tem como resultado mais
amplo a des-democratização desses países pautado na retomada de ódio contra mulheres e a perda
de seus direitos sociais fundamentais.

Análise dos estudos Feministas: um tema de intercâmbio entre movimentos sociais e


universidades

A produção de conhecimento é interligada por distintos sujeitos e instituições, não se pauta


apenas na construção científica e universitária, e pode chegar até as universidades por meio da
sociedade civil. Historicamente, no âmbito transnacional, e também no Brasil, vários movimentos
sociais foram importantes para produção de pesquisas, inserção de objetivos, tradução e circulação
de textos e mais materiais acadêmicos, que os colocam na rota de produção de saber. Haraway
(1995), Mignolo (2004), Boaventura de Souza Santos (1988) trabalham esse tema ao apontar a
importância dos movimentos sociais, e de intelectuais específicos vinculados aos movimentos
sociais, para revisão e expansão da ciência enquanto um espaço pluriversal, e com uma
objetividade mais abrangente. De forma mais ampla, podemos ver essa importância como
resultado da inserção de marcadores identitários como classe social, gênero, idade e raça nas
diversas áreas da ciência, e uma produção maior de pesquisas e investigação vinculada às

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temáticas étnico-raciais, de sexualidade, gênero, violência contra mulher, direitos humanos,
masculinidade, racismo, interseccionalidade dentre outros.
Nesse contexto, é possível descrever trajetórias de conceitos e apurar suas modificações e
confluências. No Brasil as pesquisas e ações contra políticas antigênero podem ser pensadas desde
2001, mas sob a perspectiva centralizada nos direitos reprodutivos e com o combate e apresentação
do conceito fundamentalismo. Esse conceito amplo, que abarca principalmente excessos da
interação entre o âmbito religioso e o político na promoção de perdas aos direitos civis, incentivo
de política de ódio e perseguição a distintos grupos sociais sendo justificadas pela religião foi alvo
de campanhas e pesquisas de diversas articulações feministas no país. Em 2002 foi lançado um dos
primeiros eventos transnacionais sob a temática, durante o 2º Fórum Social Mundial, no formato
da campanha “​Contra os fundamentalismos, o fundamental é a gente" (CFEMEA, 2002). Como
um espaço de troca de narrativas e experiências, entre mulheres de diferentes locais do mundo, a
campanha teve como objetivo lançar ações locais nos campos da política e da vida privada das
participantes contra os fundamentalismos não só religiosos, mas políticos e econômicos
(CEFEMEA, 2002). Como aponta o Jornal CFEMEA X (2002) os fundamentalismos deveriam ser
combatidos também por sua relação de suporte racista, sexista e xenófobo na exploração da força
de trabalho e na retiradas de direitos sob a própria sexualidade e vida pública e privada das
pessoas, mas principalmente das mulheres.
Nos anos seguintes, várias campanhas, encontros, relatórios sobre o avanço
fundamentalista nas políticas partidárias e institucionais locais foram sendo desenvolvidas ao
longo dos anos em chamadas transnacionais e nacionais sendo as mais recentes publicadas em
2019 e 2020.3 Um ponto importante dessas campanhas é a centralização na perspectiva de barrar
ações de perseguição aos direitos reprodutivos e sexuais. Por anos dossiês e mapeamentos do
avanço do fundamentalismo nas casas do legislativo brasileiro foram analisados e re-articulados na
sociedade civil e política partidária por esses movimentos.
Acompanhando esse processo, no campo teórico acadêmico brasileiro os temas que
ganham enfoque nas pesquisas, em conjunto aos temas já estruturados sobre direitos sexuais e
reprodutivos, são sobre a laicidade do estado, ainda em continuidade ao enfrentamento do
fundamentalismo. A partir de 2014 começam a surgir pesquisas de embate teórico em relação ao
conceito ‘ideologia de gênero’ (SILVA, 2019), que já traziam a transmutação de seu significado,

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​É possível acessar as chamadas coletivas, ações e publicações no site:
<https://www.mujeresdelsur-afm.org/resistencias-feministas-ante-la-avanzada-fundamentalista/>

