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Física

1-
'

Nuclear
, Irving Kaplan
Dt!partmelll of Nuclear Engineering
Massachusetts lnstiwte of Technology

Tra~uzido por

. José Goldemberg
Professor Tituiar do Instituto de Ffsicq·
: r.. da Universidade de Siio Pauló. ·

• • • ,:,bi"•
a ~:,

Com a colabora¡;iio de

Clóvis Goldemberg

i:t:
O t·_
~- Prof' Verginia Reis Crispim
Chefe do Lah. de Neutrongrafia
em Tempo Real
Ü :w LNRTR I PEN / COPPE / UFRJ Segunda edigéío

GUANABARA
001S
ARUTH

Prefácio a Primeira Edü;do

Tentei escrever um tratado de fisica nuclear elementar, mas coerente, ade-


quado a urna introdu9ao neste campo. O livro é elelllentar no sentido da suposi~ao
de que o leitor nao foi previamente introduzido na física atómica e nuclear. Supóe-
i se que ele tenha tido dois anos de curso de Física cobrindo aproximadamente o
1 material contido nos livros de Sears: Mecánica, Calor e Som,· Eletriddilde e Mag-

1~...- '
1
netismo,· e Ótica, da Addison-Wesley Physics Series. Considera-se também que o
leitor esteja familiarizado como cálculo diferencial e integral; e um curso de um ano
de química geral seria útil, se náo essencial. Este livro terá sua utilidade, portanto,
num curso de física nuclear .de gradua98.o avan9ada, para engenheiros interessados
nas aplica9óes da física nuclear de grande escala, agrupadas sobo nome de "enge-
_;;··~;;;~\r.it;;'.u.\~).~J ··~i:.-,J \.. , nharia nuclear'', ou para qualquer outro com a prepara98.o indicada que possa estar
Títul,i"do original em ingles : interessado na matéria.
Nucl~af PhysicS-·,;1hv;-p•,.h, _.~ ·,_,. Os conceitos e técnicas da física nuclear nao sao elementares no sentido de que
sejam facilmente entendidos. Eles evoluíram através de urna grande quantidade de
Copyright " 1962
pesquisa ex peri mental -e teórica e nao podem ser expressos ou explicados em ter-
Addison-Wesley Publishing Company, !ne. mos simples, nao-técnicos. Tentei. entretanto, mostrar como nosso conhecimento
Readini Mass\ ú: S. A. atual dos núcleos e átomos foi desenvolvido, e. como parte desse conhecimento é
aplicada. Ao tratar das experiencias que fornecem informa96es sobre átomos e nú-
Direit~~ ;¡ClusiV~S .para a língua portuguesa, cleos e os modos pelos quais estas experi€:ncias sao interpretadas em term9s de
Copyright " b}' _ . teoria. tentei evitar tanto as terríveis complica9óes experimentais. quanto mergu-
Editora Guanabara Dois S. A. lhar no oceano dos detalhes matemáticos. A enfase recai sobre os princípios subja-
Rio de Janeiro - RJ centes as experiencias e sobre os resultados experimentais. ao invés da aparelha-
gem. e sobre as idéias físicas ao invés dos detalhes dos cálculos. Assim. foram
1978 incluidas dedu96es quando elas envolvem aplica9óes diretas dos princípios físicos.
em termos de matemática náo aquém do cálculo integral. Quando é necessário usar
Reservados todos os direitos. É proibida a duplica¡;fio resultados de métodos mais avanc;ados, como em mecánica quantica, os detalhes
ou reprodu¡;3o deste volume, ou de partes do mesmo. das dedu96es sfio omitidos; mas as idéias físicas contidas nos resultados sao discu-
sob quaisquer formas ou por quaisquer meios tidas com algum detalhe e relacionadas com os dados experimentais.
(eletrónico, mec:inico. grava¡;ao. fotocópia. ou outros). O plano do livro está base ad o no coriselho do Rei de Copas:* "Comece pelo
sem permissfio expressa da Editora.

Fotocomposi¡;fio da Editora Guanabara Koogan S. A. "'N.T. Personagem do livro "Aiice no País das Maravilhas", de Carol.
comec;o··. disse o Rei gravemente, "'e siga adiante até chegar ao fim: entüo ra:e.-"
. A _(?~·p
A necessidade de um limite razoável para o tamanho <lo livro torna necessario.
entretanto. definir o comC<;o e o tim arbitrariamente e dcixar algumas coisas forado
caminho. A primeira parte do livro. consistindo dos scte primciros capítulos. é d~-
dicada aos antecedentes da física nuclear e comc<;a com as bases químicas da teo:ia
atómica. A segunda parte, Capítulos 8 a 17. trata a física do núcleo ?e urna mane~ra
que me parece lógica e consistente com a natureza ele'!1ent~r do !1vro .. A._~e.rce1ra
1
parte. Capítulos 18 a 22. trata de tópicos especiais e aph_cac;oes. e mclrn a fls1ca do
néutron e a tissfi.o nuclear. que nüo se encaixam convenientemente no esquema da
segunda parte. e ao mesmo tempo nos comluzem ú mais espetacular ~plicm;fio da
física nuclear: a "encrgia nuclear". Os temas dos aceleradores de part1cu\as carrc- Prefacio ó Segunda Edi~·üo
gadas e separac;üo isotópica. apesar de nao serem realmente ~'ísi~a m!clear. estfto
muito relacionados com importantes ramos destc campo; eles sao 10clu1dos por esta
razüo e porque formam. junto com a energia nuclear. a parte principal da engenha-
ria nuclear. Nflo discuti assuntos como raios cósmicos. mésons. e momentos nu-
cleares porque acho que eles precisam de um tratamento mais avanc;ado que o ma-
terial coberto.
Incluí. por várias razóes. um grande número de referencias da _li~eratura. Pa~a
o Jeitor cético ou curioso. as referencias va.o suprir os detalhes teoncos e expen-
mentais omitidos do texto, assim como a comprovac;fio de resultados apresentados
sem prova. Urna razao rnais importante para incluir estas referencias provém do
fato de que a física atómica e a nuclear sao campos desenvolvidos recentemente, e
que a literp.tura original é mais acessível que a da física clássica. Q estudante pode Tentei atualizar o livro e melhorar a apresenta¡_;fio do material. A rápida acumu-
ler por si rñesmo os artigas originais e Jiv.ros dos pioneiros neste campo - Ruther- lac;fio de informa¡_;óes durante os últimos sete ancis obrigou a mudar muitos dos

. .
ford, Bohr, Millikan, Moseley. Astan. Chadwick. Fermi e outros. Os artigos nos números e Úlgumas das idéias. além de que o uso do livro como texto ·por amigos e
quaiS as descobertas bá,sicas forarn primeirarnente publicadas d5.o, mais do que colegas. bem como por mim. resultou cm muitas sugestóes para melhorias e escla-
qualquer liv_ro-texto possa ·dar, o sentimento da imaginac;fio e beleza inerentes a ,
, recimentos .
física moderña. A literatura corrente nos leva ao sentimento da gradual e. as vezes. Para informac;fio daqueles qlle usaram a primeira edic;fio. as principais mudan-
dolorosa acumulac;ao de informac;óes experimentais e teóricas. e aos problemas que c;as sfi.o as seguintes: A se¡_;fi.o 2.8. sobre a detecc;fi.o e medida de radia¡_;5.o. foi am~
ainda nao foram solucionados. pliada. No tratamento da relatividade restrita. no Capítulo 6, foram incluídas a de-
Este livro foi desenvolvido a partir das anotac;6es de um ciclo de conferencias dur;iio das equac;óes de transforma<;:5.o de Lorentz e a fórmula para a variac;flo da
dado no Brookhaven -:National Laboratory. Estou grato aos colegas que assistirarn massa com a velocidade. Acrescentou-se ao Capítulo 7- urna nova sec;iio, a 7 .9. na
as conferencias ou usaram as anota¡_;óes para vários comentários e sugestóes valio- qual a equac;ao de Schroedinger é aplicada ao problema de urna partícula numa
sas. e a muitos pesquisadores no campo da física nuclear pela permissño para citar e caixa unidimensiona'I; espera-se que este acréscimo ajude o estudante a desenvolver
usar resultados publicados. Acima de tudo. acho difícil expressar adequadamente um pouco mais sua visa.o em algumas idéias elementares de mec:lnica ondulatória.
minha divida e gratidfio para corn Jean Harless. pela sua inabalável paciéncia. bom Duas novas sec;óes foram acrescentadas ao Capítulo 14: a sec;ao 14.8. que trata do
humor e habilidade na prepara¡_;fio do manuscrito. neutrino e sua detec9ao, e a sec;ao 14.9, que trata das leis de simetria e da nflo-
conservac;ao da paridade no decaimento beta. As duas últimas se¡_;óes do Capítulo
IRVING KAPLAN 15. a respeito do decaimento gama. níveis de energia nuclear e isomerismo. foram
East Patchogue, New York completamente reescritas. Urna pequena sec;ao, 16.7, sobre as limitac;óes da teoría
Junho, /954 do núcleo composto foi acrescentada ao Capítulo 16. No Capítulo 17. o tratamento
de modelos nucleares foi ampliado; em particular, os modelos de camadas e cole-
tivo sao discutidos com um pouco mais de detalhe do que na primeira edic;ao.
introduzindo-se o modelo ótico para reac;ñes nucleares. Nes~e capítulo.
acrescentou-se ainda urna pequena sec;ao. 17.4. sobre o raio nuclear. O Capítulo 19.
sobre fissfio nuclear. foi modernizado para incluir material que estava classificado
ao tempo em que a primeira edic;iio esta va scndo escrita. mas que agora já é parte
da literatura corrente. Mudanc;as correspondentes foram feitas no Capítulo :!O. com
o resultado de que algumas das· propriedades elementarcs dos reatores nucleare~
podem ser introduzidas de urna maneira mais satisfatória; urna pequena set;ao sobre
rea¡_;0es termonucleares controladas também foi acrescentada. Para compensar em
pai1e o novo material. o Capítulo 22 sobre separa<;fio isotópica foi eliminado: esle
assunto parece atrair pequeno intere~~e em cursos de física nuclear. e agora <.': tr<1-
tado com maior profundidade em outros livros. Finalmente. tentei mclhorar os pn 1 -
'.)lemas acrescentando novos e substituindo alguns deles. de simples aplica¡_;üo de
fórmulas. por problemas de raciocínio.
Sinto-me em débito para com muitos amigos. colegas e estudantes que apont~-
ram erros e sugeriram modifica<;óes. e lamento nfio poder citá-los individualmente
por falta de espa<;o. Exerci. entretanto. o privilégio do autor, de ignorar alguns
conselhos e criticas, pelo que somente a mim devem ser creditadas as omissóes da
presente revisao.
Agrade~o a Rachel Sprinsky por sua inestimável assistencia na prepara9ao do
manuscrito.

Cambridge, Mass .
IRVING KAPLAN Índice
.laneiro, /962

PARTE I OS ANTECEDENTES DA FÍSICA NUCLEAR

As BASES QUÍMICAS DA TEORIA ATÓMICA, 3


1. 1 As leis das combina<;óes químicas, 3
1.2 A hipótese atómica de Dalton, 5
1.3 A hipótese de Avogadro e a molécula, 6
1.4 Pesos moleculares e atómicos de elementos gasosos, 7
1.5 O peso atómico padriio, 8 ·
1.6 Pesos atómicos de elementos nfio-gasosos, 9
1.7 Pesos e tamanhos de átomos e moléculas, JO
I .8 O sistema periódico dos elementos, 12-
2 ÁTOMOS, ELÉTRONS E RADIA<;:ÓES, 16
2.1 As leis da eletrólise de Faraday e o elétron, 16
2.2 A condu,iio _de eletricidade em gases, 17
2.3 Raios catódicos, 17
2.4 O elétron: a determina9ao de sua carga, 20
2.5 Raios positivos, 25
2.6 Raios X, 26
2. 7 Radioatividade: raios alfa, beta e gama, 26
2.8 A detec,ao e medidas de radia,ao, 29 ·
3 0 ÁTOMO NUCLEAR. 42
3.1 O átomo de Thomson. 42
3.2 A teo,ia de Rutherford do espalhamento de partículas alfa. 44
3 .3 O teste ex peri mental da leoria do espalhamento de Ruthe1ford, 48
3.4 Algumas características do núcleo atómico. 51
4 RAIOS X E A ESTRUTURA ATÓMICA, 55
4.1 Algumas propriedades dos raios X. 55
4.2 O espalhamento dos raios X pelos átomos e o número de elétrons por
átomo, 57
9.4 Os isótopos estáveis dos elementos e suas abundáncias percentuais,
4.3 A difra~ao dos raios X e a lei de Bragg, 59 173
4.4 Espectro de raios X característico. A lei de Moseley. 62
9.5 Massas atómicas: fra~óes de empacotamento e energias de liga~ao.
181
5 A TEORIA QUÁNTICA DA RADIA<;:ÁO, 69
5.1 O fracasso da física clássica em descrever os fenómenos atómicos, 69 IO RADIOATIVIDADE NATURAL E AS LEIS DA TRANSFORMACÁO RADIOATIVA,
5.2 A emissao e absorc;ao de radiac;ao térmica, 70 190
5.3 A teoria clássica da radiac;ao térmica, 74 I0.1 A base da teoría da desintegra9áo radioativa, 190
5.4 O fracasso da teoria clássica da radiac;áo térmica, 76 10.2 A constante de desintegrac;üo. a meia-vida e a vida média, 195
5.5 A teoria quántica de Planck da radiac;ao térmica, 79 10.3 Transforma<;óes radioativas sucessivas. 199
5.6 Teoría quiintica e o efeito fotoelétrico, 82 10.4 EquUíbrio radioativo, 203
10.5 As séries radioativas naturais, 206
6 A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA. 86 I0.6 Unidades de radioatividade. 2IO ·
6.1 O papel da teoria da relatividade restrita na física atómica e nuclear,
86 11 DESINTEGRACÁO NUCLEAR ARTIFICIAL, 215
6.2 O éter e o problema da velocidade absoluta, 87
1l. 1 Transmuta<;fio por partículas alfa: reac;:óes alfa-próton. 215
6.3 A experiencia de Michelson-Morley. 88 . • .
11.2 O balan<;o de massa e energia em reac;óes nucleares. 218
6.4 O problema da invariáncia da forma da_s t~onas f1s1cas, 91 . 11.3 O neutron: reac;óes alfa-néutron.-221 .
6.5 A teoria da relatividade restrita; a vanac;ao da massa com a veloc1- .,,,i 11.4 A acelerai;fio de partículas carregadas, 223
dade, 93
6.6 As relac;Oes entre massa e energia, 102 j~ ! 11.5 Transmuta,ao por prótons, 224
6.7 O efeito Compton, 105 !' ' 11.6 Transmuta<;fio por déuterons,-226
11.7 Transmutac;fio por néutrons, 228.
11.8 Transmuta~ao por fótons, 229 ·
7 ESPECTROS ATÓMICOS E ESTRUTURA ATÓMICA, 112 1 11.9 Química nuclear: m,assas nucleares. 23Ó.
1·.1 E;p6ctros atómicos, 112 • . -.· • . 1

7.2 A teoria éle _Bohr sobre os espectros atom1cos e a estrutura atom1ca, l 12 RADIOATIVIDADE ARTIFICIAL, 236
116 . . . '' 12.1 A descóberta da radioatividade a;tificial, 236
7.3 Os estados estacionários num átomo, 121
7 .4 Extensáo da teoria de Bohr; órbitas elípticas, 122 12.2 Os radionuclídeos artificiais. Emissao de elétrons e pósitrons. Cap-
tura de elétrons orbitais, 239-
7 .5 O fracasso da teoria de Bohr: a meciinica quiintica e os números
12.3 Os elementos transurélnicos, 242
quanticos corretos, 128 ,
7.6 A teotia atómica e a tabela periódica, 129
12.4 Os radionuclídeos artificiais: alfa-emissores, ·246
12.5 Tabelas de isótopos e cartas de nuclídeos, 249
7.7 A teoria atómica e o esp~ctro de raios X característico, 131
7 .8 As idéías básicas da meciinic·a quantica, 135 13 DECAIMENTO ALFA, 253
7.9 A solu~áo da equa,ao de Schroedinger: alguns exemplos e resultados
.. ,:,,.,;"''" !:. ~-::D:~/?;\ _· ·
_út~~~.·-. •~ ' 13. 1 A veloéidade·e iiñergía'-dás partículas alfa, 253
13.2 A absori;ao de partículas alfa: alcance, ionizai;ao e poder de frena-
PARTE II O NÚCLEO·
gem. 256

8 A CONSTITUl<;:ÁO DO NÚCLEO, 153


ri
13.3 Curvas de alcance-energía, 26l
13.4 Espectro de partículas alfa. Partículas de longo alcance e estrutura
fina, 265
--8.1 A-hipótese próton-elétroll SOOré- a constitui!rii.O_ d? núcleo_, 153 , 1
13.5 Níveis de energía nucleares, 268
8.2 O momento angular do núcleo: o fracasso da h1potese proton-eletron. 13.6 A teoría da desintegra,ao alfa, 271
155
,.:,
14 DECAIMENTO BETA, 282
8.3 A transmuta¡;lio nuclear e a descoberta do néutron. 158
8.4 A hipótese próton-neutron, 159 14.1 A velocidade e energia de partículas beta, 282
8.5 Propriedades elétricas e magnéticas do núcleo. 160 14.2 A absori;ao de partículas beta. Alcance. ionizac;ao e perda de energia,
8.6 Propriedades adicionais dos núcleos atómicos, 162 287
14.3 Relai;óes de alcance-energia para partículas beta. 291
9 ISÓTOPOS, 164 14.4 Espectros de partículas beta. O espectro continuo. 291
9. t Radioatividade natural e os isótopos, 164 14.5 A teoria do decaimento beta. Base da teoria. 297
9.2 Análise de raios positivos e a existéncia de isótopos,,. 165 14.6 A teoria do decaimento beta. Resultado e comparac;:fio com a expe-
riencia. 301
9.3 Massas isotópicas e abundflncias: o espectrógrafo de massa e o es-
pectrómetro de massa. 169 14.7 Níveis de energia e esquemas de desintegrac;ao, 307
18.4 Neutrons térmicos, 473
18.5 A difusfio de néutrons térmicos. 479
14,8 O neutrino, 309 18.6 Se¡;óes de choque para reac;óes induzi<las por néutrons: medida <la
14.9 Leis de simetria e a nfio conservat;fio da paridade no decaimento 13.-
se¡;fio de choque total. 482
3¡5
18.7 Se¡;óes de choque de espalhamento. absor¡;iio e ativac;5.o. 488
15 RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA, 327 19 F!SSÁO NUCLEAR, 500
15.1 A abson;fio de raios gama pela matéria: dados experimentais, 327
19.1 A descoberta da fissao nuclear, 500
15.2 A interai;ao dos raios gama coma matéria, 331 19.2 sec;Oes de choque e Ji miares de fissiio. 502
15.3 Absor9áo fotoelétrica, 333 1 19.3 Os produtos da fissao. 507
15.4 Espalhamento Compton, 335 1
19.4 As distribui¡;óes de massa e energia dos produtos da fissfio. 508
15.5 Forma9áo de pares clétron-pósitron, 340
15.6 A abson;üo de raius gama pela matéria. Compara<;fio dos resultados l 19.5
19.6
Emissño de néutrons na fissao. 5.11
A distribui95.o de energia dos neutrons emitidos na fissfio 514
experimentais e teóricos, 343 19.7 A libera9iio de energia na fissao, 515 ·
15.7 A medida das cncrgias dos raios gama, 346
19.8 A teoría do processo de fissao, 517
15.8 Decaimento gama: conversa.o interna, 351
15.9 Decaimento gama e níveis de energia nucleares: teoría, 353 .
20 FONTES DE ENERGIA NUCLEAR. 525
15.10 Decaimento gama e níveis de energia nucleares: resultados expen-
mentais e isomcrismo nuclear, 358 20.1 Fiss5.o nuclear como fonte de energia, 525
20.2 O sistema ~e rea98.o em cadeia ou o reator nuclear, 526
16 REA<;:DES NUCLEARES, 369 i 20.3 Reatores nucleares térmicos. O ciclo do neutron, 531
20.4 O cálculo do fator de multiplica¡;ao de um reator nuclear térmico ho-
16.1 Rea9óes nucleares e estados excitados dos núcleos, 369
1 mogéneo, 534
16.2 O núcleo composto, 373
20.5· O reator nuclear térmico heterogéneo. 541
16.3 Se9óes de choque para rea9óes nucleares, 377
20.6 O tamanho crítico de um reator nuclear térmico, 543
16.4 Resultados experimentais. Considera9óes gerais, 381. 1 20.7 Potencia e regenera9ao, 547
16:5 Rea9óes induzidas por neutrons, 384 ·
20.8 Prodrn;ao de energia nas estrelas. Rea9óes termonucleares 548
16.6 Rea9óes induzidas por prótons e partículas alfa, 393
16.7 Limita9óes da teoria do núcleo composto, 400
1,
1
20.9 Rea¡;óes termonucleares controladas, 552 ·
~

16.8 Rea9óes induzidas por deúterons: núcleos intermediários, alt_a ener- ~

gia, 401 · · · · · . 21 A ACELERA<;ÁO DE PARTÍCULAS CARREGADAS, 559


16.9 Rea9óes indúiidas por raios gama, 405 , 21.1 A máquina Cockcroft-Walton, 559
16. JO Rea9óes em energias muitó altas, 409 21.2 O gerador eletrostático ou máquina de Van de Graaff 560
16.11 Rea9óes com núcleos leves; níveis de energia de núcleos leves, 409 21.3 O cíclotron, 562 - ·
,·H- _
· ~ ·--.~.;,..;. ·•'tH ~ · -~ · · , · 21 .4 O cíclotron de freqüéncia modulada ou sincrocíclotron, 567
17 FoR<;:As NucLr;ARBSÍl E°s'rRÚTÜRA NUCLEAR, 419 21.5 A acelera¡;§.o de elétrons. O bétatron ou o síncrotron de elétrons 570
21.6 O síncrotron de prótons, 574 '
17.1 Energía~ de liga,ao e a satura9áo das for9as nucleares_, 419
21.7 Aceleradores lineares, 576
17 .2 Estabilidade ;l)Ucle~r e as for9as ei¡tre 11úcl:ons, 4z¡,,,,.,
.-c: ! .
21.8 O síncrotron de gradiente alternado, 578
17.3 Níveis de energia de núcleos·leves e a hipotese da independencia das
·., .•· (oi-,ás ñuéltarcs cm· rela9áo carga, 422 a .... , . .
' APÉNDICE LISTA ALFABÉTICA DOS ELEMENTOS, 585
17.4 O raio nuclear, 426
17;5 A intera9ao entre dois núcleons, 427
APÉNDICE lI VALORES DAS CONSTANTES FÍSICAS, 587
17.6 O estado do problema das for9as nucleares, 431
17.7 Modelos nucleares. O modelo de camadas ou das partículas indepen-
APÉNDICE 111 ABREVIA<;DES DE NOMES DE REVISTAS USADAS PARA
dentes, 433
17.8 O modelo da gota líquida e a fórmula semi-empírica de energia de REFERENCIAS. 589
liga9áo, 442
APÉNDICE IV A FÓRMULA DE ESPALHAMENTO DE RUTHERFORD. 590
17.9 O modelo nuclear cóletivo, 447 .
17. JO O modelo ótico para rea9óes nucleares, 449
RES POSTAS AOS PROBLEMAS, 595

PARTE II1 TÓPICOS ESPECIAIS E APLICA(ÓES ÍNDICE ALFABÉTICO, 624

18 A FÍSICA DO NEUTRON, 461


18.1 A produ9ao de néutrons, 461
18.2 A detec<;fio de néutrons, 464
18.3 A intera9iio dos néutrons com matéria em b1oc6: ralentamento. 465

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1

Física
Nuclear
Parte I

. '

Os Antecedentes da
-Física Nuclear
,,,_.,. ....

.. . . -~ '.::_., .
- -- ···- ·~ ---·- . -----,-~- -· '

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1

As Bases Químicas da Teoria


Atómica

As bases da moderna teoria atómica foram lan9adas no final do séc. XVIII e


no séc. XIX na tentativa de compreender as propriedades químicas da matéria.
Duas das quantidades fundamentais da física atómica e nuclear - o peso atómico e
o número atómico - tiveram suas origens na correla9iio dos resultados de expe-
riencias químicas e na sistematiza9iio das propriedades dos elementos químicos. As
leis das combina96es químicas foram unificadas no início do séc. XIX- pela teoria
atómica de Dalton, que introduziu o conceito de peso atóIIlico. O desenvoIVimento
de métod9s para a determti~•93.o dos pesos atómicos dos elementos e a investiga98.o
das rea96es químicas fora' as maiores contrlbui96es da química do séc. XIX. A
sistematiza9áo dos pesos · tómicos e das propriedades dos elementos l~varam entáo
a fommla9áo do sistema periódico e aos conceitos de ·ntimero atómico e estrutura
atóniica.

1.1 As leis das combina~es químicas. Os dados experimentais que deram ori-
geri:i a teoria atómica da matéria podem ser resumid0s em algumas leis básicas. A
primeira delas foi deduzida de· investiga96es como as de Lavoisier, que mostra que,
quando estanho é pasto a reagir com ar num recipiente fechado, o peso deste 'reci-
piente e d~ seu conteúdo, antes e depois do aquecimento, é o mesmo. Esta cons-
tancia do peso, que ·provou ser verdadeira para todas as rea96es químicas, é ex-
pressa na leí da conservariio da massa, que estabelece que a massa de um sistema
nao é afetada por nenhuma mudan9a química no sistema.
Descobriu-se que, quando vários metais sáo oxidados em contato com o ar,
urna parte de oxigénio, em peso, sempre combina" com l ,5i parte de magnéslo, em
peso, ou com 2,50 partes de cálcio, 1,12 parte de aluminio, 3,71 partes de estanho,
3,97 partes de cobre e assim por <liante. Se tomamos o peso do oxigénio como
senda 8, como se mostrou ser rnais conveniente, sáo obtidos os seguintes pesos
para as outras substáncias: ·

Oxigénio Magnésio Cálcio Alumfnio Cobre Estanho


8 12,16 20,04 8,96 31,76 29,68

Os mesmos pesos sa9 obtidos quando os óxidos sao preparados por outros métodos
que nao sejam urna simples oxida93.o. Estes resultados experimentais. e rnuitos ou-
AS BASES QUfMICAS DA TEORIA ATOMICA 5

onde x é a quantidade do elemento, oeste caso o cálcio, que se combina com 8


partes de oxigenio. Dos dados experimentais para a água,

88,81:8 = 11,19:x ou x = 1,008 para o hidrogenio.


No cloreto de hidrogenio, se o peso do hidrogen-io é iomado como 1,008, o do cloro
é 35,45; no cloreto de magnésio, se o peso do cloro é 35,45, o do magnésio é 12,16.
Quando se prossegue com este procedimento, descobre-se que a cada elemento
pode corresponder um número que representa o número de partes, em peso, que
Oxigl?nio um dado elemento pode combiné;lr com 8 partes de oxigenio, em peso, ou com 1,008
Nitrogl?nio partes de hidrogenio, em peso.
8 1X8
14
16 = 2 X 8 Oxigénio Cálcio Hidrogénio Cloro Magnésio Prata Iodo
14
24 = 3 X 8 8 20,04 1,008 35,45 12,16 107,88 126,9
14
14
32 = 4 X 8
40 = 5 X 8
14 · O valor obtido para o magnésio pelo processo indireto dado acima é o mesmo que o
obtido pelos dados anteriores sobre a oxida9ao direta do magnésio. Os números
obtidos para os diferentes elementos sao chamados de pesos de combinariio ou
pesos equivalentfs dos elementos.
As quatro leis das combina9óes químicas, conserva9iio da massa, propor9óes
definidas, propor9óes múltiplas, e propor9óes recíprocas, juntamente com o con-
ceito de pesos de combina93.o, resumem os fatos expetimentais báSicos das
combina9óes químicas conhecidos em 1800, e levaram a 'hipótese atómica formu-
lada no inicio do séc. XIX por Dalton.
1.2 A hipótese atomica de Dalton. A hipótesé atómica de Dalton•foi proposta
(1803) para explicar os fatos expressos pelas leis das combina9óes químicas·e era
baseada nos seguintes postulados: -... _
1. Os elementos químicos consistem de pactículas discretas de matéria, áto-
mos, que niio podem ser subdivididos por nenhum processo químico e que preser-
vam sua individualidade nas rea9óes químicas. · ··
2. Todos os átomos de um mesmo elemento sao identicos em todos os aspec-
tos, em particular no peso ou massa; elementos diferentes.tero átomos diferindo no
peso. Cada elemento é caracterizado pelo peso do seu átomo, e os pesos de combi-
na9iio dos elementos representam as massas dos respectivoS· átomos.
3. Compostos químicos sao formados pela unía.o de átomos de diferentes ele-
mentos em propoq;óes numéricas simples, por exemplo, 1:1, 1:2, 2:1, 2:3.
É fácil mostrar que as leis das combina9óes químicas podem ser deduzidas
<lestes postulados. DéSde que os átomos n'ao sofram mudan9as durante um pro-
cesso químico, eles preservam suas massas, e a massa de um composto é a soma
das massas de seus elementos; o resultado é a Iei da conserva98.o da massa. Como
os átomos do mesmo elemento sao identicos em peso, e uin composto é formado
pela unía.o de átomos de diferentes elementos numa propor9iio numérica simples, as
propor9óe~/oor peso ·nas quais dois elementos esta.o combinados num dado com-
posto sao 1l~·mpre as mesmas, resultando a lei das propor9óes definidas.
28,53:8 = 71,47:x, Consláeremos agora o caso no qual dois elementos A e B podem formar dois
compostos diferentes. Suponha que o primeiro composto contém m átomos de A e
n átomos deB, e que o segundo composto contémp átomos de A e q átomos de B.
Percentagem Se a é o peso de um átomo de A, e b é o peso de um átomo de B, entiio o primeiro
Percentagem composto contém ma partes de A e nb partes de B, e urna parte de A combina com
Composto
Cálcio 71,47
oxigenio 28,53 nb!ma partes de B. Analogamente, no segundo composto, urna parte de A combina·
1 óxido de cálcio oxigenio 88,81 com qb/pa partes de B. Ent3.o, as massas de B que reagem com urna rnassa fixa de
Hidrogenio 11.19 Cloro 97 ,23
..; Água •. Hidrogenio 2,76 A esta.o na pr0por~o
i Cloreto de hidrol:e~uo Magnésio 25,53
Cloro 74,47
Cloro 24,71
4. Cloreto de magnesio Prata 75,26
5. Cloreto de prata Prata 45,94
Jodo 54,06 ou np:mq.
6. Jodeto de prata
AS BASES QUÍMICAS DA TEORIA ATÓMICA 7
6 FÍSICA NUCLEAR
volume de hidrogénio + 1 volume de cloro
De acordo como terceiro postulado, n, m, pe q sao todos números inteiros peque- ~ 2 volumes de cloreto de hidrogénio
nos: os produtos np e mq sao portante também números inteiros peq~en~s e as 2 volumes de hidrogénio + I volume de oxigénio
massas de IJ que reagem com urna rnassa fixa de A ~stao na razáo d~ d01s numeros --,. 2 volumes de vapor d'água;
inteiros pequenos. Este tratamento pode ser estend1do a qualquer nu_m~ro de corn- 3 volumes de hidrogénio + I volume de nitrogénio
postos formados por dois elementos. dando a lei das propor~Oes mult1plas. Argu- · --,. 2 volumes de arriónia.
mentos semelhantes conduzem a lei das propor~óes recíprocas. Compostos dos
elementos A e B sao formados de acordo com o esquema de m átomos de A e n Conclui-se que, se, os elementos no estado gasoso se combinam em propor¡_;óes
átomos de B. COmpostos dos elementós A e C contém p átomos ~e A e q átomos de 1
simples de volume, e se os elementos também se combinam em simples propor9óes
C. e compostos dos elementos Be C contém x áto~os de Be Y a~omos de C. Se a, de átomos, entao o número de átomos em iguais volumes de gases reagentes <leve
b e e sao os pesos dos átomos de A, B e C, respectivamente, entao urna parte de A estar relacionado de maneira simples. Dalton supós que volumes iguais de diferen-
combina com nb/ma partes de B, e qc/pa partes de C. Segue-se que tes gases sob as mesmas condi9óes físicas contém um número igual de átomos.
digamos n átomos. Nesta hipótese, quando 1 volume (n átomos) de hidrogénio
mq :~- reage com I volume (n átomos) de cloro, entao 2 volumes (2n "átomos compos-
np e tos ") de cloreto de hidrogénio sao formados. Todo átomo de hidrogénio e cloro
No composto formado por B e C, a propor9ao em peso entre B e C é <leve entao se dividir ao meio para formar dais átomos compostos de cloreto de
hidrogénio, um resultado que contradiz o enunciado da hij:)ótese de Dalton, que
dizia que os átomos nao podem ser subdivididos em nenhum processo químico.
y b Avogadro (181 I) mostrou que a dificuldape poderia ser resolvida se urna distin-
xb:yc, ou - :-·
X C 9§.0 fosse feíta entre átomos elementares e as pequenas partículas de um gás. Ele
Entao, supós que estes eram agregados de um número definido de átomos, e chamou os
agregados de moléculas, de modo a distinguí-los de um simples átomo elementar.
'!f. mq_ Postulou, entao, que iguais volumes de todos os gases sob as mesmas condi¡_;óes
X np físicas contém o mesmo número de moléculas. Esta hlpótese tomou possível inter-
pretar a lei das· combina9óes volumétricas de Gay-:Lussac em termos da hipótese
Como, pelo terce,iro postul~do, todas as quantidades na última equ~¡_;~o sao_ nú?1e- atómica. Considere que cada molécula de hidrogénio ou cloro consiste de dois áto-
rós inteiros pequeno's-, entao y, x sao iguais a (J, n, ou pequenos mult1plos mteiros mos elementares, e suponha que 1 volume de hidrogénio ou cloro contém n molécu-
deles. Es.ta é a .lei das 'propor9óes recíprocas. · . . las. E~tas rñoléculas reagem para formar 2n moléculas de cloretO · de hidrogénio,
As leis das rea9óes químicas foram assim deduz1das a partir dos postulad~s de cada molécula contendo um átomo de hidrogénio e um átomo de cloro. Apesar dos
Dalton e estes formam a base da teoria atómica da matéria. Entretanto, a _teona de átomos nao poderem ser divididos de tal maneira que um átomo de hidrogénio ou
Dalton era incompleta pÜrque nao fornecia nenhuma maneira de deter~mar nem cloro entre na composi93.o- de duas moléculas de cloreto de hidrogénio, urna molé-
mesmo os pesos relativos dos átomos de diferentes eleme_ntos. E_sta d1ficuldade cula de hidrogénio e urna molécula de cloro podem ser diyiclidas entre duas molécu-
surgiu porque Dalton nao tinha nenhuma maneira de achar quan~os atamos de ca~a las de cloreto de hidrogénio. Desta maneira, a hipótese de Avogadro permitiu que a
elemento se combinam para formar um composto. Se W1 e W2 sao os pesos de dms lei de Gay-Lussac se reconciliasse com a hipótese atómica de Dalton: A análise
elementos que se combinam para formar um composto, entao detalhada de rimitas rea¡_;óes entre gases mostrou que as. moléculas dos elementos
gasosos hidrogénio, oxigénio, cloro e nitrogénio contém dais átomos; os gases iner-
W1 tes hélio, neónio, argónio, criptónio e xenónio tém um· átomo por molécula.
w.=
1.4 Pesos moleculafes e atómicos de elementos .gasosos. Os pesos moleculares
onde A 1 e A 2 sao os pesos atómicos, en 1 e n 2 sao respectivamente o nú_mero tot~l de de substáncias gasosas j)odem ser determinados por medidas de densidades relati-
átomos de cada elemento que entram na c~mbina¡_;ao. Qua~do a razao n1:~2 ~ co- vas. A densidade relativa de um gás é definida como a raza.o entre o peso de um
nhecida, o valor da ~azao W1 :W 2 pod~ fixar somente. a_razao do~ i:e~os_ atomicot dado volume de gás e o peso de um volume igual de um gás padrao medidos a
Para aplicar sua teona Dalton fm obngado a fazer h1poteses arb1tranas, ele co~s mesma temperatura e Pressao. Pela hipótese de Avogadro, é possível escrever para
derou, por exemplo, q~e, se somente um composto de dois ~lementos é conhec1do, qualquer substáncia gasosa
ele contém um átomo de cada elemento. A água era considerada com<:> ~m ~om-
posto de um átomo de. hidrogénio e um átomo de º:'i~énio, senda a existe~cm do Peso molecular do gás Peso de qualquer volume de gás
peróxido de hidrogénio desconhecida na época. A ~tpo~ese de Dalto1: era _siI?ples,
mas errada, e conduziu a muitas dificuldades na aphca¡_;ao de sua teona atom1ca ao Peso molecular do gás padrao Peso de um igual volume do gás padr§.o
campo da química, que crescia rapidamente.
Densidade do gás
1.3 A hipótese de Avogadro e a molécula. Urna das dificuldades enco_ntradas Densidade do gás padráo
pela hipótese atómica surgiu como resultado dos estudos sobre as propneda~es
químicas dos gases. Gay-Lussac mostrou (1805:J~OS) _que, quando ocorrem rea,oes A escolha do gás.padrao é arbitrária e pode ser, por exemplo, hidrogénio, oxigénio
químicas entre gases, existe sempre urna rela9ao simples entre os volumes dos ou ar. Se o hidrogénio é escolhido como padrao, e se seu peso atómico é tomado
gases reagentes, e também dos produtos, se estes sáo gases .. Quando os gas:s re- arbitrariamente como senda a unidade, o peso molecular relativo de um. gás é
agentes e os produtos esta.o sob as mesmas condi9óes de temperatura e pressao

•1
AS BASES QUIMICAS DA TEORIA ATÓMICA 9
8 FISICA NUCLEAR
bina ~om 8 g de oxigénio. Também se descobriu que dois átomos de hidrogénio se
Peso molecular =2 x densidade do gás relativa ii densidadc do hidrogenio. c_ombmam com um átomo de oxigénio para formar urna molécula de água. Assim
1.008 g de hidrogénio contém o dobro de átomos que 8 g de oxigénio. Urna possívei
urna vez que urna molécula de hidrogenio contém dois átomos. Quando o peso escolha par_a o peso atómico do oxigénio_ é seu peso de combina9ao ou peso equiva-
molecular relativo de um elemento gasoso é determinado desta maneira, seu peso len!e, 8 umdades. Se esta escolha fosse feita, entao 1,008 (das mesmas unidades)
atómico relativo pode ser determinado quando o número de átomos por molécula é sena o peso de dois átomos de hidrogénio, e o peso do átomo de hidrogénio seria
conhecido. 0,504 .. Porém. o hidrogénio é o mais leve de todos os elementos. Se o padrao é
Os resultados para algumas determina9óes de pesos moleculares baseadas esc~lh1~0 tal. qu~ o peso atómico do hidrogénio é igual o_u maior que a unidade,
neste método sao mostrados na Tabela 1.1. As densidades dos gases sao dadas em entao nao va1 haver nenhum elemento com o peso atómico menor que a unidade. A
gramas por litro medidas sob condi(;óes padrao (OºC e pressao de 760 mm de mer- escol~a de 16 para o oxigénio torna o peso atómico do hidrogénio igual a 1,008, e
cúrio. abreviadas como C.N.T.P.). A terceira coluna dá o peso molecular relativo tambero conduz a pesos relativos de átomos e moléculas que nao sao excessiva-
ao do hidrogénio tomado como 2. Oxigénio, com seu peso molecular tomado arbi- ment~ gr~ndes. O peso atómico do oxigénio entao é igual ao dobro do peso de
trariamente como 32, pode também ser usado como padrao, e os pesos moleculares combma9ao ou peso equivalente. Em geral, o peso atómico de um elemento é um
relativos a este padrao sao dados na quarta coluna. Trabalhos de alta precislio sobre peq~ueno múltiplo inteiro do seu equivalente químico, e este inteiro é chamado de
volumes de gases reagentes mostram que existem pequenos desvios da lei de Gay- valencia do elemento:
Lussac que slio atribuídos a desvios das 1eis dos gases perfeitos. Quando sao feitas
corre9óes para estes desvios, os resultados da quinta coluna slio obtidos para os Peso atómico
pesos moleculares relativos ao do oxigénio tomado como 32. Dos elementos gaso- = Valéncia
sos listados, hidrogénio, oxigénio, nitrogénio, flúor e cloro sao diat6micos e seus , Equivalente químico
pesos atómicos relativos sao metade dos pesos moleculares; os pesos atómicos,,r;ela- O _equivalente químico e a valencia sao úteis porque seus valores podem ser deter-
tivos dos gases inertes sao os mesillos que seos pesos moleculares. ,;,·,,/' mmados por métodos químicos e conduzem a determina~ao dos pesos atómicos.

Tabela 1.1 Pesos moleculares de elementos gasosos 1.6 Pesos atómicos de elementos nao-gasosos. O método das densidades relati-
v~s pod; .ser usado para determinar o peso atómico aproximado de um elemento
Peso molecular nao volatd, que tenha compostos gasosos. Os pesos moleculares do maior número
Densidade Peso molecular poss~vel de compostos voláteis de um elemento sao achados a partir das densidades
em gjf,_nas M (hidrogénioJ M (oxigénio) M oxigénio)
Elemento = 32* relativas. Os_ pesos de um determh~ado elemento nos pesos moleculares dos vários
C.N.T.P. =2 =32
c_ompo_sto~ sao achados através de análises química:). Estes pesos precisam ser múl-
0,08988 2,000 2,013 2,016 llplos mteiros do peso atómico e, se o número de compostos usados é suficiente-
Hidrogénio
Oxigénio 1,42904 31,816 32,000 32,000 mente grande, pelo menos um dos pesos <leste elemento, presente nos pesos mole-
Nitrogénio 1,25055, 27,828 28,000 28,016 culares dos seus compostos, vai provavelmente ser o próprio peso atómico. O
1,6% 37,738 37,977 38,00 menor peso do elemento presente num dos pesos moleculares de todos seus com-
Flúor
3,214 71,52 71,97 70,914
Cloro 4,003 ~stos vol~t~is_ conhecidos é considerado como o pes0 3tómico do elemento rela-
Hélio 0,17847 3,971 3,996
0,90035 20,034 20,161 20,183 tivo ao ox1gemo = 16. No caso do carbono, sao obtidos os resultados da Tabela
Neónio
Argónio 1,7837 39,690 39,942 39,944 1_:,2, e o peso atómico do carbono é tomado como 12. Os valores dados na tabela
Criptónio 3,708 82,510 83,03 83,7 sao aproximados; medi?as mais precisas e corre9óes para desvios das leis dos gases
5,851 130,19 131,02 131,3 perfe1tos devem ser fettas para obter-se valores precisos do peso atómico. Geral-
Xenónio
m~nte, valore~ ?reciso~ ~e pesos atómicos e molecl11ares sao achados a partir de
*Corrigido para desvios das leis dos gases perfeitos. c~udadosas anahses qmm1cas dos compostos, e as medidas de densidades relativas
sao usadas somente para decidir entre vários pesos atómicos possíveis.
1.5 O peso atómico padr3o. Tem sido·enfatizado que os valores dos pesos
atómicos e moleculares determinados por medidas de densidade sao valores relati-
vos, e nao absolutos. Para efeitos práticos, é necessário fixar um padrao para pesos Tabela 1.2 O peso atómico do carbono obtülo a partir das densidades
atómicos. e este padrao é tomado como sendo o oxigénio com um peso atómico de relativas de compostos de carbono
16 e um peso molecular de 32. A escolha do oxigénio foi baseada no critério de Densidade Peso de carbono
conveniéncia. O oxigénio é um padri'io útil para os químicos porque quase todos os relativa, Peso no peso molecular
elementos formam compostos está veis como oxigénio, e achou-se que a determina- Composto Hidrogénio = 1 molecular do composto
9ao do peso.atómico de um elemento deveria estar relaci<;mada com o padrao tanto
quanto possivel. Hidrogénio foi usado algumas vezes como padrao, mas ele forma Metano 8 16 12
muitos poucos compostos com metais, os quais sao convenientes para determina- Etano 15 30 24 = (2 X 12)
Álcool 23 46 24 = (2 X 12)
c;:óes de pesos atómicos: conseqüentemente. o hidrogénio foi rejeitado em favor do Éter 37 74 48 = (4 X 12)
oxigénio. Benzeno 39 78 72 = (6 X 12)
A escolha do valor do peso atómico do oxigénio foi baseada no desejo de obter Monóxido de carbono 14 28 12
valores convenientes para os outros pesos atómicos e moleculares. Dados experi- Dióxido de carbono 12 44 12
mentais mostram que 1.008 parte em peso. digamos gramas. de hidrogénio se com-
AS BASES QUIMICAS DA TEORIA ATÓMICA 11
10 FISICA NUCLEAR
moléculas de gás independentemente da natureza química do gás. Segue-se. por-
Tabe/a 1 .3 Pesos atómicos de elementos comuns tanto. que a molécujª--=&(affia de todos os gases nas C.N.T.P. contém o mesmo
em relafiIO ao o.r:igénio = 16 número-ae·iñ-ºLé_c;ii{~: este númer6-echamado de mÍf"nero de A voiadro ou cons-
ta,!te de Avogadro. Seu valor foi determinado por vários métodos independentes,
Elemento Peso atómico, Elemento Peso atómico CUJOS resultados concordam,rnuito bem; urn método vai ser descrito no Capítulo 2.
O valor aceito atualmente é 6.0249 x 102ª. Este número é também o número de
Alumínio 26,98 Chumbo 207.21 átomos num átomo-grama de um elemento gasoso, e portante de qualquer ele-
Bário 137,36 Mercúrio, 200,61
10,82 14,008 mento. O peso e.m gramas de urn único átomo ou molécula pode ser obtido
Boro Nitrogénio
Cálcio 40,08 Oxigénio 16.000 dividindo-se o átor'no-grama ou molécula-gramá. pelo númer0 de Avogadro. O peso
Carbono 12,011 Potássio 39.100 do átomo mais leve, o hidrogénio. é I ,67 x 10- 2•1 g, enguanto que o do elemento
Cloro 35,457 Silicio 28,09 natural n:iais pesado, o uranio, é 3,95 x 10- 22 g.
Cobre 63,54 Prata 107.880 Urna estimativa dos tamanhos das moléculas e dos átomos pode ser feita
Flúor 19.00 Enxofre 32.066 considerando-se a água, que tem um peso molecular de I 8 e densidade de um
Ouro 197,0 Ur.inio 238.07
Hidrogénio 1,0080 Zinco 65,38 grama por centímetro cúbico. Urna molécula-grama de água ocupa 18 crn 3 e contém
Ferro 55,85 6,0 x 1023 moléculas. Se as moléculas de água fossem cúbicas de tal maneira que
estivessem empacotadas sem nenhum espac;o livre entre elas, o volume de urna
única molécula seria 3 x 10- 23 cm 3 • Se as moléculas siio consideradas corno esféri-
Valores apróximados dos pesos atómicos de elementos sólidos que possuem cas, seu volume é cerca de urn teri;o menor, ou seja, 2 x 10- 2 :i cmª. O raio de urna
poucos ou nao possuem compostos voláteis sao achados com a ajuda da regra de molécula de água é entao dado pela relai;iio
Dulong e Petit. De acordo com esta regra, o produto do peso atómico e do calor
específico é aproximadamente o mesmo para muitos elementos sólidos. Quando o _..±._ 7rr3 = 2 X 10- 2 ª cm3 ,
calor específico é expresso em calorías por grama, o valor numérico do produto 3
está usualmente entre 6 e 7, com urna média de cerca de 6.4. Se medimos o calor
específico de um elemento sólido, um valor aproximado do peso atómico é determi- ou
nado. Este valor pode entiio ser usado para determinar qual dos diferentes valores r = 1,7 X 10-'cm:-
representados pelas massas reagentes é a melhor escolha para o peso atómico. Por
exemplo, o calor específico do cobre é 0,095 cal/g. Pela regra de Dulong e Petit, Valores dos raios de moléculas de gás podem também ser calculados corn a
ajuda (fa teoria cinética dos gases, a partir dos valores medidos de viscosidade, da
6,4 constante de difusao e da condutividade térmica. Os raios das moléculas de hidro-
-- =
-0,095 67,3 g_Cnio e oxigCnio obtidos desta maneira sao 1,37 x 10-1,1 cm e 1,81 x 10-8 cm respec-
tivamente, e esta.o bem próximos do valor do raio da molécula de água dado pelo
é o peso atómico aproximado do cobre. Análises químicas dos compostos de cobre cálculo aproximado acima. Valores semelhantes, entre I x _10- 8 cm e 3 x 10-8 cm,
com oxigénio mostram que 63,6 e 127,2 partes deste elemento se combinam com 16 sao obtidos para os raios moleculares dos elementos e--Compostos gasosos mais
partes de oxigonio. Como 67,3 está muito mais perlo de 63,6 que 127,2, resta pouca comuns. Como o número de átomos por molécula é pequeno, 'pode ser tomado 10- 8
dúvida de que 63,6 seja o peso atómico do cobre. Análises químicas mais refinadas cm como ordem de grandeza dos raios atómicos.
dao o valor 63,54. Urna estimativa dos raías atómicos de um elemento sólido pode ser feita a
Vários outros métodos foram desenvolvidos para determinar com precisa.o va- partir ~o volume·molar, isto é, do volume do átomo-grama do elemento, no ponto
. lores de pesos atómicos e moleculares, e urna lista dos pesos atómicos aceitas d~ f?sa?. Na fase sólida-no ponto de fusao, os átomos esta.o bem compactados e as
atualmente de alguns elementos é dada na Tabe!a 1.3. d1stanc1as entre eles nao sáo muito maiores que as dimens6es atómicas. Chumbo
sólido, no seu ponto de fusao, tem densidade de 11 g/cm:! e seu volume molaré 18,9
l. 7 Pesos e tamanhos de átomos e moléculas. Quando o padriio para pesos cm 3 • O volume por átomo é 3,15 x 10- 23 cm 3 , e se o átomo é considerado cúbico
atómicos e moleculares é escolhido, toma-se I)ossível calcular o volume ocupado (sem espai;os livres) a dimensao do átomo é cerca de 3,2 x 10-1,1 cm. Se o átomo de
por urna molécula-grama de um gás a temperatura e pressao padróes, isto é, pelo chumbo é considercido corno senda esférico e o espai;o entre átomos é levado em
número de gramas do gás numericamente igual ao do peso molecular; este volume é canta, o raio é cerca de 1,6 x I0- 8 cm. Com melhores métodÜs para a determinai;ao
chamado de volume de uma molécula-grama ou volume molar. Como o peso ató- de raios atómicos, os seguintes valores foram obtidos para alguns dos elementos
mico do hidrogénio é tom.ado como Sendo 1,008. seu peso molecular é 2,016, e a sólidos.
massa de urna molécula-grama é 2,016 g. A densidade do hidrogénio (Tabela I.l) é
bem próxima 0,09 g/litro nas C.N.T.P., e entao o volume ocupado por urna Carbono: 0,77· x 10-s cm Césio: 2.6 X 10- 11 cm
Aluminio: 1,45 x 10-s cm Estanho: ),4 X 10- 11 cm
molécula-grama é Sódio: 1.9 x 10- 11 cm Bismuto: 1,5 X 10- 11 cm
2.016
= 22,4 litros Estes valores sao semelhantes aos obtidos para os raios atómicos dos elementos
0,09
gascisos. Eles indicam que os átomos tém dimensóes da ordem de 10-¡¡ cm indepen•
Experiéncias com um grande número de gases mostraram que o mesmo volume. <lentemente do peso atómico. urna vez que elementos de pesos atómicos pequenos.
22,4 litros. é ocupado por urna molécula-grama, au mbl de qualquer gás a C.N.T.P. médios e grandes esta.o incluídos na lista. O césio é o átomo com o maior raio.
De acorde coma hipótese de Avogadro. este volume contém o mesmo número de
AS BASES QUÍMICAS DA TEORIA ATOMICA 13
FÍSICA NUCLEAR
12
\
1.8 O sistema periódico dos elementos. A medida que as informar;Oes sobre as
propriedades químicas e físicas dos elementos foram se acumulando. tornou-se apa-
rente qué havia semelhanr;as entre as propriedades de certos grupos de elementos,
tendo sido feitas tentativas de classificar os elementos de acordo com estas seme-
lhan9as. A tentativa mais bem-sucedida foi a de Mendeléeff, que propós sua /ei \
periódica em 1869. Esta lei pode ser resumida nos seguintes enunciados feítos por
Mendeléeff.
1. Os elementos, ordenados segundo seus pesos atómicos, mostram urna pe-
riodicidade de propriedades.
2. Elementos que sao semelhantes segundo suas propriedades químicas tem
pesos atómicos que sáo aproximadamente os mesmos (por exemplo, platina, iridio, \
ósmio), ou que aumentam coro regularidade (por exemplo, potássio, rubídio, césio).
3. A ordena~o dos elementos ou grupos de elementos por ordem dos seus
pesos atómicos corresponde as suas valencias.
4. Os elementos que sáo mais abundantemente distribuidos na natureza tem
pesos atómicos pequenos, e todos os elementos de pesos atómicos pequenos sáo
caracterizados por propriedades bem definidas.
5.· O valor do peso atómico determina o caráter de um elemento.
6. A descoberta de muitos elementos ainda desconhecidos pode ser esperada,
como por exemplo, elementos análogos ao alumínio e silício.
}_. O peso atómico de um elemento pode as vezes ser corrigido com o conhe-
cimento dos pesos dos elementos adjacentes.
8_. Certas propriedades características dos elementos podem ser previstas a
partir de seus pesos atómicos.
As conclusóes gerais de Mendeléeff foram verificadas e estendidas. Entre as
propriedades que mostram o tipo de varia9ao periódica notada por Mendeléeff,
estiío· o volume atóníiCo (peso atómico/densidade), dilatayáo térmica, condutividade f'-
térmica e elétrica, susceptibilidade magnética, ponto de fusa.o, índice de refra~o,
ponto de ebuli9ao, forma cristalina, compressibilidade, calores de forma9ao de óxi-
dos e cloretos, dureza, volatilidade, mobilidade iónica, calores atómicos a baixa
temperatura,-·valCncia e· outras~- -:M;·· •\,,- _r.:-.
Mendeléeff construiu urna tabela na qua! os elementos eram arranjados hori-
zontalmente por ordem dos seus pesos atómicos e verticalmente de acordo com
suas semelhan9as nas propriedades. As primeiras tabelas eram imperfeitas, algumas
devido aos erras nos pesos atómicos, ou devido ao desconhecimento dos gases
inertes. Apesar destas imperfei9óes, Mendeléeff foi capaz de prever a descoberta
. d~"!ce;rtos .elementos, assim como as propriedades destes elementos. Versóes mo-
dernas da tabela periódiéa, como a mostrada na Tabela 1.4, retificaram estes erros.
A tabela consiste de um número de fileiras horizontais chamadas períodos, con-
tendo 2, 8, 8, 18, 18, 32 e 18 (incompletos) elementos, respectivamente. Em cada
período, existe urna grada~o característica e definida das propriedades de um ele-
mento ao seguinte. A& colunas verticais, indicadas pelos números romanos I a VIII
e pela letra· o; sao chamadas grupos. Os grupos de I a VII subdividem-se, cada
um, em subgrupos; o subgrupo do lado esquerdo da coluna é geralmente chamado
de subgrupo Ha", e.o do lado direito é o subgrupo "b". Em cada subgrupo, os
elementos tero propriedades semelhantes, apesar de haver urna variayáo constante,
mas gradual, coro o aumento do peso atómico. Os metais alcalinos constituem o
subgrupo la, os metais alcalinos terrosos 2a, elementos calcogenios 6a, os haloge-
nios 7a, os gases inertes grupo O. Dentro de um grupo, existem semelhanyas de N M ... t-
caráter menor entre os membros do subgrupo a e os do subgrupo b. "' "' 00
"'
Para quatro pares de elementos, a ordem indicada na tabela periódica contraria
a ordem dos pesos atómicos, argónio e potássio, cobalto e níquel, telúrio e iodo,
tório. e protactínio. Em cada caso, a ordem, determinada a pariir dos pesos atómi- N M t-
cos, é trocada para que estes elementos caiam em lugares que correspondam as
su·as propriedades. lsto foi feíto para os tres primeiros pares pelo próprio Mendelé-

j
14 FÍSICA NUCLEAR

eff. que achava que os valores aceitas dos pesos atómicos eram inexatos. Pesquisas
J ! 1
AS BASES OUIMICAS DA TEORIA ATÓMICA 15

2. Os pesos moleculare·s dos cinco óXidos listados no problema acima sao 44.02. 30.01.
76.02. 46,01 e 108,02. respectivamente; calcule o peso atómico do nitrogenio a partir <lestes
posteriores mostraram que os pesos atómicos nao estavam substancialmente erra- dados e dos dados do Problema l.
dos, e que a verdadeira propriedade que fundamentava a classifica¡;áo periódica era 3. U~ certo elemento X forma vários compostos voláteis com cloro. e o menor peso do
o número atómico, ao qual o peso atómico é aproximadamente proporcional. elemento e encontr~do num composto que contém 22.54% de X e 77,46% de cloro. Um litro
A base da classifica¡;ao dos elementos de Mendeléeff, isto é, a condi¡;§.o de que des~e composto a C.N.T.P. pesa 6,14 g. Se o peso atómico do cloro é 35.457, determine (a) o
eqmv~lente grama de X. (b) o peso molecular aproximado do composto, (c) o peso atómico
os elementos deveriam ser ordenados segundo seus pesos atómicos crescentes, nao aproximado de X, (d) a valencia de X, (e) o peso atómico exato de X, (O o peso molecular
oferecia nenhuma explicai;ao para as diferentes características da tabela periódica. exato do composto. Que elemento é X? Qua! é o composto?
Pelo que era conhecido na época de Mendeléeff, átomos de diferentes elementos 4_. Análises qu,ímicas mostram que o cloreto de platina contém 48,8 partes de platina
nao tinham nada em comum e náo se relacionavam. Como as propriedades de um combmada com 35,46 partes de cloro. O calor específico da platina na temperatura ambiente é
elemento eram as propriedades dos seus átomos, era difícil saber por que, por 0.0324; qua] é o peso atómico da platina?
exemplo, os átomos de lítio, sódio, e potássio deviam ter propriedades semelhantes; 5. Um metal forma um cloreto que contém 65,571% de cloro. O calor específico do metal
era evidente que unicamente os pesos atómicos nao podiam explicar as característi- é 0:11~. Determine (a~ o peso atómico aproximado do metal, (b) o equivalente-grama, (c) a
cas da tabela. A periodicidade das propriedades dos elementos estimulava valencia, (d) o peso atomico exato. Qua! é o composto?
especula9óes sobre as estruturas dos átomos de diferentes elementos. As mudan9as 6. O Han~book o/Chemistry and Physics, publicado pela Chemical Rubber Company,
Clev_eland, Ohm, contém tabelas das várias propriedades dos elementos. Das informa9óes
graduais das propriedades de grupo a grupo sugería que alguma unidade da estru- contidas no Handbook, calcule os volumes atómicos dos elementos sólidos, e fa9a um gráfico
tura atómica, seria sornada em elementos sucessivos até que urna certa ·por98.o da dos valores obtidos como fun9§.o da posi9§.o do elemento na tabela periódica. Fa9a um gráfico
estrutura fosse completada, urna condi¡_;iio que ocorreria, talvez, nos gases inertes. dos P?ntos de fusa.o dos elementos sólidos como fun9§.o da posi95.o na tabela periódica. Que
Come¡_;ando coro o elemento seguinte ao gás inerte, urna nova por98.o da estrutura propnedades periódicas sao observadas nas duas figuras?
seria iniciada, e assim por diante. Especula¡_;óes como estas introduzem urna nova 7. Em 1947, foi anunciado que um dos produtos da fissao do U235 de longa vida era um
idéia - a da estrutura dos átomos. Mas, antes que esta idéia tivesse qualquer signi- novo elemento químico difefente de quaisquer outros elementos entao conhecidos. O novo
ficado fisico real, eram necessárias informa9óes experimentais a respeito da possí- elemento forma um óxido volátil cuja densidade era 9,69 vezes a do oxigénio na mesma tem-
vel estrutura dos átomos. Os métodos e técnicas da química clássica niio podiam peratura e pressiio; o óxido continha 36,2% de oxigenio em peso. Qua] é o peso molecular do
fornecer estas informa9óes, mas novas descobertas e técnicas no campo da fiSica óxido? Qua! é o peso de combina9iio do novo ,elemento? Onde se Cncaixa o novo elemento na
tabela periódica? Com qual elemento se espera que éle se assemelhe nas propriedades quími-
abriram o caminho para a compreens§.o da estrutura atómica e do número atómico.
. - - . ~ ..; .. cas? Qua! .é o peso atómico aproximado do novo elemento?
REFERENCIAS

GERAIS

J. W. MELLOR, M odern Inorganic Chemistry, revised and edited by G. D.


Parkes. London: Longmans, Green and Co., 1951, Chapters 3, 4, 5, 6, 8.
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D. C. PEASLEE, Element8 of Atomic Physics. New York: Prentice-Hall, 1955,
Chapters 1, 2_.
PROBLEMAS

l. Mostre como os cinco óxidos de nitrogénio listados abaixo ilustram a leí das propor-
90es múltiplas.

Composiráo percentual
Composto
Nitrogénio Oxigénio

Óxido nitroso 63,63 36,37


Óxido nítrico 46.67 53,33
Anidrido nitroso 36,84 63,16
Tetróxido de nitrogénio 30,44 69,56
Anidrido nítrico 25,93 74,04
ÁTOMOS, ELÉTRONS E RADIACOES 17

0.3 X 10- 10 unidades eletrostáticas de carga (esu). Apesar <leste valor ser semente
I/16 do valor aceito atualmente, ele serviu para indicar a ordem de grandeza da
carga eletrónica.
As experiéncias de Faraday sozinhas nao forneciam informa9óes certas sobre a
quantidade de eletricidade representada por -um elétron, mas davam informa9óes
precisas sobre a raza.o entre a carga iónica e a massa do átomo com a qua! ela está
2 associada numa dada solu9ao. Para o hidrogénio, esta raza.o é
9649q coulomb 96490 X 3 X JO' esu = 2,87 x JOI< esu/g.
1,008 g 1,008 g

2.2 A condu~o de eletricidade em gases. Em condi9óes normais, um gás é um


Átomos, Elétrons e Radiac;óes mau condutor de e1etricidade - mas, se puder ser ionizado, ele se torna um condu-
tor; os raios X, descobertos por Roentgen em 1895, forneciam urn meio conve-
niente de produzir ioniza9iio. Após esta descoberta, o mecanismo da condu93.o ga-
sosa e a natureza dos íons gasosos foram investigados numa escala crescente por
muitos cientistas. Fizeram-se estudos experimentais e teóricos sobre a mobilidade
dos íons gasosos e do coeficiente de difusa.o <lestes íons. Como resultado destes
estudos, o valor da quantidade de carga elétrica associado a um centímetro cúbico
de gás podia ser calculado. Esta quantidade pode ser escrita como ne u, onde n é o
número de moléculas de gás por centímetro cúbico sob condi9óes padriio de tempe-
ratura e press§.O", e eO é a carga ·média de um íon gasoso. O valor de ne O foi deseo-
berta como sendo I ,2 x 1010 esu para o ar a 15ºC e 760 mm ,de mercúrio. O volume
ocupado por urna molécula-grama do gás sob estas condi9óes é
2.1 As Ieis da eletrólise de Faraday e o elétron. Foi visto no primeiro capítulo
que as Propriedades quíinicas dos elementos podem ser interpretadas em termos da
4 3
teoria atómica da matéria. Do trabalho de Faraday sobre a eletrólise de solu9óes 2,24 X 10 (;~~) cm = 2,36 x 104 cm 3 •
aguosas de compostós__ guírnicos, decorre também que a eletricidade parece ser de
natureza atómica. Faraday descobriu duas leis de fundamental importáncia.
1. A- a9áo química de urna corrente elétrica é diretamente proporcional 3 quan- A quantidade total de carga elétrica associada com Úma molécula-grama do gás é
tidade absoluta de eletricidade que passa através de urna solu98.o. entiio
2. As rnassas das substáncias depositadas pela passagem da mesma quantidade 10 esu
de eletricidade sáo proporcionais aos seus equivalentes químicos. Foram feitas me- 1 2 X 10 x 2 36 x 104 cm3 = 2,83 x-10 14 esu.
didas cuidadosas da quantidade de eletricidade necessária para liberar urn ' . cm• .•-
equivalente-grama de urna substancia química, digamos, 107,88 g de prata, 1,008 g ',
de hidrogenio ou 35,46 g de cloro. Esta quantidade é 96.490 coulomb ou umfara- Mas a quantidade de eletricidade carregada pelos íons uniyalentes numa molécula-
day, sendo simbolizada por F. , · grama de sal em solui;ao é de um faraday: ·
Faraday concluiu dos, seus resultados experimentais que urna mesma quant~-
dade de eletricidade está associada no processo de eletrólise com cada átomo destas F = 96.490 coulomb = 2,90 x 1014 esu,
substancias. Ele imaginava esta carga como sendo carregada pelo átomo, ou em
a1guns casos por um grupo de átomos, tendo chamado o átomo. ou grupo de áto- que está bem próximo do valor encontrado para um gás ionizado. Se as moléculas
mos, com sua carga, de ion. A corrente num. processo eletrolítico resulta do movi- de um gás sao supostas ionizadas urna única vez, elas parecem carregar, em média,
mento dos íons através da solm;ao, íons negativos em dire9iio ao anodo e os íons a mesma carga que a carregada pelos íons univalentes da solu9ao. Este resultado
positivos em dire9a() ao catodo. Os resultados de Faraday implicavam na existéncia também indica a existencia de urna carga elétrica unitária.
de urna unidade elementar, ou átomo, de eletricidade. Esta idéia, entretanto, pare-
cia nao combinar com outros fenómenos elétricos como a condu9§.o metálica, e 2.3 Raios catódicos. A prava experimental da existencia de partículas inde-
tanto Faraday como Maxwell hesitaram ern aceitar a idéia da natureza atómica da pendentes com eletricidade negativa foi obtida a partir do estudo da condu9ao de
eletricidade. Em 1874, Stoney aventan a hipótese de que existe urna "unidade natu- eletricidade em gases rarefeitos. Quando um gás é colocado num tubo de vidro com
ral de eletricidade", digamos, aquela quantidade de eletricidade que precisa passar dais eletrodos aos quais é aplicado um potencial suficientemente alto, eletricidade
por urna solw;ao de modo a liberar, num dos eletrodos, um átomo de hidrogénio ou passa através do gás, que se torna intensamente iluminado. Quando a pressao do
um átomo de qualquer substáncia univalente. Ele sugeriu o nome de e/étron para gás é reduzida abaixo de 0,1 mm de mercúrio, a ilumina9ao desaparece gradual-
esta quantidade, e tentou calcular a magnitude da carga eletrónica. Os cálculos de mente. A press6es muito baixas, da ordern de 10- 4 ou 10-s mm de mercúrio. urna
Stoney eram baseados no fato de que um faraday da carga elétrica libera o número auréola fluorescente aparece na parede do tubo de vidro oposta ao catado. A pre-
de átomos num átomo-grama do elemento univalente; este número é exatamente o sen9a da auréola foi corretamente atribuída pelos primeiros pesquisadores a raios
número de Avogadro N 0 , e en tao F = N rl!, onde e representa a carga eletrónica. Do vindos do catodo, e estes raios eram chamados raios catódicos. Um diagrama es-
valor de Fe do valor aproximado de N 0 disponível na época, Stoney obteve: e =
18 FÍSICA NUCLEAR
1 ATOMOS, ELÉTRONS E RADIACDES 19

A única interpretai;;ao razoável para estes fatos experimentais é que os raios catódi-
cos consistem de partículas negativamente carregadas.
Thomson, em suas experiéncias fundamentais (1897), confirmou a idéia de que
os raios catódicos consistem de partículas carregadas negativamente e determinou a
raza.o carga/massa = eJm para as partículas. Para estas experiéncias, o tubo da
Figura 2.1 foi modificado de tal modo que os raios pudessem passar através de um
campo eletrostático. No aparelho mostrado esquematicamente na Figura 2.2. urna
diferen9a de potencial de alguns milhares de volts é mantida entre o anodo A e o
catado C. Um fino feixe de raios vindos do catado passa através de urna fenda no
Fig. 2.1 Diagrama de um tubo para a produ9iio de raios catódicos. anodo e através de urna segunda fenda na placa metálica B. O fim do tubo é coberto
do lado interno com um material fluorescente e o ponto de impacto do feixe de raios
catódicos aparece como um ponto brilhante. Dentro do tubo existem duas placas
metálicas De D', entre as quais um campo elétiico vertical pode ser estabelecido.
quemático do tubo para a produr;áo de raios catódicos é mostrado na Figura 2.1; C Por meio de um eletroímá externo, um campo magnético pode ser estabelecido
é o catado, A é o anodo e T é o lado do tubo através do qual o gás pode ser perpendicularmente ao plano do diagrama, confinado a regiao indicada pelo círculo
evacuado. pontilhado. Se o campo elétrico é dirigido para cima (D' carregado positivamente),
Os raios catódicos foram descobertos corno tendo várias propriedades interes- e se náo existe campo magnético, o feixe de raios catódicos é defletido para baixo.
santes. As deflexóes elétricas e magnéticas podem ser feitas para se cancelarem mutua-
l. Os raios se propagam em linha reta. Quando os anteparos S1 e S2, co~ mente pelo ajuste apropriado dos campos elétricos e magnéticos.
orificios, sao colocados no tubo, a auréola é confinada a um ponto D na extrem1- Suponha que os raios. catódicos consistem de partículas carregadas negativa-
dade do tubo; ou, se um objeto é colocado no caminho· dos raios, ele provoca urna mente de carg~ e e massa m, e seja E a magnitude do campo eletrostático, e H a do
sombra na parte fluorescente do vidro. A partir das rela9óes geométricas, pode se campo magnéttco. Se os campos elétricos e magnéticos sao ajustados de modo que
concluir que os raios se propagam em linhas retas. seus efeitos se cancelem, e o feixe de partículas passa através do tubo sem sofrer
2. Os raios podem penetrar pequenas espessuras de matéria. Quando urna "ja- deflexao, entao a for9a elétrica sobre as partículas deve ser igual em magnitude e
nela" de folhas finas de alumínio ou ouro é instalada no final do tubo atingido pelos aposta em dire9ao a for9a magnética. A forc;a elé.trica é dada por eE1 e a for9a
raios, a passagem dos raios através da folha é mostrada pela presern;a de tiras lumi- magnética por Hev, onde v é a velocidade das partículas. 1 * Entao,
nosas azuladas no ar, no outro lado da folha.
3. Os raios carregam urna carga elétrica negativa. Quando os raios sao capta- E
dos emurna ca.mara isolada conectada a um eletroscópio, este fica negativamente eE = Hev, ou V= H' (2.1)
carregado. .
4. Os raios sao desviados por um campo eletrostático. Quando dois eletrodos
planos sao introduzidos dentro do tubo de raios catódicos com seus planos parale-
los ao caminho dos raios, estes sao desviados eni dire9ao a placa positivamente
carregada. /)
5. Os raios sao desviados por um campo magnético. Quando urna barra mag- 1'¡
nética comum é colocada perto do tubo de raios ,catódicos, o ponto fluorescente
aposto ao catado se move numa dire9ao ou noutra dependendo do pólo magnético +
que é aproximado dos raios. :
6. Os raios catódicos carregam consideráveis quantidades de energía cinética.
Quando um obstáculo de metal é colocado no caminho dos raios, ele pode rapida-
mente se tomar incandescente.
Fig. 2.3 A deflexao de partículas de raios catódicos num campo eletrostático.

+
e esta experiéncia pode ser usada para medir a velocidade dás partículas dos raios
catódicos. Se E, e e H sao expressos em unidades eletromagnéticas, a velocidade
/) tem as unidades de centímetro por segundo.
1
------~--------+--------------- Em seguida, o campo magnético é rerriovido e a deflexao das partículas cau-
------V~/~~...___,_ D' J sada pelo campo eletrostático é medida como mostrado na Figura 2.3. Neste dia-
grama, a distáncia ""JI"';J; é a deflexáo causada pelo campo eletrostático, observada
na tela,fluorescente; D e[?' sao as placas paralelas como anteriormente, e/ é o
comprimento das placas. A medida que as partículas atravessam o campo, elas

Fig. 2.2 O aparelho de J. J. Thomson para medir a razao e/m dos raios catódicos. *Os números alteados indicam as referencias bibliográficas no fim do capítulo.

i
ÁTOMOS, ELÉTRONS E RADIACOES 21
20 FÍSICA NUCLEAR
o problema de provar expérimentalmen-te que a carga nas diferentes partículas (íon~
estao sujeitas a urna acelerac:;ao vL:rtical nurna dire98.o paralela a do campo durante ,. eletr~líticos e gasosos monovalentes, partículas fotoelétricas, partículas termióni-
o intervalo de tempo l/1', tal que a velocidade produzida na direc:;fto vertical é (eE/m) cas) e a mesma.
(l/v). A velocidade horizontal das partículas nao é mudada pelo campo. Deixando o Diversas medidas ·cta carga foram feítas por volta de 1900, e seus resultados
campo. a velocidade das partículas tem as componentes v na direi;ao horizontal e podem ser resumidos brevemente como segue. Para a carga média num ion eletrolí-
/eE/m) (1/v) na dire<;ao vertical. Portanto, se P, é a posi,;ao do raio defletido. tico, o valor de 2 x 10- 10 esu foi obtido, baseado no melhor, mas•ainda aproximado.
F;T52 /MP I é a raza.o entre as velocidades verticais e horizontais: valor do número de Avogadro; trabalhos posteriores (1905-1908) deram um valor de
4,25 X I 0- 10 esu. Descobriu-se que a carga média dos íons gasosos encontrada caía
P1P2 eE l 1 entre 3 x 10- 10 es'u e 5 x 10- 10 esu, e valores semelhantes foram encontrados para
as partículas fotoelétricas. Evidencias experimentais <leste tipo indicavam a identi-
MP, = m v2' dade das várias cargas elétricas negativas, senda esta visáo gradualmente adotada.
O tei:no elétron foi aplicado as próprias cargas negativas, em vez de se aplicar a
ou magmtude da carga, tendo este uso se tomado geral. Os trabalhos sobre raios cató-
dicos e sobre os efeitos fotoelétricos e tenniónicos tai:nbém indicavam que os elé-
(2.2) tron~ eram urna parte constituinte de todos os átomos, e o elétron passou a ser
considerado como urna partícula física fundamental. Em todos os trabalhos experi-
mentais discutidos até aqui, tanto valores de e/m como da carga média de várias
Na Eq. (2.2), as quantidades /, MP, e E sao conhecidas da montagem experimen_tal; partículas foram medidos. Apesar de ser difícil argumentar contra a conclusa.o de
a deflexao "F;P2 é medida, e v é conhecida a partir da experiéncia na qual os efe1tos que os elétrons existem e tem urna certa unidade de carga elementar, a justeza desta
dos campos elétricos e magnéticos cancelam um ao outro; . . , . conclusa.o nao tinha sido ainda provada experimentalmente de modo a nao deixar
As experiencias de Thomson mostraram que as part1culas_ d_os ra10s cato?1cos dúvidas. A prava final da natureza atómica ou corpuscular da eletricidade e a pri-
se moviam com velocidades muito altas - da ordem de um dec1mo da veloc1dade meira determina~áo realmente precisa do valor da carga eletrónica foi dada pelo
da luz. Para e/m, ele achou o valor 1,7 x 107 emu/g ou, desde que I emu de carga = trabalho de Millikan (1909-1917).
3 x 1010 esu e/m = 5 1 x 1017 esu/g. Este valor era independente dos matena1s que As experiencias de Millikan serao discutidas -com algum detalhe por causa de
ele usou no ~atodo (aÍumínio, ferro e platina) e do gás (ar, ~idrogenio e ?ióxido_ d_e seu lugar fundamental na física moderna. As experie·ncias iniciais sobre a determi-
carbono) rio tubo de descargas. O valor de e/m para as part1culas dos ra10s catod1- na9ao da carga eletrónica eram baseadas no fato de que átomos carregados eletri-
cos é cerca de 1800 vezes maior que o encontrado para os íons de hidrogenio na camente (íons) agem como núcleos para a condensa9áo do vapor d'água. Permite-se
eletró1ise. Se' considerássemos que as partículas dos raios catódicos tivessem a que o vapor d 'água condense sobre os íons, fonnando urna nuvem, e a carga total
·mesma massa que a do menor átomo, hidrogenio, elas teriam que carregar urna carregada pela nuvem é medida com um eletrómetro. O número de gotas d'água na
carga 1800 vezes maior que a do íon de hidrogenio. Além disso, como o valor de nuvem era calculado pesando-se a água condensada da nuvem e dividindo-se pelo
e/m é independente dos materiais no tubo catódico, e materiais com diferentes mas- peso médio de urna única gota. Este peso médio podia ser achado medindo-se a
sas iónicas foram usados seria necessário imaginar algum mecanismo que fizesse a velocidade de queda das gotas pelo ar, porque se sabia que o peso de urna gota
carga nas., partículas dir;tamente proporcional a massa. Se, co!11o alte~naJi~ª•. a d'água e sua velocidade de queda estavam relacionadas pela leí de Stokes: 2 A carga
carga na partícula fosse considerada como senda a mesma de um 10n de h1drogemo, total da nuvem dividida pelo número de gotas dava um valor médio de carga por
entáo a massa da partícula seria cerca de 1/1800 da do íon de hidrogenio. A última gota. Este método envolvía divei-sas hipóteses: (1) que o número de íons é o mesmo
hipótese pareceu mais razoável a Thomson, que por conseguinte considerou que as que o de gotas, (2) que a lei de Stokes, que nunca havia sido testada experimental-
partículas dos raios catódicos eram um novo tipo de corpúsculo negativo. Traba- mente, é válida. e (3) que as gotas sáo todas semelhantes e caem com urna veloci-
·thos ·posteriores provaram que a conclusáo de Thomson estava carreta. ·, - dade uniforme nao afetada pela evapora9áo. Estas hipóteses eram todas ques-
tionáveis, e sua validade tinha que ser testada em experiencias cuidadosas.
2.4 O elétron: a determina~áo de sua carga. As expenencias de Thomson O método acima, usado por Townsend (1897) e Thomson (1896), foi desenvol-
sobre raios catódicos demonstraram a existencia independente, de partículas negati- vido por Wilson (1903), que formou nuvens de água entre duas placas paralelas que
vas muito pequenas, mas a hipótese de que a carga numa destas partículas é igual a podiam ser conectadas aos terminais de urna bateria. A velocidade de queda da
carga de um íon univalente numa solu93,o e num íon gasoso num gás condutor apre- parte superior da nuvem foi primeiramente determinada sob influencia da gravi-
sentava um problema básico. Apesar da hipótese parecer lógica, urna prova da dade. As placas eram ent8.o carregadas de tal maneira que as gotículas eram puxa-
igualdade das catgas era necessária. O método direto de resolver este problema das para baixo tanto pela gravidade como pelo campo elétrico, e a nova velocidade
seria medir a carga das partículas. Esta medida direta náo poderia ser feita por de queda era medida. Quando as duas velocidades eram comparadas, um valor da
causa da grande Velocidade das partículas dos raios catódicos, mas outras fontes de carga eletrónica podia ser obtido. No método de Wilson, náo havia necessidade de
partículas negativamente carregadas similares eram, di~poníveis. Ao final do _sécu~o considerar que o número de gotas é igual ao número de íons. Semente a velocidade
XlX foi descoberto que, quando luz ultravioleta mc1de sobre certos meta1s, sao de queda da parte superior da nuvem era observada e, como as gotas carregadas
emitidas partículas negativamente carregadas com pequenas velocidades (o efeito mais fortemente eram trazidas para baixo mais rapidamente pelo campo, e como as
fotoelétrico). Thomson determinou o valor e/m para estas partículas e encontrou carregadas menos intensamente, estas experiencias eram feítas com as gotas carre-
praticamente o mesmo valor que para as partículas dos raios catódicos. O mesmo gadas o menos intensamente possível. Wilson obteve o valor 3,1 x 10- 10 esu, mas
resultado foi obtido para as partículas negativamente carregadas emitidas por um as outras hipóteses permaneciam, e havia considÚável incerteza neste resultado.
filamento incandescente (o efeito termi6nico). Em vista da constáncia de e/m para Millikan aperfei9oou o método de Wilson usando gotas de óleo, evitando assim
as partículas negativamente carregadas produzidas de diferentes maneiras, os erras causadüs pela evapora93-o. Ele também percebeu que urna única gota pode-
concluiu-se que todas essas partículas sáo identicas. Ainda permanecia, entretanto.
ATOMOS, ELÉTRONS E RADIACOES 23
22 FÍSICA NUCLEAR

ria ser rnantida estacionana entre as placas carregadas ajustando-se a voltagem


sobre elas de tal forma que o peso da gota fosse exatamente balanceado pelo campo
eletrostático entre as placas. Da rela9iio entre as forgas. o valor da carga do elétron. • 1
podia ser obtido. Além disso, enquanto trabalhava corn gotas balanceadas. Millikan
percebeu que ocasionalmente urna gota come~ava a se mover para cima ou para
baixo no campo elétrico. Tal gota tinha evidentemente captado um íon, tanto posi-
tivo como negativo, e era possível determinar a mudan9a na carga carregada pela
gota independentemente da sua carga original.
As partes essenciais do aparelho de Millikan sao mostradas na Figura 2.4; Pi e
P 2 sao duas placas horizontais precisamente paralelas. de 22 cm de diametro e afas-
tadas de 1.5 cm, colocadas numa grande caixa metálica para evitar correntes de ar.
O óleo é espalhado em finas gotículas por um atomizador situado acima da placa ¡
superior e algumas poucas gotículas caem através de um pequeno furo na placa.
Um feixe de luz é dirigido entre as placas, e um telescópio é· montado com seu eixo .'.!
transversal ao feixe de luz. As gotas de óleo, iluminadas pelo feixe de luz, se pare- '1
,¡ ;!
cem com pequenas estrelas brilhantes quando vistas pelo telescópio, e se movem l
lentamente soba influencia combinada dos seus pesos, da for9a de flutua9§.o do ar, 1
;i
e da for9a viscosa se opondo ao seu movimento. As gotículas de óleo da nuvem
~~-!
t
vinda do atomizador sao carregadas eletricamente, provavelmente devido-aos efei-
tos de atrito; a caiga é usualmente negativa. Íons adicionais, tanto positivos como
negativos, podem ser produzidos no espa90 entre as placas, ionizando-se o ar por 14r;
meio de raios X. Se a placa superior é carregada positivamente a um potencial de ", Luz-

~
cerca de_ 1000 volts, e a placa inferior é carregada negativamente, existe um campo
elétrico Úniforme entre as placas, havendo urna for9a elétrica sobre a gotícula, que

¡
afeta seu movimento.
Quando um corpb;'esférico cai livremente num meio viscoso, ·ele acelera até
que urna -v~locidade limite é atingid~, de forma que a for9a resultante dirigida para Fig. 2.4 A experiencia da gota de óleo de Millikan.
baixo iguala a for9a viscosa. Esta última é proporcional a velocidade limite da partí-
cula, e
l;va a Eq. (2.6~ e qu~ entao a carga na grita muda de q para q' porque um out ro íon
mg = kv 0 , (2.3) e captado. Entao q' e dado por

onde m é a massa aparente do carpo, g é a acelera98.o devida a gravidade, k é urna q' = mg (v 0 +vi).
constante de proporciona1idade, e v 0 é a velocidade limite na queda livre. Se, além (2.7)
E Vg
disso, o carpo carregar urna carga q e estiver sujeito a a98.o de um campo elétrico 1
de intensidade E, urna nova velocidade limite ve é at~n-gida, dada por Expel'imentalmente, os íons fornécidos pe]a ioniza98.o do ar pelos raios X podem
ser captados por ~~a gota de óleo enguanto esta está sob observa98.o, e o compor-
qE - mg = kvE, (2.4) tamento de urna umca gota carregando diferentes cargas pode por.tanto ser obser-
vado no mesmo campo elétrico E. A mudan9a na carga é
quando o campo age contra a gravidade. A raZ:2-0 entre as velocidades é · ~
~
Aq = q' - q = mg (v'e - VE).
(2.8)
E
(2.5)
1
Vg

¡1 Millikan_ ~escobriu, em muitas experiéncias, que tu¡ nunca era menor que um certo
A carga q é ent8.o valor mm1mo. e que todos os valores de tu¡ eram múltiplos inteiros exatos <leste
mg (v 0 + VE) (2.6)
valor. To_mando-se o mínimo divisor comum de todos os valores de t:u¡ para um
q = E Vg grande numero de mudan9as de carga na mesma gota, Millikan obteve o menor
valor de mudanra_ na carga, e identificou este valor com o elétron de Sto ne y. Os
resu_ltados d_e ~1lhkan fornecem urna pro va direta de que a carga elétrica elementar,
É evidente que q pode ser determinado se m e E sao conhecidos e se a raza.o (\' ti + ºA eletron, nao e urna carga média. mas sim que todas as cargas elétricas nos íons ou
vEJ/v 0 for observada experimentalmente. A principal dificuldade reside na determi- tem exatamente o mesmo valor. ou sao pequen os múltiplos inteiros exatos des te
na9§.o de m, a massa da gota, que é muito pequena para ser medida diretamente. va!o:. Se este _valoré indicado por e. ent§.o q = ne, onde n é um inteiro pequeno.
Agora é possível colocar a quest8.o fundamental, a da natureza atómica da ele- M1_lhkan tambero mostrou, estt.1:ct_ando gotas que carregavam íons positivos. que a
tricidade. Se existe urna unidade real de carga e:
en tao a carga q na gota de óleo umdade elementar de carga pos1t1va tem a mesma magnitude que a da carga eletró-.
deve ser um múltiplo inteiro de e. Suponha que é feita urna medida. como a que
24 FfSICA NUCLEAR j ATOMOS, ELÉTR0NS E ;ADIACOES 25

nica negativa. e que todas as cargas estáticas tanto em co~QuJres como em-isolan- e1
tes sao constituídas das unidades de carga elétrica. -'
Urna determina9ao precisa do valor da carga eletrónica depende, como foi
e=~~~~~~
[l + (b/pa)J8/2'
ou
visto, da massa da gotícula de óleo. A massa pode ser obtida quando o valor da
constante de proporcionalidade k na Eq. (2.3) é conhecido, e k é dado pela leida
queda de Stokes. Das equa9óes da hidrodimimica, Stokes deduziu urna expressao e=
4,r 29~ ----,,--~
3 (
1
)
8/2 [
g(p - p')
]1/2
E[l
+ VE ) O 1/2
(Vg
+ (b/pa)]812v, (2.14)
teórica para a velocidade de queda de um carpo esférico num meio viscoso,

(2.9) Millikan obteve o valor e = 4,774 x 10- 10 esu, que foi aceito por alguns anos.
Determina96es posteriores de e, por meio de métodos indiretos mas muito precisos,
ou deram resultados que nao concordam com o valor de Millikan. A discrepancia era
2 ga 2
Vg = 9---;;- (p - p'), (2.9a) causada por um erro no valor da viscosidade do ar usado por Millikan. O uso de
dados mais recentes para este para.metro conduzem ao valor e = 4,8036 ± 0,0048 x
10- 10 esu, que concorda bem com os valores de e obtidos por outros métodos.
onde a é o raio do carpo, p a densidade do carpo, p' a densidade do meio, r, a As constantes e, F e N 0 , juntamente com outras quantidades que foram deseo-
viscosidade do meio, e v 0 a velocidade de queda Jimite ou de equilíbrio do carpo. A bertas depois, sao chamadas as constantes fundamentais da física por causa de sua
equa98.o (2.9) representa o balarn;o entre as for9as gravitacionais e viscosas no grande importancia. A medida destas constantes é um dos problemas básicos da
COJ"JX) e pode ser aplicada a queda de urna gota de óleo no ar. O valor de v 0 é fisica, e muitos métodos altamente precisos foram desenvolvidos para medi-las. As
medido experimentalmente, e a é dado por constantes esta.o freqüentemente relacionadas, por exemplo, F = N O e,· além disso,
métodos estatísticos foram-desenvolvidos para a análise dos resultados experimen-
9 ~Vg ]1/2 tais. Esta análise nos conduz aos melhores valores das constantes que sao consis-
a= [ 2 g(p - p') (2.10) tentes com todo o conjunto do conhecimento atual;3 urna lista parcial <lestes valores
,
está dada no Apendice 11. Os melhores valores que se seguem foram obtidos para
de modo que as constantes discutidas até aqui:

m = ½1ra 8 (p - p') = - 4,r (9- g ) G-1p'


3 2
1/Vo
82
' )1,2 • (2.11) e = (4,80286 ± 0,00009) x 10-" esu,
e/m = (1,75890 ± 0,00002) x 107 emu/g,
= (5 ,27305 ± 0,00007) x 1017 esu/g,
Quando _a express§.o P3ra m é inserida na Eq. (2.6) para a carga de urna gota de m = (9,1083 ± 0,0003) X 10-25 g,
óleo, o resultado é F = (2,89366 ± 0,00003) x 1014 esu/g-equivalente-grama,
=
q -
__: _4,r3 (9~)
,. -2
rl_g(p -1 82
'
p')
]l/
2
(vg +E VE) Vg1/2• (2.12)
(96521,9 ± 1,1) coulomb/g-equivalente-grama

O número de A vogadro é

Na última equa9§.o, e 11 foi escrito no lugar de q porque se provou 'que a carga na


gota de óleo é um múltiplo inteiro da carga eletrónica. Se muitas observa96es da .\ .. . .
N;·= (6,02486 ± 0,00016). x 10
. . .
23
/g-mol.
. . .. .
quantidade (v 0 + vE) sao feitas. para mudan9as de carga na gota, o maior divisor A massa de um íon de hidrogCnio individual, usua!mente chamada de próton, é
comum, designado por (v 0 + v.E) 0 , deve corresponder ao valor da carga eletr0nica,
indicado temporariamente por e 1 , de modo-que MH = (1,67239 ± 0,00004) X 10-2 • g,

'
1
= 4,r3 (9~)
2
8 2
' [ 1 ]
g(p - p')
1 2
' (v, + VE)o
E v,
112
· (2.13)
e a razao entre a massa do próton e a do elétron é

MH/m = 1836,12 ± Q,02.


Millikan descobriu que o valor de e 1 era constante para gotas grandes, mas aumen- Estes valores estabelecidos para e /m e m sao corre tos desde que as velocidades
ta va a medida que as gotas diminuíam. Estudos cuidadosos entao mostraram que a das partículas sejam muito pequenas comparadas com a velocidade da luz. Será
lei de Stok,s·na forma de Eq. (2.9a) nao é válida para a queda livre de gotas muito visto no Capítulo 6 que a massa do elétron aumenta coro sua velocidade; o valor
pequenas. E necessário entiio neste caso substituir a Eq. (2.9a) por dado acima para a massa do elétron é chamado de massa de repouso e é usualmente
representado por mo.

+ -pab) '
2
Vg = -2 -ga (p - p') ( 1 2._S Raios positivos. O fato de serem produzidos raios consistindo de partícu-
9 ~ las negativamente carregadas num tubo de descargas de gás. sugeria que raios de
partículas positivamente carregadas também eram formad.os. Raios <leste tipo foram
onde p é a pres5ao do ar, a é novamente o raio da gota, e b é urna constante descobertos por Goldstein (1886), que observou que, quando o catado de um tubo
determinada experimentalmente. A carga eletrónica é dada entfio pela expressfio: de descargas efa perfurado por pequenos huracos, pontos de luz apareciam atrás
J
l ÁTOMOS, ELÉTRONS E RADIACOES 27
26 FISICA NUCLEAR 1
1
o rádio. Descobriu-~e que a atividade do rádio medida pela intensidade dos raios
dele. Ele concluiu que a luminosidade era causada pJ ra_iosique se moviam em emitidos era de maii de um miJh§.o de vezes a do urflnio.
dire~ao contrária as dos raios catódicos e passavam atrav~s 4os furos no cat~d~.
Estes raios, que eram chamados de raios canal, eram desviadós por campos elet!1-
cos e magnéticos, e a partir das dire!róes das deflexóes coitcluiu-s: que :les cons:s-
tiam de partículas positivamente carregadas. Tal resultado deu ongem a expressao. t
geralmente mais usada de raios positivos. . _ Placa
Como no caso dos raios catódicos, foi possível medir a veloc1dade e razao
carga-massa das partículas dos raios positivos, por m~io de deflexóes em campo_s
elétricos e magnéticos. Os resultados eram um tanto diferentes daqueles das part1-
culas dos raios catódicos. Tanto as velocidades como os valores e /m encontrados
eram bem menores que aquel es dos elétrons. O valor de e /m dependia d~ p_eso
atómico do gás no tubo de descarga, e decrescia com o aumento no peso atom1co.
O maior valor de e /m foi obtido para o hidrogénio e estava muito próximo do valor
obtido na eletrólise. Estes resultados sugeriam que os raios positivos eram fei~es de
íons positivos produzidos pela ioniza9§.o dos átomos e moléculas ~o intenso camp_o
elétrico do tubo de descarga. O íon positivo é formado pela remo9ao de um ou ma1s
elétrons do átomo neutro, e a massa do íon é praticamente a mesma que a do
átomo. Portante, qualquer medida da massa das partículas dos raios positivos deve-
ria fornecer informa9§.o dire_ta sobre as mass~s de átomos de elem~ntos º'! massas
de moléculas de compostos. Além disso, esta informa9§.o se refena aos atomos e
moléculas individualmente em vez de dar um valor médio para um grande número
de partículas. É por esta r~zao que a medida precisa das massas das part!culas dos
raios positivos é de grande importancia na física moderna. De fato, me~1da~ deste Fig. 2.S As tres radia~Oes dos materiaIB radioativos e suas trajetórias num campo magnético
tipo. resultaram na demonstra9§.o da existéncia de isótopos e na determma9ao dos perpendiculé:lr ao plano do diagrama (esquemático). ·-... __
pesos isotópicos. -:_ -.
O tema dos ,raios positivos vai ser tratado ero maior detalhe no Capítulo 9,
relacionado com 'a determina9ao das massas isotópicas e abundfli:tcias. Pode ser mostrado, por meio de experiéntias em campos magnéticos;--que éxis-
tem trés tipos de radia9óes vindas das substancias radioativas que ocorrem~ natu-
2.6 Raios X. Em 1895, Roentgen descobriu os raios X, que sao produzidos ralmente. Nestas experiencias, um feixe colimado de raios é .fomecido por um pe-
quando um feixe de raios catódicos atinge um alvo sólido. Descobriu que o funcio- queno peda90 de material radioativo colocado no fundo de um longo canal num
namento de um tubo de raios catódicos produzia fluorescéncia num anteparo co- bloco de chumbo, como mostrado na Figura 2.5. Urna chapa fotográfica é colocada
berto com cianeto de bário e platina, colocado a alguma distancia do iubo. O efeito a alguma distancia acima do bloco de chumbo, e o ar é ·bombeado para fora da
foi atribuído a radia9áo vinda das paredes· do tubo de raios catódicos. Estudando ca.mara. U m campo magnético frac o é aplicado em flngulo reto com o plano do
este novo tipo de radia9áo, Roentgen percebeu que, se materiai~ oi¡,acC?s ~ h.~_z eram diagrama, dirigido do leitor para o papel. Quando a chapa é revelada, duas manchas
colocados entre o tubo e o anteparo, a intensidade da fluorescencia d1mmma,_ mas distintas sáo encontradas, urna na linha diretamente acima do canal no bloco de
nao desaparecía, .mostrando que os raios X podem atravessar substancias que sao chumbo, e urna defletida para a direita. O ponto náo desviado é causado por raios
a
opacas luz ordináriá) Também descobriu-se que a radia9io- X pode escurecer neutros chamados de raios -y; o ponto a direita é causad() por partículas negativa-
qualquer placa fotográfica e produzir ionizac;iio em. qual~uer gás através do q~al mente carregadas, chamadas de raios /3. Se o campo magnético fraco é substituído
passe; esta última propriedade é usada para me~Ir a mtens1da?e da rad1a9a_?. ·por um campo forte na mesma dire98.o, a rilaDcha náo desviada é encontrada nova-
Descobriu-se que estes raios X se propagavam em hnha reta a partir da fonte_ e nao mente, mas agora com urna mancha desviada para a esquerda; esta última é causada
podiam ser desViados por campos elétricos e magnéticos, do que se conclum ~ue por partículas carregadas positivamente chamadas de raios a. No campo forte, a
eles nao eram partículas carregadas. Trabalhos posteriores mostraram que os ra1os trajetória dos raios /3 é desviada tanto que ela nao .alcan9a a chapa. A necessidade
X podem ser refletidos, refratados e difratados, existindo evidéncia convinc~nte de de um forte campo indica que a massa das partíctilas carregadas positivamente é
que estes raios sáo radia9ao eletromagnética como a luz, mas de um compnmento muito maior que a das partículas carregadas negativamente. As diferentes proprie-
de onda muito menor. . ,_ . dades elétricas das radia9óes sao mostradas esquematicamente na Figura 2.5.
Os raios X se· tornaram urna valiosa ferramenta na pesqmsa atom1ca, e urna Mostrou-se que todas as trés radia9óes nao sáo emitidas simultaneamente por
grahde sarria de informa96es a respeito da estrutura atómica fo__i obtida dos estudo,s todas as substancias radioativas. Alguns elementos emitem raios a. outros emitem
de espalhamento e absor9ao de rai9s X por átomos, como sera mostrado no· Capi- raios /3, enguanto que os raios 'Y acompanham algumas vezes um e algumas vezes o
tulo 4. outro.. A atividade de um dado material náo é afetada por qualquer processo quí-
mico ou físico simples, como a mudan9a na temperatura ou combina~o com subs-
2. 7 Radioalividade: raios alfa, beta. e gama. Em 1896, Becquerel descobriu que tancias nao radioativas. Estes resultados juntamente com a demonstra9áo de Mme .
. cristais de sal de urflnio emitiam raios que eram semelhantes aos raios X; pelo fato Curie de que a atividade de qualquer sal -de urflnio é diretamente proporcional a
de que eram altamente penetrantes, podiam afetar urna chapa· fotog~áfica. e indu- quantidade de _urflnio no sal mostraram que a radioatividade é um fenómeno ató-
ziam condutividade elétrica em gases. A descoberta de Becquerel fm segmda pela mico.
identifica9§.o pelos Curies O 898) de dois outros elementos radioativ'os, o polónio e

J
n.:m,A NUGLEAR

Os raios /3, sendo partículas negativamente carregadas, podem ser desviados


em campos elétricos e magnéticos, e foram medidas suas velocidades e valores de
e/m. Os resultados, apesar de serem um tanto mais complicados que no caso dos
1
1
raios catódicos, mostraram que os raios /3 consistem de elétrolls que se movem
rapidamente e que diferem dos raios catódicos somente na velocidade. Viu-se que
l os raios f3 vindos do rádio tinham velocidades de até uns poucos por cento menos
que a da luz, enguanto que os raios catódicos usualmente tero velocidades conside-
. ravelmente menores que a velocidade da luz. Os valores de e /m das partículas /3
eram da mesma ordern de grandeza que os das partículas dos raíos catódicos, mas
diminuíam com a crescente velocidade das partículas. Antes mesmo da experiencia
da gota de óleo de Millikan, considerava~se que a carga elétrica é de natureza ató-
mica e náo deveria variar com a velocidade, e se concluiu portanto que a massa de
uma partícula f3 aumenta com a velocidade quando a partícula está se movendo. O
valor de e/m.para as partículas f3 mais lentas era quase identico ao obtido para as
partículas dos raios catódicos. Os raios {3 sáo muito mais penetrantes que os raios
a, sendo capazes de passar através de um milímetro de alumínio, enquanto que os
ra.ios a sáo completamente barrados por 0,006 cm de aluminio ou por urna simples
folha de papel. A densidade de ionizac;ao produzida num gás pelos raios f3 é muito
menos intensa, entretanto, que a produzida pelos raios a ..
'Os raios alfa, devido a sua carga elétrica positiva, podem ser detletidos por
campos elétricos e magnéticos, e suas velocidades e valores de e/m podem ser
determinados da maneira usual. As velocidades variam de 1,4 x 10' até 2,2 x 10'
cm/s, ou menos de 1/10 da velocidade da luz. O valor de e/m é próximo de 4820
emu/g . = 1,45 x 10" esu/g, ou exatamente metade do valor, 2,87 x 1014 esu/g, para
um únic<> íon de hidrogenio carregado. É evidente que; se a partícula a. tivesse~a
mé8rñ8 cafg8'Qtie um íon univaJente de hidrogenio, sua massa Seria o dobro que a
de um íon ou átomo de hidrogenio. Se a partícula a carregasse urna carga duas
-Viezés maior Que a do íon de hidrogenio, sua massa seria quatro vezes maior e
·corresponderla aproximadamente a do átomo de hélio, que tem um peso atómico de
4 unidades. A naiureza exata da partícula nao podia ser determinada enguanto sua
cargá' ou s\Ja massa pudessem ser medidas separadamente, Rutheiford mostrou,
nurna engenhosa experiencia, que, quando urna.substáncia radioativa emite raios a,
é produzido hélío. Uma pequena quantidade de radónio, nm elemento radioativo
gasoso, foi selada num pequeno tubo de vidro com paredes extremamente finas, tao
finas que os raios a emitidos podiam passar através delas para um tubo de vidro
externo, enguanto que o radónio era mantido dentro., O tubo externo era provido de
eletrodos, e o espectro produzido pela passagem de uma descarga era observado a
intervalos regulares. Após alguns dias, descobriu-se que apareceram as linhas es-
pectrais do hélio; experiencias de controle mostraram que o gás de hélio comum
nao podia penetrar neste tubo de paredes finas, provando que o hélio era produzido
pelos raios a. Assim, as partículas rx devem ser íons de hélio e, como sua massa é 4
vezes maior que a do íon de hidrogenio, a carga numa partícula a deve ser o dobro
-da-carga de unf íon univalente de hidrogénio. A partícula a é, portanto, um átomo
de hélio duplamente ionizado.
A carga de urna partícula a foi também determinada separadamente contando-
se o número de partículas a emitidas num intervalo conhecido de tempo, de um
peso conhecído de material radioativo, e ao mesmo tempo medindo a carga positiva
total emitida. Será mostrado na próxima se,;ao que foram imaginados métodos para
contar partícul~ a indivíduaís. Duas experiéncias independentes, nas quais diferen-
tes métodos de contagem foram usados, deram 9,3 x 10- 10 esu e 9,58 x 10- 10 esu,
respectivamente, para a carga da partícula a, e estes valores sao muito próximos do
dobro da carga eletrónica. ./
Os raios y, que náo eram desviados por campos elétricos ou magnéticos, foram
identificados como seudo ondas eletrornagnétícas, e portante de natureza similar a
luz e aos raios X. Os raios -y sao cerca de 10 a 100 vezes mais penetrantes que os
ÁTOMOS, ELÉTRONS E RADIACOES 31
30 FíSJCA NUCLEAR
Refletor de luz
para contar partículas a na presen9a de outras radia9óes, porque a tela de sulfeto de Condutor de luz
zinco é comparativamente insensíveI aos raios /3 e -y.
O contador de cintila9óes visual tema desvantagem de que os flashes sao um Tubo Sistema de
tanto fracos e só podem ser vistos numa sala escura; além disso, a contagem viSual Radia93.o contagem eletrónico
fotomultiplicador
é limitada fisiologicamente a cerca de 60 cintilai;Oes/min e é tediosa. Apesar de
tudo, o método foi usado em muitas das experiencias básicas da fisica nuclear entre 1
1908 e cerca de 1935, quando foi substituido por métodos elétricos. Fó.sforo
A partir de 1947, o uso de contadores de cintilai;ao renasceu e foi muito am-
pliado por causa da descoberta de novas fósforos que sao também sensíveis aos
raios /3 e 'Y, e o desenvolvimento de tubos fotomultiplicadores muito eficientes. Os Fome de
fósforos incluem: sais orgftnicos, em primeiro Jugar os baletas alcalinos, contendo alta tensa.o
pequenas quantidades de impurezas como ativadores para luminescéncia, por
exemplo, iodeto de sódio ou potássio ativado com tálio; materiais orgftuicos crista-
linos como a naftalina, antraceno e stilbeno; e soluc;óes de compostos organicos Fig. 2.7 Diagrama esquemático de um detector de cintila9ao.
como terphenyl dissolvido em xileno. O tubo fotomultiplicador, que substituí o mi-
croscópio e o observador, con verte as cintilac;óes do fósforo em impulsos elétricos
amplificados, que podem ser contados ou analisados de outra maneira, como equi- ✓ Isolante
pamento eletrónico conveniente. O moderno contador de cintilac;óes pode detectar
muitos milhóes de flashes por segundo e pode ser usado com radiac;óes intensas.
Caixa
U m diagrama esquemático de um tubo fotomultiplicador é mostrado na Figura
2.6. A luz vinda do fósforo atinge o catado, que é usualmente feito de antimónio ou
césio, e liberta elétrons (efeito fotoelétrico). O tubo tem diversos eletrodos chama-
dos dinodos aos quais sao aplicados potenciais progressivamente maiores. Os foto- , '
elétrOQS sao acelerados num campo eletrostático entre o catado e o primeiro di- ,, ''
nodo, g·ue está num potencial positivo em rela!r§.O ao do catado, e atingem o dinodo. A
,
B
'
B' ,1'
(
-c¡.200 V +400v +600v +soov +1000 V
Trajetória dos elétrons A.nodo

Catodo........,
'\ Fig•. 2.8 Diagrama de um eletroscópio de raios ··a.
¡
''' /
/ ' '' /
/
!,.,
' /
'' ' /

i
amostra de substancia radioativa emite um número definido de raios a, f3 ou y por
unidad.e de tempo. O número de íons que estes raios podem produzir no ar ou em
outro gás a urna dada pressao e temperatura, é diretamente proporcional ao número
í de partículas. Portanto, a quantidade de ionizac;ao é urna medida direta da quanti-
+IOOv
- - +300v +soov '
+700v +900v •i dade de subst.1ncia radio~tiva. Um dos primeiros e mais simples instrumentos usa-
Dinodo dos nos trabalhos com radioatividade foi o eletroscópio, do qual um exemplo está

Fig. 2.6 Tubo fotomultiplicador (esquemático).


' 1 mostrado na Figura 2.8. Este instrumeiito é um condensador, do qual um dos ele-
mentos é o invólucro externo; o outro elemento termina num par de folhas de ouro.
Quando os dois elementos sao ligados a urna batería, eles se tomam carregados
com sinais opostos e as folhas de ouro (A e A') se separam por causa da repulsa.o
Os elétrons acelerados fomecem energía suficiente aos elétrons do dinodo para li- eletrostática entre cargas iguais. Se a bateria é removida, e o_gás do condensador é
bertar alguns deles. Pode haver até dez elétrons secundários para cada elétron que ionizado pela substftncia radioativa, íons gasosos se encaminham para os elementos
atinge o dinodo. O processo é repetido, e a corrente de elétrons amplificada a me- carregados com sinais opostos no condensador. A carga total nos elementos e a
dida que os elétrons sao acelerados de dinodo a dinodo. A corrente de saída ou diferenc;a de potencial entre eles diminuem, e as folhas caem para a posic;§.o B, B'.
impulso, no anodo pode ser mais de um milh§.o de vezes maior que a corr;nte A velocidade de queda das folhas de ouro é a medida da razáo com que o gás na
originalmente emitida do catado. Cada partícula incidente sobre o fósforo produz cfunara é ionizado e, portanto, da intensidade da radiac;ao ionizante.
um impulso, e os impulsos alimentam um sistema eletrónico onde sao contados. Se a substancia radioativa emite-raios a, f3 e y, todos eles contribuem para a
Também foram desenvolvidos sistemas eletrónicos que medem a energia das partí- ionizac;áo, mas, como os raios a sao de longe os agentes ionizantes mais fortes, o
culas incidentes; o instrumento resultante é chamado de espectrómetro de cintila- instrumento é realmente um eletroscópio de raios a. Urn eletroscópio de raios /3 é
riio. feíto colocando-se urna lámina de alumínio de cerca de 0,01 cm de espessura sobre
Um diagrama esquemático do detector de cintilac;ao é mostrado na Figura 2. 7. o material· ativo para absorver todos os raios a:, e a ionizac;ao observada é entao
O eletroscópio. Foi mencionado que muitos dos instrumentos usados para me- causada pelos raios {3 e y. Como os raios y sao agentes ionizantes muito mais fracos
didas de radiac;ao dependem para sua operac;ao _da ionizac;ao de um gás. Urna dada
32 FISICA NUCLEAR ÁTOMOS, ELÉTRONS E RADIAl,OES 33
Isolante Eletrodo central 1l 11
\.----+--~
10
1.,,....--

--.....
1

V e R 9 / 1
1
I
1
---¡-- 1

8 '
Contador
1
'
'
proporcional 1
amara di (ioniza9ao primária
7 ioniza9ao L._ baixa) I 1
1

Fig. 2.9 Diagrama esquemático para opera~o com impulsos de urna ca.mara de gás. . l , 1
' (e)/
Contador Geiger-Mueller 1
1

6 ' : '
1' 1'

-~
1
1 1

que os raios /3, a queda das folhas é causada quase que inteiramente pelos raios /3.
• 1 1 1 ) 1
1
"'
.!1 5
'
Y1í
1 1 1
Para medir somente a atividade dos raios y, a amostra radioativa deve ser envolvida 1 1 1
1
1
por material suficiente (2 ou 3 mm de chumbo) para absorver completamente os 1 ! 1 1

7Y
raios a e /3. Algumas vezes, o eletroscópio inteiro é construído ou envolto em 4
1 1' '
1 1
chumbo, e a amostra é colocada fora do instrumento. Foram desenvolvidos eletros- 1 1 1 1
1
1
cópios que sao muito mais sensíveis que o que foi descrito. Por exemplo, o eletros- 1 1 1 1 1
3
cópfo de Lauritsen tem seu elemento móvel de fibra de quartzo coberto com urna '

---1/r! 7
1 1 1 1 1
fina Camada de metal. O movimento da fibra é observado através de um microscó- 1 1 1 1 1
1
pio com urna escala na lente. 2
1 1 1 1
1
lnstrumentoS/ ~_létricos: cámara de ionizar;iio, contador proporcional e o conta- 1 '

---- L----t
1
1 1 1 1
dor Geiger-Mueller.-- Cada um destes tres detectores está baseado na produ!,iio de 1
1
1
1 1 1
1 1 1 1
ionizac;ao num gás, e a separac;ao e coleta dos íons, por meio de um campo eletros-
tático. A diferern;a entre os tres sistemas pode ser explicada com a ajuda da Figura
2.9, que mostra urna ca.mara condutora cilíndrica contendo um eletrodo condutor
1
1
• t1-- Contador proporcionat____...¡
(ioniza9ao pfmária alta). · t ¡ 1 1

¡
central localizado no eixo da ca.mara, e isolado dela. A ca.mara é enchida com um o
gás na pressao de urna atmosfera ou menos. Urna voltagem V é aplicada entre a V¡ V2 V'3 v, V4
-
v,
parede e o eletrodo central através da resistencia R em paralelo com o capacitar C;
o condutor central está num potencial elétrico positivo em relac;ao ao da parede da
ca.mara.
Supernos que alguma ionizac;ao ocorra no gás por causa da passagem de urna -2
partícula carregada. Cada par de íons consiste de um íon positivo e um elétron, e
queremos saber, para urna dada ioniza93,o, quantos pares de íons sao coletados, ou 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
quantos elétrons alcanc;am o eletrodo central a medida que se varia a voltagem
Voltagem (V)
aplicada. Para tomar a discussao menos abstrata, consideramos primeiramente que
10 pares de íons sao formados, correspondendo a curva a da Figura 2.10, onde
curvas do total de íons coletados sao colocadas num gráfico em fun93,o da voltagem
aplicada. Por conveniencia, o logaritmo na base 10 do núme"fo de pares de íons n foi
!td·!~ feu7a~ da _coleta total _de íons versus ?- voltagem aplicada para ilustrar as regióes de
·a I:' , _omza9ao, proporcional, e de Ge1ger-Mueller-de instrumentos de detecc;ao de
radl ~ao e1etncos.
usado como ordenada. A discussao está baseada na que foi feíta por Wilkinson
(veja referencias gerais no final do capítulo). Se nao existe voltagem entre os ele-
trodos, os íons va.o se recombinar, e nenhuma carga vai aparecer no capacitar. A
medida que a voltagem aumenta, digamos, a alguns volts, aparece urna competic;ao
entre a perda de pares de íons por recombinac;ao e a retirada dos íons pelo recolhi-
1~ 'p~re: de ídons colet~~os é in_?ependente da voltagem aplicada e a curva é horizon-
e c ama a de regwo de camara de ionizar;iio.
mento nos eletrodos. Alguns elétrons, menos de 10, va.o alcanc;ar o eletrodo central. d Q~and~o a voltagem é aumentada acima de V 2 , n aumenta acima de I O por causa
A urna voltagem V 1 de l O volts tal vez, a perda de elétrons por recombinac;3.o se
toma negligenciável. e 10 elétrons alcanc;am o eletrodo central; lag n alcanc;a o e~t~::~~ºe~eno cham~do. de _m~ltip~car;iio ?ªsosa ou amplificw;iio gasosa. Os
. . _ d.a?os na pnme1ra 10mza930 adqmrem energia suficiente para produzir
valor unitário. A medida que V cresce, n permanece constante em 10 até que a mmz~c;ao a 1c10nal quando colidem com moléculas de gás e n cresce quase expo-
voltagem V 2 é alcanc;ada, podendo ser algumas dezenas ou centenas de volts, de- ne,ncialmente com V._ Cada elétron adicional produz urna ;equena "avalanche" de
pendendo das condic;óes da experiencia. A regia.o entre V 1 e V 2 , na qual o número eletron s , senda a mamr parte destes elétrons secundários liberada próximo ao ele-

j .
)~~

.
:,,i
34 FISJCA NUCLEAR ÁTOMOS, ELÉTRONS E RADIACúES
,~e '·t· 35
lnvólucro Eletrodo de
trocla central. Se 100 pares de íons sao formados inicialmente, resulta a curva b; ela alta tensa.o Isolante de
é paralela a curva a na regia.o da cámara de ioniza~ao e está separada dela por urna alta tensa.o
unidade na escala de lag n. O comportamento das duas curvas acíma de V! é inte-
ressante. Para urna regia.o de voltagens até V 3, cada elétron age independentemente 1
e provoca sua própria avalanche, nao senda afetada pela presern;a dos outros elé- Voltagem

----
trons. Os 100 elétrons iniciais sempre causam 10 vezes mais elétrons ao final do que coletora
os 10 elétrons iniciais, e as curvas a e b continuam paralelas, com a diferem;a de Eletrodo
urna unidade na escala de lag n entre elas. Entre V 2 e V 3 , o número de pares de íons coletor l Terra
coletados é entáo proporcional a ioniza~ao inicial. Esta é a regiao de operw;iio de
contagem proporcional.
Acima de V 3, o efeito de multiplica9áo do gás continua a aumentar muito rapi- Isolante de baixa tensa.o
damente e, a medida que mais elétrons produzem avalanches, os últimos come9am
a interagir uns com os outros; a carga espacial de íons positivos de urna avalanche
Para o eletrómetro
inibe o desenvolvimento da próxima avalanche. A descarga de 100 elétrons iniciais
é afetada antes que a de 10 elétrons iniciais, e aumenta menos rapidamente que esta
última; as curvas a e b se aproximam urna da outra e eventualmente se encontram
em V 4 • A regiáo entre V 3 e V 4 é a regiao de proporcionalidade limitada. Acima de
V 4 , a carga coletada se torna independente da ioniza9áo que a inicia, e as curvas a e Fig. 2.11 Diagrama esquemático de urna ca . . -
b se tornam identicas. A multiplica9áo gasosa aumenta o número total de íons até press'? com permissiio de W J Pric N l mara d~ I?n1za~ao com placas paralelas. ( Reim-
um valor que é limitado pelas características da ca.mara e do circuito externo. A . . . e, ucear Radtallon Detection. McGraw-Hill, 1958.)
regia.o acima de V 4 é a regia.o de ope-ra~iio do contador Geiger-Mueller. Ela termina
numa voltagem V 5 onde a descarga tende a se propagar indefinidamente por si
mesma; V 5 matea o fim da escala útil de voltagem, a regia.o acima senda a de des-
carga Contínua.
Se a ioniza9áo inicial é grande, digamos, 105 pares de íons, obtém-se a curva c. //
Catado lvidro
Ela é similar as ctirV_a_s a e b, e paralela a elas entre V2 e V' a; a regiáo de contagem
proporcional termina mais cedo, em V' 3 em vez de em V 3. Assim, a extensa.o da- /11-+---o
quela regiao depende da ionizai;ao inicial.
Como resultado do comportamento dos íons do gás Ílo campo eletrostático, Fig. 2,12 Diagrama de um tubo contador de Geiger-Mueller.
.tres instrumentos de detec9áo foram desenvolvidos.
1. A cámara de ioniza~áo, que opera em voltagens entre V 1 e V 2, é caracteri-
zada pelo completo recolhimento, sem amplifica~ao gasosa, de todos os elétrons contador G- M usualmente consiste de um fi fi -
inicialmente liberados pela passagem da partícula. Em certas condi~pes, ela vai dar tado ao longo do eixo do tubo que co t' ~o mo (por ex~mpio, tungsténio) mon-
um impulso proporcional ao número destes elétrons. A Figura 2.9 é um diagrama de Hg., O tubo pode ser um metal co~:m gas a urna pres~~º de,cerca de 2 á 10 cm
esquemático de urna ca.mara que poderia ser usada corno urna ca.mara de ioniza9áo dentro de um tubo de vidro como p· o cobre, ou um czlmdro de metal colocado
º;J'ª
entre 10 volts e 200 volts aproximadamente. Os números na Figura 2.9 seriam
apropriados para um coritador com um cilindro externo de 1 cm de raio, com urn
eleirodo central de fío de 0,01 cm de raio, e cheio de gás a urna pressao de alguns
800 e 2000 volts, é aplicada para t~mar
Foram desenhados contadore
o:
10% de álcool etílico é apropriada ntn:fd12.12; mistura de 90% de argónio e
~renca e potencial, que pode ser entre
. u o negativo em rela9áo ao fio.
centímetros de Hg (por exemplo, argónio a urna pressao de cerca de 6 cm de Hg, assim como de raios X Na 'o s Gde1ger-Mu.eller para a medida de raios " /3 e 'Y
J.' rma escnta eles s- d · • ' '
ra10s /3 e 'Y, em parte devido a dificuld d d. f ao usa os p~nc1palmente para
• •
coro um pouco de álcool). O comprimento do contador seria cerca de 1O cm.
Os eletrodos de urna ca.mara de ionizá!;áo também podem ser placas paralelas.
Um diagrama esquemático-de um instrumento <leste tipo é mostrado na Figura 2.11.
mente finas para sereffi atravessadas a:
Mueller foi primeiramente usado por
i!·
K :;:s
th
e azer t~bo~ ~om Janelas suficiente-
aª· O prmc1p10 do contador Geiger-
2. O contador prÓporcional, que opera na regiáo de voltagens de V 2 a V3 , tículas a, com o obietivo de dete . u e ar e Geiger em 1908 para contar par-
caracteriza-se pela multiplica9áo gasosa independentemente do número de elétrons . ~ nmnar sua carga O · -t
o contador Ge1ger de ponta é mo · . ms rumento que eles usaram,
iniciais. Portanto, apesar da multiplica9á.o gasosa ser utilizada, o impulso é sempre trumentos parecidos com el~ aind sti:_ado e~quemattcamente na Figura 2.13. e ins-
proporcional -a ioniza!,.áo inicial. O uso deste contador permite tanto a contagem uma poma fina. e regular p no fina~ ~ao usafi o~para detectar partículas a. Ele tem
como a determina!;áo da energía das partículas que náo produzem íons suficientes um pino isolante. O tubo contém ares~~ i_o mo :uportado ?~ntro do tubo T por
para fornecer um impulso detectável na regiao de V, a V2 • O contador proporcional, entram através de urna janela fina W a pressao atmosfenca, e as partículas
entretanto, oferece vantagens para medidas de impulsos. do tipo de radia9óes beta, contador é similar a de um contad . ~~s outros aspectos, a opera98.o deste tubo
aplica9á.o para as quais as camaras de ioniza!;áo náo sáo suficientemente sensíveis. urna substancia radioativa quando or d"d iger-Mueller. Comparando a atividade de
3. O contador Geiger~Mueller, também conhecido como contador Geiger, ou urna teia·de sulfeto de zinco Ruth m~ id a por !-lm contador Geiger de ponta e com
G-M, que opera na regiáo de voltagem entre V 4 a V 5 , caracteriza-se pelo espalha- que atinge a tela causa urna ~int"I : or e Ge1ger mostraram que cada partícula a
mento da descarga através do comprimento inteiro do contador, resultando num medidas quantitativas. i a9ao, um fato que aumenta a utilidade da tela para
tamanho de pulso independente da ioniza9ao inicial. Ele é especialmente útil para a
contagem de partículas pouc~o ionizantes como as partículas {3 ou os raids 'Y· O Nos instrumentos elétricos discutidos. urna partícul~ causa urna pequena ioni-

j (
ATOMOS, ELÉTRONS E RADIACOES 37

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36 FÍSICA NUCLEAR

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Janela fina
Cilindro metálico Para o
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amplificador
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Fig. 2.13 Diagrama de um contador Geiger de ponta. 1


za~ao. Os íons, tanto multiplicados em número como nao, sao coletados e produ- Fig. 2.14 Urna ca.mara de expansao de nuvens simples.
zem um impulso de voltagem que pode ser tiio pequeno quanto 10 microvolts. Um
amplificador de impulsos eletrónicos recebe estas pequenas voltagens e as amplifica
a um nível usualmente na faixa de 5 a 50 volts. Os impulsos de tensao amplificados por urna janela de vidro W e na outra extremidade por um pista.o de metal P para
devem entao ser contados de alguma maneira para que sua freqüéncia possa ser formar a cámara. Urna pequena quantidade de água na ca.mara conserva o ar satu~
medida. Para freqüéncias muito pequenas (menos de urna por segundo), os impul- rado. Quando O pista.o é puxado para baixo, o ar se torna supersatu~ad? _como
sos podem ser usados para operar um registrador que usa relés. Para freqüéncias descrito acima e, na presen9a de radia~o ionizante, sao formad~s traJetonas de
grandes, dispositivos mecanicos ou falham completamente ou perdem muitas con- neblina. As trajetórias podem ser iluminadas pela luz L ~o lado, e v~stas ou fotogra-
tagens. A resposta de urna cámara de ioniza9a,o pode se tomar tao rápida que partí- fadas através dajanela. Os íons podem entao ser remov1doS por me10 _d~ um _c~mpo
~ulas chegando a intervalos de 10-4 s· ou menos podem ser detectadas e a contagem . elétrico entre o-pistao e o anel de metal R. O pis~o ~etorna a sua pos19ao ongmal e
déve entao· ser muito eficiente. Urna unidade de escala, ou scaler, é um dispositivo a cfunara está pronta para urna outra dose de radia9ao.
elétrico que se~eciona precisamente cada n-ésimo impulso e o envia para um regis- A cámara de nuvens de Wilson torna possível e,studar o ~011~po~a11?ento dos
trador. Urna rázao de escala é geralmente urna potencia de 2 ou 1O e freqüencias de átomos individualmente e fotografar as trajetórias reais das radia!roes 1omzantes, e
cont_agem muito altas podem ser conseguidas com a ajuda de um divisor. O número analisar posteriormente as complicadas intera~óes ~ue pod:m ter lugar entre_ a_s
de impulsos indicados no contador por unidade de tempo, multiplicado pelo fator de partículas carregadas e os átomos. Muitas modifica9oes da c~ara de nuvens ong1-
escala apropriado, dá o número de partículits a entrando, por unidade de tempo, no nal foram feitas. Por exemplo, a fim de obter um grande _numero de fotografi~s,
espa!rO entre os eletrodos na ca.mara de ioniza98.o. Outros dispositivos eletrónicos foram feitas montagens automáticas de modo que a expansao pudesse ser repetida
sao também acessíveis para medir a magnitude do impulso, que dá a energía por rapidamente e fotografias pudessem ser tiradas continuame~te num fi~e. Se duas
partícula incidente. Assim, geralmente se deseja nao somente registrar a ocorrencia figuras est'ereoscópicas sao tiradas simultaneamente, o cammho da partícula no es-
de um impulso, mas também selecionar os impulsos de acordo com seu tamanho pa90 pode ser recon.struído.
(por meio de um circuito discriminador) ou selecioná-los de acordo com os interva-
los de tempo durante os quais eles chegam (por meio de circuito eletrónico que
mede tempos). O detector entao forma parte de um circuito com instrumenta!riío
eletrónica apropriada. Detectores de cinti1a98.o, é claro, também precisam de ins-
trumentafr8.0 eletrónica.
A cámara de nuvens. Um dos instrumentos mais importantes para pesquisa
básica em radiafróes é a cámara de nuvens. Este instrumento, primeiramente usado
em 1912, é baseado na descoberta de C. T. R. Wilson (1897) de que íons agem
como núcleos para a condensa9ao de vapor d'água supers·aturado. Existem dois
tipos de ca.mara de nuvens diferindo no método usado para se obter a supersatura-
~o. Na ca.mara de expansao, 4 o gás, saturado com vapor, é abrigado a se expandir
pelo movimento rápido de um pista.o. A expansiio é adiabática e diminui a tempera-
tura. O esfriamento é mais do que suficiente para superar o efeito de aumento do
volume, e o ar se torna supersaturado com vapor de água. Se um raio ionizante
entra na ca.mara, os íons formados agem como núcleos de condensa9ao do vapor, e Fig. 2.15 Trajetórias de partículas a no ar. A foto~a de cima most_ra ~f!lª trajetória com;
o caminho do raio aparece como urna fina trajetória de neblina. Na maior parte das leta· a fotografia debaixo é urna amplia91io da por9ao final de urna traJetona mostrando dua
cámaras de expansao, a mistura gás-vapor é de ar com água, ou argónio com álcool P '
deflexóes causadas por colisóes com átomos do ar. [Re1mpresso
· com permissao
. de Ruther-
. .
etílico, a pressao atmosférica. ford, Chadwick, e Ellis, Radiations from Radioactive Substances. Cambndge Umverslty
Um diagrama simplificado para indicar o princípio da cámara de expansao é Press (Macmillan Co.), 1930.J
mostrado na Figura 2.14. Um .cilindro de vidro C é fechado numa das extremidades
ÁTOMOS, ELÉTRONS E RADIACOES 39
38 FISICA NUCLEAR
brometo de prata sensibilizados. Foram desenvolvidas emulsóes fotográficas espe-
Quando urna cámara de nuvens e, co 1ocad a e~ t:e os Pólos de um·vamente eletroíma.Daé ciais chamadas emulsóes nucleares. Distinguem-se das emulsóes áticas pelo seu
possível distinguir entre partículas carregadas pos1t_1~amente. e t~gat1 r a e o ~alar grande conteúdo de brometo de prata, que pode ser até quatro vezes maior que nas
curvatura da trajetória da partícula no cam~o magnet1co, o sma ª ca g chapas fotográficas, no tamanho dos graos, e na espessura da emulsiio. Como a
do momento da partícula podem ser determmad~s. . , . . , u- ca.mara de nuvens, a chapa fotográfica, depois de revelada, registra a trajetória da
Diferentes partículas produzem diferentes tipos de traJetonas. Assdtm, parttc partícula, e urna variedade de informa~óes pode ser obtida delas. A contagem indi-
, 1as a: pro d u_z~m rm has rto
las pesadas e lentas corno as pa~1cu retasdolargas.
final daensas, com
trajetória. vidual destas trajetórias nos dá a medida do número de partículas entrando na
desvios abruptos, de pequenos angulas, especia ment: pe . en uan·o chapa, e o estudo detalhado da sua esfrutura fomece infonna98.o sobre a massa,
Elétrons lentos produzem trajetórias tortuosas, estre1~as e c~fajI~t~~:::•reta~ e ~-s- carga e energia d¡is partículas. A ernulsiio fotográfica oferece vantagens sobre a
que partículas rápidas, tanto leves como pesadas, pro uz~ 2 15 A fotografia ca.mara de nuvens no fato de que a emuls8.o é sólida, de tal maneira que as trajetó-
treitas. Trajetórias de partículas a no ar sao mostrad_as lna ~gu;:dÓni~· a fotografia rias sao curtas, e sua sensibilidade é permanente em vez de restrita a curtos interva-
superior é a de urna trajetória completa de urna p~rt~c1:1 a a o d du~s deflexóes los repetidos. Por outro lado. as expansóes da cimara de expansiio podem ser con-
inferior é urna amplia9ao da por9iio final da traJetona mostran o troladas por meio de um contador e ela pode ser montada para registrar eventos
causadas por colisóes com átomos do ar. . _ d ,_ específicos. Urna emulsiio é limitada aos elementos químicos que pode conter.
A cfimara de nuvens de difusiio 5 funciona pela d1fusao de um ~apo~ con densa Finalmente, outros instrumentos como a cámara de bolhas e o detector Ceren-
- esta, sa1urado, para urna
vel de urna regia.o quente. onde e1e nao , . on e e1e,
, . regmo fria. kov foram desenvolvidos para uso com partículas com energia muito alta (eles sao
se toma supersaturado. O vapor é geralmente álcool met1~co ou etl~~~;ogen~~ 0 : discutidos no livro de Price mencionado nas referéncias).
satisfatório como gás a pressóes de 20 cm de Hg a 4 atmos e~as, _e ~ 1 na
10-20 atmosferas. Um diagrama esquemático da cámara de d1fus~o e mostradoixo REFERÉNCIAS
F igura 2 16 o vaporé introduzido no topo, no lado quente, e se difunde paraba
· · por urna regmo_
continuamente ·- na qua¡ um grad'ient eA de temperatura
A ,. constante
de difusa.onoé GERAIS
Sentido vertical é mantido, esfriando-se o fundo da camara. camar~ ,
continuamente sensível, ao contrario , · da camara
" d e expansa.o ' que e. dsens1ve so-
d . 1nta J, D. BTRANATHAN, The "Particles" of Modero Physics. Philadelphia: Blakiston,
mente por um curto ·intervalo de tempo após a expansiio. Esta pr~pn: a e, JU - 1944.
mente- com sua simplicidade mecánica relativa, dá a_cam~ra de dtfusao v~ntage~= J. A. CROWTHER, lons, Electrons, and Ionizing. Radiations, 8th ed. London:
sobre a ca.mara de expansao. A última, entretanto, amda e usada e~ gran e_~a . Edward Arnold, 1949.
dos trabalhos impor:tantes de cámara de nuv.~ns,. por causa ~a ma1or experiencia
R. A, MrLLIKAN, Electrons (+ and -), Protons, Photons, Mesotrons, and
c6m esta e devido a'certas propriedades deseJaveis que possm. , d
Cosmic Rays. Chicago: University of Chicago Press, 1947, ·
Enlulsóes fotográficas. Urna partícula ionizante que pass~ atrav;s ~ u~a
emulsiio nurna chapa fotográfica deixa urna trilha contendo uro numero e graos e J. B. HOAG and S, A. KoRFF, Electron and Nuclear Physics, 3rd ed. New York:
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Placa metálica
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2. F. W. 8EARS 1 Mechanics, Wave .~Iotion1 and Heat. Reading, Mass.: Addison-
Wesley, 1958, Chapter 15.
Fig. 2.16 Diagrama esquemático de urna cámara de difusa.o.

l
40 FÍSICA NUCLEAR ÁTOMOS, ELÉTRONS E RADIACDES 41

3. E. R. CoHEN, K. :tvl. CnowE 1 and J. S. M. DuMOND, op. cit. gen. ref., campo elétrico constante. A rriedida que a gota capturava ou perdia íons. o tempo necessário
i p. 267; also E. R. CoHEN, J. W. M. DUMOND, J. W. LAYTON, and J. S. RoLLETT, para que ela atravessasse urna dada distancia. 0.5222 cm. mudava. Oito intervalos de tempo
"Analysis of Variance of the 1952 Data on the Atomic Constants and a New suc~ssivos foram, em segundos, 12,45, 21,5. 34,7, 85.0. 34,7, 16,0, 34,7 e 21.85. Explique, com
Adjustment," 1955. Revs. Mod. Phys. 27, 363 (1955). ~ ªJ~da da Eq. (2.8), como estes dados mostram que a carga elétrica num ion é um múltiplo
1 mterro exato de urna (!arga elementar.
4. J. G. W1LSON, The Principles of Cloud-Chamber Technique. Cambridge: 9. Urna gota de óleo de 2,76 X 10- 4 cm de raio e densidade de 0,9199 g/cm3 cai no ar a
University Press, 1951; also N. N. DAS GuPTA and S. K. GHosH, "A Report ~3°C e 76 cm de Hg. Nestas condi<;óes, a viscosidade do aré 1,832 X 10- 4 cgs e sua densidade
on the Wilson Cloud Chamber and its Applications in Physics," Revs. Mod. e 0,0012 g/cm3 • Calcule a velocidade de queda, primeiramente pela fórmula de Stokes incor-
Phys., 18, 225 (1946). reta, e depois pela fórmula corrigida; nesta última, a constante b é 0,000625 (cm) (cm Hg).
5. M. SNOWDEN, "The Diffusion Cloud Chamber" Progress in Nuclear 10. Urna medida cla carga do elétron pelo método da gota de óleo foi feita sobas seguintes
condi<;óes:
Physics, Vol. 3, O. R. Frisch, ed. London: Pergamon Press; New York: Academic distáncia entre as placas do condensador = 1,60 cm,
Press, 1953. diferen<;a de potencial entre as placas = 5085 volts,
temperatura d0 ar = 23ºC,
pressiio = 76 cm de Hg,
PROBLEMAS densidade do óleo = 0,9199 g/cm 3 ,
raio da gota de óleo= 2,76 x 10- 4 cm.
1. Tome 1 faraday como 96.500 coulomb e as valencias do cromo, cobre, índio, ferro, A velocidade de queda livre da gota foi de 0,08571 cm/s. O maior divisor comum (v + vEJo
mercúrio, níquel e prata como 6, 2, 3, 3, 2, 2, e 1, respectivamente. Mostre primeiramente que medido para a subida da gota através de urna certa distáncia escolhida foi de 0.005480 cm/s.
1 amp-h corresponde a 0,03731 equivalentes químicos. A seguir, calcule (a) o número de Calcule (a) o valor incorreto e 1 da carga do elétron, (b) o valor corrigido e.
gramas de cada elemento depositados por 1 amp-h de carga, (b) o número de coulombs de
carga necessários para depositar 1 mg de cada elemento, e (c) a carga em esu associada a 1 g
de cada elemento.
2. Numa tentativa de medir o valor da raza.o carga-massa dos raios catódicos, urna mon-
tagem de Thomson com as seguintes dimensóes foi usada:
distancia das placas do condensador a tela = 32,0 cm,
comprimento das placas = 8,0 cm,
distancia entre as placas = 2,75 cm.
Quando o potencial entre as placas era de 1100 volts e a intensidade do campo magnético era
de 12:50 gauss, os raios catódicos passaVam pelo aparelho sem serem desviados. Quando o
campo magnético fcfrdesligado, os raios foram destocados de 19,5 cm. Qual a velocidade dos
raios?.Que valor foi obtido para e/m? ·
3. Com a aparelhagem do Problema 2, o potencial entre as placas foi mudado para 1350
volts. Que campo magnético é necessário para manter o feixe sem ser desviado? Que deslo-
camento do feixe é observado quando o campo magnético é desligado?
4. Quando raios catódicos com velocidade v se movem numa dire~o perpendicular ao
campo magnético uniforme de intensidade H, suas trajetórias sáo um círculo de raio R dadO
pela rela~o Hev = mv 2 /R. Mostre que o valor de e/m pode ser obtido da equa!;áO e/m =
E/H2R, onde E/H = v. Na experiencia do Problema 2, suponha que o campo elétrico é desli-
gado, em vez do campo_ magnético. Qual é o raio da trajetória dos raios catódicos?
5. Outra medida de e/m para os raios catódicos foi feita por meio de duas experiencias.
Na primeira, os raios catódicos passam entre as placas de um condensador afastadas de 1 cm,
com um potencial de 730 volts entre elas. O efeito do campo elétrico era justamente balance-
ado por um campo magnético de 28 gauss. Na segunda experiencia, os raios eram desviados
numa trajetória de 12,00 cm de raio por um campo magnético de 12,50 gauss. Qual é a veloci-
dade dos raios? Qual é o valor obtido para e/m?
6. Em experiénciás com raios catódicos, a fonte emite freqüentemente raios com urna
vasta gama de velocidades, mas somente raios com urna velocidade particular sao desejados.
Como pode ria ser modificada a aparelhagem de Thomson para servir como filtro de velocida-
des, isto é, para permitir somente a passagem de raios com urna certa velocidade desejada?
No aparelho do Problema 2, suponha que o potencial entre as placas é fixado e que a intensi-
dade do campo magnéticlJ pode ser variada; como se poderla obter um feixe de raios mono-
energéticos coma velocidade de 2,0 x 109 cm/s?
7. Produz-se um campo elétrico uniforme, dirigido radialmente, de magnitude E, entre
placas paralelas concentricas e pouco afastadas, com se!;óes cilíndricas de raio médio R..
Mostre que a energia cinética de urna partícula de carga q, massa M e velocidade v,
movendo-se no espa!ro entre as placas é ½qER. Por que tal sistema fomece um filtro de
energias para partículas carregadas? Se o raio médio é 10 cm, que intensidade de campo é
necessária para permitir que um feixe de raios catódicos coma velocidade de 1,0 -x 109 cm/s
passe pelo filtro?
8. Numa de suas experiéncias, Millikan observou o movimento de· urna -~ota de óleo num
O ÁTOMO NUCLEAR 43

trons. Observe-se que o átomo, nesta hipótese, era como um pudim de ameixas,
com a eletricidade negativa dispersada como ameixas num caldo de eletricidade
positiva. O día.metro da esfera era suposto ser da ordem de 10-s cm, o valor desco-
berto para o tamanho de um átomo. Coro este modelo, Thomson estava apto a
3 calcular teoricamente como os átomos deveriam se comportar sob certas condii;óes,
e as previsóes teóricas podiam ser comparadas com o resultado de experiéncias.
Tomou-se claro, quando esta compara980 foi feita, que a teoria de Thomson era
inadequada; mas a falha do modelo de Thomson no caso particular do espalha-
mento de partícul<\S a provou ser mais produtiva porque conduziu ao conceito de
átomo com núcleo. O conceito é fundamental para a fisica atómica e nuclear, e o
espalhamento de partículas a vai portante ser discutido com algum detalhe.
O Átomo Nuclear Quando um feixe de raios paralelos de urna substáncia radioativa ou de um
tubo de descargas passa através de matéria, alguns dos raios sao desviados, ou
espalhados, da sua dire9ao original. O processo de espalhamento é o resultado da
interai;ao entre os raios do feixe e os átomos do material, e um cuidadoso estudo do
processo pode dar informa9óes sobre os raios, os átomos, ou sobre ambos. O espa-
lhamento de partículas a foi primeiramente demonstrado por Rutheñord, que des-
cobriu que quando um feixe de partículas a passava através de urna fenda estreita e
incidía sob~e urna chapa fotográfica, a imagem da fonda tinha bordas bem depnidas
se a experiéncia fosse feíta num recipiente com vácuo. Quando a aparelhagem con-
tinha ar, a imagem da fonda na chapa fotográfica era difusa, mostrando que alguns
dos raios tinham sido desviados do seu caminho original pelas moléculas do ar. As
partículas a eram também desviadas por um filme muito finó de matéria como urna
3.1 O átomo de Thomson. A descoberta da radioatividade, juntamente com a folha de ouro ou prata. Quando um feixe de partículas passa através de um pequeno
prova da existencia independente do elétron dada por Thomson, fomeceu um ponto furo circular e incide sobre urna tela de sulfeto de zinco, sao vistas cintila9óes sobre
de partida para as teorias sobre a estrutura atómica. O fato de que áto."?os de u~ urna área circular bem definida igual a se!;áo reta do feixe. Se urna folha muito fina
elemento radioativo se transformam em átomos de outros elementos em1tmdo part1- é colocada no caminho do feixe, a área sobre a qual as cintila9óes ocorrem se toma
culas carregadas .,positiva ou negativamente levou a idéia de que os átomos ~a.o maior e suas bordas s§.o muito menos definidas do que na ausencia da folha, mos-
, feitos de cargas positivas e negativas. Se esta idéia é carreta, a carga total negativa trand¿ novamente que algumas das partículas foram desviadas de sua dire9§.o origi-
nulll átomo deve ser um múltiplo inteiro da carga eletrónica e. urna vez que o átomo nal.
é eletricamente neutro em condiyóes nonnais, as cargas positivas e negativas O espalhamento de partículas carregadas como as partículas a pode ser des-
devem ser numericamente iguais. A emis8ao de elétrons por átomos em diversas crito quantitativamente em termos de fori;as eletrostáticas entre as partículas e as
condi~óes milito diferentes dava provas convincentes de que os elétrons devem cargas que constituem os átomos. Como os átomos contem tanto cargas positivas
existir como tal no interior dos átomos. As primeiras teorias modernas da estrutura como negativas, urna partícula a está sujeita tanto a for!;as eletrostá_ticas atrativa~
atómica eram baseadas, portanto, na hipótese de que os átomos sao feitos de _elé- como repulsivas, quando passa através de matéria. A m~gnitude e dire9§.o destas
trons e cargas positivas. Nenhuma hipótese especial sobre a natureza das cargas for~as dependem de quiio perto a partícula chega a se aproximar do centro dos
positivas podia ser feita porque as propriedades das 'partículas positivas de substan- átoinos, perto dos quais e através dos quais ela passa. Quando um certo modelo
cias radioativas e de tubos de descargas gasosos nao tinham a uniformidade mos- atómico é postulado, a extensa.o do espalhamento das partículas a pode ser calcu-
trada pelas propriedades das partículas negativas. .
Duas importantes questóes entao surgiram: (1) quantos elétrons ex1stem num
lada quantitativamente e comparada com a experiencia. No caso do átomo de
Thomson, mostrou-se que a deflexao média causada por um único áto~o deveria
átomo, e (2) como estáo arranjadas as partículas positivas e negativ~s num átomo? ser muito pequena. A deflexao média de •Urna partícula passando atraves de urna
Informa9óes sobre a primeira quest§.o foram obtidas expenmentalmente folha fma de espessU:ra t deveria ser, de acordo coma teoria de Thomson, 1
estudando-se a maneira pela qual os raios X interagem com os átomos, e este pro-
blema vai ser tratado com algum detalhe no próximo capítulo. Será suficiente, para (3.1)
o presente, afirmar que as primeiras experiéncias deste tipo indicaram que o nú-
mero de elétrons por átomo é da ordem do peso atómico. Sabia-se que a massa de onde 8 é a deflexao média causada por um único átomo, n é o número de átomos
um elétron é cerca de um duomilésimo da massa do átomo de "hidrogénio, que tem por centímetro cúbico; a é o raio do átomo em centímetros, e t é a espessura da
um peso atómico milito próximo a unidade. Portanto, a massa total dos elétrons folha em centímetros. Se o espalhador for urna folha de ouro de 4 x 10-• cm de
e
num átomo somente urna parte muito pequena da massa do átomo, e era lógico espessura, e se a é toma.do como 10-s cm, ent§.o '-Pm se toma cerca de 30 8. O
que se supusesse que praticamente a massa inteira de um átomo estava associada espalhamento de partículas a, de acordo com a teoria de Thomson, é o resultado de
com a carga positiva. um número relativamente grande de pequenas deflexóes, causadas pela ai;ao de um
Na ausencia de informa9óes sobre a maneira pela qual as cargas positivas e grandé número de átómos do material espalhador sobre urna única partícula a. Este ,1
negativas esta.o distribuídas num átomo, Thomson propós um modelo simples. Ele processo é chamado de espalhamento composto ou múltiplo.
supós que o átomo consistia de urna esfera de eletricidade positiva de densidade Numa experiéncia, é conveniente contar o número de partículas a desviadas !/
uniforme, pela qua) estava distribuída urna carga igual e oposta na forma de elé- num certo ángulo. Rutheñ0rd mostrou que N ,J,, o número de partículas a desviadas


44 FISICA NUCLEAR O ÁTOMO NUCLEAR 45

i de um angulo igual ou maior que <b deveria ser dado por Em seus primeiros cálculos, Rutherford tratou do caso de um átomo suficien-
temente pesado para que o núcleo pudesse ser considerado como permanecendo em
l N ,:, -- N o.-c•i.ml '
2
(3.2) repouso durante o processo de espalhamento. Comas hipóteses acima. o cálculo da
órbita de urna partícula a se reduz a um problema familiar de mecánica clássica, o
do movimento de urna partícula de grande energía sob a a9áo de urna forc;a repul-
onde N O é o número de partículas correspondendo a cf> = O, e 'Pm é a defle~ao média siva proporcionril ao inverso do quadrado da dist§.ncia. 5 A órbita é um ramo de
ctepois de passar pela folha. Foi descoberto experimentalmente por ~e1ger2 qu~, hipérbole com o núcleo do átomo como foco externo,* como mostra a Figura 3 .1, e
quando se usava urna folha de o uro de 4 x 1o-s cm de espessura, o angulo mat~ a fórmula para a ~eflexáo pode ser deduzida de rela96es geométricas e físicas.
provável de deflexiio de um feixe de partículas a era d~_cerca de 1°. Se e~te valor e O primeiro passo na dedu9a,o da fórmula de espalhamento de Rutherford é
usado como <bm na Eq. (3.2). po'de-se ver que a probabthdade de urna part1cula a s:r escrever algumas rela96es geométricas úteis. Na Figura 3.1, a origem do sistema de
desviada de um ángulo grande se torna muitíssimo pequena. Por exempl_o, o ~u-
mero de partículas a que deveria ser desviado de um ángulo de 100 ou ma1s sena
y
A'
N 10º = N oe -100 ~
10-•ªNo,

Geiger descobriu que o espalhamento concorda como previsto pela Eq'. (3.2)
para ángulos muito pequenos, isto é, para valores muito. pequ7nos de cJ>, ma_s o
número de partículas desviadas de :ingulos grandes era m:11to ma10r3 que º. previsto
pela teoria de Thomson. De fato, urna ero ca~a 8.000 _pa~tculas a era d;sv1ada num
angulo maior que 90º, o que mostra que um numero s1gnüicante de part1cu_las a num
feixe incidente numa folha tinha sua dire9áo tao mudada, que etas emerg1am nova-
mente no lado de incidencia. O espalhamento experimental de partículas a em ángu-
los grandes nao podia sér conciliado coro as previsóes teóricas, ~aseadas ero espa- Trajetória da
lhamentos múltiplos pór um átomo de Thomson, e era necessano buscar um mo- . partícula 0
delo melhor para o átomo.·

3.2 A teoría de Rutheñord do espalhamento de partículas alfa. Rutherford'


A
(1911) propós urna nova teoría do espalhamento de partículas a pela matéria; esta
teoria el"a baseada num novo modelo atómico e teve sucesso em descrever os resul-
tados experimentais. Rutherford sugeriu que o desvio de urna partícula a num án· Fig. 3.1 O espalhamento de urna partícula a.pelo átomo nuclear de Rutherford. ·
gulo muito grande podia ser causado por urn único encontro com um átomo, em vez
de ser causado por espalhamento múltiplo. Fotog~ras dos caminhos de partíc~las
a noma ca.mara de nuvens mostravam que as partículas ex se deslocavam frequen- coordenadas é tomada no centro da hipérbole, da qual um dOs bra9os é o caminho
temente em linha reta por urna distáncia considerável, e eram entiio desviadas. de da partícula a. O caminho inicial da partícula, quando está longe do núcleo, é ao
repente de um angulo grande. A sugestiio de Rutherford concordava com este tipo longo de AO, urna das assíntotas da hipérbole; a distancia do núcleo, situado no
de evidencia experimental. Para que um grande ángulo de espalhamento fosse pos- focO externo x = e, a linha OA é chamada de parámetro de impacto e é indicada
sível, era necessário supor que existisse uro intenso campo elétrico perto do átomo. por p. A partícula a aproximando-se do núcleo é desviada de um ángulo cj> e se
Rutherford propós um modelo simples de átomo que podia _fornecer tal C~P?• ~Je· aproxima da assíntota OA 1 • O vértice da órbita está em x = - a, enguanto que o
supós que a carga positiva do átomo, em vez de estar uniformemente d1stnbm~a segundo ramo da parábola está em x = a. A equa9lio da hipérbole é. da geometria
numa regiao do tamanho do átomo, está concentrada num pequeno centro ou nu- analítica,
cleo, e que a carga negativa está distribuída numa esfera de rai_o comparável ,a do
raio atómico. Nesse modelo, urna partícula a pode penetrar mmto perto do nucle_!)
antes que a for9a repulsiva atuando nela se tome suficientemente grande para faze- -1, (3.4)
la voltar mas entao a for9a repulsiva pode ser muito grande e resultar numa grande
deflexao'. Ao mesmo tempo, quando urna partícula a está perto do núcleo, ela e~tá
relativamente longe d~s cargas negativas, que estáo espalhadas num volume mmto onde a é o semi-eixo maior da hipérbole. Pode também ser visto, a partir da figura,
maior, de forma que aS for9as atrativas exercidas numa partícula a pelos elétrons que p 2 = c 2 - a 2 , onde p é o semi-eixo menor. A excentricidade e é definida como a
pode ser desprezada. Para efeito de cálculo, Rutherford supos que as cargas do razáo e = e/a, e o angulo entre o eixo x e a direc;ao inicial da partícula a é indicado
núcleo e das partículas a agem como cargas pontuais e que o espalhamento é cau- por 0. O ángulo de desvio cp é entao igual a 7r - 20 radianos. Agora indiquemos por
sado pela for9a eletrostática repulsiva entre o núcleo e a partícula a. Se o valor da
cárga da partícula a é2e e o do núcleo éZe, ondeZ é"um inteiro, e seré a distancia
entre as duas cargas, o valor desta fon;.a é
2Ze 2 (3.3)
F=,:.· *Esta afirma1rao é provada no Apéndice IV. onde urna segunda dedU<;iio da fórmula de espalhamento de
Rutherford é dada, contendo certos pontos de especia] interesse.
46 FÍSICA NUCLEAR 1 O ÁTOMO NUCLEAR 47
!I
¡1¡

s a distáncia do núcleo ao vértice da órbita da partícula a; o valor des é e, como q, = -rr - 20, i¡

s = e+ a= e ( 1 + ~) = c(l + cos 0). p = -b cotg-</> ·


2 2 (3.11)

A equai;iio (3 .11) é a relai;iio desejada entre o parametro de impacto e o angulo de


Além disso, e = p/sen 0, de modo que espalhamento.
É possível agora calcular a frar;ao das partículas a espalhadas-num dado angulo
p(l + cos 0) 0
1
<f.,. Suponha que o feixe de partículas a: incide perpendicularmente numa fina folha
S= ~ - - - - pcotg- · (3.5)
sen O 2 de material de espessura t, contendo n átomos por unidade de volume. Supóe-se
que a folha é tao fina que as partículas passam através dela sem nenhuma rnudanr;a
O próximo passo é descobrir urna relac;ao entre o parámetro de impacto p e o significativa na velocid3.de e que, com exce93-o de algumas poucas partículas que
ángulo de espalhamento cp, o que pode ser feito ap1icando-se as leis da conserva¡;ao sao espalhadas num angulo rnuito grande, o feixe passa perpendicularmente através
,da energia e do momento angular. De acordo com a primeira, a soma da energia da folha. Entiío, a chance de que urna partícula passe a urna distancia p de um
cinética e da energia potencial é constante. Quando a partícula a está a urna grande núcleo é
distancia do núcleo, sua energia potencial, que é inversamente proporcional a esta
distilncia, é praticamente zero. Se a velocidade da partícula a é V nesta grande
separa9iio, que é suposta como senda infinita, sua energia total é igual a energia (3.12)
cinética inicial, MV 2 /2, onde M é a massa. Esta energia deve ser igual a energia Urna partícula que se move de modo a passar a urna distancia p do núcleo é des-
total da partícula·o: quando está justamente no vértice da hipérbole. Se a velocidade viada_ de um angulo maior que q,, onde q, é dado pela Eq. (3.IJ). Portanto, a frai;iio
neste ponto é V o, entii.o do numero total de partículas ex desviadas de urn angulo maior que· q, é obtida
inserindo-se o valor dep, da Eq. (3.11), e
½MVz = 'MVzo + --¡-¡-·
2
2z,2 (3.6)
(3.13)
O segundo termo da direita representa a energía potencial da partícula a no vértice
de sua órbita, no ca:m_po elétrico do núcleo. Se a última equa~ao é dividida por Analog_a~ente, a probabilidade de deflexiio de um angulo entre q, e q, + dq, é igual a
jMV' e se urna nova quantidade b é introduzida, b = 4Ze'/MV', o resultado é probab1hdade de passar entre o raio p e p + dp, e é dada por · -.

V3
V2
= l _ ~-
s (3.7a) dq = 2,rpnt dp.
Entao,
Quando a expressiio paras da Eq. (3.5)1\ inserida na última equai;ao,

·b sen0i
(3.7b)
_dq = 2
¼-rrntb cotgJ cosec 2 Jd,t,
- p (l + cos 6)
=- -4'-rrntb 2 cos P.2 cosec 3 P.2 d--"'
Segue-se da lei da conserva93-o do momento angular que

MVp = MV 0 s, (3.8)
- ¼-rrntb 2 sen q, cosec 4 Idq,. (3.14)
ou
Nas experiencias feítas para testar a teoria, o espalhamento foi determinado
Vo p sen 0 contando-se o número de partículas a que incidiam perpendicularmente nurna_ área
e
v=s= 1+cos0' constante de urna tela de sulfeto de zinco, colocada a urna distancia R da folha. A
frar;ao de partículas a desviadas que incidem num elemento de área da tela, a urna
distancia R, é dada por
sen 2 8 1 - cos 0
(1 + cos 0) 2 l+cos0 (3.9)
2 4
dq - ntb cosec (,t,/2)
Quando este valor de (V 0 /V)' é colocado na Eq. (3.7), descobre-se que 2,r R2 sen ,t, d,t, - l6R2 (3.15)

b tg 0
p = --2-, (3.10) Se agora Q é o número total de partículas a incidentes na folha, e se Y é o número
de partículas a desviadas numa unidade de área da tela de sulfeto de zinco, colo-
48 FISICA NUCLEAR 1
1 '
O ÁTOMO NUCLEAR 49
1
cada a urna distáncia R da folha e num ángulo q> com a dire¡;ao original das partícu-
i las, entií.o

1
2 4
y = Qntb cosec (,j,/2) . (3.16)
16R'
R
De acordo com a teoria de Rutherford, o número de partículas a incidindo
numa unidade de área da tela de sulfeto de zinco, a urna distáncia R do ponto de 1 F

espalhamento, deveria ser proporcional a

l. cosec4 (,j,/2), onde ,j, é o angulo de espalhamento,


2. t. a espessura do material espalhador,
3. I/(MV 2) 2 , ou ao recíproco do quadrado da energía inicial da partícula a:, Fig. 3.2 Apar~lhagem de Geiger e M~;sden para testar a dependéncia angular do espalh .
4. (Ze )2 , o quadrado da carga positiva do núcleo. mento de part1culas a. 6 a

3.3 O teste experimental da teoría do espalhamento de Rutherford. A teoría nu-


clear do espalhamento de partículas a de Ruthelford foi testada ponto por ponto em ~ura 3.3, na q~al o número de partículas por minuto, espalhadas num ángulo de 25º,
1913 por Geiger e Marsden. 6 A dependencia do espalhamento das quatro qua_ntida- e_ po sto no gráfico como ordenad.a e a espessura t da fólha espalhadora como ab-
des listadas ao final da última se~ao vai ser considerada pela ordem. ciss~. A, espes sura da folha .é expressa em termos de urna espessura equivalente de
l. A dependéncia do espalhamento com o ángulo de deflexiío. O efeito da ar, tsto e, ~ e&pessura de ar que produz a mesma perda de energia que a produzida
variai;:iio do angulo de deflexiio ,j, foi estudado na aparelhagem mostrada esquemati- pelo material,. em estud<?, nas partículas a que o atravessam,. O comprimen to da
camente na Figura 3.2. No diagrama, R representa urna substancia radioativa que é espessura eqmvalente de ar serve freqüentemente como padráo útil de compara93-o
a fonte de partículas a, F é urna folha de material espalhador muito fina, e S é a tela em trabalh?s com partíc_ulas a. As linhas retas mostram que, para qualquer ele-
de sulfeto de zinco, rígidamente ligada ao microscópio M. A fonte e a folha sao 1:1-~?to, o numero de part1culas espalhadas num certo ángulo por.unidade de tempo
mantidas fixaS, enguanto que a tela e o microsCópio podem ser girados por meio de e iretamente pr~po;cional a espessura da folha, de acordo 'com a teoria. '
urna junta que nao permite a passagem de ar, variando o ángulo de deflex§o. A 3. A dependencia do espalhamento coma energia ou velocidade das partículas
'apa,relhagem intelfa-foi fechada numa caixa de metal na qual pode ser feito o vácuo.
O numero de partículas a chegando por unidade de área na tela, num dado intervalo
de tempo, foi· obtido contando-se as cintilai;óes. Na experiéncia, o ángulo· et, foi
variado, enguanto que todas as outras variáveis na Eq. (3.16) foram mantidas cons- Tabela 3.J• A dependencia do espalhamento de partículas
tantes. O número de cintilac;oes contadas, N, é proporcional a Y, ou a cosec• (,j,/2); · alfa com o ángulo de deflexáo
portanto, a raziio N/cosec• (</>/2) deve ser constante para urna dada folha, nas I II lll IV V · VI
condi~óes da experiéncia. ' Prata _/ Ouro
Os resultados de dois grupos de experiéncias, um coro urna folha espalhadora
de prata, o outro com urna folha de ouro, sao dados na Tabela 3.1. A primeira coluna Ángulo de Número de N
deflexiio Número de N
dá os valores do angulo ,¡, entre a direi;:iio do fe"'e incidente e a direc;ao na qua] as cintilafóes cintilafóes
q> cosec• (</>/2) . N ·-
partículas espalhadas foram contadas; a segunda coluna dá os valores correspon- cosec• ( </>/2) N cosec4 (</>/2)
dentes de cosec4 (</>/2). As colunas 111 e V dao os números N de cintilac;oes obser- 150" 1,15 22,2 19,3
135 33,1 28,8
vadas para a prata e o ouro respectivamente; as colunas IV e VI mostram o valor 1,38 27,4 ..19,8 43,0 31,2
da raziio N /cosec' (,j,/2). A variac;iio no valor da raziio é muito pequen a em compa- · 120 1,79 33,0 18,4
105 51,9 29,0
rac;ao coma de cosec4 (<i>/2), para angulos entre ,j, = 15º e ,j, = 150°. Para ángulos 2,53 47,3 18,7 69,5
75 27,5
7,25 136 18,8 211 29,1
menores, julgou-se desejável reduzir o número de cintila96es contadas; o valor da ¡ 60 16,0
1

320 20,0 477 29,8


raza.o foi praticame'nte constante entre cf, = 5° e cf, = 30°. Os resultados para os 45 46,6 989 21,2
37,5 1435 30,8
ángulos menores podem ser comparados coro os de ángulos maiores, notando-se 93,7 1760 18,8 3300 35,3
que, no caso da folha de ouro, o número de cintila9óes era reduzido de cerca de 30 223 5260 23,6
22,5 7800 35,0
2.500. Quando os r'esultados sáo ajustados aos de ángulos maiores, toma-se claro 690 20.300 29,4 27.300 39,6
15 3445 105.400 30,6
que o valor da raza.o muda pouco sobre a faixa inteira de valores de cf,, enquanto 132.000 38,4
que o valor de cosec' (,j,/2) varia de um fator de 250.000. Os desvíos na constáncia 30 223 5,3 0,024 3,1 0,014
da razáo foram considerados como estando dentro do erro experimental e 22,5 690 16,6 0,024 8,4
15 0,012
concluiu-se que a teoria prediz corretamente a dependencia do espalhamento com o 3445 93,0 0,027 48,2
10 0,014
ángulo de deflexiio. 17.330 508 0,029 200
7.5 0,012
54.650 1710 0,031
2. A dependéncia do espalhamento coma espessura do material espalhador. A 5 276.300
607 0,011
dependéncia do espalhamento com a espessura do mateiial espalhador foi testada 3320 0,012
fixando-se o ángulo de deflexiio e usando-se folhas de diferentes espessuras e de * De Geiger e Marsden. 6
diferentes materiais. Os resultados de diversas experiencias silo mostrados na Fi-
.,
l'I'
,'!i
O ÁTOMO NUCLEAR 51 ¡I
.1
FÍSICA NUCLEAR
50
Tabela 3 .2* ·A variafilo do espalhamento de f}Ortícu/as
1 160 alfa com a velocidade
1 Número de Alcance das Valores Número N
'
1 placas de partículas a relativos de cintilar;óes
mica (cm) de 1IV' por minuto
~120
E o 5,5 1,0 24,7 25
'§ 1 4,76 1,21 29,0 24
-
o
c.
~
2
3
4
4,05
3.32
2,51
1,50
1,91
2,84
33,4
44
81
22
23
28
.~ 80
~ 5 1,84 4,32 101 23
~ 6 1,04 9,22 255 28

·¡¡
o
-e Cobre
*De Geiger e Marsden. 6

2
o
40
E podia ser feita neste caso. É evidente da Eq. (3.16). entretanto, que o valor de Z
•o
z pode ser obtido contando-se o número de partículas a, no feixe que incide na folha
espalhadora e no feixe espalhado, sob certas condic;Oes geométricas. Alguma in-
0,4 . 0,8 1.2 . 1,6 2,0 forma9ao sobre Z também podia ser obtida de experiéncias sobre o espalhamento
l com folhas de diferentes materiais. Destes dois tipos de experiencias, descobriu-se
Espessura das folhas em centímetros equivalentes de ar
que, para elementos mais pesados que o alumínio, a carga positiva Ze no núcleo era
d ·a1
A variaráo do espalhamento de partículas a com a espessura o maten esp
alba
- aproximadamente ½A.e, isto é, Z = A/2, onde A é O peso átómico e e é a carga
Fig. 3.3 , eletrónica. Estas experiéncias nao erarn suficientemente precisas para fornecer urna
dor. 6 determina,iio confiável da carga nuclear Z. Nao foi sena.o em 1920 que Chadwick,'
usando técnicas de espalhamento aperfei9oadas, teve sucesso ern medir a carga
1
nuclear com boa precisa.o. Para folhas de platina, prata e cobre, ele obteve
a De acordo corrí a fórmula de espalhamento de Rutherford, ? númeio
l~s-a espalhadas nÜill angulo cp deve ser inversamente proporc10.nal ~
i:d~:~~c~;
d
·- cobre: Z 29,3 :t 0,5,
energia das partículas, ou a ~uarta potinc~; ~~ ~e~~~~~1;~1:u:~:~:a :a~;';~~~: prata: Z 46,3 :t 0,7,
cias, Geiger e Marsde~ vanaram : ve :olha espalhadora; quanto mais espessas
oc1 platina: Z 77,4 :t 1,0.
coloc.ando placas de mica entre a on,te e a h • ~ lha espalhadora. As
as placas, mais lentas eram as part1cul~s que e eg_avam a o rimento de sua Estes resultados nao sao suficientemente precisos pata--determinar valores in-
velocidades das partículas eram determmadas medmdo-se o c~mf odia ser teiros de Z univocamente mas, como será visto no-"capítulo seguinte, eles ·concor-
trajetória no ar. ~s~a distán~ia, chama~a de·a~~an~~d da~i~~~~:1~ ~3.p Sabia-se dam bem comos valores 29, 47, e 78 para os tres elementos, obtidos por um método
determinada de vanas manetras, que vao ser !scu t as , em írica inteiramente independente. Assim, todos os quatro testes da teoria de espalha-
que O alcance R estava relacionado com a veloc1d,~de pela f~rmula P · mentO de Rutherford tiveram sucesso e constítuem a primeira, sena.o a maior pec;a
a (3.17) de evidencia experimentaLisolada para o modelo nuclear do átomo.
R = aV ,
3.4 Algumas características do núcleo atómico. A notável concordancia das
onde a é urna constante conhecida. Depois que a ve!ocid~de das pb~rd~u!:~t: ~~~ previs6es da teoría de Rutheñord e os resultados experimentais foram interpretados
passavam através de urna dada espessu!ª. de placa d~d mica :rad~-se o .número N como urna confirmat;áo do conceito de átomo nuclear. Portanto, desde 1913, o
neira O espalhamento num ángulo conhectdo era me t o con an . átomo tern sido considerado como consistindo de um pequeno núcleo carregado
de ci~tilac;Oes. o produto NV4 deveria ser constante quando ~ vanava. ºi5
res~1:a~ positivamente, ao redor do qual é distribuída, de algurna rnaneira, urna carga igual e
dos de urna experiencia típica sao mostrados na Tabela 3.2. A quarta co u~a a aposta na forma de elétrons.
número N de cintilac;Oes por minuto, sob condic;Oes fixadas, quando fs _µart1~ul~iv~ Até agora, o núcleo- atómico propriamente dito é urn conceito vago. Ele foi
~~: d~~~~c:: t~:i~i~an~o~~~~~~ i~~~~~of~t';'d:~a:~~ it~;::i~~fin': éa~;~t~ca~ente descrito corno "diminuto" ou "muito pequeno" e tem sido tratado rnaternatica-
rnente como um ponto; ao mesmo tempo, sup6e-se que ele contém praticamente
constante sobre a faixa de valores de V estudados, I:1ostrando como~ espal~a~enti~ toda a massa do átomo. É claro que informac;óes quantitativas sobre o tamanho do
varia inversamente com a quarta potencia da veloc1dade, como previsto pe a eor núcleo sao agora necessárias. A primeira informac;ao <leste tipo foi obtida a partir
de Rutherford. O • ¡ d lha- das experiencias do espalharnento de partículas a; ela veio da considera~ao da dis-
4. A dependéncia do espalhamento com carga nuclear; angu. o . e espa _ tii.ncia de rnaior aproximac;ao de urna partícula a a urn núcleo. e da regia.o de vali-
mento a espessura do espalhador e a velocidade das part1culas. a mc1dentes sao dade da lei de Coulomb.
quantidades que podem ser medidas diretamente e seu efeit~ sobre o e~palh~~ento Para qualquer órbita hiperbólica, a distáncia de maior aproxirnac;ao é s, a dis-
determinado. A carga nuclear, ao co~trári.o de outros par~etros. ºªº.?ºci~a ::~ tancia do vértice da hipérbole ao núcleo é dada pela Eq. (3.5). O menor valor que s
medida diretamente, e urna compara¡_;ao direta entre a teona e a expenen
52 FISICA NUCLEAR
l OÁTOMO NUCLEAR 53
pode ter é o de urna colisao frontal, quando urna partícula a: é desviada de um
ángulo de 180°. Em tal colisao, a velocidade de urna partícula a no ponto de inver- O estudo do espalhamento de partículas a continuou sendo urna importante
sa.o é exatamente zero. Segue-se da Eq. (3.7a) que, para que Yo desapare~a. s deve fonte de informa9óes concementes ao núcleo atómico. 9 • 10 • 11 Em 1935, haviam sido
ser igual a b; além disso, como V O nunca pode ser negativa, este é o menor valor coletados dados sobre espalhamento elástico de partículas a da maior parte dos
que s pode ter. Portanto, a quantidade b, definida por elementos leves até o alumínio. Em cada caso, foram observados desvios do espa-
lhamento coulombiano. Com a ajuda de novas métodos teóricos, estes dados po-
diam ser usados para fazer estimativas quantitativas dos raios dos núcleos.
4Ze 2 (3.18)
b = MV2' Mostrou-se9 que os dados podiam ser interpretados de urna maneira consistente se
o raio do núcleo fosse considerado como sendo aproximadamente proporcional a
raíz cúbica do·pesd atómico, isto é, se
dá a menor distancia com que urna partícula a:. com velocidade V, pode se aproxi-
mar de um núcleo de carga Z. O valor desta distáncia pode ser estimado r = roA 113,
calculando-se um valor típico de b. Considere o caso de um núcleo de cobre bom-
bardeado ·por partículas a do radónio. O cobre tem um peso atómico de 63,5; se os onde A é o peso atómico, e r 0 1,4 a t',5 x 10- 13 cm. Esta propriedade vai ser
resultados de Geiger e Marsden para Z dados pelas experiéncias de espalhamento discutida adiante no Capítulo 13.
sao usados, entao Z para o cobre é aproximadamente metade de 63,5, ou seja, 32.
Urna partícula a tem urna massa que é quatro vezes a do átomo do hidrogenio, ou 4 REFERENCIAS
x 1,67 x 10-24 g; a velocidade de urna partícula a do radónio está perto de 1,6 X 109
cm/s. Come = 4,8 x. 10- 10 esu, o resultado para b é GERAIS

RUTHERFORD, CHADWICK and ELLIS 1 Radiations from Radioactive Substances.


4(32) (4,8)2 10- 20
b = 1,7 x 10- 12 cm. New York: Macmillan, 1930, Chapters 8, 9.
(1,67)4( 10-24 ) ( 1,6)2 (1 O") R. D. EvANS, The Atomic Nucleus. New York: McGraw-Hill, 1955, Appen-
dix B.
Os cálculos acima dependem da hipótese de que a lei de Coulomb entre a
partícula a e o núcleo ainda seja válida a distancias tao pequenas do ·núcleo. A PARTl<;:ULARES
validade desta hipótese foi confirmada pela concordancia entre a teoría do espalha-
mento de Rutheñord e os resultados das experiencias de Geiger e Marsden. l. J. J. THOMSON, "On the Scattering of Rapidly Moving Electrified Particles/'
UsaIJ,do partículas 'ci" mais rápidas, Rutherford e outros ampliaram as experiencias Proc. Cambridge Phil. Soc., 15, 465 (19f0).
para ver quiio perlo do núcleo a lei de for9a l/r2 continua valendo. Os resultados 2. H. GEIGER, "The Scattering of the a-Particles by Matter," Proc. Roy.
mostraram que para a prata a lei de Coulomb valia até 2 x 10-12 cm, para o cobre Soc. (London), 83A, 492 (1910).
até 1,2 X 10-12 cm, e para o ouro até 3,2 x 10-12 cm. Poder-se-ia esperar que, se 3. H. GEIGER and E. MARSDEN, "On the Diffuse Reflection of the a-Particles,"
urna partícula a se aproximasse mais ainda do núcleo, a lei do inverso do quadrado Proc. Roy. Soc. (London), 82A, 495 (1909).
eventualmente deixaria de ser válida. Se isto ocorresse, a for9a entre a partícula a e' 4. E. RUTHERFORD, "The Scattering of a- and ,8-Particles by Matter and the
o núcleo deveria come9ar a variar muito rapidamente com a, distancia, e o espalha- Structure of the Atom," Phil. Mag., 21, 669 (1911). '--·
mento das partículas a deveria se desviar bastante das previsOes da teoria. Se· o , 5. K. R. SYMON, M echanics. Reading, Mass.: Addison-Wesley, 1960, Chapter 3.
núcleo é definido como a regiiio onde ocorrem desvíos da lei de for9a de Coulomb,
6. H. GEIGER and E. MARSDEN, "The Laws of Deflection of a-Particles
entáo, para os elementos mencionados, os raios dos respectivos núcleos sao meno-
Through Large Angles," Phil. Mag., 25, 604 (1913).
res que as distancias ·dadas. Assim, os núcleos destes elementos tem cerca de 10-12
cm de raio, e sao realmente muito pequenos comparados com um átomo, com seu 7. J. CHADWICK, "Charge on the Atomic Nucleus and the Law of Force;
raio de 10-s cm. Será visto em capítulos posteriores que outros métodos de estimar Validity of tbe In verse Square Law for the Pt Atom," Phil M ag., 40, 734 (1920).
valores de raios nucleares diio resultados em boa concordancia com os que. acaba- 8. RuTHERFORD, CHADWICK, and ELLIS, op. cit. gen. ref., Chapter 9.
mos de obter. 9. E. PoLLARD, ' 1 Nuclear Potential Barriers: Experiment and Theory,1'
Ve-se a partir da Eq. (3.18) que, para partículas a de urna dada energía, a Phys. Rev., 47, 611 (1935). 'I
distancia de maior aproxima9iio é proporcional a carga do núcléo Z. Com base na 10. N. F. MOTT and H. S. W. MASSEY, Thé Theory of Atomic Collisions,
"
descoberta de que Z era aproximadamente proporcional ao peso atómico, 2nd ed. Oxford, England: Clarendon Press, 1950.
esperava-se que as partículas a podiam se aproximar a distáncias menores do que 11. R. M. E1SBERG and C. E. PoRTER, "Scattering of Alpha Particles, 11 Revs.
10-12 cm de n(Icleos léVes, e que devia ser possível obter desvíos da lei de for9a de J1od. Phys., 33, 190 (1961).
Coulomb. Estudos experimentais e teóricos mostraram que tais desvíos da lei do
inverso do quadrado existem de fato. 8 No caso do aluminio, descobriu-se que a lei
do inverso do quadrado falhava a cerca de 6 a 8 x 10- 13 cm, com resultados seme- PROBLEMAS
Ihantes para outros elementos leves. Os desvíos do espalhamento como inverso do l. Um feixe de partícula$ a (energia cinética de 5,30 Mev) do polónio, de intensidade de
quadrado da distáncia mostravam que. muito perto do núcleo, a.-repulsao era menor 10.000 partículas/s, incide perpendicularmente sobre urna folha de ouro, de densidade 19,3
que a calculada apenas pela.leí de Coulomb. Estes resultados forneceram a primeira g/cm3 e I x 10-~ cm de espessura. Um contador de partículas a com urna abertura de 1 cm2 de
prava da existencia de urna for9a nlio-elétrica, especificameñte nuclear. área está colocado a urna distatlcia de 10 cm da folha, de tal maneira que urna linha do centro
do contador ao centro da área na qua] o feixe incide sobre a folha forma um .ingulo de rp graus
'
1
54 FÍSICA NUCLEAR

coma direr;Uo do feixe. Calcule o número de contap.cns por hora para q> = 5. JO. 15. 30, 45 e
6()ll. -
2. Repita os cálculos do Problema l. mas com partículas a com 8,00 Mev.
3. Repita os cálculos do Problema I com urna folha de prata em vez de urna folha de
ouro. A densidade da prata é 10,5 g/cm:¡.
~- Na montagem do Problema 1. urna folha de cobre de 1 x 10-5 cm de espessura e·
dens1dade de 8.90 g/cm3 é usada ern vez da folha de ouro. Quando q> = 10º. a freqüencia de
4
contagem é 820 contagens/h. Calcule o número atómico do cobre a partir destes dados.
~- Qua! é a distancia de maior aproxima980 das partículas a de 5,30 Mev aos núcleos dos
segumtes elementos: ouro, prata. cobre. chumbo e uríinio? Qua.o perta poderiam chegar partí-
culas a de 7,00 Mev dos mesmos núcleos?
6. Mostre que a fra980 das partículas a espalhadas num ángulo entre 90º e 180° é dada
por l/4 nt1rb 2 • Que fra9ao das partículas a do Problema 1 é espalhada num ángulo maior que
90º?
Raios X e a Estrutura Ató,nica
.?. Qua! é a ex pres sao geral para a distancia de maior aproxima93.o de urna partícula
pos1t1vamente ca~regada a um núcleo? Qual é a distancia de maior aproxima9ao d~ um próton
de 2 Mev a um nucleo de ouro? Como se compara esta distancia com a de um deuteron e urna
partícula a da mesma energia?
8. Um feixe de prótons de energia cinética de 5 Mev atravessa urna folha de ouro· urna i''
(,
p~rt!cul_a em 5 X 106 é espalhada de modo a atingir urna superficie de 0,5 cm2 de área ~·urna
d1stanc1a de I Ocm da folha, numa dire¡;iio fazendo um angulo de 60º com a dire¡;iio inicial do
feixe. Qual é a espessura da folha? ·

O trabalho de Geiger e Marsden sobre o espalhamento de partículas a confir-


mou o conceito de Rutherford de átomo nuclear, e mostrou que o número de cargas
positivas elementares · num núcleo atómico é aproximadamente igual a metade do
peso atómico. Este número tem que ser o mesmo que o número de elétrons no
átomo, porque o átomo é eletricamente neutro. Evidencia independente para o nú-
mero de elétrons num átÓmo foi fornecida pelo trabalho pioneiro de Barkla sobre a
absor98.o e o espalhamento de raios X pela· matéria. A rela9iio entre a carga nuclear
e a posi98.o de um elemento na tabela pffriódica foi determinada pelo trabalho de
Moseley sobre o espectro característico de raios X dos elementos. O estudo das
propriedades atómicas por meio de raios X, com o trabalhO de Barkla e Moseley
como exemplc:Ís, tem sido urna das rnais frutíferas fontes de inforrna9áo sobre os
átomos, e vai ser discutido_ no presente capítulo. Para tanto, é necessário rever
algumas das propriedades dos raios X corn urn pouco mais de detalhe do que foi
feito no segundo capítulo.

4.1 Algumas propriedades dos raios X. Os raios X sao produzidos quando elé-
trons que se movem rapidamente atingem urÍJ. alvo sólido. De acordo com a eletro-
din3.mica clássica, urna partícula carregada que se move emite· radia9ao eletromag-
nética quando é acelerada; a parada súbita de um elétron dá origem a um impulso
de radiac;ao que toma a forma de raios X. Na prátic<:1, raios X sao produzidos algu-
mas vezes em tubos de raios catódicos contendo gás• a baixa pressiio, no qual -em
anticatodo de metal é colocado aposto ao catado. O anticatodo serve como alvo
para os elétrons emitidos do catado e como fonte de raios X. No tubo de Coolidge
mais freqüentemente usado (Fig. 4.1), o catodo é um fib aCJuecido a urna tal tempe-
ratura, que emite termoelétrons. O tubo é evacuado até que nao exista quantidade
apreciável de gás remanescente, de modo que toda a corrente através do tubo seja
constituída pelos termoelétrons. O anti ca todo é geralmente um metal de peso ató-
mico elevado como o tungsténio, porque descobriu-se que a energia nos raios pro-
duzidos por metais pesados é maior que a energia dos raios X de metais leves.
Urna das mais importantes propriedades dos raios X é. sem dúvida. seu forte
poder de penetrai;ao. Até onde um feixe de raios X vai penetrar numa subst.incia.
depende da natureza dos raios X. assim como da substancia. e numa certa medida
56 FÍSICA NUCLEAR
l RAIOS X E A ESTRUTURA ATÓMICA 57

Feixe de raios X primário Feixe de rafos X transmitido

Placa
emissora e
absorvente
Fig. 4.1 Tubo de raios X de Coolidge.

os raios X podem ser caracterizados pelo seu poder de penetrac;ao num dado mate- Fig. 4.2 Intera9ao entre raios X e matéria.
rial. Urna diferen<;iac;ao grosseira pode ser feita entre raios moles, que tém somente
pequeno poder de penetrac;ao e sáo facilmente absorvidos. e raios duros, que tém
um poder de penetrac;ao relativamente grande. Urna distirn;ao também pode ser
feita, com base na sua abson;ao, entre raios X homogéneos e heterogéneos. A
absoq;ao de urna radiac;iio homogénea pode ser descrita pela fórmula d üs raios _X c~racterístico~ siio assim chamados porque sao típicos do material
1
a Paca e, alem dtsso, homogeneos. Eles sempre tém as mesmas propriedades para
-µd
I = I oe , (4. l) um ~a~o elemen_t~ químico, independentemente da __ dureza dos raios primários; a
co~~ir;ao ~ece~sana para que a radia9iio aparer;a é, entretanto que a radiar;iío pri-
onde / 0 representa, a intensidade do feixe que incide normalmente num material mana ten a ~ma certa dureza mínima. Barkla e seus auxiliare;, durante os primei-
absorvente, I é a intensidade depois de passar através de urna espessura d, e µ, é ro~_an~s do seculo ~X: fizeram, ~edidas detalhadas dos coeficientes de absorr;ao da
uma··constante, chamada de coeficiente de absorriío, que depende do material ab- ra mr;ao X ca_rac~ensttca de. vanos elementos. Concluíram que os elemeniOs- tém
sorvente e da radiar;íio, mas é independente da intensidade inicial dos raios X. A ger~~ente d01s tipos de radiar;iío característica que diferem grandemente em seus
equar;íio de absorr;ao (4. I) é válida somente para raios X homogéneos. Ela nao é coe tcientes de abs?r9iío. Estas sao chamadas K e L; a radiar;iio K é a mais dura e
válida, por exemplo, para a radiar;ao de um tubo de raios X comum. Neste caso, ~?d:. ter um coe~c1~nte de absorr;iio várias centenas de vezes menor que O da ra-
nenhum valor constante deµ, é obtido. Com espessuras crescentes do absorvente,,o tar;ao L. As radia9oe~ K e L dos diferentes elementos podem ser comparadas em
valor deµ, decresce continuaQ1ente, e finalmente se aproxi~a de um valor limite. A termos de seus coefic1:nt:s de absorr;ao no alumínio. O coeficiente de absorr;iío
variar;ao de µ, com a espessura do absorvente indica que os raios X do tubo sao para cada urna das radm9oes decresce com o Peso atómico crescente· ein outras
heterogCneos e se tomam aproximadamente homogCneos somente quando as radia- pa_ av_~as, a radia9áo característica dos elementos aumenta em dureza ~om o peso
¡:óes mais moles sao filtradas do feixe. ' atom1co crescente. •
O processo de absoq;áo dos raios X é complicado e envolve '{ários fenómenos ~om as infoimár;óes a<:it~~ s~bre raios X como pano de fundo,- podemos agora
muito ligados com as propriedades dos átomos. Quando um feixe de raios X primá- cons1dedrar algumas da_s e_xpenencms com raios X que contribuíram para O conheci-
rio vindo de um anticatodo de um tubo de raios X incide sobre a placa de algum mento a estrutura atom1ca. ·
elemento escolhido, parte da radiar;ao passa através da placa, enquanto que o resto
se transforma em calor. ou em radiar;ao de outro tipo. Os raios saindo de Urna placa
consistem em parte de raios X primários, o feixe transmitido, e em parte de raios 't 4.2 O espalhamento dos raios X pelos átomos e o número de elétrons por
produzidos pelo feíxe primário e chamados coletivamente de radia~iio secundária. : ~mo. ~ espalhamento dos raios X primários por-'-uma placa de material foi tra-
A Figura 4.2 é urna representar;fio esquemática do que acontece. A radiar;iio secun- a .º por. hom~on_ co~ ?ase na teoria clássica da eletrodin3.mica. De acordo com
dária contém quatro tipos importantes de radiar;ao distintos: (a) raios X espalhados, ~st a teona. rad1ar;ao mc1dente sobre urna partícula carregada que pode se mover
1
(b) raios X caracten,.Sticos, (e) raios f3 espalhados, (dJ raios /3 característicos. Os vremente ~~erce urna forr;a sobre a partícula; esta é acelerada e emite radiar;iio
1
raios {3 nao t~m interesse para o presente e setiio discutidos num capítulo posterior. : e\ro~:gnetica. 9uando um feixe de raios X atinge os átomos na placa, estes siio
Os raios X da radiar;iio secundária se tornaram urna fértil fonte de informar;óes dce e;a os. Os el~trons, P?r ~ausa de sua pequena massa, sao muito mais acelera-
sobre átomos. º~ 0 que os nu_cleos atom1cos, e a radiar;iío produzida pelos últimos pode ser
Os raios X espalhados tém praticamente o mesmo coeficiente de absorr;íio que ~esp~-~~~da. Os el:trons pare~e~ absorver energia do feixe primário e reirradiar, ou
os raios primários num dado material; eles parecem ser raios primários que tiveram esvm- a como fe1xe _se~undano. O processo tem lugar de tal maneira que, para
somente sua direr;ao mudada pelo material através do qua! passou, e seu caráter é ~Jen_ie~to~ de. pe_so atom1co relativamente pequeno e raios X de dureza moderada,
independente da natureza do material absorvente ou espalhador. Como os raios as ra~~a9~es mc1dentes e esp~lhada_s diferem somente em direr;iio. A quantidade de
primários que vém de um tubo de raios X sao heterogéneos. a radiar;íio espalhada é en_ergia espalhad_a por um eletron hvre foi calculada por Thomson 1 e pode ser es-
crita como '
também heterogénea desde que a placa absorvente nao seja muito espessa.
RAIOS X E A ESTRUTURA ATÓMICA
FÍSICA NUCLEAR
58 dentro de certos limites de dureza dos raios X, o espalhamento pode ser represen-
2 2 tado por
0 (4.2)
1 = 8
___!': ( - 2) lo-
3 mc nNcf, 0 = 0,2p, (4.8)

Aqui / é a intensidade da radiai;ao primária e tem as unidades d~ energia por independentemente da dureza e do material espalhador. Na Eq. (4.8). p é a densi-
centí~e;ro quadrado, mas/ denota a energia total espalhada. ~ quociente 1/lu 1
1
f¡ dade em gramas por centímetro cúbico.
Portanto, com o. valor conhecido de cp 0 ,
dimensOes de urna área; ele geralmente é designado por cbo, e _e ~hª!11ª?º de cae -
ciente de espalhamento c/ássico para um elétron fivre. D~ radia¡;ao mcid;~te sobr~ '
urna unidade de área de urna superficie colocad? perpendicularmente ~~ ;-e1xe. urn~ nN = 3,0 X I0 23 p.
frariio cp é espalhada e pode-se dizer que o eletron espalha tanta r~d1a9ao codmoda
:r O ' , . -'· p , - ,,._ é tambero chama a e Mas. o número de áiomos por centímetro cúbico de um elemento é
que incide sobre urna area igual a \/Ji" or esta raza 0 , ;o . . ,
serllo de choque clássica para o espalhamento por um eletron J:vr~- Se.os valor~s l
= 4, 80 x lo - rn esu, m = o ,911 x 10-2• ge e -- 3•o x 10 cm/s sao msendos. entao
10

cf>o = S,r
3
(L) mc 2
2
= 6.65 X 10-
25
cm
2

(4.3) onde N 0 é o número de Avogadro
átomo-grama do elemento. Entao,
= 6,02
·
X 1023 átomos por átomo-grama. e A é o

Se cp é·considerado como ase¡;üo de choque efetit·a do elétron, entao o raio efetivo


0
do elétron é dado por nN = nNoP
A
= 30
' X 102, p,
e
8)1/2 e2 -13 (4.4)
a = (- - = 4,60 X 10 cm. (4.9)
3 mc 2

o ,~·i
0
efetivo, do elétron é pol1anto da mesma ordem de gra!1deza que o raio do_s
núcleos mais leve~. A quantidade e2/mc2 = 2,82 x 10-13 cm e usualmente denom1- isto é, o número de elétrons por átomo é muito próximo da metade do _peso ató-
mico.
l1ado de raio clássiéO do elétron. . d
Quando O feixe de raios X passa por urna pla~a fina de_ matena1', parte a Este resultado deve ser considerado aproximado por várias razóes. Primeiro,
energia é removida do feixe, e sua intensidade é reduz1da. Se ex1stem n ele~rons por considerou-se que as leis do eletromagnetismo clássico sao válidas. urna hipótese
átomo e N átomos por unidade de volume, e se supomos que todos os ele:ron_s s~ que tem valor_somente dentro de cenos limites de dureza dos raios X e para mate-
espalh~m independentemente, entao a diminui9ao percentual - M /1 do feixe mci- riais espalhadores de pequeno peso atómico. Segundo, a rela93o (4.8) é aproxi-
dente percorrendo urna distftncia /lx ~ dada por mada. Por estas razóes, o resultado de que o número de elétrons é metade do peso
atómico é um resultado qualitativo útil, ou no máximo semiquantitativo. Ele estava,
(4.5) entretanto, em concordiincia com os resultados igualmente semiquantitativos para a
- Al = nNcf, 0 Ax. carga no núcleo obtidos por medidas de espalhamento a. O fato de que dois átomos
1
completamente independentes déram o mesmo resultado foi um forte argumento
Como cp é independente de x, ambos os lado~ desta ~qua9a~ pOc.ieffi ser integrado~ para sua validade. A evidencia mais forte veio do trabalho de Moseley em espec-
0
diretamente dando, para a intensidade / do fe1xe, a pos atravessar urna espessura .x tros. mas, antes que aquele trabalho pudesse ser.feito, algumas infonna96es adicio-
nais sobre as propriedades óticas dos raios X eram necessárias.
do material,
(4.6) 4.3 A difra~ao dos raios X e a lei de Bragg. Os primeiros trabalhos em raios X
indicavam que eles eram radia96es eletromagnéticas com comprimentos de onda
Segue-se da última equa,ao que vúrios milhares de vezes menor que os da luz visíve1. Portanto, os métodos da
espectroscopia comum n§.o podiam ser usados para medir o comprimento ou a fre-
1 1 qüencia dos raios X. Em 1912. von Laue e seus auxiliares descobriram que cristais
(4.7)
n= - -Ncf,
-In-· agem como redes para a difra9ao de raios X. A difra9§.o acorre porque os raios X
0x lo comuns tem comprimentos de onda entre 10-s e 10- 9 cm, enguanto que a dist3ncia
média entre átomos num sólido está entre 10- 1 e 10-s cm. Além disso. num cristal
Na Eq. (4.7), N e cp 0 sao conhecidos. ex é a espessura do espal~hador esc~lhi~a; l.? e deve existir alguma unidade atómica ou molecular arranjada numa ordem que se
¡ podem ser medidos experimentalment~. por exemplo. co~ camaras _de tomz~9:º· repete regularmente. o que resulta na simetria observada nos cristais. As proprie-
Portanto, n, 0 número de elétrons por átomo. pode ser obt1do a ~artlf de me I as dades dos raios X e cristais resultam em condi96es análogas as que ocorrem quando
do espalhamento dos raios X. ., a luz visível atravessa urna rede ótica-descontinuidades regularmente esp<wadas.
Experiéncias <leste tipo foram feitas por Barkla e seus colaboradores:-· na separad~s por distáncias de várias vezes o comprimento de onda da radia9fi.o inci-
realidade. outros processos além de espalhamento esta~am presentes nesta~ expe- dente. E possível, portanto. usar a difra~ao dos raios X por um cristal para fazer
ri~ncias. mas as corre9óes necessárias podiam ser fettas. Barkla descobnu que.
RAIOS X E A ESTRUTURA ATOMICA 61
60 FISICA NUCLEAR

}'
1

2
.l
1 RaiosX~
s,----~..,
------------------

Fig. 4.3 A reflexao de raios X por planos cristalinos. ilustrando a deduc;iio da Jei de Bragg.
Fig. 4.4 Diagrama de um espectrómetro de raios X de Bragg.

medidas quantitativas do comprimento de onda dos raios X. A maneira pela qual


isto póde ser feito foi mostrada por Bragg.
1 Es~as considerac;óes formaram a base para o desenho, por Bragg, 5 • 6 de urn
De acordo com Bragg,4 • 5 suponha que um trem de ondas de raios X monocro- espectrometro de raios X. Um diagrama esquemático deste instrumento é mostrado
máticos atinge um cristal que consiste num arranjo regular de átomos ou moléculas. 1 na Figura 4.4. Os raios X de urn tubo sao colimados num finp feixe pelas fendas S 1
O cristal age como urna série de planos reflexivos paralelos, como na Figura 4.3. Se e S2 cortadas em placas de chumbo, e entao incidem sobre um cristal e, que age
o ángulo de incidencia ou de ataque O tem a rela~iio apropriada com a distancia d como rede de difra<:;8.o. A posi<;lio angular de e é lida por meio de urna escala ver-
entre os planos reflexivos e o comprimento de onda A das ondas incidentes, as ~ier. Após"' a ·difra<;ao, os raios X entram numa ca.mara de ioniza<;lio D, cheia de
r,eflexóes dos vários planos se refoq;am urnas as outras e a retlexao resultante e !odeto_ de metila, que absorve os raios X fortemente. O eletrómetro E registra a
excepcionalmente forte. Diz-se que as reflexóes esta.o em fase. Mas, se o ángulo 6 mtens1dade de ioniza<;ao na ca.mara.
nao s8.tisfaz a condi~o para que as diferentes reflexóes estejam em fase, estas A validade da lei de Bragg, Eq. (4.10), foi mostrada por urna experiencia na
interferem com outras e o feixe resultante é fraco. A medida que o 8.ngulo de inci- qua! o 3.ngulo de visa.o 0 foi variado; o 3.ngulo entre a ca.mara de ioniza¡_;ao e o feixe
dencia varia, urna série de reflexóes sao observadas, que mostram máximos e mí- primário foi mantido igual a 20 de modo a receber o feixe refletido do cristal e a
nimos de intensidade alternados, e a difra9ao dos raios X causada pela reflexao nos ioniza¡_;lio foi medida como urna fun98.o de 0. Os resultados de tal experienci~ sao
diferentes planos do cristal se torna aparente. mostrados na Figura 4.5. Como se ve, em vez de variar-uniformemente com o
A condi<;§.o para se obter reflexao máxima para os raios X, a equa<:;3.o de 1 3.~gulo de visao, a ioniza~o passa por picos a cenos 3.ngulos bem definidos; os tres
Bragg, pode ser deduzida a partir da Figura 4.3. Considere um raio que encontra picos A i , B i , e C 1 representam as Iinhas do espectro dos raios X. Picos secundários,
dois planos do cristal sucessivos em 0 1 e 0 2 respectivamente, e baixe urna linha a A2, B2 e C2, sao vistos a 3.ngulos cujos senos sao o dobro daqueles dos 8.ngulos
partir de O,, perpendicularmente aos planos, até cortar o primeiro plano em O. correspondentes as reflexóes de primeira ordem. De acordo com a Eq. (4. 10), A,,
Desenhe 0,P 1 e 0,J' 2 representando os raios refletidos pelos dois planos, e desenhe B1 e C1 sáo as linhas de_espectro de prirneira ordem, enguanto que A 2 , B 2 e C 2

aOb perpendicular a O,P, e O,l', para representar a frente de ondas do feixe refle- ~rtencem ao espectro de segunda ordem. Nao somente os 8.ngulos nos quais as
tido. Vai haver um refor<;o se o caminho O 1O,JJ percorrido pelas ondas espalhadas lmhas do espectro de segunda ordem sao vistos como deveriam ser, de acordo corn
em 02 for maior que o caminho O 1a para as ondas espalhadas em 0 1 por um número a Eq: (4.10), mas suas inteQsidades relativas tarnbérn esta.o na mesma raziio que as
inteiro de comprimentos de onda. Constrúa Oc perpendicularmente a 0 10 2 ; entao. das lmhas correspondentes na primeira ordem. As linhas espectrais sao superpostas
0 1a = 0 1c e a diferem;a é cO,jJ = 2d sen 0. A condi<;§.o para que exista um feixe a urn espeGtro contínuo representado pela Jinha parcialmente pontilhada na figura.
refletido refor<;ado é entao . O espectro _de· raios X obtido desta maneira é característico do alvo do qual os
ra10s _X foram emitidos, como é mostrado pelo fato de que sé o anticatodo no tubo
nX = 2d sen 8, (4.IOJ de ra1os X for mudado, obtém-se um espectro de linhas completamente diferente.
Por outro lado. se o cristal é mudado mas o alvo é mantido o mesmo as mesmas
onde n é um inteiro. Se a diferen<;a no comprimento do caminho é igual a um linhas aparecem com quase a mesma intensidade relativa, mas os ángul~s nas quais
comprimento de onda. entlio vai haver um feixe reíletido na posic;áo 81 que satisfaz elas aparecem sao diferentes, mostrando que o espa¡_;o d da gratícula entre as cama-
a condi<;lio das de átomos é diferente para diferentes cristais.
Q~ando o espa,o d da gratícula da rede de difra,ao constituída pelo cristal é
X= 2dsen 8 1 • (4.11) con~ec1do acuradamente. os cornprimentos de onda das linhas espectrais podem ser
medidos com boa precisa.o. O espa<;arnento da gratícula do cristal de cloreto de
Este feixe dá a reflexlio ou espectro de primeira ordem. Se a diferen<;:a no compri- sód_io pode ser calculado, porque os estudos de raios X deste cristal mostram que
mento do camin.ho é 2, 3, .... i comprimentos de onda, entlio reflexóes de segunda. os. a tornos de cloro e sódio ocuparn alternadamente os cantos de urn cubo elementar
terceira, ... , i-ésima ordem va.o ser encontradas nas posi<;óes 01 , 02 • •••• 0;.
1 li
l 11
li
62 FÍSICA NUCLEAR RAID$ X E A ESTRUTURA ATÓMICA 63

'1
1

o
E
•E 1

i1í
,11 5 l ;"i 2/l
1

Ángulo de incidencia IJ em grau~

Fig. 4.5 O primeiro espectro de raios X (Bragg, 11 ).

da rede. Ent§.o, na média, para cada átomo corresponde um volume d:i com urna
massa p<P, onde p é a densidade, igual a 2,165 g/cm:i. Também, urna m_olécula-
grama de NaCI pesa 58,454 ge contém N 0 moléculas ou 2N 0 átomos, onde N 0 é o Comprimento de onda
núm~ro de Avogadro. A massa média por átomo é ent§.o 58,454/2N o g; e
Fig. 4.6 Posic;óes das linhas Ka- e KfJ do espectro de raios X- de u~a seqüéncia de elementos
obtida por Moseley. " ·
58,454 58,454
pdf
~· ou dª =
2(2,165) (6,025) 10'3 ' ¡ ,_,::J).. li ;:; ;¡•_: f::'..:::..t-' .- .
dada por Moseley, os elementos do cálcio ao cobre, e é claro que os comprimentos
-.__:._ .

e d = 2,820 x 10-s cm. Os comprimentos de onda das linhas dos raios X podem de onda decrescem de maneira regular a medida que o peso atómico aumenta. O
atualmente ser medidos com precisao por meio de redes, de difra9§.o e, com os espa~o entre as linhas do cálcio e titánio" Tepresenta as posi~óes das linhas do es-
comprimentos de onda conhecidos, o espa~amento da rede de cristais pode ser cftndio, que ocorre entre estes dois elementos no sistema peri_Qdico, e no qual nao
determinado experimentalmente. O melhor valor obtido desta maneira para o NaCI foram feitas medidas.
é 2,8197 x 10-s cm e concorda bem como valor calculado. Outros cristais além do A análise quantitativa de alguns dos dados experimentais de Moseley sobre as
NaCI também podem ser usados e, de fato, a calcita (CaC03 ) é agora usada como linhas Ka é mostrada na Tabela 4.l. Os compriinentos de oncla das linhas Ka de
cristal padrao; ela tem um espa,amento da rede de 3,03567 x 10=' cm. urna SFqüencia de elementos sao listados na segunda coluna da Tabela 4.1. A ter-
ceira
.
col
'
una da tabela
.
dá os valores da quantidade
. . . ·-
QK
. .
definida pela rela,;ao: .,.·.,. ·.,,
' '

4.4 Espectro de raios X característico. A lei de Moseley. Os resultados discuti-


dos na última sec;áo mostraram que o método da difra9áo podia ser aplicado a aná- (4.12)
lise do espectro de raios X dos elementos, e que as radia96es carac~erísticas podi~m
ser descritas quantitativamente pelos com¡::irimentos de onda das hnhas espectra1s. onde v é a freqüéncia da linha espectral, igual a e/A, e e é a velocidade d3 luz; v é
0
Cedo se descobriu que estas radiac;6es sao mais complexas do que foi suposto pelas urna constante, que representa urna certa freqüéncia fundamental, importante no
medidas de absorc;ao de Barkla, mas elas podiam ainda ser separadas num número estudo das linhas espectrais. Se substituímos a freqüéncia pelo número de onda (o
de linhas bem definidas. recíproco do comprimento de onda, ii = l/A), v 0 é sUbstituído por outra constante
O primeiro estudo sistemático dos espectros de raios X dos elementos foi feito R, chamada de constante de Rydberg, para a qua! Moseley usou o valor 109,720
por Moseley; em 1913.. 1914. Ele usou um espectrómetro de raios X com um cristal cm- 1 • A quantidade QK en tao se torna
de ferrocianeto de potássio, e detectava os raios X refletidos com urna chapa foto-
gráfica em vez de urna cámara de ionizac;ao. Trinta e oito diferentes elementos (4.13)
foram usados como alvos em seu tubo de raios X. As fotografias de Moseley mos-
travam que as linhas espectrais emitidas por estes elementos pertenciam a duas A constante de Rydberg será discutida: mais detalhadamente no Capítulo 7 e se
diferentes séries que eram identificadas com os tipos K e L de radiac;ao caracterís- mostrará a base para a escolha da constante R por Moseley. Para os presentes fim é
tica previamente observados por Barkla. Descobriu-se que a radiac;ao K consistia suficiente notar que QK é proporcional a raiz quadrada da freqüéncia da linha K •
0
de duas Iinhas indicadas por Ka e Ku; este resultado pode ser visto na Figura 4.6. Moseley notou -que QK aumenta de urna quantidade constante na passagem de
que também indica as posic;6es relativas nas quais estas linhas aparecerarn nas cha- um elemento ao próximo, quando os elementos esta.o na ordem do sistema perió-
pas fotográficas. As linhas sao aquelas da primeira seqüéncia de elementos estu- dico. Exceto no caso do níquel e cobalto. esta ordern é a mesma que a dos pesos

il
I[
64 FISICA NUCLEAR 1' RAIOS X E A ESTRUTURA ATOMICA 65
i Quadro 4.2 Medidas de Mose/ey dos comprimentos de onda das /inhas L o
Quadro 4.1 Medidas de Moseley dos comprimentos de onda das linhas Ka.
1
'
1 Elemento Comprimenro de
Elemento Comprimento de Q, - (v/...1... •o!'" Peso Número
atómico; Z onda x 10 8 cm
Peso Número
onda x 10 8 cm 4 atómico atómico atómico, Z
12,05 26,97 13 Zircónio 6,091 32,8
Aluminio 8,364
Nióbio
91,22 40
Silicio 7,142 13,04 .. 28,06 14 5,749 33,8 92,91 41
Cloro 4,750 16,00 . 35,457 17 MolibdCnio 5,423 34,8
RutCnio 95,95 42
Potássio 3,759 17,98 39,096 19 i 4,861 36,7 101,7 44
3,368 19,00 40,08 20 Ródio 4,622 37,7
Cálcio 102,91 45
Titallio 2,758 20,99 47,90 22 Paládio 4,385 38,7 106,7 46
Vanádio 2,519 21,96 50,95 23 Prata 4,170 39,6 107,88 47
52,01 24 Estanho 3,619 42,6
Cromo 2,301 22,98 118,70 50
Manganes 2,111 23,99 54,93 25 Antimónio 3,458 43,6 121,76
Lant.inio 51
Ferro 1,946 24,99 55,85 26 2,676 49,5 138,92 57
1,798, 26,00 58.94 27 Cério 2,567 50,6 140,13
Cobalto 58
Níquel 1,662 27,04 58,69 28 Praseodímio 2,471 51,5 140,92
Neodímio 59
Cobre 1,549 28,01 63,54 29 2,382 52,5 144,27 60
1,445 29,01 65,38 30 Samário 2,208 54,5 150,43
Zinco 62 1.
38,1 88,92 39 Európio 2,130 55,5
Ítrio 0,838 152,0 63 1
Zircónio 0,794 39,1 91,22 40 Gadolínio 2,057 56,5 156,9 64
Nióbio 0,750 40,2 92,91 41 :t{ólmio 1,914 58,6 164,94
Erbio 66
MolibdCnio 0,721 · 41,2 95,95 42 1,790 60,6 167,2 68
Rutenio 0,638 ·•--- --;-e=-- 43,6--- 101,7 44 TWltalo 1,525 65,6 180,88 73
Paládio 0,584 45,6 106,7 46 'fungstCnio · 1,486 66,5 183,92
Osmio 74
Prata 0,560 46,6 107,88 47 1,397 68,5 190,2 76
Iridio 1,354 69,6 '193,1
Platina __ 77
1,316 70,6.. 195,23 78
Ouro _1,287 71,4 197,2 79
· atómicos dos etcirhentos listados na Tabela 4.1. Apesar de que, com esta exce~ao,
os j,eso_s atómicos crescem, eles o fazem de urna maneira muito menos regular que
QK. Moseley concluiu que existe no átomo urna quantidade fundamental que au-
menta em passos regulares de um elemento ao próximo. Ele· acreditava que e~ta A ordem dos pesos atómicos mostrou ser a mesma que a -dos pesos atómicos
quantidade podia ser somente a carga positiva no núcleo. Deve ser lembrado aqm a excet? quando ~e _sabia que os últimos estavam em desacordo com a ordem da~
conclusáo tirada do espalhamento de partículas a e de raios X de que o número de propnedades ~mmicas dos element?s. Por exemplo, cobaltQJe_m um peso atómico
cargas unitárias no. núcleo de um átomo é aproximadamente metade do peso ató- mai.?r q_ue o ~iquel, ma~ _su_as propriedades químicas sao tais qu~ ele deve preceder
mico. Moseley notou que .os pesos atómicos aumentam de aproximadamente d_uas o mquel nq sistema penodico. Os comprirnentos: de' onda relativos e· os valores de
unidades, em mécÚa, quando va.o de elemento para elemento e isto lhe sugeriu que o QK -~T~bela 4.1) !1l?Stram ~ue º .:ºb~lto deveria de fato preceder o níquel no sistema
número de carg~ aumen_ta de átomo para átomo;de urna única unidade eletrónica. penoq1co, a despe1to da discrepancia nos pesos atómicos. Quando ficavarn faltando
'M0SetCY concluíú que as experiencias conduziam ªº
ponto de vista de que O-nú,, elementos no trabalho de Mos~ley, encontravam-se espa~os corresponden tes nos
mero de cargas unitárias no núcleo é o mesmo que o número do lugar ocupado pelo valores de flK ou QL. Descobrm-se que os elementos conhecidos correspondiam a
elemento no sistema periódico, e de que ambos estes números podiam ser represen- todos os n~meros entre 13 e ?9, exceto para quatro números, 43, 61, 72 e 75, que
tados por urna quantidade que ele chamou de número atómico. correspondiam a elementos amda nao descoDertos. Estes elementos que faltavam
Moseley estendeu suas experiencias, até o ouro. Para fazer isto, ele trabalhou for~m ~escobert~s desde ~º1?º e identificados pelos seus espe<;:tros de raios X.
com as linhas da série L porque os comprimentos de onda das séries K dos elemen- Alem d_isso, os numeras atom1cos do cobre, prata e platina se tornaram 29, 47 e 78,
tos mais pesados se tornavam muito pequenos para urna análise precisa. Seus resul- respectiv~mente. Como mencionado na Se~ao 3.3, Chadwick, alguns anos depois,
tados com as· linhas La de urna série de elementos sao mostrados na Tabela 4.2. obteve diretamente a partir de medidas de espalhamento a os valores 29 3 ± o 5
Neste caso, Moseley usou a quantidade QL, definida por 46,3 ± 0,7 e 77, 4 ± 1, respectivamente, para estes elementos. • ' '
Pode se ver nas Tabelas 4.1 e 4.2 que
(4.14)
QK = (vf¾vo) 112 = Z - 1, (4.15a)
em vez de QK, por razóes que serao explicadas no Capítulo 7. As mesmas conclu-
112
sóes tiradas no caso de QK podem ser tiradas a partir da varia1_riio de QL, de modo QL = (v/f0 vo) = Z - 7,4. (4.15b)
que os resultados experimentais para 38 elementos entre alumínio e ouro se torna-
ram disponíveis. Combase nestes resultados, Moseley atribuiu um valor do número Assim, se a raiz quadrada da freqüéncia, ou o número de onda tanto para a linha
atómico a cada elemento, do alumínio ao ouro. Ao alumínio,_.o' primeiro elemento Ka como para La~ posta num gráfico contra o número atómico, ~ma linha reta <leve
no sistema periódico estudado por Moseley, foi atribuído o número atómico 13. a
r~sultar. ~ quaµtidade QK, que é proporcional raiz quadrada da freqüencia da ,1'
porque se sabia que 12 elementos o precediam no sistema. lmha Ka, e posta contra o número atómico na Figura 4.7. Os pontos, representados '
66 FISIGA NUCLEAR c:':;t,; RAIOS X E A ESTRUTURA ATÓMICA 1'
67
i Peso atómico (A) Oll Peso atómico (A)
1

1 2"0!__ ____:4~0!__ __.!6~·0!__ _


50';'
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-.......,'"
• QK vs. Z • QL vs. Z
"'
O' 20
x Qn vs. A O'
~

X QL vs. A

1010
L~=----.!ñ~~--tii'----:to----5150
20 40 1.
Número atómico (Z)
Número atómico (Z)
. . . drada da freqüencia da 1inha
Fig'. 4.7 Rela~áo de Mos~ley entre o número atómico e a r~1~.. qua - . _- -
K •. Fig. 4.8 Rela9ao· de Mos~ley entre o número atómico e a raíz quadrada da freqüencia da linha
L •.

