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Não dá para passar pela história da advocacia sem conhecer a trajetória de um dos
advogados mais altruísta dos tempos do Império. Em “O advogado dos escravos”,
Editora Lettera.doc, o autor Nelson Câmara apresenta os caminhos traçados por Luiz
Gonzaga Pinto da Gama em defesa dos negros.
Nascido em Salvador (BA), em 1930, filho de fidalgo português e uma escrava, foi
vendido pelo próprio pai aos dez anos de idade. Libertado aos 17, estudou Direito e
exerceu a advocacia mesmo sem diploma de bacharel.
Para a construção da obra, o autor Nelson Câmara, que é advogado trabalhista, fez
ampla pesquisa no acervo do Tribunal de Justiça, de onde coletou imenso material.
(OAB)
Em 1840 foi vendido como escravo pelo pai para pagar uma dívida de jogo.
Transportado para o Rio de Janeiro, foi comprado pelo alferes Antônio Pereira
Cardoso e passou por diversas cidades de São Paulo até ser levado ao município de
Lorena.
" (...) não sei que grandeza admirava naquele advogado, a receber constantemente
em casa um mundo de gente faminta de liberdade, uns escravos humildes,
esfarrapados, implorando libertação, como quem pede esmola; outros mostrando as
mãos inflamadas e sangrentas das pancadas que lhes dera um bárbaro senhor;
outros... inúmeros. E Luís Gama os recebia a todos com a sua aspereza afável e
atraente; e a todos satisfazia, praticando as mas angélicas ações, por entre uma
saraivada de grossas pilhérias de velho sargento. Toda essa clientela miserável saía
satisfeita, levando este uma consolação, aquele uma promessa, outro a liberdade,
alguns um conselho fortificante. E Luís Gama fazia tudo: libertava, consolava, dava
conselhos, demandava, sacrificava-se, lutava, exauria-se no próprio ardor, como uma
candeia ilumi nando à custa da própria vida as trevas do desespero daquele povo de
infelizes, sem auferir uma sobra de lucro...E, por essa filosofia, empenhava-se de
corpo e alma, fazia-se matar pelo bom...Pobre, muito pobre, deixava para os outros
tudo o que lhe vinha das mãos de algum cliente mais abastado."
Após 133 anos de sua morte, Luiz Gama recebe título de advogado
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) homenageou na noite dessa terça-feira (3)
Luiz Gonzaga de Pinto Gama, reconhecendo-o como advogado. “Há 133 anos, faleceu
Luiz Gama e, após esse período, temos a oportunidade de reescrever a história. Ao
apóstolo negro da Abolição, pelos seus relevantes serviços prestados junto aos
tribunais na libertação dos escravos, a OAB Nacional e a OAB de São Paulo concedem
[a Luiz Gama] o título de advogado”, disse o presidente da OAB, Marcus Vinicius
Furtado Coelho, em cerimônia na Universidade Presbiteriana Macknzie, em São
Paulo.
O baiano Luiz Gama nasceu em 1830, filho de um português com Luiza Mahin, negra
livre que participou de insurreições de escravos. Gama foi para o Rio de Janeiro aos
10 anos após ser vendido pelo pai para pagar uma dívida. Sete anos depois, ele
conseguiu a libertação e se transformou em um dos maiores líderes abolicionistas.
Em 1869, ao lado de Rui Barbosa, fundou o jornal Radical Paulistano.
“Luiz Gama não é apenas importante para a história da comunidade negra brasileira,
é, também, para que entendamos dois movimentos fundamentais para a formação
social brasileira e entender para onde caminha o país. Ele está ligado tanto ao
movimento abolicionista, ou seja, a luta contra a escravidão, como à formação da
República”, explicou o professor. “Neste momento, resgatar a figura de Luiz Gama, é
resgatar também a esperança na construção de um país melhor, de um mundo mais
justo e também da luta antirracista”, acrescentou.
Para seu tataraneto, a homenagem “é um resgate ao trabalho que Luiz Gama fez na
sua luta para libertar escravos”. Ele disse que seu tataravô estudou por conta própria
em bibliotecas. Apesar de ser rejeitado pela Faculdade de Direito, segundo Benemar,
Luiz Gama “conseguiu ser rábula, ou seja, tinha um documento que o liberava para
trabalhar como advogado, só que sem diploma”. Nessa condição, ele libertou mais de
500 escravos, afirmou.
Favela
Etimologia
Em 1897, cerca de 20 mil soldados que haviam retornado ao Rio de Janeiro após a
Guerra de Canudos, na província oriental da Bahia, começaram a morar no já
habitado Morro da Providência. Durante o conflito, a tropa governista havia se
alojado na região próxima a um morro chamado "Favela", o nome de uma planta
resistente da família Euphorbiaceae, que causava irritação quando entrava em
contato com a pele humana e que era comum na região. A planta era da espécie
Cnidoscolus quercifolius, chamada de árvore "faveleira". Por ter abrigado pessoas que
haviam lutado naquele conflito, o Morro da Providência recebeu o apelido de "Morro
da Favela". O nome tornou-se popular e, a partir da década de 1920, os morros
cobertos por barracos e casebres passaram a ser chamados de favelas.
Wikipédia
Ideologia do branqueamento
No Brasil, o mestiço, dependendo do tom da sua pele, era classificado como quase-
branco, semibranco ou sub-branco, e tinha tratamento diferenciado do negro retinto,
porém nunca era classificado como quase-negro, seminegro ou sub-negro. Por isso, a
mestiçagem no Brasil sempre foi vista como o "clareamento" da população, e não
como o "enegrecimento" dela. A ideologia do branqueamento criou raízes profundas
na sociedade brasileira no início do século XX. Muitos negros assimilaram os
preconceitos, os valores sociais e morais dos brancos. Por isso, "desenvolveram um
terrível preconceito em relação às raízes da negritude". A recusa da herança africana
e o isolamento do convívio social com outros negros eram características desses
negros "branqueados socialmente". Para se tornarem "brasileiros", os negros tinham
que abdicar de sua ancestralidade africana e assumir os valores "positivos" dos
brancos, pois o próprio "abrasileiramento" passava por uma assimilação dos valores e
modos dos brancos. Nesse contexto, o racismo brasileiro é peculiar pois a própria
vítima do racismo assume o papel de seu próprio algoz, ao reproduzir o discurso
discriminatório do qual ela mesmo é vítima e ao interiorizar esses conceitos dentro
de sua própria comunidade.
Muito se comparou os negros americanos com os brasileiros, fazendo uma crítica que
a sociedade americana era marcada pelo ódio e segregação racial, enquanto que no
Brasil havia uma harmonia e paz entre as raças. Porém, enquanto nos Estados Unidos
o racismo estava escancarado e qualquer pessoa com uma gota de sangue africano
era excluída socialmente, favorecendo a união desses excluídos que lutavam pelos
seus direitos, no Brasil o racismo foi camuflado pela ideologia do branqueamento.
Para a pessoa tentar conseguir ascender socialmente ela tinha que passar por um
processo de "branqueamento" estético, biológico e social, criando um profundo
complexo de inferioridade na população brasileira e uma consequente negação de
qualquer elemento que remetesse à sua negritude.