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pois esse conceito também era utilizado nos estudos de gênero e vertentes feministas do país para
descrever, em trabalhos como o de Regina Barbosa (2001), Nauber Gavski da Silva (2014), e
Solange Bassetto de Freitas (2015), a distorção hierárquica entre mulheres e homens que as
diferenças de gênero quando tratadas como biológicas e naturalizadas geram no cotidiano
colocando mulheres e o que é descrito como feminino em posições de inferioridade e
desvalorização nas diversas esferas de representação política, do trabalho e da vida cotidiana.
Com a apropriação e transmutação do conceito para a significação que teóricos e
fundamentalistas passaram a dar ao conceito ele passou a descrever a existência de uma ideologia
que supostamente é imposta por uma rede de feministas e dos movimentos de diversidade afetiva
visando a destruição das identidades de homens e mulheres e propondo o fim dos sexos masculino
e feminino (GONZALES ; CASTRO, 2018).
Muitos destes estudos ampontam o que os movimentos feministas já vinham constatando
desde 2002, sua relação com os fundamentalismos, uma vez que o próprio termo ideologia de
gênero, como apontam Ana Gonzalez e Laura Castro (2018) e Luanna Silva (2019), assim como
campanhas de promoção a ele, foram desenvolvidos por setores da igreja, intelectuais que
amplamente atacam as vertentes e os movimentos feministas, e por políticos de direita e
ultradireita. No contexto internacional o termo ideologia de gênero vem sendo utilizado a partir de
1994, uma das datas de sua primeira aparição estaria em um pronunciamento do Vaticano em
relação a demandas por direitos sexuais e reprodutivos durante a Conferência do Cairo de 1994, as
descrevendo como um evento pela promoção do aborto e da homossexualidade (GONZALEZ;
CASTRO, 2018), e nos anos 2000 vão se tornando recorrentes não só sua utilização em discursos
do Vaticano mas em atividades da sociedade civil e político partidárias por todo o globo passando
a reivindicar revisões, retrocessos e modificações em relação aos temas de sexualidade, violência
contra mulher, e das discussões de relações de gênero no geral das leis, e nos currículos do ensino
básico e médio (GONZALEZ; CASTRO, 2018). Em alguns países, e no Brasil, surgem ataques os
direitos de saúde e civis no campo dos direitos da diversidade afetiva4 como utilização do nome

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​Existe um cenário de ataques e perdas de direitos LGBTTTQI a partir de 2003, assim como uma continuidade de
violência e criminalização em mais de 70 países pelo mundo que adotam pena de morte, prisão, prisão perpétua para
pessoas do mesmo sexo que se relacionam afetivamente de forma consensual. Embora o crescimento do
conservadorismo seja um fenômeno global, os países com pena de morte e crimanilação afetiva ficam próximos, ou
são, países com grupos identificados como fundamentalistas e extremistas. Mais informações podem ser acessadas nos
relatórios realizados pelo ILGA World – The International Lesbian, Gay, Bisexual, Trans and Intersex Association no
site <https://ilga.org/>.

