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Personalidades Negras Brasileiras

Juliana Bezerra Professora de História

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Mulheres e homens negros contribuíram para a construção do Brasil.

São guerreiros, profissionais liberais, artistas, atletas e ativistas políticos que


fizeram a diferença no país.

Escolhemos 25 personalidades negras brasileiras que marcaram a história do país.

1. Aqualtune (c.1600-?) - princesa e comandante


militar
Imagem que personifica Aqualtune
Nascida no Reino do Congo, Aqualtune era uma princesa que ocupou um importante
papel na sua terra natal. Comandou um exército de 10 mil homens contra o Reino de
Portugal defendendo seu território.

Derrotada, foi vendida como escrava e trazida para Alagoas. No engenho onde
estava como escrava ficou sabendo da existência do Quilombo dos Palmares e
fugiu para o local levando consigo vários companheiros.

Ali teria três filhos que se destacariam na luta contra a escravidão: Ganga Zumba e
Gana, líderes no Quilombo dos Palmares; e Sabina, a mãe de Zumbi.

A causa da sua morte é incerta, mas seus feitos ajudaram a consolidar o Quilombo
dos Palmares como refúgio dos escravos na colônia.

2. Zumbi dos Palmares (1655-1695) - líder do


Quilombo dos Palmares
Zumbi do Palmares
Zumbi dos Palmares foi o símbolo da resistência dos escravos que conseguiam
fugir das fazendas de Alagoas e arredores.

Zumbi já nasceu no Quilombo e, portanto, livre. No entanto, numa das incursões


contra o quilombo foi vendido para um sacerdote e assim, estudou latim e
português.

Desta forma, sabia das péssimas condições de vida que estavam submetidos os
africanos que eram trazidos à força para trabalharem nos engenhos nordestinos.

Volta ao Quilombo e quem o liderava era Ganga Zumba. Nessa época, o lugar já
tinha uma população de 30 mil pessoas e representava uma ameaça ao governo
português. Por isso, decidem fazer uma oferta para que se entreguem sem
violência.

A proposta é rejeitada por Zumbi que teria armado uma emboscada para Ganga
Zumba ou o envenenado. Começa, assim uma guerra entre os quilombolas, colonos
e a Coroa portuguesa.
Liderando o Quilombo dos Palmares, seu exército foi derrotado, e Zumbi foi
capturado e morto. Sua cabeça foi exposta em praça pública, mas seu exemplo de
luta foi passado de geração em geração. A vida de Zumbi se tornou exemplo para o
movimento negro atual.

Veja também: Zumbi dos Palmares

3. Dandara (?-1694) - esposa de Zumbi

Dandara
Os dados sobre a vida de Dandara são escassos e não há certeza se ela nasceu no
Brasil ou na África. Sabe-se que ela foi a esposa de Zumbi e com ele teve três filhos.

Além disso, participou da resistência contra o governo português lutando ao lado


das tropas que defendiam o Quilombo dos Palmares. Igualmente, se opôs ao líder
Ganga Zumba quando este quis realizar um pacto com o governo português.

Derrotado o exército do Quilombo dos Palmares, para não ser pega pelos soldados
coloniais, Dandara preferiu suicidar-se, atirando-se num precipício.

4. Aleijadinho (1738(?)-1814) - escultor e arquiteto


Aleijadinho
Filho de um arquiteto português e de sua escrava, Antônio Francisco de Lisboa, o
Aleijadinho, foi alforriado pelo pai. Cresceu num ambiente de arte e pôde receber
educação formal junto aos seus meios-irmãos.
Sendo pardo ou mulato nem sempre recebia o que lhe correspondia por suas obras
e muitas peças não podem ter a autoria confirmada por carecerem de contrato.

Mesmo assim foi encarregado de realizar várias peças importantes para as ordens
religiosas mais ricas da região das Minas Gerais. Suas obras estão em cidades
como Congonhas, Mariana e Sabará e em vários museus brasileiros.

Desenvolveu uma doença degenerativa que o fez perder (ou paralisar) os dedos das
mãos e dos pés. Mesmo gravemente enfermo não parou de trabalhar e imprimiu às
suas criações um estilo inconfundível, sendo reconhecido como grande mestre
barroco do período.

