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O LOUCO - Crônica de Kahlil Gibran

No pátio de um manicômio encontrei um jovem com rosto pálido, bonito


e transtornado.
Sentei-me junto a ele sobre a banqueta e lhe perguntei: - “Por que você
está aqui?”
Olhou-me com olhar atônito e me disse:
— “É uma pergunta pouco oportuna a tua, mas vou respondê-la. Meu pai
queria fazer de mim um retrato dele mesmo, e assim também meu tio. Minha
mãe via em mim a imagem de seu ilustre genitor. Minha irmã me apontava o
marido, marinheiro, como o modelo perfeito para ser seguido. Meu irmão
pensava que eu devia ser idêntico a ele: um vitorioso atleta. E mesmo meus
mestres, o doutor em filosofia, o maestro de música e o orador, eram bem
convictos: Cada um queria que eu fosse o reflexo de seu vulto em um espelho.
Por isso vim para cá. Acho o ambiente mais sadio.
Aqui pelo menos posso ser eu mesmo”.

História da Loucura na Idade Clássica é um livro de Michel Foucault

Foucault começa sua narrativa na Idade Média, detectando a exclusão


física-social dos leprosos. Ele argumenta que com a gradativa exclusão dos
leprosos, a loucura ocupou essa posição excludente. A nau dos insensatos no
século XV é um exemplo claro dessa prática: a prática de expulsar os loucos dos
navios. Entretanto, durante a Renascença, a loucura foi tratada como um
fenômeno corriqueiro porque os homens não podiam entender por completo as
Razões de Deus. Miguel de Cervantes em Dom Quixote, por exemplo, retrata os
homens como fracos ante a seus desejos e dissimulações. Portanto, o louco,
entendido como aquele que chegou próximo demais a Razão de Deus, era aceito
no meio social. Somente depois do século XVII, num movimento que Foucault
descreve como o Grande Confinamento, esses membros "irracionais" da
população começaram a ser presos e institucionalizados.
O Elogio da Loucura é um ensaio escrito em 1509 por Erasmo de
Rotterdam e publicado em 1511. O Elogio da Loucura é considerado um dos
mais influentes livros da civilização ocidental e um dos catalisadores
da Reforma Protestante.
O livro começa com um aspecto satírico para depois tomar um aspecto
mais sombrio, em uma série de orações, já que a loucura aprecia a auto-
depreciação, e passa então a uma apreciação satírica dos abusos supersticiosos
da doutrina católica e das supostas práticas corruptas da Igreja Católica Romana.
O ensaio é repleto de alusões clássicas, escritas no estilo típico
dos humanistas do Renascimento. A Loucura se compara a um dos deuses, filha
de Plutão e Frescura, Anóia.

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