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social, acesso a tratamento gratuitos de hormonização, reconhecimento civil de relações
não-heteroafetivas dentre outros.
Assim, ainda que o conceito ideologia de gênero apareça em produções acadêmicas desde a
década de 1990 nas produções de teses, dissertações e artigos, a análise de seu uso como
compondo o cenário das táticas de política antigênero aparece nas pesquisas acadêmicas em 2014.
Luanna Silva (2019) acredita que o aumento desses estudos refletem os ataques e a retirada, dos
Planos de Educação Nacional estaduais e municipais, do termo gênero, orientação sexual,
identidade de gênero e diversidade sexual. Parte dos estudos esteve pautado em pesquisar as
origens do termo e sua origem transnacional mas focando principalmente no contexto político
brasileiro e o que fez emergir e estruturar a proliferação e sustentação (SILVA, 2019).
Por sua vez, a utilização em si do termo política antigênero aparece em publicações
brasileiras em 2017, sendo apresentada como um conceito mais amplo que dá conta não só da
presença dos fundamentalismos em suas articulações políticas e econômicas, mas diz de sua
expansão de ações de ultra-direita para vários setores, dentre eles também o do conhecimento,
culminando na perseguição de trabalhos, na descredibilização da participação de mulheres e do
discurso feminista em diversas áreas da vida, inclusive áreas que já apresentavam uma maior
participação feminina. Diante do que se colocava como um movimento de backlash feminista o
conceito antigênero se tornou mais popular nas análises do cenário político partidário do país,
iniciado durante o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff em 2016 e na eleição
da ultradireita brasileira em 2018. Estudos sobre as implicações nas políticas públicas, partidária e
nos direitos sociais como os de Igor Campos Viana (2019) e Carlos Eduardo Bartozzo (2020)
demonstram alguns dos resultados da ascensão dessas políticas. Nas produções dos movimento
sociais esse termo também aparece em suas publicações a partir de 2018 em conjunto a campanhas
anti-fascistas, no cenário das eleições presidenciais.
Mediante essa breve trajetória dos conceitos um estudo sobre as políticas antigênero
demonstra sua raiz nos fundamentalismos, mas também anteriormente a ela no sexismo, no
patriarcado, no racismo e no processo de colonização e construção política autoria do Brasil e da
América Latina como apontam os trabalhos recentes e genealógicos de Sônia Corrêa (2018; 2020).
Nesse sentido, trazemos a seguir uma perspectiva mais detalhada sobre os retrocessos e
perseguições das políticas antigênero mapeadas por estudos das vertentes feministas. Pontuamos
portanto que não é novidade a perseguição de mulheres, populações negras, indígenas e da
diversidade sexual, mas o que está colocado em questão são os movimentos de retrocessos frente

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ao movimentos de amplificação da participação social, é o estudo da ofensiva de perda de direitos
reprodutivos e sociais que tem se sustentado nos últimos 30 anos a partir da criação e distorção do
conceito ideologia de gênero.

Avanço do conservadorismo e sua instrumentalização nas políticas antigênero na América


Latina

Um dos estudos mais recentes, e com uma análise transnacional sobre Gênero e Política na
América Latina, foi lançado em 2018 pelo Observatório de Sexualidade e Política (SPW), um foro
feminista global de investigação e ativismo. Os estudos são um marco por refletirem o esforço
ético e epistemológico de elucidar as barreiras e o intenso entrave que a categoria gênero vem
enfrentando nos debates políticos nas últimas décadas. Ele conta com nove autoras feministas
divididas no intuito de investigar as ocorrências e o aumento das políticas e dos discursos
antigênero em nove países latinos diferentes, e aqui buscaremos encontrar as particularidades e os
aspectos comuns que giram em torno das análises.
Esses estudos apontam que uma ofensiva dos países conservadores no trato dos assuntos
relacionados à mulher começou a se intensificar nos últimos anos com a ascensão à cenários
político partidários. Um dos últimos exemplos pôde ser descrito como uma aliança antiaborto
proposta pelos EUA e Brasil e que foi analisado pelas feministas Camila Asano (Conectas Direitos
Humanos), Sonia Corrêa (SPW) e Gillian Kane (Ipas). Tal acordo diz respeito a Declaração do
Consenso de Genebra, anunciada em agosto por Todd Chapman, embaixador dos EUA no Brasil,
que dentre outras tantas proposições, a que devemos frisar é a que descarta o acesso legal e seguro
ao aborto, alegando a defesa da família. Como informado no texto, o acordo não é vinculante e não
possui força de tratado internacional, ou seja, não obriga os países a seguirem o texto, no entanto,
“é um indicativo da condução da política externa brasileira em matéria de gênero e pode
intensificar a atuação do país na quebra de consensos internacionais já existentes sobre o tema.”
(ASANO, CORRÊA, KANE, 2020).
Mas o que leva líderes políticos a aderirem essa pauta num país em que se registrou só no
último ano, um estupro a cada oito minutos?
As pesquisas de Isabela Kalil, relacionadas com a direita brasileira, mostra que a disputa
em torno do gênero e da sexualidade apresentaram novas configurações políticas intermediadas