--....
._ - . .
pelos pontos na figura,
--
ct:
f~to caem
gráfico contra o peso atom1co, os p~n
n~:t r:¡' h reta Quando QK é colocado num
r!sent;dos por cruzes) n:1ostram um
. ( ·1 p s sáo obtidos .para as hnhas La na
adÍcionais foram encontrados, como as séries de linhas M e N, que sao ainda inais
.. moles" do que as radia9óes L. As conclusóes obtidas por Moseley foram confir-
..:::__

espalhamento muito maior. Result~ os s11!11 ~~eequívoca que a correla~o entre a madas, e foram atribuídos númetos atómicos a todos os elementos químicos. O
Figura 4.8. As figuras most~m. de manet~a 1~ e o número atómico é muito mais número atómico de um elemento é o mesmo que o número. de cargas unitárias no
freqül!ncia das línhas caractenst1ca_~,.do~ rams eso atómico.·•:..--: .....,-,.~;j- .;-:·\,r''., núcleo, e· é. igual ao número de elétrons no átomo; ele também :é o mesmo· que o
satisfatória que aquela en_?"e a frdequ:~1:tp~~sas pelas fórmulas empíricas•;.-~- i - número da _ordém do elemento nó sistema perióaicó. A identidade clo úldmo nú-
As freqüencias tam~em P~ em , ., . ·: ·-- . mero com o número de cargas nucleares e o númer0 de elétrons foi sugerida por
van df!n Broek, 8 mas náo podía ser considerada como provada até o trabalho de
1 ,,:: 1
.(4.16a) Moseléy. O fato da posi¡;ao de inri demento no sistema periódico estar mais dire-
tamente ligada ao número atómico do que com o peso atómico mostra que as pro-
priedades químicas esta.o diretamente ligadas com a carga nuclear, e nao sao deter-
minadas pela magnitude do peso atómico, c0in0 -pensava Mendeléeff.
(4.16b)

REFERÉNCIAS
em termos de números de onda,
GERAIS

v= (l.12 - l.)
22
R(Z - 1)
2
,
(4.17a) A. H. CoMPTON and S. K. ALLISON, X-Rays in Theory and Experiment, 2nd
ed. New York: Van Nostrand, 1935.
M. S1EGBAHN, The Spectroscopy of X-Rays. Oxlord: Oxlord University Press,
L.:
__ (l._
V - 22
l.)
32
R(Z - 7,4)2 • (4.17b) 1925.
M. - SIEGBAHN, Spektroscopie der Rontgenstrahlen, 2nd · ed. Berlin: Julios
Springer, 1931.
. . d mpara9ao com a· teoría.
Estas rela90es sera.o Útf:IS _ma;s_ ta\ e ~~J~ ~~ra outros elerrientos, e os métod~s _da G. L. CLARK, Applied X-Rays. 3rd ed. New York: McGraw-Hill, 1942.
O trabalho de Moseley '°'
es en ~ . d
espectroscopia de raios X foram ape e19oa os.
Tipos de radia~ao caractens11ca F. K. RxcHTMYER, E. H. KENNARD, and T. LAURITSEN, lntroduction to
Modern Physics, 5th ed. New York: McGraw-Hill, 1955, Chapter 8.
11

68 FISICA NUCLEAR

PARTICULARES

l. A. H. CoMPTON and S. K. ALLISON, op. cit. gen re/., Chapter III.


2. C. G. BARKLA and C. A. SAnLER, "The Absorption of Roentgen Rays,1'
Phil. J!ag. 17, 739 (1909).
3. C. G. BARKLA, uNote on the Energy of Scattered X-Radiation," Phil.
5
Mag., 21, 648 (1911).
4. \V. L. BRAGG, "The Di:ffraction of Short Electromagnetic \Vaves by a
Crystal," Proc. Cambridge Phil. Soc., 17, 43 (1912).
5. W. L. BRAGG, The Crystalline State: Vol. 1, General Survey. London:
G. BELL, 1949, Chapter 3. A Teoria Quántica da Radiaráo
6. \V. H. BRAGG and \V. L. BRAGG 1 ºThe Reflection of X-Rays by Crystals,"
Proc. Roy. Soc. (London), ASS, 428 (1913); A89, 246 (1914).
7. H. G. J. MoSELEY, "The High Frequency Spectra o! thc Elements," Phi/.
Mag., 26, 1024 (1913); 27,703 (1914).
8. A. VAN DEN BROEK, "Die Radioelemente, das periodische Systcm und die
Konstitution der Atome," Physik. Z., 14, 32 (1913).

PROBLEMAS

1. A intensidade de um feixe de raios X se reduz a 9(Y)b do seu valor inicial quando passa
através de urna folha de berilio de espessura de 0,30 cm e densidade de 1,84 g/cm3 • Quantos
elétrons existem por átomo de berílio (a) calculados diretamente a partir da atenuayao, (b) 5.1 O fracasso da física clássica em descrever os fenómenOs atómicos. Nos pri-
caiCuiados pela relac;íio de Barkla, a Eq. (4.8)? (e) Qual é o valor do coeficiente de absor~o? meiros quatro capítulos, foram discutidas as experiencias fundamentais relaciona-
2. Um feixe de raios X incide sobre um cristal de cloreto de sódio (espayamento da rede das com o problema da natureza dos átomos. EstaS experiencias foram· interpreta-
= 2,820 x 10-s cm_; 1 x 10-s cm = I AngstrOm). A reflexíio de Bragg de primeira ordem é das em termos de certos conceitos que formam a base das atuais idéias de estrutura
obs~rvada no 3.ngufc,-- de 8º 35'. Qua! é o comprimen to de onda do raio X? Em que ángulos atómica. Em 1913, supunha-se um átomo como consistindo de um núcleo positiva-
ocoITerao as reflexOes de Bragg de segunda e terceira ordem? mente carregado de cerca de 10- 12 cm de raio, circundado por elétrons distribuídos
3. Os espayamentos das redes de calcita, quartzo e mica sao 3,036 A, 4,255 A e 9,963 A, num volume de cerca de 10-1; cm de raio. Sabia-se que a carga num núcleo era dada
respectivamente. Em que ángulo seria observada a primeira reflexíio de um feixe de raios X por Ze, onde Z é um inteiro positivo e e é a magnitude da carga eletrónica; sabia-se
de I A numa pedra de sal, calcita, quartzo e mica, respectivamente? ainda que o número de elétrons era igual a Z porque o átomo é eletricamente neutro
~ 4. Em suas experiéncias, Moseley usou um cristal de ferrocianeto de potássio tendo um
espa9amento da rede de 8,408 A. Ache as posi9óes das primeiras reflexOes dos raios X K 0 - do em condi9óes normais. O trabalho de Moseley mostrou que·o número Z é também
cromo, manganés, ferro, cobalto, níquel, cobre e zinco, respectivamente. igual ao número atómico, que representa a posi~ao do elemento na tabela periódica.
5. Calcule as .freqüéncias e os nútrieroS de oÍida das Iinhas K 0 listadas na Tabela 4.f. Nesta tabela, os elementos sao ordenados de acordo com suas propriedades, de tal
6. O tecnécio é um dos noves elementos descobertos entre os produtos da fissaO do maneira que estas estflo diretamente relacionadas com a carga nuclear e o número
uranio. Os comprimentos de onda das linhas de •raios· X K 0 <leste elemento foram determina- de elétrons no átomo. Para descrever em detalhe como estas propriedades depen-
das obtendo-se o allgulo de 7 ,00 para a reflexlio de Bragg de primeira ordem de urna face dem da carga no núcleo, __ em necessário um modelo mais detalhado do átomo, e
clivada do NaCI. Qual é o comprimento de onda do raio X? Qual é o número atómico do espera va-se que tal modelo incluísse urna descri98.o da maneira pela qua! os elétrons
tecnécio? esta.o arranjados no átomo.
7. A linha K para o cobre temo comprimento de onda de 1,5412 A, medida com urna
0

rede padríio. A reflex3.o de Bragg de primeira ordem de urna face clivada do NaCI é obtida Foram feitas tentativas de construir um modelo atómico teórico com base na
numa experiéncia, num ftngulo de 15º 53'. Qllal é o espac;amento da rede do NaCI? Ache o física clássica, mas todas elas falharam, e percebeu-se eventualmente que a física
número de Avogadro, urna vez que a densidade do NaCI é 2,164 g/cm3 e o seu peso molecular clássica (mec:inica newtoniana. eletromagnetismo de Maxwell e termodinámica)
é 58,454. nao podia explicar ou descrever os fenómenos atómicos. Este fracasso pode ser
8. O comprimento de onda das linhas L 0 dos raios X da Ag e Pt sao 4,1538 A e 1,3216 A, ilustrado por meio de dois exemplos simples. O primeiro exemplo é o de um átomo
respectivamente. Urna substáncia desconhecida emite raios X L com um comprimento de
0 consistindo de cargas positivas e negativas estacionárias. Considere um átomo con-
onda de 0,966 A. Com·estes dados, e conhecidos os números atómicos 47 e 78 para a Ag e Pt, sistindo de um núcleo com duas cargas positivas elementares e com dois elétrons
respectivametlte. determine o número atómico da substáncia desconhecida. forado núcleo. Se os elétrons est:io a urna distancia a do núcleo. e separados urn do
outro de 2.a. a for9a de repulsa.o eletrostática entre os elétrons é e:!./4a'·!.; cada elétron
é atraído para o núcleo com urna for9a igual a 2e 2 /a 2 , oito vezes maior que a for9a
repulsiya. Portanto. os elétrons cairiam no núcleo e nao haveria estabilidade mecft-
nica. Este exemplo é o caso especial do teorema que nos diz que urna carga elétrica
nao pode estar em equilíbrio ou em repouso semente soba a9ao de for~as elétricas:
e o exemplo pode ser estendido para qualquer átomo.
1 Suponha em seguida que os elétrons giram de alguma maneira em torno do

j
70 FÍSICA NUCLEAR A TE0RIA 0UÁNTICA DA RADIACÁO 71

núcleo. e considere por simplicidade o caso de um átomo de hidrog:enio que tem um cer~a de 50 A constituem a ;adiai;ao ultra~ioleta. e aquelas menores que 50 A mas 1

elétron e um núcleo com urna carga positiva. Considere que o elétron gira em torno ma1ore~ que cerca de 0,01 A sao usualmente classificadas como raios X. Raios 1

do núcleo numa órbita circular de raio a, e que a velocidade do elétron é tal que a gama· tem comprimentos de onda ainda menores.
for9a atrativa entre o elétron e o núcleo fornece justamente a foq;;a centrípeta ne- A qual!-].uer temperatura. a energia calorífica emitida está distribuida num es- · i

cessária. O sistema, núcleo e elétron, poderia entflo ser mecanicamente estável. O pectro contmuo de _comprimentos de onda, e esta distribuii;iio espectral muda com a
elétron, entretanto, está sujeito a urna acelera9ao constante em dire9&0 ao núcleo, temperatura. ~ ba1xas te!11peraturas, a raziio de irradiac;ao é pequena e a energía 1

e, de acordo com -~ teoria eletromagnética. deveria irradiar energia. A energia do bas1camente e de compnmento de onda relativamente longo (radiac;áo infraver-
sistema deveria entao decrescer; o elétron deveria espiralar gradualmente em dire- melha). A t~mJ?eratu_ras ent_re 500 e 550°C, os carpos comec;am a irradiar l~z visí-
9iio ao núcleo, emitindo radia9ao de urna freqüencia que cresce constantemente, e vel, o que significa que a d1stribuic;iio de energía entre os diferentes comprimentos
eventualmente cair dentro do núcleo. Estas previs0es da física clássica estao em d~. onda se deslocou tanto que urna por93o suficientemente grande da energia ra- 1

total desacordo com os fatos experimentais. Sabia-se há muito que, quando os áto- diante tem comprimentos de onda dentro do espectro visível. A medida que a tem-
mos de um elemento. no caso do hidrogenio. sao excitados através, por exemplo, peratura aumenta, a, frac;ao da radiac;ao visível aumenta até que a 3.000ºC. aproxi- 1

da passagem de urna descarga elétrica através do gás. e se a luz resultante (radia- ~adame~te a temperatura de um filamento de urna lámpada incandescente, a radia-
9ao) emitida pelo elemento é dispersada por um prisma. observa-se um espectro de i;ao contem urna quantidade suficiente dos comprimentos de onda mais curtos para 1

linhas característico do elemento. O hidrogenio sempre fornece um conjunto de que o carpo aparec;a como "branca".
linhas com os mesmos comprimentos de onda. hélio fornece um outro conjunto, A análise de medidas _de Tyndall sobre a radiac;ao de fios de platina quente
sódio ainda outro, e assim por <liante, em contraste com a previsao de emissao de levou Stefan (1879) a sugenr urna regra empírica que pode ser escrita na forma
radiai;áo de freqüencia crescente. Realmente, na.o existe nenhuma catástrofe ,ató-
mica, e os átomos parecem durar um longo tempo. A teoria falhou novamente em W = euT4, (5.1)
explicar a estabilidade dos átomos. Além disso, a despeito de muitas tentativas, a
física clássica náo podia explicar o espectro ótico característico dos elementos, nern onde W é a razao de emissao de energia radiante por unidade de área e é expressa
podía explicar o espectro dos raios X. em ,ergs por centímetro quadrado por segundo, e Té a temperatura absoluta em ºK:
_Após muitas tentativas como as citadas, tornou-se evidente que a descrii;ao W e chamado de poder emissivo total, ou emitáncia total. A' quantidade e é cha-
dos fe_nómenos atómicos requería um novo tipo de teoria física, que pudesse mada de emissividade da superficie e tero um valor entre zero e um, dependendo da
descrever os fenómenos atómicos em termos de conceitos novos, náo clássicos. A natureza.da superficie; u é a constante chamada.constante de Stefan-Boltzmann.
teoría qu3.ntica de Bohr da estrutura atómica foi a primeira tentativa bem-sucedida Em 1884. Boltzma~n deduziu a Eq. (5.1) da termodinámica. e por isso á equa,;áo é
em preencher a neC'és_sjdade, e, apesar de se descobrir mais tarde que era insatisfa- conhec1da como le1 de Stefan-Boltzmann. Se um carpo de emissividade e, na tem-
tória, -ela preparou o caminho para a moderna e mais bem-sucedida teoria da meca- peratura Ti, é.circundado por paredes a temperatura T2 , menor que Ti, a raziio de
nica qu3.ntica. A teoría de Bohr era baseada na teoría qu3.ntica da radia93.o térmica perda de energía pe.lo corpo é dada por
a
introduzida por Planck em 1901 e aplicada luz por Einstein em 1905. A teoría
W,o1 = ea(T1
4
-
4
T ,J. (5.2)
qu3.ntica de Planck situa-se na base das atuais idéias sobre átomos e núcleos, e seria
fútil continuar estudando a física atómica e nuclear sem antes ter alguma no9áo das
idéias básicas desta teoría. A teoría qu3.ntica surgiu efetivamente do fracasso da A e_qua,;áo (5.2) é familiar por causa de sua aplica,;áo ~problemas práticos de
física clássica em explicar alguns dos fatos experimentais da radia~iio térmica. Erri transferenc1~ de calor. No final do sé~ulo XIX e comei;o do século XX, os físicos 1

particular, a física clássica náo podia explicar a dependencia da intensidade da est~vam mmto preocupados com é.l•inaneira pela qual o poder erriissivo de um carpo
energía radiante com o comprimento de onda da radia980 emitida por um carpo vanava coro a temperatura e comprimen/o de onda. Seu interesse se concentrava
negro. Para explicar este fenómeno, foi necessário desenvolver urna teoría para· a em .. explicar" ou ·••entender" a variai;3.o em termos dos conceitos fundamentais e
emissáo de radiai;áo que estava baseada num conceito inteiramente aposto as idéias teorías da física. Por "explicai;áo" ou "entendimento" queremos dizer encaixar as
da física clá~sica. O novo conceito dos quanta ou corpúsculos discretos de energía informa96es experimentais no esquema das teorias físicas existentes ou se isto nao
deve· ser aphcado a todos os problemas envolvendo a emissao e absori;áo de radia- p_uder s7r feíto, modificar _estas teorias de tal forma que elas incluam os dados expe-
93.o eletromagnética; mas estes sáo os prob)emas básicos da física atómica e mole- n~enta1s. Apesar ?este mteres~e náo parecer ter grande importancia· prática, as
cular, e esta é a razáo para a importancia da teoria qu3.ntica nestes campos. d1f1culdades as qua1s ele conduzm provocaram o nascimento da maior revoluc;ao no
O conceito dos quanta de energía é tao diferente das idéias da física clássica, pensamento físico durante o século XX.
que somente um cuidadoso estudo do problema da radiac;áo térmica pode mostrar a Os físicos escolhem como objeto de seus estudos a radiac;i'i.o térmica de urn
necessidade de urna teoria qu:intica, e tornar claro o que significa quanta de ener- carpo negr_o: Para entender o que se quer dizer pelo termo carpo negro, primeira-
gia. O problema da radiai;3.o térmica será portanto estudado com algum detalhe. ?"Ie~te def1mmos a absortdncia de um carpo como a frai;iio da energia radiante.
mc1_d~n:e sobre a superfície do carpo, que é absorvida. Um carpo negro é, por
5.2 A emissáo e absor~ao de radia~ao térmica. Sabe-se muito bem que um defm1c;ao, aq~ele corn absort.incia igual a unidade, isto é, urn carpo que absorve
carpo quente emite radiai;ao na forma de calor. A radia9i'i.o térmica consiste de tod~ a ~nerg1a radiante que incide sobre ele. Provou-se que existe urna relac;ao
ondas eletromagnéticas e difere da luz visível e raios X por ter comprimentos de mu1to simples entre a absort:incia de· um carpo e seu poder emissivo total. Esta
onda maiores. Assim, radiac;óes com comprimentos de onda entre 7.000 x 10- 8 cm relac;áo, Ach~m~da lei de Kirchhoff. estabelece que a raza.o entre o poder emissivo e
e 4.000 x 10- 8 cm sao usualmente consideradas como luz, porque o olho humano a absorta~c1~ e a mesma para todos os carpos a mesma temperatura, e é igual ao
pode ver estes comprimentos de. onda. O comprimento 10-s cm é chamado de Angs- po_der em1ss1vo do cor~o negro nesta temperatura: tal lei é válida para cada com-
tróm. e é abreviado como A. Ondas maiores que 7.000 A e menores que 0,01 cm pnmento de onda. e fo1 confirmada pela experiencia. Segue-se da lei da Kirchhoff
sao _as ondas de calor ou infravermellws. comprimentos de onda entre 4.000 A e que nenhum carpo pode emitir energia radiante numa raza.o maior que o carpo
72 FÍSICA NUCLEAR

negro. porque o valor máximo de absortancia. teoricamente o do corpo negro, é a A TEORIA OUANTICA DA RADIACAO
unidade. e qualquer valor menor da absortáncia implica necessariamente num valor
73 w
menor do poder emissivo. Portante. o carpo negro, que é o absorvedor mais efi- 'I
ciente da energia radiante. é também o emissor mais eficiente. A emitáncia de um
carpo negro. a quantidade e na Eq. (5.1). é igual a unidade, e o poder ernissivo total
de urn carpo negro depende semente da temperatura e nao da natureza do carpo. A
distribui~iio espectral da energia irradiada por um carpo negro tem, entretanto, um 30
f
interesse especial. 'W>
Um carpo negro nao existe realmente na natureza, mas algumas substancias j
como fuligem. Inca preta lisa. urna placa de a¡;o áspera, ou urna placa de amianto, ~
1

refletem somente pequena porcentagem da radiai;ao incidente e se aproximam de ~


••
20
um corpo negrn. Mostrou-se também que a radiai;ao· vinda de urna pequena aber- ]" j
tura numa cavidade quase totalmente fechada, uniformemente aquecida, é um bom 3
substituto para a radia<;áo de um corpo negro. Como fonte de radiac;áo de um carpo '!"'!>
negro. um forno elétrico pode ser usado. consistindo de um longo tubo, com pare- e•
10
des escuras. de preferencia. aquecido por urna corrente elétrica passando num fio "'
enrolado em torno do tubo. A temperatura da parte central do interior é medida
com um termómetro de algum tipo. Faz-se um pequeno furo na parede e observa-se
1
a radia¡;il.o vinda do furo. A distribui<;ilo espectral da radiac;ao pode ser analisada
por meio de um espectrómetro ótico com um dispositivo medidor de energia no oos--'----¡-.JJL---{_ _2J 11
lugar da chapa fotográfica. As radia¡;óes vindas do carpo negro sáo refratadas por ·' 1 2
• . Comprimento de onda (mfcrons) 3µ
um pequeno cristal que pode ser urna pedra de sal, quartzo ou fluorita. Usa-se sal
no Jugar de vidro porque o vidro absorve muita radiai;ao infravermelha. O disposi-
tivo medidor de energia pode ser urna termopilha de tipo linear ligada a um galva-
Fig. S.1 A distribui980 de ener .
de F. K. Richtmyer e E
McGraw-Hill 1947)
g1a no espectro de urna 1am ad
. H. Kennard, lntroduction to Mpd a de tun~stenm. Com pennissáo
A • '¡
0
if6metro com grande sensibilidade. A radiai;ao incidindo numa juni;ao da termopilha ' • ern Phys,cs 4 a ed N y 1
· ' · •• ew ork,
faz com que a temperatura naquela juni;ao se eleve acima da outra juni;ao, e a 1
corrente elétrica resultante causa urna deflexao da agulha do galvanómetro. A de- da Figura's2
flexao causada ·pela abson;áo de radiai;ao numa dada faixa de comprimento de onda · · A s curvas
· sáo • ..
,·_• · ·
depende do poder emissivo do radiador naquela faixa. Portante, o poder emissivo
pode ser medido como funi;5.o do comprimento de onda. Outro útil dispositivo me-
didor de energía é o bolómetro. que consiste de urna tira de metal nrnito fina, escu-
aumenta, a altura do , . parecidas na fonna mas a d.
comprimentos de ond:ax1mo aumenta e a sua ~osi9Jo
para urna dada te men,ores ou freqüencias maio
.
i~a que a te_mperatura
es oca_ em d1re93o aos
s:~ 11¡/

tal. Esta área au::::~ratura e representada pela área e::s. A energia r~diante total
recida, com conexóes elétricas. Esta tira é a receptora das radia9óes, e está ligada n a com a quarta poténcia da tem e a curva e o e1xo hoiizon-
como um brac;o de urna ponte de Wheatstone balanceada. A radiai;ao incidindo na . . ~eratµra absoluta, de acorde li11
tira eleva sua temperatura, provocando urna mudan9a na sua resisténcia elétrica,
que é medida pelo galvanómetro da ponte. O holómetro pode detectar mudan<;as
E
muito pequenas de temperatura e, portante, diferenc;as muito pequenas na. energia 1
radiante, de tal modo que é um instrumento sensível e útil para medir a distribuic;ao 140 1
1

espectral da radiac;áo térmica. 130 1646º


Quando o poder emissivo de um corpo aquecido é medido como funi;ao do 120 /i¡I
comprimento de onda, a urna dada temperatura, obtém-se urna curva parecida coro -;, 110 '·i
a da Figura 5. 1. A abcissa é o comprimento de onda em mícrons (1 mícron = 10- 4 •
-~ 100
cm). As ordenadas sao os valores relativos do poder emissivo monocromático, ou •
1! 90
1/1
emitáncia espectral. Esta quantidade. indicada por W >., é o poder ernissivo por faixa •• 80 1
de comprimento de onda unitária, ou a energia radiante emitida por unidade de área ~

por tmidade de tempo na faixa de comprirnentos de onda entre A e A + dh. O poder ]• 70


3 1449º /¡
emissivo monq_~rornático está relacionado como poder emissivo total pela e(luai;ao
••
e'
60

l
e
50 1259º
(5.3) "' 40
30 1095º
¡/1
Vé-se a partir da figura que. para comprimentos de onda muito curtos e também 998°
20 904º
para comprimentos de onda rnuito longos. o poder emissivo monocromático é muito 723º ¡/,
10
pequeno. Na faixa de comprimentos de onda intermediários, ele tem um valor má- 1:1

ximo num cornprimento de onda definido 11. 111 • Medidas feitas a diferentes temperatu-
l _2 3 4 5 6µ
ras por Lumrner e Pringsheim {1899) conduziram a um conjunto de curvas como o

1~
Compnmento de onda (mícrons)
Fig. 5.2
A distrioui980 dé energia no espectro de um
carpo negro a diferentes temperaturas.

,~I
A TEORIA OUÁNTICA DA RADIACÁD 75
74 FÍSICA NUCLEAR
De acordo com a teoria eletromagnética da luz, de Maxwell, a radia9ao numa
com a lei de Stefan-Boltzmann. Os resultados experimentais contidos nas curvas da cavidade exerce urna pressao sobre as paredes da cavidade que é proporcional a
Figura 5.2 sao típicos do fenómeno que precisa ser explicado pela teoria. densidade de energia da radia9ao. Wien, portante. tratou a radia9áo como urna
máquina termodinámica a qual a primeira e segunda leis da termodinámica podiam
5.3 A teoria clássica da radia~ao térmica. Wien (1893) mostrou que era possí- ser aplicadas. Considerou radia9ao de um único comprimento de onda e analisou o
vel predizer algumas características da radia9ao térmica a partir das leis da física. que aconteceda a esta radiac;ao numa ex pansa.o adiabática da cavidade que ela ocu-
clássica. Seus resultados va.o ser discutidos com algum detalhe para se entender .as pava. Descobriu que o comprimento de onda e a temperatura antes e depois da
dificuldades que surgiram e que só puderam ser resolvidas pela teoria quántica. transforrna9ao adiabática podiam ser ligados pela seguinte rela9ao:
No tratamento teórico do problema da radia980 é conveniente usar a quanti-
dade u,._, chamada de densidade de energia monocromática. em vez do poder emis- T Xo 1.

sivo monocromático W ><· A densidade de energía representa nao a energia incidindo To - ¡;' (5.5)
'1
num centímetro quadrado por segundo, mas a energia contida num centímetro cú-
bico de volume. A densidade de energia e o poder emissivo estáo relacionados onde To e A0 sao os valores da temperatura e comprimento de onda da radiac;ao
geometricamente de maneira simples. Se a radia9áo se propaga numa dire9áo defi- antes da transforma93o adiabática, e T e A sao os valores -após a .transforma9ao. A
nida, a quantidade que vai atingir urna sec9ao transversal unitária por segundo é a Eq; (5.5) pode ser escrita numa forma mais geral:
quantidade contida em um prisma cuja base tem 1 cm 2 de área e cuja altura incli-
nada ao longo da dire9ao de propaga9ao é a velocidade da radia9ao e. Esta quanti- ,.y = constante. (5.6)
dade é o volume do prisma (e cose, se O é o fingulo entre a direc;áo de propagac;ao e
a normal a superficie) multiplicada pela energia da radiac;ao por unidade de volume. Esta equa9élo expressa o fato de que, se urna radÍa¡;ao de um comprimento de onda
Portanto, se a densidade de energia é conhecida, a quantidade de luz incidindo em 1 particular cuja intensidade-corresponde a urna temperatura definida se transforma
cm2 /s pode ser achada fazendo-se a integrac;ao· para todas as dire9óes de propaga- adiabaticamente em outro comprimento de onda, entao a temperatura absoluta
9áo. A quantidade de radia9ao de um dado comprimento de onda incidindo em 1 muda na raza.o inversa. Wien também obteve outro importante resultado: o de que a
cm 2 de um carpo por segundo a urna dada temperatura é igual a quantidade que 1 densidade de energia monocromática e a temperatura antes e éiepois da transforma-
cm2 da superficie do corpo vai irradiar em um segundo a mesma temperatura (lei de 930 adiabática sáo ligadas pela seguinte rela9ao:
KirchhofO. Como esta quantidade é exatamente o poder emissivo monocromático,
este, é proporcional a densidade de energía; o fator de proporcionalid_ade contém u, r•
somente fatores geométricos e a velocidade da luz, dos quais nenhum depende do -=-, (5.7)
comprimento de OÍ'Ída ou temperatura. Nao precisaremos desta rela9ao e portanto U>.a T8
náo a mostraremos.eiplicitamente; será suficiente lembrar que a densidade de ener-
gía mol1ocromática e o poder emissivo monocromático podem ser usados alterna- onde o subscrito zero novamente se refere as condi90es antes da mudanc;a. A Eq.
damente desde que nao sejam necessários valores absolutos. A densidade de ener- (5.7) também pode sCl' escrita numa forma mais geral
gia pode também ser escrita como uv em vez de u>. para mostrar que ela pode ser
expressa em termos da freqüéncia em vez do comprimento de onda. Pela defini93o, u, (5.8a)
u.dv é a energia radiante por unidade de volume na faixa de freqüéncias de v a v + T• = constante,
dv; u>.dA e a energía radiante por unidade de volume na faixa de comprimentos de
onda de A a A + dA. Freqüencia e comprimento de onda esta.o relacionados pela ou, c_om a ajuda da Eq. (5.6),
expressao
u,).5 = constante. (5.8b)
vi\.= e,
Para que as Eqs. (5.6) e (5.8) sejam válidas simultaneamente, u,>-' ou u,/T' devem
onde e é a velocidade da luz. Agora, uitlv <leve ser igual em magnitude a u>.dA, ser urna fun9ao do produto >.T:
desde que a cada freqüéncia corresponde µm comprimento de onda, e
(5.9)
(5.4a) ou
u,
e f(XT),
= xs (5.10)
onde as barras indicam o módulo da quantidade. O módulo <leve ser usado porque a
densidade de energia é positiva. A partir de onde C é urna constante e a fun9ftof(ATJ é, até agora. indeterminada.
As equa96es (5.6) e (5.7), ou (5.10). constituem a/ei de des/ocamento de Wien.
vi\.= e, A raz§.Q para eJ.ite nome é a de que, se se sup6e que a rnudan¡;a de urna temperatura
para outra maior ocorre por meio de urna compressao adiabática, entao, pela lei de
/dX/dv/ = X2 /c, e Wien, a nova curva de distribui9fto (veja Fig. 5.2) é obtida da primeira deslocando-
se cada abcissa em direc;ao a origem na raza.o das dist:incias, >..IA. 0 = T0 /T, e aumen-
xz tando a ordenada na razfto T5/T 05 • Assim, para um máximo (W>.m)o ou (u>.m)o na
-U>.,
e (5.4b)

!II
76 FÍSICA NUCLEAR A TEORIA QUANTICA DA RADIACA0 77

Tabela 5.1* Verificafiio experimental da lei de deslocamemo de Wien

Comprimento para Densidade de


Temperatura densidade de energia relativa • :c'l'=Hi4íiºh
observada, energia máxima, máxima, AmT, u,._ 111 T- 5 ;
X 1011 x: T =14-19° h
T: graus K >.. 111 X 10 4 cm u,. cm. grau
o: 'f'=1250ºK
621,2 4,53 2,026 0,2814 2190
723 4,08 4,28 0,2950 2166
908,5 3,28 13,66 0,2980 2208
998,5 2,96 21,50 0.2956 2166 u,\ T·'
1094,5 2,71 34.0 0,2966 2164
1259,0 2,35 68.8 0.2959 2176
1460,4 2,04 145.00 0.2979 2184
1646 1,78 270,6 0,2928 2246

*De Preston, Theory of Heat.

primeira curva, corresp·onde a máxima ordenada u >..m na segunda; e, se Am é a ab-


cissa da máxima ordenada, AT
5 (5.11)
>,.mT =Constante= a u,m/T = constante= b. Fig. 5.3 A verifica<;iio experimental da lei de deslocamento para a radia980 de corpo negro.
(Com permissflo de F. K. Richtmyer e E. H. Kennard, Jntroduction to Modern Ph\'sics, 4.ª
Estas previsóes podem ser comparadas com os dados experimentais de Lum- ed .. New York. McGraw-Hill. 1947.) ·
mer ,e Pringsheim, mostrados na Figura 5.2. Os resultados da compara9áo estáo
listados na Tabela 5.1; a quarta e quinta colunas da tabela da.o o valor experimental
dos produtos AmT,.e u-,.mr-s, respectivamente. É evidente que náo há nenhuma va-
, ria~áo significatiVa em nenhum dos produtos numa larga faixa de valores das dife- supós que a radiai;ao era produzida por emissores ou osciladores do tamanho de
reníes quantidades, e a lei do deslocamento de Wien é válida. O valor médio do urna molécula, que a freqüéncia da radiac;ao era proporcional a energia cinética do
produto obtido por Lummer e Pringsheim era 0,2940 cm.°K. Experiencias mais oscilador, e que a intensidade em qualquer comprimento de onda particular era
recentes e mais precisas da.o para o melhor valor desta quantidade, a constante de proporcional ao número de osciladores com a energia requerida. Com estas suposi-
deslocamento de Wien, o valor 0,2884 ± 0,0006 cm.°K. A rela<;ao (5.10) também foi <;óes. Wien deduziu a seguinte expressao para a distribuic;:8.o:
verificada pelas experiéncias de Lummer e Pringsheim. Portanto, da Eq. (5.6), A=
constante/T, a Eq. (5.10) pode ser escrita como (5.13)
u,/T5 = C'J(>,.T), (5.12)
onde C1 e C2 sao constantes. Esta distribuic;ao tem a forma geral necessana e
onde C' é a nova constante. Se os valores experimentais da quantidade u>../T,5 Sao descobriu-se que concorda razoavelmente bem com as curvas experimentais em
¡x,stos num gráfico contra os valores do produto AT, urna única curva deve resultar comprimentos de onda curtos, digamos, de l a 3 x 10- 4 cm, mas para comprimen-
de acordo coma rela¡;ao funcional (5.12); na Figura 5.3 é mostrada a curva com- tos de onda maiores ela prediz valores de densidade de energia que sao muito pe-
posta obtida pela combina¡;ao dos dados tomados a trés diferentes temperaturas. A quenos. A fórmula de distribuic;ao também falha a altas temperaturas porque uA (e
previsáo teórica se vé bem verificada, e, urna única curva serve para representar a W A) deveria crescer acima de todos os limites quando a temperatura aumenta até
distribui98.o espectral da radia<;áo de corpo negro em todas as temperaturas. O pro- um valor ilimitado, que nao é o caso na Eq. (5.13). A fun¡;:io exponencial. entre-
blema da distribui¡;áo espectral da radia¡;3o de corpo negro foi portanto reduzido a tanto. é tao satisfatória em comprimentos de onda curtos, que qualquer lei de radia-
determina<;ao de urna única fun¡;aof(>.TJ na Eq. (5.12) - a fun<;ao que fixa a forma i;ao bem-sucedida deve se reduzir a tal func;:io nesta regia.o do espectro.
da curva da distribui¡;ao espectral. Outra tentativa de obter urna lei de distribui¡;:io resultou na fórmula de
Rayleigh-Jeans. Esta fórmula foi deduzida de urna maneira muito mais geral que a
5.4 O fracasso da teoria clássica da radia~3o térmica. A dedm;ao da lei de
¡ expressño de Wien. e mostrou-se que era urna conseqüéncia necessária da dina.mica
Wien era baseada na termodiniimica e náo envol-V-ia a natureza do irradiador ou o clássica e estatística. Ela era. entretanto. justamente o máximo que a física clássica
mecanismo de emissáo da radia¡;áo térmica. Conseqüentemente, a lei de Wien dá a podia fazer. Segue urna breve visa.o das idéias envolvidas. Considere urna cavidade
dependéncia geral da densidade de energia monocromática coro o comprimento de oca com paredes perfeitarnente refletoras e, por conveniéncia. suponha que a cavi-
onda e a temperatura. A forma detalhada. explícita da dependéncia, é afetada pela dade é retangular. Em tal cavidade podem existir ondas eletromagnéticas estacionú-
escolha do modelo para o irradiador. Esta escolha é arbitrária, e pode ser postulado rias: estas ondas, de fato. constituem a radiac;ao térmica. Se é conhecida a energia
qualquer modelo que parec;a razoável, que conduza a urna lei de distribuic;ao da média carregada por cada onda. e pode ser calculado o número de ondas estacioná-
forma geral da Eq. (5.10) ou Eq. (5.12), e concorde coma experiéncia. rias com a freqüéncia entre ve v + dv. a densidade de energia da radiac;ao pode ser
A primeira tentativa de determinar a fun<;ao.f(HJ foi feíta por Wien (1896), que ohtida. O número de ondas pode ser calculado e é igual a
A TEORIA QUÁNTICA OA RAOIACAo
78 FÍSICA NUCLEAR 79
diada. a qualquer temperatura é na realidad e finita. Portante. a fórmula de
N(v) dv = 81rv2 dv. (5.14) Rayle1gh-Jeans também falha na explicac;ao da dependéncia da radiac;ao coma tem-
c3 peratura observada.

A energia média carregada por cada onda pode também ser calculada. Cada onda
_ 5.5 A teoria quántica de Planck da radia~o térmica. O problema da distribui-
estacionária de radia<;áo pode ser considerada corno causada por um dipolo elét~co
c;~o _espectral da :ad!ª!ªº térmica foi resolvido por Planck em 1901 por meio de uITia
agindo como um oscilador harmónico linear coma freqüencia v. A radia<;áo térmica
h~pote~e revol_uc_mnana. _Planck postulou que um oscilador harmónico como aquele
consiste, entáo, das ondas eletromagnéticas emitidas por um grande número tais?e discutido na. ul!t'!1a s~c;ao náo tem urna energia que possa tomar qualquer valor
osciladores. O número <lestes osciladores com freqüencia entre v e v + d~ e dado i
entre zero e mfm1to. rhas pode somente tomar valores iguais a zero ou E ou 2E ou 1 1

pela Eq. (5.14) e cada oscilador tem urna energia e que pode _ter qualquer ~alar entre 3,~· • • •: ou _nEo, on d e €o e. urna quant1.d ad e fimita,
. discreta,
. ou quantum, deo energía
o
e
O e x. Existe. entretanto. um certo valor médio € da energm de um oscilador, que
n e um mteJro. A energia média de um oscilador é obtida de urna maneira análoga a ¡

pode ser obtido da ·mecanica estatística clássica. De acordo com aqu~la teori~.
usada ~a ded~c;ao da· lei de Rayleigh-Jeans exceto que somatórias sao usadas em
quando os osciladÜres estáo em equilibrio, o valor e para qualquer energ1a do osc1- vez de mtegra1s. O valor médio é agora '

lador acorre com a probabilidade relativa e-E11.7 • onde k é a constante de Boltzmann. !

A energia média E é obtida tomando-se a média de todos os valores de E. com este


L:-o nEoe-/3nEo d
.
fator de ponderac;ao. Fac;a {3 = l/k.T, por conveniéncia; en tao
L:=o e-13nEo
- - - log ¿
.oc
e-/3nEo - d 1
- d/3 log -1--.- . ' ,i¡·
d/3 n-o 6-pEo
·¡·'11
E=
fo~ Ee-/3E dE
- -d log
d/3
f~ e-
o
p, de
lf
fow e-/3EdE
·1'·,1.1
d 1 A densidade de energía é entao, coma ajuda da Eq. (5.14), 11
- - d/3 log ~ = lcT. ',
'
A densidade de:energia da radiac;ao é, entao, (5.17)
1

ou
u, dv = N(v)e dv = (5.15)
Eo
A Equa9ao (5.15) é a fórmula de Rayleigh-Jeans, e pode também ser escrita na u,, = -c3 --,,-:;"---
lºfkT _ l (5.18) i)¡¡
forma
Esta fórmula deve ter a mesma forma geral da leí.de Wien, Eq. (5.10), e a tempera- 1

81rkT 11.11
u,=~- (5.16) t~ra deve aparecer na combinac;ao AT, ou· T/v, ou v/T. Portanto: Eo deve Sef propor-
cmnal ·,a v, ou
1

1¡J
A.fóimul~-de Rayl~igh-Jeans concorda bem coma distribui9ao experimental de
intensidades para comprimentos de onda longos; nesta regia.o, a intensidade de ra- •o= hv, (5.19) 11

dia9ao cresce com o quadrado da freqüéncia. como na Eq. (5.15). Para grandes
o~de_ h ~ ~ma nova. constante universal, chamada de constante de Planck. A lei de
valores de freqü€:ncia, isto é, pequenos valores de A, entretanto, a fórmula falha. d1stnbmc;ao da radiac;ao térmica de Planck é portante · - ·
De acordo coma Eq. (5.16). a energía irradiada por um corpo negro numa faixa 1

dada de comprimentos de onda cresce rapidamente a medida que A decresce, e se


3
aJ)fOXima· -do infinito quando o comprimento de onda se torna muito pequeno. A 8,rhv 1
curva de radiac;ao observada experimentalmente discorda completamente desta Up = c3 -(e--chc-,cclk-,T~_--") ' (5 .20) 111
previsflo, urna.vez que para comprimentos de onda muito pequenos a densidade de 1 !1,
energia (ou poder·emissivo monocromático) torna-se entao cada vez menor. Além ou, em termos de comprimento de onda,
disso, a eitergia em todos os comprimentos de onda seria
'
81rhc 1
1

1) (5.21)

É interessa_nte comparar a l~i de radiac;ao de Planck com a distribuic;ao de Wien


e a integral é infinita para qualquer valor de T diferente de T = O. o que significaria
Eq. (5.13] e a formul~ de Rayle,gh:Jeans Eq. (5.15). A baixas freqüéncias. hv/kT«
que a energia total irradiada por unidade de tempo e por unidade de área é infinita a
1. a fun,ao exponencial no denominador da Eq. (5.20) pode ser expandida. Entao. i/¡ 1
todas as temperaturas finitas. Esta conclusüo é falsa, porque a energia total irra-

1.;I
1
-~
80 FÍSICA NUCLEAR ¡ A TE0RIA QUÁNTICA DA RADIAQAD

Este foi o primeiro cálculo da Constante de Planck, e o melhor, até aqueta época. da
81

l
constante de Boltzmann. Determina9óes experirnentais mais recentes e mais preci-
Uv = [l + (hv/kT) + · · ·I ~ l
sas de h e k por urna variedade de métodos d8.o

e a baixas freqüéncias (grandes comprimentos de onda) a fórmula de Planck se h = (6,62517 ± 0,00023) x 10-21 erg.s,
reduz a fórmula de Rayleigh-Jeans (5.15). conhecida como válida a grandes com-
primentos de onda. A freqüéncias tais que hv/kT>> l. o I no denominador da Eq. k = (1,38042 ± 0,00007) x 10- 16 erg/ºK.
(5.21) pode ser desprezado em comparac;ao coma exponencial. e
Quando os valores acima sii.o inseridos na Eq. (5.20) ou Eq. (5.21), a forma da
curva de distribui98.o espectral é completamente determinada. A lei de distribui9§.o
81rhc -hc/HT d~ Planck pode entiio ser comparada diretamente com a experiéncia: isto é feito na
'UA = ~e ,
Figura 5 .4 para o caso da radia9iio de carpo negro a 1.600ºK. Os pontos sao os
r~su~tados experimentais para a distribui93.o de energia de acordo com a lei de ra-
que é a fórmula de Wien (5.13), conhecida como válida a pequenos comprimentos dia~ao de Planck; a concordancia é excelente sobre toda a faixa de comprimentos
de onda. Assim, a fórmula da radiai;ao de Planck se reduz a formas que conc~!dam de_ o.oda dest~s ~xp~r~éncias ..Para compara9fto, sao incluídas também as previsóes
com a experiéncia nos extremos da escala de comprimentos de ond?. Na regiao d,e teoncas da d1stnbm,ao de W1en (5.13) e a fórmula de Rayleigh-Jeans (5.16). Estes
comprimentos de onda intermediários, a distribui9.io de Planck da um valor m~- r~sulta~os sa? _típicos daqueles encontrados numa vasta gama de temperaturas, e
ximo para a densidade de energia. A posi<;ao do má~i.mo pode ser achada da_ cond1- na~ ex1st7 duv1da de que a lei de radia~ao de Planck seja a única que concorda
'ªº du,/d¡._ = o, com ¡¡¡._ dado pela Eq. (5.21). Om,tmdo os detalhes dos calculos, sat1sfatonamente com as experiencias.
?
1

obtemos o resultado valor da e~ergia asso.ciada com o quantum de radia93.o pode ser obtido como
fun,ao do compnmento de onda. A Eq. (5.19) pode também ser escrita
(5 .22) ·~ ,11
_ he_ 1
(5.25)
•o ),. I '

Na Eq. (5.22), e é a velocidade da luz, k -é a constante de Boltzmann e h é a


_const~~te _de Planck. Portanto. o produt~ é urna constante, de acordo com a Entao, Eo é dado, em ergs,.;~~r ''<_ - ~ ./
expenencia. / . . 1

Pode ser mostíado também que a lei de radia9fto de Planck conduz a le1 de
Stefan-Boltzmann. A densidade de energía total é dada por ,0 (ergs) -
6,62 X 10-27 X 3,00 X 10 10
--,-----ce-~--~
x·-. __
I 99 X 10- 16
' ),.
-'. 1

u = i~ u, d'/>. = 81rch i~ 1
(e'h/kAT _ l)
d'X
),.5
1
_,1
1
Esta integral pode ser calculada, e a expressáo resultante para u é . 1 .
' , . ---· . ; ' .. , ,- . . '. . . 1, '
Lei de·
\ Rayleigh-Jean·
u= aT4, (5.23) 1
1
1

''
1

a familiar lei da quarta potencia, com


''
(5.24) Lei de ''
\: Planck '' 1

'',
As Eqs. (5.22) e (5.24) sii.o duas rela,oes contendo as tres constantes, e, h e k. Em Wien
"
Lei de'\: ··,,
','
' ',,
'
1901, o valor de e era conhecido razoavelmente bem; também. o valor experim~ntal
do produto AmT era c0nhecido como 0,294 das experiencias de Lummer e Prmgs-
', ........
heim (Tabela 5.1). O valor da constante a era conhecido dos estudos experimentais
da leí de Stefan-Boltzmann. a= 7,061 x 10-"• erg/cm"(ºK)''. Comos valores conhe-
cidos de a, AmT e e. Planck obteve
o 2 3 4 5 6
Comprimento de onda (mícrons)

h = 6,55 x 10-27 erg.s, ~i~. ~-4 Urna compara93.o das leis da radia9ao de Planck, Wien e Rayleigh-Jeans. e a expe-
nencia a l.600ºK. A-ordenada representa W ~ numa escala arbitrária. e os círculos represen-
e tam pontos experimentais. (Com permissao de F. K. Richtmyer e E. H. Kennard, Jntroduc-
tion to Modern Physics, 4.ª ed., New York, McGraw-Hill, 1947.)
k 1,346 x 10- 16 erg/ºK.
A TEORIA QUANTICA DA RADIAQAO 83
82 FISICA NUCLEAR
pelo espa<;o, mas também qlle urna dada fonte podia emitir ou absorver energia
onde A é expresso em centímetros. Para um raio gama coro um comprimen~o- de radiante sornen te em unidades que sao exatamente iguais a hv. De acorde com
onda de _10-10 cm, 0 quantum é 1,99 x 10-s erg. Pa~~ um quantu"! ~e luz xv1s1~~! Einstein, a própria luz consiste de quanta ou corpúsculos de energia hv que se
coro um comprimento de onda de 5.000 A =". 5 x 10 -· c_m, a energia ,e 4,0 10 _17 movem através do espa<;o com a velocidade da luz. Esta hipótese está em completo
erg. Para urna onda de rádio curta, digamos, A = 10 cm, o quantum e 1,99 x 10 desacorde com a teoría ondulatória da luz mas, como será visto, explica coro su-
erg, e assim por <liante. ----·· ·--:- . · cesso o efeito fotoelétrico. Com esta hipótese, Einstein deduziu sua equa<;áo fotoe-
A natureza revolucionária da teoria de Planck esta co!1t1da no postulad? de que létrica
a energía de um oscilador pode somente variar em saltos discretos. Se este~ o caso, ½mv 2 = hv - A. (5.26)
entao a ..emissáQ~_Jt,a}:)s_9_r9~..Q _tj.~_r_asiia~_?:Q_ ~{?V_~?J s~r processos de~c~_ntl~~º!· J>:-
emissao pode acontecer somente quando um oscilador faz u m ~ o desconti- Esta equa9áo estabelece ' que a máxima energia .
cinética do elétron emitido é igual a
nua de um estado no qual ele tero urna energía determinada para um ~utro estad? no energia hv do quantum de luz incidente menos tima quantidade A que representa a
qual ele tero urna outra energia que difere da primeira de urna quanhdade que e uro quant_idade de trabalJ:io necessário para libertar o elétron da superficie.
múltiplo inteiro de hv, º-~~~.~-·é-~J!_~9.üencia d~ .r;i~iiacáo, emitida. Somo~ _Ievad?s E evidente que a Eq. (5.26) concorda qualitativamente comos fatos experimen-
assim a idéia de que uro oscilador, ou qualquer sistema físico capaz de em1t~r ~dta- tais. Se a freqüencia é táo pequena que hv :s A, nenhum elétron pode ser emitido,
,;ao eletromagnética, tero, ero geral, ufl! c?njunto ~i,s~reto de valores ou mve1s d~ de modo que a freqüéncia tem um valor limite, para um dado metal, abaixo do qual
energia possíveis; nunca ocorrem energias mtermedtanas ~n:re estes v~lo,~es penm- nao pode acorrer nenhuma emissáo fotoelétrica. A energ_i9-_cf9_s elé_trons _var.ia.Iine-
tidos. A idéia de níveis de energia discretos, como se vera, e urna das 1de1as funda- ª~-~~~-1:.~!TI a fp!q(jén~!?. e.. é: í11_Qependente da iñteñSidade. Se a freqüencia está
mentais na física atómica e nuclear, e é urna conseqü~ncia do pos~ulado, d~ _Planck 8Cima do valor limite, um quantum de luz atingindo o metal e colidindo com um de
dos quanta de energia. Esta idéi~ náo é uI? _desenv?l':1_ment~ d~ física class,1c_a, mas seus elétrons pode fornecer toda sua energía ao elétron e retirá-lo do metal. Mas,
representa urna modifica!ráO radical, empinca das_ ideias classicas, necessana para antes do elétron emergir, e:le perde a parte A desta energia necessária para reffiové-
tomar em con!=ord8ncia a teoría e a experiencia. Jo do metal. O número de elétrons liberados é proporcional ao número de quanta de
luz incidentes e portanto a intensidade da luz incidindo no metal. . ,
S.6 Teoria quaDtica e o efeito fotoelétJ?co. Os con~é!~os d~ e~tado_s disc~etos Apesar da equa9áo fotoelétrica de Einstein explicar as experiéncias qualitati-
de energia e quanta de energía eram táo diferentes das tdetas classicas as qu!1s os vamente, ela náo foi verificada quantitativamente até 191e,;, quanto Millikan realizou
físicos estavam acostumados, que a teoría de Planck encontrou.. forte opoSI!r3;º· _A urna belí_ssima experiencia. Ele estudou o efeito ~a luz numa faixa de freqüéncias
teori8. tinha tido sucesso, entretanto, ná.o só em ex_pli_~ar o feno_meno ~a rad;1a1r_ao sobre o sódio,. potássio e lítio. A energia dos '•eiétrons liberados era medida
térmica mas tarÍ1bém ó3. Solu!ráO de outros problemaS·nos quais. a física class1ca aplicandO-se a superficie metálica um potencial positivo suficientemente forte para
tinha faÍhado. Uni destes problemas foi o do e~eito fo\o_elétrico. .. . . impedir que qualquer dos elétrons levasse sua carga a um eletrómetro. Se este po-
· Hertz (1887) descobriu que urna superficie _ITI~tahca pode em1t1r eletnc1dade tencial é igual a V volts, entáo a energía cinética é dada por -......:__,
quando so6re-ela incide' luz de· comprimento de onda muito pequeno, e em 1898
Thomson mostrou que o valor de e/m das partículas emitidas era o mesmo que_ o ¼mv 2
= Ve '
l.
dos raios catódicos. Sabe-se boje, é claro, que as partículas sáo elétrons. ~ efe1~0 2 ,/

fotoelétrico foi estudado muito cuidadosamente e os resultados experimenta1s ma1s onde e é á carga do elétron. Combinando esta rela9iio_com a.Eq. (5.25), obtemos
import~ntes podero-·ser-TeSumidoS-éoníó- següe:··-----·- e-··---·-- - ··- - •
l. Se luz de urna dada freqüencia pode liberar elétrons de urna superficie, a Ve= hv - A,
corrente de elétrons é proporcional a intensidade da luz. , ·. .. • . - '.
· 2. Para urna dada superficie metálic~, existe um valor mm1m_?,. da_ fre~uencta ou \
para o qua! a luz incidente pode liberar eletrons; l~z ~e menor frequenc1~ nao po~e
liberar elétrons, náo importando quanto tempo ela mc1da sobre a superficie ou quao V= (h/e) v - (A/e)· (5.27)
grande seja sua intensidade. . . . _
. 3. Luz de freqüencia maior que este valor crítico causa a 1medi~ta em~s.sao de Se o potencial V é medido como fun9áo da freqüéncia da luz incidente, o resultado
elétrons; o intervalo de tempo entre a incidencia de luz na superficie metahca e a deve ser UJ!la linha reta com urna inclina1ráo cuja magnitude é h/e. Os resultados
apari9áo de elétrons náo é maior que 3 x 10~_9 s_. .. _ , ~ . experimentais deram, em todos os casos, urna linha bem reta, como era previsto
4. A energia cinética máxima- dos elétrons emitidos e um~ fun<;~o lmear da pela teoría de Einstein. Como o valor de e já tinha sido determinado por Millikan, o
freqüéncia da luz que causa sua emissao, e é independente da mtens1dade da luz valor de h podia ser determinado; encontrou-se um Valor que concordava bem com
incidente. - - · ·· - · o obtido por Planck a partir das medidas da radia9iio de corpo negro. Descobriu-se
Estes fatos experimentais náo podiam ·ser explicados com base na teoria ele- também que a lei fotoelétrica de Einstein era válida para os elétrons liberados por
tromagnétic8. ondulatória clássica da luz. Náo havia nenhuma maneira pela qual um !:
raías X e raios 'Y, e náo existe nenhuma dúvida sobre sua validade geral.
trem de ondas de luz espalhadas sobre um grande número de átomos poderia, num Um quantum de luz ou, de modo geral, de radia98.o é também chamado de
curto intervalo de tempo, concentrar suficiente energia so~re uro elétron_ para fóton; o fóton pode ser descrito como um "pacote" ou "partícula" de radia9áo.
extraí-lo do metal. Ainda mais, a teoria ondulatória da luz era mcapaz de exphcar o Assim, um fóton de radia!ráO de freqiiencia v carrega urna quantidadeJuu.itlnergia.
fato de que a en.ergia máxima dos elétrons emitidos cresce linea?D-en_te com fre- .ª A téoria qu8nti~a foi também aplicada com sucesso por Einstein (1907) ao pro-
qüencia da luz, mas é independente da intensidade .. ~~ 1905,- E1,P-stem propos um blema do calor e~pecífico de sólidos e gases poliatómicos, onde novamente havia
mecanismo para o efeito fotoelétrico, baseado na 1de1a de ~.!.~I!_ck ~os q~~nta de informa9óes experimentais que náo podiam ser explicadas pela teoría clássica.
energía, que podia explicar as experiencias. Ele supós que a energia emitida por Estas aplica9óes da teoria qu3ntica por Einstein auxiliaram a estabelecer a teoria,
qualquer irradiador nao somente se conservava em quanta enguanto se propagava

l i
j j¡
84 FÍSICA NUCLEAR
A TEORIA OUANTICA DA RADIACAO
ajudaram sua aceitac;ilo e larn;aram os alicerces para a aplicac;ao da teoria quantica 8 M . 85
. . ostre que a veiocidade dos f 1· . . , .
ao problema da estrutura atómica. c1al de freamento pela equa,.ao otoe etrons ma1s rap1dos está relacionada con,
._, o poten-
REFERENCIAS
'"me, = 5.93 X 10' X vV,
GERAIS

J\L PLANCK, Theory of Heat. London: Macmillan Ca., 1929, Parts III, IV.
T. PRESTON, The Theory of Heat, 4th ed., J. R. Cotter, ed. London:
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J. K. ROBERTS, Heat and Thermodynamics, 4th ed., revised by A. R. Miller.
Glasgow: Blackic; New York: Interscience, 1951, Chapters 20, 21.
A. SOMMERFELD, Thermodynamics and Statistical ll[echanics. New York:
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Physics, 5th ed. New York: 11-fcGraw-Hill, 1955, Chapter 4.
G.P. HARNWELL and J. J. L1v1NGOOD, Experimental Atomic Physics. New·
York: McGraw-Hill, 1933, Chapter 2.
R. A. M1LLIKAN, Electrons, (+ and -), Protons, Photons, l\1esotrons 1 and
Cosmic Rays. Chicago: University of Chicago Press, 1947.

PROBLEMAS

1. Calcule o poder emissivo total de um corpo negro nas seguintes temperaturas: OOC,
IOOºC, 300ºC, 500ºC, 1.000ºC, 1.500°C, 2.000°C e 3.000°C. A constante de Stefan-
Boltzmann rr teri{o _valor 0,5669 x 10-4 erg. crn-2 .s- 1 .(ºKr 4 • Dé os resultados em ·termos de
ei"gs e calorías.
2. Suponha que o corpo negro do Problema 1 é circundado por paredes mantidas a tempe-
ratura de OOC. Calcule a raza.o líquida de perda de energia do corpo para as paredes a cada
urna das temperaturas listadas no Problema 1.
3. Deduza, a partir da lei de radia~áo de Planck, a expressflo (5.22) para o cornprimento
de onda no qual a densidade de radia9áo tem seu valor máximo. O melhor valor da constante
da lei de deslocamento de Wien é conhecido boje como 0,2884 cm.ºK. Calcule o valor de h.
Use k = 1,3804 x 10-16 erg/ºK e e = 2,99793 x 101º cm/s.
4. Deduza urna expressflo para a densidade de energia total noma cavidade de corpo
negro integrando-se a lei de distribui~Bo de Planck sobre todos os valores possíveis' da fre-
qüéncia. Note que

= 3 4

f x dx ,r
oe:t-1=15·

O melhor valor para a densidade de energia total é dado por a = 1,563 x 10- 15 erg/cm3 •
Calcule o valor de h: use os valores de k e e dados no Problema 3.
5. Calcule a freqüéncia e a quantidade de energia associada com um quantum de radia9flo
eletromagnética a cada um dos seguintes comprimentos de onda: 1 km, 1 m, 1 cm, 1 mm, 10-4
cm, 5.000 A, 1.000 A, 1 A, 10-3 A, 10- 1:i cm e 10-u; cm. Dé a energia em ergs e em elétron-
volts.
6. As fun90es de trabalho fotoelétricas para amostras de alguns metais sao Ag, 4,5 ev;
Ba, 2,5 ev; Li, 2,3 ev; Pt, 4,1 ev; Ni, 5,0 ev. (a) Qual é o comprirnento de onda d() limiar em
cada caso? (b) Qual é a velocidade máxima dos fotoelétrons ejetados em cada caso, quando as
amostras sao iluminadas com luz ultravioleta de comprimen to de onda de 2.000 A? (c) Qual é
o potencial de freamento, em volts, para os fotoelétrons de velocidade máxima?
7. A primeira determina9ao precisa de h foi feita por Millikan, que medio a energia com
que os fotolétrons sao ejetados corno fun9llo da freqüéncia da luz incidente. Ele achou que o
potencial V necessário para impedir os elétrons do sódio de atingirem-um eletrómetro aumen-
tava coma freqüéncia de 4,124 x 10-ir. volt/ciclo/s. Qua! é o valor resultante dé h? Note que
300 volts = 1 esu de potencial, e use e = 4,803 X 10-10 esu.
A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA 87 \1

6.2 ? éter _e o _probl~ma da velocidade absoluta. A interpretac;ao do fenómeno 1 :¡\


da reflexao. refrac;ao e d1fra9ao da luz deram origem a teoria ondulatória da luz. A
propagac;a~ de ondas de luz _parecia requerer um meio, da mesma forma que as 1¡1. .:
ond~s de agua. ou de som nao podem ser separadas de seus respectivos meios. 1

Sab1_a-se a partir dos ?actos astron~micos que a luz pode passar através de espac;os 1

6 ~rat1camente desprov1dos de maténa. Por estas raz6es, os físicos achavam necessá-


no postular a existéncia de um meio no qua) as ondas de luz pudessem se propagar. 11
mesmAo n_a auséncia d~ matéria. Este meio. chamado éter, era imaginado corno urna 1

!
substancia sem peso permeando o universo inteiro. Por causa do sucesso da teoria
ond.ulatória da luz em explicar os fenómenos óticos, o éter gradualmente se tornou
aceito como urna realidade física. A suposi9ao de que existe urn éter levantou pro-
A Teoria da Relatividade Restrita blemas relacionados com o movimento dos carpos materiais. O éter era imaginado
como estacionário, e um carpo como a terra se moveria através dele sem produzir
nenhum distúrbio. Estas suposic;óes nao eraffi contraditórias com nenhuma eviden-
cia astronómica, e concluiu-se que seria possível determinar a velocidade absoluta
de um carpo. isto é. sua velocidade em relac;ao ao éter estacionário. Como o éter
era suposto ser o meio para a propagac;ao da luz. pensou-se que a medida da veloci-
dade absoluta deveria depender do efeito do mOvimento em algum fenómeno envol-
vendo a luz. Assim, se a luz e a terra se movem ambas corn velocidades definidas
com relac;8.o ao éter estacionário, seria possív(!J imaginar urna experiencia. erivol-
vendo a propagac;ao da luz, da qual a velocidade absoluta da terra pudesse ser
deduzida. Muitas de tais experiéncias foram propostas: a base teórica da mais fa-
mosa delas pode ser facilmente deduzida. ,
6.1 O papel da teoria da relatividade restrita na física atómica e nuclear. A Suponha que aterra viaja através do éter estacionário com urna velocidade r. e
segunda grande teoria da física do século XX que é indispensável ao desenvolvi- que a luz viaja a través do éter com a velocidade e .. Considere urna fon te. fixa na
mento' da física atómica e nuclear é a teoria da relatividade restrita proposta por terra, da qua! luz é emitida. Se a dire9ao de propagac;ao da luz é a mesma que a do
Einstein em 1905. As primeiras aplica!;Oes da teoria da relatividade que sera.o en- ~ovi~ento da terra, a velocidade da luz em relac;ao aterra é e - i·. Se a luz viaja na
contradas na físicá_ atómica e nuclear dependem de duas idéias muito inter- direc;~o exatamente oposta a do movimento da terra, sua velocidade em· relac;ao a
relacionadas. Urna delas é a da varia~ao da massa de urna partícula com sua veloci- terra e e + v. O tempo tomado pela luz para viajar urna certa dist8.ncia L na direc;ao
dade; a segunda é a de proporcionalidade entre inassa e energía. Esta última rela- do movimento da terra é L/(c - v), enguanto que a mesma distancia L na direc;ao
!rao, expressa pela equa~o E = mc 2 • obteve um certo grau de notoriedade nos aposta tomará o tempo L/(c + v). Portante, se um .raio de luz percorrer urna distán-
últimos anos e tem ocupado freqüentemente, dependendo da ocasiao, posi~óes de cia L na dire980 do movimento da terra, e entao ser refletido e viajar a mesma
proeminéncia na imprensa. distancia na direc;ao oposta, o tempo requerido seria -
A equac;ao massa-energia é freqüentemente usada na: fisica nuclear, e seu uso
deve ser acompanhado de algum conhecimento sobre sua origem e significado. 111 = ____!!__ + ___!:_ = 2cL
Urna compreens8.o real da relac;ao pode somente vir de um cuidadoso estudo da ,e +v e - v c2 - v2
teoria da relatividade; mas pode-se obter alguma familiaridade com as idéias envol-
vidas na equac;ao massa-energia a partir de urna curta discussao sobre os anteceden- E'm seguida, considere ~-m raio de luz que se propaga numa dire9ao perpendicu-
tes da experiencia e teoria que c_onduziram a relatividade. Tal discussao deveria l_ar a do movimento da terra (Fig. 6.1). Enguanto este raía viaja urna distancia L.
igual a AB, a terra se moveu de A para A' e o ponto B se moveu para B'. O caminho
dissipar parte da aura mágica que envolve a teoría da relatividade e mesmo suas
mais simples aplicac;Oes, além.de permitir ao estudante usar massa e energía como real do raio de luz é AB'. Se o tempo requeridó é 1, ent8.o AB' = et. No mesmo
quantidades intercambiáveis sem sentir dificuldade. - intervalo de tempo. A se moveu para A'. com a velocidade i', tal que AA' = 1·1. No
triangulo retángulo AA' B', ternos c 2(!. = L 2 + v 2t2, ou t 2 (c 2 - v 2 ) = L 2 , ou 1 =
A teoria da relatividade pode ser introduzida de duas maneiras. Urna delas é
examinar muito cuidadosamente o significado de conceitos como espac;o, tempo e LJ"i/c 2- i·t. O mesmo intervalo· de tempo será necés~ário parn a viagem de volta,
simultaneidade, e, como conseqüencia <leste exame. modificar os significados co- isto é, para A". Portanto, o tempo necessário para viajar a distancia L e vahar
mumente aceitas destas idéias. Este processo lógico. junto com certos postulados, numa direc;ao perpendicular a do movimento da terra é
conduz a teoría da relatividade restrita. A teoria pode entao ser aplicada a proble- ' '
mas físicos para ver como ela enfrenta o teste da comparac;ao com a experiencia. O
segundo método é considerar certos problemas que levaram a sérios dilemas no
pensamento físico no final do século XIX, e ver como estes dilemas sornente po-
diam ser resolvidos pelas idéias revolucionárias contidas na teoria da relatividade. A raza.o entre estes tempos é
O segundo método é o que vai ser adotado porque está mais relacionado com a
experiencia e é menos abstmto que o primeiro método. Dais problemas va.o ser 2cL Vc 2 v2
111 -
considerados: ( l) o éter e o problema <la velocidade absoluta, (2) o problema da -= (6.1 J
c2 - z,2 2L,
forma im·ariante das teorias físicas.
111
A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA 89 '1
88 FÍSICA NUCLEAR

Portanto. deveria levar mais tcmro para a luz pcn.:orrer o caminho reflctiJo numa
a
direyao paralela do movimento <la terra. que percorrer a mesma distúncia numa
direyao perpendicular a do movimento da terra. , .
Do ponto de vista experimental. a diferem;a entre 111 e11_ e importante. Esta
diferem;a é
'------'-----'--
.1 ¡•/ .--1' A"
,,
2L [ 1
111 - l.t = e 1 - (v2/c2) - vl (6.2)
'
Fig. 6.1 Base de urna experiéncia sobre a velocidade da terra em relaffio ao éter.

Se desprezarnos termos de ordem maior que r 2 /c 2 ,. podemos ese rever


1
1.1 x lff cm. como resultado de diversas reflexóes do feixe de luz. O comprirnento
de onda da luz utilizada era cerca de 5.9 x 10- 5 cm, e v 2 /c'.! = 10- 11 •
Portante, (2L/I.) (v'/c') = [2(1.1)10" x IO-'J/[5.9 x I0- 5 ] = 0,37: Assim. quando se
girava o interferómetro de 90°. as franjas de interferencia deveriam se deslocar de
mais de 1/3 do comprimento de onda. Na experiéncia, podia se observar um deslo-
camento de um centésimo desta quantidade mas nao se observou nenhum deslo-
camento significativo na experiéncia original, ou em muitas repetic;óes posteriores.
Portanto, Isto é, nao havia nenhuma diferen¡;a significativa entre as velocidades com que a
luz viajava nas duas direc;óes formando ángulo reto urna com a outra. e a experién-
2 2 cia de Michelson-Morley mostrou que a razao dos tempos de viagem na Eq. (6.1) é ¡ 1
111 - I.L
2L ( 1
= e + e•v - 1 - 21 vc2 + ...) a unidade. A interpreta¡;ao mais simples <leste resultado parecia ser que 1·. a veloci-
dade da terra com respeito ao éter, é zero, conclusa.o que conduziu a sérias dificul-
dades.1 ·
L v2
e c2 (6.3) O valor teórico da raza.o do deslocamento para o comprimento de onda foi
deduzido por urna aplicac;ao simples e direta de algumas das idéias fundamentais da
A dÍferen~a t 11 - tJ. e a r:lzao 111 /11. dependem ambas da quantidade (v/c)2. A velo~i- ,, ,. fisica clássica, e este fato tornou muito difícil explicar o resultado negativo da expe-
riéncia de Michelson-Morley. A explica9ao mais simples que podia ser proposta era
dade orbital da terra é 30 km/s. de modo que v/c = 10-• e (v/c)' = IO-', e o efe1to a de que a terra carrega o éter consigo, caso em que a velocidade da terra relativa
deve ser difícil de detectar. ao éter deveria ser zero. Esta explica~ao nao era atraente porque todo carpo móvel
presumivelmente arrastaria seu próprio éter consigo; e a uni~!4_ade do "éter esta-
6.3 A experiencia de Michelson-Morley. As rela9óes teóricas deduzidas na úl- cionário" como meio para a propaga9ao da luz desapareceria.
tima se~ao foram testadas experimentalmente por Michelson e Morley (1887), que
usararn um engenhoso instrumento, o interferómetro, mostrado esquemattcamente
a
Havia também obje9óes experimentais idéia de que a terra carrega seu éter
consigo. Suponha que no espac;o exista um observador que está olhando para urna
na Figura 6.2. Na experiéncia de Michelson-Morley, luz de urna fonte Q é dividida
fonte de luz na terra, e que as ondas de luz desta fonte sao transmitidas através do
em dois feixes perpendiculares por um espelho serniprateado P. Uro fe1xe ~ass~ éter e eventualmente alcanc;am o observador. Se a terrajunto como éter estivessem
através de P para um espelho S 1 e é refletido novamente para P; o outro fe1xe _e se movendo em direc;ao ao observador, a velocidade das ondas de luz da fonte
refletido por P para o espelho S 2 , sendo entao refletido novamente para P. Os dots
feixes refletidos passam através de P para urn telescópio ou chapa fotográfica F. Se
as distancias PS 1 e PS 2 sao iguais, e se um bra90 do interferómetro é paralelo a
dire9ao do movimento da terra, os dois feixes de luz devem chegar a F em tempos
ligeiramente diferentes, causando urna figura de interferéncia (franjas de interferé~-
cia): A posi~ao da figura deveria depender. de acordo com a Eq. (6.3), da veloc1-
dade absoluta da terra e estar destocada da posi98.o correspondendo a r = O de urna
quantia proporcional a (L/c) (t• 2 /c 2 ). Se girarmos o inteiferómetro de um angulo de
90º, o brac;o .que esta'Va originalmente na direc;ao do movimento da terra está agora
perpendicular a este. e a figura de difrac;ao deveria se destocar para o lado aposto
da poSi¡;3o correspondente a ,. = O. Se observamos a posi<;ao da figura durante a
1

rota¡;iio do interferómetro. as franjas devem se deslocar de urna quantidade corres-


pondente ao intervalo de tempo 2( Lle) (,,'.!/c 2J. A freqüencia da luz usada na expe-
riencia é v, e seu período (inverso da freqüencia) é T = l/11. Entáo. a raza.o do
deslocamento para o período é dada por (2L/ct) (1• 2 /c 2J. Como o comprimento de F
onda A = cT. a raza.o do deslocamento para o comprimento de onda é dada por
(2L/!.J (1·'/c'J.
Fig. 6.2 A experiencia de Michelson-Morley: diagrama esquemático.
Na experiéncia de M ichelson e Morley. o comprimen to do carninho L era

.íli
1
A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA 91 1
1

90 FÍSICA NUCLEAR
b~ema (o_ resulta?o negativo da experiéncia de Michelson-Morley) que ela realmente
pareceria ser maior do que se a terra estivesse se afastando do observador. Este
resultado surge do comportamento geral das ondas num meio em movimento~ a
nao podia soluc1onar.
A éxpe:iénci~ de Michelson-Morley tem sido repetida em diferentes condic;óes ~ ·I¡
1,
velocidade das ondas relativamente a um observador estacionário deveria ser igual ~- co": mod1fic~9oe~; out_ros testes de poss~veis movimentos da terra relativos ao ,,
a soma da velocidade das ondas no meio e da velocidade do meio. Portanto, a eter ten:i tambero sido fe1tos. Nenhum mov1mento significativo foi detectado 1 Em
velocidade da luz medida pelo observador dependeria da velocidade da fonte. Esta. 1958, num te_ste extremamente sensível que envolveu o uso de relógios mol~cula- 1
conclus§.o é contraditada por todas as observac;óes da velocidade da luz. especial- res, 2 descobrm-s~ que a ve_locidade máxima da terra em rela9ao ao éter é menor que
mente pelos estudos astronómicos de sistemas de estrelas duplas e aberrac;óes este- )i~.000 da veloc1dad.e orb,1tal da terra,, ou menos que 0,03 km/s. Estes resultados
l.!
• lares. A velocidade da luz observada é sempre a mesma, independentemente da o os m?st~am ~~e a h1potese de um eter estacionário, através do qua] a terra se
fonte estar se movendo ou nfto. ou de corno se move. A suposic;§.o de que aterra move, nao e venf1cada pela experiéncia. : 1
carregava o éter consigo conduziu, portanto. a urna séria contradic;ao com a expe-
riéncia, e tinha que ser rejeitada. f. 6.~ O J:'roblema da invari3ncia da forma das teorias físicas. O conc~ito da
Fitzgerald (1893) introduziu urna hipótese parn explicar o resultado negativo da orma mvanante .das teorias fís~ca~ é fundamental na ciéncia. Para ver O que isto
experiéncia de Michelson-Morley, preservando a idéia do éter estacionário. Ele repres~nta, exammemos ~ que s1gmfica urna teoría física. Urna teoria física consiste
sup6s que, quando um corpo viaja numa direc;ao parnlela a do movimento da 2 2
terra, essencial":e~te _de equac;oes ou fórmulas que relacionam quantidades mensuráveis
ele se contrai em comprimento, tornando-se menor por um fator \!1 - (v /c J: ele como a dist~nc1~ e o ~empo, com quantidades inventadas, como energia, mamen~
também sup6s que nenhuma contrac;ao ocorria numa direc;ao perpendicular a do tum,, potenc1_al, mte_ns1dade de campo, e assim por <liante. Pode-se associar núme-
rnovirnento da terra. De acordo com esta hípótese. o brac;o de um interferómetro ros as qua~tt_dades m~~ntadas, e, ~uando sao introduzidos nas fórmulas da teoria e
que está paralelo com a direc;ao do movimento da terra se contrai no comprimento as o~rac;oes mate~at1~as apropnadas sao realizadas, os valores calculados das
de L para Lv'I - (v 2 /czJ, mas o comprimento do brac;o perpendicular permanece q~antldades mensurave1s devem concordar com os valores medidos nas experién-
igual a L. A luz nao tem que vizjar tao longe na direc;ao paralela como na dire<;ao
perpendicular, e a diferern;a é tal que o valor teórico do deslocamento da figura de
ctas_ a~equadas. Os ":ªlores medidos podem usualmente ser expressos em termos de
J?OSI9~es em alg_um s1st~1!1ª de coordenadas como x, y, z e os intervalos de tempo t.
!I
I',
interferéncia é igual a zero. A contrac;ao no comprimento de um brac;o do interfe- E entao alt~mente deseJavel que as fórmulas que constituem a teoría sejam as mes-
rómetro nao seria observada, porque um instrumento da medic;:io colocado ao longo mas par~ diferentes observadores. Por exemplo, suponha·que exista um observador
do brac;o encolheria da mesma maneira. que esteJ~ em repouso em rela9ao a algum sistema ae referencias (Fi.g 6 3) Ele
A contrá.c;ao de Fitzgerald parece absurda a primeira vista porque nao é resul- mede pos19ao.e~ ~ennos do sistema de coordenadas (x, y, z) e mede int~r;al¿s de
tado de nenhum.a forc;a agindo sobre o corpo, mas depende somente do fato do tempo t ~um relog10 .. Suponha que <:_xis~e um outro observador que está em repouso 1

carpo estar em ffiovimento. A hipótese de Fitzgerald era puramente ad hoc, e seu em rela9ao ap~tro s1_st_em': de refer~nc~a S', que se move com velocidade.uniforme I_'
pÍincipal objetivo era preservar o conceito de éter estacionário. Lorentz, que estava ~ ao Io~go do e1xo x, d~re9~0 que comc1de com a dire9ao do eixox'. No instáñte t =
ao mesmo tempo tentando desenvolver urna teoría eletromagnética consistente do , supoe-se que os dms sistemas de referéncia coincidam. O segundo observador
elétron, achou a hipótese útil em seu trabalho e incorporou-a em suas teorías, de usa as coordenadas espaciai~ x', ¡1 1, z' e·a coordenada de tempo 11 • Agora, deixe
modo que a hipótese é hoje conhecida como a hipótese da contrac;ao de Lorentz- ~mi:s os observad?res S e S reahz~rem urna experiencia que _en vol va o movimento
Fitzgerald. Tinha sido previamente mostrado que, sob certas hipóteses, a massa de de ~ corpo._ Cada observador va1 fazer as medidas apropriadas a experiéncia e.
um elétron podía ser expressa pela fórmula · escr~ver os resultados por meio· .de fórmulas. Nas fórmulas do observador S 'as
quantldades x,_ Y, z e., t va_o aparecer; nas de S', as quantidacles x', y', z' e t' ~ao
m0 = 2e 2/3roc 2 , (6.4) ªbªffcer. Sabia-se ha mmto que as leis da mecánica clássica expressas por dois
0 , ~e~adores,. S .e S' ~- ~é~__a mesma fonña desde que as coord'enadas usadas pelos
onde r0 é o raio do elétron quando está em repouso, e e é sua carga. Lorentz ,supós do1s observadores esteJam·relacionadaS por meio das equa9óes de transformac;áo:-
que um elétron em movimento se contrai na direc;ao do seu movimento pelo fator de
x' - X - vt, y' - y,- .z,
.· -·
- z, t' - t. (6.6)
Fitzgerald y! - (v'/c 2), de modo que o raio se torna r 0 yl - (v'/c') quand~ o
elétron se move coma velocidade v. Entao, se a massa do elétron que se_ move é m,
e, se a massa quando o elétron está em'repouso é m 0 , segue-se que

mo
'y'·
(6.5)
m = -✓---;:1=='=(v=2 ;=e=•) S'
" t'
De acord0 com a Eq. (6.5), a massa de um elétron deve crescer com sua veloci- "
dade, especialmente quando esta alcanc;a urna fra9ao significativa da velocidade da .r x'
luz. As prime iras experiéncias sobre o valor e /m para os raios f3 indicavam que o
valor de e/m decresce coro o aumento da velocidade dos raios. Como nao havia
raza.o para supor que a carga variava com a velocidade. concluiu-se que a massa do z'
elétron de fato aumenta com sua velocidade. Assim. apesar da hipótese de contra-
9ao de Lorentz-Fitzgerald parecer fisicamente inverossímil, ela conduziu a resulta- ~~~~::3 Dois sistt;mas de referencia cartesianos em movimento de transla~Bo relativo uni-
dos teóricos consistentes com a experiéncia. Mas a hipótese necessitava de urna
sólida base teórica, e a física clássica era mais urna vez confrontada com um pro-
A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA 93
92 FÍSICA NUCLEAR
:r2 - l.'t X1 - Vt
As Eqs. (6.6) relacionam as variáveis dos dois sistemas S e S~ de t~l maneira que, Lo=
se urna experiencia envolvendo o movimento de um carpo fo1 medida por 0;m ob- v'l - (v2/c2) v'l - (v2/c2)
servador, que se move como sistema S', e foi descrita em termos das quant_1?ad_es
x', y', z', t', as substituiy6es (6.6) dáo urna descri9áo carreta da mesma expenencia, - X2 - X¡ L
em tennos das variáveis x, y, z. t, usadas por UJ?l observa~o~ que ,se _mov~ COI? o vl -
-
(v•jc•) vl - (v2/c2)
sistema S. Numa linguagem mais formal, as le1s da mecamca class1ca sao ditas
invariantes com respeíto a transforma9Ro (6.6). . . ou
Quando a transformac;iio (6.6) é aplicada a teoria do eletromagneltsmo, ~s for-
mulas daquela teoria náo sao invariantes; as fórmulas de um observador no sistema
móvel S' nao sáo as mesmas das de um observador no sistema S. Lorentz, que
desenvolveu urna teoria dos elétrons baseada na física clássica, resolveu o problema De acordo com esta relac;ao. um corpo rígido, quando está em movimento unifor-
de quais equa96es de transformac;áo conduziriam as mesmas fórmulas, em sua te- me ~m .~e~~9ao a . um _observador e~tacionário •. aparece contraído por ~m fator
oria do elétron para dais observadores, um dos quais está se movendo coro urna \il (l. /e ). na direc;ao do seu mov1mento relativo, enguanto que suas d1mens6es
velocidade uniforme v em relac;áo ao outro. O sistema de equac;6es de transforma- -perp:_nd1culares a direc;~o do ~ovimento nao· sao afetadas. Quando aplicamos esta
!,3-o que ele deduziu é conhecido como a tranSformaráo de Lorentz, e é dado pelas relac;ao_aos brac;os do mterferometro, na experiencia de Michelson-Morley, obte-
seguintes relac;6es: n:i?s ~xatam~nte a cont_r~i;ao necessária para explicar o resultado negativo da expe-
nencia. Assn~. a cond1c;ao de que as equac;Oes da eletrodin3.mica sejam invariantes
X - Vt sob _as equa,oes de transforma9iio (6. 7) conduz a contra,iio de Lorentz-Fitzgerald.
x'--;:=====• z' = z, (6.7) A d1~culdade em aceitar estes resultados era causada pela falta de urna base fíSica
Vl - (v•jc•) cons1~tente para elas. e se tornou necessário rever algumas das idéias fundamentais
da física. , -- · 1

6.5 A teoria da relatividade restrita; a ;~ria~~-d~ ·~~~-~~m a ·;elocid~de:- ·-.Os


t•_,:">::--..;'f~-;>,:)i;
probl~.ma~ Jevantados ~la experiencia de Michelson°Morléy e a neces~idade :da
·Xl .'\_J.:.,..i- .,; ..
mvananc1~ foram•resolv1dos em 1905 por Einstein, que propós a teoria da relativi-
. ,< ~>•1,-_,,,y1.-r,• ~<r:".-f' _ , , .... - ,_ . ···,· _ d~de rest_nta, ou especial. Einstein interpret01i os resultados negativos da experien-
Esta~ equac;6es sao·notáveis porque indicam _que o espai;o e o tempo·nao sao enti- cia de M1c~elson-Morley como significando que de fato é impossível dete<,lar qual-
dades·independentes, mas está.o relacionadas; o tempo, medido por um observador quer veloctdade absoluta ·através do éter.· O éter era o sistema de referencf31nais
no sistema S', é diferente daquele medido por um· observador no sistema S, e de- "estacionário'~- e mais ._uab~oluto'., que a_ f_!sica clássica conse_guiu alCan9ar. Por-
pende da velocidade com que o observador S' se move em rela9ao ao observador S, :a~to, de#acord~ co_m Emstem, ~011?-ente velocidades relativas podem ser medidas. e
assim como da coordenada espacial x. Os físicos clássicos acharam impo~s~ve! ~c~j- e 1mposs1ve~ atnb~1r qual~uer s1gmficado absoluto a diferentes_ velocidades. Segue-
tar esta relac;áo entre aS variáveis de espac;o e tempo P':lfque ela era contrana a 1d:_1a se que as le1s gera1s da física devem ser independentes da veloddade do sistenla de
clássica fundamental da independencia entre espa90 e tempo. Entretanto, a rela~o coor?enada.~ p~rticular, u~ad_o na sua formulal_rao,,porque, se náo fosse assim, seria
a
entrex' ex cónduz contra~o de Lorentz-Fi~gerald, co111;0,se pode m<>.~.ti;ar r,:!1- poss1vel atnbmr algum significado absoluto a diferentes veloéidades. Ma's esta· é
ménte¡:~.'. ·_:_,._'.-'{_,..:; ·-1. í:!S)";-r¡Ul)Hf;!Jp ?í-;.:;.:d--:!i!: ?s-.'.~i: 7 '-?~:tJI:_~': f,J~' • ,. , · • ·-. :;·_ ';... ,., :·•·. .. -~;. e~~t?n;ie~te o_utra i;naneira de formular a cond,i9áo de que as equac;Oes de urna teoría
. ; Suponha cjüe -um ·corpo; ero· fej,oúSo ·etn_ $, telti_'iiní COriíprime~to L!l. ~~ _dire_~o fis1ca seJa~ mvan~ntes~ com· respeito a sistemas de coordenadas que se movem
do'éíxo x. Colocjüe-o"'num movimento relativo a S numa veloc1dade tal que e.le com velocidades diferentes. Na formulac;iio da teoria da relatividade, Einstein ado-
esteJa erif fepoüSó 'em rela9ió a· S'·; ·isto ··é; qtie. Cié Se~·irioVa· com uniá. velocidade· v tou esta condic;ao da invariincia como um dos postulados básicos da teória~,-- -: '_, .:·
em relac;áo a S, e esta velocidade v é a mesma velocidade coro que S' se move em Na sua primeira formulac;ao da teoria, Einstein se restringiu devido a dificulda-
relac;áo a S. O comprimento vaí entao ser L 0 sendo medido em S', já que _o compri- des matemáticas ao estudo de sistemas de referencia, que se movem com 'velocida-
mento deve ter o mesmo valor em qualquer sistema de referencia no qual o corpo des constantes um em rela9ao ao outro. Ele portanto toniou, com seu primeiro
está em repouso. Mas, que valor o observador S mede para o comprimento do
carpo que agora está se movendo em rela9áo a ele? Ele mede um valor L, dado por
postulado:. ·
,.
POSTULADO 1. As leis dos fenómenos físicos sa~ as mesma~. qua~do for~u-
1adas _em termos de quaisquer de dois sistemas de referencia, que se movem com
veloc1dade constante um em relac;ao ao outro.

onde x 2 ex I sáo as coordenadas das extremidades do corpo no sistema S. O obser- Para seu segundo postulado, Einstein tomou:
vador S' mede o comprimento como
POSTULADO, 2_. A velocidade da luz no espa~o livre é a mesma para todos os
Lo x,.I observadores, e e mdependente da velocidade relativa entre a fonte de Juz e o ob-
servador.

Se substituimos por x' 2 e x' 1 os valores calculados a partir da primeira das Eqs. O segundo pbstulado pode ser visto como um resultado da experiéncia de
(6.7), obtemos
A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA 95
94 FISICA NUCLEAR
2 22 2 2 2
Michelson-Morley e outras experiencias óticas. e de observa9óes astronómicas.
('Y - a c )x +y +z = (c 2b2 - 'Y 2v2) t 2 + 2xt (abc 2+ v'Y 2). (6.10)
isto é, acredita-se que ele represente um fato experimental. Como esta equa9ao deve ser id6ntica a Eq. (6.8a). <levemos ter
O termo .. teoría da relatividade restrita'' se refere a restri98.o no primeiro pos-
tulado a sistemas de referencia que se movem em velocidade constante um · em
rela9§.o ao outro. Nao foi sena.o em 1916, quando Einstein foi capaz de mostrar na
abc 2 + v'Y 2 = O. (6.11)
teoría da relatividade geral que as leis físicas puderam ser expressas numa forma Colocando A = ac, e f3 = v/c, obtemos
que é válida para qualquer escolha de coordenadas espa90-tempo. A teoria geral
náo é necessária para descrever a maior parte dos fenómenos atómicos e nucleares -y2 - A2 = 1, (6.12a)
e portanto náo será discutida.
A partir de seus dais postulados. Einstein deduziu as equa9óes da transforma- b2 - 132-y2 = l, (6.12b)
9ao de Lorentz, assim como outras rela96es cinéticas. A experiencia de
Michelson-Morley podia ser interpretada diretamente em termos destas rela96es e
nao havia nenhuma necessidade da hipótese de contra9ao de Fitzgerald ou do éter.
Ab + (3'Y 2 = O (6.12c)
O inter-relacionamento entre as coordenadas de espa90 e tempo também segue dos A elimina,ao de A entre a Eq. (6.12a) e Eq. (6.12c) dá
postulados e representa um tratamento mais avan9ado destas idéias do que na te-
oria clássica anterior. A interdependencia entre coordenadas de espa90 e tempo /32'Y4 . -y2
significa que o tempo deve ser tratado da mesma maneira que as co,ordenadas de 'Y2 _ b2 = I = b (b2 _ /32'Y2),
2 (6.13)
espa90. Este resultado deu origem as idéias de um espa90-tempo quadridimensional
contínuo, assim como 3.s concep96es populares erróneas de urna "quarta dimen- e a compara,ao coma Eq. (6.12b) conduz a
s§.o". Deve se ressaltar entretanto que, quando v é muito menor que e, as.equa9óes
de transforma9áo de Lorentz (6.7) se reduzem as equa9óes clássicas (6.6), de_mod~ -y2 = b2. (6.14)
que, para os fenómenos mecfuticos ordinários, a teoría clássica ou newtomana e
adequada. A teoria da relatividade náo ••destrói" a teoría clássica, mas antes a Se agora substituimos este resultado na Eq. (6,12b), obtemos
estende e a ·modifica. A necessidade de urna teoria da relatividade na física atómica . .
e nuclear vem em· parte do fato de que partículas fundamentais como os elétrons
-y2 = b2 = l _ 1
· podem se movimentar com velocidades que se aproximam 3 da luz, com o resultado (6.15)
de que as conseqüéncias cinéticas e dinfunicas das equa9óes de Lorentz sao impor- 1 - (32 1, - (v2/c2)
tanteS> , ~·j:,,.-:-'.,-- ., ..... ª •• entao
· As equa9óes da transforma9áo de Lorentz pollem ser deduzidas facilmente dos (3 2
postulados de Einstein sé consideramos medidas, feitas por dois observadores, da A2 = a2c2 = 'Y2 ~ 1 = a---= (6.16)
,.. 1 - (32
distan~cia percorrida por um raio de luz. Suponha que o sistema S' se move com
velocidade uniforme v na dire!;áo x relativa ao sistema S, e que no tempo t = t' = O N~ proc~r~ de 'Y, b e A, escolhemos os sinais das raízes quadradas .tais que elas
o raio de luz parte da origem das coordenadas (entáo coincidente)x = x' = y =y'= seJam consistentes coma Eq. (6.12c), e conduzam aos resultados necessáriosx = x'
z -~,z,' = O. Num instante posterior, a distancia perconida pelo raio de luz é medida et = t' quando v = O. Este procedimento nos conduz a \ · .
pei~s'óbservádores nos dois ·sistemas. No sistema S, o resultado é \ ::;::·, . . ...
¡.~, :,•,(t--~~;
f•.: •·.,t,;, '.,''•; -~::;,,,.... '2'. ·;· '.'.:: · •12: '·::' .:,·~•~_ ::
_·,,;·Pt}Jll\, · ,~:· :,h,, •.·. x + . y + z -. e t. ,:m,•. ·:•,,, ·: ". ...
_::. .. · .
.. (6.,Sa)-
\·.:
'Y= r--- - . 1
.-;;i~::);i!.-_.,f!tS'·_.:~ ;frb-".fi{:f·,r· <~~~ .: r,/: .:.~,; : . __ ; .. · ·· · vl - (v2/c2)
(6.17a)
e, de ·acordo c0Ín os postulados de Einstein, o resultado no sistema S' deve ser

(6.8b) (6.17b)

~C'éfftfc, a velocidade da lllZ~ a ~CSma··n.o~ dois sistemas. Verifica-se facilmente que Quand~ introduzirnos estas rela~óes nas Eqs. (6.9);--obtemos as equa9óes de trans-
as Eqs. (6.6) náo levam da Eq. (6.8b) até a Eq. (6.8a), e outra transforma9áo é forma9ao de Lorentz (6. 7). Esta última pode ser resol vida para x e t, com o resul-
necessária. Como: transforma9áo mais geral, tentemos as equa96es ·· -- tado

x' ,.; 'Y(x - vt), y'= Y, z' = z, t'=ax+bt, (6.9) + vt' + (v/c 2)x'
onde y, a e b sao constantes a serem determinadas. A primeira rela9ao é escolhida
X=
vi -
x'
(v2/c2)
,
t-
_
-:~====~~
t'
vi - ' (v2/c2)
(6.18)
porque é similar a primeira das equa96es clássicas (6.6) e· deve se reduzir 8.quela y= y', z = z'.
equa9ao quando v. é pequena; também é desejável que as equa9óes de transforma-
93-o sejam lineares. A segunda e terceira equa96es sao escolhidas porque nao existe As E~s. (6.18) sao exatamente similares na forma as Eqs. (6.7) exceto que v, a
nenhuma raza.o para supor que o movimento relativo na dire9ao x afete as coorde- ve l?c,dade de S' ern rela~ao a S. é substituída por -1·. a velocidade de S em rela~ao
nadas y e z. A quarta rela9ao é escolhida porque é linear em x et. a5 .
Agora, se introduzimos a~ Eqs. (6.9) na Eq. (6.8b), obtemos
A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA 11
97
96 FÍSICA NUCLEAR 1

y' y y{y
As equac;óes de trañsforma98.o para as componente~ da velocidade ~e um Bola 2 ,
ponto em movimento podem ser obtidas fazendo-se as derivadas das equac;oes de
transformai;ao de Lorentz em rela¡_;áo a t e t'. Se pomos -U
s' s -U S, S' J
dx' dx 2
U' -
z-dt'' Ux = dt' 1
V
u
1

u
Q------
com definii;óes semelhantes para u~. u~' u JJ e u z, obtemos i
º' ix 1 0 \
Bola 1
X 0,0 1
, dx' dt Ux - V
(6. 19a) Antes da colisao No instante da colisao
u,= dt dt' 1 - (u,v/c 2) '
(v2/c2)
dy dt vl - (6.19b)
:1

y y'
U~=dtdt'= 1 - (u,v/c2)

U ',
VI - (v2/c 2)
~-~~-',--ce-U (6.19c)
ü 2
- 1 (u,v/c2) "
(vu,/c 2)
V
. dt' 1 l -ü
(6. 19d) i¡ ~---'-------
dt = v'L- (v2/c2)
,ji
., º Após a colisao
X x'
As equa¡_;óes de transformac;áo inversas sao novamente obtidas substituindo-se v 1
por -v; . •· ' Fig. 6.4 Colisao elástica de duas bolas identicas, considerada relativisticamente.

v'l - (v2/c2) v'l (v2/c 2)


U¡¡= u'· -'--=-----"-'--'--'- u~.
1 + (u',v/c 2) "' 1 + (u',v/c 2) -U ao longo do eixo y'. A bola atirada por A tem, quando em repouso n~ sistema
S, a mesma massa que a bola atirada por B quando em repouso no sistema S'.
(6.20) Suponha, em seguida, que as bolas sao atiradas de tal modo que colidam, na linha
d~s seus centros, no instante de impacto, na dire,;áo do eixo y, como mostrado na
As equac;6es de trarisf()rrl'i3c;áo ·pa~a as componenteS d~- ~elocidade conduzem a Fi_gura 6.4. Deix~ o subscrito 1 indicar a bola atirada por A e o subscrito 2 a bola
um teorema adicional sobre velocidades importante. Na cinética newtoniana, as at1rada por B; seJam u1 e u2 as velocidades das bolas antes da-colisáo, como medi-
velocidades relativas sáo obtidas por simples adii;;fio ou subtra~o; na cinemática das por 1"-, e u; e f/2 _as velocidades correspondentes como medidas por B. Usamos
relativística, a composi?o de velocidades é mais complicada. Por causa do deno- o subscnto I para mdtcar a componente longitudinal da velocidade, isto é, a compo-
minador nas Eqs .. (6.20), a soma de duas velocidades que sao separadamente meno, nente ~aralela a dire!ráO x ou x ', e o subscrito t para a coffiponente transversal
ª" res. ·qué a velocid8.de da luz C nunca pode exceder c. Assim, na primeira das Eqs. par:i1:la a dire9ii_o y ou y'. As componentes da velocidade da primeira bola, antesd~
(6._20), se u~ é v se áproximam ambas de e, U;r tarrlbém se aproxima de e; mas, para cohsao, como vistas pelo ob~ervados no sistema S, sáo entao
valorés·de u~ e v pequencis"ComparadoS com e, o denominador se aproxima da
unidade e Uz se aproxima de u; + v, a expressao clássica para a adi98.o de veloci- Uiz = O; U11 =·U. (6.21a)
dades. Apesar das equa1róes relativísticas parecerem, a princípio, contrárias a nossa
intui!,áo fisica, elas conduzem a resultados corretos, quando aplicadas ·a problemas . As componentes da veloCÍdade da segunda bola, antes da colisáo, vistas pelo ob-
tais como o efeito Doppler de urna onda de luz e a aberra<;iio da luz estelar. servador no sistema S', sáo
- - ~ ~ - --- ·Nao é surpreendente que, tendo em vista as inter-rela!róes entre coordenadas

de espa1ro e tempo expressas pelas equa,;óes de transformaf8o de Lorentz, a mecá- U~t = -U. (6.21b)
nica relativística difira da mecánica clássica, newtoniana, ero certos aspectos fun-
damentais. Urri dos resultados mais importantes da teoria da relatividade é a dedu- Podemos obter as c?m~onentes da velocidade da segunda bola, em rela9ao ao sis-
~o de que a massa de urn corpo varia com sua velocidade. O relacionarnento entre tema S, usando a pnme1ra e a segunda das equa9óes de transforma,;ao de velocida-
massa e velocidade pode ser deduzido considerando-se urna simples experiéncia des (6.20), e tomando u;= u;,= -U e u;= uz = O. O resultado é
conceitual do tipo discutido pela primeira vez por Tolman. A dedrn;ao que segue é
devida a Boro, 3 e é muito instrutiva porque mostra como algurnas idéias básicas da
u2, = -Uv'l - (v2jc2). (6.21c)
teoría da relatividade sao usadas.
Imagine um observador A localizado no eixo y num sistema de referéncia S, e Cakula_mos e~ seguida o momento total das duas bolas, em rela,;ao ao obser-
outro observador B no eixo y' num segundo sistema S'. com S' se movendo coro vador S. Nao consideraremos, entretanto, que as duas bolas apare,;am ilquele ob-
velocidade constante v, em rela,;ao a S, ao longo do eixo x. Suponha que A atira servador como tendo a mesma massa; será visto que suas massas devem de fato
urna bola com velocidade U. ao longo do eixo y, e B atira unia bola com velocidade
98 FISICA NUCLEAR A TEORIA DA RELATIVIOADE RESTRITA 99

aparecer diferentes. Portante, indicaremos as massas das duas bolas. antes dél coli- ~ que é imposs~v~l porque, por hipótese. U e v sáo diferentes de zero e positivas, e
sao, e em relac;áo ao sistema S, por m, e m2, respectivamente. Suporemos. como na U deve ser positiva por causa da simetria da colisao
mecánica clássica, que o momento é definido como o produto da massa e veloci- .Se impusermos a con~erva9áo do momento. de~emos renunciar a idéia de que
dade, e que o vetor momento tem a mesma dire~ao que o vetor velocidade. Entao, a ID:~ssa de qualquer bola e cons!ante e substituí-la pela suposic;iio de que a massa é
o momento total antes da colisao, calculado por A (o observador S), tem as compo- . vanavel e depende de sua veloc1dade (urna vez que náo existe nenhum outro pará-
nentes - metro no problema do q?al possa depe~der). Mais precisamente, supomos que a
mass~ de um carpo! medida num dado sistema de referencia escolhido, depende da
(6.22a) magmtude d~ veloc1.dade do carpo em rela<;iio aquele sistema.
A magmtude de urna velocidade l! é dada por ,
(6.22b)

Agora consideremos o efeito da colis8.o. Se supernos que as bolas sao perfei-


tarnente lisas e sofrern urna colisao elástica, elas náo podem exercer forc;as tangen-
ciais urna sobre a outra, as componentes x das suas velocidades náo mudam na Entao, as velocidades das duas bolas em rela<;áo ao sistema S sáo, antes da colisao,
colisáo, e a colisáo deve acorrer de_ urna maneira simétrica. O observador A deve
ver sua bola sofrer a mesma mudan~:a no movimento que o observador B ve sua U¡= U, (6.26a)
bola sofrer. A primeira bola deve"tomar urna velocidade transversal -Ü oposta em
direc;áo a sua velocidade antes da colisáo, enguanto que a segunda bola deve tomar (6.26b)
urna velocidade fJ, igual em magnitude, mas oposta em dire9áo, a da primeira bola.
Náo suporemos que a massa e a velocidade de qualquer bola deva ser a mesma e, depois da colisáo,
depois da colisao, mas veremos o que a teoria nos diz. Se assinalamos as quantida-
des após a colisáo por barras, ternos (6.26c)

Ull - o, Uu - -V (6.23a) (6.26d)


-,
U2z - o,
-, - D.
U2t (6.23b) Ma: a Eq. ~.25a) requer que ~2 = iñ2; se a mass~-varia somente coma velocidade,
entao 1?72 e_m2 podem ser 1gua1s semente se as velocidades correspondentes u~ e ü 2
' t forem 1gua1s. Esta condic;áo requer que -
As· componentes da velocidade da segunda bola, calculadas por A sao, das Eqs.
(6.20),

(6.23c) v
2
+ u2 ( 1 _ ::) = v
2
+ v2 ( 1 _ ::) ,

As componentes do momento total após a colisáo, calculadas por A, sáo entáo ,


~a qua! segue que U=. 'ü. _As Eqs. (6.26a) e (6.26c) entáo mostram que u, = ¡¡;, isto
(6.24a) e, ~ _veloc1dade da prune1ra bola em relac;áo ao observador A nao muda com a
~ohsao;_ ~ortanto, m~ ~ fii1, e a massa da primeira bola em relac;áo a A também náo
se modifica pela cohsao. A Eq. (6.25) pode portanto ser escrita como
(6.24b)

Agora imponhamos que o momento total das duas bolas seja conservado na
m1U - m2Uv'l - (v 2/c 2) = - m 1U + m 2Uy'l - (v2/c2),
colisáo, por analogía com a mec8.nica clássica; esta imposic;ao é fund_amental na ou
mec:inica relativística. As componentes' longitudinais e transversais do- momento
devem ser conservadas separadamente, e a compara9ffo das Eqs. (6.22) e (6.24)
conduz a
Decorre que
(6.25a)
(6.27a)

De acordo com a Eq. (6.~7a), as duas bolas, que supomos com a mesma
Se a massa fosse constante, m 1 = m 2 = m1 = m 2 , a primeira equa9§.o seria massa, ,quando e_m repouso nos seus. respectivos sistemas de referencia, pare-
identicamente correta; mas a segunda levaría a urna contradi9§.o porque ela iria cem ter massas diferentes quando um sistema de referencia ·se move coro velocida-
requerer que de constante v em rela<;áo a outro. Quando o sistema S' se move com veloci-
dade cons!ante v em relac;ao a S, a massa m 2 parece maior que m 1 por um fator
(U+ U) [l - yl - (v 2 /c 2 )] - O, 1/VI - (vw/c 2) para um observador estacionário em S. Se imaginamo s que a veloci-
FfSICA NUCLEAR A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA 101
100

dade U com que as bolas sao atiradas se torna menor. entfio, de acordo comas Eqs. ximos. for~an~~ u~ condensador elétrico C. O condensador era colocado dentro
(6.26), u 1 = O e u 2 = v no limite V = O. Obligamos a velocidade U a se aproximar de urna ca1xa c1lmdnca na qua_! ~odia ser feito vácuo. e um filme fotográfico p era
de zero somente para simplificar a dedu~ao, e esta niio é urna suposi~ao necessária enrol~d? em torn~ da superficie mtema da caixa. Colocava-se a caixa num campo
(veja o Problema 8). A massa m 1 , que corresponde a velocidade zero. é chamada de ~agnetlco ho~ogeneo H. paralel~ ao plano dos discos. como mostrado esquemati-
massa de repouso e é indicada por m 0 , enguanto que m 2 é a massa que corresponde camen_:e na_ F~gura 6.5(a). -~ª
regmo do campo elétrico entre os discos. as for~as de
a velocidade v, e é indicada por m. Ternos. finalmente, deflexao elet~1cas e magneucas de.v:m se balancear urna a outra. exatamente para
que u~a particula escape. A cond19ao para o escape é eE = evH, ou r = E/H, e a
mo (6.27b) veloc~dad~ .de urna p~rtícula /3 emergente é urna fun~ao do angulo azimutal 8 no
m = -v',::i::::::::=(~v2:=;:=c2"") ~ual e em1t1da. e_ so~ente partí~ulas coma única velocidade \' emergem n~m dado
,mgulo 0, co~o md1cado na Figura 6.5(b). Depois de emergir da regiao entre as
A dedu~fio mostrou que, quando um carpo se move com velocidade constante v em pla~as, a p~rt1cula /3 é de.sviada somente pelo campo magnético, e o resultado de
rela~ao a um observador estacionário, ele tem urna massa que depende da veloci- mu!tas part1culas numa fa1xa ampla de velocidades. emergindo a diferentes 3ngulos i

dade, e é maior que a massa de repouso m 0 , característica do carpo. A Eq. (6.27b) 8. e urna cu_rva con:ín~a no fi!me ,fotográfico. Um tra90 típico correspondendo a 1 1

mostra que nenhum carpo material pode ter urna velocidade igual ou maior que a ?1etade da circunferencia d~ ca1xa e mostrado por urna das curvas na Figura 6.5(c):
velocidade da luz. ? seg~nda ~urva no filme e formada quando os campos elétrico e magnético sao 11

A Eq. (6.27b) tinha sido obtida anteriormente para a massa de um elétron; de 1~vert1dos s1multaneamente. Obtém-se o valor de e/m correspondente a urna velo- -11 :

acordo com a teoria da relativídade, ela é válida para qualquer corpo em movi- c1dade 1· a partir da rela9ao 1

mento. A varia98.o na massa se toma importante quando a velocidade do corpo '

come9a a se aproximar a da luz, como se toma evidente a partir dos seguintes mv 2 ¡,


valores.
Hev=--, ou
r

v/c mimo v/c mimo se trocamos v por seu valor v = E/H. entao

0,00 1,000 0,90 2,294


0,01 1,000 0,95 3,203
0,10 1,005 0,98 5,025
( 0,50 1,155 0,99 7,089
-- 0,75 1,538 0,998 15,819
0,80 1,667 0,999 22,366

Para corpos que se movem a velocidades até cerca de um por cento da velocid:,de
p s e
p '
da luz, a varia98.o na massa é desprezível, mas no caso de partículas que se movem (n)
,,
-:::, ____!!_.
mais rapidamente a corre9áo é apreciável. Por esta razáo, os raios /3 de substancias e
1

ra_dioativas tem sido usados para testar a fórmula relativística da massa. '

Um dos métodos usados para testar-a fórmula depende da medida do valor da 1

carga específica, e/m, como fun,:ao da velocidade das partículas beta. De acordo 1

com a teoría da relatividade, a carga elétrica é urna quantidade que independe da 1


velocidade e temo mesmo valor para todos os observadores. Conseqüentemente', o
valor de e/m <leve depender somente da velocidade por causa da dependencia da
p---8:---p
, 1

massa com a veloci~ade, e (I,) _!h.


' '
' ',
-"- = ~ ✓ 1 v2 , (6.28a)
'

m mo c2
ou
e e/m
(6.28b)
-mo = -v',=i==='=(;::v==2/:=c2"°)

onde e/m 0 é o valor correspÜndente a massa de repouso do elétron. Se medimos


e/m e v, o valor medido de e/m dividido por y'l - (v')c'J <leve ser constante, que é
e/mo, e também obtemos a razáo das massas mimo, Fig. 6.5 _\lista esquem_ática do aparelho de Bucherer para medir e/m de elétrons com diferen-
Diversas experiCncias deste tipo tCm sido feitas;' a mais famosa das quais é tes velocidades. ~a)_ Vista de lado, (b) vista de cima, (c) trac;os no filme fotográfico. (Reim-
provavelmente a de Bucherer em 1909. Nesta experiéncia, urna pequena fünte ra- presso por perm1s_sao de E. R. Cohen. K. M. Crowe e J. W. M. Dumond. Fundamental
dioativa S de raios /3 foi colocada no centro, entre dois discos de metal muito pró- Cmwants o.f Phys1cs. New York: Interscience. 1957.)
A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA 103
102 FISICA NUCLEAR
A energia cinética T de urna partícula é definida em termos de for9a e distáncia
2,0 como na mecánica clássica, e pode ser obtida da maneira usual calculando-se o
trabalho realizado para colocar a partícula em movimento:
J.9 e,m
mo dT = F dx. (6.31)
1.8
Inserindo-se a Eq. (6.30) no lugar de F, segue-se que
1,7 dv dm
dT = m dt dx + v dt dx
1.6
- mv dv +v 2
dm. (6.32)
m
1.5
mo Diferenciando-se ambos os lados da Eq. (6.27b), obtemos
v'!-v2/c2
1.4 mo vdv
dm
cz [l - (v2/c2)]3i2
1.3
mvdv
c2 - v2
(6.33)
1,2
A substitui,ao de mv dv da Eq. (6.33) na Eq. (6.32) conduz a
1,1
dT = c2 dm. (6.34) i
!.O 0,9 1,0
1

0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 Assim, um~ mudan9a na energia cinética dT é diretamente proporcional a urna mu-
Velocidade (v/c) dan9a na massa dm, e o fator de proporcionalidade é o quadrado da velocidade da
' luz. A forma integral <leste resultado pode também ser obtida facilmente:'Se substi-
Fig. 6.6 A carga específica e a massa do elétron como fum;óes da velocidade. Verificacáo da
tuímos dm da Eq. (6.33) na Eq. (6.32), obtemos
fórmula relativístjca da massa; e/m 0 está em unidades de 107 emu/g.
dT = mov dv + mov e
3/ 2
dv
-...;,=1==;::(v==2;::::c2=") [l _ (v2/c2)]3'2
As intensidades de campo E e H sáo conhecidas e r, o raio da trajetória circular da m 0 vdv
partícula /3, de velocidade v, pode ser obtido a partir de urna análise do tra~o foto- - .c----é'~=c=
[I - (v2/c2)]3i2
gráfico e de rela,;Oes geométricas entre as várias partes do aparelho. 1 .
Experiéncias posteriores tém usado méto_dos aperlei~oad':ss· 6 e alguns dos re- /\ integra98.o de ambos os lados da última equa98.o dá para a energia cinética 11

sultados obtidos por Bucherer e outro_s sáo mostrados na Figura 6.~. As curva_s '

sólidas representara as expressóes teóncas para m e e/mo como fun,;oes da veloct-


1

dade, e os pontos representara os resultados experimentais. Nao ..existe nenhuma


dúvida de que as previsóes teóricas sáo confirmadas para part1culas /3 9ue s~
movem rapidamente. A fórmula da massa também foi confirmada para outras part1-
culas. (6.35)
6.6 As relafóes entre massa e energia. A varia9áo da ma~sa c~m .ª velocidad: De acordo com este resultado, a energia cinética de um corpo _pode ser ex-
conduz a modifica9óes das nossas idéias sobre energia. Na física class1ca. a for9a e l pressa em termos do aumento na massa do corpo em rela98.o a massa de repouso.
definida como a varia9fio do momento com o tempo, e
''
!
Isto pode se~ interpretado como significando que a massa de repouso m 0 está asso-
ciada com urna quantidade de energia mrf' 2 , que pode ser chamada de energia de
d dv (6.29) repouso do corpo. Ent8.o, a energia total E do corpo é a soma da energia cinética e
F = dt (mv) = m dt' da energia de repouso, ou

urna vez que a massa é constante. A defini¡;§.o ·cte for9a é mantida na mecánica E= T + m 0c2
relativística, mas agora a massa é também urna variável e
dv dm (6.36)
F = E:_ (mv) -mdt+v-¡¡¡· (6.30)
dt

i:;
;'[I
1
,1
A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA 105
Portanto, associada a urna massa m, existe urna quantidade de energia mc 2 ; inver- \1
samente, a urna energia E, corresponde urna massa dada por res. Nos cálculos atómicos e nucleares. o erg é urna unidade de energ!a inconv_e-
niente porque as quantidades de energias envolvidas em eventos simples 11
sa9
12
E (6.37) usualmente semente pequenas fra9óes de um erg. da or?em de 10- a 1.0- erg. E
m = c2· comum na prática exprimir energias em unidades de ele~ron-volt. abrevmdo com~
ev. o elétron-volt é a energia adquirida por qu~lquer part1cu1a carreg~da que possu'.
Outra importante conseqüéncia da proporcionalidade entre massa e energia urna unidade de carga eletrónica quando ela cai atraves de um poten~ial de u_m volt.
tem a ver com o momento associado a transferencia de energia. Se urna quantidade é equivalente a J .602 x 10- 12 erg. Por conveniéncia, duas outras umdades sa? tam-
de energía é transferida com a velocidade v, entao podemos escrever para a magni- bém usadas: urna, igual a )03 elétron-volts, rep:esentada p~r kev, e a outra, 1~0ual a
tude do momento associado p 10'; elétron-volts. abfeviada por Mev. Um kev e, portanto. 1g~al a 1.602 X 10 erg.
e um Mev é igual a 1.602 x 10- 6 erg. A rela~ao massa-energ1a se torna
(6.38) 8,99 x 1020 cm 2 /s 2
E (ev) = m(g) X __:_:;_:___ _ _--,_
1,602 x 10- 12 erg/ev
E"sta rela9ao pode ser aplicada, por exempio, para a energía e o momento carregado
por um quantum de luz (fóton). A energía carregada por um fóton é hv e sua veloci- (6.41a)
dade é c. O momentum é, pela Eq. (6.38), = m(g) X 5,61 X 1032 ,
E (kev) = m(g) X 5,61 X 1029 , (6.41b)
E E hv E (Mev) = m(g) X
26
5,61 X 10 • (6.41c)
p=c•c=:¡,=c (6.39)
A massa de repouso de um elétron é 9,l08 x 10-28 g: pela Eq. (6.41c), a e~ergia de
A massa de repouso de um fóton tem que ser zero; de outra maneira, a massa de '\ repouso é 0,511 Mev. Para um áto~o de hidrog~nio, a mas'sa de r~pouso e_ 1,67~e:-
um fóton se destocando com a velocidade da luz seria infinita, por causa do deno- I0-2-1 ge a energia correspondente e 939 Mev. ~ ~astante convem~nte usar a : 24
minador da Eq. (6.27) que se torna zero para v = c. Apesar da massa de repouso de gia correspondente a urna unidade de massa atom1ca. Esta massa e 1,66 x 10 g,
um fóton ser zero, o fóton tem urna massa associada a sua energia cinética, de ou 931.141 Mev.
acordo corrí a Eq. (6.37), e sua massa•é hv/c 2 ; correspondendo a esta massa, existe ·
o momento h v/c. · E (Mev) = m (unidades de massa atómica) X 931,141. (6.42)
A lnterconversao de massa e energia pode ser ilustrada por diversos exemplos
numéricos que serao úteis em cálculos posteriores. Se a massa é dada em gramas e Os valores da energia cinética que sera.o mais usados variam de elét~on-volts;
a·velocidade em centímetros por segundo, a energia ,é dada em ergs, e milhóes de elétron-vofts. Por exemplo, urna partícula a pode ter ~ veloc1.d~d: ded
x J09 cm/s ou cerca de um quinto da velocidade da luz. A corre~ao relat1v1st1ca e
E(ergs) = m(g) x (2,998 x 1010 ) 2 cm'/s2 massa par; esta velocidade é suficientemente pequena para 9ue ela passa sei; ~es-
prezada sem problemas. A massa de repouso ma de urna par_t~_cul~ <:- ~ bem proxim~
. = m(g) x 8,99 x 10'0 cm2/s2 •
~,-;.·:r1·~':,,;::>,,1.-'-· ·.1\'·•"
••',.·."'~ ;:,,~,(.!.;_i;;.~~;r __ :~·.·.<:r_.;,!· ,:,,',_,_
(6.40) a quatro vezes a do átomo de Mdrogénio. Portanto, a energm cmet1ca desta partl-
cula a é
Um grama dé·ma·ssa está' associado a pratiCamenie 1021 ergs ·de ener8ia, óu cerca de
8,5 x 10'º. Btu; ·urna vez que· 1 Btu = 1,055 x '10" ergs. Esfa é reálmente urna l. 2 x 4 x 1,674 x 10- 24 X (2 X 10')2 erg
quantidade muito grande de energia, mas a conversao prática de massa em energia é. - fflo:V
um problema difícil. Num processo químico ordiiiário, massa é sempre convertida 2. 2
em energia. Por exernplo, se 100 g de urna substancia química tomam parte numa'
13,39 x 10-• erg
rea~ao, com o resultado de que 106 calorias de calor sao liberadas, o balan~o de
massa-energia é (1 cal = 4,184 x· !0 7 ergs)
13,39 X 10-•
= ------ Mev = 8,36 Mev.
= 4,184 X 10 X 10
7 6
= 4 ,6S X 10 _8 g.
1,602 X 10-•
e' 8,99 X 10'º
6. 7 O efeito Compton. Algumas das idéias tratadas. no Capítulo 5 e no pre-
A perda de massa equivalente a energia envolvida na rea9ao é de 4,65 x 10-rn g/g sente capítulo podem ser ilustradas discutindo-se um efelto descoberto por ~ · H ·
da substancia, um decréscimo que nao pode ser detectado nem pelas balan9as quí- Compton em 1923, durante o curso de seus estudos do espalhamen~o de~ ra.ms X
micas mais .:,ensíveis. Esta é a raza.o pela qua! o efeito massa-energia ainda nao pela matéria. O tratamento teórico do efeito Compton en vol ve a_ 1:ona quanuc~ d~
conseguiu ser observado nas rea9óes químicas. luz de Einstein assim como algumas das idéias da teoria da relat1~1?ade. O, efe1to e
Veremos em capítulos posteriores que a conversao massa-energia pode ser de- também de importancia prática na absor9ao de raios X pela_ matena e sera tratad~
tectada nos fen6rnenos nucleares porque as quantidades de energia envolvidas por com maior detalhe sOb este ponto de vista no Capítulo 15. Fmalmente, algum_as das
átomo sao muito maiores que aquelas envolvidas nas rea96_es químicas. É útil obter idéias usadas por Compton na sua explica93.o do efei!o ?esempe_nham urn, 1~por~
agora alguns dos fatores de conversa.o que serao necessários em trabalhos posterio- tante papel na moderna teoria qu:intica da e~trutura atom1ca e serao n~cessanas n
Capítulo 7. Por todas estas razóes. é conveniente discutir agora o efe1to Compton.
A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA 107 1111
106 FÍSICA NUCLEAR
relativísticos sejam significantes. A condii:;8.o de que o momento seja conservado dá
No tratamento do espalhamento de raios X por elétrons no. Capítulo 4. duas equai;;óes. urna para a componente x do momento e urna para a componente y
supunha-se que o comprimento de onda da radiac;ao espalhada era o mesmo qlle o
da radiac;iio incidente. Este tipo de espalhamento é chamado de espalhamento
"Thomson"· seu efeito é mudar a direc;ao da radiac;lio incidente. Com técn'icas componente x: -
hvo = hv
- cos ,¡,
+ m 0v
aperfeic;oada~. Compton (1923) foi capaz de mostrar que. quando um feixe de _rai~s e e 1v'l;:::::=~CTC;';'
_ (v2/c2)
cos 8, (6.44)
X monocromáticos era espalhado por um elemento leve como o carbono. a radiac;ao
espalhada consistia de duas componentes, urna do mesmo comprimento de o~da hv
componente y: O= -sen<f, 1 ;:::::=m==º"==;:::::c=sen 8. (6.45)
que o do feixe incidente, e a outra de um comprimento de onda levemente ma10r. e v'l - (v2/c2)
Os comprimentos de onda das duas linhas foram medidos com um espectrómetro de
raios X de Bragg. Descobriu-se que a diferenc;a no comprimento de onda !:iA. ent1:e Para resolver estas equai;;óes, é conveniente escrever
as duas radiai;;óes espalhadas variava com o angulo de espalhamento e que crescrn
rapidamente a grandes éingulos de espalhamento. Quando o ángulo entre a radia<;fio
incidente e a radiai;;ao espalhada era de 90°. descobriu-se que a difereni;;a no com-
[3 = v/c, (6.46)
primento de onda era 0,0236 x 10- 8 cm. independentemente do comprimento de e reescrever as últimas tres equai;;óes. lsto dá ,,,
onda do feixe primário e da natureza do material espalhador. .
Para explicar a preseni;;a de urna componente deslocada e o valor do desloca-
mento, Compton supós que o processo de espalhamento podia ser tratado como
urna colisao elástica entre um fóton e um elétron livre, e que nesta colisiio a energia
hv +mc 0
2
[
1
v'l - 132
- 1], (6.47)
e o momento se conservavam. De acorde com a teoria quántica de Einstein do
efeito fotoelétrico, os raios X primários, sendo radiai;;óes eletromagnéticas como a hv hv m [3c
luz, se propagam como quanta com energia hv. Junto com sua energia, eles ~arre- - 0= - cos <j,
e e
+ ----;:=====;""
v'l _ 132
0
cos 8, (6.48)
gam o momento hv/c. de acordo com as idéias desenvolvidas na última sei;;ao. O
quantum ou fóton espalhado se move numa direi;;lio diferente da do fóton primário e 1

carrega um momento diferente. Para que o momento seja conservado, o elétron que hv mo/3c • ,1
espalha o fóton· deve absorver um momento igual a difereni;;a vetorial entre o mo- O = - sen ,¡, - i:==="" sen 8. (6.49)
. e v'l _ 132
-.. rnento do fóton inciPente e o fóton espalhado, como na Figura 6.7. A energia <leste
elétron espalhado é' tirada do fóton prirnário, deixando um fóton espalhado que tem
Para um dado ángu!Ó de espalhamento <P, as últimas trés equai;;óes contém trés
menós energía - e portante urna freqüencia menor, ou comprimen to de onda rnaior
incógnitas, v, f3 e 0, e expressóes para estás quantidades podem ser achadas por
- do que o fóton primário. ·
urna solui;;ao direta das equa9óes. Para cornpara980 com a experiéncia, entretanto,
A condiyáo de que a energía seja conservada dá estamos mais interessados no deslocamento no comprimento de onda. Introduzi-

hvo = hv + m0 c2 [ v'l 1 - 1], (6.43)


mos portanto os comprimentos de onda

- (v2/c2) Xo = -Voe e

onde v0 ·é a freqúencia do raio X incidente, v a do raio espalhado pelo elétron, e a '


das radia,oes incidente e espalhada. respectivamente. Entao as Eqs. (6.48) e (6.49)
velocidade de recuo do elétron é v; usamos a energia cinética relativística do elétron se tomam:
porque a velocidade do elétron pode ser suficientemente grande para que os efeitos
h h mof3c cos 8
---cos<f,=
Xo X v'l - 132 '
Fóton espalhado mo/3c 8
Momento = hv/C ,;::::==:e:: sen .
v'l - 132

Fóton incidente Elevando ao quadrado estas duas equa9óes e sornando. ternos


Momento = lti,0 , e
2h 2 cos ,¡,
XoX
- (6.50)
Elétron de recuo
Analogamente. a Eq. (6.47) pode ser escrita
Momento = 1111 1, \- 1 - ¡3:!.

Fig. 6.7 O efeito Compton.


108 FISICA NUCLEAR
A TEORIA DA RELATIVIOADE RESTRITA

Pareceria ainda assim que o mesmo efeito teria sido obtido se o problema tivessc
109
l
¡: i
Elevando ao quadrado. obtemos
sido formulado sem levar em canta os efeitos relativísticos. e este é realmente o
caso enquanto tratarmos apenas do deslocamento no comprimento de onda. Os
h' _:_. h2 -
Xil ' x2
2h2 -'- 2moch
AQA '
(1- - .!) +
Xo A 1 - (32
(6.51) detalhes mais refinados do efeito Compton. entretanto. demandam um tratamento
relativístico rigoroso. Portante. mesmo os problemas mais elementares sao usual-
mente formulados relativisticamente.
Subtraindo a Eq. (6.50) da Eq. (6.51). resulta
REFERENCIAS
2
X0 X
h
2
(cos </> - 1) + 2moch ( :o - f) = O. GERAIS

A. Ernsn:1x, Relativity: The 8pecial and General Theory, 15th ed. London:
Portante, :\Iethucn, 1954; XC'\v York: Crown Publishersi 1961.
A. EINSTEIN and L. lNFELD, The Evolution of Physics. New York: Simon and
h (6.52) Schustcr, 1938, Part III.
- (1 - cos</,).
moc A. EINSTEI:-J, The Jleaning of Relativity, 5th c<l. Princeton: Princeton Univer-
ro-", e C = 2,998 sity Prcss, 1956.
Se introduzimos os valores h = 6,624 X 1Q-", ,n = 0,9107 X X
C. Y. DunELL, Readable Relativity. London: G. Bcll an<l Sons, 1926; Kew
1010 , entao
1

York: Harpcr and llrothcrs (Harpcr Torch Books/Thc Science Library), 1960.
AX ,,_ _ ,,_0 = 0,0242 x 10-•o - cos </>) cm ' j
\i '
A. EDDINGTON, Space, Time and Gravitation. Cambridge: University Pi-ess,
1920; New York: Harper and Brothers (Harper Torch Books/The Science

0,0242(1 - cos </>) A. (6.53) Library), 1959.
H. D1NGLE, The Special Theory of Relativity. London: l\fothuen and Co.,
A Eq (6 53) estabelece que, quando urn ra10 • X mc1
· ·d ente de . comprimento
d d deA 1940; New York: Wiley.
, . . . l et> ar urn elétron livre, o compnmento e on a
onda Ao é espalhado de um angu º. p do raio X incidente de urna quantidade W. H. McCREA, Relativity Physics, 4th ed. · London: Methuen and Co.,
do raio X espalhado deve ser ma1or que o ~ <P desloca- 1954; New York: Wiley.
0 0242(1 - cos </>J'A. Para urn dado valor do angulo de es~alharnento el o d d' - P. G. BERGMANN, Introduction to the Theory of Relativity. New York: Prentice-
' - m rimerlto de onda é independente do compnmento de on a a ra ta Hall, 1942. .
rn_ento ~o co Pp ,,_ - 90º /J.), = O 0242 A que concorda rnuito bern corn º. vale'.
~ao mc1dente. ara'+" - , • ' ~ l tambern fot Á,.
C. l\foLLER, Theory of Relativity. Oxford University Press1 1952.
observado 0,0236 A. A dependéncia prevista de 6./- corn o angu O .,, .
W. PAULI, Theory of Relativity. London: Pcrgamon Press, 1958.
verificada pe_la e_x~et~iénTciad.o ele'tron de recua pode ser calculada sem muita dificul- R. C. ToLMAN, Relativity, Thermodynamicsi and Cosmology. Oxford University
A energia eme 1ca
Press, 1934.
dade, e obtérn-se
The Principie of Relativity, A Collection of M emoirs on The Special and General
(1 - cos </>)a (6.54) Theory of Relativity, by H. A. Lorentz, A. Einstein, H. Minkowski, and H. lVeyl.
T - hvo l + a(l - cos </>) ' Lóndon: Methucn_ and_Co., 1923; New York: Dover Publishing Co.
W. K. H. PANOFSKY and M. PHtLLIPS, Classical Electricity and Magnetism.
2
onde a = hvo/moc •
M ,
Reading, Mass.: Addison-Wesley, 1955, Chapters 14, 15, 16.
A. H. Cül\!PTON and S. K. ALLISON, X-Rays in Theory and Experiment, 2nd ed.
Os elétrons de recua foram proc~rados e enco~trados, e suas energias obser- New York: Van Nostrand, 1935, Chaptcr 3.
vadas concordam com o~ valoi:es prev1f1,os pe~:!fi:~~ento observado Ilo compri-
i
A teoria desenvolv1da ac1ma exp tea o . - 1 d É reciso lem-
mento de onda, mas na~dexplica a ~~e~:n~~t~~~~n:~~ª~v~:~.º~ªa ~~alidade, os elé- PARTICULARES

brar, contud?, que cons~ eramos q. 'D rtemente, e urna certa quantidade
l. \Y. K. H. PANOFSKY an<l l\I. PmLLIPS, op. cit. gen. ref., Chapter 14. "The
trons estao )1ga~os ~o~ atomo~ mats ou m~~os ºde um átomo. Se a quantidade de '
de energia e neces~ana para h~ertar_ um ~ etron. r ue o trabalho necessário para experimental basis for the theory of special relativity.")
energía dada ao elétron pelo foton e rnmto ~a10 f
e a Eq (6 53) é válida. Se 2. CEDARHOL~r, BLAND, HAVENS, and TowNEs, "Ncw Experimental Test of
Special Relativity," Phys. Rev. Lcttcrs, 1,342 (1958).
libertá-lo do átomo. o el~tron a~e e?~º u:d: e~:~t~:~· mas p~r~anece ligado. a
a colisao é tal que o ~etrz~t nao : ~~e~6 53) deve ser· substituida pela rnassa do r 3. :\I. BonN, Die Relativitdtstheoric Einsteins und ihrc Physikalischc Grund-
lagen. Dritte .·\uflage. Berlin: Springer, HJ22, Chapter 7, Scction 7.
massa de rep_ous? m o o e e ron n . · ()
átomo, que e mtlhares d~ ve~e~oma~~ fót::
lor calculado de AA torna-se en tao
que colide com um elétron ligado. 4. P.'S. FARAGO nncl L. JANossr, "Rcvicw of the Experimental Evi<lence for
thc Law ofVariation ofthc Elcctron ::\lnss with Velocit:.•/', Nuovo cimento, Vol. Y,
;i~tinroe.q~:~~e:r:e~e:ome;;tm:nt~ de onda mudado, e isto explica a presenc;a da
)\o. G. 1411 (1957).
linha espectral nao deslocad~. E ( ) único trac;o da teoria 5. Co1IEx, Cnow1-:, and Dm,10ND, Fundamental Constants of Physics. Ncw
Deve-se notar que na formula de Compton. q. 6.52 , 0 . d ¡ ·¡ on
, . zero ·md.1can
da relatividade aparece no md~ce , do ,'l rnassa
· de repouso o e e r ·
A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA 111
110 FÍSICA NUCLEAR
desintegra espontaneamente em ·duas panes com velocidade - 1. . . .·,
York: Intersciencc, 1957, pp. 130-142. Escreva urna equac;ao para a conserva - . s 1 e 1 ~- respect1\-amente, (a)
das duas partes sao dadas por c;ao da energia total· (b) Mostre que as energias totais
6. ROGERS 1 McREYNOLDS, and RoGERS, "A Dctcrminu.tion ,of thc :\lasses
and Velocities of Three Radium B ,8-particlcs; The Rclativistic l\luss of the 1

Elcctron," Phys. Rev. 57, 379 (1940). · e


2 .l1
2
+ .11i c2 Jt
2
- .11i + J/~
2Jf 2:11
¡ 11,

PROBLEMAS !'
ma 11. Urna partícula d,e _massa de repouso m1 e velocidade v colide com urna partícula de
I. Suponha que um relógio, em repouso no sistema de referéncia S. emite sinais a interva•
vel~~~d:d/~ ;~pous?, ª1 pos o que as_ duas partículas se juntam. Mostre que a massa M e a
los de tempo /u = 12 - 1 1 • Com que intervalos os sinais aparecem a um observador em a part1cu a composta sao dadas por 111
repouso no sistema S' que se move ao longo do eixo x com velocidade uniforme 1·. em rela9ao
ao sistema S? Suponha em seguida que existe urna fonte homogénea de raios X em repouso no
sistema ,S', e que o comprimento dos raios X medido pelos observadores S' e S é A' e A, mi+ m~ + 2m1m2 V= m1v
respectivamente. Qua! é a rela9ao entre A' e A? Vl - (v2/c2) mr + mn/1 - (v2/c2)
2. Deduza urna expressao para a quantidade u ' 2 = u'/ + u' v2 + u':? em tennos de u .r• u 11 e
Uz, Mostreque, sev <c,eu =e, entáou' étambémigualac.
3. Suponha que dois elétrons, emitidos por um filamento aquecido estacionário em S. se
ta21, AMos!r~ que as seg~int~s relac;0es valem num processo de espalhamento Compton.
max1ma transferencm de energia do elétron é dada por
movem com velocidades iguais de magnitude 0,9 e, um se movendo paralelo a direc;ao +x, e o
segundo paralelo a direc;ao -x. Qual é a velocidade de um relativa ao outro no sistema S?
Suponha que o sistema S' se move a urna velocidade l' = 0,9 e na direc;ao - x tal que ele se
mantém junto com o segundo elétron. Qual é a velocidade do segundo elétron em relac;ao ao 1 + (l/2a)
primeiro, medida no sistema S'?
4. Calcule 'a raza.o da massa de urna partícula para sua massa de repouso quando a partí-
e
cula se move com velocidades que sao as seguintes frac;6es da velocidade da luz: 0,1; 0,2; 0,5;
0,7; 0,9; 0,95; 0,99; 0,995; 0,999; 0,9999.
5. Calcule a energia cinética, em ergs ou em Mev, da partícula do Problema 5 para cada
velocidade; considere primeiro que a partícula é um elétron, e depois que é um próton.
r
6. Mostre, pela expansáo da expressao (1 - v 2 /c 2 112 em potencias de v/c, que a energia
cinética pode ser _eJcrita como (b) Par
ª u~a energm· mmto
lh ado se aproxima de ½ m ff:2.
· grande do fóton incidente, a ·>> 1 a energia do fóton espa-
'

T ~c) ~ds _ang~los 8 ~ </>, ~ue. as direc;óes do elétron de recuo e o fóton espalhado ~o~am em
re1ac;ao a .1rec;ao do foton mc1dente, obedecem a rela<;ao
¡, '
Ache os valores de v/c para os quais o segundo termo da expressao é 1%, 10% e 50%. do
primeiro termo, respectivamente.
cotg 0 = (l + a) 1 - cos </,
= (1 + a) tg P.•
sen</, 2
7. Partículas carregadas podem ser aceleradas a altas energias por máquinas awopriadas
(Cap. 21). Um ciclótr~n de freqüCncia constante pode acelerar prótons a energias cinéticas de
cerca de 20 Mev; sincrociclótrons que foram construídos podem acelerar prótons a energias (d) Mo~trc:, também que o comprimento de onda de
Co~pton, h/m 0·c é o compñmento de
cinéticas de cerca de 400 Mev, e o Cosmotron no Brookhaven National Laboratory próduziu
d
oo a ~?
1
Qª:~-ªº ten?o a ener~ia quántica equivalente a da energia de rer:,uso de um elétron.
prótons de 2,5 Bev. Qual é a massa dos-prótons em relar;áo a sua massa de repouso em cada •• u e O ma10r compnmento d_e onda e energia que um fóton pode ter e ser capaz de
1
um dos tres casos citados? Qual é a velocidade em relac;áo a da luz? Qual é a energia total? ~sfe~rr metade d~ sua energia ao elétron de recuo durante urna colisáo de Compton? Qual é
8. Em conexiio com a deduc;áo da fórmula para a variac;áo da massa com a veioC:idade, a ~e~ao e a _m,ag!11tude da velocidade do elétron de recuo neste caso? Quáo import;nte é a
mostre que a Eq. (6.27a), - vanac;ao re1ah~1st1ca da. massa com a velocidade neste problema?
14 · Um feixe de ra1os X homogCneos com um comprimento de onda de o 0900 A incide·
~~m _:sp~lh~d~r d_e ~arbono. Os raios espalhados sáo observados num ángulo' de 540 com a
ec;~o O e1:-e m?1d~nte. Ache (a) o comprimento de onda dos raios es alhados (b)
~ner1:) dos fot?ns mc1dentes e espalhados, (c) os momentos dos fótons incidentes e ~spalh:~
r:cs¿a_ a energm, momento e velocidade do elétron de recul?, (e) 0 angulo no qua! 0 elétron

é válida, geralmente, para U -=f O.


9. Deduza as seguintes relai;0es úteis, concementes as propriedades relativísticas de par-

t
tículas em rnovimento (os símbolos sao definidos na Sec;ao 6.6).

1
(b) p =-
e
vT 2 + 2mocT & Pro/" Verginia Reis Crispim
O Chefe do Lab. de Neutrongrafia
Ü em Tempo Real
(d) T = V(m 0c2) 2 + (pc)Z moc
2
'P'if LNRTR I PEN / COPPE ¡ UFRJ 11¡

10. Considere um corpo com massa de repouso M num dado sistema de referi:ncia: o
corpo é composto de duas partes com massas de repouso M 1 e M 2 • Suponha que o corpo se i 11::
1 1

.. i i 111
113 i', 1
ESPECTROS ATÓMICOS E ESTRUTURA ATÓMICA i
'

perta do u_ltravi~le~a: agora chamadas de série de Balmer. podem ser descritas de


urna mane1ra ma1s utd em termos do número de onda, ou recíproco do comprimento
de onda. O número de onda é o número de ondas num centímetro do caminho da
luz no_ vácuo e é express? em recíprocos de centímetros, cm- 1 • Por exemplo. o
compnmento de onda da lmha H. é 6562,8 x 10-, cm,

7 11 =3 4 5 G i 8

11.1 H,I H,I 11,1


1 1 1111111111
Espectros Atómicos e Estrutura A= 6563,1
Vermelho
4861.3
Azul
4340.5 4101,7
Violeta .Ultravioleta
3646 .\

At(nnica Fig. 7.1 Diagrama das linhas da série de Balmer do hidrogenio atómico. I'
1

e o número d~ onda V = 1/A = 15237,4 cm- 1 • De acordo com Rydberg, os números 1

de onda das lmhas de Balmer sao dados por

¡; = RH (..!_
22
- ..!_)
n2
, (7.2)

onde RH é urna constante com a dimensáo de cm- 1 , chaffiada de constante de Rvd-


·,7,1 Espectros atómicos. O primeiro problema que deve ser resolvido por urna berg para o hidrogénio, e n toma os valores 3, 4,'.·s, · •... O valor da constante· de
teoria da estrutura atómica é o do espectro de Iinhas dos elementos. Este problema Rydberg para o hidrogénio foi determinado empiricamente a partir de medidas es-
foi discutido brevemente no quinto capítulo: será tratado agora em maior detalhe.
pectroscópicas e é
·um,a linha, ou es[Íectro, de emissao é produzida q~ando s: dispersa, através de um
pristña ou espectrómetro de rede, a luz de um gas atraves do qua! urna d~scarga
RH = 109.677,576 ± 0,012 cm- 1 ; (7.3)
elétrica está passando, ou de urna chama na qua! um sal volátil foi colocado. Em
vez de urna faixa contínua de cores, como num arco-íris ou como no espectro de uro
c_om este v~l~r de Ru, os números de ond3.-e portanto os c~rnp~imentos de onda das
sólido incandescente, somente urnas poucas cores aparecem, na forma de linhas
'
,t hnhas da sene de Balmer sao dados com grande precisa.o, como pode ser visto na
paralelas brilhantes e isoladas. Cada linha é urna imagem da fenda do espectró-
Ta?ela 7. l. O comprimen to de onda medido no ar foi corrigido para o vácuo por
metro, desviada de um ángulo que depende da freqüencia da luz que forma ~ !ma-
gem. Os comprimentos de onda das linhas sáo característicos do ~lemento em_1tmdo me10 d~ relar;áo A00c. = µ,Aar, onde µ,, o índice de refra98.o 1do -ar; é urna funr;ao
conh~c1da, tabelada, do comprimento de onda. O comprimento de onda no vácuo é
a )uz, e cada elemento tem Seu próprio espectro de linhas parucular, q~e e u~a
propriedade dos átomos daquele elemento. Po; e~ta razá_o, espectros de l~nhas As~o
tarnbém chamados de espectros atómicos. Os atamos ma1s leves como o htdro~emo
e o hélio produzem espectros razoave)mente simples, com um número de linhas Tabela 7.1 Compar~filO -elltre ~s com[Jrimentos de onda observados e calculados
das linhas de série de Balmer f.!_'!__ e,spectro do hidrogénio
relativumente pequeno, mas para alg':'ns dos átomos mais pes_ados o espec~ro pode
consistir de centenas de linhas. As lmhas podem estar na fa1xa do ultrav1oleta ou Comprimento de onda Comprimento de onda Comprimento de onda
infrnvcrmelho assim como na faixa de comprimentos de onda visíveis. - Linha n medido no ar medido, corrigido calculado a partir da
O espectro do hidrogénio atómico é interessante es~ecialmente por_ razóes his- ;:A para o vácuo, A: A fórmula de Rydberg
tóricHs e teóricas. Nas regibes visível e perto do ultravwleta. ele consiste_ de urna
séric de linhas cujas posir;óes relativas sao mostradas na Figura 7 .1. Existe urna H. 3 6562,85 6564,66 6564.70
aparente regularidade no espectro. as linhas se aproximando a medida que o com- H, 4 4861,33 4862,68 4862.74
H, 5 4340,47 4341,69 4341,73
primcnto de onda diminui até que o limite da série é alcanr;ado em 3646 A. Em H, 6 4101,74 4102,89 4102,93
t88S, Ba!mCr mostrou que os comprimentos de onda das nove linhas entáo conhe- H, 7 3970,07 3971, 19 3971,23
cidas no espectro do hidrogénio podiam s~r expressos pela fórmula muito simples H, 8 3889,06 3890,16 3890,19
H, 9 3835,40 3836,48 3836,51
2 H, 10 3797,91 3798,98 3799,01
A= Í3 n (7, l) H, 11 3770,63 3771,85 3771.74
e n2 - 4' H, 12 3750,25 3751,31 3751,26
H, 13 3734,37 3735.43 3735,46
oml~ lJ é urna constante igual a 3646 A. e n é um inteiro variável que toma os H. 14 3721,95 3723,00 3723.03
valore~ 3, 4, 5 ..... para as \inhas H,.. Hf.l, H'>' ..... respecti_vame~nt~. ~y_db~rg. H, 15 3711,98 3713,03 3713,06
alguns anos depois. descobriu que as linhas do espectro do h1drogemo v1s1ve1s e
ESPECTROS ATOMICOS E ESTRUTURA ATÓMICA 115
FÍSICA NUCLEAR
114 R R
série de Bergmann: ¡; = --="---
(3 + d)' + !)2' n = 4, 5, G, ....
entáo comparado com o valor calculado pela fórmula Rydberg. ?e
, ica odem (n
Os resultados ilustram a precisa.o com que medidas espectroscop s. P
ser feitas assim corno a notável concordllncia entre os val?res dos_ compnment~s Nestas séries, R é a constante de Rydberg para o elemento. es, p. d, f sao certas
de e
onda-~edidos experimentalmente aqueles dados_pela Asu:np~es forf;lul; de RJri: constantes que sao características dos átomos alcalinos. A série principal é assim
chamada porque ela contém as linhas mais brilhantes e mais persistentes; as linhas
ber com o valor da constante de Rydberg para o h1droge010 , et~rmma a em .,
ca:;nte Eles também mostram que urna teoria da estrutura atom1ca. para ;e~a due da série fina aparecem relativamente bem definidas numa figura espectrográfica.
enquanto que as linhas da série difusa sáo relativamente espalhadas. Em cada caso,
aceitávei, deve prever os valores dos comprimentos de onda e a constante e Y -
berg Com grande precisa.o. sé-
a medida que n se torna muito grande, as linhas das séries convergem para um
1
Além da série de Salmer. o espectro-do hidr?gem~ contero qu~tro 0 ~ ras . limite dado pelo termo constante.
A • ,

ies urna das quais está na regiao ultravioleta. e tres na mfravermelha.bAsds1m. pa:a As linhas do espectro de outros elementos também podem ser representadas
r ' · , · · e de seus deseo n ores. sao como diferenr;;:as entre termos, e a fórmula para o número de onda pode ser escrita
0
hidrogenio. as segumtes senes espectra1s. com o nom
de maneira geral como
agora conhecidas.
(7.5)
ji= (;2 - ~2)'
RH
n = 2, 3, 4, ... (série de Lyman, ultravioleta)
Para o hidrogénio os termos sao· dados por
(série de Balmer, visível e
RH (;2 - ~2)'
n = 3, 4, 5, ... perto do ultrnvioleta) 1
ji= n = l, 2, 3, .. , . (7.6)

(1, 1) (série de Paschen. infravermelho)


l
V= RH -32 - - , n= 4, 5, 6, .. , Para outros elementos, os termos tém usualmente urna forma mais complicada, e o
n2 priffieiro e segundo membros da fórmula sao obtidos a partir de diferentes séries.
l
Ritz (1908) estendeu a formulai;iio de Rydberg sobre os números de onda por meio
('l 1)
. RH Ú.. -
jj :-- n2 '
n = 5, 6, 7, ... (série de Brackett, infravermelho)
l de seu princípio combinatório, que estabelece que, dentro de certos limifes, a dife-
renr;;:a entre dois termos quaisquer dá o número de onda de urna linha espectral do
átomo. Por exemplo, a diferen9a entre T 3 e T 8 para o hidrogénio dá a quinta linha da

- RH (15; - <l)
(série de Píund. infravermelho) série de Paschen. Como resultado da descoberta <leste principio combinatório-, um
¡; n = 6, 7, 8, ...
n2 ' dos principais problemas da espectroscopia se tornou a representa9áo das linhas de
um espectro como diferen9as entre termos, com o menor número de termos possí-
· h · · d B lmer (a única série conhecida vel. O esclarecimento do significc_1.do dos termos tomou-se entao o maior problema
Rydberg notou que para cada lm a na sene e a . .
na é oca) o número de onda podia ser expresso como a d1feren9a entre do1s termos. teórico.
um hxo e outro variável. Ele procurou regularidades similares no espectro ~e ~u- Além do espectro de emissao, os elementos tém também espectros de absorr;;:ao
tros elementos além do hidrogenio, e descobriu que, apes~r do~ ~spectros , ~ e;; característicos. Este último é obtido quando luz com um espectro contínuo (como o
mentas mais pesados serem mais complexo_s que o h1drogemo, urna sen~ ?º de um filamento de lampada) passa através de urna camada absorvente do elemento
e entao é analisada com .um espectrógrafo. Numa fotografía de um espectro de
linhas espectrais pode ser sempre representad~ pe\a formula geral
absorr;;:3o, linhas claras (linh~s de absoryao) aparecem num fundo escuro contínuo.
R R (7.4) As linhas de absor93o coincidem exatamente com o comprimento de onda das cor-
¡; = ~(~m-'+.,C-a.,-c)2 (n + b)2 respondentes linhas. de emissiio e, em princípio, cada Iinha de emissao também
pode acorrer como linha de absorr;;:áo.
Nesta equa9ao, R é urna constante para ~-elemen!º· a eh sao const~~~.s c~~acte~sé O campo de estudo dos espectros atómicos é um dos maiores ramos da fisica, e
ticas ara séries particulares,.m é um inte1ro que e fixado para u~~ ª ªserie.e o espectro dos elementos tem sido analisado com grande detalhe. Somente algumas
um i~eiro variável cujos valores da.o as ?iferente~ _linhaS ~a sene. espectro de ? das características mais simples do espectro atómico sao apresentadas aqui; por
exemplo, a estrutura de multipleto das linhas espectrais nao foi mencionada. Em mui-
linhas de qualquer elemento consiste de diversas senes de lmhas. e cada lmha pode
ser expressa como a diferern;a entre dois termo~. , tos elementos, cada linha no espectro é única, mas geralmente as linhas formam du-
o espectro· de .. emissao de um metal alcalmo e um exemplo de um espectro bletos, tripletos, ou grupos com a inda mais componentes. Em tais casos. urna fórmu-
deste tipo; as seguintes quatro séries sao encontradas: la separada de Rydberg deve ser escrita para cada linha componente; no espectro dos
metais alcalinos, por exemplo, ocorrem dubletos, de forma que seis fórmulas em
R R n 2, 3, 4, ... , vez de trés sao necessárias para urna completa representa980 das séries na regia.o
série principal: ¡; - visível. E?Cistem também outros efeitos, como as mudan9as no espectro de urn ele-
(1 + s)2 (n + p)Z '
m~nto, quando os átomos que irradiam a luz esta.o num campo magnético ou elé-
R R n = 2 3,4, ... , tnco. Quando urna fonte de luz é colocada num campo magnético, cada linha espec-
ji=
(n + s) 2 '
1
série fina: (2 + p)2 tral emitida é separada em diversas componentes (o efeito Zeeman). A extensa.o da
e
separa980 depende da intensidade do campo da natureza das linhas espectrais, se
R R n = 3,4, 5, ... , sao singletos ou multipletos. A separar;;:áo das linhas espectrais também é observada
série difusa: ¡; -
(2 + p)' (n + d) 2 '
ESPECTROS ATOMICOS E ESTRUTURA ATOMICA 117
116 FfSICA NUCLEAR
gia que correspondem aos eStados estacionários de um átomo consistindo de um
se os átomos que irradiam estáo no interior de um campo elétrico. ~as, ~p~sar da núcleo e um único elétron. Considere um átc;>mo com urna carga nuclear Ze, onde Z
vasta quantidade de informa9áo que tem sido coletada sobre espec!ro~ atom1~0s: a é o número atómicO e e é o valor da carga eletrónica em. unidades eletrostáticas. Se
própria maneira pela qual as linhas espectrais podem ser expressas md1ca a existen• Z = 1, o átomo é um átomo neutro de hidrogenio; se Z = 2, o sistema é um átomo
cia, dentro dos átomos, de um método relativamente simples e universal pelo qual . de hélio ionizado He+; para Z = 3, o sistema é um átomo de lítio duplamente
as radiayóes atómicas características sáo emitidas. ionizado Li++.
De acordo com o quarto postulado, o elétron gira num círculo ao redor do
7.2 A teoria de Bohr sobre os espectros atómicos e a estrutura atómica. Numa núcleo e pode ter um momento angular p, dado por
série de trabalhos que fizeram época, escritos entre 1913 e 1915, Bohr desenvolveu
urna teoria da constitui9áo dos átomos que explicava muitas das propriedades dos· h
p = mvr = n 7r, (7.9)
espectros atómicos e lanyou as bases para pesquisas posteriores em física a~ómica 2
teórica e experimental. Bohr aplicou a teoria quiiritica da radia9ao desenvolv1da por
Planck e Einstein ao átomo nuclear de Rutherford. Sua teoria está baseada nos onde m é a massa do elétron, v é a velocidade linear do elétron, r é o raio da órbita,
seguintes postulados. . . e n é um inteiro positivo. Pelo terceiro postulado, o movimento do elétron numa
1. Um sistema atómico possui um número de estados no qual nenhuma em1ssao órbita permitida deve satisfazer as leis da mecftnica clássica. Portanto, a for¡_;a cen-
de radia9ao ocorre, mesmo que as partículas estejam em movimento urnas em r~l~- trípeta num elétron é fornecida ·pela for9a elétrica atrativa sobre o elétron:
i;ao com as outras, apesar de tal emissao ser esperada de acordo com a eletrodma•
mica comum. Estes estados sao chamados de estados estacionários do sistema. mv 2 Ze 2
2. Qualquer emissao ou absor9ao de radia9ao vai corresponder a urna transii;ao
-,- = ,:¡-· (7.10)
entre dois estados estacionários. A radiai;ao emitida ou absorvida na transi9:lo é
homogenea, e sua freqüencia é determii:iada pela relai;ao As equa¡:óes (7.9) e (7.10) podem ser resolvidas para o raio r e a velocidade v, e
obtém-se que 1

hv = W, - W2, (7.7)
n 2h 2
1

T= (7.lla)
onde h é a·, ~Ónstante de Planck e W1 e W 2 Sáo as energias do sistema nos dois 41r2me2z'
estados estacionários. . . e
3. O equilíb(io dinflmico do sistema nos estados estacionários é govemado
pelas leís comuns ·O.a meciinica, mas estas leis nao valem para a transi93.o de um 21rZe 2
estadó•a outro.
V= --,.¡;- . (7.llb)
4. Os diferentes estados estacionários possíveis para um sistema consistind~ de
um elétron girando ao redor do núcleo positivo sao aqueles para os quais as órbitas Os raios das órbitas permitidas sao Proporcionais a n 2, e aumentam nas propor9óes
sáo círculos determinados pela rela¡:áo 1, 4, 9, 16, ... , de órbita a órbita. Para o hidrogenio, Z = 1, e se inserimos os
valores conhecidos de m (massa de repouso), e, eh, obtemos, para a menor órbita
p = n (h/21r) , (7:8) no hidrogenio (n = 1),
(,l_r::'.r.,.,.,1,--;;;r•{_,_, , __ ,',..; :~ 0
·.•1•-·;~'.~¡-~. ••·- '' ·: . . . ,., · ,,

ond~/J é o IIloinento angular do elétron, h é a constante de Planck, en é um interro. r = 5,29 x 10-9 cm,
positivo, usualmente chamado de número qüdnticO. . , . · . - --, .. - - --- - .- 1 ,
Estes postulados sáo a combina¡:áo de algumas 1deias tomadas da física clas- um valor que está em boa concordiincia com estimativas dos raios atómicos obtidos
sica, junto com outras em contradii;ao direta com a física clássica. Bohr resolveu o por outros métodos. A velocidade do elétron na menor órbita é de cerca de 2,2 x
problema da estabilidade do sistema de cargas móveis simplesmente postulando que 108 cm/s, e decresce a medida que o raio da órbita aumenta, de tal forma que m
a causa da instabilidade, a emissao de radia9:lo, náo existia enguanto o elétron pode ser tomada como a massa de repouso do elétron.
permanecia numa de suas órbitas permitidas, ou estacionárias. A emissáo de radia- A energia do elétron é parcialmente cinética e parcialmente potencial. Se o
9áo foi associada com o salto do sistema de um estado estacionário (nível de ener- estado de mínima eriergia do elétron é arbitrariamente escolhido como o estado no
gia) a outro, de acordo com as idéias da teoria quflntica de Planc~. Além ?is~o, qual o eléfron está em repouso a urna distancia muito grande ("infinitamente
supunha-se que as leis da mecftnica clássica eram válidas para um sistema atom1co longe'') do núcleo, entáo a energia potencial do elétron é, pela fórmula eletrostática
num sistema estacioJtário, mas nao durante a transi98.o de um de tais est~do_s a ¡ usual,
outro. Finalmente, foi demonstrado que o quarto postulado, que separa as orb1tas li
permitidas do elétron das que sáo proibidas por meio de urna condi9áo q~flntica, a Ze 2
Eq. (7.8), estava em harmonía com a condi¡:áo de Planck para a energ1a de um
U= r (7 .12)
oscilador. Diz-se que o momento angular é quantizado nestas órbitas. Assim, a
teoria de Bohr é híbrida, contendo algumas idéias clássicas e algumas idéias q~ftnti- A energja cinética do elétron é
cas. A justifica9áo para os postulados era o surpreendente sucesso da teona em
explicar muitos dos fatos experimentais sobre espectros atómicos. Mas, como será
visto depois, a natureza híbrida da teoria eventualmente conduziu a sérias dificul-
dades. .
T = ½mv 2 (7.13)
Come~ando col1l os postulados de Bohr, podemos calcular os valores da ener-
ESPECTROS ATOMICOS E ESTRUTURA ATOMICA 119
118 FÍSICA NUCLEAR
descobriu-se representar as Iinhas da série de Balmer do espectro de hidrogénio. A
pela Eq. (7.10), e T = -½U, urna rela,ao típica do movimento soba a,ao de urna lei teoria de Bohr tambérn dá o val.or do coeficiente constante Ra, ero termos de cons-
de for~a proporcional ao inverso do quadrado da distancia. A energía total é W = T tantes fundamentais. Portanto, R.,. pode ser calculado teoricamente e U:m teste cru-
+· U ou, para o estado estacionário definido pelo número qufuitico n, cial da· teoria de Bohr é a concordancia ou discordancia entre o ~alor teórico do
coeficiente e o valor experimental da constaote de Rydberg.
2 2 2 Antes que essa compara,;8.o possa ser feita, é necessário corrigir urna aproxi-
Wn = - -21 Ze 2,r me4Z
r = - -----
-- n2h2
(7 .14) (lla9áo que foi feita no tratamento até aqui. Considerou-se tacitamente na dedu98.o
da fórmula para o número de onda que o núcleo náo se move, isto é, que é infinita-
esta é a energía do átomo quando o e1étron está no seu n-ésimo estado estacionário mente pesado em com¡;,ara,;ao com o elétron. O subscrito oo foi usado para indicar o
ou quántico. O número qu:1ntico n, como foi dita, pode tomar qualquer valor in- valor do coeficiente sob esta hipótese. Na realidade, para o hidrogénio, sabe-se que
teiro; n = 1, 2, 3, ... o núcleo do átomo é cerca de 1840 vezes mais pesado que o elétron ero vez de ser
A partir da Eq. (7.14) ve-se que, quanto maior o valor de n, a energía do infinitamente pesado, e tem uro pequeno movimento. A precisáo das medidas es-
sistema é numericamente menor, porém maior o seu valor algébrico. O menor valor pectroscópicas é táo grande que, quando testamos a teoria, o movimento do núcleo
W n é o correspondente a primeira órbita. Este é conhecido como o estado normal nao pode ser desprezado mesmo que o núcleo seja tao mais pesado que o elétron. O
, oufundamental do átomo, urna vez que ele deve ser o estado mais estável e aquele efeito do movimento do núcleo é substituir a massa m do elétron pela massa redu-
geralmente ocupado pelo elétron. zida, mM/(M + m), onde M é a massa do núcleo.
De acordo com o segundo postulado de Bohr. um átomo de hidrogénio irradia A fórmula para a massa reduzida é muito importante em muitos problemas
energia quando o elétron salta de uin estado estacionário para outro estado de· envolvendo o movimento de dqas partículas, e pode ser deduzida facilmente. Se
menor energia. A diferen,;a entre as duas energias é emitida como um único quan- nen~uma da_s partículas pode ser considerada como estando em repouso, ambas as
tum de energia radiante, cuja freqüéncia é dada pela condi,;8.o part1culas vao se mover em rela,;áo ao seu centro de massa. No caso de um átomo
com um elétron, se o elétrOn gira ao redor do núcleo, sua trajetória vai ser um
círculo ao redor do centro de massa do sistema combinado. Ao mesmo tempo, o
(7 .15) núcleo gira ao redor do centro de massa num círculo menor. Ambas as partículas
devem ter a mesma velocidade angular w, urna vez que o celltro de massa deve
Se substituimos W., e W., pelos valores dados pela Eq. (7.14) para os estados com sempre se manter na linha entre as duas partículas. . ·
númefos quaJlticos n 1 e n 2 , obtemos para a freqüéncia da linha emitida quando o Seja r a distancia do elétron ao núcleo, e r - x a distancia ao centro de massa;
elétron salta do estado n, para o estado n, x é entáo a distáncia do núcleo ao centro de massa. Tomando os momentos ao
''( redor do centro de massa, ternos
.- v = 2,r2me4
h3
z2 (J_n2 - J_).
2
n2 ¡.
(7.16)
Mx = m(r - x),
ou
Em termos de número de onda, isto se torna mr Mr
X=---- r-x=~=c....-
ii=RZ
~
2 --- ,
2 2
(1 1)
n2 n1
(7.17)
M+ m' M+m
O mo,mento angular total do sistema em rela,;iio ao centro de ~assa é
\
m(r-x)2w+· M2 - [ mM 2 .. -- . Mm 2 ] 2 ( mM) 2
onde definimos a constante,Roo como,, x w - (m + Af)2 + (m + M)2 r w = m + M r w.
2,r2me•
(7.18)
chª O sistema age como se a massa m' = mM /(m + MJ estivesse girando num círculo
de raio r, com. urna velocidade angular w em rela,;áo ao centro de massa. A massa m
1'10 caso do hidrogenio, Z = 1 e a Eq. (7.17) se torna do elétron dev~ portanto ser substituída por m ', isto é, m deve ser multiplicada pelo
fator M/(m + M), e a massa reduzida do elétron é mM/(m + MJ. Como M varia de
ii= R ~ (_!__J_)·
n2
2
n1
2
(7.19)
átomo para átomo, o fator 1/(1 + (m/M)] varia pouco, e isto explica a pequena
varia,;áo na constante de Rydberg para os diferentes elementos.
A constante R~ nas Eqs. (7.17) até (7.20) deve ser substituida portanto pela 1.
nova constante
Como n 2 < n., o número· de onda é positivo. Se colocarmos n2 = 2,

n1 = 3, 4, 5, .... (7 .20) (7.21)

Esta equa98.o tem exatamente a mesma forma que a equa98.o empírica (7.2), que
120 FISICA NUCLEAR ESPECTROS ATOMICOS E ESTRUTURA ATÓMICA 121
·=~
onde M é a massa do núcleo. Se inserimos na Eq. (7.21) os valores atual~~nte 1
aceitas das constantes e' m (massa de repouso),_ e' _h e
- 109681 quando comparado como valor expenmenta e
t1~i9~~;e;;r~~ ~~\: ;ª~~'.
• ·
0
urÍlá'vez que a masSa do núcleo de hélio é muito próxima a 4 vezes a do núcleo de
hidrogénio. Das Eqs. (7.21) e (7.22) pode ser mostrado que
1

;s concordam dentro de 3 partes em 100.000, que é considerav~lment: menor q_ue


a incerteza 00 valor teórico. Esta concord8.~cia representa um fe1to notavel da física · MH = RH - ¼RH, = 1841.
m RHe - RH (7.23)
teórica e é um dos grandes triunfos da teona de Bohr. I •
1

Quando a teoria de Bohr foi proposta, somente as senes d~ Balmer e Paschen Este resultado é muito próximo daquele obtido na Se~ao 2.4 por outros métodos e 1
11
ara O hidrogénio eram conhecidas. A teoría [Eq. (7.19)] sugena que, para val?res representa outro triunfo da teoria de Bohr.
~e n 2 diferentes de 2 e 3, séries adicionais deviam existir. J¿.- ~r~cura destas senes
Jevou á série de Lyman (1916), á série de Brackett (1922), e a se_ne de Pfund (1924), '
7.3 Os estados estacionários num átomo. A teoría de Bohr, além de exphcar . o 1

e em cada sene descobriu-se que os números de. onda das hnhas eram aqueles espectro do átomo com um elétron, fomece urna interpreta,;ao física dos termos
previstos pela teoria. . ,. . - d espectrais. Na condi9iio para freqüéncia, Eq. (7.7) ou Eq. (7.15), substituindo-se o-
Algumas das órbitas circulares do elétron -W: h1droge~10 sa_o mo~tra_ as nu;11_a número de onda V = v/c pela freqüencia obtemos
escala relativa na Figura 7 .2 junto com as_ tran~19?es que dao ongem as lmhas ttp1-
, cas das diferentes séries no espectro do h1drogemo.
O espectro do hélio ionizado, He+, também foi explicado com s_u~es_so pe~ (7.24)
teoria de Bohr. O valor experimental da constante de Ry?~erg para o heho e RHe_ -
109722 269 e está em boa concordancia com o valor teonco. Um resultado mmto A compara9iio com a fórmula da série de Rydberg, Eq. (7.5), mostra que cada
import~nte' é obtido quando os valores experimentais das c~~stantes de Rydberg termo é igual a um estado de energia para a órbita de um dado elétron dividida por
para o hidroge~io e hélio ionizado sáo comparados. Para o heho, he. A determina,;ao experimental dos termos espectrais de um elemento, portanto,
.,, dá os valores da energia p8.ra os estados estacionários de um átomo. Le~bremos
R~ R~ 22 aqui que a escala de energia foi escolhida de tal maneira que o elétron tem a energia
RH, = [l + (m/MH,)] = [1 + (m/4MH)]' (7 . ) W = O quando ele é completamente removido do núcleo. Assim, o trabalho que
deve ser feito para remover o elétron de sua n-ésima órbita ao infinito é -Wn. Esta
quantidade de trabalho é chamada de energía de separa~ao e é urna quantidade
positiva. Afora o fator he, os termos sao iguais as energías de separa,;áo· do elétron
nos estados dados. Para o estado mais bai,¡o (n = 1) do átomo, o estado fundamen-
J tal, a energia de separa,;3.o é chamada de energia de ionizaráo ou de potencial de
ionizaráo, que é, J)Ortanto, igual ao termo de maior valor do átomo. Os eStados que
correspondem a números qu3.Ilticos maiores que a unidade sáo chamados de esta-
dos excitados do átomo porque suas energías sáo maiores que aquetas do estado
fundamental. Urna transi9ao <lo estado fundamental para um estado excitado pode
acorrer somente quando o átomo recebe urna quantidade de-energia igual a energia
de excita,;3.o para o estado excitado, por exemplo, por bombarderimento de elétrons
num tubo de descargas de gás. '
A Conexa.o entre os valores dos tennos e ·as energías ·foi demonstrada experi-
mentalmente (Í914) pelo trabalho de Franck e Hertz' sobre colisóes entre elétrons
lentos e átomos de mercúrio. Eies-·observaram que os elétrons náo podiam transfe-
rir energía aos átomos de mercúrio a náo ser que os primeiros tivessem urna energía _
cinética de pelo menos 4,9 ev. Isto devia significar, de acordo coma teoria, que o
átomo de mercúrio tem um estado estacionário excitado 4,9 ev acima do estado ¡I'
fundamental. Se existe tal estado, a energía do átomo excitado d_eve ser emitida
como um quantum de; luz cuja freqüCncia ou comprimento de onda é determinada
n=3 1

pela condi9iio de freqüéncia de Bohr, a Eq. (7.7). Urna diferen9a de energía de I ev


é equivalente a um certo número de onda obtido dividindo-se I ev = 1,602 x 10-12
n=4 erg por he; o resultado é 8066,1 cm- 1 • Urna energía de excita9iio de 4,9 volts deve
corresponder, portanto, a um número de onda V = 419 x 8066, 1 = 39523 cm- 1 , ou
1

um comprimento de onda de X = 1/v = 2350 A, que é urna linha na regiiio do


n=5 ultravioleta. Existe urna linha de comprimento de onda 2535 A no espectro do mer- ¡ 1 1
cúrio e o resultado experimental pode portanto ser interpretado de acordo com a
teoría de Bohr. Assim, pelo impacto do elétron, urna energia de excitayao de 4,9 ev
1 1

O 2 4 6 SX 10-8 cm 1

foi transferida para o átomo de mercúrio, e, quando o elétron saltou novamente


para o estado fundamental, esta energía de excita,;áo foi emitida como um fóton 1

Fig. 7.2 Esquema das transii;Oes entre as órbitas estáveis de Bohr no átomo de hidrogCnio com o comprimento de onda previsto teoricamente. Muitos resultados semelhantes
(aproximadamente em escala).
tem sido obtidos desde entáo com outras linhas e gases, e a relay8.o de Bohr entre 1:11

1;1r;i ,

1 1:1 1
ESPECTROS ATOMICOS E ESTRUTURA ATOMICA 123
FISICA NUCLEAR
122
os estados excitados e os valores dos termos das linhas espectrais tem sido comple-
tamente verificada. Desta maneira, a validade da hipótese de Bohr__sobre os estados
estacionários tem sido testada por experiéncias diretas, e O/conce-ifo·--de estados o
estacionários de uro átomo tem sido plenamente confirmado. 6
Os estados estacionários, os termos, e as linhas espectrais do hidrogénio - 0.544 5
podem ser representados graficamente de urna maneira muito útil por meio de mm - 0,850 4
diagrama de níveis de energia, como mostrado na Figura 7 .3. Nesta figura, as orde-
2 - 1,511 3
nadas da.o a energía, e os níveis de energia ou termos R/n sao desenhados como
linhas horizontais. A direita, a escala de números de onda ou termos é dada em
unidades de cm- 1 , aumentando de cima para baixo; o valor zero corresponde a urna
completa separac;ao do núcleo e elétron (n = 00 }. A esquerda está urna escala em
elétron-volts comec;ando com o estado fundamental como zero. A escala de
elétron-volts pode ser usada diretamente para obter o potencial de ionizac;ao de um - 3.399 2
dado nível. AS:sim, para remover o elétron do estado fundamental (n = 1) ao infinito 30.000
(n = 00 ), isto é, para ionizar o átomo no seu estado fundamental, 13,597 ev sao ••
necessários. j r
Urna linha espectral resulta da transi98.o do átomo de um nível de energia a ,¡¡,
outro e é representada no diagrama de energia por urna linha vertical que une os
1


"C
40,000
dois níveis. O comprimento da linha ligando os dois níveis é diretamente pro- ill
porcional ao número de onda da linha espectral (escala do lado direito). Urna indi-·

1
1

cac;ao grosseira da intensidade das linhas espectrais também pode ser dadá por meio
de sua espessura. Em direc;ao ao topo do diagrama, a separac;áo entre as linhas 50.000
i,''
horizontaiS, que representa os níveis de énergia ou termos, decresce e converge
para,o valor zero a medida que n _,. oo . Um espectro contínuo se junta a série de
termos nesta posic;ao indicada como hachuriada. A explicac;ao teórica para o es-
1 60.000
pectro contínuo vai ser dada mais tarde. Espectros de outros elementos podem ser
representados por dj~gramas similares, mas mais complicados.
O modelo de Bohr pode explicar as linhas do espectro de absor~áo assim como
aquelas do espectro de emissao se se supóe que um elétron orbital pode absorver 70.000
um quantum de luz semente se a energía assim absorvida eleva o elétron para outra
órbita permitida. A absorc;iio de luz é entao o inverso exato da emissáo e cada linha
de absorc;ao deve corresponder exatamente a urna linha de emissao, de acordo com
a experiencia. Cada linha de -emi~sao, entretanto, nao corresponde a urna linha de 80.000
absor~áo. Por exemplo, o espectro de absor~áo do gás hidrogénio sob condi~óes 1
normais mostra apenas as linhas da série de Lyman. A teoria de Bohr pode explicar
es~e resultado experimental da seguinte maneira. Sob coridic;óes normais, os átomOs
no gás de hidrogénio estao no estado mais estável (estado fundamental), com n = l. 90.000
As diferenc;as de energía entre aquele nível e todos os outros níveis correspondem
8.s linhas na série de Lyman; fótons coro menos energia, como todos aqueles cor-
respondentes a linhas na série de Balmer, nao podem ser absorvidos porque eles 100.000·
náo podem nem fazer o elétron ir da órbita mais interna (n = 1) para a .segunda
órbita. De acord.o com a teoria, portante', somente as linhas da série de Lyman
devem aparecer no espectro de absorc;áo do hidrogenio normal. Semente se o gás é
inicialmente excitado, e existe um número apreciável de elétrons em órbitas com n - 13,597
110.000
= 2, devem aparecer as linhas de abson;iio correspondentes a série de Balmer. As
linhas de Balrner sáo..encontradas no espectro de absorc;ao de algumas estrelas nas
quais a temperatura das atmosferas estelares é tao grande que urna frac;áÜ apreciá- Fig. 7.3 Diagrama ·de níveis de energia do átomo de h"d • .
1 rogemo.
vel dos átomos de hidrogenio está no primeiro estado excitado (n = 2).

7 .4 Extensiio da teoria de Bobr: órbitas elípticas. A teoria de Bohr na sua tura fma significa que, em vez de sim I ,,
um dado valor do número uánf p esn:iente um mvel de energia corresponder a
forma mais simples previa com grande precisa.o as posic;óes das linhas espectrais do
átomo neutro de hidrogenio e do átomo de hélio ionizado. Análises espectroscópi-
que ficam bem perto··um d~ o :Cº ~ ex1stem realmente vários níveis de energía
cas refinadas mostraram, entretanto, que estas linhas nao sao simples mas tem o
que é chamado de estrutura fina, isto é, elas consistem de várias linhas componen-
tes que ficam bem próximas. Em termos de níveis de energia, a existencia da estru-
mo e He+' postulando a existencfa d:~
e~tes níveis de energía e a estru~ur:.fi ommeFeld teve ~gum sucesso em explicar
r:~~ tanl!e ~as hn~s espectrais do hidroge-
r I s e 1pt1cas ass1m como órbitas circula~

,.;i:
124 FISICA NUCLEAR
ESPECTROS ATÓMICOS E ESTRUTURA ATÓMICA
125
res, e levando em conta a varia¡,;8.o relativística da massa do elétron com a veloci- zero. Portanto, n<b pode ter os valore 1 2 3
dade. 3 .... A soma n + d s ' • • ... , e nr pode ter os valores o t 2
Quando se supóe que o elétron pode se mover numa órbita elíptica, existem ' , . r n,t, po e ter os valores 1 2 3 . 1 , . ' ' '
outro mteíro n, • • , ···• e a e portanto igualada a
duas coordenadas que variam. 'Em coordenadas polares, elas sao r, a distáncia do
elétron ao núcleo, que está no foco da elipse, e et,, o angulo azimutal. As duas
coordenadas representamos dais graus de liberdade a serem quantizados. A condi- n = n• + n,; n = 1, 2, 3, ... ' (7.30)
980 qu8.ntica que foi previamente discutida nao é suficiente para fixar sem amb.igüi- e n é chamado de número quántic • . 1
dade ambos os eixos da elipse, e duas condi¡_;óes qu8.nticas sáo necessárias. para tomar os valores 1 2- 3 o pdrmdc1pa. Para qualquer valor den, n,t, pode
fixar a órbita. Sommerfeld e Wilson introduziram U!ll postulado novo mais geral que . - ', ~ • · · · n, e nr e a o pela reJa9áo n - n 0
A d1scussao ate aqui esclareceu - , •
o original de Bohr, ou seja, o de que para as órbitas estacionárias a chamada inte- sários para as órbitas elípticas e d is _re 1a9oes ent~e. os numeros qu§.nticos neces-
gral da a98.o, feíta sobre um periodo do movimento, deve ser um múltiplo inteiro de mas ~áo disse nada·ª respeito do t!~:~h~ :xcen!nc1da~e d~s órbitas permitidas,
/z. Esta condi9áo é expressa matematicamente pela rela9áo ~ne~g1as nas órbitas. As últimas quantidades :~ el:rses, ~sto e, a e b, ou sobre as
f p,dl]; = n,h, (7 .25)
orb1tas circulares, combinando-se as . _ ao ~te?11madas, como no caso das
for9a centrípeta fornecida pela for c~nd19o~_s _quant1cas c~m a expressao para a
análise é mais complicada que 9a e etr?stahca de atra9ao sobre o elétron. A
onde p I é o momento associado com a coordenada q 1. A integral tem as unidades de resultados sáo no caso circular e os detalhes sáo omitidos. Os
aráo, isto é, erg-segundos, assim como a constante de Plancl<:. Quando q¡ = cp, o
angulo de revolu9ao, p¡ é o momento angular orbital do sistema, indicado por Pr1>
para distingui-lo do momento radial Pr• De acordo com a mec8.nica clássica, o mo- n 2h 2
a=
mento angular de qualquer sistema isolado é urna constante. Entáo, 411'2m'e2Z' (7:3Ia)
n•
f P• d<J, = P• fo'' d<J, . 21rp•,
b= a-,
n .(7.3lb)
f • 211' 2m'e 4Z 2, l,1

1.'.·.
Wn= -
n 2M ' (7.32) /¡
l: o,;,;·,., ' .
(7 .26)
onde m, é a massa reduzida do elétron O 1 . • •
W n sáo determinados pelo número . ·. . ~ va o~es _do sem1-e1xo mamr a e a energía
Esta condi9áo é a mesma que foi usada por Bohr párá suas coo"rdenadas circulares. que para urna órbita circular de rai¿uant1c? pnnc1p~l n: e sáo os meslDos'-valores
A quantidade n.,,, chamada de número quántico azimutal, tero sido usada em vez de determinada pela razáo n In e o , a e ndm~ero quant1co n. A forma da órbita é
n por razóes que váo se tomar aparentes em breve. ' ' • <b , numero e J.Ormas d " bºt • •
energ1a aumenta em rela!;áo ao caso e , e ~r I a~ poss1ve1s de mesma
O momento radial Pr náo é constante e a irÍtégral na segunda condi9áo quiin- radas. A Figura 7.4 mostra as órbitas ~ que apenas ,ºr?1tas circulares sáo conside-
tica, · ' para o hidrogenio com vários val dc1rculares e ehpttcas (de-senhadas em escala)
_.-. ¡-1,.:;_1.;; -. ~ ~~:

Jp, dr = n¡~ i\ Jf ···. · i


t /"·t
modelo de átomo urna dada ¡· hores en, piaran• = l, 2 e 3. De acordo com este
: ::j~.';''';~·';:':': , ., . (7 .27)
. . •
9oes diferentes mas equivalente
m a espectra pode ser p du "d
.
, . .
ro_ z1 a por vanas transi-
até aqui. Apesar do sistema te:• d:~!re as qua1s _nenhuma "distin9áo póde ser feita
pode ser calculada sómente por métodos mais complicados. O resultado obtido é suficiente para determinar os valofe gJ~us_ de !1berdad~! um núme~o quAntico é

(vl ~ e•• -1) = n:h.


como sendo degenerado. ·- s e energia permitidos. Tal sistema é dito
'. ¡,it-",~ º¡p, dr . 21rp• (7 .28) Sommerfeld mostrou qu d .
e no caso e um atomo coro um elétron a degeneres-

Nesta equa9áo, E é a excentricidade da elipse com semi-eixos maior e menor a e b,


respectivamente;"A quantidade n 7 é chamada de número quántico radial. Das Eqs.
(7 .28) e (1.26), segue-se que

(7 .29)
®
11 = 1
A excentricidade das elipses permitidas é assim determinada pela razáo dos núme-
ros qu:inticos n.,, e nr- A quantidade 1 - e2 pode tomar valores sornen te entre O e 1
'i n =2
por causa das propriedades geométricas da elipse. Para 1 - e2 = 1, e = O, b = a, e a 11 =3
elipse se toma um círculo. Para 1 - e2 = O, n<b = O', b = O, e a elipse se toma urna
linha reta. Fisicamente, o último resultado significa que o elétroll oscilaria numa- }/ = --t-
linha reta através do núcleo. Este caso foi excluido na teoría de Bohr como náo Fig. 7.4 Posic;:Oes relativas e dimens6es d , b' , .
meiros valores do número qu8.ntico n (M ªJ-~r tt~s ehpticas correspondentes aos quatro pri-
possuindo significado físico, de·tal modo que náo se permitía que n<b fosse igual a nio.) . o I tcac;:ao de Sommerfeld para o átomo de hidroge-
ESPECTROS ATOMICOS E ESTRUTURA ATOMICA 127
FÍSICA NUCLEAR
126 restrita, a massa do elétron varia na órbita. Se este efeito relativístico é levado em
r, canta, descobre~se que a energía do elétron depende tanto de n como de n0, A
4 análise matemática é um tanto complicada novamente; o resultado é a fórmula de
Sommetfeld

= W
n,n4i
= _ 2,rn2h2m'e4 z• [1 + a nZ (_!_nq, _ 1-)],
2 2 2

4n (7.33)
' .

10.000 onde a = 2Tre 2/hc = 1/137' é a constante da estrutura fina. A dependencia de 11,t, é
pequena por causa do pequeno tamanho da constante da estrutura fina, e o trata-
mento re1ativístico da~ órbitas elípticas tem o efeito de substituir um único nível de
1 energía por vários níveis que ficam bem próximos. Portanto, a freqüencia da radia-
20.000
,;fto emitida na transi,;áo de um elétron de um nível dado por n 2 até o nível n 1 vai ser
levemente diferente de acordo com os vários valores de n,t, que sáo possíveis. As
pequenas varia,;Oes na energia va.o resultar no aparecimento, no espectro do hidro-
30.000
génio, de um grupo de linhas levemente separadas, ao invés de urna só linha.
Quando as previsOes da teoria de Sommerfeld foram comparadas com os resul-
tados experimentais sobre a resolu9áo das Iinhas de Balmer e de diversas linhas do
·He+, descobriu-se que a tem:ia Previa componentes demais para a estro.tura finl· A
40.000 concordancia entre a teoria e a experiencia foi obtida com a introdu9fto de urna
regra de se[erao que liffiitava o número de transi,;Oes. No caso presente, a regra de
sele,;ao estabelecia que somente eram possíveis aquelas transi9óes para as quais o
número quantico nrt, variava de +1 ou -1:
50.000
(7.34)

Descobriu-se que regras como· esta sao muito importantes na teoria _dos e.~pectros
60.000
atómicos·. Elas nao sao urna parte intrínseca da teoría de Bohr, maS podiain- ser
obtidaS por meio do princ/pio' da correspondencia de Bohr. 3 Sabia-se que para nú-
meros quanticos n muito graJldes o comportamento do áfomo-· tende ao· que seria
70.000 esperado com base na eletrodinamica clássica. Por exemplo (cf. Cap. 5), para ra-
dia,;3.o de freqüCncia muito pequena ou comprimento de onda mnito longo, a teoría
clássica de_ radia,;iio era sat_isfatória._Ma_s a teoría clássica tornou pos~Jvel o cálc_ulo_
"J:>f
das transi9óés Jl':rn\itf~~s~ ~n~é~fo q~eª ~- teorfa at01:1!ica de 113?!1,r náo .'? fazia.
acord.o com o pnnc1p10 üa correspondencia, as regras de sele~ao calculadas class1-
carríénLe·, e válidas· pira :núinéróS quinticos müito grandes, tárnbém eiam consid~-
radas c'omo sendó' corie'tas pafa'i,equenos riúméros quariticos. ESte inétodó'Para a
90.000,
a
dedÚ9ao das regras dé. sele9~0 fui:tcionou, apesar de ter desvantagem de ·naci ser
urna parte integrante da teoria de Bohr. . _.:___; ··. . -- ·· ' . ,..
A estrutura fina das linhas do espectro de hidrogenio é ilustrada nuin "diagrama
de níveis de energia um tanto mais complicado que o da Figura 7.3. Na Figura 7.5,
100.000 oS níVeis com diferentes valores de n,t, sao agora desenhados 13.do a lado na mesma
altura, enguanto que estados com iguais valores de nie diferentes valores den sao
desenhados uns acima dos outros. Para um dado valor de n, cada nível tein n sub- 1:
níveis correspondendo aos n valores que nrt, pode ter. No lugar das linhas verticais 1

'
da Figura 7.3 para representar transi96es entre um valor de n e outro, existem
----------- 110,000
linhas oblíquas correspondendo a mudan9as em n• de ± 1. O número de onda para
urna transi,;fto ainda é dado pela distancia vertical entre dais níveis. Para mostrar as
Fig. 7.5 Diagrama de níveis de energi~ do átomo de hidrogenio, incluindo a estrutura finá. Jinhas da estrutura fina, as escalas de energia e de números de onda teriam que ser
muito grandes, porque existe um espa9amento muito pequeno entre os subníveis.
11 Além das órbitas c.irculares e elípticas, é possível que os elétrons tenham órbi-
céncia odia ser removida. lsto é, os estados previamente e~u~valentes_ podiam tas hiperbó1icas; estas· sao associadas com o espectro contínuo. A energia de um
r direrentes energias quando a teoria da relatividade, re~tnta_ e~a aph~ada ao átomo com um elélron tem sido definida de tal maneira que ela tem o valor zero
tom~ t do ele'tron A velocidade de um elétron numa orb1ta ehpt1ca vana (num quando o elétron·está em repouso completamente removido do núcleo. Se o elétron
mov1men o · , t' rto do núcleo e livre tem energia cinética, sua energía total é positiva e, pela mecanica clássica. sua
círculo ela é constan!e), s~ndo maiolr quanDdo o el~~~~:sa ~e~~ia da relativid~de
menor quando ele esta relativamente onge. e acor
.ESPECTROS ATÓMICOS E ESTRUTURA ATÓMICA 129
FÍSICA NUCLEAR estados ~staci~nári?s, ~ o princípio combinatório de Rydberg-Ritz para as linhas
1

128
e~pectra_1s. Alem d1sso, a mec:inica ondulatória resolve muitos dos problemas que
órbita é urna hipérbole. De acordo com a teoria de Bohr, sornente as órbitas circu-
1

nao pod,iam ser ~nfrentados pela teoría de Bohr. Um dos resultados mais importan-
lares e elípticas sáo quantizadas, apesar de um elétron nao irradiar em nenhuma ~es da ~ova teona tem a yer com os números qu8.nticos. Descobriu-se que no caso
órbita. Portanto, todos os valores positivos de energia sao possíveis e, estendendo- e um atomo com um ~letro_n tratado tridimensionalmente trés números qu:inticos
1

se a partir do limite dos níveis de energia discretos, existe urna regiáo contínua de :~ecem ~e ~ma n:an~1ra direta da solu9ao matemática do problema. Estes sao o
valores positivos de energía. Radia9áo é emitida quando um elétron com energia ~ero quan!1c<? pnnc1p3! '!• o número qu:intico orbital/, que toma o lugar den,,,, e
positiva salta para um estado rriais baixo de energia positiva ou para um estado 0 numero quantlc? ~agnetlco m 1, que substitui m. Os valores que os no vos núme-
quantizado com energia negativa, e a série de linhas discretas no espectro é seguida ros podem assum1r sao:¡
de um espectro contínuo.
n = l, 2, 3, ... ,
7 .5 O fracasso da teoria de Bohr: a mec8.nica qu8ntica e os números qu8.nticos
corretos. Apesar de o uso de órbitas elípticas relativísticas no átomo de Bohr ter l = O, l, 2, 3, ... , n - l, (7.37)
ajudado a explicar a estrutura fina dos espectros do hidrogénio e do átomo de hélio
ionizado, sérias dificuldades foram encontradas na aplica9ao posterior da teoria de
Bohr. Para átomos com dois elétrons, tais como o hélio neutro e o lítio ionizado,
m, = -l, - l + 1, ... ,- O, 1, ... , l - 1, l.
existiam sérias discrep:incias entre a teoria e a experiéncia. Para tentar explicar a As regras de sle~e9áo n~ce~sárias também se tornaram um· resultado direto do t~ata-
separa9áo das linhas espectrais num campo magnético, era necessário introduzir um mento mate,,m~t1co e nao ynham que ser introduzidas de maneira artificial.
terceiro número qu:intico, o número quántico magnético, m. Como resultado, era A mecamc~ ondulatoria teJTI duas desvantagens. Primeiro, ela nao permite. que
necessária urna quantiza9fto tridimensional ou espacial; o novo número quítntico a estrut?ra do ~tº?1º seja ~epresentada de maneira familiar. Os conceitos a partir
estava relacionado com a orienta9áo das órbitas elípticas no espa90. Na presen9a
de um campo magnético, existe urna componente do momento angular ria dire9áo
-ª~
dos qua1s te9na e constrmda sao mais abstratos que aqueles da teoria de Bohr e é
~m tanto difíctl 1obter urna compreensao intuitiva do problema: da estrutura atómica.
do campo. Esta componente, cuja dire9áo pode ser tomada como paralela ao eixo z egundo, os n_ietodos_ matemáticos sao consideravelmente mais ,ávan9ados do que
de um sistema de coordenadas tridimensional, era quantizada de acorde com a con- aqueles ?a.ant1ga teor~a: Portante, o modo de descrii;ao de.Bohr, a partir do qual as
di9iio ~ar~ctenst~~as essenc1331s dos fenómenos atómicos p9dem faCilmente ser deduzidas
e amda mm_to:.. usado. ~ possível ir bastante longe coffi o modelo de Bohr Sem entra;
h (7.35) e~. con~radi9ao com os fatos-, desde que os números qu:inticos da mec:inica ondula-
Pz = m 21r'
tona seJam usados_ e que as corre9óes correspondentes sejam feitas nas conclus0es
+ -t
onde-~ 'podía- ter ós valo~g-·:..:..n,,,, -n.,, i, ... O~ 1, :-: :,'n.,,, .ou 2n-~ .1 valore·S no
~esulta~tes _da leona_ de B_oJu:. Nes:e ~entido, a teoría de Bohr pode ser consíoerada
ma ~nmerra aprox1ma~ao a mecamc a _ondulatória, apesar de que tanto sua base
total. O tratamento matemático. do problema dos estados estacionários conduziu 1
con~eitual como seus metodos matemat1cos- foram substituídos 'por aqueles da nova
novamente a níveis de energia demais e a regra de sele9áo, _ teona,:;r.:.:,r_,:,:•,-.,-; .:;:.-¡;~,. ,':. . ' -
o
.• Par~, expfü,ar. o. espectro d~ _mu]tlpletos ·e assim chamadi> "efeito Zeeman
(7.36)
3f 1omalo_ , a mecamca ondulatóna foi suplementada com a hipótese do spin do
e ~tron ~e Uhlenbecl,.~ Goudsmi.t (1926) de acordo com a qual s¡¡punha.;e que o
teve que ser introduzida. o suCesso da teoria ªº
Iidar Coni o ereit~ de um campo eletro~ l!vesse um spin ~e ½/z/2,,, e um momento magnético ig'ual a(e/2mc) (h/i,,,¡. :o
magnético sobre linhas espectrais foi, eiltretanto, apenas parcial. '
. , .. Dificuldades adicionais surgiram, ligadas a estrutura de mulüpletos das linhas
espectrais de múitos elementos. Multipletos tem caráter diferente das linhas da es•
trutura fina pelo fato de que os multipletos podem estar bem afastados. As bem
.~a:~.~er
mod~ento angular-de-spm do elétron era representado por um número quftlltico Que
os val~~~~:~~ ~u ~1,_e era necessário introduzir urna nova condi98.o qua.o~

conhecidas linhas do sódio com comprimentos de onda de 5895,93 A e 5889,96 A, momento angular de spin = m, (hrúr) (7 .38)
respectivamente, sáo Um exemplo de um dubleto, assim como os outros membros
da série a qual as linhas D pertencem. No' espectro do m~gnésio, sao encontrados 0 _nde m, pod~· _ter os v~o"res !, -½. Assim, qU:atro números .quftntiCos sáo necessá-
tE!.e!~.C?S,_ e í!~ _ 1µ1~-~" se _tornam mais complexas a medida que ds elementos se nos1 ~ra expl~calr _os .. espec,.1r?s atómicos. O spin dó-elétron foi, inicialmente, um
movem para a direita na tabela periódica. Na ausencia de um campo magnético, os acrescimo ~~b1trano a ~ecamca ondulatória, e nao urna parte intrínseca da teoría
multipletos nao podiam ser explicados com base nos números qu:inticos n e n.,,. ;as est~ dif1culdade f~1 removida em _1928 por Dirac. Sabia-se que a equa9iio d~
As dificuldades cliscutidas acima (e outras nao mencionadas) náo podiam ser ~hr?~di~ger, a equa.9ao fundamental da mecftnica ondulatória, náo era invariante
resolvidas por mudan9as adicionais na teoria de Bohr. Tomou-se aparente gra- re ?t.1v1st1camen~e. Dtrac teve sucesso em obter urna equa98.o que satisfazia os re-
dualmente que as dificuldades da teoría eram causadas por urna falha essencial do qu~s1t?s da teo;1a da rela!ividade restrita, e mostrou que todos os quatro números
modelo atómico que eslava sendo usado. A solu9iio do problema veio em 1925 e qu;nt~c?s surgiam a parttr de sua teoria sem a introdu98.o de quaisquer hipóteses
nos anos seguintes na forma da mecánica ondulatória ou mecánica quántica. Al- ar itr?nas. O r:su~tado era urna teoria dos espectros atómicos e de muitas outras
gumas das idéias básicas da nova teoria váo ser discutidas mais tarde oeste capí- propriedades atom1ca; consistente e completa.
tulo. Para o presente será suficiente dizer que a mec:inica ondulatórfa fomece urna
teoria que náo depende_ da imagem clássica de elétrons girando em 0rbitas planetá- 7·6 A teoría at~mi~~ e~ ta~el~ periódica. Urna das aplica96es mais importan-
te
rias em tomo do núcleo. A nova teoria mantém todas as idéias córretas e resultados s da moderna teona atom1ca e a mterpreta98.o da estrutura da tabela periódica em
da teoria de Bohr, como os estados estacionários com os valores de energia corre-
tos, a explica9áo da emissao e absor9ao da radia9áo em termos de transi90es entre
130 FÍSICA NUCLEAR ESPECTROS ATOMICOS E ESTRUTURA ATOMICA
131
terrnos·ctas idéias físicas que foram desenvolvidas sobre a estrutura atómica. Como Tabela 7.3 Subgrupos de elétrons para valores
resultado da teoria da mecanica ondulatória do átomo, é possível atribuir a qualquer do número quántico principal até n = 4
elétron num átomo um valor para cada um dos quatro números qu3.riticos n, [, m 1 e
m,, e um elétron pode ser identificado por um conjunto particular de valores que ele Camada K L M N
tem. Os números quítnticos possíveis que um elétron pode ter sáo limitados por. n
urna régra fundamental, o princípio da exclusáo de Pauli, que estabelece que dais 2 3 4
Elétrons possíveis 1s 2s 2p
elétrons num átomo náo podem ter os mesmos quatro números qu§.nticos. Quando 3s 3p 3d 4s 4p 4d 4f
este princípio é aplicado aos elétrons num átomo, duas dedu~óes podem ser feitas. Número máxirno de elétrons 2 26 2 6 10 2 6 10 14
Primeiro, náo pode haver mais do que 2n 2 elétrons com o mesmo número qu:lntico Total, 2n 2 ' 2 8 18 32
n. Segundo, pode haver somente 2(2/ + 1) elétrons com um da~o valor de l. Pode-se
mostrar que estas duas regras explicam completamente a forma da tabela periódica ..
Considere primeiro o caso n = 1. O único valor possível de/ é zero, e m, deve
também ser zero. O número qu§.ntico m, pode ser tanto+½ como-½. de forma que a energia pot~ncial mínima. A configura9áo do átomo normal de hélio é entáo ls2 e
pode haver no máximo dois elétrons com .n = 1. Todos os elétrons que tem o a camada -!( ~ fechada. O terceiro elétron necessário para a forma9áo do litio ~ai
mesmo número quántico total n sao ditas como pertencentes a urna camada, as p~ra urna orb1ta_ 2s (pa:a mantera energ~a potencial mínima); a configura9áo eletró-
camadas senda denominadas por K, L, M, N, . . . , paran = 1, 2, 3, 4, . . . respec- m;a f.ªra este atom? e Is22s._ O beri!io, com quatro elétrons, tem a configura9áo
tivamente. A primeira camada K está cheia quando ela tem dais elétrons. Para a ls 2s .' a camada K e preench1da, ass1m como o subgrupo s de elétrons na camada
segunda camada L, n = 2 e a camada pode conter até 8 elétrons (2n 2 = 8). Segue-se L. O pr?cesso de sornar elétrons continua até que, no neónio, a camada L inteira é
da segunda regra que esta camada nao pode ter mais que dais elétrons com / = O, e pree~ch1da. O proc~sso pod~ ~ontin_uar até que a tabela periódica inteira seja expli-
nao mais que 6 elétrons com 1 = l. Como resultado da segunda regra, .subgrupos cada, as config~ra9oes eletromcas dos elementos sáo listadas na Tabela 7.4.
podem se formar dentro de cada camada, todos estes elétrons num subgrupo tendo
os mesmos valores de n e l. Os subgrupos sáo designados por· letras, como na
'? pr~ench11!1ento _das camadas K e L no hélio e neónio, respectivament_e, fecha
os _pr~eir':is do1s penados da tabela periódica (veja Tabela 1.4). No argónio, os
Tabela 7.2. · d01~ pnme1ros subgrupos da camada M sáo preenchidos; no· criptónio, os dois pri-
. Um elétron com n = 3 el = 2 é chamado de i.Im elétron 3d, e assim por <liante, me1ros subgrupos da camada N sáo preenchidos, e no xenónio os dois primeiros
o número dando o valor de n, a letra indicando o valor de l. Todos os elétrons subgrupos da camada O sáo preenchidos. Assim, os· gases raros estáo .associados
pertencentes a um mesmo subgrupo sáo chamados de ·etétrons e_quivalentes, e é com preenchimento ou de urna camada ou de um subgrupo. Após cada gás raro, um
usual indicar o -número de tais elétrons num átomo por um índice. Assim, dois no_vo subgrupo come9a, como indicado pelas propriedades químicas dos elementos.
elétrons ls sáo eséritos como ls2 , quatro elétrons 2p como 2p", sete elétrons 4d Nao so~ente as propriedades q~ímicas dos elementos sáo explicadas, mas também
como '4d 7, e assim por diante .. :,•, ,,. : : e:•, ..,,,.z, · o arranJo dos subgrupos exphca o espectro dos elementos observados: Por
A estrutura da tabela periódica pode agora ser descrita em tennos dos possí- exemplo, a Tabela 7 .2 mostra que cada metal alcalino tem urna ou mais camadas
veis números de elétrons nos subgrupos. A idéia básica subjacente nesta descri9áo fechadas ou. subgrupos e só u~ elétron externo. O elétron ocupa as órbitas 2s, 3s,
é que o número de elétrons num átomo é igual ao número atómico. As propriedades 4s para o L1, Na, K, respecbvamente. Todos os alcalinos .tém a mesma valéncia
químicas de um átomo sáo completamente determinadas pelo número dos, elétrons químic3: e propriedades químicas similares, e todós tem espectros de dubletos simi-
externos, e este número é por sua vez fixado pela carg~ nuclear. Qualquer estrutura l~es, ~om~ se esperava a partir da configura9áo eletr0nica. Os alcalinos terrosos
eletré\nica de um átomo é formada por adi~ao de um· simples elétron a estrutura ~e~ ~ms eletrons externos, e ~ssim por diante pelas colunas da tabela periódica. A
élétronica cáracteristicá do átomo precedente ria tabela periódica: Os números ultima c~luna na Tab:la 7.4 da os valores experimentais do potencial de ionizac;ao
quiinticos, escolhidos para o elétron sornado sao \ais que colocam este elétron no ou e~e~g1a de separa9ao; estes vaJores.dáo urna evidencia da estrutura das camadas
estado mais ligado possível. Este estado é aquele que, para um dado número de eletromcas. O segun~o elétron no átomo de hélio tero urna energia de ioniza~áo de
elétrons, conduz ao menor valor da energía potencial total do átomo. Os valores da 24,5 ev em compara9ao coro 13,6 ev para o hidrogénio, e os elétrons do hélio devem
energía potencial podem ser ·calculados da teoría da mec§.nica ondulatória do port~to e~tar muito _n~ais liga~os que, o únic9 el,étron no átomo de hidrogenio. O
átomo. !er~em:~. eletron que e mtroduz1do no atomo de htio tem um pequeno potencial de
Os subgrupos dos elétrons que sao possíveis sao mostrados na Tabela 7 .3 para l0_!11Za9ao de 5,4 ev; ele deve estar a urna distancia consideravelmente maior do
os valores de n até 4. n~cleo e está, conseqüentemente, fracamente ligado. Com este elétron, a constru-
No caso do hidrogenio, que tem um elétron, está claro a partir da Tabela 7.3 9ao da segunda camada (L) come9a. Esta camada é preenchida no átomo de neónio
que-este elétroh-nó seu estado fundamental ocupa a órbita ls; se o átomo é exci- com um po~encial de ioniza9áo de 21,5 ev, e a camadaM come9a como sódio, coro
tado, o elétron pod" ocupar urna das órbitas mais elevadas (estados). · ~m. pot~nc_1al de 5,1 ev. A tendencia dos valores experimentais do potencial de
O héli0 tem dois elétrons, dos qua_is ambos podem ir para órbitas 1s, tornando 10mza9ao ~ ex~tai:nente aquela prevista pela teoria. Pode ser dito agora que a mo-
derna teona atom1ca resolveu o problema da interpreta9áo, em termos físicos bási-
cos, das propriedades químicas dos elementos.
Tabela 7.2
7•7 · A teoria atómica e o espectro de raios X característico. A importáncia do
Número qu8.ntico no momento
angular orbital(/): o tr_abal~o de Moseley sobre o espectro de raios característicos dos elementos foi
2 3 ·4 ·5 6
Designai;ao eletrónica: s p d f g h i d1scu1Ida com algum detalhe no guano capítulo. Seus resultados podem ser inter-
Estado atómico: s p D F H I pretados em termos da moderna teoria atómica e, de fato, a· teoria de Bohr pode ser
·º usada para dar urna explica9áo muito bonita da produ9áo das Iinhas de raios X
: '. ·¡ Tabela. 7;4,_ i:;~1tf,g_11:'r!if,Ó~~ ele~r.On!cps _e pote(lc,iais de ionizafiíD dos átomos
1 -:. ".·,,n- .:• .. , .... . , ::: _·, ,. . ~
Q Potencial de
K L : i' H ~':!M~= •
1
rJ ~- o p 7s ioniwrii.o, e1
-ls 2p_ ·,;.,3;[:'J'i,.ó'Jd 4s 4p-·4d- 4/ 5s 5p 5d 6s 6p 6d
z Eh•mt•nto Is . .. : :.--:r- Y'----'-'- --< - .
13,595
1 H 1 ; ' _ ;°.,'.,l;r}lT,-,Q ;:?,
, ~ b' - ~ :::t.: 24.580
2 He. 2 •: :..~ :.r.;n~tr·ü -: ~
5,390
3 Li 2 1 ; ·d1 S:;:i.! '~S.'-_·
... ~-,;:) t,t~ p~ t', 9.320
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13,614
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21,559
5.138
10 -i ,.!?,-:.;:.i'
2 6' 7,644
11
12
Na
Mg
2
2 2 6, ~:2t_:t "U· -.J 5,984
13 Al 2 2 6; --_21.-.:1 " 8,149
2 6' ,.: zJ_.,; 2 J0,55
Si -2
14
15 p 2 2 6 / 2,; ,3 ~: 10,357
2 6 -.·¡ 21":,:.4 ,._ 13,01
16 s 2
.:: 2;_,,':5 .} ~¡
17 CI 2 2 '6' )",. •s
15,755
18 Ar 2 2 6
2 6
;_i22Ll.§.
-¡~· 1
¡• -,
4,339
6,111
19 K 2
2 6
e,
:,2 -\61h,
U ',:· .,
2 -) ~l 6,56
20 Ca 2
21 Se
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2
2
2 6
2 6
2 6 ,s' ¡_
,2:
6 :-.;.- 2'
2
2 !"-~ 6,83
6,74
22 2
. 23 V 2 2 6 2~· 6 ;;·3 6,764
2 2 6 -..-2~¡,·,6 :-:.5, 1 7,432
Cr n
24
25' Mn 2 2 6 :-;2}.L6i~ s· 2
' 7,90
2 2 6 ·:2~i6'·~6 2 7,86
26 Fe ; 2:'l,6 ;-; .. 1
2 2 6 2 ~ 7,633
27 Co
28 Ni 2 2 6 ::z_.::6S:s 2 7,724
29 Cu 2 2 6 ' .' 2'•·'6 ··• 10
;¡ - ~•:· 1 ·:, 9,391
JO Zn 2 2 6 ·~: 2 .¡; 6 ° 10 2 6,00
2 2 6 ;•2-i 62i 10 2 1 7,88
31 Ga
32 Ge 2 2- 6 ,:-2.r 6'.\10 2 ~2 9,81
2 2 6 ·2-·i :-6 :3-· 10 2 '. 3 9,75
33 As
2 2 6 2-j . 6;..;' 10 2 4
14 Se

;-,.,,-~ ·------- ~:.:.:.....-.;...:,_ ..~¿.,.,.