Veja também: Aleijadinho

5. Tereza de Benguela (?-1770) - rainha do Quilombo


de Quariterê
Tereza de Benguela
Foi a rainha do Quilombo de Quariterê, no Mato Grosso. Após a morte do
companheiro, liderou a luta do quilombo contra os soldados portugueses. Sua
grande inovação foi a instituição de um Parlamento no quilombo onde se discutiam
as normas que regulavam o funcionamento do lugar.
Após ter tido seu exército derrotado, Tereza de Benguela foi morta e decapitada com
a cabeça exposta em praça pública. Desta maneira, o governo pretendia o castigo
servisse de exemplo para que ninguém voltasse a desafiá-lo.

Dia 25 de julho, data de sua morte, é celebrado o Dia da Mulher Negra no Brasil.

Leia também: Quilombos

6. Mestre Valentim (1745-1813) - paisagista e arquiteto


Mestre Valentim da Fonseca
Valentim da Fonseca e Silva, mais conhecido como Mestre Valentim, era filho de um
contratador de diamantes e uma negra. Nasceu em Serro, Minas Gerais e, mais
tarde, Valentim foi levado para o pai a Lisboa onde estudou.
No Brasil, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, então capital da colônia. Prestou serviço
para as grandes ordens religiosas e realizou trabalhos para o Mosteiro de São Bento,
para Igreja de Santa Cruz dos Militares e a Igreja de São Pedro Clérigos (já
demolida).

Chamado de "Aleijadinho carioca" pelo seu talento foi também o autor do traçado
original do Passeio Público e do Chafariz das Marrecas, ambos no Rio de Janeiro.

No entanto, sua obra mais conhecida é chafariz localizado na atual Praça Quinze,
onde centenas de escravos recolhiam água para abastecer as casas.

7. Padre José Maurício (1767-1830) - músico e


compositor
Padre José Maurício
Nascido no Rio de Janeiro, de pais libertos, José Maurício Nunes Garcia seguiu a
carreira eclesiástica a fim de ter uma educação formal. Além disso, estudou música,
composição e regência, sendo exímio organista.

Com a vinda da Família Real ao Brasil, em 1808, a vida cultural do Rio de Janeiro
sofreu um incremento considerável.

O príncipe-regente Dom João, grande admirador da música, nomeou-lhe Mestre de


Capela e o fez cavaleiro da Ordem de Cristo, uma das mais tradicionais ordens
portuguesas.
Compôs, sobretudo, música religiosa que refletem exatamente a transição do
barroco para o classicismo pela qual passava a música europeia.

Com as comemorações do bicentenário da Família Real em 2008, a obra de José


Maurício Nunes Garcia foi redescoberta. Assim surgiram várias gravações de
orquestras brasileiras e internacionais que permitiram sua divulgação às novas
gerações.

8. Maria Firmina do Reis (1822-1917) - escritora e


professora

Maria Firmina
Nascida no Maranhão, Maria Firmina dos Reis pode ser considerada uma pioneira
em vários campos.

Foi a primeira mulher a passar para o concurso público como professora, a fundar
uma escola mista e a escrever um romance "Úrsula" . Este livro anteciparia o gênero
de literatura abolicionista que seria moda com "Escrava Isaura", de Bernado
Guimarães (1825-1884).
Publicaria em 1871 um conto com a mesma temática "A Escrava" e reuniria seus
poemas na coletânea "Cantos à beira-mar".

Maria Firmina foi completamente esquecida e silenciada da História do Brasil, mas


pesquisas recentes tem trazido luz sobre sua obra e vida.

Veja também: Abolicionismo

9. Luís Gama (1830-1882) - escritor e ativista político


Luís Gama
Nascido na Bahia de uma liberta e de um português empobrecido, Luís Gama
nasceu livre, mas foi vendido como escravo pelo pai que estava endividado.
Foi para São Paulo aos 10 anos e trabalhou como escravo doméstico. Aprendeu a
ler aos 17 e, nesta época, conseguiu provar junto aos tribunais que era mantido
como escravo injustamente e que, portanto, deveria ser posto em liberdade.