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por atores políticos que surgiram utilizando-se do discurso de defesa da família tradicional. O
mapeamento dessas ações demonstra que não só o Brasil, mas o mundo e especificamente a
América Latina, caíram na falácia construída pelo termo ideologia de gênero e a partir daí os
desdobramentos contra os direitos humanos universais, e principalmente o das mulheres e das
populações LGBTTTQI, se encontram em constante ameaça, produzindo processos de
desdemocratização a níveis internacionais (RAMIREZ, 2020).
Observando a recente eleição do Brasil, onde o sintoma originado pelo pânico moral em
torno da palavra gênero elegeu um dos governos mais conservadores de sua história
contemporânea, provocando uma convulsão social durante as eleições presidenciais de 2018 por
razões da disputa e do uso mal informado sobre o termo, ao olhar para América Latina vemos essa
repetição em todos os países, ou seja a eleição de representantes de direita e ultra-direita
vinculados a uma agenda conservadora pautada no suposto combate a ideologia de gênero e a
colocando como uma das responsáveis centrais para crises políticas e economicas daquelas
sociedades. Nesse sentido, Wendy Brown (2016), interpreta a desdemocratização como um efeito
combinado do neoliberalismo e da repolitização do campo religioso, fatores que analisaremos um
pouco mais a frente.
Antes, voltemos a pesquisa de Isabela Kalil e suas interpretações. A campanha de Jair
Bolsonaro foi mobilizada pela luta contra a ideologia de gênero e sua suposta propagação, se
valendo de uma formação de agenda política que propunha o “kit gay”. O fato é que o que era uma
promessa de campanha, que fornecia pólvora para as disputas narrativas em torno das
sexualidades, agora passa a ter respaldo político a nível de agenda e de formulação de políticas
públicas antigênero. Suprimir dos documentos e dos debates escolares a palavra gênero, por
exemplo, e o próprio discurso do presidente na posse dizendo sobre seu projeto que se resumiria
em “unir, valorizar a família, respeitar as religiões, nossa tradição judaica cristã, lutar com a
ideologia de gênero, preservar nossos valores, o Brasil voltará e ser um país livre de laços
ideológicos.”
Nesse contexto, o que ficou conhecido no Brasil como a ala ideológica conservadora do
presidente brasileiro é também conhecida em eleições anteriores a dele no Equador, na Costa Rica,
no México, na Argentina dentre outros países. Esses países passam a partir de 2005 a ter governos
de estado que surgem com uma plataforma de políticas antigênero. Para o contexto brasileiro,
Sonia Coreia e Isabela Kalil (2020) listam algumas mudanças, tais como: proposta de criação de
um novo Plano Nacional de Direitos Humanos (PNH); Criação do Observatório Nacional da

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Família, com uma noção cada vez mais restrita de família baseada principalmente na
heteronormatividade. Sob esse aspecto no Brasil é criado um novo Ministério, o Ministério da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que atua em articulação com o Ministério da
Economia, atribuindo essa noção de família às diretrizes econômicas. Essa versão restrita de
família desloca a função do Estado para o núcleo familiar, fazendo com que este se responsabilize
cada vez mais por todas as demandas que o Estado se desresponsabiliza (KALIL, 000).
Essa plataforma de implementações de políticas públicas é uma evidência de que a
formulação da narrativa contra a ideologia de gênero, consolidada durante as últimas campanhas
presidenciais, exerce também um papel de fiscalizador da vida privada da sociedade civil. Segunda
Clara Avelar (000) a quebra do princípio constitucional da laicidade também é um elemento de
importante análise por refletir na constituição de um novo plano de direitos humanos intercedido
pela religião.
No Brasil o que temos visto são ataques frequentes às instituições superiores de educação
pública, principalmente por terem sido esses os espaços de debates democráticos sobre política
pública e promoção de igualdade e respeito a pluralidade. Silvia Correa e Isabela Kalil (000)
afirmam “que várias proposições aprovadas em nível estadual e municipal vem afetando
parâmetros e guias curriculares, regras de fomento à produção, avaliação e distribuição de livros
didáticos, cerceando a abordagem de temas que envolvem sexualidade e gênero” (2020, p. 74)
Hoje esse Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, chefiado por Damares
Regina Alves, limita sua atuação a partir de valores fundamentalistas, evocando uma política
institucional abertamente contrária aos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres e das
populações LGBTTTIQ a partir de uma noção autoritária de família, sexualidade e afetividade.
Por outro lado, ao tratar as ofensivas antigênero na Argentina, Maximiliano Campana
(2020) avalia que mesmo trazendo consigo uma importante ampliação dos direitos sexuais e
reprodutivos, os governos “kirshneristas” se manifestavam publicamente contra o aborto durante
sua gestão. No Brasil, o mesmo aconteceu nos governos petistas, em razão das pressões constantes
das bancadas evangélicas e do terror à resposta conservadora da sociedade. No entanto, foram
nesses governos que grupos e “organizações da diversidade sexual obtiveram a partir de políticas
públicas, e especialmente com o reconhecimento do direito de contrair matrimônio para pares do
mesmo sexo e da identidade de gênero de pessoas trans.” (2020, p. 30)
O governo de Mauricio Macri possibilitou a discussão parlamentária sobre o aborto, o que
acendeu uma força conservadora dentro do parlamento argentino com grupos “provida” ganhando