._ ._,..,,_.....,._
.

Tabela 7.4 (Cont.) Configurafóes eletrOnicas e potenciais de ionizarilo dos átomos

K L M N, o p Q Potencial de
z Elemelllo Is 2s 2p 3s 3p ,3d 4s 4p f,d 4/ 5s 5p 5d 6s 6p 6d 7s io11ize1rtio, e1·

35 Br 2 2 6 2 6 : 10 2 5 11.84
36 Kr 2 2 6 2 6 10 2 6 13,996
37 Rb 2 2 6 2 i 6 10 2 6 1 4,176
38 Sr 2 2 6 2 ' 6 · 10 2 6 2 5.692
39 y 2 2 6 2 6 10 2 6 ' 1 2 6,377
40 Zr 2 2 6 2 6 ! 10 2 6 2 2 6,835 fJl
'U
41 Nb- 2 2 6 , 2 '. 6 10 2 6 4 1 6,881 m
42 Mo 2 2 6 2 6 10 2 6 5 1 7,131 _,
e-,
:o
43 Te 2 2 6 2 6 ! 10 2 6 (5) (2)? 7,23 o
44
45
Ru
Rh
2 2
2
6 2 6 10
10
2
2
6
6
7 1
1
7,365
7,461
,,,_,
"'
2 6 2 6 8 o
46 Pd 2 2 6 2 6 10 2 6 10 8,33 s:
47 Ag 2 2 6 2 6 10 2 6 JO 1 7,574 ¡a;
2 2 6 2 8,991 o
48 Cd 2 6 2 6 10 10
49 In 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 1 5.785 "'
m
m
50 Sn 2 2 6 2 6 1_0 2 6 10 2 2 7.332 _,
51 Sb 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 3 8,639 "'
:o
52 Te 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 4 9.01 _,
e:
5 10,44 e:
,,,_,,,,
53 1 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 :o
54 Xe 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 6 12,127
55 Cs 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 6 1 3,893
56 Ba 2 2 6 2 6 10 2 6 JO 2 6 2 5,210 o
57 La 2 2 6 2 2 6 10 2 6 1 2 5,61 s:
6 ' 10
58 Ce 2 2 6 2 6 --10 2 6 10 1 2 6 1 2 ~
59 Pr 2 2 6 2 6 10 2 6 JO 3 2 6 2
60 Nd 2 2 6 2 · 6 10 2 6' ·. 10 4 2 6 2 6,3
61 Pm 2 2 6 2 - 6 10 2 6 JO 5 2 6 2
62 Sm 2 2 6 2 6 10 2 6 JO 6 2 6 2 5,6
63 Eu 2 2 6 2 6 10 2 6 d0 7- 2 6 2 5,67
64 Gd 2 2 6 2 6 10 2 6 .', IO 7 2 6 1 2 6,16
65 Tb 2 2 6 2 6 10 2 6 10 8 2 6 1 2
66 Dy 2 2 6 2 6 10 2 6 10 9 2 6 1 2
67 Ho 2 2 6 2 6 10 2 6 10 10 2 6 1 2 ¡;;
68 6 10 2- 10 11 2 6 1 2 ? w
Er 2 2 2 6 6

-- ---- - - -- ------
ESPECTROS ATÓMICOS E ESTRUTURA ATOMICA 135
FÍSICA NUCLEAR
134
característicos. Vimos na Se98.o 4.4 que os números de onda das linhas K ª e La do
espectro de raios X sao dados pelas fónnulas ·

K.: ;; = R(Z - 1)
2
( /2 - i
2) '
(7 .39)

L.: ;; = R(Z - 7.4)


2
( ;2 - f
2) • (7.40)

A Eq. (7.39) sugere que a linha Ka é o resultado do salto de um elétron da camada L


(n = 2) para a camada K (n = 1). Tal salto pode ocorrer somente se um dos dois
elétrons na camada K está faltando. Urna vaga na camada K pode acorrer se um
_ N _ _ .... ,...
dos dois elétrons naquela camada é atingido por um raio catódico energético e lan-
9ado, ou para forado átomo, ou para urna camada externa incompleta. Subseqüen-
temente, um elétron da camada L pode cair na vaga na camada K com a emissao de
um quantum de radia9:io cuja freqüencia é aquela da linha Ka. O elétron que vai da
camada L para a camada K se move num campo elétrico da carga nuclear positiva e
da carga negativa do elétron remanescente na camada K. Este campo elétrico é
NM..,,-V'lf'--t'--000\ equivalente ao de urna carga positiva de magnitude (Z - 1) e. O único elétron da
camada K tende a encobrir o núcleo e torna sua carga nuclear efetiva cerca de urna
unidade menor que a carga real.
A explica980 dos resultados experimentais para a linha La é, em princípio, a
mesma que para a linha Ka• Desta vez, a vaga é na camada L e a radia9flo é emitida
NNNNNNNNNN quando um elétron da camada M (n = 3) cai na vaga. Um ,elétron da camada M é
protegido do núcleo pelos outros 7 elétrons das camadas L e K, e a cai;ga nuclear
efetivamente reduzida· de cerca de 7 unidades.
Exatamente como para ·os espectros áticos, os níveis estacionários de energía e
as linhas espectrais podem ser representados graficamente num diagrama ·de ter-
mos, e um exemplo simples de tal diagrama é mostrado na Figura 7.6. ·

7 .8 As idéias básicas da mec3nica qllalltica. Algumas das idéias básicas da


mec8.nica ondulatória sao freqüentemente aplicadas na física.nuclear e urna breve
discussao destas idéias é necessária. A idéia fundamental da mec§.nica ondulatória é
a da natureza ondulatória da matéria. Este conceito surgiu CO!UO urna extensa.o do

o
:V
- 1
N.
-:f 1
M
MaMfJ
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

NNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN

L
La.LfJL-,

Fig. 7.6 Esquema simples dos níveis de raios X, mostrando transii;óes correspondentes a
suas linhas.
FISICA NUCLEAR .1']
ESPECTROS ATÓMICOS E ESTRUTURA ATOMICA 137
tratamento da luz. as vezes cOmo ondas. as vezes como partícula. Luz e raios X
fornm tratados como ondas durante a discussao de experiéncias envolvendo refle- apresentam efeitos de difrac;á~, e náo existe dúvida sobre a correi;áo da hipótese de : 1

xüo. refra<;üo e difra<;iio. O desenho e opera<;.io de espectrómetros óticos e de raios


X assim como a interpreta<;ii.o dos resultados obtidos com estes 'instrumentos de- de Broglie. , . uscular da matéria pode ser expressada
pendem das propriedades típicas de ondas. Por out ro lado, no efeito fotoelétrico, a . A dupla natureza. ondulatona e ~orpd da '·nicialmente deduzida por Schro- 1 1;
1,1
. meio da equac;ao e on 1 rt'cula
luz tem que ser tratada como consistindo de partículas (quanta. ou fótons). No m~temattcamente po~ deduzida facilmente para o caso de urna pa 1 '
efeito Compton. a intera<;iio entre urn raio X e um elétron é tratada como urna edmger.1 Esta eq_ua~ao pode ser a mesma energia, movendo-se num campo de 1.

colis{io elástica entre duas partículas. e s:io escritas equa<;óes para o balan<;o de ou feixe
forc;as de P~~1culas,
eletrostauco. toda~ c~m
_A equac;ao e on da tridimensional usual em coordenadas carte- 111
!
energia e momento, propriedades típicas de partículas. Os resultados dos cálculos sianas retangulares e ¡
silo expressos em termos do deslocamento do comprimento de onda, porque esta é
a quantidade que é medida experimentalmente. É claro que algumas experiéncia's a2w a2w a2w . ..!.. a2w ' (7.44)
envolvendo radiai;flo só podem ser interpretadas com a hipótese de que a radiai;ao ax 2 + ay2 + az2 u 2 dt 2
seja ondulatória. enquanto que para outras experiéncias a radia9fio tem que ser
considerada como constituída de partículas, Esta dualidade é mostrada na expres- , . d onda associada coro a partícul~ ~ u é sua
sao para o momento de um fóton onde q, (x, y, z, t) e a amplitud~ ~ ue represente ondas estacionanas (como
velocidade. Se desejamos urna s~ u,ao lqdos) podemos escrever <_¡, na forma
aquelas numa corda presa de am os os a '
h
A (7.41) ~ - •'•.,,e 2,i,t'
,T, _ (7 .45)

O momento (u'ma propriedade das partículas) é relacionado diretamente com um onde .¡, é urna fun9ao de x. Y e z, mas nao do temp~ t, e v é a freqüéncia. Se a
comprimento de onda (urna propriedade das ondas). expressiio para,¡, é introduzida na Eq. (7.44), obtemo
4
Em J924, de Broglie sugeriu que a matéria também tem um caráter dual (do
tipo partículas e ondas). Ele supOs que a relai;ao (7.41) vale para os elétrons e
outras partículas assim como para a radia9ao. Apesar de que esta hipótese era arro-
a2,¡,
ax2
a2,¡,
+ ay2 + az2
a2,¡, = - 4,r2v2 ,¡,
u2
= -
.
(2,r)2
¡.
,¡,, (7.46)
jada e surpreendente, ela podia ser submetida a testes experimentais. Suponha que
as partículas sao elétrons que foram acelerados até a velocidade 1• sob a a~ao de . d Em vista da natureza ond,ulatória das
urña diferen~a de potencial V. Se v é pequena comparada com a velocidade da luz, onde A =. u/v é o compnmento de on ª: W o momento P da partícula
entao ' partículas, podemos escrever para a energm e
/

' W . hv, :.<;'_ .4?a)


1 2
2 mv (7.42) h (7.47b)
p= I'
onde m, v, e e sao expressos em unidades cgs e V em volts. O comprimento de
onda associado com o eletron e, quando as Eqs. (7.41) e (7.42) siio combinadas;

(7.43)
Se V é 100 volts, o valor de A deve ser 1,2 x 10-s cm, da ordem de grandez~ das
distáncias entre os planos atómicos nos cristais. Este fato sugeria que a existéncia ·,
de ondas de elétrons podía ser demonstrada usando-se cristais como redes de difra-
9ao, como é feito para raios X, e experiéncias baseadas nesta idéia foram-feitas em
1927 por Davisson e Germer. 5 Bombardeando um único cristal de níquel com um
feixe de elétrons, eles descobriram que o feixe refletido apresentava máximos e ½mv2 = W - U. (7.48)
mínimos, que podiam ser explicados em termos de difra¡;:fio de ondas de elétrons. A
análise das experiéncias era similar aquela usada para· a difra¡;:fio de raios X por Entiio,
cristais. e o comprimento de onda foi determinado pela equa9áo de Bragg. A con-
cord.incia entre as previsóes da hipótese de de Broglie e os resultados experimen- p = mv = ,v2m(W - U)
tais era notavelmente boa.
Figuras de difrac;ao também foram obtidas'" quando elétrons passavam através e, a partir da Eq. (7.47c),
de filmes finos de matéria como folhas de metal ou mica. e estas figuras eram exa-
tamente análogas aquelas obtidas em experiéncias em difrac;ao de raios X. Na Fi-
gura 7. 7. a semelhani;a entre o efeito de raios X e dos elétrons é tao mareante que (7.49)
comprova de maneira conclusiva as propriedades ondulatórias dos elétrons. Partí-
culas do tamanho atómico. como átomos de· hélio e moléculas de hélio. também
· esta expressao
Substituindo-se . por A na E q. (7 .46) • obtemos

1 !
ESPECTROS ATOMICOS E ESTRUTURA ATOMICA 139
138 FISICA NUCLEAR

Fig. 7.8 Representa~ao de urna onda estacionária unidimensional de um elétron, numa órbita
de Bohr.

núcleo. Para que a onda do elétron possa caber exatamente na circunferéncia de um


círculo, como na Figura 7.8, o círculo <leve conter um número inteiro de compri-
mentos de onda, ou ,

2,rr = n'A, (7.52)


onde r é o raio do círculo en é um inteiro. Pela hipótese de de Broglie, A = h/p =
h/mv, e a Eq. (7.52) se torna ,
Fig. 7.7 '(~) ~ig~ra-~_e difr~yao obtida a partir de um cristal d;~~~oc·om ~ios X de compri- h h
"inento de onda 0,709 A.-(Cortesia do Sr. O. F. Kammerer, Brookhaven Nauonal Laboratory.) 21rr = n -,
mv ou mvr = n-• ·_(7 .53)
(b) Figura de difrac;ao obtida a partir de um cristal de ouro co~ elétrons com momento cor- 27í
respondente a um comprimento de onda de 0,055 A. (Cortes1a do Dr. S. Bauer, Comell
University .)
Mas mvr é o momento angular do elétron considerado como partícula, e vemos que
a mecaJlica ondulatória conduz naturalmente ao postulado de Bohr de que o mo-
mento angular é ·igual a um múltiplo inteiro de h/21r. Este tipo de pro va pode ser
02 2 2.,.32

ax2
,¡, + ay2
~ + ~ + ., . m
az2 h2
(W - U),J,
.
= O. -- (7.50) estendido as outras condi9óes quánticas, e estas últimas surgem como conseqüencia
das condi90es para a existéncia de ondas estacionárias ao invés de hipóteses arbi-
A Eq. (7.50) é a equa9iio de Schroedinger, que dá a fun9ao de onda como fun9iio tráriits. O conceito de elétron como urna onda estacionária em vez de urna partícula
das coordenadas; a energia potencial é também fun9áo das coordena~as. -, -_ girando numa órbita também elimina a dificuldade na teoría de Bohr de que o elé-
O problema matemático que deve ser resolvido consiste em insenr a expressao tron percorre sua órbita sem i_rradiar.
apropriada para a energia potencial na equayii.o de Schroedinger e resolver para a Pode também ser mostrado que na mecélnica ondulatória a emissáo de um fóton
fun9:lo de onda tJ,. O átomo com um elétron é tratado ~alocando LJ_ = 2
/r, on~e -z_~ de freqüéncia v é um§l conseqüéncia lógica da mudan9a de energía do átomo; o
mecanismo da emiss8.o náo tem que ser introduzido como um postulado separado,
r = Vx2 + yi + i ; na realidade, a equa9áo de Schroedmger podena t~r sido es~nt_a
2
em coordenadas esféricas polares oeste caso. Descobre-se que solu9oes com s1gm- como na teoria de Bohr. Assim, as dificuldades inerentes aos postulados de Bohr
ficado físico para lj, para estados ligados no átomo existem somente quando W tem sáo todas satisfatoriamente resolvidas pela mecéinica ondulatória.
os valores O conceito da namreza dual ondulatória e corpuscular da matéria conduz a
outro importante resultado. De acordo com a mecéinica clássica, urna partícula tem
urna posi~ao e momento que podem, em princípio, ser determinados coma precisáo
w. = -
2
27f me
4
z2 (7.51) desejada. Mas urna onda se estende através de urna regia.o do espa90, e a localiza-
n2h2
~ao de urn elétron, considerado como urna onda, parece apresentar alguma dificul-
onde n é um inteiro. Estes valores sao os mesmos que os encontrados para ~s dade. Surge a pergunta: se o elétron deve as vezes ser descrito como onda e as
estados estacionários na teoría de Bohr, mas o resultado é obtido da formula9ao vezes como partícula, é possível saber exatamente onde um elétron está no espa~o
matemática da ·idéia provada experimentalmente da natureza ondulatória da maté- num determinado instante? A resposta a esta questao é dada pelo principio da in-
ria em vez de um conjunto híbrido de hipóteses clássicas-quélnti~as. certeza de Heisenberg, 8 que estabelece que a posi9áo e o momento de urna partí-
' As condi9óes quánticas de Bohr também decorrem da idéia da natureza ondu- cula nii.o podem ser determinados sirnultanearnente com urna precisáo arbitrária.
latória da matéria. Como urn simples exemplo, considere um elétron no átomo de Estas quantidades podem ser determinadas semente corn precisáo limitada pela re-
la9iio
hidrogi:nio como urna onda estacionária estendendo-se nurn círculo ao redor do
ESPECTROS ATÓMICOS E ESTRUTURA ATÓMICA 141 1

140 FÍSICA NUCLEAR


que é a relai;ao de Heisenberg.
t:,xóp ~ h. (7 .54) Esta discussao mostra que urna das causas do princípio da incerteza é o fato de
que ·o próprio processo de medida perturba a partícula cujas propriedades esta.o
onde il.x é o erro na determinac;ao da posii;ao e j,¡) é o erro no momento. O pro.duto senda medidas. De uro ponto de vista operacional. a localizai;:ao exata de um elé-
dos dois erres é pelo menos da ordem de grandeza e.la constante de Planck. Urna tron nao tero portanto nenhum significado real. e nao existe nenhuma vantagem ero
relac;ao similar existe para a energi~ de urna partícula e o tempo. pensar num átomo da mesma maneira que pensamos num sistema planetário ma-
croscópico. Este resultado dá um indício das razóes do fracasso da mec.inica new-
t:,tlill ~ h. (7 .55) toniana quando ela ~ aplicada a física atómica.
A interpreta9ftd da funi;:ao de onda de Schroedinger ,Jt representou um pro-
A condic;ao da Eq. (7 .54) significa que quanto mais precisamente a posic;ao ct:
urna blema até que Born (1926) mostrou que a consistencia lógica e a concordancia entre
a teoria e a experiencia podiam ser conseguidas desde que ,Jt fosse considerada
partícula é determinada, menos precisamente o seu morn~nto p~de ,ser medid~ .. e
inversamente. A última condic;flo significa que quanto mais precisa e a determma- como urna medida da probabilidade de encontrar urna partícula numa dada regifto.
c;ao do instante em que um evento atómico oco~re .. corn ~enos precisa.o pode ser Assim, lfl 2 dx dy dz, onde as linhas verticais indicam o valor absoluto de .¡,, é a
determinada a mudanc;a de energia no sistema atorn1co. e inversamente. .. . probabilidade de que um elétron seja encontrado num elemento de volume dx dy dz
O significado do princípio da incert_eza pode s~r il~strado por urna expe~1e_ncm ao redor do ponto (.-r, y, z). Outros resultados físicos podem ser expressos em ter-
idealizada. Considere a seguinte tentativa de medir s1multaneamente a pos19ao_ e mos de valores esperados: estes sao previsóes matemáticas, no sentido da teoria
momento de um elétron com um microscópio imaginário de poder de re.solui;:a_o das probabilidad.es. para os resultados de urna só medida, ou para a média de um
muito alto. Demonstra-!:ie em ática física que o·poder de resolw;ao de um m1crosco- grande número de experiencias. Esta interpretai;ao está de acordo com a natureza
pico é dado aproximadamente por estatística dos resultados de experiéncias em sistemas atómicos.
O sucesso da mec::inic-a ondulatória nao se limita aos exemplos que foram dis-
}. cutidos aqui. O tratamento quantitativo de muitos problemas na física nuclear de-
ó.t ~ --'-'-~
2 sen A
(7 .56)
pende da aplica~ao da mec.inica ondulatória. A física molecular, a fisica dos esta-
dos sólido e líquido, a mec::inica estatística, a teoria das velocidades das rea96es quí-
onde Ax é a distancia entre dois pontos que podem ser marginalme~te resolvidos micas, e muitos fenóm.enos elétricos e magnéticos podem também ser tratados por
peló ,microscópio, A é o comprimento de onda da_ luz us~da: e A e a metade d? meio das idéias e técnicas da mec:lnica qu::intica. _Muitos exemplos destas aplica-
::ingulo das lentes usadas, como na Figura 7 .9. Entao, Az
e,ª mcerteza n~ determ1- 9óes va.o ser encontrados nos livros citados como referencias gerais ao final <leste
capítulo.
_na9ao da posii;:ao,:do elétron; para tornar 6x o menor_ poss1vel. o compnmento de
Onda deve ser muito-·pequeno e tanto raios X como ra1?s y d~v~m ser usados. Mas
a posi~ao de um elétron só pode ser medida coro um m1croscop1_0 se p~lo_ menos _um 7.9 A solm;ao da equa~ao de Schroedinger: alguns exemplos e result~dos
fóton for desviado de sua direi;ao inicial para dentro do m1cr?scop10. Porem, úteis. 1. Partícula numa caixa. A solu9ao da equa~ao de Schroedinger para pro-
quando este fóton é desviado, ele dá ao elétron, por causa do efe1to Compt~n. uro blemas flsicamente significantes usualmente envolve métodos matemáticos além do
momento da ordem de hv/c. A mudani;:a, tip_, no momento do elétro~ nao ~o~e ser objetivo <leste livro. Existem, entretanto, alguns problemas _simples cujas solui;0es
determinada exatamente porque o fóton desviado pode entrar no m1croscop10 e_m mostram algumas das diferen9as básicas entre a mecftnica clássica e a mec.inica
qualq~~~-~~~~i;:ao ·ae~-~ro ~~- angulo A. A incerteza no momen~o _é da ordem de qu;intica. Um <lestes problemas é aquele de urna partícula livre numa "caixa unidi-
mensional". Consideremos urna partícula de massa m que pode se mover livre-
(7.57) mente no _intervalo O < x < a, mas é refletida quando atinge qualquer das extremi-
dades do mtervalo. Estas condi9óes podem ser representadas na equa9ao de Schro-
edinger supondo-se que a energía potencial U é zero para O< x < a, e que a fun98.o
Das Eqs. (7.56) e (7.57), segue-se que de onda V' se anula em x = O e em x = a. A equa93o de Schroedinger para a
partícula é entao
óp óx ~ h,
d f
2
+ 8,r2 mW .,. = O (7.58)
dx2 h2 " ·
Se pusermos
2
k2 = 8,r mW
(7.59)
h2
Lente
a solm;:ao geral é

f(x) = A sen kx +B cos kx. (7.60)

A condi9ao de contorno ,J¡ = O em x = O requer B = O. e a condii;:flo em x = a


requer
Fig. 7 .9 Experiéncia imaginária relacionada ao princípio da incerteza.
ESPECTROS ATÓMICOS E ESTRUTURA ATÓMICA 143
142 FISICA NUCLEAR
As primeiras tres fun96es de onda sao representadas num gráfico na Figura 7. to:
,J,(a) = A sen ka= O. (7 .61) Podemos calcular a probabiiidade de que urna partícula, num dado estado de
energia, seja localizada dentro de qualquer elemento dx da caixa unidimensional.
Náo podernos tornar A = O porque entáo nao haveria solw;ao. Portanto, é pre~iso
que sen ka = O. ou

k = n1r, n = 1, 2, 3, .... (7 .62)


a
As únicas solur;6es permitidas da equar;áo de onda sáo as funr;óes

mrx
,J,.(x) = Asen-,
-a (7 .63)

com n relacionado a k pela Eq. (7 .62). Aquela rela<;iio e a Eq. (7.59) requerem que a
energia W possa ter somente os valores

(7 .64) Fig. 7.10 As tres_ primeiras fum;óes de onda para urna partícula numa caixa unidimensional.

Um nível de energía Wn co.rresponde a um valor den, e a urna fum;áo i/tn dada pela
Macánica
Eq. (7.63); cada valor de W, é chamado de aurovalor ou valor próprio, e a fun<;iio / quántica
de onda '1-'n correspondente é chamada de autofun9ilo oufun9iw própria. A inter- Clássica
preta9áo da fun98.o de onda requer .que -- ______ ¡ ---- ------ ----
(7.65)
1 1 2 3 5
3 2 3 ¡ 6
ou que A = ffa, e Fig. 7,11 A distribui98.o da probabilidade de encontrar urna partícula de urna dada energia nos
pontos de urna caixa unidimensional (caso em que n = 3).
(2 n1rx
,J,.(x) = '\Jasen a. (7 .66)
De acordo, com a mecánica quántica, esta probabilidade é
As fun9óes de onda sáo ditas como normalizadas quand~ elas satisfazem a E~.
(7.65). As fun<;éies de onda tém urna outra importante propnedade, a da ortogonal,-
dade: paran = m, verifica-se facilmente que \ j,J,(x)/ 2 dx
-
= a~sen 2 ~
a
dx
' (7.69)
¿·: . ' -'. . .
fo ,J,.(x),J,m(x) dx = 1, (7.67)
que é urna fun98.o ondulatória; isto é mostrado graficamente na Figura 7.11 para o
estado definido porn = 3, e W3 = 9h 2 /&na 2 • Existem de fato nós oeste caso, emx/a
enguanto que, paran 'f m,
= 1/3 ex/a = 2/3, onde a probabilidade é zero. Portanto o resultado da mecanica
quántica é muito diferente do clássico para· o qua] a prob,abilidade é a mesma para
qualquer elemento dx.
Se a partícula é confinada numa caixa tridimensional com lados de comprimen-
tos a, b, e, paralelos aos eixos x, y, z, respectivamente, descobre-se que as fun96es
A Eq. (7.64) é a condir;ao de quantizai;ao que introduz o número quántico n; de onda normalizadas para os estados estacionários e os níveis de energía sao
ela vem das condi96eS· físicas de contorno e dá origem aos valores quantizados W n
da energía. O ·momento também é quantizado; para cada valor de energia W n, existe
um momento Pn dado por .,. (
'Yn1,n2,na x, Y, z
) = 2~ n, 1rx
-b sen--
ae a
n21ry
sen-b- na1rz
sen~-,
.e (7 .70)
= 2m1Vn,
p~
Wn1,n21na -
_ h2
8m a2
l (n2 + b2 + n3
n22 ')
c2 ' (7.71)
ou

nh !r: n _!i_ = !r: nh.


Pn - (7 .68) onde ni, n2, n 3 indicam qualquer conjunto de tres inteiros positivos.
2a a 21r a
144 FÍSICA NUCLEAR ESPECTROS ATOMICOS E ESTRUTURA ATOMICA 145 1

2.. O átomo de hidroJ!énio: momento angular: parida1e. O átom<: de hitr~ge- 1

nio é tratado na meciinica quintica colocando-se U = -e-/r na equa9ao ?e '?, ro:


11
edinger (7.50). A solw;ao da equa~ao é complicada: u~ dos resultados obudosJa fo1
mencionado. nominalmente. sendo aquele cuja energrn tem os autovalores dados
pela Eq. (7.51). Outro resultado muito importante envolve o _momento an~~lar_e s_ua +2
. • Des cobre -.se que o momento. angular L (quant1dades vetonais sao m-
quan t 1za<;ao.
dicadas por letras ern negrito) tem a rnagmtudc. L. dada por

L = vl(l + IJ. h
Z,r, (7 .72)
i
-1 1

onde ¡ é O número quflntico orbital. que pode to~ar os valo~es dados ~a s:gunda
das Eqs. (7.37). o momento angularé um~ quant1da?e vetorn~I ~ sua ?ire9~0 tern -2 1
que ser especificada. assirn corno sua rnagmtude. O numero quant1co rnagnet170 m1,
cujas possíveis valores sao dados na terceira das Eqs. (7.~7). defin~ um numero -3
limitado de orienta<;6es que L pode tomar ern relac;üo a um e1xo especificado. Estas
-v'!2
orientac;6es sáo mostradas, para/ = 3, na Figura 7 .1_2: neste cas?· L = .....JT'! h /21r • ~
momento angular orbital é dita corno sendo quant1zado espacialmente em termos
dos números qu;lnticos m,. O vetar momento angular L nunca po~e. esta_r c ~mpl_e-
tamente alinhado com um eixo escolhido, mas sornen!e .ª urna mm1ma .me 1ma9ao Fig. 7.12 Quantiza9áo espacia] do momento angular orbital.
dada por cos-1 (/JI + 1)112, que se aproxima de zero no hm1te dos grandes valores de
J. A projec;ao de L ao tongo de um eixo especificado. geralmente tomado como o
eixo z. tem as magnitudes que sao dadas por vetares S¡ do momento angular de spin se combinam para formar um S resultante. O
momento angular total é entao dado pela rela9ao

(7.73)
J= L+s = L L, + L s,. (7.77)
i i
De. acordo com -; mec;lnica qulintica, um elétron tamb~m tem um momento
angular de spin S caracterizado pelo númer~ qu3ntico de spm que pode ton:iar_ os Este tipo de acoplarnento é chamado L-S, ou acoplamento Russell-Saunders por
valores ±½ h/21r. Mais precisamente, a magmtude do momento angular de spm e causa de seus descobridores. O momento angular total é quantizado e existem re-
gras apropriadas para os possíveis valores que podem tomar 9s números qu3nticos
correspondendo a L, S e J.
S = vs(s + 1) (2':r), (7.74) Vimos que o estudo pela mecB.nica quélntica de um átomO-élo tipo do hidrogénio
conduziu a. certos números quélnticos que se aplicam a quantidades fisicas, tais
a componente do momento'a~gular de spin ao longo de um eiX.o espec.ificado S::,,é como energia e momento angular, bem conhecidas na mec:inica clássica. Existe um
quantizada de acorde com a re~ra · outro, número qu3.ntico, a paridade da fun9áo de onda V,,, que está relacionado com
as _propriedad.es de simetria de ,J., e náo tem nenhuma rela9áo com urna quantidade
da fisica clássica. A paridade de urna fun9áo de onda se refere ao seu comporta-
h 1 mento sob urna reflexáo simultélnea das coordenadas espaciais, x ---+ -x, y---+ -y z
S:: = m11 - ,r ;
2
ms = ±·-•
2
(7 .75)
---+ -z. Podemos distinguir entre dais casos ideais '

Os movimentos orbitais e de spin do elélron sao combinados, ou acoplados, de ,J,(-x, -y, -z) - + ,J,(x, y, z), (7.78a)
acorde corn as regras de adic;áo de vetares para dar um momento angular resultante
J caracterizado por um número quánticoj; ,J,(-x, -y, -z) - - ,J,(x, y, z); (7.78b)
a: fun9áo ·de onda pode permanecer invariante sob urna reflexao, ou pode mudar de
J = L + S; (7.76) smal. As eqs. (7.78) podem ser combinadas na forma

para um dado valor de f, j pode tomar semente os valore~ l :t ~- _ . ,J,(-x, -y, -z) = P,J,(x, y, z), (7.79)
Quando mudan9as nos estados atómicos sao produz1d~s pela ~<rª? de do1s ou
rnais elétrons, o valor do momento angular total <lestes eletrons. m~1cado ?º~ ~' onde P =, ± 1. Podemos tratar P como um número qu§.ntico, e a propriedade que ele
depende do acoplámento entre o momento orbital e a~gular dos eletrons md1v 1- define é a paridade do sistema. A paridade é entáo quantizada e existe o número
duais. O estudo dos espectros atómicos mostrou que o tipo de acoplam_ento pred~- qu§.ntico P; quando P = 1,-o sistema é dito como tendo paridade par,· quando P =
minante é aquele no qual todos os vetore~ L; do mof!lento angular orbital dos ele- -1, o sistema é dita como tendo paridade ímpar. Como para os outros números
trons se combinam para formar urn L resultante e. mdependentemente. todos os qu§.nticos, existem regras de sele9áo envolvendo a mudan9a de paridade numa tran-

j i 11
.. ---No caso de um átomo do tipo do hidrogenio, descobre-se que a paridade está
relacionada com o número quantico orbital I, ESPECTROS ATÓMICOS E ESTRUTÚRA ATÓMICA 147

p = (-1)'. (7 .80) .J. C. SLATER, Quantum Theory of Jlatter. New York: McGraw-Hill, 1951.
J. C. SLATER, Quantum Theory of A.tomic Structure. New York: 2\IcGra,v-Hill
Como a paridade é definida em te~mos d? f~n~ao de o_nda de Schroedinger Y', _qu~ é Vol. 1, 1960; Vol. II, 1960. .
um conceito exclusivo da meca.mea quantica, ela nao pode ter nenhum class;1co \V. KAUZMANX, Quantum Chemistry. New York: Academic Press, 195i.
análogo.
MECÁNICA ONDULATÓRIA (MECÁNICA QUÁNTICAi
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PROBLEMAS

1. Trés linhas na série de Balmer do hidrogénio tém os comprimentos de onda 3682,82


A, 3669.43 A e 3662.24 A. respectivamente. medidos no ar. Qua] é o valor den para cada
linha? Tome Ru como 109.677.576. e o índice de refrai;ao do ar como 1.0002837.

l
148 FÍSICA NUCLEAR . ESPECTROS ATOM!COS E ESTRUTURA ATOM!CA
149
da massa com a velocidade deve s~r considerado Mostre ·
2. O isótopo do hidrogCnio de massa 2, o deutério, tem um espectro no qual as linhas de por · que o compnmento de onda é dado
Balmer estáo levemente destocadas das linhas do hidrogénio comum (massa. l}. Ache o valor
da constante de Rydberg para o deutério, e calcule a seguir a diferen9a entre os comprimentos
de onda das trCs primeiras linhas de Balmer do hidrogénio e do deutério. h _ 12,268(m/mo)- 112 _
8
3. Mostre que a freqüéncia de revolu98.o de um elétron numa órbita de Bohr com nú.- - y112 X 10 cm,
mero quántico n é · ·
onde m/m 0 é a raza.o da massa do elétron
comprimento de onda do l' que se move para sua massa de repouso. Qual é 0
101 volt ? ~ e etrons acelerados através de um potencial de 104 volts? 105 106
s. 1 • • '
Porb
13. Qual é o comprimento de onda de de Br r1 d ,
movendo-se com velocidade de 2 ,4 x
105 cm/ ~g ~ e: (a) urna mol~cula de hidrogénio
Mostre em seguida que, se um elétron faz urna transi9iio de um estado para o qual n = n 1 para movendo-se a urna velocidade de 400 m/s? s. ( ) urna bala de nfle pesando 2,0 g,
um estado para o qual n = n 2 , com n 1 - n 2 = 1;--entiio a freqüCncia v da radia9áo emitida é
hidrol~niu:ri::i~~~ eQii~tse~¡~e ~se~~ectI"? de emissiio de um átomo de hélio ionizado e o do
intermediária entre as freqüéncias de revolm;;áo orbital nos estados inicial e final. Qual é o
relacionamento entre as freqüéncias emitidas e orbitais quando n 1 e n 2 sao ambos muito gran- séries que incluem t~nsi!,óes do estad::~;~to~ de o~da ~~s ~u~tro primeiras linhas das
des? o espectro do lítio duplamente ionizado co - o ª!orno ~ heho 10~1zad~? Com~ se compara
A

4. Calcule a energia dos cinco estados estacionários mais baixos (níveís de energia) do de_Bohr do litio duplamente ionizado? m O do hidrogemo? Qual e o ra10 da pnmeira órbita
átomo de hidrogénio. em unidades de números de orida, ergs, elétron-volts e calorias por 15. Sabe-se que existe urna partícula h d · ·
grama. elétron e com carga igual em magnitud~ cm:ª apositron, ~om a mes~a _massa que a de um
0
· 5. Os melhores valores dcR H e R He sáo boje considerados como sendo R H = 109.677 ,576 podem formar um sistema chamado osit A • po~ta cm stn~· U:" _pos1tron e um elétron
=
cm- 1 cRHe 109.722,267 cm- 1• Calcule precisamente o valor da razáo da massa do átomo d~ muito curta, mas mensurá;el (a) Mo~re ¡omo, ª?ál.og% ªº hid_rogemo, com urna meia-vida
hidrogénio para a do elétron. Use o resultado para calcular o valor de e/m para o·elétron. aos do hidrogénio mas que s~as m itud ue _os mveis e energ13 do positr0nio sáo análogos
6. Numa experiéncia do tipo de Franck-Hertz, hidrogénio foi bombardeado por elétrons que os raios das Órbitas de Bohr d~sitr~s ~ao _meno:es pelo fator i[I + (m/MH)J. (b) Mostre
com energia cinética conhecida. A temperatura do hidrogCnio era alta o suficiente para que o
gás estivcsse dissociado em hidr~gCnio atómico. Foi observado que era emitida radiag.io
quando os elétrons tinham as seguintes energías discretas: 10,19 ev, 12,08 ev, 12,75 ev. 13,05
que é o recíproco do fator d
JX)sitrónio em elétron-volts?
16 Pr .
ªo~~:
·
. mo sao ma1ores que as do hidrogénio por um fator
(oa)raª,.co,mda. C:) quat ,éb~ energia do estado fundamental do
• ovou-se que urna partícula chamada de é ·
a pnme1ra or ita de Bohr?

ev, 13,12 ev e 13,31 ev. Qual é o comprimento de onda da radiagáo correspondente a cada . mesma que a de um elétron e sua massa é m ;on 1T n~gativo existe; sua carga é a
1r negativo dem fi . 273 vezes a e um eletron. Um próton e um méson
valor de energía do elétron? A que sérics espectrais pertencem as linhas? Quais sao os núme-
de hidrogenk. (a) c~::1"s!s~~~sa~!tac1on!1rl~s de vi~a ~urta análogos ilqueles de Um átomo
ros quaJlticos deis, ~stados inicial e final na transigiio representada por cada linha espectral? 0
7. A partir da COnstaJlcia do momento angular em kh/21r e constáncia da energía total em órbitas eletr0nicas? Qual é O raic:'da :b~:a ~~~~~¡:es~cas_cº;" aquetas ~orrespon_dentes as
-27i'm'e-4Z2/n 2h 2 , onde m' é a massa reduzida do elétron, ache os semi-eixos das órbitas elíp- onda da radia9iio eletromagnética emitida q d p , n - 1. (b) qua1 ~ '! :omp~me_nto de
ticas de Sommerfeld cm termos de k en. Prove que b/a = k/n. (Veja Boro. Atomic Physics, pouso infinitamente Ion e de um , u~ 0 um meson 1r negativo, 1mc1almente em re-
qul1ntica? 8_ proton, ca1 dentro da menor órbita permitida pela te0ria
Apéndice XIV.)
8. Os gases nobrcs Ne, Ar, Kr, Xe e Rn tCm configuragóes eletr0nicas nas quais as
órbitas s e p da camada externa sao preenchidas. Prepare urna tabela mostrando O número de
elétrons cm cada camada e cada órbita para estes elementos, e dé o valor de n e J associados
com cada camada e cada órbita. Adicione·a esta tabela as configuragóes eletr0nicas aos alcali-
nos, Na. K, Rb, Cs, e Fr, e aos halogénios, F, Cl, Br, 1 e At. Como é explicada a ocorrCncia
de IS elementos das- terras raras com propriedades químicas similares?
9. Calcule os comprimentos de onda das linhas de raios X K do Al, K, Fe, Co. Ni, Cu,
1111

Mo e Ag, e compare estes valores com aqueles listados na Tabela 4.1. Use R =· 109737,31
cm- •1 ·

10. Mostre que o comprimento d_e onda de um elétron pode ser escrito na forma

h Vl - (v 2 /c 2 )
>. = moc (v/c)

A quantidade hlmfl: é chamada comprimento de onda Compton do elétron. Qual é seu valor?
Calcule o_ comprime:nto de onda dos elétrons para cada urna das velocidades listadas no Pro-
blema 5, Capítulo 6. Qual é o comprimento de onda Compton de um próton? Qual é o com-
primento de onda dos prótons em cada urna das velocidades acima?
11. Mostre que o comrpimento de onda dos elétrons que se movem com velocidade muitq
pequena comparada com a da luz e com energia cinética de V elétron-volts pode ser escrito
como ·

X
>. = 12,268
v112

Qual é o comprimento de onda de elétrons com energias de 1, 10, 100, 1000 volts?
12. Se V excede alguns poucos milhares de elétron-volts, o efeito do aumento relativístico i
¡
Parte II

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O Núcleo
8

A Constituü;ao do Núcleo

No último capítulo, mostrou-se que a aplica!;ao da teoria quélntica ao modelo


r nuclear do átomo levou ao desenvolvimento de urna teoria satisfatória para aquelas
propriedades dos átomos que dependem dos elétrons externos ao núcleo. O desen-
volvimento de urna teoria do núcleo é um problema mais dificil. A densidade de
J matéria. no núcleo oferece um indício da fonte das dificuldades. O trabalho .de Rut-
herford e de seus colegas sobre o espalhamento de partículas a mostrou que o
riúcleo atómico-tero um raio de 10-12 a 10- 13 cm, de modo que o volume do núcleo é
da ordem de .io-aa cmª ou menos. A massa de um dos átomos mais leves é de cerca
de 10-24 g, e está quase toda concentrada no núcleo, coro o resultado que a densi-
dade do núcleo é de pelo menos 1012 gfcm'. Urna densidade desta magnitude é
inconcebivelmente grande, e torna-se claro qwfno núcleo atómico a matéria é agru-
pada de urna maneira que talvez nao possa ser submetida a métodos de análise
expei.-imentais e teóricos comuns. Conseqüentemente, a interpreta~o das proprie-
dades nucleares.dos átomos em tennos de urna teoria de estrutura nuclear apresenta
grandes problemas. .
· Existe atualmente urna grande quantidade de informayóes experimentais sobre
núcleos, vinda de trabalhos em diversos campos: (l) a determina~ao precisa da
massa de átomos; (2) radioatividade, natural e artificíal; (3) a transmutai;ao artificial
dos núcleos,- pelo bombardeio com partículas vindas de subst:lncias radioativas ou
com partículas de alta velocidade, produzidas por métodos de laboratório; (4) es-
pectroscopia ótica nas regióes visível e ultravioleta;__(5) a medida direta de certas
propriedades nucleares, como o spin e o momento magnético. Os principais pro-
blemas da física nuclear sao a coleta e correla~o dos fatos experimentais, e de sua
interpretayao em termos de urna teoría ou modelo do núcleo. Neste capítulo, o
problema da constitui~o do núcleo será discutido, e sera.o desenvolvidas algumas
idéias que sera.o úteis na interpretayao de dados experimentais nos capítulos seguin-
tes. Além disso, sera.o estudadas algumas propriedades dos núcleos novas e origi-
nais.

8.1 A hipótese próton-elétron sobre a constitui~áo do núcleo. O fato de que


certos átomos radioativos emitem raios a e {3, ambos de natureza corpuscular,
levou a idéia de que átomos·sao construídos de constituintes elementares. Já em
A CONSTITUICAO DO NÚCLEO 155
154 F[SICA NUCLEAR
-igual ao número atómico Z, ·que é a metade, ou menos, que o peso atómico. Para
1816, com base no pequeno número de pesos atómicos entao conhecidos, Prout contornar esta dificuldade, supós-se que, além dos prótons, os núcleos atómicos
sugeriu que todos os pesos atómicos sao números inteiros, que eles poderiam ser continham A - Z elétrons; estes iriam contribuir com urna quantia desprezível para
múltiplos inteiros do peso atómico do hidrog6nio. e que todos os elementos pode- a massa do núcleo, mas fariam a carga igual a + Z, como necessário. Era possível
riam ser construídos a partir do hidrogénio. A hipótese de Prout foi descartada assim considerar o átomo como consistindo de um núcleo de A prótons e A - Z
quando se descobriu que os pesos atómicos de alguns elementos sao fracionários, elétrons circundado por Z elétrons extranucleares. O número A é chamado de mí-
como, por exemplo, os do cloro (35,46) e cobre (63,54). Apesar disso,·tantos ele- mero de massa e é o inteiro mais próximo do peso atómico.
mentos tém pesos atómicos que sao tao próximos a números inteiros, que parecia A hipótese próton-elétron do núcleo parecía ser consistente com a emissfio de
haver algum fundamento para a hipótese de Prout. A idéia de que todos os elemen- partículas a e /3 pelo's átomos dos elementos radioativos. A interpretac;iio de certas
tos sao construídos a partir de urna substáncia básica recebeu novo suporte durante generalizac;óes sobre a radioatividade em termos do átomo nuclear mostrava que
os primeiros anos do século XX, quando o estudo dos elementos radioativos levou tanto as partículas a como f3 eram liberadas do núcleo dos átomos que sofriam
a descoberta dos isótopos. Descobriu-se que existem espécies atómicas que tém transformac;óes; e a presenc;a de elétrons no núcleo parecía tornar razoável que, sob
diferentes massas apesar de pertencerem ao mesmo elemento e de terem o mesmo condi9óes apropriadas, um deles pudesse ser libertado. Parecía também razoável
número atómico e. propriedades químicas; as diferentes espécies pertencentes ao sopor que partículas a pudessem se formar no núcleo pela cornbinac;§.o de quatro
mesmo elemento sao chamadas isótopos. Por exemplo. descobriram-se quatro isó- prótons e dois elétrons. As partículas a podiam existir como tal, ou podiam ser
topos radioativos do chumbo, com pesos atómicos de 214, 212, 211 e 210, assim formadas no instante da emissao.
como trés isótopos nao-radioativos, com pesos atómicos de 206, 207 e 208. Os
núcleos <lestes isótopos, variando na massa de 206 a 214. mostram urna vasta gama 8.2 O momento angular do núcleo; o fracasso da hipótese próton-elé-
de estabilidades. medidas pela natureza de sua radioatividade. apesar de todos tron. Apesar da hipótese dos núcleos serem constituídos de prótons e elétrons ter
terem a mesma carga. aJguns aspectos satisfatórios, ela eventualmente conduziu a contradic;óes e teve de
A prava .da existéncia de isótopos em elementos radioativos conduziu a expe- ser abandonada. Urna das falhas da hipótese estava associada com a propriedade do
riéncias para testar se algum dos elementos comuns também consistia de urna mis- núcleo até entao desconhecida; o momento angular. A descoberta de que o núcleo
tura de isótopos. Descobriu-se que este é realmente o caso. A maior parte dos atómico tem um momento angular, ou spin, como qual está associado um momento
elementos sfio misturas de isótopos, e as massas atómicas dos isótopos sao muito magnético, era o resultado de um estudo detalhado das linhas espectrais. Quando se
próxi_mas a números inteiros. O cloro, encontrado na natureza, tem dois isótopos examinavam componentes indivíduais das linhas do µmltipleto com espectrómetros
com pesos.atOmicos de 34,98 e 36,98, respectivamente; 75,4% dos átomos de cJoro do maior poder de resoluc;fio possível, descobria-se que cada urna destas Componen-
tema massa menor, enguanto 24,6% tém a massa maior, e esta distribuic;fio explica tes está dividida em diversas linhas que ficam extremamente perto urna das outras;
o peso atómico dé 35,46 do cloro. Obtém-se resultados análogos para o cobre. Os esta divisa.o adicional é chamada de estrutura hiperfina. A separac;ao total, em uni-
difefentes· isótopos de um elémentó tém o mesmo número e arranjo dos elétrons dades de número de onda, é de somente cerca de 2 .cm-• ou menos. Nao se podia
extranucleares, e· conseqüentemente··seu-s'·espectros tém ·a· mesma estrutura geral; explicar a estrutura hiperfina em termos dos elétrons extranucleares, e era necessá-
distinguem~se um· do outro pelas ·suas diferentes massas atómicas:.--i: ,1: ·::•q1:: ,.:r.:•.-:..~! rio supor, como Pauli fez em 1924, que ela estivesse relacionada com as proprieda-
O fato de as massas -atómicas dos isótopos de um elemento serem próximas ·a des do núcleo atómico. As propriedades associadas com a estrutura hiperfina sao a
números inteiros levou Aston a formular sua regra do número inteiro. De acordo massa e o momento angular do núcleo. -·- ,
corrt esta -regra,. que- 'é na realidade urna forma modificada .da hipótese .de Prout, Mostrou".:se no Capítulo 7 que, devido ao moVimento simultaneo do núcleo e
todos os pesos atómicos sao muito próximos a intéiros e os pesos atómicos fracio~ elétron ao redQr do centro de gravidade comum, a constante de Rydberg de um
nários determinados por métodos químicos sao causados pela presenc;a de dois-'ou elem~nto depende da massa do núcleo atOÍnico. Entretanto, se um elemento tem
mais isótopos,.cada um·ctos quais tem um peso atómico quase inteiro. Muitos dos mais de .um isótopo, :·cada isó_t_opo·-tem um valor ligeiramente diferente da constante
trabalhos-expérirnentais sobre iSótopos envOlverain urna análise dós raios positivos - de. Rydberg, e.linhas espectrais correspondentes de diferentes isótopos tém núme-
a partir de diferentes substancias; e em todos os trabalhos deste tipO' a partícula ros de onda ligeiramente diferentes. Este efeito foi encontrado experimentalmente,
carregada positivamente mais leve encontrada tinha a mesma massa que o átomo de e as previsOes teóricas foram confirmadas. ·Em.muitos casos, entretanto, o efeito
hidrogénio, e carregava urna carga positiva igual a carga do elétron em magnitude, isotópico nao é suficiente para explicar a estrutura hiperfina porque o número de
mas de Sinal contrário. Esta partícula é evidentemente o núcleo de um átomo de componentes é maior que o número de isótopos. Elementos que só t€:m um isótopo,
hidrogénio e, como mostrado no Capítulo I, tem urna massa· próxima a urna uni- como o bismuto, também apresentam estrutura hiperfina. Nestes casos, as estrutu-
dade-de massa ·at0mica. A combinac;iio da regra do número inteiro e· as proprieda- ras hiperfinas podem ser explicadas quantitativamente se supormos, como fizemos
des especiais do núcleo de hidrog€:nio levaram a hipótese de que os núcleos atómi- para os elétrons extranucleares, que o núcleo tem um momento angular.
cos sao construídos de núcleos de hidrogénio, e foi dado ao núcleo de hidrog€:nio o Urn momento magnético é associado ao momento angular do núcleo exata-
nome de próton para indicar sua importáncia como constituinte 'fundamental de mente como é associado ao momento angular de um elétron. Os dois momentos
todos os átolllos. magnéticos interagern, e a energia de intera9ao perturba a energía total dos elétrons;
A regra do número inteiro é na realidade urna aproximac;ao. válida com ·urna existe, portanto, urna separac;iio dos níveis atómicos, que dá origem a estrutura
precisa.o de cerca de l parte por 1000. As experiéncias mais precisas mostram que hiperfina das linhas no espectro atómico. A multiplicidade e os espa¡;amentos rela-
existem pequenos mas sistemáticos desvios desta regra sobre a faixa inteira dos tivos das linhas podem_ ser deduzidos teoricamente e dependem das magnitudes do
elementos. Mostraremos no próximo capítulo que estas variac;óes sao de grande momento angular e momento magnético do núcleo. Podemos entao deduzir o mo-
importáncia pois aumentam nosso conhecimento sobre a estrutu~a- dos núcleos. mento angular do .núcleo a partir da multiJ)licidade e dos espac;amentos relativos
Para explicar a massa de um núcleo cujo peso atómico .é muito próxima ao determinados experimentalmente. Novos métodos, que envolvem espectroscopia
inteiro A. era necessário supor que o núcleo contivesse A prótons. Mas, se este de radiofreqüencias, espectroscopia de microondas, ou a deflexfio de feixes molecu-
fosse o caso, a carga no núcleo seria A, praticamente igual 80 peso atómico, e nao
'111
,1
156 FISICA NUCLEAR
A CONSTITUICAo DO NÚCLEO 157
lares em campos magnéticos, foram desenvolvidos para medir o momento magné- magnético de 2,7926 ± 0,0001 magnétons nucleares. Se elétrons estivessem presen-
tico nuclear, e urna grande quantidade de informa~Oes experimentais concementes tes no núcleo, esperariamos encontrar momentos magnéticos nucleares da ordem de
a estas propriedades nucleares foi óbtida. grandeza do magnéton de Bohr, pelo menos para aqueles núcleos para os quais A -
O momento angular do núcleo tem propriedades da mecflnica qualltica s~~e- Z é ímpar (e que deveriam, pela hipótese próton-elétron, conter um número ímpar
lhantes aquelas do momento angular do elétron. Ele é üm ve~or, I, de magmtude 1
de elétrons). Portanto, o fato de que os momentos magnéticos nucleares sao so-
y/(/ + 1) h/27r, onde / é o número quántico que define a ma,or componente de I
mente da ordem de grandeza do magnéton nuclear é outro forte argumento contra a
possível, ao longo de um eixo especificado, de acordo com a regra existéncia de elétrons dentro do núcleo.
h (8.1)
Existe também .um argumento da mecaJlica ondulatória contra a existéncia de !.
lz = I 2,r elétrons livres no núCleo. De acordo coro o princípio da incertCza (veja Se98.o 7.8),

Descobriu-se experimentalmente que o valor de J depende do número de ma~sa A t!.:r.t,p ~ h, (8.4)


do núcleo; se A é par, / é um inteiro ou zero; se-A é ímpar, J tem um va}or impar onde llX é a incerteza na posi98.o de urna partícula e /lp é a incerteza no seu mo-
semi-inteiro (metade de um inteiro ímpar). Ero outras palavras, se o numero de mento. Suponha que apliquemos o princípio a um elétron dentro do núcleo. A in-
'massa do núcleo é par, J pode ter um dos valor.es: O, 1, 2, 3, ... ; se A é ímpar, 1 certeza /lX na posi9ao de um elétron é praticamente a mesma que o di:imetro do
pode ter um dos valores 1/2, 3/2, 5/2, . . . . _ . núcleo, que é suposto como sendo 2 x 10- 12 cm. Entao
As regras citadas acima conduzem a um dos fracassos da h1potese proton-
elétron para a constituic;ao do núcleo. NitrogCnio tem um número atómico de _7 ,e 27
um número de massa de 14, e seu núcleo teria 14 prótons e 7 elétrons nesta h1po-
tese. A contribuic;ao dos prótons ao momento angular deveria ser um múltiplo in- t,p
h
~ t,x .2 XX1010-
= 6,6 _ 12 = 3, 3 X 10
-15 /
erg.s cm.
teiro de h/21r quer o momento angular do próton seja um múltiplo inteiro, quer
semi-inteiro de h/27r. Um elétron tem spin l/2(h/27r) de modo que seu momento A partir da incerteza no momento, é possível ter urna estimativa grosseira da ener-
angular total é sempre um múltiplo de um número ímpar semi-inteiro por h/21r (veja gía de um elétron no núcleo. Fórmulas relativísticas devení ser usadas porque o
Sec;iio 7.9). A contribui~ao de 7 elétrons é, portanto, um múlt\plo de um_ nú~•~o elétron se move muito rapidamente dentro do núcleo, como será visto. A partir das
impar semi-inteiro por h/27r, e o momento angular total do nucleo de mtrogemo Eqs. (6.36) e (6.38), a energía total de urna partícula pode ser expressa em termos
deve ser um múltiplo de um número ímpar semi-inteiro por h/21r. ~as o mome~to do momento,
angular do núcleo do nitrogtnio encontrado experimentalmente fo1 J = 1, um m-
teiro, em contradi~Cr- com o valor previsto pela hipótese. Experi~ncias mostram (8.5)
que o próton, assim como o elétron, tem um spin intrínseco de l/2(h/2rr), eco~ esta
informa~ao adiciorial é possível Prever o momento angular de muitos outros nucleos onde mo é a massa de repouso do 'elétron, e e é a velocidade da luz. Se agora
com base na hipótese próton-elétron. Assim, os isótopos do.. cádmio (Z = 48)_, ~e~- supusermos que o momento p do elétron nao é maior que os valores encontrados
cúrio (Z = 80), e chumbo (Z = 82) com números de massa impar devem ter mdlVl- para a incerteza D.p, entiiop "'3,3 x 10-15, ep 2c 2 = (3,3 x 10-15) 2(3 x 1010) 2 = 10-s
dualmente um número ímpar de elétrons e um número par de partículas. O mo• erg, Este valoré muito maior que o termo,mi',c' = (9 x 10-2")2(3 x 1010) 3 = 10-12 ,
mento angular <lestes núcleos deveria portante ser zero ou inteiro; eles foram obti-• que pode conseqüentemente ser desprezado. Entiio E' = 10-s e
dos experimentalmente como sendo números ímpares semi-inteiros, ~ a hip?tese

º-• erg = 1,6 X -•10_ ~ 6 X 10


prediz novamente valores que niio concordam com os resultados experimenta1s. 10
A hipótese próton-elétron também falha ao explicar a ordem de grand~za d~s E "'< 1 7
ev = 60Mev.
12
momentos magnéticos nucleares. Medidas dos momentos magnéticos de mmtos nu-
cleos deram valores que sao somente cerca de 1/1000 do valor do momento magné- De acordo coro este resultado, um· elétron livre confinado num espac;o tao pcqueno
tico do elétron. O valor deste último é quanto o núcleo teria urna energia cinética da ordem de 60 Mev, e urna velocidade
maior que 0,999 e. Experimentalmente, entretanto, nunca se encontrou elétrons
eh . (8,2)
1-'B = 4,rmc' emitidos por núcleos radioativos coro energías cinéticas maiores que 4 Mev, ou pelo
menos de urna ordem de grandeza menor Que a calculada pelo princípio da incer-
teza. Apesar do cálculo ser grosseiro, resultados similares sao obtidos de cálculos
onde m é a massa do elétron; esta quantidade é chamada _de magnéton de Bohr_ e mais rigorosos, e em vista da grande discrepancia parece improvável que os núcleos
ttm o valor 0,92 x 10- 20 erg/gauss. Todos os momentos magnéticos nucleares sao contenham elétrons livres.
da ordem de 10- 23 erg/gauss, e seus valores podem ser expressos apropriadamente O argumento acima niio se aplica a um próton no núcleo porque. a massa do
em termos da quantidade próton (1,67 x 10-24 g) é quase 2000 vezes maior que a massa .de repouso do elé-
tron. Para o próton no. núcleo, ,i,: também cerca de 2 x 10- 12 cm, e Ap = 3,3 x 10-15
J.IN = "; = 0,505 X 10- 23 erg/gauss, (8.3) erg.s/cm. Supóe-se, como no caso do elétron, que o momento é da ord~m da incer-
4,r ne . teza no momento; entiio, a partir da Eq. (8.5),
na qual a massa do elétron foi substituída pela massa do próton; a quantidade /J.N é
chamada de magnéton nuclear. Valores medidos',.do momento magnético nuclear E 2
c,,, + (1,67 X 10-24 ) 2 (3 X 10 10) 4
10-•
variam de zero a cerca de 5 magnétons nucleares, e o próton tem um momento = 10-• + 2,3 X 10-•,
1.1'
.ESPECTROS ATOMICOS E ESTRUTURA ATOMICA 149

,,1
1

158 FISICA NUCLEAR


da massa com a velocidade deve ser considerado. Mostre que o comprimento de onda é dado
. por
iI ;

e agora o primeiro termo pode ser desprezado em comparac;ao com o segundo. 11¡
1 !
1

Entfio
112
12,268 ( m/ mo)- -8
1,5 X 10-3 s X= yv 2 X 10 cm,
E "" 1,5 X 10- 3 erg = 1,6 X 10-12 = 9,4 X 10 ev 940 Mev.
Jill!
onde "!lmo é a raza.o da massa do elétron que se move para sua massa de repouso. Qual é o
Este valor é somente um pouco maior que a energia de repouso do próton, que é compnmento de onda dos elétrons acelerados através de um potencial de 104 volts? 105, 1()11,
1,008 x 931 = 938 Mev. Portanto, a energia cinética de um próton no núcleo é da 107 volts? 1 !lilll
ordem de alguns poucos Mev, e deve ser possível conter prótons livres dentro do 13. Qual é o comprimento de onda de de Broglie de: (a) urna molécula de hidrogénio 1
111

núcleo. movendo-se com velocidade de 2,4 x 105 cm/s? (b) urna bala de rifle pesando 2,0 g, "
movendo-se a urna velocidade de 400 m/s?
14. Que relac;ao existe·entre o espectro de emissao de um átomo de hélio ionizado e o do
8.3 A transmuta~o nuclear e a descoberta do-neutron. O fracasso da hipótese hidrogénio atómico? Quais sao os comprimentos de onda das quatro primeiras linhas das
,próton-elétron do núcleo estava relacionado com as propriedades do elétron livre. séries que incluem transic;óes do estado n = 2 do átomo de hélio ionizado? Como se compara
Foi proposto, portanto, que os elétrons estivessem ligados· 8.s partículas positiva- o espectro do Jítio duplamente ionizado com o do hidrogénio? Qua! é o raio da primeira órbita
mente carregadas e nao tivessem existéncia independente no núcleo. Urna possibi- de Bohr do litio duplamente ionizado?
lidade, gue tinha sido sugerida por Rutherford já em 1920, era a de que um elétron e 15. Sabe-se que existe urna partícula, chamadapósitron, coma mesma massa que a de um
urn próton podiam estar combinados de maneira tao íntima, que formavam urna elétron e com carga igual cm magnitude mas oposta em sinal. Um pósitron e um elétron
partícula neutra, e a esta partícula teórica foi dado o nome de néutron. Todos os podem formar um sistema, chamado positrónio, análogo ao hidrogénio, com urna meia-vida
muito curta, mas mensurável. (a) Mostre que os níveis de energia do positrónio sao análogos
métodos que foram discutidos até aqui para detectar partículas nucleares dependem aos do hidrogénio, mas que suas lllagnitudes sao menores pelo fator f[l + (mlMH)]. (b) Mostre
contudo dos efeitos da carga elétrica da partícula.elétrica, como deflexáo em cam- que os raios das órbitas de Bohr do positrónio sao maiotes _que as do hidrogénio por um fator
pos magnéticos ou elétricos, e ioniza9áo. A presen9a de um neutron, que náo tem que é o recíproco do fator da parte (a) acima. (e) Qual é a energía do estado fundamental do
carga, seria muito difíci1 de detectar, e foram feitas muitas tentativas para achar positrónio em elétron-volts? Qual é o raio da primeira órbita de Bohr?
neutrons, sem sucesso. Finalmente, em 1932, como um dos resultados da pesquisa 16. Provou-se Que urna partícula chamada de mésotl 'TT negativo existe; sua carga é a
sobre élesintegrac;ao: (ou transmutac;ao) de núcleos por partículas a, Chadwick de- • mesma ~ue ~ de um elétron e sua massa é 273 vezes a de um elétron. Um próton e um méson
monstrou.a existencia de riCutrons. A descoberta abriu um vasto campo para traba- '7T negativo podem formar e_stados estacionários de vida curta: análogos 3.queles de um átomo

lhos experimentais posteriores e levou a idéia atualmente aceita sobre a constitui- de hidrogénio. (a) Como se comparam as órbitas mesónicas com aquelas correspondentes as
9áo' do. núcleo: que efe--é construído de prótons e neutrons. órbitas eletrónicas? Qual é o raio da órbita mesónica paran = 1? (b) Qual é o comprimen to de
onda da radiac;&o eletromagnética emitida quando um méSOn '7T negativoj inicialmente·eín_ re~
· Poi ·mencionado que o fato· das massas dos átomos de todos os elementos, ou po~so_ infinitamente longe de um próton, cai dentro da menor órbita permitida pela teOria
seus isótopos, serem muito próximas de números inteiros levou a hipótese de que o quanhca?
núcleo atómico é urna estrutura composta feita de um número inteiro de partículas
elementares, com massas próximas a·unidade. Sendo assim, seria possível através
de métodos apro"priados quebrar um núcleo e transformar um elemento em outro. A
radioatividade é um processo deste tipo,· que ocorre naturalmente. Ruthetford e
seus colegas usaram partícul:is_energéticas de substancias. radioativas como projé-:
teis com os quais bombardearam núcleos atómicos na tentativa de produzir
desintegra~oes _nucleares artificiais. Des_c_o_brirain __que, quando se bombardeava ni:.
trogenio coró.... ParHéllfas a, pi-ótóns energétiC·os eram prodllzidos: -os prOtons eram
identificados por medidas de deflexóes magnéticas, e suas energias eram considera-
velmente maiores que as energías das partículas o: usadas no bombardeio. Eles pre-
cisariam ter sido lan~ados fora do núcleo atingido de tal maneira que uma_parte,
pelo menos, de sua energía provinha da energía interna do núcleo. Estudos do pro-
cesso em camaras de nuvens mostraram que a partícula o: era capturada pelo núcleo
do nitrogenio, e :·só entao o próton era ejetado. Esta explica9áo corresponde 3 for-
ma~áo a partir do nitrogenio (número atómico 7, peso atómico 14) de um átomo de
número atómico 8 e peso atómico 17, isto é, o isótopo do oxigenio de massa 17.
Ruthetford descobriu qÜe o bombardeio com partículas a causava emissáo de pró-
tons de todos os elementos de número atómico até 19 coro exce98,o do hidrogenio,
hélio, lítio, carbono e berilio. Os efeitos de transmuta~ao mais mareantes ocorreram
com o boro, •nitrogenio e alumínio ..
Investiga9óes melhores sobre o bombardeio de boro e berilio por partículas o:
forneceram alguns resultados adicionais inesperados. Bothe e Becker ( 1930) desco-
briram que estes elementos emitiam urna radia9áo muito penetrante quando eram
bombardeados. Pensou-se que esta radia9ao era urna forma de radia9áo y de ener-
gia muito alta. Curie e Joliot (1932) descobriram que, quando se fazia com que essa
radia9áo incidisse em substftncias que continham hidrogenio, ela causava a produ-
Parte II

•'
O Núcleo

l!
t
8

A Constitui~ao do Núcleo

; 1

1
No último capítulo, mostrou-se que a aplicaylio da teoría qurultica ao modelo
nuclear d0 átomo levou ao desenvolvimento de Uffi,!l· teoría' satisfatória para aquelas
propriedades dos átomos que dependem dos elétrons externos ao núcleo. O desen-
volvimento de urna teoria do núcleo é um problema mais dificil. A densidade de
matéria no núcleo oferece um indício da fonte das dificuldades. O traba!ho. de Rut-
herford e de seus colegas sobre o espalhamento de partículas a mostrou ·que o
riúcleo atómico tem um raio de 10- 12 a 10-13 cm, de modo que o volume do núcleo é
da ordem de 10-3 s cm3 ou menos. A massa de um dos átomos mais leves é de cerca
de 10-24 g, e éstá quase toda concentrada no núcleo, com o resultado que a densi-
dade do núcleo é de pelo menos 10" g/cm3 • Urna densidaae desta magnitude é
inconCebivelmente grande, e torna-se claro qmfno núcleo atómico a matéria é agru-
pada de urna maneira que talvez nao possa ser submetida a métodos de análise
exxrirnentais e· teóricos comuns. Conseqüentemente, a iIÍterpretaylio das proprie-
dadCs nucleares.dos átomos em termos de urna teoría de estrutura nuclear apresenta
grandes problemas, .· ·
· Existe atualmente urna grande quantidade de infonna9óes_ experimentais sobre
núcleos, vinda de trabalhos em diversos campos: (1) a determina98.o. precisa da
massa de átomos; (2) radioatividade, natural e artificial; (3) a transmutac;iio artificial
dos núcleos, pelo bombardeio com partículas vindas de substancias radioativas ou
coro partículas de alta velocidade, produzidas por métodos de laboratório; (4) es-
pectroscopia ótica nas regióes visível e ultravioleta; (5) a medida direta de certas
propriedades nucleares, como o spin e o momento magnético. Os principais pro-
blemas da física nuclear sao a coleta e correlaylio dos fatos experimentais, e de sua
interpreta9áo em termos de urna teoría ou modelo do núcleo. Neste capítulo, o
problema da constituiy8.o do núcleo será discutido, e sera.o desenvolvidas algumas
idéias que sera.o úteis na interpreta98.o de dados experimentais nos capítulos seguin-
tes. Além disso, sera.o estudadas algumas propriedades dos núcleos novas e origi-
nais.

8.1 A hipótese próton-elétron sobre a constitui<;lío do núcleo. O fato de que


certos átomos radioativos emitem raios a e (3, ambos de natureza corpuscular,
levou a idéia de que átomos·sii.o construídos de constituintes elementares. Já em
A CONSTITUICAo 00 NÜCLEO 155
154 FISICA NUCLEAR
igual ao número atómico z .. que é a metade, ou menos, que o peso atómico. Para
1816, com base no pequenü número de pesos atómicos entao conhecidos, Prout contornar esta dificuldade, supós-se que, além dos prótons, os núcleos atómicos
sugeriu que todos os pesos atómicos sao números inteiros, que eles poderiam ser continham A - Z elétrons; estes iriam contribuir com urna quantia desprezível para
múltiplos inteiros do peso atómico do hidrogénio. ·e que todos os elementos pode- a massa do núcleo, mas fariam a carga igual a + Z, como necessário. Era possível
riam ser construídos a partir do hidrogénio. A hipótese de Prout foi descartáda assim considerar o átomo como consistindo de um núcleo de A prótons e A - Z
quando se descobriu que os pesos atómicos de alguns elementos sao fracionários, elétrons circundado por Z elétrons extranucleares. O número A é chamado de nú-
como, por exemplo, os do cloro (35,46) e cobre (63,54). Apesar disso.·tantos ele- mero de massa e é o inteiro mais próximo do peso atómico.
mentos tém pesos atómicos que sáo tao próximos a números inteiros, que parecía A hipótese próton-elétron do núcleo parecía ser consistente com a emissao de
haver algum fundamento para a hipótese de Prout. A idéia de que todos os elemen- partículas a e f3 pel0s átomos dos elementos radioativos. A imerpreta9ao de certas
tos sao construídos a partir de urna substancia básica recebeu novo suporte durante generaliza~óes sobre a radioatividade em termos do átomo nuclear mostrava -9ue
os primeiros anos do século XX, qual1do o estudo dos elementos radioativos levou tanto as partículas a como f3 eram liberadas do núcleo dos átomos que sofnam
a descoberta dos isótopos. Descobriu-se que existem espécies atómicas que tém transforma9Qes~ e a-presem;a-de elétrons no núcleo parecia tornar razoável que. sob
diferentes massas apesar de pertencerem ao mesmo elemento e de terem o mesmo condi~óes apropriadas, um deles pudesse ser libertado. Parecia também razoável
número atómico e. propriedades químicas; as diferentes espécies pertencentes ao supor que partículas a pudessem se formar no núcleo pela combina9fto de quatro
, mesmo elemento sao chamadas isótopos. Por exemplo. descobriram-se quatro isó- prótons e dois elétrons. As partículas a- podiam existir como tal, ou podiam ser
topos radioativos do chumbo, com pesos atómicos de 214. 212. 211 e 210, assim formadas no instante da emissüo.
como tres isótopos nao-radioativos, com pesos atómicos de 206, 207 e 208. Os
núcleos <lestes isótopos, variando na massa de 206 a 214, mostram urna vasta gama 8.2 O momento angular do núcleo; o fracasso da hipótese próton•elé-
de estabilidades, medidas pela natureza de sua radioatividade. apesar de todos tron. Apesar da hipótese dos núcleos serem constituídos de prótons e elétrons ter
terem a mesma carga. alguns aspectos satisfatórios, ela eventualmente conduziu a contradi~óes e teve de
A prova da existencia de isótopos em elementos radioativos conduziu a expe- ser abandonada. Urna das falhas da hipótese estava associada coro a propriedade do
riencias para testar se algum dos elementos comuns também consistia de urna mis- núcÍ.eo até entiío desconhecida; o momento angular. A descoberta de que o núcleo
tura de isótopos. Descobriu-se que este é realmente o caso. A maior parte dos atómico tem um momento angular, ou spin, como qual está ~Ssociado um momento
elementos sao misturas de isótopos, e as massas atómicas dos isótopos sao muito magnético, era o resultado de um estudo detalhado das linhas espectrais. Quando se
próxim.as a números inteiros. O cloro, encontrado na natureza, tem dois isótopos examinavam componentes individuais das linhas·c!_o~multípleto com espectrómetros
coin pesos atómicos de 34,98 e 36,98, respectivamente; 75,4% dos átomos de cloro do maior poder:. de resolu9iio possível, descobria-se que cada urna desta'.s componen-
tema rriassa menor, enguanto 24,6% tema massa maior, e esta distribui~ao explica tes está dividida em diversas.linhas que ficam extremamente perto urna das outras;
o· peso atómico de 35,46 do cloro. Obtem-se resultados análogos para o cobre. Os esta divisa.o adicional é chamada de estrutura hiper.fina. A separa9ao total, em uni-
difeferites isótopos de um elemento tem o mesmo número e arranjo dos elétrons dades de número de onda. é de semente cerca de 2 .cm- 1 ou menos. Nao-se podia
extranuc)e3res, e conseqüentemente 'seus espectros tem a mesma estrutura geral; explicar a estrutura hiperfina em termos dos elétrons extranucleares, e era necessá-
distin.Suem:.se unido outro pelas suas diferentes massas atómicas:: ,-.- .. ··, :· · · - rio supor, como Pauli fez em 1924, que· ela estivesse relacioáada coro as proprieda-
O fato de as massas atómicas dos isótopos de um elemento serem próximas a des do núcleo atómico. As propriedades associadas com a estrutura hiperfina sao a
números inteiros levou As.ton a formular sua regra do número inteiro. De acordo massa e o momento angular do núcleo.:. ;¡;;•r:... , ~¡-;) ·,:··•r:,· -~·,,,-: ;, .-
CCmi CSta regra, · qüe 'é na realidade urna forma modificada .da hipótese de Prout, . Mostrou-:se. no .Capítulo 7 que, cievido ao moYimento simultftneo do núcleo e
to_dos _ Os_pesos atóniicos sao múito p_róximos a inteiros e os pesos atómicos fracio- elétron ao redor do .centro de gravidade comum, .a constante de Rydberg de um
náño's· determinados por métodos químicos sao causados pela presen!r,8 de dois ou elemento depellde da _massa do Ítúcleo atófuico. Entretaitto, ·se um elemento tem
. ___ -~~is isótop(};~• "ca_da u_~_ d0s quais tero um peso atómico quase inteiro. Muitos dos mal.S de .um :isótopo;-:Cada isóJJ:>pO ..tem .um valo.r ligeiramente diferente da 9onstante
f" traJ,iillilis·· eitperiméíiiái's' sobré isotopos ·envolveram· urna análise dos raios positivos-
. s----~a···p'ártrf-CÍe ·diféfeirites substancias; e em todos os trabalhos deste tipb a partícula
de. Rydberg,-e linhas espectrais· correspondentes de diferentes isótopos tem núme-
ros de onda ligeiramente diferentes. Este efeito foi encontrado experimentalmente,
- calTegaéia ·positivamente mais leve encontrada tinha a mesma massa que o átomo de ~ e as previsóes teóricas foram confirmadas. -Em muitos casos, entretanto, o efeito
hidrogenio, e carregava urna carga positiva igual a carga do elétron em magnitude, kj
isotópico nao é suficiente para explicar a estrutura hiperfina porque o número de
mas· de sinal contrário. Esta partícula é evidentemente o núcleo de um átomo de componentes é maior que o número de. isótopos. Elementos que só tero um isótopo,
hidrogenio e, corno mostrado no Capítulo 1, tero urna massa próxima a urna uni- como o bismuto, também apresentam estrutura hiperfina. Nestes casos, as estrutu-
dade~e -massa ·atómica. A combina~ao da regra do número inteiro e as proprieda- ras hiperfinas podem ser explicadas quantitativamente se supormos, como fizemos
des especiais do núcleo de hidrogenio levaram a hipótese de que os núcleos atómi- para os elétrons extranucleares, que o núcleo tem um momento angular.
cos sao construídos de núcleos de hidrogénio, e foi dado ao núcleo de hidrogenio o Um momento magnético é associado ao momento angular do núcleo exata-
nome de próton para indicar sua importancia como constituinte fundamental de mente· como é associado ao momento angular de um elétron. Os dois momentos
todos os átomo$. magnéticos interagem, e a energia de intera9áo perturba a energia total dos elétrons;
A regra do número inteiro é na realidade urna aproxima~iio, válida com urna existe, portanto, urna separa~ao dos níveis atómicos, que dá origem a estrutura
precisa.o de cerca de I parte por 1000. As experiencias mais precisas mostram que hiperfina das linhas no espectro atómico. A multiplicidade e os espa9amentos rela-
existem pequenos mas sistemáticos desvios desta regra sobre a faixa inteira dos tivos das linhas podem ser deduzidos teoricamente e dependem das magnitudes do
elementos. Mostraremos no próximo capítulo que estas variar;óes sao de grande momento angular e momento magnético do núcleo. Podemos entao deduzir o mo·
importancia pois aurnentam nosso conhecimento sobre a estrutura dos núcleos. mento angular do núcleo a partir da multi¡jlicidade e dos espa9amentos relativos
Para explicar a massa de um núcleo cujo peso atómico é muito próxima ao determinados experimentalmente. Noves métodos, que envolvem espectroscopia
inteiro A, era necessário supor que o núcleo contivesse A prótons. Mas. se este de radiofreqüencias, espectroscopia de microondas. ou a deflexüo de feixes molecu-
fosse o caso, a carga no núcleo seria A, praticamente igua1 ao peso at6mico, e nao
!]

156 FISICA NUCLEAR /ll


A CONSTITUICAO DO NÚCLEO 157
lares em campos magnéticos, foram desenvolvidos para medir o momento magné- 11
tico nuclear, e urna grande quantidade de informa4róes experimentais concernentes magnéti~o de 2,7926 ± 0,0001 magnétons nucleares. Se elétrons estivessem presen-
a estas propriedades nucleares foi obtida. tes ~o nucleo, esperaríamos encontrar momentos magnéticos nucleares da ordem de ¡1
O momento angular do núcleo tem propriedades da mec8.nica qu:lntiéa seme- grandeza do magnéton de Bohr, pelo menos para aqueles núcleos para os quaisA -
lhantes aquelas do momento angular do elétron. Ele é tlm vetor, I, de magnitude Z é í~par (e que deveriam, pela hipótese próton--elétron, conter um número ímpar
VIO + 1) h/21r, onde/ é o número quantico que define a maior componente de I de eletrons). Portanto, o fato de que os momentos magnéticos nucleares sao so•
possível~_ ao longo de um eixo especificado. de acordo com a regra m~nt: d~ ordem~ de grandeza do magnéton nuclear é outro forte argumento contra a
existencia de eletrons dentro do núcleo.
h (8.1) Existe também ¡um argumento da mecélOica ondulatória contra a existencia de
lz = 12,r
-· elétrons livres no núcleo. De acordo como princípio da incerteza (veja Se9ao 7.8),

Descobriu-se experimentalmente que o valor de / depende do número de massa A 1


Azf).p ~ h, (8.4)
do núcleo; se A é par, I é um inteiro ou zero; se A_é (mpar, / tem um valor impar
semi-inteiro (metade de um inteiro ímpar). Em outras palavras, se o número de onde Ax é a incerteza na posi9áo de urna partícula e !:,.p é a incerteza no ~eu mo-
m_assa do núcleo é par,/ pode ter um dos valor.es: O, 1, 2, 3, ... ; se·A é impar,/
pode ter um dos valores 1/2, 3/2, 5/2, ...
1 mento. Suponha que apliquemos o princípio a um elétron dentro do núcleo. A in-
certeza Ax na posi9áo de um elétron é praticamente a mesma que o di8.metro do
As regras citadas acima conduzem a um dos fracassos da hipótese próton- núcleo, que é suposto como sendo 2 x 10- 12 cm. Entao .
elétron para a constitui~ao do núcleo. NitrogCnio tem um número atOmico de 7 e
um número de massa de 14, e seu núcleo teria 14 prótons e 7 elétrons nesta hipó• h 6 6 X 10-27
tese. A contribui9ao dos prótons ao momento angular deveria ser um múltiplo in- f).p ~~= 2 X 10 _ 12 = 3,3 X 10- 15. erg.s/cm.
teiro de h/21r quer o momento angular do próton seja um múltiplo inteiro, quer
semi-inteiro de h/2'1t. Um elétron tem spin l/2(h/21r) de modo que seu momento
angular total é sempre um múltiplo de um número ímpar semi-inteiro por h/21r (veja A partir da incerteza no momento, é J>()Ssível ter urna estimativa grosseira da ener•
Se9"-o 7 .9). A contribui9"-o de 7 elétrons é, portanto, um múltiplo de um número gi~ de um elétron ~o núc~eo. Fórmulas relativísticas deve:ni ser 1,1sadas porque o
ímpar sellli-inteiro por h/2ir, e o momento angular total do núcleo de nitrogenio eletron se move mmto rap1damente dentro do núcleo, como será visto. A partir das
deve ser um múltiplo de um número ímpar semi-inteiro por h/21r. Mas o momento Eqs. (6.36) e (6.38), a energia total de urna partícula pode ser expressa cm tennos
angular do núcleo do nitrogenio encontrado experimentalmente foi 1 = 1, um in- do momento, , .• . · · · ·
teiro, -em contradi~o Có~ o valor previsto pela hipótese. Experi~ncias mostram
que o próton, assim como o elétron, tem um spin intrinseco de l/2(h/2,r), e com esta -..... · (8.5)
infonna9ao adicional é possível prever o momento angular de muitos outros núcleos
com base na hipótese próton-elétron. Assim, os isótopos do cádmio (Z = 48), mer- onde m, é a massa de repouso do ·elétron, e e é a ve{~~Íclade da luz. Se agora
cúrio (7: = 80), e chumbo (7: = 82) com números de massa ímpar devem ter indivi- supusermo_s que o momento p do elétron nao é maior que os valoi-es encontrados
dualmente um número ímpar de elétrons e um número par de partículas; O mo- para a incertezaf).p,entaop"" 3,3 x 10-", ep'c' = (3,3 x 10-")'(3 x 1010) 2 = 10-•
mento angular destes núcleos deveria portanto ser zero ou inteiro; eles foram obti- erg. Este valoré muito maior que o tenno,m1,c• = (9 x 10-28)'(3 x 1010) 3 = 10-12 ,
dos experimentalmente como sendo números impares semi•inteiros, e a hipótesc que pode conseqüentemente serdesprezado. Entao E'= 10-' e,.• , : .
prediz novamente valores que nao concordam com os resultados experimentais. y
· A hipótese próton-cléfron tariibém falha ao explicar a ordem de grandeza·dos f.. . E _N.10-:•~g~
,·t_·, ,,,.,_,ut...
h,:,.1.\1 /O{,,,;,' 1,,
. 10-· .. ::..., 6 X 107 ev
1,6 x·10~1/ih.•::\1 .,
= 60Mev.' ._;, .· ....
,:;,.,1q·,¡t'., !!,i'.!t,•;..,!H1.i.~:.c•~') {,,.-c'.:trn
momentos magnéticos nucleáres. Medidas dos momentos magnéticos de muitos nú-
cleos deram valores que sáo somente cerca de 1/1000 do valor do momento magné-
tico do elétron. O valor deste último é De acordo com este resultado, um· elétron livre confinado nu~ ~~p~~o táo pequeno
quanto o núcleo teria urna energia cinética da ordem de 60 Mev, e urna velocidade
eh maior que 0,999 e. Experimentalmente, entretanto, nunca se encontrou elétrons
/JoB = 4,rmc'' (8.2) emitidos por núcleos radioativos com energias cinéticas maiores que 4 Mev, ou pelo
menos de urna ordem de grandeza menor que a calculada pelo princípio da incer-
onde m é a massa do elétron; esta quantidade é chamada de magnéton de Bohr. e teza. Apesar do cálculo ser grosseiro, resultados similares sáo obtidos de cálculos
tCm o valor 0,92 x 10- 20 erg/gauss. Todos os momentos niagnéticos nucleares sao mais rigorosos, e em vista da grande discrepancia parece improvável que os núcleos
da ordem de 10-". erg/gauss, e seus valores podem ser expressos apropriadamente contenham elétrons livres.
cm tennos da quantidade O argumento acima nao se aplica a um próton no núcleo porque a massa do
próton (1,67 X 10-" g) é quase 2000 vezes maior que a massa .de repouso do elé-
tron. Para o próton no. núcleo, /lx também cerca de 2 x 10-12 cm, e /!,p·= 3,3 x 10-10
/JoN = :
4 11"
= 0,505 X 10-•• erg/gauss, (8.3) erg.s/cm. SupOC-se, como no caso do elétron, que o momento é da ord~m da incer•
HC .
teza no·momento; entao, a partir da Eq. (8.5),
na qual a massa do elétron foi substituída pela massa do próton; a quantidade µ.N é
chamada de magnéton nuclear. Valores medidos ,.do momento magnético nuclear E2 :::,,, + (1,67 X 10-24 ) 2 (3 X 10 1 º) 4
10-s
variam de zero a cerca de 5 magnétons nucleares, e o próton tem um momento
= 10-s + 2,3 X 10- 6,
A CONSTITUIQAO DO NÚCLEO 159
ri~lt;A NUCLEAR

e agora o primeiro termo póde ser desprezado em compara~ao com o segundo. a_ de prótons muito energéticos. Chadwick (1931) tambén:i foi ca~az de mostrar
9 0
Entaoc '>. ·., . - que os raios emitidos do bombardei~ do be~lio_ d_avam ongem a atamos ~ue __ s~
_,, :· . '. " 3 -¡,_,,, moviam rat,idamente quando se perm1tia que mc1d1ssem sobre outras substdnc1as.
E "" ¡ ·5
,
X 10-3 . 1,5 X 10- s
•... erg= 1 ,6 X l0:-' 2•.~ 9,4 ~ 10 ev 940Mev.
como, por exemplo, He, Li. Be. C, O e N. Nao se po~ia explicar estes r~sultados
com a hipótese de que a nova radia9fio consistia de ra1?s y de_ alta energ1a. Ch~~-
wick finalm·ente (1932) provou que as energias dos ~rotons eJe!ados_ de matena1_s
Este valor é somente um pouco maior que a energia de repouso do próton, que i hidrogenados, e de outros átomos que se moviam rap1d_a_mente so podiam ser _expli-
1,008 X 931 = 938 Mev. Portanto, a energia cinética de um próton no núcleo é da cadas tendo em vista que os "'raios" emitidos pelo benl10 bombarde~do cons1st1arn
ordem de alguns poucos Mev, e deve ser possível conter prótons Jivres dentro do realmente de partículas Com massa próxima a do próton. Estas part1culas. ao ~o~-
núcleo. trário dos prótons, nfio produzem trilhas numa c_:imara de nuvens e nenhuma 10~1-
za9ao numa ca.mara de ioniza98.o. Estes fatos, Junto com o pode~ ~e penetra9ao
8.3 A transmuta~o nuclear e a descoberta do néutron. O fracasso da hipótese extremamente grande das partículas, mostram que a carga destas ~lt1mas deve, ser
próton-el~tron do núcleo estava relacionado com as propriedades do elétron livre. zero. Como se descobriu que a nova partícula era neutra e que tmha u~a massa
Foi proposto, J)Ortanto, que os elétrons estivessem ligados· 3s partículas positiva- próxima a unidade ela foi identificada com o neutron de Rutherford. Medidas pos:
mente carregadas e nao tivessem existencia independente no núcleo. Urna possibi- teriores mostrara~ que a massa do néutron é I.00898 u.m.a .. de modo que ela e
lidade, gue tinha sido sugerida por Rutherford já em 1920, era a de que um elétron e levemente mais pesada que o prótoh. com urna massa de 1.00758 u.m.a.
um próton podiam estar combinados de maneira tao íntima, que formavam urna
partícula neutra, e _a esta partícula teórica foi dado o nome de néutron. Todos os
métodos que foram discutidos até a(Jui para detectar Partículas nucleares dependem 8.4 A hipótese próton~neutron. A descoberta de urna partícul~, _ou néutron_.
contudo dos efeitos d_a carga e}étrica da partícula.elétrica, como deflexiio ·em cam- com um peso atómico muito próximo da unidade e s;m carg~ eletnca, levo_u ,ª
pos magnéticos ou e1étricos, e ioniza98.o. A presen9a de um néutron, que nao tern hipótese que todos os núcleos atómicos consistem de pro!ons e neutrons. E:_sta hipo-
carga, seria muito dificil de detectar, e foram feítas rnuitas tentativas para achar tese foi usada pela primeira vez como base de urna teona detalha_da do nucle_? por
neutronS, sem suCesso.- Fin3.lmerite·, em 1932, corno urn dos resultados da pesquisa Heisenberg em 1932. Pela hipótese próton-néutro!1; o númer_? total de parucul;s
sobre desintegra,;iioiou transmuta,;iio) de núcleos por partículas a, Chadwick de- elementares no núcleo, prótons e néutronsjuntos, e igual a_o.num~ro ~e mass~A 0
monstrou .a existencia de neutrOriS: A descoberta abriu um vasto cilmpo para traba~ núcleo; 0 peso atómico é portanto muito próximo a um ~umero t?teJTo. Q numero
lhos experirnentais posteriores e levou a idéia atualmente aceita sobre a constitui- de prótons é dado pela carga nuclearZ, e o númer~ ~e neutr~ns eA_ -Z.
~o ·do núc1eo: que ele é construído de prótons e n€:utrons. o novo modelo nuclear evita as falhas da hipotese proton-eletron. A _regra
; Foi mencionado que o fato· das·massas dos átomos de todos os elementos, ou empírica ligando O número de massa e o momento angul_ar do núcleo po~e ser t~ter-
seus isótopos, seren.i muito próximas de números inteiros levou a hipótese de que o pretada mostrando-se que o néutron, assim como o proton. tem um spm qu e e u_m
núclé<;> atómiéo ·é uíriáT·estti.Itllra composta feíta de um número inteiro de partículas número ' sem1-mteiro~
·· · • · de que o sp·,n do néutron é de fato ~1
as ev1"d encias A • _
2
121r sao
om
elemen-tares, com· massas próximas a·unidade.- Sendo assim, seria possível através convincentes. Se tanto o próton como o n€:utron tem spm I/2, entao. de ac?rdo e
de métodos aproj)iiadóS quebia.r um núcleo e tranSformar um elemento em outro·. A a teoria quftntica, a resultante dos spin~ _de ¿ partículas elementa_res. neut~ons e
radioatividade é um processo deste tipo, que ocorre naturalmente. Rutherford e prótons será um múltiplo inteiro ou sem1-mteiro de h/2n, caso A seJa par ou impar.
t s,ep~ __ coleg~s us~r~ partícula_S- energétjcas de Sl!bstftncias radioat~vas como projé:- Esta co~clusao está de acordo com todas as observa9óes exjste~tes _d~ momento
Í:;·,,_ .)~.IJ. -~,~m os quats bombardearam nucleof_~_t?micos na tentativa de produzir angular dos núcleos. O valor do momento magnético _do néutron _e pro~1mo_ de - 2
~e
[~~-,~-,~~,~t~~~~,Ó~!_iS1~1:1~~!~~~f¡~ffi_ci~sú pesc?.l?~J)}__ g~~• __9u~-~~o ,~?pt~~rdeava ni;
t-i,. !'oge~!º, com part,cuJ!is a, protons energet1c?~ eramproduz1dos. -Os protons eranr ·
magnétons nucleares; ele é oposto em sinal ao do proton, ma~ nao m~1to d1fe_rente
em magtlitude. Os valores tanto para o próton como p~ra o neutron sao consisten-
r _ identificados por medidas de deflexóes magneticas, e suas energías eram considera- tes comos medidos para muitos núcleos diferentes. Fmalmente, como a mas~a do
velmente maiores que as energias das partículas a usadas no bombardeio. Eles pI"e~ néutron é muito próxima da de um próto~, º, ar~~mento m~strando que protons
císariam te.r sido lan9ados fora do •núcleo atingido .de tal maneira que urna parte, podem ser contidos dentro do núcleo tambero e valido pa~:-3 neutrons - _ _. .
pelo m·enos, de sua energía provinha da energia interna do núcleo. Estudos do pro- A hipótese néutron-próton é consistente ~om o f:nome~o da radwat1v1dad~~
céSs_o em cfunaras de nuv~_ns mostraram que a partícula a era capturada pelo núcleo Como existem diversas razOes para que os eletrons na~ es!eJam presentes n_o ~u
-do-nitrogSnicr;e:S-6 Clltao o próton era ejetado. Esta explica980 corresponde a for~ cleo deve-se concluir que na radioatividade (3, o elétron e cnado ~o ato da em1ssa~-
rrui~o a partir do nitrogénio (número atómico 7, peso atómico 14) de um átomo de Est; evento é visto como resultado da transforma9ao de um neutr~:m, dentro o
número·-~u0mic·o··g-~e peSO atómico 17, isto é, o isótopo do oxigénio de massa 17. núcleo num pr.óton, urn elétron. e urna nova partícula ~hamada neutnno, e _tanto as
Rutherford descobriu que o- bombardeio com partículas a causava emissao de pró- evidén~ias experimentais como teóricas da.o forte apo10 a este pont? de v1~ta. Na
tons de todos os elementos de número atómico até 19 com exce~o do hidrogSnio, radioatividade {3, portanto, o núcleo é transformado num ~utro ~ucle?. diferente
hélio, lítio, carbono e berjlio. Os efeitos de transmuta9ao mais mareantes ocorreram com um próton a mais, ou um néutron a menos. e u~ eletron ~ en:11t1do. Um~
como boro, •nitrogenio e alumínio .. partícula O' pode se formar pela combina93o de dois protons _e do1s neutron~. ~l~
Investiga9oes melhores sobre o bombardeio de boro e ben1io por partículas a pode existir como tal no núcleo, ou pode ser fo~mada ~o mstante da em1ssao.
fomeceram alguns resultados adicionais inesperados. Bothe e Becker (1930) desco- ~,. atualmente vemos a última possibilidade como ma1s provavel. ,
briram que estes elementos emitiam urna radia9ao muito penetrante quando eram Deve ~er enfatizádo, entretanto, que apesar de considerarmos os ~ucleos ~e
bombardeados. Pensou-se que esta radia9ao era urna forma de radia98.o y de ener- t. 1 diferentes elementos como sendo constituidos de prótons e néutrons. o neutr~n nao
gia muito alta. Curie eJo!iot (1932) descobriram que, quando se fazia com que essa
radia98.o incidisse em substáncias que continham hidrogénio, ela causava a produ- i 1,
e. v·1sto como um ·sistema composto formado •por um próton· e um 'elétron.
é urna partícula fundamental no mesmo sentido que um proton o e. s
_O _neutron
O· do1s ·1s vezes
· '· ·
160 . FÍSICA NUCLEAR
A CONSTITUICAO 00 NÚCLEO 161
sao chamados de núcleons para indicar sua fun93.o como blocos formadores d0s
núcleos. i =l± s, (8.6)
Um dos principais problemas da física nuclear é o da compreensa? da natur~za
das for9as que mantém prótons e neutrons juntos. Muitas das pesqm~as em física onde / é o 11_1omento angular orbital e s é o momento angular de spin. O spin de
nuclear tém como objetivo esclarecer as leis de intera98.o entre as pa~1cu_las nucle- qualquer núcleon simples pode sornar ou subtrair Jh/271' dependendo de sua 0rien-
- em re 1aya.o ao eixo de referéncia, e i é portanto
ta9ao 2
um número semi-inteiro. Para
ares. Este problema náo vai ser tratado de maneira detalhada, quantttattva,. neste
livro, por causa de sua complexidade, mas será discutido num capítulo posterior .. A núcleos contendo mais de urna partícula, é usual escrever com letras maiúsculas
énfase nos capítulos seguintes deverá ser preferene;ialmente sobre fatos a respe1~0 rela96es correspondentes entre os momentos; entao, o momento angular total resul-
de núcleos e sobre a transforma9áo de urna espécie nuclear em outra pelo rearranJo tante do núcleo é
de seus nÚcleons constituintes. As informa90es acumuladas sera.o consideradas e
interpretadas em termos da hipótese próton-néutron. Este asp~cto da física nuclea: I = L ± S, (8.7)
é análogo a aplica9ao da física atómica as propriedades químicas dos elementos, e e
algumas vezes mencionado entre os físicos como química n~clear. . . onde L é o momento angular orbital total, e S é o momento angular de spin total. O
Para o presente, é suficiente indicar algumas das propnedades _q~ahtatlva~ das momento angµlar total é na realidade um vetor, indicado por I, e a quantidade
for9as entre prótons e.néutrons no núcleo. Por causa?ª carga pos1t1va do proton, escalar/ é definida como a máxima componente possível de I em qualquer direi;ao
deve have~ for¡;as eletrostáticas repulsivas entre os proto_ns te~den~o a desmtegrar dada. O momento angular orbital L é um múltiplo inteiro de h/2,r; S é um múltiplo
o núcleo. E evidente, do pequeno tamanho e grande dens1dade do nucleo,_que estas semi-inteiro par de h/21r se o número de partículas nucleares é par, e um múltiplo
for9as devem ser muito gra:ndes em comparai;8.o com as fori;as, en~re o _nucleo e os semi-inteiro ímpar se o número de partículas é impar. Portanto, / é um múltiplo
·elétrons extranucleares. Portanto, os núcleos complexos estave1s ex1stem, deve inteiro de h/271' quando A é par, e múltiplo semi-inteiro quando A é ímpar, de aGordo
haver for9:as atrativas no núcleo suficientemente _fortes para superar as f9r9as repu}- coro os resultados experimentais.
sivas. Estas for9as atrativas sao as fori;as especificamente nucleares entre um pr?- Existem duas possíveis fontes de confu&ao que surgem do uso descuidado de
ton e um nCutron, entre dois nCutrons, ou entre dois prótons. Elas parecem ser ma1s certos conceitos. O termo "spin., é freqüentemente usado para o momento angular
cómplexas que 3s for9as gravitacionais ou eletromagnéticas da física clássica. As total de um núcleo ao invés de somente o spin S. Este uso incorreto foi introduzido
fori;as de atrai;ao nucleares devem ser muito fortes a distancias da ordem do raio do , antes que o problema da estrutura interna dos núcleos tivesse atingido a import3n-
1 núcleo isto é elas sao for9as de curto alcance. Fora do núcleo, elas decrescem cia atual e tem continuado. Além ·disso, o momento angular orbital total· de um
1 muito ~apida~ente, e a fori;a de repul&ao ~oulombiana responsável pe!o espalha- núcleo é freqüentemente indicado por l ao invés de L. O significado do termo
mento de partículas a: predomina. A magn1tude das fori;as nucleares e tal que o "spin" e o símbolo I podem ser usualmente inferidos sem ·qualquer dificuldade a
trabaltio requeridq,,pára dividir um núcleo em suas partículas ~o~stituintes (a ener- partir do contexto em Que aparecem.
gia ~e liga¡;iio do Ilúcleo) é mqito maior que o trabal~o. nece,ssano para separ~r um O momento magnético de um núcleo pode ser representado como
elétrcm extranuclear de um átomo. Enquanto este ultimo e da ordem. de eletron-
volts, mudan,as de energía no núcleo· siio da ordem de milhóes de ~létron-volts,- A (8.8) .
magnitude das energías associadas com transformai;óes nucleares _e a responsavel
pelas aplica,óes de grande escala da física nuclear, e pelo surg1mento do. novo
campo da engenharia nuclear. onde y, e g, sao definidos pelas Eqs. (8.3) e (8.8) e sao chamados de raziio giro-
_mag1Jética nuclear e fator nuclear g, respectivamente; µ,N é o magnéton nuclear
-·· 8~s
Propriedad~s elétricas e magnéticas do n~cleo. É conveniente i:1cluir ne~te definido pela Eq. (8.3), e temo valor numérico 5,04929 x 10-" erg/gauss. A quan-
ti~ade que mede a magnitude de /.li, e que é chamada de momento magnético nu-
capít.ulo algumas observa,óes adicionais sobre o ~omento ~g':1lar do nucl~o'. assun
colllo urna breve discussao de algumas -das propnedades eletncas e magneticas do clear µ.1 , é ---·•-
micleo. Estas propriedades sao importantes na interp~etai;~o de muitos_ fenómenos h
nucleares e na teoría do núcleo, e ocupam um lugar proemmente na física ~ucle~r. µ¡ = Y¡
2
,r l. (8.9)
Elas está.o entretanto entre os aspectos menos elementares do assunto e nao se~o
tratadas e~ detalhe n~ste livro. Apesar de tudo, alguma familiaridade comas idé1as Os detalhes dos métodos usados para medir spins nucleares e. momentos mag-
e terminología <lestes assuntos será útil ao leitor. -- néticos nao va.o ser discutidos oeste livro. Ao leitor interessado sao indicados os
Cada próton e cada néutron no núcleo_ tém um momel!to angula~ que pode ser trabalhos de Ramsey e Kopfermann lista\los ao final do capítulo, para um trata-
visualizado como sendo causado pelo mov1mento de rotai;ao da part1cula em to~o mento dos métodos e resultados. Mediram-se os spins e momentos magnéticos de
de um eixo através de seu centro de massa. O valor <leste momento angular de spm muitos núcleos, particularmente para o estado fundamental do núcleo, e
é Jh/21r. As propriedades decorrentes da mec3.nica ondulatória para º1!1 momento observaram~se certas regularidades nos resultados experimentais. Conclus6es signi-
angular deste tipo sáo tais que sua orienta980 no espai;o pode ser descnta some!1te ficativas sobre a estrutura do núcleo podem ser obtidas dos dados sobre spins nu-
por dois estádos: o eixo de spin ou é .. paralelo" ou ''. ant!para!elo" a qua_lquer dire: cleares e momentos magnéticos, assim como o conhecimento do arranjo dos elé-
yao dada. A componente do spin ao longo de urna direi;ao, ~1ga1!1os o e1xo z, ou e 11 trons extranucleares foi obtido a partir de informai;óes sobre seus momentos angu-
lh/271' ou - Jh/21r. Além disso, cada núcleon pode ser vISuahzado como tendo : 1
lares. Descobriu-se, por exemplo, que/ = O para núcleos contendo um número par
tm momento2 angular associado com o movimento or~ital _dentro do nú~leo. ~e de prótons, e néutrons. Decorre da Eq. (8.9) que, um assim chamado núcleo par-
acordo com a teoria quantica, o momento angular orbital e um vetor cuJa ma10r par, nao deve ter momento magnético, e isto foi demonstrado experimentalmente
componente possível, em qualquer dire980 dada, é um m~ltip!o inteiro de h/21r. como sendo o caso. Esta generalizai;ao e outras provaram ser muito úteis no estudo
Cada núcleon tem um momento angular total i numa dada dtre9ao. com da estrutura nuclear e de outras propriedades.
Outra propriedade que ~ muito importante com rela~ao a.forma do núcleo é o
162 FISICA NUCLEAR A CONSTITUICAD DO NÚCLEO 163

momento elétrico de quadrupolo. Esta quantidade, que náo pode ser discutida de _A: última propriedade que vai ser mencionada é a paridade. Com boa aproxi-
maneira simples, é urna medida do desvio de um núcleo da simetria· esférica. Se ma9~0,. a fun9ao de onda de um núcleo deve ser expressa como o produto de urna
imaginar um núcleo como sendo urna elipsóide de revolm;ao cuja diámetro é 2h ao fun9a? das coor~enadas espaciais e urna func;ao dependendo somente da orienta9ao
longo do eixo de simetria e 2.a em flngulos retos a este eixo, e se supernos que a de sp!n. O mov1mento de um núcleo é dito como tendo paridade par se a parte
densidade elétrica de carga é uniforme ao longo de toda a elipsóide, o momento de es~~cial de s.ua_fun93.o de ~nda ~invariante quando as coorde,!1-adas de espa90 (x, Y:
quadrupolo Q é dado por z) ~o subst1tmdas por ( x, y, - z). Esta transforma9ao das coordenadas e
e9mvalente a urna reflexao em rela9ao a origem da posi9iio do núcleo no sistema de
Q = JZ(b 2 - a 2 ). (8. 10) e1xo~x, Y, z. Qua..ndo a~re~exao muda o sinal da parte espacial da'fun9ao de onda, o
moy1mento do nu~leo e d1to como tendo paridade ímpar. Foi demonstrado que a
Sua magnitude depende do tamanho do núcleo, da extensa.o do desvío da sirnetria pandade de um nucleo num dado estado será relacionada com o valor do momento
esférica, e da magnitude da carga; o sinal pode ser positivo ou negativo. a~gular orbital L; se L .é par, a paridade é par; se L é ímpar, a paridade é ímpar. Um
Descobriu-se que muitos núcleos tCm momentos de quadrupolo; assim, o deutério, sistema de partículas terá paridade par quando a soma dos valores numéricos de L
um núcleo com um próton e um nCutron, tem um valor de Q de + 0,00274 x 10- 24 para t~das suas partículas é par, e paridades ímpar quando a soma é ímpar. Apesar
cm2 , enguanto um isótopo do lutécio Contendo 176 núcleons tem um valor de Q de 7 da pandade p3:recer ser um tipo de propriedade abstrata, as regras de seJe9a 0 para
x 10- 24 cm 2 • A investiga9§.o de momentos de quadrupolo junto com spins e momen- mmtas trans19oes nucleares envolvem condi9óes sobre a paridade, assim como do
tos magnéticos levou a importantes desenvolvimentos na teoría da estrutura nu- momento angular total.
clear, como será mostrado no Capítulo 17.
REFERÉNCIAS
8.6 Propriedades adicionais dos núcleos atómicos. Além de suas propriedades · GERAIS
elétricas e magnéticas, os núcleos tém certas propriedades que nao sao de natureza
física óbvia. Apesar destas propriedades nao serem tratadas em detalhe, o leitor R. D. EVANS, The Atomic Nucleus. New York: McGraw-Hill, 1955, Chap-
deve ao menos saber da existéncia e utilidade dos conceitos envolvidos. As pro- ters 2, 4, 5.
priedades que va.o ser discutidas muito brevemente sao a estatística a qual os nú- E. U. CoNDON and H. ÜDISHAW, eds., Handbook of Physics. New York:
cleos.esta.o sujeitos, e aparidade. McGraw-Hill, 1958, Part 7, Chapters 1-6; Part 9, Chapter'3; by various authors.
O conceitO de estatística em física está relacionado com o comportamento de
N. F. RAMSEY, "Nuclear :Moments and Stati;tii::s" Experimental Nuclear
grandes números--Pe partículas. Assim, a distribui9iio de energías ou velocidades
entr~ as molécul3s-de um gás pode ser descrita pela estatística c1ássica de
r,'
Physics, E. Segre, ed., New York: Wilcy, 1953, Vol. Part III.
Maxwell-Boltzmann; assim como muitas outras propriedades macroscópicas dos N. F. RAMSEY, Afolecular Beams. Oxford: Clarendon Press, 1956.
11
gases. As propriedades de conjuntos de fótons, elétrons, prótons, néutrons e nú- K. F. SMITH, Nuclear l\1oments and Spins/ 1 Progress in Nuclear PhySics,
cleos atómicos nao podem, em geral, ser descritas com base na estatística clássica, O. R. Frisch, ed. London: Pergamon Press, Vol. 6, p. 52, 1957.
e duas novas formas de estatísticas foram inventadas, baseadas na mec8nica qu8n- H. KoPFERMANN, Nuclear JI oments (English version prepared from the second
tica, ao invés da mec8nica clássica. Existe a estatística de Base-Einstein, e a esta- German edition by E. E. Schneider). New York: Academic Press, 1958.
tística de Fermi-Dirac. A questiio de qual forma de estatística qu8ntica se aplica a C. H. TowNES and A. L. ScHAWLow, Jficrowave Spectroscopy. New York:
um sistema de partículas de um dado tipo está relacionada ·com urna propriedade McGraw-Hill, 1955. ·
particular da fun9iio de onda que descreve o sistema. Esta propriedade tem a ver
com o efeito da mudan9a de todas as coordenadas sobre a funi;áo de onda de duas
partículas identicas, digamos, dois prótons num núcleo. Um núcleon é"descritoipor
urna fun9iio no seu espa90 de trés coordenadas e o- valor de seu spin, caso ·seja
.1/J/27r ou - fz/21r. A estatística de Fermi-Dirac se aplica a sistemas de pa~ícu-
las para as quais a fun9§.o de onda do sistema é anti-simétrica, isto é, ela muda de
sinal quando todas as coordenadas (trés •espaciais e um spin) de duas partículas
idénticas sao trocadas. Decorre a partir desta propriedade da fun9iio de onda que
cada estado qu8ntico completamente identificado pode ser ocupado por somente
urna partícula; isto é, o princípio da exclusa.o de Pauli se aplica a partículas que.
obedecem a estatística de Fermi-Dirac. Deduziu-se a partir de experiéncias que
elétrons, próJons, e ñéutrons obedecem a estatística de Fermi-Dirac, assim como
todos os núcleos de número de massa A ímpar. Na estatística de Rose-Einstein, a
furn;ao de onda é simétrica, isto é, ela nao muda de sinal quando se trocam todas as
coordenadas de qualquer par de partículas idénticas. Duas ou mais partículas
podem estar no mesmo estado quántico. Todos os núcleos tendo número de massa
A par obedecem a.estatística de Bose-Einstein. Existe urna correla98.o direta entre o
momento angular total de um núcleo e sua estatística: partículas de Fermi-Dirac (A
ímpar) tém momento angular do núcleo total que é múltiplo semi-inteiro de h/21r,
enquanto partículas de Base-Einstein (A par) tem momentos que sao múltiplos in-
teiros de lz/21r.
ISÓTOPOS 165

uránio X1 (UX 1), tem um número atómico de 90 e um número de massa de 234. O


ur8.nio X1 emite urna partícula ,8 dando o produto ur8.nio X2 (UX 2 ) com um número
atómicci de 91 e um número de massa de 234; UX 2 , por sua vez. emite urna partí-
cula /3 dando o elemento ur8.nio II (UII), com um número atómico de 92 e um
número de massa de 234. Portante, UI e UII temo mesmo número atómico 92.
Segue-se que estes dois elementos devem ser inteiramente idénticos em todas suas
9 propriedades químicas, e de fato é impossível separar estes dais elementos por
meios químicos; eles sao isótopos. De um ponto de vista químico, a mistura consti-
tuí um mesmo element~. Mas, o UII emite urna partícula a dando o produto iónio.
com um número atómico de 90 e um número de massa de 230. O tório que aparece
na natureza também tem o número atómico 90. e tem o número de massa 232.
Portante, tório e iónio,· e UX 1 também sao isótopos. Existem muitos outros grupos
Isótopos. de isótopos entre os elementos radioativos, e eles sera.o discutidos mais detalhada-
mente no capítulo seguinte. Os elementos UXi. UX 2 e UII, que sao isótopos do
tório (Z = 90), protactínio (Z = 91) e uranio (Z = 92), respectivamente. tém todos
eles números de massa 234. Sao elementos quimicamente diferentes, com o mesmo
peso atómico ou número de massa, e sao chamados de isóbaras.

9.2 Análise de raios positivos e a existencia de isótopos. Depois que a existén-


cia de isótopos foi demonstrada para elementos radioativos, Thomson (1913), por
experiéncias de deflexao com raios positivos, provou que também ocorrem isótopos
entre· os elementos comuns. O trabalho de Thomson foi estendido e melhorado pór
Aston,. que desenvolveu um novo tipo de aparelhagem de raios··positivos que cha-
mou de espectrógrafo de massa. Astan mostrou que a maior parte dos elementos
9.1 Radioatividade natural e os isótopos. A descoberta de isótopos foi um dos sao misturas, tendo em alguns casos até nove ou deZ isótopos. Ele também foi
resultados do trabalho com elementos radioativos. Descobriu-se que geralmente o capaz de obter medidas muito precisas das abundancias relativas dos isótopos dos
produto do decaimenio radioativo é também radioativo, e que cada um dos produ- diferentes elementos. Os usos mais importantes aos quais o espectrógrafo de massa
tos do_ decaimento s"e~comporta quimicamente de maneira diferente de seu pai ime- foi aplicado por Aston e outros foram a identifica9ao dos isótopos e a determina9ao
diato e -de seu filho resultante. Provou-se que o rádio, um metal com um peso precisa de suas massas. A massa isotópica é urna das quantidades que podem· ser
atómico de 226, era um produto da desintegra,iio a de um elemento ao qua! f?i medidas diretamente, fato essencial a compreensao do núcleo atómico, e tornar-
dado o nome iOnio. O rádio por sua vez emite urna partícula a, formando o gas se-á evidente a importáncia de medidas bastante precisas desta quantidade.
radónio, que também é radioativo. As propriedades químicas do iónio se mostraram Urna forma do aparelho usada por J. J. Thomson 1 para a análise de raios posi-
similares 8s do tório e, de fato, os dais elementos quando misturados nao podiam tivos é mostrad·a esquernaticamente na Figura 9.1. A descarga l)e:la qual os raios
ser separados químicamente mesmo com métodos extremamente sensíveis. Além positivos sao produzidos ocorre no tubo grande A. O anodo é um pino de alumínio
disso, descobriu-se que iónio e tório eram identicos espectroscopicamente. O e. ~- D; o catodo K tem um buraco muito pequeno através do qual paSsam os íons positi-
tudo sistemático dos elementos radioativos mostrou, entretanto, que o peso at.o- vos. O catodo é mantido fria durante a descarga por rneio de urna camisa de água J.
mico do iónio devia ser 230, enguanto que se sabia que o do tório era 232. OutrCls_. Permite-se que o gás a ser estudado passe através de um fino tubo capilar de vidro
pares dé elementos também foram descobertos, e· eram id&riticos quimicamen'te, L, e, após circular através da-aparelhagem, é bombeado para fara em F. A pressao
diferindo, porém, no peso atómico. Soddy, em 1913, sugeriu como nome para eles a no tubo é ajustada de tal forma que o potencial de descarga é de 30.000 a 50.000
palavra isótopos, significando o mesmo lugar na tabela periódica. volts.
A maneira pela qual surgem isótopos nos elementos radioativos pode ser en- Os íons positivos emergem do final do catodo como um fino feixe de íons cujas
tendida em termos do efeito do decaiment'o radioativo no número atómico e peso velocidades dependem de suas cargas e massas e do potencial de descarga. O feixe
atómico. Cada vez que urna partícula a é emitida, a carga· do núcleo do átomo é analisado fazendo com que passe entre a~ pe9as de ferro doce.P 1 e P 2 , que sao
radioativo decresce de duas unidades, já que a partícula a carrega urna carga posi- colocadas entre os pólos M e N de um eletroíma; P 1 e P 2 sao os pólos do íma mas
tiva de duas unidades·. Ao mesmo tempo, a massa atómica decresce de quatro uni- esta.o eletricamente isoladas de Me N por tiras isolantes/. Assim, P 1 e P 2 podem
dades. Cada vez que. urna partícula /3 é emitida, a carga nuclear cresce de urna ser mantidos a qualquer diferem;a de potencial desejada, de modo que no espa90
unidade p6rque urna. carga negativa é removida, mas a massa praticamente nao entre eles pode haver campos magnéticos e elétricos paralelos. Um íon positivo se
muda. Assim, a emissao de urna partícula a causa um decréscimo de duas unida~es movendo da esquerda para a direita oeste espai;o sofre urna deflexao no plano do
no número atómico, isto é, um deslocamento de duas vagas na tabela periódica. A papel por causa do campo elétrico, e perpendicular ao plano do papel por causa do
emissao de urna partícula /3 causa um aumento de um no número atómico, isto é, campo magnético. Após deixar o espa90 entre P 1 e P 2 • a partícula desviada se move
um deslocamento de urna vaga para a direita na tabela periódica. Esta leí, primei- numa "ca.mara" C evacuada, na qual nao existem campos. e cai s_obre urna tela
ramente deduzida por Soddy e Fajaos em 1913, é conhecida corno a leido desloca- fluorescente ou urna chapa fotográfica S. Urna armadura de ferro doce W é colo-
mento da radioatividade. Considere o que acontece como resultado do decaimento cada entre o íma e o tubo de descargas para impedir que o campo magnético inter-
radioativo do elemento chamado uránio I (UI) com um número atómico de 92 e um fira com a descarga no tubo A.
peso atómico (ou número de massa) de 238 unidades. Este elemento emite urna Thomson deScobriu que os íons positivos, depois de passar através dos cam-
partícula a, e, de acorde com á lei de deslocamento, o produto, que foi chamado de
ISÓTOPOS 167
166 FISICA NUCLEAR

O campo magnettco exerce urna fon;a Hqv sobre a partícula, que conseqüente-
mente sofre urna deflexao z' na dire9ao z, dada por

D
(9.2)
I,

Após passar através pos campos, a partícula se move numa linha reta. Se a distán-
cia da chapa fotográfica aos campos é grande comparada com L, o ponto onde a
partícula atinge a placa vai ter coordenadas y e z. que sao proporcionais a y' e z'. A
última condi<;iio é obtida eliminando-se v das Eqs. (9.1) e (9.2),

2 q H2 (9.3)
z - CM E[Y,

(u) onde C é urna constante que depende das dimensóes do aparelho. A Eq. (9.3) re-
presenta urna parábola. Para valores constantes dos campos E e H, íons com dife-
rentes valores de velocidade \' mas com o mesmo valor de q /M devem fazer um
Feixe de trar;o parabólico na chapa fotográfica, como Thomson enéontrou. Íons com diferen-
~ tes valores de q/M produzem diferentes parábolas. Se nao há campos, o feixe de
íons vai atingir a placa num ponto, alinhado como furo através do catodo, chamado
de ponto sem desvio.
Se os íons num feixe de raios positivos tem o mesmo valor de q/M mas pos-
suem diferentes velocidades, observa-se urna parábola como a indicada por A na
Figura 9.2(a). Se esta.o presentes íons com o meSmo valor de q, mas com urna
massa M' maior que M, urna parábola E diferente vai.ser observada. Esta parábola

z
CONJIN•ª
y '· '- i


gem. (b) Forma~ao das parábolas de Thomson.
(b)

'
Fig. 9.1 Método de Thomson para a análise dos raios positivos. (a) Diagrama da aparelh3::.

pos, formavam um conjunto de parábolas na,chapa fotográfica. A equa9ao-de urna o


J?=:
¡b
y
.

dessas parábolas pode ser facilmente deduzida, e ela envolve a raza.o carga-massa
dos íons no feixe. Suponha que um íon de massa M, carga q e velocidade v entra no
espar;o f'iP 2 ao longo de urna trajetória coincidente com o eixo x de um sistema de
coordenadas retangulares com origem no espar;o P 1P 2 • Sejam E e H as intensidades
de campo elétrico e magnético, respectivamente; seja L o comprimento da trajetória ·
através dos cam·pos: e süponha que este último é constante e termina abruptamente. 1

A forr;a eletrostática no íon é qE tal que o íon é sujeito a urna acelerar;ao qE/M na
direr;ao do campo. O tempo consumido para passar através do campo é L/v. A
(a) (b)
partir da fórmula usual para a dis-táncia percorrida por urna partícula sob urna acele-
rar;ao constante, a deflexfio y' a partir do eixo x é
Fig. 9.2 Parábolas de raios positivos obtidas pelo método de Thomson. (a) Diagrama esque-
mático das parábolas. (b) Parábolas reais obtidas por Thomson (1913). Ne" é Nct": Ne 1i é
y'= le
2 lll
qE (!.:.)2
v
(9.1)
Ne 22 • A figura inferior teve um tempo de exposic;5.o maior que a superior. e mostra o fraco
tra90 do Ne 22 , que é quase invisível na figura superior.
16B
FÍSICA NUCLEAR
ISÓTOPOS 169
vai estar abaixo de A porque o deslocamento magnético é menor para os íons mais
pesados. Se a massa M dos íons que dá a parábola A é conhecida com precisáo, · ,._ . O t ,. afo de massa e o espectrómetro
entao M' pode ser determinada da seguinte maneira. O campo magnétic,o é inver- 9.3 Massas isotópicas e a~unfa~cra;:h es::;;: anáiise de raios positivos era
tido após metade do tempo de exposi-;iio da chapa, e obtém-se um par de curvas C de massa. O método da par_a~o a e d~:massas e velocidades, mas nao podia
e D que s8.o as imagens especulares de A e B; a linha média Oy é também obtida adequado para obter urna visao ger~l , . abundancias O estudo quantita-
desta maneira. A partir da Eq. (9.3), segue-se que M'/M = (ad/be)', e a última fornecer valores precis9s _d: massas 1sotop1~a:ee ueria a dete~ina98.o das massas
tivo po_sterior da consttt:115=ao dos elemento q arte em mil. Para atingir este fim,
raz§o pode ser medida sobre a placa, dando a massa M' em termos da massa ató-
isotópicas com urna prec1sao de pe!o mtn~s urna :a O método de análise de Aston
mica padriio M .. Por urna análise sistemática das posi~óes relativas de diversos tra-
~os que aparecem sobre urna série de chapas, Thompson foí capaz de determinar a AstonJ (1919) desenhou o espectrogra o e m:!1 s~ alcan9ava urna maior dispersa.o
origem dos tra90s. Parábolas correspondentes a H+, H+ 2 , o+, o+ , co+ e outros era um aperfei9?amento~ do_ dedT~oms~:•d?i!ntes massas) e todos os íons com um
2
íons com massas conhecidas foram identificadas. Estes íons podiam entao ser usa- (isto é, urna ma1or sepa a9ao e IOns fi o m vez de estarem espalhados por urpa
do.s como padróes a partir dos quais podiam ser determinadas as massas dos íons dado· valor q/M eram I_evados a u~ ~c e . r sensibilidade e precisa.o.
produzindo outros tra!;os. Se os raios positivos consistem de urna mistura de dife- parábola. ~or estes me1os, !º~ª~ :tmg1_das_:a~~pectrógrafo de massa de Aston é .
rentes íons, as intensidades relativas das parábolas individuais correspondem 3s Um diagrama esquematico o ~r_1me1 . dos de um tubo de descargas passam
abund3ncias relativas dos vários íons na mistura. mostrado na Figura 9.3. Os raios po_s1uvos ~m S e enetram nd espa90 entre
2
Em 1912, Thomson analisou as parábolas de raios positivos formadas quando através de du~s. fendas paralelas mmtoo e:1~~~~~ :~t~e ;sta~ placas causa urna defle-
o neónio era usado como fonte dos íons [Fig. 9.2(b)J. Coma aparelhagem que usou, as placas ~etahcas P_ 1 e!' 2· Um cam~ o valor do des vio maior quanto menor ~
as parábolas corresponden tes a massas diferindo de 10% podiam ser claramente xao, dos tons em dtre9ao a 1:2, sen ~ rt'culas nu·m amplo intervalo de veloc1-
distinguidas. O peso atómico do neónio tinha sido determinado como 20,20, e o velocidade dos íons. O fino fe1xe cfnte~ pa I elhadas quando passam através do
neónio era o elemento mais leve cujo peso atómico diferia significativamente de um darles, com o resultado de '!ue e a_s sao _esp or meio de um diafragma relati-
número inteiro. Urna parábola intensa foi encontrada, como previsto, numa posi!r3.o campo. Um grupo desta_s part1culas e sele~m;a~ ~sta corrente divergente de íons
correspondendo ao peso atómico 20. Uri, tra!;o muito menos intenso também foi vamente largo D. Depo}s_ de ~ªJ~ardatr:~~scír~ul~ em O' perpendicular ao plano do
encontrado c;orrespondendo a um peso atómico 22. As mesmas duas curvas, comas entra num campo magn~t_1co, m tea o p - c mo mostrado no diagrama, senda
mesmas densidades relativas, foram obtidas com amostras de neónio de difere~tes papel. O campo rnagnet1co c~ui5a tdefle;t~e::io ~ais desviados qlle os mais rápidos.
purezas e para diferentes condi!;óes de descarga e pressao do gás. Nenhum ~le- que os íons que se ?1ovem !11a1s en ame nt se entrecortam com aquelas dos íons .
mento de _peso atómico 22 era conhecido; o tra90 nao podia ser identificado com As trajetórias dos _1ons ~a1s lentos, po:~toºF Se o instrumento é desenhado apro-
nenhum íon moleclllar conhecido. Os fatos experimentais sugeriam que o neónio que se movem ma1s rap1damente nu~ p d 1M mas ·energias levemente diferentes,
podia existir em duas .formas que nao podiam ser di~tinguidas quimicamente, mas priadamente, í~ns tendo o m~s1:10 ~a or n~!a chapa fotográfica. Outros íons com a
que tinham diferentes Pesos atómicos. O peso atómico químico 20.20 seria resul- podern ser traz1dos p~ra um umco oco I de /M diferente, sao trazidos para um
tante da Presen9a de nove vezes -mais átomos de neónio com peso atómico 20 que mesma faixa de energias, mas com um va ~r qO foco ara um determinado valor
com peso atómico 22, urna vez que foco num ponto diferente na chapa fotog;áf~cad ma a~álise é urna série de linhas
.de q/M é na realidade urna l:h~-' ~ ºs rit~~~a :Or ~:usa desta semelhanc;a, a série de
parecidas com um espectro e m a . aparelho é um espectrógrafo de massa.
(9 X 20) + (1 X 22) =·
20' 2 .
linhas é chamada de espectro de massas e o
,. ·

sao mostrados na 1gura · ·
9 4·
,'. 10. Algun~ espectro_s d~ ~assa t1~1cos d terminadas quantitativaménte de várias ma-
As massas 1sotop1cas, po em ser e l osi96es das linhas causadas pelas
A su~~-~fi~(dé ·qté·_•o ~eÓnio tem dois isótopos era tao surpreendente. que neiras diferentes. Num metodo, ~or exemp o..? :~{oes das linhas causadas por subs•
Aston procurou outras eVidCncias que pudessem confirmá-la. Era bem conhecido massas em questao sao compara as com _as p recisao Com este novo instru-
que um gás leve difunde-se através de urna parede porosa mais rapidamente que urn t3.ncias padrao, c_ujas massas sao conhec1d~~tq°:r Pdúvida,. que o neónio tem dois
mento, Aston f01 capaz de-provar, sem q
gás mais pesado, e Aston usou esta propriedade nurna tentativa de conseguir urna
se)'ara9áo parcial dos dois constituintes do neónio. Ele passou urna amostra de
neónio através de um filtro, coletou a por9ao do gás que se difundiu através· do
filtro, fez com·que ela se difundisse mais urna véz, e assim por <liante. Após repeti-
das difusOes e redifusóes, obteve, a partir de 100 cm 3 de gás de neónio comum,
3
duas fra96es de 2 a 3 cm com pesos atómicos, calculados a partir de suas densida-
des, de 20,15 e 20,28, respectivamente. A fra~ao com o menor peso atómico foi
imaginada como contendo mais neónio de peso atómico 20 que o neónio ordinário;
a fra~ao com o mai9r peso _átómico supunha~se conter mais neónio de peso atómico
22 que o neónio ordinário. As mudan9as nas propor96es dos dois constituintes
foram suficientemente grandes para produzir apreciáveis mudan9as na intensidade
relativa dos dois tra9os (para as massas 20 e 22) na fotografía dos raios positivos.
As mudan!;as na intensidade correspondem aproximadamente ao grau de enrique-
cimento ou empobrecimento do constituinte de massa 20. Apesar da prova nao ser
completa, era difícil evitar a conclusa.o de que existiam dois isótopos do neónio, um
com peso atómico 20, o outro com peso atómico 22. ·
Fig. 9.3 Diagrama do primeiro espectrógrafo de massa de Aston (1920).
170 FÍSICA NUCLEAR ISÓTOPOS 171 11

isótopos com massas muito próximas aos inteiros 20 _e 22, ~espectivame~te. 4 Ele As trés equa96es siio resolvidas simultaneamente, com 0 16 = 16 unidades de massa
também mostrou que no espectro de massa do cloro nao havia ner.ihuma lmh~ cor- atómica (exatamente), e o resultado é
respondendo ao peso atómico quí~ico do ~loro (35.4?)- Em vez d1sso. duas ~m~~s
foram vistas. correspondendo mmto prox1mamente as massas 35.0 e 37 .O, a pr_1- 8 32 _
32 - a,
meira senda a linha mais intensa. Este resultado mostrou que o cloro tem do1s
isótopos de massa atómica quase inteira, e o cloro co!11u_m é u_m~ mi_stura <lestes c12 ..,_ b - a
1...9 ' 4
dais tipos de átomos numa tal propoq;iio que ~ peso atom1co qmm1co e 35,46. J

Astan aperfei9oou o desenho do espectrografo de massa, e em seu_ ~egundo


instrumento5 podiam ser determinadas massas isotópicas com urna prec1~a~ de 1 H' = 1 ..,_ a - b +e
parte em 10.000. Com este instrumento, _Astan determinou a~ m~ssas dos isotopos ' l(j
de um grande número de elementos, ass1m como suas abu~da~ctas, e mostrou que
as massas dos átomos slio próximas, mas nií.o exatamente, mte1ros quando a massa Ciclos mais complicados envolvendo um maior númerü de átomos podem também
do oxigenio é tomada como 16. Por exemplo, descobriu-se que os isótopos do cloro ser usados e podem ser obtidos resultados muito precisos: valores de diferen¡;as de
'tém massas 34,983 e 36,980 em vez de 35,0 e 37,0, respectivame~te ..Instrumentos massa de dubletos foram compilados,!;,, e valores das massas atómicas determina-
dos por este método. B- 1•
posteriores desenhados e construídos por A:ston, Demps~e~, Bat~b:1dge. Jordon,
Mattauch e outros forneceram massas isotópicas com prec1soes prox1mas a I parte Será visto no Capítulo 11 que informa9óes a partir de rea¡;óes nucleares tam-
bém podem ser usadas para determinar massas atómicas com precisa.o comparável
em I 00.000. · • • d
As medidas espectroscópicas modernas de massas sao baseadas na tecmca e a obtida com métodos de espectroscopia de massa. As melhores compila96es de
dubleto de massa na qual a quantidade realmente! medida é a .di~eren<;a de _massa massas atómicas geralmente combinam resultados obtidos com ambos os
métodos. 18- 21
entre dais íons de mesmo número de massa, mas tendo massas hgetramente diferen-
tes. Os novos espectrómetros possuem grande dispersa.o, isto é, a distancia entre Outras técnicas também foram desenvolvidas 22 as quais sera.o apenas mencio-
nadas aqui. O cronótron de Goudsmit 2ª- 2 ~• mede o tempo necessário para que os
íons descrevam um número de revolw;6es num campo magnético uniforme. Este
tempo é proporcional a massa do íon, com o resultado de que a precisa.o é pratica-
1yy¡ f r 11i~?r~.r ~
ll)CO""-~
mente constante para todas as massas, enquanto que a precisáo que pode ser obtida
I SAé.JWi 4§ .Ve
como espectrógrafo de massa decresce como aumento da massa. Outro dispositivo
./ 111 ~
~ t.'~-~ ~R
~ que depende do movimento angular de íons num campo magnético conhecido é o
11 ' l ' 1 1L
&,ft iFEF ? ' r:z
Mtf ffirtr«'15>1 sincrómetro de massa, 26 que tem dado bons resultados. Espectroscopia de micro-
ondas27 também tem sido usada com sucesso para a medida de massas atómicas.
a ~ I:! ll!li!l:ll! Num estudo sistemático de isótopos, é essencial conhecer náo somente as
111 ' ' massas isotópicas, mas também o número relativo de átomos de cada isótopo de um
"' ~ :¡: elemento. O espectrógrafo de massa pode ser usado para fa_z_e_r medidas de abun-
~
7 "' ~

A déincia, e de fato muitos dos isótopos hoje conhecidos foram descobertos e tiveram
VI
suas abundancias medidas primeiramente por Astan através <leste instrumento.
- ~ig. 9.4 E~pect;~ de mass~ ob;ido por Áston com seu primeiro espectrógrafo (1920). Quando usado para medidas de abundancia, ~ntretanto, o espectrógrafo de massa é
inconveniente porque se usa urna chapa fotográfica para registrar os diferentes íons
-., dos isótopos, e o procedimento de determinar abundancias a partir dos tra<;os das
du~s,,lmh~s n~-m-'ct"ubi~to é ~~~lativamente grande, e difereri<;as em massa podem ser
medidas com grande precisa.o. A massa de um dos membros ~o _dubleto deve ser
conhecida com precisa.o. Compostos de hidrocarbonetos (que ~ao 10ns. molec_~~ares) A--r-+
sao usados como fontes de massas de referéncia por causa da relativa fac1hdade p
com que fragmentos _de praticamente -9ualquer massa podem ser obtido ~ par:3 _com-
para<;iio com outros 1ons de mesmo numero de massa. As massas de C 1 , o isotopo
de carbono de número de massa 12, e H 1 , o isótopo de hidrogénio de nú~er.? _de
massa I, sáo usadas como padr6es secundários, coro o 0 16 como ~adra.o pnma_n?.
As massas de C 12 e H 1 em rela<;áo a do 0 16 podem ser determmadas por vanas
maneiras diferéntes. Um método é medir as seguintes diferen<;as de dubletos de
massa:

(01'), - s32 = a,

Fig. 9.5 Diagrama do espectrómetro de massa de Dempster.


172 FISICA NUCLEAR ISÓTOPOS 173

Volts 180
935 911 888 5 8665 846
160

140

' 120
'
100
o
80

o 60
2
1 11~ 40

o - µo-o'
38 39
' p.,._. ...... V
40
Peso atómico
41
\
42
20

o . 1 \
'
207 206 205 204 203 202 201 200 199 198 197 196 195 194
Fig. 9.6 Espectro de massa do potássio (Dempster, 1922).
Unidades de massa atómica

chapas· é, tanto mais entediante, quanto ~enos confiável que as medidas diretas Fig. 9.7 Espectro de massa do merc_úrio (Nier, 1937).
feitas com um insttumento um pouco mais simples, o espectrómetro de massa.
Na época do deseJ}volvimento do espectrógrafo de massa por Aston, Demps-
ter28. construiu um -insthtmento que era basicamente mais simples e apropriado para a placa coletora P. A corrente medida pelo eletrómetro é proporcional ao número
fazer medidas de abund3.ncias, apesar de niip poder ser usado para fazer medidas de íons positivos que a atinge por unidade de tempo e, como a cada potencial de
precisas de massa. Ele foi chamado de espectrómetro de massa porque a corrente acelerayao corresponde urna detenninada massa de partícula a corrente pode ser
de íons era medida eletricamente em vez de ser registrada numa chapa fotográfica. posta num gráfico em fun9ao do peso atómico. Urna curva típica obtida por Demps-
Um diagrama esquemático de um dos modelos de espectrómetro de Dempstei- é ter para o potássio _com um aparelho ligeiramente modificado é mostrada na Figura
mostrado na Figura 9.5. Íons do elemento a ser analisado sáo formados 9.6: Existem dois isótopos com pesos atómicos 39 e 41, o_ primeiro sendo muito
aquecendo-se um sal do elemento, ou bombardeando-o com elétrons. Quando ma1s abundante; para a razáo entre as abundáncias, Dempster obteve 18: t.
emergem da fonte A. os íons sao acelerados através de urna diferen9a de potencial Durante os anos mais recentes, em grande parte devido a técnicas de vácuo
V de cerca de 1000 volts por um campo elétrico mantido numa regiiio entre A e C. aperfei9oa~as e ao desenvolvimento de novos métodos de medidas elétricas, a es-
Urna fenda S, na placa C permite que um pequeno feixe de íons passe para dentro pectro~etria de massa avanyou rapidamente. Um dos instrumentos mais úteis é o
da regiáo de campo magnético H. Na passagem de A até C, os íons positivos carre-- 1
Nier;29 que tem poder d~ _resoluyao e sensibilidade extreritamenfo a1tos, tendo sido
gando urna carga q adquirem urna energia igual a q V. Esta energia também pode ser especialmente desenhado para a procura de isótopos raros ·e inedir abundáncias
representada por jMv 2 , onde M ·é a massa do íon positivo e v sua velocidade quando relativas. Ele é urna modifica9iio do aparelho de Dempster e deu resultados como
emerge da fenda em C; c.onseqüentemente, os mostrados na Figura 9.7. A figura mostra um .. espectrograma de massa" do
mercúrio, e as abundáncias dos isótopos sao praticamente proporcionais a magni-
qV = ½Mv 2 • (9.4) tude dos_ picos da corrente positiva de íons. Urna forma mais recente do espectró-
metro desenhado por Nier'º é mostrada na Figura 9.8. Sao produzidos í<ins pelo
Se o campo magnético é perpendicular ao plano do papel, os íons váo ser foryados a bombardeamento por elétrons do gás sob estudo; e acelerados por urna diferen9a de
se mover ao longo de urna trajetória circular definida pela relayáo ~tencial de cerca de 1000 volts. O feixe de íons passa através de um campo magné-
tico com forma de cunha no qual sofrem urna deflexao de 60º, em vez de 180º como
Mv 2 (9.5) no espectrómetro de Dempster. Esta deflexao torna possível obter alta resolu-;;ao
Hqv= R' com um íma simple_s. ·No diagr:¡¡ma, o feixe de íons é dividido em duas partes que
incidem sobre coletores"-Segarados e sao medidos por amplificadores separados.
onde R é o raio do círculo. Como o raio de um círculo deve ter um certo valor Este instrumento tem sido usado para conseguír abundáncias isotópicas muito pre-
definido para que os íons passem pela fenda S 2 e sejam detectados por um electró- cisas. ,
metro em P, é claro que somente os íons com um determinado valor de q/M, diga-
mos q/M', sera.o recebidos para urna dada combina-;;ao de potencial de acelera-;;ao e 9.4 Os isótopos estáveis dos elementos e suas abundáncias percentuais. O es-
campo magnético. Variando-se a diferen9a de potencial V, íons com diferentes va- pectro de massas dos elementos foi investigado em detalhe e detenninada a compo-
lores de q/M sao, por sua vez, obrigados a passar através da segunda fenda S 2 para si9ao isotópica dos elementos. 31 • 32 • 33 Os resultados obtidos para os isótopos de 83
FISICA NUCLEAR

Medidor de
ISÓTOPOS 175
ionizai;fi.o tipo
Phillips
Tabela 9.1 Os nuclídeos estáveis e suas abundilncias percentuais

Sím- Número Número Abundáncia Sím- Número Número Abundáncia


Pólos de
bolo atOmico, de massa, relativa, bolo atómico, de massa, relativa,
Alnico z A % z A %
H 99,9849- A 18 36 0,337
99,9861 38 0,063
40 99,600
' D 2 0,0139-
!1 0,0151 K 19 39
40
93,IO
0,012
'' He 2 3 ~10-5-lQ-4 41 6,88
íma 4 -100
Ca 20 40 96,97
Li 3 6 7,52 42 0,64
7 92.48 43 0,145
44 2.06
Coletores Be 4 9 100 46 0,003
íons 48 0,185
B 5 JO 18.45-
19,64 Se 21 45 !00
11 80,36-
Bomba de 81,55 Ti 22 46 7,93
difusa.o de 47 7,28
Para n. 10 mercúrio
c 6 12 98,892 48 73,94
Para n. 0 2 49 5,38
13 1,108
50 5,34
N 7 14 99,634
V 23 50 0,24
15 0,366
Pré-amplificador 51 99,76
o 8 16 99,759
Cr 24 50 4,31
Fig. 9.8 Diagrama esquemático de um espectrómetro de massa de Nier (Nier'3°). 17 0,037
18 0,204 52 83,76
53 9,55
F 9 19 100 54 2,38
e1ementos foram coletados na Tabela 9.1. Antes de· discutir estes resultados, sao
necessárias algumas observa~óes sobre termin'ologia. Nos anos mais recentes, o Mn 25 55 !00
Ne 20 90,92
termo nuclídeo tem sido largamente aceito para urna espécie de átomo caracterizada 21 0,257
Fe
22 8,82 26 54 5,82
pela constitui~ao de seu núcleo, isto é, pelo número de prótons e neutrons que ele 56 91,66
contém. Assim, as espécies atómicas listadas na Tabela 9.1 se referem aos nuclí-
deos estáveis que ocorrem naturalmente. Similarmente, toda espécie radioativa é
Na 11 23 ·wo 57
58
2,19
0,33
um nuclídeo radioativo ou radionuclídeo. Um isótopo é ent:io um de um grupo de Mg 12 24 78,70
dois ou mais nuclídeos tendo o mesmo número de prótons ou, em outras palavras, 25 10,13 Co 27 59 IO0
tendo o mesmo número atómico. Um elemento como o berilio ou alurifínio, dos 26 11,17
Ni 28 58 67,88
quais existe na natureza somente urna espécie, é considerado como se formando de 60
Al 13 27 100 26,23
único nuclídeo estável, em vez de urn único isótopo estável, urna vez que a palavra 61 1,19 .
isótopo implica ern que mais de urna espécie ocupe o mesmo lugar na tabela perió- Si 14 28 92,21 62 3,66
dica. Um nuclídeo é usualmente indicado pelo símbolo químico com um subscrito a 29 4,70 64 1,08
esquerda que dá o nffmero atómico. e urn sobrescrito a direita que dá o número de 30 3,09
Cu 29 63
massa; no síÍnbolo ;,s,i_, Z é o número atómico. A é o número de massa e S é o 69,1
p 65 30,9
símbolo químico. Assim, o símbolo 50Sn 12º representa o nuclídeo com 50 prótons e 15 31 IO0
um número de massa de 120; ele é um dos dez isótopos do estanho. O número de Zn 30 64 48,89
néutrons é, naturalmente, igual a A - Z. Algumas vezes. nao é necessário mostrar s 16 32 95,0 66 27,81
33 0,760 67
o número de prótons explicitamente, e o símbolo para o nuclídeo é entao resumido 34 4,22
4,11
a SA. 36
68 18,56
0,014 70 0,62
Nem todos os nuclídeos listados na Tabela 9.1 sfio realmente estáveis. Tório e
CI 17 35 75,529 Ga 31 69 60,4
37 24,471 71 39.6
1,

1
:1
176 FISICA NUCLEAR
ISÓTOPOS 177
Tabe/a 9.1 (Cont.) Os nuclídeos estáveis e suas abundáncias percentuais Tabela 9.1 (Cont.) Os nuclídeos estáveis e suas abundáncias percentuais

Sím-
bolo
Número
atómico,
Número
de massa,
Abundáncia
relativa,
Sím-
bolo
Número
atómico,
Número
de massa,
Abundi'lncia
relativa,
r
.~ Sím-
bolo
Número Número Abundáncia Sím- Número Número Abund'áncia
z atómico, de massa, relativa,
A % z A % z A %
bolo atómico,
z
de massa, relativa,
A %
Ge · 32 70 20,52 1
Rh 45 103 100
72 27,43 ' 134 10,44 Ho 67 165 100
73 7,76 ¡ 136 8,87
Pd 46 102 0,96
74 36,54
Cs
Er 68 162 0,136 1
76 7,76 104 10,97 55 133 100 164 1,56
105 22,23
Ba 56 166 33,41 11
As 33 75 100 106 27,33 130 0,101 167 22,94
108 26,71 132 0,097
Se 34 74 0,87 110 ll,81 134 2,42
168 27,07 !I
170 14,88 11
76 9,02 135 6,59
Ag 47 107 51,35 136 7,81
77 7,58 Tm 69 169 100
78 23,52 109 48,65 137 l 1.32 l¡I,
80 49,82 138 71,66 Yb 70 168
Cd 48 106 1,215 0,135
82 9,19 170 3,03 1
108 0,875
Br 35 l 10 12,39 La 57 138 0,089 171 14,31
79 50,54 11
l ll 12,75 139 99,9!!
81 49,46
l 12 24,07 Yb 70 172 21,82 111

Kr 36 78 0,354 l 13 12,26 Ce 58 136 0,193 173 16,13


80 2,27 !!4 28,86 138 0,250 174 3!.84
82 ll,56 l 16 7,58 140 88,48 176 12,73 111¡,

83 ll,55 142 ll,07 Lu 71 175 97,40


84 56,90 In 49 !!3 4,28 Pr 176 2,60
86 17,37 59 141 100 1'1[
115 95,72
Rb 37 <55 72,15 Nd 60 Hf 72 174 0,18
Sn 50 , !!2 0,96 142 27,ll
87 27,85 143 12,17 176 5,20
!!4 0,66 177 18;50 ¡¡¡;¡
!!5 0,35 144 23,85
Sr 38 84 0,56 145 8,30 178 27,14 ,'·:¡_1
86 !!6 14,30 179 13,75
9,86 146 17,22
87 !!7 7,61 180 35,24
7,02 Sm
88 !!8 24,03 62 144 3,09
82,56 Ta 73
!!9 8,58 147 14,97 181 100 11

y 39 89 100
120 32,85 148 ll,24
122 4,72 149 13,83 w 74 180 0,135
Zr . 40 90 51,46
124 5,94 150 7,44 182 26,41 ¡ili,,
183 14,40 1•,i
91 ll,13 152 26,72

92 17,11
51 12!
123
57,25
42,75
154 22,71 184
186
30,64
28,41
r,1
94 17,40
% 2,80
Eu 63 151 47,82
Te 52 120 0,089 Re 75 185 37,07 11i1I;
153 52,18
122 2,46 187 62,93
Nb 41 93 100 123 0,87 Gd 64 152 0,20
124 4,61 Os 76 184 0,018 :1/1'
Mo 42 92 154 2,15
94
15,84
9,04
125 6,99 155 14,73
186
187
1,59 'I'
156 20,47 l,64
95 15,72 Te 52 126 18,7! 188 13,3
1

96 16,53 128 157 15,68


31,79 158 189 16,l 1i1;1 1
97. 9,46 130 34,49 24,87
160 190 26.4
98, 23,78 21,90
192 41,0 111
100 9,63 1 53 127 100 Tb
Ru 44 96 5,51 Xe 54 124 0,096 Dy
65

66
159

156
100 Ir 77 191
193'
37,3
62,7 (1I;
98 1,87 126 o, 090 0,0524
99 12,72 128 158 0,0902 Pt 78 190 0,0127
1,91 9 :1:11¡
100 12,62 129 160 2,294 192 0,78
26,44
101 17,07 130 161 18,88 194 32,9
4,08
102 31,6! 131 162 25,53 195 33,8 l1i",
21,18
104 18,58 132 163 24,97 196 25.3
26,89
164 28,18 198 7.21 111[11

I:·
,¡1;11
ISÓTOPOS 179
FISICA NUCLEAR
178
par sao muito mais numerosos que aqueles de Z írnpar, e nuclídeos com A par sao
Tabela 9.1 (Cont.) Os nuclídeos estáveis e suas abundáncias percentuais muito mais numerosos que aqueles de A ímpar. Praticamente todos os nuciídeos
coni<A par tém Z par. senda as únicas exce¡;:óes comuns o 1 H 2 , 3 Li6, 5 B 10 e 7 N 14 • Os
nuclídeos 19 K 4 º e 71 Lu 17ü tem Z ímpar e A par, mas sao levemente radioativos, en-
Sím- Número Número Abundáncia guanto que 23 y:.o e 57 La 138 sao muito raros. Os números de nuclídeos com as várias
Sím- Número Número Abundáncia relativa,
relativa, bolo atómico, de massa, combina¡;:óes de números pares ou ímpares do número atómico e de massa sao
bolo atómico, de massa. %
z A % z A
listados na Tabela 9.2. Dos 20 elementos que tém um único nuclídeo, só o berílio
204 1.48 tem um valor de Z par, enguanto que os outros 19 tem Z ímpar. Dezenove elemen-
Au 79 197 100 Pb 82
206 23.6 tos com Z ímpar t~m dois isótopos cada um, e cada um <lestes nuclídeos tem A
0,146 207 22.6 ímpar. Um elemento com Z ímpar, potássio, tem tres isótopos: dois <lestes tém
Hg 80 196 52,3
198 10,02 208 números de massa ímpar, e o único isótopo com número de massa par é o K'w,
199 16,84 levemente radioativo. Os quatro elementos comuns que tém valores de Z e A ímpa-
23.13 Bi 83 209 100 1 res - hidrogenio, lítio, boro e nitrogénio - tém iguais números de prótons e néu-
200
201 13,22 trons. Os elementos que tém mais de dois isótopos (além do potássio) tém todos
29,80 Th 90 232 100
202 valores de Z par.
204 6,85
u 92 234 0,0056
0,7205
Um exame dos valores de Z e A na Tabela 9.1 mostra que nos núcleos está-
203 29,50 235 veis, com a exce¡;:ao do H 1 e He:1; o número de néutrons é sempre maior ou igual
TI 81 99,2739
205 70,50 238 que o número de prótons. Existe sempre pelo menos um néutron para cada próton.
Esta propriedade dos nuclídeos estáveis é mostrada na Figura 9.9. na qual o nú-
mero de neutrons A - Z é colocado num gráfico contra o número de prótons. O
número de neutrons que podem ser incluídos num núcleo estável com um dado
uránio sao radioativos, mas eles existem ero quantidades_ suficientes e coro ati~i- número de prótons é limitado. Por exemplo, estanho com número atómico 50 tem
dade suficientemente pequena para que possam ser maneJados da ~es":ª ~~~elfa número de néutrons de 62 a 74, e os números de massa dos,isótopos do estanho se
que os-e. lementos estáveis. Pelo menos nove isótopos de elementos estave1s que
. . 'd d K4º Rbll1 I 11s Latas Ndl44
encontram entre 112 e 124. Aparentemente, o núcleo de estanho nao pode conter
apareceITl na natureza mostram fraca rad10attv1 .ª _e: , , , !1 , ,. , menos que 62 nem mais que 74 néutrons e ainda permanecer estável. Para os outros
sm1o11, Lu116, Re1s1 e Ptrnº. Estes nuclídeos sao d1stm~os da~ famtl~as ou cadems ~o_s elementos (exceto .o xenónio), esta faixa é menor e -os limites para a existencia dos
radionuclídeos pesadós_ que ocorrem na natureza e sao mmto mat~ fr~cos em at1v1- núcleos estáveis sao mais estreitos.
dade. É-portanto mais cOnveniente incluí-los com os elementos estave1s do que coro As regularidades que foram discutidas acima esta.o muito relacionadas com o
os radioatiVos. , , - · d. · problema da esfabilidade nuclear e devem eventualmente ser explicadas em termos
Comas exce 9óes indicadas, a Tabela 9.1 contero 284 nuchdeos estave:s 1str!- da teoria próton-néutron do núcleo, e, em particular, em termos das for¡;:as entre
buídos entre 83 elementos. Vinte elementos, cerca ?e
um q~ar~o- do total, ?ªº e~p~- núcleons. Oeste ponto de vista, o isótopo de hidrogénio de massa dois (deutério) é
cies únicas; todas as outras sao constituídas de dms ou ma1s isotopos. ~1di:ogemo especialmente importante porque seu núcleo consiste de um próton e um néutron, e
tero dais isótopos, um deles com número de massa 2, tendo urna abundancia rela- o deutério tem um lugar proeminente na fisica nuclear teórica.
tiva de somente cerca de 0,015%. Este isótopo raro, entretanto: tem urna massa d~ Na discussao precedente, supós-se que a abundancia relativa de um isótopo é
aproximadamente O dobro do isótopo c~mum, de ~odo ~u.e a diferen9a ~m massa e constante na natureza, isto é, independente da fonte da amostra que é medida. Esta
táo grande como a própria massa do atomo. d~ h1drogemo. Esta rela9~0 entre as supqsi98.o é verdadeira, em geral. Existem, entretanto, algtimas exce¡;:óes que, ape-
massas é excepcional e, como resultado,· as diferen9as entre a_s propneda~e~ dos sar de interessantes, nao afetam nenhuma das conclusóes tiradas anteriormente a
dais isótopos sao mais mareantes que em qualquer_ou~ro par de 1sot?~os. O 1sot~po partir da considera9ao das abund:incias. As abundancias relativas do H 1 e H 2 de-
do hidrogenio de massa 2 recebeu portanto se~ propr_10 nome,. deu,_teno, _co_m_ o s1m- pendem um pouco da fonte, e a dispersa.o dos Valores dados na Tabela 9.1 mostra
bolo D usado ocasionalmente. Carbono e mtrogemo tambero tero dms 1sotop<:>s, que a varia9ao é pequena. A raza.o das abund:incias do hidrogénio e deutério foi
enquanio O oxigenio tem tres, dois dos quais sao raros. O es:an~o tero ?-.ma~or determinada como 6700 ± 50 para amostras de água de torneira de Londres, Osaka
número de isótopos, dez, enguanto que o xbnónio tem nove, cadmio e teluno tem e várias cidades nos Estados Unidos; isto corresponde ao valor de 0.0149% para a
oito cada um, e diversos elementos tero sete. _ abundancia relativa do H 2 na água de torneira. A faixa de 0,0139% a 0,0151% incluí
Existem algumas regularidades surpreendentes na Tabela 9.1. N uchdeos com Z a varia¡;:8.o sobre urna vasta gama de compostos como água, neve, gelo, compostos
organicos e materiais animais e minerais de muitas fontes. Existein largas varia9óes
na raza.o das abundancias do He 3 e ·He 4 ; por exemplo, a abundancia do He 3 é apro-
Tabela 9.2 Algumas estatísticas de isótopos ximadamente dez vezes maior no hélio da atmosfera do que urna fonte de hélio. O
hélio é formado por minerais radioativos no decaimento alfa, e tal hélio é todo
Número Número constituído de He4 • Em minerais nao radioativos, o conteúdo de Heª varia larga-
impar A Par A Tola/ médio de mente, tendo sido sugerido que o He3 pode ser formado como resultado da trans-
de isólopos
elementos forma¡;:8.o de diversos nuclídeos no ar e no solo por bombardeamento de raios cós-
1,5 micos. Raios cósmicos sao radia¡;:óes altamente penetrantes·que se originam fora da
Z ímpar 40 53 8 61
terra e consistem de prótons. elétrons. néutrons. fótons e outras partículas. A faixa
Z par 43 57 166 223 5,2 de abundancias dos isótopos do boro mostrados na tabela é equivalente a variac;:ao
Total 83 110 174 284 3,4 na raza.o Bll/B 10 de 4.27 a 4,42 ou cerca de 3%. Apesar desta varia¡;:iio parecer
ISÚTOPOS 181
180 FISICA NUCLEAR
razáo 0 16/0 18 na natureza tem urna dispersáo de cerca de 4%. Os valores das abun-
140 dáncias citadas na tabela sao aqueles para o oxigénio atmosférico e correspondem a
um valor da razáo 0 16/0 18 de 489,2 ± 0,7. Este valor também é correto para o
oxigénio de pedras de cal, mas para o oxigénio da água ou minerais de ferro a razáo
130
pode ser 4% maior. Os valores usados para as abundáncias dos isótopos do oxige-

120
....J nio afetam o valor do fator necessário para converter pesos atómicos a partir da
escala física para a escala química (veja Se9ao 9.5). A varia~o no valor do fator de !'I
conversa.o pode ser suficientemente grande para afetar a precisá.o das determina-
~ 96es de pesos atómic0s e, se as últimas sao feitas com mais de cinco algarismos
11 o
.r significativos, a composi98.o isotópica do oxigénio usada como referéncia deve ser


ü'
.
especificada.
Grandes varia96és nas abundáncias dos isótopos de chumbo também sao en-
contradas, e estas sao geralmente associadas com as fontes radioativas a partir das
100
quais sao obtidas as diferentes amostras de chumbo. Mesmo para o chumbo co-
. f: mum, nao é possível dar as abundáncias isotópicas exatas sem especificar a fonte
do material; os valores na tabela sao para a galena do Great Bear Lake.
" r As varia96es de abundancia discutidas sao as mais importantes conhecidas e,

·-
-

para os elementos restantes, ou nao há varia96es significativas, ou entao elas nao


• afetam seriamente trabalhos posteriores em física nuclear.

Uf"..
1

.1
9.5 Massas atómicas: fra~0es de empacotamento e energias de liga~o. Algumas
10
. massas atómicas 18 • 19 • 36 sao dadas na Tabela 9.3. O padrao de _massa usado aqui é
levemente diferente daquele usado para os pesos atómicos químicos. Vé-se da Ta-
J bela 9.1 que o oxigénio tem realmente trés isótopos, dos quais o mais abundante
tem o número de massa 16. Os outros dais isótopos juntos constituem somente
• • cerca de 0,2% dos átomos de oxígénio. Na deterrnina98.o dos pesos isotó.picos pelo

,. ' - - J. espectrógrafo de massa, a prática é tomar como padrao o valor de 16,00000 para o
peso do isótopo comum do oxigénio. Os pesos assim obtidos diferem ligeiramente
:.r: daqueles baseados numa escala química de pesos atómicos. Neste caso, o número
;.r: 16,00000 é associado ao oxigénio atmosférico comum, que é urna mistura de isóto-
" ... pos, enquanto que numa escala de pesos atómicos físicos, ou de um espectrógrafo

; de massa, este é tomado como o peso isotópico de um único isótopo, o mais abun-
dante. A rela98.o entre as escalas de peso atómico químico é ·ñsico pode ser deter-
minada da seguinte maneira. O oxigénio atmosférico consiste de 99,759% do isó-
" lf" topo de massa 16,00000, junto com 0,037% do isótopo de massa 17,004529, e
1

20

10
r •
Núcleos cstávcis
0,204% do isótopo de massa 18,004840. A média ponderada destes valores é
16,004462, e este é o peso atómico do oxigénio atmosférico na escala física, quando
comparado com o valor postulado de 16,00000 na escala química. Entiio,

Peso atómico físico ·16,004462


1,000279
,./ Peso atómico químico 16,000000
oo
■I
10 20
,._ . so
Número de prótons (Z)
. 70 80 90
Portanto, pesos isotópicos medidos por meio de um espectrógrafo de massa devem
;lil
ser divididos por 1,000279 para converter os resultados numa escala química de ¡_1,_1_

'¡'
Fig. 9.9 Gráfico n!utrorrMpróton dos nuclídeos ·estáveis. pesos atómicos. O fator de conversa.o é usado somente quando é necessário compa- .
rar resultados de espectrografía de massa com pesos obtidos por métodos químicos; 1

em trabalhos nucleares sao usadas as massas atómicas da escala física.


Estimativas dos erros das medidas de massa espectrográficas foram incluídas
pequena, ela afeta o uso de certos padróes de boro na física nuclear; é necessário, para indicar a alta precisa.o com que massas atómicas podem hoje ser determinadas.
portanto, citar a razio das abundáncias quando sáo feitas medidas envolvendo este O erro/dado em parCnteses, é expresso em unidades de 10-s u.ro.a. Esta precisa.o
padrao. As abundáncias dos isótopos do carbono citados na Tabela 9.1 sao aquetas é essencial no estudo das rea96es e transforma96es nucleares, como será visto em
encontradas ero pedras de cal, e correspondem a raza.o C 12 /C 1ª de 89,2; no carváo, a capítulos posteriores. Ela também é importante no cálculo preciso das fra9óes de
razáo é 91,8. Em geral, o conteúdo relativo cte·c 12 parece um tanto maior em mateM empacotamento e energias de ligac;ao. como será agora mostrado.
ria! de plantas do que em pedras de cal. ve-se a partir da Tabela 9.3 que as massas isotópicas sao realmente rnuito
As abund8.ncias relativas dos isótopos do oxigenio também variam, e o valor da
ISÓTOPOS 183
182 F[SICA NUCLEAR

Tabela 9.3 Massas atómicas, frariies de empacotamento e energias onde M r..:1 é o peso real de um nuclídeo na escala física de pesos atómicos. e A é o
de ligafüo de a/gu11s dos nuclídeos estáveis número·de massa. Se a fra9ao de empacotamento é indicada por f. entao

Energia de ligarilo Mz,A = A(l +!). (9.7)


Número Número Frartio de
Nu- de de Massa, empacara- Total, Por Amosfras de valores de fra,;;óes de empacotamento sao listadas na Tabela 9.3. e a
clídeo prótons, néutrons, u.m.a. mento, Me,· mícleon,
z A-Z X /0 4
Me\' varia,;;ao das fra,;;óes .de empacotamento para um grande número de nuclídeos é
mostrada graficamente na Figura 9.10. As fra,;;óes de empacotamento, com exce,;;§.o
daquelas para o He4, C 12 e 0 16 , caem próximo da curva sólida. Os valores sao altos
n' o 1 1.0089830 (± 1.7) 89.8
para elementos de pequeno número de massa. afora os nuclídeos mencionados.
H' 1 o 1.0081437 (± 1.8) 81.4
H' 1 1 2,0147361 (± 2,9) 73.7 2.225 1,113 Para ou;, o valoré zero, por defini,;;iio. Se A cresce, a fra9§.o de empacotamento se
He• 2 2 4.0038727 (± 2,lt 9,7 28,29 7,07 torna negativa, passa ·por um mínimo e entiio cresce gradualmente, tornando-se
Li7 3 4 7,018222 (± 6) 26,0 39,24 5.61 positiva novamente em valores de A de cerca de 180. A fra,;;ao de empacotamento
Be' 4 5 9,015041 (± 5) 16,7 58,15 6.46 foi muito útil no estudo das massas isotópicas, mas ela nao tem um significado
ai: 5 6 11,012795 (± 5) 11,6 76,19 6,93
C" 6 6 12,0038065 (± 3,9) 3,2 92,14 7,68 físico preciso. A explica,;;iio para sua utilidade vai aparecer na discussao a respeito
C" 6 7 13,0074754 (± 4.1) 5,8 97,09 7,47 das energias de liga9§.o dos núcleos.
N" 7 7 14.0075179 (± 3,0) 5.4 104,63 7,47 A massa atómica de um nuclídeo pode ser entendida em termos das suas partí-
º" 8 8 16,0000000 o 127,58 7,97 culas constituintes e urna quantidade chamada de energia de ligw;,:iio. Pode se supor
º" 8 9 17,0045293 (± 3,9) 2,7 131,73 7,75 inicialmente que a massa de um átomo deve ser a soma das massas de suas partü;u-
º"
F"
8
9
10
10
18,004840
19,004447


9)
7)
2,7
2,3
139,80
147,75
7,77
7,78
Ne20 10 10 19,998765 (± 10) -0,6 160,62 8,03
Al" 13 14 26,990080 (± 14) -3,7 224,92 8,33
5¡211 14 14 27,985777 (± 16) -5,1 236,51 8,45 100
P"' 15 16 30,983563 (± 18) -5,3 262,88 8,48
S" 16 16 31,982190 (± 20) -5,6 271,74 8,49
CI" 17 18 34,979906 (± 80) ~5,7 298,13 8,52
cp1 17 20 36,9776573 (± 16) -6,0 317,00 8,57
A" ( . _22 (± 4) -6,2
18 39,975088 343,71 8,59 80
Ca40 20 20 39,975330 (± 30) -6,2 341,92 8,55
FesG 26 30 55,952722 (± 6) -8,4 · 492,11 8,79
Cu" 29 34 62,949607 (± 11) -8,0 551,22 8,75
As7s 33 42 74,945510 (± 100) -7,3 652,23 8,70
Sr" 38 50 87,933680 (± 300) -7,5 768,13 8,73
Mo9s, 42 56 97,937240 (± 350) -6,3 845,73 8,63 b' 60
Sn 116 ·• 50 66 115,938850 (± 300) -5,3 988,14 8,52
50 120 50 70 119,940330 (± 140) -5,0 1020,2 8,50 2'..
Xetao 54 '76 129,944810 (± 30) -4,3 1096,6 8,44 .9
e
xem: 54 82 135,950420 (± 25) -3,7 1141,5 8,39 "E
Nd1Ml, 60 90 149,968490 (± 70) -2,1 1237,1 8,25 o•o 40
Hfl~~ .. ' 72 104 175,9%50 (± 800) -,-Q,2 1419,l 8,06, •
~
W"' 74 110 184,008300 (± 600) 0,4 1473,5 8,01 E
Au1e1 79 118 197,028000 (± 1000) 1.4 1560,0 7,92 "
Pb'" 82 124 206,037900 (± 500) 1,8 1623,7 7,88 ~"o
Th''" 90 142 232,109800 (± 500) 4,7 1768,0 7,62
'"
U'"
~
92 146 238,124300 (± 500) 5,2 1803,1 7,58 ~
u. 20

+10
prox1mas de números inteiros. Pareceu claro aos primeiros pesquisadores neste
campo que o estudo sistemático dos desvios de números inteiros das massas dos o
nuclídeos era Um problema importante. Aston expressou estes desvios na forma de
urna quantidade chamada defra,iío de empacotamento definida por •
-10 ••
Massa atómica - Número de massa
Fra9.io de empacotamento (1 20 40 (iO 80 ]()() 120 140 lli() 180 20fl 2:m 2-1()
Número de massa .
(9,6) Número de massa (AJ
Mz,.◄ -A
A
Fig. 9.10 Frar;ao de empacotamento como funr;ao do número de massa.
ISÓTOPOS 185
184 FISICA NUCLEAR

las constituintes. Um exame das massas atómicas mostra, entretanto, que a massa t;.M = L008!437Z + l,0089830(A - Z) - Mz.A, (9.10)
atómica é menor que a soma de suas partículas constituintes no estado livre. Para
explicar esta diferen~a de massa, é usado o princípio da equivaléncia de massa e Como urna unidade de rnassa atómica é equivalente a 931,145 Mev, a energía de
energia, deduzido da teoría da relatividade restrita. Se 6.M é o decréscirno da tnassa liga9ao do núcleo é dada por
quando um número de prótons, néutrons e elétrons se combina para formar um .
átomo, entiio o princípio acima estabelece que urna quantidade de energia igual a !J.E(Mev) = 931.145[1,0081437Z + l,0089830(A - Z) - Mz.AJ, (9.11)
!,,'
(9.8) A energia de liga9ao média por núcleon é obtida dividindo-se a energia de liga93.o
tot~l do núcleo pelo húmero de rnassa A. Alguns valores da energia de liga9ao
é liberada no processo. A diferen!ra em massa, Mf, é chamada de defeito de massa; obttdos pelo método descrito acima sao listados nas duas últimas colunas da Tabela
ela é a quantidade de massa que seria convertida em energía se um determinado 9.3. e um gráfico da energia de ligai;ao por núcleon como fun9ao do número de
átomo pudesse ser montado a partir do núme_ro necessário de prótons, n€:utrons e massa é mostrado na Figura 9.11. Corn excei;ao do He4, C 12 e 0 16 , os valores da
elétrons. A mesma quantidade de energía seria necessária para quebrar o átomo em energia de liga9ao por partícula caem sobre ou perto de urna única curva. As ener-
suas partículas constituintes, e a energia equivalente ao defeito de massa é portanto gias de ligat;ao de alguns nuclídeos rnuito leves, corno o H2, sao muito pequenas.
a medida da energia de ligai;ao do núcleo. A massa das partículas constituintes ·é a As energias de liga!;3.o do He4, C 12 e 0 16 sao consideravelmente maiores que as de
soma de Z massas de prótons, Z elétrons e A - Z néutrons. As massas dos prótons seus vizinhos, como é mostrado claramente pelos valores na última coluna da Ta-
e elétrons podem ser combinadas na massa de Z átomos de hidrogénio Porque a bela 9.3. A energia de liga9ao por partícula aumenta bruscamente e alcani;a um
valor máximo de cerca de 8,8. Mev nas vizinhan9as de A = 50. A regia.o do máximo
é bastante achatada e a energía de liga<;iío é ainda 8.4 Mev perto de A - 140. Para
9 números de massa maiores. o valor decresce até cerca de 7,6 Mev no ur:inio. ·
O valor da energia de liga9ao é enorme, corno pode ser mostrado conver-
tendo-a de Mev por núcleon para unidades mais familiares como Joule por Quilo-
8 grama. Urn Mev é equivalente a 1,603 x 10- 13 Joules. Urn ·quilograma de urna
espécie atómica contém 1000,0/M átomos-grama (M é º. peso atómico), ou
>. 7 •
u
e. 1000,0 X 6,023 X JO'" X A/M núcleons

.•
-lí
o
6
O número de rnassa A e o peso atómico M sao praticamente iguais, de modo que

,.-¡¡¡
e
o
um contém 6,023 x 1026 núcleons. A unidade "l Mev/núcleon" é entao pratica-
o. 5 mente a mesma que 9,65 x 1013 Joule/Kg. Na vizinhan9a do máximo da curva de
o
energía de liga9ao, a energía é cerca de 8,8 Mev/núcleon ou 8,5 x 10 14 Joule/Kg.
~ 4 Este enorme_ valor da energia que seria necessária para dissociar um núcleo ern seus
u prótons e néutrons constituintes é outra indica98.o da grandeza das for9as nucleares.
"-~• A aplica9ao do princípio da equivaléncia de rnassa e energía e a introdu98.o do
3
u
e conceito de energia de liga98.o tiveram, até aqui ern nosso tratamento sornente urna
"' 2
base teórica. Em anos recentes, entretanto, rnuitas transmuta9óes n~cleares foram
acuradamente estudadas ·e forarn feítas cuidadosas medidas das mudan9as de massa
e energía nestas rea9óes. A- validarle da rela9ao 9,e massa-energia relativística foi
1 provada, assim como a sua aplica980 aos problemas da fisica nuclear. A energia de
liga9ao de um núcleo é, portanto, urna quantidade com significado fisico real, e as
rnassas e energias de liga98.o dos núcleos fornecem informa9óes sobre a Constitui-
O0~-.-;2~0--4-;;0:----:c60::--,J80',----:-IO!c0c--l.L2,-0_l..J4_,.0--16L..O--l.l.80--2-'0-0_2..J2_0__
24LO 980 e estabilidade dos núcleos. Além disso, a análise das transforma90es nucleares
Número de massa ,
forneceu um meio independente de determinar massas atómicas que sao no pre-
sente ainda mais poderosas que o método de espectrografia de massa. Estes assun-
Fig. 9.11 Energia de liga98.o por núcleon como fun9ao do número de massa. tos va.o ser discutidos em detalhe em capítulos posteriores.
O tema das massas atómicas nao deve ser terminado sern urna breve discussao
de urna proposta34 de substituir o padrao de rnassa, 0 16 , pelo C 12 , isto é, de atribuir
pequena mudan9a de massa que acompanha a forma9ao de um átomo de hidrogénio a~ ~ 12 a massa atómica de 12,0000000 unidades. O uso do C 12 como padrao teria
a partir de urn próton e urn elétron é desprezível. O defeito de rnassa pode entao ser vanas _v~ntagens na espectrometria de massa. Carbono forma rnuito rnais compos-
escrito tos qmm1cos quf: podern fomecer.íons moleculares para uso nurn espectrórnetro do
que o oxigénio. Ions de C 12 carregados corn carga dupla. tripla ou quádrupla ocor-
!J.M = ZmH + (A - Z)m,, - Mz.A, (9.9) rem com números de massa inteiros e podem ser agrupados ern dubletos corn íons
de núm.ero de ma~sa 6, 4 e 3 respectivamente, de modo que o C 12 seria um padriio
onde mH, a rnassa do átomo de hiclrogénio, é 1,0081437 unidades de massa e mn, a convemente para atomos com pequeno número de massa. Nenhum outro elemento
massa do neutron, é 1,0089830 unidades de massa. Entao, · além do carbono forma íons contendo tantos átomos de um tipo, como 1O ou mais:
FÍSICA NUCLEAR ISÓTOPOS 187
186
. .. . . is corn ara<;óes de dubletos a serem feitas dire- PARTICULARES
esta propriedade per_mltma rnu¡to.m~, d ~e sao hoje possíveis. e forneceria mas-
tamente corn o nu~hdeo d~ _:e eren~!to~; int~rmediários ou grandes de A. Com l. ,J. ,J. TIIOJ\ISON, Papcrs on positivc rays and lsotoprs, Phil. .1/og .. 13, 5GI
sas com urna mamr prec1s~o em t om o hidrogénio fornecendo linhas de (1907); 16,657 (1908); 18,821 (1909); 20,752 (1910); 21, 22.o (1911); 24, 20D.
efeito. o carbono forma mullos campos os cd até 120 unidades· para valores de A l 669 (1912).
referéncia fáceis_ para dubletos corn mas~as p:ra elementos mai~ pesados poderiam 2. F. ,r. AsToN, .líass Speclra and Isotopes 1 op. cit. gC'n. n,f .. Chapt<•r -!.
entre 120 e 240. tons duplarnente carrega os . t do tipo (C12) ou 3. F. ,Y. AsTON, "A Positivc Ray Spcrtrograph/' Phi! . .lfag., 38, 707 (191D).
ser comparados diretamente com íons carregados. umcamen e ,i 1
! 4. F. ,v. AS-TON, "The Constitution of Atmosphcric Xc-on." Phil . .lfag., 39,
(C12)11 (H1)m. • - f . eparada:1;; baseada no como padrfio e 449 (1920). '
,r..
c12
Urna tabela das massas atom1cas ot pr ·
os seguintes resultados foram obtidos. 5. F. -\sToN, ".-\ Ncw ::.\·Iass SpC'ctrograph an<l thc ,rhole Xurnbcr H.uh•,"
Proc. Roy. Soe. (London), AIIS, 487 (1927).
J
' 6. DucKWORTH, HoGG, ami PEXXINGTOX, 11 ).Jass Spectro~eopic .\tomi(' ).fo_-:_:.:
Nuclídeo Padrüo orn Padriw C 12 Difforcnccs," Revs. Jlod. Phys., 26, 463 (1954).
7. H. E. DucKWORTH, "l\iass Spcctroscopic .-\tomic ).lass Diff('renc-rs II,"
n I.0089861 1.0086654 Revs. Jlod. Phys., 29, 767 (1957).
H' 1,0081456 1.0078252
H' 2,0147425 2,0141022 1 8. QmsENBERRY, ScoLMAN, an<l Nrnn, ºAtomie ::\lasHc•s of II 1, D 2, C 12, o.nd
Hl2 12.0038150 12.0000000 S32 ," Phys. Rev, 102, 1071 (1956).
Q16 16,0000000 15,9941949
.9. ScoLMAN 1 QUISENBERRY, and N"ü:n 1 11 Atomie ).Iasses of thc Stahll' Is9topes,
J 10 ~ A ~ 30," Physc Rev. 102, 1076 (1956).
10. ñL E". KETTNEn, "Atomic l\'lasscs from C 12 to Xe 22 ," Phu.s .. Rev. 102,
A relac;ao entre as unidades de massa atómica nas duas escalas é 1065 ( 1956). . .
11. QuISENBERRY, ÜIESE, and llENsox 1 ''.-\tomit ).fasses of H1, C 12 , and
1 u.m.a. (t12) = 1,00031792 u.m.a. (0 16) S32," Phys. Rev. 107, 1664 (1957).
12. C. F. GrnsE and ,J. L. B1rnso~, "'Atomic ).Jusses fr:om Phosphorus Through
o fator de conversap _de massa para energia é l\langancsc," Phys. Rev. 110, 712 (1958).
13. CoLLINs, NrnR, an<l JoHN:-iON, 11 .-\tomit :i\lass<•s in thc RcgioILabout ::\Iass
1 u.m.a. (C 12 ) = 931,441 Mev,
40 and from Titanium through Zinc," l'hys. Rev., 84,717 (1951); 86, 408·(1952).
d (O") - 931 145 Mev. Os valores das energías de ligac;ao nao sao 14. R. E. H~·[;ST1::AD, f{..-\..tomic ).Iasses from Palladium _through Xcnon," Phys.
~:~~f¡~~d~/ ~-:¡·;·, a energia de ligac;ao do deutério é 2,2247 Mev qualquer que Rev,, 88, 666 (1952). -
15. H. E. DucKWORTH and R. S. PRES-TON, "Sorne Nel\' Atomic ).Iass ).foasure-
seja o padrá? de massa. t6 mo· adrfto de massa e as massas dadas na Ta-
Neste hvro, usaremos o O co P_ 'bTdade de que o padriio possa ser ments and Remarks on the ::\.1ass Evidcncc for Jlagic Numbers," Phys. Rev.,
bela 9.3, mas o leitor deve estar _atento a poss1 11 82, 468 (1951).
mudado dentro dos próximos anos. 16. DucKWORTH, KEGLEY, ÜLSON, and STAMFORD, "Sorne New Valucs of
'
REFERENCIAS .. ~t~~!,9._ ~~a~~.e-~~ti~~~1;1?,~P~Pl'.i,~~;-H~,~. -~?~~R~. o~ ~2...¿\~~tr,r¿~s,''
[!_hys ... ~fV,, 83,
_11\4 (195tL, . . ,. : , : _ ,. . . ... ·· .
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Diffcrcnccs ancl H.atios. 24. HAYS, RICHAnos, and GounsMn, ").lass ::\Icasurcments with a ::.Iagndie
ISÓTOPOS 189
188 FISICA NUCLEAR
liga~o do último próton no C12 , N 14, P 9 , Ne 20 e Si2 R. Compare os resultados coma energia de
Timc-of-Flight Mass Spcctrometer," Phys. Rev., 84,824 (1951); 85, 1065 (1952). liga~o média por núcleon.
25. RICHARDs, HAYs, and GounsMIT, "l\lasses of Lead and Bismuth," Phys. 7; Suponha que C13 , N 13 , N14 e 0 16 foram observados combinando-se os átomos apropria-
Rev., 85, 630 (1952). dos com C12 ; quanta energia seria liberada em cada caso? (Para a massa do N 13 , veja Tabela
26. L. G. SMITH, "Measurements of Light Masses with the Mass Synchrom- 11.1.)
8. Os seguintes valores de dubletos espectroscópicos de massa foram obtidos, com 0 16 =
eter," Phys. Rev., 111, 1606 (1958). 16,000000.
27. S. Gt:scHWIND, "Determination of Atomic Masses by I\.Iicrowave l\lcth-
ods," llandbuch der Physik, Vol. 38, Part 1, p. 38. Berlín: Springer Verlag, (H'), - H' = 0,0015483 u.m.a.
1958. (H'), - ½ C" = 0,042298 u.m.a.
C"(H'), - 0" = 0,036390 u.m.a.
28. A. J. Di-:MPSTER, '\.\ New ::\lethod of Positive-Ray Analysis," Phys. Rev.,
11,316 (1918); "Positive-Ray Analysis of Potassium 1 Calcium and Zinc/' Phys.
Calcule as massas atómicas do H1, H2 e cu.

¡
Rev., 20, 631 (1922). 1
9. Suppnha que, no Problema 8, C12 = 12,000000 fosse tomado como padrao de massa.
29. A. O. Nrnn, "'.\!ass Spcctrograph Studies of the Isotopes of Various Ele- Quais seriani os valores dos dubletos e das massas do H 1 , H2 e 0 16 ?
mcnts," Phys. Rev., SO, 1041 (1936); 52, 933 (1937). 10. Os seguintes valores de dubleto foram obtidos com 0 16 = 16,000000.
30. A. O. Nnm, 11 .-\. ~lass Spectrometcr far Isotopc and Gas Analysis," Rev.
Sci. Instr., 18, 398 (1947). 2(0") - S" = 0,017762
31. K. T. llAINBRIUGE and A. O. NIER, Relative Isotopic ,1bundances of the 4C" - S"O" = 0,033027
Elements, Preliminary Rcport No. 9, Nuclear Scicnce Series, Division of l\lathe-
matical and Physical Sciences of thc N ational Research Council, W ~shington, t Que valores sao obtidos para as massas do C12 e S32 ?
D.C. (1950}:
32. HoLLANDER, PERLMAN, and SEABORG¡ "TB.bie O,i isotopes/' Revs ...~[od.
1
1
11. Come~ando com a Eq. (9.9), mostre que a energia de 1iga9ao média por núcleon para
todos, menos os elementos mais leves, é próxima a 8 Mev.
[SugestQo: Note que a Eq. (9.9) pode ser escrita como
Phys., 25, 469 (1953).
33._K. W1o.Y, ed., 1959 Nuclear Data Tables. National Academy of Scienccs-
National Reseárch Council. Washington, D.C.: U.S. Government Printing
Office, April 1959, _Table V, pp. 66-88. - ,
34. KoHMAN, M'.A:Tl'AUCH, and WAPSTRA, "New Reference Nuclide, 11 Science 12. O melhor valor do faraday é considerado como s«::ndo 96521,9.coulomb/g. peso mole-
127, 1431 (1958). _ cular, na escala física. Qual é 9 v~lor correspondente na escala química?
35. EVERLING, KoNIG, MA'I'TAUCH, a.nd WAPSTRA,_ "Atomic M:asseS of Nu-
clides, A '.', 70," Nuclear Physics, 15, 342 (1960); 18, 529 (1960).
36. IlHANOT, JoHNSON, and NIER, "Atomic Masses in the Heavy 11ass
Region," Phys. Rev., 120, 235 (1960).

PROBLEMAS
- - - - -- - -- - - '1 - . -- -
= 1,602 x 10-2,
t. Num espcctl'Ometro de massa, uin íon com urna única carga positiva· (q
emu) é acelerado através de uma diferen~a de potencial de 1000 volts. Ele passa entio atravéS
de um campo magnético uiaiforme para o qual H = 1000 gauss, e é desvi~do numa trajetória
circular de 18,2 cm de raio. Qual é (a) a velocidade do íons? (b) a massa do íon, em gramas e
em unidades de massa atómica? (e) o número de massa do ion?
2. Mostre que, para um .íon com urna só carga num espectr0metro de massa, vale a
seguinte rela!,80: ·

MV = 4,826 x 10-• H'R',

onde R é expresso em centímetros, H em gauss, V em volts e M em unidades de massa


atómica relativas ao 0 16 = 16,0000. Use a fórmula para verificar o resultado do Problema l.
3. Suponha que íons com urna única carga com massas perto de 12 e 14 urna sao acelera;.
)f
a.
O
Ü
t :;,,,
Prof' Verginia Reís Crispim
Chefe do Lab. de Neutrongrafia
em Tempo Real
LNRTR I PEN / COPPE / UFRJ
dos através de urna düeren~a de potencial de 1000 volts e entio passam através de um campo
magnético de 900 gauss. Onde deveriam ser localizadas as placas coletoras para os dois dife-
rentes íons?
4. Fa9a um gráfico do número de isótopos estáveis por elemento contra o número ató-
mico 2. Em que valores deZ sao observados máximos?
5. Fa~a um gráfico do número de nuclídeos estáveis contra o número.·de nCutronsA -z.
Em que valores de A -· Z sao observados máximos?
6. A partir dos valores das massas atómicas listadas na Tabela 9.3, calcule a energia de
RADIDATIVIDADE NATURAL E AS LEIS DA TRANSFORMAl,AO RADIOATIVA 191

100
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~ i Th 1/
E 80
o"e 1 /

10 .,,o
60 \
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Radioatividade Natural e as Leis da ---
ThX
-
Transfor1naf iio Radioativa o
• i"
4 8 12 16 20 2-1 28
Tempo (dias)

Fig. 10.1 O decaimento da atividade do tório X e a recuperm;:iio da atividade do tório.

100

Muitas das idéias e técnicas da física atómica e nuclear sáo baseadas nas pro-
priedades dos eleme'nto.s radioativos e· suas radiac;Oes, e o _estudo e uso da radioati-
~
E 80
g
1 1
/
,E: - ' -

vidade sáo essenciais ldTsica nticlear. Viu-se que a emissáo de partículas a e /3 por
certoS átomos deu orig'em a idéia de que os átomos sáo construídos a partir de
o
"' 60
~
. I
/

unidades ffienores, e ao conceito de estrutura atómica. A investigac;áo do espalha- ~ '"'- 1


mento de p:irtícul8.S ·a ·por átomos levou a idéia do átomo nuclear fundamental para .,,-g 40
/ •
toda a teoria atómica. A análise das relac;óes químicas entre os vários elementos ·s '- 1
radioativos resultou na descoberta· de isótopos. Descobriu-se que o bombardeio de ;¡! 20 '
/ ~
ux
o•
1

átomos com partículas a rápidas a partir de substancias radioativas causava a desín-


tegrayao de núcleos atómicos, e isto levou por sua vez a descoberta do néut:on e a 20 40 60 80 100 _,120 140
teoria corrente da composiyáo do núcleo. Será mostrado num capítulo postenor que Tempo (dias)
os átomos transmutados resultantes deste tipo de bombardeio sao geralmente radio-
ativos. A descoberta da radioatividade artificial ou induzida, por Joliot e Curie, em Fig. 10.2 O decaimento ·da atividade do uninio X e a recuperac;ao da atividade do uránio.
1934, iniciou urna nova linha de pesquisas, e centenas de nuclídeos radioativos
foram até agora produzidos por vários métodos. A investigayáo das radia96es dos
radionuclídeos naturais e artificiais tem mostrado que o núcleo tem níveis de ener-
gia análogos aos níveis de energía atómicos discutidos no Capítulo 7. A espectros-
partir de outra foi fornecido pelas antigas experiencias de Crookes. Becquerel, e
copia nucleflf, que lida com a identificayao e· classificayflo <lestes níveis, é urna
Ruthe1ford e Soddy. 1 Crookes (1900) descobriu que se um sal de uranio é precipi-
importante fonte de informa96es sobre a estrutura do _núcleo. Assi!11• a radioativi:
tado a partir de urna soJuc;áo, pela adic;áo de carbonato de arnónia, e entáo redissol-
dade tem estado íntimamente ligada com o desenvolv1mento da fis1ca nuclear, e e
vido em excesso do reagente, um pequeno resíduo perrnanecia. Este resíduo,
impossível conceber a fisica nuclear como algo separado da radioativida~~-
quando removido da solu9áo, rnostrou ser altamente radioativo. O produto obtido
A importancia da radi9atividade.depende em.grande parte da hab1hdade em
pela evaporac;áo da solu~ao, que continha praticamente todo o uránio, tinha ativi-
medir transforma96es r8dióativas coni alta precisáo, e deSCrevé-las quantitativa- dade muito pequena. Parecía, portante, que a maior parte da atividade observada
mente por meio de urna teoría carreta. As leis das transforma96es radioativas foram
dos compostos do uránio náo era causada por aquele elemento, mas por outra subs-
desenvolvidas a partir de .infofmay6es sobre elementos radioativos naturais, mas
télncia que podia ser separada do uránio. A substancia ativa estava contida no resí-
elas também sao válidas· para radiOnuclídeoS artificiais. Portanto, elas podem ser
duo e foi dada a ela o nome de uránio X (UX) para distinguí-lo do uránio. Becque-
aplicadas a qualquer transformayáo radioativa, e sáo fundamentais para urna boa
rel entao descobriu que, se o uránio X e fra96es do uránio fossem mantidos separa-
parte dos trabalhos a serem discutidos nos capítulos restantes <leste li~ro.
dos por algum tempo,.a atividade do UX diminuía. enquanto que a da fra~áo do
uranio aumentava. Rutherford e Soddy (1902)2 obtiveram resultados similares com
10.1 A base da teoria da desintegra~ao radioativa. O primeiro problema que
sais de tório: separou-se um material ativo que foi chamado de tório X. e a maior
vai ser considerado é o da descri~ao quantitativa do crescimento e decaimento ra-
dioativos. Um indício da maneira pela qual lima substancia radioativa é produzida a parte do tório era praticamente inativa. Após alguns dias. notou-se que o tório X
192 FISICA NUCLEAR RADIOATiVIDADE NATURAL E AS LEIS DA TRANSFDRMACA0 RADI0ATIVA
193
estava perdendo sua atividade, enguanto que o tório, que tinha sido separado do (UX) _se desintegra de acordo com a lei da Eq (]O 5) S h ,
tório X, estava recuperando sua atividade. UX sao produzidos por segundo por urna dad . . d
u~on a que Q atomos de i'
Rutherford e Saddy estudaram quantitativamente a razao de decaimento do
de átomos de UX presentes no tem .ª massa e _uramo, e seja N o número
inicial de UX. A razáo líquida do a.f'º t 1epod1~ da remo,ao completa da quantidade 1
1

ThX e a razáo de recupera98.o da atividade do tório, e obtiveram as curvas mostra- men o e atomos de UX na fra9áo de uranio é
das na Figura 10.1. A curva experimental de decaimento para o ThX era de natu- .
reza exponencial, isto é, a atividade podía ser expressa como fun9áo do tempo pela dN 11

equa-;ao
dt = Q- >-N. (10.6) 1

(10.1) O primeiro termo do¡ d d" , d E , 1


UX a partir de átomo: ~e 1:;_110 a q. (10.6) daª, raziio
0 nd 0
?e
forma,iio de átomos de 1
átomos de UX ' segu . termo da a razao de desaparecimento de
onde A.ro é a atividade inicial do ThX, AJt) é a atividade após um tempo t, e A é (10.6), escreva-a :rfi:!ª de sua desmtegra9áo radioativa. Para integrar a Eq.
urna constante, chamada de constante de desintegrar;iio. Descobriu-se que a curva
de recupera980 para o tório era bem representada pela fórmula
dN
"IA (t) = A 0 (1 - ,:\
e--1_ (10.2) dt + >-N = Q,
na qual a constante A tem o mesmo valor que na· Eq. (10.1); as curvas de decai- e multiplique-a por e>..t. Ent8o,
mento e recupera98.o sao portanto simétricas. Os resultados para o UX e U esta.o
mostrados na Figura 10.2. As curvas sao similares as de tório exceto que a escala
,e"- dN
dt + >.Ne" = Qe'' , ou
d
dt (Ne") = Qe".
de tempo é diferente. O tório X perde metade de sua atividade em cerca de 3,5 dias,
enguanto que UX perde metade de sua atividade em 24 dias, de modo que o valor
de A é maior para o ThX do que para UX. A última equa980 pode ser integrada diretamente para dar
Estas observa,óes exporimentais permitiram que Rutherford e Soddy formu-
lassem urna teoria das transforma9óes radioativas. Eles sugeriram que os átomos
>. + ce-"·'
= .g
ou N
dos elementos radioativos sofriam desintegra9ao espontanea com a emissflo de par-
tículas a ou /3 e a forma9ao de átomos de um novo ele.mento. Entao a intensidade
· · da radioatividadé{_qµe foi chamada de atividade, é proporcional ao número de áto-

t: ~
mos-que se desintegram por unidade de tempo. A atividade, A, medida por um dos
métodos discutidos no Capítulo 2, deve entao ser substituída pelo número de áto-
mos N, e a Eq. (10.1) pode ser escrita como
(I - e-") = N 0 (1 - e-"),\ (10.7)
(10.3)
comN, = Q/>... ,,
A nota9ao pode ser simplificada eliminando-se o subscrito x, que foi usado somente A Eq. (I0.7) é a mesma que a equ - d -
teoría dá o resultado correto a,ao e recupe~,ao (10.2) de modo que a
para distinguir entre substancia X da sua subsi~cia pai. Entao,
após a remo980 do corpo X ~r:qo 1r~s;;~en:, da ahv1dade no uranio ou no tório,
f <t)--=- N ó2Q_ (10.4)
de UX na massá de ur:ini~ se a ~oxi~ am em mo st ~ que~ DÚ?Jero de átomos
valores de I dados pela' raziio p a de um valor de eqmlíbno para grandes
é a equa9flo que representa a varia9áo com o tempo do número de átomos de urna Q
única substancia radioativa que decaí. Derivando-se ambos os lados da Eq. (10.4), Número de átomos de UX produzidos a partir de U por segundo
obtém-se Fra~áo dos átomos de UX que decaem por segundo
dN A lei de --decaimento · 1 ¡¡ 1, , -
~
(10.5) 2
- dt = >-N, 5
::a:~~~~md: ~~~¡tese esp;~ia~~~~~~a e~ 1r~~~~ 1:s ~~;;s ~~~ii:it::i~~:~!;~ ~
onde N(t) foi abrev-iado para N. De acordo com a Eq. (10.5), o decréscimo por
unidade de "tempo no número de átomos de um elemento radioativo, por callsa da
desintegra9io, é proporcional ao número de átomos que ainda nao se desintegra-
~=d~; ~~::~º::~l;l~i}:i:i~~!
história passada do átomo e é
1
rl~~F~ea f'~~atl~~n:~=~ª;~~:: ~;o::~~~
m m erva O e tempo Íll e mdependente da
probabilidade da desintegra,iio :n~:s~a pa~a todos os átomos do mesmo tipo. A
ram. O fator de proporcionalidade é a constante de desintegra9flo, que é caracterís-
tempo e, para intervalos de tempo sufic~pe~ e somente da ?ura~ao ~o intervalo de
tica da espécie radioativa particular. tao, P = AAJ onde A é a ten e_mente c_urtos, e proporcmnal a Al. En-
A Eq. (10.5) é a equa,iio fundamental do decaimento radioativo. Com esta
radioativa particular. A pr~~~~~:=d~ed~esmtegra9ao car~cterísti~a da sub~t:incia
equa980, e com duas hipóteses, foi possível explicar o crescimento da atividade nas
fra9óes do tório e uranio, a partir das quais ThX e UX foram removidos. As hipó- ?orante o curto intervalo At é 1 _
mtervalo, entiio a probabilidade de P
= t~::
um dado ª!orno nao se _desmtegre
_ Alu. ~e O alomo sobrev,veu neste
teses eram (1) que existe urna constante prodm;ao de urna nova substancia radio-
de tempo At é novamente 1 - AA! q1e e1ebnab~l~e desmtegre num segundo intervalo
ativa (digamos, UX) pelo elemento radioativo (uranio). e (2) que a nova substancia · pro a I tdade de que um dado átomo sobre-
l'I
RADIOATIVIÓADE NATURAL E AS LEIS DA TRANSFORMACAo RADIOATIVA 195
194 FÍSICA NUCLEAR

viva tanto no primeiro como no segundo intervalo é (1 - A.61) 2 ; para n de tais ficar a discussáo. A atividade ·entao vai ser igual ao número ~e. átomos q..u~ se
intervalos, a probabilidade de sobrevivCncia é (l - A.61)1'. Se o tempo total é nru desintegrara por unidade de tempo,A = >.N, a náo ser que se exphc1te o contrario.
igualado a t, a probabilidade de sobrevivencia é [I - ),,jt/n)]". A probabilidade de
que o átomo permane9a imutável após um tempo t é o limite desta quantidade a 10.2 A constante de desintegra~o, a meia-vida e a vid! média. Um nuclídeo
a
medida que .6.t se torna infinitamente pequena, ou medida que n se torna muito j
radioativo pode ser caracterizado pela raza.o na qual se des_mte~ra, e qual~uer ~~a
grande. Mas urna das defini90es da fun<;iio exponencial é das trés quantidades - a constante de desintegra~ao, a m~1a-v1da,_ ou a vida media
_ pode ser usada para este propósito. A constante de desmtegra9ao A pode ser de-

e-x - lim (1 - ::)"


n-QO n JO'
do que segue que
'-
"
Jim
n--.¡.i;,o
(1 - .!.)"
1-
n
-XI
e .
" "-,
"-,
A interpreta<;iio estatística deste resultado é que. se existe inicialmente um grande
número No de átomos radioativos, entiio a fra¡;§.o que permanece imutável após um
tempo t é N/N 0 , = e->..t, onde N é o número de átomos que nao se modificaram,
presentes no instante t.
A Jei do decaimento radioativo é assim urna lei estatística e-é o resultado de um
¡

"" ' ~

" .
número muito grande de eventos, sujeitos as leis da probabilidade. O número de
"
átomos que se desintegram por segundo é, em média, AN, mas o número das que· se
desintegram em qualquer segundo apresenta flutua96es em tomo deste valor. O
valor destas tlutua,oes pode ser calculado com a ajuda da teoría da probabilidade, e
' .Í"-..
!\!1

as_ considera96es estatísticas envolvidas sao importantes no planejamento e inter-


préta9áo de experiéncías relacionadas com a medida da radioatividade. 3
' 1 i.