Um vez livre, Gama passou a atuar como rábula, um advogado sem diploma que
pleiteava causas específicas. No seu caso, Luís Gama conseguiu libertar mais de
500 escravos alegando que todo negro chegado ao Brasil após 1831 deveria ser
livre, tal como dizia a Lei Feijó.

Escritor abolicionista, o enterro de Luís Gama foi um verdadeiro acontecimento em


São Paulo acompanhado por 4000 pessoas.

Em 2015, a OAB - Ordem de Advogados do Brasil, lhe concedeu postumamente o


título oficial de advogado.

10. André Rebouças (1838-1898) - engenheiro e


ativista político
André Rebouças
Nascido na Bahia, André Rebouças era filho de um conselheiro do Imperador Dom
Pedro I e estudou engenharia no exterior.

Construiu docas nos portos de Salvador, Rio de Janeiro e Recife. Propôs meios para
melhorar o abastecimento de água da capital do Império e planejou linhas
ferroviárias junto com seus irmãos Antônio e José.

Abolicionista, amigo da Família Imperial, foi um dos fundadores da "Sociedade


Brasileira Contra a Escravidão". A princesa Isabel causou escândalo quando dançou
com André Rebouças nos bailes da Corte deixando claro sua posição abolicionista.
Monarquista, acompanhou a família imperial no seu exílio em Lisboa e dali partiu
para Angola.

11. Francisco José do Nascimento (1839-1914) -


marinheiro e ativista político

Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar


Natural do Ceará, filho de pescadores, desde cedo aprendeu o ofício do mar e
exerceu de prático-mor. O abolicionismo se espalhava pelo país e no Ceará contou
com o apoio decisivo dos jangadeiros.

Em 1881, os jangadeiros, liderados por Francisco do Nascimento, se recusam a


transportar os escravos para o sul do país. Desta forma, o comércio ficou
paralisado.

O ato do jangadeiro correu por todo país e foi saudado pelos abolicionistas como
um gesto heroico. A partir de então, sua alcunha seria "Dragão do Mar" e entraria
para história do estado e do país.

O Ceará foi a primeira província do Brasil a abolir a escravidão em 1884.


12. Machado de Assis (1839-1908) - escritor, jornalista
e poeta

Machado de Assis
Nascido no Rio de Janeiro, Joaquim Maria Machado de Assis nasceu numa família
pobre. Desde pequeno, o menino se interessava pelos livros e aprendeu francês,
idioma com o qual escreveria alguns poemas.

Foi funcionário público em vários ministérios, enquanto desenvolvia sua atividade


literária publicando crônicas e contos nos jornais.

Ainda assim escreveria nove romances fundamentais para a literatura brasileira


dentre os quais se destacam "Dom Casmurro" e "Memórias Póstumas de Brás
Cubas".
Além disso, fundou a Academia Brasileira de Letras, e foi seu primeiro presidente. A
instituição ainda cumpre um importante papel na divulgação da língua portuguesa e
tem a sua sede no Rio de Janeiro.

Veja também: Machado de Assis: biografia e obras

13. Estêvão Silva (1845-1891) - pintor, desenhista e


professor

Estêvão da Silva
Nascido no Rio de Janeiro, Estêvão formou-se como pintor na Academia Imperial de
Belas Artes. A Academia recebia um grande número de negros e filhos de
alforriados e Estêvão Silva é considerado o maior de todos eles.
Especializou-se na pintura de naturezas-mortas, e o crítico Gonzaga Duque observou
que "ninguém era capaz de pintá-las tão bem quanto Estêvão Silva". Igualmente,
retratou paisagens e figuras religiosas.

Apesar de esquecido pela historiografia brasileira, Estêvão Silva participou do Grupo


Grimm, que renovou o paisagismo brasileiro no século XIX.

Na praia da Boa Viagem, em Niterói (RJ), os membros pintavam sob orientação do


alemão Georg Grimm. Faziam parte artistas como Antônio Parreiras e França Júnior,
entre outros.