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espaço nos partidos tradicionais. “En ese momento se vienen gestando dos futuros partidos
políticos, con la finalidad de defender “la vida desde la concepción”. (2020, p. 35) Logo, os
movimentos se direcionaram contra a “ideologia de gênero” com base em ataques contra a
educação sexual em escolas privadas e públicas, como é o caso da campanha “Con mis hijos no te
metas” desenvolvida no Peru em 2016. Vale destacar que diferentemente do Brasil, no campo
político, os discursos contra a “ideologia de gênero” e o reconhecimento de direitos sexuais e
reprodutivos também não conseguem se instalar (CAMPANA, 2020), e as articulações feministas
locais atuam com resistência para que até mesmo o direito ao aborto nos casos de estupro e gestão
com risco de morte continuem sendo efetuados pelo estado como direito.
As campanhas contra a “ideologia de gênero” no Uruguai se consolidaram em 2017,
quando o país recebeu o “II Congresso Sudamericano pela vida y família” e em 2018, quando
houve comemorações na eleição de Bolsonaro. A mesma estratégia de alcançar partidos políticos
por parte de atores de movimentos antigênero, sendo os principais os grupos religiosos, é exercido
também no Uruguai, onde por “objeción de conciencia, una estrategia global para obstaculizar la
implementación de los servicios legales de aborto, y lograron incluir la “objeción de ideario” como
concepto en la ley de Interrupción Voluntaria del Embarazo. De esta manera se exonera a
instituciones de salud de base religiosa a brindar los servicios legales de aborto” (SGLESIAS,
KUHER, ABRACINKASE; PUYOL, 2020, p. 56).
No entanto, no Uruguai, as forças antigênero não alcançam o nível de incidência que outros
países da região possuem. Isso se deve em parte pela resistência organizada, com maior ou menor
formalidade, especialmente desde o âmbito social e universitário, que confronta e denuncia o
desenvolvimento de seus conteúdos estigmatizadores (SGLESIAS, KUHER, ABRACINKASE;
PUYOL, 2020).
Na Colômbia tem se observado que embora um novo sujeito político tenha se formado, os
católicos renovados, os evangélicos neopentecostais, as manifestações antigênero de grande
expressão diminuíram. Contudo, sabe-se que existe interesse na nomeações estratégicas de atores
conservadores em instituições chave para a criação de um possível Ministério da Família
(HERNANDEZ, 2020)
Mais uma vez, essa definição conceitual de família restringe a formulação de políticas
públicas para uma diversidade social, apontando uma ideologia religiosa que reforça o papel de
uma suposta família tradicional, que seja composta homem e mulher cisgênero, favorecendo a
disseminação neoliberal ao desresponsabilizar o Estado, sendo portanto, o neoliberalismo e