.,
O número de átom0S-radioativos Ne a atividade A tém sido usados de maneira ltl
180 240
(i[) 120 '1
indistinta n"a premissa de que a última é proporcional ao primeiro. Para urna dada
Tempo (min)
substáncia radioativa, as duas quantidades esta.o na realidade ligadas pela rela98.o

(10,8a) Fig. 10.3 Método gráfico para a determinai;iio do valor da constante de- desintegra~iio. il 1
. ;\ •:,•

O fator de.proporcionalidade e, que é algumas vezes chamado.de coeficiente de 11


detecrii.o, depende da natureza e eficiéncia do instrumento de detec9ao e pode va- terminada experimentalmente, em muitos casos, com a ajuda da Eq. (10.4), que
riar consideravelmente de urna substancia radioativa a outra. ·Para urna substancia pode ser es~rita como 1
qualquer, a quantidade na qual estamos usualmente interessados é a razáo do nú-
mero de átomos em dais instantes de tempo. Mas, a partir da Eq. (10.8a), segue-se ln N(t) = -1-t, (10.9) .1

que ___: ______ .... No

onde O símbolo "In" representa o logaritmo natural. Este último pode ser transfor-
(10.8b) mado para um logaritmo natural, indicado por "log'\ e a Eq. (10,9) se torna
N(t) . (10.10)
log - = -0,4343iú, 1¡
e o coeficiente de detec9áo é cancelado. Portanto, o uso de N e A como quantida- No
des equivalentes geralmente nao leva a nenhuma confusáo no caso de urna única
substáncia. Quando duas substáncias diferentes sao considefadas, as atividades urna vez que o logaritmo na base e é igual a 2,3026 vezes o logaritmo na base 10.
medidas sáo A 1 = c1A 1N I e A2 = c 2A. 2N 2, respectivamente. Se o número de átomos o número de átomos N(t) é proporcional a atividade medida A(t), de modo que 11.1:
que se desintegram por unidade de tempo é o mesmo para amba_s as substáncias, N(l)/N 0 = A(t)/A,, e a Eq. (10.10) pode ser escrita.
A1N 1 = A2N2, mas as atividades medidas, digamos, em contagens por minuto, nito (10.11)
sao necessariamente iguais. Elas sao iguais somente se os coeficientes de detec9ao logA(t) = !ogA 0 - 0,4343iú.
sao iguais. Vamos considerar. ~om exce96es ocasionais, que os coeficientes de de-
'¡\,
tec9ao sao iguais a um. isto .é, que cada desintegra¡;áo é detectada. Esta condi98.o Portanto, se o logaritmo da atividade medida é lan9ado num gráfico contra o tempo,
deve resultar tima linha reta cuja inclina~flo é igual a -0,4343A. Um exemplo <leste 1:
geralmente nao é conseguida na prática, mas ela pode ser adotada aqui para simpli-

¡il
RADIDATIVIDADE NATURAL E AS LEIS DA TRANSFORMAQAO RADIOATIVA 197
196 FISICA NUCLEAR
método de determinar A é mostrado na Figura 10.3; por conveniencia, o gráfico é
feito em papel semilog. No exemplo mostrado, a inclina~iio é -0,00808, com o
tempo expresso em minutos; A é entáo 0,0186 min- 1 , ou 3,10 x 10- 4 s- 1 •
Outra quantidade que é usada para caracterizar um radionuclídeo é a meia-
•e vida, T, o tempo necessário para que metade dos átomos radioativos se desintegre.
i l •> Após urna meia-vida, N(T)/N, = 0,5, e segue-se da Eq. (10.11) que log 0,5 =
' ' 1
1

!
·- ,.,
"'
,:; -•"
Q
-0,4343>.T ou log 2 = 0,4343H. Como log 2 = 0,3010,
i1 /1 .;
(10.12)
ii / 1
1
+--+----
~
·;: o
·a"' g"
C'
meia-vida = .T = 0,693/>...
Vi 1 E A rela9ao entre a atividade e a meia-vida é ilustrada na Figura l 0.4. Após n meias-
' ' i 1/ 11 • e
1

- vidas (t = nT), a fra980 ~a atividade remanescente é (½r. Esta fra980 riunca al-
1
~

1' !' "e


/ 1
~=--
- 1 --- -+---- -g•
C'

1),.. 1 1
]

.;
can9a zero, mas se torna muito pequena; após sete meias-vidas, a atividade é 1/128,
1 1 1 ou menos que um por cento da atividade inicial. Após dez meias-vidas, a atividade
i
;
,; ,_,_ 1 1 1 a •o
-+-- -· --+ ---- cai para 1/1024 ou cerca de 0,1% da quantidade original, e é geralmente desprezível
v: ·- --t--- E
'
1
'
1
1
1
1
1
1
~
~
o ª,.o
Q
em compara9iio com o valor inicial.
Também é possível determinar a vida média, ou expectativa média de vida, dos

./
1----+
1
1
1

-- ¡j1
.. -- 1
C--t
1
--- --r---
--+1----- ---~----

1
'E
oo
• -"'
"'
o
átomos de urna espécie radioativa. A vida média, geralmente indicada por r, é dada
pela soma dos tempos de existencia de todos os átomos, dividida pelo seu número
~
~

l.,
,;
1/
,.,. 1
1 1
--1-- f-----1--
1
rj- t--t-·
1
1
----+1
1

1
1
1
-- 1
1
1
l--1 +---- +--+----
1
1
,.,
o
o.
E
~
~

-¡¡
o.
•o.
inicial. Matematicamente, ela é obtida da seguinte maneira. O número de átomos
que decaem entre t e t + dt é
¡;, ! : i ! 1 ! ! E
=
- 8
ó
e

·ª'º
dN = >..Ndt;
~ mas o número de átomos ainda existentes no tempo 1 é

"E
o
=
C'
~
o de modo que
•e
•~
=
Q
Como o processo de decaimento é estatístico, qualquer átomo pode ter urna vida de
< Oa00 • Entretanto, a vida média é dada por
~
:E \
>
-~E
-·~--
T= (10.13)
•o
-~> e é simplesmente o recíproco da constante de desintegrayao. A partir das Eqs.
(10.12) e (10.13), segue-se que a meia-vida e a vida média sao quantidades propor-
_g
-o
~ cionais:
~E" o
T = 0,693T. (10.14)
• o
E ~
------j---------------- h -~ °i)
Se a meia-vida de urna única espécie radioativa tem um valor na faixa de vários
o.
¡ Q
Q
• •o. segundos a vários anos, ela pode ser determinada experimentalmente medindo-se a
' E atividade como funyfto do tempo, como no caso da constante de desintegrayfto.
~- ¿.._ 2o "'
=
e o
o
~ ,:_ o~ o o
N e o
Quando a atividade é posta num gráfico contrário ao tempo num papel semilog,
ó o ó
(ºN/N) 'BA!l'BJ<U :>pepJAílY
o ó ó
""'-~-=
·ª
•o
o.. -o
obtém-se urna linha reta, e a meia-vida pode ser determinada diretamente.
Ocorre freqüentemente que duas ou mais espécies radioativas estáo mistura-
das, caso em que a atividade observada é a soma das atividades separadas. Se as
atividades sáo independentes. isto é. se urna componente da mistura náo dá origem
a outra, as várias atividades podern as vezes ser distiµguidas, e suas meias-vidas
RADIOATIVIDADE NATURAL E AS LEIS DA TRANSFORMAGAO RADIOATIVA 199
198 FISICA NUCLEAR
desde que N, o número de átomos de um nuclídeo numa amostra, seja conhecido, e
determinadas. Quando a atividade tota1 é lan¡;ada num ~ráfi~o contra o te!11p~o nu: que e seja obtido como um resultado de urna calibra9áo apropriada. Este método
papel semilog. urna curva sólida como a da Figura 10.5 e obttda. A ~urva ~ conca a teriI sido usado com sucesso para emissores a de longa vida, e foram determinados
para cima porque as componentes de vida mais curta deca~m mats raptdame~te, valores de meias-vidas até da ordem de 1010 anos. Para meias-vidas muito curtas,
deixando eventualmente as componentes de vida longa. Apos um tempo suficien- outros métodos 4 devem ser usados, cuja discussáo está além dos objetivos <leste
temente longo, só a atividade de vida mais longa vai permanecer, e o valor de su~ livro; foram determinadas meias-vidas táo curtas quanto 10- 9 s.
meia-vida pode ser obtido diretamente a partir da pon;~o final da_ curva de decai-
mento, que vai ser urna linha reta. Se esta por~ao de lmha reta ~ extrapo}ada de 10.3 Transforma~óes radioativas sucessivas. Descobriu-se experimentalmente
volta para t = o, e se os valores da atividade dados por ela_ sao subtra1dos da que os nuclídeos radioativos que ocorrem na natureza formam tres séries. Em cada 1

atividade total, a curva que permanece vai representar o decaim~nto de to~as as série, o nuclídeo pai decai num nuclídeo filho, que decaí por sua vez, e assim por 1'
componentes da mistura exceto a de vida longa. O exernplo na Figura 10.5 _e u~a diante, até que se alcan9a um produto final estável. No estudo das séries radioati-
mistura de duas atividades, urna corn meia-vida de 0.8 hora. a outra_ corn meta-vida vas, é importante ·saber o número de átomos de cada membro da série como fun98.o
de g horas. A curva para a atividade total é a-- sorna das. du_a~ lmhas retas que 1 . do tempo. A resposta a um problema <leste tipo pode ser obtida resolvendo-se um
· representam as atividades individuais. A pesar de que. em prmc1p10. qual~uer curva sistema de equa~6es diferenciais. O procedimento pode ser ilustrado tratando do
de decaimento complexa pode ser decomposta em s~as componentes. d1ficuldades caso de um nuclídeo radioativo, indicado pelo subscrito 1, que decai em.outro nu-
práticas podem limitar a utilidade do método para tres componentes_. e ~esmo _um~ clídeo radioativo (subscrito 2); o último, por sua vez, decaí num produt0 final está-
mistura de duas componentes pode ser difícil de resolver se as mems-v1das d1fen- vel (subscrito 3). Os números de átomos dos trés tipos em qualquer instante de
rem por menos do que um fator dois. . · , tempo t sao indicados por Ni, N 2 e N 3 , respectivamente, e as constantes de desinte- i
Se a meia-vida de um radionuclídeo é muito longa ou mu1to curta. _met_odo~ gra9áo sao A1 , A2 e A3 • O sistema é descrito pelas trés equa96es ,'I
diferentes daqueles discutidos até aqui devem ser usados. Quando a meia-v1da e
muito longa, isto é, A é muito pequeno, pode náo ser possível _detectar um_a_ mu- dN
dan9a na atividade durante o curso da medida. A a!ividade expenmental, A, ~ igual dt1 = -X 1N1, , (10.15a)
a e W onde e dá a fra9áo dos átomos que se desmtegram detectados pelo mstru-
mento0,de medida. Entáo, A pode ser obtido a partir da rela9áo dN2 (10.15b)
,dt = X1N1
A
-,
e (10.15c)

Estas equa9óes expressam os seguintes fatos: o nuclídeo pai decai de acordo com a
300 lei básica da Eq. (10.5); átomos do segundo tipo sao formados na raza.o A1N1 por
200 causa do decaimento de átomos do pai, e desaparecem na razáo A2N 2 ; átomos do
"·' \ produto final estável aparecem na razáo A,Jv 2 como resllltado do decaimento de
10()
....:,_
1
"--
'I:· b
-
átomos do segundo tipo.
É instrutivo resolver este sistema; de equa96es em detalhe porque o procedi-
ménto é usado freqüentemente. 0 1número de átomos N 1 pode ser e~crito imediata-
' e
\
- ,..._
-
mente,

(10.16)
1
1 onde N? é o número de átomos do primeiro tipo presentes no termo t ::;:: O. Esta
o expressiio para N, é inserida na Eq. (10.15b), e obtém-se

5 dN2 -
dt -
X Nº ->,t -
1 1e
XN
2 2,
'.
3 ou
2 '. I'
1 dN 2
dt +' A2 N 2 - '1Nº1e-'''.
A (10.17) ''
1
o 2 4 6 12 14
Tempo (horas) MulÍiplique a Eq. (10.17) por e'2'; isto dá
Fig. 10.5 Análise de uma·curva de decaimento composta. (a) <?urva ~omposta. (b) Compo-
nente de vida mais longa en = 8,0 h). (e) Componente de vida ma1s cu~a en = o,.s h).
(Reimpresso com pennissao de G. Friedlander e J. W. Kennedy. lntroductwn to Radwche-
mistry. New York: Wiley, 1949.)
RAOIOATIVIDADE NATURAL E AS LEIS DA TRANSFORMACÁO RAOIOATIVA 201
FISICA NUCLEAR
200
(10.23)
ou

-d (N 2e''') -- '/\I Nº1ee>,->,>•


dt · As curvas da Figura 10.6 mostram o que acontece neste caso, se supomos que as
meias-vidas das espécies ativas sao T1 = 1 hora e T2 = 5 horas, respectivamente; os
A última equa98.o pode ·ser integrada diretamente para dar valores correspondentes das constantes de desintegra980 s3.o A.1 = 0,693 h- 1 e A2 =
0,1386 h- 1 , respectivamente. As ordenadas das curvas representamos números re-
N 2e,,, -- "' Nºe''2->1H
1 +e 1
lativos das substancias 1, 2 e 3 como fun9óes do tempo quando tomamos o número
A2 A1 inicial de átomos da substancia 1 como Nf = 100. O número de átomos da substan-
cia 1, N, decresce exponencialmente de acordo coma Eq. (10.16) com a meia-vida
onde C é a constante de integra9áo. Multiplicando por e-A,t, ternos de 1 hora; N 2 é inicialmente zero, ·aumenta, passa por um máximo depois de apro-

------------~
- - -----¡ ximadamente tres horas, e entiio decresce gradualmente. O número de átomos N 3
,----~~~"~''-c--NPe-'''+ ce-'''. \ (10.18) do produto final estável aumenta constantemente com o tempo, apesar de faze-Io
'-2 - Al lentamente no início; quando t se torna muito grande, N 3 se aproxima de 100, urna
vez que· eventualmente todos os átomos da substáncia 1 se convertem em átomos
o valor da constante de integra98.o é determinado notando-se que, },¡ªº~º~ = O~~ 0 do produto final estável.
'

:1
número de átomos do segundo tipo tinha um valor constante, ou 2 - 2, e O tratamento discutido acima pode ser estendido para urna cadeia de qualquer 1,¡
N~ igual a urna constante. En.tao, número de produtos radioativos, e a solu980 deste problema é freqüentemente útil.
O procedimento é similar 3.quele do caso especial já considerado, exceto que a
matemática se toma mais complicada e as expressóes para os números de átomos
C = N o2 - "'
" 2 _ "'
Nº,.
se tomam mais complexas a -medida que ·o comprimento da cadeia aumenta. As
lnserindo este valor na Eq. (Í0.18) e rearranjando, obtemos a solui;iio de N, como
funi;iio ·do tempo:
(10.19)
N2 : "' N1(e-''' - e-'•')+ Nie-'•'. -- - -· -
'-2 - "' lÓO

o número de átomos do terceiro tipo é en.contrado inserindo-se esta expressáo -


para N, na Eg. (10.15c) e integrando, que dá , . --

y
V ---
(, "' / ,
,-N1.
. Na=
, "2 -
·-·- '
i h /
.

onde D
.i uin~ co~sbln°te de integrai;áo, determináda pela condii;áo N, = Ng eín yN2 --·-.

o: I . ·.

"' /
t =· Esta condii;áo dá _-

Quand& esta expressáo para D é colocada na Eq. 00.20), o resultado é


/
/
"' "" '•

N• = Ng + Ni(!
, ,
- e- ' ) + N' ¡
0( A1
+ '-2 - "' e
-A2t A2
- '-2 - "'
e->-1t).

(10.21)
/
/\
"' '--
¡'--...
o
---- ----
As Eqs. (10.16), (10,19) e (10.21) representam a solui;iio do proble?'ª· _
Um dos casos mais freqüentes na prática é aquele no qual so estao presentes
'/ '-....__
o 2 4 6 E 10 12 14 16 18 20 22 24 26
inicialmente átomos radioativos do primeiro tipo. Neste caso, as constantes N8 e
!VR sao ambas iguais a zero. e as solw;óes para N2 e N3 se reduzem a Tempo (horas)

Fig. 10.6 Urna série radioativa com trés membros: só o pai (Ti = I h) está presente inicial-
(10.22) mente~ o filho tem urna meia-vida de 5 h, e o terceiro membro é estável.

''
¡,
RADIOATIVIDADE NATURAL E AS LEIS DA TRANSFORMAQÁO RADIOATIVA 203 1

202 FÍSICA NUCLEAR

equa,;óes diferenciais do sistema sáo

dN,
-0
RaA
§ 0.8 A"o F=+---+--l---+---1_....,e:::...+---I
dt = -X,N,,
--~ 0,6 Xo H---l-''<--+---+~,,,_+---+--+-----1
~

d: =2
X1N 1 - X2N2, ·g>
~ o.~ No ft---+-~t--r-+--+---+--+-----1
dNa = X2N 2 - XaNa, (10.24)
e~

dt j 0.2 A'o i----\,---,,4--,,Y.--.P,..~....¡_=----j--+---I


-------,
=-~
~

idN,,._, N 'N \ o 20 40 60 80 100 120 140


f-~~~--~-=~-1---~
A solu,;áo deste sistema de equac;óes, na hipótese de que em t_ ~ O. 5 ?~:nte_ ª
Tempo (min)

Fig. 10.7 O decaimento do Rádio A. [Reimpresso com permiss.io de Rutherford, Chadwick,


substáncia pai está presente, foi deduzida por Bateman.s As condu;oes m1cm1s sao e Ellis, Radiations from Radioactive Substances, Cambridge University Press (Macmillan
Co.), 1930.]
t = O; N, = N~, Ng = Ng = · -· = N~ = O. (10.25)

O número de átomos do n-ésimo membro da cadeia é dado por


e o leitor pode procurar o livro de Rutherford, Chadwick, e Ellis para outros exem-
N.(t) - C,e-''' + C2e- ' + Cae
>. t ->.at + · · · + Cne -Ant
, (10.26) plos da aplica9áo da teoría.

10.4 Equilíbrio radioativo. O termo equilibrio é geralmente usádo para ex-


coro pressar a condi9iio em que a derivada de urna fun9iio em rela9iio ao tempo é igual a
zero. Quando aplicamos esta condi9ao aos membros de urna cadeia radioativa, des-
crita pelas Eqs. (10.24), isto significa que as derivadas dN,/dt, dN,/dt, ... , dN,/dt
sao todas iguais a zero, ou que o número de átomos da cadeia nao está mudando.
Entao, as condi90es para equi1íbrio sao
(10.27)
dN 1
ai= -X 1N 1 - o,
X1X2 ... Xn 1 Nº
c. - (X 1 - X.)(X2 - Xn) .. - (Xn-1 - An) ,. X1N 1 - X2N2, (10.28)

A Figura J0.7 mostra um exemplo da aplica9áo das_ equa96e~ de Bate~an, Eqs. < X2N2 - XaNa,
(10.24) a (10.27), tirada do livro de Rutherford, Chadw1ck, e Ell!s, Radiatwns from
Radioactíve SÜbstances. As curvas foram obttdas nas cond~,;~es qu~ :eguem. 1
Expós-se um corpo de prova durante alguns segundos ao radomo (Em ), e um
2 "An-lNn-1 = AnNn,
218
certo número de átomos do produto de decaimento do radónio, RaA ou Po , co~ 1
--úm8.--meia-vida de 3,05 min, se degenerou sobre o carpo d_e prova. O RaA decai Estas condi9óes nao podem ser satisfeitas rigorosamente se a substáncia pai é urna
para RaB (Pb214) com urna meia-vida de 26,8 min, que deca1, por sua vez, em R!f substáncia radioativa porque a primeira das Eqs. (10.28) implica que ,\1 = O, o que é
(Bi214) com urna meia-\'.ida de 19,7 min. Finalmente, o produt? fin:11 RaJ? ou Pb , urna contradi9ao. É possível, entretanto, atingir um estado muito próximo ao equi-
com urna meia-vida de 22 anos, é formado. A última meia~v1da e suficientemente líbrio, se a substáncia pai decai muito menos rapidarnente que qualquer um dos
longa para que O número de átomos de rádio D que se des~ntegram poss~ ser des- outros rnembros da cadeia; ern outras palavras, se o pai tem urna meia-vida muito
prezado. O número de átomos de RaA decresce e~p?nencmlmente. O _numer<? de longa comparada coma de qualquer de seus produtos de decaimento. Esta condi9áo
átomos de RaB inicialmente é zero, passa por um max1mo cerca de 10 mm de~m.s, e é satisfeita pelas cadeias radioativaS que ocorrem na natureza. Uránio I tem urna
entao decresce corn o tempo. O número de átomos de RaC passa por um max1mo meia-vida de 4,5 x 109 anos e a fra9ao de UI átomos transformados durante a vida
cerca de 35 min depois. O número de átomos de RaD aumenta, alcam;an_d? um de um experimentador é realmente pequena. Em tal caso, pode-se tomar o número
máximo quando o RaA e RaB desapareceram. Eventualmente, o R~D decama ex- de átomos N 1 como constante, e o valor de A1 é muito menor que o de qualquer
ponencialmente com urna meia-vid~ de 22 .ª~~s. A s?ma de todos os atomos presen- outro dos A na cadeia. En tao a prime ira das Eqs. ( l 0.28) é urna aproxima~ao muito
tes em qualquer instante é N 0 , o numero 1mc1al de atornos de RaA. . _ . . . . boa, e as condi9óes restantes sao rigorosamente válidas. Este tipo de equilíbrio é
Podern-se obter solu~0es para outros problemas coro outras cond1~oes m1c1ais.
RADIOATIVIDADE NATURAL E AS LEIS DA TRANSFORMAQAO RADIOATIVA 205
204 FÍSICA NUCLEAR
300
chamado de equilíbrio secular, e satisfaz a condir;áo 200
1
(10.29) /;{
100 Q 1

ou, em termos de meias-vidas,

(10.30) \
a \
Podem-se aplicar as rela~óes (10.29) e (10.30) sempre que diversos produtos de v!da d
curta surgem a partir de decaimentos sucessivos, comei;ando com um pa1 de vida \
relativamente longa. É necesSário somente ter certeza de que o material nao é per-
.turbado, isto é, que nenhum produto do decaimento é removido ou escapa por ~m
tempo suficientemente longo, para que o equilíbrio secular se estabeler;a. Tambero 4
pode se atingir o equilíbrio secular quando urna substancia radioativa é produzida 3
numa razáo constante, por algum método artificial, tal como_ urna rear;áo nuclea~ \
num cíclotron ou numa pilha atómica. O termo 1,.,N, na segunda das Eqs. (10.24) e 2
'
entao constante, como no caso de um pai de vida muito longa, e a condir;ao (10.29)
é satisfeita. 1 1\
As rela~óes (10.30) podem ser usadas para achara meia-vida de um radionuclí- o 2 6 7 8 10 12
deo cuja meia-vida é muito longa. Por exemplo, mostrou-se que minerais de uranio, Tempo (horas)
nos quais se estabelecem um equilíbrio secular, contCm um átomo de rádio para
cada 2,8 x 106 átomos de uranio l. Se o uranio I é indicado pelo subscrito 1 e o Fig. 10.8 Equilíbrio secular. (a) Atividade do filho crescendo numa frayáo recém-purificada
rádio pelo subscrito 2, entáo no equilibrio N,/N, = 2,8 x 106 • A meia-vida do rádio do pai. (b) Atividade do pai (T! = co). (e) Atividade total de urna frayáo do pai inicialmente
é conhecida a partir de medidas diretas como sendo de 1620 anos. Conseqüente- pura. (d) Decaimento de urna frayáo do filho recém-isola"da (T! = 0,80 h). (Reimpresso com
J11ente, a meia-vida d~ uranio I é · permissao de G. Friedlander e J. W. Kennedy, Introduction to Radiochemistry. New York:
Wiley, 1949.)

T, = N,
N T2 = 2, 8 X 106 X 1620 = 4,5 X 109 anos
2
Um estado de coisas bem diferente, chamado de equilíbrio transitório, resulta
Consideremos em seguida um exemplo de equilíbrio secular. O caso é aquele se o pai tem vida mais longa que o filho (/,.1 < 1,.2), mas quando a meia-vida do pai
de um pai de vida longa (T = "') e um filho de vida curta. Supóe-se que o filho _foi nao é muito longa. Neste caso, a aproxima<;ao 'A. 1 = O nao pode ser feita. Se o pai e
separado do pai, de modo que este último seja inicialmente puro. As expre~soes o filho sao. separados de modo que o pai possa ser considerado como inicialmente
matemáticas para o número de átomos do pai e filho podem ser obtidas a parltr das puro, o número de átomos é novamente dado pelas Eqs. (10.16) e (10.22). Depois
Eqs. (10.16) e (10.22) se notamos· que 1,. 1 = O, e,.,«>.,. Entáo, ,-,,, = 1, e que t se torna suficientemente grande, e-A2i se torna desprezível comparado com
e-A1t, e o número de átomos do fdho se torna . : . • ·
N, ~ NY, (10.31~
(10.35)
N 2 ~ Xi NY(l - e-'•'). (10.32)
>-2
Assim, o filho eve_ntualmente decaí com a mesma meia-vida que o pai. Como
A. Eq. (10.32) pode ser reescrita como N¡,-,,, = N,, segue da Eq. (10.35) que
X2N 2 ~ X1NY(l - e~'''). (10.33) N, >-2 - >-1
N2 = X1 (10.36)
a
A última equa,áo dá atividade do filho como fun,áo do tempo, .em tennos da
atividade (constante) do pai. A atividade total é dada por A raz§.o das atividades medidas no equilíbrio é
(10.34)
(10.37)
A Eq. (10.33) mostra que a medida que t aumenta a atividade do filho aumenta, e,
após várias meias-vidas, 'A.,Jv2 se aproxima de 'A. 1N~. satisfazendo a condi98.o para o e a atividade do filho é maior que a do pai por um fator >. 2/(>. 2 - >.,). Os resultados
equilíbrio secular. Estas rela9óes sao mostradas graficamente nas curvas a e b da acima, característicos do equilíbrio transitório entre os áto_mos pai e filho, sao mos-
Figura 10.8; a curva e dá a atividade total. Para compara<;B.o, a curva d mostra trados graficamente na Figura 10.9.
como urna fra9ao do filho separada recentemente iria decair.
206 FISICA NUCLEAR RADIDATIVIDADE NATURAL E AS LEIS DA TRANSFORMA.CA□ RADIOATIVA
2077
Tabela 10.J A série do uránio ,1
arn 1
1
-
'1
í! Tipo de
i i ¡ Constante de Energia da
!
1

Espécie radioativa
4'
' i
1
' Nuclídeo desinte- Meia-vida desintegra-
- partícula,
! ()\ ) 1 - / d__, ....¡.._ -1- - -
grariio riio, s- 1 Mev
y
"'""'"'-=- __ •('_
' Uranio I (UI) 92 U23R
\~?"[ ----' 4.50 x 109 ano 4,88 X 10-1~
/3"
Uranio Xi (UX 1) 90 Th234 4,20
l ·- X /,- ' Uranio X2 (UX2) 24,I dia 3,33 X 10-, 0,19
1 91Pa234 /3 1.18 min
_ / I\
'
1 1 Uranio Z (UZ)
Uranio II (U!IJ
¡ 91 Pa234 /3 6,7 h
9,77 X
2,88 X
10-0
I0- 5
2,32
1,13
i\!
; 'I ' i ,-.e: ' Iónio (lo)
92 u234
90 Th2ao " 2,50 X 105 ano 8,80 X J0-14 4,768
1- 8,0 X 104 ano 2,75 X 10-1.1
"1 ¡d ¡ Rádio (Ra) ei.Ra226 " 1620 ano 1,36 X 10-11
4,68 min
i
'
! Emana980 de Ra (Rn) s6Em222 " 4,777 min
1
1

\ 1 1
Rádio A (RaA) e4Po21s "a, /3 3.82 dia
3.05 min
2,10 X
3,78 X
10-s
10-a
5,486
a:5,998
' Rádio B (RaB) s2Pb214 /3:?
-, j
Astatínio-218 (At2111) asAt21s
/3 26,8 min 4,31 X 10-• 0,7
' 1.5-2,0 s
i~- --~- .1\--,
'
1
- -- -·- l _
Rádio e (RaC) s3B¡214 "
"· /3 19.7 min
0,4
5,86 X 10-~
6,63
a:5,51 min l.,
- -
1
,~ \ i Rádio C' (RaC') 114Po2H J.64 I0- 4 S
/3:3,17
/3"
X 4,23 X 10' 7,683
Rádio C" (RaC") 81 TJ21U
Rádio D (RaD) 1,32 min 8,75 X 10-• 1,9
\ a2Pb210 /3 19,4 ano 1,13 X 10-,
l1I
1 Rádio E (RaE) 83fü2.IO 0,017 1

/3 5,0 dia 1,60 IO-•


() -! 6 s lll 12 1-! Rádio F (RaF) e4Po210 138,3 dia
X 1,155
'I
/3"
Tálio-206 (TI"') 5,80 X 10-s 5,300
Tempo (horas) e1 TJ206
Rádio G (RaG) e2Pb200
4,2min 2,75 X 10-3 1,51
Estável
Fig. 10.9_ Equilíbrio transitório. (a) Atividade do filho crescendo numa frai;ao recém- 1

purificada ·do pai. (b) Atividade do pai (T½ = 8,0 h). (e) Atividade total de urna frai;ao do pai
inicialmente pura. (d) Decaimento de urna fra9ao do filho recém-isolada (T½ = 0,80 h). {e)
Atividade total do filho quma frai;iio com pai e filho. {Reimpresso com permissllo de G. Frie- ú~il. ter um código de !ra~sfor~a9~0 disponível. O antigo nom~ geralrnente indica a
dlander e_ J. W. Kennedy;Jntroduction to Radiochemistry. New York: Wiley, 1949.) ·

~=¡!:~~~
sene,ª. que u~a substancia radmativa pertence e dá alguma idéia d
0 81
0
· - 1 ·
:a~~lodmode~o -~á os números atómicos e de massa~ ~~:~or~=t~:~
partícula' em"fd r a me1~-v1 a (ou ~on~t~nte de desintegra9á.o), e a energia da
Quando o pai tem urna meia-vida _mais curta que a do filho (.\.1 > A2), náo se 1 1 a caractenzam a radmat1v1dade. A meia-vida pode aparecer em
atinge nenhum estado de equilíbrio. Se pai e filho sao inicialmente separados, en- !J.
a
tao, medida que o pai decai, o número de átomos filho vai aumentar, passar por
um máxim~, e eventualment~, decair com a meia-vida do filho. Ta.be/a 10.2 A série do actinio
;i:,
Tipo de Constante de Energia da
Espécié radioativa Nuclideo desinie-
1

Mela-vida desintegra- particu/a,


10.5 As séries radioativas naturais. Como resultado das pesquisas físicas e, grar;ilo 9iio, s- 1
1 j

Mev
químicas sobre os elementos radioativos que ocorrem na natureza, provou-se que 1

Actínio-uranio ( Ac U)
cada nuclídeo radioativo é um membro de urna de tres longas cadeias, ou séries
Uranio Y (UY)
"U""
ooTh231 /3"
7,10
25;6 h
X 108 ano 3,09
7,51
X 10-11

10-,
4.559 min li
radioativas, que se estendem através da última parte da tabela periódica. Estas Protoactínio (Pa) 91Pa231
X 0,30 lil
3,43 x 104 ano 6,40 10-13
séries sáo chamadas de série do uranio, actínio e tório, respectivamente, nomes que Actí~io (Ac) e9Ac221 "a, /3 21,6 ano 1,02
X
X 10-,
5,046 min
a:4.94
correspondem aos elementos no topo da série, ou nas suas proximidades. Na série
do uranio, o número de massa de cada membro pode ser expresso na forma (4n +
2), onde n é um inteiro, e a série do uranio as vezes é chamada de série "4n + 2".
Nas séries do actínio e tório, os números de massa sao dados pelas expressóes 4n +
Radioactínio (RdAc)
Actínio K (AcK)
oo Th221
e1Fr22a "a, /3 18,17 dia
22 min
4,41
5,25
X
X
10-,
10-4
{3:0,046
6,03 min
/3: 1,2
a:5,34
J
•¡¡¡
Actínio X (AcX) aaRa223 11,68 dia
3 e 4n. respectivamente·. Nfio existe nenhuma série radioativa natural de nuclí-
deos cujos números de massa sejam representados por 4n + l.
Astatínio-219 asAt21e "a, /3 0,9 min
6,87
1,26
X
X
10-,
10-2
5,864
a:6,27
,¡'
Emanai;::ao de Ac (An) ssEm219 3,92 s
1,
Os mernbros da série do uranio estáo listados na Tabela 10.1 bem como o Bismuto-215 833¡215 " /3
a, 8 min
0,177
1,44 X 10-a
6,810 min
? ,¡;:
modo de desintegra9áo, a meia-vida, 6 a constante de desintegra9áo, e a energia Actinio A (AcA) 114Po211; a, /3 1,83 X 10- 3 s
Actinio B (AcB) 112Pb2ll 3,79 X 11)' a.:7,37
máxima das partículas emitidas. 6 As mudan,;as no número atómico e número de Astatínio-215 /3 36,1 min 3,20 X 10-• 1,39
ssA121s 10- 4 s 7 ¡!

massa sao mostradas na Figura 10.10. A Tabela 10.2 e a Figura 10.11 dao as
informa,;óes correspondentes sobre a série do actínio, enguanto que a Tabela 10.3 e
Actinio e (AcC) 83
8j2Il "a, /3 2.15 min 5,28
X ]Q-1
X 10-a
8,00
a:6,617 min il'
Actinio C' (AcC') H4Po 211 0,52 s
/3"
a Figura 10.12 sáo para a série do tório. A primeira coluna de cada tabela dá os Actinio C" (AcC") 1.33 7.442 min '
et Tl2º 1 4.79 min 2,4] X IQ-3
antigos nemes históricos dos radionuclídeos. enguanto que a segunda coluna dá o Actinio D (AcD) 112Pb20, 1,44
Estável
símbolo moderno. Ambos esta.o incluídos porque sao encontrados na literatura. e é
RADIOATIVIDADE NATURAL E AS. LEIS DA TRANSFORMACAO RADIOATIVA 209
FÍSICA NUCLEAR
208

-1.'1 23 5
238
ux1Í~x~uu
1/
/
- AcU

234 '-Juz~
23 1 UY-"
--~Pa
lo,..
/
22 7 ....
v.-\r=- -RdAc
231 ) ! - L.,
~
~
~ ---
/

Ra....- E 22 3 1 AcK~ AcX_.


~ ..,-!-' --- "''
22h ~ /
~
E ' "o~ 2
At ~ ~An..-
Rn' 219 _.,,-,;;· :
-v
~
i
.
/
-o 222 1 E
-
e 1 •o
z
e : , 215 Bi21~ ¡.,AcA- ~ At21s
Z 218
... '
;.,
RaA..!..LPt
211
.
AcB- ~Act ~AcC'
--- ---
214 RaB-,_ RaCj: RaC'
' ' . / -
~ ,,. ! 20i .-\cC"· ',.AcD~
.,,
211 ) H.a(;'.!.l..Ran..:...RaE-.-;.RaF .

TI
81
Ph
82
Bi
83
po
84
A.t
85
Em
86
Fr
87
Ra
88
- Ac Th
90
Pa u
Rae' 89 91 92
20(1
' .\t Em 1'r Ha Ar Th Pa L
Número atómico
TI Ph Bi Po 90 91 92
82 83 84 8,~ 8íl S7 88 89 Fig. 10.11 A série do actinio (4n + 3).
Xl
Número atómico

Fig.- 10.10 A série do Uía!:)_io (4n + 2).


:
anos, dias, horas, minutos, ou segundos, abreviados como ano, dia, h, min, s, res-
pectivamente. No caso de partículas (3, o valor da energia listado é o das partículas 23 2
mais energéticas. Para alguns radionuclídeos. as partículas a sao monoenergéticas; L,Th
/

para outros, urna partícula pode ter vários valores de energia, caso ero que o maior
valoré listado e indicado por "m". As Figuras de 10.10 até 10.12 ilustram a lei de 8 ivisTh~ ,.... l\IsT~- R~Th
deslocamento de Soddy discutida na Se9áo 9.1. Lembremos que a emissáo de urna /
partícula o: diminui a carga do núcleo de duas unidades· e o número de massa de 4 4
'E!1X"'
.., T,_... ✓
t.- n
Tabe/a 10.3 A série do tório
.
/

Constante de Energia da 21(; ThA ~A 1210


Tipo de
desintegra- partícula, .,,
Espécie radioativa Nuclídeo desinte-
grariw
Meia-vida
ráo, s-1 Mev .,., ... ---
. ..-
ThB/ •ThC. t-,-ThC'
212
ooTh232 a 1.39 x 1010 ano 1.58 x 10- 18 4,007
Tório (Th) 3,28 X 10-s 0,04
Mesotório 1 (MsThl) 11eRa2211 /3 6,7 ano 20S ThC" ¡..ThD
6,13 h 3,14 X 10-> 2,18
Mesotório 2 (MsTh2) 119ÁC2211 /3 1,15 X 10-• 5,423 min 1
Radiotório (RdTh) 'ooTh2211 a 1,910 ano
5,681 min TI Ph Bi Po .\t Em 11
'. Ha Th Ha {T
2,20 X 10-•
Tório X (ThX) 1111Ra22 ~ a 3.64 dia
1,34 X 10-, 6,280 81 82 83 84 X,j 1-ifi X7 81-i 90 91 !)2
Emanac;ao de Th (Th) 11sEm220 a 51.5 s
0.16 s 4,33 6,774 Número atómico
Tório A (ThA) 114Po216 a, /3 1,82 X 10-' 0,58
Tório B (ThB) 112Pb212 /3 10,6 h
3 X 10- 4 S 2,3 X 10' 7,79 Fig'. 10.12 A série do tório (4n).
Astatínio-216 ( At 216 ) ~At216 a
1,91 X 10-4 a:6,086 min
11.18¡212 60.5 min
Tório C (ThC) ª· /3 {3:2,25
114Po212 3,0 X 10- 7 s 2,31 X 10' 8.780
Tório C' (ThC') a
3.10 min 3,73 X 10-a 1,79
Tório C" (ThC") 111Tl 20 K /3
Tório D (Th D) 112Pb2011 Estável
RADIOATIVIDADE NATURAL E AS LEIS DA TRANSFORMACAO RADIOATIVA 211
210 FÍSICA NUCLEAR

unidades, enguanto que a emissáo de urna partícula f3 aumenta a carga do núcleo de Se W é o peso desconhecido. entáo
urna unidade e deixa o número de massa sem modifica9áo. Portanto, nas figuras
urna desintegra9áo a é representada por urna flecha dirigida para baixo e para a -dn/dt = 11N = 4.31 x 10-, x W/214 x 6.02 x JO"
esquerda. e urna transii;ao f3 por urna flecha horizontal apontando para a direita. = 1.21 W x 10 18 desintegra96es/s.
Todos os elementos em qualquer das colunas tém o mesmo número atóÍnico e
devem ocupar o mesmo lugar na tabela periódica. Por exemplo, RaA, RaC', RaF; Se -dN/dt = 3,70 x JO'" desintegra,oes/s (! curie). entao
AcA, AcC'. ThA e ThC' tem todos o número atómico 84 e sáo isótopos do poló- 3,70 X 10"'
nio. Analogamente, RaB, RaD, RaG, AcB, AcD, ThB e ThD todos tém o número W= = 3,J X 10-8 g,
atómico 82 e sáo isótopos do chumbo. Esquemas de séries como os das Figuras 1,21 x !0 18
10. 10 até 10.12 Jevaram Soddy (1913) a descoberta da existencia de isótopos.
Na rnaioria dos processos de desintegra¡;áo que comp6em urna série radioativa, Para I rd,
cada um dos radionuclídeos se desintegra de urna maneira definida, d&ndo urna
JO' = 8,3
partícula a ou /3 e um átomo do nuclídeo produto. Em alguns casos, entretanto, os w X 10-" g.
átomos se desintegram de duas maneiras diferentes, dando origem a dois produtos 1,21 x JO"
com propriedades diferentes·. Este tipo de desintegrai;ao é chamado de decaimento
ramificado e é ilustrado pelo decaimento do Po218(RaA), Bi 214 (RaC) e Bi21 º(RaE) na Portanto, para urna substáncia com urna meia-vida curta (mas nao muito c~rta~ é
série do uránio; pelo Ac 227 , Po 215 (AcA), Bi 211 (AcC), 117 Fr223 (AcK) e 85At 219 na série necessário pouco material para fornecer um curie de atividade. Quando a meia~v1da
212
do actínio: e pelo ·Po216(ThA) e Bi 212 (ThC) na série do tório. Cada um <lestes nuclí- é urna pequena fra9ao de segundo (Po'.!. 1\ Po'.!. 1;', At 21 ª', At2 1\ ou Po ). a quant1dade
deos pode decair tanto por emissao a: como /3. A probabilidade de desintegrai;ao é a de material que dá um curie de atividade é inimaginavelmente pequena. No caso de
9
soma das probabilidades separadas e A = X. + x,,a meia-vida é T = 0,693/X = um nuclídeo com urna meia-vida muito longa, como o U2311 (T = 4,50 x l0 a), .\ =
0,693/(Aa + .\n). Na maior parte dos casos, um modo de decaimento é muito mais pro- 4,9 x 10- s- • Entáo,
18 1

vável que o outro. O rádio A e o AcA decaem quase que inteiramente por emissao a:.
Poroutro lado. RaC, RaE, Ac e AcC decaem quase inteiramente por emissao {3, com __!!_l;I_ = ).N = 4,9 X 10- 18 X _!:l:'.__ X 6,02 X JO'"
somente urna frai;ao de um por cento ou menos dos átomos desintegrando por emis- dt 238
sao a:. O caso do ThC (Bi 212 ) é especialmente interessante porque 66.3% das
J ,24 x I O'W desintegra,ao/s.
desintegra96es sao por emissao /3, e 33,7% por emissao a. em contraste com os
outros casos mencionados. Em cada decaimento ramificado. os átomos produzidos
.~ecaem para dar ó'"!!)esmo nuclídeo. Por exemplo. o ThC emite urna partícula f3 Para I curie de atividade,
para formar ThC' (Po"') ou urna partícula a para formar ThC" (TI'"); o ThC'
entao ·emite urna partícula a: para dar o nuclídeo estável Pb 2º11(ThD), enquanto que 3,70 X JOIO
ThC" emite urna partícula f3 e também forma Pb2º11 estável. w = 3,2 X JO' g,
J,14 X 10'

e mais de trés ·toneladas métricas sao necessárias.


10.6 Unidades de radioatividade. Consideremos a intensidade de radiai;iio até
aqui em termos do número de átomos que se desintegram por unidade de tempo, ou
em termos do número de partículas emitidas, contadas por unidade de tempo por REFElillNCIAS
um detector. Cqmo em outros ramos da fisica, é útil ter urna quantidade unit~ria
GFJRAIS·,
padr8.o com um nome apropriado. Em radioatividade, a uñidade padráo é o curie,
definido como a quantidade de qualquer material radioativo que dá 3,70 x 1010 RUTHERFORD, CHADWICK, and ELLIS, Radiations from Radioactive Substances.
desintegrai;Oes/s. O milicurie, que é um milésimo de um curie, e o microcurie, igual New York; Macmillan, 1930. (Reprinted with corrections, 1951.)
a um milionésimo de um curie, também sao unidades úteis: estes corresponderiam a G. HEVESY and F. A. PANETH, A ]fanual of Radioactivity, 2nd ed. Oxford
quantidades de materiais ativos que dáo 3,7 x 107 e 3,7 x 104 desintegra96es/s, University Press, 1938.
respectivamente. G. FRIEDLANDER and J. \V. KE~NEDYi Nuclear and Radiochemistry. New
Por várias razóes, principalmente históricas. tem havido alguma confusáo
York, Wiley, 1955.
sobre o uso do curie como unidade padrao. Conseqüentemente: tem sido recomen- R. D. EvANS, The Atomic Nucleus. New York: J\IcGraw-Hill, 1955, Chapters
dada urna nova unidade absoluta de radioatividade. chamada ruther.ford (rd). defi-
nida como a quantidade de substancia radioativa que dá 106 desintegrai;óes/s. O 15, 25, 26.
milirrutherford (mrd) e o microrrutherford (µrd) correspondem a 103 desintegra- E. SEGRE, "Radioactive Decay," Experimental Nuclear Physics, E. Segre, ed.,
96es/s e I desintegrai;ao/s, respectivamente. Vol. III, Part IX. New York, Wiley, 1959.
Para ter urna idéta de algumas ordens de grandeza. consideremos o problema J. L. PuTNAM, "J\ileasurement of Disintegration Rate," Beta- and Gamma-
de calcular o peso em gramas de 1 curie e I rd de RaB ( Pb 214 ), a partir de sua Ray Spectroscopy, K. Siegbahn, ed. Amsterdam, Korth Holland Publishing Co.;
meia-vida de 26.8 min. A constante de desintegrai;ao é New York: Intcrsciencc, 1955i Chapter 26.
G. J. HINB and G. L. BnowNELL, c<ls., Radiation Dosimetry. New York: Aca-
<lemic Press, 1956.
RAOI0ATIVIDADE NATURAL E AS LEIS DA TRANSF0RMACA0 RA0I0ATIVA 213
PARTICULARES
l. G. E.M. JAUNCEY, "Early Years of Radioactivity," Am. J. Phys. 14, 226 e 1 rd de RaA? (d) l microcurie e 1 rd de RaC'?
6. Descobriu-se que urna amostra de iónio (Th 23 º) pesando 0,100 mg sofre 4,32 x 106
(1946). a· t' ·t "
2. E. RuTHERFORD and F. SoDDY, "The Cause and Nature of Ra 1?a.c 1v1 Y, desintegrai;óes/min. Qual é a meia-vida <leste nuclídeo? lónio é fonnado pelo decaimento a do
U234 • Quantos rutherfords do U234 seriam necessários para produzir urna amostra de 0,100 mg
J. Chem. Soc. 81, 321, 837 (1902); Phil. Mag. 4, 370, 569 (1902); ibid 5, 576 de Th23º?
(1903). 7. Urna amostra recém-separada de RaF (Po21 º) contém 1,00 X 10- 6 g daquele nuclídeo.
3. G. FRIEDLANDER and J. W. KENNEDY, op. cit. gen. ref., Chapter 9. Quantas desintegrai;óes por segundo sofreria a amostra imediatamente após a separai;ao?
4. s. RowLANDS, "Methods of Measuring Very Long and Very Short Hall- Quantas após 10, 30, 50, 70, 100, 300 dias? Quantos curies de atividade conteria a amostra
Lives" Nucleonics 3, No. 3, 2 (Sept. 1948). após estes tempos? 9uantos rutherfords?
5. H. BATEMAN, "The Solution of a System of Differential Eq~ations ?ccur-
8. Considere urna série radioativa cujos dois primeiros elementos tem meias-vidas de 5
horas e 12 horas, respectivamente, enguanto que o terceiro membro é estável. Suponha que
ring in the Theory of Radio-active Transformations," Proc. Cambridge Phil. Soc. existem inicialmente 106 átomos do primeiro membro, e nenhum do segundo e terceiro mem-
16,423 (1910). bros. Ponha num gráfico, como funi;ao do tempo, o número de átomos dos trés tipos. Após
6. STROMINGER, HoLLANDER, and SEABORG, "Table of Isotopes," Revs. }.f od. quantas horas o número de átomos do segundo membro terá alcan9ado seu valor máximo?
9. Urna amostra recém-separada de RaE contém 2,00 x 10-10 g daquele nuclídeo no
Phys. 30, 585 (1958). instante t = O. Se a amostra nao é perturbada, qual vai ser o maior peso de RaF que ela
7. E. SF.GRE, op. cit. gen. ref., pp. 8-16. poderá conter? Em que instante esta quantidade vai estar presente? Decorrido este tempo,
qual vai ser a atividade a em desintegra9óes por segundo'? E a atividade /3? Quantos ruther-
PROBLEMAS fords de RaF vao estar presentes? Ponha num gráfico as atividades a e /3 como funi;óes do
tempo.
1. Ache os valores da constante de desintegra93.o e meia-vida ~e urna substancia radio- 10. O nuclídeo Bi212 (ThC) decai tanto por emissao a como /3. (a) Quais sao as constantes
ativa para a qual as seguintes contagens foram obtidas em tempos diferentes. de desintegra9ao parciais para o decaimento a e o decaimento-/3? (b) Quais sao as meias-vidas
semente para o decaimento a e semente para o decaimento /3? (c) Urna amostra recém-
separada contendo 10-1 g do Bi212 vai emitir partículas a com que intensidade? Partículas /3?
Razüo de Razáo de (d) Quais serllo estas intensidades depois de trés horas?
contagem, Tempo, contagem,
Tempo, I 1. Descobriu-se que o samário natural emite partículas a numa raza.o de I 35 partículas/
contagens/min h contagens/min
h g/s. O isótopo SmH7 (abundáncia de 15%) é responsável pela atividade; qual é sua meia~vida
6,0 1800 em anos? ·... · ·
0,0 1330 12. O nuclídeo U235 tem urna meia-vida de 7,I0 x 108 anos; seu filho Th231 tem urna
0,5 9535 7,0
8,0 980 meia-v1da de 24,6 horas. Suponha que o Th231 é separado quimicamente a parti~ de urna
1,0 8190
9,0 720 amostra de U235 • Ponha num gráfico, como funi;óes do tempo, as atividades relativas da frai;ao
1,5 7040
6050 10,0 530 de U235 inicialmente pura, da fra9ao de Th231 isolada, do Th231 crescendo na fra9ao de U235
2.0 395 inicialmente pura, e do U235 propriamente. Que tipo de equilíbrio é atingido, se ocorrer?
3,0 4465 11,0
4,0 3295 12,0 290 13. O nuclídeo Th234(UX 1) normalmente está presente em compostos de uránio, em equi-
5,0 2430 líbrio com seu pai lJ238, que tem urna meia-vida de 4,50 x 109 anos. Se a fonnai;ao de UZ é
desprezada, o UX1 decai com urna meia-vida de 24, l días para o P8234 (UX2 ), que decai com
urna meia-vida de I ,18 rnin para o U234 (UII); o último tem urna meia-vida de 2,50 x 105 anos.
Qual seria a contagem em t = O? . . Suponha que no tempo t = O removemos todo o Th234 de 100 g de uranio. Ponha num gráfico
2. As contagens listadas abaixo foram obtidas quando a at1v1dad~ de urna certa amosti:a
radioativa foi medida em tempos diferentes. Desenhe a curva de decaimento num papel semi- as atividades (em rutherfords) do Th234 e Pa234 como fun9óes do tempo para (a) um período de
log e detennine as meias-vidas e as atividades iniciais das atividades das componentes. 10 min, (b) um periodo de 10 dias. Discuta o tipo de equilíbrio envolvido, se ocorrer.
14. O uranio natural contém 0,72% de peso de U235 e 99,28% de U238 • Em minerais de
Raz/Jo de uránio normais, todos os nuclídeos radioativos produzidos pelo l.J238 e ~ esta.o em equilibrio
Raziio de Tempo, secular com estes nuclídeos. Determine as concentrai;6es atómicas, em partes por bilhao, de
Tempo, contagem,
contagem, h cada nuclídeo filho, com urna meia-vida de um dia ou mais. Despreze o tipo de decaimento
contagens/min h contagens /min
menos freqüente quando ocorrer urna ramifica9ft.o. ·
4,0 3500 15. O conteúdo de Pb206(RaG) de um mineral contendo uranio pode ser usado para de-
o.o 19100
5,0 2520 tenninar a idade do mineral. Na transii;ao do U238 para o Pb2 º6 , o U238 perde oito partículas a,
0,5 14500
6,0 1835
1,0
1,5
11410
9080 8,0 985
530
u2as ---, 8He + Pb20,.
2,0 7345 10,0
4985 12,0 290
3.0 Mostre que se a preseni;a do U235 é desprezada (e isto se mostrou válido), e se o decréscimo
na quantidade de l.P38 também é desprezado, entao a idade pode ser representada aproxima-
3 A meia-vida do radónio é 3,82 dias. Qua! a frai;ao de urna amostra deste nuclíd_eo damente pela fórmula
recém--separada que vai se desintegr~r _num dia? E1;12, 3, 4~ 5, 10 di~s? Se a amos_tra ~ont~~ '1111'I
1

inicialmente urna micrograma de radomo. quantos atemos vao se desintegrar no pnmeiro dia. ldade = (Pb'"/U) x 7 ,5 x 109 anos, ',·

,:
'
1

'
Durante o quinto dia? Durante o décimo dia?
4 A meia-vida do UX é 24. 1 dias. Quanto tempo é necessário para que 90% de urna onde a quantidade entre parénteses é o peso em gramas do Pb2 1l6 por grama de uranio. Qua! é
amost.ra de UX 1 se transfor:Oe em UX 2 , depois de separada? ?5%? 99%? 63?%? . . a idade de urna rocha de uranio que contém (a) 1,33 x 10- 2 g de Pb206 por grama de uranio? (b)
5, Quais sao os pesos de (a) 1 curie e I rd de Ra? (b) 1 cune e l rd de Rn. (e) 1 mtcrocune 0,1 g de Pb206 por grama de urélnio? Se levamos em conta o decréscimo na quantidade de
uránio por causa da desintegrai;ao, a última fórmula deve ser substituída pela aproxima98.o
melhorada
1

' 1
i"¡
l:
214 FÍSICA NUCLEAR

Idade = (Pb'°'/U + 0,58Pb"";) x 7.5 x 10" anos.

Que diferem;a esta corre'rflO causa nas idades obtidas e1;1 ~a) e (b)? . _ , .
16. Mostre que a desintegra<:flo de um grama de uranio por ano, nas cond1~oes do u1t11:110
1
problema. leva a 2,07 x 10- 11 g de hélio. ou 1.16 x 10··• cm: de hélio nas C.N.T.?. A ma1or
parte do hé1io produzido" num mineral de uríinio é retida e conservada como hélio gasoso.
Quando urna amostra do mineral é dissolvida ou fundida. o hélio pode ser coletado e seu 11
volume medido. Mostre que a idade do mineral é dada. aprpximadamente. pela fórmula

Idade = (He/U) x .8,6 x 10'; anos,

onde a quantidade entre parénteses representa a quantidade de hélio em centímetros cúbicos


nas C.N.P.T. por grama de uránio. Mostre que a idade também pode ser escrita como Desintegra<;iio Nuclear Artificial
Idade = 3,0(He/Ra) anos.
3
Encontrou-se urna dada amostra de um mineral de uranio contendo 5,1 x 10-::. cm de
hélio por grama de mineral, e 1,05 x 10- 13 g de rádio por grama de mineral. Qua! é a idade
aproximada da amostra?

11.1 Transmuta~iio por partículas alfa: rea~óes alfa-próton. O fato de que cer-
tos átomos sofrem desintegra¡;áo espontane"a levou a espe·cula90es sobre a possibi-
r lidade de provocar a desintegra¡;áo dos nuclídeos inativos ordinários. Parecia possí-
vel que, se os átomos fossem bombardeados com partículas energéticas, urna destas
últimas poderia penetrar. no núcleo e causar sua ruptura. As radia90es a partir dos
:,( i;;._•• ~:1 l1:' ~- ·:;:;-,·.:
:. ,.,(,''"' is;~._: '.;l, ".,
radionuclídeos naturais podiam ser usadas como projéteis, e as partículas a paré•
ciam ser as mais efetivas por causa de sua energía e momento relativamente gran-
des. Como a mai01: parte das partículas a usadas no bombardeio deveria ser des-
viada, estava claro. que a probabilidade de causar urna desintegra¡;áo nuclear seria
u i~·:i,r¡ r::;r·- r:· pequena. A extensáo do espálhamento podia, entretanto, ser reélllzida e a probabi-
G~.i, --:t_ :::i.:;; i,:ir: ·, .on;· ,-_,- :;~, ;~ 1r. ::,J;: -~r1,· , ·::1:.n o;. : e::;,:-:~·!'··-· - ., :.:;r,i-~ lidade de desintegra9áo aumentada usando-se átomos dos elementos mais leves
~¡-. obi''l:Jq t;!i.' i::< ,_.,,/- •~:r;·,¡ ,.,'~ :::,_,;.-r·••, o:-;'.('"' como _alvos, reduzindq portanto a magnitude das for9as repulsivas de Coulomb
entre os núcleos alvo,e as partículas a.J -: ... : :s;· '.'",:~,-~;; ,.·- :' · :.-:: ,., 1.-,:- _- .. ,
;},Jt,•;~~:~Ji,:i~J1"5{?$~'.:i'~':titi~t '}, · A primeira desintegra9áo baseada nestas-idéias foi feita por Rutherford (1919), 1
que mostrou que os núcleos· de átomos de nitrogénio emitem prótons rápidos
.o,:·di:·! :,;-: ,:.1·::;,
quando bombardeados com partículas a do rádio C. A aparelhagem que Rutherford
1

usou era simples mas sensível, e é mostrada esquematicamente na Figura 11.1.


Numa extremidade E de urna caixa B fez-se urna abertura que foi cOberta por urna
folha de prata F. Urna tela de sulfeto de zinco foi colocada em S, do lado de fora da
abertura, e observaram-se as cintila¡;Oes na tela por meio de um microscópio M. A
fon te de partículas a era rádio C colocado num pequeno disco D, cuja distancia a
partir de S podia ser variada. A folha de prata F era suficientemente espessa para
absorver as partículas a da fonte. Gases diferentes podiam ser introduzidos na
caixa e removidos a través dos tubos laterais T. Quando a caixa era enchida com
oxigénio ou dióxido de carbono a pressao atmosférica, nenhuma cintila98.o era vista
na tela com a fonte a urna distancia de 7 ou mais cm. Esta espessura x do gás era
suficientemente grande para absorver todas as ·partículas a do rádio C, mesmo sem
a folha de J)rata. Entretanto, quando o gás na caixa era nitrogénio, observavam-se
cintila¡_;Oes na tela quando a fonte de partículas a estava até a 40 cm de distancia.
Como se sabia que as partículas a do rádio C nao podiam atravessar 40 cm de ar,
Rutherford concluiu que as cintila¡_;óes eram causadas por partículas emitidas pelo
núcleo de nitrogénio, pelo impacto de urna partícula a. Medidas das deflexóes mag-
□ESINTEGRACAO NUCLEAR ARTIFICIAL 217
216 FISICA NUCLEAR

Fig. 11,1 Diagrama da aparelhagem de Rutherford para a desintegra~ao dos núcleos de nitro-
génio por partículas a. [Reimpresso com permissao de Rutherford, Chadwick, e Ellis, Radia-
tions from Radioative Substances, Cambridge University Press (Macmillan Co.), 1930.}

néticas das partículas sugeriam que fossem prótons, e esta suspeita foi confirmada
por trabalhós mais precisos.
Rutherford excluiu, por meio de experiencias cuidadosas, a possibilidade de
que os prótons viessem do bidrogenio presente como impureza no nitrogenio, e
concluiu que a desintegra980 artificial dos átomos de nitrogenio tinha acorrido. A
desintegra9fio era causada pelas partículas a do rádio C, e um dos resultados era a 11
emissao de um. próton altamente energético do núcleo de nitrogénio. Os resultados il
experimentais também mostraram que a probabilidade de desintegra9ao era muito
pequena; um próton era produzido para cerca de um milháo de· partículas o: que
passavam através do gás. Rutherford e Chadwickll estenderam o trabalho do nitro-
genio pára outros ~lementos e descobriram indícios de desintegra93o em todos os
Fig. 11.2 Urna fotografia _de ca.mara de nuvens mostrando .a desintegrai;ü.o de um núcleo de
·e~ementos leves, do boro ao potássio, com exce9:io do carbono e oxigenio. Eles N 1" por urna partícula a, com a formai;ü.o de 0 17 e um prÓton. A longa trilha do próton e a
também observaram que em alguns casos a energía dos prótons ejetados era maior curta trilha do núcleo de QXigénio que recua podem ser vistas. (Blackett. 3) ·
que a da~ partículas O'.'usadas no bombardeio. Este resultado forneceu evidéncia
adicional de que os prótons eram emitidos como resultado de um processo de desin-
tegra93o, a energía extra sendo adquirida no rearranjo nuclear que o acompanhava.
Foram sugeridas duas hipóteses para a natureza do processo nuclear que le- captura de urna partícula o: pelo núcleo do nitrogenio; este tipo de núcleo é fre~en-
vava a emissáo do próton. Elas eram: (a) O núcleo de um átomo bombardeado temente chamado de núcleo composto. · O próton emitido e o núcleo final, e os
simplesmente perde um néutron como resultado da colisá:o com urna partícula a produtos da rea~iio, esta.o do lado direito da equac;á.o. A carga e o número de massa
rápida. (b) A partícula a é capturada pelo núcleo do átomo que atinge, e o novo d~vem ser os mesmos dos dois lados da equac;á.o, de modo que--o núcleo de nitroge-
núcleo, ou núcleo composto, emite um próton. Estas duas hipóteses para o pro- mo (Z = 7) deve ser transformado nu,:n núcleo de um isótopo do oxigénio. Em
cesso de desintegrac;áo podiam ser submetidas a testes experimentais porque no outras palavras, um átomo de nitrogenio foi transformado ou transmutado num
caso (b) a partícula o: deveria desaparecer, enguanto que no caso (a) deveria conti-· átom~ de oxigenio. Esta transmutac;á.o também pode ser re~resentada pel~ n~tac;á.o
nuar a existir após a colisiio. A .escolha entre as duas possibilidades foi feita em abreviad~ N_"(a,p)?"·." A transmuta,íio de outros nuclídeos por partículas a a paitir
1925 quando Blackett3 estudou as trajetórias produzidas por partículas a passando d~ su~st~nc1as rad10ahvas. pode ser representada por equa9óes similares aqueta do
pelo nitrogenio numa cii.mara de gás. Ele mostrou, como pode ·ser visto na Figura mtrogemo.
11.2, que, como resultado da desintegra9ao, as únicas trajetórias que podiam ser
vistas eram as das partículas o: incidentes, um próton e um núcleo recuando. A
ausencia de urna trilha correspondente a urna partícula o: após a colisáo provava que
sB + 2He 4 --> [1N 14] --> aC 13 + ,H 1
10

11Na + 2He --> [1sA1 27]--> 12 Mg + 1H


a partícula o: desaparecía completamente. Se o processo de desintegra9ao tivesse 23 4 26 1
resultado simplesmente do rompimento do núcleo, levando a emissao de um próton
13Al + 2He --> ltsP ] --> 14Si + 1H
27 4 31 30 1
U.o nitrogénio, deveria haver quatro trilhas em vez das tres realmente vistas.
Concluiu-se, portanto, qlle a partícula o: entrava no núcleo do átomo de nitrogenio 15S32 + 2He•--, ltsAsª]--, i1Clss + iH'
com a forma9fio de um sistema instável que expelia imediatamente um próton.
42
19K + 2He --> b1Se ] --> 20Ca + 1H
A desintegra9áo de um átomo de nitrogénio por urna partícula o: pode ser re- 39 4 43 1
presentada por urna equa9ao análoga aquetas usadas para rea9óes químicas,
Em cada caso, a carga do núcleo aumenta de urna unidade e a massa aumenta de
tres unidades. A rea9áo alfa-próton pode portanto ser escrita na forma

Nesta equa9áo, os símbolos da esquerda representam os nuclídeos reagentes. O (11. 1)


símbolo entre colchetes representa o núcleo instável formado como resultado da
218 F(SICA NUCLEAR DESINTEGRACAo NUCLEAR ARTIFICIAL
219
onde X, Y e Cn representam o alvo, o produto e o núcleo composto, respectiva-
mente.
Geralmente é conveniente se referir a urna reac;ao nuclear em termos das partí- .
culas incidentes e emitidas, independentemente dos núcleos envolvidos. Assim. as
reac;6es mencionadas até aqui sao exemplos de reac;6es (a,p). X

11.2 O balan~o de massa e energia em rea~0es nucleares. Urna reac;lio nuclear


como a representada pela Eq. (11.1) pode ser analisada quantitativamente ero ter-
mos das massas e energias dos núcleos e partículas envolvidas. A análise das rea-
c;óes nucleares é urna das maiores fontes de informac;óes sobre as propriedades !J
nucleares e vai portanto ser discutida com algum detalhe, antes que mais reac;6es
sejam consideradas. A análise é similar 8.quela usada.-para rea<;óes químicas exceto
que a relac;fio relativística entre massa e energia deve ser levada em conta. Consi- Fig. 11.3 Conservac;:ao do momento em rea ó .- .
vadas num ángulo de 90º com a direrao das'pesrt~ucllea~es: As part1culas que saem sao obser-
dere a reac;lio nuclear representada pela equa9lio 3' a 1cu as mc1dentes.

x.+ X-+ Y+ Y, (11.2)


valores de Q, dependendo de quais informar- .. - d. , . . .
dades podem ser medidas. :r-oes sao ispomve1s. e de quais quanti-
onde X é o núcleo alvo, x é a partícula que bombardeia, Y o núcleo produto, e y a
partícula produto. No único tipo de rea<;lio considerada até aqui, x é urna partícula 0 termo E,. na Eq. (11 6) repr t . .
produto. Ela é geralmente p~quena :s~~~/d:nerg1~ de recuo (cinética) do n~cleo
a, e y é um próton. Em outras rea9óes, a serem discutidas em se<;óes posteriores
levar em con ta a conservac;ao do med_1r, mas pode ser eliminada para
<leste capítulo, outras partículas usadas no bombardeio e outros produtos finais especial em que as partículas que ;omen_to. ;ons1dere, por sirnplicidade, o caso
sera.o encontrados. Será suposto que o núcleo alvo X está inicialmente ero repouso dire9§.o do feixe de projéteis tomadaem sao ? servadas nurn _angulo de 90º com a
de modo que nao tem energia cinética. Como a energía total de urna partícula ou . - o vetor momento é dirig"d a como e1xo x • como
Col 1sao, na Fº•gura 11 .3 . A ntes da
átomo é a, soma da energia de repouso e energia cinética, a afirma9lio de que a 1 .
energia total se conserva na rea9lio nuclear significa 'que~ ,
tante após_ a colisao também devet s~
--
ª~..º?Jº
do e1x? x. C?mo o momento resul-
r mg1 o ao longo do e1xo x, segue-se que
(
· (E, + m,c 2) + M xc 2 = (Ev + M vc 2 ) + (E" + m,,c 2 ). ( 11. 3) m,v, = llf y V v cos et,, m
""" = 1,'I y V y
sen ,¡,, (11. 7 )
0nd e v :r, i' u• e V r .sao as vel~cida.des da rt' 1 ~ .
Na Eq. (11.3), m:r, Mx, mu e M r representam as massas da partícula incidente, núcleo que recua, respectivamente e cp péa ic~u a tc1dente, a partícula ejetada e o
núcleo alvo, Partícula produto e núcleo produto, respectivamente; os E representam recua do núcleo produto Quando , d ~ t,ngu o entre o e1xo x e a dire9§.o do
as energias cinéticas. Agora, introduzimos a quañtidade Q, que representa a dife- dr_ado e sornadas, o resuÚado é as uas u timas equa96es sao elevadas ao qua-
ren9a ~ntre a energia cinética dos produtos da rea93,o e da partícula incidente,
íf;,_ .
Q = Ev + E" - E,. (11.4)
, : ,. ,-' ' , "0 M , , '; , • , -• 0 . , • 1 ' 0 ,.-' ' ,

A quantidade do lado direito da Eq. (11.4) pode ser expressa em termos das massas
por causáda relai;iio (1 i .3) . . . ,

Ev +E".- E,-: (Mx. + m, - My - my)c 2 •


Portanto, a partir das Eqs. (11.4) e (11.5),
(11.5)
l
1
1

Q = Ev + Ey - E,= (Mx + m, - 1\1,- - my)c 2


• (11.6)
1

Q=Ey(l+,:"
11
")-Ex(l- m,). (11.9)
',. Mv
A quantidade Q é chamada de balanro de energía de urna rea9lio ou, mais comu-
mente, o i'alor de Q; ele pode ser determinado tanto pela diferen9a de energias Portan_to. o valor de Q pode ser determin d , . ,
tes e eJetadas sao medidas e seco h a o s~ as energias das part1culas inciden-
como pela difereni;a de massa na Eq. (11.6) No caso geral de urna rea9ao nnaecemos o numero d d .
Se o valor de Q é positivo. a energia cinética dos produtos é maior que a dos ,I . . e m~ssa o nucl_eo produto.
0 coro a dire9ao do feixe de . 't .~ua observa-se a part1cula que sa1 num angulo
reagentes: a rea¡;fto é dita entao como sendo exotérmica ou exoenergética. A massa final do capítulo), PTOJe e1s, pode-se mostrar que (veja Problema 19 no
total dos reagentes é rnaior que a dos produtos oeste caso. Se o valor de Q é nega-
tivo. a reac;ao é endotérmica ou endoenergética. É evidente a partir da Eq. (I 1.6)
que a análise de rea<;óes nucleares envolve informa96es sobre massas nucleares e
energias de partículas. Rea<;óes nucleares podem portanto ser usadas para obter
Q = Ev (1 + Mv
m")- E (1 x
2
11I -
1
(E x E-'u ' 11 :rmy ) 112 cos 0.
inforrna¡;óes sobre as massas dos núcleos, sobre energias de partículas. ou sobre
(11.10)

1
1
111
220 FÍSICA NUCLEAR
DESINTEGRACA0 NUCLEAR ARTIFICIAL 221
A import§.ncia do último tenno decresce a medida que a massa do núcleo a1vo
aumenta. Se as massas nao sao conheéidas acuradamente, podemos obter urna boa O valor de Q calculado a partir das massas é Q = -0,001282 u.m.a. = -1,19 Mev e
aproximayao do valor de Q usando-se os números de massa, em vez das. massas a rea9ao é endoenergética. Um valor de Q de -1,16 ± 0,04 Mev foi obtido experi-
reais, nas Eqs. (11.9) e (11.10). A Eq. (11.10) se reduz, é claro, a Eq. (11.9) quando mentalmente a partir de medidas de energia e concorda muito bem com o valor
calculado a partir das massas; de acordo com a Eq. (11.11), a energía limiar é 1,49
9 = 90°. r
Numa reaya.o endoenergética, a energia -Q é necessária para excitar o núcleo Mev.
' r A equa9§.o para urna rea9§.o nuclear 3.s vezes ínclui Q; por exemplo,
composto suficientemente para que ele se desintegre. Esta energia pode ser fome-
cida na forma de energía cinética da partícula que entra. Mas nem toda a energía
cinética é disponível para a excita<;ao porque parte dela é usada para fornecer mo-
mento ao núcleo composto; este momento ent8.o se distribuí entre os produtos da
. r X+ x-> [Cn]-> Y+ y+ Q.
reay8.o. Conseqüentemente, para que -Q seja disporiível para a excita9§.o do núcleo Apesar disto náo ser necessario, esta é urna maneira conveniente de mostrar o
composto, precisamos fornecer alguma energia em adi9§.o a -Q. A quantidade de 1
,
ll balan90 de energía.
energia necessária para urna rea9§.o endoenergética_é chamada de energia limfar e
pode ser calculada facilmente.
Se Me e V e indicam a massa e a velocidade do núcleo composto, a conserva9áo
do momento requer que
1 11.3 O neutron: rea~óes alfa.néutron. A descoberta do néutron foi discutida
brevemente na Sec;iio 8.3; ela será tratada agora com um pouco mais de detalhe. A
captura de urna partícula a por um núcleo nem sempre resulta na emissao de um
próton pelo núcleo composto. Quando o ben1io era bombardeado por partículas a,
m, um dos produtos da rea~o parecía ser um tipo de radia9áo muito penetrante, e
ou V e= Me V.:i::-
nenhum próton era observado. Supós•se que a radia~áo consistía de fótons de raios
A parte da energía cinética da partícula incidente necessária para a excita9áo do y produzidos pela rea9áo
núcleo composto é -~-------·--- (11.12)

-Q
¡ ; · 1 ·
= 2 m,v, - 2 Me Ve= 2 m,v,
2 ' 1 2 (
1-
m,)
M·c · Entretanto, esta suposí9§.o levou a dificuldades. Mostrou•se. a partir de medidas de
i', -..:,"' ••••"~(-:,-c~_,•••C: ~•~• ,.. , •;·:.••.t:t/ ••',,::-:
absor~o que a energía dos ''fótons' • deveria ser de cerca de 7 Mev, mas estas
Mas, Me= Mx + m'z, e radia9óes· ~ram capazes de arrancar prótons de materiais hidrogenosos e fornecer a
estes prótOns energías de cerca de 5 Mev. Na hipótése de que os prótons fossem
liberados por colisóes elásticas com fótons de raios ¡,, cálculos mostraram que cada
C--Q) fóton deveria ter urna enérgia de cerca de 50 Mev, um valor muito maior que aquele
f deduzido das medidas de absor9áo. Havia portanto urna séria contradi9áo ·entre os
Entáo, a energía limiar é , - .,_ ... valores da energía do fóton dados pelos dais métodos. A energía que <leve ser
atribuída a suposta radia9áo 'Y também pode ser computada a partir das massas e
fi_·; • - F, = !. m,v! - (-Q) (1 + m,); (11.11)
energias conhecidas. Ela é a soma do valor de Q para a rea9ao (11.12) e da energia
t~f. ,,,2 . Mx
cinética da partícula a incidente menos a energía de recuó do núcleo produto. O
valor Q é dado pela fórmula

i' :~
í> .e,•.
~Iá1pÜ<l~ ser detennii{a'cta experimental~ente e o
resul;~do usado para achar o valor
de Q .ª ~a':ir ~a Eq. (11.11). Para urna re_ac;ao induzida por raios 'Y, m, = O, e a
.. .. energta ltm1ar e -Q. · urna vez que m 11 , a massa do fóton, é zero. Inserindo os valores Mx = 9,01504,
~; . As massas que aparecem nas equa9óes desta se~o sao massas nucleares. En• m, = 4,00387, e M, = 13,00748, obtemos Q = 10,5 Mev. Se a energía cinética da i
tretanto, nos cálculos reais elaS devem ser substituídas pelas massas dos átomos partícula a é tomada como sendo 5 Mev-, a energía total disponível para a rea9áo é
neutros. Os elétrons que devem ser adicionados aos núcleos para formar os átomos 15,5 Mev, parte da qual é consumida como energia de recua do núcleo produto.
neutros se cancelam numa equa~o para urna ·rea9áo nuclear porque o número de Portanto, a maior energía possível da suposta radia9áo 'Y é menor que 15,5 Mev,
elétrons é o mesmo nos dais lados da equac;ao. Como um exemplo do uso da Eq. que é novamente muitO menor que 50 Mev.
(11.6), ·considere a rea~o N 14 (a,p)0 17 • Os seguintes valores das massas atómicas O problema da identificac;ao dos produtos cto· bombardeio do ben1io foi resol-
sao obtidos na Tabela 11.1, Se9ao 11.9. vido por Chadwick,4 como mencionado no Capítulo 8. Numa série de experiéncias
sobre o recuo de núcleos atingidos pelos raios vindos do ben1io bombardeado, ele
.Mx = M(N 14) = 14,007518 u.m.a. mostrou que, se estes raios fossem imaginados como sendo raios y, entáo os resul•
tados das experiéncias levavam a valores de energía que dependem da natureza do
núcleo que recua. Por exemplo, prótons ejetados de parafina tém energías que con-
m, = M(He 4 ) = 4,003873 u.m.a.
duzem a um fóton de 55 Mev, enguanto que os núcleos de nitrogénio que recuam
tém energías que conduzem a urna energia do fóton de cerca de 90 Mev. Se a
Mv = M(0 17 ) = 17,004.529 u.m.a. energía dos núcleos ·que recuavam era imaginada como sendo produzida por coli•
sóes elásticas com fótons, ocorria que a energia que tinha que ser atribuída ao fóton
mu= m(H 1) = . 1,008144,U.m.a. aumentava com a massa do átomo que recuava - urna condi~o que é contrária aos
princípios da· conserva9áo da energía e momento em colisóes elásticas. Chadwick
DESINTEGRACAD NUCLEAR ARTIFICIAL 223
222 FÍSICA NUCLEAR
tir de parafina, pelos néutroris emitidos pelo berilio, bombardeado com partículas a
mostrou que todas as dificuldades desapareciam quan_?o a hipótes7 ~eita era ~ de d~ p~lónio, era 3,3 x 109 cm/s. Os recuas dos núcleos de nitrogé:nio após serem
que a radia~áo vinda do ben1io bombardeado coro part1culas a conststta de part1cu- atmg1dos com os mesmos néutrons foram observados em experiéncias de cimaras
las (neutrons) com massa quase igual a do próton, mas nao tendo nenhuma carga. ~ de nuvens e descobriu-se que sua máxima velocidade era 4,7 x 10 8 cm/s. Tomando
rea9fto nuclear que produz estes néutrons é m2 e ma como as massas dos prótons e núcleos do nitrogé:nio, igual a 1 u.ro.a. e 14
u.ro.a. respectivamente, e comos correspondentes valores v2 = 3,3 x 109e v3 = 4,7
4Be
9 + 2He4-> [sC 13]-> .c12 + on1, (11.13) x 108 , obtemos a partir da Eq. (11.18)

onde 00 1 é O símbolo para o neutron. A natureza penetrante dos ne~~ro~s é devida a m¡ + 14 V2 3,3 X 109
auséncia de carga, e as energías dos átomos que recuam nas ex1;e_nenc1~s ?e Chad- m¡ + 1 - V3 = 4-,7~X-1_0_8
0
'
wíck podiam ser completamente explicadas com base em cohsoes elast1cas corn
urna partícula energética de massa unitária. ~ , . . , e m 1 = 1, 15. Este resultado, apesar de aproximado por causa dos erras na determi-
Chadwick também provou que a massa do neutron t:, aprox1madam~nte igual,ª nai;~o das velocidades máximas de recua, mostravam que a massa do néutron é
do próton, por meio de experiéncias sobre colisóes de neutrons com protons e n_u- praucamente a mesma que a do próton.
cleos de nitrogenio. Como o neutron nao é urna partícula carregada, s..uª. massa nao Chadwick obteve um valor um pouco melhor da massa do néutron conside-
podia ser determinada a partir de me~idas d~ d~flexao em ~ampos eletncos ~ mag- rando a reai;ao
néticos, e tinham que ser usados metodos mdiretos. O metodo de Chadw1ck era
11
baseado no fato de que, numa colisiio entre urna partícula que s_e _move e urna
estacionária a velocidade fornecida a última é máxima numa cohsao frontal, na
5B + 2He 4 ~ 1N 14 + 0n 1.
qual a partí~ula atingida se move exatamente na mesi:na dire~o. ·em que a partícula O valor de Q foi achado a partir das energias cinélÍc~s das partículas a incidentes,
incidente se aproxima. Urna expressao para a veloc1dade max1ma pode ser d~d~- d?s núcleos _de nitrogénio (medidos em experiencias coma ca.mara de nuvens), e do
zida · das equai;0es da conservai;ao da energía cinética e _momento ~urna cohsao n~utron (estlm~da a partir da máxima energia de recua de um. próton após ser atin-
frontal. Suponha que-urna partícula com massa m 1 e veloc1dade v c~hde 70~ urna g1do por um neutron). A partir do valor de Q e das massas atómicas conhecidas do
partícula estacionária de massa·m 2 , e seja v 1 a velocidade da pa1!1cula mc1d~nt~ B", He' e N", a massa do neutron pode ser obtida coma ajuda da Eq. (11.6).
após a colisao e v 2_ a da partícula atingida. A equai;áo da conservai;ao da energ1a e Desta maneira, Chadw1ck achou um valor entre 1 005 e 1 008 unidade de massa
·i•-,:. ~i'"":'. 1 ·, ,,_;,;,r_ifl:J~:_;:;1 : 1 -½~·:~
2- - ·\~ :,¡(.-.'
1
vf + ½m2vt,·'::t-~~'.~_:,;i~~
(11.14) atómica. Os melhores métodos boje disponíveis pa:·a a det~rminai;áo da massa do
neutron diio 1,008983 u.m.a.
' ' ;;.,.·¡;·, {,. :::--:., •
A p_rova da existéncia do néutron e o desenvolvimento de métodos para anali-
e a eq~~~ao da conserva9á.o. do· momento é sar reai;oes nucleares em que um dos produtos é um néutron levou a descoberta de 1

·.-, -;•,,:;--~ (¡?,_.;¡J¡;;~;:r:·_. U;t_.. _¡_rq¡, ,·_,,::~·<'¡.,. outras reai;óes similares aquelas representadas pela Eq. (11.13). Entre estas estiio
. ____ _m 1v = _m1v.1 + m2V2-:· e")tór Gil· ci;,n,.~·: (11.15)
i
; .• ·:<; -:;:.·,u·::_¡~- ,_e __ ·;,_;1;•;1·,·.- :•., ..-, .. -· : ·_,,,:,-liiJf.": i:iid<;., ,. ·
A ~el~cidade ..v.1 pode ser.eliminada a partir das duas últimas equa!;0es, e úma rela-
i;ao é obtida entre v2 e v;:..':.·· ! .. ,.~,_: ···--_i\::,n;_1') dr1,:;n1r,0-r;:.- ,.
.:-:-riiOt ;.1-:.-q c.,:;_,:; '. 1N' 4 + 2He 4 -> [oF 18] -> 9 F 17 + 0n,', ··
(11.16)
... uNa 2 •·+ 2He 4 -> [, 3 Al 27r---+ 13Al 26··+ 011 1,

13Al + 2He -> [ ..P 31 ] -> 15P 30 + 0n 1,


27 4
Se a partícula inci~~nte é um neutron com velocidade collhecida ~, sua ~a~sa m~
pode ser calculada a partir da Eq. (11.16) se a massa m, e a v:lo~1dad~ max1m":. v,
1sA + 2He4 -> boC;..:f-:_, 2 0 Ca 43 + 0n 1 .
do núcleo que.recua sáo.conhecidas. Chadwick, entretanto, nao t~ha mformai;oe_s 40
confiáveis sobre a velocidade dos neutrons e teve que usar um metod? meno..s d1-
reto. Se um neutron com a mesma velocidade v colide com urna terce1ra part1cula Quando compár~ós estas reai;óes com aquetas mencionadas na Sei;a,o 11.1, vé-se
de massa m3 ; a máxima-velocidade fornecida a esta última é _dada por·· q~e alguns átomos, como o N 14 , Na23 e Al 27 , emitem tanto ilm próton como um
2m1 neutron
8
quando bombardeados por partículas a. Os núcleos compostos, isto é,
21
va = -m-,-+---'-m-s v, (11.17) [9F1 ], [13Al ], [1:J>31 ], podem se desintegrar por meio de qualquer um dos dois
processos, dando um produto diferente nos dois casos. Será visto no próximo capí-
tulo que os produtos destas reai;óes nucleares sáo algumas vezes radioativos.
onde m, e v sao as mesmas que na Eq. (11.16). Dividindo-se Eq. (11.16) pela Eq.
(11.17), obtemos 11.4 A acelera¡;iio de partículas carregadas. As primeiras desintegrai;0es arti-
m1 + m3 (11.18)
ficiais fQram produzidas bombardeando-se materiais com partículas a de substan-
cias radioativas naturais. Os néutrons provenientes do bombardeio do berílio com
m1 + m2 partículas a tamb~m foram usados como projéteis e, como será visto mais tarde,
produzem muitas desintegrai;0es artificiais. Entretanto. o desenvolvimento do
Se m 2 m 3, v2 e v 3 sáo conhecidos, a massa m I do néutron pode ser calculada. campo da transmuta~iio nuclear era limitado porque as partículas a podiam ser ob-
Descobriu-se que a velocidade fornecida aos núcleos do hidrogénio, ejetados a par-
1,

1
:11'
11
224 FISICA NUCLEAR DESINTEGRAQAD NUCLEAR ARTIFICIAL 1

225
tidas somente em feixes de pequena intensidade e com energias nao maiores que com valores mais recentes das diversas "d
7,68 Mev (RaC'), e transmuta<;óes por estas partículas eram possíveis somente com cas sao, da Tabela 11.I, quantt ades. Os valores das massas atómi-
os elementos mais leves. Além disso, parecia possível que outras partículas, pró-
tons, déuterons, e mesmo raios y, podiam produzir interessantes resultados quandO' Mx = M(Li 7 ) = 7,018222 u.m.a.
usados como projéteis. Prótons e déuterons com urna única carga positiva experi-
mentariam fon;as repulsivas de Coulomb menores, e pensava-se que este efeito m, = m(H') = 1,008144,
podia tomar possíveis desintegra<;óes com prótons de baixa energia. Tomou-se im-
portante, portanto, desenvolver métodos de laboratório para acelerar partículas car- MY = mu = m(He 4 ) = 4,003873.
regadas a altas energias, e diversos métodos bem-sucedidos foram inventados em '
torno de 1930. O valor de Q obtido a partir das massas é Q - .
Entre os primeiros aceleradores de partículas estavam o multiplicador de volta- melhor valor experimental de Q 0 bt'd . '" - 0,01860 u.m.a.l= 17,34 Mev. O
1 o a parttr
e ,, • das ene · d , • .
gem de Cockcroft e Walton, o gerador eletrostático de Van de Graaff, e o ciclotron as part1culas a emergentes, é 17 ,33 Mev E rg1aAs ?s protons mc1dentes
de Lawrence e Livingston. Com urna escolha apropriada da máquina e de suas que a expressáo teórica para Q bas d . stal c~ncordancia mostra claramente
com •A . , ea a na re ~ao de .
condiyóes de operayao, prótons, deuterons, ou partículas a com energias de até a expenencia, e que existe urna lib - massa-energia, concorda
vários Mev podiam ser obtidos por voila de 1936. O posterior desenvolvimento expensas de sua massa. Desde 1932 m e_rai;ao real de en~rgia do átomo de lítio, as
destas máquinas e o desenho de novos aceleradores tal como o ciclotron de freqüen- ludadas em detalhe e os resultados' . mt~s transforma9oes nucleares tem sido es-
cia modulada e o síncroton tomaram possível obter partículas com energias de até deduzidas .ª partir da equayáo de Ein~~e~!navelmente concordam com as relai;óes
centenas de Mev. O .. Cosmotron" no Brookhaven National Laboratory tero pro- A desmtegra~ao que acabamos de dis~utir é um exemplo do tipo geral
duzido prótons coro energias de 2,5 bilhóes de elétron-volts; e máquinas recém-
construídas elevaram_ as energias a 25 Bev. Elétrons podem ser acelera,dos a ener- zX + ,H'--> Íz+1Cn A+1J --> z -1
yA-3 T' H e4 .
2· (11.19)
gias de até 300 Mev num betatron, ou num acelerador linear. Quando estes elétrons
atingem um alvo de metal, raios X altamente energéticos sao produzidos, que tam- Outros exemplos sáo
bém pod_em ser usados como projéteis. Finalmente, a descoberta da fissáo nuclear e
· o desenv0lvimento de pilhas com rea9óes em cadeia, ou reatores nucleares (veja L'º
3 1 + ,H l
--> [4Be 7 ] --, 2He3+ H e• ,
2
Capítulo 20), tem fornecido fontes de neutrons muito intensas para bombarde-
• B e + 1H ºJ--, 3 Li~ + 2 H e•,
9 l ·
amento nuclear> ·< · . , •"· --> [5 B 1

Com as partículas ·e-aceleradores disponíveis, urna g~nde variedade de rea9óes


nucleares pode ser provocada. O resto deste capítulo vai ser limitado as rea9óes oF'º + ,H' __, [10Ne2°'--,
J s O'º+ 2 H e •,
mais comuns que ocorrem com partículas de até 20 Mev. Estas reayóes va.o servir
para mostrar as características mais importantes da desintegra~o artificial, e as
13Al21 +
,H' ---, [,.s¡2s] --, ,2Mg2• zHe4. +
idéias envolvidas podem entao ser estendidas para rea96es mais complexas que Urna re a9ao
- mteressante
· ocorre. quando o alvo é sn
ocorrem coro energías de partículas da ordem de 100 Mev. Os aceleradores de
partículas usados para produzir projéteis para reai;óes nucleares va.o ser discutidos '
no Capítulo 21. Para os propósitos do presente capítulo, é suficiente mostrar que sB" + ,H l ---, [0C'2] --, .Be"+ zHe';
-

várias partículas de praticamente qualquer energia desejada podem ser obtidas coro
Be' é altame t · , 1
a ajuda de dispositivos apropriados, e que estes projéteis podem causar muitos tipos n e,_~s~a:'~. ~ quebra em duas outras partículas a
diferentes de rea9óes nucleares. . . ·····---. - '
'··11.s Tr·~~fu'~o po~ -prótons. lo prirneiro caso.. de- ~ma de~integrayiio nu-
4Be"--> 2He 4 + 2He4,
clear produzida inteiramente. por m~ios artificiais foi um no qual prótons foram O resultado final do bombardeio sao tres artí -
usados Como projéteis. Cockcroft e Walton5 bombardearam lítio com prótons· acele- como um caso de produ93-o múltipla de pariícul~:las a, e a rea¡_;ao pode ser vista
rados a energías de 0,1 a 0,7 Mev. Observaram-se cintilayóes causadas por partícu- . Bombardeamento com prótons também d -
las ejetadas do lítio numa tela de sulfeto de zinco colocada a urna pequena distan- qua1s um dos produtos é um néutron A 1:º : resu~tar em rea9oes nucleares nas
• reayao e do tipo
cia. Provou-se que as partículas eram partículas a fotografando-se suas trajetórias
numa c3.mara de nuvens,6 e provou-se que o isótopo do litio que era desintegrado
.
zXA + ,H' --> Íz+1Cn A+t] --> z.+1 yA + on., (11-20)
era o LF. As figuras de c:lmara de nuvens mostraram que duas partículas a deixam
o ponto de desintegrayáo e se afastam com energías iguais em dire9óes opostas. A O efe1to da transmutai;ao é aumentar a car a no n, .
reac;ao pode ser representada pela equa98.o um lugar para a direita na tabela periódig . u~leo de urna umdade, movendo-o
Exemplos desta reai;áo sao ca, o numero de massa nao é mudado.

Esta rea¡_;áo tem um certo interesse histórico porque ela fomeceu urna das pri~
meiras provas quantitativas7 da validade da relai;ao massa-energia de Einstein. Ela
era urna boa reayao para este propósito porque as energías dos produtos podiam ser
medidas precisamente, e as massas eram conhecidas. A prava vai ser repetida aqui,
225 rl.JIUI"\ 11UVl..l.-r\ll

Nas reac;Oes (p,n), a mudan¡_;a de massa é geralmente negativa, de modo que as


DESINTEGRACAO NUCLEAR ARTIFICIAL 227
rea¡_;óes sao endoenergéticas. A rea¡_;áo

29 eu 65 + 1H' -► [ao zn 66] -► ao zn 65 + on l


é um exemplo de um caso para o qual a energia limiar foi medida. 8 A fon te de A mudanya de massa é geralmente positiva de modo que os valores de Q sao positi-
prótons era um gerador eletrostático, e o número relativo de neutrons produzidos vos, e as rea96es sao e:xoenergéticas. A rea93.o geral deste tipo é
foi determinado como fun~o da energia dos prótons incidentes. Os resultados ex-
perimentais na vizinhanc;a da energía limiar foram entao analisados,, e d~scobriu-s_e (11.22)
que o valor desta energía era E, = 2,164 ± 0,01 Mev. O valor de Q e obttdo a partir
~
1
da Eq. (11.11), na qual as massas Mx e m:r podem ser substituídas pelos números de Como no caso do bombardeio com prótons, desintegrayóes produzidas por
massa 65 e 1, respectivamente. Ent:ao, deuterons nem sempre fomecem partículas a. Reayóes déuteron-próton sao encon-
tradas freqüentemente, tais como
Q = - E,, X tt = -2,164 X tt = -2,13 Mev. ; i

Em alguns casos, o próton que bombardeia é simplesmente capturado por um


6c12 + 1H2 ..... [1N,.] ..... 6c1• + 1H1, 1

23
núcleo. O núcleo composto que é formado é novamente instável, mas se toma
menos instável emitindo um fóton de raios y em vez de um néutron ou urna partí-
,,Na + 1H 2 --. [12Mg 25]--. 11Na 24 + 1H 1,
cula a. A reayao é do tipo 1sP., + ,H2 ..... [158"ª] ..... 15Ps2 + 1H1.
'
zX A + 1H1 --> [z+1Qn A+l] --> z+1 yA+l + 'Y, (11.21) O resultado destas transforma9óes é aumentar a massa do núcleo de urna unidade
deixando a carga imutável. A rea,;ao geral (d,p) é '
e alguns exemplos sáo
+ 1H 1 --. [4Be 8] --. 4Be 8 + 'Y,
3Li7
(11.23)

0c + 1H 1 ..... [1N 1ªJ ..... 1N'" +,,,


12 O_s val_?res de Q P:U-:1 estas rea9óes sao geralmente_ positivos, de modo que as rea-
9oes sao exoenerget1cas. · . ··
gF,19 + ,H1 ..... [,0Ne2º] ..... 10Ne20 + 'Y, Néutrons sao freqüentemente produzidos como resultado do bomba~deio com
¡ -2sl -2s + 'Y.·· déuterons, como _nas seguintes rea96es:
13 Al + 1H --+ 1481 --+ 1•81
'21 1
12
Os f9tons de raios y emitidos nestas rea96es sao geralmente _muito energéticos e 6C + 1H 2 --+ [1N 14]--. 1N 13 + 0n 1, ,;
i
podem, por sua vez, ser usados para produzir desintegra96es nucleares. O bombar-
9 2 11
deio do lítio fomece prótons com urna energia de 17 ,2 Mev, muito mais energéticos
que os fótons de 2,6 Mev, que sao os rnais energéticos disponíveis a partir de nuclí-
_ ·" .<·'" ~Be + 1H --> [5B ]-> 5B 10 + on 1, ' 1

sLi + 1H -> [ 4Be 9] -> 4Be 8 + 0n 1.


deos radioativos natura.is~ .... ,: ,. -. 1 ,. ,
7 2
Outro tipo de desintegra9áo causada por prótons é aquele no qual deuterons
sao produzidos. Exemplos desta rea,;ao sao
A rea9áo geral (d,n) é representada pela equa,;ao
4Be 9 + ,H'.--. [5B 10] --. 4Be 8 + 1H 2, ..
. ,~ , .

(11.24)
3Li
7 + ,H 1 --. [4Be 8] --. aLi 6 + ,H 2..
Um dos cásos mais interessantes de bombardeio com déuterons é aquele no qual o
11.6 Transmuta~o por déuterons. Um grande número de rea96es nucleares ~vo contém déuterons. Alvos de deutério foram feítos congelando óxido de denté- ,,
'
tem sido observado com deuterons de alta energía como partículas bombardeado- no (D20 - "água pesada") numa superficie mantida fria por ar líquido. Tanto as 1

ras. Na maior parte <lestes casos, os déuterons sao acelerados até energías de di- rea96es (d,p) como (d,n) foram observadas, · li
versos Mev nurn ciclotron ou num gerador eletrostático. Urna das prirneiras rea-
96es induzidas por déuterons estudada foi novarnente a que acorre num_ átomo de 2
lítio, 9 1H + 1H 2 --. [2He 4] --. 1H 3 + 1H 1,
2 2
1H + 1H --> [.He ]--+ 2He 3 + 0n 1.
4

Outros exemplos de rea96es (d,a) sao O ~úc]eo composto [2He 4] excitado pode se desintegrar de duas maneiras. Na pri-
m~e1ra, um prót~~ e um nov~ ~sót~po do hidrogenio sao formados; no segundo, um ';:,!
s0 16 + 1_H2 --. [oF 18]--. 1N 14 + 2He 4,· neutron e um isotopo do heho sao formados. O novo isótopo de hidrogenio tem 'li
u~~ mass~ ~ua~e igual a 3 unidades de massa atómica. ao qual foi dado o nome de
trlfw. Ele e mstavel e tem urna meia-vida de cerca de 12 anos. O isótopo de hélio de
massa 3 é estável e é encontrado na natureza.
228 FISICA NUCLEAR DESINTEGRACÁD NUCLEAR ARTIFICIAL
229
11.7 Transmuta~io por neutrons. Néutrons se revelaram especialmente efeti- Ern outro tipo de reai;ao urn néutron é ca t d 1 ,. .
vos em produzir transforn1a9óes nucleares. Como nao tém carga elétrica, -eles nao sao emitipos. A rea~o (n,2n},deixa a cargad F', ulra o pe o nu_cleo ~ d01s néutrons
está.o sujeitos a for9as eletrostáticas repulsivas na vizinhan9a de um núcleo posüi- número de massa de urna unidade O resu1:dnu~ eo s~°; rnodificai;~o e decresce o
vamente carregado, e sao portanto muito mais capazes de penetrar em núcleos dó um número de massa urna unidade.menor, o e um isotopo do nucleo alvo com
que prótons, déuterons, ou partículas a. Náo somente néutrons altamente energéti-
cos sáo capazes de produzir rea9óes nucleares, mas néutrons que se movem lenta- zXA + on 1 -> [zCn A+11 -> zxA-1 + n' + 1
mente sáo também extremamente efetivos. Por causa destas propriedades do néu- . . o on . (11.27)
tron, muito mais desintegra9óes foram produzidas com néutrons do que coro qual- . Um exemplo desta reai;ap é·
quer outra partícula. Antes do desenvolvimento da pilha de reai;áo em cadeia, ou
reatar nuclear, as principais fontes de néutrons eram reai;óes tais como H 2 (d,n)He3 , 13Al21 + on'-> baAl2ª]-> isAl26 + on' + on ' .
Be9 (d,n}B 10 e Be9 (a,n}C 12 • Os néutrons rápidos produzidos sao ralentados fazendo
com que passem através de alguma substancia contendo hidrogénio tal como água A mudani;a de massa na reai;ao (n 2n) é · ... · .
ou parafina. Um néutron cede urna grande fra98.o de sua energia numa colis8.o com sao necessários néutrons rápidos p• ara p sempre negativa; _o valor de Q é negativo e
0 . rovocar esta reayao
um núcleo de hidrogénio e, após muitas destas colisóes, a energía média dos néu- d' processo mats comum que resulta da captura de u~ néutron é a captura
trons é reduzida para urnas poucc;is centenas de elétron-volts. Estes néutrons lentos ra 1oativa, 11 representada por
mostraram ser especialmente úteis do ponto de vista prático, e suas interai;óes com
núcleos sao particularmente interessantes.
A reai;ao entre um néutron e um núcleo dá origem em muitos casos a urna (11.28)
partícula a, um próton, um fóton de raios 'Y, ou dois néutrons: A rea98.o (n,a) 1º é O núcleo composto emite um ou · ~,. d .
representada pela equa98.o geral do núcleo alvo com um número d::!s~tons e r~ios y, o !1úcleo final é um isótopo
sido observado em quase todos os elemª urna umdade ma10r. O p:ocesso (n,y) tem
zXA + on 1 -> [zCnA+•i-> z_2yA-s + 2He4. (11.25) vos, a energia adicional senda conduzidaentfs. O~ valores de S2 sao sempre positi-
com néutrons lentos ocorre com O bid ~e _os rams 'Y·,. A rea9ao (n, y) mais simples
rogemo como nucleo alyo,
Entre OS ·exemplos rnais interessantes desta reai;lio esta.o 1
6 1 7 3 .. ·~ 4.
1H + on 1 -> [1H 2] -+ 1H 2 +::;,.
3Li _+ 0n -> [3Li ] -> ,H + 2He , O produto da rea9a~ é o deÚtério Quand d . . ..
sB'º + on 1 -> [sB 11 ]-> sLi 7 + 2He4, leves, é formado o tritio, . o o euteno e bombardeado com né:i:itr~::ms,

1 Al 27 + n 1 -> bsA1 28]-> 11Na24 + 2He4.


3 0 2 1
1H + on -+ [,H 3 ] -> 1H 3 + 'Y.
As primeiras duas reai;óes tém um rendirnento relativamente alto e portanto sao Outras rea96es típicas (n,y) sáo
usadas para detectar néutronS. Num dos métodos, urna ca.mara de ionizai;áo é for-
rada com boro, usualmente na forma de um composto. A captura.de um néutron 13Al21 + on I -+ ltaAI••i -> isAl2s + 'Y,
por um átomo do isótopo B1º causa a liberai;áo de tima partícula a, que é detectada
pela ioniza9áo que ela produz na camara. . ,9_In"• + on'-> [,oin"º]-> ••In"º+ 'Y,
· Em alguns casos, o núcleo composto formado pela captura do neutron emite 2
um próton. A rea!,áo (n,p) é descrita pela equa9ao • 2U ªª
+ on'-: lo2U ]-> 02u2•• + Y.
239

(11.26) ~sc~~:u:~;~~tti;.a de néutrons le~to~ freqüentemente resulta em. núcleos produ-


deos radioativosº:r;}~c~~:.esta reayao e urna das mais importantes fontes de nuclí-
O efeito desta reai;áo é de substituir um próton no núcleo por um néutron; o nú-
mero de massa náo é mudado, mas a carga diminui de urna unidade e o átomo se
move de um lugar para a esquerda na tabela periódica. Alguns exemplos desta
reayáo sáo ~~~Il•~:i;~i~~E~;~~~~~;:;J~~~~~cf.~!:!s;s~as,;e~l~e=~ d~:~,i1:~~:;
somente sua ene · · ,. t · , po e 1ornecer
1N 14 + on 1 -> [1N 15]-> 5C 14 + ,H', menos táo r~m eme tea par~ urna ~ea~o nuclear. Esta energia deve ser pelo
tal partículr;~:~ ~~~º~Je~n~gia de l!ga93,o de urna partícula nuclear, antes que
,aA1 27 + on 1 -> baA1 28]-> 12Mg27 + ,H'. grai;ao sáo endoenergéticas : u:u:1::n~~~le~: Portant?, ª~ r~ai;óes de fotodesinte-
Mev. Com somente duas exce óe - e em energi~s hm1ares da ordem de 10
A primeira destas reai;óes pode ser induzida por néutrons lentos; com núcleos mais raios 'Y de subs••nc· d" . 9 s reai;~es de fotodesmtegrayáo nao ocorrem com
ut 1as ra 10ativas natura.is Estas - - , .
pesados, néutrons mais energéticos devern ser usados, como no caso do Al27 e na urna energia de ligayao de semente 2 2 M . exc~i;oes sa~ o deuteno, que tero
reai;ao está fracamente ligado No caso do d•. t ev, ~2º nuch~eo,,4Be ' no qual um néutron
·. eu eron, a reayao e
30Zn 04 + o,!l 1 ~ ¡30zn 6s] --* 29eu 64 + 1H' • ,H2 +'Y-> [,H2]-> ,H' + on',
e é o reverso da captura radioativa de um neutron por um proton. NO oenuo, a

rea9ao é
;¡l'i
DESINTEGRACÁD NUCLEAR ARTIFICIAL 231
'

com um valor de Q de -1,67 Mev.


Lembrernos da Se9áo 11.5 que, quando o Li é bombardeado com prótons, sáo
produzidos raios y de 17 Mev. Estes tem sido usados corn sucesso para causar a
fotodesintegra9áo de outros nuclídeos, corno na rea9áo (-y,n)
31 30 1
1sP 31 + 'Y -> lisP ] -> 1sP + on •
A rea9áo (-y,p) requer energías ainda maiores, corno tern sido observado com fótons
de alta energia de betatrons.
11.9 Química nuclear: massas nucleares. As transmuta9óes que foram discuti-
das sáo os exemplos mais comuns de urna grande- variedade de rea9óes nucleares
produzidas por partículas carregadas, neutrons e fótons. Tem sido descobertas e
analisadas muitas outras rea96es. Algumas nao foram consider~das aqui porque sao
relativamente raras; outras foram omitidas porque ocorrem somente em energias
muito altas, e sua importancia e interesse caem fora dos limites da física nuclear
elementar.
Vimos que nuclídeos podem ser transmutados por várias maneiras diferentes.
Um dado nuclídeo pode ser transformado em vários outros nuclídeos, a natureza da
nova substancia formada dependendo da partícula usada para produzir a transmuta-
!;áo, e da partícula ejetada durante a rea98.o. Por exemplo, o nuclídeo 13 Al 27 pode
ser submetido as seguintes transforma96es.
30 1
(1) 27 4
13 Al . + 2He -> [15P 31 ] -> 15P + on
30 1
(2) , 3A1 27 +:2He4 -> lisP 31 ]-> ,.Si + 1H
25
(3) 13Al 27 + 1H2 -> [,.Si2 9] -> 12Mg + 2He4
(4) 13A\27 + 1H 2 -> [14Si2 9] -> ,sA\ 28 + ,H'
(5) ,aA\27 + 1H2 -> [¡,s;2•i-> ,.s;2s + onl
1 4
(6) 13Al
27 + 1H2 -> [14Si2 9]-> 11Na24 + 1H + 2He
24
(7) 13A\ 27 + 1H 1 -> [¡,Si2 8] -> 12Mg + 2He4
1
(8) 1aA1 27 + 1H' :._, [i.Si2 8]-> ,.Si 27 + on
28
1

(9) 13Al 27 + ,H 1 -> [¡ 4Si2 8]-> 14 Si + 'Y 'I


1 1
(10) 27
13 Al + 1H
1 -> [¡ 4Si2 8]-> 11Na24 + 3(1H ) + on
(11) 27
1aA1 + on
1 -> [¡3Al 28] -> 11Na24 + 2He4
1
(12) 13Al21 + on1 -> [13A\2 8] -> 12Mg 27 + 1H
-, [¡3Al2s] -, ¡3Al2s + 'Y i.1
(13) 13Al21 + on1 !

(14) 13Al27 + 'Y -> [13Al 27 ]-> 13 Al 26 + 0n 1 i!


1 1 I'
¡3A\ 21 + -> [¡3A\ 27 ]-> 11Na 25 + 1H +
,

(15) 'Y 1H
1

(16)
27
1aA1 + 'Y -> [13Al 27 ]-> 11Na24 + 1H
1
+ 1H 1 + 0n
1
1 ,, !

'!!
, ··1
~ ¡
1 '

11

11,I
11, 1
DESINTEGRAQAO NUCLEAR ARTIFICIAL 233
232 FÍSICA NUCLEAR
R. D. EvANS, The Atomic Nucleus. New York: McGraw-Hill, 1955, Chapters
As rea,óes de número (10), (15) e (16) sao incluídas para dar alguma idéia das 12, 13.
transmuta96es que sao possíveis em energias mais altas. Os prótons em-(10) e os
raios y em (15) e (16) tém energías de cerca de 50 Mev. Em energías ainda mais
altas, ainda mais partículas sao desprendidas e o termo esmagamento ou destrui~iiO PARTICULARES
atómica é realmente apropri~do. l. E. RuTHERFORD, "Collision of a-Particles with Light Atoms, Part IV.''
Nas 16 rea9óes listadas, 11 diferentes nuclídeos. sao formados. Um nuclídeo, An Anomalous Effect in Nitrogen, Phil. Mag. 37, 581 (1919). (In Beyer.)
7
11 Na , é formado a partir do 13 Al2 de 4 maneiras diferentes, nas rea9óes (6), (10),
24
2. E. RUTHERJfORD and J. CHADWICK, "Artificial Disintegration of Light
(11) e (16). Ele também pode ser formado em mais 5 rea,óes.
Elements," Phil. Mag. 42, 809 (1921); 44, 417 (1922); Proc. Phys. Soc. (London)
11Na + 1H 2 -> [12Mg 26 ]-> 11Na24 + 1H 1
23 36,417 (1924).
3. P. M. S. BLACKETT, "Photography of Artificial Disintegration Collisions
11Na
23
+ on 1 -> [11Na 24 ] -> 11Na24 + 'Y and Accuracy of Angle Detcrminations," Proc. Roy. Soc. (London) A134, 658
(1932).
12Mg
24
+ on 1 -> h2Mg 25] -> 11Na 24 + 1H 1 4. J. CttADWICK, "The Existence of a Neutron/' Proc. Roy.. Soc. (London)
12Mg
25
+ 'Y -> [12Mg 25] -> 11Na24 + 1H 1 A!36, 696 (1932). (In Beyer.)
5. J. D. CoCKCROFT and E. T. S. WALTON, "Experiments with High Velocity
Positive Ions." II. 11 The Disintegration of Elements by High Velocity Protons,"
Proc. Roy. Soc. (London) A137, 229 (1933).
Assim, o nuclídeo uNa 24 pode ser formado pelo menos por 9 maneiras diferentes.
Estes exemplos mostram a tremenda variedade de rea9óes nucleares que podem ser
,v
6. P. l. DEE and E. T. S. ALT0N, "Transmutation of Lithium and Boron/'
Proc. Roy. Soc. (London) A141, 733 (1933).
induzidas com os nuclídeos, partículas, aceleradores, e outras fontes de projéteis
boje disponíveis. O estudo destas rea9óes é um dos grandes ramos da física nuclear 7. K. T. BAINBRIDGE,· "The Equivalence of Mass and ·Energy," Phys. Rev.
, i
e, por causa dos problemas envolvidos na separa98.o e identifica98.o dos produtos, 44, 123 (1933). .
este campo é adequadamente chamado de "química nuclear". 8. SHOUPP, JENNINGS, and JoNEs,. "Threshold for the Proton-Neutron Reac- '

Urna das importantes aplica96es das rea96es nucleares é a determina9áo das tion in Copper," Phys. Rev. 73, 421 (1948). ' · 1

massas nucleares, ou -~tOmicas, um problema que tem urna analogia direta na quí- 9. LEw1s, L1v1NGSTON, and LAWRENCE, "The Emission of a•Particles from
mica.- A detennina~o das massas atómicas por meio de espectrógrafo de· massa foi Various Targets Bombarded by Denterons of High Speed," Phys. Rev. 44, 55
discutidá no Capítulo 9 e os resultados obtidos por aquele método podem agora ser (1933).
combinados com valores obtidos por rea96es nucleares. De acordo com a Eq. 10. N. FEATHER, "Collision,s of Neutrons with Nitrogen Nuclei," Proc. Roy.
(11.6), o valor de Q pode ser expresso como a diferen~a entre as massas dos reagen- Soc. (London) A136, 709 (1932).
tes e produtos numa rea9áo nuclear. Muitos valores de Q tem sido medidos com 11. FERMI, AMALDI, D' AoosTINO, R.AsETTI, and SEoRE, "Artificial Radio-
alta precisa.o em anos recentes, 13 •14 e é possível boje obter a~ massas de núcleos
activity Produced by Neutron Bombardment," Proc. Roy. Soc. (London) A146,
leves diretamente em termos da massa do 0 16 sem o uso de quaisquer resultados de
espe'ctroscopia de massa. 15•16 As mais recentes compila!;6es de massas atómicas 483 (1934).
combinam dados de espectroscopia de massa e valores de Q. Rea,óes nncleares 12. J. CHADWICK and M. GOLDHABER, "Nuclear Photoelectric Effect,"
sáo, é claro, urna fonte essencial de informa96es concementes as massas de nuclí- Nature 134,237 (1934); Proc. Roy. Soc. (London) A!Sl, 479'(1935).
deos que nao ocorrem naturalmente e que podem ser obtid(?s solllente em rea96es 13. W. W. BuiicHNER, "The Determination of Nuclear Reaction Energies by
nucleares. As massas atómicas dos nuclídeos 17 até o Cl3 7 sáo listadas na Tabela Deflection Methods," Progress in Nuclear Physics, O. R. Frisch, ed., Vol. 5,
11.1. Tanto nuclídeos que ocorrem naturalmente como os produzidos artificial- p. 1, 1956.
mente siio in~luídos na tabela. A incerteza, dada entre parenteses,. é expressa em 14. D.M. VAN PATTER and W. WHALING, 11 Nuclear Disintegration Energies."
unidades de 10-• u.m.a. I, Revs. Mod. Phys., 26, 402 (1954); II, ibid., 29, 757 (1957).
15. Lr, WHALING, _FowLER, and LAURITSEN, "Masses of Light Nuclei from
REFERÉNCIAS Nuclear Disintegration Energies," Phys. Rev. 83, 512 (1951).
GERAIS 16. C. W. Lr, "Nuclear Mass Determinations from Disintegration Energies:
Oxygen to Sulphnr," Phys. Rev. 88, 1038 (1952).
R,.uTHERFORD, CaAo'WrcK, and ELLIS, Radiations from Radioactive Substances. 17. J. MATTAUCH and F. EvERLING, 1'Masses of Atoms of A < 40 1 " Progress
New York: Macmillan. 1930, Chapter 10 (reprinted with corrections 1951). in Nuclear Physics, O. R. Frisch, ed., Vol. 6, p. 233 (1957).
lVI. S. L1v1NGSTON and H. A. BETHE, ' 1Nuclear Physics, C. Nuclear Dynamics,
Experimental," Revs. J.fod. Phys. 9, 245-390 (July 1937). PROBLEMAS
J. D. STRANATHAN, The "Particles" of M odern Physics. Philadelphia: Blakis-
ton, 1944, Chapters 10, 11. 1. Complete as reai;óes listadas abaixo. Reescreva-as de urna maneira que mostre o ba-
R. T. BEYER, ed. 1 Foundations of Nuclear Physics; Facsímiles of Thirteen lani;o dos números atómicos e de massa, e indique os núcleos compostos em cada caso:
Fundamental Studies as they ,vcre originally reported in the Scicntific Journals 1
with a Bibliography. New York: Dover, 1947. ·
H'(n;y): H'(n,y); Li'(p,n); LF(p,a): Be'(p,d): Be'(d,p); Be'(p,a): B"(d,a): C"(d,n); N«(a,p):
N 15 (p,a); 0 16(d,n).
1

l
1¡1

.11/1
DESINTEGRA(,ÁO NUCLEAR ARTIFICIAL 235
234 FíSICA NUCLEAR
J5. Que hipótese voce proporia para explicar aqueles valores d·a energia de ligacao nos
2. Calcule os valo:es de Q para cada urna das rea~Oes do Problema 1. Quais rea~óes sao Problemas 13 e 14, que sao particularmente pequenos, isto é, .menores qu~- 5 Mev? .
exoenergéticas? Quais sao endoenergéticas? Use as massas listadas na Tabela 1L 1. 16. Use os valores das diferen~as de massa: néutron-próton, e Be 1 -L1· para determmar a
3. Nas quatro rea~óes que se seguem, a massa do núcleo alvo Al é dada como 26,99007 mínima energia do próton necessária para observar a rea\;ao Li1 (p,n)Be7 •
u.m.a. e o valor de Q de cada rea~ao é dado. Calcule a massa do núcleo produto. 17. Calcule a diferem;a entre as massas do Al2 8 e Si28 a partir dos seguintes dados:
Al"(d,p)AI", Q = 5.48 Mev; Si'"(d,p) Si", Q = 6,25 Mev; Si'.'.(d,~)AI", Q = 5,99 Mev;
(a) A]27(n,1'); Q = 7;722 Mev 2H 1 - H 2 = 1,584 miliunidade de massa~ 2H2 - He 4 = 25,600 m!humdades d~ massa .•
AJ27(d,p); Q = 5,497 Mev 18. A partir das massas Ilucleares envolvidas, calcule a fatxa de energ1a dos neutrons
(b)
produzidos quando Be é bombardeado com partículas a de 5,30 Mev do Ponº.
(e) Al 27 (p,a); Q 1,594 Mev 19. Deduza a Eq. (11.10).
(d) Al 27 (d,a); Q = 6,693 Mev
4. Urna das rea96es que acorre quando o boro é bombardeado com deuterons de 1,510
Mev é o B 11 (d,a)Be9 • As partículas a emitidas num ángulo de 900 Coma dire9ao do feixe de
déuterons tem urna energia de 6,370 Mev. Qua) é o valor de Q da rea~o?
5. Nas condi96es do Problema 4, a rea98.o B11 (d,p)B 12 também ocorre, e tem um valor de
Q de 1,136 Mev. Qual é a energia dos prótons observados a 900?
6. Descobriu-se que as reacóes Be9 (p,n)B9 , C 13 (p,n)N 13 e 0 18(p,n)F1 8 tém urna energia
limiar de 2,059 Mev, 3,236 Mev e 2,590 Mev, respectivamente. Quais sao os valores de Q
para estas rea96es?
7. Calcule, a partir das massas atómicas, as energias limiares para as rea96es Bu(P,n)C 11 ,
O"(p,n)F'" e Na"(p,n)Mg"'.
8. Escreva ·dez rea96es nucleares que se podem esperar que ocorram com o C 12 como
alvo. Quais destas rea96es se espera que sejam exoenergéticas? Endoenergéticas?
9. Escreva dez rea9óes nucleares que déem o núcleo C 12 como produto. Quais rea96es
devem ser exoenergéticas? Endoenergéticas? ·
10._ Urna amostra de silicio é bombardeada com deuterons de 1,8 Mev. Mostre que as
seguinteS · rea90es podem produzir partículas carregadas com energías maiores que 4 Mev:
Si28(d,p)Si29 ; Si29(d,p)Si30 ; Si29(d,a)Al 27 ; Si3 º(d,p)Si31 ; Si3º(d,a)Al~8 • .
· 11. Descobriu-se q~e as rear;óes listadas abaixo tém os valores de Q indicados

(a) 0 16 (d,a) N 14 ; Q 3,112 Mev


(b) N'•(d,p) N 15; Q 8,615 Mev
(e) N_l5(d,a) C 13 ; Q 7,681 Mev
(d)' C 13 (d,a) B 11 ; Q 5,160 Mev
(e) Bll(p,a) Be8; Q 8,567 Mev
(f) Be8(a)a; Q 0,089 Mev ·
1 ,.~·1 ,IS!_~ -\ ·--~· - .- ·-
Mostre que estes dadOs IC_Vám- a um valor de 4,003869 u.m.a. para.a massa do He" se a massa
do deutério é tomada como 2,014723 u.m.a.
12. Suponha que, em experiéncias separadas, C 12 é bombardeado com neutrons, prótons,
dCuterons e partículas a, cada partícula tendo urna energia cinética de 10,00 Mev. (a) Qual
seria a energia de excitar;áo para o núcleo composto em cada caso se se supOe que a énergia
de recuo do núcleo composto pode ser desprezada? (b) Qual é a energía de recuo do núcleo
composto em cada caso quando a energia de recua nao é desprezada?
13. Coma ajuda dos dados da Tabela 11.1, calcule a energia de ligar;áo do "último neu-
tron" em cada um dos seguintes•conjuntos de isótopos:

(a) c12, e••,


c14; (b) N14, N1•, N16;
(e) 016, O17, OIS; (d) Ne 20 , Ne 21, Ne 22 .

14. Com a ajuda dos dados da Tabela 11.1, calcule a energia de liga98.9 do último próton
em cada um dos seguintes conjuntos de isótopos:

(a) C 11 , C 12 , C 13 ; (b) N 1ª, N 14 , N 15 ;


(e) 014, 015 1 016, 017j (d) Nei•, Ne20, Ne21.
RADIOATIVIDADE ARTIFICIAL
237
Experiencias subseqüentes de Curie e Joliot3 mostraram, entretanto, que os alvos
de ~Ieme~tos leves ~ontinuavam a emitir pósitrons depois que a fonte das partículas
a tmha sido removida; a raza.o de emissao dos pósitrons diminuía gradualmente
co?1. o tempo, aproximando-se finalmente de zero. Quando a raza.o era lanc;ada num
graf1co contra o tempo após a remoc;ao da fonte de partículas a, obtinha-se urna
12 curva exponencial para cada alvo, similar ilquelas obtidas no decaimento {3 dos
radionuclídeos naturais. A atividade podía ser expressa acuradamente pela equac;.io
A =~oe->.t,e as meiaf-vidas características encontradas erarn 14 min, 2 1/2 mine 3
1/4 mm para os alvos de boro, rnagnésio e aluminio, respectivamente. A explicac;ao
dada por Curie e Joliot era de que o núcleo produto formado na reac;ao (a, n) em
cada caso era um nuclídeo instável, que ent.io desintegrava corn a ernissao de urn
Radioatividade Artificial pósitron. Postulou-se que as reac;óes nucleares quando o boro e aluminio eram
alvos eram:

7 ...~,13-;
, 6 013 + 1e,º· T = 14min,

15 P
so ~ 14 s•so
l + ¡e º j T = 3¼min.
0
O símbolo 1e ou +i':º é usado para indicar o pósitron, urna vez que sua carga é a
12.1 A descoberta da radioatividade artificial. A descoberta de Curie e Joliot, mesma que a do proton, e seu número de massa é zero. A meia-vida do N 13 foi
em 1934, de que os, produtos de algumas transforma96es nucleare~ in~u_zidas sáo depois encontrada corno senda 10 mine a do P3° era 2 1/'i min, em vez de 14 rnin e 3
radioativos abriu urna n.ova era na física nuclear. O estudo da rad10at1v1dade dos 1/4 min, respectivamente,
13
como inicialmente estabelecido por Curie e Joliot. Os
núcleÓS atómicos produZidos artificialmente tem feito muito para esclarecer os co_n- nuclíde?s N e P3° nao sao estáveis, como pode ser verificado da Tabela 9 .1, mas
ceitos d8. Cónstitui9fto e estabilidade dos núcleos. Muitas das rea9óes nucleares dis- os nuchdeos que permanecem após a emissao do pósitron sao estáveis. ~- ·
cutidas no último capítulo produzem nuclídeos radioativos e cerca d_e 1200 espécies A explica980 dada por Curie e Joliot foi testada quimicamente 4 separando-s~ o,
radioativas tinham sido feitas até 1958. Estes nuc1ídeos decaem espontaneame~te elemento de:, alvo do elemento produzido; só foi achada radioatividade oeste último.
de acordo com as mesmas leis que governam a desintegra980 dos elementos ~adm- N__a. reac;a? do boro, o alvo, nitre to de boro BN, foi irradiado com partículas a por
ativos que ocorrem na natureza, e o termo radioatividade artificial se refere a ma- vanos m1?u.tos e entao aqueci?o com soda cáustica, liberando todo o nitrogenio
neira pela qua] os novas nuclídeos sao produzidos e nao pela qua] eles decaem. col?o ~moma gasosa. Descobrm-se que a amónia levaria toda a radioatividade. A
A radioatividade artificial foi descoberta por Curie e Joliot quando estudavam me1a-v1da era a mesma que a encontrada com outros alvos de boro, e nao foi encon-
os efeitos das partículas a sobre o núcleo de elementos leve!. _Quan?o boro, ?1agné- trada com alvos de nitrogenio. Portanto, o boro deve ter sido transformado num
sio e alumínio eram bombardeados com partículas a do_ polomo, protons e neut_rons i~ótopo radi?a~ivo d? nitrog~~io. Um, al~o de_ aluminio, após ser irradiado com par-
eram observados como se previa a partir das rea96es (a, p) e (a, n) conhec1das. t1~ulas ~• f01 d1ssolv1do em ac1do clondnco, hberando todo o fósforo presente como
Além destas partÍculas, elétrons positivos ou pósitrons também foram observados. 1 gas _fosfonco (PH3), ;nquanto qu~ o _aluminio permanecia na solu98.o. A solu9ao era
O elétron positivo é urna partícula fundamental cuja massa de repouso é a mesma entao ev~p?rada at_e secar e o residuo testado para atividade de pósitrons. Ne-
que a do elétron, e cuja carga tem a mesma magnitud e mas sinal oposto ao _do nhuma at1v1dade fo1 encontrada. O gás, que continha o fósforo mostrava a ativi-
elétron. Ela foi descoberta por Anderson' em 1932 num estudo de fotografias de dad~ de pósitrons característica, e a ati:'idade foi portanto asso~iada a um isótopo
trilhas de raios cósmicos numa cftmara de nuvens de Wilson. Na presen9a de um do _fosforo. Estes testes forneceram a pnmeira prava química da transformac;ao arti-
campo magnético, foram vistas algumas trilhas que poderiam ter sido causadas so- ficial de um e!emi:nto em outro. A identificac;ao química do núcleo produto, junto
mente .por partículas com a massa e a carga do elétron, mas pela curvatura destas com a ~etermmac;ao da natureza das partículas ejetadas; por medidas de ionizac;ao
trajetórias era evidente que as partículas que as produziam tinham que ser positi- numa cam_ara de nuvens e da deflexao num campo magnético, provou a correc;ao
das equac;oes propostas para as desintegrac;0es.
vamente carregadas. Ande'rson chamou estas partículas de pósitrons. Durante o
resto <leste livro a palavra e/étron vai ser usada para indicar o elétron negativo e.ª Após a descoberta de que o bombardeio de nuclídeos leves com partículas a
palavra pósitron vai ser usada para o elétron positivo. Este uso é comum e mais pode levar a produtos radioativos, descobriu-se que rea9óes nucleares induzidas
conveniente que o uso dos termos "elétron negativo" e "elétron positivo". A pa- P?r ~rótons, deuterons, neutrons e fótons também podem resultar em produtos ra-
lavra "negatron" que foi sugerida para o elétron negativo nao tem sido geralmente d1oat1vos. Como _no caso dos radionuclídeos naturais, um radionuclídeo artificial
adotada. po_de ser c~ract~nzado por sua meia-vida e pela radiac;ao que ele emite. Estas pro-
Inicialmente, a fonte dos pósitrons observados por Curie e Joliot nao era clara, pnedades tern ~udado enormemente na determinac;ao da natureza química dos pro-
mas foram sugeridas várias hipóteses que se mostraram incorretas. Por exemplo. dutos das reac;oes n~clear~s .. Quando os produtos sao radioativos, eles podem ser
sugeriu-se que os pósitrons podiam resultar diretamente da desintegrac;ao das partí- detectados em rea9oes qu1m1cas por mem de suas meias-vidas características ou
culas a. com a formm;ao de um néutron e um pósitron em vez do próton usual. produtos de desintegrac;ao. Se assim nao fosse eles nao poderiam ser detectados por
FISICA NUCLEAR
RADIOATIVIDADE ARTIFICIAL
239
causa das quantidades muito pequenas em que estao presentes, e sua natureza quí-
mica só poderia ser deduzida através de evidencias físicas indiretas, tais como o
1,0 balan,o ·de massa e energía. O ramo especial da química que !ida com estes e outros
problemas
da similares é chamado de radioquímica; e se tomou urna parte importante
ciencia nuclear.
l<D
Por métodos radioquímicos. os produtos ativos das rea,óes nucleares podem
ser separados em formas apropriadas para o estudo de suas propriedades. É possí-
vel determinar o elemento do qua! um produto particular é isótopo, e indicar-lhe o
número de massa. Esta 'última indica,ao geralmente depende de bombardeios cru-
zados, isto é, um determinado nuclídeo é obtido por várias rea,óes nucleares dife-
rentes, a partir das quais o número de massa de um dado nuclídeo ativo pode ser
deduzido. Quando o nuclídeo é obtido de urna forma apropriada, sua razao de de-
caimento pode ser determinada, assim como as propriedades de suas radia,óes.
110 Cerca de 1200 nuclídeos radioativos artifíciais foram identificados e· suas proprieda-
des determinadas por técnicas químicas e fisicas combinadas.

100 12.2 Os radionuclídeos artificiais. Emissao de elétrons e pósitrons. Captura de


elétrons orbitais. A constitui,ao dos nuclídeos conhecidos, tanto naturais como
artifíciais, pode ser mostrada por meio de um gráfico no qua! o número de neutrons
é lan,ado contra o número de prótons, como na Fig. 12.I. Os nuclídeos es-
táveis sao indicados por quadrados escuras (como na Fig. 9.9). Emissores. alfa
sao indicados por triangulas abertos e quadrados; estes últimos saó /3-estáveis, en-
guanto que os primeiros também podem sofrer decaimento /3. Emissores de elé-
trons sao indicados por círculos abertos e emissores de pósitrons por cruzes. Urna
cruz num círculo aberto indica que o nuclídeo decaí por ·emissao 13-, emissao 13+ e
captura de elétroris. •As linhas diagonais sao linhas de número de massa constante,
A, com A = Z + N; nuclídeos que caem na mesma linha diagonal sao chamados
isóbaras porque tém o mesmo número de massa e, portanto, praticamente o mesmo
peso atómico. Na sua maioria, os nuclídeos radioativos artifíciais fícam acima ou
abaixo dos nuclídeos estáveis; eles ou tem neutrons demais (nao tem suficientes
prótons), ou neutrons de menos (prótons demais) para serem estáveis. Um núcleo
com prótons de menos lende a se tomar estável aumentando sua carga nuclear,
enguanto que um núcleo com prótons demais lende a se tomar estável diminuindo
sua carga nuclear. Urna maneira pela qua] a carga nuclear pode ser aumentada é
pela emissao de elétrons, como foi visto durante o tratamento da radioatividade
natural. ~ carga nuclear pode ser diminuída pela emissao de um pósitron. Conse-
qüentemente, a atividade de pósitrons é geralmente observada nos isótopos de um
elemento que tem números de lnassa menores que os dos isótopos estáveis, en-
guanto que atividade de elétrons geralmente ocorre em isótopos com números de
massa maiores que aqueles dos isótopos estáveis~
A carga no núcleo também é reduzida se o núcleo captura um elétron orbital.
Os elétrons extranucleares, no curso de seus movimentos, freqüentemente se apro-
ximam do núcleo e, de acordo com a mecanica ondulatória, podem até penetrá-lo.
Os elétrons que tem mais possibilidades de fazer isto sao os elétrons K em átomos
com um grande valor de Z. Estes elétrons podem ser considerados disponíveis para
00 10 .20 ,o 40 50 60 70 80 90 100 110 a captura pelo núcleo, especialmente se este último for rico em prótons. Se um
Número de prótons (Z)
elétron da camada K é capturado, o processo é chamado de captura K; menos
freqüentemente, acorre captura de um elétron L. A vaga na camada K ou L é
F . (Rehim P_ressoNew
comYork:
permissao
. 121 Carta dos núcleos conhec1dos. Wiley,de1960.)
S. E. Liverhant,
geraJmente preenchida com um elétron de urna camada mais externa com a emissiio
Elementary
ig. · Jnrroductwn
. to N uc lear Reactor P ·vs1cs. _..
de um raio X K ou L respectivamente, característico do núcleo produto. Neste
processo, nenhuma partícula carregada é emitida e o processo pode ser observado
somente por causa da emissiio de raios X. Ás vezes, captura de elétrons orbitais é
acompanhada pela emissiio de elétrons da estrutura extranuclear. Estes elétrons,
chamados de elétrons Auger por causa de seu descobridor. resultam do que pode
ser descrito como uin efeito fotoelétrico interno. Por exemplo, a emissiio de um raio
1
1,,
RADIOATIVIDADE ARTIFICIAL 241 'I
1,

240 FÍSICA NUCLEAR


nuclídeo artificial deve ser m·aior que a rnassa atómica de seu isóbaro com carga ,:1
X K pode ser substituída pela emissáo de um elétron_ L co:11 u~a ener~ia cinética nuclear urna unidade menor de pelo menos 2 massas eletrónicas, ou 1,02 Mev,
igual a diferenc;a entre a energía do raio X K e_ a e~erg1_a _de hgac;ao do eletron L. O~
(12.7)
trés tipos de desintegrac;áo sao transformaroes isobarzcas porque envolvem mu
danc;as na carga nuclear mas náo no número de massa. , . . . . . A rea9ao no caso da captura do elétron orbital ~
Como no caso da radioatividade natural, alguns nuchdeos rad1oat1vos artll!c1a1s
emitem raios 'Y assim como elétrons ou pósitrons. Cerca de um ;en;o dos nuchdeos
ativos é simples no sentido de que eles emitem somente part1culas; os restantes zXA +_,eº---> z_,yA, (12.8)
também emitem raios i'. . . , • - d 1' '
e a energia disponível é
A questflo de como decairá uro nuclídeo artificial,. s~ sera por em1~sao. e e e-
trons, emissáo de prótons, ou captura de elétrons orb1t:i1s, po~e s~r discutida em
termos da energia disponível para a desintegra~áo. Considere pnmeiramente o caso (12.9)
da emissáo de elétrons, na qual a rea9áo é Portanto, a condi~áo para que a captura de um elétron orbital seja energeticamente
(12.1) possível é , ·

(12.10)
O balan90 de energia para esta rea9áo é dado pela expressáo
(12.2) isto é, a massa do nuclídeo artificial deve ser maior que a de seu isóbaro com carga
Q/c 2 = M.(zXA) - M.(z+1YA) - m,
nuclear urna unidade menor. ·
onde as M n representam as massas nucleares d<-:, n~clídeo. art~cial e de s.eu p~oduto A compara,áo das Eqs. (12.7) e (12.10) mostra que a captura de um elétron por
de decaimento, e m é a massa do elétron. A ultima equa9ao pode ser escnta em um núcleo é um processo energeticamente mais favorável que a emissáo de um
pósitron. Mas, mesmo a captura de um elétron K depende da pequena probabili-
termos das massas atómicas se notamos que dade de que o elétron esteja muito perto, ou "dentro" do núcleo. O resultado é
M.(zXA) = Mn(zXA) + Zm, que, assim que a energía disponível excede 2mc 2 , a emissao de pósitrons tende a
ocorrer mais freqüentemente que a captura de elétrons orbitais. Portante, ·a captura
onde M ª é a massa at~mica; a energia de liga9áo dos e1étrons é e~táo incluída mas K só é observada quando a condi,áo (12.10) é satisfeita, mas nem sempre é obser-
nao ieva a nenhuma dificuldade porque ela sempre se cancela. Entao a Eq. (12.2) se vada, mesmo quando a condi~o é preenchida. :·
Existem muitos exemplos das regras acima. Assim, os nuclídeos C 11 , 'Nl3, ~0 15 ,
toma F1 7 , Ne 19 , Na21 , Mg23 e Al25 decaem todos por emiss8.o de pósitrons. Cada um tem
Q/c 2 _ Ma(zXA) - Zm - M.(z+ 1YA) + (Z + l)m - m um número de massa menor que a dos isótopos estáveis do elemento e é conse-
.. .
quentemente neo em prótons. Em cada caso, a massa do nuclídeo radioativo é
'
(12.3) maior que a do produto do decaimento por mais de 2 unidades de massas eletróni-
- M.(zXA) - Ma(z+1YA).
cas. Por exemplo, de acordo com a Tabela 11.1, C 11 tem urna massa atómica de
A ~ondi áo para que·~ emissáo do elétr~n seja energeticamente p~ssível é que o 11,014924 u.m.a., e B" tem urna massa de 11,012795 u.m.a.; a diferen9a é 0,002129
9 u.m.a. consideravelmente maior que 2 massas eletrónicas, que sao iguais a: 0,001098
valor de Q seja positivo, ou u.m.a. Os nuclídeos C 14 , N 16 , F 20 , Ne23 , Na2 4, Mg27 e Al 28 decaem por emissao de
(12.4) elétrons. Cada um deles tem um número de massa maior que o dos isótopos está-
veis do elemento, e é portanto rico em neutrons. Pode ser visto da Tabela 11.1 que,
isto é, a massa atómica do nuclídeo artificial deve ser maior que a de seu isóbara em cada caso, a massa do nuclídeo ativo é maior que a do produto. Poi exemplo, a
massa do C 14 é 14,0076845 u.m.a. enguanto que a do N 14 é 14,0075179 u.m.a.
com carga nuclear urna unidade.maio~. , Os isótopos de um ~lemento de peso atómico intermediádo, tai como o iodo,
No caso da emissiio de pósitrons, a rea9áo e
mostram todos os tres tipos de decaimento. O iodo tem só urna espécie estável,
(12.5) 21
53!1_ , ~<?ntendo 53 prótons e 74 neutrons. Existem, contudo, 17 isótopos radioativos
artific1a1s, contendo de 68 a 86 neutrons. Destes 11 21 e 1122 como menor número de
neutrons, decaem por emissáo de pósitrons. o' núcleo d~ 1123 captura um elétron
e o valor de Q é dado por orbital, enguanto que o 11 24 as vezes captura um elétron orbital e as vezes emite um
Q/c 2 = Mn(zXA) - 111.(z_,YA) - m, pósitron; o !1 25 captura um elétron orbital; o 1126 as vezes captura um elétron orbital
e as v7zes emite um elétron negativo; o !1 27 é estável; o P 28 decaí por emiss8.o de
um eletron em 95% das vezes, e decaí tanto por captura de elétrons orbitais como
ou
por emis~áo de pósitrons em 5% das vezes. Os onze isótopos restantes do iodo
Q/c 2 = Ma(zXA) - Zm - M.(z_,YA) + (Z.- l)m - m ricos em néutrons, do P 29 ao !1 39 inclusive, decaem pela emissáo de um elétron. O~
produtos d7 decaimento de algun~ isótopos de iodo também sáo instáveis, e por-
(12.6)
= Ma(zXA) - Ma(z_,YA) - 2m. tanto tambem decaem; o !133 deca1 em Xe 133 • que• é instável e decaí por emisSao de
elétrons para o Cs 133 , está ve l.
Para .que a emissáo de pósitrons seja energeticamente possível, a massa atómica do
RADIOATIVIDADE ARTIFICIAL 243
242 FÍSICA NUCLEAR
fazer e identificar elemento$ transur8.nicos - mas, apesar de alguns indubitavel-
Existe alguma correlayáo entre a radioatividade de um nuclídeo artificial e a mente terem sidO produzidos, havia dificuldade em sua identifica~ao. A pesquisa
transfonna,;áo por meio da qual ele é produzido. Emissáo de elétrons é comum para nestes elementos levou a descoberta da fissáo nuclear, e o trabalho que se seguiu a
atividades produzidas por rea,óes (n, -y), (n, p), (n, a), e (d, p), urna vez que estas esta descoberta resultou, entre outras coisas, na produ9áo sistemática e estudo dos
rea,;óes diminuem a razáo carga-massa. Sao exemplos · elementos transur8.nicos. ·
Em 1940, provou-se que o bombardeamento do uranio com néutrons lentos
49ln" 5 (n, 'Y)40In" 6 ; 49 In n• _, 50 Sn ns + -1 eº , T = 13 s, produzia de fato um novo isótopo U 239 que tem urna meia-:vida de 23 min e é um
emissor de elétrons. Ele decaí para um isótopo de um novo elemento com Z = 93
1N 14 (n, p)sC 14; 6 e •• _, 71N'• + -1 eº , T = 5568 anos, que, por slla vez, emite um elétron e tem urna meia-vida de 2 ,3 dias. 7 O elemento
com Z = 93 recebeu o nome de netúnio. O novo nuclídeo, Np 239 , resulta do decai-
1aA1 27 (n, a)nNa 2 4; T = 15,0 h, mento

15P 31 (d, p),5P 32 ; T = 14,3 dias. T = 23 min.


Emissáo de pósitrons é comum para atividades produzidas por rea,;óes (p, y), (p, O decaimento do Np 239 fomece urn isótopo de um novo elemento com Z = 94,
n), (a:, n), (d, n) e (y, n), que aumentam a razáo carga-massa do núcleo. Sáo exem- chamado plutónip, 8 • 9
plos
oaNp 239 -> s4Pu 239 + _,eº, T = 2,3 dias.
13 13 ,e o,
sC 13 (p, -Yl,N 13 ; 1N -> sC + T = l0min,
Este isótopo do pllltónio é produzido em grandes quantidades em reatares nucleares
,,
!

2s
N•58(
1 P, n ) 29 C u 58., 1 + 1e o,
29 C u 58 ~ 2s N·58 T = 2,6 s, e pode ser usado pára a produ9áo de energia nuclear ou bombas atómicas. Ele é um
!,I

'
emissor-a com urna meia-vida de 24.400 anos. Logo após a descoberta do ,93 Np 239 , '
7N 14(a, n)oF 17 ; oF'7-> 8017 + ,eº, T = 70 s, dois outros isótopos do netúnio foram produzidos. Quando (>xido de ur.inio é bom-
bardeado corri deuterons rápidos de um cíclotron, acorre a Seguinte rea9á.o (d, 2n):
1N 1~(d, n) 8O15 ; sO'5 _, 1N'5 + ,eo, T = 2,1 mio,
1 spat('Y, n ) 1 sP"º·,,, 10P
80 u_8 80 + 1e0,
-t T = 2,5 mio.
s2U 288 + ,H 2 -> 93Np 238 + ·cin 1 + on 1 •
O produto Np 238 emite um elétron para formar Pu238 , e tem urna meia-vida de 2,0
As rea,óés (a, p), (p, a) e (d, a) usualmente levam a produtos estáveis. As mudan- dias. Quando uranio é exposto a neutrons rápidos, ocorre urna rea9á,o (ñ;-2n)_,
~s de carga e massa sáo tais que o alvo e os núcleos produtos estáo geralmente
dentro da faixa dos núcleos estáveis, como nos exemplos 92U 238 + on 1 -> 92U 237 + on 1 + on 1·,
O isótÓpo 92 U 237 é urn emissor de elétrons com urna meia-_vjda de 6,8 días, e decaí
para Np 237 • Este últimó "é um emissor-a corn urna méia-vída de 2,2 x 106 anOs, e é o
e nuclídeo transuránicO conhecido de vida mais longa. Isótopos do netúnio tarnbém
podern ser obtidos bombardeando-se uranio com deuterons c·om energías de cerca
Al 27 (d,a)Mg 25 . de 100 Mev; ocorrem rea~Oes em que 4, 6, ou mes.mt> 9 néutrons sáo ejetados.
'
12.•3 Os elementos transurinicos. A mais rica fonte de -radionuclídeos artifi-
Partículas alfa também podem ser usadas. Alguns d()s isótopos e as rea,óes pelas
quais eles sáo feitos sáo
ciais é a captura radioativa de neutrons, 5 a rea9ao (n, y), que geralmente fornece um
produto emissor de elétrons. Em 1934, Fermi' sugeriu a possibilidade de que o 1 Np 231 : U 233 (d,4n); U 235 (d;6n); U 238 (d,9n),
bombardeio do uránio cqm néutrons podia resultar na produ9ao de elementos COm Np 236 : U 235 (d,n); U 235 (a,p2n); U 238 (d,4n),
carga nuclear maior que 92. Se o U 238 capturasse um néutron, ocorreria a seguinte
rea!yao:_ Np 238 : U 238 (d,2n); U 238 (a,p3n)_.
Ao todo, 10 isótopos do netúnio sáo boje conhecidos, coro números de massa de
231 a 240. ·
se o U 239 fosse ent3.o decair por emissáo de elétrons, o resu1tado,seria um nuclídeo Isótopos dos elementos 95 (americio) e 96 (cúrio) podem ser feítos bombar-
com Z = 93, um isótopo de um elemento até entao desconhecido. As primeiras deando Pu239 com neutrons. As rea9óes sao
experiéncias mostraram que, quando o uranio era bombardeado com néutrons,
quatro diferentes atividades /3 eram detectadas, urna das quais estava presumivel- 239
mente associada com 92 U 239 • Também se considerou possível que o novo elemento Pu + n -> Pu240 + -Y,
com Z = 93 pudesse decair por emissao de elétrons para formar um isótopo de um Pu••o + n -> Pu••• + -Y,
novo elemento com Z = 94. Quaisquer elementos que pudessem ter valores de Z
maiores que 92 foram chamados de elementos transurllnicos porque ficariam além 94 Pu
241 E, 95
Am••• ·
do uranio na tabela periódica. Entre 1934 e 1939, muitas tentativas foram feítas para

1
244 FISICA NUCLEAR RADIOATIVIDADE ARTIFICIAL 245
Ao mesmo tempo, 96 Cm242 é formado, 1,0
¡;
Am••1 + n _, Am••• + 'Y ,l:

95 Am
242 ~
96
cm••·
·
¡ ~ 0,8
-¡;;
·¡¡ Pu239
O nuclídeo Am 241 , bombardeado com .partículas a, resulta num isótopo do elemento :§
o
97 (berquélio), g 0,6
,¡;
~
o
Q.

Estas reai;óes foram usadas na descnberta do berquélio, 10 e foram usadas rea9óes ~ 0,4 Cm244 X 10
s!m,ilares na primeira prepara9áo .,e identifica980 de um isótopo do califórnio, o
,¡;
9aCfl44 • u Os novas nuclídeos sáo identificados, isto é, seus valores de Z e A sáo .,,"
determinados, separando-os químicamente e estudando suas propriedades radioati-
vas junto com aquetas de seus produtos de decaimento. Assim, o 97Bk243 decaí por t 0.2
E
captura de elétron orbital para 96 Cm243 que decaí para Pu239 por emissáo a; o Bk243 'ª
também emite urna partícula a (com urna razáo de ramifica¡;áo de cerca de um por z
cento) para dar 95 Am 239 que captura um elétron orbital para se tornar Pu239 . Já que o
as propriedades radioativas do Pu 239 sáo conhecidas e que pod~ ser mostrado como o 2 3
é formado o Pu239 , a identidade do 97Bk243 pode ser estabelecída. 4 5 6
Anos
O bombardeio do .Pu239 com néutrons pode ser levado muito além do que foi
indicado, e muitos nuclídeos transur3.nicos que sáo J3-estáveis ou que decaem por Fig. 12 -3 Produ9áo de alguns nuclídeos
emissáO'·J3. negativa podem ser produzidos através da absor9áo sucessiva de néu- 1014 nCutrons/cm2/s ..(A partir de Seabor p~a
d
}s pe¡a irr?dia~ao
• . - '
do Pu239 num fluxo de 3 x
trons. Se o Pu239 é · irradiado num reatar riuclear com alto fluxo de néutrons, isto é, ~. . .•. - .: . - ~• e .ransuran_~~~ E/ements, ref. ger.)
3 x 10" neutrons/cm2/,g (veja Se9ao 18.4), é possível produzir, ao longo de vários
anos, quantidades apreciáveis de nuclídeos que correspondem a absor9áo de até 15
néutrons·:- As seqüéncias das rea96es de captura de néutrons e decaimentos levando elementos de 95 a 100 tem sido identificado; e.o d 239 - : , •
a nuclídeos tao pesados quanto 100 Fm254 sáo mostradas na Figura 12.2; as flechas em reatore_s nucleares como em exp]osóes.12-2omo pro utos do Pu irradiado tanto
horizontais indicara captura de néutrons e as flechas verticais decaimentos J3. A razao de produ,ao de nuclíd ·
Foram descobertas rea96es ainda mais distantes' dos elementos estáveis que ocor- camente por meio de e ua 6e , eos n_ia1s pesa?os pode ser analisada matemati-
rem numa explosáo termonuclear e os elementos 99 e 100 foram realmente deseo- natura1. 21 Alguns resultdis psa~:alo_gasd~s :.qua9oes de Bateman da radioatividade
bertas nos restos de 'urna explosao em novembro de 1952. Muitos isótopos dos 3 X 1014 neutrons/cm2/s sao mostr!d1rra iap9~0 do Pu2ss nun'f fluxo de néutrons de
T b· • os na 1gura 12 3
am em e possível produzir isótop d, . 1
; - - •· r\t" bombardeando-se ~r3.nio com , os os e ementos transur§.nicos
NH ou 0" Mostrou "
' ·
12,
nuc eos pesados _altamente ionizados tais como c12
-se · por exempl 0 C"(6 14 '
:.n :\ ···- .. -· .. energías próximas a 100 'Mev poaein , d : que _ +) ou ~ (6+) acelerados a
100
Fm254 aumenta de 6 ou mais uriJdades. Isót~n uz1r rea~o_es _nas 9-uais_ ~ num~ro atómico
produzidos pelo bombardeio do ura· . pos d_o califormo, emstem10 e fermio foram
99
E253 .
respectivamente 24, 2s, 2a Entre
mo- com------
tons de carbono , nitrogemo e ox1gemo
A • • A •

§: Cf2'° · as rea9oes que ocorrem estáo '


o 98
·§
•O 97
+ 6c12 ·-, osCf••• + 6n,
,2u2as
;;¡
2 96
Cm244
·Cm249 o2U2as + 1N,. -, ooE••• + 6n,
" E
238
•a
z 95
Pu239
02 U + s0 16 ~ 100Fm250 + 4n.
94 Pu243
Um isótopo do elemento 101 (m d ¡- • H .
amostra de 99 E2s3 com partículas a.~n e evm 01 ~r~para_do bombardeando-se urna
240 242 244 246 248 250 252 254 produtos de decaimento como
1 1
M;2~
groctut~- !º'
identificado por meio de seus
Número de massa (A) nome) foi ~eito bombardeando-s : uma ~ist~r~ ~so~op~ 4do ele;1:1¡nto 1?2 (ainda sem
coro energias de 60-100 M . , . e m e Cm com atomos de c12
zido 2s. 29, ªº A d - dev, anahses dos produtos indicam que o 1022s4 foi produ
Fig. 12.2 Seqüé:ncia de rea90es nucleares para a produ9áo de nuclídeos pesados por intensa · pro u9ao e um segund · - d -
irradia9ao do Pu 239 com né:utrons lentos. (A partir de Seaborg, The Transuranium Elements, de urna mistura dos isótopos do cúri o isa 1?~º o elemento 102 pelo bombardeio
ref. ger.) Trabalhos sobre os nuclídeos tro con: n_uc eos de c13 também foi noticiada. si
ansuramcos resultaram até agora na identifica-
11
246 FÍSICA NUCLEAR RADIOATIVIDADE ARTIFICIAL 247 i1111:
11
~ao de 10 isótopos do netúnio (Z = 93), 15 isótopos do plutonio (Z = 94), 10 isóto• Tabela 12.1 A série do netúnio
pos do amerício (Z = 95), 13 isótopos do cúrio (Z = 96), 8 isótopos do berquélio (Z 1111
Constante de 11
= 97), 11 isótopos do califórnio (Z = 98), 10 isótopos do einsteinio, (Z = 99), 8 Nuclideo Tipo de Energia da
Meia-vida desintegrarilo,
isótopos do férmio (Z = 100), urna espécie do mendelévio (Z = 101) e urna (mi· desintegrarilo .-, partícula,
talvez 2) espécie do elemento 102. ·
1
u wPu241 (J, a
Mev
¡¡¡1
13,0 anos 1,69 X 10-• a: 4,893 m
12.4 Os radionuclídeos artificiais: alfa-emissores. Poi mencionado na última 95Am241 (J: 0,021
458 anos
sé~áo que alguns dos isótopo·s dos elementos transur:inicos decaem por emissa.0 ·de
"U'" "
¡j 6,75 dias
4,80 X 10-11
1,19 X 10-•
5,535 m
0,248
¡1¡11:

d
urna partícula o:. Em 1939, somente 24 o:-emissores eram conhecidos e·estes erarri 93Np231
2,20 x 106 anos
fJ"
E11Pa23a 9,99 X JO-Is 4,870
membros das séries radioativas existentes na natureza. Atualmente sao conhecidas 27,0 dias 2,97 X 10-,
cérea de 150 espécies radioativas que decaem por partículas a. 32 Cerca de 50 destas ,,u= 0,568
90 Th22EI " 1,62 x 105 anos
7340 anos
1,36 X l0- 13
3,0 X IQ- 12
4,816 ¡I'
fJ"
estáo entre os elementos transur8.nicos; outras formam parte de urna nova série ssRa22s 5,02 m
radioativa, á 4n + 1, ou série do netúnio. Existem diversas séries denominadas de 89Ac22s 14,8. dias 5,42 X 10-, 0,32
10,0 dias
séries éolaterais, e a-emissoreS adicionais sáo encontrados entre os isótopos com s1Fr221 " 4,8 min
8,02 X 10-, 5,818 m :1,111
deficiencia de neutrons, bismuto (Z = 83), polonio (Z = 84), astatínio (Z = 85), ssAt211 " 0,018 s
2,41 X 10-a 6,33 m
radonio (Z = 86) e friincio (Z = 87). 8:JBj2l3 "
(J," 47 min
3,85 X 10 '
2,46 X 10-4
7,05
a: 5,86 :11'I¡
Os membros da série do netúnio33 • 34 e suas propriedades sáo listados na Tabela
12.1, e as rela96es entre os membros sáo mostradas gi'aficamente na Figura 12.4.
s-tP021a
s1 Th209
fJ"
4,2 X lQ- 6 S
2,2 min
l,65Xl0'
5,25 X 10-a
fJ: 1,39
8,35 ¡:¡ i
Como as séries radioativas que ocorrem ila nat!lreza, a série do netúnio áJ)resenta e2Pb209
fJ 1,99
8:JB¡209 3,30 h 5,84 X 10-•
desintegra9óes ramificadas perto do fim. O produto final estável é a espéc~e comum Estável 0,635
do bismuto de número de inassa 209, em vez de um isótopo do chumbo como nas il;¡•
séries do uránio·, tório e actínio. A meia-vida do Np237 , o membrb de vida mais
1'

longa da série, é 2,2 x 106 anos. Geralmente se considerá que a Terra tero cerca de
5 x 109 ahos de idade. Se Supomos, como é provável,. que o netúnio foi formado ao
mesii1b tempo que a Terra,. entáo muitas meias-vidas des te nuclídeo já ~ecorreram e -~Além da sé~ie_ do ~~túnio, _foram produzidos a-emissores artíficiais ue formam
as Quantidades ainda pr~sentes seriam táo pequenas que estariam alé91 da possibili- ~:!~!as co~terais as sen7~ rad10~tivas pesadas. 35 Estas cadeias incluem ;éries cola-
dade de d~t~~9iio. A ausencia de µma série 4n + 1 que ocorra na natureza pode ( . ªe~ª a urna das. senes rad1oativas naturais, do uranio (4n + 2) tório (4n) e
prirtanto ser compreendida; mesmo que tal série tenha existido ero algüma ocasi§.o ac mm n +. 3), ass1m como a série artificial do netúnio (4n + l) e
no passado, seus membros teriam decaíd0 há muito para o Bi20i!. _ exemplo de !ª!s séries,Aconsid_ere o decaimento do 91 pa221 formado pel~ b~':n°:,~r~: i '
aPam,;~tdo do_ !dono co?' deutero_ns de 80 Mev; a rea9ao é Th"'(d 7n)Pa"'· O nuclídeo
ecat a segumte maneira: ~ · '·-

--
o1Pa••1
241 ~~
~

.,,,;. ~K
.·. .1 ...
~ 233
.. ....... 7
l(/
6
Se col11para~o~ esta série com ~--~éJi~ d~·
actíni~ cdn ;~;- ~a·-·pig~;~ ·¡O 11 vemos
que a nova, s_ene corre paral~la a parte da série do actínio. e esta é a ra zfl~ ara 0
0

229 ".",., '


-ll
e 225
-•' ,--·-

-"'- 7'
nome de sene colateral. Existe urna série come 9ando com O u221 q t b, ,
colateral com a série do actínio; ·esta cadeia decai por a-emiss0es suc~=si:::1s ceommoe
·~Z~ 221 J . . "'
segue:

u221 _. Th22s-> Ra21, _. Em21s _. Po211 _. Pb201


217 v'
As outras séries colaterais sao
.... -
213 ..!!.
....
209 L!. - Pa226 _. Ac222-> Fr21s _. At21•,(massa do tipo 4n + 2),
,! i--
Estável
p 22s A 22< F 220
TI Pb Bt Po At Em Fr Ra Ac
Th Pa u Np Pu Am a -> e -> r -> At 216 ,(massa do tipo 4n),
81 82 83 84 85 8ii 87 88 89 90 91 92 93 94 95
Número atómico u22s -> Th22• -> Ra220-> Em•1•(massa do tipo 4n),

Fig. 12.4 A série do netúnio (4n + 1). u••o .... Th22a .... Ra221 .... Em211(massa do tipo 4n + I ).
RADI0ATIVIDADE ARTIFICIAL 249

248 FÍSICA NUCLEAR


12.S Tabelas de isótopos e cartas de nuclídeos. A vasta quantidade de informa-
~Oes coletada sobre as diferentes espécies nucleares, tanto estáveis como instáveis,
torna necessário ter alguns métodos convenientes para registrar estes dados nucle-
ares. Tabelas de isótopos sao publicadas periodicamente, tais como as citadas nas
referencias gerais ao final <leste capítulo, e sáo disponíveis compila96es de dados
nucleares como aquela preparada pelo National Bureau of Standards. O método
mais conveniente para referencias rápidas é o da carta de nuclideos, urna por9ao da
:s
Q.. Q. ,._ Q. Q. qua! é mostrada na Figura 12.5. Neste tipo de carta, o número atómico Z é lan¡;ado
.,,_'(a
.g~
•·-
e

"
e

"
c,s • num gráfico contra 10 número de néutrons, A - Z. Cada nuclídeo ocupa um qua-
drado, e nuclídeos estáveis. naturalmente radioativos, e nuclídeos artificiais sao
iu 'f,,.a i] diferenciados pela cor ou sombreado do quadrado. O símbolo e 'o número de massa
.9e '8,"E
e
N
,._ e
C:-d' ,g:~
Q.

>" 1 sao mostrados em cada caso, assim como a abund§.ncia do isótopo se far estável, a
o"

" Zo

eQ.
N
1
:,,¿
ti
meia-vida, o tipo ou tipos de decaimento, e a energía das partículas emitidas e raios
y. Em algumas cartas, a massa atómica e outros dados sao também incluídos, tais
g.~ .,e e c.iii o
"'
.,.,
. ~
• ~
::i •
...,..., ¡¡; 8 ~
~ -o
Q
~~
"
,¡ 1'- e• >" • como o spin nuclear e o momento magnético. As vezes. todos os nuclídeos na
mesma linha horizontal tfm o mesmo número atOmico, e núcleos tendo o mesmo
" ci o.g " did ~N número de massa (isóbaras) ficam numa Iinha diagonal a 45º correndo da esquerda
~~!U ' litcui
superior para a direita inferior. O exemplo da Figura 12.5 é deste tipo. Urna carta
completa de nuclídeos é inserida no final do livro. Em outras cartas, os isótopos
.
.,
N 1
~

~
¡;
¡¡; ~

~
ficarn ao longo de urna linha diagonal e os•isóbaros ficam ao longo da riJ.esma coluna
vertical.
A carta de nuclídeos pode ser usada para obter rapidamente informa96es sobre
oo
.., . ~* i,;o
a••
.o :!2 os produtos das desintegra96es nucleares artificiais. Os des]ocamentos de carga e

,-~-~ra
e .,._!;¡!_ ü
e '!'".':".
N
"· "'
~ ~
e
massa causados pelas várias desintegra96es sao geralmente mostrados, como no
~ lE " ~~¡a
!Q.~W .,,o canto inferior do lado direito da Figura 12.5. Pode ser visto imediatamente que o
produto de urna rea9áo (a,n) no Al2 7 é o P3º, que é'um emissor de pósitrons coma
• meia-vida de 2,5 min. A carta dá a energía dos pósitrons mais rápidos emitidos, que
... -~ 1ií
"' .•"'
u é, neste caso, 3,3 Mev; nenhum raio y é emitido. Analogamente, ve-se imediata-
."
:;:
• •,;"· .
N

lE
~
,.
.,,•
o
mente que o efeito de urna rea9áo (d,p) no Al27 é o Al 28 , que tem urna meia-vida de

-
2,3 mio, e emite elétrons com urna energía máxima de 2,87 Mev,junto com raios y
~ de 1,78 Mev. ·
.• ._!( ~'?..
... ~ As informa¡;iies mostradas nos quadrados da Figura 12.5 foram limitadas para
.
81 •
~
o ~18-~
c:-1.9.w
~s:.s
!,',..-
~ "!
"'
~
mantera figura clara. Mesmo com a informa9áo mostrada, fica evidente que a carta
de nuclídeos é muito útil para qualquer um que precise de dados facilmente dispo-
t
.. .....•,l.. :. ••. .e
níveis sobre núcleos atómicos.
• ., A discussao da radioatividade artificial neste capítulo está longe de ser com-
N •
!I ,c;,i_ • N
; ~ pletJ. Somente os modos de decaimento mais Comuns foram discutidos. Urna razáo
" fa.i :, iñ
!,w
é que discuss6es posteriores dos nuclídeos artificiais e as informa96es que eles dáo
sobre a estabñidade nuclear e a estrutu.ra nuclear váo necessitar de conhecimento
~
. ::- e.
N
¡¡;
• N •
::1
das propriedades das radia¡;iies das substancias radioativas. Estas propriedades
sertlo tratadas nos próximos tres capítul~s .

·- -
... REFEIIBNCIAS
... . ., . se >¡ i
-~ .
N
N N
::¡•
N ~~,:; GERAIS
;; z•
e ...,_ 1 W

{ii
"'
lE
~
..
~f;!.
~w
!re.s_
~~
"'
1
'( 11. S. L1v1NGSTON and H. A. BETHE, "Nuclear Physics, C. :Xuclear Dynamics,
.,
~
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.
+ . .
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!, ___ ·,'. - (1954) :·.,_ _ ,. ~-.~.-'_º·
< \-. :·,i;·· _:1~}_~~·_:!{:4'.:~,. ,._. ·:·, . ---· :;i.i"'(/,•' --_.,:. ...:,::· ~/16•_..- ~!·:::· (1952); · ·
t.<~.,:~~.·. .•-~~-:~>; -·.1.s:.· :d~t!.i~6,. TH~~P-s·o~:::·c~·rz¡{;r ;na. H~~;~~~ 11
N~\y J.·s_oj;9P.iS' º. r. Am.er~;: '
fZ~~ll!f~ilihl;'BeikE!lÍit~;·~nd éaiit~hlü~/i PhiJ{'Rev. 194, 1081' (1.954): __..,,_,,-;~,T;--:~•J... --- PROBLEMAS
¡. '" r, ,, . ., :úi_ sTUDíEn, FrnLDS, D1AMOND, MÉ:cH, FRIEDMAN, SELLERS, PYLE, STEVENS,
· 111,.:m:mssoN, and HmzEN.GA, "Elements 99 and 100 from Pile-Irradiated Plu- a
.•1. Deduza, partir dos dados na tabela dos nuclícieos estáveis (Tabela 9.1),.quais dos
··tonium," Phys. Rev. 93, 1428 {1954¡.·.- segumt~s nuclídeos sao emissores de elétrons e quais sao emissores de pósitrons: Ga 73 , Nboo,
127 197
17. ÜHIORS0 1 THOMPSON, HIGGINS, 8EABORG, 8TUDIER, FIELDS, FRIED, Cs , lr , Au_198 , Br78 , V 48 , Sc 47 , Ag 110 , Xe 1~ 7 , Xe 123 , Zn 63 • Verifique seus resultados
comparando-os com urna cana de nuclídeos.
DIAMOND, MECH, PYLE, HUIZENGA, HIRSCH, 1\-iANNING, Sri-nTH, and SPENCE, 2. Mo_stre, a partir das massas envolvidas (Tabel~ 11.1),·quais dos seguintes nuclídeos sao
"New Elements 99 and 100," Phys. Rev. 99, 1048 (1955). estáveis, quais sao emissores de elétrons e quais sao emissores de pósitrons: Na23 , p:12, Si31 ,
7 22 8
18. JoNEs, ScHUMAN, IluTLER, CowPEn, EAsTwoon, and JAcKsoN, 11 Isotopes Mg2 , Na , F1 , Be 10 , He6. Verifique seus resultados comparando-os com urna carta de nuclí-
deos.
of Einstcinium and FE:rmium Produccd by Ncutron Irradiation of Plutonium,"
3. Calcule o valor "e Q em Mev para cada um·a das seguintes transforma9óes nucleares:
Phys. Rev. 102, 203 (1956). He6(j3-)Li6; cu(.8-)NH; Nt3(,8+)Ct3; F1ª(.8+)01s; Fº(,8-)Ne2º; Na22(,B+)Ne22; Na24(,8-)Mg24.
19. EAsTwoon, IluTLER, CABELL, JACKSON, ScHUMAN, RouRKE and CoLLINS, A12s(J3-)Si2s. '
"lsotopcs of Berkclium and Californium Produccd by Neutron Irradiation of 4. Deduza urna condi9áo para a ocorrencia de decaimento a, análoga ilquelas para a
Plutonium," Phys. Rev. 107, 1635 (1957). emissáo de_ elétrons e emissáo de pósitrons. .
5 .. Bombardeia-se urna amostra de manganes durante 20 h com deuterons num cíclotron
20. FrnLDS, STUDIER, DIAMOND 1 l\IECH, INGHRAM, PYLE 1 8TEVENS, FRIED,
sob condi9óes tais que 5 x 108 átomos de Mn 56 sáo formados por segundo, como resultado da
1'.IANNING, Gtt10nso 1 THOMPSON, HIGGlNS, and SEABORG,_ ·11 Transplutonium 55 56
rea9áo Mn (d,p)Mn • O Mn56 é um emissor de elétrons com urna meia-vida de 2,58 h. Lance
Elemcnts in Thcrmonuclear Test Dcbris," Phys. Rev. 102, 180 (1956). num_ gr~co o número de át?mos de. ~n 56 presentes na amostra como fun9áo do tempo, a
21. VV. RuBINSON, "The Equations of Radioactive Transformation in a partir do mstante em que o c1clotron e hgado até 40 h depois. Qual seria o número de átomos
252 FÍSICA NUCLEAR

de Mn56 se fosse atingido o equilíbrio secular? Que frai;ao deste número é realmente alcan-
i;ada?
6. Urna amostra de ouro é exposta a um feixe de néutrons com urna intensidade tal que
10 10 néutrons sao absorvidos por segundo através da rea9ao Au 197 (n;y)Au 198 • O nuclídeo Au1 98
decai por emissao de elétrons com urna meia-vida de 2,70 dias. Quantos átomos de Au 198 vao
estar presentes após 100 h? Após 10 dias? Quantos átomos de Hg 198 váo estar presentes nestes
instantes se supernos que o feixe de néutrons niio afeta este nuclídeo?
13
7. Nas condii;óes do Problema 6. durante quanto tempo deveria continuar a irradiai;ao até
que o número de átomos de Au 188 alcani;asse 95% do valor do equilíbrio secular? Suponha que
a amostra é exposta por este tempo e entao removida do feixe de néutrons. Lance num gráfico
o valor do número de átomos de Au 198 durante o tempo de irradiar;.io. e nos 15 di».s seguintes.
8. Urna amostra de ferro é bombardeada com déuterons num cíclotron, e obtém-se um
radionuclídeo com meia-vida de 46 dias. Análises químicas mostram que o nuclídeo é um Decaimento Alfa
isótopo do ferro. Quando se bombardeia um alvo de cóbalto com néutrons de energia mode-
rada, urna atividade de 46 dias é novamente observada. Que isótopo do ferro é o nuclídeo?
, 9. Quando um alvo de zinco é bombardeado com partículas a, um novo nuclídeo é for-
mado como resultado de urna reacao (a,n). Este nuclídeo é um emissor de pósitrons com urna
meia-vida de 1,65 dia. A mesma atividade é encontrada como resultado de urna reaciio (d.2n)
no gálio, e como resultado de urna reacao (n,2n) no germiinio. A reacao (d,p) no isótopo de
germánio de número de massa 70 dá um nuclídeo com urna meia-vida de 11,4 dias. Identifique
o nuclídeo desconhecido.
10. As seguintes massas atómicas sao dadas.

Flúor Neónio Sódio A As propriedades das radia9óes das substancias radioativas tem sido cuidado-
samente estudadas desde a descoberta da radioatívidade. O interesse inicial nestas
20,006341 19,998765 20,015236 20 radia9óes estava relacionado com as séries de transforma9óes do uranio, tório e
21,006840 21,000494 21,004281 21 actínio. Este interesse foi estendido as informa9óes que as radia9óes dáo sobre o
núcleo e as mudan9as de energia em suas transforma9óes. Medidas precisas das
energías das radia9óes emitidas pelos radionuclídeos naturaís levaram- a idéia de
Qual desies-nuclídeos deve decair por emissao 13-? Por emissao 13+? Por captura de um elé- estados nucleares de energia. análogos aos estados atómicos de energia, e o estudo
tron orbital? Explique suas respostas e compare-as comos dados na "Tabela de isótopos" de das radia9óes emitidas tanto pelos radionuclídeos naturais como artificiais resultou
Strominger, Hollander, e Seaborg. na acumula9áo de urna grande quantidade de informa9óes sobre níveis nucleares.
11. sao dadas as seguintes massas atómicas. Teorías da emissáo de raios a, f3 e y foram desenvolvidª~'- e a combina9áo de
conhecimento experimental e teórico <lestes processos forma um dos grandes ramos
Enxofre Cloro Argónio A da fisica nuclear.

34,98014 34,97996 34,98572 35 13.1 A velocidade e energia das partículas alfa. A determina9áo da velocidade
35,97844 35,97974 35,97892 36 e energía de partículas a Vai ser discutida com algum detalhe por diversas razóes.
Primeiro, a medida precisa-das energías das partículas a tomou possível determinar
energías que diferem somente por pequenas quantidades, e isto Ievou a descoberta
Quais destes nuclídeos devem decair por emiss.io 13-1 Por emissflo 13+? Por captura de elétron de que alguns radionuclídeos emitem na realidade um espectro de partículas a. Se-
orbital? Explique suas respostas e compare-as com os dados na "Tabela de isótopos" de gundo, o conhecimento das energías das componentes do espectro a tomou possí-
Strominger, Hollander, e Seaborg.
12. Sao dadas as seguintes massas atómicas: A4º: 39,975050; K 40 : 39,976653; Ca40 :
39,975230; Sc40 : 39,990250. Quais destes nuclídeos se esperaria que fossem radioativos e como
se esperaria que eles decaíssem?
vel identificar certos níveis nucleares de energía com confian9a. Terceiro, os méto-
dos para determinar as energías das partículas a sáo também usados para prótons e
déuterons. Estas tres partículas carregadas estáo envolvidas em muitas desintegra-
9óes artificiais, e a medida acurada de suas energías fornece valores de Q precisos;
1
13. O nuclídeo Cu64 com urna meia-vida de 12.8 h decai por emiss.io de elétrons (39%), a partir dos valores de Q, é possível determinar massas nucleares e níveis nucleares
emiss.io de pósitrons (19%) e•captura de elétrons orbitais (42%). Calcule a constante de desin-
tegracflo parcial e a-meia-vida para cada modo de decaimento. de energía. Quarto, valores das energias das partículas a precisos sao necessários
14. Um grama de potássio emite 29 partículas 13-/s devido ao decaimento do K40 , que tem no desenvolvimento e uso da teoría do decaimento a.
urna abundáncia de 0,012 por cento dos átomos. Raios gama também sflo emitidos, e a raz.io O método que dá os resultados mais precisos para a velocidade e energía das
de raios gama para beta é 0,12. Os raios y se seguem a captura do elétron no K40 , e um fóton é partículas a depende da medida da deflexáo nas trajetórias das partículas num
emitido para cada captura orbital. Qua! é a meia-vida do K4 º? campo magnético. 1 • 2 • 3 Quando urna partícula carregada se move num campo mag-
15. Explique, coma ajuda dos valores de Q, por que He 5 , Li 5 e Be8 nao sao encontrados nético, sua órbita é um círculo cujo raio é determinado pela rela9áo
na natureza.
2
16. Mostre que o Li6 deve ser estável considerando todas as possíveis maneiras pelas Mv
quais se poderia imaginar que ele se desintegrasse. Hqv = --,
r (13.l)
DECAIMENT0 ALFA 255
254 FÍSICA NUCLEAR
e
v (cm/s) = 4823,5 Hr (13.3)

Para partículas a dos radionuclídeos naturais, a intensidade de campo magnético é


geralmente da ordem de 10.000 gauss, e os valores de Hr estiio na faixa de 300.000 a
500.000 gauss-cm. As velocidades, que podem ser medidas convenientemente com
este método, variam de cerca de 1,6 x 10' cm/s até cerca de 2,2 x 10' cm/s. Nestas
velocidades, a corre9,ao relativística da massa é pequena e pode freqüentemente ser
desprezada. Neste caso, a energia cinética E pode ser tomada igual a ½Afv 2 e é dada
por

E = ½Mv 2 = ½(6,643)J0- 24v2 erg


(13.4)
= 2,074 x 10- 1•v 2 Mev,
Fig. 13.1 Diagrama esquemático da cámara de deflexao de um espectrógrafo magnético para
partículas a. quando v é dado pela Eq. (13.3). Quando a corre,iio relativística <leve ser levada em
conta, como em trabalhos muito precisos, as Eqs. (13.3) e (13.4) siio substituídas
por fónnulas mais complicadas
onde H é a intensidade de campo, q e M sao a carga e massa da pa~tícula, respecti-
vamente, eré o raio da órbita. A Eq. (13.1) também pode ser escnta como

v = ¡1 Hr. (13.2)
v = Hr- qR•
Mo
I - -2,
c
(13.5)

A velocidade pode ser determinada se a intensidade do cam~o magnético é c.,onhe- T = M oc


2
[--;:::=1== - 1], (13.6)
cida e se o r~io da órbita é medido, já que o valor d~ razao carga-massa e bem vl - (v 2 /c 2 )
cónhecido. .. / • · . . , . ,
Um diagrama esqtiemático de urna aparelhagem baseada neste pnnc1p10 e mos- onde T representa a energía cinética relativística.
trado na ·Figura.13.1. As partículas a de.urna fonte rad}~ativa ~merg~m num fino Quando o valor de Hr é conhecido, a velocidade é obtida a partir da Eq. (13.5);
feixe através de urna fenda definidora. Um campo magnetlco de mtens1dade conhe- com o valor conhecido de v, a energía cinética é entiio dada pela Eq. (13.6). Alguns
. cida, agindo numa dire~iio perpendicular ao plano do diagrama, desvía as partículas resultados típicos para o:-emissores naturais, obtidos de um estudo critico, 2b sao
a de um angulo de 180º. As fendas da cámara ajudam a reduzir o espalhamento d_e listados na Tabela 13.1. A incerteza no valor medido da deflexiio magnética é sufi-
partículas a das paredes e das tampas da calJlara. Partículas ~om a mesma veloct- cientemente pequena para que a corre98.o relativística tenha: Que ser feíta. A incer- ·
dade tem trajetórias semicirculares de mesmo raio; e~as po~em -ser detectadas c~m teza na velocidade é urna unidade na quarta casa decimal. Se a corre98.o relativís-
urna chapa fotográfica ou com contadores, e o seu rato m_ed14o. ~a figura, as traJe- tica niio fosse feita, o efeito seria o de reduzir a energía de 1/4 ou 1/2%, ou 0,015
tórias de dois grupos de partículas com diferentes veloc1d~des sao most~das. Na Mev .no caso do ThX e 0,039 Mev no caso do ThC'.
maior parte dos instrumentos deste tipo, as partí~úlas o: po4el!1 ser desviadas num Apesar do método da deflexiio magnética dar resultados muito precisos, ele
semicírculo com raio máximo de 40 ou 50 cm. O mstrumepto e chamado de esp~c- precisa de amostras com urna quantidade relativamente grande de atividade, e nao
trógrafo magnétiCo e é desenhado com base no princípio da foc~liza9ac> magnética
semicircular.
A velocidade v é obtida em centímetros por segundo quando H é expresso em
Tabela 13.1 Velocidades e energías das partículas alfa,
gauss, r ·em centímetros e q/M em emu por grama. A carga q é, em emu, --- - obtidas pelo método da deflexáo magnética<2b)
1
_ 2 x 4,8029 X' 10- º esu = 3,2043 x 10-20 emu. Deflexiio magnética Velocidade, Energia,
q- 2,9979 x 10 1º cm/s Radionuclídeo Hr: gauss•cm x 10-s cm/s X 10-9 Mev

A massa da partícula o: é igual a massa atómica do átomo de hélio menos duas AcC(Bi 211 }
ThC(Bi'")
3,7067
3,54232
± 0,003
± 0,0008
1,7846
1,7056
6,620
6.0466
±
±
0,013
0,0027
massas de elétrons, ou RaF(Po210) 3,31649 ± 0,0008 1,5972 5.3007 ± 0,0026
ThC'(Po212) 4,26934 ± 0,0009 2,0514 8.7801 ± 0,004
M = 4,003873 - 0,001098 = 4,00278 u.m.a. Tn(Em220) 3,6108 ± 0,0003 1,7373 6.2823 ± 0,0013
Rn(Em'") 3,37401 ± 0,00020 1,6247 5,4861 ± 0,0007
= 4,00278 X J ,6596 X 10- 24 = 6,6430 X 10- 24 g. ThX(Ra"')
Ra(Ra226)
3,4336
3,1490
± 0,0003
± 0,0016
1,6533
1,5167
5.6814
4.779
±
±
0,0011
0,005
RdTh(Th'"l 3,3544 ± 0,0010 1.6154 5,4226 ± 0.003
Entiio Io(Th"") 3,118 ± 0.003 1,5018 4.685 ± 0,010
i1 = 4823,5 emu/g,
DECAIMENTO ALFA 257
256 FISICA NUCLEAR

. como U"' , u23s , ou Th232. • Ele é


• . t ais
pode ser usado com sucesso com sub stanc1as
relativamente caro e métodos mais convenientes (apesar de menos precisos) de
determinar energía; de partículas a também foram desenvolvidos.

13.2 A absori¡iio de partículas alfa: alcance, ioniza~iio e poder de frenage~. As


energías das partículas carregadas, incluindo partículas a, podem ser determmadas
a partir de medidas de sua absor98.o pela matéria. 4 • 5 Antes que os métodos e os
resultados sejam discutidos, algumas das características da absor~ao de partículas a ..,
~
~ 0.6

va.o ser tratadas. . _ ~


Partículas alfa sao facilmente absorvidas; aquelas emitidas em desmtegra~oes
radioativas podem geralmente ser absorvidas por urna folha de papel, por urna folh~
de aluminio de O 004 cm de espessura, ou por vários centímetros de ar, Se as part1-
·~
l
o
u,
0,4

culas emitidas p~r urna fonte, no ar, sao contadas pelo número de cintila9~es numa
tela de sulfeto de zinco, descobre-se que o seu número permanece prat1camente
constante até urna certa distancia R da fonte, e entáo cai rapidamente a zero. Es~a
-o

0,2
distáncia R é chamada de alcance das partículas, e está relacionada com a energta
inicial das partículas. Se os alcances medidos sao colocados num gráfico contra ~s
energías determinadas por métodos de deflexáo magnética, a curva alcance-energia
resultante yode ser usada para achar energías desc?nhecidas a partir d~ alcances o
3,60 3,70 3,80 4,00'
medidos. E geralmente mais fácil e mais barato medir alcances que energ1as, e este rm
método é freqüentemente usado. _ __ . .
Medidas precisas do alcance no ar podem ser fe1tas com urna aparelhag7m5 Fig. 13 -3 C?rvas d~ 8!_c~ce para partículas a do Pot12 (Holloway e ·Li~ingston5). Curva A:
como aquela mostrada na Figura 13.2. A _fonte é colocad~ sobre um, bloco movel • Curva de, nume~-d1stanc1a com o alcance ~xtrapolado Re = 3,897 cm. Curva B: Curva de
. cuja distancia de um detector pode ser vanada. Um fino feixe de part1culas em~rge. ~~ce_ diferen~1al, .com o alcance médio R = 3,842 cm .. Curva C: Fim de urna curva de
·atra"vés de urna fenda colimadora, passa através de urna espessura de ar conhec1da, iomza!rao espe_cífi_ca c!>m alcaJ}ce de io~ao ~xtrapolado· R, = 3,870 cm. Curva D: Fim de
e· alcan9a o detector, -~ste último é u~a cfunara de_ ioniza9áo fin~ com 1 a 2 mm de urna curva de 10mzarrao e~pecífica para urna única partícula de alcance médio.
profundidade, com paredes de tela. Sao formados impulsos na camara. quan.do par-
tículas a ihdividuais passam através dela. Os impulsos de voltagem mduz1dos no
eletrodo da camara sao amplificados eletronicamente e contados. A taxa de conta- . •Se. a deriva~a da curva número-distancia (curva A) é calculada em diferentes
gem é entao determinada como fun~ao, da distancia e~u:e a_fonte e o detecto~. Os d1stanc1as a partir da fonte e entáo colocada num gráfico contra a diiiit§.ncia urna
resultados de urna experiencia com part1culas a do palomo sao mostrados na Figura curv? de alcance diferencial (curvaB) é obtida. Esta curva dá o número relati~o de
13.3. A ordenada é o número relativo de partículas, e a abcissa é a distancia a P~i:tir P~culas que param a urna dada distancia, como fun~ao da-distancia da fonte · a
da fonte. A curva A mostra a fra~ao das partículas no feixe detectadas a vanas u!11dade. da, orde'!ada é escolhida de tal forma que a área sob a curva de alca~ce
distancias da fonte; somente os resultados perlo do final do caminho sao mostrados. diferencial e a umdade, todas as partículas sendo consideradas. A máxima ordenada
Todas as partículas que passam através da fenda sao contadas até que o detector da curva ~e .alc'!Jlce dn:erencial ocorre a um valor da abcissa que é chamado de
esteja a cerca de 3,75 cm da fonte; a fr~~ao detec¡ada c~i rapidamente para 0,2 • alcance medio, R, defm1do de tal ,form~ que metade das trajetórias das partículas o
3 88 cm e entao decresce um pouco ma1s lentamente ate zero. A quant1dade cha- ex~c~de! enguanto que m~tade e ma1s curta .. No caso consid~rado, o alcance
~ada·d; "alcance extrapolado,' Re, é obtida desenha.ndo~s~ a tange~te ,.a c?rva no:seu méd!o e l,842 c~. O~ res~ltados mostram que os comprimentos das trajetórias das
ponto de inflexáo e notando-se onde a tangente cruza o e1xo das d1stanc1as. A hnha P~•.culas no fe~e ~nao sao todos os mesmos, mas váriam em tomo de um valor
pontilhada na figura é a tangente e dá o valor 3,897 cm para o alcance extrapo_lado. medio. Este efe1to e chamado de dispersiio, e é ilustrado na Figura 13.4. que é urna
fotograíra de partículas a do ThC' numa camara de nuvens.
Partíc?la~ '.'1{a perdem ~ma· grande fra9ao de sua energía em ioniza9ao ao longo
de •~as traJetonas., A quanl!dade da ioniza9ao causad~ por urna partícula a depende
do numero de. moleculas que ela atmge ao longo de seu caminho e a da maneira pela
Ponte q~al ela as~ ª!mge. Al~mas partículas atingem mais e outras atingem menos que o
colimada
numero m~d!o ~e moleculas 9-uando passam através de um centímetro de ar. Por-
Cámara de ·----~''?._-_...,..-, 1:, sobre bloco
ajustável t~t?, a d1~tanc1a real.ª parttr da fonte na qual suas energias sáo completamente
ionizayao com
paredes de tela
1
¡ d1~s1padas e bast~te dif~~ente para diferentes partículas, dando origem a dispersáo.
Po_r causa d_essa d1_s~rsao, o alcance real de urna partícula a náo é defmido, e para
evitar es.ta mdefm19ao o alcance extrapolado ou o alcance médio sáo usados Os
valores .do~ alc'.1'1ces sao geralmente dados para o ar a ISºC e 760 mm Hg. ·
~ 10mza9ao causad_a por um feixe de partículas a pode ser medida, e está
relacionad~ com a en~rgia e o alcance. Um elétron e o íon positivo que resulta da
Fig. 13.2 Urna aparelhagem para medidas precisas do alcance de partículas a (Holloway e sua remo9ao de um atomo formam um par de íons, e a intensidade da ioniza~áo
Livingston5).
258 FISICA NUCLEAR DECAIMENTO ALFA 259
1
1
o 1

1/~ Rádio C'(Po214) 1/

Polónio {Poz10)
/ /
~

1 ----

'
2 3 4 5 6 7 7,5
Distancia em cm em ar a 760 mm e 15ºC

Fig_. 13.5 Ioniza~ao es~e':_ífica de um feixe de partículas a como fum;áo da distancia da fonte.
Ret.mpresso com penmssao de Rutherford, Chadwick, e Ellis, Radiations Jrom Radioactive
Substances. New York: Macmillan: 1930.