O Museu Afro Brasil, em São Paulo, realizou uma exposição para resgatar a figura
deste importante personagem.

Veja também: Principais Características da Cultura Afro-Brasileira

14. José do Patrocínio (1853-1905) - farmacêutico e


ativista político
José do Patrocínio
Nascido em Campo dos Goytacazes (RJ), José do Patrocínio foi para a capital do
Império para estudar Farmácia enquanto trabalhava na Santa Casa de Misericórdia.

No entanto, cedo trocou o laboratório pela redação de jornais onde defendia


ardorosamente o fim da escravidão.
Com Joaquim Nabuco, em 1880, fundou Sociedade Brasileira Contra a Escravidão.
Além de comícios políticos, a organização arrecadava dinheiro para alforrias e
facilitava fugas de escravos. Do mesmo modo, concorreu e ganhou a eleição para
vereador do Rio de Janeiro em 1886.

Assinada a Lei Áurea, em 1888, Patrocínio vai a Paris, de onde volta com o primeiro
automóvel da cidade do Rio de Janeiro. Igualmente, investe suas economias na
fabricação de dirigíveis. Falece de tuberculose aos 51 anos de idade.

15. João da Cruz e Souza (1861-1898) - poeta e


escritor

Cruz e Sousa
Nascido em Santa Catarina, partiu para a capital, onde foi arquivista da Estrada de
Ferro Central do Brasil. Colaborava com diversos jornais e estava atento a causa
abolicionista que se desenrolava naquele momento.

Publicou três livros em vida, mas foi sua obra póstuma "Evocações" que lhe garantiu
um lugar entre os grandes escritores brasileiros.

Seus poemas são os primeiros do estilo simbolista no Brasil. Apesar disso, faleceu
tal qual um poeta romântico, pois a tuberculose terminou com sua vida quando tinha
apenas 36 anos.

Veja também: Cruz e Souza

16. Nilo Peçanha (1867- 1924) - presidente da


República

Nilo Peçanha
Nilo Peçanha é considerado o primeiro presidente afro-descendente do Brasil,
assumindo o cargo após a morte de Afonso Pena, em 1909. É importante lembrar
que, naquela época, os vice-presidentes também eram votados pelos eleitores, de
forma independente.

Apesar de seu governo ter durado somente um ano, durante seu mandato, Nilo
Peçanha criou o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, o Serviço de
Proteção aos Índios (SPI, antecessor da Funai), e inaugurou a primeira escola de
ensino técnico no Brasil.

O político ainda foi governador do Rio de Janeiro em duas ocasiões, senador e


ministro das Relações Exteriores.

Veja também: Nilo Peçanha

17. Mãe Menininha do Gantois (1894-1986) - Iyálorixá

Mãe Meninha recebe o escritor Jorge Amado


Nascida na Bahia, Escolástica da Conceição de Nazaré, era descendente de uma
linhagem de Iyálorixás, líderes femininas que comandam um terreiro de Candomblé.
Mãe Meninha do Gantois foi escolhida aos 28 anos para ser a dirigente do Gantois,
terreiro que havia sido fundado por sua bisavó.

Na década de 30, as celebrações de Candomblé ou Umbanda estavam proibidas por


lei. Porém, ela se destacou em fazer que o Candomblé fosse conhecido por
intelectuais e políticos.

A legião de admiradores da mãe de santo incluíam nomes como Jorge Amado,


Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, etc.

Graças a sua sabedoria, a religião afro-brasileira ganhou mais visibilidade e respeito.

18. Pixinguinha (1897-1973) - músico, compositor e


arranjador

Pixinguinha
Pixinguinha, apelido de Alfredo da Rocha Vianna Filho, é considerado o maior
flautista brasileiro, e ainda tocava cavaquinho, piano e saxofone. Começou a
aprender música em casa e, aos 14 anos, já se apresentava em casas noturnas.

Na época do cinema mudo, os artistas negros não eram contratados para as


orquestras que acompanhavam o filme, nem tocavam no hall do cinema.