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conservadorismo, elementos combináveis para um novo panorama político de atuação. O Estado
então escolhe os beneficiários de acesso a recursos a bens públicos e atua na perseguição e
exploração dos demais segmentos e grupos sociais.
As análises dos estudos do SPW 2020, de forma geral aponta portanto, que a imbricação
entre neoliberalismo e conservadorismo, se sustentam pela “restauración de la familia” y de la
complementariedad de lo masculino y de lo femenino, que yace en el corazón de la pauta
neoconservadora religiosa, como siendo instrumental para asegurar el retorno de la labor de
protección y cuidado a las familias –o, más específicamente, a las mujeres cuando los Estados,
bajo el impacto del neoliberalismo, reducen al mínimo las políticas de protección social”
(CAMPANA, 2020, p. 07)
Mirta Miragua (2020) ressalta que os efeitos de reduzir o Estado a uma função de gestão,
“facilita e legitimam formas de exercícios de poder político que são inaceitáveis em condições
plenamente democráticas”, retirando a noção dos comuns da dimensão política da vida. Na Costa
Rica, considerada um dos países com maior estabilidade política, em um cenário de
desmilitarização desde 1948, e reconhecida por adotar ações políticas de meio-ambiente
sustentável, saúde e educação públicas e obrigatórias (RAMIREZ, 2020), os avanços
conservadores são mapeados por Gabriela Arguedas Ramirez (2020) como consequência da junção
entre o campo religioso e o político partidário. A partir da aceitação do Tribunal Supremo de
Eleições (TSE) em 1986 de partidos políticos declaradamente religiosos os avanços desses grupos
tiveram desdobramentos maiores na eleição de conservadores que pautaram sua ascensão política
inicialmente com ataques a direitos reprodutivos, mirando especialmente o aborto, e
posteriormente adotando medidas de manifestações civis para incitação de desiformação e
desprestígio da educação sexual, do estado laico, e da criação teorica de diversos materiais para o
combate a ideologia de gênero.
A autora aponta que os últimos 20 anos o país foi marcado pela ascensão de grupos da
renovação cristã caracterizados principalmente por um ativismo político fundamentalista que
tornou partidos identificados como moderados para neoliberais conservadores, e que no cenário
das eleições e da governabilidade, passam a relacionar conceitos como o de imoralidade aos
partidos de esquerda e às crises políticas sociais e econômicas (RAMIREZ, 2020).
No Equador, país de maioria católica, também reconhecido transnacionalmente por sua
relevância ao que engloba ações para os direitos da natureza e a sustentabilidade, adotando
institucionalmente a política do SUMA KAUSAY / Buen Vivir têm sido criticado pela resistência

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feminista ao apontar que mesmo esse projeto estava marcado pelas lógicas heteronormativas,
homofobicas e homoprotecionistas dadas suas contradições ao falhar no combate a descriminação
de gênero e orientação sexual e no reconhecimento de familias diversas (VITERI, 2020).
Como descreve Maria Amélia Veteri (2020) as organizações políticas conservadoras no
país também são fruto de alianças inter-religiosas na promoção da ideologia de gênero
despontando desde a década de 1990 em perseguição aos direitos das mulheres e populações da
diversidade afetiva LGBTTTQI.
No Paraguai, também de maioria católica, o processo de crescimento dos grupos
conservadores que atualmente ocupam cargos políticos e encabeçam a política antigênero estão em
ascensão desde a década de 1990 em perseguição aos direitos das mulheres, principalmente o
aborto, e da diversidade sexual afetiva LGBTTTQI. Com as marchas de Luta Pela Vida e pela
família esses grupos, semelhantes aos do Brasil e de outros países já descritos, se aproximaram da
direita partidária e vinculam a esquerda política e partidária a imoralidade e a crises sociais
atacando até mesmo grupos internacionais de defesa dos direitos humanos como a OEA e a ONU
(SOTO; SOTO, 2020).
Como vemos nos países anteriores existe a formulação e criação de discursos para
atemorizar a sociedade civil que se colocam como protetores da vida, da família tradicional,
garantidores da continuação da espécie humana, e da proteção da violação sexual que
supostamente o ensino de gênero e da diversidade sexual nas escolas ocasionaria (SOTO; SOTO,
2020). Além disso, assim como na Costa Rica e no Brasil, existe a produção de materiais de
divulgação e livros que trabalham a ideologia de gênero como a imoralidade dos grupos de
esquerda e do que chamam de marxismo cultural.
No México, também com maioria da população católica, e com regiões amplamente
conhecidas pelo alto índice de feminicídio, existe uma trajetória mais democrática em relação aos
direitos das mulheres com a despenalização do aborto até a 12 semana de gestação (PEREZ,
2020). No entanto o país também passou por um processo semelhantes aos demais da América
Latina, com o crescimento de grupos conservadores nas últimas duas décadas alavancado pela
presença de grupos evangélicos no poder, e o financiamento de grandes empresário, que tem
ocasionado o fortalecimento de marchas pela família e contra os direitos LGBTTTIQ, gerado
ameaças de criminalização do aborto e a ampliação de discursos e ações políticas endereçados a
suposta ideologia de gênero, principalmente no que faz referência ao ensino sobre sexualidade.