Distancia do detector a fon te (cm)


1or-,-'lf,5'--,ñ2,r0_,..:2T,5é_·--r.::.3¡"•º'.._--..~3,,:.5_--,-~4.,go
1 1 7 1
'\_ ..,..
'
'
/' '
s¡--+--+---+--.-J..L:.,,_--t--1..-_j_J
o,. p
_/ x.- 1

r. ;.:~ ~,t ;:í c.Ji::'.F :; ·~ 5··;,i-~~-r~ ·,;--i.•:tn:.r~!i\..,,Sb~·, ·


·, :.-~í · :-·-:·::--• ·
Fig. 13.4 Fotografia de urna canlara de i:nivens mostrando a dispersáo das partículas a do
Tório C'. Os últimos trés centímetros do alcance sáo mostrados. Reimpresso com permissao
de Rutherford, Chadwick, e Bilis, Radiations from Radioactive Substances. New York: 2.
·.~r~~i:;,'.;;;;¡;.1/:.;~';;:'.:;;,'n;,'t,;f;;:J;tiió~\ l';/ :,;,, .· '.:.,.'.2'.c:,·:, ~ ;•. "''' .d.
~:~1~~~;Jfa~p~;~!it~i~~t~~~:~~i~ i~;;~~~~~\;~);if,~~:~-:~~~~id~~~o~~~--~-;¿=~
mero de pares de íons formados por milímetro de trajetória do feixe. A aparelhagem
da Figura 13.2 pode ser usada para medir a ioniza~áo específica relativa produzida
por um feixe de partículas a a diferentes distancias da fonte. O amplificador pode F~. ~ 13:6 loniza~o específica para urna única partícula de alcance médio como fun~ao da
ser desenhado de tal: forma que o níver de tensáo do seu pulso de saída é pratica- d1stanc1a da fonte e a partir do final da trilha (Holloway e Livingstons). '
mente proporcional ao número de pares de íons formados na cfunara. Curvas de
ioniza~ao específica-dist3.ncia siio mostradas na Figura 13.5 para as partículas do-
RaF (Po210) e RaC' (Po"'). O mesmo tipo de curva é obtido para qualquer gás e ion!za!á~ específica é geralmente medida a partir do final da trajetória: a abcissa dá
para qualquer grupo de partículas monoenergética_s apesar das intensidades da ioni- a d1stanc~a a partir do final da trajetória, enguanto que a ordenada dá a distancia do
zayáo e do alcance variarem consideravelmente. A medida que a dist8n~ia das par- detecto_r a f<;>nte. A curva de ioniza9áo específica para urna única partícula a pode
tículas a a. fonte ·aumenta, a ionizayáo específica relativa aumenta, primeiro lenta- s:r obtida dtretamente estudando-se a densidade fotográfica da sua traj.etória numa
mente e entáo mais rapidamente, alcanya um máximo, e entáo cai bruscamente para c~mara de nuvens; 5 os resultados para as partículas a do Po 21 º sao mostrados na
zero. O efeito da dispersáo é visto perto do final do alcance, e é mostrado clara- Figura 13.6.
mente na curva C da Figura 13.3. O alcance extrapolado de ioniza9áo Rf é definido .O número total ~e íons ~~oduzidos num gás pela completa absor9áo de urna
como o valor da abscissa no qual a tangente a curva no seu ponto de inflexáo cruza part1cula a de energia conhec1da pode ser estimado. Urna partícula a do RaC'
o eixo horizontal; o valor de R 1 para o Po210 foi estabelecido como sendo 3,870 cm. (Po"') cuja energia é 7 ,68 Mev e cujo alcance de ioniza~áo extrapolado é 6 95 cm
É possível corrigir a curva de ioniza9áo relativa-distancia de uro feixe de partícu- produz um total de 2,2 x, 10' pares de íons no ar a 15ºC e 760 mm Hg a~tes de
las a para o efeito de dispersáo, e obter a curva de ioniza9ao específica para urna úni- ~arar. Decorre q~e ! pa~icula p~r?e cerca de 35 ev, em médJa, para cada par de
ca partícula de alcance médio; urna curva deste tipo é mostrada na Figura 13.6. A mns formado. A 10mza9ao por mihmetro de trajetória para a partícula a média do
DECAIMENT0 ALFA 261
<OU FISICA NUCLEAR

RdTh, 5,42 Mev os radionuclídeos a-emissores artificiais discutidos no último capítulo. Um exemplo
I000,1;-,r-;;-=.;---------------------~ da análise feita com este instrumento, da ioniza93o produzida no argónio por urna
ThX, amostra c~ntendo RdTh (Th228 ) e de seus descendentes é mostrado na Figura 13.7.
900 5,68
Mev
O número do canal representa o tamanho do impulso (que depende da energiaJ; a
1! 800 curva foi tomada em deis estágios, do RdTh ao ThA no primeiro estágio e ThC' no
~ Tn, segundo estágio. O número de partículas a emitidas por cada nuclídeo é proporcio-
700 'ThA,
nal a área sob o pico.
cá 6,28
'C
6,77
~ 600 Mev
Mev A discussao so.bre a absor~ao de partículas a se limitou até aqui a absor9ao
E ThC, pelo ar. Outros gases podem ser usados e. de fato, estudos da ioniza9ao p:oduzida
~
,¡ 500 6,05 no argónio ajudaram recentemente 11 a esclarecer alguns prob~e~as. En_mls?es foto~
Mev
S 400 gráficas sempre foram úteis no estudo das radia~óes de substancias rad10auvas. Ate
E o desenvolvimento· de instrumentos de contagem. eletrónicos, a emulsflo era urna
~ 300 das ferramentas mais importantes no camp_o da radioatividade. Rápidos avan9os no
o desenho de instrumentos eletrónicos colocaram as emuls0es fotográficas numa po-
8 200 si9iio secundária, mas recentes aperfei9oamentos na prepara93o de emulsOes as
12
!00 tomaram novamente importantes ferramentas em medidas radioativas. Medidas
0,';--;';:----:':-----:!:--}::---:1c-----,L~=d.o.o.=io.coao"""'-~'..-1.-Üó:-.X>Ob<'---- de comprimentos de trajetórias em emuls0es podem ser relacionadas com energias
7 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 de partículas, dando curvas de alcance-energia para diferentes partículas carrega-
Número do canal das.13 Devido a sua utilidade em física nuclear, estas emuls0es sao chamadas de
emulsóes nucleares.
Fig. 13.7 Análise ~os emissores a num analisador multicanal de impulsos: radiotório e seus Medidas de a1cance também podem ser feitas com folhas sólidas como absor-
descendentes. (Reunpres~ com permiss8o da United States Atomic Energy Commission. ') vedores. Folhas finas, uniformes, sao colocadas sobre urna amostra a-emissora, e a
espessura neceSsária para absorver as partículas a completamente é urna medida do
alcance. Folhas de mica alumínio, ou ouro sao comumente usadas porque elas
RaC' foi deduzida a partir da curva de ioniz"l'11o da Figura 13.5. Quando a partícula podem ser preparadas radilmente em diferentes espessuras com uniformidade razo-
está no come90 de sua trajetória, ela produz cerca de 2200 pares de íons/mm. A ável. O alcance de partículas a em tais materiais é muito pequeno; as partículas do
ioniza98.o cresce muito lentamente no início a medida que a partícula a perde ener- RaC' que tém um alcance extrapolado de 6,953 cm no ar tém alcances extrapolados
gía, e é de 2700 pares de ¡ons/mm a 3,0 cm do fmal do seu alcance. Ela entiio cresce de O 0036 cm em mica 0,00406 cm em aluminio, e 0,00140 cm em ouro.
mais r~pidamente e alcan9a7.lm máximo de cerca de 7000 pares de íons/mm quando 'outra quantidade 'de grande valor no tratamento da abson;ao de_ partíc~las car-
a part,cula está a 4 ou 5 mm do fmal do seu alcance. A ioniza9iio específica de- regadas pela matéria é o poder de frenagem, definido como a energ1a perdida pela
cresce muito rapidamente nos últimos milímetros do seu alcance. A forma da curva partícula por unidade de distancia na substancia considerada.
de ioniza9ao depende da mudan9a na velocidade da partícula " a medida que per-
c?rre sua trajetória. Produzindo pares de íons, a partícula perde energía e sua velo- S(E) = - dE
-
dx
, (13.7)
cidade decresce: Qu~do se move mais rapidamente, ela gasta mais tempo na vizi-
nhan9~ d¡,s moleculas do ar que encontra, e a probabilidade de produzir pares de
a
Í~!,s_a.untenta, Este. efeito exp!ica o aumento na ionizá~,ao específica medida que a onde_ E é a energía cin.ética clássica. O poder de frenagem varia com a energia da
part1cula se afasta dafünte. Fmalmente, elétrons sao capturadospela partícula" e é partícula, e o seu alcance é dado por-·
formad? u'!' át?mo neutro de hélio que niio pode mais causar foniza9iio. .
A 10niza9ao total causada por urna partícula a também pode ser usada para {R {E0
dete~in.ar a e~ergia da partícula. Se a trajetória inteira de urna partícula " está
cont1da numa camara de tons e o número total de pares de íons formados é medido
R = Jo dx = Jo s~!) • (13.8)

a energia da partícula pode ser determinada, urna vez que o número médio d~
elétro~-volts por par de íon é conhecido para váriós gases. 7• 8• 11 Em vez de medir a onde E 0 é a energía cinética inicial. · .
quanudade ?e carga coletada como resultado da ioniza,iio causada por cada parti- O poder de frenagem S(E) de umá substél.~cia pod~ ~er determi~ado exper~men-
.cula ~'. os un pulsos de voltagem formados siio analisad(?S por meio de circuitos talmente medindo-se (por exemplo, por deflexao magneuca) a energia das part1c~la~
eletromcos engenhosamente desenhados chamados de seletores diferenciais de al- que atravessaram urna certa espessura da substancia. Quando a perda d: e~ergm e
tura_ de impulsos, com multica_nais. 9 • 10 A saída da ca.mara de ioniza~o é amplificada achada desta maneira para várias velocidades iniciais. o alcance na substancm pode
e ah.menta um númer~ de diferentes circuitos seletores de impulsos. Cada circuito é ser deduzido a partir da Eq. (13.8) como urna fun9ao da energia inicial. Se o al_cance
ajustado "":ª selecionar impulsos de urna altura diferente, de tal forma que os im- é conhecido como urna fun9ao da energia. o poder de frenagem pode ser obt1do da
pulsos de diferentes tamanhos sao registrados simultaneamente. Se existem canais rela93.o
em nú?lero suficient~, a faixa inteira de altura de impulsos pode ser registrada de
urna so vez. Um gráfico da energia contra o número do cana1 é feito usando-se dR (13.9)
amo_stras de ?:emissores cujas energias sao conhecidas a partir de mét_odos de de- dE =
flexao magnet1ca, e este gráfico serve como calibra980. Um instrumento deste
tipo, 10 com 48 canais, terp sido muito útil numa grande quantidade de trabalhos com U ma das raz0es para a importáncia do poder de frenagem é que ele pode ser
DECAIMENTO ALFA 263
262 FÍSICA NUCLEAR

calcu]ado teoricamente tanto a partir da mec8.nica clássica como da mecánica quán-


tica.14• 15 A teoria do poder de frenagem depende do conhecimento do comporta-
mento dos elétrons nos átomos. Ela faz previsóes que estao em boa concordáncia
comos resultados de experiéncias sobre a ionizar;ao produzida pelas partículas car·
regadas rápidas, sobre a sua perda de energia, e sobre o seu alcance. A teoria
permite compreender as informar;Oes empíricas relacionadas com a absorr;ao de
partículas a pela matétia; existe assim urna sólida base teórica, bem como empírica,
para a determina9ao das energías das partículas carregadas a partir de medidas de
alcance e ionizar;áo.
Apesar de tim tratamento detalhado do poder de frenagem estar aléni dos obje-
tivos deste livro, a utilidade do conceito pode ser ilustrada discutindo-se urna de
suas aplicac;Oes. A perda de energia por urna partícula carregada náo-relativística,
por unidade de comprirnento de sua trajetória, numa dada substáncia pode ser ex- lk
11
pressa da seguinte forma deduzida a partí~ da teoria, ti !() 4ll fiO i'll
7,
(13.10)
Fig. 13.8 A variai;iio do poder de frenagem como número atómico.
onde ze e v sáo a carga e a velocidade da partícula, respectivamente,
me é a massa de um elétron,
Z é o número atómico da substáncia, E~t~ quantidade dá a massa por unidade de área, ou a espessura, de material neces-
N é o número de átomos por centímetro cúbico da substáncia, e sana para absorver _as part1culas, a.. A espessura que é equivalente em poder de
/ é urna quantidade, chamada de potencial de excitac;áo médio de um átomo da ~P.ª?em a um cent1metro de ar e obtida dividindo-se pela espessura equivalente
substáncia, que ,deve ser obtido experimentalmente. e mida pela Eq. (13.13), pelo alcance das partículas a no ar Entiio a partir da;
E qs.(13.IO)e(13.ll), . '
Para urna partícula a, z =;2, e a Eq. (13.10) pode ser reescrita·
Densidade x 1000
2 2 Espessura em r:ng/cm 2 equivalente a I cm de ar
S' = _ m,v dE = z In (2m,v ) • (13.11) Poder de frenagem relativo
16,re 4 N dx I (13.14)
A quantidade da esquerda, chamada de S' por convemencia, é proporcional ao
poder de frenagem; ela pode ser calculada e medida para diferentes valores do nú- Valores das qu~n!idad~s discutidas sao listados na Tabéla 13.2 para algumas
mero atómico Z da substancia absorvedora. A quantidade I depende, entre outras das ,folhas de matena1s ma1s freqüentemente usados. Os valores dados sao para
coisas, de Z, de modo que um gráfico de S' contraZ deve dar urna curva que náo é ~r1culas a do RaC', que tém um a~cance extrapolado ~e. 6,953 cm no ar a I5ºC e
exatamente urna linha reta. A concordancia entre a teoría e a experiencia é muito Omm Hg. O alc~nce e~trapolado e usado aqm porque esta é a quantidade para a
boa, como pode ser visto na Figura 13.8; a curva sólida representa a previsiio te- qual valores expenmentais sao dados na tabela.
órica, os círculos representara os resultados experimentais. CáléuloS dos alcances·a
partir das Eqs. (13.8) e (13. 10) dao valores em boa concordancia coma experiéncia. ~3.3 Cllrvas d! al~an~e-energia. Os alcances no ar ,de partículas a de alguns
Como o poder de freOagem varia coro a velocidade da partícula, é conveniente a-~m1ssores natur~1s sao h~t~dos na Tabela 13.3 junto comas energias medidas pelo
considerar a razao do poder de frenagem com o de urna subst:lncia padr8o, razao ~etodo ~a deflexa_o magnet1c~. Os alcances sao obti4os a partir ·da Referencia 5 e
essa aproximadamente independente da velocidade. Ar a 15°C e 760 mm Hg é a energias a partJT da Referencia 2b. Os valores mostram claramente diferenc;as
geralmente tomado como o padrao. O poder de frenagem relativo de urna substfln-
cia, definido como a razao do alcance no ar para o alcance _na subst:incia, é freqüen-
Tabela 13 .2 Alcance e poder de frenag~m para partículas
temente usado, alfa do RaC' em várias substáncias
Alcance de urna partícula a no ar
Poder de frenagem relativo Alcance de um':1 partícula a na substáncia Espessura
Alcance Poder de Espessura em mg/cm 2
(13.12) extrapolado, frenagem Densidade. equivalente, equil'a/entc
Substáncia cm relativo Rfcm~ mR!cm 2 a I cm de ar
Para alguns fins é útil expressar o poder de frenagem de urna subst:incia de urna
2
forma alternativa, a espessura equivalente em unidades de mg/cm definida pela Mica 0.0036 1930 2,8 10.1 1,45
Alumínio 0.00406 1700 2,70 11.0 1.57
rela,ao Cobre 0.00183 3800 8.93 16.3 2,35
Ouro 0.00140 4950 19.33 27,1 3.89
Espessura equivalente em mg/cm2 = Alcance x Densidade x 1000.
(13.13)
264 FISICA NUCLEAR '-1, DECAIMENTO ALFA 265
Tabela 13.3 Alcances e energias de alguns alfa-emissores naturais 4,0 4,5 5,0 5.5 6,0 6,5
3,0 7,0 7,5 8,08 o
Energia (Mev) - Curva 11
Alcance a partir
da distribuifiio Alcance a partir 7,5
Radionuclídeo Alcance médio número-distán- da ioniza9iio Energía,
no ar, cia extrapolada, extrapolada, Mev . 2,5
cm cm cm 7,0

5,272 6,542 ± 0,006


-
219 5,240 ± 0,015 5,312
86Em (An) 6,5
5,692 ± 0,015 5,769 5,727 6,807 ± 0,006 ' ~
84 Po215 (AcA) 6,457 ± 0,008 6,542 6,496 7,383 ± 0,012 2,0 >
83 Bi211 (AcC) 4,984 ± 0,015 5,053 5,015 6,273 ± 0,013 "
u=
6,0
5,429 ± 0,015 5,503 5,462 6,620 ± 0,013
84 Po
211
(AcC') 6,555 ± 0,015 6,641 - 6,595 7,442 ± 0,015
~
1
ssEm220 (Tn)
84Po216 (ThA)
5,004 ± 0,018 5,073 5,035 6,2823 ± 0,0013
1,5
>
83Bi2
12
(ThC)
(ThC')
5,638 ± 0,008
4,730 ± 0,008
5,714
4,796
5,672
4,778
6,7746 ± 0,0013
6,0466 ± 0,0027
8,7801 ± 0,004
!~
11 5,0
S4Po212 8,570 ± 0,007 8,676 8,616
9,724 ± 0,008 9,841 9,780 9,4923 ± 0,004 'i!'
~
~
u 4,5
10,5432 ± 0,004 "
"'"
11,580 ± 0,008 11,713 11,643 ~
u
1,0
s.;Em222 (Rn)
M,Po21s (RaA)
4,051 ± 0,008
4,657 ± 0,008
4,109
4,722
4,076
4,685
5,4861 ± 0,007
5 ,9982 ± 0,0008 < 4,0
84Po
214
(RaC') 6,907 ± 0,006 6,997 6,953 7 ,6804 ± 0,0009
7,793 ± 0,015 7,891 7,839 8,2771 ± 0,0036 :·?¡ 3,5
9,04 ± 0,02 9,15 9,09 9,0649 ± 0,0040
11,51 ± 0,02 11,64 11,57 10,5058 ± 0,0045 0,5
210 5,3007 ± 0,0026 3,0
84 Po (RaF) 3,842 ± 0,006 3,897 3,870

2,5
Alcance (cm) - Curva 1
0
or-ooti5,-¡1-'¡0;;,¾----t;;--;f-;--f-,,---~-----,i 2,0
entre os alcances médio~ e-extrapolados assim como a rela9ao geral entre alcance e , , 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
energia. O alcance cresce monotonicamente com a energia, e, para alcances médios 1
entre 3 e 7 cm, a equa9áo empírica R. = 0,318 'E312 , com R. em centímetros de ar a Fig. 13.9 Curvas de alc~ce-energia para partículas a (Bethe16),
15°C e 760 mm Hg, e E em Mev, é bastante satisfatória. O alcance extrapolado,
obtido a partir da curva número-distancia, é maior que o akance médio; a diferenc;a
depende da grandeza do alcance médio e varia de cerca de 0,05 cm para partículas
com um alcance médio de 4 cm até cerca de O, 15 cm para partículas com um al-
cance médio de 11 cm. É mais fácil determinar o alcance extrapolado experimen-
talmente, e o alcance médio pode entáo ser calculado razoavelmente bem 15 a partir
do alcance extrapolado. O alcance médio tem a vantagem de depender menos da
montagem experimental particular, e boje é geralmente usade> em tabelas de alcan-
ces e para curvas de alcance-energia.
Quando o alcance médio é colocado num gráfico contra a energia, a curva de
alcance-energia pode ser usada para achar a energia das partículas a cujo alcance
no aré medido. Os dados da Tabela 13.3 dariam urna curva de alcance-energia Que
desee a urna energia de somente cerca de 5 Mev, o que limitarla a utilidade da
curva. Informac;óes etn energias menores podem ser obtidas tanto estudando-se o
alcance como energia de partículas que foram parcialmente freadas, ou de partícu-
las produzidas em reac;óes nucleares. Duas reac;óes que produzen: partículas a mos-.
traram ser muito úteis pani a relac;iio de alcance-energía. A primeira destas é

Li 6 + n-> He + H + Q,
4 3

com um valor de Q de 4,788 ± 0,023 Mev. A energia da partícula é 2,057 ± 0,010


Mev e o alcance é 1,04 ::t 0,02 cm. A segunda reac;iio é

B'º + n -> Li 7 + He 4 + Q,
com um valor de Q de 2,316 ± 0,006 Mev. A energia da partícula é 1,474 ± 0,004
• -, .-· --- ·--, ........... pu,u ... uicc•.:, u: ...,v,11 uu1 a1\,;ance meato ae l:í,)/ cm. urna
amostra de ThC contém ThC' e age como urna fonte de partículas ex com ambos os
DECAIMENTO ALFA 267
alcances citados. Rutherford e Wood descobriram que algumas poucas partículas de
tal fonte eram capazes de passar através de urna tela absorvente suficientemente
grossa para parar todas as partículas com um alcance de 8,6 cm. Quando mais Tabela 13.4 Partículas alfa de longo alcance do RaC'
material absorvente foi usado. descobriu-se que as partículas penetrantes tinham
Diferenra da e11er-
um alcance de cerca de 11 cm no ar, e tornou-se claro que elas eram diferentes das Alcance Energía da Número Energiu de gia da desime,:rariio
partículas normais emitidas pelo ThC e ThC'. médio, partícula relativo de desintegrar{w alfa e a do grupo
Estudos posteriores com cámara de nuvens. cftmara de ioniza9ao e espectró- cm alfa, Mev partículas alfa, Mn principal. Me1·
grafo magnético indicaram que o ThC' emite dois grupos de partículas de longo
6,870 7,680 10' 7,827 0.000
alcance com energias de 9,492 Mev e 10,543 Mev. respectivamente. em compara- 7,755 8,277 0,43 8,435 0,608
930 com urna energía de 8,780 Mev para as partículas do grupo principal. As medi- 8\938 0,45 9,108 1,281
das de espectrografia magnética mais recentes mostram a presenc;a de um terceiro 9,00 9,065 22 9,238 1.411
grupo com urna energía de 10.422 Mev. Para cada milh3o de partículas do grupo 9,313 0,38 9,490 I.663
principal, existem cerca de 40 partículas no grupo de 9,492 Mev. 20 no grupo de 9,489 1,35 9,669 1,842
10,422 Mev e 170 no grupo de 10.543 Mev. 9,657 0,35 9,841 2,014
9,779 1,06 9,965 2,138
Medidas com o espectrógrafo magnético tambéITl mostraram que o RaC'. cujo 9,905 0,36 10,093 2,266
grupo principal de partículas ex tem urna energia de 7 .680 Mev, emite I 2 grupos de 10,074 1,67 10,265 2.438
partículas de longo alcance com energías que va.o de 8,277 Mev a 10,506 Mev.rn 10,146 0,38 10,339 2,512
Juntas, cerca de 30 partículas de longo alcance sao emitidas por milh3o de partícu- 10,326 1.12 10,523 2.696
las de alcance normal. Urna figura de cámara de nuvens típica de partículas de 11,47 10,506 0,23 10,706 2.879
longo alcance do RaC' é mostrada na Figura 13.10. As partículas a: de longo al-
cance do RaC' sao listadas na Tabela 13.4. Outra quantidade, a ener{?ia de desinte-
grara.o alfa, também é listada: ela vai ser discutida na Sec;ao 13.5.
Até 1930, pensou-se que, com excec;fto das raras partículas de longo alcance, as <;3o. As componentes discretas, pouco espa<;adas, dos raios a: sao descritas como
partículas a: emitidas por um nuclídeo ativo tinham todas a mesma energia inicial. formando um e_spectro, ou apresentando urna estrutura fina .. Urna grande quanti-
Naquele ano foi mostrado por Rosenblum 2º experiencias cuidadosas de deflexao dade de pesquisas tem sido feita em espectros de partículas a: desde a descoberta de
magnética que as partículas a normais, emitidas por alguns nuclídeos ativos, se Rosenblum e o espectro de muitos a:-emissores naturais e artificiais é boje conhe-
distribuem··também e_m diversos grupos de velocidade pouco diferentes. As veloci- cido. Assim, o Th232 tem dais grupos, com energías 3,994 Mev (76%) e 3,936 Mev
dades e energias dos diferentes grupos diferem tao pouco que os alcances de todas (24%). Iónio (Th''°) tem pelo menos quatro grupos, com energías de 4,682 Mev
as partículas caem de~trc;,'(~a regia.o de dispersao. Por esta raza.o os diferentes gru- · (76,3%), 4,615 Mev (23,4%), 4,471 Mev (0,2%) e 4,436 Mev (0,07%); ele pode ter
pos só podfar:n ser separad0S num espectrógrafo magnético de alto poder de resol u- ainda diversos outros grupos com abund8.ncias muito pequenas. Rádio (Ra226) tem
trés grupos com energías de 4,777 Mev (94,3%), 4,593 Mev (5,7%) e 4,34 Mev
(0,01%), enguanto que o RaAc (Th227) tem 14 grupos com energías entre 6,030 Mev
e 5,661 Mev e abundáncias relativas variando de 25 a 0,1%.
O espectro de partículas" do ThC (Bi"') é dado em detalhe na Tabela 13.5. Os
valores de energía usados sao médias de dais conjuntos de medidas dados na tabela
de isótopos de Hollander, Perlman e Seaborg.
A informa98.o boje disponível sobre espectros de partículas a: conduz a conclu-
sa.o de que estes espectros devem ser dividii;los em tres grupos:
l. Espectros consistindo de um único grupo ou "Jinha ", por exemplo, Rn,
RaA, RaF.
2. Espectros consistindo de duas ou mais componentes discretas, pouco espa-
c;ada~ (em velocidade ou energia) com intensidades da mesma ordem de grandeza,
ou so levemente diferentes, por exemplo, ThC, An, AcX, ThX. Pa, RdAc.

Tabe/a 13.5 O espectro de partículas alfa do ThC

Número Diferem;a enrre a


Energia das relativo de Energia de energia de desinte-
Grupo partículas partículas, desintegrar;iio gra<;iio alfa e a do
alfa, Me1• % alfa, Mev grupo a 0, Me1•
6,086 27,2 6,203 0.000
Fig. 13.10 Urna fotografia de ca.mara de nuvens para partículas a do RaC' mostrnndo dua~ ª"
partículas de longo alcance. [Nimmo e Feather. Proc. Roy. Soc. (London) A122, 668 (1929).] "•. 6,047 69,9 6,163 0.040
a, 5,765 1,7 5,874 0,329
a, 5,622 0,15 5,730 0.473
a, 5.603 1,1 5,711 0.492
a, 5,478 0,016 5,584 0,619
268 FISICA NUCLEAR DECAIMENTO ALFA 269

3. Espectros consistindo de um grupo principal e grupos de partículas de ener- A energia de desi~tegrac;ao a é lis~ada na quinta coluna das Tabelas 13.4 e 13.5 para
gías maiores (longo alcance), estes últimos contendo, entretanto. somente urna fra- os grup?s de part1culas a do RaC e ThC, respectivamente.
9ao muito pequena 00- 4 a 10- 1 ) do número de partículas no grupo principal. O A mterpreta?áo de espectros a: complexos em termos de níveis de energia nu-
terceiro tipo de espectro acorre semente em dais nuclídeos com vida extremamente cleares pode ser Il~stra?a pelo caso do ThC (Bi212 ), que emite seis grupos de partí-
curta, o RaC' e ThC'. culas a co_m ~n~r~ias hstadas na Tabela q.5. As partículas mais energéticas tém
urna energia cmet1ca de 6,086 Mev correspondendo a urna energía de desintegrac;áo
13.5 Níveis de energia nucleares. A descoberta do espectro ~ deu origem ao " de _6,203 Mev. Supiie-se que um núcleo de ThC sempre libera 6,203 Mev de
problema de explicar por que as partículas a sao emitidas por um dado núcleo energia quand~ ele decai por emissao a para formar um núcleo de ThC" (Tl2 ºs), e
somente com certas energías discretas. Em vista da bem-sucedida interpreta9fto dos q~~ esta qua_nttdade ele energia está associada com urna das partículas a mais ener-
espectros atómicos em termos de níveis de energias eletrónicos discretos, como na get1cas. Supoe-se q~e a e?tiss~o de urna destas partículas deixa o núcleo produto no
teoría do átomo de Bohr e na mecfmica ondulatória, parecia razoável tentar explicar seu es!ad~ de energm ma1s ba1xo, ou estado fundamental. Toda a energia de desin-
os espectros a discretos em termos de níveis de energia nucleares. Supós-se que te~rac;ao e levada Como energia cinética da partícula a e a energía de recuo do
existia um nú!Tlero de níveis de energia discretos no núcleo e que um núcleo está nucleo de ThC". Suponha agora que um núcleo de ThC emite urna partícula a: do
noimalmente em seu estado de energia mais baixo, mas sob certas condic;Oes ele grupo ª1 pa~a o qual_ a en;rgia de desintegrac;ao é 6,163 Mev ou 0,040 Mev menos
pode existir por tempos curtos em estados excitados, isto é, em configurac;óes que a energia total d1spomvel de desintegrayao a O núcleo de ThC" que retém os
0040M
, . ev d e energ!a~
. d eve ter sido
· de1xado
· num. estado excitado; pode-se
' esperar
tendo mais que a quantidade normal de energia. Deve-se esperar que urn núcleo ern
tal estado excitado liberasse sua energia por algum processo de ernissao, por ~ue sofra urna t~ans1c;ao para o estado fundamental emitindo radiai;ao eletromagné-
exemplo, pela emissao de radia9flo. Para aplicar estas idéias, deveria ser possível tica (po~ analogia com as transii;óes sofridas por átomos que tém elétrons em esta-
determinar níveis de energia no núcleo, experimentalmente. Como no caso de áto- dos excitados) .. Se este foro caso, ~ radiai;ao deve aparecer na forma de um raio y
mos, núcleos devem ser excitados para emitir radia9ao de_ modo que os níveis de com ~ma energia de 0,040 .Mev. Rams gama desta energia sao, de fato, encontrados
energia do núcleo possam ser deduzidos a partir das freqüCncias desta radia98.o. ~xpenmentalmente quando,o ThC sofre um decaimento a. Estendendo-se esta aná-
Sabia-se que os a-emissores que tinham espectros de partículas a discretos também hse, podemos postular a existencia de pelo menos cinco estados excitados no nú-
emitiam raios y. Medidas cuidadosas das energias das partículas a e das energias cle? de 1:hC" e devemos esperar encontrar transiyóes adicionais a partir de estados
dos raios y levaram a conclusa.o de que os raios y sao emitidos pelo núcleo produto ma1s excitados para estados menos excitados. Estas transiyóes devem envolver a
que foi deiXado num'estado excitado após a emiss3.o de urna partícula a. Assim, o
processo de emiss8.o a, 8.s vezes, deixa núcleos excitados .que entao emitem radia-
9ao; a- maneira pela qu3.fas_ energías dos raios y e das part"ículas· a podem ser rela- Energía acima do estado
fundamental do ThC' (Mev)
cionadas ehl-termos de níveis de energia nuclear foi estabelecida por Gamow. 21 ThC"(TF!08) ThC (Bi'")
Antes de seguir adiante com a discussiio, é necessário distinguir entre a energía
cinética de urna partícula a e a mudan9a de energía total num processo de decaí- 6,203 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - , - , - , . . . .....- .......
mento a; esta última quantidade tem sido chamada de energia de desintegrariio a.
Quando urna partícula o: é emitida, o produto, ou núcleo residual, recua, carregando
com ele urna certa quantidade de energia. A energia de desintegrac;ao a é a soma
das energías cinéticas da partícula a: e do núcleo produto, e é obtida como se se-
gue. O princípio da conserva,¡;§.o do momento requer que ..
,.
Mv = M,.vr, \. .••" (13.15)

onde Mr é a massa do núcleo produto, vr é sua velocidade, e as quantidades sem 0,619


subscritos se referem a partícula a. Quando os efeitos relativísticos sao despreza-
y(0,144) i
dos, a energia de desintegra98.o a:, Ea, é dada por
0,492
0,473
Ea= ½Mv 2 + ½Alrv;. y(0,432)
1
y(0,164)
y(0.144) 1
A partir da Eq. (13.15), v, - (M/M,)v, e 0,329
y(0.328)
E. -_ 2
I Mv 2 ( M) .
I + l11, (13.16)
y(0,452)

y(0,288)
y(0,472)

A energia de desintegra9iio a é obtida, portanto, simplesmente multiplicando a 0,040


energia cinética da partícula a pela quantidade y (0,040)
o
massa da partícula ex
1 +
massa do núcleo produto Fig. 13.11 Esquema de decaimento para o decaimento a do ThC para ThC".
DECAIMENTO ALFA 271
270 FISICA NUCLEAR
podern tornar a probabilidade destas transir;óes muito pequena. Existe urna teoria
emissao de raios y. Experimentalmente. foram identificados até agora oito raios Y, que explica de urna maneira satisfatória as radiar;óes a partir de núcleos excitados e 1

com energías de 0,040, 0,144, 0,164, 0.288, 0,328. 0,432, 0,452 e 0,472 Mev, respec- as regras de seler;ao envolvem o momento angular e a paridade dos estados iniciais l.
tivamente. Cada um destes raios y pode ser associado (dentro das incertezas das e finais.
medidas) com a diferen9a de energia entre dois estados excita?os, e as energias dos O espectro a de um grande número de a-emissores naturais e artificiais já foi
grupos de partículas a e os raios 'Y formam um esque~a cons1ste?te. . correlacionado com os espectros de raios y dos produtos de decaimento, e os es-
Como um resultado da correla9:io entre as energias das part1culas a e os rat?s quemas de níveis de energia foram desenvolvidos. Este procedimento representa
y, é possível construir diagramas de níveis de energias nuc!eares análo~os aos dia- um início da solur;ao do problema geral dos níveis de energia nucleares porque ele
gramas de níveis de energia atómicos mostrado~ no Capitulo 7. O diagram_a de fornece um dos métodos pelos quais os níveis podem ser determinados. Outros
níveis para o núcleo filho é geralmente mostrado Junto com os dados para o nu.cleo métodos va.o ser discutidos em capítulos posteriores.
pai e o resultado é chamado de esquema de desilllegrar;iw. ~ esque~a de _desmte- A origem das partículas de longo alcance emitidas pelo RaC 1 e ThC' pode
grar;ao do ThC para ThC" é mostrado na Figura 13.11. As hnhas diagona1s repre- também ser interpretada em termos de níveis de energia. É possível que um núcleo,
sentam os diferentes grupos de partículas a obser~ados no decaimen~o do Th<=;; ~s antes de sofrer urna desintegrar;ao a, esteja num estado excitado; a excitac;ao pode
energia de desintegrar;ao sao também mostradas neste exemplo. As hnhas veruca1s resultar de urna deSintegrar;áo prévia. Descobriu-se no estudo da emissao de raios /3
representam os raios 'Y encontrados experimentalmente. Cada raio y corresp~~de a e raios y a partir de núcleos que a emissao de um raio {3 nuclear as vezes deixa o
urna diferem;a de energia entre dois estados, apesar de haver algum~ a_mb1gu1dade novo núcleo formado num estado excitado. Na maior parte dos casos, o núcleo
no caso do raio y de O, 144 Mev que pode corresponder, dentro dos limites do e1:o excitado vai para seu estado fundamental emitindo um raio y de energia apropriada.
experimental. a qualquer urna de duas transir;Oes possíveis. ve~s~ a partir do dia- Este processo vai ser discutido com maior detalhe no capítulo seguinte. Em alguns
grama que os raios y nao sao observados para todas as trans19oes que p~rece1;1 casos, entretanto, o novo nuclídeo excitado formado é um a-emissor, e se liberta do
possíveis. A ausencia <lestes raios y podé ser causada ou pela sua p4:_quena mtens1- excesso de energia emitindo partículas a com energia maior que aquelas das partí-
dade. que pode torná-los difícil de detectar, ou pelas regras de seler;ao nuclear que culas normais. A existencia de partículas a de longo alcance é assim explicada
como sendo causada pelo decaimento de um núcleo excitado, e a energia extra da
partícula a mede a energia de excitac;ao do núcleo inicial. Um diagrama de níveis de
{3, 0,08 Mev (5%) energía para o decaimento ThC-ThC' mostrando a origem das partículas a de longo
{3, 0,45 Mev (8,5%) alcance do ThC' é dado na Figura 13.12.
{3, 0,67 Mev (6%)
/3, 0,93 Mev (7,5%). 13.6 A teoria da desintegra~ao alfa. Quando o alcance, energia, meia-vida e
constante de desintegrac;ao dos a-emissores naturais sao comparadas, certos fatos
{3, 1,55 Mev (10%)
mareantes sobressaem, que sao ilustrados pelos dados listados na Tabela 13.6. Com
/3, 2,27 Mev (63%) excec;ao das raras partículas de longo alcance, os alcances ficam entre 2,5 cm e 8,6
Energia acima do estado Energia acima do estado cm, e as energías de desintegrar;áo a variam de 4,05 Mev a 8,95 Mev. A raza.o entre
fundamenta] do Th D (Mev) ThC' (Po2l2) fundamental do ThC' (Mev) o alcance mais longo e o mais curto é de cerca de 3,5 e a raza.o entre a maior e a
-- 11,20 - - - - - - -
~":tfff!.,_..:.:,;,:,_;.:.:....:..,..,...
2, 19 . menor energia está entre 2 e 2,5. Mas as meias-vidas variam·de 1,39 x 1010 anos
-.. •...,..-...."'T'"--t-+- 1,8 para o nuclídeo de vida mais longa para 3,0 x 10- 1 s para o mais curto, e as cons-
--10,75 - - - - - - - tantes de desintegrar;ao variam de 1,58 x 10-111 s- 1 a 2,31 x 106 s- 1 • Um fator de
-- ]0,55------- 1,6
dois ou tres na energía corresponde a um fator de 1024 na meia-vida e na constante
--10,29 - - - - - - - /'+-,,-1-+-!--HI- 1,34 de desintegrar;ao. Em outras palavras, a constante de desintegrac;ao varia de ma-
neira extremamente rápida_ devidÜ a pequenas mudanr;as na energía. Os nuclídeos
- - 9,67•------- de vida mais longa emitem as partículas a menos energéticas, enguanto que os

- - 8,95 - - - - - - -
Tabela 13.6 Alcance, energia, meia-vida e constante
de desintegrafilo de alguns emissores alpha

Alcance Energía de Constante de


Nuclídeo médio cm de desintegra~iio Mela-vida desintegra~ilo,
ar padréio alfa, Mev s-,
Th232 2,49 4,06 1,39 x 10 1º anos 1,58 X 10- 18
Ra 226 (Ra) 3,30 4,86 1,62 x 103 anos 1,36 X J0- 11
Th"' (RdTh) 3,98 5,52 1,9 ano l ,16 X 10-s
Em222 (Rn) 4,05 5,59 3,83 dias 2,lÜ X 1Q-•
Po 2111 (RaA) 4,66 6,11 3,05 min 3,78 X 10-s
ThD (Pb208 ) Po 2 rn (ThA) 5,64 6,90 0,16 s 4,33
Po'.! 14 (RaC') 6,91 7,83 ],64 X 10-4 s 4,23 X 10'
Po'" (ThC') 8,57 8.95 3,0 X 10-• S 2,31 X 106
Fig, 13.12 Diagrama de níveis de energia para os decaimentos ThC --+ ThC' --+ Th D. mos-
trando a origem das partículas a de longo alcance do ThC'.
DECAIMENTO ALFA 273
272 FISICA NUCLEAR
naturais disponíveis mais rápidas l ..
cerca de 9 Mev. siio incapazes de ;e~~~r:::u~m_1t1das pelo ThC' com energías de
nuclídeos de vida mais curta emitem as partículas a mais energéticas. Estes fatos apre~entar desvios da lei de Coulo b S ic1entemente perta de um núcleo para
22
empíricos foram inicialmente relacionados na regra de Geiger-Nuttall, que estabe-
1
cerca de 3 x 10-12 cm do núcle m · . egue-se ~ue, pelo menos a distancia de
lecia que quando o logaritmo da constante de desintegra93.o (em s- ) era colocado núcleo ain_da é expressa pela fó~~~l:n;:ghªo~f~~nbcial das partículas a no campo do
num gráfico contra o logaritmo do alcance (em cm de ar padrao) para os membros
a-emissores da mesma série radioativa. urna linha aproximadamente-reta era obtida.
As linhas para as trés séries naturais eram praticamente paralelas. A regra.pode ser 2Ze 2
U(r) = -r ·
representada pela fórmula
log A = A log R + B. (13.17) Para r = 3 x 10-12 ~m a ener ia . 1,
menos até algum valor ~áximo g r potencia e de cerca de 9 Mev, e aumenta pelo
deixe de valer. Este potencial d~~eª v~l?res 1:1enores de r, até que a lei de Coulomb
A constante A é a inclinac;ao da linha e tero praticamente o mesino valor para as no núcleo, e pode ser considerado ~i~~ofi evita que urna partí~ula a incide~te entre
tres séries, mas B tero diferentes valores. A regra-de Geiger-Nuttall é ilustrada na Como, porém, núcleos de uranio rad'o~ando ~ma barre_1ra de potencwl.
,Figura 13.13. Na Sec;ao 13.3, notou-se que o alcance médio foi estabelecido como podem ser imaginadas como preexist' d mat1;0 emnem part1culas a, estas últimas
sendo empiricamente proporcional a E 312 , onde E é a energia cinética da partícula a. f
de tempo antes da emissáo dentro d mto, P: menos ?urant~ um curto intervalo
A regra de Geiger-Nuttall pode entao ser escrita na fonna radioativo e urna partícula ~ dentro e :~r:sdnuc _eos. As mtera9?es entre um núcleo
(13.18) por urna curva de energia potencial como aº ~~cleo, P'-:dem entao ser representadas
log A = A' log E+ B', dente da curva de r a . d' q e a na Figura 13.14. A por~áo ascen-
. 2 r i m ica um aumento da repuls ~ d ,,
med ida que se aproxima do núcleo p rt d ,, ao e urna part1cula a a
que expressa a rela98.o entre o logaritmo da constante de desintegra98.o e o da ener- de energia potencial náo é e h . 'de o o nucleo e dentro dele, a forma da curva
gía. . on ec1 a com certeza mas t . 1d
deve deixar de valer e ser subst't ,d • o po encia e Coulomb
Os fatos conhecidos relativos a emissao de partículas a apresentavam uro difí- núcleo e a partícula a na regiáo ~m. o por um potencial atrativo. A intera9áo entre o
cil problema teórico que vem claramente a tona quando a emissao espontanea de atrativo constante U o exercido s:~~~ertezafºdAe s~r represe11tada por um potencial
partículas a por uro núcleo é comparada com o espalhamento de partículas a pelo
238 núcleo. Este tipo de ~otencial é den ~m~ tstancta rº chamado ·de raio efetivo do
mesm0·núcleo. Considere o caso da emissao e espalhamento pelo U • Em expe- didade U o e largura ou alcance o~ma o ~o~o un:i p~90 de potencial de profun-
rencias sobre o .espalhamento de partículas a, descobriu-se que as partículas a existir dentro do po90 de potencr:i c a mecamca cl_ass1_ca,,. _um~ partícula a· podia
• om urna energia e metica igual a Ea - U. (A

1.

22

20
T;: .
ThEm AcEm
AcA
1

o. 18
N
+
..f/.
Ra . Act:

·~
o 16 /1)•C ••
;T(x/ '
l
u,
RaEm
~ 14
B RaF . Ac1/RaAc
-~e 12 /RaTh ~
,'
" ·5o E
-¡---------°' ---------
I
'O
g
"
'O
JO
" Ra
' . ~ r--,r~ot-~~11____________[__►,
~
~ 8
e lo
o
-:é.
6
.3"'
4
u,
2

0,4 0,5 0,6 0,7 0,8


Log do alcance Fig. 13.14 Emissao de panículas alfa· ener . .
fum;ao de sua separa9ao. · gia potencial de um núcleo e da partícula a como

Fig. 13.13 A regra de Geiger-Nuttall.


274 FÍSICA NUCLEAR DECAIMENTO ALFA
275

linha horizontal Ea na figura representa a energia de desintegrac;flo a quando a par- e (Z - 2) é a carga no núcleo produto.
tícula está longe do núcleo.) Para escapar do núcleo. a partícula deveria ter urna (\. _e~pressao para a constante de desintegra9ao pode ser considerada como
energia cinética pelo menos táo grande quanto o valor de energia no máximo da cons~stm o de dois fatores. Um, valr 0 , dá de urna maneira grosseira o número de 1

curva de energía potencial. Similarmente, urna partícula a se aproximan.do ~ú-- ~º- vezes l_'Or segundo que um~ partícula a dentro do núcleo colide coro a barreira d
cleo a partir de fora poderia penetrar o núcleo somente se tivesse energm cmetica potenci~; o fator exponencial dá a probabilidade de que a partícula a passe atravé:
para ultrapassar a barreira de energia potencial. da barre,ra. A Eq. (1~.20) tem alg~mas prqpriedades interessantes. Como >. é pro- ,II
Assim, o valor máximo da curva de energia potencial corresponde ao valor da porcmnal a urna fun,;~o exponencml, urna mudani;a relativamente pequena no ar-
energia cinética que urna partícula a deve ter. de acordo coro a mec3.nica clássica, gumento da expone~cml pode causar urna grande mudam;a no valor de A. O argu-
para entrar num núcleo vindo de fora, ou escapar de dentro do núcleo. Este valor mento da expo_nenc1~I depende da velocidade da partícula a e urna pequena mu- 1:
máximo deve ser maior que 9 Mev. urna vez que as partículas a do ThC' sáo da~i;a ?ª veloc1dade afeta o valor de A fortemente. Este efeito pode ser constatado '1

;;;~~~ dtr~ta mente quando al?:uns valores numéricos siio inseridos. Considere o fator
"1'
espalhadas pelo uranio. O núcleo de uranio, entretanto, emite urna partícula a COf!I
urna energia de cerca de 4 Mev, e é muito difícil entender como as partículas contI- . - )1ñvª na exponencial (a fun,;ao ªº - sen a::0 cos a 0 é da ordem da unidade e ,:i¡,I
das dentro do núcleo podem passar sobre urna barreira de potencial que é mais de vana lentamente com Va), o valor de e é 4 80 X 10-10 esu tal que e2 2 304 X 1,
10- 19 , ñ = 1,054 x 10-". ParaZ - 2 = 90. ~ fator é • '
duas vezes maior que sua energia total. A fisica clássica nao fomece solw;áo para 'I
este problema, nem pode explicar as varia'róes extremamente grandes na meia-vida
correspondentes a pequenas mudan'ras na energia, isto é, a regra de Geiger-Nuttall. 8(2 0 304)]Qcl0(9Q) 157,5 X 10 9
O paradoxo foi resolvido quando o problema de urna barreira de potencial tal (1,054) 10-21v. 11¡
como a envolvida na emissáo-a ou espalhamento a foi analisado pelos métodos da 1;
mecánica ondulatória. O tratamento matemático nao vai ser dado, mas os resulta- Valores para as velocidade_s das partículas a variam de 1 A a 2,2 x 109 cm/s, de
dos e suas implica9óes vao ser discutidos. Se o movimento de urna partícula na modo que o valor do fa!or e da ordem de grandeza de 100. Urna pequena mudan9a
vizinhan9a de urna barreira de potencial é tratado pela mecánica ondulatória, isto é, no ~alor de_ Va ou v ya1, PDr:!,anto, ter um grande efeito no valor da constante de
· se~equa9ao de Schroedinger para urna partícula a é resolvida, verifica-se que ~esmtegra9ao. Tambero se ve que quanto maior a velocidade da partícula cy maior
ex~~a probabilidade finita de que a partícula possa passar através da barreira e o v~lor da constante de desintegra9§.o, e a expressao teórica concorda de urna
mesmo''' que sua energía cinética seja menor que a energía potencial representada mane,~a geral com os ~atos_ observados. A Eq. (13.20) representa um resultado
pela altura da barreira. Em outras palavras, urna partícula atingindo a barreira náo ~lllto 1mpo~ante d~ aphca,;ao da mecclnica ondulató~ia a física nuclear.
necessariamente sérá refletida, mas pode passar através da barreira e continuar seu A teona tambero oferece urna indicai;ao do significado da regra .de Geiger-
rriovimento. Gamow23/e, independentemente, Condon e Gurney, 24 em 1928, mos- .Nuttall. A Eq. (13.20) se toma. quando o logaritmo comum é tomado de ambos os
traram como isto acofltece. A probabilidade de que urna partícula a passe através la.dos, · ·- ·---- · ·
da barrefra (o ·•efeito túnel")·pode ser calculada: a permeabilidade de urna barreira '- 2
simples é dada matematicamente por urna expressáo do tipo log A = log v. - 8e (Z - 2) (a
ro 2,303hva o - sen a::o cos a::o); (13.21)

(13.19) 0 fator 2,303 entra por causa do uso -cie logaritmos comuns. Pode ser mostrado que

,r
onde ñ = h/21T, M é a massa da partícula a, e a integral é tomada sobre a regia.o
ao :-:-- s_en ao cos ao :=::::: __ 2 + termos de_ordem maior
inteira na qual U(r) > E 0 • O tratamento da mecflnica ondulatória do decairnento a "
fornece uina expressao para a constante de desintegra9ao que depende da per- e, com boa aproxim·a~ao,
rneabilidade ou transparéncia da barreira. Urna forma aproximada do resultado é
lo >. = lo "• - 4 1re2(Z - 2) _¡_ Se . 112
X == -
Va
exp - 8(Z - 2)e
[
2
(
a0 - sen a::o cos a::o )]
, (13.20) g gro 2,303hv. 3,303h [(Z - 2)roM] +· · ·· (13.22)
To liva
onde Ai varia9§.o de Jog Va/ro é _pequena porque tanto r 0 como va variarn relativamente
112 pouco, e os termos de ma1or ordem na Eq. (13.22) sao pequenos. Todos estes ter-
Mv;;r 0 ] mos podem ser agrupados num termo que é praticamente urna constante. Entao,
·"º = are cos [ 4e2(Z - 2) ;
log >. "' a - b (Z - 2 ) , (13.23)
r 0 é o raio do núcleo ou, mais precisamente, o "raio efetivo de um núcleo para o v.
decaimento a"; vª é a velocidade da partícula a em rela,;áo ao núcleo, e é igual a
v[I + (M/M,)]. onde v é a velocidade da partícula" medida e M, é a massa do onde a ~ b ~a.o cons5an~es. De acordo com esta equa~ao, se o logaritmo da cons-
núcleo que recua. A quantidade Ea é a energia de desintegra,;áo alfa dada por ,tante de_ d~smtegra!;ª'?. e colocado num gráfico contra o recíproco da velocidade a
para os isotop~s a-em1ssores de um elemento radioativo (Z constante), o resultado
de.ve s~r urna lmha reta. A equa'rfio pode ser olhada como a forma teórica da regra
E.= E [l + M /111,)], de Ge1ger-Nuttall e pode ser comparada convenientemente ccim a experiencia.
276 F(SICA NUCLEAR
1
Urna comparayiio foi feita por Kaplan, que mostrou que os a-emissores com valo-
25

res pares de A e Z da.o resultados que concordam bem com a teoria. Pode ser visto 111,
a partir da Figura 13.15 que quando o log >... é colocado num gráfico contra 1/va, para
Z e A pares, linhas retas sáo obtidas; as inclinac;Oes das linhas concordam bem cc;im 12
I¡,¡
os valores previstos pela teoría. Os resultados também podem ser mostrados num
gráfico como o da Figura 13.16 no qual o logaritmo da meia-vida é colocado contra ,11
I'
a uenergia efetiva total de decaimento", Qe11; 26 esta última é justamente a energia de 3 8
desintegrac;áo a com urna pequena correc;ao para o efeito de blindagem dos
elétrons atómicós. Urna escala com raízes quadradas é usada para Qe11; os pon- ~ 6 11¡ ¡

tos sao experimentais, e o último dígito no número de massa do o:-emissor é dado oi


j 4
embaixo de cada ponto. A figura contém informa96es mais recentes do que as da
Figura 13.15 de modo que existem mais dados experimentais; novamente, linhas 2
111
retas muito boas sao obtidas. As rela96es entre o-logaritmo da meia-vida e a energia
.de desintegra98.o o: dos elementos com valores pares de Z sao mostradas na Figura o ;/

13.17. Existem curvas análogas para nuclídeos com Z par e A ímpar, e para nuclí- -2
deos de Z impar. 1¡1

A discussáo acima foi limitada ao caso de nuclídeos par-par o:-emissores para -4


evitar complica9óes que estáo além dos objetivos deste livro. A aplica9áo da teoria
para a-emissores com Z ímpar e A par, Z par e A ímpar, e Z ímpar e A ímpar é
menos direta, em parte devido a probabilidade da emissfio a depender da diferen~a
-6 l 1

4,0
de momento angular· dos núcleos pai e filho, e a maior parte dos valoies dos mo-
mentos náo serem conhecidos quando A ou Z sáo ímpares. Por esta razá() e outras,
a teoria da desintegra9áo a ainda náo pode ser considerada um assunto fechado,
Fig. _13.16 Mei~-vida para o decaimento alfa como func;áo ·da raiz· quadrada da energia de
apesar de ter atingido um elevado grau de sucesso. d~caimento efe~1v? total, Q~. A esc~la de e_nergia é linear em QeJl-112; Qeuinclui a correc;áo de
Se a energía e a constante de desintegra9áo sao conhecidas para um dado nú- blmdagem ~_1etromca. Os n~~eros dao o últuno dígito do número de massa do emissor alfa· por
_<; exemp1o, 4 na escala do uramo se refere ao u234.2a · '

6
Tabela 13.7 Raios nucleares a partir do decaimento
'· • r- ,-; · alfa: alfa-emissores par-par
4

2 Ralo do
núcleo
'o Núcleo Núcleo produto, Ro= roA-11ª,
o produto cm ?< JOU cm x

l
pa_i,,¡ .• 101a

-2 Cm~-~-: Pu"' 9,32 1,50


-a -4
Cm~-
Pu"°
Put36. --,-..:.,:~; ..
U"'
9,29
9,40
1,50
1,52
"
"O
Pu"' U234 -· 9,30 1,51
"O"
.!!
-6 Pu"' U"' 9,30 1,51
U"' Th"' 9;54 1,55
§ -8 U"' Th"" 9,36 1,52
~
e U"' Th23º 9,39 1,53
o U"' Th22s 9,33 1,53
"'3 -JO

-12
U"'
Th'"
To226
Ra22s
9,33
9,48
1,53
1,55
Th'" Ra22a 9,34 1,53
Th"' Ra224 9,33 1,54
-14 Th"' Ra222 9,34 1,54
Ra226 Em222 9,35 1,54
-16 Ra'"
Ra222
Em220 9,33 1,55
Em21s 9,30 1,55
-18 Em222 p 0 21s 9,34 1,55
0,45 0,55 0,65 0,75 Em220 Po2ts 9,36 1,57
Recíproco da velocidade das partículas alfa Em21s Po2H 9,48 1,58
Po218 Pb214 9,23 1,54
p0 21s Pb212 9,19 1,54
Fig. 13.15 Logaritmo da constante de desintegrac;áo vs. o recíproco da velocidade, para Z p0 214 Pb210
constante. Constante de desintegrac;áo A em s- 1 ; velocidade em unidades de 109 cm/s. 25 9,18 1,55
Po212 Pb2os 9,05 1,53
1

DECAIMENTO ALFA 279


278 FÍSICA NUCLEAR
l. PERLMAN and J. O. RASMUSSEN, "Alpha Radioactivity," Handbuch dcr
. . Th2:12
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~ 1.

¡ ~ : .: : ~~/<ÍÍ'¡r,~:::
8 JlO"anos' um / u2a2 1
F. AsARO and l. PERLMAN, ' Tab1e of Alpha-Disintegration Energies of the
Heavy Elements," Revs. Mod. Phys. 26,456, 1954; 29,831, 1957.
u 2 100anosUn ª
22
~ cm2u
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~ O !ano Hu22u )'I ~ Cm240 Experimental Nuclear Physics 1 E. Segre, ed. New York: \Viley, 1953, Vol.
o. . Th22s ~--- z34 I, Part II.
~
~o.
1mm
-:! 1 dia
-4 1 h Em
/1/
222 .....--
.. ~ - - l'u
~ ---
· Th"°
·- u22s
~ , , . - R 220
D. STROMINGER, J. J\L HoLLANDER and G. T. SEABORG, ' 1 Table of Isotopes,"
.g Hn2H Po21s-.....;: ~ a Revs. Mod. Phys. 30, 58&-904, 1958.
·>
-~ -8
-íi

E -10 IOms
:~ms
I min t;no Em220/
PARTICULARES
~ •J ~ l m s
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...,. -l- 10µ.s
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0,1 µ.s
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4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5
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paux Groupes des Rayons a," J. phys. et radium 4, 262 (1933).
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. de d esm
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. par-par _(~erlman, Ghior_~o, e Se,a~org27)~_ .,:,...:_:-: _ Manhattan District Declassified Document MDDC-1336, Feb. 6, 1947; also
in NGtio_nal Nuclear Energy Series, Plutonium Project Record, Vol. 14A, The
· . .Eq (13 20) pode
( ser usada para ca1cu 1ar o valor Actinide Elements, G. T. Seaborg and J. J. Katz, eds. New York: McGraw-Hill,
1 . ·de ,·!' o raio
. efetivo do
t' 1954, Chapter 16.
e eo, a . - . . . do que o rato do nucleo e urna quan t-
núcleo para emissao a. Deve ser menciona , . ,. 1 a artir de al-
5. 1\1. G. HoLLOWAY and M.S. L1v1NGSTON, "Range and Specific Iánization
dade que náo pode ser medida di~etament~-I ~e~b~!~i~~: c~c~ó~~ul~ particular of Alpha-Particles," Phys. Rev. 54, 18 (1938).
guma fórmula que também con~em {~ª;o~sTderado e o v~lor do raio obtido deve 6. N. FEATHER and R. R. N1MM0 1 "The Ionization Curve of an Average a-
usada depende do processo e~fe:1men a dado pr~cesso. Felizmente, os valores Partic]e," .Proc. Cambridge Phil. Soc. 24, 139 (1928). --
ser encarado como um valor e; etlvo para um b e caem entre 10-1a
obtidos de diferentes processos concordam r~oavel_mentel
e 10-12 cm. Os núcleos a-emissores pesados tem ratos p~ox d d
a 10-12 cm como
- queies dos
f:~s zt1tiri,~'ERFoRn, \,VARD, and WYNN-"\VILLIAMS, "The Ranges of the a-Particles
fro.m~ :the: ]:tadi~a~tive Emanations and 1A' Products ~nd from Po1onium,"

~~~~:r p~/~~o~~~~~~~ ~afs


37 0 Proc. Roy. Soc:'(London) Al36, 349 (1932).
p~~~~t~i,ª:1o1a"mTi~:f;0 ~ ; ?g~~~s: da teoría. 11
1, 8: I. CURIE and S. T. TsIE~, Parcours des Rayons a de l'Ionium", J. phys. el
Descobriu-se que os raios obedecem a formula · radium 6, 162 (1945).
1

11a X 10-13 cm 9 . . \V. E. GLENN, JR., "Pulse Height Distribution Analyzer," Nucleonics 4,
To= R OA ' 50 (June 1949).
onde R é urna constante quase igual a ·1,53 e•A e• o peso atom1co.
• · O ra1·o é propor-
. 10. GHIORSO, JAFFEY, RoBINSON, and \VEISSBORD, "A 48-Channcl Pulse-
cional Araiz cúbica do peso atómic_~, um fato que vai ser útil em trabalhos posteno- Height Analyzer for Alpha-Energy ñ'.Ieasurements," The Transuranium Ele-
ments, ed. by Seaborg, Katz, ami l\1anning. N ational Nuclear Energy Series,
res ··· t· t
. Ex'1ste finalmente urna considerável quantidade de trabalhos, que~ o1 somEente Vol. 14B, Book 2, p. 1226. New York: McGra;r-Hill, 1949.
mencionada, ' sobre as ' regularidades ent;~ as propn7
· d ad es dos
,, a -em1ssores
bº ·f s e 11. JESSE, FoRSTAT, and SADAUSKIS, "The Ionization in Argon and in Air by
trabalho as vezes chaniado de "sistemat1ca dos em1ssores a tem po~ o ~e ivo ? Single a-Particles as a Function of their Energy," Phys. Rev. 77, 782 (1950).
correla¡_;io entré as informa¡_;Oes experimentais disponíveis sobre em1ss; a. Ele e 12. H. YAGODA, Radioactive J1feasurements with Nuclear Emulsioni. New York:
bem apresentado nas referencias gerais de Perlman e Rasmussen e por anna. Wiley, 1949. .
13. GAILAR, SEIDLITz, BLEULER, and TENDAM, "Range-Energy Relations for
REFERENCIAS Alpha-Particles and Deuterons in the Kodak NTB Emulsion," Rev. Sci. Instr.
24, 126 (1953).
GERAIS 11
14. F. BLOCH, The Theory of Stopping Powcr/' in Lecture Series in Nuclear
RUTHERFORD, CHADWICK, and ELLIS, Radiations from Radioactivc Substances.
Physics, Manhattan District Declassified Document ?\IDDC-1175, Lectures
New York: Macmillan, 1930, Chapters 2, 3, 4, 5, 7. . .. 11, 12.
R. D. EvANS, The Atomic Nucleus. Ncw York: i\foGraw-Hill, 1905, Chapters
15. M.S. LIVINGSTON and H. A. Il.ETHE, ".Nuclear Physics, Part C. Nuclear
16, 22.
FÍSICA NUCLEAR DECAIMENTO ALFA 281
280

Dynamics, Experimental," Revs. Mod. Phys. 9,245 (1937), Section XVI. atómic_? ~o ~r" como 14,4. Calcule (a) o alcance no alumínio das partículas a de cada isótopo
16. H. A. BETHE, "The Range-Energy Relations for Slow Alpha-Particles and
do polomo hstado na Tabela 13.3 (use o alcance médio no ar), (b) o poder de frenagem relativo
do alumínio, (c) a espessura equivalente em mg/cm 2 , (d) a espessura em mg/cm 2 equivalente a
i'
Protons in Air," Revs. M od. Phys. 22, 213 (1950). · um cm de ar. Compare os resultados comos valores experimentais dados na Tabela 13.2. il
17. W. P. JEssE and J. SADAUSKIS, "Range-Energy Curves for Alpha-Particles 7. O nuclídeo Rn 211 emite tres grupos de partículas o:, com energías cinéticas de 5,847
Mev, 5,779 Mev e 5,613 Mev, respectivamente. Associados comas partículas a se encontrara !I
and Protons," Phys. Rev. 78, 1 (1950).
raios 'Y com energías de 0,0687 Mev, 0,169 Mev e 0,238 Mev. Construa um esquema de
18. E. RuTHERFORD and A. B. Woon, "Long-Range Alpha-Particles from decaimento baseado ne5:tes dados. Compare-o como esquema dado por Strominger, Hollan-
Thorium," Phi!. J,fag. 31, 379 (1916). der e Seaborg (ref. ger.)l.
19. W. B. LEWIS and B. V. BownEN, "An Analysis of the Fine Structure of 8. O nuclídeo U2 'J3 emite seis grupos de partículas o:, com energías cinéticas de 4,816
the a-Particle Groups from ThC and of the Long-Range Groups from ThC'," Mev, 4,773 Mev, 4,717 Mev, 4,655 Mev, 4,582 Mev e 4,489 Mev, respectivamente. Raios
Proc. Roy. Soc. (London) Al45, 235 (1934). gama com energías 0,0428 Mev, 0,0561 Mev e 0,099 Mev também forarn encontrados. Cons-
trua um esquema de decaimento baseado nestes dados.
20. S. RosENBLUM, HProgres Récents dans PEtude du Spectre 1\fagnétique 9. O nuclídeo Am 241 emite seis grupos de partículas a, com energias cinéticas de 5,534
des Rayons a," J. phys. et radium 1, 438 (1930). Mev, 5,500 M~v. 5,477 Mev, 5,435 Mev, 5,378 Mev e 5,311 Mev, respectivamente. Sao en-
21. G. ÜAMOW, "Fine Structure of a-Rays," Nature 126, 397 (1930). contrados também raios gama com energias de 0,0264 Mev, 0,0332 Mev, 0,0435 Mev, 0,0555
22. H. GEIGER and J. M. NuTIALL, 11 The Ranges of the a-Particles from Mev, 0,0596 Mev, 0,103 Mev, 0,159 Mev. Construa um esquema de decaimento baseado
nestes dados. ·
Various Iiadioactive Substances and a Relation Between Range and Period of
10. A altura U da barreira de Coulomb em tomo de um núcleo de cargaZ 1e e raio r para
Transformation," Phi!. M ag. 22, 613 (1911); 23, 439 (1912); 24, 647 (1912). urna partícula de carga positiva Z 2 pode ser obtida em primeira aproxima9áo calculando-se a
23. G. ÜAMOW, "Zur Quantentheorie des Atomkernes," Z. Phys. 51,204 (1928). energia da repulsa.o de Coulomb a urna distancia igual ao raio do núcleo,
24. R. W. GuRNEY and E. U. CoNDON, "Quantum Mechanics and Radio-
active Disintegration," Nature 122,439 (1928); Phys. Rev. 33, 127 (1929).
25. l. KAPLAN, "The Systematics of Even-Even Alpha-Emitters/' Phys.
Rev. 81, 962 (1951). Suponha que o raio do núcleo é dado pela fórmula r = 1,5 x 10-13 A 11ª cm, onde A é o número
26. 'C. J. GALLAGHER, JR., and J. O. RASMUSSEN, "Alpha-Decay Hindrance de 40massa do núcleo. Calcule a altura da barreira para partículas o: e para os núcleos Ne 2º,
Factor Calculations," J. Inorg. Nucl. Chem. 3, 333 (Í957). Ca , Zn66 , Sn112 , Yb 174 e Th2 ª 2 • Repita o cálculo para prótons e d€:uterons.
· 11. O nuclídeo radioatiyo de Pa230~ produzido artificialmente, pode ser considerado o pai
·27. PERLMAN, GH.Íp!!so, and SEABORG, usystematics of Alpha-Radioactivity," de urna série colateral (4n + 2). Estabelec;;a suas propriedades radioativas a partir da carta de
Phys. Rev. 77, 26 (1950). nuclídeos ou a "Tabela de Isótopos" de Strominger, Hollander e Seaborg. Trace a série por .
meio de um gráfico de A contraZ (cf. Fig. 10.10) e mostre sua rela9áo coma série do urariio.
PROBLEMAS 12. Mostrou-seU que a emissao a dos isótopos de tório pode ser descrita pela rela9áo

l. Calcule a massa (em rela9áo a massa de repouso), a energía cinética em ergs e Mev, e log A = 56,13 - 105,07/v 0

o valor de Hr para partículas a se movendo com cada urna das seguintes velocidades (em
cm/s): 1 x 10', 5 x 10', 7,5 x 10', 1 x 10', 1,25 x 10', 1,50 x 10', 1,75 x 10', 2,0 x 10', 2,5 x A energía a no caso do Th224 é 7,33 Mev; qual é a meia-vida do Th224 estimada a partir da
relac;;io aciina? :-·-;• . : ,
109, 3 ,O x 109, '5,0 x _109, 1,0 x I 01º e 2,0 x I 010 • Fa4ra um gráfico da energia em Mev contra o
13. Qual é o valor de Q da rea4ráo Pa2 10 --+ Pb206 + He4 ? Se a massa atómica do Pb206 é
8
~ ·:M;Y~\i
1
206,0386, qual é a massa atómica do Pa2 1º?
valo;~~:~u~:a :~':~1ifade de partícuias ·com energi~st;··?J~~: Í -~e,;, 5 Mev, 6 - ' . .,.,,,,. .-·~::-:- .-- . . ,----;--. ··--------·
Mev·,s·M:ev, fo'MCv,Í'espectivameDte. ' . \ - .. [:'..!él( . ,: • -.-- ,----·-,-

3. Calcule a velocidade e o valor de Hr das partículas a emitidas por cada um dos isóto-
pos do polónio listados na Tabe1a 13.3. ·· · ·
4. Numa investiga9áo da rea9áo Al 27(d,a)Mg21>, um alvo de alufD:Ínio foi bombardeado
com déuterons de 2,10 Mev. As partículas a saindo a 9()0 foram analisadas com um espectró-
grafo magllético de 1800, e 10 diferentes grupos de partículas, cada um com um diferente valor
deHr, foram observados. Ü'i valores de Hr foram, em quilogauss-cm: 393,379, 369,354,345,
329, 325, 323, 305 e 290. Calcule o valor de Q correspondente a cada grupo de partículas o:. (A
interpreta9áo da ocorréncia dos diferentes: grupos de partículas o: é tratada no Capítulo 16.)
5. Fa9a um gráfico dos valores da energia cinética listados na Tabela 13.3 contra o seu
alcance médio no ar. Use a ctirva resultante e as da Figura 13.9 para achar os alcances médios
no ar das partículas·a dos Problemas 1 e 2, que caem dentro dos limites de· energía cobertos
pelas curvas.
6. Se o alcance no aré conhecido, o alcance em outra substancia, ~ndicado pelo subscrito
x, pode ser obtido, em primeira aproximac;;áo, a partir da fórmula empírica

R. =
N,, [
R,, X N • X 0,563 (Z, +z.l0)1' 2]-! '
onde os N representara os números de átomos por centímetro cúbico e Z.r é o número ató-
mico da substancia x. A densidade do ar pode ser tomada como 0,001226 g/cmª e o "peso
DECAIMENTO BETA -:7
culas a e {3. Por exemplo. o valor da razao carga-massa é, n_iuíto maior para-:~ ji
elétrons que para as partículas a: e portante campos magnet1cos mutto menores 1 ¡
devem ser utilizados para desviar partículas {3. Em vez de campos_ de c:r~a de 1
1

10.000 gauss, como no caso de um espectrógrafo de partículas a:. sao suf1c1~n!es .


1

11

campos de 1.000 gauss ou menos. Nos primeiro~ instrumentos, o campo ~agnet1c~ ··¡¡

14 era geralmente uniforme, 1 mas em desenhos !11a1s recente_s o foco ~~s. part1cul,~_; fo1
melhorado usando-se um campo nao-homogeneo convemente, ou a~ust~do. - As
velocidades ou morrientos das partículas f3 emitidas por urna fonte rad1oat1va J:>odem
ser medidas com grande precisáo por estes instrumentos, e quando as velocidades
.sao conhecidas, as energias podem ser calculadas. ..
Descobriu-se nas primeiras experiéncias que as partíc~las (3 emitidas ~elos nu-
Decaimento Beta clídeos radioativos naturais podem ter velocidades de ate 0,99 da velo~1dade ~a
luz. Em geral, as energias das partículas (3, tanto positiva: c~mo negatt~as, sao
menores que as das partículas a: emitidas pelos nuclídeos rad1oat1vos. A ma1or p~rte
das partículas f:j tem energias menores que 4 Mev. enquan~o q~a_s~ todas as part1cu-
las a: tém energia superior a 4 Mev. Com a mesma energta cmettca. a part1cula /3,
por causa de sua massa muito menor, se desloca muito mais rapidamen~e que a
partícula a:. Urna partícula a: com urna energia de 4 Mev tem urna veloctdade d_e
cerca de 1/20 da velocidade da luz, mas um elétron de 4 Mev pode ter urna veloc1-
dade próxima de 0,995 da velocídade da luz. 1

As partículas f3 devem ser tratadas relativisticame?te p~r. causa _de su3:s gran-
des velocidades. As fórmulas para a velocidade e energta cmeuca, analogas as Eqs.
(13.5) e (13.6) para partículas a, sáo
O, estudo das propriedades das partículas f3 emitidas pelos nuclídeos radioati-
vos naturais e artificiais acrescentou muito ao nosso conhecirnento da estrutura e
das propriedades dó.S_núcleos atómicos. No caso das partículas a:, o interesse ime-
V= Hr-
mo
eg2 1--,
c2
(14.1)

diato estava centrado -nas séries de transformai;;óes do urftnio, tório e actínio.


Atualmeilte, o principal interesse está nas informai;;óes obtidas pela emissao de par-
= m0c
2 1 l] '
tículas /3 sobre níveis de energia nuclear e esquemas de desintegrai;;ao, e na teoría T [
r:---,;z
v2 - (14.2)
do decaimento f3 e sua relai;;iio com outros problemas nucleares fundamentais. '\jl c2
~
Muito mais nuclídeos decaem por emiss§.o de elétrons, pósitrons, ou captura de
elétrons orbitais que por emissao de partículas a, e o processo de decaimento {3
fomece informa9óes sobre centenas de espécies nucleares que náo se limitam 3.que- onde m é a massa de repouso do elétron e e é a magnitude da carga eletrónica. É
las com massas nucleares grandes. Conseqüentemente, podem ser obtidas informa- útil exp~essar as quantidades Hr e T como fun~oes da razao v/c e a Eq. (14.1) pode
9óes sobre níveis de energia e esquemas de decaimento de nuctídeos leves ou de ser escrita como
peso intermediário, assim como aqueles na regia.O dos elementos radioativos natu-
rais estudando-se suas radia9óes /3. Este estudo é urna parte importante da espec- (14,3)
troscopia nuclear.
A emissao de partículas /3 difere daquela das partículas a: no espectro das ener-
A carga específica do elétron, em unidades eletromagnéticas, é e/mo 1,75888 X
gías das partículas emitidas. A feic;ao mais característica de urna desintegrac;ao (3
espontanea de um núcleo é a distribuic;:lo corÍtínua de energía dos elétrons emitidos, 10' emu/g e a veloc_ídade da luz é 2.99793 x 10 10 cm/s. Entáo,
que está em flagrante contraste com o espectro de linhas observado para partículas
a:. A distribui9:lo contínua de energia levou, como veremos, a sérios problemas
teóricos. Estes problemas foram tratados com um sucesso considerável, mas so- Hr (gauss-cm) = moc ~ ( 1
e e
_"2)-1/2
c2
(14.4)
mente por meio de urna teoria envolvendo idéias novas e radicais. O_ decaimento
beta é importante portanto nüo somente por causa de sua relac;iio com os proble-
mas práticos da física nuclear. mas também por causa dos problemas conceituais = 1704 5 ~(
')-1/2
1 - 1!_2
' e c
envolvidos.
A quantidade mrt: 2 é a energia associada a massa de repouso do elétron e vale
14.1 A velocidade e energia de partículas beta. A velocidade ou momento de 0,51l0 Mev. Portante, a energia cinética é
partículas /3 pode ser medida por meio da deflexii.o da trajetória das partículas
num campo magnético. Um tipo de instrumento freqüentemente usado é o espec-
trógrafo magnético semicircular. ou de 180°. baseado em princípios análogos ao (14.5)
instrumento usado para partículas a: (Fig. 13.1). Os detalhes do desenho dos dois
instrumentos sao diferentes por causa das diferenc;:as entre as propriedades das partí-
DECAIMENTO BETA 285
284 .FISJCA NUCLEAR
Tabela 14.1 Rigidez magnética (Hr) e energia cinética
das partículas beta como funriJes da velocidade

Velocidade, Rigidez magnética, Energia cinética,


v/c Hr: gauss-cm T: Mei•
o o o
0,10 171,3 0,00258
1
0,15 258,6 0,00585
' 0,20 347,9 0,01054 ¡,,
,,
0,25 440,1 0,01676 ·
o 1 0,30 536,0 0,02468
0,35 636,9 0,03450
' 0,40 743,9 0,04655
- 1 0,45 . 858,9 0,06121
" '\. 1 0,50
0,55
984,1 0,07905 !1:
1122 0,10085
' ~
0,60
0,65
1278
• 1458
0,1278
0,1614
~
~ -~•
.;¡
0,70
0,75
1671
1933
0,2045
0,2616
~
= 0,80 2273 0,3407

N
"""E 0,85
0,90
2750
3519
0,4590
0,6613
V
0,92 4001 0,7928
~
·e 0,94 4696 0,9868
\ • 0,% 5844 1,314
>V -o 0,98 8394 2,057
'
::. ••o
~
0,99 11.960 3,111
.... = 0,995 16.980 4,605

\ ó
•u
:~
=
·¡¡
o.a
o
E
o
u
0,996
0,997
0,998
0,999
19.000
21.%0
26.910
38.085
5,208
6,901
7,573
10,92
"'-
"
"§ ~


V
= =
~
' "' •c.
Os valores de Hr e T estiio listados na Tabela 14.1 para diferentes valores de v/c, e
a energia cinética Té posta num gráfico como funyao de Hr na-Figura 14.l.
I\ ~


-o
Os resultados obtidos quando as partículas fJ (elétrons) de um nuclídeo radio-
1\ .

..g•
ativo siio estudadas com um espectrógrafo magnético siio mais complexos que ague-
. , •"
les obtidos para partículas a:. Se permitirmos que as partículas /3, após serem des-
\ o •V
=
·¡¡ viadas, incidam sobre urna chapa fotográfica, observa-se urna mancha na chapa que
ó .. -
se estende por urna distáncia definida e entao cessa nuin ponto característico do
-~ nuclídeo ,B-emissor. Esta mallcha é contínua, mas nao de intensidade uniforme ao
' V
=
'. \ "'..¡
~
longo da chapa. Além desse espectro primário contínuo, diversas linhas estreitas as
vezes sao vistas sobre a chapa em posi96es características da substancia emissora.

.
~

..:
Estas linhas fonnam o assim chamado espectro secundário, ou espectro de linhas,
observado para muitos, mas nem todos, emissores ,B. É difícil, por causa do es-
pectro contínuo, determinar o número de partículas ,B com diferentes energías a
partir do escurecimento da chapa fotográfica. A curva de diStribui9ao de velocida-
o
g des (ou urna curva de distribui9ao de energias) pode ser obtida usando-se um conta-
g dor Geiger como detector de partículas ,8, em vez da chapa fotográfica; quando isto
é feito, o instrumento é mais apropriadamente chamado de espectrómetro. O con-
tador é colocado numa posi9ao fixa (isto é, fixa-se o valor de r), varia-se o campo
magnético, e obtém-se assim o número de partículas ,B que atingem o Contador por
unidade de tempo, para diferentes valores de H. Como cada valor de H corres-
ponde a LÍm valor diferente de Hr e portanto a um valor diferente da energía ciné-
tica, obtem-se os números de partículas correspondendo a diferentes valores de
energia. O espectro contínuo das energías das partículas ,B encontradas para RaE é
mostrado na Figura 14.2. Neste caso, nao se encontra nenhum espectro de linhas e
DECAIMENTO BETA 287
286 FÍSICA NUCLEAR
O espectrómetro magnético de foco semicircular é justamente um dos diversos
9
tipos de instrumentos para a análise de raios beta. Outro tipo, freqüentemente
8 usado, é o espectrómetro magnético soienoidal, que é urna variedade do espectró-
metro de lentes magnéticas; um exemplo3 • 18 é mostrado na Figura 14.4. Consiste
7 de um longo solenóide com a fonte de radiac;iio {3 no eixo perta de urna das extremi-
dades, e um contador Geiger-Mueller,de paredes finas na outra extremidade, a
6 cerca de 90 cm da fonte. O solenóide produz um campo magnético homogéneo cuja
5
direc;iio é paralela ao eixo do cilindro. O campo fon;a as partículas a se moverem ao
longo de urna trajetória helicoidal definida por urna série de discos e anéis, que
4 agem como colimadores. Ajustando-se a corrente no solenóide, e portanto o campo
magnético, as partículas ~ da fonte podem ser focalizadas de tal modo que fac;am
3 urna única volta da hélice e alcancem exatamente o contador. Para um dado valor
Energia do campo magnético, somente as partículas que tém urna determinada velocidade
2 müxima va.o alcanc;ar o contador. A velocidade pode ser_ calculada a partir do campo magné-
tico e das dimensóes do aparelho. Na prática. entretanto, os instrumentos deste
tipo sao usualmente calibrados por meio de elétrons de velocidade conhecida, e a
velocidade pode ser entiio determinada diretamente a partir da corrente através do
OO 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0,9 1.0 1.1 1.2
solenóide. Desta maneira, os números relativos de partículas /3 com velocidades
Energia cinética das partículas beta. T (Mev) diferentes podem ser determinados.
O instrumento descrito acima tem um campo magnético uniforme que se es-
Flg. 14.2 O espectro de partículas /3 do RaE (Neary9 ). tende por urna regia.o relativamente grande e é chamado de espectrómetro magné-
tico de /entes longas. Devido a dificuldade em produzir um campo magnético real-
mente uniforme, usa-se freqüentemente o assim chamado espectrómetro magnético
0 limite superior ou energia máxima está em 1.17 Mev._ Qua~d~ um espectro de de lentes curtas. Neste caso, o campo magnético nao é uniforme, mas pode ser
linhas também está presente, as linhas aparecem como picos d1stmtos superpostos mais intenso na regia.o em torno do eixo que no próprio eixo, ou pode variar ao
sobre a- curva de distribui<;flo contínua, como na Figura 14.3. longo <leste. A análise do movimento de partículas f3 é um tanto mais complicada
Os espectros beta serao discutidos com maior detalhe n~ ~e~ao 1~.4_. No mo- que no caso· de um campo uniforme, mas novamente podem ser obtidas distribui-
mento, basta notar quC?o espectro de RaE mostra as caractenst1cas _m_a1s tmpoJ:an- c;0es de velocidade e energia com a_ajuda de urna calibrac;ao apropriada. Para maio-
tes dos espectros cont'ínüos. Todo espectro f3 contínuo tem um max1mo ?efimdo, res detalhes sobre estese outros instrumentos, remetemos o leitor a urna ¡jub]ica<;iio
cuja tarr{a:nho e posic:;áo dependem do n~cleo que emite_ as partíc~!as. Existe tam- recente. 4
bém um limite superior de energia defimdo para as part1culas em1t!das ~or _um nu-
clídeo; este limite superior, ou energia máxima do e~pectro contm_uo _e difere~te 14.2 A absor~o de partículas beta. Alcance, ioniza~o e perda de energia. As
para diferentes nuclídeos. A forma da curva ef;l energias m~nores nao ~ conhec1?a energias de partículas f3 podem ser determinadas a partir de medidas de sua absor-
com certeza porque é difícil fazer medidas precisas para part1culas de ba1x3: energ1a. 98.0 na matéria, 5• 6 assim como no caso de partículas a. As partículas beta sao muito
Estas propriedades dos espectros continuos sáo observadas tanto para em 1s_sores ~ 1 mais penetrantes que partículas a, e existem diferenc;as mareantes nos métodos usa-
naturais como artificiais, e quando as partículas emitidas sáo elétrons ou pos1trons. dos para medir a absorc;iio nos dais casos. Urna partícula a com a energía cinética
de 3 Mev tem um alcance em ar_p~~riio d~~eTca de 2,8 cm e produz cerca de 4.000

Espirais de COIT~O
Sistema de
enchimento do contador

¡lf, - Enrolainentos principais Obturador

Para bomba

Vedai;flo de ar
Supone da fonte Blindagem

:¡gi• do cootadoc
0
'
llllll'~---=··=··=··=···~-----=====-=---~....-.. . . . .=.~---'
Sistema de colimadores ---- 8Uai
•~:

Terminais do contador
º'ol___¿_J__H-1.10..,o----'-""'2~0Lo_o---'----,:i"oc,rn,,.,_¡_---,4,JoLor::,i,.u Controle do obturador
lliLW
Hr (gauss-cm) 10 cm

Fig. 14.3 Espectro de partículas beta do Au 1mi_ mostrando o espectro de linhas. [Fan, Phys. Fig. 14.4 Diagrama esquemático de um espectrómetro magnético solenoidal. 3 • iH
Rev. 87,258 (1952).]
288 FÍSICA NUCLEAR
DECAIMENTO BETA
289
pares de íons/mm de trajetória. U ma partícula (3 de 3 Mev tem um alcance no ar de A_s e_spessu~as usadas em ~edidas de absor98.o sao dadas freqüentemente,
1.000 cm e produz somente cerca de 4 pares de íons/mm de trajetória. Apesar do
uso do ar como meio absorvente ser, portanto. impraticável, as partículas sao sufi-
como md1ca a F1~ura 14.6, em umdades de grama por centímetro quadrado ou mili- ,,1.¡'
gramas P?r cent1metro q~adrado do absorvedor. A espessura real é multiplicada
cientemente penetrantes para que possarn ser usados absorventes sólidos. pela d_ens1?ade, e a q.uant1dade resultante, que pode ser chamada de densidade su-
Folhas de aluminio sao os absorvedores mais freqüentemente usados, apesar pe~fl_cwl, e usada co~o. urna me?ida da espessura. Este uso tem cenas vantagens 1
de ouro e mica também serem usados. Em experiencias de abson;ao, as folhas do praticas. G~ralmente e mconvemente medir a espessura de folhas muito finas mas
absorvedor sao colocadas entre a fonte ativa e um detector de janela fina, usual- seu peso e area po~em ser medidos facilmente, e o peso dividido pela área é 'igual
mente um contador Geiger ou urna ca.mara de ioniza~ao, e a taxa de contagem é ao produto da ?ens1tjade pela espessura. Além disso, ocorre qi.Je, se a quantidade 'I
detenninada como fun~ao da espessura do absorvedor. Um arranjo experimental do a~sorvedo~ e expíessa como o produto da densidade pela espessura, 0 alcance é
conveniente é mostrado esquematicamente na Figura 14.5. Urna curva de abson;áo praticamente mdependente da natureza do absorvedor. Este resultado decorre do
típica para as partículas que formam o espectro /3 contínuo é mostrada na Figura ~ª!º. de que o alca~ce de u~a dada pa~ícula /3 depende niio semente de sua energia
14.6. A taxa de contagem, colocada num gráfico, de escala logarítmica, decresce
micia~, mas tambero do numero de eletrons com os quais colide na sua passagem
linearmente, ou quase linearmente, para urna faiXa grande de espessuras do absor- atraves do absorved_or. Este últjmo número depende da densidade de elétrons no
yedor. Em outras palavras, o número de partículas f3 decresce exponencialmente absorvedor ou do n~mero de eletrons por unidade de massa. A capacidade de um
com a espessura do absorvedor, numa boa aproxima9áo, e a absor9ao pode ser :I;mento parar part!cula~ /3 depende, portanto, da raziio do número atómico para 0
representada pela fórmula
umero de massa, 1sto e, de Z/A. Apesar de esta raza.o decrescer dos elementos
leve~ para os _pe~ados, o efeito desta varia~iio na espessura necessária para parar
(14.6) part,culas /3 _nao e grande. No caso do alumínio, com Z/A = 13/27 = 0.48, 0 alcance
~e urna part1cula /3_de I Mev é de cerca de 400 mg/cm2 ; no ouro, comZ/A = 79/197
onde A 0 é a razáo de contagem, ou atividade, sem absorvedor, A(x) é a atividade - 0,40, ? _alcance e de cerca de 500 mg/cm 2 , que náo é muito diferente do alcance
observada através de urna espessura x, e µ, é o coeficiente de absorrao. A atividade no alumm10.
náo decresce até zero a medida que o absorvedor se torna muito espesso, mas se O alcance poct; ser obtid~ da curva de absor9§.o simplesmente inspecionando-
toma praticamente constante num valor que representa a chamada •·contagem de se a c~rva, um metodo q~e e chamado de método visual ou de insperiio. Para
fundo". Existe sempre alguma radia9ao presente que contribuí para a taxa de con- deter1:1mar ~nde a curva atmge a contagem de fundo sáo necessários muitos pontos
tagem apesar dela nao corresponder a partículas /3 da fonte. Perlo do seu final, a expenm~ntais precisos, J?róxim_os ~ espessura correspondente ao alcance. Apesar
curva de absor9áo '"se desviada forma exponencial. e o ponto no qual ela encontra a deste metodo ser a rnan~ira ma1s simples de analisar a curva de absor ao, é prova- 11'

contagem de fundo é chamado de alcance R • das partículas /3. 9


velmente o 1:1enos confiavel: ~os _casos em que a curva se aproxima da contagem

A fonna exponenCia:I da curva é acidental, já que ela incluí os efeitos da distri- de fun~o ~mto l_~ntamente, e difíctl obter urna boa precisa.o, e este tipo de curva de
bui9áo cOntínua de energia das partículas {3 e o espalhamento das partículas pelo absor!;ao e frequentemente encontrado. Para evitar as dificuldades do método vi-
absorvedor. O alcance RfJ é a distancia percorrida pelas partículas mais ~nergéticas sual, foram desenvolvidos métodos de compara9fio 6 nos quais o alcance das partícu-
emitidas, e corresponde a energía máxima do espectro contínuo. E possível las f3 de um d_ad~ nuclíde_o é me~ido em termos do alcance de um emissor padriio. O
obter curvas de alcance-energia para elétrons em absorvedores diferentes, e as e~1ssor p~drao e um emtssor CUJa curva de absor9§.o é particulannente favorável ao
energías dos pontos finais dos espectros {3 podem entáo ser determinadas por medi- metodo visual, e a c~rva de absor98.o do nuclídeo cujo alcance é procurado é com-
das de absor9áo. O método da absor9áo nao dá resultados de precisáo comparável para?a de !-1ma maneira detalhada com a curva da substancia padrao. Foram desen-
aos obtidos com o espectrómetro magnético, mas fomece resultados de razoável volv1dos_ amda outros métodos de anaJisar curvas de absor~ao; 6 estes dependem da
precisáo e tem as vantágens de simplicidade e rapidez. 1 , .
IIKlOr---------

Amplificador e
escalímetro
100
_ _ Contador de partículas beta

Folhas de absorvedor
'' \ " " "
\ L I I '
\ 11 1 ' •
:
~
\ 1 111 ¡ 1 Arranjo de lO
'1 \,\'I 1,
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de Al //~
\', ·,:;::: ,'
'.'"''''/ ---------~/----!
L Fonte ~ - - Suporte da
fonte
Espessura do absorvedor (mg/cm2)
(escala linear)

Fig. 14.5 Diagrama de um arranjo experimenta] para medir a absor~o de partículas /3 ( Glen-
deninf>). Fig. 14.6 Urna típica curva de absorcao de partículas f3 no alumínio As partículas 13 est.io
acompanhadas de raios y que formam parte da comagem de fundo. ·
290 FÍSICA NUCLEAR DECAIMENTO BETA 291

1O!J que os efeitos relativísticos devem ser levados em canta. A teoria prediz satisfato-
riamente a dependéncia da perda de energia em rela9fio a energia de urna partícula {3
e em relai;fio ao número atómico do elemento absorvedor.
ES:0,2 Mev
Para partículas {3 de alta energia, um mecanismo adicional para a perda de
energia _deve ser levado. em canta. Quando um elétron passa através do campo
50 - elétrico (coulombiano) de um núcleo, perde energia por radia980. Esta energia apa-
rece como um espectro contínuo de raios X chamado de "bremsstrahlung" ou ra-
diaráo de .freamento. A. perda de energia por' unidade de comprimento da trajetória
',
fil_ _ _ _ _ _:._::,___ devido ~- radia~ao pode ~er indicada por (dT/dx)r,ul distinta de (dT/dxJ 1oni::• a perda de
energia por ioniza9ao. A raza.o entre as duas perdas é dada aproximadamente por
Absorvedor total (mg/cm~)
(dT /dx),.a
Fig. 14.7 Urna típica curva de absor~iio de partículas {3 fficinoenergéticas (Glendenin 5 J. (dT /dx)¡oni,

onde T é a energia da partícula /3 em Mev e Z é o número atómico do absorvedor.


;epre.senta9ao da c~rva de abson;iio experimental por urna fórmula empírica que Em elementos pesados tais como chumbo (Z = 82), a perda de energia por radia980
mclu1 corno um parametro tanto o alcance como a energia máxima do espectro. é significante mesmo para urna partícula de I Mev: no alumínio (Z = 13) a perda
A discussáo até o presente pode ser aplicada tanto a partículas 13- (elétrons), · por radia9ao representa semente alguns poucos por cento da energia disponível dos
como a partículas /3T (pósitrons). No caso de radiac;ao 13+. a forma da curva de emissores de raios /3.
a?son;ao é muito parecida com as ~urvas para partículas /3-. com excec;áo de cenas Em geral, pode-sé dizer que, apesar da intera980 entre partículas /3 e matéria
d1ferenc;as na contagem de fundo. E possível corrigir estas diferenc;as, e os alcances ser consideravelmente mais complicada que no caso de partículas a. os processos
de partículas 13+ podem ser determinados com os métodos usados para partículas sao bem compreendidos e existe boa concordcincia entre a teoría.e a experiéncia.
p-.
A a~sorc;ao de partículas f3 monoenergéticas é um tanto diferente da absor98.o 14.3 Rela~Oes de alcance-energía para partículas beta. Quando os alcances das
das partículas que c:onstituem o espectro contínuo. As .partículas que formam urna partículas /3 sao conhecidos de experiéncias de absor9ao, a rela9ao de alcance-
linha no espectro de linhas discreto geralmente observadas em decaimentos f3 sao energia pode ser usada para obter as energías máximas do espectro {3. A rela9áo de
partícylas 13- monoene·rg~!ícas e sua absor9ao tem importc:lncia prática. A absor9flo alcance-energía para o alumínio foi determinada e pode ser representada tanto por
d_e eletrons monoe~ergéticos -com energias maiore.s que 0.2 Mev é praticamente um gráfico como por equa96es empíricas. 6 Os resultados de determina96es precisas
lmear. como na Figura 14.7. Se a raza.o de contagem é colocada num gráfico de algumas energias e alcances em alumínio sao listados na Tabela 14.2, e a curva
comum em fun98.o da espessura do absorvedor, a curva se aproxima lentamente de de alcance-energia correspondente é mostrada na Figura 14.8. Os pontos represen-
urna linha reta sobre quase toda a espessura do absorvedor. com urna pequena tados de maneira diversa representam alcances obtidos por diferentes pesquisado-
cauda no final da curva. A por98.o linear da curva pode ser extrapolada para cortar res que usaram métodos variados, e fica claro que existe boa __concordftncia entre
o eixo das espessuras num valor que é chamado de alcance extrapolado ou efetivo. eles. Os valores da energía foram determinados com espectrómetros magnéticos e
Para elétrons monoenergéticos com energias menores que 0,2 Mev, a curva de ab- sao tirados da circular N.B.S. 499: Nuclear Data. A rela9ao entre alcance e energía
sor9áo se desvia mais e mais de urna linha reta a medida que a energia decresce, e também pode ser expressa pelas fórmulas empíricas
se torna cada vez mais difícil determinar o alcance efetivo por métodos de absor-
!rio. \ T 0 < 2,5Mev, (14.7)
• Resultados quantitativos para alcances de partículas /3 em aluminio sera.o dados
na Se9ao 14.3 quando do tratamento de curvas de alcance-energía para elétrons. onde T 0 é a energía máxima, e
Os detalhes da passagem de partículas f3 através de matéria sao mais complica-
dos que no cas? de partículas a:. As diferen~a~ sao causadas, entre outras coisas, R = 5301' 0 - 106; T 0 > 2,5 Mev. (14.8)
pela massa multo menor da partícula {3 e sua velocidade maior. Urna partícula /3
pode perder urna grande fra9ao de sua energia numa única colisao com um elétron Nas Eqs. (14.7) e (14.8), T 0 é dada em Mev e R em mg/cm'. Como se pode ver, a
atómico, com o resultado de que a dispersao é muito mais mareante no caso de Eq. (14.7) representa bem os resultados experimentais para energias máximas me-
elétrons que com partículas mais pesadas. Partículas beta também sao desviadas nores que 2,5 Mev, e a Eq. (14.8) os representa bem acima de 2,5 Mev. Quando o
n:iuito mais facilmente por núcleos que por partículas a:, de modo que suas trajetó- alcance é determinado por urna medida de absor9áo, a energía pode ser obtida tanto
na~ ~e.r~lmente náo sáo retas. Conseqüentemente, mesmo se um feixe de partículas a partir de um gráfico como a partir da fórmula empírica apropriada.
/3 e 1mcialmente monoenergético. a dispersa.o e o espalhamento tornam possíveis
comprimentos de trajetórias muito diferentes para partículas passando através da 14.4 Espectros de partículas beta. O espectro contínuo. Os problemas criados
mes~~ e~pes~ura de absorvedor. Este alcance é. portanto. urna quantidade cuja pelo espectro de partículas /3 esta.o entre os mais importantes da fisica nuclear. e
prec1sao e m~1to me~os definida para elétrons do que para partículas a ou prótons. muitas daS características principais <lestes espectros sera.o portante discutidas mais
A energ1a perdida por um elétron por unidade de comprimento da trajetória detalhadamente. A discussáo vai se· limitar ao espectro contínuo porque as partícu-
pode_ ser calculad:1 a partir da teoria, e urna fórmula foi deduzida para a energia las /3 que formam este espectro sao as partículas de desintegra9óes primárias. O
perdida pelas part1culas devido a ioniza~ao dos átomos do absorvedor. Esta fórmula espectro de linhas, ou espectro secundário. é boje conhccido como consistindo de
é muito mais complicada que a correspondente para partículas a, Eq. (.13.10). por- elétrons extranucleares ejetados dos átomos através de um processo chamado de
292 FÍSICA NUCLEAR DECAIMENTO BETA 293
Tabela 14.2* Energias e alcances de partículas beta

Energia
Nuclídeo máxima, Me1· Alcance, mg/cm 2
Ra22s 0,053 6
RbB7 0,13 20
Nb" 0.146 30 1,0
Lu 176 0,22 48
Co" 0,31
>o
Zr'"
Be 1º
0,400
81
122 e
pa1
0,555 181 -~"o
0,600 213 e
Sbl24 0,65 UJ
254
Mns6 0,73 277 0,1
Autss 0,97 399
C" 0,98 447 71
Ba140 --GráficodeR=412To 11=1,265-0,094lnT0
1,022 426 1 1 '
Mns6 1,05 462
1
- - GráficodeR=53QT0 -I06 'l'0 > 2,5
CdllS
Bi210 (RaE)
1,13
1,17
527
508
i '
N" 1,24 557 o,oi L-t:::...._-'----'---.c.1--'-----'---'-'...L--'---'--'-'100,_----'----'------'----'-ooo-'--'-----'--'--'10C-'ooo
Na24 1,39 0,1 1,0 to
601 l. .
Na24 1,39 621
Sr'' Alcance (mg/cm2)
1,50 741
P" 1,71 810
Te12s 1,80 Fig. 14.8 Curvas de alcance-energia para partículas {J (Katz e Penfo1d 6).
812
Mg21 1,80 821
Mg21 1,80 885
Raios' homogéneos 2,00 966
Y"' 2,18 1065 do processo de decaimento f3 e será tratado com maior profundidade no capítulo
Bi'" (ThC) - 2,25 1023 seguinte. ·
Rh'" 2,30 1080 Em vista da discussao acima, os termos "espectro /3" e "espectro /3 contínuo"
Pa''" 2,32 1105 sao sinónimos, e os elétrons monoenergéticos que formam as linhas encontradas
Sbl24 2,37 1220
As76 2,56 1384
com o espectrógrafo magnético nao serao considerados no restante deste capítulo.
Rh"' 2,6 1198 Alguns espectros /3 típicos sao mostrados na Figura 14.9, Em cada caso, a ordenada
Mn" 2,86 1440 é proporcional ao número de partículas f3 detectadas por unidade de medida de Hr,
Cu62 2,92 1440 e a abcissa é Hr. Como Hr é proporcional ao momento, as curvas sao as ·curvas de
Raios Homogéneos 3,00 1540
Pr144 distribui98.o de momento. Podem ser convertidas em curvas de distribui9ao de
3,07 1575
As1s 3,12 energia, convertendo-se os valores de Hr para valores de energia com a ajuda da
1454
Rh'" 3,55 1770 Figµra 14.1. A curva de distribui98.o de momentos temas mesmas propriedades que
a curva de distribui9ao de energia e é usada freqüentemente porque representa mais
*Katz e Penfold: Revs. Modern Phys. 24, 28 (1952).' diretamente os resultadoS-experimentais reais. A rela98.o entre as duas curvas de
• distribui~iio pode ser vista comparando-se a Figura 14.9(e), para RaE, coma Figura
conversao interna, Um núcleo num estado excitado pode passar espontaneamente 14.2. Em cada caso, 3 curva passa por um máximo e entao decresce até zero para
para um estado do mesmo núcleo, mas de me¡;ior energia, tanto emitindo um -raio y um valor da abcissa que representa a energia máxima.
com urna energia hv igual a diferen9a entre as energias dos dois estados nucleares, Em alguns casos de emissao /3, um único espectro contínuo é encontrado, e
como dando a energía a um elétron nas camadas K-, L-• ... , do mesmo átomo. O portanto urna única energia máxima; tal espectro é chamado de simples e é análogo
elétron é ejetado com urna energia cinética hv - E«, hv-EL, .. . , onde E«, EL, ... sao a emissao de um único grupo de partículas a por um emissor a. Todos os espectros
as energias de liga9ao do elétron nas camadas K-, L-, .. . , respectivamente. Este mostrados na Figura 14.9 sao simples. A emissao de partículas f3 pode ou nao estar
proces~o é chamado de conversiio interna da energia do raio 'Y num átom~, por associada com a emissao de raios -y. Assim, o Na24, Figura 14.9(a), emite raios 'Y
~nalogia co~ a conversao de energia fotoelétrica comum de um raio '-y num outro bem como partículas /3, enquanto que outros nuclídeos nao emitem raios -y. O nu-
atomo que nao aquele do qual o raio 'Y foi emitido. Pensou-se durante algum tempo clídeo N 13 , Figura 14.9(b), é um emissor de pósitrons e. como se v€: da figura, seu
qu_e a e~ergia da transi9ao nuclear era primeiramente emitida como radia9ao -y, o espectro contínuo é semelhante, em suas características gerais, aos outros espec-
ra10 'Y eJetando entao um fotoelétron exatamente como faria de um átomo através tros. Rádio E, Figura 14.9(e), é um ·nuclídeo radioativo que aparece na natureza,
do qua! ele passasse. Mostrou-se que esta explica9ao é incorreta e que o processo enquanto que os outros nuclídeos sáo produzidos artificialmente. Fósforo 32, Fi-
de conversao interna é causado pela intera9ao direta de um núcleo com os seus gura 14.9(c), tem especial interesse devido ao seu uso como tra9ador de materiais
elétrons circundantes. Em qualquer caso, a carga nuclear nao muda numa conver- biológicos e In 11 4, Figura 14.9(d). é interessante por raz6es históricas que sera.o
sao _interna. de_ modo que este processo nao é um decaimento do tipo {3. O espectro mencionadas posteriormente. As energias máximas para o Na2 4, Na23 , pzz. ln 114 e
de hnhas de eletrons portante está relacionado com a emissao de radia980 y em vez RaE sao 1,39, 1,20, 1,70, 1,98 e 1.17 Mev. respectivamente.
294
FISICA NUCLEAR 11',1
DECAIMENTO BETA 295 1

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aº 100
u , Linha de
1
conversao

t
,; g_
Hr (gauss-cmJ z

1000 5001) 9000


Hr (gauss-cm)

(d) ¡ 0 1 l4
6
"ªS:,;í:'

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c. .
5

.g~ 4
o"
>~
-~ u 3
l,24 Mev -'g
~~ 2

j ,§
z
8.
o,~--7,!¡;¡¡-----,±,;--~>--..L_ o
2000 4000 liOOO o 1000 2000 3000 4000 ;)000
Hr (gauss-cm) Hr (gauss-cm)
(b) N 1" (e) RaE

Fig. 14.9 Espectros de partículas /3 contínuos. (a) Na24 [Siegbahn, Phy-s. Rev. 70, 127 (1946)].
(b) N" [Siegbahn e Slatis, Ark. Ast. Math. Fysik 32A, No. 9 (1945)]. (e) P" [Warshaw, Chen e
0,004
Appleto~: Phys. Rev. 80, 288 (1950)]. (d) In"' (Lawson e Cork"). (e) RaE (Neary').

Muitos emissores f3 tCm espectros complexos, o que significa que existem dois
ou mais espectros coro energías máximas e intensidades diferentes. Estes espectros
podem ser separados analisando-se a curva de distribui9ao obtida com o espectró-
metro magnético. O espectro do CI3 8 é mostrado na Figura 14.10, juntamente com
outros tres espectros simples dos quais ele é composto. As curvas sao novamente
curvas de distribui9ao de momentos em vez de curvas de distribui9ao de energia.
As energias máximas sao 4,81 Mev, 2,77 Mev e 1,11 Mev, respectivamente, e as
intensidades relativas sao 53%, 16% e 31%, respectivamente. Dais raios y foram

J 2000 -1000 fil)()(/


\
observados junto com as partículas {3, um com urna energía de 2,15 Mev, o outro
com urna energia de 1,60 Mev. Um dos isótopos do antimónio (Sb 124 ) tem um es-
pectro ainda mais complexo constituído de cinco espectros simples com energias
máximas de 2,291 Mev (21%), 1,69 Mev (7%), 0,95 Mev (7%), 0,68 Mev (26%) e
Hr (gauss-cmJ, 0,50 Mev (39%); pelo menos seis raios -y diferentes sao observados.
A energia média das partículas {3 que formam o espectro contínuo pode ser
calculada a partir da curva de distribui9§.o de energía. A energía total é obtida
Fig. 14.9 (continua na págim1 seguinte). integrando-se o produto do número de partículas com urna energía dada por aquela
energía. O número de partículas é determinado integrando-se o número de partícu-
296 FfSICA NUCLEAR DECAIMENTO BETA 297

120,-,1\:--:--,,--,---,,---,---.---.--~ Por outro lado, ThC pode decair para ThC 1 ' por emissao a: (energia de desintegra-
9.i:o a:, 6,203 Mev); ThC" pode entao decair por emissao {3 (energía máxima. 1,792
Mev) para um estado excitado do ThD. Este último entao decai por duas emissóes
de raios y sucessivas com urna energía total de 3,20 Mev para o estado fundamental
qo ThD. A mudan,a total de energía no segundo modo de decaimento é 6,203 +
"'-
~
1 792 + 3,20 = 11 195 Mev. A mudan,a total de energía deve ser a mesma nos dais
0 0
~
3 casos, e o é, desde que a máxima energía seja usada nos cálculos. Se fosse usada a
'E energía média, nao haveria tal concord:incia.
~
c.
~
-o
o
1 Outro exemplo é o det:aimento do C 14 para N 14 por emissáo de· elétrons. De
acordo com o resultado obtido acima, a diferern;a entre as massas do C 14 e N 14 deve
ser f:Xatamente igual a massa correspondente ,a energía máxima do espectro {3 do
-~;; C", já que nenhum raio y é emitido. Esta última energía é 0,155 Mev ou 0,155/
~ 931 15 = 0,000166 u.m.a. A diferen,a em massa entre C" e N" pode ser obtida
0

e independentemente considerando-se a seguinte rea98.o


~

.,E C 14 + p -> N + n +. Q,
14
z
para a qua! o valor de Q encontrado experimentalmente foi -0,628 ± 0,004 Mev. A
partir da Eq. (11.6), a diferen9a de massa é dada por

12 rn M(C 14 ) - M(N 14 ) = m (neutron) - m(próton) - 0,628/931,15


/Ir (g:i.11:-s-C'lll) X 10-:: = 1,008983 - 1,008144 - 0,000674 = 0,000165 u.m.a.
Fig. 14.JO. O espectro de partículas /l do CI" [Langer, Phys. Rev. 77, 50 (1950)]. que é exatamente a mesma diferen9a de massa dada pela en"ergia máxima do es-
pectro {3. Muitos outros casos similares forarn estudados, e em cada caso o inesmo
. /
resultado é obtido. Portante, nao existe dúvida de que a energía máxima do es-
las c?m· u~a energia ~iid~ e?1 _rela9iio a energia; este número é justamente a área pectro é aqueta que entra no balan,;o de massa e energía ero rea96es nuclear-es.·
debaixo da curva de d1stnbut9ao. Expressa matematicamente, a energia média é Os resultados acima levararn ao seguinte paradoxo: um núcleo pai num estado
definido de energía emite uro elétron e deixa um núcleo produto que também está
num estado definido de energía. A energia do elétron emitido, entretanto, nao é
igual a diferen,a entre a energia do núcleo antes e depois da emissao, porque pode
(14.9) ter qualquer valor entre zero e a energia máxima do espectro coritínuo; a energía
média da partícula emitida é somente um ter90 da energia máxima. 10 Parte da ener-
gía, aproximadamente dois ter¡_;os, parece ter desaparecido, e o princípio da conser-
Va!ráO da energía parece ter-sido violado. Ern vista do fato <leste princípio ser básico
!o
onde é a energía máxima, Té a energía, e N(T) d'J' é o número de partículas com para a física atómica e nuclear, assim como para todos os ramos da física e química,
energ~as e~t:e T e T + dT. Para Rar:. com urna energia máxima de J, I7 Mev, a a possibilidade de que ele nao fosse válido para o decaimento {3 representava um
energia m~dta enc_ontrada desta mane ira é 0,34 Mev. A energía média as saciada sério desafio a teoria física.
com ª desmtegra9a~ pode ser determinada diretamente colocando-se um emiss'or f3
dent~o de um ~alonmetro ~esenhado para abs.orver todos os produtos de desinte- 14.5 A teoria do decaimento beta. Base da teoría. Em 1934, parecía haver so-
gra9ao conhe_c1dos, e ~edmdo-se a energía calorifica total produzida por um nú- mente duas maneiras de explicar as dificuldades surgidas com o espectro {3 contí-
mero con~ecido de desmt_egra!róes. Experiencias deste tipo foram ,realizadas com nuo. Urna maneira era renunciar a idéia de que a energía é conservada durante uro
RaE, e tres observadores mdependentes 7•8 •9 obtiveram valores de o 35 + o 04 M processo de decaimento {3. Esta solu93.o na.o era bem vista porque o princípio da
0, 3!7 :t 0,020 Mev e 0,340 Mev, respectivamente. Estes resultadds calorÍmétri;;~ conserva9áo da energía tinha sido sempre bem-sucedido em todas as suas aplica-
~~ta~bel!1 :xcelente concordancia com o valor 0,34 Mev obtido a partir da curva de ¡_;óes anteriores e era difícil aceitar a idéia de que ele deveria falhar no decaimento
1st n lll!rao, de m_odo que a energia média é somente um ter!rO da energia máxima {3. Além disso, o conceito da conservai;;ao é praticamente uro ato de fé para os
1,17 Mev. ' físicos, e qualquer outra idéia seria preferível a renunciar a este conceito. A se-
d Pode-se mostrar q":e, quando ocorre urna transforma!r3.0 {3, a energia do núcleo gunda solu!ráO, que foi aplicada com suc;esso por Fermi na sua teoría do decaimento
.~cre~ce d~ urna quant1d~de exatamente igual· a energía máxima do espectro emi- {3, é baseada na hipótese do neutrino, sugerida primeiramente por Pauli. Postulou-se
tir o. onsidere-se o deca1mento do ThC para o estado fundamental do ThD. E,ste que urna partícula adicional, o neutrino, é produzida no decaimento {3 e carrega a
~ oc~sso pode_ o~orrer p~r duas maneiras, como veremos. Tório e (Bi212) pode energía que falta. Neutrinos nao haviam sido detectados experimentalmente, e suas
ec~~r por e1!11s:ao de elet_rons (en~rgía máxima. 2,250 Mev), para O ThC', que propriedades deveriam ser tais que os tornariarn muito dificeis de detectar. Por-
decai por emissao ~1:1 (energia de desmtegra98.o a:, 8,946 Mev) para o estado funda- tanto, postulou-se também que o neutrino é eletricamente neutro e tem urna massa
mental do ThD(Pb ). A mudan,a total de energía é 2,250 + 8,946 = 11,196 Mev. muito pequena, isto é, muito pequena comp~rada com a do elétron; a massa do
I'
DECAIMENTO BETA 299
298 FISICA NUCLEAR
núcleo muda para outro emitindo urna partícula {3. Suponha-se que um núcleo A
neutrino poderia inclusive ser zero. A auséncia de carga está de acordo com a emita urna partícula (3, deixando um núcleo produto B, e que nenhum neutrino é
necessidade da conserva~áo da carga durante o decaimento /3, de modo que esta emitido. O momento angular do sistema ()3 + /3) consiste de trés partes: o momento i
propriedade nao é arbitrária. · angular de B, o momento angular rotacional de B e (3 em torno do seu centro de 1:1
Pela hipótese do neutrioo, cada processo de decaimento /3 é acompanhado Pela rriassa comum, e o spin de {3. Para que o momento angular total se conserve, a
libera<;ao de urna quantidade de energia dada pelo ponto máximo do espectro. Esta resultante destas trés contribui9óes deve ser igual ao momento angular do núcleo
energía de desintegra98.o é repartida entre a partícula /3, o neutrino e o núcleo que inicial A. Como o número de massa do núcleo nao é mudado pelo processo de
recua. Como se sabe da mec8.nica, quando a energía é dividida entre tres partículas, decaimento, a primeirl,l contribui980 (inomento angular de B) <leve ser igual ao mo-
os princípios da conserva9áo da energía e momento nao detenninam unívocamente mento angular de A, du diferir dele por um múltiplo inteiro de h/211'. Mostra-se na
a energía e momento de cada partícula, como nos problemas de dais carpos. mecánica quántica que a segunda contribui<;ao, que é o momento angular rotacio-
Quando este resultado é aplicado ao decaimento /3, isto significa que os diferentes nal, pode ser sornen te zero, ou urn múltiplo inteiro de h/211'. Finalmente, o spin da
núcJeos de urna mesma espécie distribuem sua energía disponível de maneiras dife- partícula {3 (elétron ou pósitron) é conhecido como sendo ½(h/211'), De acordo corn
rentes entre as partículas produzidas numa faixa contínua de energias. Assim, a a mecánica ondulatória, quando se somam dais ou mais momentos, a resultante ou
hipótese de que um neutrino também seja emitido torna possível explicar de urna é igual a soma das componentes, ou é menor que a soma por um múltiplo inteiro
'rnaneira geral o espectro continuo das energias das partículas {3. Para ser aceitável, h/211'. Quando as trés contribui¡;óes s-.io sornadas de acordo com esta regra,
entretanto, a teoría do decaimento {3 deve fazet mais que isto; deve explicar a forma descobre-se que o momento angular total do sistema (B + {3) deve diferir do mo-
da curva de distribui980, a existéncia de urna energía máxima e a existCncia de um mento angular de A por um múltiplo impar de ½.(h/21r). O momento angular total de
máximo na curva. A teoría deve também dar a rela980 carreta entre a energía média um sistema de número de maSsa par seria um múltiplo inteiro de h /21r para o núcleo
e a energia máxima. Finalmente, ela deve explicar certas correlar;óes, que serao pai e um múltiplo semi•inteiro de h/211' para o núcleo produto e partícula {3 juntos.
discutidas mais tarde nesta ser;8.o, entre as energías máximas e as constantes de Para um sistema de número de massa ímpar, o momento angular total seria um
decairnento em desintegrar;óes {3. A teoria de Fermi do decaimento {3 e· suas exten- número semi-inteiro para o núcleo pai e um inteiro para o núcleo produto e a partí·
sOes, baseadas na hiRótese do neutrino, obtiveram sucesso ao explicar todas as cula{3juntos. Entretanto, se supornos que um neutrino com spin ½(h/21r) é emitido,
características do decairnento {3 acima citadas. Apesar de inicialmente parecer es- a resultante dos spins do elétron e do neutrino é um inteiro (1 ou O, em unidades de
tranho e arbitrário postular a existencia de urna partícula nao detectada, esta hipó- h/211'). O momento angular resultante de todas as partículas deixadas após o decai-
tese conduziu a urna teoría do decaimento {3 bem-sucedida. O sucesso da teoria mento, núcleo produto, elétron e neutrino é entao_ inteirO ou semi-inteiro depen-
pode sei- visto como urna evidencia presumível da existéncia do neutrino, e condu• dendo do momento angular do núcleo pai ser inteiro ou semi•inteiro, e O momento
zi_u a urna grande quantidade de trabalhos teóricos e experimentais sobre tentativas angular total do sistema pode ser conservado.
de ·detectar neutrinOs' diretamente. Este trabalho finalmente teve sucesso, e as ex· Um argumento análogo pode ser usado para a estatística de um sistema sofrendo
periéncias_ bem•sucedidas serao discutidas na Ser;ao 14.8. um decaimento {3. Sem o neutrino, o número de partículas no sistema difere de urna
A teoria de Fermi está baseada nas seguintes idéias. Quando um núcleo emite unidade antes e depois da transformar;ao {3. Esta diferen9a implica em que a estatís-
urna partícula /3, sua carga muda de urna unidade, enguanto que sua massa pratica· tic¡} <leve mudar, tanto da de Fermi-Dirac para Base.Einstein ou vice-versa. Este
mente nao muda. Quando a partícula {3 ejetada é um elétron, o número de prótons tipo d~ _náo-Conservar;ao também é desagradável para a vis§.9 de um físico, e é
no núcleo aumenta de um~ e o número de neutrons decresce de um. Na emissao de evitado supondo•se que o neutrino obedece a estatística de Fenni-Dirac. O número
pósitrons, o número de PrótÜns decresce de um e o número de néutrons aumenta de de partículas entao muda de duas unidades e, como o néutron, próton, elétron e
um. rransformar;óes beta _podem en~o ser representadas pelos seguintes proces• neutrino sao partículas de Fermi- Dirac, os núcleos inicial e final obedecem ao
sos;'"!(,:.;], .-__:;;r➔ ;,mi'lq í, '.·, .,: :,::.:,,·;:,'.~i"?'~i. ·.,,, ;:¡_,;,·H.:'1,,· ,:-,:r:i1 <·:.,,U :;w~r:;t:;~f.:!:.;;:c,;•:;,_ .~•1 mesn:io tipo de estatíst!c.~.--................... -·-··--·-·· ... -·-···. _ ·--. ___ _
:·:.ú·"'.~.,d ¡~-; 'Úm:..:1i-1't ;}f;:':.I!:.· ;1JL, ,,;, ~->' · ,,_:: .,-,¡.,,¡,·,\• p};f, 6'3' 7::,--:·ír:'.; ;;r.::--;~, · As propriedades postuladas para o neutrino podem entiio ser resumidas como
.,~,irntm o.,,,,,,,,;,,, .. 13- -emissao: 0 n 1 ---+ 1 Hl,+ -ie +,v; ,,c:cwL (14.10) segue: sem carga; massa muito pequena, possivelmente zero, ou pelo menos muito
'j¡.i ¡~· _fl"/r.m:,t~J·!~. ·;n .}' !i+':~ihi;;,'ao: "1H1 --~· o~ i '+. ~'eo··+: ~; (14.11) pequena comparada a massa do elétron; spin igual a 1/2(h/21r), estatística de
Fermi-Dirac.
A hipótese do neutrino _e a teoria desenvolvida por Fenni se aplicam também
onde V representa o· neutrino.- o-o'eutron nao.é visto como composto de urri ·próton, ao processo da captura de elétron orbital, que pode ser representada pela equa¡;ao
urn elétron e um neutrino mas considerado como transformando-se nestas trés par-
tículas no instante da e~issao {3. O néutron ou próton que é transfo.rmado nao é (14.12)
evidentemente urna partícula livre, mas está ligado ao núcleo por forr;as nucleares.
Descobriu•se 11 que o néutron livre sofre um decaimento {3 de acordo com a Eq. Viu-se na Se¡;áo 12.2 que a captura de elétron orbital pode acorrer desde que a
(14.10), e tem ,urna meia-vida de cerca de 12 mio, fenómeno que será' discutido massa do átomo inicial seja maior que a do átomo final. A energía correspondente a
mais tarde com··maiores detalhes. Num núcleo radioativo mais complexo, os néu- esta diferen9a de massa é liberada. Neste processo, o número atómico do núcleo
trons nao podem agir como partículas livres; seu decaimento é urna propriedade do muda de Z para Z - 1; os elétrons externos se rearranjam, e sao emitidos raios X
núcleo corno um todo e nao <leve ser confundido com o decaimento de um nCutron característicos do núcleo produto. A energia total liberada, AE, deve ser a soma da
livre. energía de ligar;ao, E~, do elétron, a energía de recuo, Er, do núcleo, e a energía
Outra propriedade do neutrino pode ser deduzida a partir da Eq. (14.10) ou Eq. cinética do neutrino. Mas, 6.E medida pode ser da ordem de Mev, enquanto que a
(14.11); esta propriedade é o momento angular intrínseco ou spin:Viu-se no Capí- energia de Iigar;ao do elétron e a energia de recua do núcleo sao muito menores.
tulo 8 que os valores medidos do momento angular total de diferentes núcleos Quase toda a energia disponível é carregada pelo neutrino, já que nenhuma partí-
podern ser explicados por urna hipótese na qual os núcleos contCm somente prótons cula {3 ou raio y sao observados; somente desta maneira a energia pode ser conser-
e néutrons. Urna dificuldade com o momento angular surge; entretanto, quando um
DECAIMENTO BETA 301
300 FÍSICA NUCLEAR
14.6 A teoria do decaimento beta. Resultados e compara~o com a experién-
vada. Os neutrinos emitidos durante a captura do elé~rori orbital tSm todos a mesma cia. O problema da teoria do decaimento /3 é calcular a probabilidade dos proces-
energia, que é igual a AE - Ee - Er• O último resultado dec_orre do _fato de que a sos das Eqs. (14.10), (14.11) e (14.12). Para fazer os cálculos é necessário introduzir
energia A.E - Ee é dividida entre duas partículas, s?rnente cuJa energ1!1 e mom~nto urna for9a que pode produzir as mudangas expressas por aquelas equa96es, isto é,
sao unívocamente determinados a partir da cinematlca. Segue-se tambero a partir da converter um n€:utron num próton, ou vice-versa, e ao mesmo tempo produzir um
Eq. (14.12) que o momento angular total e a estatística _sao cops~rvados so~ent_e se elétron ou pósitron e um neutrino. Fermi introduziu tal for9a e tratou sua opera9ao
0

spin do neutrino é ½(h/2,r) e s~ o _nemrino_ obedec_e _estalls~1ca de Ferm1-Dirac. matematicamente por métodos análogos 3queles usados no tratamento, pela mecíl-
Antes que a teoría de Ferm1 seJa d1scut1d~, _sera util c~ns1~erar certas correla- nica qu.intica, da emissác¡, de radia9ao eletromagnética. A teoria de Fermi14 • 15 for-
9oes que foram observadas entre a energia ma~1ma e a meia-v~da o~ ?onstante d~ nece urna fórmula para a distribuic;;:lio de energia das partículas f3 emitidas, isto é,
desintegra9ao. Estas correla96es ocupam lugar tmJ?ortante na s1stemattca d~ deca1- para a fra~o dos núcleos que se desintegram por unidade de tempo emitindo urna
mento {3. Sargent 12 descobriu que, quando ? logaritmo d~ co~st_ante de desmt~gra- partícula /3 com energía cinética entre T e T + dT. Esta fra9iio é
~o era colocado num gráfico contra o logantmo da energ1a max1ma para os em1sso-
res /3 existentes na natureza, a maior parte dos pont_os caía sobre ou perto de dilas P(T) dT = G2 JMJ 2 F(Z,T) (T +m c 0
2
) (T 2 + 2m c T)
0
2 112
(To - T) 2 dT.
Iinhas retas, como mostra a Figura 14. 1 l. Estas bnhas, chamadas d~ curvas· de
Sl1rgent, representam regras empíricas que sao análogas a re~ra de Ge1ger-Nuttall (14.13)
no decaimento a. Em contraste com os resultados para o deca1mento a, a co?stante
de desintegra9ao no decaimento f3 náo varia tao ra~i~amen~e c~m a energia, e as A Eq. (14.13) será discutida com algum detalhé, e suas previsóes comparadas com
duas curvas náo correspondem cada urna a urna sene rad1oat1va. Para um dad~ resultados experimentais. A quantidade G é urna constante natural que representa a
valor da energia máxima, a curva superior na Figura 14.l~ dá um_valo~ de A que e intensidade da for9a de Fermi; sua grandeza real nao será importante na discussao a
cerca de 100 vezes maior que os valores corres_pondentes na curva mfenor. Para um seguir. F(Z,T) é urna fun9iio complicada que descreve o efeito do campo de Cou-
dado valor da energia, urna transforma93o na curva inferio_r é, P?rtanto-, cer~8: de lomb do núcleo sobre a partícula f3 emitida. Para Z = O, F vale um; F muda muito
100 vezes menor que a transforma!;ao típica da curva supeno~. D~z-se que a curva lentamente a medida que Z aumenta até cerca de 20, após o que varia mais rapida-
superior representa as transirOés permitidas, e que a curva mfenor repre~enta as mente. Emissao de elétrons e pósitrons é tratada ·tomando-se Z po'sitivo na fórmula
transiróes proibidas. Os termos permitidas e proibidas dev~i:n ser cons1~erados para F quando sáo emitidos elétrons, e negativo quando sao emitidos pósitrons. O
num sentido relativo, e valem para diferentes graus de probabd1dade de desmtegra- fator JMI' é o quadrado do módulo da quantidade da mecanica quanticaM, chamada
~o espont~nea.::..:,-\ ·•:.; ·T,.c::,¡ •.. •--:~:.:,·::.. :.. ·., · <: -,or,,'....,f'--=' :x_ .- ·' _,_, -·~· de elemento de matriz, que é medida da probabilidade relativa de que o núcleo sofra
- ·. A idéia de Sargent de colocar num gráfico log A contra log To fo¡ estend1da aos urna transforma9áo (3. Na maior parte dos casos, M nao pode ser calculado exata-
emiss0res /3 produzidos\a:rtificialmente, e um grande número de curvas de, Sargent mente, mas considerac;;:0es gerais tomam possível fazer distingóes teóricas··entre as
foi obtid(). 13 .É necessário considerar separadamente as curvas para nu:hdeo~ de transi9óes permitidas ou proibidas. As outras quantidacjes do lado direito da Eq.
números atómicos pequenos, intermediários, ou grandes. Em cada ca~o_sao obt1~8:s (14.13) constituem urn fator estatístico que descreve como a energia T 0 é repartida
diversas curvas, das quais se considera que. urna representa as ~r~n~1~oes penmtl- entre o elétron, o neutrino e o núcleo produto. O fator estatístico é responsável
dás; as outras representam transig0es com diversos graus de pro1b1930. E~tas regu- pelas propriedades gerais do espectro /3 contínuo; To é a energia- disponível para a
laridades nos resultados experimentais significam que a· teoria dó de_caimento /3 desintegragáo e m 0 é a massa de repouso do elétron.
deve explicar as probabilidades relativas diferentes de ernissáo "/3_, ass1m como as A estrutura da Eq. (14.13) pode entiio ser descrita como segue. O fator G'JMI' é
propriedades do espectro de energía. - · " .,,.,-¡,é •""" · · · · -- · urna medida da probabilidade relativa de que o núcleo possa emitir urna partícula f3
·:1··,::. 1 f;~:;:.¡•_: '::,.-:, ;~¡,¡jJ:J!l'!,'.\ .,_;;".,J,''. e um neutrino; F(Z,T) mostra o efeito do campo de Coulomb do núcleo sobre. a
emisslio da partícula {3, e o fator estatístico mostea como a fra<;lío da ·energía de
AcC11 desintegra9ao· disponível é carregada pela partícula /3. Todos os fatores juntos dao a
probabilidade necessária de que urna partícula f3 seja emitida com a energia apro~
RaC priada.
•AcB •RaB
Para transic;;:0es do -tipo permitido em nuclídeos com pequenos valoreS de Z, a

i
5 T Eq. (14.13) pode ser simplificada; F pode ser tomado igual á unidade e M pode ser
~ ThB ' B Th; tomado como sendo independente da energía. A distit:igáo entre transi96es permiti-
•. ~ 4- das e proibidas será esclarecida mais tarde nesta se~o. Até lá, urna transi9áo per-
..8 A mitida deve ser vista simplesmente como urna que tem probabilidade relativamente
. + 3 RaE alta, isto é, meia-vida relativamente curta e constante de desintegra9á0 grande.
"' UX1 Com a aproximagáo acinia, a probabilidade teórica de decaimento pode ser escrita
2 como

(14.14)
RaD
0 5,5 6,0 6,5 7,9 onde G' é urna nova constante. A Eq. (14.14) vale para emissores /3 tais como o
4,5 5,0
nCutron, H 3 • He 6 , C 11 , N 13 , 0 15 e F 17 , e é mais simples de discutir que a Eq. (14.13).
Log10 energia (ev)
Ela mostra que para T = O e T = T0 a probabilidade do decaimento f3 desaparece.
Fig. 14.11 Diagrama de Sargent para emissores f3 naturais. O log da constante de decaimento enguanto que para valores de T entre O e T,, P(T¡ é positivo. Quando P(T) é colo-
12
é colocado no gráfico contra o log da energía máxima das partículas /3.(Sargent ).
DECAIMENTO BETA 303
302 FÍSICA NUCLEAR
Na prática, a distribui9ao d~ ~omentos das partículas f3 emitidas é usada fre-
cado num gráfico contra T, o valor é zero quando T = O, aumenta a medida que T qüentemente. l'ma fun9ao P(p) pode ser definida tal que P(p}dp seja a fra,ao de
aumenta, passa por um máximo, e entiio decresce para zero quando T = To- Para desintegra¡;O·es que dao partículas /3 corn momento entre p e p + dp. A cada inter-
um dado valor de r 0 , o valor médio da energia da partícula /3 emitida pode ser_ valo de energia dT corresponde um intervalo de momento dp. O número de proces-
achado por integra9áo e concorda bem coro os valores medidos da energia média. 10 s9s é o mesmo, por defini9áo, para intervalos correspondentes, tal que P(T)dT =
A expressao teórica para o espectro numa transi980 permitida dá assim correta- P(p)dp, ou N(T)dT = N(p)dp. Descobre-se entao que a distribui,ao de energías,
mente as características mais importantes do espectr_o /3 experimental. Eq. (14.13), é substituída pela distribui91io de momentos
Os valores teóricos da constante de desintegra98.o >.. e a meia-vida T sao obtidos
integrando-se a Eq. (14.13) ou Eq. (14.14) sobre os possíveis valores da energía P(p) dp ;__ cG 2 IMl 2 F(Z,p)p 2 (T 0 .:__ T) 2 dp. (14.18)
cinética:
No gráfico de Kurie, a fun,ao [N(p)/Fp']'" pode ser colocada num gráfico contra T,

>- = !T = ¡ O
T0
P(T) ilT.
·

(14.15)
onde N(p) é o número de partículas f3 contadas que tem um momento p. O resul-
tado <leve ser novamente urna linha reta.
Gráficos de Kurie sáo mostrados na Figura 14.12 para alguns emissores f3 de
interesse especial, o neutron, trítio {H 3 ), 0 15 e ln 114 • Urna linha reta é obtida ern
No caso do espectro simples permitido representado pela Eq. (14.14), a integra~ao cada caso, assim como um valor preciso da energia máxima. Estes resultados, jun-
pode ser feita analiticamente e A pode ser expresso diretamente em termos da ener- tamente corn muitos outros sernelhantes, fornecem forte evidencia da validarle da
gía máxima T0 • Verifica-se, numa primeira aproxima¡;ao, que a constante de desin- teoria de Fermi dos espectros permitidos. O gráfico de Kurie para o néutron, Fi-
tegra¡;áo é proporcional a quinta poténcia da energia máxima gura 14.12(a), dá urna energía máxima de 0,782 ± 0,013 Mev. Este valoré justa-
mente aquele ·previsto a partir da diferen¡;a entre as massas do neutron e do próton,
A "" kTZ ... ' que é 0,00084 u.m.a. ou 0,782 Mev. O trítio é o nuclídeo ernissor de elétrons mais
simples, afora o néutron; seu gráfiéo de Kurie, Figura 14.12(b), dá urna energía
onde k é urna constante. A última equa¡;~o pode ser escrita como •·· máxima de 17 ,95 ± O, 10 kev. Este valor e o gráfico mostrados sao importantes
porque, como será discutido mais tarde, tomam possível urna estimativa da massa
., ... , log >. "" log k + 5 log T 0, do neutrino. O gráfico para 0 15 , Figura 14.12(c), é um exemplo do espectro de urna
·;;'.·;;,-.1t_;tj•: H;·~,:;;;;·1,~L͵ :.:,P:;~'...~~:- l"i;¡ ."S.._/'.:. l'
transforma~áo de pósitrons permitida; a energia máxima é 1,736 ± 0,010 Mev. Fi-
e"deve representar, pelo menos aproximadamente, as curvas de -Sargent. Este.. é nalmente, o gráfico de Kurie para In 11 4, Figura 14.12(d), foi o primeiro caso 17 para o
efétivamente o caso, já ~c¡üe as inclina¡;Oes das linhas de Sargent sáo aproximada- qual obteve-se urna confirma¡;ao inambígua da teoria de Fermi sobre transforrna-
mente 5. Quando os efeitos de F(Z,T) e M necessitam de ser levados em conta, 96es permitidas.
como nas· trarisi¡;Oes permitidas de núcleos com maiores valores de Z, ou em transi- Para certas transforma96es muito proibidas, para as quais a meia-vida é relati-
¡;Oe"s proibidas, a compara¡;áo é menos direta e será discutida posteriormente: vamente longa e a constante de desintegra¡;ao é pequena, a forma do espectro se
Na prática~ ·á Compara9áo quantitativa entre os espectros experimentais e te- desvia-consideravelmente daquela prevista pelas formas mais simples da teoria.
óricos é feita·cté urna maneira tfogetlhosa ehvolvendo o chamado gráfico de Kurie, Estes desvíos foram explicados de urna maneira satisfatória como u-m resultado de
ou gráfico de Fermi. É conveniente reescrever a Eq. (14.13) antes de discutir este um desenvolvimentó pOsterior da teoria e refinamentos nos métodos experimentais.
métódo. Suporemos-que M é independente da energía e pode.ser considerado como Acontece Qué, flestes casos, o elemento de matriz M também depende da energia e
constante. A expressao (T + m,¡;') é justamente á energía total E do elétron emi- afeta a forma Oo espectro. Quando esta dependéncia adicional de energía é levada
tido; já que m,¡; 2 (= 0,511 Mev) é a energía de repouso do elétron. Pode-se mostrru: em conta, Obtém-se boa concordancia entre a teoria e a experiencia. 18• 19• 20
qlle na ·meca'nica relativística a expressao. (T2 + ·2mfl: 2T) 112 "é iguafao ''Illoiriento~!- O efeito de !MI' sobre a constante de desintegra9ao e a meia-vida, e portanto
pc, A diferen~a T 0 - Té igual aE 0 - E. A fra~o P(T)dT é proporcional ao número sua rela¡;ao com o problema das transforma96es permitidas e proíbidas, será discu-
N(T)dT de partículas /3 com energías entre Te T + dT. A Eq. (14.13) pode entao ser tido a seguir. Apesar da magnitude de !MI' nao poder ser calculada precisamente na
substituída por maior parte dos casos, parte do seu efeito em A pode ser estimada sern cálculos
detalhados. A teoría torna possível expressar 1Ml2 como urna série infinita, e esti-
N(T) ~ FEp(T. 0 - T).2- = FEp(Eo - E) 2 ,. (14.16) mar de urna maneira aproximada as grandezas relativas. dos termos sucessivos da
ou série. Descobre-se que o segundo termo é menor que o'·primeiro por urn fator de
cerca de 100, o terceiro termo é menor que o segundo por quase o mesmo fator, e
[N(T)/FEp] 112 ~ T0 - T = Eo - E. (14.17) assim por <liante. A magnitude de 1MJ 2 é, portanto, praticarnente a mesma que a do
primeiro termo nao nulo. Se o priméiro termo nao é zero, os termos seguintes
A teoría de Fermi prediz portan to que, se a quantidade[N(T)/FEp ]"' colocada num podem ser desprezados; !MI' tem entao um certo valor, assim como P(T) e >-, e a
gráfico contra T ou contra E, o resultado <leve ser urna linha reta que cruza o eixo transforma¡;ao é chamada permitida. Se o primeiro termo da série se anula, e o
de energia em T = T0 , ou eni E = E 0 • Se N(T) é tomado como sendo o número de segundo termo nao, o terceiro termo e os seguintes podem ser desprezados. O valor
partículas f3 observadas experimentalmente, entao o gráfico <leve ser um teste da de IMl 2 é dado pelo segundo termo da série, e é menor que no caso permitido por
teoria de Fermi. Este método de comparar a teoria coma experiéncia, sugerido por uro fator de ceréa de 100. Os valores de P(T) e>.. também sao correspondentemente
Kurie, Richardson e Paxton, 16 tern a vantagern de ser independente da medida real menores que no caso permitido, e a tranSforma~ao é chamada de proibida em pri-
de T0 • Se urna linha reta é obtida. existe urna boa evidéncia para a validarle da meira ordem ou proibida urna vez. Analogamente, se o terceiro termo da série é o
teoría, e o gráfico de Kurie fornece entao um método de extrapola¡;ao de linha reta primeiro que nao se añula, 1M)2 , P e >.. sao ainda menores, por um outro fator de
para achar a energia máxima.
304 FÍSICA NUCLEAR
DECAIMENTO BETA 305
8

6
I l
2
(X/p'F)l/2

1.736

2 o 0,5 1,5 2,0


Energía cinética {Mev)
(e)

2 3 4 5
200 -UJU 600 800
Energia cinética em quilovolts
(a)
.. Energia total E (unidades de mc 2)

{S(p) 1PFJVi
,,
1

'' o 0,4 0,8 1,2 1,6 2.0 2,2


Energia cinética (Mev)
(d)

Fig. 14.12 Gráficos de Kurie e Fermi para transforma~óes {3 permitidas. (a) O neutron (Rob-
·sonn). (b)hTrítio: H 3 (Langer e Moffat 27 ). (e) 0 15 [Kistner et al., Phys. Rev. 10S, 1339 (1957)].
., (d) In 114 (Lawson e Cork 17) •

cerca de 100, e a transforma9iio é chamada de proibida em segunda ordem ou proi-


bida pela segunda vez. Graus mais elevados de proibi98.o podem ser alcan9ados
continuando este argumento.
A questiio que surge imediatamente é a de saber por que o primeiro termo, ou
o prirneirp e o segundo, ou qualquer número dos termos seguintes na expansao de
1Ml2 devern se anular. A teoria fomece novarnente urna resposta. Numa transforma-
r;ao nuclear, a magnitude / do momento angular total do núcleo pode mudar por um
múltiplo inteiro de h/27í, com a diferern;a M aparecendo, por exemplo, como um
momento angular orbital do elétron e neutrino. Como no caso de transi9óes atómi-
cas (cf. Se9óes 7.3,4), existe urna regra de sele9ao que define quais os valores que
o 4 8 12 16 20 M pode ter. Se urna transforma9ao particular obedece a regra de sele9áo, o pri-
Energia cinética (kev) meiro termo na série para /M"l 2 nao se anula, e a transi9áo é permitida. Este resul-
tado decorre da maneira pela qual o momento angular dos núcleos iniciais e finais
é desenvolvido na expressao para 1M)2 pela teoria. Se a regra de sele9ao nao é
obedecida, o primeiro termo na série para 1M)2 se anula e a transi9ao pode ser, no
Fig. 14.12 (continua na página seguinte). máximo, proibida em primeira ordem. Existe também urna regra de sele9§.o para
transi9óes proibidas ·em prirneira ordem. Se ela é obedecida, a transi9ao realmente é
306 FISICA NUCLEAR DECAIMENTO BETA 307
proibida em primeira ordem; se nao, a transh;fio pode ser. no máximo, proibida em mais leves, tais como o_ neutron (logf1_ = 3,21), H" (logf1 = 3,06), He' (logft =
segunda ordem. Dependendo de qua! regra de sele<;8.o é obedecida. urna transfor- 2.74). Este grupo tarnbem mclu, os em1ssores de pósitrons· c 11 N 1:1 0 1:. p•
N 1\1 N 21
ma<;iio pode ser permitida ou ter um certo grau de proibi<;8.o. 10 ..~.l. ll ª, ,.12Mg23 '1~AI-·'.
.,. ..,- '" ' ' '. : 5 _._ 7 • R • 9
¡4S1-;, 15P-·l, 16s31, 11Cl3.I, 1sA3", 19K'l', 20Caªi1, 21Se41 e

As regras de selec;ao deduzidas a partir da teoria dependem da maneira pela. 2~ 11 · ·, Nos ulumos nuchdeos. o numero de massa A é igual a 2 Z - 1. e o número
qual se define a intera<;fto especial introduzida na teoria. Esta intera<;iio pode ser , de protons excede o n_úmero de n6utrons por urna unidade. A ernissiio de um pósi- 1
1,
definida de diversas maneiras diferentes, e nao existe nenhuma raza.o física a priori tron faz com que o nucleú produto tenha um n6utron a mais do que o número de ,¡
para escolher urna ou outra definic;ao. Existe. entretanto, alguma arbitrariedade na prótons. Assim, na reac;ao
teoria ainda para ser removida. A primeira. e mais simples, defini<;fto da intera<;§.o
foi sugerida por Fermi e levou a regra de selec;ao al = O para transforma<;óes permi- 1

tidas. Foram achadas inconsisténcias entre a teoria e a experiéncia. e Gamow e


'I
Teller usaram urna definic;ao diferente da interar;;ao. que levou a regra de seler;;fi.o M o núcleo p~i 6cu tem seis prótons e cinco n6utrons, enguanto que o núcleo produto
= O. ±: 1. Os trabalhos mais recentes neste campo do decaimento f3 indicam que a 11
58 _tem cmco prótons e seis neutrons. Nestes casos, os nuclídeos iniciais e os 11
interac;8.o real deve ser urna combinar;;ao dos tipos-de Fermi e Gamow-Teller. O nu_ch?eos produto sao chamados de nudídeos espelhos, por causa das relagóes si-
problema da definic;ao exata da interac;8.o que leva ao decaimento /3 ainda nao foi metnc~s. entre o número de prótons e néutrons. A emissiio de um pósitron tem urna
completamente resolvido, mas praticamente todos os fatos experimentais do decai- r:obab1hdad~ particularmente alta nos nuclídeos espelhos e os valores.ft sao espe-
mento /3 podem ser explicados pela teoria. e o problema mencionado parece estar c1alm~nte ba1xos. A~ transformac;óes <leste grupo com logft entre 2,7 e 3,7 sao
se encaminhando para urna soluc;ao. 20 descntas como trans1c;óes permitidasfavorecidas.
Apesar do elemento da matriz IMl 2 nao poder ser calculado precisamente na Existe um outro grupo de nuclídeos para os quais os valores de lag .ft caem
maioria dos casos, é possível tratar quantitativamente as diferenc;as entre as transi- e~tre 4 e 5,8. As ti:a,nsforma9óes sao descritas como transic;óes permitidas norma is,
c;óes permitidas e proibidas, ou pelo menos semiquantitativamente. A vida média de e mclu~m casos tais como B 12 ,. N 12 , S35 , Cu 64 e ln 114 • O nuclídeo Cu 64 é particular-
urna transic;8.o permitida, para a qual IMl 2 é independente da energia. é, a partir das mente mteressante porque ele sofre emissao de elétrons, emissfio de pósitrons e
Eqs. (14.13) e (14.15), ca~tu~a de el~t~on K; o valor de logft é 5,29 para emissiio de elétrons e 4.94 para
em1ssao de pos1trons, e ambas as transir;;óes sao permitidas.

T
1
-= X~ G2 [11f[ 2 larº F(Z, T)(T + m c )(T 0
2 2
+ 2m 0 c2 T) 112 (T 0 - T)2 dT.
V_alo~es de Iog/t na f~ixa de ?-9 sao característicos para transic;óes proibidas
em pnrne1ra ordem. Nuchdeos ta1s como Zr9', Cd 115 , Ba 14º e W1R7 sao incluídos
. (14.19) oeste grup~; RaE' é ~m caso duyidoso que é provavelmente proibido em primeira
ordem. Existe um numero relativamente pequeno de transic;óes proibidas em se-
' gunda ordem, para as quais o valor de Iogft está na faixa 12,2 - 13 5 · Cl"'' Te'"
A integrar na última equac;ao é urna funr;;8.o sornen te de Z e T 0 • Seu valor pode ser
obtido por integrac;ao analítica ou numérica dependendo de serem usadas ou nao as
es13s e e s131 sao
- • de transformagfio. Finalmente, •Be
exemp 1os <leste tipo • 1!l com
• um•
expressóes aproximadas para F. Em qualquer caso. a integral pode ser representada valor de logji igtí'!l_a 13,7 e K" com logft = 17,6 sao casos de nuclídeos cujas
por urna fun,aoftZ,T,), e a Eq. (14.19) pode ser escrita como transformac;óe~ {!,_ sao ainda mais proibidas. O grau de proibic;ao em quase todos os
casos acirna poae·-ser relacionado satisfatoriamente coma forma_d9 espectro e com
1/r = G 2 [M[ 2f(Z,T 0 ), (14.20) os momen~os ang~lares conhecidos ou presumíveis dos núcleos pai e filho.
ou 14.7 Níveis de energia e esquemas de desintegra~o. As transformac;óes beta
fT = J/G 2 [Jl1[2. (14.21) geralmente fomeéem inforrnac;óes sobre os níveis de energía dos núcleos produto e
sobre esque~a~ -~e desintegrac;iio. Estas transformac;óes sao acompanhadas as
O produto fr é urna quantidade cujo valor numérico depende somente do número vezes por rams 'Y, e a presenc;a da radia~o 'Y significa que o núcleo produto é
atómico e dos valores medidos da energia máxima e vida média. Se a dependéncia formado num estado excitado e passa ao seu estado fundamental emitindo. um ou
de 1Ml 2 com a energia é desprezada no caso de transic;óes proibidas, a última equa- mais raios 'Y. Se nen hum raio 'Y é emitido, a transic;ao /3 é direta ao estado funda-
c;ao pode ser aplicada também a estas transic;óes. A pesar de algum erro estar envol- mental do núcleo produto. No caso do 0 15 , um pósitron é emitido, e n'ao se observa
vido porque IMl 2 para transic;óes proibidas deperide em alguma medida da energia, o nenhum raio y. A energia máxima é 1,73 Mev, e a energia da desintegrac;fi.o f3 é 1,73
produtofr pode ser usado _como urna indicac;fio do grau de proibic;iio. Como o valor Mev + 1,02 Mev = 2,75 Mev. Este último resultado segue do fato, discutido na
de 1M!2 para a prime ira transic;ao proibida é menor por um fator de cerca de I00 que Sec;:ao 12.2, de que duas massas de elétrons extra sao necessárias para que a emis-
o valor para urna transic;fio permitida. seria esperado que o valor de fr fosse cerca sao d~ pósitrons seja energeticamente possível. Segue-se que a diferenc;a entre as
de 100 vezes maior para a P.rimeira transic;fio proibida que para urna permitida. e~erg1a~ dos est~do~ fundamentais do 0 15 e N 15 é 2,75 Mev, que é tambérn a ener-
Na prática. o .produto da func;ao fe a rneia-vida é o calculado usuarmente. A gia eqmvalente a d1ferenc;a entre as massas <lestes dais nuclídeos. O nuclídeo Pº
meia-vida tem sido indicada por T 1n. de modo que os valores do produto f[ 112 (Fig. 14.13a) emite elétrons com urna energia máxima de 5,41 Mev, e também raios
devern ser considerados, com .flw = 0.693 _r.. A meia-vida, entretanto. é freqüen- Y d-~i I .63 Mev. A ener~ia de desintegra9~0 total é 7 ,04 Mev, e o núcleo produto
temente indicada port. e o produto ft é chamado de meia-i,fda comparariw1, ou o Ne- tem um estado excitado J ,63 Mev ac1ma do estado fundamental.
valorft. Os valoresfr de várias centenas de emissores /3 já foram determinados21 e O espectro beta do 0' 5 e F 2º é simples e os esquemas de decaimento também
analisados. 20 • 22 Eles variarn de cerca de 1000 s até cerca de 10 111 se, por convenién- sao. ~imples. Entretanto, algumas vezes. dais ou rnais grupos de partículas /3 sao
cia. o logaritmo do valor Ir é geralmente considerado ao invés do próprio valor ft. cm1t1úos. O espectro entiio é complexo; ele pode ser separado em dais ou mais
Os menores valores de meia-vida comparativa sao encontrados para um grupo de espectros rnais simples, e observam-se raios y. No caso do 0 14, em mais de 99%
núcleos leves para os quais·logji = 2.7 até 3.7. Este grupo inclui os emissores {3 das desintegrac;óes siio emitidos pósitrons com urna energia máxima de 1.84 Mev:
DECAIMENTO BETA 309
308 FISICA NUCLEAR
decaimento é mostrado na Figura 14.13(b). O decaimento por emiss3.o de elétrons
raios y de 2.30 Mev sao também observados. A energia de desintegra~áo total é do Mg27 é mais complicado: cerca de 7(Yfc, das desintegrai;óes correspondem a urna
1.84 Mev + 1.02 Mev + 2.30 Mev = 5.16 Mev. dos quais 2,86 Mev sao a diferen,a energia máxima de 1, 78 Mev e cerca de 30% das desintegrai;óes correspondem a
de energia entre o estado fundamental do 01-1 e o estado excitado do núcleo produto urna cnergia máxima de I ,59 Mev; observam-se raios 'Y com energias de 0,834 Mev
NH. O núcleo de N 14 passa a seu estado fundamental emitindo um raio 'Y de 2.30 e I,015 Mev, respectivamente, e, em menos de um por cento das desintegrai;óes,
Mev. Em cerca de 0.6% das desintegra~0es. o 0 14 sofre urna transi~áo diretamente um raio 'Y com urna energia de 0,18 Mev é observado. Experiencias de coinciden-
para o estado fundamental do N 1·1 emitindo pósitrons de 4.1 Mev. O esquema de cias mostram que o raio 'Y de 1,78 Mev e o raio 'Y de 0.834 Mev pertencem a mesma
transii;ao (isto é, eles¡s8.o coincidentes), e que o raio /3 de 1,59 Mev e o raio 'Y de
1.015 Mev pertencem a mesma transii;ao. Um esquema de decaimento consistente
F'º com todos estes dados é mostrado na Figura 14.13(c). A transi98.o direta do estado
/T, I.IIMev fundamental do Mg27 ao estado fundamental do Al 27 por emiss8.o de elétrons eviden-
s-, 5.41 Mev ¡r. 2.77 Mev (31%) temente é muito proibida. O decaimento por emissao de elétrons 90 CP8 tem trés
(16%) -
grupos de elétrons, como discutido na Sei;ao 14.4; dois raios 'Y foram observados, e
1,63
o esquema de decaimento é mostrado na Figura' 1.4.13(d). Um esquema ainda mais
y ( 1.63 M_ev)
complicado é aquele do 57 La 140 , mostrado na Figura 14.13(e); pelo menos quatro
_.,.,,.""'"_º grupos de elétrons esta.o envolvidos e pelo menos nove raios y foram observados.
O nuclídeo Cu64 é um caso particularÍnente interessante de decaimento /3 por-
que ele emite tanto elétrons como pósitrons e também sofre captura de elétron
...,,__... o orbital. Em 39% das desintegrai;óes, um elétron é emitido; o espectro 13- é simples e
(a)
A38 a energía máxima é 0,57 Mev. O núcleo produto Zn 64 é formado no seu estado
(d) fundamental. Em 19% das desintegrai;óes, um pósitron é emitido corn urna energía
máxima de 0,66 Mev; o núcleo produto Ni 64 é formado no seu e·stado fundamental.
Em 42% das desintegrai;óes, um elétron K é capturado. Em quase todas as captu-
La 140 ras, o núcleo produto Ni64 é formado no seu estado fundamental, mas numa pe-
{3-, 1,15 Mev e energias menores quena fra9áo das capturas K observa-se um raio 'Y com urna energía de 1,34 Mev.
Ql4
¡r, 1,67 Mev (48%) Existe portan to um nível excitado do Ni 64 , 1,34 Mev acima do estado fundamental.
(14%)
¡r, 1.34 Mev (30%) Mostrou-se que o raio 'Y é observado somente em coincidéncia com a captura de
elétron orbital, e nao está associado com a emissiio de um elétron ou pósitron. O
¡r, 2,15 Mev - - - - - - - 3,00 esquema de decaimento do Cu64 é mostrado na Figura 14.13(!).
(8%)
f!',4.1 Mev , - - - - ~....+- 2,52 Os exernplos de esquemas de desintegrai;iio que acabamos de discutir represen-
(0.6%) \ ,.....,,,,...,...,,+-11-+-+- 2.41. tam urna pequena frai;iio dos esquemas que foram analisados. Várias centenas de
'- ......,......;.-..i..¡...-+- 2,08 esquemas já foram determinadas, variando em complexidade-e nos detalhes com
que foram desenvolvidos. Compila9óes destes esqt.1emas sáo úteis em muitas fases
.............:..-.1..j..+- 1,60
dos trabalhos em física nuclear, e indicamos ao leitor a de Strominger et al., citada
entre· as referenci.as gerais no final do capítulo.
(b)
_.___,........... o 14.8 O neutrino. O sucesso "da temia de 'Fermi do decaimento (3 em explicar
Cel40 as propriedades das transforma9óes f3 fomece urna prova indireta da existéncia de
(e) neutrínos. Este sucesso encorajou tentativas de mostrar experimentalmente que
existem neutrinos. 23 Mas as propriedades que o neutrino deve ter para atender as
condi9óes da teoria, em particular a carga nula e massa muito pequena, implicam
Cu64 que a intera9áo entre neutrinos e matéria é muito pequena. A pequena intensidade
¡r, 1.59 Mev 13-. 0,57 Mev desta intera9iio é enfatizada pelo fato de que a descoberta do néutron, com urna
(30%) (39%) massa muito maior que a imaginada para o neutrino, apresentou alguma dificuldade,
J3+, 0,66 Mev e niio surpreende que as tentativas de detectar ioniza9iio causada por neutrinos
1.34 ...,._..... (19%) falhararn. Pravas indiretas adicionais para a existéncia de neutrinos foram procura-
EC(-42%) das, entretanto, a partir de estudos de balan90 de momento e energia em decaimen-
--"--0
znG4 tos {3. Também foi possível deduzir, a partir de dados nuc_leares, um limite superior
o-------
Ni64
para a massa de repouso do neutrino. Finalmente, em 1956, füi observada urna
reai;ao n~clear induzida por neutrinos, um decaimento f3 inverso, e a procura expe-
rimental do neutrino terminou por ser bem-sucedida.
(e) (f)
Consideremos primeiramente o problema da massa do neutrino. Estimativas
desta massa podem se·r obtidas a partir de dois tipos de experiéncias, comparai;8.o
das máximas energías dos espectros de raios f3 observados com as energías de de-
Fig. 14.13 Esquemas de decaimento para emissores {3. (a) Fº. (b) ~)' 4 • (e) Mg 27 • (d) Cl3B. (e) caimento disponíveis. e a forma do espectro de raios {3 perta do ponto de máximo.
La 140 • (t) Cu64 • [Strominger. Hollander. e Seaborg. Revs. Mod. Phys. 30, 585 (1958).]
DECAIMENTO BETA 311
310 FISICA NUCLEAR 1

98.0 a do neutrino, e sua energia cinética éjustamente ½Mv • O neutrino. entretanto.


2
,¡, 1

A maior energia cinética com que urna partícula f3 pode ser emitida é, para deve ser tratado relativisticamente porque sua massa muito pequena deve estar as- ,1,
1,
elétrons. sociádá com alta velocidade para resultar em energías cinéticas da ordem de Mev;
sua energia total Ev pode ser ent3o escrita como [veja Problema 9(d) do Capítulo 6] 1

(14.22a)
[( 2)2
E ¡.,=µe + P2 v2]''2
C. (14.25)
:i¡:
onde Mí é a diferenc;a em massa entre os átomos pai e filho e µ, é a massa de
repouso do neutrino. Para emissao de pósitrons. a relac;ao é Pela Eq. (14.24), p, ;= y'2ME, tal que E,= [(µc 2 2
) + 2c'ME,]' 12
, e a energía cinética i

do núcleo que recua1 é dada por
To = (!!.M - 2m 0 - µ)c 2
, (14.22b)
_ (µc2)2 (14.26)
onde m 0 é a massa de repouso do elétron ou pósitron. A comparac;iio com as ener- 2Jlfc2
gias máximas observadas, T 0 • comas diferenc;as-de massas atómicas Mí, determi-
nadas a partir dos valores de Q para reac;óes nucleares ou a partir de massas atómi:· A conservai;ao da energia na captura de elétron orbital requer que
'cas, pode ser usada para estimar a massa do neutrino. A comparac;ao mais direta é
aqueta com urna reac;iio que é justamente o inverso de um decaimento /3: urna re- E, = [llf(X) - M(Y)]c 2 - E, - BK,L, (14.27)
ac;iio (p,n) se combina com urna emissiio 13-. ou urna reac;8.o (n,p) se combina com
urna emissao 13+. Por exemplo. a rea<;ao H"(p,n)He 3 com Q = - 0,764 ± 0,001 Mev onde Bx.1, é a energía de 1iga<;8.o do elétron na camada K ou L. Na maior parte das
pode se combinar com o decaimento W do H' com T, = 0,0181 ± 0,0002 Mev. experiéncias de neutrino,E 11 >>Er + Bx.L de modo que, para urna boa aproximai;ao,
Ternos
E, = M(X) - M(Y). (14.28)
Q = [M(H 3 ) - M(He3) - M. + M,]c 2,
A diferen<;a de massa pode ser obtida a partir dos valores de Q para rea<;óes nucle- 1,

µc 2 = T0 - [M(H 3 ) - llf(He 3 )]c 2 ; ares ou dados espectroscópicos de massa, e E 11 entao é conhecido; µ c 2 é geral-
mente muito menor que E,, e a Eq. (14.26) se toTI)a·
eliminando a diferen<;a M(H") - M(He 3) entre as duas equa<;óes e inserindo os.
valores de Q, T 0 e a,diferenc;a de massa néutron-próton, resultaµ c 2 = O ± 0,0015 (14.29)
Mev, ou µ = O ± 0,Ó03m 0 • Neste caso, o limite superior para a mássa de repouso
do neufrino é 0,003m 0 ou cerca de 1,5 kev, e vem da incerteza no valor de Q. Cerca
de urna dúzia de exemplos semelhantes envolvendo núcleos leves pode ser usada, É conveniente expressar E 11 em unidades de m(/: 2 = 0,511 Mev, e a última equa<;8.o
senda que todos fomecem limites abaixo de µ, = 0,0lm 0 , com os limites depen- pode ser escrita
dendo da incerteza nos valores de Q e das energias máximas.
Na formulac;ao de Fermi da teoría do decaimento /3, a única condi980 sobre a
massa de repouso do neutrino era que ela fosse pequena, comparada corn a massa (14.30)
{ de repouso do elétron. A forma teórica precisa de um espectro /3 permitido, na
vizinhan9a do ponto de máximo, depende do valor real da massa de repouso do
neutrino, e a compara~o dos espectros teóricos e experimentais perto do ponto de Se agora expressamos M em unidades de massa atómica, notandoMse que mo
máximo pode ser usada para obter estimativas da massa de feJ)ouso do- neutrino. 5,488 x 10-• u.m.a., a Eq. (14.28) se toma
Análises deste tipo 24 deram µ ;s; 5 x rn- 4m 0 , ou urna energia de repouso de 250 ev 1

ou menos. --···· 2 2 !,
140,2(E,/m0c ) (14.31)
Existem diversas rea96es nas quais foram obtidas provas indiretas da presen9a ev,
de um neutrino a partir do momento dado a um núcleo que recua. Um dos objetivos M
das experiéncias de recuo era testar a hipótese de que um único neutrino é emitido
num processo de decaimento /3. A reai;ao mais simples para estudai o recuo nuclear onde M é a massa atómica do núcleo que recua em u.m.a.
é a captura de elétron orbital. Com a hipótese de que um único neutrino é emitido, Se é correta a hipótese de que um único neutrino é emitido, o núcleo que recua
a rea980 é - deve ter urna energia única já que a energia inteira da transformai;ao é carrega_d_a
pelo núcleo e pelo neutrino. Se, por outro lado, dois ou mais neutrinos sao_ em1t~-
(14.23) dos. deve haver urna distribuii;iio contínua das energias de recuo. Foram fe1tas d_1-
versas experiéncias de captura de elétrons orbitais nas quais o espectro de energia
101
Se o núcleo inicial está ero repouso, a conservai;ao do momento requer que do núcleo que recua foi medido;25 • 26 os nuclídeos estudados foram Be 7 • A37 e Cd •
O mais simples <lestes casos é o do A , que decaí exclusivamente para o estado
37
7
p(Y) = Mv = v12fllt; = p,, (14.24) fundamental do CP' A energia E,. é dada pela diferen<;a de massa A37 - CFJ ; foi
obtido um valor de 0,816 ± 0,004 Mev para esta diferen<;a de massa a partir do
onde M, v e E r sao a massa. velocidade e energia cinética do núcleo que recua. valor de Q da rea,ao Cl"'(p,n)A" e da diferen<;a de massa néutron-próton. A Eq.
respectivamente; p representa o momento e p,, é o momento relativo ao neutrino. A (14.31) dá entao Er = 9,67 ± 0,08 ev. A energia de recuo foi medida24 em várias
velocidade com que o núcleo recua é pequena devido a sua enorme massa em rela-
DECAIMENTO BETA 313
312 FISICA NUCLEAR
se9ao, mostraram que de fato <leve ser feita urna distin9ao dependendo da rela98.o
experiéncias independentes com resultados de 9,7 ± 0,8 ev ,27 9,6 ± 0,2 ev28 e 9,65 - entre o spin e o momento do neutrino. O neutrino (v) é hoje definido como urna
± 0,05 ev, 29 respectivamente. Estes resultados mostram claramente que semente partícula'com seu vetor de spin paralelo ao seu vetar de momento; e o antineutrino
um neutrino monoenergético é emitido. As experiéncias de recua com Bei e Cd 1º1 (v*) como urna partícula. com seu spin aposto em dire9ao, ou antiparalelo, ao seu
sao complicadas pela emissao de raios y; por exemplo, LF é deixado num estado momento. O spin e momento juntos definem o sentido de um parafuso, o neutrino
excitado em cerca de JO% das desintegra<;0es e um raio y de 0,478 Mev é emitido. agindo como um parafllso de rosca direita e o antineutrino como um parafuso de
A diferen,a de massa Be' - LF é 0.864 ± 0.003 Mev; em 90% dos decaimentos os rosca esquerda. A escolha de qual partícula é chamada neutrino ou antineutrino é
recuas devem ser monoenergéticos, com energia de 57,3 ± 0,5 ev se um único arbitrária. A escolha mostrada nas seguintes equa9óes para os processos /3 diretos é
neutrino é emitido. O ramo de 10% indo para o estado excitado do LF deve mostrar a que geralmente tem siclo adotada; as equa9óes sao escritas numa nota9ao mais
um espectro contínuo de recua estendendo-se de zero até 57 ,3 ev e resultando da simples que a das Eqs. (14.10), (14.11) e (14.32)
emissao quase simult8.nea de um neutrino e de um raio y. Experimentalmente,
foram encontrados espectros de energia com máximos de 56,6 ± 1,O ev30 •31 e 55,9 ±
t O ev 32 em boa concordftncia com 57 ,3 ± 0,5 ev_. A interpreta~o do espectro
emissao 13-: n-> p + 13- + v*, (14.33a)
c~ntín~o, entretanto, foi complicada por dificuldades experimentais; apesar de nao emissao 13+: p-> n +13+ + v, (14.33b)
provar conclusivamente que semente um neutrino é emitido na captura orbital no
Be 7 os resultados eram consistentes com aquela hipótese. captura de elétron orbital: P + 13- -> n + v. (14.33c)
'Na emissao de partículas /3, as condi9óes sobre o momento sao mais complica-
das que na captura de elétron, porque o momento de recuo é determinado pela O an"tineutrino é emitido num decaimento 13-; o neutrino é emitido no decaimento
propor93o na qual a energía de decaimento é repartida entre o elétron e o neutrino e 13+ e captura de elétron orbital. As rea9óes inversas sao,:
pelo angulo entre os dois. É possível medir o ftngulo entre a partícula /3 e o núcleo
que recua e, a partir de rela9óes de conserva98.o, deduzir o angulo entre o elétron e
1
inversa 13-: v* + p -> n + 13+, (14.34a)
neutrino. Estas experiencias de correla98.o angular elétron-neutrino fornecem
informa9óes a respeito da forma da intera98.o envolvida num decaimento /3, isto é, a inversa 13+: v + n -> p + 13-, (14.34b)
for9a que converte um neutron num próton e ao mesmo tempo produz um elétron
ou pósitron e neutrino. 33 Este problema está além dos objetivos <leste livro e nao captura de elétron orbital inversa: v +,n -'-> p + 13-. (14.34c)
será discutido adiante.
-._ A detec98.o bem-suc.edida de neutrinos tornou-se possível pela disponibilidade Num reator nuclear, núcleos de um material fissionável - por exemplo, U235
de uina fonte de um núrií.ero enorme de neutrinos (um reatar nuclear) e de detecto- ..:_ dividemcse em dois fragmentos de massa atómica intermediária (Cap. 19). Os
res de radia98.o extremamente sensíveis. Os detalhes da experiencia que será des- fragmentos sao altamente instáveis, contendo nCutrons em número demasiado para
crita envolvem algumas propriedades de nCutrons, pósitrons e elétrons, que ainda o número de prótons. Portanto, eles decaem, pordiversas emissóes p- sucessivas,
nao foram discutidas, e será necessário usar algumas informa9óes de capítulos pos- para produtos de fissiio estáveis ou de vida longa, liberando antineutri_nos no pro-
teriores. cesso. Se permitimos que os antineutrinos bombardeiem um material hidrogenado,
As rea9óes nucleares que parecem melhor permitir a detec98.o de neutrinos sao rea9óes da forma da Eq. (14.34a) devem acorrer, e o problema é detectar a produ-
os processos de decaimento /3 inversos. O inverso de um processo de emissao de 9ao simultanea de um néutron e um pósitron. Esta detec980 é possível por causa de
¡,-, Eq. (14.10), é obtido a panir da Eq. (14.10) transpondo-se o elétron (_,eº) para o certas propriedades de néutrons e pósitrons. Quando um pósitron se aproxima de
lado esquerdo da equay§.o, notando-se que -(_1eº) = 1e 0 ,' e invertendo-se a direyáo um elétron, os dais interagem de urna maneira muito especial: ambos desaparecem
da rea98.o; o resultado é · e dois raios y (fótons)" aparecem em seu lugar (Cap. 15). Esta aniquila9iio mútua
acorre num curto espayo de tempo na matéria e raios 'Y instant8.neos sáo formados,
(14.32a) podendo ser observados com um detector de cintila98.o. Um nCutron produzido
num material hidrogenado sofre colisóes elásticas com prótons e perde energia
O inverso do processo de emissiio 13+, Eq. (14.11), pode ser escrito como (Cap. 18). Quando ele é ralentado, pode ser capturado numa rea9iio (n,y), espe-
cialmente se um material relativamente pesado estiver presente. Cádmio é um ma-
v + 0 n 1 ~ 1Hl + -1e O, (14.32b) terial <leste tipo com urna probabilidade muito grande de capturar nCutrons lentos
em rea9óes (n,y). As experiCncias de Reines, Cowan e co-pesquisadores38 • 39 para a
e o inverso da captura de elétron orbital pode ser escrito como detec9iio de antineutrinos eram baseadas no uso de um contador de cintila9óes hi-
drogenado, líquido, grande (terphenyl dissolvido em trietilbenzeno) contendo cád-
zYA + v -> z+1XA + -1e 0, mio. Quando um antineutrino interage com um próton, a aniquila9§.o do pósitron
ou (14.32c) produzido é indicada por um impulso de raios y instantfineo. Um impulso atrasado
<leve aparecer vários microssegundos após o impulso instantflneo por causa da cap-
tura do néutron no cádmio após ser ralentado. O tempo necessário para ralentar o
néutron pode ser calculado, e os impulsos devidos ao desaparecimento instantaneo
Antes de continuar a discuss§.o da experiencia de detec9§.o do neutrino, <leve- do pósitron e a captura atrasada do néutron sao contados por um método de coinci-
mos considerar urna complica98.o adicional. Foi sugerido, de acordo com a mecft- déncia atrasada. Numa ·experiéncia recente, 39 o detector consistía de um arranjo ero
nica quflntica relativística, que os neutrinos envolvidos no decaimento 13- sao dife- múltiplas camadas de trés contadores de cintila9ao e dois tanques-alvo com um
rentes daqueles envolvidos num decaimento 13+ e captura de elétron orbital. Traba- <lestes últimos ·consistindo de urna caixa de polietileno contendo urna solu98.o
Jhos técnicos e experimentais recentes ,3.i. 35 • 36 • 37 que seriio discutidos na próxima
314 FISICA NUCLEAR DECAIMENTO BETA
315
aguosa de cloreto de cádmio. Um diagrama esquemático do. detector é m_os~rado na argónio. Urn pequeno volume medido de gás de argónio foi introduzido dentro dos
Figura 14 14. O cintilador líquido foi envolvido com 110 tubos fotomult1phcadores tanque.s da limpeza para servir como portador e para medir a recupera9fio do argó-
ligados e~ paralelo em cada tanque. Um evento típico é most_rado na _figu_ra._A Um. nio. O argónio foi entiio separado do hélio num filtro de carviio esfriado com nitro-
antineutrino induz um decaimento 13- inverso no p~nto 1. Um impulso mstantane_o génio líquido, e sua atividade {3 foi contada num pequeno contador Geiger. Os
aparece em ambos os contadores de cintila¡_;ao de cm~a e ~e.ntral por causa dos d?ts resultados mostraram que·a indu9iio do decaimento {3-inverso no Cl37 por antineu-
raios y da aniquila9a0 do pósitron no ponto 2. que ~ pr?x1mo ao ponto l. O ne~: trinos, a rea93o (14.35), é muito menos provável que a rea¡;ao 11* (p,n),B+. A medida
tron após sofrer várias colis6es. é capturado pelo cadmio no ponto 3 com o surg1 quantitativa de rea9óes nucleares é a secr;iio de choque (veja Se~iio 16.3) que tem
menio de vários raios y de captura e um i~pulso _at~asad?. Para m?strar. que os valores da 42ordem de ~Q- 24 cm 2 para a maior parte das rea9óes nucleares. O valor
impulsos imediatos e atrasados eram devidos a rea9ao mduz1~a ~or antmeutnnos era encontrado para a rea9iio v*(p,n),B+ é (l 1 ± 2,5) x 10- 44 cm 2 : para a rea9iio
necessário relacionar a razflo de ·impulsos como nível de pot_enc1~ do reator e co_m o (14.35), descobriu-se o valor da sec<;il.o de choque tem um limite superior de
45 2
número de prótons na caixa-alvo; mostrar que. os impulsos 1mediatos eram ?ev1do~ 0.2 x l 0- cm • Es tes resultados mostram que a probabilidade da captura de elé-
somente a aniquilm;ao de pósitrons, e que os 1~pulsos ar:asados e_ra~ dev1dos so tron orbital inversa. induzida por antineutrinos. é muito menor que aquela da ab-
mente a captura de néutrons no cádmio. O efetto d~s neutr~n.s rap1do_s ~o reator sor9iio de antineutrinos por prótons. Eles mostrrim também que a probabilidade
tinha que ser considerado juntam~n!e com o~tro~ efe1tos esp_unos poss1ve1s.:_ O re- para rea9óes induzidas por antineutrinos é cerca de vinte ordens de grandeza menor
sultado final foi urna razao max1ma de smais de neutrmos de 2.88 - 0:22 que aquela para rea9óes nucleares ordinárias.
contagens/h com urna razao sinal-ruído de trés para um: ~ste r~sultado te.m s1d?
aceito como urna prava convincente de urna rea9ao nuclear mduz1da por antmeutn- 14.9 Leis de simetria e a n3o-conserva~ao da paridade no decaimento /J. O
nos. Urna experiencia complementar a da detec9ao d e _antmeu. t rmos
. problema da conserva9§0 do momento e energia no decaimento {3 levou, como foi
est,a em_ pro- visto, a hipótese do neutrino e eventualmente a sua detec~ao. Em anos recentes.
41
gresso há algum tempo, 40, na qual foi feita urna tentativa de detectar a rea9ao descobriu-se que urna Iéi de simetria importante, aquela da simetría direita-
esquerda, deixa de valer em certas rea9óes, as chamadas interaróes fracas, das
v• + Cl31 ---, A 31 + ¡r. (14.35) quais o decaimento {3 é um exemplo. Para mostrar como isto acPntece é necessário
considerar a rela9§0 entre simetria ou princípios de invariáncia' e leis de conserva-
Comparando coma Eq. (14.34c), v~rnos que_ esta ;ea9ao seri~ oA in:'erso da captura 9ao. Seguiremos aqui a discussao de Yang. 43
de elétron orbital no' A37 se o neutrmo e antmeutrmo fossem 1den~1cos. ~ntretanto, Durante a prirneira metade do século XX, percebeu-se 44 que, em geral, urna
de acordo com a teoria_,,. estas partículas sao diferentes e_ os a~tmeutnnos de um 1 simetria ou princípio de invariáncia (veja Se~óes 6.4 e 6.5) gera urna lei de conser-
reatar nuclear nao deveITdnduzir a rea93o (14.35). Na versao_ TT?-ats recente da expe- va!;ao. Por exemplo, a invariéincia das leis físicas sob um deslocamento no espa<;o
riencia 3ÓOO galóes de tetracloreto de carbono, livre de ar~omo, foram expostos a
antine~trinos do mesmo reatar usado na experiencia de ~emes e_ ~owan. Ao final
da irradiai;iio, o CCI, foi limpo com 12.000 litros de gas de heho para remover
t! tem como urna conseqüéncia a lei da conserva~iio do momento; a invariáncia sob
urna rota9iio do espa<;o tem como conseqüéncia a lei da conserva93o do momento
angular. Na teoría da relatividade, o conceito da invariáncia soba transforma93o de
Lorentz e a necessidade de que as equa<;óes de urna teoria física satisfa<;am este
,. tipo de princípio de simetría tornaram-se condi<;iio fundamental de urna teoría física.
Este novo tipo de invariáncia está relacionado com a impossibilidade de detectar
um movimento absoluto, com a varia¡;ao da massa com a velocidade, e com a rela-
98.0 entre a massa e energía.
Contador de· O desenvolvimento da mecánica quántica estendeu o uso dos princípios de
cintila!,iio
simetria ainda mais, até os _9iversos detalhes e linguagem da física atómica, e as
conseqüéncias <lestes princípios aparecem explícitamente nos métodos e resultados
Tanque-alvo \
da-mecánica quántica. 45 Assim, os números quánticos que designamos estados de
com cádmio um sistema atómico esta.o muito relacionados com os números que representam as
1 simetrías do sistema. Um exemplo é aquele do número.qu::intico do momento angu-
1 lar orbital total L, dos elétrons num átomo. O átomo é simétrico em rela<;8.o a urna
Contador de
cintila!,iio 1 rota93o tridimensional em torno do núcleo, e o momento angular orbital se con-
serva; a equa93o de Schroedinger para o átomo deve ser invariante sob tais rota-
9óes e as solu9óes detalhadas daquela equa9iio, que envolvem a conserva9iio do
Tanque-alvo momento angular, dependem explícitamente de L. Um segundo exemplo envolve
com cádmio um tipo de simetria típica da mecánica quántica. Como um elétron nao pode se
distinguir de um outro, um átomo é simétrico em rela<;iio a urna traca de elétrons. A
equa~iio de Schroedinger que descreve um átomo de n elétrons deve portante ser
Contador de invariante sob urna transforma93o que envolve qualquer permuta9iio nos seus 11
cintila~iio elétrons. Mostra-se que esta invariancia está relacionada com a multiplicidade dos
termos espectrais de um átomo. Em termos mais formais, "a equa1yao dt: Schro-
edinger para um átomo de n elétrons é invariante sob um grupo simétrico de ordem
F1g.
. 14 . 14 o·iagrama esquemático de um detector de antineutrinos usado na experiencia da n ". e o grau ou ordem n desta invariáncia está muito relacionado com a multiplici-
Ref. 38. dade das linhas espectrais. De fato, pode-se dizer que a estrutura geral do sistema
316 F/SICA NUCLEAR DECAIMENTO BETA 317

periódico (por causa da maneira em que é construída em termos de números qu8.nti- análoga das for¡;as gravitacionais newtonianas é da ordem de 10-30.
cos) é urna conseqü6ncia da simetria espacial da leí de Coulomb, a lei de for9a entre . lntera9óes fracas nao ocorrem semente no decaimento {3, mas também no de-
o núcleo e os elétrons. A corr;ibina9ao da rela:ividade e da meccinica qu8.ntica leva a ca1mento de c~rtas p~rtículas encontradas em raios cósmicos e rea9óes nucleares
um exemplo particularmente surpreendente d0 papel fundamental das leis de sime- em al_tas energ1as (vanas centenas de Mev ou maiores). Entre estas partículas esta.o
tría. A existéncia do pósitron foi antecipada teoricamente pela condi9ao de que a o.s mes~~s T e 8 qu~ foram descobertos em anos recentes, e cujas propriedades tem
equa9iío da mec8nica qu3ntica para o elétron, a equa9§.o de Dirac, deveria ser inva- s,d_o suJeltas a um mtenSo estudo. Foram obtidos resultados que pareciam parado-
riante soba transforma~o de Lorentz. 46 A existéncia de outras antipartículas - 47• xais pelo fato de que todas as propriedades da partícula pai no decaimento 7 e
48
por exemplo, antipróton, antinéutrqn, antineutrino - tem urna interpreta98.o te- deca1mento fJ pareciam ser idénticas, mas análises detalhadas indicaram que os es-
órica similar, e sua descoberta testemunha o poder e beleza dos princípios de inva- t~dos finais tero paridades opostas. Lee e Yang34 mostraram que os resultados cai- 1.
ri§.ncia. nam num esquema consistente somente se a paridade nao fosse conservada nestes
Outro tipo básico de simetria é aquele entre a direita e a esquerda, ou simetría processos de decaifi:1ento, isto é, somente se estes processos nao fossem invariantes
sob urna reflexao. O principio da invariáncia envolvido pode ser formulado da se- sob r~flexao: Esta i:ossibilidade surpreendente levou-os a investigar as informa9óes
guinte maneira: qualquer processo que acorre na ñ-atureza pode -também acorrer expenmenta1s relacmnadas com a conserva9iio da paridade. Eles encontraram im-
como se fosse visto refletido num espelho; a imagem especular de qualquer objeto pressionantes evidéncias para a validade desta lei na fisica atómica, o domínio das
também é um objeto possível na natureza; o movimento de qualquer objeto visto m_tera¡;óes eletromagnéticas, e na fisica nuclear quando estavam envolvidas intera-
num espelho também é um movimento que seria permitido pelas leis da natureza; ¡;oes fortes. Entretanto. nao havia dados experimentais relevantes para a questiio da
; i
urna experiencia feita em laboratório também pode ser feíta da maneira como apa- conservai;ao da paridade em intera¡;óes fracas: nunca tinha sido realizada urna ex- '
rece vista num espelho, e qualquer efeito resultante será a imagem especular do periencia especificamente para testar a invariáncia sob reflexao no decaimento /3
efeito real. Mais precisamente, esperamos que as· leis da natureza sejam invariantes dos núcleos ou partículas elementares.
sob reflexao, e a experiéncia parece comprovar esta idéia. . Lee e Yang propuseram algumas experiéncias, urna das quais envolvía o de-
Mostrou-se na Illecánica49 que a conseqüéncia da sitnetria direita-esquerda (in- caimento /3 do Co 00 , para testar a invariáncia sob reflexao. A idéia básica desta
vari8ncia sob refleX3.o) das for9as eletromagnéticas no átomo aparece como conser- experiencia é construir dois grupos de arranjos experimentais· que sao im.agens es-
va,ao da paridade. Lembremos da Se9iío 7 .9 que a paridade é um número quii.ntico peculares um do outro, e que contém intera¡;óes fracas. com0 mostrado na Figura
que· assume o valor + 1 ou -1 dependendo da fun,ao de onda de Schroedinger 14.15. A experiencia consiste entao em determinar se os dois arranjos da.o sempre
mudar ou ·nao de sinal sob urna reflexáo, através da origem, das coordenadas espe- os mesmos resultados em termos das Ieituras de seus medidores (ou contadores). A
ciais. Experimentalmente (no estudo de espectros atómicos), descobriu-se50 que montagem prática de tal experiencia depende dos seguintes fatos. O núcleo de co-
numa transi9áo atómica<q_o_m a emissao de um fóton a paridade do estado inicial é bal~o. tern um momé~to angular de spin; ele gira com um momento angular bem
igual a paridade total do estado final, isto é, ao produto das paridades do estado defm1~0 quand? esta no seu estado normal. Numa pe9a de Co 6 º sob condi¡;óes
atómico final e do fóton emitido. Como a simetría direita-esquerda nao foi questio- norma1s, os spms nucleares esta.o orientados ern todas as dire9óes por causa do
nada em intera9óes que nao sejam eletromagnéticas, o conceito de paridade e sua rnovirnento térmico e os elétrons sao emitidos em todas as dire9óes. Sob certas
conserva9ao foram aceitas em física nuclear, em particular em rea96es nucleares e
decaimentos /3, e na análise de rea96es envolvendo novas partículas tais como mé-
sons e híperons (que náo tratamos neste livro). Nestes desenvolvimentos, o con-
a
ceito de paridade e lei de conserva.ao da paridade provaram ser muito úteis, e o
sucesso que acompanhou seu uso foi tomado como prova da validade da simetría
direita-esquerda. - _ · 1 ·: . · _ ....-,
Mencionou-se que o decaimento /3 é um· exemplo de urna intera,iío fraca e
precisamos definir o que queremos dizer por esta descri9áo. · Para tantq, <levemos
~ 1
~ 1
1 1
comparar as for9as envolvidas num decaimento f3 com aquelas envolvidas em ou- 1 1
1 1
tras rea9óes. As interacóes com que estamos mais familiarizados até aqui sao aque- 1 1
las nas quais é emitida radia,iío eletromagnética (veja Se96es 7.2 e 7.8). A for,a ♦ ESPELHO 1
envolvida é aquela entre partículas carregadas e é proporcional a e 2 • É conveniente

~ ~
usar urna quantidade adimensional para comparar as magnitudes das for9as, e urna
que ª!?ªrece naturalmente na teoría atómica é e'/hc = 1/137,04 (onde h = h/2,r), ou ''
1 !

apro~1madamente 10- 2 • Esta quantidade é chamada de "constante de acoplamento


para mtera9óe~ eletromagnéticas''. As·for9as ligando néutrons e prótonsjuritos no
núcleo sao muito mais fortes que as for9as eletromagnéticas e também muito mais CONTADOR l!OGAT;\O'.)
complicadas (elas seriío tratadas no Capítulo 17). As for,as nucleares podem ser
ca~acterizadas por urna constante de acoplamento,F/hc = 1, onde/é urna constante
analoga a e; estas for9as sao chamadas de intera9bes fortes. As for9as no decai-
mento /3, aquelas ligando o neutron, próton, elétron e neutrino (e antineutrino),
podem ser caracterizadas pela Constante de acoplamento g 2/hc = 10- 13 , onde g é
urna constante relacionada com a constante G da Se9ao 14.6. Etas sao pequenas
comparadas com as for9as nucleares e eletromagnéticas, e esta. é a raza.o para que Fig. 14.!5 Diagrama esquemático de urna experiencia para testar a conserva~iio da paridadc
sejam chamadas de intera¡;0es fracas. Por compara9ao, a constante de acoplamento no deca1mento /3 (Yang43 ),
318 FÍSICA NUCLEAR DECAIMENTO BETA 319

condic;óes, entretanto, os núcleos podem ~er orientad~s numa dire~ao particular~ núcleos esta.o alinhados foi girada de 180°; a ernissao de elétrons é novarnente iso-
todos os núcleos podem ser foq;ados .ª almhar seus e1xos. de rotac;ao paralelo~ a trópica e a imagem especular da experiencia é idCntica a própria experiéncia. A
urna dada direc;ao tal que todos eles girem no mesmo_ ~entido. lsto pode ser f~1to imagem no espelho vertical se parece justamente com a original girada de cabe9a
porque o spin nuclear dá origem a um momento magnet1co que p~de se: submet1do para baixo. Os casos (a) e (a') mostram os resultados esperados com simetria
a um campo magnético externo ao núcleo. E1!'1 temperaturas ?1u1~0 ~:1xa~, menos direita-esquerda e conserva9§.o da paridade. No caso (b), sao emitidos mais elétrons
que O,JºK, o campo externo pode forc;ar os spm~ nu_ma dada_ct.1rec;ao, e d1~-se q~e na direc;ao oposia do que naquela em que os núcleos esta.o alinhados. A emissao de
os núcleos esta.o polarizados. A temperatura baixa e ne~essana para reduzir o m ,- elétrons é anisotrópica e a imagem do espelho mostra mais elétrons sendo emitidos
vimento térmico dos núcleos a um mínimo e tornar o ahnhament? ordenad~ poss1- na direrao dos spins1 nucleares. A experiéncia de imagem especular daria entao
vel. A experiencia proposta por Lee e Yang era simplesment_e almhar 9s spms do~ resultados diferentes daqueles da experiencia original. Este tipo de resultado seria
núcleos de c 0 nu emissores de elétrons ao longo do mesmo e1xo. e entao ver se as esperado se a paridade nao fosse conservada. '
partículas /3 eram emitidas prefere~cialmente. nu~a dir~9§.o ou neutra ao l~ngo do A experiencia de decaimento do Co 60 foi feita por Wu e co-pesquisadores. 31¡
eixo. Se existe emissao preferencial numa d!fe9ao-. a 1magem esp:cula~ d~ expe- Cobalto 60 emite um elétron de energia 0,312 Mev em cerca de 99% dos seus de-
riéncia daria emissao preferencial na dire98.o oposta; mesmo se nao ~x1st1sse ne- caimentos e dois outros elétrons nos decaimentos restantes; diversos raios 'Y tam-
nhuma emissao preferencial de partículas {3, a imagem especular dan? o mesmo bém sao emitidos. Sabia-se 51 que os núcleos de Co6 º podiam ser polarizados em
resultado. Exemplos dos tipos de emissfio possíveis sao mostrados na _Figura 14.16. nitrato de cério e magnésio (cobalto) e o grau de polariza9§.o determinado
Os círculos representam amostras de Co60 e as flechas representam eletrons, com o medindo-se a anisotropia dos raios 'Y. Na experiéncia de decaimento {3, dificuldades
sentido das flechas mostrando a dire9iio da emissao. Os núcleos numa dada amostra adicionais foram introduzidas pela necessidade de se colocar um contador de partí-
esta.o alinhados de modo tal que seu spin está no sentido indicado P':la fle~h_a cu~va. culas /3 dentro do criostato no qual a amostra devia ser esfriada. e localizar os
No caso (a) nao existe direc;ao de emissao preferida; os elétrons sao em1t1dos 1so- núcleos a serem polarizados numa fina camada superficial. O esfriamento é conse~
tropicamente. Na imagem no espelho horizontal, o sentido da rota98.o é o mesmo e guido por um método especial da física das baixas temperaturas chamado de de-
a distribui9§.o de elétrons é novamente isotrópica. Ern (a'), a dire98.o em que os magnetiza98.o adiabática. Um diagrama esquemático da parte do criostato de inte-
resse é mostrado na Figura 14.17.

_ , _ . l.... Barra de lucite


Tubo de bombeamento
para o espm¡:o com vácuo

41.5 cm

Espa(i:o para
vácuo reentrante

(a) (a') (h)

Espelho Espelho

Termómetro de bobinas Cristal de antraceno


de indutancia mútua
Espécime

lnvólucro de
nitrato de CeMg

Fig. 14.17 O arranjo experimental usado por Wu. Ambler. Hayward. Hoppes e Hudson na
sua demonstra9ao da distribui9ao ~ssimétrica de partículas f3 a partir de núcleos polarizados
F~. 14.16 Decaimento f3 do cobalto: tipos possíveis de emissao de elétrons e suas imagens de cobalto.:16
especulares.
DECAIMENTO BETA 321
320 FÍSICA NUCLEAR
Os resultados da experiencia sao mostrados na Figura 14.18. A escala de
Para detectar as partículas /3, uro cristal de antraceno fino foi colocado dentro tempo é na realidade urna escala de temperatura, mediado tempo a partir do ins-
da c3.mara de vácuo perto da fonte de cobalto. As cintila~Oes foram transmitidas tante em que o resfriamento cessa. A curva denominada · 'anisotropia gama'' é a
para um fotomultiplicador localizado no topo do criostato. Para medir o grau da medida da intensidade da polariza9iio; após cerca de 8 min, os núcleos se tornam
polariza,;áo dos núcleos de Co60 , dois contadores de cintila<;ao de raios 'Y de Nal suficientemente quentes para que seu rriovimento térmico se torne aleatório. e a
foram usados, um no plano equatorial e outro perto da posi,;áo polar. A anisotropia anisotropia y desaparece. A curva denominada ''assimetria /3" é a significante; ela
dos raios _"Y fomecia urna medida da polariza~o e portante da temperatura da indica o número de elétrons emergindo na dire<;iio do campo magnético (a dire<;iio
amostra. Foram feítas amostras tomando-se monocristais perfeitos de nitrato de na qua) os núcleos esta.o alinhados), e o número emergindo na dire<;iio aposta. É
cério e magnésio e fazendo crescer na superficie superior urna camada cristalina evidente a partir da figura que sao emitidos mais elétrons na dirc<;áo oposta do que
adicional de cerca de 0,002 pol. de espessura, contendo alguns poucos microcuries na dire<;iio do campo magnético, isto é, na dire<;iio aposta 3quela na qual os núcleos
de Co 60 • O sulfato de cério e magnésio é necessário porque o campo produzido pelo estiio alinhados. Em outras palavras, o resultado experimental corresponde ao caso
ímá externo náo pode, sozinho, alinhar os momentos magnéticos nucleares devidos (b) da Figura 14.16; os elétrons sao emitidos numa dire9iio preferencial, o princípio
ao spin; o campo externo é usado para alinhar os átomos (fornecidos pelo sulfeto de da simetria direita-esquerda é violado. e a paridade nao é conservada. O tamanho
cério e magnésio), com propried_ades especiais, e o campo magnético produzido por do efeito é notável; descobriu-se que a intensidade de elétrons na dire<;iio ao longo
esies átomos por sua vez alinha os núcleos. Depois que o material no criostato foi do eixo de rota<;ao é cerca de 40% maior do que na dire<;áo aposta, e nao existe
esfriado até cerca de 0,0lºK, o ímá usado no processo de esfriamento foi desligado; dúvida sobre o resultado.
um solenóide vertical foi erguido ero torno da parte inferior do criostato 20 s depois Foram feítas muitas experiencias sobre decaimento f3 e sobre o decaimento de
da demagnetiza<;áo, e iniciou-se a contagem. mésons e outras partículas fundamentais 37 corrí resultados similares a experiencia
do Co60 • A viola<;áo da leí de conservac;iio da paridad e conduziu a urna teoria do
1,3
neutrino modificada35 • 52 e a pesquisas extensas em alguns conceitos básicos da
física, 49 especialmente nos éonceitos de simetr"ia e invari.incia de suas rela<;óes com
1,2· Anisotropia gama as leis de conserva9iio.
..
..,
(a) Contador equatorial
e
u
(b) Contador polar
o 1,1
E O' REFERÉNCIAS
i 'ªi 1,0 •
§
" 'é
• • ' ' ' GERAIS
u 0 0,9
"'• "u RuTHERFORD, CHADWICK, and ELLIS, Radiations from Radioactive Sub-
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324 FÍSICA NUCLEAR DECAIMENTO BETA 325
PROBLEMAS A intensidade é proporcional ao número de elétrons emitidos por intervalo unitário de Hr.
Fac;a um gráfico (a) da distribuic;:3.o de momentos dos elétrons, (b) da distribuic;iio de energias
1. Mostre que a rigidez magnética para elétrons pode ser escrita na forma dos elétrons, (c) um gráfico de Kurie da distribuic;3.o de momentos, (d) um gráfico de Kurie da
distribuic;:3.o de energias. Em (c) e (d), suponha que o fator de Coulomb é constante. Qua! é a
Hr = A(T 2 + !,022T)" 2,
energia máxima extrapolada em cada um dos gráficos?
6. Nos exemplos seguirrtes de desintegrac;ao /3, a energia máxima da transic;3.o é dada
onde A = 3335,8 gauss-cm/Mev, e T é a energia cinética dos elétrons. [Sugestiio: Use o juntamente com a massa dos átomos iniciais e finais. Calcule a massa desconhecida.
resultado do Problema 12 do Capítulo 6.]
2. Mostre que a energia cinética pode ser escrita na forma
Energía Massa do átomo Massa do átomo
Transirfw máxima, Me\' inicial. u.m.a. final, u.m.a.
T = [a 2
+ b(Hr) 2 ]1 12 - a,
C14(.B)Nl4 0,156 14,007685 ?
onde a = 0,511 Mev, e b = 8.989 x 10-s Mev 2
(Sugestiio: Use o resultado do
/(gauss-cm) 2 • F11(.B)Q11 1.748 17,007499 ?
Problema 11 do Capítulo 6.J p29(.B)Si29 3,94 ? 28,985661
, 3. Urna curva de abson;ao de urna amostra emitindo partículas p- foi feita com alumínio S"(B)Cl" 0,167 ? 34,97996
como absorvedor e obteve-se os seguintes dados.

Espessura Espessura 7. As rea96es P3 1(d,a)Si 29 , Si2 9 (d,p)Si3 º e Si3º(d,p)Si31 tém os valores de Q de 8,158, 8,388
do abson edor,
1
Atividade, do abson'edor, Atividade. e 4,364 Mev, respectivamente. Calcule a energia disponível para o decaimento /3 do Si 31 .
mg/cm 2 contagens/min mg/cm 2 contagens/min 8. Ache a diferen9a em massa (em Mev) entre um néutron e um átomo de hidrogénio a
partir (a) das massas,- dadas na Tabela t t .1: (b) da energia máxima do espectro /3 do néutron:
0,375 16000 4,875 36 (c) as rea96es O 18(p,n)F1 8 (Q = -2,447 Mev), e F 18(.B)O 111 com urna energia máxima de 0,645
0,750 6100 7,375 13 Mev; (d) as reac;óes O 16(d,p)O 17 (Q = 1,917 Mev), O 16(d,n)F17 (Q = -I,624 Mev) e F 17(/3)O 17
1,75 2100 10,00 11
~i com urna energia máxima de 1,748 Mev.
2,75 520 13,00 10 9. As massas atómicas do Ni6 4, Cu 64 , Zn64 e Ga64 síio 63,94813, 63,94994, 63,94932 e
3,75 170 .~ ~
63,95710 u.m.a., respectivamente. (a) Quais destes nuclídeos sao estiiveis? Quais radioativos?
(b) Para aqueles nuclídeos cujo decaimento pode ser por emissao /3, quais sao as energias
Ache, por inspe~ao, 'o alcance das partículas {:J-. Qual é a energia máxima das partículas /3? máximas dos espectros e valores Q das reac;óes de decaimento?
Qual é a meia-espessura 9,o Al para estas partículas? · 10. Mostre que a raza.o entre a energia disponível e a energia máxima de um emissor /3
4. A abson;3.o dos ráios./3 do P32 foi medida com alumínio e obteve-se os seguintes resul- fraco (To<<m~ 2) é 1/3, quando a distribui9íio de energia é dada pela fórmula de Fermi da
tados. Eq. (14.14).
t l. Descobriu-se que urna amostra de hidrogénio contendo 2,57 cm3 de tritio nas
Espessura Espessura C.N.T.P. produz 0,_1909 cal/h de calor. A meia-vida do tritio é 12,46 anos. Ache (a) a raza.o de
do absorvedor, Intensidade do absorvedor, Intensidade desintegrac;3.o, (b) a energia média das partículas /3 emitidas, (c) a raza.o entre a energia média
mg/cm 2 relativa mg/cm 2 relativa e a energia máxima.
12. Urna amostra de RaE contém 4,00 mg. Se a meia-vida é 5,0 dias e a energia média das
o 1000 550 8 partículas /3 emitidas é 0,34 Mev, com que intensidade a amostra emite energia, em watts?
100 600 600 3,5 13. Na fissao nuclear do U 235 , cerca de 9% da energia total liberada vém do decaimento /3
200 375 650 1,5 dos produtos da fissao. Qual a poténcia carregada pelos neutrinos de urna instalac;3.o nuclear
250 250 700 0,75 que libera 100.000 kw de calor?
300 165 750 0,50 14. Coloque num ·gráfico Jog >,. contra log T0 para os emissores de pósitrons listados
350 110 800 0,40
400 abaixo. O resultado é a curva de Sargent para decaimentos J3 permitidos. A partir da curva,
65 850 0,35
450 obtenha a energia máxima das partículas emitidas pelo Al 25 (meia-vida de 7 ,3 s) e Cl33 (meia-
37 900 0,33 vida de 2,0 s). ·
500 18 950 0,32

Energia Energia
Determine o alcance por inspec;3.o; depois obtenha ~áxima a partir de (a) Eq. Nuclideo Meia-vida, máxima, Nuclídeo Mela-vida, máxima,
(14.7), (b) a fórmula empírica de Feather R = 543T - 160, ondeR é em mg/cm 2 e Té em Mev. s Mev s Mev
5. Num estudo por meio de um espectrómetro do espectro /3 do P32, foram obtidos os
seguintes dados. _ C" 1200 0,98 Mg2a 11,9 2,99
N" 606 1,24 s¡21 4,'9 3,48
Hr,
gauss-cm
intensidade,
unidades relativas
Hr,
¡:auss-cm
lntensidade,
unidades relativas
º"
pn
122
70
1,68
1.72
P''
Sj3l
4.6
3.2
3,6
3,86
Ne'9 18,4 2,18 A" 1,86 4,40
500 14 4000 91 Na21 22,8 2,52 Sc41 0,87 4,94
1000 27 4500 82
1500 42 5000 68
2000 58 5500 49 15. O nuclídeo Sm 153 emite quatro grupos de raios /3. com energias máximas de 0,83, 0,72.
2500 76 6000 31 0,65 e 0,13 Mev, respectivamente: também s3.o emitidos raios y com energías de 0,1032,
3000 91 6500 12 0.06697, 0,172, 0,545 e 0.615 Mev, respectivamente. Construa um esquema de desintegra9íio
3500 94 7000 3 que englobe estes dados. (Note que as energias dos raios y síio conhecidas com precisa.o
maior que as energías dos raios /3.)
326 FISICA NUCLEAR

16. O nuclídeo As 76 emite quatro grupos de raios {3 com energias máximas de 2,97, 2,41,
1,76 e 0,36 Mev, respectivamente, e raios -y com energias 0,561, 0.643, 1,200, 1.40 e 2,05 Mev.
Deduza um esquema de decaimento que englobe estes dados. .
17. O nuclídeo Tc114 decai por captura de elétron orbital e emissao 13+; descobnram-se
raios y com energias 3.27, 2,73, 1,85 e 0,874 Mev. respectivament~, assim como pósitrons
com urna energia máxima de 2.41 Mev. Deduza um esquema do decaimento que englobe estes
15
dados. Compare seu esquema com aquele dado na Table oflsotopes de Strominger, Hollander
e Seaborg (reís. gerais).

Raios Gama e Decaimento Gama

A importancia dos raios y como fonte de informa\;óes sobre níveis de energia


nucleares foi mostrada nos Capítulos 13 e 14, em conexa.o como decaimento a e o
decaimento {3. Naqueles capítulos, a emissao de raios -y foi vista simplesmente
como um meio pelo qual um núcleo pode passar de um estado excitado para um
outro menos excitado. Entretanto, o decaimento gama é, por si só, urn assunto de
grande importancia teórica e prática e portanto será discutido corn rnaior detalhe
neste capítulo. O estudo do decaimento -y depende da capacidade de medir a ener-
gia dos raios -y corn alta precisao, mas o problema de medir estas energias é dife-
rente daquele apresentado por partículas carregadas. Corno os raios y sao radiai;óes
eletrornagnéticas e nao tern carga elétrica, eles nao podern ser desviados por cam-
pos elétricos ou magnéticos. Conseqüenternente, medidas diretas de suas energias
corn urn espectrórnetro magnético nao sao possíveis. O mecanismo· de absori;ao de
raios -y pela matéria tarnbérn é diferente do das partículas carregadas, como indica o
poder de penetrai;ao rnuito rn?-ior dos raios y. Por causa des tas propriedades. será
necessário examinar prirneiramente as interai;óes entre raios y e a rnatéria. Os mé-
todos usados para medir energías de raios 'Y. seriio entao tratados porque estao ba-
seados nestas interac;óes, e a seguir o problema do decaimento -y será abordado.

15.1 A absor~o de raios gama pela matéria: dados experimentais. A proprie-


dade básica da absori;ao de raios y é o decréscimo exponencial na intensidade da
radiac:;3.o quando um feixe de raios y homogéneo passa através de urna placa fina de
matéria. Quando um feixe de raios 'Y de intensidade / incide sobre urna placa de
espessura Lit, a mudanc;a na intensidade do feixe ao passar através da placa é pro-
porcional a espessura e a intensidade incidente

t,J = -µ! t;x,


onde a con'stante de proporcionalidade µ, é chamada de coeficiente de ahsorriio. Se
os fótons dos raios y tém todos a mesma energia, fL é independente de .r e a integra-
<;ao da Eq. (15.1) fornece

(15.2)
328
FÍSICA NUCLEAR RA/0S GAMA E DECAIMENTO GAMA 329

0.5
e 0.2
Fonte
'f;.
, rn-1
.E, 5
e
E 2

--
f-
10- 2
-Absoc,edo, 1 5
-Pb 1 '.1
o 2 3 4 5 6 7 8
125 cm
Espessura de chumbo (cm)

·- 7,~
-Pb
Fig, 15.2 Yerifíca¡;l'io experimental da fórmula de atenua¡;ao de feixes finos de raios y e me-
dida dó coeficiente de absor¡;l'io no chumbo. Fonte. raios y de 1.14 Mev do znr.~.
Circuitos
coniador~s / , ~ Pb
envolvido por urna blindagem de chumbo para absorveí- raías -y estranhos a expe-
riencia ou elétrons que de mitra maneira seriam espalhados para dentro dele e con-
Contador tados. Numa experiencia de "boa geometria", os fótons sao removidos do feixe ou
Fig. 15.J Diagrama esqu , · por absor9§.o ou por espalhamento. Um fóton que sofre urna colisao de espalha-
absor~ao de raios 'Y totaise(mDat,~o da aparelhagem mento com um átomo na placa absorvedora pode ser desviado o Suficiente para que
. av1sson e Evans1). usada para a medida dos coeficientes de
nao alcance o detector e se perca do feixe exatamente .como se tivesse sido absor-
vido. O decréscimo na intensidade do feixe na passagem através da placa é.a medida
A Eq. 0 5 -2) dá a intensidade de rad· - . dos efeitos combinados de absor9§.o direta e deflexao. O termo absorrüo é freqüen-
atravessou urna espessura x de um ~a~ao / de~ois que urn feixe de intensidade / temente usado como um sinónimo de atenuarüo, mas isto causa menos confusa.o do
como ' ª 0 matenal. A intensidade pode ser escrita
. 0 que se esperaria porque o significado geralmente fica claro a partir do contexto~.
•'
A validade das Eqs. (15.2) e (15.3) pode ser mostrada por urna experiencia de
l = Bhv "boa geometria". Os resultados de tal experiéncia sao dados na Figura 15.2; o
onde B é • • ' 0 5 -3) absorvedor é chumbo e a fon te é Zn6 5, que emite raios -y com urna energia de 1, 14
o ~umero de fotons atravessando . Mev. Quando colocamos a fra9ao transmitida num gráfico de .escala logarítmica,
tempo, e hv e a energia por fóton· B é f .. urna umdade de área por unidade de contra a espessura do absorvedor numa escala linear, o resultado é urna Iinha reta,
como_ o número de fótons por ce~tí requentemente c,hamada defluxo, definido o que concorda com as equa96es. A inclina9:lo da linha dá o valor µ (cm- 1 ) =
energ,a correspondente. A Eq. (15 2fet~~ quadrado por ~egundo, e/ é o fluxo de 0,7068 ± 0,0051. Muitas determina9óes experimentais dos coeficientes de abson;ao
, .·· - . . · en ªº pode se~ escnta como foram feitas desta maneira e descobriu-se que o coeficiente de absor9ao depende da
B/B 0 = ,-,._ natureza do absorvedor e da energia· iniciar dos raios y. Alguns valores obtidos por
As equai;oes que descrevem b - 0 5 .4) Davisson e Evans 1 esta.o listados na terceira coluna da Tabela 15.1. É evidente que
raios
.
X d' · ª a sor~ao
_, isc~t,~as na Se!;B.o 4.J. Este
dos ra·os
i_
-
]" sao as mesmas que para os
para um dado elemento o coeficiente de absor9ao decresce a medida que a energia
tipos ~ao radrn~oes eletromagnéticas. ~:s~!!~do ~ª': e surpreen?ente porque os dais dos raios -y cresce. O valor de µ também varia de elemento para elemento e é, em
i e ,:a1os X com base na diferen~a de suas ' na_o; poss1vel diferenciar entre raios
. sao at~alrnente usados principalmente prop~1e. ade.s. Os temios raios 'Y e raios
geral, maior para elementos pesados do que para elementos leves. Valores teóricos
sao listados para referéncia posterior .
raws Y vem dos núcleos, enguanto qu para d1~tmgm! entre as fontes dos raios· A espessura x pode ser expressa em cm ou g/cm2 , como foi feito no Capítulo
:ª~.~s. d_os s_altos dos elétrons extranu:1::;~: ;- s~~ rad1a~óes de alta energia resuJ~
14, na discussao sobre a absor~ao de partículas {3. Como o produto µ.r deve ser
r 1 1cia1s_ta1s como um tubo de Coolid m ª, ornas, ou produzidos por fontes adimensional, µ, deve ser expresso correspondentemente em cm- 1 ou cm 2 /g. As
nesta_se~ao se aplica tanto a raio•s 'Y coge ou u~ betatron. A discussao da absor~ao vezes é conveniente expressar a espessura do absorvedor em útomos/cm2 ou
E necessário definir precisamente"-;.~ a ram_s ?'-· e~étrons/cm 2 em vez de g/cm 2 ; o coeficiente de abson;:áo entfio tem as unidades de
ili~1 (/ ~ 5 -4) !~º váli~as. Estas condii;oes ~~:.d;r:~s
e~ que _as Equai;oes (15.lJ,
cm2 /átomo ou cm2 /elétron. O coeficiente de absor9ao é geralmentc intlicado porµ

~n:1~:~.~~;J~ ~:tx~
quando as unidades sao cm- 1 , por µ/p para cm2 /g. por e/J, para cm 2 /cll'tron e por 0 µ,
~3) o ~bsoe:::d~r é coli~~do e t:~ª~! 'Y~~~e~~:~~:~~g;~i1~~s: paía cm2/átomo. Os subscritos e e a sao colocados embaixo. a esquc1tla. para evitar
~.ten~idade. ou atenua~ao, de um r:%º
~xper!mental para estudar o decréscimo nºa· confusa.o mais adiante. Em termos de f'µ e aµ,, os outros coeficientl·~ <;fm
1gurc1 ~5:_1. Este arranjo fornece um efei~;ams. Y nestas condi~óes é mostrado na aµ= Zeµ, ( ]5.5)
geometna . Os blocas espessos de bli colimado fino e diz-se que tem "boa
queno espa<;o. agem como colimador ;dagem de chumbo, separados por um pe-
. contador usado para detectar os raios 'Y é
~= N (!) ,µ = 1.µ. (15.6)
330 RAI0S GAMA E DECAIMENT0 GAMA 331
FÍSICA NUCLEAR
tra a menor variac;ao de elemento a elemento quando expressa como e/J, ou µ/p. A
partir da Eq. (15.9),
(15.7)
/L 0,693
p (x112)P'
~nde_Z é o número ~tómico. A é o peso atómico. N é o número de Avogadro e p é a
e~.5~dad~_em g/cm'. Na Eq. (15.7), o produto pN/A · Z é o número de elétrons/
e. como µ,/p varia lentamente com Z, o produto (x 112Jp também varia lentamente de
cm . '? ª sorvedor e, co!11o t•JJ. temas unidades de cm 2/elétron, µ., vem em cm-1. O
elemento a elemento. Segue-se, a partir deste resultado, que quanto maior a densi-
c~efic~ente 1~/J, temas ~nidades de cm 2 /átomo e. quando é multiplicado por pN/A o dade, menor é a espessllra de um dado material necessária para diminuir a intensi-
nu~;-eio, ct:atomos/cm- 1• o resultado é novamente µ, em cm- 1 • Os coeficientes ' e dade de raios y de um determinado valor. Por esta raza.o, metais pesados corno
,- ge1,dmentc
,,µ .SdO .. chamados
. de "se,·ao ,- de choque por ele·tron·· e"•sec;ao ,/L
.;- d e e hoque
poi atomo . re:pecuvamente. por causa de suas unidades. ferro, e especialmente chumbo, sao usadÜs para blindagem contra raios y e raios X.
A constáncia de µ,/pe (x 112 Jp significa que os pesos de diferentes materiais. necessá-
A ate~ua<;ao de um feixe de raios y também ·pode ser expressa em termos de
rios para diminuir a intensidade da radiac;ao de urna certa frac;ao. sao praticamente
u~a _q~antldade ch~mada de meia-espessura, isto é. a espessura do absorvedor ne-
os mesmos. Mas. para substáncias de densidade maior. o volume, e portanto a
cessarn . a. red uzir a· ·mtens1·ct a d e a· metade de seu valor inicial. A Equai;ao
· . '. par · ( 15.2)
pode se1 escrita em termos de logaritmos comuns espessura. será menor que para materiais de densidade menor.

15.2 A interac;ao dos raios gama com a matéria. A interac;ao dos raios y com a
log (! / I 0 ) = -0, 4;3+;3/L,r. ( 15.8) matéria é marcadamente diferente daquela para partículas tais como as partículas a
Quando fil« = 1/2, e /3. A diferern;a se torna óbvia pelo poder de penetrac;ao rnuito maior dos raios y e
nas leis de absorc;ao. Raios ·y e raios X, que sao ambos radia¡;óes eletromagnéticas,
log (½) - -0,4343/Lx, 12 , mostram a absorc;ao exponencial característica na matéria, e nao tém alcance defi-
e nido como se encontra para partículas carregadas. Partículas ca,rregadas. especial-
mente as pesadas, perdem sua energia durante o curso de urn grande número de
colisóes com elétrons atómicos. A perda de energía ocorre em inúmeros pequenos
(15.9) degraus e a partícula gradualmente diminui de velocid3.de até parar e ser absorvida.
Entretanto, quando um feixe de fótons de raios y incide sobre um absorVedor fino,
ondeX112 _é ª m~ia-esp~[sura. No e~plo da Figura 15.2. a meia-espessura para
cada fóton que é removido do feixe é removido individualmente num único evento.
0 O evento pode ser um processo de absor980 real, caso no qua! o fóton desaparece,
chumbo para ra1os y de 1.14 Mev é 0,98 cm.
ou em que pode ser espalhado para fora do feixe. A característica "um ·evento
Pode-se deduzir :1ma regra prática útil dos coeficientes de absorc;ao. Nas Eqs.
único" do processo de renioc;ao é responsável pela absorc;ao exponencial. Por isso,
( 15.6) e {}5.7}. a razao !IA !11uda muito lentamente a medida que z aumenta e.
o número de fótons que pode ser removido na passagem através de urna espessura
como sera mostrado ma1s_ adrnnte, eµ é aproximadamente o mesmo para todos os
elementos numa certa regia.o de energias. Portanto. o coeficiente de absorc;ao mos- ll.x do absorvedor é proporcional a ll.x e ao número de fótons que alcan9a !:u; este
tipo de dependéncia conduz diretamente a lei de absor9ao expOnencial, como mos-
trado pelas Eqs. (15.1) e (15.2).
Trés processos sao os principais responsáveis pela absorc;ao de raios y. sao
Tabela 15.1 Valores medidos de a!guns coeficie~tes de absorfilo de raios gama eles: .. (1) abson;ao fotoelétrica, (2) espalhamento Compton pelos elétrons em áto-
mos, e (3) produ~o de pares eléfron-pósitron coqio um resultado da intera¡;3o entre 1
Coeficiente de ah- Coeficiente de raios 'Y e os campos elétricos dos núcleos atómicos. A mecánica quantica toma 11 ·
Fonte Abson'edor sorrllo c•xperimental, absorrao teórico,
i' 1

µ: cm-1 µ: cm- 1
·possível deduzir fórmulas para a probabilidade de cada um <lestes processos, e a
probabilidade pode ser expressa como um coeficiente de absorc;iio ou como urna
MnM Al 0.1823 ± 0.0003 0,1820
'
1
sei;ao de choque. O coeficiente de absori;ao total, que aparece nas Eqs. (15.1) e
(0,835 Mev) Cu 0.5782 ± 0.0013 0,5718 (15.2), é a soma dos coeficientes de absorc;ao para os trés diferentes processos. O ¡, ¡'

Sn 0.4683 ± 0,0014 0.4628 problema é complicado ainda pelo fato do coeficiente de absorc;ao depender da
Ta 1.210 ± 0.004 1.228 energia dos raios y incidentes assim como da natureza do material absorvedor. 1

Pb 0,9368 ± 0.0041 0.9256 Conseqüentemente. a absorc;ao de raios y nao pode ser descrita por urna única
ZnH5 Al 0,1571 ± 0.0022 fórmula. ou por urna curva de alcance-energia. Cada sec;ao de choque parcial ou
0,1559
(1.14 Mev) Cu 0.4862 ± 0,0070 0.4914 coeficiente de absorc;ao deve ser calculada em func;ao da energia para um dado
Sn 0.3923 ± 0.0054 0,3858 material. e entao podem ser preparados tabelas ou conjuntos de curvas a partir dos
Ta 0,9127 ± 0.0100 0,9536 valores do coeficiente de absor93.o total de urn dado material que puderern ser obti-
Pb 0,7068 ± 0,0051 0,7057 dos. Assim,
Nat~ Al 0,0956 ± 0,0026 0,1001
(2,76 Mev) Cu 0:3164 ± 0,0080 0,3273 !L(E) = r(E) + u(E) + K(E), (15.11)
Sn 0.2668 ± 0,0045 0,2692
Ta 0.6433 ± 0,0055 0.6467 onde,. cr e K. indicam os coeficientes fotoelétricos, de Compton e de formac;ao de
Pb 0.4776 ± 0.0045 0.4644 pares. respectivamente. e cada coeficiente de absor~ao está ligado com a sec;ao de
RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA 333 ¡¡r
332 FÍSICA NUCLEAR
15.3 Absor~iio fotoelétricá. Fórmulas· para a probabilidade de que um fóton de 1

choque correspondente pela Eq. (15.7). Nas se~óes seguintes, fórmulas para as se- energia hv sofra absorc;ao fotoelétrica foram deduzidas pelos métodos da mec:inica
,¡1
<;óes de choque para os trés processos sera.o escritas, discutidas e ilustradas por qu:lntica. Diversas fórmulas diferentes devem ser usadas se a probabilidade, ex- ''
meio de curvas e tabelas. Antes de come<;ar urn tratamento detalhado. os processos pressa por um coeficiente de absor9ao. fór calculada para a faixa de energias de ,1,

serd.o discutidos de maneira geral. fótons de 0,1 Mev a 5 ou 10 Mev. A raza.o para isto é que a teoria é complicada e
No processo fotoelétrico, toda a energia hv do fóton incidente é transferida sao feitas diversas hipóteses em diferente's faixas de energías para solucionar as
dificuldades matemáticas. As principais características da dependéncia do coefi-
para um elétron ligado que é ejetado do átomo com urna energia cinética T = hv - 1,
ciente de absorc;iio em relac;ao ao número atómico do absorvedor e em relac;ao a '
onde/ é o potencial de ioniza\;:lo do elétron. O elétron pode ser ejetado do absor- 1

i
energia do fóton sao ~estradas pela fórmula mais simples. Se a energia do fóton é
vedor ou, se o absorvedor nao for muito fino, é mais provável que seja reabsorvido
suficientemente pequena para que os efeitos relativísticos nao sejam importantes.
quase imediatamente por causa do pequeno alcance de um elétron num sólido. Em mas suficientemente grande para que a energia de ligac;ao dos elétrons na carnada K
energias de fótons pequenas. abaixo de 50 kev para alumínio e 500 kev para seja desprezada. a sec;iio de choque por átomo ¡¡T para absorc;ao fotoelétrica é i
chumbo. o efeito fotoelétrico dá a contribuit;~~ principal para o coeficiente de ab- 1'
son;ao.
A medida que a energia da radiac;ao aumenta. o espalhamento Compton substi- = </>o zs (_l_ 44· ;,; ( moc ')7/2
aT 137) v ~ hv (15, 13)
tui o efeito fotoelétrico como o meio principal de remover fótons do feixe inicial. ·1 ili
Viu-se na Sec;ao 6.7 que no espalhamento Compton o fóton incidente é espalhado 1
onde 1'
por um dos elétrons atómicos e estes sao separados de seus átomos. O fóton sai
num certo :ingulo corn sua direc;ao original e com menos energia que tinha inicial-
mente. A mudanc;a de direc;ao serve para remover o fóton do feixe de raios 'Y inci-
dente. O espalhamento Compton dá a contribúic;ao principal para o coeficiente de
</>o = St (,::c )2 - 2 6,651 X 10- 25 cm 2 • (15.14)
absor~iio entre 50 kev (0,050 Mev) e 15 Mev para o alumínio, e entre 0,5 Mev e 5
Mev para o chumbo. Nestas faixas de energias, a energia do raio y incidente é
Na Eq. (15.13). hv é a energia do fóton incidente, mr,C 2 é a energia de repouso do
muito maior que a energia de ligac;ao dos elétrons atómicos. O processo pode por-
elétron e Z é o número atómico do material absorvedor: 'Po é urna unidade con ve-
tant.o ser visto como o espalhamento de um fóton por um elétron livre inicialmente niente para medir a sec;ao de choque e representa a sec;ao de choque para o espa-
em íepouso e. como cada elétron no átomo espalha independentemente, o coefi-
lhamento de fótons de baixa energia por um elétron·livre em repouso. Este tipo de
ciente de absorc;ao de Compton por átomo é proporcional ao número atómico Z.
espalhamento, chamado de espa/hamento Thomson, foi discutido na Se9iio 4.2. A
Em energias-·suficientemente altas, tanto a absorc;ao fotoelétrica como o espa- equac;ao simples (15.13) se aplica semente a ejec;ao de elétrons da camada K do
lhamento Compton·-·perdem sua importancia em comparac;ao com a formac;ao de
átomo, que é responsável por 80% do efeito fotoelétrico. ··· ·
pares. -Neste último processo, no campo coulombiano de um núcleo atómico, um
A propriedade mais importante de aT é a forte dependéncia em relac;fio ao nú-
raio y com energía suficiente desaparece e sao criados um elétron e um pósitron. A
mero atómico e em rela9ao a energia do fóton incidente; uT é proporcional a Z 5 e
energia total do paré igual a energía hv dos raios y incidentes: a energia cinética T inversamente proporcional a (hv) 112 • A dependencia de zs significa que. para urna

-
do paré
dada energía de fóton, o processo de absorc;ao fotoelétrica é muito mais importante
T = hv - 2moc 2 , (15.12)
Tabela 15.2 O efeito fotoelétrico* -.
se desprezarmos a pequena energía de recuo do núcleo. Para que a produc;ao de Energía dos ralos i' z,; /3 Z =26 Z =50 Z =82 1,
pares ocorra, hv deve ser maior que 2m(l: 2 ou 1.02 Mev. A prodrn;ao de pares nao z =o Z =38 Z =65 I,
pode ocorrer para hv < 2mr1,.· 2 porque esta quantidade de energía é necessária para n = m 0 c /hv
2 Me1, Al Fe Sn Pb ,, '
fornecer a energía de repouso das duas partículas. Um par de partículas, com car- 1

gas opostas, deve ser formado para que a carga se conserve. Para energías de fó- o 0,353 0,275 0,228 0,203 0,188 0,166 0,159
,1

tons maiores que 5 Mev para o chumbo e '15 Mev para o alumínio, a probabilidade 0,1 5,108 0,436 0,343 0,289 0,255 0,230 0,206 0,182
0,125 4,086 0,453 0,362 0,306 0,272 0,247 0,216 0,188
de produc;ao de pares é rnaior que para o espalhamento Compton e continua a 0,194 2,633 0,524 0,412 0,347 0,302 0,270 0,237 0,205
crescer com o aumento da energia. 0,25 2,043 0,581 0,447 0,375 0,331 0,290 0,259 0,225
Além dos tres efeitos discutidos. existem alguns efeitos menores que podem 0,375 1,362 0,740 0,556 0.462 0.403 0,366 0,319 0,278
contribuir para a atenua9ao de urn feixe de raios y. O mais importante <lestes é o 0,50 1,022 0,956 0,694 0,575 0,500 0,440 0,397 0,341
espalhamento. coerente por átomos ou moléculas inteiros. que podem adicionar al- 0,75 0,6711 1.528 1.162 0,947 0,781 0,690 0,600 0.522
guns por cento aos coeficientes de absorc;ao de materiais com Z alto e em raios y de 1,0 0,5108 2,375 1,862 1.506 1.237 1,038 0,878 0,747
1,25 0.4086 3,578 2,756 2,188 1.815 1.512 1,262 1.031
pequen a energia. Entre os out ros efeitos esta o ( 1) o efeito fotoelétrico nuclear. no 1,5 0,3405 5,3 3,834 3,062 -2.528 2,116 1,750 1,362
qual fótons de alta energia retiram néutrons dos núcleos de materiais de Z alto. e (2) 2,0 0,2554 9,48 7,46 5.34 4,24 3,55 2.96 2,17
o espalhamento Thomson e Compton por núcleos em vez de elétrons. Para a maior 3,0 0,1703 24,3 17,61 12,44 8,81 7,88 6,25 4,18
parte dos efeitos práticos. todos estes efeitos podern ser desprezados. 4,0 0,1277 46,8 33, 1 22.8 14,8 14,2 10,5 6,64 1

Os resultados da teoria da intera9fio entre raios y e a rnatéria foram coletados e 5,0 0.1022 79,9 53,4 34,6 21,8 21,6 15,6 9,61
'

comparados coma experiencia num excelente artigo de revisa.0 2 por C. M. Davis- *Valores numéricos de ,,T/Z5n em unidades de 10-:iz cm 2 •
son e R. D. Evans. Muitas tabelas e curvas dadas ali apresentam grande parte das
informac;óes disponíveis atualmente. numa forma útil.
RAIOS GAMA E OECAIMENTO GAMA 335
334 FÍSICA NUCLEAR
trico é especialmente importante na absor~iio de fótons de pequena energia por
100 elementos pesados.
' '' ~ Em fórmulas rnais rigorosas, a dependéncia de (/T em rela~iio a Z e hv na.o é
exatamente a mesma que aquel a mostrada na Eq. (15. 13). Assim. a variac;ao de,,;
- "
1\
' ---
-- - -- -
__ l__
1

-
-e-'-
---
jr----- --r- com Z nao segue a leí da quinta potCncia. apesar do desvio para fins práticos ser
1 \ 1 i li pequeno. O expoente que concorda melhor com a teoria aumenta com a energia do
1
\ 'I raio y e está entre 4 e 5 para energias acima de 0.35 Mev, sendo aproximadamente
'
' 4.5 em 1,13 Mev e 4,6 em 2,62 Mev. A dependencia rigorosa de 0 ; em relac;ao a
1\
1 1
energia dos raios y ta¡nbérn nao pode ser descrita por urna lei simples de potencias.
A sec;ao de choque decresce rapidamente com o aumento da energia, aproximada-
JO
~- ~
mente com (hvr: 1 para energías menores que 0.5 Mev, e com (hvr 1 para energias
' maiores que 0,5 Mev_. Valores obtidos a partir da teoria mais rigorosa sao indicados
' ¡-
li +---+ 1

" Ph-
1

'
1

'
na Tabela 15.2. Para fins de comparac;ao e facilidade de uso. os valores da quanti-
dade aT/Z~n esta.o listados, onde n é a raz:J.om 0 c 2 /hv. Valores crescentes den corres-
¡\ i i 1i i
1
pondern a energias decrescentes dos raios y. Para um absorvedor particular. diga-
i
! \' i
+
! 1
1
; ! ;
mos chumbo. os valores de ,,; sao obtidos para raios y de energias diferente~.
E i ' multiplicando-se os valores listados na tflbela primeiramente por z~, = (82f'. e entiio
2, ~-!n1 1
1
' i 11 pelo valor apropriado den. Curvas obtidas desta maneira sao mostradas na Figura
h
\ ! 1 ' ! i
i i i; 15.3 para o aluminio (Z = 13), ferro (Z = 26). estanho (Z = 50) e chumbo (Z = 82).
,, Note que os valores de aT/Z 5n listados na tabela estiio em unidades de 10~ 32 crn 2 •
' '
Valores de aT para outras energías ·e números atómicos que nao esta.o listados
'• \
' '\ 1
podem ser obtidos fazendo-se as curvas apropriadas e interpolando entre elas. Os
i\ i 1 i

·~
o
2"
,,o
1\ i

i Fe
1 \
\
valores para Z = O esta.o incluídos para permitir interpola,;0es para elementos com
Z< 13,
-"
~
~

"O
~ 0.1
¡
\ \ -
15.4 Espalhamento Compton. As principais características do espalhamento
Compton forarn discutidas na Se,;ao 6.7. mas será útil repetir alguns dos resultados
~
lá obtidos de urna forma um pouco diferente. A energia perdida por um fóton nurn
] ' --
~ '\ único processo de espalhamento Compton pode ser obtida a partir da Eq. (6.52).
'
8 1
\ !
'
--\ -~
~
--
que dá a mudanc;a no comprimento de onda do fóton,

'i __!1:_ (I - cos ,¡,). (15.15)


r-..
Al '\ m 0c

""
1
r-.. Na Eq. (15.15), A0 é o comprirnento de onda do fóton antes da colisao, A é o com-
0,01 \.
primento de onda após a colisáo e <P é o angulo entre as direc;0es inicial e final do
- -- -" -- - fóton, mostradas na Figura 6.7:Como >- = c/v, a Eq. (15.15) pode ser escrita como
\ '\ "
\ e e
1 ' V Vo
__!1:_ (I -
m 0c
cos </>),

\ Í"-
' ou

0.1 JO 100

Fig. 15.3 O coeficiente de abson;ao por centímetro como fum;B.o da energia do fóton para a Invertendo ambos os lados da última equa,;§.o, obtérn-se
absor~8o fotoelétrica no alumínio, ferro, estanho e chumbo.

1
V=
em metais pesados como o chumbo. do que em metais leves como o aluminio. A
dependencia da energia mostra que para um dado elemento o eféito é muito maior - cos ,¡,)
em energias de fótons pequenas do que em grandes. Segue-se que o efeito fotoelé-
FÍSICA NUCLEAR RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA 337
336
Se multiplicamos o lado direito por v0 • em cima e embaixo. e se multiplicamos homogeneo, cr é também urna medida da quantidade de energia total removida do
ambos os lados da equa<_;ao resultante por h, o resultado é feixe por centímetro de absorvedor. Algumas vezes é necessário conhecer a quanti-
dade de energia removida pelos fótons espalhados ou a quantidade de energia ab-
hvo sorvida pelos elétrons que recuam. Estas quantidades podem ser expressas em ter-
hv = --~--~---
hvo (15.16) mos de duas quantidades indicadas por eCTs e eCTu- A primeira, ecrs, pode ser chamada
1 + 1noe- --? (1 - cos </>) de "se9ao de choque de Compton por elétron para a energía do fóton espalhado".
Ela é dada por
A Eq. (15.16) dá a energia do fóton espalhado em termos da energia inicial e do
'
1

ángulo de espalhamento. O elétron que recua tem urna energia cinética dada por <J _ ~ [_!_ ..L 2(1 + a)(2a 2 ::_ 2a - 1) 8a
2
]
1

' ' - 8 </>o a3 In (l + 2") ' a2(1 + 2a)2 + 3(1 + 2a) 3 •


T = hv 0 - hv
(15 .22)
hvo
(1 - cos </>) - -
moc2 (15.17) A quantidade eCTu é a "se9ao de choque de Compton por elétron para a energía
hvo absorvida". O coeficiente ('cr é simplesmente a soma de "cr~ e "cr":
1 + - - 2 (1 - cos </>)
moc
(15.23)
A energia cinética do elétron tem seu valor máximo quando cos <p = -1 ou <p =
180º. e o fóton é espalhado diretamente para trás. A energia do elétron neste caso é de modo que, quando e<r e ecr., sao conhecidos, ecr11 é obtido por subtra9ao. Por
analogía coma Eq. (15.21),

Tmáx = l + (15.18)
Us = pN A
z eUs, (15.24)
• O elétron recebe a menor energic:. numa colisao rasante. em que o fóton continua z
com sua' freqü€:ncia inicial na dire¡;iio frontal e o elétron é ejetado com velocidade Ua = pN A eCTa•
, p_raticamente zero numa dire¡;iio perpendicular a da trajetória do fóton .
. A discussao até agui se refere a um único processo de espalhamento Compton.
Para.tratar a contribui93.0 do efeito Compton a atenua9ao de um feixe de raios y na Finalmente. a soma
matéria. é- necessário calcular a probabilidade de que tal processo de espalhamento
acorra. Esta probabilidade foi calculada com base na mecftnica quftntica relativís- (15.25)
tica por Klein e Nishina. Apesar dos detalhes da teoría serem complicados, os
resultados podem ser expressos em fórmulas diretas com as quais os cálculos mostra como o coeficiente total de Compton pode se desmembrar num coeficiente
podem ser feitos facilmente. Obtev~-se a s_eguinte fórmula para a se9ao de choque para a energía espalhada fara do feixe e um coeficiente para a energia removida
por elétron ecr para a remo9ao dos fótons do feixe incidente, por espalhamento. pelos elétrons que recuam. Os elétrons, por" causa de seu alcance muito pequeno,
sao freqüentemente absorvidos e suas energias podem aparecer na forma de calor.
Em alguns problemas práticos é necessário saber quanto calor é produzido como
e<T = ¾4'o· resultado da atenua9ao de -~rn feixe de raios y na passagern através de um dado
+
1 a [2(1+ a) l ]. 1 · ·-- -· 1 + 3a } absorvedor. A contribui9ao do espalhamento Compton a este calor pode ser obtida
X ~ 1
1 + 2" - ;;; In (1 + 2a) + 2 " In (1 + 2a) - (l + 2 a)Z • quan~o eCTa é conhecido para a energia de um dado raio y.
'j E conveniente tabular os valores de eCT, eCT~ e e<ra, isto é, os valores em cm 2 /
(15.19) elétron, porque estes sao independentes das propriedades do absorvedor. Os valo-
J, res para um dado absorvedor sao entao obtidos usando-se as Eqs. (15.21) e (15.24).
onde a foi definido como A Tabela I5.3 dá as se96es de choque para o efeito Compton ecr, "crs e ('era, em
unidades de rn- 2 " cm 2 /elétron. Os valores dos coeficientes de absor9ao por centíme-
(15.20) tro, crs, era e cr, para o caso especial do chumbo (Z = 82) estao colocados no gráfico
a= da Figura 15.4.
As Eqs. (15.19) e (15.22) mostram que o espalhamento Compton por elétron é
e,¡,,, é dado pela Eq. (15.14). Quando ,rr é multiplicado por pN(Z/A),'o resultado é o independente de Z, de modo que o espalhamento por átomo é proporcional a Z. O
coeficiente de absor9Uo de Compton o- (crn- 1 ). coeficiente de espalhamento de massa cr/p é dado por

(15.21)
(J
-p = N-
z.~ (15.26)
A~,

O coeficiente cr é urna medida de probabilidade de que um fóton seja espalhado e varia apenas lentamente corn Z. Para os elementos leves, Z/A é quase igual a½- de
para fora do feixe, por centímetro de absorvedor e. como o feixe é inicialmente modo que. para urna dada energia do fóton. a-/p é praticamente constante para estes
RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA 339
338 FÍSICA NUCLEAR

Tabela 15.3 SerOes de choque para o efeito Compton*


Energía inicial
,<T ,<T,
a= hv/moC 2 Mev '""
o J
e
_,¡_ -- 0,0128 6,31 6,31 0,00
0,025
---- 1 -------- - -- -· 0,05 0,0256 6,07 5,79 0,28
1 0,075 0,0383 5,83
1 d.10 0,0511 5,599 5,138 0,461
0,15 0,0767 5,243
i
1 0,20 0,l02 4,900 4,217 0,683
.0,25 0,128 4,636
...-----~-- f.-.---~~~
1 / 0,30
0,40
0,153
0,204
4.4IO
4,032
3,597
3,152
0,813
0,880

il/1
1 , 2,818
e
; 0,50 0,255 3,744 0,928
1 e
,s %.E 0,60 0,307 3,507 2.551 0,956
fE ',.
~ e
1 E o 1 1 0,70 0,358 3.309 2,337 0,972
!
' o u
·u
-t- ·-l ~
u
~

o
o
u + ,' '
0,80
0,90
0,409
0.460
3.140
2.994
2.158
2,008
0,982
0,986
!
!] E u
~
~
1
1
--·· I . ' 1'
1 1,0 0.511 2,866 1,879 0,987
~ ,g
• 1 /
' /I / I 1,5 0,767 2,397 1.432 0,965
" ~ ~
o 0,926
~ª 1 -ll• ~ / : 2,0 1,022 2,090 1,164
2,5 1,278 1,868 0,983 0,884
... 8 u
~
u u
/ // 3,0 1,533 1,696 0,852 0,844 ¡
¡¡ V 1,789 1,559 0,753 0,806
J E
-~ 3,5
+ ~
·¡¡
~
/ / 4,0 2,044 1,446 0,674 0,772 :1
,; ¡¡ 8 4,5 2,300 1,351 0,611 0,739


"b s' J

~
V V ,
5,0
6,0,
7,0
8,0
2,555
3,066
3,577
4,088
1,269
1,136
1,031
0,9465
0,559
0,477
0,417
0,370
0,7IO
0,659
0,614
0,5765
0,543.
9,0 4,599 · 0,876 0,333
/
-- ·- l0,0 5,l08· 0,8168 0,3023 0,5145
~
1/ /
12,0 6,132 0,722 0,256 0,466
/' / 20,0 l0,22 0,502 0,158 0,344
7 / - .. \ 30,0
50,0
15,33 .
25,55
0,371
0,250
0,l07 0,264
0,066 - 0,184"
V
,( / \ 70,0
100,0
35,77
51,10
0,191
0,143
0,047
· 0,033
0,144
0,110 · ·

_....:...:.._.._
-o
// V
~\ '
*Em unidades de 10- 25 cm2 /elétron.

F
- - '.\ elementos. O coeficiente total de esj,alhamento por elétron, p, decresce com o
I
/ 1
aumento da energia do fóton, como pode ser Visto a partir dos valores na Tabela
/
\ 15.3. O decréscimo é relativamente tenlo para pequenos valores da enefgia e, para
----- energias acima de 0,5 Mev, e<Y é aproximadamente proporcional a (hvr 1 • Assim, o
··---- - - - \ espalhamento Compton decresce muito mais lentamente com o aumento da energia
do que a absor9lio fotoelétrica; mesmo em elementos pesados, ele é o processo
mais importante na faixa de energias que vai de cerca de 0,6 a 2,5 Mev.
!
No tratamento feito até aqui, supós-se que o fóton espalhado urna única vez
', era removido do feixe de raios y. Esta hipótese pode ser considerada como defi-
1
nindo um absorvedor fino. Num absorvedor espesso, alguns dos fótons que foram
- espalhados. urna vez que foram considerados perdidos, sera.o espalhados e reespa-
lhados, podendo eventualmente alcan9ar o detector. O problema do espalhamento
Compton repetido, ou múltiplo. de raios y é importante em conexa.o com a blinda-
gem de pessoal contra a radia9ao y emitida por aceleradores ou reatares nucleares.
Foram feitos progressos consideráveis no tratarnento teórico e experimental <leste
problema, e indicamos ao Jeitor o livro de 1-!'. Goldstein listado nas referéncias
gerais ao final do capítulo.

1,
RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA 341
340 FÍSICA NUCLEAR
riamente observados sao aqueles em estados de energia positivos. Suponha agora
15.5 Forma~o de pares elétron-pósitron. O terceiro mecanismo pelo qua! ra- que um elétron esteja faltando na distribui9ao dos estados de energia negativos. O
dia9tio eletromagnética pode ser abimrvida é a produ9ao de pares elétron-pósitron. estado vazio, de acorde com Dirac, aparecería como urna partícula de energia posi-
Este processo, que nao tem um análogo na física clássica, deve ser aceito como um tiva e carga positiva, já que urna partícula de energia negativa e carga negativa está
fenómeno estritamente experimental. A descoberta do pósitron e a forma9ao de faltando. Este lugar vazio, ou "buraco de Dirac", se comportaría portan to como
pares, entretanto, representa um dos grandes triunfos da teoria física moderna, e urna partícula carregada positivamente. Dirac supós primeiramente que ele repre-
por esta raza.o merece urna pequena divagai;ao. Mencionamos muito brevemente no sentava um próton, mas esta hipótese teve que ser descartada porque ela nao podia
final da Se,ao 7.5 que a equa,ao de Schroedinger, a equa,iio fundamental da meca- explicar nem a diferen9a de massa entre um próton e um elétron, nem a existencia
nica qu:intica, nao satisfazia a condi93.o de invari8.ncia postulada pela teoría da rela- est~vel do próton. ·
tividade restrita. Quando a teoria do átomo de Bohr foi substituída pela mecánica
quántica, o problema do tratamento relativístico do elétron ainda permanecia. Este 10~------------------~
problema foi resolvido por Dirac, que deduziu urna equa9ao, a equa9ao do elétron
de Dirac, que é um dos desenvolvimentos mais-importantes na física moderna. Sem blindagem
Dirac impós que a equa9ao que representa o movimento de um elétron fosse inva- (envol~imento)
riante sob a transforma,ao de Lorentz (veja Se,oes 6.4 e 6.5). A solu,ao da equa-
9ao de Dirac levou de urna maneira natural a fórmula para a estrutura fina das ~

linhas espectrais e ao spin do elétron. Mas para resolver a equa9ao de Dirac é "
"O
necessário super que o elétron pode existir em dois conjuntos de estados quánticos, ~

um de energia positiva (incluindo a energia de repouso) e o outro de energia nega- "


"O
~

tiva. Descobriu-se que os valores possíveis de energia de um elétron livre ou sao ]


maiores que +m{'f: 2 , ou menores que -mrt: 2 , e que nao existem energias possíveis =5
para o elétron entre estes dois limites. Tal estado de coisas é mostrado na Figura
e
15.5, onde as regióes sombreadas sao aquelas nas quais valores de energia dos
"••
elétrons existem. Elétrons nos estados de energia positiva se comportam da ma- "g
=
neira usu?I em que os elétrons sao ordinariamente observados, enquanto que elé-
Jrons em estados de energia negativa devem ter propriedades que nao tem analogia ii
clássica. Estes elétro~s_,podiam ser simplesmente desprezados se fossem considera- -ll
dos a partir de um po·nto de vista clássico: neste caso, o valor da energia de um
elétron pode mudar semente de urna maneira contínua, e um elétron num estado de
·~"
o
~

fil
energia positivo nao podia saltar a descontinuidade entre um estado de energia o L-._...i-==:::._ _¡__ _¡__ __¡_ ___¡_ __J

+mrt: 2 e um de energia -mrJ: 2 • Em outras palavras, um estado de energia negativa· 1 2 5 !O 20 50 100


nao teria significado físico real. Entretanto, de acorde com a téoria quántica, um Energia do fóton (hv/m 0 c 2)
elétron pode fazer urna transi93.o descontinua entre um estado de energia e outro,
de modo que nao existe nenhuma maneira de impedir um salto de um estado de Fig. 1S.6 Se4r8-o de choque para forma98.o de pares por átomo como fun9ao da energia do
energia positiva para um estado de energia negativa. fóton; fJK em unidades de 4,. (Com permissao, de Experimental Nuclear Physics, vol. l., E.
Segre,. ed., New York: Wiley, 1953.) ·

Tabela .15.4 SefOes de choque paraformafilo de pares


Energia do fóton, aK/Z 2,
Mev aK/if> em unidades de
10-21 cm 2 /átomo

1,533 0,086 0,050


2,043 · 0,327 0,189
3,065 0,905 0.524
5,108 1,98 1,15

Al Pb Al Pb

Fig. 15.S Valores possíveis da energia de um elétron de acorde coma teoria de Dirac. 7,662 2,93 2,86 1,70 1,66
10,22 3,66 3,60 2,12 2,08
17,01 5,07 4,90 2,94 2,84
25,54 6,14 5,96 3,56 3,46
Dirac evitou a dificuldade supondo que os estados de energia negativa sao
reais. mah~'l'! todos eles esta.o usualmente ocupados. Os elétrons que sao ordina-
RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA 343
342 FISICA NUCLEAR
pelo processo de prodw;iio de pares é sempre complicada pelo aparecimento desta
O dilema foi resolvido em 1933 quando Anderson. durante o curso de um es- radiai;flo secundüria de baixa energia.
tudo de raios cósmicos por meio de urna ca.mara de nuvens. observou partículas
com a mesma massa que um elétron e com urna carga elétrica igual em magnitude 15.6 A absor~ao de raios gama pela matéria. Compara~ao dos resultados experi-
mas de sinal aposto a do elétron. Deu-se o nome de pósitron a esta partícula e ela mentais e teóricos. Podem•se obter valores teóricos do coeficiente de absor¡;iio 11 µ
foi identificada com os "buracos" de Dirac. Em termos da teoria de Dirac, a pro- ou µ a partir dos valores dos coeficientes parciais dados nas Tabelas 15.2, 15.3 e
du~ao de um pósitron é interpretada da seguinte maneira. Um fóton de energia 15.4. e a partir de gráficos daqueles dados. Usa-se o seguinte procedimento:
maior que 2m1r:· 2 pode elevar um elétron de um estado de energia negativa para urn I. Valores de r,T/Z:,n para diferentes valores de 11 sao obtidos a partir da Tabela
estado de energia positiva. O desaparecimento de um elétron de um estado de ener- 15.2 ou a partir de gr~ficos dos dados na_ tabela. Obtem-se valores da se¡;fio de
gia negativo deixa um buraco. o que significa o aparecimento de um pósitron; o choque fotoelétrica por átomo (/T. multiplicando-se por Z 5n.
aparecimento de um elétron num estado de energia positiva significa o apareci- 2. Obtém-se valores da se¡;ao de choque de Compton por átomo 11rr a partir dos
mento de um elétron comum. Assim, é criado um par de partículas. Como cada dados na Tabela 15.3, .multiplicando-se os valores de e<I por Z.
partícula deve ter urna massa de repouso igual a mo('-i. o fóton deve ter urna energía 3. Os valores de (/K/ib sao obtidos a pa11ir da Tabela 15.4 ou Figura 15.6 para
de pelo menos 2m 1f.· 2 • ou 1.02 Mev. O processo de- cria<;fio geralmente acorre no os mesmos valores de 11(= 1/a) usado nos dois primeiros passos e multiplicados por
campo elétrico na vizinham;a de um núcleo, porque alguma massa deve absorver <b = 5 .796 x 10- 2 /lzi para dar a se¡;áo de choque para produ¡;ao de pares por átomo
energia e momento. para que a energia e momento sejam conservados no sistema.
As fórmulas para a probabilidade de forma¡;§.o de pares sáo mais complicadas O coeficiente de absor¡;ao total por átomo ªµ é ent§.o
que aquelas para a absor¡;§.o fotoelétrica e espalhamento Compton. e nfio seráo
dadas aquí. Podem-se listar valores da se¡;fio de choque para a produ¡;ao de pares. (15.28)
por átomo, 11 K, para certas energias de fótons e podem ser dadas curvas para a
varia¡;fi.o de "K com a energia. A se¡;§.o de choque é zero para energías de fótons ·i.1 '.
menores que 1.02 Mev: para energias maiores. ela aumenta lentamente no início, e O coeficiente de absor¡;iio de massa µ/p é
entao rapidamente. Ela é proporcional aZ 2 , de modo que, para urna dada energía de
fóton. a forma¡;iio de pares aumenta rapidamente corn o número atómico. Se¡;óes de
choque para produ¡;ao de pares sao usualmente expressas ern unidades da quanti-
~= 1 (aT + a<I + aK). (15.29)

dade
2 2 O coeficiente de absor¡;fi.o µ, é
Z (( e2 ) 2 -28 2 (15.27)
if, -
137 \moc 2 = Z X 5,796 X 10 cm . pN
µ = A (aT + a<T + aK). (15 .30)

Curvas de (/K/ip como urna fun¡;iio de a = hv/mr:1" 2 sao mostradas na Figura 15.6 -- -
para ar e chumbo; valores de (/K/ip e f/K/Z 2 para Al e Pb sfi.o listados em diversas Foram preparadas por Davisson e Evans2 tabelas dos valores de ,,-r, (/u, f/K e
energias de fótons na Tabela 15.4. Para energias de fótons acima de I0moe· 2 ou cerca .µ, para 24 elementos, do hidrogenio (Z = 1) ao bismuto (Z = 83). Seus valores
de 5 Mev, é necessário levar em conta um efeito chamado de blindagem. Nestas para o chumbo estao listados na Tabela 15.5,juntamente comos valores de µ,/peµ.
1 Os valores da se¡;'ao de choque por átomo esta.o em unidades de 10-24 cm 2 /átomo.
energías, o par elétron-pósitron provavelmente se forma a alguma distancia do nú-
cleo. Quando esta distancia é maior do que o raio de algumas camadas eletrónicas. · Coeficientes de absor,ao de massa µ/p (cm'/g) estao listados na Tabela 15.6 para
o campo em que os pares sáo criados é menor do que o criado pelo núcleo e a quatro absorvedores comumente uSados (água, alumínio, ferro e chumbo).
probabilidade da forrna¡;áo de pares se reduz bastante. Conseqüentemente, ern As se¡;0es de choque parciais e totais por centímetro, para o chumbo. estáo
energías maiores (até 25 Mev) os valores para o chumbo sáo bastante menores do colocadas num gráfico da Figura 15.7, e as características gerais da absor¡;ao de
que aqueles para ar e alumínio; em energias maiores, o efeito de blindagem se torna raios y podem ser vistas, considerando-se estas curvas. Ern energias muito baixas,
mais mareante. · . . a absorfiiO de fotoelétrons predomina, mas decresce rapidarnente com o aumento
Conclui-se, a partir da rnaneira pela qual a Ses:iio de choque para a forniaf§.O de de energia. A medida que ela decresce, a atenua¡;iio pelo efeito Cornpton se torna
pares depende de Z e da energia, que este processo é importante para altas energias relativamente mais importante, até que os dais efeitos se igualam em cerca de 0,5
e elementos pesados. A contribui~ao da forma¡;ao de pares para o coeficiente de Mev. Em energias ligeiramente menores do que I Mev, a maior parte da atenua¡;8.o
absor980 total µ, do chumbo é igual flquela do efeito Cornpton em cerca de 4.75 é causada pelo efeito Compton. A absor~ao por forma¡;iio de pares corne¡;a em
Mev. Acima desta energia .. a forma¡;áo de pares predomina. cerca de 1 Mev e aumenta enguanto que os outros efeitos diminuem, até que ern
O processo de\produ¡;ao de pares está muito ligado ilquele do processo inverso. altas energias a absor¡;ao ocorre quase completamente por produ¡;ao de pares. A
o da aniquila980 elétron-pósitron. Um pósitron. após ser formado. é moderado por curva do coeficiente de absor¡;ao total 1•s. energia tem um mínimo em energias nas
colisóes com átomos até que esteja praticamente em repouso. Ele entfio interage quais o efeito Cornpton e a produ¡;ao de pares se tornarn comparáveis. Enguanto
com um elétron que está também praticamente em repouso. As duas partículas que estas características sáo típicas das curvas de absor¡;'ao para todos os elemen-
desaparecem e surgem dais fótons se movendo em dire¡;óes opostas. cada um com tos. a enérgia particular em que um processo ou outro é importante varia de ele-
urna energia de 0.511 Mev, igual a energia de repouso de um elétron. Dois fótons. mento a elemento. A seguinte tabela indica as faixas de energia em que os vários
1
em vez de urn. sao necessários para que o momento seja conservado se a aniquila• efeitos fazem suas maiores contribui¡;0es num elemento leve (alumínio) e nurn ele-
¡;áo ocorre longe de núcleos. Os fótons que aparecem na aniquila¡;fio de um par mento pesado (chumbo). 1¡
elétron·pósitron sao chamados de radia~·iio de aniquilariio, e·a absor¡;ao de raios y

L'I
RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA 345
344 FÍSICA NUCLEAR

Efeito fotoelétrico Efeito Compton Tabela 15.6 Coeficientes de absorrao de massa*


Forma98.o de pares
Energiu
Alumínio < 0,05 Mev 0,05-15 Mev > 15 Mev do fóto11, Água Alumínio Ferro Chumbo
Chumbo < 0,5 Mev 0,5 -5 Mev > 5 Mev Me,•

A varia~iio da curva do coeficiente de abson;iio vs. energia de elemento a elemento 0,1 '0,167 0,160 0,342 5,29
é mostrada para as curvas do alumínio. cobre, estanhó e chumbo, na Fig. 15.8. 0,15 0,149 0,133 0,182 1,84
0,2 0,136 0,120 0,138 0,895
0,3 0,118 0,103 0,106 0,335
0.4 0,106 0,0922 0,0918 0,208
Tabela 15.5 Valores dos coeficientes de absorráo para o chumbo* 0,5 0,0967 0,0840 0,0828 0,145
o:6 0,0894 0,0777 0.0761 0,114
Energia Fotoelé- Formarilo Coeficien- Coeficiente 0.8 0,0786 0,0682 0,0668 0,0837
dofóton, trico Compton de pares Total te por cm, de massa 1,0 0,0706 0,0614 0,0595 0,0683
Me1• µ., cm-- 1 µ./p, cm 2/g 1,5 0,0576 0,0500 0,0484 0,0514
"' "" oK o/L
2,0 0,0493 0.0431 0,0422 0,0451
0,1022 1782 "!0,18 1822 59,9 3.0 0,0396 0,0353 0.0359 0,0410
5,30
0,1277 9¡¡5 38,01 1023 33,6 4.0 0,0339 0,0310 0,0330 0,0416
2,97
0,1703 -465 .>35,04 500 16.4 5,0 0,0302 0.0284 0,0314 0,0430
1,45
0,2554 161 30,70 192 6,31 0,558 6,0 0,0277 0,0266 0,0305 0,0455
0,3405 75,7 27,63 103,3 3,39 8,0 0,0242 0,0243 0,0298 0,0471
0,300 10,0
0,4086 47,8 25,74 73,5 2,42 0,0221 0.0232 0,0300 0,0503
0,214
0,5108 27,7. 23,50
0,6811 14,5 20,73
51,2 1,68 0,149 ',\ *µ./p. cm 2/g.
35,2 1,16 0,102
1,022 6,31 17,14~ 23,45 0,771 0,0682
1,362 3,86 14,81 0,1948 18,87 0,620 0,0549
1,533 13,91 0,3313
2,043 2,08 11,86 1,247 15,19 0,499 0,0442 1,6
2,633
3,065 9,313 3,507 1,4
4,086 0,869·(_ 7,761 5,651 14,28 0,469 0,0415 s2Pb
5,108 0,675 6,698 7,560 14,93 0,491 0,0434
'E 1,2
'~
6,130
10.22
15,32
0,316
0,206
5,917
4,115
3,042
9,119
14,04 18,47 0,607 0,0537 "'·~
o
té' 1,0
18,00 21;25 0,698 0,0618 o
25,54 0,122 . . 2,044 23,24 25,41 0,835 0,0739
~

.g 0,8
*Em unidades de rn-- 24 cm2 /átomo;; ~) <:• • ,-:,.; ' l ,{_; s::r :;•:r1 __:·t,:_~- · C:! :·: ·,·
u
'O
0,6
C::C ••, l

"-· .:.•i ·:- -- - ,


' .!!
e
,.:; .- ··,;i;'.; ;..-r, ,;";· ,: .. "(~,:,:. ~
·¡¡ 0,4
\
1 "'uo 0,2
u
O,Q
0,1 1,0 JO 100 1000
Energia do fótori (hv/rn 0 c 2) 1

Fig. 15.8 Os coeficientes de absorr;ao total do aluminio, cobre, estanho e chumbo.

O método mais simples de testar a teoria da absoq;ao de raios y é medir o


coeficiente de abson;ao total pelo método discutido na Sec;ao 15.1. Apesar de medi-
das deste tipo serem basicamente simples, os resultados experimentais dependem
do conhecimento da energia dos fótons emitidos pela fonte, e da pureza do absor-
vedor bem como de muitos outros detalhes experimentais. A produc;ao de radionu-
clídeo~ artificiais forneceu fontes de raios y monoenergéticos com energias na faixa
de 0,5 a, 2,8 Mev, e feixes de raios y monoenergéticos de energia maior foram
Energia do fóton hv/m 0 c 2}
obtidos como produtos de reac;6es nucleares. Descobriu-se que na faixa de energias
Fig. 15.7 Coeficiente de abson;ao total do chumbo, mostrando as contribuir;óes da abson;ao
de O 1 Mev a 6 Mev os valores teóricos do coeficiente de absorc;ao calculados a
fotoelétrica, espalhamento Compton e formar;ao de pares. parti~ das atuais teorias do efeito fotoelétrico, efeito Compton e produc;ao de pares
346 FÍSICA NUCLEAR RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA 347

~oncord~tm.~em. com.o~ valores medid~s experimentalmente. Descobriu-~e que esta {3. normal ao plano da figura. O raio de curvatura do cristal entao é o diilmetro do
concord,mc1c1 vale pc1r<1 ~m grande numero de elementos na tahela periódica. do círculo de foco F mostrado (2.0 m). Se a fonte de raios y está no foco real R. e se a
carbono ao chumbo. ln~1camos novamente ao leitor o anigo de revisao de Davis- condi¡;i:i.o de Bragg. Eq. (4. 10), é satisfeita, existe urn feixe difratado que entra no
son ~ E.van~ para ~ma d1~cussilo detalhada. incluindo muitas curvas experimentais. detector D como se viesse de urna fonte virtual ern \/; o ángulo de Bragg é indicado
e resultados expenmenta1s. Urna comparac;fi.o parcial entre a t ·, ·• •• , por 8. Para cada comprimento de onda diferente. existe urna posii;ao particular da
dada na Tabela 15.1. eona e experiencia e
fonte em algurn lugar no círculo de foco que fornece um feixe difratado. A taxa de
Os coeficientes ~e absorc;fi~ parcial também foram medidos experimental- contagem do detector é determinada como funi;üo da posii;ao da fonte a medida que
~e_nte, ape~ar de medidas ~e.ste tipo serem mais difíceis e portanto menos extensi- a fonte se move ao redor do círculo de focos; a contagem tem urn máximo estreito
vas_ d~ ~ue_ a_quel_as d_e coe!1c1ente de absoq;:fi.o total. Descobriu-se que a teoria dos no ponto para o qual úm forte feixe difratado ocorre. A posii;3o·deste ponto deter-
efeJtos 1_nd1v1dua1s da sec;oes de choque ou coeficientes de ahson;fio parciais que mina o comprimento de onda e portanto a freqüéncia e energia dos raios y. Este
c?n.corda~ bem co_m .ºs resul!ados experimentais. Assim, mostrou-se que a teoria j método pode dar resultados com alta precisa.o - por exemplo. a energia do raio y
da ª.~son;ao f~t~_eletnca. as form_ulas de Klein-Nishina para o efeito Compton e a r, associado com o decaimento y do AuH111 foi determinada como 41 I .770 ± 0.036 kev.
teo nd de fo:'!1ai;~o de pares prevem os resultados·corretos. A teoria <lestes proces- r e obtiveram-se resultados com precisii.o similar para as energias de rnuitos outros
sos e a venf1cai;ao experimental sao, tratadas em detalhe no livro de Heitler Th, raios y nucleares;; Métodos de difrac;flo de cristal tém entretanto duas desvanta-
Quantum Theory (~{ Radiation.:i · {;
gens. Primeiro. as medidas se tornarn mais difíceis e menos precisas a medida que a
energia dos raios y aumenta e o comprimento de onda decresce. com o resultado
.. 1~.7. ~ medi?a das ene~gias dos_raios gama. Vários métodos gerais podem ser de que elas nao podem ser feitas muito acima de 1 Mev. Segundo. e las requerem
~s~dos pa~a medir ?s e_nerg1~s de ra1os y. Como raios y sao radiai;óes eletromagné- fontes muito ativas e estas nem sempre sao disponíveis.
tJ_cas, o metodo ma1s ?1reto e determinar o comprimento de onda e portante a ener- O espectrómetro de raios y de DuMond também foi usado para medir a energia
gia, usan_d~-se .um cristal como rede de difrai;ao (Sei;ao 4.3). Um instrumento de da radiai;ao de aniquilac;ao. 5 _Descobriu-se que os fótons da aniquilai;ao de pósitrons
alta precisa~ chamado de espectrómetro foca/izador de cristal cmwJ foi usado por a partir de Cu 64 tém urna energia de 510,941 ± 0.067 kev. O "melhor valor'' para a
DuMond ,'· ." e o pnnc1p10
· · · ~e 1o qua 1 ~le esta· concebido é mostrado esquernatica-
energia de repouso do elétron naquele tempo era 510.969 ± 0.015 kev. de modo que
rnente na Figura 15.9. O_ cns!al de d1frai;fio de quartzo C é curvado e colado de o valor da energia de aniquilai;ao medido concorda muito. bem c0m o valor previsto
modo que os planos de d1frai;ao se encontram. quando estendidos. nurna Jinha em 1
pela teoria de fonnac;ao e aniquilai;ao de pares. Os dois nú meros mencionados
podem ser usados para calcular urna possível diferenc;a de massa entre o pósitron e
o elétron. e descobriu-se que dentro de urna parte em 104 nao existe evidéncia de
qualquer diferenc;a de massa entre elétrons positivos e negativos. Este resultado
tem um interesse especial porque. junto com urna comparac;ao direta recente da
ratito m/e para o elétron e pósitron, ele fornece urna prova experimental inde·pen-
\\
'\' \ dente de que o elétron e o pósitron sao id_énticos exceto para o sinal da carga
eletrónica. Numa experiéncia comparativa,r, elétrons de um filamento quente e pósi-
' 1 \\ trons do Na22 foram analisados num espectrómetro de massa com um campo elé-
'' \
\ p
trico reversível e um campo magnético fixo. As partículas seguiram trajetórias idén-
ticas ern direc;óes apostas no espectrómetro. A magnitude do campo elétrico neces-
'' 1
sária para focaliza9ao foi tomada como a medida de m/e para a partícula envolvida.
O resultado obtido foi
1

'
1 (m/e)- - (m/e\+
'1
1
m/e
onde as razóes com sinal mais ou menos se referem aos valores obtidos para focal i-
zai;ao dá.s partículas na experiéncia, e o denominador é o valor aceito da raza.o para
o elétron. Assim, mostrou-se que tanto a massa quanto a carga específica do pósi-
tron e elétron sao iguais dentro de pequenas varia<;óes. Apesar da experiéncia com-
parativa nao estar diretamente relacionada com raios -y. ela foi incluída aqui por
causa da maneira pela qua! ela suplementa a experiéncia de radiw;ao de aniquila-
mento.
O espectrómetro de cristal curvo foi aperfeii;oado e simplificado.:m, :u tendo
sido aplicado a problemas tais como o estudo de raios y de captura de néutrons.
Como um exemplo da precisa.o que pode ser obtida, urna medida recente:; 2 da ener-
gía de liga<;ao do déuteron deu o resultado de 2,2255 ± 0.0015 Mev.
Raios gama de energia moderada sao estudados mais freqüentemente por meio
dos fotoelétrons ejetados e elétrons de Compton que recuam a partir de urn material
apropriado chamado de radiador. As energias dos elétrons ejetados sao medidas ,,
Fig. 15.9 Diagrama esquemiitico de um espectrómetro de raios y de cristal (DuMond~· s¡_ com um espectrómetro magnético. como descrito na Sei;ao 14.1. Quando o efeito !
348 FISICA NUCLEAR
RAI0S GAMA E 0ECAIMENTO GAMA 3497,
r-------::,------, 1,
Raios y Raios y
do Mn52 do Mn52
radiador radiador
¡ de Pb
¡ \de Cu

--Radiador
m-Absorvedor ©
- .V N
,

\L\! Fonte de raios /3 Contador


e raios 'Y

o 2 3 4 5 o 2 3 4 5
Fig. 15.10 Diagrama de um arranjo para medir as energias dos raios 'Y a partir de urna fonte Hr_ Hr_
de raios /3 e raios y.
(a) (hl

Compton é usado, a fonte é envolvida num absorvedor de material de número ató-


Fig. 15.11 (a) Fotoelétrons e elétrons de recuo de Compton ejetados a partir de um radiador
mico pequeno como o alumínio, suficientemente espesso para parar todos os elé- de chumbo pelos raios i' do Mn52 ; os picos sáo causados pelos fotoelétrons. (b) Elétrons de
trons primários e outras partículas carregadas mas nao os raios y. Os elétrons de recuo de Compton ejetados de· um radiador de cobre pelos raios i' do Mn 52 (Peacock e
Compton ejetados do radiador, que é geralmente urna folha fina, sao focados no Deutsch8).
espectrómetro e formam um espectro contínuo com um limite superior muito bem
definido. O limite superior corresponde a elétrons ejetados na dire~ao frontal da
superficie do absorvedor, e está relacionado com a energia do raio y pela Eq.
(15.18). Se T m é a energia máxima do elétron, e hv é a energia do raio y desejada
[isto corresponde simplesmente a eliminar o subscrito zero na Eq. (15.18)], entáo

(15.31)

Um diagrama esquemático de um arranjo para medir as energías dos raios y a partir


de urna fon te que. emita tanto partículas /3 quanto raios y é mostrado na Figura
15.10.
Se o t'adiador é urna fina folha de material de número atómico intermediário ou
alto, os fotoelétrons ejetados dele formam um espectro de linhas. Aparecem linhas 1 :
correspondentes aos elétrons da camada K e L, e para espectrómetros de resolu~o . ,
muito alta mesmo elétrons M podem ser resolvidos. A energía dos elétrons numa 1·Raio 1
! 'Y---.-,
dada linha pode ser determinada a partir da posi,áo da linha (isto é, do valor de Hr) Radiador
e a energía do raio y é obtida sornando-se a energia de ligai;ao do elétron na camada J. fino .
da qual ele foi ejetado com a energía do elétron medida.
Alguns dos espectrómetros de partículas f3 discutidos na Se,ao 14.1 foram usa-
dos para determinar as energias dos raios y medindo-se as energias dos elétrons de
Ph
Compton e fotoelétrons. Deutsch, Elliott e Ev8.ns 7 analisaram a teoria, desenho e
uso de um esJ)ectrómetro de lentes magnéticas curtas para raios /3 e raios y. O
espectro de partículas /3 de dois radiadores, produzido por raios y a partir de Mn52 ,
e medido com aquele instrumento,' é mostrado na Figura 15.11. A Figura 15.1 l(a) Parede
mostra os fotoelétrons e elétrons de recuo de Compton ejetados por um radiador de de vácuo
chumbo por raios ·'Y a partir de Mn 52 • Existem quatro picos pronunciados causados 1/8" Al
pelos raios -y de energías 0,510 ± 0,01 Mev, 0,734 ± 0,015 Mev, 0,94 ± 0,02 Mev e Bobina
1,46 ± 0,03 Mev. A Figura 15.1 l(b) mostra o espectro dos elétrons de recuo de rotativa
!
Compton produzidos num radiador de cobre indicando os mesmos quatro raios y. A
menor energia dos raios y é sem dúvida a radiai;ao de aniquilai;áo, já que o Mn 52 é
um emissor de pósitrons.
Em energías maiores, acima de 2 ou 3 Mev, os raios y sao mais bem estudados
com um espectrómetro de pares, porque a probabilidade de formai;ao de pares au-
menta com o aumento da energia do fóton, enguanto que as sei;6es de choque de I¡,
Fig. 15.12 Diagrama esquemático de um espectrómetro de pares (Walter e Me DanieJll).

lli1,
1
,1
RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA 351 1
350 FISJCA NUCLEAR
1000 , - - - - - - - - - - - - - - - - i
Compton e fotoelétrica decrescem. Um feixe de raios y colimado incide sobre um
radiador e ejeta um par elétron-pósitron dele. Os elétrons e pósitrons sao foc<~liza-
dos separadamente num campo magnético uniforme ern diversos contadores. E _ne-
cessário detectar simultaneamente o eiétron e o pósitron produzidos por um raio y,
e isto pode ser feito usando-se técnicas de coincidéncia.H, 10
No método da coincidencia. semente a detec¡;ao simultánea de dois eventos
em diferentes contadores é registrada. É possível, com circuitos eletrónicos apro-
priados, obter um "tempo de resolu!r3o" de urna fra98.o de rnicrossegundo, isto é.
menos que 10-n s. corn contadores Geiger. Com camaras de ionizac;§.o e multiplica-
dores de elétrons, podem ser conseguidos tempos de resolu¡;iio menores (~ 10-ss). l'---_j__ __L_----:-:c:---:-::::;:--;~
Dois eventos ocorrendo dentro de um intervalo de tempo menor que o tempo de •0.1 1.0 10 100 1.000 10.000
resoluc;fio e detectados por contadores separados-sfto chamados de coincidentes. As Meia-espessura em Al (mg/cm 2 )
energias do par elétron-pósitron sao determinadas a partir de seus valores de Hr, e
, a soma das energias junto com as energias de repouso ( 1.02 Mev) dá a energ:ia do Fig. 15.13 Valores e meia-espessura no alumínio para raios y de baixa energia. L. E. Glende-
raio y. nin. Nucleonics. 2, n. 0 l. 1948.
Um diagrama esquemático de um espectrómetro de pares usado por Walker e
Me Daniel1 1 é mostrado na Figura 15. 12. Aplica-se um campo magnético uniforme
perpendicular ao plano do papel. Um feixe paralelo de raios y incide sobre urna ximo dos elétrons Compton ejetados a partir de um radiador pelos rai?s 'Y· As
folha de radiador fina colocada perpendicularmente ao feixe. sao produzidos pares medidas de alcance podem ser feitas numa cámara de nuvens ou com m,etodos ~e
elétron-pósitrons que, para raios y de energia bem alta {> 3 Mev), saem pratica- coincidencia. Neste último método, os elétrons Compto~ passam_ at~a~es. de d':1s
mente na direc;ao frontal. O elétron e o pósitron podem, cada um. cair num dos contadores Geiger de paredes finas conectados a um circu!to de comc1~en~1~, e. sa~
quatro contadores colocados no plano da folha radiadora. Os contadores est3o liga- colocados absorvedores entre os dais contadores. O numero de comc1_dencia e
dos a circuitos de coincidencia em pares. de tal maneira que os pares produzidos pasto num gráfico em func;lio da espessura do absorvedor; ele decresce rap1damente
pelos raios y de mesma energia sao contados e registrados. com o aumento da espessura do absorvedor e se torna zero quando se alcanc;~ a
As'energias·dos raios y também podem ser obtidas a partir de medidas das máxima energía dos elétrons Compton. Este método pode s_er usado para_ energ~as
energias dos elétrons de convers3o interna. O processo de conversao interna foi de até cerca de 5 Mev. Ele foi discutido em detalhe e estend1do para energias ma10-
discutido muito brev~mente na Sec;ao 14.4; neste processo, os elétrons secundários res por Fowler, Lauritsen, e Lauritsen. 12 ~ • • _ ~rn
14
vem n8o,do radiador, mas do próprio átomo radioativo. As energias dos elétrons O último método a ser mencionado é o do espectrometro de c1~til~c;a~, ·
sao determinadas por análises magnéticas e aparecem como um espectro secundário cuja base foi discutida na Se93o 2.8. Neste método, um contado~ de cmtliac;ao_age
ou espectro de linhas de emissores /3. ·como um contador proporcional para medir as energias dos ~ele~r~ns ~roduzidos
Métodos de absorc;ao também podem ser usados para determinar as energias pela r"adiac;ao y, e portante as energias dos raios y. O iodet'? ?e
sodio attvad? com
de raios y. Em princípio, urna medida da atenuac;ao de um feixe de raios y por um tálio é o cintilador mais freqüentemente usado porque um cnstal grande de J_?d~to
absorvedor conhecido numa experiencia de "boa geometria" pode dar um valor do de sódio tem urna alta eficiéncia para a absor98.o de raios y. O grande peso ~tom1co
coeficiente de absor93o. Para um dado absorvedor', o coeficiente de absoq;fio é do iodo permite a medida das .. linhas" devidas principalmente aos fotoeletrons e
conhecido como func;áo da energia ou a partir da teoria:, ou como um resultado de pares elétron-pósitrons. Os elétrons secundários produz~m pulsos que podem ser
medidas com raías y de energia conhecida, e a energiá desconhecida pode ser des- vistos numa tela de osciloscópio e fotografados. A quant1dade de luz r:sul!ante da
coberta a partir -ao Valor medido do coeficiente de absor98.o:- Urna complica9ao captura de um raio y, assim corno a altura do pulso, é quase ~ma func;ao lmear da
pequena é introduzida pelo fato de .que _um dado coeficiente de abson;fio pode cor- energia do raio 'Y, e pode-se determinar a contagem como fun9ao da_ altura do_ pulso
responder a duas diferentes energías de fótons por causa do mínimo na curva de ou energia. O resultado é um espectro cujas máximos da.o as ~nergias dos ra10s y.
coeficiente de absorc;fio-energia, como mostrado nas Figuras 15.7 e 15.8. A energia
carreta pode ser conseguida obtendo-se cu,rvas de absorc;8o em dais materiais dife- 15.8 Decaimento gama: conversáo interna. Supusemos nas Se9óes 13.5 e 14.7
rentes. que um núcleo que foi deixado num estado exc!t~do após u_m decaimento a ou _/3
Infelizmente, o método de "boa geometria" requer fontes mllito ativas porque pode passar a um estado menos excitado ou em1tmdo um. raw y ou p~r conver~ao
semente urna frac;ao dos raios y emitidos pela fonte é usada na experiéncia. Quando interna. Mostrou-se que com esta hipótese é possível expltcar as ene:g1as dos rai?s
se disp0e semente de fontes fracas, podem ser usadas experiéncias de absorc;ao y associados com o decaimento a e /3. e construir esquemas de decaimento consis-
com "má geometría". Um arranjo similar aquele da Figura 14.5 é possível. mas tentes.
com os absorvédores colocados sobre o contador e com a fonte colocada o mais Nem sempre fica claro que a emissao de raios y siga a de part!culas a ou /3, e
distante possível do contador desde que a intensidade da fonte o permita. O conta- foram realizados trabalhos consideráveis nos anos 20 para provar 1sto. Foram de-
dor de partículas /3 da figura é substituído por um contador y. Nestas condic;óes e se senvolvidas diversas provas diferentes, independentes. duas das quais seriio discu-
a radiac;ao y é homogenea. obtém-se urna curva exponencial (linha reta num papel tidas brevemente. Um método. usado por Rutherford e Wooster.15 dependia da
de gráfico semilogaritmico) numa faixa de pelo menos 3 ou 4 meias espessuras. A medida das linhas de raios X secundários que acompanham o decaimento do RaB.
energia pode ser obtida a partir da curva de meia espessura de energia conhccida O Rádio B. com urna meia-vida de 26.8 min. emite elétrons e raios y. e o espectr_o
como a do alumínio mostrado na Figura 15.13 e este método fomece valores da de partículas /3 mostra diversas linhas correspondendo ü co_nv~rsao int:rna e_~ va-
encrg:ia com precisüo abaixo de I Mev. rias camadas efetrónicas. Depois que os elétrons da conversao mterna sao em1t1dos.
Tambérn é possíve/ determinar energias de raios y medindo-se o alcance má-
1¡,
RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA 353
352 FÍSICA NUCLEAR
- LRaB ••• Os elétrons foram estudados por detlexao magnética, tendo sido tiradas
as vagas nas camadas eletrónicas sao preenchidas (veja_ Sec;ao 7 .7) com. a emissao fotografias simultaneamente, na mesma chapa fotográfica, do espectro fotoelétrico
de raios X característicos. Rutheñord e Wooster determmaram os ~ompnmentos de e do eSpectro de conversa.o interna. A diferen9a de energia dos grupos de elétrons
onda de algurnas das Jinhas L de raios X que acornpanham ~ deca1mento /3 do Ra~ correspondentes é KRaB - Kpi, LRaB - Lp1 .• . , onde KRaB é a energia de ligai;:ao de
e descobriram que os comprimentos de onda concordam mmto bem com os valores um elétron na camada K do RaB etc. A diferen<;a de energia para as linhas K foi
aceitas para O número atómico 83. Como o decaimento do RaB causa um~ m~danc;a calculada teoricamente como K 82 - K 78 ou K 83 - K1 8 , dependendo de se supor que
no número atómico de 82 para 83, o resultado mostrou que a conversao mterna os elétrons de conversa.o interna e raios y vinham do núcleo pai RaB {82 Pb 214) ou a
acorre após a mudanc;a no número atómico. . . . partir do núcleo produto RaC (83 Bi 214), e comparada coro resultados experimentais.
A emissfio de um elétron de conversa.o interna após o deca1mento rad1oattvo As energías de liga,;iió dos elétrons nas camadas K e L da platina (Z = 78) e dos
implica que a reorganiza¡;fio do núcleo produto o~o:re depois que ~- p~ocesso de elementos corn Z = 82 e 83 eram bem conhecidas, e os valores experimentais das
decaimento ocorreu. Provou-se sem sombra de duv1da que a energia liberada na diferen<;as de energia podiam ser obtidos a partir do espai;:amento entre linhas (valo-
conversao interna é a mesma que a liberada na emissao de um raio y. de modo que res de Hr) vistos na· chapa fotográfica. Este procedirnento foi usado para várias
ambos os processos representam a mesma reorganizai;:ao do núcleo produto, _e a linhas diferentes e em cada caso o resultado experimental concordava com o valor
emissao do raio 'Y deve portanto seguir a da partícula a ?u {3. A Ta?el ~ 15.7 da as calculado para Z = 83 e nao com o valor calculado para Z = 82. Tais resultados
1
energias de um grupo de linhas de raios ~-do ~~8, medidas_ por Elh_s. _ A carnada mostraram novamente que o elétron de conversa.o interna e portante o raio y sao
eletrónica na qual a conversao ocorreu fo1 1dent1f1cada a partir da radiai;:ao X carac- emitidos após a partícula {3. Foram feítas outras experiencias tanto com emissore~ a
terística. e as energias de ligai;:ao dos elétrons nas diferent~s cam.ada~ era'!1 conhe- como com emissores /3, e em cada caso mostrou-se que os raios y sao emitidos após
cidas. A soma da energia cinética do elétron e sua energia de hgai;:ao fo1 tomada a desintegrai;:ao da partícula .. 1

como sendo a energia do raio y convertido. e no exe?1plo mostrad~ obteve-s~ o A prova de que sao emitidos raios y pelo núcleo produto e nao pelo núcleo pai
mesmo valor, 52,91 kev, para a energia do raio y. a partir de todas as lmhas de rmos <leve ser seguida de urna breve discussao sobre urna confusáo muito comum na
-y, dentro do erro experimental. términologia. Os raios y que foram considerados até agora sao todos emitidos
imediatamente após a partícula a ou {3, e nao foi possível medir o intervalo de
tempo entre os dais processos de decaimento, porque é muifo curto. De acordo
Tabela 15.7 Conversiio de um raio gama em várias camadas eletrOnicas com a teoria, o tempo de vida do raio y para estes núcleos é da ordem de grandeza
de io- 13 a 10-u s. Conseqüentemente, a intensidade dos·raios -y decaí coma mesma
Energia Energia Energia
dos raios y, meia-vida que a do·núcleo pai. No caso do RaB, com urna meia-vida de 26,8 min, a
dos raios J3~ de ligarüo Nível de
para Z = 83 com•ersüo ke\' intensidade de raios y também decai com urna· meia-vida de 26,8 min, e surgiu (e
kev
' -- tem continuado) o hábito de chamar estes raios y de raios y do RaB em vez do
36,74 16,34 L, 53,08 RaC. Num outro caso, o ThC vai por decaimento a para ThC" e tem um espectro
37,37 15,67 L,, 53,04 com estrutura fina, emitindo seis grupos de partículas a. O núcleo produto ThC"
39,63 13,38 L111 53,01 emite pelo menos oito raios y diferentes que podem ser encaixados num esquema
48,85 3,99 M, 52,84 de decaimento consistente como na Fig. 13.l l. Apesar dis_sq, geralmente se fala
49,10 3,68 M,, 52,78
52;83 <lestes raios 'Y como os raios y do ThC e esta.o assim listados em tabelas e cartas de
49,66 3,17 Mm
0,93 N, 52,83 nuclídeos; ·
51,90
52,64 0,20 o 52,84 A freqüencia relativa com que a emissao 'Y e a conversa.o interna ocorrem num
Média 52,91 dado nuclídeo é um tema de grande interesse do ponto de vista da teoría e é ex-
pressa pela quantidade cham~da de coeficiente de conversiio interna. Este coefi-
ciente é definido como a raza.o entre o número de elétrons de conversa.o interna
para o número de fótons de raios y emitidos e existem vários coeficientes para as
As energias dos raios y emitidos por um dado nuclídeo també1!1 p_odem s_er diferentes camadas eletr0nicas. Os valores dos coeficientes de conversao podem
medidas diretamente com um espectrómetro de cristal, como descrito na _S_ei;:ao ser calculados a partir da mecftnica quftntica, mas cálculos rigorosos sao muito tra-
15.7. Medidas independentes deste tipo deram o valor 53,3 kev para a energia de balhosos, requerendo o uso de grandes computadores. O coeficiente deve crescer
um raio y associado como decaimento de RaB. que concorda bem com? v~lor 52,9 rapidamente com o número atómico, aproximadamente com Z 3 , sobre parte do in-
kev deduzído a partir das linhas de raías {3. Obteve-se urna con~ordancta s:me- tervalo, e decresce com rapidez a medida que a energia dos raios y aumenta. O
lhante para muitos raios y, entre as medidas diretas de suas energias e dedui;:~es a coeficiente de conversa.o é urna quantidade dificil de se determínar experimental-
partir das linhas de raios {3, provando que a emissao de um raio y e a de um el~tr~n mente com alguma precisa.o, mas algumas das previsóes détalhadas da teoria foram
de conversa.o interna representam a mesma reorganizai;:ao n_uclear: C<:>mo a em!ss~o verificadas por meio de engenhosas experiencias. 18 Em geral. a conversa.o interna
de um elétron d~ conversa.o interna segue urna desintegrai;:ao rad1oat1va. a ermssao se encontra mais freqüentemente em elementos pesados quando raios y de baixa
de um raio y também deve seguir o processo de decai~en~o de un:a partícula. energia (<0,5 Mev) sao emitidos. Nos elementos mais leves e com raios y de ener-
Outra experiéncia engenhosa sobre o tempo da em1ssao de eletrons de conver- gia mais alta, a conversao interna é relativamente rara.
sa.o interna foi a de Ellis e Wooster. 17 Eles colocaram urna fonte de RaB dentro de
um tubo de platina espesso, sobre o qua! foi coloc~da urna fina ca_mada de RaB. O~ 1_5.9 Decaimento gama e níveis de energia nucleares: teoria. O estudo dos raios
raios da fonte interna ejetavam fotoelétrons da platina. com energias hv ~ K1,1• hv. y e elétrons de conversa.o interna emitidos em transii;:óes a partir de níveis excitados
Lp,, .. .. onde Kl'f é a energia de liga¡;ao do elétron na camada K da pla~ma. e ass1m dos núcleos para níveis menos excitados ou estáveis é urna das maiores fontes do
por diante. Ao mesmo tempo em que os raios y vindos da font~ de tora do tubo nosso conhecimento sobre níveis de energia nucleares. Estes níveis sao caracteri-
eram acompanhados por elétrons de conversüo interna com energias hv - KHall• hv
RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA 355
354 FÍSICA NUCLEAR
A irn tem valores que vao até 6. e E é geralmente cerca de 1 ou 2 Mev, de modo que
zados pelas suas propriedades estacionárias. energia. momento angular (spin) e pa- a raza.o R/X. é quase sempre menor que 0.1. A expressao para a probabilidac.le dt:
ridade. As energias dos raios y ou elétrons de conversa.o determinam as energias decaimento (constante de desintegrac;§.o) é dada pela teoria como urna série infinita
das transic;Oes que dao, por sua vez, as diferenc;as de energia entre os níveis. Ala:u- de poténcias de (R/_ X.)2. Os termos sucessivos na série decrescem muito rapida-
mas informac;óes sobre os momentos angulares e paridade dos níveis podem ser mente e a probabilidade de decaimento é dada quase completamente pelo primeiro
obtidas combinando-se os resultados experimentais com relac;Oes teóricas entre a termo nao-nulo da série. como no caso do decaimento {3 (Sec;ao 14.6). Este termo
probabilidade de decaimento e a energia dos raios y. lnformac;Oes mais precisas dá origem a urna transir.;3o permitida; os tennos seguintes, que sao muito menores.
podem ser obtidas com a ajuda de certos métodos especializados. Um <lestes méto- dao origem a transi~óes proibidas. Apesar da ra:zao (R/X.) 2 ser pequena para a maior
dos é o estudo quantitativo dos coeficientes de conversa.o interna; outro método parte das transic;óes 1nucleares de interesse, as transic;óes proibidas ainda sao impor-
depende da correlac;ao angular entre raios y sucessivos emitidos por um núcleo tantes no decaimento y. Urna raza.o para isto é que a quantidade observada nas
excitado; um terceiro depende da distribuic;iio angular dos raios y emitidos por nú- experiéncias é a taxa de transic;óes e, nas energias nucleares, mesmo taxas de
cleos alinhados num campo magnético (veja Sec;ao 14.9). transir.;óes muito pequenas podem ser medidas. Esta situar.;áo contrasta fortemente
Urna teoria completa do decaimento y necessitaria do uso da teoría qu::i.ntica de corn aquelas das transic;óes atómicas em que luz é emitida ou absorvida. Para áto-
radiac;fi.o juntamente com urna descric;ao detalhada dos estados quftnticos do núcleo. mos, o valor de R/X é da ordem de 10-s¡¡ o-s = 10- 3 , que é muito menor que para os
·Seria necessário um conhecimento das forc;as nucleares para formular o problema. valores dos núcleos, de modo que as transic;óes atómicas proibidas sáo relati-
mas estas forc;as ainda nao sao compreendidas. Conseqüentemente, a teoria precisa vamente mais proibidas que as nucleares. Além disso, o material experimental
ser baseada num modelo aproximado do núcleo e num método de tratar a interai;ao em tránsic;óes atómicas consiste em linhas espectrais, e as intensidades das linha~
entre o núcleo e radiac;ao. Portanto. no estado atual do nosso conhecimento sobre a proibidas sao tao pequenas que tornam estas linhas muito difíceis de observar.
estrutura nuclear, as propriedades dos níveis nucleares e as transic;óes entre níveis Como as transic;Oes proibidas sao importantes no decaimento y, cada termo na ex-
nao podem ser previstas precisa e detalhadamente. Apesar disso, a combinac;ao dos pansao da probabilidade de decaimento deve ser examinado para ver o que significa
resultados experimentais com a teoria disponível torna possível a determinac;ao de fisicamente e sob que condic;óes se torna importante.
momentos angulares e paridades, bem como a construc;ao de esquemas de níveis de O procedimento de expansáo, que é adaptado a partir, do eletromagnetismo
energia e decaimento. Portanto, vamos discutir brevemente a teoria com o objetivo clássico, separa a radiac;iio do núcleo em tipos distintos ch&mados de radiafóes de
de chegar a equac;óes relacionando a constante de desintegrac;ao para o decaimento mu/tipo/o. Esta separar.;iio corresponde a separar os raios -y emitidos (fótons) de
y e a energía dos raios y. Veremos que as Eqs. (15.40) e (15.41), abaixo, sao análo- acordo como momento angular Llí carregado por·cada fóton. Em outra,s palavras,
gas ás Eqs. (13.20) e (13.22) para o decaimento ex e ás Eqs. (14.13) e (14.14) para o para um raio -y de urna dada energía, podem ser emitidos fótons que diferem nos
decaimento /3. Entretanto, mesmo urna discussao elementar do, decaimento y é seus momentos angulares. A probabilidade de decaimento é a soma das probabili-
complicada pela nece~sidade de mostrar explicitamente os efeitos do momento an- dades parciais para a emissiio <lestes diferentes tipos de raios y; mas nesta soma,
gular e paridade, efeitos estes. que nao aparecem em casos relativamente simples de um dos termos, o primeiro nao-nulo, predomina. Veremos que as probabilidades
decaimento ex e f3 considerados anteriormente. A dedu9ao das Eqs (15.40) e (15.41) parciais dependem fortemente do momento angular carregado pelos fótons, e esta é
está além dos objetivos <leste livro, mas a discussao que se segue deve levar a urna raziio para a utilidade do procedimento. Fótons só podem ter valores inteiros
alguma familiaridade com a nomenclatura do decaimento -y e pode servir para intro- de L; o valor L = O é eliminado como conseqüéncia do fato__!le que as ondas eletro-
duzir ao leitor algumas das idéias subjacentes a teoria. magnéticas sáo de natureza transversal. A radiac;áo de multipolo é caracterizada
Provou-se que é muito útil expressar a interac;ao (fon;a ou potencial) entre o pela sua ordem, dada por 2L. Para~ = 1, mostrou-se, pela teoria, que a radia98,o
núcleo e radiac;ao eletromagnética em termos de urna série infinita de potencias da corresponde 8quela emitida por um dipolo vibrante; para L = 2, ela corresponde a
i:azao R/X, 9pq~ .Ir.é a dimensiio linear que caracteriza o núcleo e é tomado como radia~ao de um quadripolo vibrante; para L = 3, 8quela de um octopolo, e assim
senda o raio do núcleo, enquanto que X é a quantidade que caracteriza a radiac;ao e por <liante. Para cada valor de L existem duas c]asses de radiac;ao, chamadas de
~_se~ comprimemo. de onda dividido por 21T. O raio nuclear pode ser escrito na radiac;óes de multipolo elétricas e magnéticas, que diferem nas suas paridades. Um
forma (veja Se,ao ll,6)n,, 1• ' multipolo elétrico tem urna paridad e par quando L é par, e paridad e ímpar quando L
é ímpar. Radiac;ao de multipolo magnético tem paridade ímpar quando L é par, e
R = RoA 113 X 10- 13 cm, (15.32) paridade par quando L é ímpar; paridade de multipolo elétrico ,;,, (-1)'·, paridad e de
multipolo magnético = -(-1)'·, oqde + I significa paridade par e -1 significa pari-
onde R 0 é urna constante com um valor de cerca de 1,5 e A é o número de massa do dade ímpar. Um dado processo.de decaimento -y pode deixar a paridade da func;iio
núcleo. O comprimento da radia<;ao y é dado por de onda do núcleo imutável, ou mudar sua paridade; em cada caso, a paridade da
func;ao de onda do sistema inteiro, núcleo e radiac;ao, se conserva.
Como em transic;óes atómicas, existem regras de selec;ao que devem ser obe-
decidas; estas sao mostradas na Tabela 15.8 junto com os símbolos usados para
diferentes tipos de radiac;ao. As regras de selec;ao para a emissiio de raios 'Y (ou para
Onde E é em Mev e X em cm, sua absorc;ao) definem aquetas combinac;Oes de L e paridade que diio termos nao-
nulos na probabilidade da transi~§.o.
197 -13 (15.33) No caso de transic;óes de multipolos elétricos de ordem 2L, mostrou-se' 9 que a
X= E (Mev) X 10 cm, probabilidade de decaimento pode ser escrita da seguinte forma, quando a partícula
e independente ou modelo de camadas do núcleo (veja Cap. 17) sao usados:
R R 0 A 113 E (Mev) (15.34) AEL = ,2 (R)2L
2,rv - 8 - (15.35)
x= 197 líe X
RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA 357
356 FISICA NUCLEAR
A freqüéncia v é proporcional a energia de modo que, multiplicando-se o numera-
Tabela 15.8 Regras de selefilo e símbolos para a radiafilO gama dor e o denominador do lado direito da última equac;iio por h, e inserindo valores
numéricos, obtemos
Mudant;a no momento Mudanra da paridade

4 A (E (Mev))2L+l
Classifica9áo angular do núcleo, Símbolo da fun9iio de ondá
em unidades de h nuclear ., = 2 ' S(R o 11a)2L 10 21 8_ 1_ (15.40)
AEL 197 ,
Pólo elétrico 2L L EL Nao para L par
Sim para L ímpar onde R,A ' 13 é justamente o raio do núcleo em unidades de 10-rn cm. A Eq. (15.37)
Pólo magnético 2L L ML Sim para L par
Nao para L ímpar
se toma '
Dipolo elétrico
Dipolo magnético
Quadrupolo elétrico
1
1
2 E2
El
MI
Sim
Náo
Nfto
AML = '
A (E (Mev))2L+1
O55SA-21s(R 0 11s)2L
197
1021 s-1
.
(15.41)
Quadrupolo magnético 2 -M2 Sim
_Qctopolo elétrico 3 E3 Sim
As Eqs. (15.40) e (15.41) sao formas convenientes para os cálculos e compara9iio
Octopolo magnético 3 M3 Náo
16-pólo elétrico 4 E4 Nao com resultados experimentais.
16-pólo magnético 4 M4 Sim É evidente, a partir das Eqs. (15.35) e (15.37) ou a partir das Eqs. (15.40) e
(15.41) junto comos valores de S, que a probabilidade do decaimento y deve de-
crescer muito rapidamente com valores crescentes de L. Como a energia dos raios
-y é no máximo alguns Mev. as Eqs. (15.40) e (15.41) mostram que. para um dado
aqui A.Et. é a constante de desintegra¡_;ao (ou meia-vida recíproca) para o decaimento valor de L, a probabiiidade do decaimento y deve crescer com os valores crescentes
y com a emissao de radia¡_;ao EL, que nao deve ser confundida com o cOmprimento da energía dos raios y. Os resultados teóricos siio ilustrados pelos exemplos numé-
de onda l.; v é a freqüéncia da radiai;ao emitida. A quantidade S· depende de L e é ricos dados na Tabela 15.9; valores da meia-vida (o recíproco da constante de de-
dada por sintegrac;iio) para o decaimento y com a emissao de diferentes-tipos de radia9ao de
. 2(L 1) + ( 3
) •
2 multipolo siio dados para um núcleo com um raio de 6 x 10- 13 cm ( A = 80). Os
(15.36)
-S = L[l X 3 X 5 ... (2L + 1)] 2 L+ 3 . ·! ·, resultados mostram que, quando o momento angular ·carregado pelo raio y é pe-
queno ( L = 1 ou 2), isto é, qllando a mudanc;a no momento angular do núcleo é
pequena, a probabilidade de decaimento é grande e a meia-vida é muito curta. Mas,
e tem os seguintes valores:-.,. quando a mudan9a no momento angular do núcleo é grande (3 ou mais unidades), a
probabilidade de decaimento se toma muito pequena e a meia-vida pode-se tornar
longa.
·ül 2,5 X lQ- 1 t i :.:J.,.:
·2 · 4,8 X 10-3 . "''º ··· Tabela 15.9 Valores teóricos aproximados da vida média para
► i,;. ~,,.,: 3 6,25 X ·10- 5 · "...,-, ;: o decaimento gama
; •. :..,:..1u,;, ;;··.;.,,)¡. -~1,;w~2 •. .4 5,3 X 10-1 ·,:.. t<~7.r,;t;,_·:;
.~: td;nOl'.ü:&no!.Hfü,.f;:s:~.:..-:~ ~'- i; :;~' : ~:rr,·• :3 Í' · X !O..i-9 · 1 • t ...t;td'f.rn::J- 1ib~;,.i'; C .. i; 1. : , " :,;-,;,c;•J" Mudanra no mo- Vida média, s
ti.ilzii· ':·"· ·_(;.i(::i./'.~i~o; ·-t"Dü.>~i. ;-.-1: - '· ·1 ' - .f o!u~hL~~f.~·}1; · :.· r_,:~ .. -·, ,.. · Tipo de mento angular do·
radiafiJO núcleo, L: em Energía dos raios gama
,..>J,¡_;t;¡.f:,'i"i•.:- ,.:;f::iúlA/l- :.L - ...,.•;-,::-:. , '.:.',· rr;: · c~~(i·•·l:lbt:.'.) 1.... :.
unidadés de lí 1,00 Mev 0,20 Mev 0,05 Mev
A probabilidade de emissao de radia<;ao de multipolo magnético é dada por · j
.,f,,- :_ .. ,.,, ~ .. . . .. : ... ,,)· ::',,_-- :· - ¡,.
' El 1 3 10- 16 3 X 10- 14 2 X 10-12

;M~ .2?iv ~ (10S) (M~Ry (fYL


X
(15.37) MI 1 3 X 10- 14 3 X IQ- 12 2 X to-to i 1,
"1'
E2 2 7 X 10-12 3 X JO-R 3 X 1Q- 5 :.!;¡
M2 2 8 X 10-10 3 X J0- 6 4 X 10-3
E3 3 6 X 10- 7 5 X 10-2 8 X !O'
onde M l.! a ritassa de ~~ núcleon. Para um dado valor de L, a radiac;iio de multipolo M3 3 7 X 10- 5 ·6 9 X 10' 'I
elétrico é mais provável do que a radia9ao de multipolo magnético, com E4 4 6 X 10-2 ! X 10' 3 X JQlO 1


AEL
--= 1 (
10
)2 - 4
R
h/Mc - '
4A21s.
'
(15.38)
M4
E5
M5
4
5
5
7
8 X !(t'
9 X !O'
4
1 X 107
X 1012
4 X ]014
3 X 1012
2
2
X ]019
X 1()21
"

ternos usado ñ/Mc = 0,211 x 10- 13 cm e R = l ,4 A m x 10- 13cm, que sao considera-
dos apropriados para cálculos de decaimento y. As constantes de desintegrac;iio Os valores dados pelas Eqs. (15.40) e (15.41) sao eslimativas grosseiras por
podem ser expressas em termos da energia de raio y e da massa atómica do núcleo, causa da natureza aproximada da teoria; por exemplo, um fator que depende do
se usarmos as Eqs. (15.32) e (15.33) e notarmos que e'/fu: = 1/137; por exemplo, valor real do momento angular do núcleo inicial niio está incluído. O uso de um

AEL = 2,rv S(R A 11s)2L


137 °
(E (Mev))
197
2
L (15.39)
modelo de núcleo particular, o modelo das partículas independentes, pode ser urna
limita~ao mais séria. Mas a teoria deve dar as caracteristicas gerais da probabili-
il

RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA 361 !
358 FÍSICA NUCLEAR
1

estatístico de peso; com este fator, o des vio médio do tempo de vida experimental !

dade de decaimento com momento angular, energia e número de massa, e sua utili- do valor dado pela Eq. (15.48) é estimado como sendo menor do que 30%, que
dade vai depender de quiio bem as previs6es teóricas concordam com a experién- representa boa concordáncia para este tipo de dados nucleares. Esta concordáncia é
cia. especialmente importante porque a maior parte dos isómeros de longa vida emite
A teoria dos métodos mais especializados mencionados no início desta se98.o radia,ao y do tipo M 4.
(conversao interna. correlac;6es angulares e distribuh;óes angulares) é ainda mais Os tempos de vida experimentais para transii;0es Ml, M2 e M3 também depen-
complicada que aquela que relaciona a constante de decaimento e energia, e nao dem da energia e do número de massa da maneira geral prevista com base no mo-
será discutida. delo de partículas independentes; mas os valores numéricos reais dos tempos de
vida podem ser duas oU tres ordens de grandeza maiores que os valores teóricos.
15.10 Decaimento gama e níveis de energia nucleares: resultados experimentais e Encontraram-se resultados análogos para transii;óes de multipolos elétricos; a
isomerismo nuclear. l. Tempos de vida medidos e isomerismo nuclear. A maior forma geral da dependencia do tempo de vida em relai;ao a energía e número de
parte das taxas de decaimento y foi determinada pela medida direta dos tempos de massa concorda coma: teoría. Para transii;0es E3, E4 e E5, as taxas de decaimento
vida T dos estados excitados envolvidos. 20 A taxa cte"decaimento total A de um sao geralmente menores que aquelas previstas pela teoria, mas existem muitas
estado excitado é dada por trans.i9óes E2, especialmente em certos núcleos par-par, que tem probabilidades de
1 transii;ao consideravelmente maiores do que aquetas previstas pela teoria.
(15.42) Deve ser lembrado que a teoría mencionada se refere a um modelo particular
T
do núcleo, o modelo das partículas independentes, ou de camadas. Os dados expe-
rimentais foram interpretados como urna prova de que este modelo fornece urna
onde A.y é a taxa de emissao de fótons e Ae é a taxa de emissao de elétrons de base útil para a previsao de transii;0es eletromagnéticas em núcleos, apesar de nao
conversa.o. O coeficiente de conversa.o interna a = >..,,/A.y pode ser medido, 21 ou ser satisfatória em todos seus detalhes. Entretanto, as discrepáncias entre a teoria e
calculado teoricamente 22 por meio de um método que é independente do Cálculo de experiencia tem sido usadas para melhorar o modelo; foram feítas modificai;óes
A.y, A taxa de transii;ao unicamente pelo decaimento y é entao nele e sua validade testada comparando-se com a experiencia. O estudo de isóme-
1 ros tem sido esPecialmente útil desta maneira, tendo havido, durante os últimos
>.7 -
- r(l
1
+ a) -, (15.43) anos, um deslocamento gradual da enfase. Os isómeros, que eram inicialmente inte-
Te ressantes como um ramo semi-empírico da radioativ"idade, esta.o agora desempe-
nhando um papel crescente na investigai;ao da estrutura nuclear. O interesse se
e é este valor experimental' que será comparado com a teoria. Mas, -antes de fazer- deslocou das relac;óes gerais entre tempos de vida e energias para detalhes da estru-
mos tal comparai;ao, precisaiños olhar mais de perto os tempos de vida experimen- tura nuclear que determinam o caráter de multipolo e a probabilidade de transic;0es
tais. de raios y. Um resultado 27 • 28 foi a acumulai;ao de evidencias em favor de um mo-
Os valores teóricos dos tempos de vida mostrados na Tabela 15.9 indicam que delo altamente desenvolvido do núcleo, o modelo coletivo que será discutido no
algumas vidas médias para o decaimento y podem ser suficientemente longas para Capítulo 17 ..
serem medidas. Apesar de se ter descoberto que a maior parte dos tempos de vida 3. Niveis de energia e esquemas de decaimento. Alguns_esquemas de decai-
de raios y é muito curta, sao conhecidos mais de 250 casos em que o tempo de vida mento envolvendo a emissao de raios 'Y pelos estados excitados de vida curta sao
para o decaimento y é mensurável, com meias-vidas observadas de 10- 10 s a várioS mostrados na Figura 15.14. Os valores do momento angular e paridade ·atribuídos a
anos. Estas transii;0es "atrasadas" sao chamadas de transirOes isoméricas e os cada nível esta.o indicados na extremidade esquerda da 1inha horizontal represen-
estados a partir"-dOSqu3:1Sf:faS ·se·originam sáo chamado·s·de e.Sfod(/iúo,ñéricos ou tando o nível; a energia acima do nível fundameptal_ é .. !:l~da_n_a extremidade direita
níveis isoméricos. P0{C8_usa destas transii;óes atrasadas, existem pares de espécies das linhas. Quando O inoménto angular de um estado foi medido diretamente, ele é
nucle8reS que teID-os ·mesmos números atómicos e de massa, isto é, eles sao isotó- indicado sublinhando-se aquele número quántico no esquema de decaimento - por
picos e isobáricos, maS tem propriedades radioativas diferentes; estes nuclídeos sao exemplo, 5/2 + para o estado fundamental do Al" em (a). Se o momento angular
chamados de isómeros nucleares e sua existencia é denominada isomerismo nu- far determinado unicamente por outros métodos, ele é designado pelo número
clear. 2ª A existencia de estatlos excitados com tempos de vida longos torna possível quántico sem nenhuma modificai;ao - por exemplo, 1/2+, para O primeiro estado
o estudo direto de tais propriedades estacionárias' como o momento angular e mo- excitado do Al 27 • Sabe-se que os estados fundamentais de núcleos par-par tem mo-
mento magnético. Deve ser observado, entretanto, que a propriedade isomérica de mento angular zero e freqüentemente caem nesta categoria. Valores prováveis do
um estado nao é absoluta, mas somente relativa as propriedades dos estados de momento angular esta.o indicados entre parenteses, como no caso do estado funda-
menor energia. Um estado isornérico é geralmente indicado pela letra: m ligada ao mental do Mg27 em (a). As indicai;óes de paridade, dadas por um sinal mais (pari-
número de massa do nuclídeo: assim, In 11 :1 m representa um nível isomérico do ln 113 • dade par) ou sinal menos (paridade ímpar), dependem muito da teoria, e o subli-
O primeiro casó-.de isomerismo nuclear que foi descoberto foi aquele do UX 2 nhamento e parenteses nao se aplicam a eles. As Figuras 15.14 (a) e (b) contem
e UZ. que tem o mesmo número atómico e o mesmo número de massa, mas informai;óes nao dadas para o Al 2 ' e Ce 14º na Figura 14.13. Para alguns estados,
meias-vidas diferentes e emitem radiai;óes diferentes. Tanto o UX 2 como o UZ ainda nao foi possível atribuir valores do momento angular e paridade - por exem-
surgem do U X1 ( 9 oTh2 :14 ) por decaimento 13-, que dá a eles o mesmo número de plo, o nível de 3,00 Mev do C_e 14º. AlguÍls esquemas de decaimento sao muito com-
massa 234. e ambos tl!m o mesmo número atómico 90 + 1 = 91. O urftnio X2 tem plicados. 'análises longas e cuidadosas sendo necessárias para desenvolvl!-los. As-
urna meia-vida de 1, 18 min: ele emite tres grupos de elétrons com energías máximas sim, o Bi206 decai por captura de elétron orbital para Pb2 º6 , tendo sido descobertos,
de 2.31 Mev (90%). 1.50 Mev (9%) e 0.58 Mev (1%). Por outro lado, o UZ emite até agora, 12 estados excitados e 28 raios y. Foram estabelecidos valores de ener-
quatro grupos de partículas /3 com energías máximas de 0,16 MeV (28%), 0.32 Mev gia, momento angular e paridade para 10 dos níveis, bem como indicados valores
(32%). 0.53 Mev (27%) e 1.13 Mev (13%). e tem urna meia'vida de 6.7 horas. O prováveis para os outros dois; os 28 raios y observados foram encaixados num
uránio x~ é ligeiramente mais excitado que o UZ. e cerca de 0.15% dos núcleos de
,1

362 FÍSICA NUCLEAR RAIOS GAMA E DECAIMENTO GAMA 363 i 'I


La1' 0 (40h) Inl13m (104 min)
1 Zn 6 9m (14h)
:--i-0.392 e!+ J- - - , . - - - 0.43s

+_J__o
2 Inll3
p- (0,90 Mev)
- - - - - - - - - , . - 3.00 Mev (a)
~-
3 ....;,.____ o
:\fg27 (9.5 min) \----,-,-,-,-1- 2.52
e;+)-..:.;......;......;.._.:.. \•--,--,--'--H-+-+--2.41
Gaü9

(b)
\ .....,..,,....+-,-----++-+- 2.08 Br80m (4,4h)
(5-),-----,,-- 0,086 Ge77m (54s)
~+ --.---'-,--,.- 1.015 Mev
(½- )·"':-'--'-=r- o, 159
~+ 0.834 (2- ) - - - , - - ' - - 0,037 (½+) .....;~=~:-
_..__ _ _ _.,__..,_ o (!+ )---,,-1-......,.- o
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Pu23ü (2,8 anos) o+---'---
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2,296

.z ;-: ., 0,94 ·. l .

Fig. 15.14 Esquemas de níveis de energia e decaimento com emissao de raios y a partii- ·de
estados excitados de vida curta. (a) Mg 27 • (b) La140 • (c)Pu 236 • Strominger, Hollander e Sea- Jn115n~
borg, Revs. Mod. Phys. 30, 585, 1958.~· 1---r-++--· 0,335
..__._........._o Tel24
'-'--'--'---- ()
Inll5
esquema de decaimento que aten de a todas as condi!;Oes experimentais e teóricas. 29
(e) (f)
Exemplos dos es·quemas de níveis de energia e decaimento para isómeros nu-
cleares sao mostrados na Figura 15.15: estes esquemas mostram que os membros
de pares isoméricos podem decair de maneira diferente. No modo de decaimento Fig. 15.15 Esquemas de decaimento de isómeros nucleares. (a) ¡0 mm_ (b) Zn 69 m. (e) B~r1111. (d)
77
mais simples. o nível isomérico decai por emissao y para o nível fundamental. que é Ge m. (e) Cd 115m. (O Sb 12~m,e Sb 124 m •• Strominger, Hollander e Seaborg, Revs. Mod. Phys.
estável: In 1rn111 • com urna meia-vida de 104 min. emite um raio y com urna energia de 30, 585, 1958.
0.392 Mev e se torna ln 11 :1 estável. como mostrado na Figura I5.15(a). Os momen-
tos angulares dos níveis estáveis e isoméricos foram ambos medidos neste caso; eles
diferem de quatro unidades e mostrou-se que a transi~ao é do tipo M 4. Em alguns e decair por emis_sao 13-. Assim, o Zn 69111 de 14 h emite um raio y de 0,438 Mev e vai
pares isoméricos. o estado fundamental. em vez de ser estável, pode ser radioativo para o estado fundamental do Zn 69 , que en tao decai por emissao de elétrons para o
RA/0S GAMA E DECAIMENTO GAMA 365
364 FfSICA NUCLEAR
PARTICULARES
estado fundamental do Ga69 : o esquema de decaimento é mostrado na Figura
15.15(b). O decaimento de ambos os membros de urn par isomérico pode ser mai_s I. C. !\í. DAvrssoN and R. D. EvANS, "~feasurements of Gamma-Ray
complexo, como no caso do Br8º. Figura 15.15(c~; o Br8º: d_ecai par? o Br8º em.1-
tindo dais raios y em cascata; o Br8º entao <leca, por em1ssao de eletrons para o ..\.bsorption Coeflicients," Phys. Rev. 81, 404 (1951).
Kr8º, e por emissao de pósitrons e captura de elétron orbital para o Se 80 • Quando o 2. C. 1-L DAVIS~ON and R. D. EVANS, "Gamma-Ray Absorption Coefficients,"
nível excitado decai somente por emissiío y para o estado fundamental, como !1ºs Revs. Jfod. Phys. 24, 79-107, 1952.
casos acima, diz-se que os membros do par isomérico esta.o relacionados genetica_- 3. W. HEITLER, The Quantum Theory of Radiation, 3rd ed. Oxford University
mente. O membro mais ·excitado de um par isomérico pode decair de duas mane1- Press, 1954. ·
ras: Ge77m decaí para o Ge 77 por emissao de um raio y; ele também pode decair por 4. J. JY. )f. Du~loNo, "High Resolving Power, Curved-Crystal Focussing
emissao de elétrons para o nível fundamental do As 77 ou para um nível excitado; o Spectrometer for Short \Vave-Length X-Rays and Gamma-Rays," Rev. Sci.
nível fundamental do Ge 77 é instável e decai para níveis excitados ·do As 77 por Instr. 18, 626 (1947); also, "Gamma-Ray Spectroscopy by Direct Crystal
emissao de elétrons; o esquema de decaimento para o Ge 11 m e Ge 77 ~ mostrado na Diffraction," .fon. Revs. Nucl. Sci. 8, 163 (1958).
Figura 15.IS(d). Os membros de um par isomérico podem deca_ir mdependente- 5. ~ÍULLER, HoYT, KLEIN, and DuMoND, "Precision Measurements of Nu-
mente por emissao 13-: Cd 115 m e Cd 115 nao sao relacmnados g_enet1camente, ar:nbos clear Gamma-Ray \Vavelcngths of Ir 192 , Ta 182 , RaTh, Rn, \V 187 1 Cs 137 , Au 198,
tendo espectros f3 complexos. O esquema de decaimento esta mostrado na Figura and Annihilation Radiation," Phys. Rev. 88, 775 (1952).
l5.15(e); ele é especialmente interessante porque dois dos níveis de ene_rgia d~ nú-
cleo produto, In 115 , formam um par isomérico. Também se observo~ 1s?merismo 6. PAaE, STEHLE, and GuNsT, "Direct Comparison of m/e for the Positron
triplo e a Figura 15.15(f) mostra um exemplo; Sb 124 m2 , com urna meta-vida de 21 and the Electron," Phys. Rev. 89, 1273 (1953).
rnin, decaí poi- emissiio 'Y para o estado fundamental, enquanto que Sb 124m1, corn 7. DBuTSCH, ELLIOTT, and EVANS, "Theory, Design and Applications of a
urna meia-vida de 1,3 min, decai tanto por emissao 'Y e emissiio 13-. O estado fun- Short Magnetic Lens Electron Spectrometer," Rev. Sci. Instr. IS, 178 (1944).
damental do Sb124 é instável e também decai por emissao 13-. 8. \V. C. PEACOCK and M. DEUTSCH, "Disintegration Schemcs of Radioactive
Para um resumo detalhado de esquemas de decaimento isoméricos, indicamos Substances, IX. - Mn 52 and V48 ," Phys. Rev. 69, 306 (1946). ,
ao leitor um artigo de revisa.o recente de Alburger (veja Referéncias gerais). 9. J. \V. DuNWORTH, "Coincidence Methods in Nuclear Physics," Rev. Sci.
Instr. 11, 167 (1940).
10. A. C. G. MITCHELL, "The Use of Coincidence Counting Methods in De-
REFERENCIAS termining Nuclear Disintegration Schemcs," Revs. Mod. Phys. 20, 296 (1948).
11. R. L. WALKER and B. D. McDANIEL, "Gamma-Ray Spcctrometer
GERAIS
Measurements of Fluorine and Lithium Under Proton Bombardment, 11 Phys.
Rev. 74, 315 (1948)':'''
RUTHERFORD, CHADW1cK, and . ELLIS, Radiations from Radioactive Sub-
12. FowLER, LAURITSEN, and LAuRITSEN, "Gamma-Radiation from Excited
stances. Ncw York: The Macmillan Co., 1930, Chapters 12, 15._, • · · --_--
Statcs of Light Nuclei," Revs. Mod. Phys. 20, 236-277 (1948). -
R. D. EVANS, The At-Omic Nucleus. New York: McGraw-Hill, 1955, Chapters
13. P. R.--BELL, "Thc Scintillation Method," Beta- and Gamma-Ray Spec-
5, 23, 24, 25. .• _. ,.
troscopy, K. Siegbahn, ed. (see gen. ref.), p. 133.__ ---. _____ , , .,. -
K~~S'iE.GifAHN; ed:, Beta- .and Gamma-Ray Spectroscopy. Ne,~ York: Inter-
14. ERIKSEN1 JENSSEN, and SuNoE, "Scintillaiion Counter as Gamma-Ray
science· Amsterdam: North-Holland Publishing Co., 1955, • _
Spcctromcter,"'Piz¡/sica 18, 9 (1952).·. _ . "' f--".
- 1:f·';D;.u;scH-•~ a~d; -O~ KoFOED-HANSEN, ·uaammaA:fays," Experimental---· 15. E. RUTHERFORD -;,:ñ,rw: A. Wo-OSTER, ''Tlie'N',itiíral X~RaySpectrum of
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York: Wiley, 1952, Chapter 12.
I. Part II);
20. R. E. BELL, "Measurement of Short Lifetimes of Excited States: 11easure-
STROMINGER, HoLLANmm1 and SEABORG, "Table of Isotopcs," Revs. Jlod.
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U.S ...\..: ..\.ddison-Wesley, 1959. 22. l\L E. RosE, "Theory of Interna! Conversion," Beta- and Gamma-Ray
,, 1

,¡ 1
RAI0S GAMA E DECAIMENTO GAMA 367
FÍSICA NUCLEAR
366 1 7
chum~~ ;:.~c~~:r;:;j ~~~~ ~•~ f¡:i!~a~en;~¡ue~:, ~a~a absor\;ao fotoelétrica em alumínio e
0
fico contra a energia do fóton em. Me\;. ' ª 1-'·-· Coloque os valores obtidos num grá-
Spectroscopy, K. Sie~bahn, ed. (sec gen. re/.), p. 396.
23. E. 81-:an~; aml A. C. HELMHOLZ, HNuclcar Isomerism," Revs. Jlod. 4. Calcule
alumínio em JO os valores
valores d das se~óes bde cho q ue. u' u_. e cr,, pa rd o espalhamento Compton em
e a que co rem a fa1xa de ene g· d· T b J J
Phys. 21, 2il (1949). valores resultan_tes num gráfico contra a energia dos fóton/ e:s M:v a e a 5.3. Coloque os
24. C. F. voN \Y EizsAcKER, ":Metastabile Zustande der Atomkerne," N atur-
5. A partir da curva da Figur· 15 6 · I 1 ·
forma(;ilo de pares em alumínio e ch~mb~ ~~a ecnue~g~ss ~~ 1~~~nd~/?~º ~; ~~o~~e 5 p:ira a
1
wiss. 24, 813 (1936). o;
25. S. _.\. :\IoszKOWSKI, "Theory of l\1ultiplc Radiation/' Beta- and Gamma- 6. Calcule, a p¡:1rtirda teoria. os valores d -1 • • ' : - e- ev.
0.835 Mev J 14 Mev e -, M e· e µ(cm ) para O cobre. para raios y de energia
Ray Spectroscopy, K. Siegbahn, ed. (sce gen. rcf.), p. 373. • • -· 76 ev. ompare os resultados com ] ' ·
mentais dados na Tabela _1. · os va ores teoncos e experi-
26. 11. GoLDHABER and A. \V. SuNYAR, 11 Classification of Nuclear Isomers," 15
7. Um feixe heterogéneo de raios d fi · · · ·
Phys. Rev. 83, 906 (1951). alumínio e os elétrons ejetados sao ana.li:ad~ urna onte rad_ioat1va m.::1de sobre um radiador de ¡1
27. :i\I. GoLDHABER and A. \V. SuNYAR, "Classification of Nuclear Jsomers," em trés grupos com ~iximos .em 11960 584; n~m espectrografo magn~tico. Os elétrons caem
Beta- and Gamma-Ray Spectroscopy (sce gen. rcf.) .P, 453.
energias dos trés raios y'! · º
e - 75 gauss-cm. respectivamente. Quais s8.o as
1
28. L. I. Rus1Nov and D. A. VARSHALOVICH, "Electromagnetic Transitions
in Isomcric Nuclei," J. Nucl. Energy, Part A: Reactor Science, 10, 170 (1959).
Allfmt'nhJ E.rtanlw C/111111ho 1
Translatcd from ,ltomnaya Energiya 5, 432 (1958). 2 6
29. D. E. ALBURGER and l\L H. L. PRYCE, "Energy Levels in Pb º from thc
Espessura, lntensidade fntensidade Espessura, Intensidade
E.q>es.sura. 1
Dccay of Bi 2 º6 ," Phys. Rev. 95, 1482 (1954). 11 cm cm cm
30. Cuurr, Du).IoND, GORD0N, JorsoN, and MARK, Precise Determination
\,
of Nuclear Encrgy Lcvels in Hcavy Elements," Phys. Rev. 112, 518 (1958). o 1,00 o 1,00 o 1,00 ,1
31. KAZI, RAsMUSSEN, and lV[ARK, 11 Six-Mcter Radius Bent-Crystal Spcctro- 2,5 0,788 2 0.586 1 0.620
5,0 0,622 3 0.449 2 0,384
graph for Nuclear Gamma Rays," Rev. Sci. lnstr., 31, 983 (1960). 7,5 0,490 5 0,263 3 0.238
\1
32. KAZI, RAsMUSSEN, and l\1ARK, "l\Icasurcment of the Deutcron Bin<ling 10,0 0,387 7 0,154 4 0,147
Encrgy using a Bent-Crystal Spectrograph," Phys. Rev. 123, 1310 (1961). 12.5 0,305 8 0,118 6 0,057 1
15 0,240 10 0,069 8 0,022
20 0,150 12 0.041 10 0,008
25 0,093 16 0,014 12 0,003 \\ ,

PROBLEMAS 30 0,058 18 0,008 1


35 0,036 11'\: '
l. Quando um feixe de raios 1' passa por alumínio sob condi¡;Oes de "boa geometria". a 40 0,022
inténsidade varia coma energia dos raios e coma espessura do aluminio, como é mostrado na 1

seguinte tabela. ¡l\


8. Numa experiéncia com os raios do B 1.11 • • •
chumbo. Sao observados uatro ru 'Y a, , os ra1os mc1dem sobre um radiador de
1250 1445 2050 e 2520 q g pos de ~otoeletrons, correspondendo a valores de Hr de 1,\11
Jntensidade relativa
Espessura do
alumínio, cm Energía Energia .
= J ,14 M,v,,_,,
Energía
:".2,75 Me::._ ___
cam;da K ~o chum..b. é Oi~~~s-~mv, rQesp~ct1~amente. A_ energia ?e Jiga~ao dos elétrons da
º·

. : . . e . ua1s sao as energias dos ra1os '>


9· Numa das pnme1ras experiencias com ra·10 d0 R B ,'Y· .
n
;,i'
'!
= 0,835 Mev '
1,00 1,00
fotoelétrons ejetados de radi:idores de tun f .
foram observados trés grupos de elétrons ;s~ 'Y_ a , Elhs m~d_m as energias dos
emo, p atm~, chumbo_e uranio. Em cada caso,
com as segumtes energ1as em Mev.
o 1,00
0,675 0,788 \
2,5 0,634 0,622
0,401 0,456
5
7,5 0,254 0,308 0,490 w Pt Pb u
0.208 0,387 1
10 0,161
0,141 0,305
12,5 0,102
0,240 a. 0,166 1 0.158 0,149 0,122
0,065 0,095
15 '0,043 0,150 b. 0.220 1 0.212 0,203 0,174
20 0,026
0,020 0.093 c. 0.2i6 0,269 0,260 0,231
25 O.OJO 1
0,0090 0,058
30 0,0042 0,036
0,0017 0,0041
35 0,0019 0,022
40 As energías
0.1178 de Jiga¡;8.o
Mev, res ectiv d os. e ]etron:
' K.,. no~ qu~t~o radiadores sao 0,0693, 0,0782, 0.0891 e
trés raios, y. p amente. Ache a energ1a media e o comprimento de onda de cada um dos
10. O térbio 160 decai por em· -~:- ~ , . .
1
Ache, graficamente. o valor do coeficiente de absor93.o µ(cm- ) em cada caso. Compare os raios y emilidos pelo segundo nuc'1',·ctªº ~d?ara ~stados excitados do disprósio 160. Dois dos
. · · eo ao ongem 't um · d 1· h
mte~nu comas seguintes energias: 32.9. 78.0. 84 7 ' espectro e m as de convers_ao
resultados com os valores dados na Tabela 15.1.
2. Quando raios y de 2.76 Mev de energia passam através de espessuras variáveis de de llga~üo para as camadas eletrónicas K L "vi,
respectivamente. Ache as energias d~ d ... ',. ~
·J6,
1. J.4_3.0; (87.~ e 194.7 kev. As energras
nbo ispros10 sao 53,4, 8.6. !.9 e 0.4 kev.
alumínio. estanho e chumbo, a intensidade varia com a espessura de cada 1substáncia como · s OJs rdJOS y. em como a camada e o raio y com que
mostrado na t;ibela da página seguinle. Ache. graficamente, ·o valor de µ.(cm- ) em cada caso e
compare os resultados comos valores dados na Tabela 15.l. ·
368 FISICA NUCLEAR

cada linha de conversa.o está associada.


l 1. Derive urna expressao para a energia cinética (em ev) com a qua] o núcleo recua
quando um raio y é emitido: expresse a energia do raio y em kev. e a massa do núcleo que
recua em u.m.a
12. As rea9óes Cr(p,n)Mn e Fe(d,a)Mn levam ambas a atividades de 21.3 mine 5,8 dias,
enguanto que a reai;ao (a:,n) no vanádio dá um produto com urna meia-vida de 3 IO dias A
qua] nuclídeo, ou nuclídeos, pertencem as duas atividades mais curtas? ·
16
9
13. O. nuclí~e? Cr4 decai por emis5ao de pósitrons, emitindo trés grupos de partículas
co_m energ1as max1mas de 1,54 Mev,. 1,39 Mev e 0.73 Mev, respectivamente. Observam-se
ra10s_ gama com energias de 0,15 Mev. 0,061 Mev e 0.089 Mev. Construa um esquema de
deca1mento adequado a estes dados.
1
1.4: O nuclídeo Cr5 decai p~r captura de elétron orbital para ysi e o valor de Q para a
trans19ao do estado fundamental e 0,75 Mev. Observam-se trés raios y, com energias de 0,325
Reac;oes Nucleares
Mev, 0,320 Mev e 0,65 Mev, respectivamente. sendo que os-dois primeiros estiio em cascata.
Construa um esquema de níveis de energia e esquema de decaimento para encaixar estes
dados .
59
. 15: A irradiai;ii? do Co com néutrons produz um par de isómeros do conº, com urna
me1a-v1da de 10,4 mm, o outro com urna meia-vida de 5,2 anos. O nível de 10.7 min tem urna
energia60de excitai;.io de 0,059 Mev e se desintegra principalmente para o estado fundamental
do_ ~0 por conversiio interna; ele também decai emitindo partículas {3- com urna energia
max,~a d~ 1.-54 Mev. O nível do estado fundamental do Co 60 decai por emissiio {3- com urna
energia max1ma de 0,31 .Mev. Observam-se dois raios y, em _cascata, com energias de 1,17
Mev e60I,33 Mev, respectivamente. O valor de Q para a transii;.io a partir do estado isomérico
do C~ para ~ estado fundamental do Ni 60 é 2.876 Mev. Construa um esquema de níveis de
energia e deca1mento baseado nestes dados.
Na discussao sobre rea<;6es nucleares no Capítulo 11, éleu-se enfase a produ-
98.0 de novas espécies nucleares, o interesse principalmente tendo-se centrado na
mudanr;a de um núcleo para outro. Os aspectos quantitativos mencionados eram
aqueles do balanceamento de massa e energia. O estudo das rear;6es nucleares tam-
bém é importante por outras raz6es. Informa<;6es sobre as probabilidades relativas
de diferentes rea<;6es fornecem chaves para o problema da estrutura nuclear e ofe-
recem um terreno para testar idéias sobre for<;as nucleares. Qualquer proceSso de
transmuta<;8.o nuclear pode levar a um estado excitado do núcleo produto, o decai-
mento do estado excitado dando entiio informa<;óes sobre os níveis de energia e
esquemas de decaimento. O processo pode ser causado por__ qualquer tipo de partí-
cula incidente, podendo resultar na emissao de qualquer tipo de partícula (próton. ,,
né:utron, deuteron, partícula a ou raio y). As partículas incidentes e einitidas po- '
'
dem, inclusive, ser do mesmo tipo, como em processos de espalhamento. Portanto, i1¡
o grande número de rea<;6es nucleares que siio possíveis fornece urna soma de 'I
dados experimentais para• o campo da espectroscopia nuclear e para a teoría da
estrutura nuclear. É a partir <leste ponto de vista que as rea<;6es nucleares seráo
consideradas no presente capítulo.

16.1 Rea~óes nucleares e estados excitados dos núcleos. No Capítulo 11. as


rear;óes nucleares consideradas eram do tipo

x + X-+ Y+ Y, (16.1)

ou. numa nota9iio mais compacta, X(x. y)Y. A equa,;iio e a nota9iio significam
ambas que a partículax atinge o núcleo X para produzir o núcleo Y e a partícula y.
As partículas x e y podem ser partículas elementares ou raios y, ou mesmo podem
ser núcleos - por exemplo. partículas a ou deuterons. A transmuta9ao represen-
tada pela Eq. (16.l) nao cobre todas as rea9óes de interesse. No caso geral. mais de
urna partícula pode emergir, ou a partícula que sai pode ser a mesma que a partícula
incidente. Para os fins deste capítulo. as rea,;óes nucleares a serem consideradas
podem ser rep~esentadas pelo conjunto de equa<;6es
1
REACÓES NUCLEARES 371
370 FÍSICA NUCLEAR
números de massa dos núcleos· final e inicial e. como o angulo no qua! os prótons
X+,·, sao observados- é O~_. ·os valores de Q podem ser calculado,i..pela Eq. (1 l. 10).._.A
X T
1 v
...:1.. ---t
¡
X * , .r,
¡r ,
Z
T
_J_

Y,
+ z, etc.
116.2) a
ITlaior_~_nergia dos prótons dá Q = 2.22 Mev, que corresponde forma9iio do Si3° no
Séll_ estad Ofuncfii"in.ental: os trés _grupos de prótons de energia menor da.o valores de
Q de -o·,06, -1,44 e cerCii-d~ -:2,4 Mev respectivamente. ~ortanto, existem trés
------------•--.
estados excitados do Si 30 com energiaS de 2.28, 3.66 e cerca· de 4.6 Mev acima do
------· -- . .. .
. ········ - . , .

Nas primeiras duas reac;óes do conjunto. a partícula que sai é do mesmo tipo que a
partícula incidente, o processo sendo chamado de espalhaml'nto. A primeira reac;ao
Tabela 16.1 i Estados excitados do Si 30 a partir do bombardeio de
representa o l'spa/hamento elástico, no qua! a energia cinética total do sistema, alumínio por partículas alfa
projétil mais alvo, é a mesma antes e depois da colisiio. Usualmente. alguma ener-
gia cinética transfere-se do projétil para o núcleo alvo. mas este último é deixado no Expaiéncia / 4 Experiéncia 2 6
mesmo estado interno. ou nuclear. que antes da colisflo. Urna colisiio entre duas Energia de partículas a= 7,3 Me1· Energia de partículas a= 2/ ,54 Me1·
bolas de bilhar. na qua! nenhuma bola é danificada cu-mudada. constitui um exem-
plo de urna colisflo elástica. A segunda reac;flo representa um espa/hamento inelás- Energia dos Energia do Energia dos Energiado
tico,- no qua! o núcleo alvo X é elevado a um estado excitado X*. a energia cinética prótons emi- estado prótons emi- estado
total do sistema diminuindo da quantia da energia de excita9áo dada ao núcleo alvo. tidos em Valor de Q, excitado, ti dos em 90°. Valor de Q. excitado,
0'1, t•m Met' em Me1· em Mt•1· emMe1· emMe1· emMe1·
As outras rca(;óes do conjunto representam diferentes transmuta96es nucleares
possíveis. nas quais os núcleos produtos podem ser formados em seus estados fun- 9.34 2.22 O 2,22 o
damentais ou mais freqüentemente em estados excitados. O núcleo produto exci- 6,98 -0.06 2.28
tado geralmente decai muito rapidamente para o estado fundamental com a emissao 5.55 - 1,44 3.66 16.85 -1.27 3.49
de raios y. 4.2-4.65 -2,4 4.6
O Jato de o núcleo produto num proct?s.so _de transmuta9fi~_9~~r.E~L~ado 14.96 -3.22 5,44
num -estado excitado foi descobertO medindo-se as energtasclos prótons emitidos 13.28 -4.96 7.18
12,29 -5.98 8.20
ém rea~·oes (a. p) em elementos leves. as primeiras rea~f)~s n.ucle3._i-e!? .~studadas em _ 11,27 -7.04 9.26
deiaihe: Quando se bombardeava um dado elemento leve com partículas a monoe- 10,68 -7,65 9.87
, ñergéticas naturais, observava-se numa determinada dire¡;ao de emissao um ou mais 9,72 -8,64 10.86
grupos_ de prótons, cada um contendo partículas da mesma energia. 1 • 2
DemonStrou-se a existCnda de grupos distintos de prótons pelos seus alcances dife-
rentes. Quaüao .o boro foi__b_ornb_arq~_ac!g~ com partícul_aJL~ do pQ~§.ni_Q -~-9_J"!!_um al-
c~ce de 3,8 cm, ou Umll: energia 9~ ~,30 Me\,:· fÜfa!Il. encorifradQs 99i.~ 8I}JP.OS de
pró:iqns eillergentes "ém angulo reto com o feixe _de. partículas a incidentes; ·estes
prótons tinham al~ances de 20 cm e 50 cm respectivamente_. Obtiveram-se resulta-
d0S-s1rñilares com ou.ti-0-s ·e1em·eotOS leves, tais coino flúor· e alumíni.Q; quando este ,
!).ltimo_foLbolJ)P.a.r.~.~ado_~olJl partículas a do ~aC', observaram-se quatro·g·rupos de ,

prótons3 para cada urna das v-ana"s'eáérgias diferentes daS Partículas a incidentes.
·--ullalan,o de energía das rea96es, ou valor de Q, pode ser calculado, para cada
grupo de energía, pelos métodos da Se,ao 11.2. O grupo de prótons com a maior
~ergia dá o m_ai~Ly~9.r_ de ~upondo-s~ _que este valor cor:reseond~.-ª..Q~t390_
fun.Q!lmentardO ñúcJeo pi-Ocfüio. U_m -grupo de-_·prQ_{Q"i1s co_m um~_ene_r_gia.menor.dá
ifrn viícíí- de~Q __ rñeriof, ·e-ª dif~rerÍ¡;a eñtre O maior ·Q-e·-o--inenor dá a énergi.a d_e
exc1ta~ao dO óúCfeO·_procluto ai,OS a emissao do próton de menor energia. Estas
ióeías e si.Ja ap1ica9aO énvo1Vem alguns procedimentos básicos· da ·física nuclear e
serao ilustradas pela análise de duas éxperiCncias sobre a rea9ao

Fig. 16.1 Grupos de prótons a


que sao representativas de tnibalhos relacionando rea96es nucleares com níveis de partir da reac;:8.o Al 2 j(a. p)Si 3 º
energia. Numa experiéncia. 4 urna folha de alumínio foi bombardeada com partículas (Brolley et al. 6).
a acelerfidas num cíclotron _a urna energia de 7.3 Mev :.__Qs_ alcances dqs_ prótons
4
eme_rgindo num angulo de 6°. ··com a dire9ao do feixe _inci(fe"ñte ·roram medidos
éoñtand2_-se. ~s coincidéncias entre· prótons e raios y. Q.b.J~.r.var~~-se quatro grupos 3
de.. prótons com alcances no ar de 101.6 cm. 60.8 cm. 40,8 cm e 25-30 ·cm respectí- 2
várriiriie. As energi~s correspondentes. obtidas ·a partir de curvas de alcanCé-
150 200 2i>O 300 400
ene¡-g¡apara prótons. sao 9.34. 6.98. 5.55 e ~,2-4.65 Mev. As energias da partícula 3;j()
Abson;flo total no feixe de prótons. mg/cm 1 de Al
o: que chega e do próton que sai sao conhecidas para e.ida grupo, assim como os
~
11111
c:ua pane ua 1aoe1a 10.1, concordam bem com aqueles de experiéncias ante-
5
nores.3· Nest~ experiénci~, descob~iu-se também que nenhum raio y acompanhava
0
grupo de prot~ns. d: ~ator ener~ta, ~vquanto que os prótons__ d_e__ menor energia REA,OES NUCLEARES 373 i 1

ap:,~s~nta~~'? _~~~n~_1_<:!_~~~1~s. ~.?.f!l rai~~z_;_92_.m:§_to_11s_ d.e__ men.or en_~rgia _esta.o de fato


1

ª:~C:~~dos ~om es~aclos excttadosclo nucleo__ de ~?~--- enquanto que o grupo cte· ITlaior nas energias de ressonáncia freqüentemente sao mais úteís do que aqueles obtidos
~n~_fj!~~ta ass_oc1ad_o_ ~orn o e_~_t_ado fundamentah em outras energias, porque ocorrem mais eventos nas energias de ressonáncia e
Em outra e:periéncia. 6 urna fina folha de alumínio foi bombardeada no vácuo podem ser obtidas informac;óes mais precisas sobre os valores de Q e níveis excita-
co~ outras pa~t1culas a ~celeradas num cíclotron a urna energia de 21.54 Mev. Os dos no.núcleo cornposto. Entretanto, o fenómeno de ressonáncia nao adiciona nada
protons emer?mdo num angulo de 90° com a dire~ao do feixe incidente foram con- de novo sobre os níveis de energia do núcleo produto.
tados co':1 d?1s contadores proporcionais colocados em série e arranjados para con- A ressonáncia é importante em reai;;óes nucleares, porque o conhecimento das
tagen:i _comcident~. Os al~ances dos grupos de prótons no alumínio foram lTledidos energías de ressondncia numa reac;ao fornece informac;óes sobre certos níveis de
permitmdo-~e que os protons passassem através de folhas de alumínio antes de energía do núcleo citado no Capítulo 11 como o núcleo composto. As transmuta-
e~trar no s1st~ma de contagem. Nas condii;;óes do procedimento de contagem. 0 c;óes discutidas no CaJ)ítulo 11 foram escritas de urna maneira que indica que a
numero de protons contados num grupo particular apresentava um pico no final do partícula incidente combina-se com o núcleo alvo para formar um núcleo composto
alcance, de modo que, quando o número de contagens era colocado num gráfico intermediário. Quando se bombardeia Al com partículas a, o núcleo composto é
contr~ a espessura do alumínio, cada pico na curvas:orrespondia a um alcance ou [P31 ], ocorrendo que a existéncia de energias de ressonáncia está relacionada com
energ1a de um grupo de pró_t~ns, diferente. A mudan9a na contagem com a espes- os níveis de energía do P 31 • A ressonáncia nao se limita semente a reai;;óes (a, p),
sura d_o absorvedor de alum1mo e mostrada na Figura 16.1. As energias dos grupos sendo também encontrada em outras reai;;óes nucleares.
de_ ~rotons fora?1 obtidas a partir dos alc~nces no alumínio por meio de relai;;óes
teoncas conhec1das entre alcance e energ1a naquele material. estando listadas na 16.2 O núcleo composto. Ern 1936, Bohr propós sua teoria7 • 8 do núcleo com-
segunda parte da Tabe!~ 16.1. O~ valores de Q sao obtidos a partir da Eq. ( 11.9). o posto, qlJe··teniSIÜOéiiferriáinente útil na correlai;;ao e interpretai;;ao de reai;;óes
alean:~ d? grupo de protons mais energético niio podia ser bem determinado nesta nucleares. Portanto, as idéías básicas desta teoria sera.o consideradas antes de rea-
ex~nenc1a porqu_e as contagens se tornavam muito baixas. de forma que O valor de lizar urna discussao detalhada sobre reai;;Oes nucleares. Bohu_l!gÓ§__qµe uma.rea93.o
Q - 2,2~ ~ev foi usa~o para a reai;;ao que levava ao estado fundamental do Siªº e nuclear ocorr~@.as_e.tat@§:
deu os mve1s de energ1a listados na tabela. Os valores de níveis de energia de 3,66 (1) A pá.rtícuJ~j_µciQ_~_rrte é absorvida pelo núcleo ini~@j _0_1:!__.~_lv_Q_1 P~!~ {~_!~~-~
~e~ e 3,4~ Mev correspondem ao mesmo estado excitado, serido que a discrepdn- .umnúcieo·compoSro. ·-··· ·-- -- .. --------~ - ,
c~a e e~penmental. O nivel em cerca de 4.6 Mev observado na primeira experiCncia (2) O núcleo composto desintegra-se. ejetando urna partícula (próton, néutron,
nAao _fm ob~erv~do na segunda experiencia. mas outro trabalho estabeleceu a exis- partícula a etc....Lou_uro..G\lQ..'.);'.:·aéixando·o núcleo:fin~.I-ou prodUto:· ·
-. ten:,a de um m.~;1 em 4.75 Mev. Portante. existem pelo menos 9 níveis de energía ~ ····:soiirs'iipos também que··O·ffiOOo-a:de·desintegra\;3.0:--d'i:JriiíCl"eó·:c-Omposto é índe-
e~ci~ados do ~• , como__ ?1ost~a a tabela, senda provável que existam outros que pendente da maneira pela qual este é formado, dependendo semente das proprieda-
nao 1oram_ex_c1tados pela,r~i\\;ao (a, p).
~ e~1ss~o de grupos de partículas nao se limita apenas a reai;;óes (a. p). mas passos_gª,r~~i;;ao
.,.~---··· __ _____
des do próprio núcleo composto, tais como sua energia e momento angular. Q!E.9.is
..,.._,_.......•.podem
.-_, entao ...ser considerad~s
.. .P.!2~_essos separados~/
1

____-__
~ . -~,~-~~.,,. ..,,.,, ..
tambem e en_contrada em mUJtas outras reai;;óes. Em cada caso, os diferentes gru-

.~--- --.,..- _____


pos de energia ~orrespon~em a estados diferentes do núcleo produto. senda que os 1. Partícula incidente+ núcleo inicial-+ núc_leo compps_to.
grupos de energ1a ma1s ba1xa correspondem aos estados excitados que decaem para
o estado fundamental, emitindo raios y. · · ...
!:-Nucleo~óffiPosto-+ ..ñiíc1eoproaüto+PartíCuia
.,....__ ._.,...: emergente.
Ou~ra caract:rística im_Q_QI.tante....d_~rn4it_a_s_reai;;óes nucl6ares foi descoberta du-
rante a mvest,gacao
- · --·····--·-; . --
de reac6es (e, p) d
--~----· -·-. -. ___ 3' _ _ • _ •. ; .• --:--9~?.~_5~ a energ1a
· ·d as- ... ·= ..----
particu1as ------
a incidentes· As hipóteses de Bohr esta.o de acorde com muitos dos fatos ,da transmutai;;ao
ef?_~!"_c!__nad_a .. !?.~cobn1±-~.C:_~~-PTI.fll~ffas experiencias qü~·: ·füiáiidO ·a energia dá.s nuclear. Mostrou-se na Se,ao 11.9 que, quando um dado nuclídeo é bombardeado
I-:~E..~?:!~~-~- m~.1de.ntes ~ra aume_nt~da, a produi;;ao. de prótoñ~_ ñilO aumentava mo• com partículas de um único tipo. podem ser formados diversos nuclídeos novas,
~~~~n!~ament:_. -~orno s~ esper~na mtuitivamente. mas. apresentava máXimos bruS- diferentes. Quando o A,1 27 é homharde~om prótous o novo nuclídeo pode Set
21
_co.s_~J!l_certo_s_ vª~ores..dJs_~~e~t!>~.j_e ~~~~~~3:.:ª No bombardeio de alumínio por partí- Mg24 • _S_i 27 , __Sj~oii:'~.J?~-.aco_Ill_Q_ ~.9m BQ.~í.•.-~u_p_óe~~~~ q~~-ª-ill.!E.~~~~?-~~-tT~? ~)
culas a, a ~r~du~~? ~e p~o_!~~~~~ha picos em energias da~.p~rtículas a de 4,0, 4,49, e=_~ffi-J)fóton. dá. o.nú~lt.~-SQ@l;?~sto T;¿¡:~J.:-~_p_gde-se ~-~_s_i!!;~gr~r e~.3.~JAy_ec
4-86 , 5,25_, _5._75 e ?,/íT~.=".·.. se,ndo marcadamente mais baixa na faixa de énér ia urna das di_y_e..rsas.ma.Qeiras: em Mlf!-:e.:um_a_gartJGJJ.l~t_g_;_.9_u___e_m_S1.~,.e..um.neutron;_Qu.
entre quaisquer do1s de~es p1co-s-:-·-·A A ··· ~-d ·- ., ...... -- ·- ·---- -~ ---· -~- ·· e·m··SPirij,un_rniq_..:i~-_me_s_fr1p_~ID-~ª::, ttifi.,PJQt.º-.n§. ~..~m neutr~El_- A_ hip,9~es~de
éGt_..__ .__ , ......_ ..---·- ·.~-- ··..: .. ·-~correnc_ia ___ e max1m_oJ.. ~~-J~c!i;;~o em energias
...! ~t:C:.P.tes e _c~a!Il~ª _d~_r_e_~!E~q!~~ª· as _energias particulares nas quais oS máxiínos BoKrtámbém está de acorde com a imagem de um núcleo ·como um sistema de
o~orrem ~~nd? cl!~mada~ de energiiiS d_e ressuniincia. A razao para o uso cteStes partículas mantidas juntas por forc;as de curto alcance muito fortes. Quando a partí- 'I
!er-?1os sera d1scut1da mais t~rde. Em cada energia de ressonancia das partículas a cula incidente entra no núcleo. sua energia se reparte rapidamente entre as partícu-
mc1dentes, observarr:i-se os d1fer~ntes grupos de prótons, podendo ser calculados os las nucleares antes que a reemissao ocorra. o estado do núcleo composto senda
valores de Q_ a part1r das energias de ressonáncia conhecidas e das energías dos entao independente da maneira pela qual ele foi formado. Pode-se mostrar que esta
grupos de protons cor_respondent~s. Estes valores de Q sao os mesmos ue a ueles conclusa.o é razoável pelos seguintes argumentos. Urna vez capturada. a partícula
obtidos para 8:~- en__~_!.~~_?-S _das_p~rt1culas a que nao sao de ressonaiiCia ;- levain aos incidente torna disponível urna certa quantidade de energia d<! excitariio, que é
me~mos estados _exc_1tados do n~cleo produto. Os resultados experim;nlais obtídos praticamente igual a energia cinética da partícula capturada mais sua energia de
ligai;;ao no núcleo composto. A magniiude da energia de excitac;ao pode ser calcu-
lada a partir das massas da partícula incidente, núcleo alvo e núcleo composto. bem
como a energia cinética da partícula incidente. Considere, por exemplo. a captura
de um nCutron pelo A1 27 para formar o núcleo composto {Al2 8 ].