No entanto, com a gripe espanhola, Pixinguinha consegue convencer um produtor a


contratar o seu conjunto “Os Oito Batutas” , integrado somente por músicos negros.
O grupo animaria os espectadores antes das projeções dos filmes.

Mais tarde “Os Oito Batutas” excursionam pela Europa por seis meses e voltam
triunfantes.

Pixinguinha vai para o rádio onde escreve arranjos e conhece os grandes cantores
da época, como Orlando Silva, que gravaria “Carinhoso”. Suas canções até hoje
estão no repertório dos grupos de choro, samba e MPB, pois ele é considerado o
fundador da moderna música brasileira.

19. Antonieta de Barros (1901-1952) - professora,


jornalista e deputada
Antonieta de Barros
Natural de Santa Catarina, Antonieta de Barros foi professora e dedicou toda sua
vida ao ensino.
De igual maneira, fundou jornais onde defendia ideias feministas. Na década de 30,
entrou na política e foi a primeira deputada estadual negra do país e primeira
deputada mulher do estado de Santa Catarina.

Igualmente, foi eleita em 1934, pelo Partido Liberal Catarinense, para a assembleia
que redigiria a nova Constituição. Esteve nas comissões que relatariam os capítulos
Educação e Cultura e Funcionalismo.

Integrou a assembleia legislativa catarinense até 1937, quando teve início a ditadura
do Estado Novo. Posteriormente, voltaria a se dedicar ao magistério ocupando
cargos de direção em diversas escolas.

Em 1947, voltaria a ser deputada estadual no seu estado e seria autora da lei que
transformava o dia 15 de outubro em "Dia dos Professores" em Santa Catarina (Lei
nº 145, de 12 de outubro de 1948).

20. Laudelina de Campos Melo (1904-1991) -


empregada doméstica e ativista política
Laudelina de Campos Melo
Nascida em Poços de Caldas (MG), desde cedo auxiliava sua mãe com trabalhos
domésticos fazendo doces para ajudar o sustento da casa. Mesmo assim,
participava de associações culturais e se filiou ao PCB na década de 30.
Laudelina fundou a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do Brasil,
posteriormente fechada pelo Estado Novo.

Com a volta da democracia, Laudelina continuou a lutar pela valorização da cultura


negra e do trabalho doméstico. Para isso, auxiliava a fundar associações de cunho
político e cultural.

Também organizava manifestações e abaixo-assinados com o propósito de


pressionar os legisladores a promulgarem leis favoráveis ao trabalhador doméstico.

Deixou sua casa em testamento para a Associação que ajudara a criar.

21. Carolina de Jesus (1914-1977) - escritora


Carolina de Jesus
Nascida na cidade de Sacramento (MG), Carolina Maria de Jesus frequentou a
escola somente por dois anos.

Em busca de uma vida melhor, foi para São Paulo onde viveu na favela de Canindé e
sustentava os três filhos vendendo papel e ferro.

Na década de 60, a favela seria deslocada por conta da especulação imobiliária e


Carolina narra o cotidiano do lugar num diário. Ali conta as mazelas e a luta pela
sobrevivência numa linguagem crua, mas poética.
O jornalista Audálio Dantas, da Folha da Noite, que cobria a ação do governo, ajuda
Carolina a publicar suas anotações. O livro seria lançado com o título “Quarto de
Despejo”.

A publicação torna-se um sucesso imediato e é traduzida para 29 idiomas.


Seguiriam a continuação, onde ela descreve o lugar da mulher negra dentro da
sociedade brasileira, e “Provérbios”. Sua biografia seria publicada postumamente,
em 1986, como “Diário de Bitita”.

Veja mais sobre Carolina Maria de Jesus.

22. Abdias do Nascimento (1914-2011) - intelectual,


ator e político

Abdias do Nascimento
Nascido em Franca (SP), Abdias do Nascimento foi um grande precursor na vida
artística e política do Brasil. Fundador do Teatro Experimental do Negro, em 1944, o
Museu da Arte Negra e do IPEAFRO, nos anos 80, que se dedicou à pesquisa e à
divulgação da história da África. Ainda ajudou a conceber o Memorial Zumbi dos
Palmares, em Alagoas.