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Ao fim, nos relatórios publicados na SPW, e em demais produções feministas que analisam
as políticas antigênero, é possível notar a repetição do surgimento de sujeitos políticos
conservadores, principalmente dos grupos de renovação católica e neopentecostais, e de
empresários locais que atuam na produção e na promoção da ideologia de gênero tanto como uma
barganha de troca de votos, quanto num bode expiatório para explicar as crises políticas e
econômicas pelas quais essas regiões passam promovendo a perseguição e exploração de grupos
sociais historicamente perseguidos como solução.

Conclusões

Como conclusão apontamos em um cenário complexo, que o discurso antigênero tomou


corpo na forma de ‘ideologia de gênero’ saiu do berço de disseminação católico-cristã para mais
sujeitos sociais, mobilizando a naturalização do ‘ódio às mulheres’ como instrumento político de
concentração de bens e serviços e a revivificação de pactos de poder envolvendo distintas
identidades (FEDERICI, 2014; CORREA; KALIL, 2020). Ao invocar a promoção do pânico e do
medo (CORREA; KALIL, 2020), as políticas antigênero se fortalecem e caminham com políticas
racistas, xenófobas, e vem sendo utilizadas com sucesso como moeda de troca política partidária
aparecendo em várias campanhas eleitorais, e sendo atualmente o mais novo obstáculo à igualdade
de gênero, além de ser uma das bases da erosão democrática (CORRÊA, 2020) vivida no Brasil e
em outras partes do mundo. Essa política sai, portanto, de considerações morais e de instituições
privadas para se apresentar como ‘uma forma de lidar com o Estado’ e com a construção dos
regimes políticos e econômicos.

De antemão entendemos que o debate em torno do mapeamento das políticas antigênero é


fundamental para pensar os novos rumos que a democracia brasileira vem tomando. O campo dos
estudos feministas se esforça em provocar embates teóricos que levem ao conhecimento do
contexto a fim de elevar e revelar as resistências. Conhecer para resistir e existir, impulsionando o
desenvolvimento de explicações mais robustas sobre os fatos sociais e políticos. Esse esforço
amplia o poder explicativo da própria teoria social, principalmente acerca das reflexões que
possam contribuir com estratégias e agendas de pesquisa nas esferas acadêmica e política.

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A análise de uma produção científica feminista é central para que tomemos caminhos
epistêmicos no enfrentamento contundente aos significados que uma política neoliberal e moral
determinou ao termo gênero, categoria pensada justamente para denunciar as estruturas e discursos
que estabelecem as hierarquias nas relações sociais.

A partir das investigações analisadas, percebe-se que os tons contra a “ideologia de gênero”
se modificam de país para país, porque suas histórias se entrecruzam ao passo que alimentam suas
particularidades, de modo que o que é comum nos casos não da América Latina, mas como no
mundo todo, é a manipulação e mobilização dos medos e pânicos a respeito da má informada
disseminação do termo gênero. A chave parece estar em dois elementos que se articulam no
imaginário de quem sente repulsa pelo termo: comunismo e “ideologia de gênero” se combinam.
Nesse sentido, um novo panorama político latino americano tende agora a se equilibrar
entre o terror e a resistência. Essas demandas por uma agenda antigênero inibem a participação da
sociedade em conselhos e de certa forma a transparência das políticas públicas em relação a
disponibilização de seus textos. Além disso, é notável a defesa de um conceito muito restrito de
família, uma evocação de núcleo familiar que trata com delírio a nossa realidade. Temos várias
pesquisas demográficas que apresentam as diversas variações de constituição familiar no Brasil e
na América Latina, e isso não parece ser suficiente para confrontar as evidências.
A literatura abordada reflete assim na coadunação dessa narrativa ao projeto neoliberal, que
desresponsabiliza o Estado do cuidado, desprotegendo mais fortemente as mulheres e os corpos
que estão fora do arranjo pai, mãe filho e filha. O conservadorismo, apoiado em discursos não
laicos e num registro econômico neoliberal, são peças que montam as razões de várias ofensivas ao
termo gênero.

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