13Al 27 + on 1 -> [13Al 28 ].


374 FISICA NUCLEAR REACOES NUCLEARES 375 . 111

As massas do néutron que interage e do núcleo sao 1.00898 e 26.99008 u.m.a .. ou cias em :nergias de ~articulas a de 3.95 Mev a 8.62 Mev: a energía de ligayao de
um total de 27.99906 u.m.a.: a massa do núcleo composto é 27.99077 u.ro.a. O urna ~art1cu_la a no nucleo c?mposto [P3 1] é de 9.68 Mev. A energia de excita¡_;llo de 1

excesso de massa é 0.00829 u.m.a .. correspondendo a 7.72 Mev, a qual precisa ser um "!ve] "ª?
p~de ser obtJ~a semente sornando a energia de ressonáncia com a !

adicionada a energia cinética do néutron incidente. No caso de um néutron lento. a energia, de hg~c;ao. · por9ue 1~to. neglig~nciaria o movimento do núcleo composto.
energia cinética pode ser desprezada. Se o néutron incidente tem urna energia ciné-
tica de I Mev. a energía de excitai;;:io é aproximadamente 7.72 + I = 8.72 Mev e a
P?rte da energm da p~rt1_cul.a mc1_dente e usada para fornecer energia cinética para o
nucleo composto e nao e d1spomvel para a excitac;áo.
l.
energia do núcleo composto [13 Al 28] é maior que a energia do estado fundamental do A frac;ao _da en_erg~a d~ partícula que deve ser sornada a energia de Jiga¡;§.o para
Al28 por esta quantia. !mediatamente após a formac;fio do núcleo composto, pode-se o~ter a energia _?e exc1ta9ao pode ser dedu_z~da como segue. Se supusermos que o
considerar que a energia de excitac;áo está concentrada na partícula capturada. mas nucle~ alv~ estc1_ em repouso antes da col1sao. o momento da partícula incidente
esta energia adicional distribui-se rapidamente entre as outras partículas no núcleo devera ser igual aquele do núcleo composto,
composto como um resultado de interac;óes entre as partículas nucleares. A distri-
buic;áo acorre presumivelmente de urna maneira·-aleatória. Num dado instante. a m,v = lllcNV,
energia de excitac;fto pode-se repartir entre diversos núcleons: num instante poste-
rior, ela pode estar repartida entre outros núcleons. ou eventualmente estar nova- o~de v, V e Mes sfio a ve_locidade da partícula incidente, e a velocidade e massa do
mente concentrada num núcleon ou combinac;iio de núcleons. No último caso. se a nucleo composto respectivamente. Entélo.
energia de excita¡;áo é suficientemente grande. um núcleon ou urna cornbina¡;ao de
núcleons podem escapar e o núcleo composto desintegra-se para o núcleo produto e
V= V mx.
para a partícula que sai. A energia que deve ser concentrada numa única partícula lllcN
nuclear ou grupo de partículas para separá-la do núcleo composto é chamada de
energia de separar;iio ou energia de dissociarito, senda usualmente cerca de 8 Mev. A po,r¡;§.o ~ª. e_nergia_ do movimento da partícula incidente que vai para a excitac;ño
Como resultado da maneira aleatória pela qua! a energia de excitac;áo se distri- do nucleo m1c1al sera chamada de E~. senda dada por
bui no núcleo composto. este tem um tempo de vida que é relativamente longo
comparado com o tempo que seria necessário para que urna partícula passasse atra-
vés do Ilúcleo. Este intervalo de tempo, as vezes chamado de tempo nuclear natu-
, _ I
E x--mxv
2
2 1 ilf yz =-mv
--
2 ·cN
I
2 X
2
-
I lf'f CNV 2
-
m;
--
ral, é da ordem de grandeza do diitmetro do núcleo dividido pela velocidade da 2 lll&N
partícula incidente. Se:a partícula incidente é um n€:utron de 1 Mev; sua velocidade ( 16.3)
é de ·cerca de JO!! cm/s:-como o diitmetro do núcleo é da ordem de 10- 12 cm. o = ½m,vz (1 - ilfm, .) = E, (1 - ~)
McN
.
tempo nec"essário para que um neutron de 1 Mev atravesse o núcleo é da ordem de Cli
10- 21 s. Mesmo um neutron lento com urna velocidade de 105 cm/s necessitaria de
somente 10- 17 s para atravessar o núcleo. Veremos abaixo que o tempo de vida de Em ~álculos ?este tip~. _as massas podem ser substituídas pelos números de massa
um núcleo composto pode ser de até 10- 15 ou 10- 14 s, que é logo comparado com o sem mtroduz1r erras senos. A Eq. (16.3) pode também ser escrita como
tempo nuclear natural. Durante seu tempo de vida relativame_nte longo. o núcleo
composto "esquece" como foi formado. a desintegra¡;áo sendo independente do
modo de formac;á.o. Pode-se dizer que o núcleo composto existe num estado "quase (16.4)
estacionário", o que significa que, apesar de existir por um intervalo de tempo que
é muito longo em comparac;ao com o tempo nuclear natural, ele ainda pode desinte- já ciue Me,.,=:= Mx + m·r•·· -•---·-··-·-··- .-•
grar ejetando um _ou mais núcleons. Estes estados quase estacionários comumente _As energ~as dos níveis excitados do (P31 ] que correspondem a ressonftncias de
· sao chamados estados virtuais ou níveis virtuais em contraste com os estados liga- parti~ulas a sao dadas_ na Tabela 16.2. As energias de excitac;ao <lestes níveis sáo
dos ou níveis ligados, que decaem apenas emitindo radia¡;áo 'Y. cons1derav1;lmente maiores que a energ.ia de dissocia¡;áo (~ 8 Mev) para urna partí-
Há muitas maneiras pelas quais a energia de excitac;§.o do núcleo .composto cula. e º, n~cle~ co!"po~to pode-se desmtegrar por emissáo de partículas, de forma
JX)de ser dividida entre as partículas nucleares e. como cada distribui¡;§.o corres- que os mve1s sao v1rtua1s. As reac;óes AJ27 (a, p)Si3º e AJ2i (a. n)pso foram observa-
JX)nde a um nível virtual. existem muitos níveis virtuais possíveis para o núcleo das. um resultado que é_ consistent: ~om a idéia de que o núcleo composto [P:UJ
composto. Estes níveis estáo muito relacionados com o fenómeno ·da ressonáncia. fo~ado pelo bom_barde10 de alummm com partículas a pode-se desintegrar por
É razoável supor que - se a energia da partícula incidente é tal que a energia total ma1s de urna mane1ra.
do sistema. partícula incipente mais núcleo alvo. é igual a energía de excitac;ao de Cada e~tado _e~citado _do núcleo composto - quer ligado. quer virtual _ tem
um dos níveis do núcleo composto - a probabilidade de que o núcleo composto um~ certa vida media T: existe um ce_rto período de tempo. na média. durante O qua!
seja formado é muito maior que aquela em que a energia cai na r'egiao entre dois o nu_cleo permanece .nurn estado excitado antes de decair por emissao. quer de urna
níveis. O sistema é análogo ñquele de urna onda de rádio e um circuito receptor part1c.~la. que: ~e- ra10 'Y· O r:cí1.:roco da vida ~édia é a constante de desintegrac;áo.
sintonizado. Quando a freqü€:ncia (energia) da onda que chega é igual ñquela do q~e d? a ~~~bab1h~ade, da em1ssao d~ urna ~articula ou raio y por unidade de tempo. 1
1

circuito. a onda e o circuito esta.o em ressonáncia e a recepc;áo é boa; quando as Na d1s~ussao dos estados de energia excitados por reac;óes nucleares é costume
duas freqü€:ncias (energías) náo sao iguais. a recep¡_;áo é má. A ocorr€:ncia de urn usar. em vez ·da constante de desintegra¡;ao. urna quantidade proporcional a ela
pico de resson.incia numa reac;ao nuclear quando a energia das partículas que che- chamada lar¡.:t1ra de nfrel, definida pela rela¡_;ño '
gam varia mostra que o núcleo composto tern um nível de energia cuja energia de
excitac;iio é praticamente a soma da energia de liga¡_;flo daquela partícula e sua ener-
I'-
gia cinética. Na reac;ao Al2 7 (a. p)s¡:m discutida acima. observararn-se 18 ressonán- (16.5)
REACOES NUCLEARES
377
376 FÍSICA NUCLEAR
h (erg-s)
A largura de nivel tem unid ct d · T(s) - 2,rf (erg)
principio da incerteza de H~i::nb:r~n~~!~~·os;u8~s'bsendo saseado na apli_ca~a? do
precisa.o com que a energia e o tem o . . e acor. o com este prmc1p10, a 1,06 X 10-_ __ 27
---'=::..:..:__::e:...
quantizado como um núcleo ato·m1·c P. 1.Pº.dtedm ser! dete~mados para um sistema
o e 1m1 a a pe a rela~ao r (ev) x 1,60 x 10-12
6,6 X 10- 15 (16.8)
(ílE) (ílt) (16.6)
r (ev)

Larguras de níveis sao comumente dadas em ev; para uro nível largo, f pode ser da
Tabela 16.2 Nívei~ do núcleo composto [p31] excitados no ordem de 104 ev, como no caso de núcleos leves, senda o tempo de vida de 6,6 x
bombardew do alumínio por partículas a 10-20 s. enquanto qlJe um nível estreito com um r de 0,1 ev tem urna vida média
relativamente longa de 6,6 x 10- 13 s. Quando o nível estreito é aquele de15urn núcleo 14
Energia de Energia que deve ser composto, o tempo de vida daquele nível pode ser tao longo quanto 10- s ou 10-
ressonáncia da adicionada a energia Nível excitado do
partícula a, em Mev de ligm;iio, em Mer [P 31 ], em Mer s. conforme mencionado anteriormente nesta se¡_;ao. Junto coma largura do nível, o
espa¡_;amento de níveis D, ou distancia média entre níveis, pode ser obtido a partir
3.95 3,44 13,12 de medidas de ressonancia, senda urna quantidade importante ern espectroscopia nu-
4.53 3,95 13,63 clear. A largura do nível e o espa¡_;arnento de níveis sao úteis nao somente para
4,70 4,09 13,77 caracterizar núcleos compostos, mas também para quaisquer estados nucleares ex-
4,84 4,22 13,90 citados, podendo ser aplkados tanto a níveis ligados corno a níveis virtuais.
5,12 4,46 14,14
5,29 4,61 14,29
Pode-se ver agora que o estudo do fenómeno da ressOnancia em rea¡_;óes nu-
5,64 4,91 14,59 cleares tem muita importancia, porque fornece informa¡_;óes sobre a largura e o es-
6,01 5,23 14,91 pa¡_;amento dos níveís de energia dos núcleos compostos. A d'ependencia da largura
6,38 5,56 15,24 e do espa¡_;amento ero rela¡_;§.o ao número de rnassa e energía de excita¡_;§.o do núcleo
6,57 5,72 15,40 fornece uro teste das teorías de rea¡_;óes nucleares~ modelos nucleares. As larguras
7,00 6,10 15,78 parciais de um nível de um núcleo composto da.o as probabilidades relativas para
7,20 6,27 15,95
7,34 6,39 16,07 diferentes modos de desíntegra¡_;ao, e estas probabilidades também fornecem ínfor-
7,60 6,62 16,30 ma~Oes sobre a estrutura nuclear.
8,04 7,00 16,68
8,24 7,18 16,86 16.3 Se~Oes de choque para rea~Oes nucleares. Para estudar as r~a9óes_nv_c.l~
8,42 7,33 17,01 res em detalhe .é n.e""eE.~rio ter ~1,ledida quantitativa da p;9J;,11hl.li.d.adue...111!!ª-.
8,62 7,51 17,19
~ada reac;a9 _n.µclear ....l:lg_,!.9.'!_ªntidade deve._se(§LffilJ:_P,QSSa..s!:Unedid;i_,~~rimen;
talmente e calculada, de modo que o~valQi:~_teóricos .e.experimentai.s..P-Q.~fü!DLlli
'comparados ·pfonta~eni~~~Á, Qlliiñtícfade que é mais fregü~ntemente usada para este
propOSitoea·:.¡¿..rcií'} ·leC:hoq_ue de um núcleo para urna reac80 oat:.ti.cular/geralmente
on_?e_ DE é a incerteia na energía e tl1 é a incerteza no . ~icada por u com._µ!l!..s_~bscrito apropria,9-Q- O termo "se(_;ao de choque" já foi
medio de um. estado excitado pode ser identifi d . te!°po. O tempo de vida
dcndo a urna mcerteza 6.E n . , ica .º com a mcerteza !:l/ correspon- Visto relacionado com a atenua¡_;áo de um feixe de raios 'Y, quando entiio foi usado
do nível excitado, dando a "it;e~r~"s~s~ e defi~da como a largura r, em energía, como urna medida da probabilidade de que um fóton seja removido do feixe; a
curto é mal definido em energi~ a l;r ·u m esta o co""! um tempo de vida muito se98.o de choque foí vista lá como urna forma de coeficiente de absor98.o. Na dis-
que um estado de vida longa é bem d gfi~dr sendo rel~t1vamente grande, enquanto
pequena. Para cada modo de decai e ;m o e:11 )ner~ia e a largura é relativamente
f
caimento diferente e portan to urna /;ren o possi~~ e~~;e urna probabilidade de de- Área =A
decaimento. A largura total f de
individuais parciais;
umg~;; rrc1a u.
i ;ren~e para cada produto de
e e energia e entao a soma das larguras
n partículas/cmª
Fluxo = nv
V

r = r, + r. + rp + ... , (16.7)

onde r)', a largura da radiarlio é urna


tempo para a emiss§.o de um raí~ r , ~e d'd d ..
1 ~ a prob~bthdade por unidade de
próton, e assim por diante. y. ªea argwa da parllcula a::, fv é a largura do
O conceito de largura de níveis é útil · \-t-1
freqüentemente ser obtidos a parti~ de m:~~~~e dos valore~ ct:stas larguras podem
trado mais tarde. Quando a largura tot 1 , as h e 'dressonanc1as, como será mos- 12

médio é dado por ª·


ª e con eci 0 valor do tempo de vida Fig. 16.2 Sec;:6es de choque para reac;:óes nucleares como áreas geométricas (Hughes ).
REAQOES NUCLEARES 379

378 FÍSICA NUCLEAR de um feixe de partículas numa experiencia de ''boa geometria' ': .
A express:=i.o para o número de processos de um dado upo - digamos. o
cussao sobre rea9óes nucleares, urna considera95.o mais detalhada da idéia. de sei;ao i-ésimo tipo - contém o produto Na-¡. Este produto representa a se~ao de choque,
de choque provará ser útil. O _conceito de urna_ sei;ao_ctu~_oque _nuclear _p}:?de ..s.er ~ para o i-ésimo processo. de todos os átomos num centímetro cúbico do material.
mais facilmente visualizado Cómo-a· área·tr¡.!!SV.úsal.
-·-· ----------..,..----.-----···---~-- -
ou área
.. - -- . al_vo,
~ . .apresentada
,-
po·r
.....__
""""·
Ele as vezes é chamado de se9ao de choque macroscópica e indicado por
um_ nü_cleo para urna partícula mc1dente. Se os núcleo"S ·sao considerados como _esfe-
ri_§_-_d"e raio R _cm é aS. partíéül.if íriciclttntes C-omo'"·prOjefé!Sji6Tltüái§~--en1:aoa ·area"- .
-al vejada. ou seiao· ct·e ChciCille a:, ·de cada nUcleb é dada Por - -
------·- .. ,_ -.~-,-.-,,, ------ --- -
---------- ---··• -
e tem a unidade de Cm- 1 •
E;. 1rRYcm 2
• (16.9) Urna idéia grosseira da grandeza das sec;óes de choque para reac;ó_es_ nucleares
pode ser obtida a partir da Eq. (16.9) para a se~ao de choque geometnca. de um
Urna partícula que passa normalmente através de urna fina folha de material de área núcleo. Na discussao da teoria do decaimento o:, descobriu-se que os ra10s dos
A contendo Nr núcleos tem urna probabilidade N.,.u/A de colidir com um núcleo, núcleos a-emissores podem ser representados pela fórmula
desde que nao exista "superposi~ii.o dos núcleos·;:-isto é, que N.,u/A seja pequeno
(Fig. 16.2). A quantidade N,/A, que é o número de núcleos por centímetro qua- R = 1,5A 113 X 10- 13 cm,
drado, ou a densidade superficial dos núcleos. é igual a Nt. onde N é o número de
núcleos por centímetro cúbico e / a espessura da placa. Para um feixe incidente onde A é o peso atómico. Se admitimos que esta fórmula pode ser aplicada _a todos
contendo n partículas por centímetro cúbico, movendo-se com velocidade v. o nú- os núcleos, que mostraremos ser urna aproximac;ao razoavelmente boa. entao
mero de partículas passando através da placa é nv por centímetro quadrado por
segundo, a taxa de colisao podendo ser expressa como rr = 1rR 2 = 1r(l,5) 2 A 213 X 10- 2 • cm 2.
· · · ·
coiisOes por centímetro quadrado por segundo
NTrr
=nv · A = nvrrNt; Para um núcleo de massa intermediária, digamos A = 125,
2
rr = 1r(2,25)(25) X 10- 20 cm 2 = 1,8 X 10- 2 • cm ,
ent8o, a se~ao de choque de colisao é
e a se980 de choque geofllétrica de um núcleo é da ordem de rn- 24 cm • Se9ó~s de
2

. choque para reac;óes nucleares freqüentemente sao expressas em termos da umdade


rr = colisóes por centímetro quadrado pot segundo .
---'--'--_;e=-=-~,!------'---''--. (16.10)
· ·< nvNt 10-24 cm 2 , sendo esta unidade chamada de barn, abreviada como b.
Apesar de ser conveniente e simples introduzir a s_e980 de choque como u1:1a
A quantidade nv, que é o número de partículas no feixe incidente cruzando um área alvejada, e obter urna idéia grosseira de sua magmtude calcu_Iando-se a s~c;a?
centlmetro quadrado de área a cada segundo, é chamada defluxo de partículas. A de choque geométrica, este procedímento·riao pode ser tomado senamente. ~ s1gm-
Equa98.o (16.10) entao mostra que a se98.o de choque para colisao é o número de ficado experimental da se980 de choque vem do seu uso e:omo urna medida do
colisóes por unidade de volume por segundo, por unidade de fluxo incidente e uni- número de eventos nucleares que ocorrem sob um ~ado conjunto de condic;óes
dade de densidade nuclear. · experimentais, conforme expressas pela Eq. (16.10) e discussao subseqüente.
A discussáo acima pode ser aplicada a qu8.Iquer rea980 nuclear, o termo "coli- Descobriu-se que as se96es de choque nucleares tem valore~ ciue varia~ de peque-
s3o" podendo ser substituído pelo termo apropriado para qualquer processo nu- nas fra9óes de barn a centenas de milhares de bams, estes valores frequentemente
clear. Assim, O", pode indicar a se980 de choque para o espaJhamento de um dado diferi~do muito da seiao de choque geométrica. Um dado núcleo pode ter sec;Oes
tipo de partícula, podendo consistir em duas partes•,lcr~, a se~ao·de choque·para-'o de choque muito diferentes para rea9óes nucleares diferentes, os_ v~lores re~r~sen-
espalhámerito elástico·;-,,,-i,¡, a se9ao de choque para o espalhamento inelástico: É tando as probabilidades relativas destas rea9óes. Em certas cond19oes especia1s, as
possível falar de urna se98.o de choque <ra para a absor~o de um tipo particular de se9óes de choque de espaJhamento e as se9óes de choque geométricas podem ser
partícula, definido como o número de partículas que sao absorvidas. ou desapare- relacionadas diretamente, os valores medidos das sec;óes de choque de espalha-
cem, por centímetro cúbico por segundo~ por unidade de fluxo incidente e unida.de mento sendo entii.o usados para determinar os valores dos raios nucleares. O espa-
de densidade nuclear. Há também se96es de chOque para rea9óes individuais. tais lhamento elástico de néutrons com energias maiores que 10 Mev é um destes casos.
como o-(a, p), o-(a, n) e o-(p, a). O número de partículas removidas do feixe é obtido a ser discutido na Se,ao 16.5E. .
adicionando-se os números removidos por todos os processos que ocorrem; as par- . Os resultados de um estudo experimental de urna rea980 nuclear podem ser
tículas podem ser removidas sendo absorvidas em rea90es nucleares ou espalhadas expressos em termos do número de prOcessos que ocorrem nas condic;óes da expe-
fora do feixe. Numa experi~ncia, o número de eventos de um dado tipo (colisóes, riéncia ou em termos da se9ao de choque para a rea980. A vantagem de se usa_r
espalhamentos. abSor9óes ou outros processos) é contado. as quantidades nv e N sec;óes de choque reside no fato de que seu valoré independente do fluxo de partJ-
sendo medidas: a se980 de choque para um processo particular é dada entao por culas incidentes e da densidade do material usado para o alvo, e de que estas quan-
urna rela,iio do tipo da Eq. (16.10). A se,iio de choque para colisao, que corres- tidades nao sao essenciais para a rea93o nuclear propriamente dita. Quando a s~9ao
ponde ao efeito de todos os processos possíveis, é comumente chamada de seriio de choque para urna rea980 particular entre urna dada partícula e um dad:_> nuchdeo
de choque total, <r,. senda a soma das se~óes de choque para as rea~óes individuais. é conhecida, torna-se possível predizer o número de rea9óes que ocor_rerao quando
Há urna analogia direta entre <r, e o coeficiente de abson;ao total para raios y. urna amostra do nuc1ídeo é exposta a um fluxo conhecido destas part1culas por um
expressos em unidades de centímetro quadrado por átomo. que é. a soma de urna determinado intervalo de tempo. Tal tipo de informa9ao é necessário em muitos
se9ao de choque para abson;ao fotoelétrica. urna sec;ao de choque para o espalha- problemas práticos, como na fabrica9ao de radionuclídeos artificiais. e se90es de
mento Compton e urna sec;ao de choque para a formac;ao de pares. Como no caso
da radiac;ao y. a se93o de choque total pode ser achada mediado-se a transmiss§.o
REACóES NUCLEARES
380 381
FISICA NUCLEAR
partícula incidente aparec;a na fórmula. O comprimento de onda de de Broglie, de
choque sao urna urna forma valiosa de dad~s nucleares. E_m muitos casos. os resul- urna partícula, é definido como
tados do estudo de urna rea9iio nuclear sao expressos diretamente em termos do
número de processos que ocorrem, ou pelo número de partículas que saem._ Se o h
interesse principal é a determina9_ao das ene_rgias d~s diferentes grupos de part1cuAa~ X=-,
mv (16.14)
emitidas torna-se suficiente medir as energ1as medmdo-se os alcances ou por ?e e
xao mag~ética, sem conhecer exatamente quantos process~s ocorrer~m. As mten- onde h é a constante de Planck e m v é o momento da partícula. É conveniente
sidades relativas dos diferentes grupos de partículas produztdas tambero podem ser expressar A em termo_s da energia cinética em vez do momento e, como E= ½ mv2 ,
medidas por métodos que sao independentes do numero de processos, como as
energias de resson§.ncia em rear;óes nucleares. . t.=_h__
Os conceitos de se9iio de choque e largura de nível podem_ ser aplicados a (16.15)
ressonáncias de urna maneira quantitativa. A probabilidade da r~~c;aoX(x, y)Ypode -hmE
ser indicada pela sec;iio de choque O"(x, y). De acordo coma v1sao em duas etapas _U ":1ª idéia das grandezas de A e cr pode ser obtida considerando-se a partícula
de reac;0es nucleares, mc1dente como sendo um neutron; quando os valores numéricos de h e m sao inse-
ridos, e E expresso em eletrovolts. o resultado é
a-(x, y) = a-c{x). (probabilidade relativa de emissao y). (16.11)
9
X (cm) = 2,87 X 10-
(16.16)
onde a"<{xJ é a sec;fi.o de choque para a formac;ao do núcleo ~omposto ~u~a colis5.o
entre a partícula x e O núcleo alvo X. A probabilidade relativa d~ em1ss~o de um~ v'E (ev)
partícula y (ou raio y) é justamente r vff. onde r v é a largura parcial do mvel para.\ Um neutron11
com urna energia cinética de 104 ev tem um comprimento de onda de
e r é a largura total do nível. Entao. 2.87 x 10- cm. 12
enquanto que um néutron de I Mev tem um comprimento de onda
de 2.87 x J0- cm. Como O"(x, y) é proporcional a A2 • seu val_or deve ser de urna
cr(x, y) = crc(x) 1; · (16.12) ord:m de grandeza similar éiquele obtido a partir da estimativa geométrica desta
sec;ao: Seu valor real em qualquer caso particular dependerá, é claro, das outras
quant1dades na Eq. (16.13). Descobre-se que os valores de se9óes de choque de
Em geral os valores de sec;0es de choque e largura de níveis dependem da energia ressonincia variam numa faixa muito grande. de fra96es de barn até a ordem de 10 6
da partíc~la incidente-,(da carga e massa do núcleo alvo. Urn dos problema~ da barns.
teoria nuc_lear é o cálculo-de a-c{x), r, fu e, portanto, de a(x: y). No ~a~o particu- V~lores de o-o (x, y) (a se,;iio de choque no pico da ressonincia), E e r podem
larmente importante dos processos de ressonincia, urna form~la !eonca para_ a ser obt1dos a partir de experiencias em que a transmissiio de partículas0 através do
sec;ao de choque foi deduzida por Breit e Wigner. 9 • 10 _A ?educ;ao r~gorosa ~a for- alvo ~ medida co!11º. fun,;8.o da energia das partículas incidentes na vizinhanc;a da ¡ 1

mula de Breit-Wigner é um problema dificil, mas o s1g~1fic~do físico d_a formula energ1a de ressonancia. Os valores de cr0 e E 0 podem ser deduzidos a partir da curva
pode ser discutido qualitativamente. Na sua for':1~ ma1s simples, _a. form,ula ~e de transmissao. Pode-se mostrar a partir da Eq. (16. 13) que a "largura da meia-
Breit-Wigner dá O valor da sec;ao de choque na v1zmharn;a de um umco mve 1 e ~ltura" ._ o.u seja. o intervalo de energia entre dois pontos em qúf a sec;ao de choque
ressonincia formado por urna partícula incidente com momento angular zero. Nes- e_cro/2, e Justamen!e a largura total r. Assim, a largura total pode ser determinada
tas condic;0es, a fórmula é d1retamente a partir da largura real observada da se,;iio de choque de ressondncia.
Qu~ndo a largura total é conhecida, os valores das larguras parciais podem ser
cr(x, y)
>..2 r,n. obt1dos por experiéncias posteriores, ou podem as vezes ser inferidos com a ajuda
- 4,r (E - E 0 ) 2 + (r/2)•' · (16.13) de certas considerac;óes teóricas.
A forma rigorosa da fórmula de Breit-Wigner é considerave]mente mais com-
onde A é o comprimento de onda de Broglie da partíc~la ~ncidente ct:finida na Sec;~~ plicada que a Eq. (16.13). Ela contém um fator adicional, da ordem da unidade, que
7.8, E é a energía, Eo é a energía do pico da ~essonanciaA e os r sao as l:3-rg~ras_Ja depende do momento angular das partículas envolvidas na rea,;ao. Também leva
definidas. A Eq. (16.13) pode ser vista como c~ntendo tres fatores. O pnme1ro e a em canta o fato que, quando duas ou mais ressonclncias esta.o próximas a simples
medida da probabilidade da formac;ao de um nucleo composto e, de acordo com a ::fórmula~; um nível'' (16. 13) niio é mais correta, porque as ressonincia~ podem-se
mecinica ondulatória, é proporcional a 11.2 • O segundo fator, superpor e afetar um ao outro. Afortunadamente, para muitos propósitos práti- j
cos, a fórmula de um nível é adequada. !

1
(E - Eo)2 + (r/2)2, 16.4 Resultados experimentais. Considera~0es gerais. Para discutir as informa-
c;óes experimentais sobre reac;óes nucleares de urna maneira ordenada é necessário
é a expressfi.o matemática para a propriedade de ressoncincia e pode ser chamado d_: classificar as reac;Oes em aJgum esquema consistente. Blatt e Weisskopfl 1 mostra-
Jator de ressonitncia. O denominador dest~ fator tem_ seu m_enor valor quando E - r~m que as rea,;óes nucleares podem ser classificadas em diferentes grupos caracte-
Eo, tendo entao a sec;ao de choque seu maior valor. A medida que ~ v~lor de E ~e nzados pe!a natureza da partícula incidente, sua energia e o peso atómico do núcleo
desvia de E 0 • 0 denominador aumenta em valor, _e_ o fator de ~essonanc1a_ e a sec;~o alvo. Sua classificac;iio e tratamento geral tiveram sucesso, pelo que sera.o seguidos
de choque diminuem. O terceiro fator é a probab1hdade para ttp~s _de desmtegrac;ao durante o resto <leste capítulo.
definidos do núcleo composto. sendo expresso pelas larguras parcm1~s ~:re r 11• , • _ As partículas incidentes a serem consideradas incluem néutrons, prótons. par-
A fórmula de Breit-Wigner é um exemplo da aplicac;ao da m_ecamca ondulatona t1culas a e deuterons: as reac;0es iniciadas por raios y também sera.o tratadas.
a física nuclear, sendo típico de tais aplicac;0es que o compnmento de onda da
REACóES NUCLEARES 383
382 FÍSICA NUCLEAR

A faixa de energia E da partícula incidente pode ser dividida. a grosso modo.


em cinco regiües:

l. Energías baíxas: O< E< 1000 ev. e e


C.= 0.N
II. Energias intermediárias: 1 kev <E< 500 kev.
111. Energías altas: 0.5 Mev <E< JO Mev.
IV. Energias muito altas: 10 Mev <E< 50 Mev.
V. Energías ultra-altas: E > 50 Mev.

Os núcleos alvo podem ser divididos em trés grupos. de acordo com os valores do
número de massa A:

A. Núcleos leves: 1 < A < 25.


B. Núcleosíntermedíários: 25 <A< 80.
C. Núcleos pesados: 80 <A < 250.

Esta classifica¡_;:3.o das rea¡_;óes nucleares serve para separá-las de acordo com o seu
caráter geral. as partículas emitidas, e suas distribuh;óes de energia. assim corno
outras propriedades. Apesar das distim;Oes entre os diferentes grupos nao serem
rígidas, etas sao suficientemente mareantes para fai.er os resultados experimentais
caírem dentro de padróes definidos.
Nao é surpreendente que rea<;óes iniciadas por néutrons tenham, em geral,
características diferentes daquelas iniciadas. por partículas carregadas. O néutron,
por sua ~uséncia de carga, pode penetrar com relativa facilidade dentro do núcleo, e o. e
e e
C. C 0.N
a probabilidade de,formar um núcleo composto é relativamente grande. Partículas
Positivamente carregadas devem superar as foT9as repulsivas de Coulomb exercidas
peló -núcleo positivani.é9!_e carregado; elas ou devem penetrar a barreira de Cou-
lomb, como discutido no Capítulo 13, ou ter energía suficiente para passar sobre o
topo da barreira. Conseqüentemente, um néutron pode causar urna rea<;iio quando
tem urna energía cinética muito baixa, enguanto que partículas carregadas precisam
de energías muito maiores, tendo sido observadas muito mais rea<;óes com néutrons
do que com partículas carregadas.
Os núcleos leves (grupo A) sao caracterizados pelo fato de que é extremamente
difícil descrever rea<;óes nucleares naquele grupo em termos de regras gerais. O
caráter e o alcance da maior parte das rea<;óes parecem depender fortemente da
estrutura dos núcleos individuais; as energias de separac;iio e os valores de Q dife-
rem de quantidades muito maiores entre os elementos leves, do que entre qualquer "';j-;-
outro grupo. As reac;óes com os núcleos intermediários ou ·pesados sao de caráter ·-c -
~
diferente nas diferentes regióes de energia. Por exemplo, partículas carregadas com e'-'- e.o.
NCCO.CN
energias menores que 500 kev (correspondentes aos grupos de energía I e ll) mio
conseguem penetrar nos núcleos dos grupos Be C, as reac;óes com néutrons-sendo
praticamente as únicas observadas. Na regia.O I (baixa energía). a captura de néu-
trons pelos núcleos pesados predomina, enguanto que na regia.o de energía II a
reac;ao mais importante é o espalhamento elástico de néutrons. Na régiiio de energía
Ill. as reac;óes com partículas carregadas tornam-se importantes; o núcleo residual
pode ser deixado em div.ersos estados excitados. as partículas emitidas paciendo
formar grupos com energias diferentes. Na regia.o IV. a energía é suficientemente
alta para reac;óes em que mais que urna partícula é emitida para cada partícula
incidente [{p. 2n). (p. np) etc.]. Finalmente. na regia.o V a energia da partícula
incidente é tao grande. que muitos núcleons podem ser ejetados por urna única
partícula incidente. e a teoria do núcleo composto falha.
Na Tabela 16.3, tirada a partir de Blatt e Weisskopf.'º os diferentes tipos de ...; ...;
reac;ao sao arranjados de acordo corn o grupo em que aparecem. As rea<;óes corn >
núcleos leves niio esta.o listadas porque, como foi dito acima, elas nao podem ser
encaixadas em nenhum eSquema geral. As reac;óes em cada grupo sao listadas na
384 FISICA NUCLEAR REAQÓES NUCLEARES 385

ordem de sua importancia. Em geral. a rea9ao que tem a maior sec;ao de choque
precede aquela com menor sec;ao de choque e. a pesar de ha ver exce90es a este
1 . A. Energia baix,,_a ou intermediária, núcleos intermediários. As rea9óes mais
impo~tan.tes entre.,n~utr_?ns de energía baixa ou intermediária e núcleos de peso
esquema. ele é útil.
Nas se9óes seguintes <leste capítulo, os diferentes grupos de rea9óes seriio dis--
l atom1co mtermed1ano sao o espalhamento elástico (n, n) e a captura radioativa (n,
y). O bombardeio de Al 21 por néutrons fornece um exernplo interessante destas

,
cutidos de urna maneira geral e ilustrados por exemplos específicos. A énfase será rea9óes. A se9ao _de choque total cr, e a sec;ao de choque para captura radioativa cr
sobre o uso de rea9óes nucleares como fonte de informac;ao sobre os núcleos, em i (n, y) foram m~d1d~s como f~n<;óes da energia do néutron incidente. A sec;ao de 11
lugar das técnicas experimentais ou detalhes teóricos. Estes últimos podem ser en- choque to~al f~1 obtida a partlf de medidas de transmissao. A se9ao de choque de
contrados nas referencias da literatura. captura fo1 obt1da t~q.do-se em vista o fato de que o produto Al2 8 é um emissor de
eletrons e seu rendnriento pode ser determinado medindo-se a radioatividade indu-
16.5 Rea~óes induzidas por nCutrons. As reac;óes induzidas por néutrons sera.o zida. Alguns dos resultados 13 sao mostrados na Figura 16.3. na qual as se9óes de
discutidas em primeiro lugar por causa de sua grande importélncia tanto na física choq~e total ~ de captura _radioativa esta.o colocadas num gráfico como fun9óes da
nuclear "pura", quanto "aplicada". Foram desen_yolvidos métodos experimentais energia. na fa1xa de 1O ate cerca de 500 kev. Os valores da se9ao de choque total
para obter néutrons de diferentes energias, para detectá-los e para medir as se<;óes caem entre I e 12 x 10- 24 cm 2 • enquanto que as se9óes de choque de captura sfio da
21
de choque das diferentes rea9óes induzidas por néutrons. Estes métodos formam ordem de 10- cm 2 • ou trés ordens de grandeza men_ores. Como as únicas reac;óes
um ramo muito especializado da física nuclear. tendo sido tratados em detalhes por que !?~am_observadas quando AP 1 é bombardeado com néutrons de energia inter-
Hughes: 12 eles sera.o discutidos no Capítulo 18. que é dedicado ao assunto da física
do néutron. Para os propósitos do capítulo atual, será simplesmente estabelecido I i_ned1a_na sao de_ espal_hame_nto elástico e captura radioativa. a se9ao de choque total
e praucamente igual a sec;ao de choque do espalhamento elástico. A se<;ao de cho-
que para captura apresenta ressonáncias nas mesmas energias que a sec;ao de cho-
1

que podem ser obtidos feixes de néutrons monoenergéticos com energias variando i

de pequenas fra9éies (~ 10-•) de um eletrovolt a muitos milhéies de eletrovolts, e que total. Este resultado seria esperado de acordo com a imagem do núcleo corn- 1/ 11

que as se9óes de choque ou rendimento das diversas rea9óes induzidas por estes posto e sel_:'e como urna confirm~c;ao daquela imagern. Segue-se, a partir dos valo-
neutrons podem ser medidas por meio de dispositivos apropriados. res da sec;ao de choque; a partJT da fórmula de Breit-Wigner, que a largura para 1

espalhafJ?en~o ou para neutrons f n é cerca de 1000 vezes maior do que a largura


para rad~a¡_;ao f y, o.s resultados experimentais mostram que as larguras para néu- i:I
12
trons esta.o numa fruxa de 5-20 kev, de modo que as larguras das radiac;óes sao da
Alumínio ordem de 10 ev.
11
. Só foram encontrados cerca de vinte ressoniincias para energias do néutron na
10
9 .
' -- fa1xa de 0.009 Mev a 0.8 Mev e. como o Al só tem um isótopo estável. ele deve
correspon?e~ aos n_íveis excitados· do Al28 • Eles esta.o listados na Tabela 16.4, junto
8 com os nive1s excitados correspondentes do núcleo composto [Al 28 J computados
Se,;3.o de choque total
7 como se mostrou na Se9ao 16.2. A energia de liga9ao do néutron neste núcleo é de
1§ 1\
~

"'
6
5
"\ \ ~ n
I -. "" 7.724 Mev. calculada a partir da diferen,a

''-
4
\ i\ massa do Al 21 + mass~ do néutron - massa dÚ AI 28 •
I
\ \) \ V "U
3
2
I '<.,,!
~
;
- ~ ~spa9ame~to dos níveis observado para o Al 28 , a distáncia entre ressonáncias
v1zmhas. v_ana de 10 kev a 90 kev, com um valor médio de cerca de 40 kev.
1 . A se9ao ~e choque para espalhamento tem um valor apreciável entre ressonán-
. - ·--
o cias. sendo amda da ordem de 10- 24 cm 2 • Em energias do néutron onde nao há
re~soniincia. esta sec;ao de choque representa a probabilidade de que os néutrons
20 5 seJam espalhados sem a forma9ao de um núcleo composto. Neste caso, 0 núcleo
age c?mo urna esfe~a rígida de raio R, e mostrou-se que para néutrons com energias
16 4 '
de ate 1 Mev a se¡_;ao de choque de espalhamento é

ª i§
12
:; \• \ Se,;ao de choque para absor,;3.o
.
:E 8 2 ~
. Este tipo de espalhamento é chamado de espalhamento potencial. distinto do espa-
lham~nto por res_sonáncia, porque a forc;a entre o núcleo e os néutrons pode ser
(\A \
,, A
\ descnta matemat1camente por urna func;ao potencial análoga ao potencial de Cou-
4 1
i lomb no espalhamento de partículas a por núcleos. O potencial que descreve o
\... \., \ ¡
"-..../
50
In
100 -
l.:>0 200 -
\~
300 -
3.:>0 400
1/""
450
~
500
espalhamento do néutron nao é de natureza elétrica. e sim um potencial tipicamente
nuclear.•
1

Urna parte da regia.o de baixa energia l. a chamada regiao de energia térmica. 1


Energia do neutron (kev) te~1 urna propriedade especial no caso da rea9ao (n, y). Um feixe de nCutrons tér-
Fig. 16.3 Set;óes de choque totais e de captura para néutrons na regiao de energia intermediá- micos pode ser obtido a partir de urna aparelhagem de prodw;ao de néutrons na
ria (Henkel e Barschall 13 ). qua! os néutrons sao freados em algum meio e emergem com energias em equilíbrio
REACóES NUCLEARES 387 11'
386 FfSICA NUCLEAR
(niuitos kev). Pensa-se hoje que estes nuclídeos tém urna estrutura especial. inter-
T~be/a 16.4 Níveis do núcleo composto (A/211¡
excitados no bombardeio do alumínio por néutrons pretada em termos do modelo de camadas da estrutura nudcar. que será discutido
no próximo capítulo.
Energía de Energia que deve Nivel excitado do Um exemplo de um núcleo pesado com ressonftncias rnuito próximas está dado
ressonáncia ser adicionada a [Al'"J - 7,724 na Figura 16.4. que mostra a variai;ao da sei;ao de choque total do Ag 1mi na faixa de
do néutron, energia de + energia na segunda energia de um ev até cerca de 5000 ev Y Nas energias maiorcs. as resson§.ncias nao
emMev ligariio, em Me\' coluna, em Mei· podem ser bem resolvidas por causa de dificuldades experimentais: a resoluc;:ao de
0,0091
energia que pode ser alcan9ada está mostrada pelos triftngulos. Em elementos pesa-
0,0088 7.733
0,040 0,039 dos como a prata, ias ressonáncias sao principalmente ressonáncias de captura. em
7,763
0,095 0,092 7,816 lugar de ressonáncias de espalhamento. e a largura para o néutron r,, é pequena
0,145 0,140 7,864 comparada com a largura para a radiac;:ao r 1. A sec;ao de choque total é pratica-
0,155 0,149 7.873 mente igual a se980 de choque de captura fT (n. y) perta da ressonáncia: entre
0,210
0,225
0,203 7.927 resson§.ncias, a sec;ao de choque total é aproximadamente igual a sei;ao de choque
0,217 7.941 2
de espalhamento 47T R 2 (potencial). A sei;ao de choque total1 4 de um núcleo de Bi m•.
0,265 0,256 7.980
0,290 0,280 8,004 entre um ev e 10.000 ev. está mostrada na Figura 16.5: somente duas ressonlincias
0,315 0,304 8.0Z8 bem espa9adas sao vistas. a curva sendo de caráter muito diferente da curva para o
0,370 0,357 8,081 Agltl!!_
0,425 0,410 8,134 As resson§.ncias para captura do n€:utron foram analisadas extensivamente.
0,445 0,429 8,153
0,480 0,463
tendo sido usadas para testar a fórmula de Breit-Wigner. A Figura 16.6 mostra urna
8,187
0,500 0.482 resson§.ncia por captura ele baixa energia no cádmio~ 15 a linha sólida foi calculada a
8,206
0,530 0,511 8,235 partir da fórmula de um nível (16.13) comas constantes <To= 7200 b. E 0 = 0.176 ev
0,570 0,550 8,274 e r = 0,115 ev, os círculos representando os pontos experimentais. A concordáncia
0,620 0,598 8,322 entre a fórmula e os resultados experimentais é e~celente e fornece urna prava
0,650 0,627 8,351
0,705 0,680 quantitativa da validade da fórmula. ·
8.404 Em energías térmicas, na ausencia de ressonflncias. a (n, y) segue a lei de 1/i:.
0,795 0,767 8.491
como no caso .de núcleos intermediários.
C. Energias hitermediárias, núcleos pesados. Na regia.o de energia interme-
diária, as rea9óes sao de natureza similar ilquelas com núcleos intermediários. As
ressonflncias por espalhamento sao mais importantes do que as resSonftncias por
captura e C, > r ,,. Entretanto, o espa9amento entre ressonélncias é menor do que
para núcleos intermediários. É difícil explorar a regiao de energias intermediárias
por causa das dificuldades experimentais com néutrons nestas energias. Nao podem
ser resolvidas resson§.ncias individuaís e as experiencias-da.o informa9óes sobre se-
9óes de choque médias sobre muitas ressonáncias. Por sua vez, estas se9óes de
choque fornecem informai;óes sobre o espa9amento médio de níveis. Quando se tira
a média da fórmula de Breit-Wigner (16.13) sobre muitoS níveis de ressonélncia e é
aplicada a rea9óes (n, y) em energias de n€:utrons de cerca de l Mev, descobre-se
u(n, 'Y) _ constante , que a se~iio de choque. média para (n, -y) é dada por
V (16.17)

e a se9ao de choque para a e t ct· . , . u(n, 'Y) = ('A2 /2)(r,/D), (16.18)


a
cidade do -neutron Na regia.oª~eº: ra _10a~1va_ e mversamente proporcional velo-
pelo alumínio é d~scrita pela lei ..
valor da se9§.o de choque (n, y) é O
tr{4~1,~ º~o~!
~
term1c~. a c~ptura ~adioativa de neutrons
ene2rg1a de neu~ron d~ 0.025 ev. o
onde D é o espa¡;amento dos níveis. Se a(n, y) é medida. e se r,, é calculado teori-
camente. podem ser obtidos valores do espai;amento dos níveis. A se<;iio de choque
valores na regia.o de ressonáncia. · cm · senda mmto maior do que os para captura radioativa foi medida para um grande número de nuclídeos por Hug-
B. Baixa energia, núcleos pesados A . . - . . hes16 para néutrons del Mev. No esquema da Sei;fio 16.4, esta energia cai na regia.o
trons de baixa energia sobr.e núcleos e . d s ~meas rea9oes poss1ve1_s para néu- 111 (energia alta) ern vez da regiao II (intermediária). Estas reac;:óes seráo discutidas
lhamento elástico .e a captura radi ~- sa Q saod com algumas ~~ce9oes. o espa- aqui porque elas sao um caso limite ou um caso superposto que poderia ser discu*
grande, o efeito da barreira de Coul oa iva. . ~an o a c_ar~a pos1t1va do núcleo é tido ern qualquer lugar. porém sendo mais conveniente discuti-las aqui. Os valores
das de baixa energia. é ainda maior ~~b~~~oibmd,? a em_,ssao de p_a~tículas carrega- medidos da se¡;ao de choque para captura sao colocados num gráfico contra o nú*
entre néutrons de baixa energia e , l q omdnucleos m~ermedianos. Em reai;óes mero de massa do núcleo alvo na Figura 16.7: as sec;:óes de choque sao dadas em
mente apresentam ressonánc,·as mnuu1_tc eos_p~sa os. as sei;oes de choque freqüente- unidades de milibarns (milésimos de barn). A medida que o número de massa au-
. - o prox1mas em energi· A. d" • · d .
veis sao geralmente da ordem de 10 a 100 e a.. s 1stanc1as os m- menta. a sec;:5o de choque para captura aumenta até que A é cerca de 100. A largura
posto nesta regiao sendo geralmente , . v · os ~st ªdos excitados do núcleo com- para a radia980 r,, decresce. de acordo com a tcoria. mas menos rapidamente que o
esta regra. Em certos nuclídeos ~ prox,mos. Ha algumas excei;óes importantes a aumento da sec;üo de choque. O resultado é que o espai;amento de níveis D. a partir
especialmente chumbo e bismuto.
.
iªº se encontraram resson.incias. e em outros.
. espai;amento entre ressonáncias é muito grande
da Eq. (16.18). decrescc rapidamentc a medida que o número de partículas no nt'l-
1000
9
8 "'
O<>
O<>
7
6 ,47Ág
5 (ev)
4

100
9
8
7
6
5
4 ~
¡;,
3 u,(b) ,.'"
z
e
,...o
,,'lJ

o, 11--:0 2

Fig. 16.4 A se~fl.o de choque total para neutrons na prata, na regiao de baixa energia. 14

- - ~ _, <li;;;,., ,,.¡,~..,.._,.
-·-
1
1 100 100
9 9
8 8
7 7
a38i 6 6
(ev) 5

.-· ·1 ·1 ·1 ·1 ..1 1 1111


•1
1111 1 1
1 1 1111111 - 1 1 1111 ~ 1 f¡J:JlfTlll-1 --,-,-· .1~-'
1

"I 1 1: 1 il 1 .....
2r-t-i--- 1 ; I I I: 1111111 1 1 1 111 1 11111111 - I 1111
- . IM I ll l 1ltllt~t:tr
- 1:
10,0
~OJ\ :A •""1i~I>N 10,0
9
9
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1- 8
7 7
6
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6
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31-- /J. BNL-fc 7 .. '· ¡·:· ,-¡- .. ::¡.:. .-:'.}-( t--- !- 1 :_¡.:. ----;:¡J
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3
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21r--.100RNL-pol i.,;'
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H:ii;:r,:~~il
i= = : : ( ,. : :.-
I1 . , .l. , [" ;: · : : :, , . ,., l.:=..; 1. _. I ·: · 1.. ·,: ·': :;; ,;,,: , -,¡::·-~
' i }··· ,. Ü, 1
0,1
1,0 2 3 4 5 678910 2 3 4 5 6789100 2 3 4567891000 2 3 4 5 6 76910000
E (ev)

Fig. 16.5 A se\;fio de choque total para nCutrons no bismuto, na regia.o de baixa energia. 14 ID
REACOES NUCLEARES 391
390 FlSICA NUCLEAR
cleo aumenta. Em valores" maiores do número de massa, a se9fio de choque nao
parece comportar-se regularmente; mas. se a se9ao de choque é colocada num grá-
fico contra o número de néutrons num núcleo. como na Figura 16.8. fica evidente
que as irregularidades sao causadas por quedas bruscas no valor da se<;ao de cho-
que. que ocorrem nos números de néutrons de 50, 82 e 126. Estes valores excepcio-
nalmente baixos da se<;fio de choque correspondem a espa<;amento de níveis muito
grandes tais como aqueles mencionados previamente para o chumbo e bismuto, dos
quais ambos tem 126 néutrons. Os valores do espa<;amento de níveis obtidos desta
maneira variam dé: cerca de 5 x 104 ev para o Na 2ª, até cerca de 1 ev para os
o_ nuclídeos pesados comuns. Os nuclídeos com 50. 82 ou 126 néutrons tém espa9a-
mento de níveis muito maiores do que os nuclídeos vizinhos. e será visto no pró-
ximo capítulo que estes números de néutrons parecem estar associados com estru-
º--'~ turas nucleares particulares.
D. Energías altas. núcleos pesados e intermediários. Quando a energia do

-~ --- - neutron incidente é cerca de 1 Mev ou maior. novas tipos de processos podem
ocorrer, tais como o espalhamento inelástico e a emissfio de partículas carregadas.
A emissfio de néutrons é mais provável do que a de partículas carregadas por causa
~"' ,, <]
da barreira de Coulomb. Os néutrons emitidos podem deixar o núcleo residual em
estados excitados. de modo que parte do espalhamento é inelástico em vez de elás-

~-N--
8 ¡el()
,-.O"':
•• o
1
tico. Os estados excitados, que sáo estados ligados, decaem por emissfio y, e
informa9óes sobre eles podem ser obtidas a partir das energias dos raios y é. a partir
da distribui9áo de energias dos néutrons espalhados. A determina9fio das sec;Oes de
choque do espalhamento inelástico de néutrons é um problema experimental difícil
tt.:::.. e somente urna quantidade relativamente pequena de infofmac;óes foi obtida desta
maneira. Sao muito menores as se~óes de choque para as reac;óes em que partículas
J '
o carregadas sao emitidas, do que aquelas para o espalhamento inelástico e captura
I o
0
radioativa, especialmente quando o núcleo alvo tem um valor de Z alto, por causa
do efeito da barreira de Coulomb.
'

1oop

...
.:s:~ = 1'
_

·- ....:. -"-,,4:

10/)

a{mb} La,ee
.ce .Bi
.K, .so .Pb
Rb:Sr

1,0 .Xe

§
o

~
8 ~ ~
~ ¡;

0 '--~2"0~-,4os-~6"0~7s.,.0~1°"00~~12"0~1~40~~16"0~1"'s70~20"0~2"'2""0
A

Fig. 16.7 Se~óes de choque para captura de neutrons numa energia efetiva de 1 Mev (H·
hesiz).
REACóES NUCLEARES
392 FfSIGA NUCLEAR
Tabela J 6.5 Raios nucleares a partir das serOes de choque
.L, para néutrons em energias altas
.¡,
.Ag ,,. .Re
• ºRe
To oAu Elemento
Energia,
emMev
a-, observada
em 10-24cm2
Raio nuclear,
R, em 10- 13 cm R,
1oop .Rh .l
Hgº
Ag-;--;-gb
·"' .w .PI ·~ 1.17
•0.b Be 14 0.65 2,4
.Nd B 14 1.16 3,4 1.54
Ru •• Ru e 25 1,29 3.8 1,65
Zn •• As.Rb 1,71
i,:;¿¡I ºBr .So o 25 1.60 4.3
co ••c/ .Mo 1¡;, Al 14 I.92 4.6 1.53
So .P, 1,85 4.6 1,52
10,0 ¡"'.Y ·Mo 25
4,1 1,30
s 14 1.58

¡•'
u{mb) cl.N ee,eo CI 25 1.88 4,7 1,44
Mo ·e, Bi.
Fe 14 2.75 5.6 1,46
.K
S ,Kr .Bo Cu 25 2.50 5.5 1,38
ca,v r:Rb Pb.
Zn 14 3.03 5.9 1,48
1,0
·si•.e,
.Mg
.x, ,;,
Se
Ag
14
14
25
3,35
3.82
3,70
6.3
6.8
6,9
1,46
1,44
1.46
!., Cd 14 4,25 7.2 1.48
No Sn 14 4,52 7,4 1.52
Sb 14 4,25 7,3 1,46
Au 14 4,68 7,5 1.33
Hg 14 5.64 8.3 1 ,42
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
25 5.25 8,4 1.44
Número de neutrons 7,8 I.32
Pb 14 5,05
Bi 14 5,17 7,9 I.34
Fig. 16.8 Se~Oes de choque para captura de néutrons de l Mev como fum;ao do número de
néutrons (Hughes 12 ).

obtidos diferentes valores para os raios nucleares a partir da análise de diferentes


E. 'Energias muito aÍtas, núcleos pesados e intermediários. O espalhamento tipos de experiéncias. O fato de que os valores obtidos por d_iferentes métodos
de neutronS com energias maiores que JO Mev tem sido usado para determinar indiretos para as dimens0es dos núcleos atómicos concordem tao bem representa
valores do raio nuclear. 17• 18 De acordo coma teoria, a se9ao de choque total em um triunfo para a teoria nuclear. · .
energias altas aproxima-se do valor Recentemente, também foram obtidos valores dos raio_s__ nucleares, a partir de
20
estudos do espalhamento de neutrons com energías na vizinhan9a de I kev. • A
(16.19) interpreta9ao dos resultados experimentais é mais complicad~ do que em energias
maiores mas os resultados sao similares, com Ro= 1,35 ..
0

de forma que, se U't é determinado por medidas de transmissao, R pode ser obtido. Na regi8.o de energias muito altas, a partícula inciden!e tem e..nergia suficiente
A rela9ao rigorosa entre cr, e R é mais complicada do que a última equa9ao. 19 Na para· causar a emiss8.o de mais de urna partícula a partir do nucleo composto,
realidade, a fórmula para <:rt inclui um termo que depende da energia dos nCutrons, e podendo-se esperar rea9óes (n, 2n), (n, np), (n, 3n) etc. Novamente, por cau,sa da
o valor da se9ao de choque dado pela Eq. (16.19) é um valor assintótico alcan9ado barreira de Coulomb. é mais provável a emiss§.o de neutrons do que a de part1culas
somente em energias extremamente altas. Os resultados de dois grupos de expe- carregadas. A rea93,o (n, 2n) tem sido estudada em div_er~os casos_t. seu limiar
riencias - um com neutrons de 14 Mev. o outro com néutrons de 25 Mev - sao comumente senda na vizinhan9a de 10 Mev. Acima do l1m1ar. a se~ao de choque
listados na Tabela 16.5; os valores de R foram obtidos a partir da fórmula rigorosa. aumenta com a energia. 22 alcan9ando um máximo em algum Jugar próximo de 20
A quantidade R 0 é definida pela rela,iio Mev. e decrescendo ent8.o com o aumento da energia dos neutrons incidentes.
R = R 0 A 113 X 10- 13 cm, (16.20) 16.6 Rea~óes induzidas por prótons e partículas alfa. A. Energias altas. As
se9óes de choque de rea96es nucleares induzidas por prótons ou partículas a sao
e <leve ser urna constante se o raio nuclear é proporcional a raiz cúbica da massa extremamente pequenas para energias de partículas abaixo de 0.1 Mev exceto para
nuclear. Os resultados mostrrim que R O é de fato praticamente constante e os valo- alguns casos entre os núcleos muito leves. Em energias baixas ou inte~mediárias_. ~
res dos raios nuciearé·s concordam com a fórmula ( 16.20) sobre todos os elementos. " barreira de Coulomb previne qualquer interagao apreciável entre part1culas pos1t1-
com a possível exce~ao dos mais leves. O valor médio de R O é próximo de 1.4 e vamente carregadas e núcleos. Quando a energia das partículas incidentes é sufi-
concorda razoavelmente bem com o valor 1.53 obtido a partir de dados de decai- cientemente alta, os prótons e partículas a podem ser espalhados elasticamente ou
mento a na Se~ao 13.6. Nao se deve esperar que os resultados sejam os mesmos. inelasticamente; eles podem sofrer captura radioativa ou causar a emissao de_ ~m~
urna vez que n5o se trata dos resultados de medidas diretas do raio nuclear. A partícula carregada. A rea9fio (a. p). a primeira estudada detalhadarnente, Jª fo1
quantidade R. como ela aparece na teoria. é a distancia em que as forc;as nucleares discutida na Se~ao 16.1. As propriedades das rea96es induzidas por prótons e partí-
comec;am a agir. Estas for~as devem agir diferentemente sobre um neutron que se culas a podem·ser ilustradas pelas rea96es de prótons com alumínio. A rea9fto AF 7
--....... ;....,<> rln nií.:::leo e urna partícula a que o deixa. nfio senda surpresa que sejam

11
FÍSICA NUCLEAR REACOES NUCLEARES 395
{l94
28
(p. y)Si 28 fornece informac;óes sobre os níveis excitados _do núcl~o c~.~posto íSi ],
Foi encontrado um grande número de resson.incias mmto estre1tas,-·3 algu~a~ da~
1
! !

!
r lbs
0
'
1 h! 30
quais estüo mostradas na Figura 16.9. Nestas experiencias. um alvo de alum1mo fo1
22 '
bombardeado com prótons acelerados num gerador eletr?stático ~e Van de Gr~ff e 20 '

a prodw;ao de raios y foi medida como furn;ao da energia dos protons. A es~re1teza '
das ressonáncias (o valor baixo da largura total) mostra que os tempos de vida dos 8 -·-- -
''
estados excitados sao relativamente longos. Foram en;ontradas ~erca ?e l?0 resso- 6
náncias em energías do próton entre 0.2 Mev e 4 ~ev . .i A e~;tg~a
de hga¡;ao de um
próton. obtida a partir da diferen9a de massa. Al-'+ p - S1 . e de 11.59 Mev. os 4 ' 1
·~ --·------- .
estados excitados caindo entre 11.7 e 15.6 Mev. . i

!
' i
2
A rear;iio AJ27(p. a)Mg24 tarnbérn foi estudada. tendo-se observado rnaisAde_30 ¡
ressonáncias2~. 2,, na faixa de energias de J .4 Mev _a 4 ~ev. Estas ressonanc1as o
1

--· - f-·. - . ¡
tarnbérn dao inforrnar;óes-.:c?bre os níveis excitados do [S1 28 ] e d~v~rn acorre~ nas '' ¡
8
rneSrnas energias que aquelas da rear;iio (p. y). O espalharnento elast1c<_: dos protons ¡- -
pelo aluminio tarnbérn apresenta ressonfincias e. co~ poucas ex~er;?es. ern cada 6 ¡\ 1 ;__ .•
ressonáncia obtida corn as rear;óes (p. y) ou (p. a) ha urna ressonancia.de esp~lha- -- -
rnento elástico. Este resultado é esperado porque. de acordo corn a teona do n~cleo 4
1 .11\íl/ 1
cornposto. qualquer estado do núcleo cornpost,o formado por captu~a d~ pro!ons In I ' .
.... kJ \
1 L,
deve ser capaz de decair por ernissao de urn proton c?~ toda a energia d1s~on_1vel.
O espalharnento inelástico de próton_s pelo alu~mto apresenta re~:~~ancias ~
2w \.
'-.... , ... '¡,.,_¡ ,.
fornece informar;óes sobre os estados excitados do nucleo cornposto, [S~ J. ele ,tam 1820 1840 1860 1880 1900 1920
bérn fornece urn método importante de determinar o espectro de mve1s do nucleo Energia dos fótons (kev)
alvo AJ 27 . Esta rear;:1o pode ser descrita pelas equar;óes
Fig. 16.10 Rendimento da rea<;iio (p. n) no Cl37 • como fum;iio da energia dos prótons (Schoen-
13 A127 + 1
1H -> [uS1
·28] -> 1a Al27*
. . _1Hl , + feld et al. 28 ).

{3~1 21• -""? 13


Al21 + 'Y '
onde o asterisco indica um estado excitado do AI 27 . O método geralmente usado
para estudar o espalharnento inelástico de prótons é bombardear o espalhador·com
um feixe coJimado de prótons monoenergéticos. e entao, por meio de medidas de
alcance ou deflexao magnética. determinar a distribuir;ao de energias dos prótons
15,¡5 5
3t espalhados nurn angulo conhecido. Os prótons espalhados geralrnente aparecem em
~ diversos grupos com energias diferentes. os níveis nucleares· de energia correspon-
den tes podendo ser obtidos a partir das equac;óes de conservar;iio de energia e mo-
mento. Desta maneira, descobriu-se que o Al 27 tem mais de 20 estados excitados
em energias entre 0,84 Mev e 5 ,95 Mev acima do estado fundamental. 26 Eles sao
níveis Jigados e decaem por emissao y.
4 ·•
Quando a energia dos prótons ou partículas a incidentes é suficientemente aha,
um neutron pode ser emitido. As reac;óes (p, n) e (a, n) sao reac;óes deste tipo: se o

l
núcleo é estável. a energía limiar do próton para ernissáo de neutrons é sempre
3 maior que 782 kev, que é a diferenc;a de massa néutron-próton. Urn efeito da bar-
reira de Coulomb é aumentar o limiar a valores ainda maiores. Abaixo do limiar
para emiss:1o de néutrons. a captura radioativa, espalhamento bem como a ernissao
2
1 de partículas carregadas sao importantes. Acima do lirniar, a importancia relativa
1
da emissao de neutrons aumenta com o aumento de energia da partícula que bom-
bardeia e. quando o núcleo composto tem suficiente energía de excitar;:1o para emi-
tir urn néutron de 1 Mev ou mais. a emiSsao de néutrons torna-se a rea¡;ao domi-
1 nante. Foram determinadas as energías limiares2 ' para diversas rear;óes (p. n) entre
os nuclídeos leves e intermediários. Nestas experiéncias. os prótons comumente
. n70() Lll\ 1
,1 .
.. ... eram acelerados nurn gerador eletrostático. senda medida a produr;üo de neutrons.
No casa, do CP'. o lirniar para a reac;ao CP7 (p, n)Aª' está em 1.64 Mev. Entre
n-OO hOO 800 9()() 100\ 1 1100 1200 1300 14 00 kt>v
esta energia e 2.51 Mev foram encontradas cerca de 100 ressonáncias 28 correspon-
Energia dos prótons
dendo a estados excitados do núcleo composto [A 38 ]. Urna amostra dos resultados
experimentais na faixa de 1.80 Mev a 1.94 Mev está mostrada na Figura 16.10. As
f'.ig. 16.9 Rendimento da rea<;iio (p, y) no aluminio. como fum;llo da energia dos prótons
resson.incias forarn resolvidas suficientemente bem para que se observasse urna
396 FISICA NUCLEAR
REACóES NUCLEARES 397
separa,;iio média de 5 kev entre os níveis. Similarmente. na rea,;ao Cr53 (p, n)Mn 53 ,
observaram-se 261 ressondncias, 29 correspondendo a níveis excitados do núcleo bem com os valores obtidos a partir do decaimento a e do espalhamento de neu-
composto [Mn 54 ], para energias do próton entre 1.42 Mev e 2.47 Mev, com um trons,_ d_e modo que a aplica~ao da teoría aprOximada de Feshbach e Weisskopf para
espa9amento médio de 3,9 kev. as rea9oes (p, n) e (a, n) parece ser bem-sucedida.
Estes resultados sao urna indica,;ao da complexidade dos espectros nucleares e B. Energias muito altas. Quando a energia das partículas incidentes é maior
da grande dificuldade de explicar ero detalhes este"s espectros, com base numa teo- que 10 Mev, pode ser emitida mais que urna partícula. Freqüentemente. o núcleo
ria da estrutura nuclear. Um método de evitar tal problema é desenvolver tima composto decai emitindo um nfutron. mas o núcleo residual pode ser deixado num
teoria aproximada que nao tente reproduzir as resson:incias individuais, __ mas sim- estado suficient_emen_te excitado para emitir um segundo neutron; as reai;;Oes mais
plesmente descrever a tendéncia geral da magnitude e da dependéncia das seyóes de comuns deste _tipo sap. . as ~eai;;Oes (p. 2n) ou (a, 2n). Em energias ainda maiores,
choque nucleares em rela,;iio a energia. coro base numa figura muito grosseira da po3~em ser _emitidos t~es ~eu!rons. Quando bismuto é bombardeado por partículas
estrutura nuc]ear. Urna teoria esquemática deste tipo foi proposta por Feshbach e a, a reai;;ao (a, 2n) e pr111:e1ramente observada quando a energia da partícula a é
Weisskopf, 19 vindo sendo aplicada As rea96es (p. n) e (a, n) entre outras. Quando a de cerca de 20 Mev: .1:'- sei;ao de choque aumenta com a elevai;;ao da energia. alcan-
energia da partícula incidente é suficientemente alta, a emissao de um neutron é a i;ando seu valor ~ax1~0 de cerca d_e um barn l'erto de 30 Mev. Nesta energia.
rea98.o dominante e as outras rea96es sao negligenciáveis em compara98.o. A teoria ob_serva-se pela pnme1ra vez a reai;;ao (a, 3n). A medida que a energía aumenta
3.proximada pode entií.o ser aplicada ao cálculo das se96es de choque médias sobre ac1ma de 30 Mev. u (a. 2n) decresce e alcani;a um valor de um quarto de barn perto
vátias ressonAncias, dando os valores 8.s se96es de choque para a forma9ao dos de 40 Mev, enguanto que a- (a, 3n) aumenta para I 1/4 de barn.
núcleos compostos. Se estas sao indicadas por <J' c(P) e u c(a), entao Nesta regiao de. energias, Ghoshal~2 idealizou um conjunto de medidas que
~erve c<:'!11º _um teste mteressante da teona do núcleo composto. A idéia subjacente
u(p, n) ::: uc(p); O'(a, n) ::: O'c(a). a experiencia pode ser desenvolvida a partir da Eq. (16.12). Para um dado estado
excitado do núcleo composto, r é urna constante e a razao r uff pode ser substituída
1.
Quando os níveis de energia esta.o muito próximos, como nos núcleos intermediá- por conveniencia, por Yu· A Se9fio de choque para urna reai;;ao do tipo A + a --+ .[C*]
tios mais pesados e nos núcleos mais pesados, é muito difícil resolver as· ressonan- --+ B + b pode ser escrita como
cias e medidas expetimentais da.o valores de <J'(p, n) e <J'(a, n) médios sobre vátias
resson§.ncias. Se a resolu98.o é suficientemente fraca, a estrutura de ressonancias u(a, b) = u.(e)'Y,(E), (16.21)
1

detalhada nao é vista, senda obtidas curvas como as da Figura 16.11. Os círculos
representam os pontos experimentais para as rea96es Ag 107 (p, n)Cd 1º7 e Ag 109(p, onde <J'a(e) é a se9fio de choque para a absori;;ao da parlícula a com energia cinética
n)Cd 109 , as curvas po9tilhadas sendo os resultados teóricos; estes últimos depen- e pe!o núcleo ~l~á A, par_a f~rrnar um estado particular [C*] do núcleo composto; l'b
dem do valor escolhido para o raio nuclear. Obteve-se boa concordancia quando a (E) e a probab1hdade de desmtegra9ao de [C* J no núcleo final B e na partícula b. A
fórmula'(l6.20) foi usada para o raio comR 0 = 1,5. Esta concordancia é típica dos ene~gia ?e excitai;;_ao E do est~do composto [C*J é E = e + /3 0 , onde f3a é a energia
resultados obtidos para as rea96es (p, n) e (a, n) numa série de nuclídeos; em quase de hgai;;ao da parhculaa ao nucleo alvoA. Se o núcleo cornposto [C*] é formado no
todos os casos, os resultados experimentais podem ser explicados pela teoria, desde mesmo estado de excita98.o. mas por urna reai;;ao entre urna partícula inicial dife-
que um valor de R 0 entre 1,3 e 1,5 fosse usado. 30 Estes valores de R 0 concordam rente e o núcleo alvo. entao a sei;;ao de choque para a reara.o A' + a' --+ [C* J --. B +
bé ' ·
·-t~ ;;_ ¡_, :__;,_:,.1; ,·;: .. -.ít,:.a ·,b ;-,~~-'j:.,·;~::,¡.
(c-~2): n:· '.;!-i ':;,:.ti r:,.·,.
(16.22)
10-u a•-~~=c.•c.-'"'''c.·'e.'-c...·-"~•;c-.c'·cc·~ec-'-'.c'·c...•~-'-'-,
-~·-y¡ . . ,, .....~. - ; > •
~\•_r:-!'. ·1orrm~:-::;~i:r--:: ,;ub:~'.'F---;,.1~-1n.. onde f.' é a energia_ ci_néJica da partíctJla incidente a'. Como se sup6e que a energía
,!f~, /,J, 1-~:-· ·.•.. < ~ __,;_. ,r ·• ~e excitai;;ao é a mesma nos dois Casos, m·as as energías de Iiga9ao das partículas
mcidentes sao diferentes, E' é diferente de e; mas 'Yb (E) é a mesma nos dois casos
por causa da hipótese básica de Bohr de que o modo de decaimento do núcleo
composto [C*] é independente do modo pelo quál é formado.
Se [C*] se desintegra de urna maneira diferente para dar a partícula d e o nú-
cleo residual D, as Eqs. (16.21) e (16.22) sao substituídas por

u(a, d) = u.(e)'Yd(E), (16.23)


e

Fig. 16.11 Se9óes de choque para as u(a', d) = u.,(e')'Yd(E). (16.24)


rea¡_;óes Ag101(p, n)Cd101 e Ag109_(p,

J
Ro=l,5.' /
R0 -l,3
n)Cd 109 . Os círculos sao pontos experi-
mentais e as curvas pontilhadas sao os
resultados teóricos d~ Shapiro. 30
Segue. a partir das quatro últimas equai;;Oes, que:

u(a, b) _ 'Y,(E) _ u(a', b)


1Q-18 l----i't-----1---+----+---+ 1

u(a, d) - 'Yd(E) - u(a', d) (16.25) 1

2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 6,5


Ep (Mev) Um teste experimental da Eq. (16.25) fornece um teste direto da validade da teoria 1
de Bohr do núcleo composto.