Engajado no movimento negro do Brasil colaborou com a Frente Negra Brasileira.


Durante a ditadura militar (1964-1985) foi para os Estados Unidos onde foi professor
universitário. Igualmente, exerceu como deputado e senador.

Abdias do Nascimento lançou várias obras sobre temas relativos a condição do


negro dentre as quais se destaca "O Genocídio do Negro Brasileiro - Processo de um
racismo mascarado", de 1978.

Homem de diversos talentos, Abdias do Nascimento ainda foi artista plástico e fez
várias obras que se inspiravam na arte africana. Igualmente, se vestia com
estampas e peças de vestuários de origem africana.

Também é frequentemente comparado ao pastor americano Martin Luther King pelo


seu compromisso com os direito civis da população afrodescendente.

23. Adhemar Ferreira da Silva (1927-2001) - atleta


olímpico
Adhemar Ferreira da Silva
Natural de São Paulo, Adhemar foi pioneiro do atletismo brasileiro na categoria de
salto triplo. Defendeu as cores do São Paulo e do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro.

Seu primeiro título foi o Troféu Brasil em 1947, e continuaria a brilhar sendo
tricampeão pan-americano, sul-americano e quebrando vários recordes mundiais.

Consagrado nas Olimpíadas de Helsinque (1952) e de Melbourne (1956) foi o


primeiro atleta a ganhar uma medalha de ouro para o Brasil e ser bicampeão
olímpico.

Além disso, foi escultor e participou do filme "Orfeu Negro", agraciado com a Palma
de Ouro em Cannes em 1959. Formou-se em Educação Física, Direito e Relações
Públicas. Ainda foi designado adido cultural na Nigéria, onde atuaria de 1964 a 1967.

24. Grande Otelo (1915-1993) - ator e cantor


Grande Otelo
Nascido em Uberlândia (MG), Sebastião Bernardes de Souza Prata seria o primeiro
ator negro brasileiro de projeção nacional e internacional. O apelido veio das aulas
de canto, pois o professor previu que ele cantaria o papel de "Otelo", de Verdi,
quando crescesse.

A carreira artística começou nas ruas da cidade natal, quando o menino cantava e
fazia graça para os transeuntes em busca de um trocado. Quando um circo chegou
a cidade, Grande Otelo se apresentou com eles e seguiu viagem para São Paulo.
Começava assim uma profícua carreira de ator de teatro e de cinema, especialmente
em comédias ao lado de Oscarito.

No entanto, gravou também títulos com diretores do Cinema Novo como "Rio Zona
Norte", de Nelson Pereira dos Santos e "Macunaíma", de Joaquim Pedro de Andrade.

Foi também o primeiro ator negro a atuar no Cassino da Urca e, mais tarde,
participaria de vários programas de televisão.

A Escola de Samba Estácio de Sá o homenageou em 1986 e a Escola de Samba


Santa Cruz fez o mesmo em 2015. Ambas agremiações são do Rio de Janeiro.

25. Ruth de Souza (1921-2019) - atriz

Ruth de Souza
Natural do Rio de Janeiro, Ruth perdeu o pai aos nove anos e a mãe trabalhou como
lavadeira para criar os três filhos. Cedo se interessa pelo teatro e ingressa no Teatro
Experimental do Negro, de Abdias de Nascimento. Também gostava muito de ir ao
cinema e escutar ópera junto com sua mãe.

Através do crítico Paschoal Carlos Magno, consegue uma bolsa para estudar
atuação nos Estados Unidos.
Ruth de Souza foi a primeira atriz negra a atuar no Theatro Municipal do Rio de
Janeiro.

Igualmente, foi a primeira a atriz negra a receber uma indicação de melhor atriz com
seu papel no filme "Sinhá Moça". Isto ocorreu no Festival de Internacional de Veneza,
em 1954.

Por isso, é chamada de primeira-dama negra da dramaturgia brasileira. Construiu


uma exitosa carreira no teatro, cinema e televisão.

Quiz de personalidades que fizeram história


Veja também: Dia da Consciência Negra: 20 de novembro

Juliana Bezerra

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações


Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União
Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
Como citar?
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