11.
REACOES NUCLEARES 399

FÍSICA NUCLEAR C. Exciraráo de Coulomb. Urna reac;§o de natureza diferente daquelas discu-
398 tidas até aqui pode acorrer quando urna partícula carregada interage com um núcleo
, e Nihº com partículas a. produzmdo o sem· que forc;as especificamente nucleares entrem em jogo: entfio pode haver espa-
Ghoshal bombardcou Cui,:i com protons A d"ferenc;a de energia (massa} entre o~ lhamento inelástico e excitac;ao do núcleo por.causa das forc;as de Coulomb.ªª· 34
núcleo composto (ZnMJ em ambos os e.as~~- rót~n e e urna energia da parucul.a ª:. E Quando urna partícula carregada (partícula a ou próton) com alguns Mev de energía
dois núcleos alvos é tal que u~a energta p {Zn641 no mesmo estado de exc1tac;ao. passa através de um núcleo alvo, este é sujeito a um campo elétrico que varia
+ 7 Mev produzem o nucleo composto -
~:oshal mediu as se90es de choque das reac;oes
rapidamente. Este campo pode dar origem a transic;Oes do estado fundamental para
estados excitados d.o núcleo alvo. Um estado excitado produzido desta maneira
¡l
1
02 decai entao por emis s80 de raios y ou conversa.o de elétrons. o decaimento podendo
02 Niºº(a, pn)Cu ;
>:iºº(a, n)Znº', Niºº(a, 2n) Zn , ser descrito em termos da radiac;ao de multipolo apropriada. A sei;ao de choque \!i
G' para a produc;ao de raio -y pode ser medida; ela é diretamente relacionada com a
cuº 3 (p, 2n)Zn°
2
,
Cuº 3 (p, pn)Cu -.
probabilidade da tra:nsic;üo. sendo determinada a partir da corrente do feixe de par-
tículas. da espessura do alvo e da eficiéncia do detector. A sec;ao de choque para 11,1
• ( n)· rr (a ?n): rr (a.
, . , E (16.25). as razoes rr "· · . · - •.
De acordo coma anal!se que levou a q. - limites dos erras expenment~1s. co~
) para o Ninº devem concordar. dentro dos C 63 Os resultados expenmenta1s 49JnllOm (5h)
1
~~ raz6es <I (a. n): u (a. 2n): u (a. pn) par_a ~ec;tes.de choque esta.o colocadas no - , , - - - - - - , - - 0,120 :'.\le,·
esta.o mostrados na Figura 16.I!· o~d_e_as seis artículas a ou prótons. A esc~la de IT
(0,6%)
ráfico como furn_;Oes da energia cmet1ca ~as pem relac;üo a escala de enerfia das EC 49JnilO (66m)

J
~nergia dos prótons foi deslocad~ de s c~~as dos prótons corresponder aqu~les
artículas a. de modo a fazer os picos a rtir da figura que as razOes concoi: am
99+% o

EC p+
~as curvas das partículas a. Pode-s~d':.er ~ papara a validade da hipótese do nucleo
razoavelrnente bem. fornecendo ev1 enc1as
composto.

Energia dos prótons (Mev)


5 9 13 17 21 25 29 33 (4+)-------'-----J,54
120 ,-,-~...!/-.,2ih-~hrf--rrr-=r-rT¡ 2+ 1,3

100

o+
~ 80
u Fig. 16.13 Estados de baixa energia do Int1°111 , mostrando dados obtidos por excita!;áo de
t Ni60(a,n)Zn63 Coulomb. [Strominger, Hollander e Seaborg, Revs. Mod. Phys. 30, 585 (1958).J
~

excitac;ao elétrica é pequena (cerca de 10- 29 ou 10- 28 cm 2 ) em comparac;ao com


aquelas para transformac;Oes nucleares diretas. somente podendo ser observada
quando estas sao extremamente improváveis, como em colis6es de prótons ou par-
40 Ni60(a,2n)Znr, 2 tículas a de energia intermediária com núcleos intermediários ou pesados. Por
causa das grandes forc;as de Coulomb, a clássica distancia de maior aproximac;ao
~ •~n02 (veja Cap. 3) é entéio grande, comparada com o raio nuclear, a probabilidade de
urna reac;ao nuclear direta sendo muito pequena. 11
-20 A excitac;ao de Coulomb foi estudada em muitos núcleos. a teoria do processo
tendo sido desenvolvida extensivamente. 35 Os estados nucleares mais freqüente-
}
-l-
mente produzidos nestas reac;óes sao os estados de baixa energia ( 1 Mev ou menos)
induzidos pelo campo elétrico quadripolar das partículas incidentes. e os raios y
o 20 24 28 32 3G 40 emitidos neste caso sao do tipo E2. Portanto. a reac;5o de excitac;áo de Coulomb é
8 1'2 lo
Energia das a (Mev) urna ferramenta útil para o estudo dos estados de baixa energia: foram obtidas

l
novas informac;Oes a respeito de níveis previamente conhecidos. muitos novas ní-
, ) e (p pn) no Cuw e veis tendo sido identificados. Um esquema de decaimento incluindo dados obtidos
· ,··paraasrea¡;óes(p.n).(p.-n · , e
Fig. 16.12 Se~ócs de choque expenme~\ª~o Ni1;11. ·como furn;óes das energias dos protons
para as reac;:Oes (a. n). (a. 2n) e (a. ~-' '
particulas a respectivamente (Ghoshal ~¡.
l
REACóES NUCLEARES 401
400 FISICA NUCLEAR
Energia dos prótons (Mev)

por meio da excita9ao de Coulomb é mostrado na Figura 16.13; as flechas apon- 3,0 3,5 4,0 4,.S .s,o 5,5 6,0 6.5 7,0
tando para cima representam as transi96es excitadas na rear;ao.
500
16.7 Limita~óes da teoria do núcleo composto. As informac;óes sobre reac;óes º" Grupos de prótons a panir de um alvo de Al2;
nucleares discutidas no Capítulo 11 e até agora neste éapítulo estáo qualitativa- C" Ed = 2,1 Me,·
mente em harmonia coma teoría do núcleo composto. A existéncia de ressonáncias
bem definidas (de acorde com a teoria baseada nas idéias de Bohr) mostra que a
400
hipótese de que o modo de desintegrac;§.o do núcleo composto é independente da
maneira pela qual este é formado é válida dentro de urna certa regia.o limitada de
energias de excitac;ao. Quando a energia desta partícula incidente está dentro da
regifto de ressondncias estreitas e bem definidas. e se a energia coincide com ou 5
está próxima de urna resson8.ncia. a hipóiese da independéncia se justifica. A rea-
,;:aq nuclear produz entao somente um estado quantico do núcleo composto. e as
t 300
~•
propriedades de um dado estado quántico sao independentes da maneira pela qua! e
ele é produzido. Mas. quando a energia da partícula incidente é alta. diversos esta- .,e
dos do núcleo composto podem ser excitados. A incerteza M. [veja Eq. (16.6)] z K
pode ser suficientemente grande para superpor diversos estados. sua excíta,;:ao rela- 21)()
,k:i
tiva podendo depender de como o núcleo está excitado. O decaimento <lestes esta-
dos pode entao depender do modo de excita,;:ao. e a hipótese da independencia B
requer maís testes. n
D
Nestas energías maiores, a hipótese da independencia é difícil de testar quanti- 100 o
tativamente. de urna maneira direta e geral. porque nao é fácil alcanr;ar a mesma
faixa de energia de excita,;:ao no núcleo composto com rea9óes diferentes. As expe- Cl3
riéncias de.Ghoshal. discutidas na última se,;:ao. formam um desses poucos testes.
Os resultados mostrá.m que a hipótese da independéncia. parece ser válida para um
núcleo composto com Uflla energia de excitar;§.o de 15 a 40 Mev, quando produzido
por prótoQs sobre Cu 63 0u-por partículas a sobre Ni 60 • Entretanto, existem rear;óes 370 380 390
Hr (quilogauss-cm)
nas quais a· hipó tese da independéncia parece falhar pelo fato das probabilidades de
decaimento do núcleo composto dependerem da maneira pela qual o núcleo com-
posto é formado. Por exemplo. foi feita urna comparar;§.036 das probabilidades rela- Fig. 16.14 GrupAos de prótons a partir da rea9iio Al2 7(d, p)AI28 • na qual O alumínio foi bom-
bardeado com deuterons de 2.1 Mev (Enge et a/.37).
tivas da emissao de prótons e de néutrons a partir de núcleos compostos formados
ou por prótons ou por néutrons. Quando núcleos com números de massa na faixa
48-71 foram bombardeados com prótons de 21 Mev e neutrons de 14 Mev.
descobriu-se que a emissao de prótons era mais provável do que a emissao de néu- ei:n. tais núcleos para_ t~rnar pos~ível um grande número de trocas de energia neces-
trons, quando a rea9áo era iniciada por prótons. san~s para q~e a h1potese da mdependéncia seja válida. Também será visto em '

Há também evidéncias indiretas contra a hipótese da independéncia. 8 De ser;oe_s postenores deste capítulo que certas rear;óes iniciadas por déuterons nao sao ii¡
acordo com a imagem de Bohr das rear;óes nucleares. a independéncia está relacio- des~ntas adeq?adamente_ em termos da hipótese de Bohr, algumas das rear;óes in-
nada com a reparti9áo da energía de excitar;ao por todas as partículas do núcleo duz1das por fotons podendo acorrer através de um outro mecanismo que nao a
composto; a direr;§.o da incidéncia ou a posi9fio no núcleo da partícula que inicia a formar;ao de um núcleo composto.
rear;áo nao deve ter efeito nenhum sobre o decairnento do núcleo composto. Mas os
produtos das rear;óes sao emitidos as vezes com energia muito maior do que séria ~6.8_ Rea~Oes induzidas por dfuterons: núcleos intermediáriOs, alta energia. As
esperado se a energia da partícula que chega fosse dividida entre todos os consti- r~a,;:?es mduz1d~s por d~uterons tém sido urna rica fonte de informar;óes sobre os
tuintes do núcleo; e os produtos da rear;ao freqüentemente apresentam urna distri- mve!s de energ1a ~?s nucleos. As partículas produzidas - prótons, néutrons ou
bui,;:ao angular. com um número maior do que o esperado na dire,;:ao da partícula part1~ulas a - frequentemente aparecem em grupos com energias diferentes e estiio
incidente. Nestes casos, o núcleo composto parece ter mais memória do processo relacionadas com os n~ve_is excitados de baixa energia do núcleo produto. Até
inicial do que é c.ompatível com a hipótese da independéncia. Certos resultados agora. os ~esultados mais importantes do ponto de vista da espectroscopia nuclear
experimentais também conduziram a um exame posterior da hipótese de que o nú- foram obt1do~ com os nuclídeos leves e com os intermediários mais leves na regia.o
cleo composto é formado imediatament<' depois que a partícula incidente entra no <le a~ta ~nerg1~. Por causa da natureza especial dos núcleos leves, a discussao das
núcleo. tendo-se descoberto que esta hipótese precisa ser mudada. Em energias de rea,;:oes mdu~1das por déuterons será limitada aos núcleos intermediários e a regia.o
excita9§.o acima da regia.o de resson3.ncias bem definidas. tornou-se necessário in- de alta energ,a III.
troduzir urna imagem modificada das rear;óes nucleares. Este tratamento será discu- . A'rea,;:ao Al2 7 (d. p)Al 28 é um_exemplo da maneira pela qua! os cteuterons tem
tido no Capítulo 17 depois que o assunto dos modelos nucleares for introduzido. si_do u~ados no estudo dos níveis nucleares. Numa experiéncia. 37 um alvo de alumí-
Existem limitar;óes adicionais a hipótese do núcleo composto. Bohr. na sua ~J~) fo1 bombardeado c~m deuterons acelerados num gerador eletrostático. O alvo
formular;ao original da hipótese. assinalou que sua análise em duas etapas das rea- loi colocado entre os polos de um espectrógrafo magnético de 180º. e as partículas
9óes nucleares nao se aplicaria aos núcleos leves: existem muito poucas partículas

I,
REAC0ES NUCLEARES 403

402 FÍSICA NUCLEAR


.,,
carregadas. deixando o alvo num ángulo de 90~) em relac;fio ao feixe incidente. eram
analisadas no espectrógrafo. Foram usadas placas de emulsóes nucleares para regis-
trar as partículas carregadas. as trilhas dos prótons. déuterons e partículas ·a: tendo
sido reconhecidas por meio do comprimento das trilhas. As trilhas dos prótons-
N ~

\o,
6,307
6,190

6,011

J... "' ,,, .,


-s,ass
foram contadas num microscópio em pequenas tiras do material da placa e o nú- ~ ~~5,7
mero de trilhas em cada tira foi colocado num gráfico contra o produto Hr. onde H
"'"' "
é a intensidade do campo magnético e r é o raio da trilha dos prótons no campo
magnético. Urna amostra dos resultados está mostrada na Figura 16.14 para cteute-
rons incidentes com urna energia de 2.1 Mev: os picos de prótons que foram indica-
27+d-p

,.
5 435
,cS,182 "
--s,1s, s,i ,.
,,,
S,I ..
dos para a rea¡;ao Al 27 (d, p)Al 28 esta.o designados por letras maiúsculas. Outros ~
1,!, '-4,198 :·: "
picos causados pela presenr;a de impurezas também foram observados. Estas impu- "-4 ,7 59
1
",.
rezas eram conhecidas. seus picos tendo sido identificados por comparar;ao com os \:::4,616 :·:
resultados obtidos com alvos de outrns materiais·: Descobriram-se 50 grupos de
prPtons diferentes correspondendo ao estado fundamental e 49 estados excitados do
4,457
4,307
'

"'
"
.,.,
Al 28 • Um diagrama de níveis de energia <lestes estados está mostrado na Figura
16.15. Tais estados decaem por emissfio 'Y e sao estados ligados do AF":juntamente
comos níveis virtuais listados na Tabela 16.3. eles indicam como o espectro de um
1 •
4111
.,-3,932
-3,173
3,695
~

,,
.,,
...
núcleo intermediário mais leve se parece. Numa experiéncia posterior. 38 foram usa- ~ , '"
3,517
31

dos déuterons de 7 ,O Mev assim como um espectrógrafo magnético com resolur;ao 1 "'
,.,
3,458
3,291
3,
'
maior: foram resolvidos 100 grupos de prótons com · quase todos os novos grupos ~
tendo energias menores do que aquelas mostradas na Figura 16.14. Os novos gru- 5¡.llHd-11 3,006

pos de prótons correspondem a níveis de energia do Al211 • cerca de 6 Mev ou mais ' '-2,910

acima do estado fundamental. 2,652 , ,571


Os raios 'Y resultantes do decaimento dos estados excitados do Al 211 nao podiam 2 , •••

ser estudiidos nas cq'ndir;Oes da rear;8.0 AI27 (d. p)Al 21\ discutida acima. Eles foram 2,261
observados em estudos dos raios 'Y a partir dos estados excitados do Al 28 formado
,.
2,137 ' ,191

com·o um resultado da c~ptura de um néutron no Al2 7 • Qualldo o néütron capturado 1


é lento. sua energia cinética é desprezível. comparada com sua energia de ligar;ao
no núcleo cómposto, as energias de ligar;ao e excitar;ao sendo praticamente idénti- 1,625
cas. O núcleo composto, no caso do [Al28 J. decai por emissao y através dos estados
1,367
excitados do núcleo produto Al 28 • e as energias dos raios 'Y fornecem informar;óes
sobre estes estados excitados. Foram observados cerca de 30 raios y, e suas ener- 1,015 0,974
gias medidas com um espectrómetro de pares. 3 !J O raio 'Y mais energético tinha urna '
energia de 7,72 Mev, que éjustamente a energia de ligar;ao do néutron capturado,
existindo pouca dúvida sobre se este raio 'Y representa a transir;ao direta do estado
de captura para o estado fundamental. As diferen<;as de energia entre este raio y e 11
aqueles com menos energia podem ser relacionadas com estados ligados do Al 28 • Os
estados inferidos desta maneira foram comparados na Figura 16. I 6 com aquel es 0,031
dados pela rea~ao (d, p). A parte superior do diagrama foi co\J'struída com estudos • .4¡2K
~ 2,16
de (n, y), a altura das linhas representando as intensidades relativas dos raios y. O
diagrama inferior mostra os estados deduzidos a partir de estudos (d, p) e indica a
produr;ao relativa de prótons. Os níveis dados pélos dois métodos concordam bem.
os máximos e mínimos das intensidades relativas tendo as mesmas localizar;óes nos
dois diagramas.
A rear;ao (d, a) tem sido usada de urna maneira similar como, por exemplo. na ! :

rea<;3.o Al 27 (d, a)Mg 25 • Os ~studos excitados do Mg 2·' também podem ser obtidos a
partir da rear;ao Mg24 (d. p)Mg25 e os resultados de um estudo 40 das. duas rear;óes
esta.o listados na Tabela 16.6. Os níveis do Mg:?:, obtidos a·partir das duas rea,;óes 37
concordam muito bem. rlg. 16 . 15
L.. o,·agrama de níveis de energia para o Al 28 (Enge et al. ).

Freqüentemente. a rear;ao (d. n) fornece grupos de néutrons cujas energias


conduzem a níveis do núcleo produto. Um exemplo~ 1 é a rear;ao Mg26 (d. n)AJ2 7 •
que dá estados excitados do Al" em 0.88 ± 0.07. 1.92 ± 0.07. 2.75 ± 0.07. 3.65 ±
0.07. 4.33 ± 0.07. 5.32 ± 0.07 e 5.81 ± 0.07 Mev. Estes níveis concordam bem com
os níveis encontrados a partir do espalhamento inelástico de prótons. O espalha-
mento inelástico de déuterons. como o de prótons. fornece informa<;óes sobre os
404 FÍSICA NUCLEAR REACóES NUCLEARES 405

Espectro de energia do AF 8 de carga é muito assimétrica, ou seja, o centro de massa e o centro de carga (o
Al2 7 (n,y)Al 28 (Kinsey)
próton) náo coincidem como acontece na partícula o:.
De acorde coma teoria do núcleo composto, um núcleo X(Z, AJ bombardeado
Estado de
(X4)
captura com déuterons deve formar o núcleo composto [C(Z + 1, A + 2J], que pode entao
decair por maneiras diferentes:
o 1,0 2,0 3,0 ¡ ,o
Y(Z + 1, A + 1) + n,
A1 27 (d,p)AI'·'
Ed = 2,1 2\Iev, O = 90°
X(Z, A) +d 7 [C(Z + 1, A + 2)] -> { Y(Z, A + 1) + p, (16.26)
. Y(Z - 1, A - 2) + a.
As propriedades especiais do déuteron tornam possível que outros proc;essos ocor-
ram além daqueles 'do esquema (16.26). Por causa da distancia finita entre o próton
e o néutron no déuteron, urna destas partículas pode alcanr;ar a superficie nuclear
antes da outra. As energias de intera,;ao nuclear (energía de liga9ao média por nú-
cleon) sáo muito maiores do que a energia de liga,;áo do déuteron, e o constituinte
A u (' /) do déuteron que chega antes na superficie nuclear separa-se rapidamente do seu
o 2,0 :i,o ~,n .-,,o ü,O parceiro. Se a·energia cinética do déuteron nao é muito alta. o campo de Coulomb
Energia de excita¡;:áo do núcleo mantém o _próton afastado. senda mais provável que o néutron entre no
núcleo do que o próton. Se o segundo constituinte do déuteron atinge o núcleo um
Fig. 16.16 Diagrama de níveis de energia para o Al2 8 com intensidades relativas (Enge et instante posterior, o núcleo composto [C(Z + 1, A + 2)] é formado exatamente
a/,31),
como no esquema (16.26). Mas, se o segundo núcleon (próton) erra o núcleo, o
processo que ocorre é

Tabe/a 16.6 Níveis de


X(Z, A)+ d-> [C'(Z, A+ l)] +.p. (16.27)
energia no Mg 25*
O núcleo composto [C' (Z, A + i)] pode decair pela emissao de algumas outras
' - -Mg"(d, p)Mg" partículas ou por decaimento y. Se o próton penetra a barreira de Coulomb e atinge
o núcleo alvo primeiro. o processo pode ser ·
0,582 ± 0,006 0,584 ± 0,006
0,976 ± 0,006
1.612 ± 0,006
0.977 ± 0,010 X(Z, A)+ d-> [C"(Z + 1, A+ l)] +n. (16.28)
1.610 ± 0,010
1,957 ± 0,006 1,958 ± 0,010 Os processos (16.27) e (16.28) sao chamados de rea9oes de stripping, porque um
2.565 ± 0,006 2,558 ± 0,010
2,742 ± 0,008 2,729 ± 0,010
núcleon é arrancado forado deuteron pelo núcleo alvo. Em energias relativamente
2,806 ± 0,007 2,791 ± 0,015 baixas, a rea<;ao (16.27) é chamada de "processo Oppenheimer-Phi!lips", segundo
3,405 + 0,007 3,404 ± 0,012 · os dois dentistas que o descreveram pela primeira vez em 1935.
3,899 + 0,008 3,8%± 0,015 Os processos adicion~s que podem acorrer com déuterqns fazem as se96es de
3,972 ± 0,010 3,965 ± 0,015 choque para estas rea96es maiores do que aquetas para rea,;6es com outras partícu-
las carregadas com energia similar. Como um resultado, as rea,;6es com cteuterons
*Energia de excita¡;:áo em Mev. sao de grande importáncia prática na produ,;ao de nuclídeos radioativos e no estudo
de rea96es nucleares. As características das rea,;6es de stripping esta.o muito rela-
níveis do núcleo alvo. Desta maneira. foranl encontrados níveis do A1 27 42 com
a
cionadas com as propriedades do estado do núcleo produto, e investiga,;ao dessas
rear;6es -tem sido de muita utilidade na espectroscopia nuclear. 44 ' 59
energías de excita<;ao de 0,97, 2.39, 3.17. 4.74 e 5.76 Mev. O erro experimental
neste caso era de cerca de 0.2 Mev. e dentro dos limites deste erro os níveis con- 16.9 Reac;0es induzidas por raios gama. A desintegra,;áo dos núcleos por raios
cordam com alguns daqueles obtidos a partir do espalhamento inelástico de prótons -y acorre quando um fóton é absorvido. cuja energia hv é maior do que a energia de
pelo Al 27 • bem como a partir da reac;ao (d. p) no Mg 26 • Finalmente. a rea<;fio Si 21 (d. separa,;ao de urna partícula (próton. néutron ou partícula o:). Quando esta condir;§.o
a) Al 27 fornece ní.veis em 0.84 e 1.01 Mev~ 3 • em concord:incia com os dois níveis é satisfeita. urna rea<;ao (y. p), (y, n) ou (y. a) é observada. Um processo deste tipo
mais baixos obtidos pelos trés outros métodos. freqüentemente é chamado de fotodesintegrara,o; o termo fotoefeito nuclear as
O tratamento teórico de rea<;óes induzidas por déuterons é mais dificil do que o vezes é usado por analogía como efeito fotoelétrico atómico.
tratamento das rea<;óes discutidas anteriormente neste capítulo. Urna razáo é que O exemplo mais simples desse tipo de rea,;8.o é a fotodesintegrar;ao de um
ocorrem novos tipos de processos com déuterons que náo podem ser explicados déuteton. Esta rear;áo tem um limiar na energía do raio y justamente igual a ener-
com base na imagem do núcleo composto. Estes processos resultam das seguintes gia de liga9iio de um déuteron. tendo-se feito determinar;óes muito cuidadosas da
propriedades do déuteron: (a) o déuteron é urna estrutura fracamente ligada com encrgia limiar. devido a grande importáncia da energia de liga,;ao do déuteron na
urna energia de liga93o de semente 2.23 Mev em comparar;áo com 28,3 Mev para a tcoria do núcleo. Numa medida altamente precisa~ 5 do limiar, o deutério foi bom-
partícula a e 7 ou 8 Mev para urna partícula média num núcleo; (b) sua distribuir;ao bardeado com raios X a partir da a9iio de elétrons num alvo de ouro: os elétrons de
'
¡,:.
REACóES NUCLEARES 407 !'·'
406 FiSICA NUCLEAR '
(i( l (j()()
1 '

\A1/
1

'
um ""canh5.o'" de raios catódicos eram acelerados num gerador eletrostritico. Na '
[)(O',.\')
vizinhanc;:a de 2 Mev. a energia dos elétrons é praticamente idéntica aquela dos 11
50 1400 ,1,
raios X mais energéticos- e. se medimos a energia dos elétrons cuidadosamente. a.
dos raios X é conhecida com grande precisa.o. Os néutrons resultantes da rea¡;ao d
+ y ~ p + n foram contados como fun¡;ao da cnergia dos elétrons. e a energia 4( l
• (Contagem de neutrons normalizada
menos cont.igem de fundo)! I 1200 i

limiar para urna rea9ao de fotonéutrons foi obtida extrapolando-se a curva de pro-
dm;ao de néutrons contra energia para a produ<;iio de néutrons zero. Os resultados
da experiéncia esta o mostrados na Figura 16.17. Os círculos abertos da.o a conta-
o Contagem de neutrons normalizada
Corre~te de elétrons

1
15µ.a -?'
I
; 1000
'i!

o
)
1

gem de néutrons; os pontos representam a raiz qua<lrada da diferen¡;a entre o total o '
¡i 1
1

1 800
de contagens de néutrons e a contagem de fundo. De acordo com a teoria. esta 1

quantidade deve ser proporcional a energia acima do mínimo. As ·linhas retas mos- 1
i
j .g ¡r,

tram que este é o caso e permite urna extrapola¡;ao precisa para a produ¡;iio de ' 600 ~ 11
néutrons zero. A energia de liga¡;ao do déuteron foi determinada como 2.226 ± 1 /
eo I!
0.003 Mev. A forma da curva de número de néutrons é típica para rea¡;óes de
fotodesintegra¡;3o em energias bem acima do limiar. /
¡ J ,!
/ e
"ee
Na experiéncia descrita acima. a energia limiar para a fotodesintegra¡;iio do
berilio também foi determinada. A rea¡;ao neste caso é I • 'I ./ 1200 '"i::
'5

1/
~V
1/
1/
.¡¡
/
f
1
ººº 1
e a energia limiar dá a energia de liga¡;ao do néutron no núcleo de Bell como sendo ,I ~
1,666 ± 0,002 Mev. -Corrente de elétrons IOµa 800
Os limiares para fotonéutrons foram medidos para muitas rea¡;óes (y, n) 46
sobre a faixa de todos os elementos, principalmente para obter as energias de liga-
'
/ I 600
9§.0 dos néutrons. A medida das energias de liga¡;ao dos néutrons é um método de
estabelecer diferen9as de massa com grande precisa.o e também fornece informa- 7 V
9óes s0bre a estrutura n~-clear. O néutron. cuja energia de liga9ao é determinada. é
o "último••·néutron. ou seja, aquele removido de um núcleo estável ou adicionado a
um núcleo estável. A energia necessária para remover um néutron de um núcleo
1( )

/
,A ' ~
,/
400

5 ,- 200
estável é dada pelo limiar da rea9ao (y, n) ou (n, 2n), ou pelo valor de Q do grupo //f
do estado fundamental a partir de urna rea9ao (p, d) ou (d, H 3 ). Estas rea9óes
o - ·I .,-<
.
fornecem dados da energia de liga9áo do néutron para o núcleo alvo. A energía
liberada na adi93.o de uro néutron a um núcleo estável é dada pelás raios y, a partir
2,22a- 2,230
' 1
2,23a- 2,240
(

Energia dos elétrons (em Mev absoluto)


da captura de neutrons lentos (n, y), ou pode ser obtida do valor de Q do grupo de
prótons do estado fundamental, a partir de urna rea9ao (d, p). 47 Fig. 16.17 A produ98.o de fotoneutrons a partir do deutério perto da energia mínima (Mobley
Com exce!rfio do deutério e benlio, a energía de liga9§.o do último néutron fica e Laubenstein45). :
entre 5 e 13 Mev~ ·os válores experimentais da energia de liga9ao foram tabelados e
analisados como fun9áo do número de néutrons no núcleo. 47 Descobriu-se que os
núcleos com 28, 50, 82 e 126 néutrons téin propriedades especiais; em cada caso há com o número de massa crescente; ele é da ordem de 10- 26 cm 2 para os núcleos
urna quebra brusca na energia de liga9ao do néutron adicionado ao núcleo. Assim. a intermediários mais leves como o alumínio, alcan¡;ando um valor de cerca de 10- 24
energia de 1iga9ao do 127. 0 neutron é cerca de 2:2 Mev menor que a do 126. 0 né_u- cm 2 no bismuto. 1'
,.
tron. A energia de liga9ao do 50. 0 néutron é cerca de 2 Mev maior que a do 51.º Estudos das rea9óes (y. p) 49 mostram que elas sáo de natureza similar as rea-
néutron; similarmente, existe urna quebra em 82 néutrons e provavelrnente urna em c;óes (y. n). no fato de que as curvas de se93.o de choque versus energia tém a
28 néutrons. Estes resultados indicam que os núcleos com 28, 50. 82 e 126 néutrons mesma forma geral. Um problema teórico interessante surge por causa das magni-
s~o marcadamente mais estáveis do que seus vizinhos. Na Se9ao 16.5C. a natureza tudes relativas das se96es de choque (y. n) e (y. p). Em rea9óes envolvendo os
especial dos núcleo~ com 50. 82, e 126 neutrons foi mostrada pelos baixos Valores núcleos intermediários e pesados. parece natural supor que a teoria de Bohr do
para suas se90es de choque. para captura de n€:utrons de I Mev. Urna teoria da mícleo composto se aplique. e que o processo seja dividido em duas partes: (1) a
estrutura nuclear que explique a natureza particularmente estável <lestes núcleos absor9ao do fóton de raio y formando um núcleo composto com a energia de exci-
será discutida no próximo capítulo. Estes resultados fornecem um outro exemplo da trn;ao E= hv~ e (2) o decaimento do núcleo composto pela emissao de qualquer urna
maneira pela qual o estudo das rea96es nucleares está relacionado com o problema das diversas partículas diferentes. Por causa do efeito bloqueador da barreira de
da estrutura nuclear. Coulomb. o processo mais provável é a emissiio de um néutron levando a urna '

A se9ao de choque (y. n) foi medida como fun9ao da energia dos raios y48 para rea<;iio (y. n): espera-se que os prótons sejarn emitidos rnuito mais raramente. Em " ,!'
urna série de elementos cobrindo a tabela periódica. Nos núcleos intermediários e muitos casos: o número relativo de rea9óes (y. n) e (y. p) nao concorda com estas
pesados. a se9ao de choque aumenta rapidamente acima da energia limiar. alcan- ióéias. tendo-se descoberto que a emissao de prótons é muito mais intensa do que o
<;ando um máximo perto de 20 Mev. O valor máximo da sec;ao de choque aumenta
REACOES NUCLEARES 409
408 FISICA NUCLEAR
contra energia) tem um máximo de 0.8 milibarns em 23 Mev e concorda com a
esperado. Estas sec;óes de choque inesperadamente grandes (y, p) foram interpreta- curva teórica baseada na teoria do núcleo composto, como mostra a Figura 16.18. 11
d~s em !ermos de_ um processo de fotodesintegrac;üo direta. 50 Sup6e-se que a ener- Este resultado parece ser urna propriedade geral das rea9óes (y, a) em núcleos de
~1a d?_foton de ra10 y seja absorvida por um único próton no núcleo, quando entao . peso médio.
e ~~1ttdo antes que a energía possa ser repartida com os outros núcleons. Cálculos Nao surpreende que a idéia de núcleo composto se aplique a estas rea96es; as
teoncos mostra~ que so mente. um pequen o número de prótons seriam ejetados por partículas a provavelmente nao existem como tais dentro do núcleo, de modo que a
est~ processo direto. dando ongem a urna sec;ao de choque (-y, p) apreciavelmente eje98.o direta de urna partícula a é muito irnprovável. E razoável supor que a ener-
maior do_ q~ue ~quela esperada somente pela teoria do núcleo composto, parecendo gia de excita9§.o trazida pelo raio y incidente reparte-se entre rnuitas partículas e
haver evidencias em favor da idéia de um efeito fotopróton direto. que. sob condi96es favoráveis, quatro núcleons sefundam para formar urna partí-
Em energias de raios y na vizinharn;a de 20 Mev, observam-se as reac;óes (y. cula a num tipo de processo de conversa.o interna. A emissao da partícula a a partir
2n) e (y, np) e su~s se9óes de choque aurnentam corn a eleva9ao da energia, en- do núcleo composto excitado é entelo análoga a emissao de partículas a a partir de
quanto que as se,oes de choque (y, n) e (y, p) diminuem. núcleos radioativos.·
Em contraste c.om as r~a9óes {y, p), as rea9óes-(y, a) podem ser interpretadas
ade_quadamente, hoJe em dia, em termos da teoria do núcleo composto, como foi 16.10 Rea~óes em energias muito altas. Em energias de cerca de 50 Mev e
mostrado, por exempl_o,. por.recentes experiencias51 sobre a rea9ao V51 (y, a)Sc 47 _ acima, as rea96es nucleares sao de caráter um pouco diferente daquelas em ener-
Urna ai:nostra de vanadm fo1 bombardeada com raios y com energias que podiam gias menores. Quando urna partícula com energia muito alta atinge um núcleo, ela
ser vanadas de 10,5 a 25 Mev. A produ9ao de partículas foi determinada como pode ser absorvida para formar um núcleo composto muito excitado. Entretanto, é
fun9ao da ~nergia do raio y, medindo-se a atividade do Sc47 produzido; a intensi- mais provável que a partícula co1ida com um ou mais núcleons e entao escape com
dade de ram Y de 160 kev, característico do Sc 47 , foi determinada com um cintila- parte de sua energia cinética original. Por meio <leste processo de espalhamento.
dor de Nal(TI) e um analisador de pulsos. O vanádio consiste quase inteiramente um ou mais núcleons podem ganhar urna grande frac;ao da energia da partícula inci-
(99,75%) ~m. V", os produtos das rea,óes (y, n) e (y, p) sobre aquele nuclídeo dente. Este último núcleon ou grupo de núcleons podem ser ejetados do núcleo. sem
s~ndo estav:1s .. Entretanto, aquelas rea9óes, que sao mais prováveis do que a rea- urna colis§.o posterior. ou eles podem repartir sua energía com alguns outros nú-
9ao (y, a~, nao mterferem coma análise desta última. A rea9§.o (y, a) nao foi obser- cleons. Na maior parte das colisóes com partículas de energía muito alta, os nú-
vada a~a1xo de 15,5 Mev devido ao efeito da barreira de Coulomb sobre a emissao cleos alvo sáo excitados a energías muito maiores do que as energías de liga9ao
de part1culas a. A fu~9ao de excita9ao (curva do rendimento, ou se9ao de choque dos núcleons individuais. Núcleons ou grupos de núcleons, tais como partículas a
ou núcleons de lítio. escapam até que o núcleo residual seja deixado num estado
relativamente estável. Em energias de 100 Mev ou mais. urna dúzia ou mais de
núcleons podem escapar, tendo sido observadas muitas combina9óes de prótons e
néutrons. Rea9óes deste tipo sáo chamadas de rea9óes de fragmenta9iio. A teoría
do núcleo composto nao se aplica a estas rea9óes, porque nao existe tempo sufi-
ciente para que a energia de excita98.o se reparta entre todos os núcleons antes que
as partículas comecem a ser emitidas. Nao é mais possível separar a rea~áo em
vs1 ('Y, a) Sc47 duas fases independentes, sendo necessário tratar separadamente a interac;áo da
partícula incidente com cada um dos núcleons do núcleo alvo. A regia.o de energias
muito altas também inclui reac;óes induzidas por raios cósmicos, incluindo a produ-

'ªº
I
de novos tipos de partículas chamadas mésons. A complexidade tanto das
informai;óes experimentais, quanto das idéias teóricas é tal que urna discussao
maior da física nuclear de energías muito altas está além do objetivo deste livro.

i
Indicamos ao leitor interessado a literatura52• 53 para tratamentos relativamente sim-
ples <lestes assuntos .
• 16.11 Rea~óes com núcleos leves: níveis de energia de núcleos leves. Urna
grande soma de informac;óes sobre os estados excitados dos núcleos leves foi acu-
mulada a partir de rea9óes nucleares. Algumas das compila~0es mais recentes54 • r. 7
incluem mais de 400 níveis de energia dos 40 núcleos ímpares com número atómico
menor do que 11; outra25 incluí muitos níveis de núcleos com Z entre 11 e 20. O
progresso feíto nos anos recentes nos métodos de estudo de estados excitados,
juntamente com o estabelecimento de um conjunto preciso e consistente de massas
nucleares (Tabela 11.1), tornou possível localizar estes estados com grande preci-
sa.o. Na maioria dos núcleos nesta regia.o, os primeiros 10 Mev de excitac;ao foram
estudados suficientemente bem, de modo que é provavelmente conhecida a
0,001 ';c--L--;':---'-..L--:"::---'--......l.--1__J maior parte dos estados estacionários. Apesar das rea96es náo caírem no tipo de
10 14 18 22 esquema que foi encontrado para os núcleos intermediários e pesados. os níveis de i

Energia (Mev) energía fornecem um carpo de dados experimentais nos quais podem ser encontra-
lh1s chaves importantes para os problemas das forc;as nucleares e estrutura nuclear.
Fig. 16.18 Fum;ao de excitar;ao para a rea98o y::.1(-y. a)ScH.s1
REACOES NUCLEARES 411
410 FÍSICA NUCLEAR
"
Portanto. na discussf10 dos núcleos leves. a Cnfase será sobre os níveis. em vez das
reai;;óes. Com poucas exce<;óes. as rea<;óes süo dos tipos que já foram discutidos. o - !916 f
tratamento dos núcleos leves nesta sei;;ao podendo ser visto com urna aplicai;;ao
posterior dos métodos e idéias que foram desenvolvidos nas sei;;óes anteriores des!e
capítulo.
Os níveis de energia dos núcleos leves sao suficientemente bem definidos e
separados. de modo que é possível apresentar a estrutura de níveis para cada nú-
cleo na forma de um diagrama. mostrando os níveis conhecidos e indicando as
JJj~~
.89 16161 cf'~
C1'-lid
:n
'
-
e

.
•-
1828

1604
1

!4 848 e
reai;;óes nucleares nas quais eles s8.o envolvidos. Além da posii;ao do nível. também ciz+ t -
sao desejadas outras informm;óes em espectroscopia nuclear. tais como a largura ou
o tempo de vida de um estado excitado. Dois parfi.metros adicionais que sao impor-
tantes na descrii;ao de um estado nuclear sao o número qu3ntico do momento angu-
lar e a paridade. Estas quantidades só podem ser realmente compreendidas em ter-
mos da mec3nica qu3ntica. e portanto seu efeito sobre rea96es nucleares nao foi
mencionado neste capítulo. Eles influenciam a distribui9ao angular dos produtos da J0,993
rea<;ao, podendo ser obtidas informa96es sobre eles a partir da maneira pela qual o
número de partículas produzidas varia com o ángulo entre a dire<;fto de emissao da rz'.Y2•
partícula produto e a dire9ao da partícula incidente. lnforma9óes sobre o momento 9777
''"
»
'
C" '"
angular e a paridade também podem ser obtidas a partir da probabilidade do decai-
mento /3 e do decaimento y. Quando os valores <lestes para.metros para um estado ''" 'rz:w
sao conhecidos. eles também sao mostrados no diagrama de níveis. ''"
,yi-

A maneira pela qua! um diagrama de níveis de energia é construído pode ser


ilustrada, tratando de um núcleo típico com algum detalhe. O núcleo N 15 foi esco-
lhido por causa do grande número de rea96es nas quais ele ou é o núcleo composto
ou é o tlúcleo produto. Todos os dados que sera.o considerados foram tirados
·da_ compila<;iio de Ajzenberg e Lauritsen mencionada acima.57 onde as referencias
as 'fontes originais saó'_,d_adas. O diagrama de níveis de energia para o Nrn está
mostrado .n_a Figura 16.19. Apesar de parecer complexo a primeira vista. veremos
que ele fornece um resumo conciso e facilmente interpretável dos dados disponí-
veis.
Ao todo. 25 rea96es entre os vários núcleos leves fornecem informa96es sobre
os estados excitados do N 15 • sao elas: Bq(a, n)N'", Bll(a, p)C 14. C 12 (a, p)N 1", C 12(t,
p)C 14 , C"(d, n)N'4, C"(d, p)C 14 • C"(d. a)B". C"(d. t)C", C"(d, n)N". C"(p.
n)N 14 , C 15 (,B-JN 15 , N 14 (n, n)N", N"(n, a)B". N 14 (n, p)C", N"(n, y)N 15 , N"(n.
2n)N". N 14 (n, t)C". N"(d, p)N". N 14 (t, pn)N". 0"(¡,')N". O"(p. a)N". C 14 (p.
y)N", O"(y, p)N 15 , O"(n, d)N" e O"(d, a)N 15 • Em 12 rea,óes, o N" é o núcleo
'
Fig. 16.19 Níveis de energia do N 15 (Ajzenberg-Selove e Lauritsen
57
).

proéluto e em 13 ele é o núcleo composto. Os níveis de baiXa energía (estados


ligados) sao dados pelos grupos de prótons a partir das rea,óes N 14 (d, p)N 15 e
C 12(a, p)N 15 , pelos grupos de neutrons da rea9iio C 14 (d. n)N 15 e pelos raios 'Y da
rea9ao N14 (n. -y)N 1s. Estes níveis esta.o listados na Tabela 16.7. Apesar de ne-
nhuma rea<;iio dar todos os níveis. existe boa concord3.ncia entre os valores ob-tidos Tabela J6.7 Níveis de baixa energia do N 15 a partir de diversas reagOes*
a partir das diferentes rea9óes. A col una do meio da Figura 16. 19 mostraos estados
de energia do N 15 • Os números indicam a energia em Mev acima do estado funda- N14(d,p)NIS N14(n, y)N1:; c•2(a,p)Nl5 C 14 (d, n)N15
mental do N 1·\ que serve como o zero da escala de energia para o diagrama inteiro. raios y grupos de prórons grupos de néwrons
Rrupos de prótons
O espectro do N 15 é notável pela energia de excitac;ao razoavelmente grande (5.28
Mev) do nível excitado mais baixo e pelo fato de que este nível é um dubleto com
5.276 5,275
um espa<;amento de 30 kev. Os momentos angulares sao indicados pelos valores de 5.3 5,34
5.305
J obtidos da análise da distribuic;iio angular dos prótons. a partir da reac;ao N 14(d. 6,328 6,325 6,5 6,32
p)N 15 • Quando sao dados dois números para o momento angular. isto significa que a 7,164 7,164
identificac;ao ainda nao é certa. mas que a escolha se restringe aos valores dados. 7.309 7,356 7.46
Paridade paré indicada por um sinal mais; paridade ímpar. por um sinal menos. As 8.315 8.278
rea<;0es que dñ.o os ní\/eis de baixa energia estfio indicadas em qualquer um dos 9,156
lados da coluna central. juntamente com a energia· de ligac;ao da partícula incidente
no núcleo composto. Por exemplo. a rea<;iio N 14 (d. p)N 1:, est? mostrada a esquerda *Energia de excita¡;B.o em Mev.
da coluna central juntamente com o valor de Q para a reac;fio. que é 8.609 Mev. A
REACóES NUCLEARES 413
412 FISICA NUCLEAR

Tabela 16.8 Níveis de ressonáncia do Nt.·, em diversas rea{óes*


17.l
%
1/,

15.9
11,235
11,294 II.30 11,293 14
I I.430 11.431 11.430 c12+t 3 79
11,760 11.761 11.765 13230 04 131
11,877 11,879 07 0 14 +n 2 125
11.943 7 1186
11.964 11.964 '"
12,096 12,094
12,147 12.155 12.142 12,16
12,328 12.323 12,38
12,495 12.47 12.494
12,94 12,94 12,95
13,22 '1
13,45 13,40 13,34 1

13.63
14,05 " ' !

14,26 14,29
14,50
_¡_
1 Mev
14,63 14,71
14,90
15,62
t
[0,14]
15,89
16,13
16,47 16,65 o's
17,04 16,89
17,30 17,49 Fig. 16.20 Níveis de energia do N 15 e 0 15 • 58
17,78 17,69
18,43
18,97
estes fornecem dados sobre as magnitudes relativas da for9a entre dois prótons e
*Energia de excita~ao em Mev. aquela entre dois neutrons. bem como apóiam a hipótese de que estas duas for¡;as
sao iguais.
REFERENCIAS
forma¡;ao de N pelo decaimento 13+ do 0 e pelo decaimento 13- do C também
15 15 15

esta.o mostrados. GERAIS


Níveis virtuais do N 15, dados-por seis rea¡;óes diferentes, esta.o listados na '
Tabela 16.8. Cerca de 30 níveis, obtidos a partir cte ressonancias nestas rea\;óes. R. D. EvANS, The A_tomic Nucleus. New York: l\IcGraw-Hill, Chapters 12,
estáo mostrados na parte superior da coluna centra] da Figura 16.19. As rea¡;óes 13, 14.
que diio origem a essas ressonélncias esta.o mostradas nos lados do diagrama, jun- P. l\1oaRrsoN, "A Survey of Nuclear Reactions," Experimental Nuclear
tamente com a energia de ligar;iio da partícula incidente no núcleo composto e um Physics, E. Segre, ed. New York: Wiley, 1953, Vol. II, Part VI.
esquema da curva de ser;ao de choque para cada rea¡;iio. Assim. as rea¡;óes N 14 (n. L. E1sENBUD and E. P. \VIGNER, Nuclear Structure. Princeton, New Jersey:
14
n)NH. N (n, p)C 14 e N 14 (n, a)B
11
estao indicadas na parte superior a esquerda da Princeton University Press 1 1958, Chapters 4, 9, 10.
coluna central. A energia de liga9ao do último neutron no [N 15 ] é de 10,834 Mev. J. !\.L BLATT and V. F. ,YEISSKOPF, Theoretical Nuclear Physics. New York:
este valor servindo como um ponto zero para as energias das partículas em diversas Wiley, 1952, Chapters 8, 9, 10.
rea9óes induzidas por neutrons. A energia do nível excitado é obtida a partir da P. l\1. ENDT and f\1. DEMEUR, eds. Nuclear Reactions . ...-\msterdam: North-
energia de liga9ao e da energia de ressonáncia. como foi mostrado na Se9ao 16.2. Holland Publishing Co.; New York: Interscience Publishers, 1959.
Os valores dos •níveis de ressonáncia dados pelas diferentes rea9óes concordam
muito bem. Os níveis que esta.o hachurados sao particularmente largos. ou seja. tém F. AJZENBERG-SELOVE, ed., Nuclear Spectroscopy. :!\ew York: Academic
um r particularmente grande. Press, 1960.
A compara98.o dos diagramas de níveis de energia dos núcleos leves mostra ARTIGOS NA "The Encyclopedia oJ Physics" (Handbuch der Physik) Berlin:
que existem similaridades em alguns dos níveis espectrais que tém urna liga9ao com Springer, 1957-1959.
o problema das for9as nucleares. 5•5 • 5 ti, 511 Descobriu-se. por exemplo. que a distri-
bui9íto dos níveis de baixa energia em núcleos espelho é similar. Na Figura 16.20. l. ,v. E. BuRCHAM, HNuclear Reactions, Levels, and Spectra of Light Nuclei,"
estes níveisr,i esta.o mostrados para o N 1s e o 0 15 • O primeiro núcleo tem 7 prótons Vol. 40, Nuclear Reactions I, pp. 1-201.
j1
e 8 neutrons. enquanto que o último tem 8 prótons e 7 neutrons. Resultados como 'I
l
\:
REACóES NUCLEARES 415
414 FÍSICA NUCLEAR
10. ,J. ).1. BLATT and V. F. \YEISSKOPF, Theoretical Nuclear Physics. Ncw
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1
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j
416 FÍSICA NUCLEAR REAQOES NUCLEARES 417

::\Icdium ,vcight · tlcmcnts," Phys. Rev. 99, 718 (1955). PROBLEMAS


3i. _E:-rni::, liuEcHNER, and 8PERDUT0 1 ":\Iagnctic Analysis of thc AJ27(d, p).\J28
React10n," Phys. Rev. 88, 961 (1952). 1. A que estados do núcleo Mg 25 pertencem os diferentes grupos de partículas a conside-
38. BUECHNE!7' l\lAZARI, and SPERDUTO, "Magnetic Spectograph J.vieasure- rados no Problema 4 do Capítulo 13? Desenhe um diagrama em escala para mostrar a locali-
ments on the Al (d, p)Al 28 Reaction," Phys. Rev. 101, 188 (1956) _zaffio destes estados.
2. Um alvo de berílio foi bombardeado com partículas a aceleradas a urna energia ciné-
39. KrNSEY, BARTHOLOMEW, and WALKER, "Neutron Captu~e of 'Y-Rays tica de 21.7 Mev num cíclotron. Relatou-se que foram observados quatro grupos de prótons
from F, Na, Mg, Al, and Si," Phys. Rev. 83, 519 (1951). correspondendo a valores de Q de -6,92, -7,87, -8.57 e -10,74 Mev respectivamente. (a)
40. ENDT, ENGE, HAFFNER, and BuECHNER "Excited States of Mg25 f th Quais sao as energías. dos grupos de prótons _observados num 8.ngulo de 90º com o feixe
Al27(d )l\f 25 d M 24(d i\I 2· ' rom e incidente? (b) Qua! dos valores de Q corresponde ao estado fundamental do núcleo produto. e
, "' · g an , g , p)J• g O Reactions," Phys. Rev. 87, 27 (1952).
como ele se compara como valor calculado a partir das massas atómicas? (c) A que níveis do
4~. SwANN, 1-IANDEVILLE, and ,vmTEHEAD, "The Neutrons from the Disinte- núcleo produto correspondem os diferentes grupos de prótons? (d) Quais sao as energias li-
gration of the Separated Isotopes of Magnesium by Deuterons " Phys. Rev 79 miares para a excita9áo dos diversos estados do núcleo produto?
598 (1950). ' . ' 3. A rea9ao C 13(d, p)C 14 tem urna ressomi.ncia na energia do déuteron de 2.45 Mev. Para
42. K. K. KELLER, "The Al 27 (d, p)Al 28 and Al 27(d, d')Al 27 Reactions "Phys. qual energia das partículas a este dado leva a prever um nível de ressoniincia para a reafÜO B 11
Rev. 84, 884 (1951). ' ~~N~ '
4. O núcleo de N 14 tem um estado excitado numa energia de 12,80 Mev acima do nível
43. D. M. VA_N PATTER and W. W. BUECHNER, "Investigation of the (d p) fundamental. Em que energia da partícula incidente voce esperaria que ocorresse urna resso-
and (d, «) React10ns of the Silieon Isotopes," Phys. Rev. 87, 51 (1952). ' náncia em cada urna das seguintes rea9óes: (a) Brn (a, n)N 13 ; (b) C 12(d, p)C 13 ?
~4. s;, T. BuTLER, "Angular Distributions from (d, p) and (d, n) Nuclear Re- 5. Um alvo de boro enriquecido como isótopo B10 foi bombardeado com di!uterons com
act10ns, Proc. Roy. Soc. (London) A208, 559 (1951). urna energia de 1.510 Mev. os prótons a partir da rea¡;ao B 1 º(d. p)B 11 tendo sido analisados
com um espectrógrafo magnético. Foram observados onze grupos de prótons com os seguin-
45. R. C. MoBLEY and R. A. LAUBENSTEIN, "Photon-Neutron Thresholds of tes valores deHr, em quilogauss-centímetro: 448,399,338.322. 266,264,245.190, 171. 156 e
Beryllium and Deuterium," Phys. Rev. 80, 309 (1950). 151. Calcule (a) a energia em Mev dos prótons em cada grupo, (b) o valor de Q correspon-
46. SHER, HALPERN, and MANNi "Photo-Neutron Thresholds" Phys Rev 84 dente a cada grupo de prótons, (c) o nível de energia do núcleo produto correspondente a cada
387 (1951). ' . . ' grupo de prótons.
6. O nuclídeo F 19 foi bombardeado com prótons de energia variável e foi medida a produ-
47.-,J. A. HARVEY, "Neutron Binding Energies from (d p) Reactions and 93.o de néutrons a partir da rea9.lo (p, n). Observaram-se ressomi.ncias nas seguintes energias
Nuclear Shell Structure," Phys. Rev. 81,353 (1951). ' dos prótons,Cm Mev: 4,29, 4,46, 4,49, 4,57, 4,62, 4,71, 4,78, 4,99, 5,07 e 5,20. Descobriu-se
48. MoNTALBETT~í .KATZ1 and GoLDEMBERGi uPhotoneutron Cross Sections " experimentalmen.te que a energia limiar para a rea93.o era de 4,253 Mev. Calcule a partir dos
Phys. Rev. 91, 659 (1953). ' dados (a) a diferenfa de massa Ne 19 - P 9 , (b) a energia máxima do decaimento ~ do Ne 10 e
(c) as energias de excita9.lo dos estados do Ne 20 que correspondem as ressoniincias .
. 49. J. HALPERN and A. K. MANN, "Cross Sections of Gamma-Proton Reac-
t10ns," Phys. Rev. 83, 370 (1951). 7. O nuclídeo Na 23 foi bombardeado com déuterons num cíclotron e determinou-se a
produ9ao da reaf3.o (d, p) em termos da corrente do déuteron em microamperes-hora (µah) e
50. E. D. CouRANT, "Direct Photodisintegration Processes in Nuclei" Phys da radioatividade do núcleo produto. Para cada µah, eram produzidos cerca de 1500 microcu-
Rev. 82, 703 (1951). ' . a
ries de atividade devido forma9.lo de Na 24 , que tem urna meia-vic!a de 15.06 h. (a) Quantas
51. P. DYAL and J. P. HUMMEL, "Excitation Function for the ys1(-y «)Sc47 partículas existem em 1 µah de déuterons? (b) Qual é o rendimento da rea9lio em prótons por
Reaction," Phys. Rev. 115, 1264 (1959). ' milhlio de déuterons?
8. Urna folha de ouro de 0,02 cm de espessura foi irradiada durante 5 min com um feixe
_52. R. B. LEIGHTON, Principies of Modern Physics. New York: McGraw- de néutrons térmicos com um fluxo de 10 12 néutrons/cm2-s. O nuclídeo Au 198 , com urna meia-
Hill, 1959, Chapters 20, 21. vida de 2,7 dias, é produzido pela rea98.o. Au! 97(n, y)Au 198 . A densidade do ouro é de 19,3
53. RICHTMYER, KENNARn, and LAURITSEN, Introduction to lrfodern Physics g/cm3 e a sef3.o de choque p_ara a rea9lio é 98,7 x 10- 24 cm2. (a) Quantos átomos de Au 198 sao
5th ed. New York: McGraw-Hill, 1955, Chapter 11. ' produzidos por centímetro qlladrado da folha? (b) Qua! é a atividade da folha em milicuries
por centímetro quadrado?
54. F. AJZENBERG and T. LAURITSEN, "Energy Levels of Light Nuclei V" 9. Urna folha de tiintalo de 0,02 cm de espesSura e com urna densidade de 16,6 g/cm3 foi
Revs. Mod. Phys. 27, 77 (1955). · ' irradiada durante 2 horas com um feixe de néutrons térmicos de fluxo 1012 néutrons/cm 2-s. O
55. W. E. BuRCHAM, "The Low-Lying Excited States of Light Nuclei" radionuclídeo Ta 182 , com urna meia-vida de 114 dias. foi formado como resultado da reaffio
Progress in Nuclear Physics, O. R. Frisch1 ed. New York: Academic Pre;s, Ta 181 (n, y)Ta182 , e a folha tem urna atividade de 12,3 rd/cm 2 imediatamente após a irradia¡;üo.
Vol. 2, pp. 174-234 (1952). Ache (a) o número de átomos de Ta 182 produzidos, (b) a se¡;lio de choque para a rea9lio
Ta1s1(n, y)Ta1s2.
56. T_- LAURITSEN, "Energy Levels of Light Nuclei," Annual Review of Nu- 10. Quando o nuclídeo C 12 é bombardeado com néutrons lentos. sao produzidos raios y
clear Science, Vol. I. Stanford: Annual Reviews Inc., 1952. com urna energia de 4,947 Mev pela rea9ao C 12 (n, y)C 13 • Compare esta energía coma energia
57. _F. AJzEÑBERG-SELOVE and T. LAURITSEN, l(Energy Levels of Light de liga9lio do último néutron no C 13 : (a) calculada a partir das massas atómicas dos núcleos
Nuclei," Nuclear Physics 11, 1 (1959). envolvidos. (b) deduzida a partir do valor de Q da reaf3.o C 12 (d, p)C 13 , 2.723 Mev. (c) dedu-
zida a partir do valor de Q da rea98.o C' 2(d, n)N 13 -0,281 Mev, e da energia máxima de 1,200
58. T. _LAURITSEN and F. AJZENBERG-SELOVE 11 Energy Levels of the Light Mev do decaimento pósitron do N 13 .
Nuclei," Annual Reviews of Nuclear Science 10, 409 (1961). 11.- O efeito de urna rea¡;lio (d, p) é adicionar um néutron ao núcleo alvo. Mostr.e que a
. s:. l\'1._ K. BANERJEE, "The Theory of Stripping and Pickup Reactions/'
m lvuclear Spectroscopy, F. Ajzenberg-Selove, ed. New York- Academ' p
energia de liga9fio do último néutron no núcleo produto é dada pela soma do valor de Q da
rea9fio (d. p) e da energia de liga9lio do déuteron. ·Foram obtidos os valores de Q de 4.48 Mev.
1960. Part B, p. 695. . ic ress, 5.14 Mev e 1.64 Mev para as rea9óes Pb 206(d, p)Pb 2º7 , Pb 2º7 (d, p)Pb2º 8 e Pb 2º8 (d. p)Pb 2º 9 res-
pectivamente. Quais sao as energías de liga¡;ao do último ni!utron no Pb 2º7 • Pb20 ~ e Pb 2º9 ?
418 FISICA NUCLEAR

12. Urna amostra de chumbo foi bombardeada com neutrons térmicos, os raios y das
capturas tendo sido analisados com um espectrómetro de pares. Observaram-se dais raios y.
um com urna energia de 6.734 ± 0.008 Mev. o segundo com urna energia de 7.380 :t. 0,008
Mev. Que rea9óes sao responsáveis por estes raios?
13. Mostrou-se espectroscopicamente que a diferem;a de massa entre o Fe54 e o FeM é
1,99632 u.m.a. Qua! é a energia de liga9áo dos últimos dais neutrons no Fe56 ? Como este valor
se compara corn o valor obtido a partir do seguinte conjunto de rear;óes nucleares?
17
, Fe5 4 (n, 'Y)Fe 55 ; Q 9,28 Mev,=
Fc 55 (captura K) l\1n 55 ;
Q = 0.,21 :Mev,
1In55 (n, 'Y)Mn 56 ; Q = 7,25 Mev,
Mn 56 (¡3-)Fe 56 ; Q = 3,63. For<;as Nucleares e Estrutu,:a Nuclear
- 14. As rear;óes N 1~(n. p)C 14 e C 14 (p. n)N 14 apresentam ressomincias nas energias listadas
abaixo.

'I

495 kev 1163 kev


639 kev 1312 kev
998 kev 1668 kev
1120kev 1788 kev
1211 kev 1884 kev Hoje é disponível urna grande quantidade de informa,;Oes sObre núcleos atómi-
cos, das quais foram dados exemplos nos capítulos precedentes. Apesar dos dados
e suas interpreta,;Oes serem condizentes com a idéia de ·que os núcleos constituem-
(a) Mostre que cada par de ressomincias corresponde ao mesmo nível excitado do N 15 • (b) se de prótonS e ·neutrons, ainda ñao existe urna explica,;ao satisfatória de'' como os
Por que cada ressonllncia m(rea¡;iio C 14 (p, n)N 14 é maior pela mesma qÚantidade (cerca de 670 núcleos se mantem juntos. Ainda nao foi possível analisar as for,;as que mantém
kev) do que.a ressonllncia coITespondente na reayiio N 14 (n, p)C 14 ? néutrons e prótonsjuntos e a estrutura dos núcleos nao é compreendida. Nao existe
15. Será possível usar neutrons da reayiio C' 4 (p, n)N 14 para produzir a rem;iio inversa imagem ou teoriá- do núcleo que possa unificar as informa,;Oes disponíveis Sobre
N 14 (n, p)C 14 em outro alvo? Explique.·· núcleos, num corpO consistente de conhecimentos como aquele da teoria da mec8.-
níca qu8.ntica sobre a estrutura atómica. Só é possível mostrar como o problema das
for,;as nucleares e da estrutura nuclear foi atacado, apontar alguns sucessos e indi-
car algumas limitai;oes e dilemas.
De duas máneiras, informa,;óes sobre a natureza das for,;as nucleares tém sido
procuradas.' A ·primeir3. é atravéS do estud_o da intera,;ao entre dois núcleorís, para
descobrira natureza das for9as entre partículas nucleares. As proptiedades do deu-
' .• •., l ,:1;,. ..::., ,..-,_., .;i.:, ;~-1:.L: i''.;¡J,-.! .~
teron e"io espalhámento de ·prótons e néutrons foram ana1isados ··com este objetivo.-
e·: i,•.i"\;_:¡:, \ ·.••·:r-'·,:·. ,• Espera-se que, ·guando as propriedades das intera,;óes entre núcleons forem conhe--
cidas, seja possível deduzir a partir delas as propriedades de núcleos complexos;
este programa até agora só teve sucesso parcial. O segundo método é o estudo das
propriedades de núcleos complexos e tentar deduzir a partir destas propriedades a
natureza das intera,;óes entre as partículas que compóem o núcleo; este método
também apenas teve sucesso parcial. Entretanto, cornos dois métodos. aprendeu-se
alguma coisa sobre for9as nucleares, estas informa96es podendo ser usadas para
sugerir modelos do núcleo. Apesar de nenhum dos modelos explicar todas as pro-
priedades nucleares, existem vários que sao úteis. ·
Neste capítulo será adotado o seguinte procedimento: Primeiramente será mos-
trado como algurnas idéias qualitativas e semiquantitativas sobre for,;as e estruturas
nucleares podem ser deduzidas a partir das propriedades dos nút:leos complexos. A
análise das intera9óes entre núcleons será entao discutida. a fim de se obter algu-
mas informa96es quantitativas sobre for,;as nucleares. Finalmente. alguns modelos
nucleares e suas aplica,;óes sera.o discutidos.

17.1 Energias de liga~iio nucleares e a satura~iio das for~as nuclea-


res. Mostrou-sé (Tabela 9.3 e Fig. 9.11) que a energía de liga,ao média por par-
420 FISICA NUCLEAR FORCAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 421

tícula num núcleo tem um valor aproximadamente constante. exceto para os nú- ao número de pares de prótons no núcleo, ½Z(Z - 1). Mostrou-se 1 que a energia
cleos mais leves. Em outras palavras. a energia de liga¡;ao total de urn núcleo é coulombiana total é
praticamente proporcional ao número de partículas no núcleo. Mas, se Supomos
que cada partícula no núcleo interage com todas as outras partículas, a energia de
intera¡;§.o e portante a energia de liga9§.o <leve ser aproximadamente proporciona]
ao número dé pares que interagem. Como cada urna das A partículas no núcleo vai
Energía coulombiana total - i e2
Z(Z - 1) - '
R
(17.1)

interagir com (A - 1) partículas, o número de pares que interagem seriaA(A - 1)/2; onde R é o raio nuclear. Como R ~ A 113 e Z é aproximadamente proporcional a
e a energía de liga93.o, proporcional a esta quantidade. Em núcleos mais pesados, A A, a energía coulombiana é aproximadamente J)roporcional a A 513 • Mas a energía de
pode ser desprezado em compara¡;lio com A 2 e a energia de liga9ao seria proporcio- liga9iio total é propotcional a A, de tal modo que a importancia relativa da energía,.
nal ao quadrado do ·número de partículas no núcleo. Este resultado calculado con- eletrostática de repulsa.o aumenta com o aumento do número de massa, aproxima-
traria o resultado experimental de que a energia de ligac;ao é aproximadamente pro- damente com A 2 13 •
. porcional a A. Para contornar esta dificuldade, é necessário supor que urna partí- U m resultado da crescente importancia da energia coulombiana para os nú-
cula nuclear nao interage com todas as outras paftículas no núcleo, mas semente cleos com Z (ou A) grande é diminuir a energia de liga980 por partícula, a medida
com um número limitado delas. Esta situa9ao é análoga aquela de um líquido ou que o número de massa aumenta. A Figura 9.11 mostra que na vizinharn;a de Z =
sólido, em que cada átomo está ligado por liga96es químicas a urn número de vizi- 50 ou A = 135 a energia de liga98.o por partícula comec;a a decrescer. Para núcleos
nhos mais próximos em vez de todos os outros átomos, a energia de ligac;ao química muito pesados, com A maior que 200. o efeito é suficientemente forte para que
senda praticamente proporcional ao número de átomos presentes. alguns <lestes núcleos sejam instáveis em -relac;ao a desintegrac;iio a:.
O estudo dos diferentes tipos de liga96es químicas leva a conclusa.o de que a
melhor analogia para as forc;as nucleares é representada por urna ligac;ao apolar 17.2 Estabilidade nuclear e as for~as entre núcleons. As informa<;óes sobre nu-
como aqueta de urna molécula de hidrogénio. Há urna atra9ao forte entre dais áto- clídeos estáveis contidas na Tabela 9.1 e Figura 9.9 permitem que se fac;;am certas
mos de hidrogénio para formará molécula H 2 , mas um terceiro átomo de hidrogénió deduc;óes sobre as forc;as entre pares de núcleons. O número de massa A é aproxi-
nao pode-se ligar fortemente a urna molécula de hidrogénio. Diz-se que a molécula madamente igual ao dobro da carga nuclear Z. Esta relac;iio é. particularmente pre-
de hidrogénio está saturada. Um conjunto de muitos átomos de hidrogénio, como cisa para os núcleos leves; para os núcleos mais pesados, O valor de A aumenta
numa gqta de hidrogénio líquido, tem urna energia de liga9ao química aproximada- mais rápido que 2Z. Como A é o número total de partículas no núcleo e Z é o
mente igllal ao número de moléculas de hidrogénio coqespondentes, senda portante número de prótons, o número de néutrons é quase igual ao número de prótons nos
aproximadamente proporcional ao número de átomos de ,hidrogéni.o presentes. núcleos leves, m8.s nos núcleos mais pesados o número de neutrons aumenta mais
A dependéncia cofreta das energías de liga9§.o nucleares com o número de rápido do que o número de prótons. A igualdade entre o número de prótons e
partículas. no núcleo páde ser obtida ent§.o, se supomos que as foT9as entre nú- néutrons nos núcleos leves pode ser interpretada como prava de que existe urna
cleons apreSentam satura98.o da mesma maneira que as for9as na liga9§.o química forte forc;a de atra9§.o entre um néutron e um próton. A estabilidade do déuteron,
apolar. Além disso, se urna determinada partícula nuclear nao interage com todas as que é composto de um neutron e um próton, apóia esta conclusa.o.
outras partículas no núcleo, mas semente com alguns de seus vizinhos, entfio as Se existe urna forte for9a de atrm;ao específicamente nuclear entre um néutron
for9as nucleares devem ter curto alcance. A for9a, ou energia de intera.98.0, _entre e um próton, é razoável supor que existem forc;as similares,entre dais néutrons e
dais núcleons <leve cair rapidamente a medida que as partículas se separam; as entre dois prótons. Se tal acontece, a forc;a entre dois néutrons <leve ser quase igual
for9as moleculares também se comportam desta maneira. Num núcleo com muitas aquela entre dois prótons, afora a forc;a eletrostática entre dais prótons. Caso a
partículas, um dado núcleon pode interagir somente com alguns de seus vizinhos, e atrac;iio entre dois neutrons fosse maior do que entre um néutron e um próton ou
nao com núcleons que esta.o relativamente longe dele. Conseqüentemente, o al- entre dois prótons, .os núcleos leves estáveis mais abundantes conteriam mais neu-
cance das for9as especificamente nucleares deve 'ser menor que o raio de todos os. trons do que prótons, em vez de Conter números iguais destas partículas. Um ar-
núcleos, com exce98.o dos mais leves. gumento similar mostra que a forc;a de atrac;§.o entre dois prótons nao pode ser
A discuss§.o acima mostra como certas propriedades das forc;as nucleares, tais maior do que aquela entre um néutron e um próton, ou entre dois néutrons. A
como a propriedade de saturac;ao e seu curto alcance, podem ser deduzidas a partir existéncia de urna for9a entre dois néutrons pode ser inferida a partir da maneira
da variac;ao da energía de liga!;ao por partícula com o número de partículas no pela qual o número de néutrons aumenta como número de prótons. A medida que a
núcleo. Nesta discussiio, as forc;as eletrostáticas repuls.ivas entre prótons foram energía coulombiana aumenta, a raza.o entre o número de néutrons para o número
desprezadas. A magnitude da energía de Coulomb entre dais prótons é simples- de prótons aumenta gradualmente de 1 para os núcleos leves, até 1,6 para o uranio,
mente e2/r, onde e é a carga de um próton, 4,8 x 10- 10 esu, eré a distancia entre com Z = 92. Este aumento pode ser interpretado como um aumento necessário na
prótons. Urna idéia grosseira da magnitude desta energía pode ser encontrada to- forc;a de atra98.o total no núcleo, a fim de vencer os efeitos da repulsa.o eletrostá-
mando r = 3 x 10- 13 cm. En tao, tica. Como cada partícula nuclear interage semente com um número limitado de
outros núcleons, é razoável supor que alguns dos néutrons interagem com outros
e
2
(4,8) 2 X 10- 2o ~ néutrons. ·
r - (3 X lQ-13)(1,60 x 10-•) = O,S Mev · Suporemos, tendo em vista a discuss§.o precedente, que existem for9as de atra- .
~a.o especificamente nucleares entre um néutron e um próton, entre dois néutrons e
Portanto, a energía de Coulomb entre dois prótons é pequena, comparada com a entre dois prótons. Estas forc;as sáo abreviadas como n-p, n-n e p-p respectiva-
energia de liga980 média por partícula, que é cerca de 8 Mev. Apesar de ser pe- mente. Suponhamos que as forc;as n-n e p-p sejam iguais ou praticamente iguais em
quena, a repulsao de Coulomb torna-se importante para núcleos mais pesados por magnitude e que nao sejam maiores que a forc;a n-p; entretanto. elas podem ser
causa da saturac;ao das forc;as de atrac;§.o nucleares. Pelo fato da forc;a de Coulomb muito menores que a forc;a n-p. ou podem ter a mesma ou quase a mesma magni-
nao apresentar satura<;iio, a energia total da interac;iio de Coulomb é proporcional tude que a forc;a n-p. Qualquer urna das possibilidades s~ria consistente com a
422 FÍSICA NUCLEAR FORCAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 423

raza.o carga-massa observada dos nuclídeos estáveis. As duas possibilidades podem !!.E (cale.) = !!.E (coulombiana) - (n - H 1). (17 .3)
ser expressas na forma
o~de 6E (coulombiana). é a diferenc;a ~ntr:e as energias coulombianas do par. e (n -
(a) n-p "" n-n "" p-p, H ) representa a energ1a eqmvalente a d1ferenc;a de massa entre um neutron e um
próton. Se Z é a carga nuclear do núcleo pai. ent§.o a diferenc;a de energia é dada
ou por
(b) n-p » n-n; n-p » p-p; n-n "" p-p. 3.,2 .
Wigner.2 3
num tratamento geral dos níveis de energia nucleares. fez a hipó-
• • -i
flE (cale) = i R [Z(Z - l) - (Z - l)(Z - 2)] - (n - H 1 ). (17.4)
tese de que a relac;ao descrita pelo caso (a) é válida. ou seja, que as for<;as especifi-
camente nucleares n-p. n-n e p-p sao iguais. Esta suposi98.o é conhecida como a O raio R é tomado ~orno senda o mesmo para o núcleo pai e fifho. porque o número
hipótese da independéncia das forras nucleares em- rela~·(/o á carga. A suposic;fio de massa ~ o mesmo e a diferenc;a na rnassa nuclear <leve ter um efeito desprezível
alternativa de que as forc;as n-n e p-p sao iguais. mas nao necessariamente iguais a sobre o ra10. O valor de R usado para calcular t:i.E vem da fórmula
for<;a p-n. é conhecida como a hipótese da simetria das.forras nucleares em relarüo
a carga. Ela é menos restritiva do que a hipótese da independéncia em relac;ao a R = l ,42A 1;3 x 10- 13 cm. (17.5)
carga.
A con_stante I_.42. obtida a partir de medidas do espalharnento de neutrons rápidos
17.3 Níveis de energia de núcleos leves e a hipótese da independfncia das for~as por nucleos, e usada porque aquetas medidas inclufram trabalhos com núcleos le-
nucleares em rela~iio a carga. A hipótese da simetria das fon;as nucleares em rela- ves_; port!nto. ela é rnais aceitável que o valor obtido a partir do decaimento de
9fio a carga pode ser testada, estudando-se os níveis de energia. especialmente os r~d1onuchdeos pe~ados. O v?lor de ílE (cale.) deve ser o mesmo que o valor expe-
estados fundamentais, de certos .núcleos leves. De acordo com esta hipótese, a nmental_ da energ1a de deca1mento do pósitron. se as forc;as n-n e p-p sao iguais
diferenc;a na energia total entre os estados fundamentais de um par de núcleos espe- como fo1 suposto.
lhos (isóbaras com um excesso de neutrons de ± 1) <leve ser explicado somente pela A Eq. (17.4) pode ser escrita como
repulsao ·coulombia_na e pela diferenc;a de massa entre o neutron e o próton. Os
2
nú_cleos espelhos mais simples s§.o o H 3 e o He 3 • O primeiro contém I próton e 2
neutrons. ou duas ligas:óes n-p e urna ligac;ao n-n; o Heª contém 2 prótons e I
flE (cale) = -65 -eR (Z - 1) (n - H 1)
néutrón, pu duas 1igac;óes- n-p e urna ligac;ao p-p. As energias de ligac;§.o do Hª e (17.6)
He3 , calcúladas a partir dos dados da Tabela 11.1. sao ~ ,2(z - 1) 1
- 5 (l ,42)A11a10-13 - (n - H ).
B .E.(H 3) = 8,482 Mev; B.E.(He 3) = 7,711 Mev.
Quando os ~alares numéricos para e 2 e (n - H 1) sfi.o inseridos, e ílE é expresso em
A diferern;a nas energías de ligai;iio, 0,771 Mev. é pequena comparada com qual- Mev, o resultado é
quer energia de ligac;ao, de modo que a fon;a n-n no H 3 nao é muito diferente da
forc;a p-p no Heª. A pequena diferenc;a entre as energias de ligac;iio é atribuída a flE (cale) = -56
2
(4,80) X 10- 20
--,-,-'c-C'--c'~-=-='--- (ZA- l)
repulsa.o coulombiana entre dois prótons no He 3 , já que nao existe fo~a coulom- ( 1,42) 10- 1•< 1,60) 1o-• 113 - 0,78Mev,
biana no Hª. O efeito é na dire9§.o correta,já que o Heª é ligado mais fracamente do ou
que o Hª. Se considei-armos que o He 3 é urna esfera de raio·R;, sua energia cOú-
lombiana I será dada por . _ (Z - I)
!!.E (cale.) - 1,22 A 113 - 0,78 Mev. (17 .7)
. .. 6 2
Energia coulombiana do He:1 = -_ .!!.___
R = O,771 M ev. (] 7 .2) Os re~ultad~s dos cálculos esta.o dados na Tabela 17.1. juntamente comos valores
" ' e~p~nmentais de íl.E.; a concordáncia é boa e os resultados sao condizentes com a
h1potese de que as forc;as n-n e p-p sao iguais.
11'

,,,'1
Esta equac;ao pode ser resol vida para Rr. com o resultado Rr = 2.24 x 10- 13 cm. . . Apesar dos núcleos espelhos fornecerem evidéncias que apóiam a hipótese da 1:i:
que é um valor razoável para o "raio" de urn núcleo leve como o Heª. Portante. a s1_metna das forc;as nucleares em :elac;ao a carga. eles nao dizem nada sobre a rnag-
hipótese de que a. forc;a n-·n no H3 é igual a fon;a p-p no Heª é condizente com as nn.ude ~a ~orc;a n-p e~ comparac;ao com as forc;as n-n e p-p. Existern núcleos leves
informac;óes conhecidas sobre estes núcleos. ~u~os mve1s de energ1a fornecern tal informac;fio. Considere. por exemplo. os trCS
Os ernissores de pósitrons. z,\'·4 • com A = 2Z - l. para os quais os núcleos pai 1sobar?s Be 1°. B 1: e C 10 • que contero 4 prótons e 6 néutrons. 5 prótons e 5 néutrons.
e filho sao núcleos espelhos, fornecem mais evidéncias para a igualdade das forc;as e 6 protons e 4 neutrons. respectivamente. Por causa da igualdade das forc;as p-p e
10 10
n-n e p-p. Em cada par de núcleos espelhos. o pai tem um próton a mais que o n-n. o !3e e o ~ devem-se corresponder quase da mesma maneira que os núcleos
número de néutrons, e o filho tem um néutron a mais que o número de prótons. O e~pelhos; sua dtfer_enc;a da en~rgia do estado fundamental deve ser obtida a partir da
número de ligac;óes n-p é presumivelmente o mesmo no núcleo pai e filho. mas o dif~_re~c;a na energ1~ co~lombiana e.ª energia equivalente a diferenc;a de massa entre
núcleo pai deve ter mais urna ligac;ao p-p e menos urna ligac;fio n-n do que o filho. Se ~ois neutrons e do1s protons. As d1ferenc;as de energia observadas e calculadas de
as forc;as n-n e p-p sao iguais. deve ser possível calcular a 9ifcrenc;a na energia do fato concordam. como se mostrou por um cálculo similar ilquele feito para os nú-
estado fundamental (massa atómica ou nuclear) a partir da simples fórmula cleos espelhos. 5 Este tipo de argumento pode ser estendido ao BJO. mas somente se
425
FORGAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR

424 FÍSICA NUCLEAR - . mento aneular de spin. S:· Analogan:cn_tc.

Tabe/a 17.1 Diferenra de energia entre núcleos espelhos


\'a\or diferente da componente - do mo d
cx·istem 2T + l estados nucleares indepen :~m
t a;sociados com o número quanuco
Jn
valor diferente da quantidade T{-
de spin isobárico T. cada estado perten_~end oT ode ser chamada de .. componente
Diferenra de energia onde T, = T. T - 1..... -T. A quantl a el ~ P om S que é dado para um átomo
Carga do Raí:. cúbica ·( ,. Por ana ogia e ··
ele T na direc;ao de carga_ pos1 i~ad: .d . T é dado p~ra um núcleo por
Núcleo- Núcleo- núcleo- do número !lE (cale.). !lE (exp.¡. pela soma dos S z dos eletrons m 1v1 uais. ~
pai fi/110 pai, Z de massa Mev Me 1,1a. N

C" B" 6 2.22 1,95 1,98


N" C" 7 2,35 2,33 2,22
2,68 2.76 , ¡ tem N néutrons e Z
º"
fli
N"
on
8
9
2.47
2.57 3.02 2.77 onde a soma é sobre todos os núcleons. Portanto. se o nuc eo
Neis F" 10 2.67 3,33 3,26
Na21 Ne21
prótons,
11 2.76 3.64 3,52 (17.8)
Mg2a Na23
Mg2s
12 2.84 3,94 4.06 Tr = ½(N - Z),
.Alu. 13 2.92 4,24 4,26
8 ¡21 Al21 14 3.00 4.51 4,78 e néutrons do núcleo. Os vaim:es d~ _T, associa-
P'" Si29 15 3,07 4,77 4,98 ou justamente metade do excesso d d d diversos núcleos isobancos. todos
S" P" 16 3, 14 5,05 5,41 dos com um T particular descrevem esta ~s ~as variáveis de espac;:o e spin usual
c1~ s~ 17 3,21 5,30 5,53 estes estados dependendo da _mesma e:!:~r\ra néutronS e prótons, estes estados
A" cps 18 3,27 5,57 5,95
Caª9 K" 20 3,39 6,07 6,45 dos núcleons. Se as for98:s sao ª,s m ener ~a coulombiana e a diferenc;:a de massa
Sc41 Ca4t 21 3,45 6,29 5,96 devem ter a mesma energta (afora sua g u11·1pleto T Dais estados de uro
. les formam um m · -
néutron-próton) e d iz-se que e f d os néutrons num <lestes estados sao
multipleto T diferem semente pelo ato e que ,
a forc;a n-p é igual as for9as n-n e p-p, já que o número de liga96es n-p no B 10 <leve
diferir do número de liga96es n-p no Be 10 e C 10 • O tratarnento teórico é mais com- 1/, 1/,
i
plicado cto>que aquele para núcleos espelhos e nao será dado aqui. Ocorre que um 184
"/ /.
"/
certo estado excitadci do B 1 º deve apresentar urna rela9ao próxima com o estado
fundamental do Be 10 e C!-º_: existem evid€:ncias razoavelmente boas de que este es-
1 17246
17 83
/, ~ 18665 1/,

u +t 1/, Be +t7
tado excitado existe. Um"r"esultado análogo é obtido para a tríade C 14 -N 14 -0 14 • 1/, 14 87
estes resultados fornecendo evidencias para a independencia das for9as nucleares
em relai;ao a carga, isto é, que p-p = n-n = n-p. Apesar das evidéncias a partir dos /. /."/ Be7 +He3

níveis de energia nao serem tao claras como aquelas para a igualdade das for¡;as p-p /.1/, 1/, /.1/,
e n-n. um estudo mais detalhado6 dos níveis de energia conhecidos dos isóbaros 1/,
leves indicam que a suposi9:io da independéncia das for9as especificamente nuclea-
res em rela9:io a carga é urna boa aproxima980 ao verdadeiro estado de coisas
1/,
/. 1/,
1/, 1/,
dentro do núcleo.
A hipótese da independéncia das for9as nucleares em rela980 8. carga tem-se ~
mostrado crescentemente produtiva: ela conduziu, por exemplo, a introdu9ao de 9,27 , /// / "/
um novo número qu§.ntico T, o número qu§.ntico de spin isotópico ou isobárico, que n 7, / tT•l
ajudou na compreensao dos níveis de energía nucleares e rea9óes nucleares. 2• 4 • 8 7A39 7 3 7 ~
He6+a:
:::: ===== -ª~ª-89__ /¿+:;: 1 39
/,
De fato. se as for9as nucleares sao independentes da carga, quer dizer, se as forc;as n -i?~--=n+ +n
entre os núcleons sao as mesmas para néutrons e prótons, podemos olhar um nú- j r --~=- 748:====1-, ,T=I
cleon como urna única entidade tendo dois estados - o próton e o néutron. A carga .;.----- 5
de um núcleon pode en tao ser tratada como urna variável, podendo introduzir urna Be+P55e 592 Td
nova variável para os núcleons, o spin isotópico ou isobárico r. O adjetivo isotópico 7 ------
ou isobárico vem do fato de que a variável refere-se a prótons e néutrons, o termo
•'isobárico" senda preferíveJ. urna vez que o próton e néutron sao isóbaros, e nao
isótopos: o termo ",_spin i" freqüentemente é usado por conveniéncia. A nova va-
riável tem um papel similar ilquele da variável cr do spin do elétron, que é a raza.o
para o uso do nome "spin". A variável 7" spin isobárico distingue entre prótons e
néutrons. exatamente como a variável cr do spin do elétron é usada para distinguir
elétrons com spins paralelos a um dado eixo. dos elétrons com spins na dire9ao _L
aposta. Assim. pode-se dar a To valor de +~ para um néutron e-½ para um próton. l Mev
a carga de um núcleon podendo ser expressa por(! - 7"). O número qu&ntico T tem
a mesma relac;ao com a variável T do spin isobárico. do que o número quitntico S
--r • - 10 Bio cw .;,;
Fig. 17,1 Niveis de energia dos isobaros Be . e
com a variável cr do spin do elétron. No caso atómico existem 2S + I estados
independentes pertencentes ao mesmo número qu§.ntico S. cada estado tendo um \
FORCAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 427
426 FÍSICA NUCLEAR
uniforme de carga parece se~ urna simplificac;5.o exagerada.
substituídos por alguns dos prótons no outro estado. ou vice-versa: e o momento A extensíio dos recentes trabalhos neste campo e o alcance dos resultados
angular total é o mesmo para todos os estados de um rnultipleto T, assim como a esta.o indicados pelo material das referéncias 15 e 75.
paridade.
Um ex_emplo da aplica<;iio dos conceitos da independencia em rela<;§.o a cargaS 17 .5 A intera~iio entre dois núcleons. Mostrou-se em se,;;:óes anteriores <leste
e do conce1to de spin isobárico aos níveis de energia de núcleos Ieves 7 está mos- capítulo- como podem ser obtidas informac;óes qualitativas _sobre fo~as _nucleares a
trado na Figura 17.1. Os diagramas de níveis dos nuclídeos Be 10 • B 1º e c10 esta.o partir das propriedades de núcleos complexos. Informa,;;:oes q~~nutattvas Apodero
agrupados num conjunto isobárico. a fim de mostrar a correspondencia dos níveis ser mais bem obtidas a partir da investigac;ao experimental e teonca de fenomenos
consistindo em multipletos de spin isobárico. As posi¡;óes relativas dos estados envolvendo somentei dais núcleons. os problemas de dois núcleons senda. portanto,
funda_me~tais em cada conjunto foram ajustadas até o ponto em que as diferen<;as os problemas básicos da física nuclear. Estes problemas !nclue~ o espalhamento de
de pnmeira ordem na energia coulombiana e as diferem;as de massa n-H fossem prótons por prótons - que fornece informac;Oes sobre a mten?1dade e o al~ance das
removidas. Os níveis para os quais a correspondencia parece bem estabelecida for¡;as p-p. o espalhamento de néutrons por prótons. as propriedades do_ deuteron e
esta.o ligados por Jinhas pontilhadas. __ a captura de néutrons por prótons, todas as quais fornecem inforrnac;oes sobre a
O conceito do multipleto T tem sido aplicado ao decaimento [3. ao decaimento intensidade e alcance da forc;a n-p. A forc;a entre dois néutrons nao pode ser estu-
Y e a reac;?es nucleares. Há regras de selec;ao envolvendo a mudanc;a permitida em dada diretamente. urna vez que nao existe nenhum núcleo estável ~ue consista ~a-
T no deca1mento /3. no decaimento y e em reac;óes nucleares. e existem evidencias mente em néutrons. e que experiéncias sobre o espalhamento de neutrons por neu-
crescentes de que o spin isobárico total conserva-se em reac;óes nucleares 8 de urna trons sao impraticáveis. As propriedades de núcleos complexos sao a única fonte de
a
maneira análoga conservac;ao do momento angular nuclear total. O sucesso destas informac;óes sobre a forc;a n-n. .
a
aplicac;Oes fornece apoio adicional hipótese da independencia das forc;as nucleares A análise dos resultados experimentais e a teoria sao ambas complicadas. en-
em relac;ao a carga. volvendo a teoria da rnec.lnica quélntica sobre processos de colisao e sobre o déute-
ron. Estes problemas estilo tratados em algu~s dos livros listados no fina_! do capí-
17.4 O raio nuclear. O tratamento da energia coulombiana na última sec;ao é tulo e em artigas de revisño 1i;. 17 • 18 nao senda discutidos em d~talhes aqu1.- E!11 vez
aproximado. baseado em idéias elementares sobre o tamanho e a forma do núcleo disso, as idéias básicas das experiéncias e teoria serao des~ntas. sendo indicados
atómico. Estas idéias tiveram que ser modificadas, devido tanto a trabalhos teóricos alguns dos resultados. Comec;aremos com o problema do dé~t~ron.
corno exp~rimentais, 9 • 10 apesar das conclusóes relacionadas com a independencia O sucesso da aplicac;ao da mecélnica quiintica a radioat1v1dade a mostrou qu_e
das_ forc;as 'nucleares em relac;ao a carga nao serem afetadas. Supós-se na última os problemas nucleares assim como os problemas atómi~os pod:m ser co":~reend1-
sec;a_o que a carga nuclear está espalhada uniformemente sobre urna esfera de raio dos ern termos da mecánica ondulatória. Entretanto. ha urna d1ferenc;a sena entre
R. cóm R obtido a paitír__ 9e experiéncias em reac;óes nucleares: certos efeitos da problemas atómicos e problemas nucleares; no primeiro sabe-se que_ a fon;a en~r~ o
rneccinic_a quftntica também foram desprezados. Foram feítos cálculos mais precisos núcleo carregado positivamente e um elétron deriva de um poten_c1al eletrostat1co
n~s qua1s os dados experimentais sobre núcleos espelhos foram usados para deter- coulombiano; no último. os detalhes da lei de forc;a sao desconhec1dos. No caso ~o
mmar o raio nuclear. ll O raio ainda pode ser expresso pela relac;ao déuteron - o núcleo mais simples com mais de um núcleon - . certos fatos sao
conhecidos havendo necessidade de buscar urna lei de forc;a. ou potencial entre o
(] 7 .9) próton e né~tron, que explicará os fatos. A base experimental ~ais i~portante ~ara
a teoria do déuteron é sua energia de ligac;ao. 2,23 Mev; além d1sso. sao conhec1dos
mas com Ro = (l ,28 ± 0,05) x 10- 13 cm. Estes resultados concordam bem com 0 spin, o momento magnético e o momento de quadrupolo. A equac;ao de Schroe-
aq_ueles sobre cálculos precisos sobre as energias coulombianas nucleares.1 2 Os dinger para o déuteron é
ra1os nucl~ares tam_bém foram determinados experimentalmente com métodos que
forne~em mformac;~e~ sobre a distribuic;ao de carga elétrica. Por exemplo, os elé-
trons mteragem mmto pouco com os núcleos através de forc;aS especificamente nu-
cleares. senda afetados somente pela distribuic;ao de carga elétrica do núcleo. Con-
v2,t, + !': [E - V],t, = O, (17.10)

seqüenteme_nte, experiéncias sobre o espalhamento de elétrons rápidos por núcleos onde V2 é o Iaplaciano. um operador diferencial de segunda ordem que é, em coor-
podem ser mterpretadas 13 para dar o raio da esfera de carga elétrica equivall!flie. denadas cartesianas retangulares.
com o resultado
2 2 2
0 0 0
R = (1,2 ± 0,1) x 10- 13 A 113 cm. -+-+-·
ax2 éJy2 é)z2 1

R~sultados similares foram obtidos 14 a partir de experiéncias sobre a intera,;;:ao entre 111 é a massa reduzida .
nucleos e mésons µ· (veja Sec;ao 2 ¡ .4). .i
Os valores para os raios nucleares obtidos por meio <lestes métodos sao um (do próton ou néutron). (17.11)
tanto menores que aqueles obtidos a partir de experiéncias envolvendo fori;:as nu-
cleares - por exemplo. a partir de se,;;:óes de choque para o espalhamento de néu-
trons ou prótons, ou a partir de radioatividade a. Os métodos anteriores fornecem A qu;ntidade E é conhecida: para o estado fundamental do déuteron. ela ~ negativa
inform_a~óes so_br~ o tamanho e a forma da distribui,;;:ao de carga. enquanto que e numericamente igual a energia de ligac;ao. Nao se conhece o p~tencial :' e o
estes u_Jtm_10s_d~o mformac;óes sobre a distribuic;flo de energia potencial nuclear. As proccdimento usado é comec;ar com a suposic;üo de urna fun¡;ao razoavel e
duas d1stnbu1c;oes nao sao necessariamente as mesmas. niio devendo ser confundi- modificá-la ú medida que seja necessário. mantendo-a t5o simples quanto os fatos
das cm trabalhos precisos. Em particular. a suposic;ao de urna distribui,;;:5.o esférica
tl~IL,A NUL,LtAH

FORCAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 429


cxperiment?is permitam. ~ sup~sic;fio mais simples que pode ser feita sobre a fon;a
entre um neutron e um proton e a de que se trata de urna forc;a central. agindo ao curto O < r < b. e que seja ·zero para r > b. Este tipo de potencial foi usado na
longo de urna linha unindo as duas partículas. e que ela pode ser deduzida de um teoria do decaimento a (Ser;ao 13.6) para descrever a interar;ao entre a partícula a e
~otenci~l V(rJ, onde r é a distancia entre as partículas. Como a forc;a é atrativa, V(r) o núcleo residual. com a diferem;a de que lá se usou um potencial repulsivo (posi-
e negativo e decresce com r d~crescente. En!lio. a func;ao de onda é urna func;ao tivo}. A energia de ligar;fi.o sozinha nao permite a determinai;;ao tanto da magnitude
somente de r, podendo ser escnta como iJ.,(r). E conveniente usar coordenadas esfé- como do alcance. mas dá somente urna relac;fio entre estas duas quantidades. O
ricas na equac;ao de Schroedinger. O estado quantico mais baixo, mais estável, é resultado da análise pode ser escrito como
aquele para o qual o momento angular l = O (o estado S). Entao existe urna simetria
esférica e termos que envolvem ;lngulos polares e azimutais caem fora. de modo
que a equac;iio de Schroedinger para o cteuteron torna-se b'V 0 = 1,48 x 10- 24 Mev · cm'. (17.15)
1
Se o alcance b é suposto como senda 2 x 10- 13 cm. um valor razoável para o
d ,f;(r) -'- ~ d,f;(r)
2

· dr 2 ' r dr
+ 2m
fi2
[E _ V( )]·'·( )
r ~ r -
O
· (17 .12) deúteron. entiio V o seria 37 Mev. As outras funr;óes do potehcial de curto alcance
da.o quase os mesmos resultados que o potencial retahgular. ·
A solw;fio exata do problema do déuteron é complicada por diversos fatores. O
A Eq. (17.12) pode ser simplificada fazendo a substit;;-i,ao potencial n-p nao depende somente de r, porque se sabe que o deuteron tem um
momento de quadrupolo (veja Sec;iio 8.5) e portanto nao é esfericamente simétrico.
,f;(r) = u(r), (17.13)
O potencial depende também da orientar;ao relativa dos spins do néutfon e do pró-
r ton. De fato. urna análise detalhada do estado fundamental do déuteron mostra que
um neutron e um próton podem formar um déuteron estável semente se seus spins
com o resultado
sao paralelos. Este estado estável é conhecido como o estado tripleto. em contraste
com o estado singleto instável no qual os spins sao antiparalelos. Para explicar a
d 2u(r) M
---¡¡¡:, + ¡¡ 2 [E - V(r)]u(r) = O. (17 .14)
forma (momento de quadrupolo) do déuteron, é necessário postular que o potencial
n-p depende do angulo entre os spins e a linha de conexa.o das duas partículas.
Conseqüentemente, a forc;a n-p nao é central ou. mais precisamente, nao é comple-
Podem-se usar vários potenciais sujeitos, é claro, a condic;ao de que a forc;a tenha tamente central. Finalmente, a análise do déuteron sozinho '118.o fornece todas as
curto alcanc_~• Os potenciais que tem sido usados mais freqüentemente sao: informac;óes desejadas sobre a forc;a n-p, apesar de .fornecer chaves úteis para a
solu,ao do problema.
(a) poc;o ~~_tangular: V(r) = -Vo (r < b) Informac;óes mais detalhadas sobre a forc;a n-p sao obtidas a partir da análise
·- do espalhamento de néutrons por prótons. Em algumas experiencias de espalha-
- o (r > b); mento típicas, 19 • 20• 21 bombardeou-se cicloexano, C 6 H 12 , com neutrons de energia
(b) exponencial: V(r) -Voe-"r; conhecida, a transmissiio tendo sido medida numa experiencia de "geometria boa".
A transmissao de néutrons é dada por
(c) gaussiano: V(r) - - V oe -1'2T2 ;
(d) Yukawa: V(r) - - Vo(e-"/µr),
O majs simples des tes é o poc;o retangular mostrado ha Figura 17 .2; supóe-se que a onde cr, é a sec;ao de choque total em cm2 • n é o número de núcleos espalhadores 1

por centímetro cúbico ex é a espessura do espalhador em ~m. O cicloexano contém


magmtude do potencial seja significativamente grande semente dentro do alcance
carbono sornado a hidrogénio, o efeito do carbono tendo sido determinado 'I
fazendo-se medidas de tra_t1smissao separadas num alvo de carbono. Entao a sec;iio
b , __ 'il'
de choque total por átomo de hidrogenio é
o r-----------------------
' (17.16)
'
1
1
As sei;óes de choque para absorc;iio do hidrogenio e carbono sao desprezíveis em
compara<;iio com as respectivas sec;óes de choque ·para espalhamento de neutrons
na faixa de energías estudada (0,35 a 6,0 Mev). de modo que a se,ao de choque
total pode ser considerada como igual a sec;ao de choque para espalhamento.
As se¡;óes de choque medidas podem ser analisadas por métodos que condu-
zem de urna maneira nao muito direta a informac;óes sobre as propriedades do po-
tencial n-p. As dificuldades mencionadas em rela<;iio ao problema do déuteron tam-
bém sao encontradas no problema de espalhamento. Em energías do néutron meno- 1

res que_ 10 Mev. que sao relativamente baixas para experiencias de espalharnento ,,1

<leste tipo. o alcance do potencial n-p parece ser perto de 2 x 10- 13 cm para o
Fig. 17.2 Potencial atrativo entre um néutron e um próton em furn;i'io. da distancia entre as potencial tripleto. Para um potencial retangular. a profundidade correspondente é
duas partículas. As linhas pontilhadas representam o poco de potencial retangular. 35 Mev. Os resultados para o potencial singleto sao 2,8 x 10- 13 cm para o alcance.
e 11.8 Mev para a profundidade. Entretanto. descobriu-se que para energias do
FORCAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 431

FÍSICA NUCLEAR
430 sobre a forc;a nuclear p-p.
" . detalhes da forma do potencial nao podiam ,ser Os resultados das experiéncias de espalhamento podem ser analisados por mé-
neutron meno:es que 1O. _!vfe~. os alhamento nCutron-próton. apesar dos met~- todos similares élqueles usados· para o espalhamento n-p. sao introduzidas
obtidos a partir_d_e ~xpenenc1~s de esp s resultados das experiencias hoje sao anali- complicac;óes adicionais na teoria pela forc;a de repulsa.o coulombiana entre os pró-
dos analíticos .ct1f1ce1s e comp_llca~o~a~a de teoria do alcance efetivo, que fornece . tons e pelo fato de que as partículas que bombardeiam e as partículas alvejadas sao
sados por ~e10 de urna teon~ e ~. ·e efetiro e de distáncia de espalhamento. do mesmo tipo. Quando os dados experimentais sao analisados em termos do al-
duas quanti?ades chamadas e a cm;~ctades médias do potencial e determinam a cance e profundidade do potencial que se encaixam com os valores medidos das
Estas quant1dades representam prop~ 1 , t;- relacionadas tanto com o alcance sec;óes de choque. os resultados concordam razoavelmente bem _com aqueles obti-
se~ao de cho.que p~ra espalhament?¡ e as ~s '~~actas porque tornam a análise dos dos para o espalhamento n-p. Deste modo, um potencial retangular com um alcance
como com ~ magn_1tude. do, p_otencia . s~;ul~r etas permitem que sejam feitos cál- de 2,8 x 10- 13 cm teria urna profundidade de 11,35 Mev em comparac;fio com a
dados expenmentais ma1s. f~c1l. Ei:n pa;~~is sobre a natureza dos potenciais nuclea- profu'ndidade de um singleto n-p de 1I.8 Mev para o mesmo alcance. Se fossem
culos com base em ~upos1c;o~es mu¡llo g d'f rentes nos casos de tripleto e singleto. usadas outras formas .do poc;o de potencial, obter-se-ia urna concordancia igual- ',

res As duas quanudades tem va ores t e - mente boa entre as intensidades dos potenciais necessários para as forc;as n-p e p-p. ''
Re~ultados recentes para o alcance efetivo para as f~c;as n-p sao Estes resultados, juntamente com aqueles da Sec;iio 17.3 sobre a igualdade das for-
13 c;as n-n e p-p (afora o efeito Coulomb), fornecem pravas experimentais sobre a
alcance efetivo de tripleto = (1,70 ± 0,03) X 10- cm, a
validade da hipótese da independéncia das forc;as nucleares em relac;ao carga.
(17.17)
Exatamente como no espalhamento n-p, os resultados de espalhamentos p-p
alcance efetivo de singleto = (2,4 ± 0,4) X 10-13 cm. abaixo de 10 Mev nao diio os detalhes da forma do potencial. A teoria do alcance
d b, odem ser obtidos a partir de outras efetivo também foi aplicada ao espalhamento p-p e dá os resultados
Valores para estas quantida es tam e?1 P . leto baseada em medidas da
medidas. Urna estimativa do alcance e~et1~0 ~:u~~~on22. 23 da.o um resultado que alcance p-p efetivo = (2,65 ± 0,07) X 10- 13 cm,
se¡feo de choque para a lfot~d7e;i~te1i!i~ª~m.ºA sec;ao de choque para a captura.de (17.19)
concorda bern com o va or • al de 2 5 x 10-13 cm para O alcance distancia de espalhamento p-p = (-7,67 ± 0,5) x 10- 13 cm.
néutrons térmicos por prótons2-i conduz ao v or .
efetivo de singleto. - O valor para o alcance efetivo concorda, dentro dos limites estabelecidos de erro,
Valor~s recentes para distáncias de espalhamento sao como valor para o .alcance efe1ivo de um singleto n-p [Eq. (17.17)]. As distancias
de espalhament0 sao bem diferentes nos dois casos, um resultado que parece impli-
distancia ·de espalhamento de tripleto = 5,38 X 10-13 cm,
(17.18) car que as profundidades dos potenciais sao significativamente diferentes nos dais
casos. Mostrou-se, entretanto, que existem interac;óes magnéticas entre as partícu-
las e que, quando estas sao levadas em conta, as distáncias de espalhamento p-p e
de singleto n-p concordam.
Os resultados para os trabalhos de espalhamento podem se.r resumidos entao
pela afirma9ii.o de que em energías relativamente baixas (menos de 10 Mev) os
potenciais nucleares para a interac;ao de sing]eto n-p e a interac;ao p-p sao identicos,
em concordáncia com a hipótese da independéncia das for-;as nucleares em rela9ao
a carga. \
\ ... -·······--··
17.6 ·o estado do problema das for!;aS nucleares. As informa96es coletadas na
última se-;3.o sobre a interac;ao entre duas partículas nucleares de baixa energia
podem ser resumidas como segue: existe urna forc;a entre partículas nucleares que é
atrativa (exceto pela repulsa.o eletrostática entre dais prótons) e que tem um alcance
de cerca de 2 x 10- 13 cm. A for-;a depende do spin, senda diferente nos casos de
spin paralelo (tripleto) e spin antiparalelo (singleto). Eia nao é completamente cen-
tral, mas depende em alguma medida do 8.ngulo entre o eixo dos spins e a linha
entre as duas partículas. A for9a nuclear nao parece depender do tipo de núcleon; a
mesma for9a pode ser suposta entre qualquer par de núcleons. dais prótons. dais
néutrons ou um neutron e um próton, sem entrar em conflito com quaJquer resul-
tado de baixa energia. Em outras palavras. as forc;as nucleares parecem ser inde-
pendentes em relac;ao as cargas em energías baixas.
Infelizmente, as informac;óes listadas acima sao incompletas e conduzem a sé-
rios problemas. alguns dos quais ainda nao foram resolvidos. Um <lestes problemas
tem ligac;ao com a saturac;ao das forc;as nucleares. O estudo de núcleos complexos
mostrou que a energía de ligac;ao por núcleon é aproximadamente constante.
tendo-se deduzido a partir <leste fato (Sec;ao 17.l) que as forc;as nucleares devem ter
a propriedade de saturac;iio. Descobriu-se também que o raio nuclear é proporcional
432 FISICA NUCLEAR FORCAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 433
a raiz cúbica da massa nuclear. ou seja. que o volume nuclear é proporcional ao partícula na radiai;ao cósmica estimulou urna grande monta de pesquisa experimen-
número de partículas no núcleo. um resultado que também implica na saturac;§.o das tal e teórica nos campos da teoria nuclear. raios cósmicos e física de partículas de
foq;as nucleares. Entretanto. acorre que. se as for9_as nucleares süo ~on;as atr~ti- a~ta 'energia. Foram descobertos diferentes mésons com cargas e rnassas de repouso
vas. de curto alcance. elas nao podem ter a propnedade de saturac;ao requerida, diferentes. tendo sido feitas muitas tentativas para encaixá-los num esquema consis-
pelas energias de ligac;ao e raios nucleares. Um estudo da energia cinética e poten- tente de for,;as nucleares. Entretanto, estas tentativas ainda nao tiveram sucesso
cial do núcleo como func;ao do raio mostrou 2'• que sob a ac;iio de forc;as puramente em reproduzir quantitativamente as propriedades conhecidas das for,;as nucleares.
atrativas o núcleo seria estável semente se seu raio fosse metade do alcance das Outro problema sério está ligado com as propriedades das for,;as nucleares
forc;as nucleares. Entao. cada núcleon interagiria com todos os outros núcleons e a deduzidas a partir qe experiencias de espalhamento de núcleons em energias altas.
energia de ligac;lio seria proporcional a A 2 • em contradic;ao com o fato observado de Enfatizou-se que a 1hipótese da independencia das for,;as nucleares em relai;ao a
que a energia de liga,;ao é proporcional a A. Os raios nucleares seriarn menores do ca~ga parece ser válida em energias baixas. Também se mencionou que os dados de
que os valores obtidos a partir da experiencia. ba1xa energía nao ctao informa,;óes definidas sobre as propriedades detalhadas dos
A dificuldade foi parcialmente resolvida supondo-se que a for,;a ou parte da P_~te~ciais n-p e p-p. Com base na teoria, esperava-se que os resultados de expe-
for,;a entre dois núcleons as vezes é atrativa. as \rezes repulsiva. dep.end:ndo do nencias de espalhamento em energías altas dessem resultados que fossem muito
estado dos dais núcleons urn em rela,;áo ao outro. Urna for,;a <leste tipo e de um sensíveis aos detalhes da intera,;ao, sua dependencia em rela9áo a distáncia entre as
tipo mais geral do que aquelas usadas na fís.ica atómica comum. e. t~rnou-se ~eces- partículas e ii.s suas propriedades de traca. O desenvolvirnento de aceleradores de
sário ampliar os conceitos de energia potencial e for,;a. a fim de aphca-los ao nucleo. partículas de alta energia tornou possível estender o alcance de energia dos espa-
Urna chave para o tipo de generaliza,;ao necessária foi fornecida pelo tratame_nto do lhamentos neutron-próton e próton-próton a energias de até 400 Mev.
íon molecular Hi.;. que consiste em dois prótons e um elétron. Para explicar as
¡:
Surgiram diversas dificuldades como resultado dos trabalhos em espalhamento 1
propriedades do Hi.;. era necessária urna for,;a que fosse urna mistura de termos de alta energía, e os dados disponíveis atualmente levarn a confusa.o ern vez de
ordinários e de cdmbio. Os termos de cambio surgiram da possibilidade de o elétron clarificar. O espalhamento próton-próton em energías altas apresenta algumas ca-
trocar de posi,;·ao entre os prótons. Supós-se que o elétron podia pular de um próton racterísticas que sao um pouco diferentes das do espalhamento neutron-próton. Por
a outro. e que o íon H1: podia ser visto como consistindo em um átomo de hidroge- exemplo, a se,;áo de choque para o espalhamento p-p em energías maiores que 100
nio e um próton, que podiam trocar suas posi,;óes. A possibilidade desta traca Mev é quase independente do angulo de espalhamento, ern: forte contraste com o
introduziu novas termos nas expressóes matemáticas para o potencial e para a espalhamento n-p. Apesar de se esperar algumas diferen9as entre o espalhamento
a
for,;a, e nova con~ribui,;ao para a for,;a ficou senda conheci~a como umaf_Orra de p-p e n-p, mesmo se a lei da for,;a nuclear é a mesma as diferen,;as observadas sao
cd_mbio. For,;as de cámbio tern a propriedade de serem atrat1vas ou repulsivas de- tais que nao podem ser explicadas em termos da teoría e das for<;as que explicarn os
peílde_ndo dos estados ,-d_as partículas envolvidas e_ postulou-se q~e e_xiste~ for!~s resultados de baixa energia. As' for9as independentes em rela,;ao a carga que expli-
deste tipo_ entre núcleoris-: Apesar de náo haver amda urna exphca<;ao sat1sfatona cam os resultados de baixa energía parecem falhar quando aplicadas aos dados de
para a existencia de for,;as de cárnbio nucleares. estas for,;as podem s~r tratad~s espalhamento de alta energia. Este dilema ainda nao foi resolvido; ele está rece-
matematicarnente e conduzem as propriedades de satura,;áo carretas. A mtrodm;ao bendo urna grande aten,;3.o e ainda pode ser possível encontrar urna leí de fori;a
de for<;as de cámbio nao afeta a intera,;ao de baixa energía entre dois núcleons. nuclear que explique ambos os tipos de espalhamento.
removendo a contradi,;ño com a condi,;ao de satura,;ao que provém da suposi,;ao de ".'-ssim,_ ape~ar da, existen~ia de urna grande quantidade ~e material experimen-
for,;as nucleares puramente atrativas. tal, amda nao fo1 poss1vel analtsar as for,;as que mantero neutrons e prótons juntos.
Apesar das for,;as de cámbio nao poderern ser descritas acuradamente em ter- Apesar de terem sido feítos progressos consideráveis nos anos recentes o conhe-
mos de idéias elementares, pode-se dar urna imagem simples. se nao inteiramente cim~nto da natureza das for,;as nucleares: ainda está num estágio inici~I. se nao
a
carreta, de como elas conduzem satura,;ao. lmediatamente após a descoberta do rudtmentar. Portante, nao é possível desenvolver urna teoría da estrutura nuclear
neutron (1932), Heisenberg sugeriu que, quando um neutron interage com urn pró- com base no conhecimento atual das f9r~as nucleares.
ton, a única carga elétrica pula de um núcleon a outro de modo que, no primeiro
desses pulas, o próton original muda num neutron e o neutron num próton. Desta 17.7 Modelos nucleares. O modelo de camadas ou das partículas independen-
maneira. um neutron pode interagir somente com um próton de cada vez e a for,;a tes. Na ausencia de urna teoria detalhada da estrutura nuclear, tem sido feitas
n-p tem a propriedade de satura,;8.o. Depois que Fermi propós sua teoria do de- tentativas de correlacionar os dados nucleares em termos de vários modelos.
caimento {3, tais idéiaS foram estendidas. De ·acordo com esta teoría. um neutron Propuseram-se diversos modelos, cada urn baseado num conjunto de hipóteses
pode-se transformar num próton emitindo um elétron e um neutrino, e um próton simplificadoras e úteis de urna maneira limitada. Cada modelo serve para correla-
pode-se transformar num neutron emitindo um pósitron e um neutrino. Heisenberg cionar urna por,;ao do nosso conhecimento experimental sobre núcleos, usualmente
sugeriu que as for,;as nucleares sao fon;as de cambio nas quais os elétrons (ou dentro de urna faixa mais ou menos estreita de fenómenos, mas falha quando apli-
pósitrons) e neu~rinos sao.trocados entre dais núcleons. A intensidade destas for,;~s cada a dados fara desta faixa.
nucleares podia entao ser calculada a partir da probabilidade observada do deca1- , . Os modelos de camadas nucleares é um dos modelos mais importantes e mais
mento /3. Infelizmente. quando estes cálculos foram feitos. as for,;as nucleares que ute1s da estrutura nuclear. Sua concep,;áo e nome vieram a partir dos resultados de
deviam resultar d€! urna traca elétron-neutrino seriam menores por um fator de 10- 14 correla,;óes e~píricas ~e certos dados nucleares. Nos últimos anos. tornou-se apa- 1

do que aquelas requeridas por um potencial retangular com um alcance da ordem de rente que mmtas propnedades nucleares variam periodicamente de um modo simi- 1

10- 13 cm. Apesar da teoria ser bonita. ela nao funcionava. lar ao do siste.ma_ periódico dos elementos. A maior Parte destas propriedades apre-
Depois do fracasso dessa teoria. Yukawa (1935) previu a existencia de urna senta descontmmdades mareantes perta de certos valores pares do número de pró-
1

partícula. hoje chamada de_mC'son. tendo urna massa de repouso entre as massas do tons ou neutrons. Os fatos experimentais indicam que resultam núcleos especial-
elétron e do núcleon. Ele propós urna teoria d'as forc;as nucleares que envolve estes mente está veis quando ou o número de prótons Z ou o número de néutrons N = A
mésons e é chamada de teoria me sónica das forras nucleares. A descoberta de tal -. Z é igual a um dos núrneros 26 • 27 • 28 2. 8. 20. 50. 82. 126. Estes números sao

l i1
FORl,AS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 435
434 FÍSICA NUCLEAR

geralmente chamados de números mágicos. Apesar <leste nome nüo ser estrita-
mente científico. ele serve ao propósito de identificar os números de maneira sim-
ples e conveniente. Os números mágicos de n€:utrons e prótons foram interpretados
como formando camadas fechadas de néutrons e prótons por analogia com o preen-
chímento das camadas eletrónicas nos átomos. as camadas de néutrons e prótons e

parecendo ser independentes urna da outra. Mostrou-se que a existencia de cama-


das fechadas de prótons e neutrons correspondendo aos números mágicos pode ser
descrita teoricamente em termos de um determinado modelo nuclear. O restante
desta se98.o será devotado a um resumo de algumas das evidencias que conduziram
®-
' -
ao modelo de camadas nucleares. bem como a urna breve discussao das idéias en-
volvidas na teoria.
Urna das provas mais importantes da exist€:ncia--de números mágicos vem do
- e
¡¡:

estucio dos nuclídeos estáveis. Os núcleos para os quais Z e N sao 2 ou 8. He.¡ e


0 16 • respectivamente. sao mais estáveis que seus vizinhos. como pode ser visto a
-
partir das energias de Iiga9ao (Tabela 9.3). Obtiveram-se provas para alguns dos
outros números mágicos a partir de estudos muito cuidadosos 29 • 30 dos detalhes da
curva de energia de Iiga¡;ao na regia.o de núcleos intermediários e pesados. Quando
---
se coloca a energia de Iiga¡;fto média por núcleon (obtida a partir de medidas espec-
trográficas de massa e dados de desintegra¡;ao nuclear) num gráfico, contra o nú-
mero de massa, a curva realmente nao é suave como na Figura 9.11, mas tem vários --
--
saltos. Estes saltos ou quebras correspondem a acréscimos repentinos no valor da
energia de liga¡;fto por núcleon. Descobriu-se que eles ocorrem no Pb268 (Z = 82. N
= 126). Ce'" (Z = 58, N = 82). Sn"° (Z = 50, N = 70) e Sr'" (Z = 38, N = 50). Em
outros estudos, 31 • 32 foram determinadas as massas nas vizinhan¡;as de Z = 20 e 28.
-e N = 20 e 28, tendo' sido descobertos máximos nestes -valores para a energía de
®-
liga¡;3o por núcleon. Como em outras propriedades. as provas para estabilidade
maior dos nl!cleos com N Íiu-z igual a 28 sao menos mareantes que aquelas para os -
números mágicos. Juntamente com os números 14 e 40, o 28 as vezes é chamado de
número semimágico.
A estabilidade está usualmente relacionada nao somente com urna energía de --
liga¡;ao alta. mas também com urna grande abundancia natural; em todos os casos
onde as energías de liga¡;ao sao conhecidas. descobre-se urna correla¡;ao definida
entre energías de liga¡;ao e abundancias. U ma tabela das abundancias relativas de
-
núcleos compilada a partir de dados sobre a composi9ao da terra, sol, estrelas e
meteoritos foi publicada por Brown ;33 descobriram-se picos pronunciados no 0 16 --
(N, Z = 8), Ca40 (N, Z = 20), Sn'" (Z = 50); Sr'', Y", Zr'' (N = 50); Ba138 , La'",
Ce' 40 (N = 82); e no Pb20' (Z = 82, N = 126). ' . - - --
A estabHidade relativa dos diferentes elementos também é indicada pelo nú-
--- -
-
mero de isótopos estáveis por elemento. Um gráfico deste número está mostrado na

--
Figura 17.3 como fun9ao de Z. O elemento mais leve com mais de dois isótopos
estáveis é o oxigenio (Z = 8); o primeiro elementd com quatro isótopos estáveis é o

--
enxofre, cuja isótopo mais pesado é o S36 com 20 neutrons. Cinco isótopos ocorrem
e
primeiramente no cálcio (Z = 20); sete aparecem no molibdénio, dos (Juais o mais
leve é o Mo 92 com 50 néutrons. Dez isótopos ocorrem somente urna vez - no
estanho com 50 prótons. A Figura 17.4 representa o número de nuclídeos estáveis
tendo um dado número de n6utrons; tais núcleos as vezes sao chamados d'e isóto-
nos. Os picos em 20. 28. 50 e 82 neutrons sao claros.
-
As energías das partículas a emitidas por núcleos radioativos pesados forne-
' ' '
~ ~ -- - -c.
'
s¡aAylsa sodo19s! ;ip
~
OJdWl)N
~
"'
cem pravas fortes 3 .¡ para os números mágicos Z = 82 e N = 126. O fato de que o
chumbo (Z = 82) é o produto final estável das tres séries radioativas naturais indica
a natureza especial dos núcleos com Z = 82. Os nuclídeos 85 At 213 e 84 Po 212 , que tém
128 n€:utrons, emitem partículas a excepcionalmente energéticas. de 9.2 Mev e 8.78
Mev respectivamente: o Po 212 tem urna meia-vida extremamente curta de 3 x 10- 7
s. enquanto que a do At 213 ainda nao foi medida. Em ambos os casos. o núcleo filho
tem 126 néutrons: parece haver urna forte tendéncia para núcleÜs com 128 neutrons

1
. FORQAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 437
436 FÍSICA NUCLEAR

emitirem urna partícula a e se transformarem num núcleo muito mais estável corn
126 néutrons. Quando o núcleo pai tem 126 néutrons, a energia das partículas a
deve ser 'particularmente baixa, já que o decaimento come9a a partir de um núcleo
com baixa energia (energia de ligac;ao alta). Estas expectativas sao confirmadas
pelos dados experimentais; Po 210 e At 211 , com 126 néutrons, tém meias-vidas relati-
vamente longas e energia das partículas a: baixas; Bi2 º9 (N = 126) é estável, en-
guanto que os isótopos Bi 210 e Bi 211 mais ricos em néutrons emitem radioatividade

Descobriram-se rel~c;óes similares no decaimento [3. 35 As energías das partícu-


las /3 emitidas sao especialmente grandes quando o número de neutrons ou prótons
no núcleo produto corresponde a um número.mágico. Os resultados das investiga-
c;6es sobre o decaimento a e decaimento f3 mostram que existem descontinuidades
de energia de cerca de 2 Mev na vizinhanc;a dos números mágicos 28, 50, 82 e 126.
Como a energia de ligac;fto média por partícula no núcleo é de cerca de 8 Mev, o
efeito na energia é cerca de 25%.
Já tinha sido notado na Sec;fto 16.5C que as sec;6es de choque para absorc;ao de
n€:utrons de cerca de I Mev de energia sao excepcionalmente baixas para núcleos
contendo 50, 82 ou 126 neutrons. 36 As sec;óes de choque para estes núcleos sao
menores - por um fator de cerca de 50 - do que aquelas dos núcleos vizinhos; a
sec;fto de choque baixa é urna indicac;fto do grande espac;amento entre os níveis no
núcleo composto formado pela captura do neutron. Obtiveram-se evidencias simila-
res a partir das sec;Oes de choque para captura de néutrons térmicos. 37 Os valores
observados sao extremamente pequenos para núcleos com números mágicos de
néutrons, e os núcleos com 50 prótons (estanho) e 82 prótons (chumbo) tém meno-
res sec;óes de choque para captura do que seus vizinhos. A Figura 17.5 é uro.gráfico
das sec;óes de choque para néutrons térmicos de nuclídeos com número de massa
par em func;fto do número de neutrons. As linhas sólidas unem os maiores valores
das sec;óes de choque quando existem dois ou mais núcleos para um dado valor de

2:10.000
barns 1 1, 1 1
Somente nucleos com A par -

1000

20 50 - 126
®- .
"g
:::i 100
~2
+
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cr. ¡-.. ,.=: L'°:' '"'l' C:,:, 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
s!::wy1s~ sodo19s! ~P oJ~Wl)N Número de néutrons

Fig. 17.5 A se¡;:8.o de choque para néutrons térmicos em fun¡;:ao do número de néutrons (Flo-
wers27).
FORCAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 439
438 FÍSICA NUCLEAR
As correlac;óes discutidas sao exerriplos dos tipos mais simples de evidéncias
N cujas se(,'.óes de choque foram medidas. Este procedimento enfatiza os valores das propriedades especiais dos núcleos contendo números mágicos de néutrons ou
maio~es e tende a mascarar o aparecimento de valores baixos associados com os prótons. Os resultados foram interpretados corno urna indica,;;ao de que os néutrons
núcleos de números mágicos. Entretanto. aparecem quedas reais na curva nos ~ú- e p~ótons esta.o arranjados em camadas dentro do núcleo. assim como os elétrons
meros de néutrons 20. 50. 82 e 126. ou perta deles. Urna tendencia similar está em átomos. Cada camada é limitada a urn certo número máximo de prótons ou
mostrada por um gráfico para núcleos com valores de A ímpar. néutrons. Quando urna camada é preenchida. a configurac;5.o resultante é particu-
A energia de liga980 do último néutron adicionado a um núcleo tem sido de- larmente estável e tem urna energia especialmente baixa.
terminada a partir de medidas dos valores de Q nas rea9óes (d, p). reac;óes (n, y), Foram propostas várias teorías para explicar as camadas de néutrons e
reac;óes (y. n). e rea¡;óes (d. t). Estas reac;óes e alguns dos resultados foram men- prótons. 39 • 40 , 41 • 42 1-Supóe-se que cada núcleon move-se em .sua órbita dentro do
cionados na Sec;ao 16.9. Valores desta energia de liga980 podem ser calculados a núcleo. independen temente de todos os outros núcleons. A órbita é determinada '
1

partir da fórmula semi-empírica da energia de liga,;;ao (17.30) abaixo. A diferen,;;a pela fun,;;ao de energia potencial V(r) que representa o efeito _médio de to~as as
entre os valores observados e calculados foi estudada como fun,;;ao do número de interac;ócs com outros núcleons, sendo o mesmo para cada part1cula. Cada nucleon
néutrons.:111 os resultados estando mostrados na Figura 17.6; óE é a diferen,;;a entre a é visto como urna Partícula independente e a interac;flo entre núcleons é considerada
energia de liga,;;ao do néutron observada para um núcleon com N + 1 néutrons e a como senda urna pequena perturbac;ao na interac;fio entre um núcleon e o potencial.
'energia de liga,;;ao do néutron calculada a partir da fórmula semi-empírica d~ massa. Este modelo freqüentemente é chamado de modelo de partículas indcpendemes.
A figura apresenta descontinuidades bruscas no valor de Di.E em 50 e 126 neutrons. bem como de modelo de camadas nucleares. Há urna analogia direta entre o trata-
bem como outra queda na regia.o de 82 néutrons. Existe urna quebra próxima. mas mento teórico de um núc\eon no núcleo e um elétron no átomo. A energia potencial
nao exatamente em 28 néutrons; as evidéncias para o número de néutrons semimá- V(r) é análoga a energia coulombiana. e a órbita (ou estado quftntico) de um núcleon
gico 28 nao sao tao claras neste estudo como ern alguns dos outros discutidos é análoga a órbita (ou estado quftntico) de um elétron. O tratamento teórico do
acima. núcleon assemelha-se ao do elétron que foi descrito no Capítulo 7. tendo-se desco-
berto que as camadas nucleares fechadas sao análogas as camadas eletrónicas fe-
chadas no átomo. Entretanto. a analogia nao pode ser levada muito longe por diver-
sas razóes. O.potencial que descreve as atrac;óes nucleares é bastante diferente do '1
potencial coulomblano: ele tem urna forma entre o potencial retangular V = -Vo e o
,,
1

chamado potencial harm<inico V = - V O + ar 2 , onde r é a distancia entre o núcleon


e o centro de forc;a e a é urna constante; o potencial coulombiano é pr~porcionaJ a
l/r. Alérn disso. devem ser considerados dois tipos de partículas - protons e neu-
trons - em vez de um único tipo - elétrons. O princípio de exclusfio de Pauli
(Sec;ao 7.6) deve ser aplicado tanto a prótons como a neutrons; ele impede que dois
prótons ocupem o mesmo estado quántico e que dois neutrons tenham os mesmos
números quánticos.
Os resultados teóricos esta.o mostrados na Figura 17.7. Os níveis de energia
-I,O para um poc;o de potencial retangular tridimensional esta.o mostrados a direita
50 82 (supós-se na realidade o poc;o como sendo infinitamente fundo). Os níveis par~ o
30 40 50 60 70 80
potencial harmónico simples esta.o mostrados a esquerda. Os números entre pa:en-
.\" + l teses sao o número total de elétrons na camada indicada e nas carnadas abatxo.
Para o potencial oscilador haveria camadas fechadas em 2, 8, 20, 40, 70, 112 e 168
núcleons. Apesar de serem previstas camadas fechadas em 2. 8 e 20 núcleons. os
' números 50. 82 e l 26 esiao faltando e aparecem números de camadas fechadas que
t l~1
l,Or-
nao tém conexa.o aparente com as relac;óes experimentais. O po,;;o de potencial

o ' ,.---:- ' -*~


-
-rt~ ~
retangular infinitamente fundo também prediz camadas fechadas em 2. 8. e 20 nú-
cleons. mas em adic;ao a muitos outros números niio-mágicos. faltando novamente
50. 82 e 126. Mostrou-se que, para se obter os números corretos para as carnadas -
~
1
>o isto é. aqueles deduzidos a partir dos dados experimentais - . deve ser feita outra
. -~- :-~~-
1
1 hipótese. Por razóes que ainda nao sao totalmente cornpreendidas. é necessário
2-1,0 - 1
supor que exista urna diferen,;;a mareante entre a energia de um núcleon depen-
: ·•¡: __
"',, ~-- dendo dele ter seu momento angular de spin paralelo ou antiparalelo ao seu mo-
mento angular orbital. Quando se faz esta suposi95o de um forre acopíameJito
-2,0 ~
- spin-órbita e seus efeitos sao levados em conta, 4 1. 43 a teoria dá camadas de nú-
126
t cleons fechadas em 2. 8. 20, 50. 82 e 126 partículas. em concord:'.incia com os dados
experimentais. Pode-se dizer entilo que a ocorrencia de números mágicos de pró-
1 1
~()
1
90 100 110 ' ~
120
1
130
1
14-0
tons é neutrons é compreendida no sentido de que se deduziu um modelo que dá os
_\" +1
números corretos quando tratada matematicarnente.
O modelo de camadas nuclear foi aplicado com sucesso a urna varicdadc de
Fig. 17.6 A energia de ligar;8.o do último néutron adicionado a um núcleo em funi;;:ao do nú- problemas nucleares. Urna discussfto detalhada destas aplica,;;ócs nao pode ser dada
mero de nCutrons. M é a diferenr;a entre os valores teóricos e experimentais (Harvey38 ).
441
FORQAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR

440 FÍSICA NUCLEAR aqui, mas alguns dos sucessos da teoría de camadas serao mencionados, O modelo
torna possivel prever o momento angular total dos núcleos e os resultados concor-
dam bem com a experiéncia, Entao é possível prever valores do momento angular
total para núcleos para os quais esta quantidade nao foi medida. em particular a
núcleos que emitem radioatividade /3, Esta previsao é muito útil no estudo do de-
caimento /3- Mencionou-se (Se<;ao 14,6) que a probabilidade do decaimento /3 de-
4-p-C-(138 t8 pende da diferen<;a entre o momento angular total dos núcleos inicial e finaL As
previsoes teóricas com respeito á permissao ou proibi.;iio de muitos dos processos
de decaimento /3, baseadas em indica<;oes do momento angular pelo modelo de ca-
madas, foram comparadas dom os resultados experimentais, tendo-se obtido urna
44 4 46
concordáricia
O assuntorazoavelmente boa. · foi
isomerismo nuclear :;,
estudado a partir do ponto de vista do mo-
delo de camadas nucleares,"'"' " tendo-se descoberto urna correla.;ao entre a dis-
tribui.;ao de isomeros e os números mágicos, Quando sao colocados num gráfico os
isomeros de longa vida (T,,, "'- 1 s) com número de massa A impar. contra os seus
números impares de prótons ou neutrons, como na Figura 17,8. fica claro que exis-
tem grupos ou ilhas de isomerosjusto abaixo dos números mágicos 50. 82 e 126, Há
urna quebra brusca em cada um <lestes números: o isomerismo desaparece quando a
camada está preenchida e niio aparece até que a próxima camada esteja preenchida
pela metade, Um exemplo da descontinuidade na distribui<;ao
129
de isomeros
131 133 é dado
135

:,¡ pelos isótopos do xenonio de A impar: .,xem, .. xe , o4Xe , ,.Xe e .. xe ,

g 240

t
r,¡
220

200

N 12-(20) {a --:::::::-----s
....... -----112-2-f~OL
1 180

160

'd ..... _ .............. s/2-4- -- ............ 140


28-2-{20) ~
...... _5/2-6->--:---...
',
,,
',, , __ 120

'
ad-1o-<iaJ

•-<•l-{p ---- 'ª'


...... P ......... ,: .. - 1 / 2 - 2 -..
"S 100

---a12-4_,..>--................ .. 80
--- Distribuii;ao
60
de isOmeros nucleares
de vida longa
2-c2>-{s ------s------1/2-2-f.2!. __ ------ 40 comA ímpar
18-2-(2)

Fig. 17.7 Camadas nucleares ·o , .


fu_ndo esta.o mostrados a dir .' s mve1s de energia de um o o r
numeros entre parénteses deua e aqueles de um potencial ¡;.r~, etangular infinitamente pro-
.
\ 20

níveis no centro sao em en a~ o _total de núcleons na camada ?ªJ~º simples. a esquerda. Os O 10


20
40
50
60 80
82
100 120 140
126
um potencial harmónico ,°rg,as inte_rmediárias entre aquelas d In ,cada e nas anteriores, Os
estes níveis.41 imples; alem disso. supóe-s e urna ~orte
e url?mterac;ao
potencialspin-órbita
retangular para
e de Núcleons impares • N ou ■ Z ---+

Fig, 17,8 A distribui,ao de isómeros de longa vida de A impar em fun,ao


4 ou do número
atómico ou do número de nCutrons (adaptada a partir de Goldhaber e Hill 7).
442 FÍSICA NUCLEAR FORCAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 443

com 73. 75. 77. 79 e 81 néutrons respectivamente. que apresentam isomerismo. mas cional a A, este termo pode ser interpretado como urna !'flergia de 1·olumc:
nao se encontrou isomerismo no :; 4 Xem e ;,.1Xe 1:1i 1 com 83 e 85 néutrons r_espectiva-
mente. O isomerismo (a existéncia de estados excitados de longa vida) acorre (17 .20)
quando os níveis de energia vizinhos de um núcleo apresentam urna grande dife-
ren<;a no momento angular total. de modo que a transi¡;§.o é altamente proibida. O A :nergia coulombiana entre os p~ótons ten_de a diminuir a energía de Iigai;ao e seu
modelo de camadas pode ser usado para prever o momento angular total dos níveis e~elto aparece com_ um termo de smal negativo. A energia coulombiana total de um
excitados de baixa energia. Ele prevé que as condi¡;óes para o isomerismo devem nucleo de carga Z e dada pela Eq. (17 .1). seu efeito sobre a energia de Iiga9 a 0 senda
existir abaixo dos números mágicos 50. 82 e 126. mas nao imediatamente acima representado pelo t~rmo
deles: nestas últimas regióes. espera-se que os níveis vizinhos tenham pequenas '
diferern;as de momento angular. O modelo também preve corretamente quando
<leve aparecer isomerismo nas camadas incompletas. A classifica9ao dos isómeros
de acordo com o tipo de transi9ao (Se9üo 15 .10) ta_mbém concorda de maneira exce-
lente com as indicai;0es de níveis baseados no modelo de camadas. _ a Z(Z - l) (17 .21 J
Os dados experimentais sobre momentos magnéticos e momentos de quadru- 4
e Aliª
polo elétrico também foram interpretados corn algu m sucesso em termos do modelo
de camadas nuclear. Como exemplo. nos números de prótons 2. 8. 20. 50 e 82. o onde
2
momento de quadrupolo elétrico é zero ou pequeno. Quando urna nova camada 3 c
comei;a a se formar. o momento de quadrupolo é negativo: a medida que o número ac = 20 Ho X JQ-13 (17.22)
de prótons na camada incompleta aumenta. Q se torna positivo e aumenta até que
alcan9a um máximo quando a camada está cerca de 2/3 preenchida: Q entao de- Na _Eq. (17.21): o ra!o R foi expresso em termos de AL'ª. o fator 4 tendo sido intro-
cresce até zero nos números de prótons rnágicos, 50 depois dos quais se torna nega- duzido para ~mfor~1z~r com a nota<;iio encontrada_. freqüentemente na literatura. 1-i
1!
tivo. Este comportamento está de acorde com as previsóes da teoria de camadas. , _A ener~ia de hga<;ao tam~é~ se reduz porque o núcleo tem urna superficie. Em
Entretanto. em alguns casos, o momento de quadrupolo é muito maior do que o med!ª· part1culas ~a sup~r:t1c1e mteragem somente c0m a metade do número Je
esperad9 a partir do modelo de partículas independentes. 51 A magnitude do mo- i:art1culas. do que mteragmam se estivessem no interior do núcleo. No termo atra-
mento dé quadrupolo é urna medida do desvio de um núcleo da forma esférica, o t1vo (17.20). supós-se 9u_e cada n_úcleon tem o mesmo acesso aos outros mícleons.
· m_odelo de camadas P8:recendo subestimar este desvio. Os grandes valores do mo- senda portanto necessano subtra1r um termo proporcional a área superficial do nú-
mento indicam que ein_.aJguns casos o núcleo está longe de ser esférico. Estes valo- cleo. Esta eneriia de superflcfr, é representada por
res grandes podem ser explicados se se supóe que parte do mkleo consistindo nas
camadas preenchidas forma urna parte central que pode ser deformada pelos nú- E' = -a' A213 , (17.23)
cleons na camada incompleta. Quando se trata matematicamente urna parte central
esferoidal. em vez de esférica. os momentos de quadrupolo aproximam-se dos valo- e é análoga a tensao superficial de um líquido.
res experimentais. 52 Esta modifica~ao conduz a urna extensa.o do modelo de cama~ A fórmu_Ja de e~ergi~ de liga93o necessita de um outro termo para representar 0
das que será discutida muito brevemente na Sec;ao 17 .9. chamado efea o de s1metna. Para um dado valor de A. existe um valor particular de
Z que c~rresp,onde ao nuclídeo mais estável. Para nuclídeos leves. onde O efeito
c~ulombiano : pequen?, este v~lo~ é ..¿.12. como se vé a partir do fato de que 0
17.8 O modelo da gota líquida e a fórmula semi-emp1rica de energia de nu"!er~ de prot?ns e neutrons sao 1gua1s nos nuclídeos leves mais abundantes. Na
liga~ño. Deu-se urna grande import:incia a massa e a energía de ligac;:lo do núcleo, ª?s:~cia d~ ~fe1to coulombiano, um desvio da condi980 Z = A/2 tenderia a condu-
e urna fórmula que permitisse o cálculo das massas nucleares ou energías de liga~ao ztr a mstab1hdad: e~ um--valor menor da energia de liga<;3o. Um termo proporcio-
seria muito útil. Foi desenvolvida urna fórmula <leste tipo, senda chamada de fór- nal a alg~ma potencia do ex,_ce~so _de ne111;0~1s (A - 2Z) representaria a magnitude
mula semi-empírica de massa, ou de fórmula semi-empírica de energía de liga- <leste efe1t~. A segunda pote_ncia e escolh1da porque entao o termo se anula para z
riio;53· 54 ela está relacionada ao modelo de gota líquida do núcleo. Algumas das = A/2. ass11;1 _como sua denvad~ com _respeito a Z. Esta última condi9üo corres-
propriedades das for<;as nucleares (saturar;fio. curto alcance). que foram deduzidas ponde ao max1mo valor da energia de hga93o na auséncia da energia coulombiana.
a partir da dependéncia aprqximadamente linear da energia de liga<;üo e do volume Um est~do detalhado do efeito de simetria mostra que ele também é inversamente
em rela<;ao ao número de partículas no núcleo. sao análogas as propriedades das ij proporcmnal a A, resultando que a energia de simetria pode ser escrita como
for<;as que mantém urna gota de líquido junta. Portanto. pode-se considerar um -i
núcleo como senda análogo a urna gota de fluido incompressível de densidade muito / E T -_ (A - 2Z) 2
grande (~ 10' 4 g/cm 3 ). Usou-se esta idéia. juntamente com outras idéias clássicas -aT A (17.24)
como repulsao eletrostática e tensüo superficial. a fim de estabelecer urna fórmula
semi-empírica para a massa ou energia de liga<;üo de urn núcleo no scu estado fun- N~tou-se na Sec;ao 9.4_. durante _a discussao dos nuclídeos está veis. que aqueles
damental. Desenvolveu-se a fórmula. considerando os diferentes fatores que afetam com numero~ pare_s d_e pro_tons e neutrons sao os mais abundantes e presumivel-
as liga~óes nucleares. e pesando estes fatores com constantes deduzidas a partir da mente os ma1; e~tave1s. Nucleos com números ímpares de prótons e néutrons sao
t:oria quando possível. e a partir de dados experimentais quando a teoría nao podia o~ menos est~ve1s. e~quant<: núcleos p~~a os quais ou o número de prótons ou 0
,uudar. nu1:1er?_,de neutr~~s e par sao de estab1hdade intermcdiária. Mostrou-se que este
A contribui~ao principal para a energia de liga95o do núcleo vem de um termo efelt? impar-par pod; ser representado por um termo EF, cujo valor depende da
proporcional ao número de massa A; como o volume do núcleo também é propor- segumte mane1ra dos numeras de prótons Z e néutrons N no núcleo:
1 !ii
l1
FORCAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 445
l
1

444 FÍSICA NUCLEAR


A Eq. (17.26) torna-se 1

A z N E,
B. E. (Mev) = 14,0A. - 0,584 Z(ZA-;;- l) -13,JA 213
3
3
11¡
par par par +8/2A
ímpar par ímpar o (17.25) 1,

ímpar ímpar par


ímpar
o
-8/2A
19,4 (A -:;. 2Z)2 + E,, (17.30)
1.1

par ímpar
onde
A fórmula para a energia de liga¡;ao é obtida combinando-se todos os termos discu-
1¡'
tidos na equac;iio 135
A' A par, Z par, 'i'
2
Z(Z - 1) 213 (A - 2Z)
B.E. = a,A. - 4a, A 113 - a,A - ar _ A + E,.
,
(17.26)
E, = O, A ímpar, Z par; A ímpar, Z impar, (17.31)
A Eq: (17.26) pode também ser reescrita para dar a massa nuclear (ou at6mica).já -135
que a massa e a energia de ligac;ao esta.o relacionadas pela equac;iio ~ , A par-, Z ímpar

M = ZM• + (A - Z)Mn - B.~.,


e
Foram desenvolvidas diversas fórmulas similares a Eq. (17.28) com valores um
tantO diferentes para as várias constantes, dependendo da quantidade de esfor90
onde M P' M n e M sao as massas do próton. neutron e do núcleo respectivamente. colocada na determina9ao <lestes valores. Urna dessas.fórmulas foi usada para cal-
Entfio a fórmula semi-empírica da massa é cular os valores de massa correspondendo a cerca de 5.000 pares de valores de Z e
A. 55 A fórmula semi-empírica de massa ou de energia de liga9iio reproduz razoa- ·
velmente os valores para muitos núcleos, mas niio explica todas as características
M-' ZMp + (A - Z)M. - a,
e A
2 -e Z(ZA113
+ 4a, 2
- 1) ...1.. as
' c2
A 21a da energía de liga9iio nuclear, como será mostrado.adiante. Ela fomece as princi-
pais características da dependencia das energias de liga9iio em rela9ffo ao número
de massa e número de carga.
+ ar (,:[ - 2Z) 2
ó (17 .27) A fórmula de energia de liga9ao ajuda a explicar algumas das características
c2 A - 2c 2 A' importantes das propriedades de estabHidade dos núcleos, em particular a atividade
{3 e as propriedades de estabílidade dos isóbaras. Esta aplica<;ao da fórmula de
As equa<;6es (17.26) e (17.27) expressam a energía de liga,ao e a massa atómica energía de liga9B.o será ilustrada agora. Um exame da carta de nuclídeos mostra que
de um nuclídeo como fum;ao de A e Z. Os valores das constantes podem ser deter- os isóbaras (nuclídeos com o mesmo número de massa) esta.o sujeitos a interessan-
minados por urna combinac;iio de cálculos teóricos e ajustes para encaixar valores tes regras de estabilidade. 56 Urna destas regras é que os pares de nuclídeos isobári-
experimentais das massas (ou energias de liga9ao). Os valores das constantes-a,., ac, cos estáveis diferem no número de carga muito mais freqüentemente por duas uni-
a.,, a, e 6 foram determinados, com os resultados dades do que por urna. sao conhecidos mais de 60 exemplos de pares isobáricos
para os quais 62 = 2, mas só se conhecem 2 pares para os quais 62 = 1; estes
av = 14,0 Mev, ac = 0,146 Mev, últimOs siio o 48 Cd 113 e .,9 In 113 , e o 51 Sb 123 e o 52 Te 123 • Os valores A = 113, 123 siio os

aT= 19,4Mev, a 8 = 13,l Mev;

a quantidade 6 é 270 Mev para nuclídeos com valores pares de A e Z, zero para
:1uclídeos de A ímpar e -270 Mev para nuclídeos tje A par e Z ímpar. Na prática,
f únicos valores ímpares de A para os quais existe mais _qu~ um nuclídeo estável.
Para valores de A par, pode haver mais de dois isóbaras estáveis, e em alguns casos
(A = 96, 124, 130, 136) mesmo tres. De acordo com a regra estabelecida acima, os
isóbaras diferem no número atómico de duas unidades, como no 50 Sn 12.i, 52 Te 124 e
s,iXe 124 ; os isóbaros com Z ímpar, 51 Sb 124 e 53 Jl 24. sao instáveis.
geralmente se mede a massa de átomos, a Eq. (17.27) senda usada para c_alcular Considere agora a fórmula de energía de liga<;ao (17 .30) para um dado valor
massas atómicas, empregando-se a massa do átomo de hidrogenio em vez da massa ímpar de A. Os únicos termos variáveis sao aqueles que contero Z, e estes depen-
do próton. Quando sao inseridos os valores M n = 1,008982 u.m.a. e M H-(em vez de dem de Z 2 ; o termo ímpar-par desaparece. Se as energias de liga~ao para urna série
M,) = 1,008142 u.m.a., a Eq. (17.27) pode ser escrita como de nuclídeos com A ímpar constante e Z variável sao colocadas num gráfico contra
Z, o resultado é urna curva do tipo parábola como aquela mostrada na Fig. 17.9, na
M = 0,99395A - 0,000842 + 0,0141A 213 qual A foi tomado como 73. As energias de liga~iio decrescem coro valores crescen-
tes da ordenada, de forma que a parte inferior da curva representa o núcleo mais
(A.- 2Z) 2 + 0,00063Z(Z (17.28) estável da série, coma maior energia de liga9ao. Em geral, haverá um isóbaro para
+ O'021 A All3 o qual ,a energia de liga9ao está na parte inferior da curva ou perto dela. e haverá
somente um membro estável da série. Todos os isóbaras cujas energias de Iiga9iio
onde sao menores que aquela do estável ficarao num dos dois bra9os da curva. Suas
0,145 u.m.a., A par, Z par. massas seriio maiores do que aquela do isóbara estável e decairiio pela emiss.io de
ó' = {
O, A ímpar. Z par: A ímp~r. Z ímpar. (17 .29) um elétron ou pósitron, ou por captura K, sujeito as condi~Oes expressas nas Eqs.
-0,145 u.m.a .. A par, Z impar.
FORGAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 447
446 FÍSICA NUCLEAR
nuídas desta quantidade. Portanto. existem duas curvas - urna para nuclídeos Z
par e A par. outra para nuclídeos com Z ímpar e A par. como na Figura 17 .1 O. Os
nuclídeos impar-par caem na curva superior e portanto sao instáveis em relac;.ao
:lqueles da curva inferior. com o resultado de que nao devem existir nuclídeos com
Z ímpar e A par estáveis. As únicas excec;óes a esta regra sao os nuclídeos leves
H 2 , Li 6 • B 1º e N 1·1 • Como em outros aspectos. os núcleos leves precisam ser trata-
dos separadamente: nao se esperaria que o modelo de gota líquida se aplicasse a
estes núcleos. que tem i:imito poucas partículas para ser tratado como urna gota de
fluido com urna distribuic;ao continua de material. Pode-se ver na cur•a parn nuclí-
deos com Z par e A par que dais isóbaras com valores de Z diferindo de duas
unidades podem cair próximos a parte inferior da curva de baixo: estes constituem
pares isobáricos estáveis. Os nuclídeos a esquerda dos nuclídeos estáveis decaern
por emissüo de elétrons. e aqueles a direita por emissao de pósitrons ou captura K.
1

29 30 31 32 33
ou por ambos. O isóbara na parte inferior da curva ímpar-par pode decair por emis-
Número atómico
siio de pósitrons ou elétrons.
A fórmula de energia de Iiga¡;ao ou massa nüo inclui os efeitos das camadas
Fig. 17.9 As energias de Jigac;§o e propriedades de decaimento de nuclídeos com número de
fechadas: mas ela pode ser usada para fornecer um referencial a partir do qua! os
massa ímpar (A = 73).
efeitos das camadas possam ser calculados. Estudos das energias do decaimento 13:i.·,
e medidas espectroscópicas de massa3 1. 32 mostram que a massa de qualquer isóbara
que tem Z ou N - 20, 28, 50. 82 ou 126 cai cerca de 1 ou 2 Mev abaixo do valor
previsto pela fórmula de massa, que carece de variac;óes bruscas. Entretanto. exis-
tem descontinuidades nas massas atómicas nos números mágicos ,e pode-se adicio-
nar um termo da estrutura de camadas afórmula semi-empírica de massa ou energia
de ligac;5.o para levar o efeito em con ta. 57
O modelo de gota líquida tem outras aplicac;óes importantes; a teoria do núcleo '
composto está baseada neste modelo. e o fenómeno da fissao nuclear, que será 1
1

discutido no Capítulo 19, pode ser descrito em termos da distorc;5.o e divisa.o de 1

urna gota líquida. 11

17.9 O modelo nuclear coletivo. Os sucessos dos modelos de gota líquida e de


camadas nucleares parecem conduzir a um sério dilema. O modelo de gota líquida
pode explicar o comportamento do núcleo como um todo, como em reac;óes nuclea-
res e fissao nuclear. Nesta última, certos núcleos realmente dfVidem-se em dois
32 núcleos menores, a divisiio podendo ser descrita em termos da deformac;ao de urna
2fi 27 28 29 30 31
gota; urna explicac;ao em termos do movimento de um único núcleon. ou qualquer
Número atómico
·número de núcleons, parece impossível. Diz-se que o modelo de gota líquida des-
creve o comportamento coletivo do núcleo, a excita~ao do núcleo senda tratada
Fig. 17.10 As energias de 1i~3.o e propriedades de decaimento de nuclídeos com número de
como oscila~óes de superficie,- vibrac;óes elásticas. e outros modos de movimentos
massa par (A = 64).
"coletivos". Por outro lado, muitos fenómenos nucleares parecem mostrar que os
núcleons se comportam como partículas individuais quase independentes. Portante.
(12.4), (12.7) e (12. 10). Os isóbaras a esquerda daquele estável tem menos prótons existem duas maneiras completamente diferentes de olhar os núcleos. com urna
que o estável e decaem por emissao de elétrons, , contradic;ao básica entre eles. A conclusa.o razoável é que os dois modelos ou ima-
gens diferentes sao partes incompletas de um modelo maior e mais geral. O pro-
aoZn 7 3 - 1r a1
Ga 13 -
1r
a2
Ge 13 <estave
. 1
). blema dos momentos de quadrupolo elétricos conduziram a tal modelo. que inclui
tanto os aspectos de gota líquida como as partículas independentes~ este novo mo-
Os isóbaras que ficam a direita do ponto mais baixo na curva de energia de ligac;iio delo é chamado de modelo coletiwJ. 58 • ·59 • 00 Neste modelo, supóe-se que as partícu-
contem um excesso de prótohs e decaem por emissao de pósitrons. ou por captura las dentro do núcleo exercem urna pressao centrífuga sobre a superficie do núcleo
K, ou por ambos - 'por exemplo. tendo como resultado o fato de que um núcleo pode-se deformar numa forma nao-
esférica permanentemente; a superficie pode sofrer oscilac;óes (aspectos de gota
73 p+ K 73
-K- G e 73 (estave
. 1) . líquida). As partículas dentro do núcleo entiio se movem num potencial nao-esférico
34 Se __:__. 33 As 32
como aquele suposto para_explicar os momentos de quadrupolo. Assim. a diston;ao
Os resultados sao diferentes para isóbaros com A par por causa do efeito nuclear reage sobre as partículas e modifica bastante o aspecto de partículas inde-
ímpar-par. A curva de energia de ligac;ao. considerada como func;iio de Z. ainda vai pendentes. O núcleo é visto como urna estrutura de camadas capaz de realizar
ser de forma parabólica. MaS nuclídeos com número par de prótons e neutrons oscila\'.óes de forma e tamanho. O resultado é que pode-se fazer o modelo coletivo
terao urna contribuic;ao adicional de energia positiva (135 Mev/A). enquanto que descrevcr as propriedades do tipo gota líquida como a fissüo nuclear .6 " 62 enquanto
núcleos com números ímpares de prótons e néutrons terao energias de ligac;iio dimi-
FORQAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 449
448 FÍSICA NUCLEAR
aplicac;ao bem-sucedida é ao · problema das sec;óes de choque para excita¡;;üo de
se preserva ao mesmo tempo as características do modelo de camadas e. de fato. Coulomb e para a probabilidade de transi<;óes E?.. n5 Finalmente. a teoría foi aplicada
melhorando o modelo de camadas anterior. com s~cesso a problemas de momentos magnéticos, momentos de quadrupolo e
O tipo de movimento coletivo mais simples que foi identificado experimental- transic;óes isoméricas. 6 º· 66
mente está ligado com rota9óes de núcleos deformados. 63 • 64 Se o movimento de
rotai;ao coleti\io é suficientemente lento. ele nao vai afetar a estrutura interna do 17.10 O modelo ótico para reai;Oes nucleares. No estudo de rea96es nucleares
núcleo. De acorde com a física clássica. a· energia rotacional é proporcional ao no Capítulo 16, tornou-se evidente que a teoria das reac;6es nucleares baseada no
quadrado da velocidade angular w. de modo que conceito de núcleo composto (o modelo estatístico para rea96es nucleares) nem
sempre era confiáveJ. ¡A natureza estatística da teoria do núcleo composto implica
(17 .32) que suas previs6es sao as melhores médias. e nao levam em canta as diferenc;as
entre núcleos específicos. Portante. nao é surpreendente que seja necessário urn
O para.metro/ indica um momento de inércia efetivo do núcleo que pode ser calculado modelo mais detalhatjo para a descric;ao de rea96es nucleares.
se supormos um modelo específico para a estrutura interna. ObtCm-se os níveis de U ma das falhas mais sérias da teoria do núcleo composto é sua inabilidade de
energia rotacionais quando o momento angularé qÜantizado e o resultado é. para os explicar a grande dependencia das se96es de choque totais para nf:utrons em rela-
núcleos par-par. 9ao a energia. O modelo estatístico supóe que o núcleo ·cornposto se forma imedia-
h2 tamente quando o neutron incidente alcan9a a superficie nuclear. Acontece que a
E,ot = 21 J(J + 1), (17.33) se9ao de choque para alcanc;ar a superfície é urna fun9ao monotonicamente decres-
cente da energia, variando corno E- 112 para energias pequen~s e alcan9ando o valor
assintótico 2nR 2 para energias grandes. 67 Os resultados experirnentais nao concor-
andel é o número qu§ntico do momentoangulartotal do núcleo. No caso de um núcleo dam; em energias de excita9ao acima da regia.o de resson§ncias bem definidas, as
esferoidal. a deformac;ao é simétrica com respeito a urna reflexao no centro nuclear. sec;óes de choque total observadas apresentam um comportamento mais complicado
Como resultado. J é res tri to aos valores pares. O, 2, 4, 6, .... e a paridade deve ser par. que parece indicar urna combina9ao de propriedades de partícula única e núcleo
De acorde coma teoria. a deformac;ao (desvio da forma esférica) devia ser maior e os composto. Quando se coloca num gráfico as se96es de choque contra a energia E e
níveis rotacionais mais facilmente observáveis para núcleos com números de núcleons o número atómico A num gráfico tridimensional, como na FigLira 17.12. observam-
longe de camadas completas. O primeiro estado excitado seria um estado 2+; o se certas regularidades, com máximos e mínimos em valores de E que se deslocam
segundo -estado excitado seria um estado 4+ com urna energia 5 · 4/3 · 2 = 3 1/3 vezes de urna maneira sistemática com valores crescentes de A. 68 • 69 Nas energías dos
aquela do primeiro estado excitado. O terceiro e quarto estados excitados teriam/ = neutrons envolvidas, entre 0,1 Mev e diversos Mev, para núcleos intermediários ou
6+ e_S+. respectivani'énte, e energias 7 e 12 vezes aqueta do estado 2+. Os dados pesados, nao podem ser resolvidas ressonáncias individuais, e as sec;óes de choque
experimentais concordam razoavelmente bem com estas previsóes, como fica evi- medidas sao médias sobre muitos níveis. O problema é explicar esta estrutura glo-
dente a partir da Figura 17 .11. que mostra as razóes de energia observadas experimen- bal da se<;iio de choque total para neutrons.
talmente para estados rotacionais em núcleo par-par com números de massa nas Os grandes máximos sao similares 3.queles previstos pela teoria de urna única
regióes de 150 < A < 190 eA > 220. Estas sao justamente as regióes mais afastadas de partícula movendo-se num potencial atrativo V(r) - por exemplo, um potencial
camadas fechadas. A teoria também prediz corretamente as propriedades dos níveis retangular70 - mas tal potep.cial nao permite a absor98.o da partícula da maneira
de baixa energia de núcleos quase esféricos próximos a camadas fechadas. 64 Outra requerida pelo conceito de núcleo composto. As imagens de partícula única e nú-
cleo composto foram combinadas com sucesso no modelo ótico. 71 • 72 Este modelo
descreve o efeito do núcleo na partícula incidente por um poc;o de potencial -V0(r),
,. -- mas permite a possibilidade de forma9ao de um núcleo composto, adicionando ao 1

., • Ea/E2 potencial urna parte imaginária negativa, -i V 1(r). Esta parte produz urna absor9ao
15 da partícula incidente dentrO do núcleo, e supóe-se que esta absor9ao representa a
-" E 8/E 2 forma9ao do núcleo composto. No modelo ético, a forma9ao do núcleo composto
12
.
nao ocorre "imediatamente" nem com certeza absoluta. Mesmo se a partícula inci-
• •• dente entrou no núcleo, ela é removida do seu estado de partícula livre somente
com algum atraso e com urna certa probabilidade. Se V0 (r) e V 1(r) sao razoavel-
mente constantes sobre todo o núcleo. é possível definir urn coeficiente de coales-
cencia que é a probabilidade de que a partícula incidente forme um núcleo com-
7 - . o
o • posto na matéria nuclear por unidade de comprimento. Nesta imagem. se urna par-
5 tícula incidente entra no núcleo, ela é refletida detrás para a frente antes de escapar
31 ou ser absorvida. A teoria explica muito bem o comportamento das se96es de cho-
r 3 "" X ,. que para neutrons, como fica evidente na Figura 17.13, como potencial razoavel-
mente simples,
o ' ' ,\
' '
140 160 180 200 220 240 260 .1 V0 = -U, parar< R,
208
V0 = O, para,- >R,
Fig. 17.11 As raz6es de energia dos níveis rotacionais observadas experimentalmente em nú-
cleos par-par.14
V,= i:Vo,
452 F[SICA NUCLEAR F0RQAS NUCLEARES E ESTRUTURA NUCLEAR 453

e os valores

V0 = 42 Mev, { = 0,03 a 0,05,

R = 1,45 x 10- 13 A'" cm.


No modelo ético, o núcleo nao é "escuro" para a onda representando a partí-
cula incidente; em yez disso, ele age como urna esfera cinza, parcialmente absor-
vente e parcialmente refletora a onda incidente. Há urna analogia coma física ótica
pelo fato de que o núcleo age como urna regia.o esférica com um dado índice de
refra9ao (po90 de potencial atrativo) e opacidade. É esta a analogia que é responsá-
vel pelo adjetivo ático, e pelo nome de modelo da bola de cristal opaca, que As
vezes é usado. O modelo também foi estendido e aplicado com muitas fun9óes de
potencial mais complicadas 8.s outras rea9óes nucleares e se9óes de choque. 72

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54 . .-\. E. S. GREEN and N. A. ENGLER, "l\1ass Surfaces," Phys. Rev. 91, 40 l. As energias de liga9ao totais (obtidas a partir das massas atómicas medidas) dos nú-
(1953). cleos listados abaixo esta.o dadas na Tabela 9.3. Calcule a energia coulombiana de cada um
55. N. N!ETROPOLrs, Table of Atomic Masses . .Chicago: Institute for Nuclear destes núcleos e a raza.o da energia coulombiana para a energia de liga<;3.o total. Coloque num
gráfico as tres quantidades contra o número atómico e o número de massa. Os núcleos sao
Studies, 1948. Be11, Al21, Cu63, Mo11s, Xe1ao, w1B-l e u2as.
56. N. FEATHER, Nuclear Stability Rules. Cambridge: University Press, 1952, 2. Calcule as energias de liga9ao dos núcleos do Problema 1 a partir da fórmula semi-
Chapter l. empírica de energia de liga9ao (17.29), e compare os resultados comos valores experimentWs.
57. A. E. S. GREEN and D. F. EnwARDS, "Discontinuities in the Nuclear Mass 3. Calcule as massas atómicas dos nuclídeos do Problema 1 a partir da fórmula semi-
Surface," Phys. Rev. 91, 46 (1953). empírica de massa (17.28), e compare os resultados comos valores experimentais da Tabela
9.3. .
58. A. BoHR, "The Coupling of Nuclear Surface Oscillations to the Motion of
Individual Particles," Kgl. Danske Videnskab. Selskab, Mat-fys. ilfedd. 26, No.14
,, 4. Repita os cálculos dos Problemas 1, 2 e 3 para os nuclídeos Ca4 º, Sn 12 º e Pb 2º8 • Que
diferen9as estes nuclídeos apresentam do comportamento dos nuclídeos do Problema !?
(1952). Como voce pode explicá-las?
59. A. BoHR and B. R. MoTTELSON, "Collective and Individual-Particle 5. A partir da fórmula semi-empírica de massa. Eq. (17.28). deduza üma condfr;io para o
Aspects of Nuclear Structure," Kgl. Danske Videnskab. Selskab, M at-fys. M edd. núcleo mais estável num dado número de massa. [Sugestiio: O núcleo mais estável com um
dado número de massa deve acorrer para aquele valor de Z, indicado por Z 0 , para.o qua! a
27, No .. 16 (1953). massa nuclear, dada pela Eq. (17.28), é um mínimo.J Qua) é o valor deZ 0 para A = 27, 64. 125
60. A. BoHR and B. R. MoTTELSON, "Collective Nuclear Motion and the e 216? Compare os resultados coma tabela de nuclídeos estáveis-Tabela 9.1.
Unified Model," Beta:: and Gamma-Ray Spectroscopy, K. Siegbahn, ed., op. cit. 6. Coloque num gráfico A - Z 0 contra Z 0 • onde Z 0 é determinado a partir da equa¡;ao do
Problema 5. Compare a curva resultante com o gráfico dos nuclídeos conhecidos, Figura 12.1.
. Ref. 46, pp. 469-493.' - ·- l1 7. Calcule, a partir da fórmula semi-empírica de massa, a energia disponível para os
61. D. L. HrLL and J. A. WHEELER, "Nuclear Constitution and the Intcrpreta-
tion of Fission Phenomena," Phys. Rev. 89, ·1102 (1953).
62. J. A. ,VHEELER1 11 Nuclear Fission and Nuclear Stability," Niels Bohr and
J seguintes processos de decaimento e compare os resultados com os valores experimentais. (a)
o decaimento a do rádio, (b) o decaimento a do Po 214 (RaC'). (c) o decaimento f3 do Hfl 7 º
(energia máxima experimental = 2,4 Mev), (d) o decaimento f3 (mais ')') do Au 198 (energia de
the Development of Physics, W., Pauli, ed. London: Pergamon Press, 1955, decaimento experimental = 1,374 Mev).
pp. 163-184. 8. Calcule o valor de Q da rea<;íio Fé4 (n, ')')Fe55 a partir da fórmula semi-empírica de
massa, e compare o resultado como valor experimental dado no Problema 13 do Capítulo 16.
63. A. BoHR1 "Rotational States of Atomic Nu~lci." Thesis, Cói,cnhagen:
9. Calcule, a partir da fórmula semi-empírica de energia de liga<;íio, as energias de liga-
E. Munksgaards For!ag, 1955, 53 pp. 9íio do último neutron no Pb 2º7 , Pb2 º8 e Pb 209 • Compare os resultados com os vaJores experi-
64. B. R. MoTTELsON, "Collective Motion in the Nucleus." Revs. Mod. Phys. mentais dados no Problema 11 do Capítulo 16.
29, 186(1957). ·, ·. · ·-' · \ . . . . . ; ·- '·" ... IO. Calcule a energia cinética aproximada de um flúcleon dentro do núcleo considerando
65. ALDER, BoHR, Huus1 1\-IoTTELSDN, and WINTHER,- "Study of Electro- as seguintes hipóteses: (1) Devido a intera¡;io de curto alcance comos núcleons vizinhos, um
núcleon ocupa um volume, cujo raio é aproximadamente metade do alcance das fo~as nuclea-
magnetic Excitation with ..\.ccelerated Ions," Revs. Mod. Phys. 28, 432 (1956). res, com o alcance tomado como b = 2 a 3 x l 0- 13 cm. (2) Este raio é igual a X. = A/271'. onde A
66. F. V1LLARS 1 "Thc Collective 1\-Iodel of Nuclci/' Ann. Revs. Nuc. Sci. 7, é o comprimento de onda de de Broglie de um núcleon dentro do núcleo.
185 (1957). 11. Quando um neutron térmico (um neutron com energia cinética praticamente zero) é
67. H. FESHBACH and V. F. VVEISSKOPF, "A Schematic Theory of Nuclear capturado num núcleo com Z prótons e N néutrons, a energia de excita¡;ao no núcleo com-
Cross Sections," Phys. Rev. 76, 1550 (1949). posto é dada por
68. H. H. BARSCHALL, "Regularities in the Total Cross Sections for Fast
S,, = M(Z, N) + M,. - M(Z. N + !).
N eutrons," Phys. Rev. 86, 431 (1952).
69. ÜKAZAKI, •DARDEN and '\VALTON, "Total Cross Sections of Rare Earths (a) Qua! é a diferenr;a na energia de excitar;io do núcleo composto, quando um néutron tér-
for Fast N eutrons," Phys. Rev. 93, 461 (1954). mico é capturado por um alvo com N ímpar e por um alvo com N par de aproximadamente o
70. F. L. FRIEDMAN and V. F. \VEISSKOPF, "The Compound Nucleus," Niels mesmo número de massa? (b) Calcule a diferen<;a na energia de excita<;3.o para os casos
Bohr and the Development of Physics, \V. Pauli, ed. London: Pergamon Press, 92u2a,, + n - ru2s6],
1955, pp. 134-162. e
71. FESHBACH, PoRTER, and \YEISSKOPF, 11 1\.Iodel for Nuclear Reactions with 92u2aH + n - ru2a9].
Neutrons," Phys. Rev. 96, 448 (1954).
72. H. FEsHBACH, 1'The Optical l\.1odel and Its Justific~tion/' A.nn. Revs. 12. Mostre que a energia de liga¡;io média por núcleon pode ser representada por
458 FÍSICA NUCLEAR

B.E.
A

Calcule o valor da energia de ligac;5.o média por partícula no Xe 124 e compare o resultado com
aquelc listado na Tabela 9.3.
13. Mostre que o valor de Q de urna rea¡;5.o nuclear pode ser escrito como

Q = ¿ (B.E.), - ¿ (B.E.),,
p

onde os subscritos - i, p - representam núcleos inicial e final. respectivamente. Mostre


ent5.o que o valor de Q para urna reac;iio (d. a) no nUcleo alvo com número atómico Z e
número de massa A é dado. numa boa aproximac;ao, por

Q = (B.E.). - (B.E.)d - 2a, + a,[A 213 - (A - 2)2 13 ]


2 2

+ Z
4 a, [ A113 -
(Z - 1)2 ]
(A - 2)113 - a,
[2(A - 2Z)
A(A - 2)
]
Parte III
+ ¡ ó/A:
-ó/ A:
O:
A par, Z impar

A par, Z par

A ímpar. Z qualquer

Tópicos Especiais e
Aplicar;oes

lt'
O
(J
t· Prof' Verginia Reís Crispim
Chefe do Lab. de Neutrongrafia
em Tempo Real
·w LNRTR / PEN / COPPE ¡ lJFRJ
1'
18

A Física do Néutron

Desde a descoberta do néutron em 1932, o papel e a importancia da física do


néutron cresceram marcadamente, havendo agora upr largo interesse .n~s idéias.
métodos e aplic~óes é¡ue se desenvolveram neste campo. Os néutrons, por serem
partículas pesadas sem carga, tém propriedades que os tornam especialmente inte-
ressantes e importantes na ciéncia e tecnologia contempor5.neas. As diversas_ rea-
, ¡;óes nucleares induzidas por néutrons sáo urna valiosa fonte de informa¡;óes sobre 11
o núcleo e vém produzindo muitas espécies nucleares novas. Estes nuclídeos feitos
artificialmente forneceram informa¡;óes adicionais sobre os núcleos e tém aplica- !¡
9óes em outros ramos da ciéncia, como a Química. a Biologia e a Medicin~. Os
neutrons tem usos diretos como ferramentas de pesquisa; por exemplo, suas pro-
priedades óticas os tornam mais úteis do que os raios X para certoS "fins analíticos.
O uso mais impressionante· de neutrons é em reac;óes em cadeia envolvendo mate-
riais físseis. Estas reac;óes em cadeia tiveram aplicac;óes militares que marcaram 1
época e.'bombas at0micasn) e podem ser transformadas numa fonte de calor indus-
trial e de energía elétrica importantes. Tais usos de néutrons e as aplicac;óes da
física do neutron dependem do co!lhecimento das propriedades dos neutrons e de
urna compreensáo de sua interac;áo com a matéria. Alguns aspectos da física do
neutron e de seu lugar na física nuclear já foram discutidos; a descoberta do néutron
foi tratada no Capítulo 11, assim como a produc;áo de novas espécies nucleares por
meio de reac;óes iniciadas por néutrons. A radioatividade /3 do néutron livre foi
discutida no Capítulo 14. As propriedades das reac;óes induzidas por néutrons
foram tratadas no Capítulo 16. tendo sido dados exemplos das maneiras pelas quais
estas rea9óes dáo novas informac;óes sobre núcleos. Finalmente, o papel dos néu-
trons como constituintes do núcleo foi discutido nos Capítulos 8 e 17. No capítulo
presente, a énfase será sobre os néutrons propriamente ditos. sua produ<;fio e de-
tecc;ao, e sua interac;ao com matéria em bloco - bem como sobre os métodos de
medir energías de néutrons e se9óes de choque para reac;óes induzidas por néu-
trons.

18.1 A ptodm;3o·de neutrons. As reac;óes nucleares süo a única fonte de néu-


trons. e as reac;óes (a, n) em elementos leves que 1evaram a descoberta do neutron
ainda sao usadas para produzir estas partículas. 1 Quando se mistura uro grama (uro
li
462 FISICA NUCLEAR A FISICA DO N~UTRDN 463 ;¡
9 8 2
- Fio para segurar a fonte c;:óes Be (y. n) Be e H (y. n)H 1 • A energia de liga<;fio do último néutron é particu- ,¡,,
2
larmente pequena n·a H e Be 9 • e as reac;:óes (y. n) tém limiares pequenos (Sec;ao
1'
16.9) - 2.23 Mev para a rea,áo H 2(y. n)H' e 1.67 Mev para a rea,ao do berilio.
Tampa de grafite Podem-se fazer emissores y muito intensos de modo muito barato em reatares nu-
cleares. podendo ser feitas fontes de néutrons muito mais intensas do que sao pos-
Tubo de lata.o síveis com emissores y naturais. Um diagrama de urna fonte de fotonéutrons está
mostrado na Figura 18.1; pode-se usar urna fonte deste tipo cam Be ou D 0 e um
Cilindro
de grafite emissor y. e4 sob condi<;,óes apropriadas pode fornecer até 107 néutrons/s. 2 As pro-
priedadesª· • s de algum~s fontes de fotonéutrons esta.o listadas na Tabela 18. l: os
Cilindro valores para o rendimento de néutrons sao tirados de um artigo de Feld. 5 O rendi-
de berilio mento é o número de néutrons por segundo. a partir de I g do alvo a l cm de urna
fonte de l curie.
Fofue de raios y
Néutrons também podem ser produzidos em aceleradores de pftrtículas. 6 •7 e
fontes <leste tipo vém sendo muito usadas em pesquisa de néutrons. O bombardeio
de gelo pesado (D2 0). ou parafina contendo deutério. com déuterons acelerados
num gerador2 eletrostático de Van de Graafffornece urna fonte simples e eficiente.
A reac;§.o H (d. n)Heª é exoenergética, com um valor de Q de 3.28 Mev. podendo-
se obter bons rendimentos de néutrons com energias de déuterons baixas com 100
ou 200 kev; néutrons aproximadamente monoenergéticos podem ser obtidos se as
condi¡;;óes da experiéncia sfio controladas cuidadosamente. Outras reac;óes que
podem ser usadas sao -

H + H -> He4 + n + 17,6 Mev,


3 2 1

C + H -> N + n
12 2 13 1
0,26-Mev, -

Li + H -> Be 7 + n 1
7 1
1,65 Mev,
H + H -> He + n
3 1 3 1
0,764 Mev.
As cinco reac;óes mencionadas provaram ser as fontes mais úteis. baseadas no
c·urie)' ·de rádio· ·~oi
\,áf¡JS ~ramas·_ cte· b'erítio em pó, _sao •"i>r~duzidoS "Cefca· de 107
bombardeio com partículas carregadas. aceleradas artificialmer!_te. podendo elas
fornecer feixes de néutrons aproximadamente monoenergéticos -na faixa de 5 kev a
20 Mev. ·, , , ~r.: :..J.~,:;_~- .q .. ·
neutrons rápidos - - segundo_;,como
por resultado da rea~ao ·,.. .;-. • i ,/
.... ' ,;. .,. ... . ·- ,..
., .

-,~J-'D!l! 1:, ... _


Íi'e•
: . . . . ·,·;;,:
+I-ie.'---> c
1 ;.;,.,;, .. - • •
12
+
_
n1 + 5,71 Mev;:
- -- ✓
Os neutrons produzidos pelos métodos discutidos tém energias intermediárias
ou altas. Neutrons lentos, com energias de cerca de 0,01 ev a alguns ev. sao neces~
sários para muitas aplica~óes; eles··sao obtidos a partir de néutrons de energias
A miStÜÍa pode ser COflt¡d'a ~~~ volume 6 de ou
7 centímeÍroS cúbic?s, fornec~ndo
urna fonte de néutrons conveniente. O rádio e seus produtos de d':_ca1men\'! em1tem Tabe/a 18.1 Propriedades de fon/es de Jotoneutrons
artículas a com energias de 4,.79 Mev a 7 .68 Mev (~aC'). e _os. n~utrons em ener-
pias de cerca
de 1 Mev até 12 ou 13 Mev A rneia-v1da do radIO longa, cerca de .A ~ Fonte Meia-vida Energia média Néutrons por se-
'600 anos a mistura Ra-Be fomecendo neutrons· numa taxa sufic11?ntemente cons- dos néutrons, gundo por curie,
kev I g de alvo a
t~nte para· ser· usada corri0-um padrao de e"!1issao d~, neutr?ns. A_s vezes_ usa-se
I cm, x J0- 4
radónio em vez do rádio para fornecer as part1culas a, Jaque e um gas e entao p~eds~
ser féita urna fonte mais compacta do que a Ra-Be. mas a fonte R~-Be tem ªA . Na 24 + D2O 14,8 h 220 (±20) 27
vantagem de decair rapidamente por causa da meia-vida curta (3,8 d1as).. do radomo. Na 24 + Be 14,8 h 830 (±40)
Mn 56 + D2 O 13
Usam-se fontes de polónio-berílio quando se dAes_eja ~ma fonte d~ ~eu:rons co~ 2,6 h 220
MnsG + Be 0.31
relativamente poucos raios y; um curie de polom? !111sturad? _com en 10 em ~o 2,6 h 100 (90%); 2,9
roduz cerca de 3 x )0 6 neutrons/s. O uso do palomo tem v~nas desv~~tagens, a 300 (10%)
Ga 72 + D 2 O 14 h 130
~aída de néutrons é muito menor do que a fonte Ra~Be._ sao nec:ssar~as certas Ga 72 + Be 6
14 h 5
facilidades químicas para produzir palónio puro e a meia-v1da (140 d1as) e pequena In 116 ,+ Be 54 min 100 (40%): 0,82
comparada cam a da fonte de Ra-Be. .. Sb124 + Be
300 (60%)
Fontes de fotoneutrons 2 sao freqüentemente usadas. urna vez_ que os neutrons 60 dias 30 19
LaH 0 + 020 40 h 140
produzidos sao praticamente manoenergéticos. nfio senda neces~ana depender d~ La 140 + Be 0,8
40 h 620 0,3
substancias radiaativas naturais. A maiar parte destas fontes esta baseada nas rea
464 FÍSICA NUCLEAR A FISICA DO NÉUTRON 465
maiores permitindo que estes passem através. d~ um material no qua! el~s ~ossarn responsável pela alta sec;ao de choque (755 barns) deste último para néutrons térmi-
perder a maior parte de sua energia em cohsoes de e;p~lhamento., Os neu~r~n~ cos. Urna cámara ou contador podem ser preenchidos como gás BF3 ou recobertos
perdem energia através de colisóes de espalhamento ine_la~ticas com ~ucleos med~os com um composto de boro; o detector de gás é usado mais extensivamente. Quando
ou pesados e através de colisóes de espalhamento elasttc.o con: nucleos leves, o é necessária alta
10
sensibilidade, o BF3 natural é substituido pelo B 1ºF feíto a partir
3
primeiro processo é mais eficiente para néutrons cor,:i energ1as mawres d~ que cer~: do isótopo B separado. A se9ao de choque para a rea<;ao (n, a) segue a leí 1/v
de 1 Mev e O segundo para néutrons com energ1as menores. Se urna fo~te (Se9ao 16~5A) e decai com energías crescentes do néutron. Conseqüentemente, a
néutrons rápidos é envolvida por urna grande TT?-assa de material c?n;endod~ducleos sensibilidade dos contadores de BF3 decai com energias crescentes do néutron.
leves. os néutrons se movem através do matenal e perdern ener~1a a me I a q~e estes contadores sendo mais úteis para néutrons lentos.
sofrem colisóes de espalhamento. Se a se~ií.o de choque do matenal para abson;ao O processo de fis.Sao pode ser usado para detectar néutrons. este método po-
de néutrons é pequena comparada com a se<;ao de choq_ue para ~spalhament~. ~s dendo ser visto como um caso especial do primeiro método discutido. As seguintes
néutrons continuam a perder energia até que suas v_eloc1dade~ seJam comparav~is rea9óes sao típicas:
aquelas do movimento térmico dos núcleos do matenal. Eles sao cha~ados de neu-
trons térmicos. Um material leve com urna se¡;ao de-choque.para ne~tr~?s apro- U 235 + n (lento ou rápido) --> A + B,
priadamente baixa é chamado de moderador e diz-se que os neutrons sa'? rale_~ta- U 238 + n (rápido) --> C + D;
dos" ou "'moderados" a energias térmicas. Os modera~~res usados_ r:iais freque~-
temente sao a água, parafina e grafite: água pesada e benho - matenais caros - as A, B, C e D representam fragmentos de fissao fortemente ionizantes, que sao nú-
vezes sao usados. Urna fonte de n€:utrons rápidos juntamente com um moderador. cleos altamente carregados e excitados. Os fragmentos de fissao tém energias ciné-
arra~jados convenientemente, fornece urna fonte de neu_trons lentos. Alg~ns dos ticas da ordem de 100 Mev. sua intensa ioniza<;ao senda fácil de distinguir daquela
detalhes do processo de ralentamento serao dados na Se¡;ao 18.3, e as propnedades causada por prótons, partículas a ou outras radia9óes ionizantes. Os núcleos físseis
dos néutrons térmicos sera.o discutidos na Se<;ao 18.4. . podem ser introduzidos numa ca.mara de ioniza<;ao como um gás (UF6 ) ou como
As fontes mais poderosas de néutrons sao aquelas assoc1~das com reatares urna cobertura
235
das paredes. C:1maras contendo materiais fissionáveis por néutrons
233
nucleares (pilhas de reai;ao em cadeia). Será mostrado nos Cap1tulos 19 e 20 qu~ térmicos (U , U e Pu 239} sao detectores eficientes de néutrons térmicos. C:ima-
sao produzidos muitos néutrons num conjunto de rea<;a_o em ~adeta de um !11~ter~a ras contendo uranio natural, ou uri:1.nio do qua) se removeu algum U235 , podem ser
físsil e um moderador. Os néutrons resultando da fissao de atomos de uran_10 sao usadas come;, detectores de néutrons rápidos em energias maiores que 1,0 Mev.
rápidos. s~tldo ralentados no moderador. Se.º reatar _e~tá b3;seado n~ _fi_ssao por Tório, protoactínio e netúnio também podem ser usados desta maneira para detec-
néutrons lentos. ele contém urna mistura de neutrons rap,dos. mt~rmediar~~s _e_len- tar néutrons rápidos.
tos. Para alguns propósit6s. como para a produ<;ao de radionuchdeos ar~1f1c1a1s. a O terceiro método está baseado no fato de que muitas reai;óes nucleares indu-
mistura de -néutrons com e'n~ergias diferentes pode se_r usada. mas para mm~as expf- zidas por néutrons resultam em núcleos-produto radioativos, ou néutrons sendo
riéncias sao necessários néutrons térmicos. Estes neutrons podem ser obttdos pe o detectados por meio da atividade de urna substancia exposta. A possibilidade de
uso de urna coluna térmica. que é simplesrnente um grande b!oco de moderador de detectar a- radioatividade induzida depende do seu tempo de vida, que nao pode ser
grafite colocado diretamente adjacente ao reatar nuclear.. Neutron~ esc~pando do apreciavelmente menor do que o tempo que <leve decorrer, por razóes experimen-
reatar entram na coluna e sao ralentados dentro dela; dep~ns d; se_ d1fundtren;i numa tais, entre a exposii;ao aos néutrons e a medida da radioatividade induzida; por
distancia apropriada na coluna. eles se reduzem a energias term1cas; Os neutrons outro lado, o tempo de vida nao deve ser tao longo, a ponto de a taxa de decai-
térmicos podem ser usados dentro da coluna para bombardear alvos la expost_os, ou mento ser desprezível. A se9ao de choque para a rea<;ao envolvida deve ser sufi-
pode-se permitir que eles escapem através de um buraco. formando um fe1xe de cientemente grande, de modo que se formem nuclídeos radioativos suficientes du-
partículas que pode ser usado fora da coluna. · rante a exposi<;ao. Descobriram-se muitas subst:inciás nas quais se encontram estes
-t: .••.. requisitos, estando entre elas o índio, ouro, manganés e disprósio, podendo estes
18.2 A d~tecíao de neutrons. Os néutrons sao partículas,descar~egadas e p~o- ser usados como detectores.--Folhas do material detector sao expostas a fonte de
duzem urna quantidade de ionizai;;:ao desprezível na passagem atraves da m~tena. néutrons, usualmente por um dado intervalo de tempo; elas sao entao removidas e
como resultado de que nao podem ser detectad_os d'!etamente em ~en~um_mstru- determina-se a intensidade da atividade induzida, contando as radia<;óes emitidas
mento (contador Geiger. ciimara de nuvens) cuJa a<;ao dependa da 10mza9~0 cau- com um contador Geiger apropriado. urna ca.mara de ioniza9ao. um contador de
sada pela partícula que o penetra. A detecc;ao de né~trons depende de efeJtos _se- cintila98.o. ou outro detector de radia9ao. Este método de ativariio pode ser usado
cundários que resultam de suas interac;óes com os nucleos. 8 Algurnas das rea<;oes para nCutrons nas diferentes faixas de energias, desde que os materiais detectores
sejam escolhidos cuidadosamente.
sao: I. a abson;ao de um néutron por um núcleo com a emissao irnediata de urna O método mais comum para· detectar néutrons rápidos está baseado na obserM
partícula carregada rápida; _ . _ , _ . va9ao da ioniza9ao produzida pelos prótons que recuam no espalhamento elástico
2. a absor9ao de um néutron coma f1ssao do nucleo comp?sto res~lta~te, . de néutrons por _materiais hidrogenosos. Pode-se usar uina ca.mara de ioniza980 ou
3. a absor9§.o de um néutron com a forrnac;ño de um nuchdeo rad1oat1vo CUJa um contador preenchido com um gás contendo hidrogCnio. ou tendo urna janela
atividade pode ser medida; . feita de um material hidrogenoso sólido. Um néutron incidente pode fornecer enerM
4. o espalhamento de um néutron por um nú~le~ lev:. como um proton. como gia suficiente a um núcleo de hidrogCnio, de forma que a ioniza<;ao causada pelo
resultado de que o núcleo leve que recua produz 10mza9ao.. _ próton que ,se move pode operar o detector. O material hidrogenoso também pode
Um detector de néutrons baseado no primeiro tipo de mtera<;ao pode ser u~a estar contido numa ca.mara de nuvens ou numa emulsao nuclear.
cámara de ioniza<;fi.o ou urn contador proporcional:~ Um d?s detector~~ usados ma~
freqüentemente está baseado na reac;ao B 1º(n. cdL1'. que e exoenerget1ca. com Q -: 18.3 A intera<;3o dos neutrons com matéria em bloco: ralentamento. A intera-
2.78 Mev. O núcleo alvo Brn. que tem urna abundftncia de 18.8% no boro natural. e <;ao entre os néutrons e a matéria em bloco é muito diferente daquela de partículas
466 FÍSICA NUCLEAR
1
1
!
" .
A FISICA oo· NÉUTRON
" . . 'á ue a figura clássica de colisóes _de
467

nao requer o uso de m~camca quantlc~. J q aternática nao necessitando ir alern


carregadas ou raios y. sendo um assunto que requer tratamento especial. Fermi "bolas ·de bilhar" é suficientemente precisa. a rn
descobriu (1934) que a radioatividade induzida em alvos bombardeados corn néu- da trigonometría ·e cálculo elemen_tar. L C está mostrado na Figura 18.2. No
trons aumenta quando se faz os néutrons passarem através de um material hidroge- O relacionamento entre os sistemas e d. - ao núcleo (.l
.- " t de rnassa m move-se em lfe9ao
noso colocado em frente ao alvo. Fermi e seus colegas mostraram que os néutrons sistema L. antes da cohsao. o neu ro O ener ia E . supóe-se que o
sao ralentados no materia] hidrogenoso. aparentemente sem serern absorvidos. e
que os néutrons mais lentos tém urna probabilidade maior de induzir radioatividade,
direit~ na figura) com ~elocidade vo. rnAorn~nt~d
núcleo de massa M esta em repouso. ve oc1 a
ni;;,
d~ cent~o de°'inassa V r é dada

do que os néutrons mais energéticos. A conversa.o dos néutrons rápidos em néu- por
trons lentos foi investigada em grande detalhe. tanto experimental como teorica-
mente. a import:incia dos néutrons lentos e do processo de ralentamento tendo sido m (18. l)
demonstrada sem sombra de dúvida. U m tratamento completo e rigoroso do ralen- V,= vo M + m·
tamento do néutron envolve urna matemática complicada. mas os princípios subja- . - " velocidade u e energia E, e num angulo (--J
centes e alguns dos resultados mais úteis sao razoavelmente simples. podendo ser Após a cohsao. o neutron mov_e-lse com d em algum angulo com a dire9ao
ilustrados com pouca dificuldade. Para a maior parte dos fins práticos. o processo com sua dire98.o original. o nuc eo moven o-se
importante de ralentamento é o espalhamento elástico por núcleos leves. O espa- original do néutron. d . _ éutro~ se move a direita com velocidade
lhamento inelástico por núcleos intermediários ou pesados é importante para néu- No sistema C, antes a cp11sao. o n
trons com energias acima de l Mev. porém se torna praticamente desprezível i

abaixo desta energia. Portanto. por simplicidade. consideraremos somente o espa- M (18.2)
lhamento elástico por núcleos leves. Vo - V' = Vo M +m'
A quantidade de energia que um néutron perde numa única colisao pode ser
calculada. resolvendo-se as equa96es de conserva9§..o da energia e momento para a e o núcleo se move a esquerda com velocidade V1.. O momento total_. medido no
energia do néutron após a colisiio, Mas existe um outro método que é mais sim- sistema C, é
ples e elegante. ilustrando também algumas idéias que sao muito úteis no trata-
mento de colisóes nucleares. Este método envolve o uso de dois sistemas de refe- Mvo ) _ M ( mvo ) = o,
rencia: o pri_meiro é o sistema do laboratório ou sistema-L, no qual o núcleo alvo é m ( M+m M+m
· suposto como estando em repouso antes da colisao. senda aproximado pelo néutron
incidente; o segundo é o_s,istema do centro de massa ou sistema C, no qual o centro
de masSa do néutron e dd núcleo é considerado como estando em repouso e tanto o .á que o momento é urna quantidade ve~o:ial. e a,,velocidade do núcleo !neg:l~i:<;ea~
J " A , cohsao o neutron se move num
néutron coino o núcleo se aproximam dele. O processo de colisiio pode ser descrito aposta A.quela do neu_tr?~· pos a . l deve ser conservado. seu valor
a partir do ponto de vista de um observador movendo-se com o centro de massa, e relaeao asua dire,;ao m1c1al. Como o momento lota • lo de (180º + el>)
acorre que as equa9óes necessárias para a descri98.o sao relativamente simples. y , r- , leo devendo-se mover num angu
deve ser zero aposa co tsa<:_, 0 nuc. .d t O fato de que O momento é zero no
.1
.1
Elas podem ser resolvidas facilni.ente, os resultados podendo ser transformados de
volta ao sistema-L. Em vista da importancia do processo de ralentamento e da
ª1
e~ rela9C8.o di:e~!ºpo1~ ¿e~~~fs~~~~~n:nae~ritmética neste sistema rnais si~pleds_do
sistema an es · . t C vé somente urna rnudan9a nas !fe-
utílidade do sistema de referencia do centro de massa na física nuclear. alguns dos que no sistema L. O o~servador no s1sltemda da col1's8.o as duas partículas· partindo
- d " t e do nucleo como resu a o b. •
aspectos menos complexos do processo sera.o tratados em detalhe. O tratamento 9oes o neu ron N
em dire9óes apostas. urna co isao e
r -- lástica · na. qua! a· energia
d
,.
cinetlca tam em e
as mesmas que
,n
conservada. as ve!o3idades das partíc_ula\no es:i~:%ªa ~u~:~:a s::
energía cinética
eram antes da cohsao; de outra manelfa •. av tal no sistema C é mudar as dire9óes
total das ?uas partícula~. Portanto. ~tf~tto ~o sistema L. no qua! o núcleo estava
M das velocidades. mas nao suas mag_~ 1 ~ e~. velocidades mudam e as dire9óes nao
m, vo, Eo
®'---
V _ (m)vo
0 o~ginalmente em,_repouso. as_ magn:h~d~\u~ angulo 0. tern urna velocidade v que é
e - M +m sao apostas. ~ neutron. ~~ e ~:~éutron no sistema C e a velocidade do centro ?e
M a soma vetonal da veloci a e d'f velocidades está mostrado no d1a-
· mento entre as I eren I es .
Sistema L (laboratório) SistemaL massa. o re lactona H. d . de ·,nteresse especial para os qua1s a
antes da colisao • 1 d F' ura 18 3. a 01s casos
após a colisao - grarn~ vetona ,.ª tg , . ¡· - , obtida diretamente a partir da figura. Numa
veloc1dade do neutron apos a co tsao e
111· colisao tangencial e/> = O e

!'Q- V,.
,,, + m + vo M m+ m =
-----;~
M Vo-
/4' v = Vo M
M
Sistema C (centro de massa) Sistema e
antes da colisao após a colisao .d • 1 E - E Numa coli-
A quantidade de energia perdida pelo néu~tron e , espreztve . e - o·
Fig. 18.2 Urna colisao de espalhamento elástica entre um neutron e um núcleo, descrita nos sao frontal. et, = 180º e a velocidade do neutron e
sistemas de referencia do laboratório e do centro de massa.
A FISICA DO NÉUTAON 469
468 FÍSICA NUCLEAR
A raza.o entre a energia do néutron E depois da colisao para sua energia inicial Eo é
M m M entao
v= vo M +m - Vo llf +m = Vo (M
E v
2
M2 + m + 2Mm cos ,¡,
2

ou Eo - v3 = (111 + m) 2 (18.4)
2
E min = .l.mv
_2 __
(18.3) Se a raza.o da massa do moderador para a massa do néutron M/m é chamada de A, a
E0 ½mv5 última equa~ao torna-se
' 1

:!
O néutron perde a máxima energia numa colisfio frontal; quando o moderador é E A
2
+ 1 + ZA cos ,¡,
grafite. M = 12. 111 = 1 e (18.5)
Eo (A + 1) 2

2
Emin = (12 - 1) = O 72 A razao de massas A pode ser tomada igual ao número de massa do moderador sem
E0 12 + 1 ' introduzir nenhum erro significante. já que m é próximo da unidade e M é muito
próximo a um inteiro. É. conveniente exprimir a raza.o de energía em termos da
Portanto, um néutron pode perder até 28% de sua energia numa colisfio e~~ um quantidade
núcleo de carbono; um néutron de 1 Mev pode perder até 0.28 Mev por cohsao. e
um néutron de I ev até 0.28 ev.
r = (A+
A- 1)l 2
(18.6)

r,. = r'o .JI ( "'+ m) que é urna medida da máxima energia que pode ser perdida pelo néutron numa
única colisao. A Eq. (18.5) torna:.se ent§.o

E l+r 1 - r
- = --+--cos"'.
E0 2 2 ~- . (18.7)
"
A maior perda de energia ocorre parar/>= 180°, quando cos r/> -l. e E_= rEo;
para <j, = O, cos <j, = I e E = E 0 •
O ángulo de espalhamento rf> no sistema do cenfro de massa pode agora ser
Fig. 18.3 oiagrama vetorial da velocidade do ni:utron após a colis~o nos sistemas do labora- relacionado ao ángulO" de espalhamento no sistema do laboratório. É evidente a
tório e do centro de massa. partir da Figura 18.4 que cotg 0 = D/B, onde

M m
D= v0 M + m cos </, + vo M + m,
1· = i·o ~"'- -
' M+m ( )
M .•
' ''' B - v0 M + m sen </,,
''
/
/

'' ,,"
/
/
J
'
: I' / \ B tal que
/ ''
,/ ': cos ,¡, + 1/A
fJ 1 /'
/
r cotg 8 = sen
_,_
o.p
· (18.8)
-----....1....-~------------J
/) O co-seno de um 3.ngulo pode ser obtido a partir da ce-tangente por meio da relac;ao

Fig. J8.4 O relacionamento entre o angulo de espalhamento no sistema do centro de massa e cos 8 = cotg/0
no sistema do Jaboratório. (l + cotg2 0) 112
Quando se insere· a expressao (18.8) para cotg 8 na última equac;ao. o resultado.
Para valores intermediários de <b. a velocidade do néutron após a colis:io pode depois de alguma aritmética simples. é
ser encontrada como func;ao de <l> aplicando-se a lei trigonométrica dos ce-senos a
Figura 18.3: l+Acos<J,
cos 8 = =--e-~-~-"-'-'--~~.
(1 + A2 + 2A cos <j,)I/2 (18.9)
2 2
2 2 2 2 A quantidade necessária é o valor médio do cos 0. que pode ser obtido inte-
v = vo ( MM
+ m) + Vo ( M m
+ m) , , 2vo ( M M
+ m) ( 111 m
+ m) cos </,.
A FISICA DO NtUTR0N 471
470 FISICA NUCLEAR
ou
grando a Eq. (18.9) sobre todos os valares possíveis de_</>. o ángulo de espalha-
mento no sistema C. Esta integra~ao depende da probabt11dade de que um neutron t=l+-1--r-rl n r
s.eja espathado num angulo entre <P e <b": de/> .. ?Iªs esta pro~abiJidade náo é conh:-
cida a priori. Tanto os resultados experimentats como um_ ngor~so tratame_nt~ t~o- 2
rico do processo de colisfio mos.tram que o espalhamento e esfencamente s1me-tnco l + [(A - 1)/(A + 1)] In !(A - 1)/(A + 1)] 2
(18.12a)
(isotrópico) no sistema C, desde que a energia inicial dos neutr~ms seja menor qu_e 1 - [(A - 1)/(A + l)]• '
10 Mev. Esta condifao é satisfeita na maior parte dos casos de mteresse, em_part1-
cular para os neutrons resultantes da fissao nuclear. A Eq. (!8.9) pode entao ser sendo f independente da energía, como estabelecido aclllla.
integrada sobre o elemento de angulo sólido 27l' sen <I> d</>. e A Eq. (18.12a) pode ser reescrita na forma

cos B =
4
1
,r i' cas 21r sen e/> d¡/,
> -
' -
1- (A 2A
- 1)2 1n (AA +- 1).
1 (18.12b)

Para A > 10, urna aproxima9ao conveniente para f, boa até cerca de um por cento,
1{' 1+Acos</, pode ser usada,
= 2jO (1 + A 2 + 2A cos cp) 112 sen e/> d<f,. 1

I!
2
Se o cos cb é igualado ax. t= A+f (18.13)

+I
+ Ax As fórmulas para g - Eqs. (18. 12a) e (18. 12b) - falham para dais casos espe-
-- 1
cos B = 2 f _1
1
(1 + A2 + 2Ax)1/2 ~x
2
= 3A. (18.10) ciais, A = 1 (hidrogenio) e A = oo, porque as fun,óes do lado direito das equa,oes
nao sao mais determinadas. Tomando-se os limites apropriados quando A -), 1, e
quando A -), 00 , pode-se determinar valores de g. Para o caso importante A = 1
QuandoA é grande - ou_ seja. para nú~1eos _espalhad~res ~e~ados :-· cos IJ é (hidrogenio), g = 1, e o valor medio de ln(Eo/E) é a·unidade. Para A-, oo, {-> O, de
pequeno e o espalhamento no sistema L e praucamente 1~otrop1:o, Neutrons que modo que o neutron praticamente nao perde energia numa colisaO elástica com um
colidem com núcleos pesados sao espalhados para frente tao frequentemente como núcleo pesado. Este resultado também pode ser obtido a partir da Eq. (18.6) que
o sao para trás. Quarido_ A é pequeno. como para núcleos leves. sao espalhados mostra que r--> ·l. e a Eq. (18.7) que mostra que E/E,--> l. De fato, para valores
mais néotrons para frente do que para trás. > grandes de A. r pode ser expandido na série
A perda de energia média por colisao pode agora ser calc~lada; o calcu_l_o en-
volve urna quantidade mais útil. o decréscimo médio do logantmo da energ1a do
neutron por colisao. indicada por g. Esta quantidade é conveniente para ser ~sada
em cálculos de ralentamento de neutrons. porque ela é independente da energ1a do
T = 1- A:+
4 8 12
A2 _- Aª+ ... '
neutron. Como E/E,. dado pela Eq. (18.7), é urna fun,ao linear de cos </> e todos os e, para valores de A maiores que 50, r = 1 - 4/A. Relembrando que a perda de
valores de cos cp sao igualmente prováveis. segue-se que todos os valores de E!Eo energ_ia máxima acorre para cos </, = -1, obtemos E = rE, = E, (1 - 4/A).
sao igualmente prováveis. A probabilidade P dE de que um neutron de energía As vezes é útil considerar a energia média após urna colis8..o
inicial Eo tenha urna energia. após urna colis8.o, entre E e E + dE é dada por

p dE =
dE
E 0 (1 - r) ' (18.11) E=
--
J EO

rEo
EP(E) dE = Eo(l
.2
+ r) · (18.14)

onde E 0 (l - r) representa a faixa inteira de valores de energia que um neutron pode


ter após urna colis3o. Por defini98.o, Para o hidro genio (A = J), r = O, a energía média de um neutron após urna colisao
com um próton sendo justamente a metade da energia inicial. Numa colis8.o frontal
-----¡¡;, entre um neutron e um próton, que tem massas quase iguais, o primeiro pode per-
lo E 0 - In E = In E·
der toda sua energía; este resultado segue a partir da Eq. (18.7), já que cos cp = -1
Entao, e r = O. Esta possibilidade distingue o hidrogenio dos outros moderadores. Para

J E,
t = ,E, In~ p dE =
!~(
,E, In ;
E) ü
Eo(l - r).
urna colisao com um átomo de carbono, r = 0,72 eE = 0,86E 0 • Para A = 200, r =
0,98, E = 0,99E 0 e Em,, = 0,98E,.
Quando se conhece g, o número médio de colis6es necessárias para produzir
um dado decréscimo na energia do neutron pode ser facilmente calculado. Se os
neutrons come9am com urna energia média de 2 Mev, e se eles devem ser ralenta-
Se x é igualado a E/E,. dos para 0,025 ev (energía térmica na temperatura ambiente}, o logaritmo da perda
de energía total é ln(2 x 106/0,025). Como a perda média por colisao é g, o número
1 de colis6es é dado por
t = -1 - (' lnxdx,
- r },
472 FISJCA NUCLEAR 473
A FISICA DO NÉUTRON

Tabela 18.2 Propriedades de espalhamento média em lag E por centímetro da trajetória do nCutron: ele deve ter um valor
de alg_uns núcleos
relativamente grande para um bom moderador.
Elemento A t; Número de colisiies A segunda quantidade é a razlio de moderarño. definida por
de 2 Mev a 0,025 ei'
- -
HidrogCnio 1 1,00 18
Razao de modera9ao = -1;;¡;,
~a
/;(]',
= -<la ' (18.17)
Deutério 2 0,725 25
Hélio 4 0,425 43 onde a-ª é a se9ao de choque para absor98.o. A raza.o de modera980 é a medida do
Litio 7 0,268 67 1

9 0,208 87
poder de ralentamento relativo e habilidade de absor9ao de urna substancia. Dos
Berilio
Carbono 12 0,158 114 elementos leves listados na Tabela 18.2. o litio tem de longe a maior se980 de
OxigCnio 16 0,120 150 choque para absor9ao (cerca de 65 b na energía térmica). nao servindo como mode-
Uninio 238 0,0084 2150 rador. Hidrogénio e deutério podem ser usados na forma de água (cornum e pesada.
respectivamente). já que o oxigénio é um bom moderador, e o número de átomos de
hidrogénio e deutério por centímetro cúbico de água é grande comparado com aque,-_
les nos vapores respectivos.
Número médio de colisóes = _ln[(2 X 10 6 )/0,025]
_;:_.:________ = 18,2
(2 Mev a 0,025 ev) f T. (18.15) As propriedades de alguns bons moderadores esta.o dadas na Tabela 18.3. No
cálculo dos valores da raza.o de moderai;;ao, usaram-se as se~óes de choque para
absor~fio de néutrons térmicos. Estes valores siio maiores do que aqueles em ener-
Os valores de g e do número médio de colisóes elásticas necessárias para reduzir a gias maiores, de forma que os valores das razóes de modera9ao sao limites inferio-
energía do neutron de 2 Mev para 0,025 ev estao listados na Tabela 18.2 para diver- res em vez de valores precisos, mas sao úteis para fins de compara9fio. De acordo
sas espécies nucleares. com estes resultados. D 20 é o melhor dos moderadores listados e H20 o menos
Apesar da quantidade g ser urna medida da habilidade de modera<;iio de urna efetivo. A raza.o de modera9ao relativamente fraca do H 20 é causada pela se980 de
dada substáncia. e)a nao canta a história inteira. De acordo com a Tabela 18.2. o choque para absor9ao relativamente alta do hidrogénio. Na. prá!ica, D20_ ~ urna
hidrogénio seria o melhor moderador, mas a probabilidade de urna colisao entre um substancia extremamente cara e só pode ser usada para aphca9oes espec1ais nas
néutron e um núcleo de hidrogénio em gás hidrogénio é pequena por causa da pe- quais o custo nao é a considera9ao primária; o berílio tamb~m é caro, senda rara-
quena densidade do gás. Portante, o número de átomos por unidade de volume mente usado. Grafite e água sao usados freqüentemente, ass1m como parafina. que
deve ser levado em'· conta. A probabilidade de que urna colislio de espalhamento é feita de hidrogenio e carbono: estes materiais oferecem um compromisso satisfa-
ocorra, ou seja, a se9lio,de choque para espalhamento, também deve ser conside- tório entre poder de moderac;:ao e custo. '
rada. Finalmente. para Um-bom moderador, a se9ao de choque para absor9ao deve A discussao acima sobre modera~ao de neutrons só tocou alguns dos aspectos
ser pequeña~ caso contrário muitos néutrons seriam perdidos por absor9lio. Como elementares do processo. Existem outros problemas que sao importantes. tais como
resultado destas considera90es, sao usadas duas outras quantidades para expressar a determinac;:ao da distribui9ao de energia dos neutrons durante a moderac;:ao, bem
as propriedades de moderadores. A primeira destas é o poder de ra/entamento, como a distancia percorrida pelos néutrons durante o processo. Estes probl~~as
definido por foram tratados em detalhes, tanto teórica quanto experimentalmente, por vanos
autores, 9 • 10 , u estando também discutidos nas referencias gerais citadas ao final
<leste capítuhf.
Poder de ra!entamento = fN(]', = f~, = Nop~., (18.16)
A 18.4 NCutrons térmicos. Corno resultado do processo de ralentamento, os
neutrons podem alcan9ar o estado em que s~as energias estejarn em equilíbrio co1!1
onde N é o número de átomos por centímetro cúbico, p é'a densidade, N 0 é o aquela dos átomos ou moléculas do moderador no qual eles se movem. Numa coh-
número de Avogadro (6,02 x 1023), e <r, é a se¡;ao de choque para espa!hamento. O sao particular com um átomo, um néutron pode entao ganhar ou perder urna pe-
poder de ralentamento tem a dimenslio de cm- 1 • A quantidade N x a-5 = Ia é quena quantidade de energia; num grande número de colisóes entre néutr~ms e_áto-
chamada de seriio macroscópica de choque para espalhamento, senda a probabili- mos, os ganhos de energia sao tao prováveis como as perdas de energ1~. D12-se
dade de que um néutron seja espalhado, por cehtímetro. Como g é a perda média entao que os néutrons esta.o em equilíbrio térmico com os átomos ou moleculas do
em log E por colisao, o poder de ralentamento pode ser interpretado como a perda moderador. Seu comportamento é similar Rquele dos átomos de um ~ás e p_ode ser
descrito razoavelmente bem pela teoría cinética dos gases. Claro esta que e neces-
Tabela 18.3 Valores do poder de sário que os néutrons sejam capazes de colidir com os átomos do modera~or urn
rale.ntamento e razáo de moderaflzo número suficiente de vezes para alcam;:ar o equilíbrio antes de serem absorv1dos. e
isto requer que a se98.o de choque para absor~ao em energias baixas s~j~ pequena
Moderador Poder de Razéio de comparada com a se9ao de choque para espalhamento. Quando as c?ndu;:?es_ pa_ra_ o
ralentamento, cm- 1 modera9iio equilíbrio térmico sao satisfeitas. os néutrons tem a bem conhec1da d1stnbu1~ao
H,O maxwelliana de velocidades, 12
1,53 72
D,O 0,370 12.000
Be
Grafite
0,176
0,064
159
170 n(v) dv = 41rn ( -m-
21rkT
)ª' 2
v2 e-m', 12 kT dv
' (18. 18)
474
FÍSICA NUCLEAR
A fiSIGA DO ~UTRON 475
onde n é o número total de néutrons por un·ct d d
unidade de voJume com velocidades entre vi /v: ;/olur:ne, n(v) dv é número p_or º. A ve!ocidade mais provável na temperatura ambiente. 20°C ou 293ºK. é 2.200 m/s
constante de Boltzmann igual a 1 380 x ~ • m e a massa do neutron, k e a (mais precisamente. 2.198 mls). esta veiocidade correspondendo a urna energia de
ratura absoluta em grau~ Kelvin ' 10 16 erg por grau absoluto, e Té a tempe-
0,0252 ev. A distribui,ao de Maxwell de neutrons térmicos a 200C está mostrada
A dístribui~ao de Maxwell tem ce t · . · pela curva á e$querda na Figura 18.5. na qua\ a densidade relativa de neutrons n(v)
quais é o valor da velocidade mais . r ~s ¡rop_nedades tnteressantes. urna das está colocada num gráfico com a ve}ocidade em metros por segundo. A energia do
n(v) = O para v = O e para v = "' d~~~;~ve . ey¡dente a partir da Eq. (18.18) que a
nelltron correspondendo velocidade mais provável é dada por
algum valor finito de v Este val~r de . a qu~ n\v) deve ter um valor máximo para
vo; eta pode ser deterntinada pelo ro v ~- a ve oc1dade mais provável, indicada por E"(cv) = 8,61 x IO~•r. (18.21)
da Eq. (18.18) em rela,;ao ave igu~an~"o n'::'nto
escrito como Cflv) d e ª
'::'ª"ª'
de diferenciar o lado direito
~~va a zero. O lado díreito pode ser ' .
Valores de v0 e Eº em diferentes temperaturas esta.o listados na Tabela 18.4.
dente de v; també~ ~n c~nv:~fe:1:e~:a~~~~~~•ente(4 1r/n2k(m/27Tk7) 31
2, que é indepen• Além da velócidade mais- provável u0 e a energia corresponderrte Eº, exist~m
ª
=_m T) 1' 2 • Entao, diversas outras propriedadeE; da distribuic;ao de Maxwell que sao de interesse. A
n(v) = Cf(v) -velocidade média é
e
dn(v) , , ii = v0 = l ,1284v 0 , (18.22)
-el -dv = 2ve-ª V
- 2va
3 2 -a2v2
e = o.
7r~12

Tabela 18.4 Velocidades mais prováveis dos neutrons térmicos

Temperatura Velocidade mais provável, Energia correspondente a


ºC °K v0 : metrosls velocidade mais provável,
Eº: ev

o 273 2120 0,0235


20 293 2200 0,0252
27 300 2220 · 0.0258
127 400 2570 0,0344
227 500 2870 0,0431
327 600 3140 0,0517
427 700 3400 0,0603
527 800 3630 0,0689
727 1000 4060 0,0861
v (m/s)

Fig. 18.5 A distribui~ao de M~xwell d~ néutrons t, . .


nv como fum;;óes da velocidade do néutron. erm1cos, mostrando a densidade ne o fluxo sendo cerca de 13% maior do que a velocidade mais provável. A distribuiyáo de
energia dos neu trons é dada por

Para que a última equa9ao seja satisfeita para algum valor v =, , , .


n(E) dE = 21rn -E/kTE112 dE
Do, e necessano que (18.23)
(1rkT)•12 e •

onde N(E) dE representa o número de neutrons coro energia cinética entre E e E +


(18.19a) dE. A energia média é

para c~da va~or de T. Como n(v) tem seu valor , . (18.24)


dade e a ma1s provável A ene . maxm:io quandO v = Vo, esta veloci-
indicada por Eº e ·.é • . rg,a correspondente a velocidade mais provável é a
sendo metade maior do que a energia correspondente velocidade mais provável.
1
A energia média náo corresponde a velocidade média, como se pode verificar
comparando-se as Eqs. (18.22) e (18.24), mas á velocidade quadrática média v,,
Eº = ½mv5 = kT.
(18.19b)
dada por
O valor numérico de v - d d ,
o e a o em cent1metros por segundo por

Vo = (2kT)112
m
= (2 X 1,380 X IO-"T)l/2 -
1,675 X I0-24 - (l , 64 S X I0'T)'" ou
(18.20) v, = I ,2248vo = l ,085ii. (18.25)
A FISICA DO N~UTRDN 477
476 FISICA NUCLEAR
2
pl~no de 1 cm ~e área está dAentro de urn ·reatar nuclear ou coluna térmica na qua!
Apesar de qualquer urna das quantidades discutidas poder ser usada para caracteri- existe urna dens1dade n de neutrons movendo-se com velocidade v. e que os néu-
zar a distribuic;3.o de Maxwell de néutrons térmicos. é costume descrever os néu- tr<?ns. podem cru~a_r a ~re_a em qualquer dire,;ao com a mesma probabilidade, ou
trons térmicos em termos da velocidade mais provável e da energia correspondente. s:-ia, o fluxo nv e_ 1sotrop1co. Pode-se mostrar que nestas condic;:óes o número de
Eles sao geralmente chamados de "néutrons kT". as sec;óes de choque indicadaS neutron~ ~ruzando,o plan? de área unitária por segundo a partir de cada lado é nv/4.
para néutrons térmicos senda usualmente aquelas para a velocidade de 2.200 m/s. A descnc;:ao geometnca simples do fluxo pode ser lembrada se a área considerada é
ou para urna energia de 0.025 ev.
aquela d_e um elemento de volume escolhido apropriadamente como, por exemplo. a
superficie de, u_ma esfera cuj~ área de se,;ao de choque é 1 cm 2 • Esta interpreta,;ao
do fluxo eAsta Ilustrada na Figura 18.7. tirada do livro de Highes. O conceito de
5 fluxo de neutrons ~ao se limita aos neutrons térmicos. mas é usado para néutrons
o o com qualquer dens1dade e distribuic;:ao de velocidades.
A de~sidade de. néutrqns e fluxo, a distribui9§.o de Maxwell e a lei 1/v para
4
certas _sec;:oes de choque para néutrons estao ligadas de urna maneira .instrutiva a
~
"O absor~ao de, néutrons térmicos. Suponha que se expóe urna amostra de um certo
Q
:!l 3 matenal estavel a ~m fluxo n(v)v de néutrons térmicos. e que ocorre urna rea9ao
~
e
~
nuclear na qua! o ~eutron ~esaparece. tendo urna sec;:ao de choque era. Em geral. uª
_g 2 depende da energ1a dos neutrons. ou Ge sua velocidade. e pode ser escrita como
';u(v). O número de rea96es induzidas por segundo pelos néutrons de velocidade v
o
e n(vJvcru(v)N, onde N·é o número de núcleos no alvo-amostra que podem sofrer a
o
rea9~0 dada. Se um novo nuclídeo é produzido na reac;:ao. como no caso de urna
o rea,ao (n, y), a laxa de produ,iio é

201111 411011 6000 dN.


r· (m/s) ,¡¡- = n(v)vu0 (v)N,
(18.27)
Fig. 18.6 Distribuiyáo de velocidades de nCutrons térmicos medida diretamente (círculos), onde,!"' a(v) é o nú_mero de núcleo~ leves do novo tipo- produzidos pelos neutrons de.
comparada com a distribui¡;ao de Maxwell a temperatura ambiente (Ringo, citado por Hug-
hes). <. - veloc1dade v. Entao, se a se,;iio.d~ choque era obedece a lei 1/v, ela pode ser escrita
na forma

O"aoVo
As distribuic;óes de velocidade de néutrons térmicos a partir de várias fontes -- -
V
, (18.28)
foram medidas experimentalmente. É possível determinar o número relativo de neu-
trons com diferentes velocidades por meio de instrumentos especiais que sera.o des- ¡ onde Vo representa alguma velocidade padrao e u O é o valor-da se,;ao de choque
critos na Sec;:ao 18.6. O máximo da distribuic;:ao medida dá a velocidade mais prová- naquela velocidade. A Eq. (18.27) torna-se .. ."
vel diretamente. a "temperatura" dos néutrons podendo ser obtida a partir da Eq. l
()8. 19). Por várias razóes experimentais. medidas muito precisas sao difíceis de se
fazer. mas as velocidades medidas seguem a distribuic;:8.o de Maxwell dentro de um
erro experimental de cerca de 10%. Um exemplo de urna distribui,;8.o de velocida-
!,.
l
(18.29)
des medida diretamente 13 está dado na Figura 18.6; os néutrons vieram de urna ¡
?S v se cancelam e a taxa de absorc;:ao depende da densidade n em vez do fluxo nv
coluna térmica do reatar nuclear do Argonne National Laboratory. Os pontos ex- mdependente da velocidade do néutron. ·-- - •
perimentais indicam urna "temperatura dos néutrons" ligeiramente maior que
293°K (20°C). para a qua! se calculou a curva sólida. teórica.
Outra grandeza que tem grande importancia na física do néutron é ojluxo de
neutrons; comumente ela é definida como o produto n(v)v, senda obtida Esfera de
Plano de 1 cmi 1 cm~ de área
multiplicando-se a densidade de néutrons n(v) pela velocidade. A distribuic;:8.o do
fluxo para neutrons térmicos é dada por transversal

n(v)v dv 4n v3 e-v-Ji·o
= --- °
dv
0

v81rl/2 '
(18.26)

e está colocada num gráfico na Figura 18.5 para néutrons a temperatura ambiente.
O fluxo temas dimensóes de cm- 2 s- 1 • geralmente senda descrito geometricamente nv/2 néutrons cruzam nv néutrons cruzam
como o número de néutrons que cruza um centímetro quadrado de área em urn o plano por segundo a esfera por segundo
segundo. Esta descric;ao é carreta para um feixe de néutrons unidirecional de densi-
Fig. 18.7 A descric;ao geométrica do fluxo de neutrons como o número de neutrons cruzando
dade 11 e velocidade v cruzando um pli¡ino de área de 1 crn 2 normal ao feixe. Entre- urna esfera de área "transversal unitária por segundo (Hughes).
tanto. sob certas condic;óes. esta descric;ao é errónea. Suponha. por exernplo. que o
A FISICA DO NtUTRON 479
478 FÍSICA NUCLEAR
para ativac;ao. O alvo. ou detector. é urna fina folha de materia1 que sofre urna
Se a dístribui9ao de néutrons é maxwelliana, n(v) é dado pela Eq. (18.18), e a rea9iio obedecendo a lei 1/v, de forma que a Eq. (18.34) é satisfeita. A taxa de
fórmula para o número total N ª de novos núcleos formados por segundo é obtida decaimento >,Na da atividade induzida é medida pelo procedimento de contagem
integrando-se a Eq. (18.29) sobre todos os valores possíveis de v, padráo e, set, A e <Tao sao conhecidos, pode-se obter n. Numa experiencia real. um

Nu. 0 v0
f
0
~ ( m
4mi 2 1rkT
)3/2 v e
2 -mv2 f2kT
dv. (18.30)
tempo finito O deve decorrer entre o final do período de irradiac;ao t e o tempo da
contagem real. Entao a atividade medida é dada por
_,,) _,.
A m = nVoO'ao N(l - e e • (18.35)

A integral do lado direito da última equai;ao é justamente igual a n, o número tota1 '
O fator exponencial adicional corrige o decaimento que acorre entre o final do
de néutrons por centímetro cúbico, porque a distribuic;ao de Maxwell mostrajusta- período de irradiac;ao e o tempo do procedimento de contagem. Este método será
mente como os n neutrons se dividem entre as diferentes velocidades possíveis. discutido adiante na Se9ao !8.7.
Este resultado pode ser verificado. notando-se qu~
18.S A difusáo de nl!utrons térmicos. Em trabalhos envolvendo nfutrons tér-
micos. freqüentemente é necessário saber a distribuic;3o espacial dos neutrons. ou
seja. a dependencia da densidade de nfutrons em relac;§.o a posi'rao. Este problema
pode ser tratado com a ajuda da teoria da difusa.o e algumas das idéias envolvidas
sera.o desenvolvidas e entao ilustradas por meio de um exemplo simples. Supore~
onde f3 é urna grandeza independente de v. Entiio a taxa na qua! os noves núcleos mos, por quest§.o de simplicidade, que os neutrons sao monoenergéticos; em vista
s8.o formados pelos néutrons térmicos com urna distribuic;iio de velocidades max- dos resultados da última se~ao, esta suposic;ao é razoável.
welliana. numa reac;ao com urna sec;ao de choqué proporcional a 1/v. é simples- Suponha que existe urna distribuic;iio de neutrons cuja densidade varia semente
mente na direc;ao x. e considere um elemento de área plano, perpendicular a esta direc;áo.
Se a densidade de nCutrons n(x) fosse uniforme (independente,de x). o número de
dNa = nVoUao N , (18.31) nCutrons cruzando este elemento de um lado seria igual ao número cruzándo a
dt partir do outro lado. Mas se existem mais néutrons de um lado do elemento de
superficie. mais nfutrons cruzam a partir daquele lado, e existe um fluxo de nCu-
O mesmo resultado seria obtido para qualquer distribuicao n(v). desde que a se9ao trons líquido através da área plana a partir do lado com maior densidade de neu-
de choque <Ta siga a léi'J/v, mas a distribuic;ifo de Maxwell é a única de importáncia trons para o lado de menor densidade. Diz-se entao que os nfutrons se d(fundem da
prática. -É_ costume tomir v0 como 2.200 m/s. ou seja. como a velocidade mais regifio de maior densidade de nfutrons para a regifio de menor densidade de nfu-
provável numa distribuic;a.0 de MaXwell a 200C. e as sec;óes de choque térmicas trons. O movimento dos nCutrons pode ser representado pela lei de difusa.o de Fick.
listadas em tabelas e compilai;óes sao usualmente aquelas medidas em velocidades de acordo com a qua! o número líquido de nSutrons J passando por unidade de
do nSutron de 2.200 m/s. Quando o material que está sendo ativado tem urna sec;ao tempo através de urna área unitária normal a dire~ao do fluxo é dado para o caso
de choque proporcional a l/1;, os neutrons térmicos podem ser tratados como mo- unidimensional por
noenergéticos com energia Eº correspondendo a velocidade mais provável. O fluxo
térmico é expresso simplesmente multiplicando-se a densidade de neutrons pela (18.36)
velocidade v0 = 2.200 m/s.
Quando a nova espécie nuclear é radioativa. com urna constante de decaimento
A, a taxa de variac;áo do número de novos núcleos radioativos é dada por J é chamado de densidade de_ corrente e Dé o coeficiente de difusüo. Quando n tem
as unidades cm-3 ex está em centímetros. D tem a unidade de centímetro quadrado
por segundo. O fato de os nCutrons térmicos num moderador terem a mesma distri-
d:ia . nvoUaoN - XNa, (18.32) buic;ao de velocidades que as moléculas do gás sugere que o movimento dos neu-
trons pode ser tratado da mesma maneira que o das moléculas de um gás. Supóe-se
Esta equac;ao tem exatamente a mesma forma' que a Eq. (10.6). que foi encontrada que os néutrons, num meio que nao absorve muitos deles. agem como as moléculas
na discussao da radioatividade natural. e pode ser integrada para dar de um gás muito diluído, e que a penetrac;ao dos néutrons através da matéria é
similar ao processo de difusfio em gases. Com estas hipóteses. a teoria de difusa.o
de neutrons, pelo menos em sua forma elementar, consiste na aplicac;§.o das idéias e
(18.33)
equac;óes da teoria cinética dos gases aos néutrons. Em particular; o coeficiente de
difusao D pode ser interpretado em termos de conceitos tomados da teoria cinética.
onde t é o intervalo de tempo para a irradiac;§.o da amostra. A taxa na qual os A aplicac;ao <lestes conceitos nao se limita aos néutrons térmicos mas também
núcleos radioativos decaem é ent§.o podem ser usados para neutrons de qualquer velocidade (por exemplo. como no
problema,da distribui~ao espacial de néutrons durante o processo de ralentamento).
(18.34) desde que se possa definir um coeficiente de difusa.o apropriado.
Um dos conceitos que é útil na teoria cinética é o do caminho livre médio.
A Eq. (18.34) é a base do método geralinente usado para determinar a sec;ao de geralmente indicado por A. Apesar deste símbolo também ser usado para a cons-
choque para ativarüo de um nuclídeo se a densidade de neutrons n é conhecida, ou tante de desintegrac;ao. nao haverá confusa.o porque o caminho livre médio A sem-
para determinar a densidade de nfutrons. quando é conhecida a sec;ao de choque
480 FISICA NUCLEAR A FÍSICA DO NÉUTRON 481
pre terá um subscrito indicando um processo particular. O caminho livre médio Agora é possível mostrar como a dependencia espacial da densidade de neu-
para um processo está relacionado com a se9ilo de choque para este processo; as~ trons PC?de ser encontrada. O exemplo a ser dado é aquele de néutrons monoenergé-
sim. a distáncia média qu~ um neutron percorre entre colis6es de espalhamento é ticos difundindo-se na dire98.o x num grande bloca de moderador com urna se<;5.o de
chamada de caminho fil-re médio para espalhamento 'A. 8 • definido pela rela9ao choque para absor9§.o Ua, Este problema surge freqüentemente em pesquisas com
neutrons térmicos, especialmente quando se usa urna coluna térmica em conexa.o
}-,(cm) = 1/Nu,, (18.37) com um reatar nuclear. Supóe-se que existe urna fonte que produz Q néutrons por
centímetro quadrado por segundo, espalhados uniformemente sobre o plano limi-
onde N é o número de núcleos por centímetro cúbico e crs é a sec;:lo de choque para ' tante da barra em x =. O. como mostrado na Figura 18.8. Se a barra é suficiente-
espalhamento por núcleo. O caminho livre médio para absorc;§.o é dado por 1 mente grande (infinita)'. as varia9óes nas direyóes y e z podem ser desprezadas.
Considere um elemento da barra entre x ex + dx. O número de néutrons que
Aa(cm) = l/Nu0 ,
senda o caminho percorrido. em média. pelos n"eutrons térmicos antes de serem
(18.38)
l 1
passam para dentro da barra por unidade de tempo é indicado por L:r Jx. sendo
dado por

absorvidos. Há também o caminho ll\'re médio para transporte A,r definido como L, dx = J(x) - J(x + dx)
Atr
1
= ----~-- = -1- ,
Nu,(l - cos 8) Nu,,
(18.39) _ }-,,v (dn) + }-,,v (ªn)
3 \dx , 3 dx x+dx

onde cos fJ é o valor médio do angulo de espalhamento no sistema de referencia do 2


laboratório. e é dado pela Eq. (18.10). O caminho livre médio para transporte é Ai,V dnd
- 3 dx2 x.
introduzido para levar em conta o fato de que o espalhamento se dá preferencial-
mente na dire~ao positiva; ele é maior que o caminho livre médio para espalha- No equilíbrio, o número de néutrons que entra no elemento dx. da barra deve ser
mento. o que significa que. em média. um néutron vai caminhar mais longe num igual ao número de néutrons absorvidos dentro dele, que é nvuaN dx, de forma que
dado número de colisóes. do que se nao houvesse direy§.o preferencial. Ent§.o, a
2
seyao df: ·choque para transporte u,r = u 11(1 - cos 0) é urna medida da taxa com que AtrV d n
o neutron perde seu momento na dire9§.o positiva ou a "memória" de sua dire9§.o -3- -dx-2 -- nvuaN
original. De acordo Córµ__ a teoria cinética. o coeficiente de difusao é dado por
ou
(18.40) d2 n 3Nu.
--
2
=--n= - 3- n (18.42)
dx At, AtrAa '
Portanto. se a velocidade do néutron é conhe.cida. e se determinarmos A17 [por meio
da Eq. (18.39) 1em termos das propriedades N. cos He cr, do meio onde os néutrons Define-se agora urna nova grandeza, o comprimento de difusiío Jérmica L, por meio
estiio-se difundindo. entao a taxa de difusa.o pode ser calculada a partir da Eq. da rela9ao
(18.36). a densidade de corrente senda

J= - 3 d x :
}-,,v dn (18.41) (18.43)

de modo que a Eq. (18.42) torna-se


Fonte de neutrons

(18.44)

Fonte
plana Facilmente verifica-se por substituiy§.o direta que a solu9iio geral da Eq. (18.44)
no, _-infinita é
emx = O X
I

,,
,I n(x) = a,-,;L + be' 1\ (18.45)
,,
___ .,,.,.,,.✓ onde a e b sao constantes a serem determinadas pelas condi9óes do problema. Urna
condi,;iio' é que n <leve ser finito para todos os valores de x, incluindo x = x: como
--- L é positivo. segue-se que b deve ser zero. A segunda condi9ao é que a densidade
-c,o-x x----+"" de corrente em x = O é J(O) = Q/2, já que semente metade dos néutrons produzidos
pela fonte uniforme entra no moderador. Esta condii;;üo determina o valor <la cons-
Fig, 18.8 Difusao de nl!utrons térmicos a partir de urna fonte infinita plana. tante a
A FÍSICA DO NÉUTRON 483
482 FISICA NUCLEAR
O fato de que um dado núcleo geralmente tem urna se,;ao de choque diferente
J(O) AtrV a para cada tipo de rea,;ao de néutron na qua! toma parte, juntamente com o fato de
3 L' que cada se,;ao de choque pode variar com a energia do néutron. coloca obstáculos
na maneira de construir um conjunto adequado de valores de se,;ao de choque. A
de forma que 'se,;ao de choque total crr é a soma das se9óes de choque parciais para rea,;óes e as
se,;óes de choque parciais para espalhamento. Apesar da se,;ao de choque total ser
3 QL QL a mais fácil de ser medida, ela em geral nao fornece informa,;Oes suficientes. as
a= 2 At,V = 2D. medidas das várias se96es de choque parciais em geral sendo necessárias. Como
resultado da varia,;ao da Je,;ao de choque com a energia é desejável medir valores
das se96es de choque para néutrons monoenergéticos. Um dos principais proble-
Tabela 18.5 Constantes de difusilo de moderadores mas que surge entao é o de obter feixes de néutrons monoenergéticos de intensi-
dade suficiente para perffiitir medidas precisas. As técnicas experimentais envolvi-
"•·
milibarns,
t das dependem das energias dos néutrons; elas sao diferentes para néutrons lentos e
por
para néutrons rápidos. sendo necessário considerar as medidas em faixas de energia
Material Densidade N. L, cm molécula. >.,r, diferentes separadamente.
g/cm 3
moléculas/cm 3
O"tr,
barns/
molécula
a 2.200
mis
cm ""
cm A se98.o de choque total pode ser determinada medindo-se a transmissiio de
néutrons numa experiéncia de "geometria boa". A idéia na qual a determina,;ao
está baseada é em princípio similar 8.quela discutida previamente (Se,;ao 15.l) em
H,O 1,00 0.0334 X )024 2.73 69.6 660 0.43 51,2 conexáo com a medida do coeficiente de atenuai;ao total ou se~ao de choque para
D,O 1,10 0.0331 171 12.0 0,93 2.52 36.700 raios y. O fluxo de néutrons observado depois que um feixe de néutrons passou
Be 1,85 0,1235 20,8 5.65 JO.! 1,43 906
e 1,60 0,0803 52,0 4.54 4.5 2.74 2.900 através de urna espessura x do material é dado por
) -N•,x ,
nv= (nvoe (18.47)

Portanto, á solU(;fto ·do problema é onde (nv) é o fluxo incidente no material, N é o número de núcleos por centímetro
0
cúbico e u, é a se~áo de choque total desejada. Entao.
(18.46) "t
'I
1 (nu)
0
Ut=-ln--, (18.48)
e a _de~sidade de né~trons decresce exponencialmente com a distáncia da fonte. A Nx .nu
vanac;ao de n(x) esta mostrada."ª _Figu_r": 18.8. O comprimento de difusiio L pode
ser m~strado como sendo a d1stanc1a media (em Iinha reta) que um néutron percorre e o valor da se98.o de choque pode ser determinado a partir da resposta de um
ª partir do plan? x = O antes da absor~ao, em contraste com Aa, que é a trajetória detector n~ presen,;a ou ausencia do material. As condi9óes geométricas podem ser
~otal que um neutron percorre antes da absor~ao. O comprimento de difusa.o é encontradas g~ralmente sem dificuldade, a énfase estando em co-nseguir feixes sufi-
t~portante_ do po~to de vista prático, urna vez que ele pode ser medido experimen- cientemente intensos de neutrons monoenergéticos, ou 'analisando o efeito de um
t~dmente. As se9oes de choque para transporte e absor980 também podem ser me- feixe na.O homogéneo em termos dos efeitos de suas componentes. Este problema
d as ~m alguns _casos, _podendo-se determinar outras constantes com a ajuda das foi resol✓ido para neutrons lentos', coin a ajuda de dispositivos chamados de seleto-
edqua9oes _da ~eona da difusáo. As várias constantes '·de difusa.o para vários modera- res de velocidade.
ores estao hstadas na Tabela 18.5. . Num tipo de instrumentb, 14 • 15 • 16 o seletor mec§.nico de velocidade ou cortador
r E:iste~. ~uitas outras aplica9óes da teoria da difusáo de néutrons que esta.o de feixes de nfutrons lentos, o desenho está base·ado no fato de que o cádmio é um
ªi· emd os O ~etivos de~te livro. sendo tratadas em algumas das referéncias gerais forte absorvedor de néutrons com energias menores que 0,3 ev. enguanto que ou-
1sta as ao final do capitulo. tros metais como o alumínio sao absorvedores fracos nesta regia.o de energía. U m
diagrama esquemático de um cortador lento 16 no Harwell Laboratory (lnglaterra)
h l8.6 Sec;óes de choque para reac;óes induzidas por néutrons: roed.ida da s~ao de está mostrado na Figura 18.9. Um feixe colimado de urna coluna térmica de um
e. oque 10~ 1- . O uso da se980 de choque para urna rea,;ao nuclear como urna me- reator incide num obturador cilíndrico girante. que contém urna série de láminas.
1•da quant 1.tat1va ?ª
~robabilidade de que aquela rea9ao ocorra foi tratado no Capí- alternadamente cádmio e alumínio, montadas num bloco de metal. Devido a forte
ulo ]6. A ;m~ortancia das rea96es induzidas por néutrons na física pura e aplicada absor~ao do cádmio, os néutrons podem passar a ser semente detectados quando
e _na tecno og1a torna necessári': que se tenha um conhecimento detalhado das se- as láminas esta.o paralelas a dire,;ao do feixe. Dais grupos de néutrons sao liberados
~oesbdedc~o~ue p:,ra estas rea,;07s. A produ9ao eficiente de novos nuclídeos pelo a cada revolu,;ao; os néutrons percorrem urna dist§.ncia medida a um detector (con-
om ar e!o e neutrons requer mforma,;Oes precisas sobre as se,;Oes de choque tador de B F 3 ) e sao registrados, de acordo com seu tempo de chegada. do modo a
~ara rem;oes (n. y). A possibilidade de alcarn;ar urna rea,;iio cm cadeia e o desenho seguir. U m espelho duplo fixo no obturador reflete um feixe de luz de urna lámpada
~ um/e~tor nuclear depende muito dos valores das se96es de choque para absor fixa para· urna fotocélula num instante entre grupos sucessivos de néutrons. dado
9ao e issao dos materiais físseis. bem ~o~o das se,;óes de choque para abson;ao ~ pelo "ajuste angular da fotocélula. O pulso da fotocélula ent§.o alimenta urna unidadc
espal~ament? dos moderadores e matenais estruturais. O uso inteligente dos dados elétrica de disparo que passa os pulsos do detector. os quais ocorreram durante um
expt~menta; sobre se96~s de choque de néutrons requer urna compressao dos curto intervalo de tempo preestabelecido. imediatamente após o pulso da fotocé-
~e odas us~ os para med1-las. e dos resultados das medidas. bem como das Jimita- lula. Quando esta entrada fecha. ela abre urna segunda entrada e assim por diantc
<;oes os metodos. ·
A FISICA DO NÉUTRON 485 ¡r¡·.
,.1
484 FISICA NUCLEAR ni.. = 2d sen 0, (18.49)
1

~...__~
Amplificador e discriminador º?ct: 11 .,é um inteiro que representa a ordem da reflexao (n I, 2. 3.... ), d é a
Cámara d1~t~nc1a entre os plan<;>s do cristal e 8 é o ángulo de visa.o para a reflexao de
de BF3 n-es1ma ordem. Se msenmos a rela9ao de de Broglie para o comprimento de onda i\.
= h/mv na Eq. (18.49). a velocidade dos neutrons no n-ésimo máximo é
1
Célula fotoelétrica 1 nh
que pode girar 4 V=----
em tomo do 1 2md sen 0 (18.50)
obturador
........... - 1
1
j
Pulso
de disparo
e a energia correspondente é
1
' 1
, ' 1 1 n 2h 2
I/ ' ', '' E = 2 mv• - ~8-m-dc:':-s_e_n-=,-o (18.51)

o~~~~~~~r - ~
de láminas
Um diagrama esquemático de um espectrómetro de cristal para néutrons seria
!11.llito parecido com o diagrama de um espectrómetro de raios X (Fig. 4.4), mas o
de Gd-AI
✓/ Espelho duplo, mst~ment? para os n€:utrons geralmente é maior porque a área da fonte e o detec-
.r j ligado a um obturador tor sao ma10res do que no caso dos raios X. No espectrómetro de cristal de Brook-
. 1 haven,

18 o detector é um cont3.dor cilíndrico proporcional de BF
3'
contendo B 10 F 3,
4 one_~ta~o de modo 9-ue os n€:utrons atravessam o eixo do contador para obter urna
1
Lámpada 1 eficiencia de detec~ao alta. Numa medida da se9ao d~. choque total, coloca-se urna
1 Feixe de néutrons fina folha de matenal entre o cristal e o detector, a transmissao senda medida em
4 de um reatar nuclear
1 fun9ao do :ingulo de visao 8, e portanto da energia do .néutron. Os valores de u
:
4
para o Au indicados por triangulos e quadrados na Figura 18.10 foram obtidos coU:
o espec!rómetr_? de crist_al de Brookhaven. Com este instrumento, pode-se estender
1 e
as medidas ate urna fa1xa de energía na qual o cortador lento nao é mais útil.
Podem-se fazer medidas precisas em energias de neutro ns até l O ev com uffi cristal
Fig. 18.9 -Diagrama esquemátiCo de u;tt ,.seletor de veloc:idade de neutrons. 16
de be_n1io e _obtem-se ;esultados úteis, mas menos precisos, entre 10 e 50 ev. Em
ener~as ma1or:s, os angulas de visao tornam-se muito pequenos, a incerteza na
durante seis entradas, registrando assim os neutrons que chegam em seis tempos m~d1da ?estes angul?s.: e conseqüentemente na energia, sendo grande. Em energias
diferentes. Portanto, o circuito constitui um analisador de seis canais que pode ser ba1xas (angulos de v1sao grandes), as reflexóes de ordem maior introduzem dificul-
variado numa grande faixa de velocidades ajustando-se a posi9iio da fotocélula. A dades; podem-se fazer medidas precisas em energías de até O 05 ev com um cristal
transmissao relativa ou taxa de contagem de n€:utrons relativa pode entao ser obtida de s~l. A faixa de energía que pode ser coberta pelo espectro:netro de cristal torna
para diferentes velocidades do n€:utron (energías) e a se9ao de choque (1', pode ser este mstrumento especialmente útil para o estudo dos detalhes das ressonllncias de
determinada como fun9ao da energia. As limita9óes de um cortador mec:inico sao baixa energia para n€:utrons. Podem-se obter valores dos par:imetros de Breit-
dadas pela velocidade limitada com que o obturador pode ser girado e pelo uso de Wigner (Se,iio 16.3), 19 os detalhes da forma da ressonancia podendo ser determina-
cádmio, com sua energia .. de corte" baixa. Como result3.do, um cortador lento, dos. _A importancia de inform:a96es <leste tipo em conexa.o com a compreens8.o das
como se chama geralmente um instrumento deste tipo, pode ser usado para n€:u- rea,o,es nucleares e a estrutura do núcleo foi discutida no Capítulo 16.
trons com energías de cerca de .10- 4 ev até cerca de 0,2 ev. E n~cessário, por várias razóes, medir se96es de choque eni. energias de n€:u-
um· exemplo dos resultados obtidos com ,cortadores lentos está dado na Figura tr~ns ma1ores d_o que aquelas cobertas pelo cortador lento e pelo espectrómetro de
18.10, na qual a se9ao de choque total do Au 197 está mostrada nas energías entre 2 cnstal, tendo sido desenvolvidos instrumentos com este propósito. O método de
X 10- 4 ev e..cerca de O, 1 ev. Os valores indicados por círculos cheios foram obtidos tempo de vóo para medir a velocidade do neutron, mencionado na discussao do
com o instrumento descrito; os valores indicados por círculos vazios foram obtidos cortad_or lento,,. pode ser usado com um cíclotron ou acelerador -linear, que produz
com ·um cortador lento no Brookhaven National Laboratory. A curva foi tirada a um fe1xe de neutr_ons. Produz-se néutrons rápidos em grupos periódicos durante
partir. de urna compila9iio recente de se96es de choque para n€:utrons. 17 semente alguns m1crossegundos e separados por intervalos mais longos. EleS sao
Feixes monbenergéticos de néutrons podem ser obtidos através do uso de um ralentados num blo~o de parafina, permitindo-se entao qüe passem através de urna
espectrOmetro a cristal seletor de velocidades, cujo desenho está baseado nas pro- fina folha de matenal. O tempo necessário para que os n€:utrons alcancem um de-
priedades ondulatórias de néutrons. Pode-se ver a partir da Eq. (16.16) que os néu- tector a cerca_ de_ 1O_m da fonte é medido eletronicamente. A cronometragem é feíta
trons com energias na faixa de 0,01 ev até cerca de 10 ev t€:m comprimentos de us~almente d1stnbumdo os pulsos·do contador para urna série de registradores (ca-
onda na vizinhan9a de 10-s ou 10- 9 cm. Estes comprimentos sao da mesma ordem na1s) de aco_rdo com o tempo e, desta maneira, selecionam-se os neutrons com
de grandeza que os comprimentos de onda de raios X e da distancia entre planos de certas velocidades de ·um feixe nao-homogéneo. Usou-se um instrumento deste
2 21 22 23
um cristal, com· o resultado de que se observam efeitos de interferencia ótica tipo º· • • na Universidade de Columbia, a curva de transmissaa obtida senda
quando néutrons lentos sao refletidos em superficies de cristais. Quando um feixe mostrada na Figura 18.11. A transmiss8.o e a se9ao de choque total do bromo esta.o
de néutrons lentos de comprimento de onda A é refletido da superficie de um cristal.
observam-se máximos de reflexfio em angulas dados pela rela¡;ao de Bragg
486 FÍSICA NUCLEAR A FISICA DO NÉUTRON 487

0.6r-----,---,----,----r----,-----r--,---

5
O,Sf-----1---+---i----~

/ ¡' ?
0,4

15
0.1 500 150 100 50 30 25
Energia do néutron em eletrovolts
20
1
25
1
30
1
~~-~2---4~-~6--~8,----1~0--~12cc--~l~4-----:16
Tempo de vóo do néutron (microssegundos por metro)

Fig. 18,11 Transmissao de néutrons e se¡;3o de choque total do bromo em fun¡;ao da energia
do néutron. medida com um cíclotron pulsado. num espectrólTletro de velocidade do tipo
tempo de vóo (Havens e Rainwater2 3).

mostradas como fum;Oes do tempo de vóo do néutron e da energia: os mínimos na


curva de transmissiio correspondem as ressonéincias. Com este instrumento é pos-
sível trabalhar com energias de néutrons de 0.003 ev até 5.000 ev.
As técnicas de tempo de vóo também foram aplicadas a cortadores medinicos
rápidos usados com néutrons de um reatar nuclear. Produzem-se grupos de neu-
trons por interrup96es mec:inicas de um feixe de neutrons- com energias de até
vários milhares de eletrovolts. O cortador rápido, primeiramente desenvolvido no
Brookhaven National Laboratory,~· 2s consiste.num sistema de fendas estacionário
(o estator) e num sistema de fendas móvel (o rotor). O estator produz dois feixes de
neutrons bem definidos a partir de um feixe colimado grosseiramente do reatar de
pesquisa, moderado a grafite do BNL. O rotor intercepta estes feixes exceto no
instante em que as fendas·-do rotor esta.o alinhadas com aquelas do estator. O rotor
tem 19.36 cm de di:imetro. é feito de aluminio e material plástico, pesa 93 kg e pode
atingir urna velocidade de 12.000 rota9óes por minuto. Canais através do rotor per-
mitem que oito grupos de neutrons passem a cada revoluc;ao. A 10.000 rev/min. o
intervalo do grupo é levemente menor que I µ,s: a trajetória de vóo é 20 m e usa-se
um detector de cintila980 de neutrons. Nestas condi9óes. pode-se obter alta preci-
sa.o nas medidas de transmissao e na determinac;ao das se9óes de choque totais. A
curva para a sec;ao de choque total da prata entre I ev e 10 4 ev (Fig. 16.4) é um
exemplo de dados obtidos com vários instrumentos incluindo um cspectrómetro de
cristal (círculos) e dois contadores rápidos (círculos cheios e tri:ingulos). Existem
o,1..1..:..:."' .:. ;. muitas resson:incias que ficam próximas. nao tendo sido possível separar (resofren
ª tais níveis próximos antes do desenvolvimento destes novas cortadores. de alta
resoluc;ao.
Os diferentes métodos usados para medir as sec;óes de choque totais para neu-
trons corn energias de até l 04 ev est:io comparados na Referencia 26.
Os métodos discutidos até aqui podem ser usa<los para néutrons com energías
de urna frac;ao de um eletrovolt até vários milhares de eletrovolts e diz-se que estas
488 FÍSICA NUCLEAR A FISICA DO NÉUTRON
489
energias ficam na faixa de energia "baixa a intermediária". A faixa de energia de
alguns kev até cerca de 20 kev é chamada usualmente de faixa "intermediária a
rápida ... Apesar da distinr;ao entre néutrons lentos. intermediários e rápidos ser
arbitrária e depender dos fins particulares para os quais os n€:utrons sao usados ou
estudados. urna mudanc;a nos métodos de medir ser;óes de choque acorre em ener-
gias de alguns kev, senda causada por urna mudanr;a no método de produzir néu-
trons monoenergéticos. Em energias de alguns kev ou acima, os néutrons monoe-
nergéticos sao produzidos diretamente por rea¡_;óes no alvo de uro acelerador de
partículas carregadas ou por raios y monoenergéticos produzindo fotonéutrons em
deutério ou berílio: estes métodos foram discutidos na Sec;ao 18.1. Quando um feixe
de néutrons monoenergéticos intermediários ou rápidos é produzido num cíclotron •
>
ou num gerador de Van de Graaff, sua transmissao pode ser determinada
medindo-se o fluxo de néutrons 27 com detectores deséllhados para este fim. a sec;ao "
o
de choque senda obtida a partir da transmissao da maneira usual. Para maiores
detalhes sobre a medida de sec;óes de choque total para neutrons em energias maio-
"
'O
¿
¡1
res. indicamos ao leitor um artigo de revisa.o de Barschall. 28 As curvas de sec;ao de 2 1

choque da Figura 16.3 para o aluminio sao exemplos de resultados obtidos na faixa "5 ,1.
de energia de 104 ev a 1 Mev. com feixes de néutrons monoenergéticos produzidos '"e ''I
o 11
com um gerador de Van de Graaff. A Figura 18.12 mostra a se,ao de choque total 'O 1;

do bismuto 17 na faixa de 104 ev a 15 Mev. A Figura 18.12juntamente coma Figura


16;5 mostram como a sec;ao de choque total do bismuto varia entre 1 ev e 15 Mev.
-~•
"e
Para completar. incluiu-se a Figura 18.13 para mostrar a sec;ao de choque total do
•"
bismuto 17 entre I ev e 10-4 ev. No caso do bismuto, a sec;ao de choque total foi
medida em fum;ao da energia entre 10- 4 ev e 15 Mev. Este elemento é especial-
,.
'O
o
u.
e
-. mente inter'essante para os físicos. porque contém um número mágico de néutrons e ,a
é monoisotópico, a maior parte dos nuc1ídeos nao tendo sido estudada tao cuidado- s
sameñte ._ Em particular. - a faixa de energia entre 1 e 10 kev ainda nao foi bem "
E
explorada para a maior parte dos núcleos, porque tem urna regia.o na qual medidas o
precisas nao podiam ser feítas; as energias eram muito altas para métodos de tempo s
~

de vóo e muito baixas para feixes diretos de neutrons de aceleradores. O desenvol- :s


o
vimento de cortadores rápidos permite que sejam feitas boas medidas desta regia.o 'O

para baixo, enguanto que apetfeic;oamentos nas técnicas baseadas no uso de acele- 5
radores de Van de Graaff29 permitem que se fac;am medidas de transmissao com E
urna precisa.o razoavelmente boa em ehergias tao baixas quanto 1 kev. Portanto, a "
o
auséncia de valores de sec;§.o de choque disponíveis na regia.o de 1-10 kev deve ser "'o
.e
u
sanada num futuro breve.

18.7 Se.;ties de choque de espalhamento, absor9áo e ativa9iio. A se,ao de cho-


,."
'O
o
.u.
que total pode ser expressa como a soma das sec;óes de choque para espalhamento "
~

e para absorc;ao CTs e cra, ....-->


<
0C
(18.52) -"
As sec;óes de choque parciais sao mais difíceis de determinar que a sec;ao de cho-
-~~
0.-
que total, por diversas razóes. A sec;ao de choque total pode ser obtida a partir tj.a
raza.o entre duas contagens .. com e sem a amostra. nao sendo necessário saber a
eficiencia absoluta do detector. Entretanto, as sec;óes de choque parciais nao
podem ser expressas em termos de raza.o de fluxos e usualmente sao necessárias
medidas absolutas. A sec;ao de choque para espalhamento pode ser medida, em
principio. colocando-se o detector forado feixe direto, digamos. num ángulo de 90º
coma direc;ao do feixe, como mostrado na Figura 18.14. Se o espalhamento é iso-
trópico ou quase. o espalhamento total pode ser obtido a partir de urna única me-
dida na qual o detector delimita um angulo sólido conhecido e o número de néu-
trons espalhado através daquele angulo é contado. Como os néutrons espalhados se
espalham sobre um ángulo sólido de 41T. a intensidade espalhada em qualquer án-
A FÍSICA DO NÉUTRON 491

'

g
,....":' ":' .. 'I'
\□ /T ransm1ssao
-- = - - = nv
(nv) 0
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e .. i;¡x
1

o
ciq X

- n,,
•. " '.· -· 1· -
1'
_¡_ ,¡., . n·· ,+ -;'1, ·"!.: _c...
"' ...... .
Detector
(de transmissiio)
.. -d-
-- -+- -_ 1'
1
/ \ Detector
--
1
; i
O (de espalhamento)

Fig. 18.14 Arranjo geométrico para medidas de seciio de choque total ou de espalhamento.

; 1 -
1 1 gulo particular é muito baixa. Além disso. para evitar espalhamentos múltiplos den-
i 1 tro da amostra, que poderiam aumentar a dificuldade de interpretar os resultados
r - experimentais, deve-se usar um espalhador fino e quase todos os néutrons no feixe
? - - - siio transmitidos. Portanto. somente urna fra¡;iio pequena dos neutrons é espalhada.
-- apenas urna pequena frac;ao destes sendo detectada. Por causa destas complica-
~ . --· --
. <;óes, as sec;óes de choque para espalhamento ern geral nao podem ser determinadas
corn a mesma precisa.o possível para as sec;óes de choque totais .
Entretanto. tém sido feitas experiéncias de espalhamento como a que foi des-
crita.30 O resultado obtido para a sec;ao de choque usualmente representa um valor
,_ médio sobre alguma distribuic;ao de velocidades de néutrons. Este valor médio nao
1
tem nenhuma relac;ao simples coma sec;ao de choque em nenhuma velocidade par-
f_ 1 ticular do néutron, porque a sec;ao de choque para espalhamento. ao contrário da
,_, sec;ao de choque para absorc;:8.o, varia freqüentemente de urna maneira indefinida e
1 irregular em energias térmicas. A sec;ao de choque média para espalhamento para a
¡O; distribuic;ao de Maxwell foi medida para muitas substáncias, os valores estando
' °' ~ ,' listados na AEC Compilation 17 de sec;óes de choque para reac;óes de néutrons. por
causa da sua utilidade em certas aplicac;óes prát~cas como os cálculos de projetos
para reatares nucleares. Com poucas excec;óes, estes valores ficam entre 1 e 10 b.
.-:.; "· ., .. _, -- '
,-.,,~-H, i; lll e, ·:r. 't'I ;Ji, Para vencer a dificuldade das taxas de contagem pequen3.s em medidas de espa-
,,~:
hl-, ,-:;-
·.-;:~·-,:-" lhamento com alvos finos. desenvolveu-se um método para alvos espessos.31· 32 · 33 ·
l.c. ... Apesar deste método ter a vantagem de taxas de contagem maiores para os néu-
trons espalhados, apresenta ele a desvantagem de que a taxa de contagem medida
dos néutrons espalhados nao pode ser interpretada diretamente em termos da sec;áo
de choque para espalhamento. Entretanto, pode-se determinar a raza.o a"sfa- em
1
func;ao da energia. se a raza.o correspondente para um material padrao far conhe-
,¡ cida: a curva inferior da Figura 16.4 foi determinada desta maneira. 33 Se a- é conhe-
1
cido, determina-se CT8 • Há também um método de alvo espesso-fino, 31 • 3'' no qual se
faz urna tentativa de combinar urna taxa de contagem grande com um mínimo de
dificuldade na interpretac;ao das taxas observadas. Coloca-se urna amostra fina num
feixe de néutrons num plano com um pequeno ángulo em relac;ao ao feixe incidente:
a amostra entiio aparece espessa para os néutrons transmitidos. mas fina para os
néutrons espalhados em ángulos retos com a direc;ao do feixe incidente.
Observam-se os néutrons espalhados e transmitidos em func;:io da energía dos néu-
trons para um alvo padrao assim como para a amostra cuja sec;iio de choque para
espalhamento se deseja. A raziio a-8 /a- 1 da amostra está relacionada com crslcr, para o
padrao de maneira mais simples que no método de alvo espesso. sendo determinada
se esta última raza.o é conhecida. A sec;ao de choque para espalhamento é determi-
nada novamente.se a-1 é conhecido a partir de medidas de transmissao.
492 FÍSICA NUCLEAR 1
!
A FISICA 00 NÉUTAON 493
Recentemente, o método de alvo fino também foi melhorado. 36 Mediu-se o
espalhamento de néutrons ressonante de um acelerador linear. comparando-se o a-acr, apesar da reac;ao particular produzindo a ativa¡;fio poder ser urna rea¡;ao (n. -y).
número de néutrons contados num detector anelar com o número espalhado por (n, p). (n. a) ou (n, 2n). O nome <Iact refere-se ao método de medir a se¡;ao de
urna amostra de chumbo puro, que tem urna sec;ao de choque para espalhamento choque 7m v_ez da reac;ao envolvida. As idéias nas quais este método está baseado
conhecida e constante. Dezoito contadores proporcionais de BF:i foram arranjados f?rªT:1 d1scut1das na Sec;ao 18.4. O método da ativa980 nao se restringe aos néutrons
para formar um detector anelar. A comparac;§.o com o espalhador conhecido tornou te~m~c~s, mas pod_e ser aplicado a néutrons de qualquer energia. ou para urna dis-
desnecessário conhecer os valores absolutos do fluxo incidente e da eficiéncia do tnbu19ao de _energias; um ex:mplo do uso <leste método com neutrons rápidos foi
contador. Os néutrons espalhados detectados foram registrados num analisador ?a,do na Se¡;a? _16.5~. A se¡;ao de choque para ativa¡;lio refere-se usualmente a um
multicanal de tempo de vóo para dar a prodw;ao de néutrons espalhados em func;ao ~s?topo especifico de um elemento. já que se mede a atividade de um determinado
da energía do néutron incidente. isotopo do elemento-al_:o ou ?e um outro elementoY Em muitos casos. as se9óes
Medidas das se¡;óes de choque para espalhamento de neutrons lentos também de choque para absor¡;ao e at1va98.o sao iguais: para que isto aconteca. há necessi-
podem ser feitas, estudando-se efeitos de interferencia ótica. 37 Como o compri- dade de que um processo de absor¡;§.o particular seja muito mais imp~rtante do que
mento de onda dos neutrons lentos é comparável as- distancias interatómicas em os outros. e de que o produto da reac;ao seja radioativo. Assim. o Cu 63 • um isótopo
cristais, os neutrons espalhados produzem urna onda capaz de interferir coma onda natural ~o cobre. captura um neutron para dar Cu 64 • que tem urna meia-vida de 12.9
dos neutrons incidentes. 38 Este espalhamento coerente tem urna probabi1idade que h: a seJªº de ctoque para ativ~¡;ao medi~a é 4.3 :1:: 0.2 b: a sec;áo de chóque para
pode ser expressa em termos das serOes de choque para espalhamento coerente absorc;ao do Cu separado medida pelo metodo do oscilador de pilha. é 4.5 ± O.l b.
dos átomos individuais. Estas se¡;óes de choque podem ser determinadas a partir da de modo que as duas se¡;óes de choque concordam.
análise dos efeitos de interferencia, apesar da teoria envolvida ser muito extensa Em alguns casos. as se96es de choque para absor98.o e ativac;áo nao sao as
para ser discutida aquí. Determinaram-se valores das se¡;óes de choque para espa- 209
~esmas. Por exemplo. o Bi monoisotópico tem urna sec;ao de choque para absor-
lhamento coerente para um grande número de nuclídeos; novamente, com algumas ,ao de 0,034 ± 0.0_02 b, medida pelo método do oscilador de pilha. A se,iio de
poucas exce¡;óes, os valores medidos caem entre I e 10 b.17 Além do espalhamento choque para at1va9ao para a produc;ao do Bi210 • que é um emissor de elétrons. é
coerente existe um espalhamento incoerente, ou difuso, que nao apresenta efeitos somente 0.~19 ± O.O~/ b, ou cerca da metade da se98.o de choque para absorc;ao.
de interferencia. A ausencia de interferencia entre as ondas incidentes e espalhadas 09
Sabe~;1~ hoJe ~ue o B1. • capturando um néu~ron_. pode também formar um isómero
pode ser atribuída a fatores tais como a presen¡;a de dois ou mais isótopos de um do B1 , ~ue: um e°:1s_sor de a com urna me1a-v1da de cerca de ]06 anos. Portanto.
elemento e,o efeito da intera¡;§.o entre os spins dos neutrons e aquele dos núcleos a ?etermma¡;ao da ativ1dade /3 do produto da· absor¡;ao de néutrons pelo Bi209 ex-
-. espalhadores. Quand6 a energía do néutron alcam;a vários eletrovolts, o compri- plica so~ente ~:rea_ ~a ~etade ~o_s neutrons absorvidos. A compila¡;ao de sec;óes de
mento de onda dos neutrons torna-se muito pequeno para dar efeitos de cristal choque, que Ja fo, m~1cada vanas vezes, apresen ta conseqüentemente as se¡;óes
coerentes, p espalhamenio senda inteiramente incoerente. O átomo espalhador age de cho~ue para absor¡;ao e para ativa¡;ao de neutrons térmicos.
como se fosSe livre e nao ligado a outros átomos; a se¡;§.o de choque para espalha- A 11:terpretai;ao da se~ao de choque total geralmente torna-se simples. porque
mento medida nestas condi9óes é chamada de sera o de choque para átomo livre, urna se¡;ao de cho~ue parcial é muito maior que a outra. Em moderadores (grafite.
senda igual a se,ao de choque para espalhamento total nestas energias. É evidente D2<;?, H20). a se¡;ao de choque para absor¡;ao é muito pequena comparada com a
que o estudo do espalhamento de neutrons é complicado em energías baixas, mas a sec;ao de choque to.tal. Grafite,_ por exemplo, tem urna se¡;ao de choque total de
existencia de efeitos peculiares aos neutrons ajuda a torná-los valiosos como ferra- cerca de 4,8 b na fa!xa de energ1~s de 0,02 ev a 400 ev, enguanto que sua se¡;ao de
mentas de pesquisa. 39 choq~e par~ absor¡;ao a 0,0~5 ev e somente 0.0045 b e decresce de acordo com a Jei
A se98.o de choque para absor98.o o-ª refere-se aquelas rea¡;óes nas quais um 1/v,. a medid~ 9ue_ a ~nerg~a aume~ta. A se98.o de choque para espalhamento é
neutron nao é reemitido. Os processos de absor98.o principais sao as rea96es (n, -y), pratic1amente _1dent1ca ª. se¡;ao de choque total, senda constante nesta faixa. Analo-
(n, p) e (n, a), que já foram discutidas nos Capítulos 11 e 16. A se,ao de choque gamente, o bismuto (F1gs. 16.5, 18.12 e 18.13) tem urna se,ao de choque total de
para absor98.o de neutrons térmicos pode ser medida com o .máximo de precisa.o c~rc~ de ,9 b em quase toda a faixa de energias. Sua se¡;lio de choque para absor¡;8.o
com um método que é sensível ao desaparecimento de um neutron, mas nao afetado term1ca e 0,034 b. decrescendo, de acorde coma leí 1/v como aumento da energia.
pelo espalhamento. Um <lestes métodos envolve o uso de pilha atómica. 40 Se a pilha de forma que o espalhamento e responsável por praticamente toda a se¡;ao de cho-
está operando num nível constante de fluxo de neutrons, a inser¡;§.o de urna subs- que total. Por outro lado, o boro tem urna se,ao de choque total de 755 b a 0.025
tancia que pode absorver néutrons vai resultar num decréscimo gradual do fluxo de ev, causada quase 9ue mte1ramente pela reac;ao (n, a), já que a sec;ao de choque
neutrons. O decréscimo pode ser medido acuradamente e nao é sensível as proprie- para espalh_amento e some~te ~- b. _o boro segue a leí 1/v para a absor¡;ao. 0 espa-
dades de espalhamento do absorvedor, mesmo quando a se¡;§.o de choque para ab- lhamento nao se to_rnando s1gmf1cat1vo até que a energía dos neutrons alcance cerca
sor980 é pequena. Este método é chamado de método do coeficiente de risco, por- de 10 ev. Se a se¡;ao _de c~oque para absorc;lio de um nuclídeo •é conhecida a 0.025
que foi usado pela primeira vez para medir os efeitos prejudiciais (em rela98.o a ev (2.200 m/s) e se nao ex1stem ressonancias em o-1 em energias baixas. é razoavel-
reatividade da pilh~) de vários materiais. Urna modifica¡;ao na qual se usa urna mente seguro supor _que a-ª siga a lei 1/v (Se¡;áo 16.5A), de modo que a sec;ao de
oscilariío da pilha alimenta a sensibilidade <leste método; 41 • 42 o absorvedor é colo- choq~e P_ara abs~r¡;ao possa ser calculada para outros valores de energia. Se a-,
cado periodicamente dentro e fara da pilha. ou de um ponto a outro dentro da pilha, tambem e conhec1da em func;ao da energia. cr8 pode ser obtida em outras energías
com o resultado de que o fluxo de néutrons na pilha oscila; a magnitude da oscila- que nao 0.025 _ev. subtraindo-se os valores calculados de a-a de a-,. Este procedi-
¡;lio do fluxo é urna medida da se~ao de choque para absorc;lio da amostra. men~o e~onom1~a urna grande parte do trabalho experimental na medida de o-~ em
As rea¡;óes individuais, cujas sec;óes de choque compóem a-0 , podem ser medi- fun¡;ao da energia. ·
das. detectando-se as partículas produzidas na rea98.o. tais como prótons ou partí- N~ r~giao_ de energias dos neutrons em que a seyao de choque total apresenta
culas a:, ou determinando-se a atividade do núcleo produto se ele é radioativo. No ressonanc~as. as vezes ~ necessário distinguir entre ressonancias de espalhamento
último caso. a se<;lio de choque medida é chamada de serao de choque de ativarüo ?u ~bso1"9a~. 44 ~o_den?o 1sto ser feito coma ajuda de medidas de ativac;ao. Assim. 0
md10 e o d1spros10 tem ressonáncias de absorc;Uo (ativac;iioJ em l .45 ev l.'. J .74 C\'
A FÍSICA DO NÉUTRDN 495
494 FISICA NUCLEAR
4. RussELL, SACHS, \VATTENBERG, and FIELns "Yields of Neutrons from
respectivamente. que tornam estas subst8.ncias especialmente úteis como detectoras ·Pl10toneutron Sources," Phys. Rev. 73, 545 (1948).'
de neutrons. -Manganes (MnM'), Cor,!) e wum tém fortes resson8.ncias de espalha- 5. B. T. FELD, ¡¡The Neutron," op. cit. gen. ref., p. 369
mento em 337 ev. 132 ev e 19 ev. respectivamente. As se¡_;óes de choque para 6. A. O. HANSON and R. F. TASCHEK, 1.lfonoenergetic Neutrons Jrom Chargcd
ressomi.ncias podem alcam;ar muitos milhares de bams. e conhece-se urn nuclídeo. Particle Reactions, Preliminary Report No. 4 in Nuclear Science Series. \V a~h-
Xe 1a;,_ um produto de fissao. com urna se¡_;5.o de choque para absor¡_;§.o de cerca de 3 ington, D.C.: National Research Council, 1948.
x J 08 b. a maior sec;fio de choque conhecida. 7. HANSON, TAsC,HEK, and W1LLIAMS, "1\-Ionoenergetic Keutrons from ChargNl
Em energias altas na faixa de 0.01 a 10 ou 20 Mev. encontram-se dificuldades Particle Rcactions,'' Revs. Jlod. Phys. 21, 635 (1949).
adicionais. 28 • 45 O espalhamento nao é mais isotrópico e a sec;ao de choque para 8. B. T. FELD, "The Neutron," op. cit., gen. rcf., pp. 404-426.
espalhamento depende do ftngulo de espalhamento. O espalhamento inelástico 9. A. l\I. \VEINBERG and E. P. \VIGNER, The Physical Theory of ]\Teutron
torna-se importante. senda complicado pelo fato de que os n€:utrons espalhados t€:m
energias que podem estar distribuídas sobre urna larga faixa. a sensibilidade do
detector precisando ser conhecida em funi;ao da energia. Medidas de ativa<;fio sao t f Chain Reactors. Uiliversity of Chicago Press, 1958, Chapters 10, 11.
10. R. E. l\íARSHAK, 11 Theory of the Slowing Down of Neutrons by Elastic
Collisions with Atomic Nuclei," Revs. Mod. Phys. 19, 185 (1947).
mais difíceis de serem feitas em energias altas do que em energias baixas. porque as
se<;óes de choque envolvidas. principalmente (n. y). sao relativamente pequenas e
i 11. S. ÜLASSTO:XE and j\1, C. EnLUND, The Elcments of 1Vuclear Reactor Theory.
produzem-se pequenas atividades {3. Por todas estas razóes. os valores de se1róes de New York: Van Kostrand, 1952, Chapter 6.
choque disponíveis na faixa de 0.01 Mev até cerca de 20 Mev sfio principalmente 12. R. D. PRESENT, Kinetic Theory of Gases. New York: f\fcGro.w-Hill,
aqueles para u 1 • 1958, Chapter 5.
Há. é claro. muitas outras propriedades e aplica~óes dos n€:utrons. interessan- 1 13. R. RINGO, unpublished work, cited by D. J. Hughes (op. cit., p. 89).
tes e importantes, que nao podem ser discutidas neste livro: indicamos ao leitor os 1• l, 14. FERMI, l\1ARSHALL, and MARSHALL, "A Thcrmal Velocity Selector and
livros listados na bibliografia que segue. b, its Application to the Measurement of the Cross Section of Boron/' Phys. Rcv.
72, 193 (1947).
15. T. BRILL and H. V. LICHTENBERGER, "Neutron Cross Sections with thc
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Ncutrons," Phys. Rev. 71,407 (1947).
A FISICA DO NÉUTRON 497
496 FISICA NUCLEAR
Calcule a velocidade. o comprimento de onda de De Brog:lie e a temperatura absoluta para
28. H. H. BARSCHALL, "1'.fothod for :rvleasuring Fast Neutron Cross Sections" . cada tipo de néutron.
Revs. Mod. Phys. 24, 120 (1952). · ' 3. A rea<;5.o Be9 (a. n)C 12 com partículas o: do polónio com urna energía de 5.30 Mev é
. 29. _HIBDON! LANGSDORF, and HoLLAND, "Neutron Transmission Cross Sec-.
urna fonte de neutrons útil. Calcule (a) o valor de Q da reac;ao. (b) a energia dos néutrons que
emergem em ángulos de 0°. 90° e 1800 coma dire9üo do feixe incidente.
t1ons m the Kilovolt Region," Phys. Rev. 85, 595 (1952), 4. As seguintes reac_;:6es (d. n) sao boas fontes de neutrons rápidos: H 2 (d. n)Hc~. H:1(d.
30. ).L GoLDHABER and G. H. Bmaas, ''Scattering of Slow Neutrons" Proc n)He\ C 12 (d, n)N 13 , N 14 (d, n)O 15 , Li 7(d. n)Bek. Be9 (d. n)B 10 • Suponha que o núcleo produto é
Roy. Soc. (London), Al62, 127 (1937). ' · deixado no estado fundamental. e calcule a energia dos néutrons que correspondería a energía
31. J_. TITTMAN a,:1d C. SHEER, ' 1The Energy Dependence of the Resonant cinética zero dos deuterons incidentes.
5. As seguintes reac;6es (p. n) sao fontes úteis de neutrons de energía relativamente
Scattcrmg of Slow Neutrons from Gold," Phys. Rev. 83, 746 (1951). baixa: H 3 (p. n)He 3 , Li 7(p: n)Be 7 • Be9 (p. n)BH. c 12 (p. n)N 12 • Na23 (p. n)Mg 23 • V 51 (p. n)Cr11 •
11
32. B. N. BROCKHOUSE, Resonant Scattering of Slow Neutrons," Can. J. Mostrou-se que a energia mínima do néutron é dada por En, min = E,/(A + ff, onde E, é a
Phys. 31, 432 (1953). energia limiar e A é o número de massa do núcleo alvo. Calcule o valor de Eu. mi,, para cada
33. C. 8HE1:_R and J. 1v1ooRE, "1'-Ieasurement"Of Scattcring Cross Sections for reac;ao. O valor de Q para a reac;ao (p. n) no vanádio é -1.532 Mev.
Low-Encrgy Neutron Resonances," Phys. Rev. 98, 565 (1955). 6. U m contador cilíndrico de B F 3 • de 64.52 cm de comprimento e 1,613 cm de diámetro.
contém BF3 a urna pressao de 20 cm Hg (corrigidos para C. N. T. P.). O contador tem urna
34. J • A. ?\1oonE, "Resonance Scattering of S10\v N eutrons on Indium " eficiencia total de 2%. isto é. ele detecta 2 em cada 100 neutrons incidentes. Quando o conta-
Phys. Rev. 109, 417 (1958). ' dor está exposto coro urna distribuic_;:8.o de velocidades de Maxwell a 20°C. a contagem é de
11
35. H. L. FooTE, JR., Neutron Scattering Cross Section of U235 11 Phys 20.400 contagens/min. (a) Qual é o fluxo de neutrons? (b) Qua\ seria o fluxo de néutrons se os
Rev. 109, 1641 (1958). ' · neutrons tivessem urna distribuic_;:8.o de Maxwell a 127ºC e a contagem fosse a mesma? Um
contador deste tipo é usado geralmente para medidas relativas de tluxo. (c) Quais seriam as
36. RAE, ?ºL~INS, KINSEY, L"YNN, and \VIBLIN, "An Analysis of Slow Neutron
contagens relativas se o tluxo fosse mantido constante e a temperatura dos neutrons em dife-
Resonanccs m Sllver," Nuclear Physics S, 89 (1958).
rentes experiencias tivesse os valores 0ºC, 25ºC. 500C. IOOºC e 200°C? Tome a contagcm a
37. C. G. SHULL and E. O. WoLLAN, "Cohcrcnt Scattcring Amplitudes as 25°C igual a 100 unidades.
Dctcrmmed b,: Neutron Diffraction,» Phys. Rev. 81, 527 (1951). 7. Calcule a perda logarítmica média de energia por colisao. o número de colis6es ne-
38:,,E;, O. WoL~AN and C. G. SHULL, HNeutron Diffraction and Associated cessárias para reduzir a energia do neutron de 2 Mev a 0.025 ev. o poder de ralentamento e o
poder de modera98.o do flúor. magnésio e bismuto a temperatura ambiente. Compare os resul-
Studics, Nucleomcs, 3, No. 1, 8-21, July 1948; 3, No. 2, 17, August 1948. tados com aqueles para os materiais listados nas Tabelas 18.2 e 18.3. Use os seguintes valores
39. G. E. BACON, Neutron Diffraction. Oxford: Clarcndon Press, 1955. das se<;óes de choque. -
40._ ANDERSON, RE_l!_MI, W ATTENBERG, and ZrNN, "Method for Measuring
Neutron Absorption Cross Sections by the Effect on the Rcactivity 0 ¡ a Chain-
Reactmg Pile," Phys. R,v. 72, 16 (1947).
41. HoovER, JORDAN, MoAK, PARDUE, PoMERANCE STRONG and "\VoLLAN "' "•
"JI
_. casurement ofN- eutron Absorpt10n · Cross Sections ' ,vith a Pile
' Oscillator "' F 9mb 5b
Phys. Rev. 74, 864 (1948). ' Mg 59mb 6b
11
42. H. POMERANCE, Thermal Neutron Capture Cross Sections" Phys Rev Bi 30mb 9b
83, 64 (1951). ' ' .
4~. SEREN, FRIEDLANDER, and TURKEL, "Thcrmal Ncutron Activation Cross 8. Urna folha de ouro de 0,02 cm de espessura e de 1 cm2 de se9ao transversal é irra-
Sect,ons," Phys. Rev. 72, 888 (1947). '¡
diada durante urna hora num reator nuclear. Os neutrons térmicos tem urna distribuic;ao de
44. B. T. FELn, op. cit., gen. ref., pp. 291, 323-325. . energia maxwelliana e seu fluxo é 1012 neutrons/cm2-s; supóe-se que todos os neutrons na
. 45. ~- L. FowLER and J. E. BROLLEY, JR., "Monocnergctic Neutron Tech- posi9ao de irradia9ao sao térmicos. O ouro tem urna densidade de 19,3 g/cm 3 ; sua sec;ao de
mques m the 10-30 :\lev Range," Revs. Mod. Phys. 28, 103 (1956). choque para absorc;ao térmica é 98.7 be o leve desvio da lei 1/v pode ser desprezado. (a) Qual
é a atividade da folha quando é removida do reator? (b) Se a atividade da folha é medida 60
dias após a irradia9ao, com um contador cuja eficiencia total é um por cento. qua\ é a conta-
PROBLEMAS gem'? ..
9. Considere o problema da difusao. num meio fracamente absorvente. de neutrons mo-
l. O valor de p par~ ,ª fotod:sintegra<;8.o de um deuteron é 2,227 ± 0,003 Mev, o noenergéticos vindos de urna fonte pontual que emite Q neutrons por segundo. (a) Mostre que
dubleto( de mas)sa 2H - H e, a partir dos dados nucleares, 1,5494 ± 0,0024 miliunidades de a equa<;ao diferencial para a densidade de neutrons é
mass!1 m.m.u .. ~ a massa do. átomo de hidrogenio é 1,008142 ± 0.000003 u.m á A h
do neutron a partlf destes dados. · , c e a massa
2.. É costume· descrever neutrons de diferentes energias pelos adJ·etivos mostrados
abaixo:

Energia, ei• Tipos de néutrons onde r é a distancia radial da fonte em r = O e L é o comprimento de difusa.o dos neutrons
Energia, ev Tipos de néutrons térmic(!s no meio. (b) Mostre que a densidade de neutrons é dada por
0,001 Frios
0,025 10• lntermediários
Térmicos JO'
Qe-TIL
1.0 Rápidos
Lentos (resson.incia) JO" n = 47rDr '
100 Lentos Ultra-rápidos
JO!O
Ultra-rápidos (relativísticos)
498 FÍSICA NUCLEAR A FÍSICA DO NÉUTRDN 499

onde D é o coeficiente de difusa.o. 17. Mostre que a velocidade do néutron em que ocorre o máximo na distribuic;ao de fluxo
10. Um espectrómetro de cristal tcm um cristal de bcrílio com um espa9amento da rede maxwdliana é dada por V3kT/m.
de 0.7323 A para os planos refletores usados para néutrons lentos. Quais sfio os 8.ngulos de 18. A expressfio (18.43) para o comprimenio de difusa.o térmico foi obtida para ni:utrons
Bragg para a reflexao de primeira ordem de néutrons de energia l. 3. 5. 10. 30 e 50 ev. monoenergéticos. Suponha que os ni:utrons térmicos ti:m urna distribuic;llo de velocidade
respectivamente? maxwelliana a 20°C num bloco de grafite muito grande. A grafite tem urna sec;flo de choque
11. Em medidas do comprimento de onda de um néutron com um espectrómetro de cris• para transporte que pode ser tomada como constante. sua sec;8o de choque para absorc;fio
tal. há urna incerteza /1.\ no comprimento de onda por causa da incerteza /10 no ángulo de variando com lh. Mostre que o comprimento de difusa.o térmica dos neutrons é dado por
Bragg. Conseqüentemente. há urna incerteza !).E na energia medida dos néutrons. A resoluriío
do instrumento é definida como a incerteza relativa l:lE/E na energia. Mostre que (a) t1e/E = 2
cotg 8 /JJ.O = 2 !10/0: (b) A.E/E= k /10 E 112 , onde k é urna certa constante. No espectrómetro do 0,613
Problema 10. a incerteza no ángulo de Bragg. 110 é 7.8 min. Calcule a incerteza na energia de
L = ----==
cada urna das energias do Problema 10. N~
12. Num seletor de velocidades do tipo tempo de vóo. valem as seguintes relac;óes para a onde o subscrito zero·indica a sec;iio de choque para ni:utrons de 2.200 m/s.
energia E (ev). a velocidade v (m/s) e o·tempo de vóo t (µ-s/m) para urna trajetória de I m: 19. Suponha que as duas únicas reac;óes que um certo nuclídeo sofre quando é bombar-
deado com ni:utrons sao o espalhamento elástico e a captura radioativa. Mostre que o valor da
l' = )Q'/t. E = 51,5 X 102 /1 2 , t = 71,5/E"'. sec;5.o de choque total no pico da resson.i.ncia é dado por

Deduza as seguintes relai;óes:

10º Ll.t
Ll.v --t2- onde o subscrito zero se refere aos valores E = E 0 • a energia no pico. [Sugesuio: Aplique a
Eq. (16.13) para cada urna das reac;óes.]
Ll.v Ll.t 20. Sabe-se da experiencia que, quando um dado nuclídeo é bombardeado com nCutrons.
--, Ll.v -10°.2 Ll.t r-y tem um valor constante. enguanto que r11 é proporcional a E 112 • Mostre que a sec;ilo de
V t
choque para a captura radioativa pode ser escrita na forma
Ll.E 2 Ll.t
E ---, Ll.E -0.028E312 At
t
· = cr,o (Eo)l/
cr,(E) E
2
[
1 + [(E - 1 ]
Eo)/(I'/2)]2 '
Calcule o espalhamento de energia Ll.E em energias del ev, 10 ev. 100 ev. 1 kev e 10 kev para
cada urna das incertezas de tempo tu= 0.5. 0.1 e 0.05 µs/m.
13. Um feixe de neutrons térmicos com urna intensidade inicial de 106 neutrons/cm 2-s onde o subscrito zero refere-se aos valores no pico da ressonB.ncia.
passa através de urna placa de tiintalo de 1 mm de espessura. A intensidade do feixe emer-
gindo do tiintalo é 8.65 x 105 neutrons/cm 2-s. A atividade da folha após a irradiac;ao de 2,0
dias e um atraso de 2 h para permitir o decaimento da atividade isomérica de vida curta é
a
1.224 contagens/cm2/s devido atividade do Ta 182 • A densidade do tB.ntalo é 16,6 g/cm3 e a
meia-vida do Ta 182 , 114 dias. Quais sao (a) a sec;ao de choque térmica total do tiintalo, (b) a
sec;ao de choque de ativac;ao para a produc;ao de Ta 182 ?
14. O arsenio tem urna sec;ao de choque para absorc;i'io de neutrons térmicos de 4,1 be
urna sec;áo de choque para espalhamento de 6 b; sua densidade é de 5,73 g/cm3 • Um feixe-de
neutrons térmicos passa através de urna barra de arsénio de 2 cm de·espessura. De que fra!tiio
a intensidade do feixe se reduz? Quanto desta reac;ao é causado por espalhamento? Quanto
por absorc;iio?
15. A sec;iio de choque total de um nuclídeo com urna ressoniincia isolada para a qual o
espalhamento da ressonB.ncia é desprezível pode ser expressa na forma

cr,(E) = cr, + (
Eo) E
112
4(E -
uoI'
E 0 )2
2

+ r2'
onde r:r~ ·é a sec;ao de choque para espalhamento e r:r0 é urna grandeza composta envolvendo
parámetros discutidos na Sec;ao 16.3. A sec;iio de choque total do ródio foi medida com um
espectrómetro de cristal dos Problemas l O e 11. tendo-se obtido os seguintes valores para os
par.i.metros de ressonáncia: E 0 = I.260 ± 0.004 ev. r:r0 = 5.000 :.': 200 b. r = 0,156 :.': 0.005 ev e
r:r, = 5.5 ± 1.0 b. Coloque num gráfico o valor da sec;i'io de choque total para valores da
energia entre 0,2 ev e 40 ev. Calcule. a partir da fórmula. a sec;ao de choque para absorc;iio
térmica. Como este resultado se compara com o valor medido de 156 :.': 7 b?
16. Quantas colisóes sao necessárias para que os ni:utrons percam, em média. 99% de
urna energia inicial de 2 Mev em grafite? O que este resultado mostra em comparac;ao com o
número necessário para moderar os ni:utrons a energias térmicas?
FISSAO NUCLEAR 501

Nas primeiras expenencias sobre a forma~ao de elementos transuramcos. o


un1nio foi bombardeado corn néutrons e detcctaram-se diversas atividadcs /3 dife-
rentes·, distinguidas pelas suas meias-vidas. Usaram-se técnicas de carregadores
para separar os ele!]lentos responsáveis pelas atividades. mas o número e as pro-
priedades dos novas rádio-elementos eram tais que eles nao podiam ser encaixados
19 num e-squema consistente com as propriedades conhecidas dos elementos pesados e
as propriedades previstas dos elementos transuránicos. Urna dificuldade na análise
dos prod,utos do bombardeio do un1nio com néutrons levou a urna notável conclu-
sa.o. Além dos elelllentos que pareciam ser elementos transuránicos reais. havia
quatro que se supunha serem isótopos do rádio que emitiam radioatividade {3. por-
que eles se precipitavam com o bário quando este último era usado como carrega-
dor. Os produtos de decaimento <lestes nuclídeos pareciam ser isótopos do actínio.
Fissiio Nuclear já que se precipitavam com lantánio, o carregador para o actínio. Apesar <lestes
resultados parecerem consist~ntes, como o actinio segue o rádio no sistema perió-
dico, eles levantavam duas questóes sérias. Primeiro, a produ9ao de um isótopo do
rádio pelo bombardeio do uránio com néutrons necessitaria de urna reac;:5.o (n. 2a).
mas esta rea9ao é muito improvável (veja Se9ao 16.5), especialmente em energias
de néutrons baixas. Segundo, experiéncias químicas posteriores mostrararn que as
atividades do "rádio" nao podiam ser separadas do carregador de bário, e as ativi-
dades dos filhos nao podiam ser separadas do carregador de iantanio. Em 1939,
Hahn e Strassmann 1• 2 realizaram um conjunto belo e completo de experiéncias que
provaram sem dúvida que os isótopos do "rádio" sao realmente isótopos do bário e
os isótopos do "actínio" sao isótopos do lantánio. Além disso, mostraram que um
dos isótopos do bário resultante do bombardeio do uránio com néutrons podia ser
19.L A descoberta da flss3o nuclear. A descoberta da fissfio nuclear foi um dos identificado, por causa de sua meia-vida de 86 min, com o nuclídeo previamente
resultados das tentativas de se fazer elementos transuréinicos de número atómico conhecido Ba 139 , que tema mesma meia-vida. Analogamente. um dos isótopos do
maior que 92 por meip,_d'e rea90es (n. y) seguidas do decaimento /3 d? núcleo pro- Iantanio obtido do bombardeio do uránio com néutrons foi identificado como nuclí-
duto; Estas tentativas éventualmente tiveram sucesso. e alguns dos metodos usados deo conhecido La 140 , que tem urna meia-vida de 40 h.
e resultados obtidos foram discutidos na Se98.o 12.3. Entretanto, a interpreta93o das A pr0du980 dos nuclídeos 57La 140 e 56Ba 139 a partir do urft.nio, que temo número
primeiras experiencias foi difícil, por causa dos resultados inesperados que só po- atómico 92 e um peso atómico de quase 240, necessitava de um tipo até entiio
diam ser explicados em tennos da fissao nuclear. desconhecido de rea9ao nuclear na qual o núcleo de uranio se divide em fragmentos
Para entender algumas das dificuldades que foram encontradas, é necessário que sao eles próprios núcleos de peso atómico intermediár_i_o. Se tal processo real-
considerar brevemente como os elementos radioativos sao separados dos elementos mente ocorre, deve também ser possível encontrar núcleos com massas entre 90 e
inativos. Um rádio-elemento formado por urna rea9ao nuclear geralmente é dispo- 100 e números atómicos de cerca de 35. Hahn e Strassmann foram capazes de
nível somente em quantidades muito pequenas, possivelmente tao pequenas quanto encontrar um isótopo ativo do estroncio (Z = 38) e um do ítrio ~ = 39) que cum-
10-1 2 g, nao podendo ser separado por meio de métodos químico~ ordinários.,. M~s priam estes requisitos, assim como isótopos do criptónio (Z = 36) e xenónio (Z =
a separa9ao pode ser feita com a ajuda de um carregador que_! urna substancia 54). Estava claro a partir das evidéncias químicas que os núcleos de uranio, quando
estável com propriedades químicas similares :lquelas do rádio-elem~nto. O e~~-"-, bombardeados com néutrons, podiam de fato se quebrar em núcleos de peso ató-
mento e o carregador geralmente pertencem ao mesmo subgrupo no sistema ~eno- mico intermediário. Previu-se entao, a partir da sistemática dos nuc1ídeos estáveis e
dico e podem sofrer rea9óes químicas similares. Se adicionamos urna quanti?a.de a partir da fórmula semi-empírica de energía de liga9ao, que os núcleos produtos
apreciável, tal vez de I O a JOO mg, do carregador a urna solu9ao contendo o radio- teriam energias muito grandes e produziriam um grande número de pares de íons
elemento e se entao o carregador é precipitada, na solw;ao pela forma9iio de um sal quando passassem através de um gás. Quando se colocou urna fina camada de urá-
insolúvel, o rádio-elemento se precipita junto com o carregador.. O carregador e o nio numa cámara de ioniza9iio apropriada conectada a um amplificador e irradiada
rádio-elemento podem entao ser separados por meio de outras rea9óes químicas. com néutrons, observaram-se grandes picos de ioniza<;ao3 • 4 correspondendo a
Na sepá.ra9iio do rádio. dos outros inembros da série do uranio. o bário serve energias de até I 00 Mev. Es tes pulsos de ioniza9iio sáo extremamente largos com-
como carregador. Tanto o rádio como o bário pertencem ao grupo IIA do sistema parados com aqueles de partículas a isoladas. senda fáceis de ser reconhecidos.
periódico e formam sulfatos insolúveis. Quando se adiciona um sal de bário a urna Trabalhos químicos posteriores mostraram entao que ao lado dos produtos de rea-
solu9ao contendo'· urna quantidade muito pequena de rádio e se adiciona um s~lfato 98.0 mencionados acima outros elementos de número de massa média se formavam.
a esta solu9ao. sulfatos de bário e rádio precipitam-se juntos. Um outro metodo incluindo bromo, molibdénio, rubídio. antimónio. telúrio. iodo e césio. Havia. por-
depende do fato de que os cloretos de bário e rádio se precipitam juntos em solu- tanto, amplas evidéncias químicas e físicas para a quebrado núcleo de uranio. este
96es concentradas de ácido clorídrico. O precipitado pode ser dissolvido em água. o processo tendo sido chamado de.fissiio. 5
bário e rádio podendo entao ser separados por cristaliza~óes fracionais repetidas do Sabe-se boje que a fissiio pode ser produzida cm vários nuclídeos em diferentes
ácido clorídrico. De maneira análoga. o lantánio age como um carregador para o condi9óes. e alguns dos resultados seráo mencionados. Quando pequenas amostras
actinio (Z = 89). Algumas vezes. o carregador é urna forma estável do rádio- de isótopos separados do uránio, preparados num espectrógrafo de rnassa. foram
elemento - por exemplo. o iodo estável pode ser usado com'? um carregador para bombardeadas. descobriu-se que 6 os néutrons lentos causam a fissao do u~:i,,_ mas
isótopos radioativos do iodo.
502 FÍSICA NUCLEAR FISSAO NUCLEAR 503

nii.o do U 2311 : néutrons rápidos. com energias maiores que l Mev. causam tanto a
fissao do U 235 como do U 238 • O tório e Pa231 sofrem fissao. mas somente quando
bombardeados com néutrons rápidos. A fissfi.o também pode ser produzida no ura-
nio e tório por partículas a:: de grande energia, prótons, déuterons e raios y. Os
núcleos Pu 239 e U 233 • formados pelas rea<;óes (n. y) do U 238 e Th 232 • respectiva-
mente. seguidos pelo decaimento {3 dos produtos. sofrem fissao quando bombar-
deados com néutrons lentos ou rápidos, assim como outros nuclídeos artifíciais pe-
sados. Finalmente, encontraram-se alguns núcleos pesados que sofrem fissao es-
pontánea; neste processo. o núcleo se divide no estado fundamental sem o bombar-
deio por partículas externas.
Além dos dois grandes fragmentos de fissao. emitem-se neutrons e raios y. A
divisiio em tres fragmentos de tamanho comparáv~I (fissao ternária) foi observada,
porém é um evento raro. ocorrendo cerca de cinco vezes por milhao de fiss6es
binárias. As vezes. emitem-se partículas a de longo alcance, cerca de urna vez em
cada 400 fiss6es. A emissiio de núcleos leves. com massas maiores que 4 e prova-
vélmente menores que 12, é um evento relativamente comum. ocorrendo urna vez
em cerca de 80 fiss6es.

19.2 S~óes de choque e limiares de fissiio. A probabilidade de fissao. compa-


rada com a de. outras rea96es. é um assunto de interesse teórico e importancia
-prática. O núcleo de U235 pode capturar um neutron térmico para formar um núcleo .
-.~
u
~
composto [U 236 j, ou o neutron pode ser espalhado. O núcleo composto tanto pode
sofrer fissiio como emitir raios y e decair para o estado fundamental do U 236 , que c.
emite urna partícula a de 4,5 Mev e tem urna meia-vida de 2,4 x 107 anos. As ~
'O
se96es dé choque térmicas7 para as diferentes rea9óes do U 235 • U 238 • uranio natural =
a
e Pu'" estao dadas na Tabela 19.1. A se,:ao de choque total do U'35 para neutrons .!l
de 2.200 m/s é 698 b: •á. se,:ao de choque para absor,:ao total é 683 b. e a se,:ao de ~
u
choque para fissiio é 577 b. A raza.o entre a se9ao de choque para captura radioativa ~ >
e a se,:iio de choque para fissao é 0,18, de modo que a probabilidade da captura ~
radioativa é de cerca de 18% daquela da fissao. A abundancia natural do U235 é de
somente 0.72%. como resultado de que as se96es de choque para fissiio e captura
radioativa do uránio natural sao muito menores do que aquelas do isótopo separado
.
"'
~

¡¡::
u2.15 • No Pu 231\ a raza.o entre a se<;iio de choque para captura e aquela para fissao é
0.39: apesar da sei;iio de choque para fissiio ser maior que no U235 , a raziio da
captura para fissao também é maior. ,

,n, ~'''
· :,:ú: ~, V 1-
Tabela 19.1 Propriedades dos materiaisfissionáveis 1• 8* -fr~-
. ~

~ §~~:;:;
:,¡. u= U"' Uránio Pu23fl ::c: CD :::li ::C: ::C:
<30 ■ 0><
natural
,, •!
cr.,,. 578 ± 4 683 ± 3 7.68 ± 0.07 1028 ± 8 al
CT¡ 525 ± 4 577 ± 5 4,18 ± 0,06 742 ± 4
cr, 53 ± 2 !01 ± 5 3,50 286 ± 4
cr, 15 ± 2 8,3 ± 0,2 9,6 ± 0,5
V 2,51 ± 0,02 2,44 ± 0.02 2,89 ± 0,03
(número médio
de n€:utrons
por fiss8.o)
a= U'r/u¡ 0.101 ± 0,004 0.18 ± 0,01 0,39 ± 0,03 g••.:. ... J. • " " o•.i..:...,
o
J.
• :¡¡"
V
o
~ :=
~=-- 2.28 ± 0,02 2.07 ± 0,01 1.34 ± 0.02 2,08 ± 0,02 ~
l+cx

* Para n€:utrons de 2.200 m/s.

Alguns dos nuclídeos radioativos produzidos artificialmente sofrem fissao com


nCutrons térmicos. assim como alguns dos radionuclídeos naturais de vida mais
504 FISICA NUCLEAR FISSAO NUCLEAR
505
curta. Os valores Ja sec;flo de choque de néutrons de 2.200 mis para fissao estiio
listados na Tabela 19.2. juntamente com valores das se¡;óes de choque para ativa-
~ao e as ser;óes de choque pára abson;ao totais quando estas sao disponíveis. 7 É
evidente que muitos nuclídeos pesados sao fissionáveis e que a probabilidade da
fissao varia nurna vasta gama de valores. Semente o U 235 • U 233 e Pu 239 tém sec;Oes
de choque altas assim como meias-vidas longas e/ou ocorrem naturalmente (U 23 ·;)_
ou podem ser239
produzidos
2 3
em quantidades significativas em intervalos de tempo pra-
ticáveis (Pu e U ~ ). Portante. semente estes trés materiais fissionáveis sao im-
portantes em aplica~óes em larga escala de fissao nuclear.

Tabe[a 19.2- Set;Oes de choque térmicas de alguns nuc/ídeos pesados 7*


• Nuclídeo Ml'ia-vida
Se~Iw de Sertio de Sertio dt'
choque para chom1e para choque para
. ~
~
flssito
a-¡. h
abSorriío
ro1ai, c:r,,, b
ath·aráo,
aª,.,. h
!Hl Th221
18.2 d
·a" 1500 ,e 1000
"~
~
90 Th229
91Pa 23 º
7.34 X ID'a
17.3 d
45 =11
1500 =250
"§¡ 91 Pa 231 3.4 X J04 a 3
(10 :!::-5) X1Q-
700 =100
V 91Pa232 1.3d 200 :!:: 15
e LJ230
V 20.8 d 760 :.!:: 100
;it E " LJ231
4.2 d
25
400 =300
:!:: JO,.

¡¡
V " LJ232 74 a
~¡¡
'\_ ;:,
" LJ233
92 1,62 X ]05 a
80 =e 20
525 ce 4 300 = 200
92 U234 2.52 X ](ria 578 ± 4 53 ± 2
!h o <D.65 105 :!:: 4
"O 92 LJ235 7.IX]08 a 582 ce 4 90 ± 30
·~
·" o 683 ± 3
93Np234 4,4 d l01 :!:: 5
900 =e 300
;a ~

"'e
93Np236
93Np2a1
22 h
2.2 X JOB a
=
2800 800
'" ~
o3Np23ª 2.1 d
(19 éc 3) X 10-a
1600 ce IDO
170 =5 169 ± 6
0. 93Np2:Je 2.3 d
V IMPu23B <!
35 ± 10
=
C'
86.4 a 16.8 ce 0.3
400 ± JO
.,,<.>
o 94Pu239
,.Pu240
2,44 X 104 a 742 :!:: 4 1028 :!:: 8 286 ± 4
V IMPu241
6,6 X ID' a
13 a
=
0,030 0,045 286 ± 7 250 ± 40
!OJO ce 13 1400 ce 80
·~
"O
o
IMPtJ242 3,75 X lff• a <0,2 400 ± 50
9sAm241 458 a 30 :!:: 2 19 ± I
'-" 3,2 :!:: 0,2 630 ± 35
9sAm2-t2 750 ± 80
V
~ IDO a 6400 = 500
--"'.
< *Para neutrons de 2.200 m/s·.

-~ A sec;ao de choque para fiss§.o varia com a energia. de urna maneira complica-
da, como está mostrado na Figura 19.1 para o u2:1j . Na regia.o térmica u varia
aproximadamente com 1/v; comec;ando em 0.28 ev, há muitas resson3.ncias 1próxi-
mas. com pelo menos 20 ressonáncias resolvidas abaixo de 20 ev. Em energias
altas, a se~_ao de choque para fissao é relativamente pequena. somente cerca de um
barn na vizinhanc;a de. I Mev; as sec;óes de choque para fiss§.o do U 233 e U 235 na
vizinhanc;a de I 234
Mev esta.o
236
mostradas na Figura 19.2a. Alguns nuclídeos pesados -
238
por exemplo. U , U e U - nao sofrem fissao com neutrons lentos. mas so-
mente com neutrons rápidos. A fissao é urna reac;ao limiar nestes nuclídeos e a
sec;ao de choque para fissao varia com a energia. de modo muito parecido com as
se9óes
2311 de choque para outras reac;óes limiares. Os limiares de fissao do U 234 • 0 236 e
U bem' como a varia~ao da sec;ao de choque para fissfio com a energia. acim.i do
limiar, foram
3
determinados
3
pelo bombardeio de nuclídeos com neutrons a partir da
rea~ao H (p. n)He • Os resultados estilo mostrados na Figura 19.2b.
As energias limiares e as sec;óes de choque foram medidas para processos de
fissao induzidos por partículas carregad.i'-i.w O limiar para fiss:io ror cteutcrnns é
FISSÁO NUCLEAR 507
506 FISICA NUCLEAR
Tabela 19.3 Energias
JO limiares para fotofissilo
"
li
'
1
Jli Limiar de
5

l
~r-~ Nuclídeo Jotofissiio.
ttl--- u¡ (U-") Me1·
,
2 i' i rr ' 92U23M 5,08 ± 0,15
u u¡ (U235)
~
235
92U 5.31 ± 0,25
" "'
11" e2u2aa 5.18 ± 0.27
1
4 kev 10 kcv 100 kev 1 ::\Icv 3 ::\Iev 1 94PtJ239 5.31 ± 0.27
1 eo Thn2 5,40 ± 0,22
E,

1.75
(a)
f'r. método de desintegra9ao nuclear alternativo. menos provável do que a emissiio de
partículas a. Núcleos que sofrem fissiio com néutrons lentos tém taxas de fissiio
espontánea menores do que seus isótopos. que sofrem fiss§.o semente com néutrons
1,50 rápidos. Por exemplo. o U 23 ª' tem urna meia-vida para fissáo espontánea. de cerca
' ' 1
de 1,8 x 10 1; anos, ·correspondendo a urna taxa de cerca de urna fissao por grama
Uf cu2:l-l)
por hora. enquanto que o U 2ª8 tem urna meia-vida para fissao. de 8.0 X 10 1" anos.
1.25
1 ou urna taxa de 25 fissóes/g/h. Analogamente. o Pu 23!1 tem urna taxa de fissao es-
'¡ pontanea de 36 fissóes/g/h. ou urna meia-vida para fissiio. de 5,5 x 101;; anos. en-
_ 1,00 quanto que o Pu 24 º tem urna taxa de 1.6 x 10 6 fissóes/g/h e urna meia-vida de 1,2 x
e
b' 0,75

0,50
u¡ (U""l " 1

1
1
1011 anos.
Finalmente. pode-se produzir fissao em bismuto. chumbo. tálio. mercúrio.
ouro e platina com néutrons de energias muito altas - por exemplo, 40 Mev.

19.3 Os produtos da fissao. Indicou-se na Se9lio 9.1 que um número de miclí-


0,25
deos de carga e massa intermediárias formavam-se quando um núcleo··de· uranio
sofria fissao. O estudo dos núcleos formados numa fissao foi evidentemente· urna

0,5 1.0 1.5 2.0 2,5 3.0 3.5 4,0


·r promissora fonte de informa9óes sobre o mecanismo do processo de fissao e ofere-
ceu a possibilidade de que novas nuclídeos, até ent§.o desconhecidos, fossem des-
E, (~lev) cobertos. A última possibilidade tornou-se aparente quando se compararam as ra-
zóes néutron-próton· dos isótopos do uranio com aquelas de alguns dos produtos de
(h) fissiio. O ·núcleo composto [92 Uz.16 I tem 144 néutrons e 92 prótons. o valor da raza.o
Fig. 19.2 As se!r◊es de choque para fissiio de vários isótoP.,os do uránio na regia.o de Mev. 7 • 9
senda 144/92 = 1,57.- Os valores da raza.o para os isótopos estáveis de alguns produ-
(a) um e U23.'i; (b) U234, U23s e U238, tos d~ fissao típicos (criptónio. iodo, xenónio e césio) variam de 1,17 a 1,52, senda
apreciave!mente menores que aquele para [U 2:rn1. Quando o núcleo excitado se di-
vide em dais núcleos menores. a razao néutron-próton para pelo menos um deles
precisa ser-maior do que o valor compatível coma estabilidade. Pode-se esperar
próximo de 8 Mev para o Th 232 , U 23 ·5 e U2311 ; o da fissao por partículas a está na que tal núcleo instável se aproxime da estabilidade por emissao de elétrons ou. se a
vizinham;a de 21 Mev para estes nuclídeos. Na faixa de energias explora_d_a_ até energia de excita9fto é suficientemente alta. pela eje<;5o de um ou mais néutrons:
aqui. o valor da sei;:8.o de choque aumenta com•a energia acima do limiar e entao ou descobriu-se experimentalmente que ambos os processos ocorrem.
se estabiliza. ou passa por um máximo. No caso do U235 bombardeado com déute- A investiga9§.o dos produtos da fissao do U235 mostrou que a faixa de números
rons. a sei;8.o de choque sobe a um valor de um barn perta de 20 Mev e entiio de massa vai de 72, provavelmente um isótopo de zinco com número atómico 30.
aumenta vagarosamente até um valor entre 1.5 e 2 b em energias de d€:uterons entre até 158, imaginado como senda um isótopo do európio com número atómico 63.
120 e 200 Mev. A ser;ao de choque para a fissao do U 235 por partículas a sobe a um Cerca de 97% dos núcleos de U235 que sofrem fissao fornecem produtos que caem
valor de 1,5 b perto de 50 Mev. permanecendo perto deste valor até energías de 400 em dais grupos - um grupo '"leve" com números de massa de 85 a 104. e um grupo
Mev. "pesado" com números de massa de 130 a 149. O tipo de fissiio mais provável. que
Os raios gama de rea9óes nucleares e raios X de alta energia de um bétatron acorre em cerca de 7% do total. dá produtos com números de massa 95 e 139. Há
podem causar fissao e alguns dos limiares medidos 11 sao mostrados na Tabela 19.3. 87 números de massa possíveis entre 72 e 158, que podem representar o número
As se9óes de choque para estas rea96es sao geralmente menores do que aquelas total de nuclídeos diferentes formados como fragmentos de fissao diretos. Se este
para fissóes induzidas por néutrons. Quando se bombardeia U 23 fl com raios y mo- fosse o caso. o núcleo de uranio deveria ser capaz de se dividir em cerca de 40
noenergéticos de 6.3 Mev da rear;ao F1!1 (p. y)Ne 20 , a se9ao de choque é cerca de 3 maneiras diferentes. Detectaram-se -na realidade mais de 60 produtos primários. de
mb: para os raios y de 17.5 Mev da rea9ao Li7(p. y)Be 1". a se9ao de choque é cerca forma que existem pelo menos 30 modos de fissao diferentes. senda formado urn
de 30 mb. par diferente de núcleos em cada modo. ~
Muitos nuclídeos pesados sofrem fissao espontánea.12 este processo senda um
FISSAO NUCLEAR 509
508 FÍSICA NUCLEAR

Os fragmentos de fissao tem neutrons demais para serem estáveis, a maior


parte deles decaindo por emissao de elétrons. Cada fragmento inicia urna curta série
i
.
JI
4 ).Iev
'
radioativa. envolvendo a emissao sucessiva de elétrons. Estas séries sao chamadas_
de cadeias de decaimento dos produtos da fissiio e cada cadeia tem tres membros - -
- - - -~ ~
·--~
-
em média, apesar de freqüentemente ocorrerem cadeias mais longas e mais curtas.
O problema de determinar as massas e números atómicos dos produtos da fissao i i- "'"""
1 .
o

bem como de identificar os membros das muitas cadeias de decaimento é extrema- - -


- . -~. e:
~
mente difícil. Apesar disso, como resultado de trabalhos cuidadosos e persistentes, "'o
estabeleceram-se mais de 60 cadeias e cerca de 200 rádio-nuclídeos diferentes foram ' Térrni;c¡s
distribuldos entre elas. 13 • 14 Um exemplo de urna cadeia longa é 1 ..i>I
"
E0.01 Pu239
~

'
- 'e
e
~
54
Xe140~ 55
Cs140~ 56
BfL14o ~ 1 11 ! 1
·• 0,001 1
16s 66s 12 ,Bd " ·Neutrons térmicos º u233 • Pu239
• NC!utrons de 14 Mev
- r 5s. 0 e 140 <estave
57L a. 140 -40h , I) . '
' '
1 1111 1 1 : 1
0.0001
80 120 140
Esta cadeia é especialmente interessante, urna vez que contém deis dos nuclídeos, Número de massa Número de massa
Ba 14º e La 140 , cujo aparecimento levou a descoberta da fissao. A cadeia curta (u)
(b)

Fig. 19.3 Produtos da fissao do U235 , U233 e Pu 239 : (a) fissao térmica e rápida do u2.1s; {b)
60 Nd
147
..!:_.
lld 61 Pni.
147
~
4a 62Sm
147
(- ton anos) fissao térmica do U23 ª e Pu239,1s

é iin.portante porque um de seus membros é um isótopo do elemento com número


atóinico 61. Este ele'mento nao tinha sido claramente isolado antes da descoberta da . .
fissiio, sendo hoje chall)ado de promécio (símbolo, Pm). Isótopos radioativos do ?eta1hada das· energias de liga98.o do neutrón em núcleos com números próximos
elemento com número átómico 43, que nao tinham sido encontrados na natureza, aqueles
235
correspondendo a camadas fechadas. ou seja, 50 a 82 neutrons. As curvas
também foram identificados com produtos de fissao. Este elemento atualmente ·é do_ U iiu~tra?1 o efeito_ da distribui98.o de massa no aumento da energia do ni:utron
chamado de tecnédo (símbolo, Te), seu isótopo de mais longa vida ocorrendo na a~1ma da term1c~. A mai?r mudan9a é no aumento da probabilidade de fissao simé-
cadeia. trica; para a fissao por neutrons de 14 Mev, o aumento é de cerca de 100 vezes. As
outras mudan9as sao urna pequena queda no pico de produ98.o e um aumento mode-
rado ~a maior parte dos modos de fissao assimétricos, is_to é, um aumento nas
4 2Mo
. ,, . ,E.
99
~
66h.
43Tc
99
..!:_., a 44· Ru
2,2X10
99
··: ,.
(e. s.tável) . _latera1s da curva de produ9iio versus massa. ~

;l;~¡q .t.if: ·;ob;i ::~ .é:n0Jrnr; :;!'.~; ,:,¡;J/:LJ:Ai ;.....¡ ií' .. i ·, , c,',q¡;~i .•·., c'.7 1 _,.,¡¡ A distribui9iio de massa dos fragmentos da fissao também pode ser obtida a
partir da distribui~iio de suas energias cinéticas. que podem ser determinadas
19.4 As distribui~0es de lllassa e energia dos produtos da fissáo. A distribui9iio
~edi11?0-se a ioniza9iio produzida numa cámara de ioniza9iio apropriada. Num
de massa dos produtos da fissao é mostrada mais, convenientemen~e forma da ºª~ !tpo de ca.mara, o material fissil está colocado num dos eletrodos, coletando-se os
éurva de produtosda'flssá"o, na qua! a produ~iio percentual <\os diferentes prodtitós 1ons que resultam quando um fragmento de fissao entra na regia.o entre os eletro-
é colocada contra o número de massa. A produ9ao de qualquer massa dada pode
dos. Como os fragmen~os de fissiio ocorrem em pares, urna experiencia <leste tipo
ser encontrada medindo-se a abundancia do nuclídeo de longa vida perto do final de
me?e some?te a energ1a de um fragmento:··Em outro tipo de ca.mara. urna folha
urna cadeí_a, é:m medindo-se a abundancia do produto final estável. As curv:ª~ de
mmto fina e o catodo comum de duas ciimaras de ioniza9ao' adjacentes. Os dois
produtos 15 • 16 para a fissao do U235 por neutrons térmicos e por nCutrons de 14 Mev fragmentos resultantes do bombardeio com ni:utrons caminham em dire9óes opos-
esta.o mostradas na Figura 19.3a; as curvas para a fissiio térmica do U233 e Pu 239
tas dentro das duas c8.maras. as ioniza<;óes que elas causam sendo medidas simulta-
estáo mostradas na Figura 19.3b. A produ9iio de um nuclídeo particular pela fissiio
neamente. O núcleo sofrendo fissao pode ser considerado como estando inicial-
é a probabilidade (expressa como percentagem) de formar aquele nuclídeo ou a mente em repouso; e, se os néutrons emitidos sao desprezados. a lei de conserva-
cadeia da qual ele é um membro; ela também pode ser vista como a percentagem de 9ao do momento dá
fissóes produzindo o nuclídeo ou cadeia. Como dois núcleos resultam de cada fis-
sao, a produ9iio total soma 200%. A produ9ao varia de cerca de 1o- 5% até cerca de
7%, e a v~ria9iio é tao grande, que se usa urna escala logarítmica para a ordenada da (19.1)
curva de produ98.o. Cada curva mostra dois picos, correspondendo aos grupos de onde os subscritos se referem aos dois fragmentos de fissao. As energias dos frag-
produtos leves e pesados. No caso do U235 • o máximo fica perto dos números de mentos entao esta.o na raza.o
massa 95 e 135; a fissao induzida por nCutrons lentos é um processo altamente
assimétrico, a divisa.o em dois fragmentos iguais ocorrendo em semente 0,01% das
fissóes. Pequenos picos de "estrutura fina., sao evidentes em algumas das curvas ½M1 Vf llf2
de produ9iio; para o U235 , estes picos esta.o nas massas 100 e 134. Tal estrutura fina ½N2Vf - 1111' (19.2)
:!. em grande parte, um efeito de camadas. podendo ser explicada por urna análise
510

e as massas sao inversamente pro


a 1stn u1c;ao de energia a d. 1 .b porc1ona1
. d·

2
U :; U
Pu
d
23
·b • -

r':
Pu 23~ por néutr~~s
. _
FISICA NUCLEAR
.

~~;~~~~u1~~~"da
. .
s as energ ias cmet1cas;
· . •
.
quando se m d
A distribuir.;ao de e~er _1s n UI~ao de massa_é obtida da Eq. (19.2). e e
fis~ao ~oi _medida .P?ra a fissao do
por neutrons rápidos 19. 20 A d. .b· . - e para a f1ssao do u~s.,. u2311 Th'"
u23° , · 1stn u1c;ao d · , e
n /
tJ.:i;:,Au l'IIU\.J1-1..n,'

total média dos fragmentos da fissao do U 235 aumenta de 12.4 Mev. de 154.7 Mev
para 167 .1 Mev. Este valor concorda com o resultado 167 .1 ::±: 1.6 Mev de urna
medida calorimétrica. 23
A distribuic;ao de energia dos fragmentos a partir da fissao espontanea também
foi determinada. 24 sendo similar 8.quela encontrada na fissáo induzida por néutrons.
o "esta mostrada na Figura 19 4· e t e energ1a no caso da fissao térmica , A determinac;ao da distribuic;áo de carga na fissao é mais difícil do que a de
. . s e espectro de energia é típico para a fissao distribuic;iio de energia. porque numa ca.mara de ionizac;ao ou ca.mara de nuvens náo

1
existe nenhuma maneira óbvia de determinar a carga nuclear no instante da fissáo.
Foram usados métodos radioquímicos baseados em tentativas de medir a produc;áo
900,,---------- primária da fissiio; 16· 25 est~s métodos sáo indiretos e o problema ainda náo foi
resolvido. 26

J: :.·:
8 500
XOl)r

e- it\
/ ... ~
lt 19.5 Emissiio de néutrons na fissáo. A comparac;áo do valor da razáo
n€:utron-próton do núcleo c"omposto [U 236 ,l comos valores para alguns dos produtos
da fissáo, discutida na Se9áo 19.3, também indicava que alguns néutrons devem ser
! 4oo~ I X I f emitidos na fissáo. O fato de que os néutrons sáo emitidos foi mostrado numa expe-
riéncia simples lago após a descoberta da fissao. 26 Colocou-se urna fonte de neu-
~ l¡¡ 1
300
i'200,
ºº lr<"
1
I l
/
ifY J

I\
trons no centro de um recipiente grande. com detectores a várias distancias dela
para determinar a densidade de néutrons no recipiente. O recipiente foi primeira-
mente preenchido com urna soluc;ao de sulfato de uranila e entáo com urna soluc;llo
de nitrato de amónia para .compara9áo. Descobriu-se que a densidade de neutrons
O·~~¡¡;-'-;¡¡;-
',',c-'c;'::--~ , __c,\'.L_
'-,L média era maior quando o ur:inio estava presente. mostrando de urna maneira gros-
-10 ,50 60 70 so \JO IOO I IO seira que se formavam mais néutrons do que eram usados quando oconia fissáo. O
Energia (Mev) valor médio do número de neutrons liberados na fissllo, gera1mente indicado por v.
Fig. 19.4 Distribuii;;ao de ener ia d foi medido para vários materiais fissionáveis. alguns dos resultados 27 · 2 s estando
(Brunton e Hanna11¡. ,, g os fragmentos da fissao do LJZ3s A listados na Tabela 19.4. O número médio de néutrons liberados é sempre maior que
por neutrons térmicos
dais. aumentando com a energia dos néutrons que 'induzem a fissáo. O número de
néutrons liberados num processo de fissáo deve, é claro, ser inteiro - mas, como o
núcleo fissionável pode-se dividir em pelo menos 30 maneiras diferentes, o i,afor
induzid~ por né~trons lentos. as curvas ar 233 239 . .
mostrada .. O~ picos próximos de 60 M P a 9~ ~ e Pu . sendo s1m1lares a curva médio de v do número de n€:utrons náo tem que ser um inteiro. ·
cesso de f1ssao. As melhores m d"d ev ; ev_ mostram a assimetria do ro-
a energia cinética totaJ méd,·a de 'fi as de camara de ioniza9ao11 dao 154 7 M p Tabela 19.4 O número médio de néutrons de fissáo emfunrO.o
fi - · d . os ragmentos do u23s A d" . • ev para da energia dos néutrons que induzem a fissáo 21
issao '? _uz1da por n€:utrons rápidos (" 5 14 M . 1stnbui9ao de energia por
e os max1m?s diferem só Jevemente d'
a I ev) aprese~ta_ os mesmos dois picos Energia dos
lentos. A dtferem;a mais importante os v: ores para fissao mduzida por n€:utrons néutrons, U23ª + n 1/ 23 ~ + n u23s + n Pu239 +n
a1tura da curva na regia.o entre os d ~as. ormas dos espectros é um aumento na Mev
bombar~eiam está na faixa de Mev o~~t~1cos, qu~n~~ a energia dos neutrons que
urna ma1or probabilidade de fissfio s/mét . aumento e interpretado como indicando Térmicos 2,51 ± 0,02 2,44 ± 0,02 2,89 ± O,o3
caso do u23s. a fissao simétrica é cerca d:cto3uando a e~ergia do n€:utron é alta. No 0,08 2,58 ± 0,06 2,47 ± 0,03 3,05 ± 0,08
i4 ~~v do que para néutrons térmicos Qu ~ezes ma1s provável para néutrons de
ar e1~": sobe a 45 Mev. há ainda dois. . an, o a energia dos neutrons que bom-
1,3
1,5
2,69 ± 0,05 2,61
2.57
±
±
0,09
o, 12 2,65 ± 0,09
3,08 ± 0,05

1,8 2,75 ± 0,06 2,72 ± 0,06 3,28 ± 0,06


p~obab1hdade de fissao simétrica . d p1c~s. mas o vale entre eles é pequeno e 2,0 2,80 ± 0,15
ne~trons de 90 Mev observa-se ·si:: a ma1or ~o que em energias menores. Ca; 4,0 3,06 ± 0,12 3,01 ± 0,12 3,11 ± 0,10 3.43 ± 0.11
dms ~agmentos iguais: nestas energiat:e. umlp1co, cor~esp_ondendo a divisao em 14, 1 3,86 ± 0,28 4.52 ± 0,32 4.13 ± 0,25 4,85 ± o.so
provavel.. 21 . _. 01 to ª tas, a fissao simétrica é mod •
O o mais
A d istnbui980 de velocidad d
mente po: meio de um método <lee: os ~agn:ien,,~os da fissao foi estudada direta- Em adi¡;ao a v existe urna outra propriedade dos materiais fissionáveis que tem
u233. u2a.~ ou Pu239 é irradiada co;m~o e voo:- I!ma fina folha com um filme de importancia prática: o número médio de néutrons emitidos por néutron absorvido
fragmentos com detectores de cint'I ne_utrons term1cos e detectam-se os pares de por um nuclídeo fissionável. É evidente. a partir dos valores de sec;ao de choque da
antes de atingir o detector. enquant I a9ao. Um fragmento percorre semente 1 cm Tabela 19.1. que todos os neutrons absorvidos por um material fissionável náo pro-
J
de um tubo com vácuo. Os pulsos que? outro percorre cerca de 350 cm ao Ion o vocam a fissáo; algumas absorc;óes resultam na emissáo de raios -y. isto é. a captura
radioatiya compete coma fissao. Como U 23 :;, por exemplo. a reac;áo U 23:;(n. -y)U 236
tub~ de rai?s catódicos e fotografad os_ d01s de!ectores sao mostrados na tela de u~
part~r da d1st:incia entre os dois iii·
ª, veJoc1~ade_ d? _fragmento pode ser obtida a tarnbém acorre. o uw> senda um emissor a com urna rneia-vida de 2.4 x 107 anos.
A razao entre a sec;ao de choque para captura radioativa e a se,;ao de choque para
~~rur d!1 velocidade. Resultados ¿'btid:·s a energ1a ct~etica sendo entao calculada a
S<10 ma1ores do que aquelas dadas por ;~;d
est~ m~to?o ~ostram que as energias
1 as e 1ornza9ao. e a energia cinética
fissáo é usualmente indicada por a.
FISSÁ0 NUCLEAR 513
512 FÍSICA NUCLEAR
bela 19.5. Descobriram-se tres grupos de néutrons atrasados adicionais. de baixa
(19.3) intensidade.:1·1 com meias-vidas de 3. 12 e 125 min. e prodU(;fio. por fissao. de
5.8 x 10-~. 5.6 x 10- 10 e 2.9 x 10-iu respectivamente.
o número de néutrons de fissiio liberados por néutron absorvido num nuclídeo fis- Foram descobertos os mesmos grupos de neutrons atrasados na fissiio de nu-
sionável sendo dado por clídeos pesados diferentes por néutrons lentos ou rápidos. mas a prodU(;ao varia de
nuclídeo para nuclídeo. Dos trés materiais fissionáveis importantes. o U 235 tem a
~ = v/(1 + a)· (19.4) maior produ980 - 0,64% - , cerca de trés vezes a do Pu 239 • A pesar da produ93o de
néutrons atrasados ser menos que um por cento do número total de néutrons emiti-
Os valores de a: e TJ para néutrons térmicos est§.o listados na Tabela 19.1 para os dos, os néutrons atra,sados tém urna forte influéncia no comportamento temporal de
materiais fissionáveis importantes. um sistema de rea9iio em cadeia baseado na fissao, jogando urna parte importante
O número médio de néutrons emitidos por fissiio espontánea foi determinado no controle do sistema.
para vários nuclídeos pesados. 12 A raza.o (número de fissóes por grama por se- Compreende-se, o mecanismo para a emissiio de néutrons atrasados. Coro? al-
gundo) pode ser medida29 assim como o número total de néutrons. 30 Para o U 238 • a guns dos produtos da fissao sao ricos em néutrons e muito instáveis com respe1to a
raziio é (6.90 :t 0.24) x 10-a fiss6es/g/s. ou cerca de 25 fiss6es/g/h e v = 2.4 :t 0.2. emissao /3. um produto com Z prótons e N néutrons pode ter urna energía de de-
próximo ao valor da fissao induzida por néutrons térmicos; para o Th 232 , v = 2.6 ± caimento f3 maior do que a energia de ligafao do último neutron no produto filho
0.3 e para o Cf'". v = 3.53 :t O. 15. com Z + 1 prótons e N - l néutrons. No decaimento /3, o núcleo produto pode ser
Os néutrons emitidos corno resultado do processo de fissiio podem ser dividi- deixado ou no estado fundamental ou em um dos muitos estados excitados. Se a
dos em duas classes. neutrons prontos e ntutrons atrasados. Os néutrons prontos. energia de excita9ao de um dos estados excitados do núcleo Z + l. N - 1 for maior
que compóem cerca de 99% do total de neutrons da fissao. sao emitidos dentro de do que a energia de liga9ao do último néutron. a desexcita9§.o pode ocorrer pela
um intervalo de tempo extremamente curto. após o processo de fissii.o, possivel- emissiio de um néutron. deixando um núcleo com Z + 1 prótons e N - 2 néutrons.
mente tao baixo quanto 10- 14 s. Pensa-se que o núcleo composto [U 236] primeiro A emissao de néutrons será atrasada e vai aparecer como tendo a meia-vida do
divide-se em dois fragmentos, cada um dos quais tem néutrons demais para serem nuclídeo (Z, N) que decai por emissao /3. isto é. aqueta do precursor do néutron
estáveis e tem também o excesso de energia (6 Mev ou mais) necessário para expe- atrasado. Vários dos grupos de néutrons atrasados foram relacionados ao decai-
lir um néutron. O núcleo excitado instável conseqüentemente ejeta um ou mais mento dos produtos de fissao do bromo e iodo. ·35- 39 Assim. o Br87 é o precursor do
emissor de néutrons atrasados de 55 s. O iodo-137. coma meia-vida de 24 s. está
Tabela 19 .5 Propriedades dos neutrons atrasados 33 associado com o grupo de 22 s. Este grupo pode consistir em dois ou mais precur-
sores com meias-vidas similares e também pode conter Br88 que tem urna meia-vida
Meia-vida, Energia, Rendimento, % do total dos néutrons de 16,3 s. O grupo de 5,6 s incluí o I''" (T,,, = 6.3 s) e possivelmente o Br"º (T112 =
s' Mev- emitidos na fissiio, 4.4 s). O esquema de decaimento do Br'7 está mostrado na Figura 19.5. Cerca de
Fissiio térmica e rápida Fissiio rápida 7<Y% dos decaimentos fJ do Br'7 viio para o nivel excitado de 5.4 Mev do Kr'": este
)
(
U"' U'" Pu239 U''" Th232

55 0.25 0.021 0.022 0.007 0.020 0.Q75


22 0,46 0.140 0,078 0,063 0.215 o.330
5,6 0,41 0.125 0,066 o.046 0,254 0,341
2,1 0,45 0,253 0,072 0.068 0.609 o.981
0.6 0.42 0.074 0.013 0.018 0,353 0.378
0,2 0,027 0,009 0.009 0.118 0.095

Rendimento total 0.64 0.26 0.21 1,57 2.20


'Y,~2 !vlev
~. 5,4
1lev
néutrons dentro de um tempo muito curto ap(>s sua forma9ao; os raios y prontos 30%
sao aparentemente emitidos ao mesmo tempo. Estas idéias condizem com os resul- p-, 8.0 Mev
tados de experiencias sobre a correla980 angular entre a dire980 dos neutrons e a 'Y,~3.4 Mev
dos fragmentos, 31 sendo os néutrons emitidos preferencialmente na mesma dire980
que os fragmentos.
Os néutrons,atrasados. que constituem cerca de 0,64% do total de néutrons da a5Kr8i
fissao do U 23:;_ sao emitidos com intensidade gradualmente decrescente durante vá-
rios minutos após o proces.so de fissfio real. Observaram-se seis grupos bem defi- {J-, 3.6 Mev
nidos de. néutrons atrasados. estudando-se a taxa de decaimento da intensidade de {J-, 0,27 Mev
néutrons. 32 · 33 A taxa de decaimento de cada grupo é exponencial. justamente
como para as outras formas de mudarn;a radioativa, podendo-se assinalar urna 33Sr8'
meia-vida específica a cada grupo. assim como urna vida média e urna constante
de decaimento. A partir da intensidade. pode-se determinar a fra9fio /3; que o gru- Fig. 19.5 Esquema ·de decaimento do Br8 7 e seus produtos. mostrando a emissao de néutrons
po constitui em rela9iio ao total dos neutrons da fissao (prontos e atrasados). As atrasados.
propriedades dos grupos proeminentes de néutrons atrasados sao listadas na Ta-
515
FISSÁO NUCLEAR

514 FfSICA NUCLEAR


111'~-----------;-----,:--7
.\"(f,'J = 4.75Xlüt;senh12E¡'lr-¡;
a
níveJ fica cerca de 0.3 Mev acima do nível corrcspondente energia de ligac;5.o do
~~- x-x .\ (E J Calculado
último (51. 0 ) néutron no Kf"11 7 • Aproximadamente 3% dos núcleos de Kr8; no nivel : ~ •-•.\(E)ExpenmentaJ-W~tt
de 5 .4 Mev emitem um néutron na transi¡;fio Kr' 7 --+ K~u + n + 0.3 Mev. enquanto I0" ~ i ~ •-•.1·(E) Expenmental- H1II
que o resto ctecai por emissfio y para o estado fundamental do Kr-87. Os neutrons
1
atrasados sao atrasados inteiramente pela meia-vida de 55 s do seu raio /3 do Br-87•
pai. Deve ser assinalado que o Kr-8 7 tem 51 néutrons e a emissao do néutron atra-
I0' '\.).
sado deixa urna camada fechada de 50 néutrons. Analogamente o 5a1' 37 decai por
emiss8.o /3 para o 54 Xe 137 que pode emitir um néu_tron. deixando o 54 Xe 136 que tem '\,
urna camada fechada de 82 néutrons: o Br89 e 11 39 produzem. no decaimento f3 se-
guido Pela emissao n. núcleos com 50 + 2 e 82 + 2 néutrons. respectivamente. que
'".
sao novamente configura9óes de néutrons especialmente estáveis.

19.6 A distribuif3o de energía dos néutrons emitidos na fiss3o.As energias dos


néutrons ·prontos emitidos na fissao va113rii de valores rrienores que 0.05 Mev
para mais de 17 Mev. A determinar;ao de energías de néutrons numa faixa tao
"'"' \!
'\.¡

1
grande nao é um problema fácil. tendo sido usados vários métodos para cobrir a
faixa. Os néutrons da fissao térmica do U 23 " foram estudados co·m grande detalhe e
este caso fornece um bom exemplo dos métodos e resultados:w Na faixa de ener-
gías de 0,05 a 0,7 Mev, usou-se urna cámara de nuvens contendo gás hidrogénio e
\
.J__j'--.L..-+.--_L.-+,-J''--tr.-'1\--',:¡
vapor d'água. 4 i Urna fina folha de U235 foi bombardeada com um feixe de néutrons lll Ol ·
1 1
-1
1 1

8
1 J
12 Ir,l 20
térmicos de urna coluna térmica num reator riuclear. Deixou-se que os néutrons da E (~lev)
fisSáo entrassem nurna camara de nuvens, onde eles colidiam com prótons, tendo 4M a 17 Mev (Watt4ª).
sido determinado o alcance dos prótons que recuavam, medindo-se o comprimento Fig. 19.7 Energias dos neutrons da fiss§.o: o espectro de-º~ ev •
das trilhas. A distribui9iio de energia dos prótons que recuam foi obtida a partir de
medidas de· alcance e a distribui9áo de energía dos néutrons foi obtida a partir da
dist.ribui98.o de energia dos prótons que recuarn. Os resultados esta.o mostrados na· . . . • . . d neutrons por unidade de faix~ de energia
onde N(E) representa o numero relaivo e ltados experimentais entre 0.4. M~v e 17
so~----------~ em fum;áo da energia do neutron. s resu dam coma fórmula empírica. A curva
Mev estao mostrados na Figura 19.7 e ~~~~~~ula empírica. a concord&ncia també~
70 sólida da Figura 19.6 represent~ a mes . O valor médio da energia do n!utron e
senda boa para néutrons de ba1xa energ1a. .
2,0 ± 0,1 Mev. •-- :. _ u23~ e Puza9, na-faixa de 0,5 a 8 Mev. fo,
O espectro de neutrons d31 fi_ssaf do-14, 45 e·co"í1cordam os resultados com aque-
estudado com placas de emulsao nuc ea_r, os néutrons _do Pu239 apresenta uro
les que acabamos de discutir. O espectr~yaruala empírica da Eq. {19.5) encaixa-se
empírica . ·- .__d e.. O,6··a ·;~---------.•-----.d.
O8 Mev e a ,orm ··
de Watt máximo na reg1ao amente 2,0 Mev.
nos resultados experimentrus; a energ1a me ta e nov . . . .
. - . - Urna das propriedades mais impressID:
19 7 A Jibera~á• de energia na flssao, d. d. energ·,a liberada por fissao, que e
10 •
nantes do processo de issao e
fi - • a magmtu e a
l
u
M v para outras rea9óes nucleares. 1:'1ª
ºo~--'--L...---'--'----'--'----'
cerca de 200 Mev • comparada coro a gun~ 1fberada por fissao pode ser ~e1ta
JOO 200 300 400 500 600 700 Fig. 19.6 Energias dos néutrons dit fissao: a estimativa da quant1dade de en~?t - (Fig. 9.11). O valor da energ1a _de
Energia dos n~utrons (keV)-- ' regiao de baixa energia (Bonneret a/. 41 ). considerando-se a curva de energ1a ~ _,gac;:~tenso de cerca de 8.4 Mev na fa1xa
liga98.o média por partícula te~Ou~ ~~:~~ mostrado que quase tod~s ?s produto_s
Figura 19.6, onde o número relativo de néutrons num dado intervalo de energia está de números de massa de 80 a , en . A energia de ligac;áo media por_ par~•-
colocado num gráfico contra a energia e comparado corn urna fórmula empírica que de fissao tém números de mas~a: nesta frudxoa.ur&nio. Portante. a eneri:ia de hgac;ao
será dada abaixo. cula é cerca de 7 ,5 Mev na v1zmha:a maior nos produtos da fissao do que n~
O espectro de eriergia dos néutrons entre 0,4 Mev e 17 Mev foi estudado média por partícula é cerca de 0.9 evO 9 M - é liberado no processo de fis-
medindo-se, 2om contadores coincidentes, a distribui980 dos alcances dos prótons núcleo composto [U236] e o _excesso :-- • a e~ fissiio deve ser aproximadamen~e
que recuam em materiais hidrogenosos. 42 • 43 A intensidade de néutrons apresenta sao. A quantidade de_ energ1a total_ h~e~(~36f'multiplicado pelo excesso de energia
urna regia.o de máximo perta de 0,75 Mev e decresce quase exponencialmente em igual ao produto d~ riumero de parucu a roximadamente 200 Mev. . ,
energías maiores que 2 Mev. A distribui980 de energia entre 0,075 Mev e 17 Mev de liga~áo por parucula (0.9 Mevf¡' o_u ~P bérn pode ser calculada a partlf das mas-
pode ser descrita pela fórmula empírica A energia total liberada por ,ssa_o. amd ·utos de fiss:io. Mostrou-se que os
2:rn1 e de um par up1co e proa
sas nuc 1eares do [u
N(E) = e-E senh (2E) 112 , (19.5)
ij

'
516 FÍSICA NUCLEAR FISSÁO NUCLEAR 517

produtos de fissüo com maiores produ~óes tém números de massa perto de A = 95 )9.8 A teoría do processo de fissiio. Nao é surpreendente. em vista das notá-
e A = 139. Se tomarnos o 42 MoK• e 57 La 1:1!1 como um 'par de produtos estáveis no veis propriedades do processo de fissao, que urna soma de esforr;os tenha_ sido
final das cadeias para suas respectivas massas. sua massa combinada é 138.955 colocada em estudos teóricos do processo. O primeiro tratamento completo fo1 o de
u.m.a. + 94,946 u.m.a. = 233.900 u.m.a ... dadas pela fórmula semi-empírica de· Bohr e Wheeler1Hque explicou muitas das propriedades da fissao com base no mo-
massa. O número de massa correspondente é 234 e aparentemente sao liberados delo de gota líquida do núcleo. Este modelo foi usado na última ser;ao. no cálculo
2 néutrons nestc processo de fissao particular. Quando se adiciona 2.018 u.m.a. para da Iiberar;iio de energia na fissao, a partir das massas atómicas dos núcleos-produtos
estes dois néutrons. os produtos da rea~ao tern urna massa total de 235.918 u.m.a. físseis dadas pela fórmula semi-empírica de massa; aquela fórmula foi deduzida
A massa do O2 :i:, a partir da fórmula semi-empírica de massa é 235.124 u.m.a .. de considerando-se QUe um núcleo carregado é análogo a urna gota de líquido (Se9iio
modo que a massa do núcleo composto [U 236 ] é próxima de 235,124 + 1,009 = 17.6). Bohr e Wheeler mostraram que o modelo de gota líquida podia ser usado para
236.133 u.m.a. O excesso de massa que é convertido em energia é igual a 236.133 descrever o processo de fissao com algum detalhe e fizeram previsóes bem sucedi-
u.m.a. - 235.918 u.m.a. = 0,215 u.ro.a. Como l u.m.a. é equivalente a 931 Mev. a das sobre a existéncia de fiss§.o espontanea e sobre a capacidade de vários núcleos
energia no processo é 931 x 0.215 = l98 Mev. Apesar de haver pelo menos 30 pesados sofrerem fissüo com neutrons lentos ou rápidos.
maneiras diferentes pelas quais o núcleo pode-se divic:lir. o cxccsso <le massa é apro-
ximadamente o mesmo para todos estes processos. sendo 200 Mev um bom valor
para a quantidade média de energia liberada por fissiio. calculada dessa maneira.
O valor previsto de 200 Mev pode ser comparado com valores experimentais.
A quantidade total de energia liberada por fissao é a soma da energia cinética dos
fragmentos da fissfio. a energia cinética dos neutrons emitidos. a energia cinética
dos raios y prontos e a energia total do processo de decaimento nas cadeias de
decaimento da fissiio. Mostrou-se na Ser;ao 19.4 que o valor médio da enÚgia ciné-
tica total dos fragmentos da fissiio a partir da fissiio térmica do U235 é 167 Mev; a
incerteza oeste número é cerca de 5 Mev. O valor médio da energia cinética carre- A 8 8 e e o
gada pelos néutrons é igual ao produto do número médio de néutrons emitidos por
fiss5.o e a energia cinética média dos néutrons; para a fissfio térmica do U23 5. este Fig. 19.8 Passos possíveis no processo da fissao nucleB:_r de acordo com o modelo de gota
produto é -2.5 x 2.0 Mev = 5 Mev. A energia cinética dos raios y prontos está na líquida.
vizinhanr;a de 5 a 8 Mev. 46• 47 Finalmente. a energia média48 de todas as radim;óes
(raiós {3. raios -y e neutrinos) dos produtos da fissiio é 21 :±:: 3 Mev; cerca da metade
desta energia escapa na forma de neutrinos e a outra metade está dividida. de modo · Nó núcleo gota líquida, esférico, a forma da gota depende do bal;,i',o envol-
aproximadaffiente igual. entre os raios f3 e os raios -y. Estes resultados estiio resu- vendo as for9as de tensa.o superficial e as for9as repulsivas de Coulomb. Se adicio-
midos na Tabela 19.6; a energia total da fissao determinada desta maneira é 200 namos energia a gota, como na forma de energia de excitar;ao resultante da captu_ra
Mev. com urna incerteza entre 5 e 10 Mev. em boa concordancia com os valores de um néutron lento, estabelecem-se oscilar;óes dentro da gota; estas tendem a dts-
calculados. torcer a forma esférica, de modo que a gota pode-se tornar de forma elipsoidal. As
for9as de tensao superficial tendem a fazer a gota retornar a sua forma original,
enguanto que a energia de excita9ao tende a distorcer ainda mais a forma. Se a
Tabela 19.6 A liberafilo de energia na fissao do U235 energía de excita9ao é suficientemente grande, a gota pode atingir a forma de um
por néutrons térmicos
haltere. As· for9as de repulsao coulombianas podem entao puxar os dais "pesos"
Energia cinética dos fragmentos da fissáo 167 Mev para fara até que o haltere se quebra em duas gotas similares e cada urna das quais
Energia cinética dos neutrons da fissáo 5 se torna de forma esférica. A seqüéncia dos passos que levam a fissao está mos-
Raios y prontos 7 trada na Figura 19.8. Se a energia de exci~ao nao é suficientemente grande, a
Energia do decaimento /3 5 elipsóide pode retornar a forma esférica, com a energia de excita9ao senda liberada
Energia do decaimento y 5 na forma de raios 'Y e o processo é de captura radioativa em vez de fissao.
Energia dos neutrinos 11
A energia potencial da gota nos diferentes estágios da Figura 19.8 pode ser
Energia total da fissao 200 Mev
calculada com a teoria de Bohr-Wheeler. em fum;ao do grau de deforma9ao da
gota. 51 • !'i!l A forma dos resultados está mostrada na Figura 19.9. onde a energia
potencial E está colocada num gráfico contra um parámetro r que é urna medida do
A Iiberar;ao de energia. na fissiio também foi medida calorimetricamente. 4!1 de grau de •deformar;ao. Em r = O, que representa a gota esférica inicial. há urna quan-
urna maneira que nao incluía a energia carregada pelos raios y. néutrons e neutri- tidade de energia disponível E 0 , dada por
nos. O resultado obtido foi 177::: 5 Mev: se adicionamos 26 Mev (veja Tabela 19.6)
para as energias que faltam. o total é 203 :±:: 8 Mev. em boa concordáncia com os E0 = c 2 [M(A, Z) - M(Ai, Z,) - M(A,, Z2)], (19.6)
resultados prévios. Outra medida calorimétrica forneceu um valor da energia libe-
rada na fissao do U23:; exceto pela energia carregada pelos neutrinos: 50 o resultado onde (A, Z) representa o núcleo que pode sofrer fissao e os subscritos l e 2 indicam
foi 190 :±:: 5 Mev. que também concorda muito bem com os resultados da Tabela os possíveis produtos finais. O valor de Eo corresponde ao estado fundam_en!al d(!
19.6 e comos valores calculados. n~cleo composto formado. quando o núcleo-alvo captura um néutron. mas nao !º~lu1
Resultados obtidos com outros materiais físseis. como o Pu 239 e u2:i:i_ süo simi- a energia de excitar;ao resultante da captura do neutron. Mostrou-se na ultima
lares aqueles do U 235 • se~fio que o valor de E O para o U23" é de cerca de 200 Mev.
FISSÁO NUCLEAR 519

518 FISICA NUCLEAR


massas dos núcleos en vol vi.dos. se estes sao conhecid~s. Quand_o o :1úcl~o co;poSl~
Lu 148 Br87 1
é formado pela captura de um néutron lento. a energ1a de exc1tar.;ao d1fere[ U~ 3
quantia desprezível da energia de 1igar.;áo do último néut~on. No caso do .
~tª
•a
........ 1
III .,.::~ : energia de ligac;ao é calculada a partir das massas conhectdas como se segue.
Er ,, ,.--ti,,
, ,
Massa do U 235 , 235.11704
t lI /
/ Massa de néutron, 1,00898
E
'-7,9X _/ 16,7~X 236,12602
10':13 j lQ-13 236.11912
cm cm Massa do U 236
1-- ..1 t,M ~ 0,00690 u.m.a. ~ 6.4 Mev.
1.46 X 10-12 cm
57e X 35e
r = R¡ + Rz
E 1w,t = f,46° xfiJ--lZ = 197 ?\Iev Separai;ao (r) Os valores da energia de excitac;ao calculados desta rnaneira para vários nú-
cleos esados estiio listados na Tabela 19.7 e comparado~ com os valores corres-
Fig. 19.9 Energia potencial de dois fragmentos de fissao em funi;ao da distancia entre os
ponde~tes da energia de ativac;::ao obtidos a part_ir da teona de B~hr-Wh~eler. N?
u233 u23:; e Pu2:rn_ a energia de excitac;ao é cons1dera~eI:11ente m~10r que c1_ en~rg1~
centros e a configura98.o no contato. quando a energia potencial é 197 Mev.
·· - d ue estes núcleos sofram f1ssao com neutrons term1cos.
de at1va9ao. esperan o-se q
l f
r· _ . . do u2ª" e Pu2.1!J
as sec;óes de choque para 1ssao term1ca
sfio grandes
_ _ .
O significado do gráfico poderla ser visto mais facilmente se considerássemos e es o azem e . N u 23 H e Th2:i:1 a energia de exc1ta9ao e menor
- -.,77 b e 742 b. respect1vamen 1e. o • . _ ~ , .
um processo que seria o reverso da fissao. Quando a gota está dividida em dais qu~ a energia de ativac;ao e estes núcleos nfio sofrem fissao com neutron~ ter~m-~?s·
fragmentos, r é a distancia entre seus centros; se R I e R 2 sao os raios das duas gotas corno revistó. Para induzir fissao, os néutrons devem ter _urna energ1a c1~e 1ca
produzidas, r = R 1 + R 2 é o valor do para.metro de deforma!r30 no qual as duas consid~rável e a fissiio deve ser urna rear.;ao limiar nestes n~c~os, ~om_? o e. ~e~
gotas sirnplesmente encostam. Para valores de r menores que R 1 + R 2 , r representa Pa231 e Np231 a energia de excitac;iio é maior que a en~rg1~ e at1va_r.;~ªº _e ~s .
¡ o grau de -desvio da gota original de sua forma esférica. Para valores de r maiores núcleos deve~ sofrer fissao com néutrons térmicos. As pnmetras_exp_en~ncias md1-
que R 1 + R2 , a eneigia é juStarilente a energia eletrostática· resultante da repulS§.o cavam que niio; medidas recentes mostram que existe alguma fissao term1ca. ~as Js
mútua_ dos dais fragmentos nucleares carregados positivamente. O valor de E nesta se Qes de choque sao muito pequenas (cerca de 10- 2 b) co~paradas_ co':1 aq_ue as_ ~
regia.o é (Z iZ2t' 2/r), e E aumenta a medida que a distancia entre os düis fragmentos
diminui; a_ e_nergia em r :==: 'Xl é tomada igual a zero. Quando os dais fragmentos
t5
U e Pu239 · 0 fato de que os.
valores calculados da energta de exc1ta9ao sao ma10
. - p ,., Np231 nao concorda com as
res do que aqueles da energ1a de _au~ac;ao p~ra o a , e _
· siitlí,téSfnente ellC0stafll ·eni ;··,;,;.R 1 ·+ R 2 , a energía cou]oinbian'a· é indicada por Ec, probabilidades muito baixas de f1ssao por neutrons terrn1cos.
sendo . ·

Tabela 19.7 Fissionabilidade de núcleos


Gf!il
pesados por neutrons térmicos
)j
(19.7)
Energia de Energia de
Quando r é menor que R 1 + R 2 , a energia depende nao semente das for<;as Núcleo excita9ii:o, atii•a9ii:o,
eletrostáticas, mas também das for9as de tensao superficial; o cálculo de E entao é composto Mev Mev
complicado, sendo mostradas tres curvas diferentes (1, 11 e 111) para a possível
6,6 4,6
variac;iio de E nesta regia.o. As formas destas curvas e os valores de Ea esta.o rela- U"' [U"'l
[U"'] 6.4 5.3
cionados com a massa do núcleo, isto é, ao valor de A na Eq. (19.6). Núcleos U"' 4,9 5.5
eStáveis com valores de A úni"poÜco maiores qu~ 100 sao do tipo I, comEa cerca·de U'"
Th2:12
[U'"]
{Th2ª3] 5,1 6.5
50 Mev menor que Er. Núcleos como os de uranio, plutónio ou tório sao do tipo 11, Pa231 [Pa2:121 5.4 5,0
para.os quais.Er - Ea é cerca de 6 Mev. Pá.ra núcleos ainda mais pesados, Ea pode Npm [Np23R] 5,0 4.2
ser maior que Ec, como no caso 111. Núcleos do tipo 111 devem sofrer fissiio espon- Pu239 [Pu24ol 6.4 4.0
taneamente •. nao se devendo esperar que durem bastante.
Numa base clássica, núcleos do tipo I I devem ser estáveis com respeito a
fissao, mas de acordo com a mecél.nica quél.ntica existe urna certa probabilidade de
que possam sofrer fissao espontanea. Os fragmentos podem "passar através" da Os valores de energia de excitac;fl.o listados na_Tabela 19.7 indi7am qu_e a ,ene;-
barreira.representada por Er da mesma maneira que as partículas a fazem no de- ia de ligar.;ft.o de urn néutron adicionado a um nucleo com _um numero 1m~ar e
g, 1 (U"' u2a5 Pu239) é maior do que aquela para um nucleo com um nui:nero
caimento a. No U 238 , cerca de 25 fissóes espontaneas ocorrem por grama por hora e ncu rons, • · u2aH p 2:11 Np23,)- Descobre-se gera 1mene t que •a energ1a de
par d e neutrons (Th"'
a meia-vida para este processo é de cerca de 1017 anos.
A energía de ativac;ao Er - E 0 necessária para induzir fissao em-núcleos do tipo
·-, · 3 · · · ,
excita ao é rnaior para núcleos-alvos com números impares _de neut_rons. o
e;_ ¡eos- corn nu'meros pares· de néutrons · estando este efello
· d
qu:
11 foi calculada a partir da teoria de Bohr-Wheeler, podendo ser comparada com a para nuc . • relac10nado
- f , com d
presem;:a do termo "ímpar-par'" na fórmula de encrgia de _hgac;ao. A 1ss<1~ com
energia de excitac;ao resultante da captura de um néutron. outra partícula, ou um
raio y. A energía de excita<;iio de um núcleo composto pode ser computada com a neutrons térmicos acorre muito mais freqüentemente em nucleos com urn numero
ajuda da fórmula semi-empírica de energ:ia de ligac;::iio (ou massa). ou a partir das
1 ' " " " " nvVLW"lll

FISSA0 NUCLEAR 521


ímpar de n€:utrons. do que em núcleos com um número par de neutrons. como está
mostrado pelos valores da se9ao de choque para fissao listados nas Tabelas 19.I e PARTICULARES
19.2. Quase todos os núcleos-alvos com valores grandes da se9ao de choque para
fissao por neutrons térmicos tem números írnpares de neutrons. enguanto que.quáse 1. o. HAHN and F. STRASS~iAN, "Uber den Nachweis un<l das Vcrhalten <l~r
todos os núcleos com se9óes de choque muito pequenas tem números pares de bei der Bestrahlung des lirans mittels Ncutronen entstchcndcn Erdalkali-
n€:utrons. Portanto. existe alguma correla9fio entre os valores da energia de excita-
9ao e a ocorr€:ncia de fissao térmica, em concordáncia qualitativa com as previsóes mctallc," Naturwiss 27, 11, 89. (1939). .
da teoria de Bohr-Wheeler. Há algumas exce9óes óbvias; o 96Cm24 º tem urna se9§.o
de choque muito grande(~ 20.000 b). o 92 U 230 e o 92 U 2 :12 tem se9óes de choque
apreciáveis (25 be 80 b. respectivamente): cada um <lestes nllcleos tem um número
l 2. O. HAHN, New .ltoms. 1'ew York: Elsev1cr (1950). •
3. O. R. FRISCH, "Physical Evidence for the Division of Heavy ?\ucle1 under
Neutron Bombar~ment," Nature 143, 276 (1939). 1
.

par de n€:utrons. Os nuclídeos Pa231 e Np 237 tem energias de excita9ao baixas. cor- 4. ANnERS0N, Boon1, DuxNING, FERMI, GLASOE 1 and SLACK, ' The Fission
respondendo a seus números pares de n€:utrons. mas suas energias de ativa9ao sao of Uranium," Phys. Rev. 55, 511 (1939). . •
ainda mais baixas, de modo que devem sofrer fissao com n€:utrons lentos apesar de 5. L. ).1EITNER and O. R. Fmsctt, "Disintcgration of liramum by Ncutrons:
seus números impares de neutrons. A teoria baseada !1º modelo de gota líquida dá a New Type of Nuclear Reaction," Nature 143,239 (1939).
valores incorretos para a energia de ativa9iio nestes casos. 6. NIER, BooTH, DuNNING, and GROSSE, "Nuclear Fission of Separated
A discussiio acima indica que o modelo de gota líquida do núcleo foi aplicado Uranium Isotopes," Phys. Rev. 57, 546, 748 (1940). , . . .•
com algum sucesso ao problema da fissao nuclear. A teoria dá urna imagem qualita- 7. (a) D. J. HuGHES an<l R. B. ScHWARTZ, Neutron Cross 8ections, ~lvL-32v,
tiva e as vezes quantitativa do processo e tornou possível a descri9iio de algumas 2nd cd. \Yashington, D.C.: "C.S. Govcrnmcnt Printing Officc, July, 19a8.
das propriedades da fissao; mas ela também tem alguns defeitos sérios além daque- (b) D. J. HUGHES, B. A . .olAGURNo, and 1!. K. BRUSSEL, BNL.325, 2nd ed.
les já mencionados. De acordo com a teoria, o modo mais provável de d'ivis§.o do
núcleo do tipo gota líquida é em dois fragmentos iguais. de modo que falha ao Supplcment 11 Jan., 1960. · . " . .
8. D. J. HuGHES, "New \Vorld-Avcrage Thermal Cross Sect10ns, :vucleonics,
explicar a assimetria observada no processo; esta teoria também fornéce valores
para os limiares de fotofissao e para taxas de fissfio espontánea que esta.o quantita- 17, No. 11, 132 (Nov., 1959). . . .
tivamente errados e cujas varia9óes de nuclídeo para nuclídeo nao concordam coma 9. R. \V. LAMPHERE, "Fission Cross Scct10ns of the t-ramum Isotopesi
experiencia. 233, 234, 236, and 238, far Fast Neutrons," Phys. Rev. 104, 1654 (1956). . ,,
Foram feitas tentativas de modificar a teoria da gota líquida -da fissao para 10. J. JuNGERMAN, "Fission E:xcitation Functions for Charged Particlcs,
,_superar estaS dificuldades. Sugeriu-se a aplica9ao do modelo de camadas, 53 e teve Phys. Rev. 79, 632 (1950). . .
algum sucesso a explica9ao da assimetria. 54 Outro método promissor parece ser o 11. KocH, l\1cELHINNEY, and GASTEIGER, ' 1Experimental Photo-F1ss10n
de Hill e. Wheeier," que está baseado no novo modelo coietivo do núcleo, pelo que Thres hoId s 1n · u2a5 1 u2as , u2sa , Pu2•0 , and Th2s2"
'
Phys. Rev.
_
77,
• ,
329 (1950).
• ,-t
1
indicamos aoJeitor o seu al'ti"go para urna discussao completa e detalhada do meca- 12. K. A. PETRZHAK, ' 1Spontaneous Fission of Heavy Nucle1, Physics o,
nismo de fissiio. Muitos traba]hos adicionais sobre a teoria da fissao podem ser Nuclear Fission 1 op. cit. gen. ref., pp. 129-152. . .
encontrados nas referencias gerais listadas abaixo. 13. 11 Plutonium Project1 Nuclei Formed in Fission: Dccay Cha~acteristicsi
Fission Yields, and Chain Reiationships," Revs. liI od. l'hys. 18, 013 (1946);
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11
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522 FÍSICA NUCLEAR FISSAO NUCLEAR 523

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33. KEEPI::-{, \Vrl\IETT, and ZIEGLER, "Delayed Ncutrons frorn Fissionable 55. D. L. H1LLand J. A. \VHEELER, uNuclcar Constitution and thc Intcrpreta-
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34. KuNSTADTER, FLOYD, ancl BonsT 1 "Long-livcd Dclaycd Xcutrons from
Fission," Phys. Rev. 91, 594 (1953). PROBLEMAS
35. SNELL, NEDZEL, InsEn, LEVINGER, \VrLKINSON, and SAM:PSON, 1 'Studies 1. Os nuc1ídeos listados abaixo sao formados na fissao. Indique, caso exista, o produto
of the Delayed Xeutrons. I. The Dccay Currn and Intcnsity of the Dclawd da fissao originado por cada nuclídeo: Zn72 , Kr 90 , Kr9 2 , Kr97 , Mo 105 , Sn 126 , Xe 144 e Pm 156 •
Neutrons," Phys. Rev. 72, 541 (1947). • 2. Dois dos produtos finais estáveis das cadeias de fissao resultantes da fissao térmica
36. SNELL, LEVINGER, ).IEINERs, S.UiPso:s, and \YrLKINsÜN, 1 'Stu<lies of the do U235 sao o Sr91 e La13-9 • Que peso de cada um destes nuclídeos se forma pela fissao com-
pleta de 1 g de U235 ?
Delayed N eutrons, II. Che mica] Isolation of the 56-Seeond and 23-Seeond 3. Dois conjuntos possí\/eis dos produtos da fissao do Pu 239 por neutrons térmicos sao
..\.etivities," Phys. Rev. 72, 545 (1947). (a) Ce 141 , Mo96 e 3 neutrons, (b) Pd 108 , Xe 129 e 3 neutrons, (c) Gd 155 • Br8 1 e 4 neutrons. Calcule
37. N. SUGARMAN, 11 Short-Lived Halogen Fission Products" J. Chem. Phys. a libera9ao de energia em cada caso.
17, 11 (1949). '
38. (a) G. J. PERLOW and ..\.. F. STEHNEY, "Halogcn Delayed-Neutron Activi-
ties," Phys. Rcv. 113, 1269 (1959).
1
!
4. Numa medida calorimétrica da energia liberada na fissao do uránio descobriu~se que
urna amostra de 13.36 g de uránio produziu calor a laxa de 40 microwatts. quando bombar•
deada com neutrons lentos. Descobriu•se que urna fina camada de uránio pesando 54 µg.
também dentro d0,calorimetro e sujeita ao mesmo fluxo de neutrons. sofria fissao a urna taxa
. ,, (b) A. F: ST_EH~EY an_d G. J. PEnLow, "Halogcn Dclaycd-Neutron ActiYi- de 340 processos/min. As fissóes foram contadas com urna cámara de ioniza98.o dentro do
bcs, Papcr ~o. 691, Second lnternational Confcrence on the Pcaceful ·eses of calorímetro. Calcule a libera98.o de energia em Mev/fissao a partir <lestes dados.
Atomie Energy, op. cit. gen. ref., Vol. 15, 384 (1958). 5. Coloque num gráfico. contra o tempo. a intensidade total de neutrons atrasados da
11
39." A. C. PAPPAs, Thc Delayc<l Xeutron Precursors in Fission," Papcr Ko. fissao do u2:15 • numa amostra de uránio que foi irradiada por um intervalo de tempo longo em
compara9ao com o período do emissor de neutrons atrasados de vida mais longa. Continue o
583, _Second lnlernatio~al Confercnce on the Peaceful Uses of .-1tomic Energy, gráfico até que a intensidade alcance 0.19í-. da atividade inicial. Use um papel semilogarítmico.
op. cit. gen. re/., Vol. lo, 373 (1958). · 6. Mostrou•se. com base no modelo de gota líquida, que o limite da estabilidadc dos
40. B. G. EnozoLD-1SKI, ''Fission I\cutrons" in Physics of 1Yuclear Fission núcleos contra a fissfto espontánea é dado pela grandeza
op. cit. gen. rcf., p. 64. '
. ·H. Bo:,;xr:n. FERRELL, an<l RINEHART, "A Study of thc Spcctrum of thc
::-.;cutrons of Low Encrgy from thc Fission of 1· 2a'i," Phys. Rcv. 87, 1032 (10.:52).
524 FÍSICA NUCLEAR

onde a~ é o coeficiente do termo de energia de superficie na fórmula semi_..empírica de energia


de ligm;fio. Ro é o coeficiente constante na fórmula A 113 parn o raio nuclear e e C a carga
eletrónica.
(a) Calcule o valor limitante de Z 2 /A.
(bJ Calcule O valor de z2¡A para O Ra226, Th2a2. um. u231i_ Pu2:i1i, Am241 e cu242.
(e) Quais destes nuclídeos pode-se esperar que tenham taxas significantes de fissiio es-
20
pontánea? As laxas observadas, em fissóes por grama por segundo, p¡ira os nuclídeos em (b)
sao<:=: 0,6, 4.2 x 10-a. 16, 6,9 X 10-a, 2,1 X 103 , 40 e 7.6 X 10n. respectivamente.
7. Calcule a energia de liga<;8.o de um néutron térmico em cada um dos seguintes nú-
227 22
cleos: Th , U \ Np 236 , Np 237 , Np 231!, PuN 1 _ Pu 242 , Am 241 • Am 242 e Cm240 • Quais <lestes nuclí-
deos deve-se esperar que tenham se9iio de choque relativamente grande para fissiio por neu-
trons térmicos? Compare as previsóes comos valores listados na Tabela 19.2. Fontes de Energia Nuclear
[Supesúio: Para os Problemas 3 e 7. as massas necessárias podem ser obtidas em: K. T.
Bainbridge. Charged Paniclc Dynamics and Optics. Relative lsotopic Abundances of the
E!ements. Atomic Masses. Experimental nuclear plrysics, vol. l. E. Segre. ed. New York:
Wiley, 1953.]
8. Como voc€: pode explicar a diferen9a na energia cinética dos nCutrons que podem
causar fissfi.o no um e u 2:1~. respectivamente? [Supcsriio: Use os resultados do Problema 11.
Capítulo 17.]
9. Suponha que um núcleo composto par-par (Z. A) como o U 236 sofre urna fissao simé-
trica. (a) Mostre que a libera98.o imediata de energia é dada, numa boa aproxima9ao por
2
l
z 2,s
E¡ (:.VIev) = 0,22 A"" - 3,42,1 ,
\
(b) Mostre que a condi9ao para que a fissao simétrica espontánea seja energeticamente 20.1 Fissao nuclear como fon te de energia. A· grande quantidad¡; de energía
possível é Z 2/A ~ 15 . liberada na fissao, junto coma emissao de mais de um néutron. tornou possível usar
.JO. Calcule as contribui9óes das energias coulombianas e de superficie, respectivamente, o processo da fissfio como fonte de energia. Em média. a emissfio de 2.5 neutrons
a libera98.o de235 energia quáá~o_ o núcleo composto [U 236 J formado pela captura de um n€:utron na fissfio de um núcleo de U 235 permite urna reac;ao em cadeia na qual estes neu-
lento pelo U_ sofre fissiio simétrica.
11. Mosfre que a altura da barreira de Coulomb para a fissiio simétrica é dada por
trons produzem mais físsóes e mais neutrons. e assim por <liante. Sob certas· condi-
<;óes. o número de fissóes e néutrons cresce exponencialmente com o tempo. por-
z2 que cada fissao produz mais néutrons do que aquele absorvido. e a quantidade de
E, (Mev) = 0,15 All3. energía liberada torna-se enorme. O intervalo de tempo entre duas gera9óes suces-
sivas de fissóes pode ser urna fra9ao muito pequena de um segundo. a energia libe-
12. Mostre que a condi98.o para a estabilidade coro respeito a fissao espontánea é Z 2/A s rada na rea9áo em cadeia podendo tomar a forma de urna exploslio; o resultado é
49. [Sugestiio: Note que a condi9ao é dada por Eb - E 1 ~ O.] urna .. bomba atómica". Sob outras condi9óes. a rea9ao em cadeia pode· ser contra-.
13. Bohr e Wheeler5 1 mostraram que. para urna pequena deforma9iio de urna gota líquida, lada e atingir um estado estável no qual o número de neutrons produzidos por uni-
a mudan9a total na energia potencial M! é dada por dade de tempo é justamente aquele que foi consumido. A taxa com que as fissóes
1

ocorrem e a taxa com que a energia é liberada sáo mantidas constantes e o resul-
tado é urna pilha atómica. ou reator nuclear. que pode ser usada como urna fonte de
t:.E = A (1 - 0,022~) · neutrons ou de potencia.
Estas idéias podem ser ilustradas por alguns cálculos simples. A fissao de um
Para 6F. > O, o núcleo voltaria a sua forma original; para M,," < O. o núcleo seria instável. núcleo de U 235 libera 200 x I.6 x 10- 6 erg = 3,2 x 10- 4 erg. Quando se multiplica
Mostre que a condi9iio para que um núcleo seja justamente instável com respeito a urna pe- esta quantidade pelo número de Avogadro, o produto dá a energia liberada na fissao
quena deforma9ao é Z 2/A ~ 45. Note que
de todos os núcleos em I átomo-grama (235 g de U""). sen do igual a 1.93 x 1020
ergs. A energía liberada na fissao completa de I kg (2.2 lb) de U 235 seria 8.21 x 1020
!2 ª• >
ac -
45
' ergs. ou cerca de 2 x 101º quilocalorias. que é aproximadamente equivalente a
energia liberada na explosao de 20.000 t de TNT. Mesmo se somente urna pequena
onde a8 e a,. sao os Coeficientes que aparecem nos termos de superficie e coulombianos na fra98.o desta energia pudesse ser liberada explosivamente. o resultado seria urna
fórmula semi-empírica de energia de liga9iio. bomba formidável.
14. Bohr e Wheeler' 1 também mostraram que a energia de ativa98.o E,, necessária para A libera<;8.o de energía na fissáo também pode ser expressa em termos de uni-
que a gota nuclear sofra fissiio é dades de poténcia com resultados interessantes. Como I Mev = 1.60 x 1o-u erg =
2
1.6' x 10- 13 watt-s. a fissao de um núcleo de U235 libera 3.2 x 10- 11 watt-s de ener-
z ) · gia. e 3.1 x 1010 fissóes/s da.o um watt de poténcia. A fissáo completa de 1 g de uz:1.-,
E. = A 213 X 0,89 ( 1 - 0.022-;¡-
liberaria 8.2 x 10 10 watt-s de energia. ou 2.3 x 104 quilowatt-hora. ou cerca de l
megawatt-dia. Se a libera9ao de energia estivesse espalhada sobre o período de um
U:-;e esta fórmula e também a diferem;a Eb - E1 para calcular as cnergias de ativa9fio para os
núcleos listados na Tabela 19.7.
'SL.I
FONTES DE ENERGIA NUCLEAR
526 FÍSICA NUCLEAR
)babilidade de escape depende da área superficial. Se o sistema é muito pequeno
pn · d ·
~ a razao superficie-volurne é grande. a ma10r parte os neutrons po e_ es a
d e par e
.
dia. a fiss5.o completa de um quilograma de u~:i.-, produziria energia na forma de
:ste único processo pode tornar impossível atingir urna reac;fio _em cadeia. A per~a
calor numa taxa de 1.000 megawatts. se este calor pudesse ser transformado em
de neutrons pela captura sem fissfio é um efeito de volume. ass1m como a_prodw;ao
c!ctricidade com urna eficiéncia de conversa.o de 30%. a energia elétrica seria forne-
de neutrons e sua importáncia relativa n§.o muda com o tamanho d~ s1st~ma. O
c1~a numa taxa de 300.000 quilowatts. Esta prodw;ao é equivalente a urna grande
u_s1~a que consome cerca de 2.500 t de carvflo por dia. O fato de J kg de material
resultado é que quanto rnaior o tamanho do conjunto. menos pr~vavel ~ que ?
escape de néutrons e sua perda por absorc;üo vá exceder sua produ_c;~o e evitar urna
f1s_s1~nav_el como ~ U23 " ser equivalente a 2.500 t de carvao como fonte de energia
reac;ao em cadeia. Existe um certo tamanho. chamado tamanho cnt1co, para o qua\
eletnca e re_sponsavel pela pesquisa e pelos trabalhos de desenvolvimento sobre o
a produc;ao de néutrons pela fissao é exatamente ig~al a sua perda por cap!ura se~
uso de rea~oes nucleares em ca~eia e pela constrw;:io de usinas nucleares.
fissao e escape. e é pbssível urna reac;ao em cadeia. Se o tamanho do sistema e
Apesar de a energia nuclear útil ser um objetivo válido. outra raza.o pela qua)
menor que o tamanho crítico. urna reac;fio em cadeia nao pode ser s~ste~ta~~- A
os reatares nucleares t~rn- sido construídos está relacionada corn as aplica<_;óes mili-
existencia de um tamanho crítico abaixo do qua\ urna reac;ao em cadem nao fu~-
tares do processo de f1ssao. Percebeu-se. ern 1940, que urna bomba atómica teria
ciona,. contrasta fortemente com sistemas baseados em reac;óe~ químicas nos quais
que depe_nder ~a fissa? por néutrons rápidos. porql,!~ sornen te neste caso a Iibera<_;iio
a possibilidade de urna reac;ao é independente do tamanho do sistema. _
d_<:_ c~erg_ia ~ena sufic1entern:nte rápida para tornar a bomba efetiva. Mas as expe-
~1enc1as md1cararn que a set;ao de choque para a fissao do U 238 por n€:utrons rápidos ¡ As probabilidades relativas de fissao. captura radioativa e espalhamen!o sao
expressas e discutidas em termos de sec;óes de choque. Os valores das s~c;o:s de
e_ pe~uena ern comparat;iio a se9ao de choque total. tendo corno resultado que pare-
choque do U 235 para néutrons tér1!1i_cos esta.o 1ist~ldos na_ Tabela 19. I_: ~-~anac;ao ~-ª
cia 1mprov~vel urna reac;ao em cadeia explosiva corn néutrons rápidos e urilnio
se<;ao de choque para fissao do U-3 " corn a energ1a na fa1x': de energia mterme_<l1~-
nor_~al. O isótopo relativamente raro uz:i,; parecia ter propriedades nucleares satis-
ria,. ou epi térmica está mostrada na Fig. 19. l(b). As sec;oes de ch~qu,: do uran!o
f~tonas para urna bomba atómica. mas a separa<;üo de U2 ª~' ern quantidades sufi-
natural para neutrons térmicos esta.o lista~as n~ :a~ela 19: 1. A vanac;ao d_a sec;a~
c~en~ernente grandes para ser útil a fins militares representava urn problema muito
de choque total do U 238 na regia.o de energia e_P1t~rm1c,a esta mostra~a ~a F1g. 20.1.
d1fíc~I. E~tr;ta~to. o nuclídeo transuranico Pu 239 oferecia urna solu9ao alternativa. existem muitas ressonáncias com forte abson;ao. 1sto e, captura ~ad1o~ttva. Va~o~es
Havia ev1denc1as. em 1940. que indicavarn que a captura radioativa de néutrons
médios das sec;óes de choque do U238 para n€:utrons com ene:gia~ ac1ma do hm1ar
pelo U 238 le~aria pr?vavelmente a forrnac;ao de um núcleo para o qua! Z = 94 e A =
de fissao (tomado para fins práticos como send? l.~ Mev) est~o listados 1:ª Tabela
239. por do1s decairnentos {3 sucessivos. Previa-se a partir da teoria da fissao de
20. l. Alguns dos requisitos básicos para a reahza,;ao de rea¡;oes em cade1a podem
Bohr-Wheeler que_ este ~uclídeo seria um emissor a de vida muito longa. que pro-
ser deduzidos a partir destas informac;óes sobre se~óes_d~_choque. · _
vavelmente sofrena fissao quando bombardeado com néutrons lentos ou rápidos Consideraremos primeiramente a questfio da poss1b1hdade de urna rear;ao ern

ass1m como o u23·-~. St;., se desenvolvesse um método de converter alguma parte do,
cadeia numa massa de uranio natural suficientemente g:ande, tal ~ue _a p_erda de
U2311 em Pu 239 • urna se'para980 química entre plutónio e uranio evitaria as dificulda-
neutrons por escape possa ser desprezada. Algumas fissoes espontanea_s va~ ?cor-
des da ~-eparac;ao isotópica entre ~ 235 e U 238 • Sugeriu-se entfio que o Pu 239 poderia rer liberando cerca de 2 5 n€:utrons rápidos por fiss3o. com urna energia media de 2
ser fabncado em quanudades suficientemente grandes, numa reac;ao em cadeia con- ap;oximadamente 2 Mev: Mas. para fins práticos. o uránio natural consiste em_ U ~1s
trolada,. baseada na fissao por néutrons lentos do u2:15 , contido no uranio natural. 235
com urna abundancia atómica de 99.28 por cento e de U coro u~a ~~undanc1a
. HoJ,,e ~abe-se que a separac;ao isotópica do U 2ª5 e a fabricac;ao do Pu 239 numa
atómica de 0,72 por cento; as sec;óes de choque ~ara ~ssfio dos d01s isotopos na
p1lha a!om1ca foram realizadas em grande escala. Muitas bombas atómicas foram faixa de energia dos neutros da fissa~ náo sao ~mto diferent_es .. Entretanto. se 2~8s
e~plo~tdas. mas. por várias razóes esta aplica9ao da física nuclear nao mais será néutrons da fissao causam outras fissoes. estas vao acorrer pnnc1pal1!1ente no U :
d1scut1da neste hvro. Um número considerável de reatares nucleares foi construído
com um número desprezivelmente pequeno de fissóes r~pi~a~ ~~ U ". Port!~to. so
23

tanto para fins milit~n:~:s. como pacíficos. Seus projetos dependem das propriedades
é necessário considerar a interai;ao dos neutrons de fissao 1_mc1~1s como U • Para
nucleares dos matenais e envolvem a aplica98.o dos métodos e idéias da física nu- estes neutrons, a fissao é mais provável que a captura rad1oat1va, mas menos pro-
c!ea~. Est~s apl~ca9óes servem freqüentemente pa[a aumentar as distin9óes entre
vável que o espalhamento elástico ou inelás~ic~- Os neut~ons que so!r~m captura
d!ferentes _propriedades nucleares e entre diferentes reac;óes, e fazer uso do conhe-'
radioativa sao perdidos. O espalhamento e!ast1co pel~ n:1cieo de, uramo t~°: um
c1men!o d1spomvel sobre os núcleos atómicos pesados de maneiras surpreendentes
efeito muito pequeno sobre a energia do neutron de f1ssao e, ~pos tal cohsa~. o
e fascmantes.
néutron está livre para fazer outra colis3o como se quase nada t1vesse acontecido.
:0.2 O sist~ma de re~~~o em cadeia ou r'eator nuclear. A realizac;ao de urna
reac;ao em cad_e!a com uranio depende de um balan90 favorável entre quatro pro-
cessos compet1t1vos: 1 Tabela 20.1 Valores médios das sefiJes de
choque do u2.1 " para neutrons com
1. fi_ssao de núcleos de uránio. com a emissfio de mais neutrons do que os que
sao capt~rados, · \ energias maiores do que o limiar de fissao
2. captura sem fissao de néutrons pelo ur3.nio. iÍ¡ 0.50b
3. captura sern fissao de neutrons por outros materiais. Fiss8.o
Captura radioativa iÍ' ~ 0.05b
4. escape de neutrons sern serem capturados. Espalhamento elástico Ó',, ~
4.55b
Se a p~rda de n€:~tro_ns pelos tres últimos processos é menor ou igual ao excesso
produz1do pel~ pnme1ro. a reac;ao em cadeia acorre: de outra maneira. nao ocorre.
1 Espalhamento inelástico Ó'j
iÍ ~
2.!0b
7.2 b
Total
_ A necess1dade de um balanc;o de neutrons favorável estabelece certas condi- Número médio de
¡, ~ 2.7 b
~oes sobre qualquer sistema no qual se deseja urna reac;ao ern cadeia: urna condic;ao néutrons por fiss8.o
e s~bre o tamanho._ Se o u~anio está distribuído de urna maneira regular através do
con.1unto. a produc;ao de neutrons depende do volume do sistema. enquanto que a
529
FONTES DE ENERGIA NUCLEAR
FISICA NUCLEAR
Entretanto. o espalhamento inelástico tem um cfeito sério pelo fato de que um
único processo deste tipo pode reduzir a energia do néutron a um valor abaixo do
limiar de fissao. a cerca de 0.3 Mev em média. Conseqüentemente. os neutrons23 de
fissao originais só aumentam levemente em número pela fissfio rápida no U /j e
quase todos os néutrons sao deixados com energías abaixo do limiar de fissao. O
espalhamento inelástico·também é urna reai;iio limiar, e nao ocorre para néutrons
com energias abaixo de 1 Mev. Os néutrons que tiveram sua energia diminuída
abaixo dos limiares para fissao e espalhamento inelástico podem sofrer ou captura
radioativa ou espalhamento elástico. Aqueles que sofrem captura radioativa. é
claro. sao perdidos. Os néutrons que sao espalhados elasticamente perdern energia
muito lentamente. sen'do necessárias muitas colisóes para reduzir a energia de cerca
de 10 5 ev a 1 ev .. Nesta faixa de energias, a probabilidade de urna
2
ressonáncia de
captura no U 238 é muito maior que a probabilidade de fissao no u :it., como pode ser
visto comparando-se as Figs. 19.1 e 20.1, e relembrando a pequena abundáncia do
U 235 • Como os n6utrons perdem energia muito lentamente, a probabilidade de que
eles alcancem energias térmicas sem serem capturados é milito pequena. ApeSar de
f a se¡;8.o de choque para fissao do uránio natural em energias térmicas ser maior que
a se¡;ao de choque para captura radioativa, muito poucos néutrons podem alcan¡;ar
estas energias baixas e causar fissao, com o resultado de que urna rea98.o em cadeia
nao é possível somente com uránio. 238
Urna rea9ao em cadeia pode ser conseguida se o U for removido. isto é. no
U puro, ou no Pu 239 • Néutrons de qualquer energia podem causar a fiss§.o no
235
U • de modo que o espalhamento inelástico dos néutrons de fissao nao reduz a
235
probabilidade da fissao. De fato. mesmo néutrons que possam alcan<;ar energías de
ressonáncia contribuiriam para a rea980 em cadeia: por causa da ressonáncia de
23
fissfio do U235 • porque a ressonáncia de fissao do U :,, é muito mais prÓvável que a
captura radioativa. Argumentos análogos valem para o Pu"'· Assim. bombas feítas
de lJ2 ou Pu239 foram explodidas, tendo sido operados reatares nucleares que
35
tém U235 ou Pu 239 como combustível. e nos quais as fissóes sáo induzidas por neu-
tro ns rápidos. Num reator "rápido" deste tipo. existe muito pouco ralentamento de
néutrons e a presen<;a de materiais que possam causar modera<;fio é evitada tanto
quanto possível.
U ma rea9fio em cadeia pode ser alcan9ada com uránio- natural e um moderador
adequado num arranjo apropriado. A sei;ao de choque para fissao do U'" é tao
grande que, apesar da pequena abundáncia do U 23' . a fissao por néutrons térmicos
compete favoravelmente com a captura radioativa. Entao, a condi<;ao é que neu-
trons suficientes alcancem energias térmicas. Este resultado pode ser alcan9ado
usando-se um moderad_or~ um néutron pode perder energia suficiente numa única
colisiio com um núcleo moderador tal que salta sobre muitas ressonáncias, com o
resultado de que a ressonáncia de absor9§.o de néutrons pode-se tornar pequena.
Água pesada e grafite tém sido usados com sucesso como moderadores junto com
uránio natural. Quando D2 0 é moderador. o uranio pode estar na forma de urna
solui;ao de um sal como sulfato de uranila. ou partículas muito pequenas de óxido
de uránio podem estar suspensas uniformemente no D 20; este tipo de reator é <lito
homogeneo. Quando o moderador é grafite. o ur:inio deve estar na forma de gran-
des blocos, por razóes que serao vistas mais tarde. e podem ser distribuídas barras
de ur:inio de urna maneira regular através da grafite. formando urna rede. Este tipo
de conjunto é chamado heterogéneo por causa da separai;ao do combustivel e do
moderador. O uránio natural e a água comum nao podem sustentar urna rea<;fio em
cadeia. tanto num sistema homogéneo como num sistema heterogéneo, porque a
sei;ao de choque do hidrogenio para absori;ao de néutrons térmicos é muito grande.
Quando a fissllo foi descoberta (1939). o único material disponível para siste-
mas de rea9ao em cadeia era o uranio natural. O enriquecimento
239
do uránio no
isótopo U'35 em usinas de difusao gasosa e a prodU<;ao de Pu em reatores nuclea-
res tém fornecido combustíveis nucleares altamente purificados e estendido grande-
FONTES DEENERGIA NUCLEAR 531
530 FÍSICA NUCLEAR
6. Os fins.
mente a faixa dos possíveis sistemas de reac;ao em cadeia. Por exemplo. urna solu- (a) Instrumento de pesquisa.
c;iio aquosa de um sal contendo uránio enriquecido pode formar um reatar homogé- (b) Produ,ao de material fissil.
neo pequeno. O uranio enriquecido e plutónio também podern ser usados em COf!- (e) Potencia.
juntos moderados parcialmente. nos quais as fissóes sao causadas principalmente A descri<;iio de reatares nucleares baseada nos fatores listados acima pode ser
por néutrons de energia intermediária. Nestes reatares "intermediários'' existe mo- ilustrada pelos seguintes exemplos. O reatar do Brookhaven National Laboratory
derador suficiente somente para ralentar os néutrons em parte. mas nao de todo. até era originalmente um reator térmico, a uranio natural. moderado a grafite, hetero-
alcanc;ar energias térmicas. O nuclídeo U 233 • que pode ser feito num reatar géneo, refrigerado a ar, de pesquisa: para obter um fluxo de néutrons térmicos
irradiando-se Th 232 com néutrons. também pode ser usado em reatares térmicos.
intermediários ou rápidos.
A taxa com que as fissóes ocorrem num reatar determina o número de néu-
1 maior. o combustít'el foi mudado recentemente para uránio á.ltamente enriquecido.
O reator NRX em Chalk River, Canadá. é um reator térmico, a uránio normal.
heterogéneo. moderado a água pesada, refrigerado com água comum. de pesquisa.
trons produzidos por unidade de tempo e também a taxa com que o calor é produ- O EBR (reatar regenerador experimental em Arco, Idaho) é um reator rápido, a
zido - o nível de poténcia. Para que um reator opere num nível de poténcia cons- uranio enriquecido. heterogéneo, refrigerado com metal líquido, de poténcia. rege-
tante. a energia liberada na fissao deve ser removida do conjunto. A energia da nerador numa escala piloto. (0 termo regenc•rador será discutido na Sec;ao 20.7.)
fissao. originalmente na forma de energia cinética dos fragmentos da fissüo. néu-
trons. raios f3 e raios y. é convertida em calor quando estas partículas siio barradas 1 É evidente que um tratamento detalhado dos reatares nucleares teria que cobrir
urna grande variedade de problemas. e tal tratamento está alérn dos objetivos <leste
nos materiais do reator. O calor é removido circulando-se um refrigerante através
do reator e podem ser usados como refrigerante a água. gás ou um metal líquido. A í livro. É possível, entretanto. indicar por meio de alguns exemplos relativamente
simples como as condic;óes estabelecidas pelos requisitos nucleares afetam o pro-
escolha do refrigerante depende dos fins do reatar e é limitada por considerac;0es jeto de reatares nucleares. Os exemplos se limitara.o aos reatares térmicos, porque
nucleares e de engenharia. O refrigerante é urna impureza do ponto de vista das a maior parte dos reatares construidos até hoje é <leste tipo, pois sao os reatares
propriedades nucleares do sistema e aumenta a captura de néutrons sem fiss8.o: o mais bem compreendidos, e porque a maior parte das informa<;óes disponíveis sao a
prejuízo resultante a econornia de néutrons deve ser balanceado pela eficiencia da respeito deles.
remoc;ao de calor. Num reatar projetado para servir como instrumento de pesquisa.
a firn de fornecer néutrons para experiéncias. nao existe nenhuma vantagem sobre a 20.3 Reatores nucleares térmicos. O ciclo do neut_ron. O balan<;o de néutrons
poténcia _de saída total: pode ser usado um refrigerante que é relativamente inefi- num reatar térmico pode ser descrito ern termos de um ciclo que mostra o que
ciente. mas absorve poucos néutrons. senda o ar suficientemente bom. Em reatares acontece com os néutrons. Considere este ciclo. ilustrado na Fig. 20.2. come9ando
para produc;:8.o de plut,ónio. a taxa de produc;iio depende do nível de poténcia e é com a fissao de um núcleo de u2.15 por um néutron térmico. Neste processo de
necéssário um resfriaITlento mais eficiente: a água freqüentemente é usada. porque é fissao, v néutrons rápidos sao emitidos. Estes néutrons tém urna energia média
um refrigerante melhor que o ar. mesmo apesar de absorver muito mais néutrons. acima do limiar de fissao do uw1• e alguns deles podem causar a fissao dos núcleos
Quando a énfase está em conseguir poténcia útil, podem ser usados metais líquidos de U 238 • A chance para tais fissóes adicionais depende de como os néutrons da
para aumentar a eficiéncia da remoc;ao de calor ainda mais. fissao possam colidir com os núcleos de U23 8, antes de colidir com os átomos do
Os reatores nucleares podem ser classificados de acorde com as características moderador. Urna pequena fra9iio dos néutrons que colidem com os núcleos de U238
do sistema de reac;ao em cadeia. as seguintes características senda usadas para pode causar fissóes, e para um dado número de néutrons -a partir da fissao térmica
descrevé-los. 1 do U235 , alguns néutrons adicionais resultam da fiss8.o rápida de núcleos de U_238 • O
l. A energia dos néutrons em que acorre a maior parte das fissóes. número total de néutrons rápidos a partir da fissiio de v para ve. onde E e urna
(a) Energías altas - isto é, a maior parte das fissóes - sao induzidas por grandeza que pode ser igual ou maior que a unidade. A grandeza e é chamada de
néutrons rápidos da fissao. fator de fissiio rápida,· ela é muito próxima a unidade num reatar homogéneo, mas
-(b) Energías intermediárias. pode ser tao grande quanto 1,1 em certos reatares heterogéneos. Em vários reatares
(e) Energías baixas (térmicas). a uranio natural. moderados a grafite, e é 1,0.3; a fiss8.o de núcleos de U23ª por
2. O combustível. néutrons rápidos a partir de néutrons da fiSSao térmica de U 235 aumenta o número
(a) Uranio natural. contendo 0.72% de U 235 • total de neutrons da fissao de 3% e este efeito pode ser muito importante.
(b) Uranio enriquecido. contendo mais de 0.72% de U 23 ~. Os ve néutrons difundem-se através da pilha: a maior parte deles é ralentada.
(c) Pu2s9_ mas urna fra9ao /1 escapa antes de ser ralentada a energias térmicas~ ve/1 néutrons
(d) U'"· sao perdidos. tratando-se de urna reac;:8.o em cadeia. Os néutrons restantes ve(l - /1)
3. O conjunto combustível-moderador. sao ralentados por colisóes com átomos do moderador, mas durante o processo de
(a) Heterogeneo. ralentamento alguns deles podem ser capturados pelo U 238 para formar o U 239 • que
(b) Homogeneo. decai para o Np 239 e entao para o Pu 239 • O processo de captura é urna reac;:8.o de
4. O moderador. rcssonancia. como pode ser visto na Fig. 20.1. que mostra a sec;ao de choque total
(a) Grafite. do uranio em fum;ao da energia para energias do néutron de um a vários milhares de
(b) Água. elétron-volts. As resson8.ncias forarn mostradas para incluir rea96es de captura ra-
(el Água pesada ( D,O). <lioativa. Dos ve(l - /1) néutrons que iniciam o processo de ralentamento, urna
(d) Berílio ou óxido de berílio. frac;iio i,oe(l - /1)p escapa da resson8.ncia de captura. enquanto que a frac;ao ve(l -
5. O refrigerante. / 1 )(1 - p) é capturada e vai formar o Pu 2311 • A grandeza p é chamada de probabili-
(al Ar. CO, ou He. dade de escape. da ressonáncia. Apesar de os néutrons absorvidos nao poderem
(h) Agua ou outro líquido. mais causar fissóes do U23·;. e neste sentido estarem perdidos. eles s5.o importantes
(el Metal líquido.
FONTES DE ENERGIA NUCLEAR 533
532 FISICA NUCLEAR
urna frac;ao f é absorVida no uranio; a fraG8.o (1 - j) é absorvida em outros
/1).
materiais. tal como o moderador ou materiais estruturais. e estes néutrons sao per-
didos. O número de néutrons ainda disponível para levar a reac;ao em cadeia é

%,"fu:~10 ~--U-23-.-,-/2--~-:~1------~ %;1.;:~10 entao ve(l - l1)p(1 - lt)f: A grandezaf é chamada de utilizar;áo térmica. Nem todos
os néutrons absorvidos no uranio causam a fissao dos núcleos de U 23 ~'. Alguns dos
néutrons sao absorvido·s pelo U 2311 para formar o U 239 e eventualmente Pu 239 • en-
guanto que outros sao absorvidos no U 235 para formar U236 • A frac;ao dos néutrons
térmicos absorvidos no uranio e que causa fissao do U 235 éjustamente CT.,{U)/CTa(U).
O número d~ fiss6es de segunda gerac;ao no U 235 , por fissao do U 235 • causada
Fragmento
por um néutron de primeira gerac;ao, é chamado defator de reproduriio,.oufator de

~l
.,,,,;,,:;,:,. de fissao
multiplicar;iio: senda indicado por k. Segue-se que

:;fu:i'º~ ;~~ffsº' k = ve(l - l¡)p(l -


U¡(U)
Z,)J ua(U) · (20, 1)
"
Néutrons rápidos
1 't--- VEl¡
O produto v[<Ti(U)/<To(U)l representa o número de néutrons de fissao (rápida) pro-
f 'f ~ podem escapar
vt(l - (r) ni!utrons rápidos duzidos por néutron térmico absorvido no uranio; ele é chamado de eta (17). O fator
de multiplicac;ao pode ser escrito como

}
- ,.(1 - l¡)(l -
capturados pelo
p)-6' 239
k = ~epf(l - Z1)(l - Z,). (20.2)
U-238 (Ressoniincia
de absor!,8.0) Decai para A grandeza k, dada pela Eq. (20.2). é usualmente chamada de fator de multiplica,ao
netúnio-239 efetivo e ~orresponde a um conjunto de tamanho finito. Para ter um sistema de
e Pu-239 reac;ao em cadeia operando num estado estável, é necessário que k seja igual a
1f
vt(I - ~r)P
unidade; se k é menor que a unidade, nao pode haver reac;ao em cadeia; se k é
• • - (I - l¡)phh
V(:
maior que a unidade, o número de néutrons e fissóes aumenta de ciclo a ciclo. e a
podem escapar reac;ao em cadeia é chamada de divergente. O tamanho crítico para um sistema de
reac;ao em cadeia é o tamanho para o qual k é igual a unidade; para k < 1. o sistema
é subcritico e para k > l ele é supercrítico.
,.(1 - l¡)¡,11 - /1)/ O valor de k para um sistema que é infinitamente grande é especialmente útil
na teoria e projeto de reatares nucleares. Nao há escape de néutrons de tal sistema

V
~ ~ u t r o n s lentos e as grandezas l¡ e 11 sao ambas iguais a zero. O fator de multiplicac;ao é entao

¡j
absorvidos no U indicado por k., sendo dado por
"(! - l¡)p(l - l,)f(I _ g) (20.3)
Néutrons lentos absorvidos no uw
Esta fórmula é chamada de fórmula de quatro fatores e o cálculo de k/7; é um dos
"O - l¡)p(l - 11)/g
Néutrons lentos causam
principais problemas na teoria de projeto de reatares.
fissíio do U23 ~ etc. No caso especial de um reatar em que o combustível contém semente U 235 e
nenhum U 238 , tanto o fator de fissao rápida e e a probabilidade de escape da resso-
nancia p sao praticamente iguais a unidade. A fórmula para k:e reduz-se a

(20.4)
Decai para netúnio-239 e
entii.o para plutónio-239
Dos quatro fatores que comp6em k"'. T/ depende semente das propriedades
nucleares do combustível:- e e depende das propriedades nucleares do combustível.
Fdig. ~0._2 Repr~sentai;iio_ es~u-emática de urna rem;iio em cadeia baseada na fissiio de núcleos assim como do seu tamanho e forma. As grandezas restantes. p e.f. dependem das
e uramo por neutrons term,cos. propriedades nucleares do combustível. moderador e quaisquer outros materiais
présentes no reatar. e também da maneira pela qua! todos estes materiais esta.o
arranjados. Um dos problemas básicos de projeto é acharas quantidades relativas
porque coAntribuem para a fabrica9ao do Pu2.19. de_ todos os materiais e a maneira pela qua! eles podem ser arranjados para fornecer
i C?s n_eutrons que escapam das ressonancias de absorc;ao sao ralentados a ener- o maior valor do produto pf. Para um dado combustível. este arranjo dá o maior
~-~s t~rmicas. onde qualquer um dos dois processos acorre. Alguns dos néutrons se valor de k:e. A discussao acima do ciclo do néutron. levando a fórmula de quatro
1in uem. sem s~~em_ capturados. ou_ eventualmente escapam do sistema. Se a fra- fatores. é urna descric;ao muito simplificada das intera~Oes entre neutrons e matéria
c; q e esca_P? e indicada por!,. o numero de néutrons térmicos. por fissao do u23s num sistema de reac;ao em cadeia. por que muitos detalhes foram omitidos. Mas
que escapa e igual a ve(] - l¡)pl,. Dos néutrons térmicos restantes ve(! - [ )p(l -·
1
FONTES DE ENERGIA NUCLEAR 535
534 FISICA NUCLEAR

Portanto, para o uránio n·atural. T/ = 1.335. Quando a razfl.o N-,dN~ 8 aumenta. como
este tratamento fornece urna maneira conveniente de olhar a física de um reatar e.
no uránio enriquecido. a raza.o N 28 /N 2,, decresce: T/ aumenta e sao produzidos mais
para reatares térmicos homogéneos. os quatro fatores iJ. e, p ef podem ser calcula-
néutrons por cada néutron térmico absorvido no uranio.
dos sem grande trabalho. Alguns exemplos simples sera.o considerados na próxima
Nos sistemas homogéneos a serem considerados. o combustível cstú na forma
ser;ao.
de partículas muito pequenas. da ordem de mícrons de di.imctro. É qua~i: ceno qui.:
os néutrons da fiss§.o escapem do uránio antes de colidir com um núcleo de u2:1".
20.4 O cálculo do fator de multiplica~ao de um reator nuclear térmico homoge-
Os néutrons va.o entrar no moderador e sera.o ralentados antes de poder causar
neo. O fator de multiplicac;ao será calculado para tres sistemas homogéneos. con-
;¡ fissao do U238 • o valor de e sendo portante a unidade. Esta perda de néutrons adi-
sistindo em ufanio natural moderado com grafite. água comurn e água pesada res- cionais causada pelo efeito rápido é urna das desvantagens de um sistema homogé-
pectivamente. No primeiro <lestes. supóe-se que partículas muito pequenas de ura- neo.
nio estejam dispersas uniformemente através de um grande bloca de grafite. A condi9iao para que urna rea98.o em cadeia seja possível num sistema homogC-
Quando H 2 O ou D 2 O é o moderador. supóe-se que o uranio esteja na forma de urna neo de tamanho finito pode ser escrita como k';J;. > 1 ou YJ.fp > 1, ou
suspensa.o ou solw;;ao de UO 2 no fluido. Será _y__i_sto que em cada caso a variável
independente. ou parámetro de projeto. pode ser tomada como sendo a raza.o dos
números de átomos do moderador e átomos de uránio. pf > -1 = 0,75. (20.9)
O valor de T/ para o uranio natural e néutrons térmicos é obtido a partir da n
fórmula
Esta condi9fio expressa um difícil problema de projeto. A probabilidadc de escape
da ressonflncia e a utiliza9fio térmica devem estar ambas na vizinhan<;a de 0.85. Em
n= V [<r¡(U)/<Ta(U)], (20.5) outras palavras, nao mais do que cerca de 15% dos néutrons devem ser perdido~
devido a ressonancia de absor<;fio durante o processo de ralentamento. e nfio mais
e é dado na Tabela 19.1 como 1.34 ± 0.02. Para fins de cálculos posteriores. é 1 do que 15% dos néutrons térmicos devem ser absorvidos em outros materiais que
desejável usar valores consistentes das várias constantes e para calcular 71 até trés nfio o combustível nuclear. Será visto que, quando o combustível é uránio natural. a
casas decimais. Por exemplo. o valor de 71 muda quando o uránio é enriquecido em condi9ao (20.9) pode ser muito difícil de ser atingida.
rela<;3.o ao isótopo u2.1:,. sendo útil expressar T/ numa forma que mostre sua depen- A utiiiza9§.o térmica é definida pela equa9ao
a
déncia,em rela1,ao concentrai;ao de U23 ''. Permita-se que N 2 t', e N25 representem o
número de átomos de U2311 e U 235 respectivamente. por centímetro cúbico de uránio. Absorr-§.o de néutrons térmicos no uranio
A Eq. (20.5) pode ser escrita. em maior detalhe. como f = ---,-'---,---c---,--,------,--- (20.10)
< Absor9ao de néutrons térmicos total
Se considerannos um conjunto consistindo semente em combustível e moderador. e
(20.6) se ambos os materiais sao absorvedores 1/v, podemos escrever

onde ur(U 23 ") representa a se<;3.o de choque para captura radioativa do U 235 • (20.11)
Quando o numerador e o denominador do lado direito da Eq. (20.6) sao divididos
por N 2;;u,(U 235 ). o resultado é
onde os subscritos O e 1 indicam o combustível e o moderador respectivamente, No
V
e N I representando o número de átomos de combustível e moderador por ce~tíme-
n= 1 + [o-,(U235)/o-¡(U235)] + [N 28 0- 0 (U23B)/N 25o-¡(U235)]. (20.7) tro cúbico do material do reatar. também respectivamente. Quando a absor9ao em
outros materiais deve ser levada em canta, devem ser incluídos termos adicionais
no denominador da Eq. (20.11 ). Esta equa¡;ao é na realidade urna forma simplificada
O valor de o-,( U'")/o-,< U235 ) é O, I 80 e o de o-0 ( U 238)/o-¡( U'") é 0,00470, tal que a Eq. da raza.o de absor¡;ao térmica. em que os valores das se9óes de choque correspon-
(20.7) torna-se
a
dem velocidade do néutron de 2.200 m/s. A absor¡;fio térmica devia realmente ser
2,44 expressa em termos do fluxo de néutrons térmicos e da se98.o de choque para ab-
T/ = -----,,,------,--:-:-=-:-c-cc-cc-:-~ (20.8) sor98.o, e depende da distribui<;§.o maxwelliana de velocidades dos néutrons: cada
1.180 + 0,00470N 28/N 25 termo emf <leve ser urna integral do fluxo e da se<;3o de choque. ponderados coma
distribui9§.o de velocidades. com a integral tomada sobre todas as velocidades pos-
A raza.o N2s/N2s é obtida a partir de valores experimentais da concentra<;3.o de U23:, síveis do néutron. Entretanto. rnostrou-se na Se¡_;fio 18.4 que se a se95.o de choque
em uránio, corriumente expressa em tennos de percentagem em peso. Para o uránio segue a Iei 1/v, cada termo de absor¡_;§.o se reduz a N;11vºa-°a¡, onde o sobrescrito_
natural. esta concentra<;ao é 0.00715 por cento em peso. ou zero foi escrito para indicar a se¡_;iio de choque para néutrons de 2.200 m/s. e 1
indica ou O ou l. O sobrescrito foi omitido na Eq. (20.11) para simplificar a expres-
(
234,IN" ) = 0,00715, sfl.o. Num reatar homogéneo. o tluxo é o mesmo para o combustível e o moderador,
238.IN" + 235.IN,, Nat. u a razao da abson;ao em dois absorvedores 1/v reduzindo-se sirnplesmente ii razüo
das se¡_;óes de choque para absor¡_;§.o macroscópicas. A se¡_;ao de choque para ahsor-
e
<;iio da grafite segue exatamente a Jei ]/¡;. enquanto que o uránio se desvi~ do corn-
portamento 1/v de cerca de um por cento. Se desprezarmos este desv10. o erro
137.8.
F0NTES DE ENERGIA NUCLEAR 537
536 FÍSICA NUCLEAR
,,.~, (D) = 0.00130b.
introduzido é novamente pequeno ern cálculos ilustrativos. mesmo que a correc;ao
seja feita ern cálculos de projetos reais. Esta sec;ao de choque foi introduzida, porque é conveniente usar urna sec;ao de
Os valores dos parámetros necessários para o cálculo da utilizac;ao térmica choque efetiva para absorc;ao por átomo de deutério, junto com o ~úmero de áto-
esta.o listados na Tabela 20.2. A determinac;ao da sec;ao de choque para abson;ao da \ mos de deutério por centímetro cúbico de material do reatar. quando comparamos
água pesada apresenta um problema, porque na j,rática a água pesada sempre con- os resultados para os trés reatofes. Analogamente, para o reatar moderado a H2O,
tém algum H 2 O; ela pode, por exemplo, consistir ero 99,75 por cento de átomos de <levemos usar a sec;ao de choque para absorc;ao por átomo de hidrogenio e o nú-
D e 0,25 por cento de átomos de H. Mas a se,iio de choque para absor,ao do H é mero de-átomos de hidrogénio por centímetro cúbico.
tao maior que a do D, que o efeito da impureza de H deve ser levado em canta. Podemos fiqalmente escrever a utilizac;ao térmica para os trés reatares,
Portanto, escrevemos a sec;ao de choque para abson;;iio macroscópica da água pe- uránio-grafite,
sada
prat. 1
¿ (D20) = mN(D 20),r.(D20) + (1 - m)N(H20),r.(H20), (20.12) f = ¡ + (N,/NoJ(0,000579) (20.13)
a
uranio-água pesada,
onde m é a frac;ao, em percentagem atómica, de D na água pesada e (1 - m) é a
fra,ao, em percentagem atómica. de H: N(D,O) e N(H,0) sao o número de molé- 1
(20.14)
culas em um centímetro cúbico de D2O e H2O respectivamente; o-a<D2O) e o-uCH2O) f = ¡ + (N,/NoJ(0,000169)
uninio-água,
Tabela 20.2 Quantidades necessárias para o cálculo da utilizafilo
térmica em cerios reatores homogéneos
1
(20.15)
Seráo de choque para f = 1 + /N,/NoJ(0,0432)
Material absorriío por átomo Número de átomos/cmª
para néutrons de de material, A probabilidade de escape da ressoncincia pode ser calculada por m~io de urna
X J0- 2~
2.200 mis. em b fórmula 2 cuja deduc;ao está além dos objetivos deste livro,
u 7,68 0,0478 (densidade: 18,9 g/cm')
H 0,332 0,0668 (em H,O) P = exp [- _ I No (/,,.. dE) ] .
D 0,00046 0,0662 (em D,O) i;<r,1 N, E et (20.16)
e 0,0045 0,0803 (densidade: 1,60 g/cm')
o <0,0002 (~ O)
A grandeza (f<T0 [dE/E]),, é chamada de integral de ressonáncia efetiva, sendo urna
medida da absor98.o total de néutrons na regia.o de energias de ressonáncia. Ela foi
sao as se,óes de choque para absor,iio por molécula para neutrons de 2.200 m/s. determinada experimentalmente para misturas homogéneas de uranio e materiais
Inserindo-se os valores da Tabela 20.2 na expressiio (20.12), obtemos espalhadores, podendo ser expressa pela fórmula empírica

(I:•) º•"'
pral.

La
(D 2 0)
·-·-
= (0,9975)(0,0331)(9,2)10- 4 cm- 1
.• >. • \
(! <Ta
dE)
E .ef = 3,9 No b. (20.17)
+ (0,0025)(0,0334)(0,664) cm- 1

Nesta fórmula, I,1 /N 0 representa a sei;ao de choque macroscópica total para espa-
= (0,304 + 0,554)10- 4 cm-.' = 0,858 x 10-4 cm- 1 • lhamento do ·material do reatar por átomo de ur8.nio. na fab;.a de energias de resso-
mincia. Para o reatar de uránio-grafite. ternos
Assim, a pequena impureza de H 2O no D2O contribui mais para a sec;ao de choque
macroscópica total da água pesada. do que toda a do D2O,
É conveniente introduzir um valor efetivo a sec;i'io de choque para absorc;lio por
I:,
No -
_ N 1,r,(C) + N o<r,(U)
No
_ N,
- No a'"s
(C)
.
+
a'"s
(U).
'
(20.18)
molécula de água pesada, definida pela rela,ao
para o reatar de uranio-D2O,
N(D20),r:' (D 2 0) = 0,858 x 10- 4 cm- 1 ,
tal que
N(D20),r,(D20) + N(U02)<r,(U02l
No
,r¿' (D20) = 0,00259b.
Como a sec;lio de choque para absorc;iio do oxigénio é praticamente igual a zero.
= ~: ,r,(D) + ,,.,Cu) + (½ :~:: + 2) ,r,(O); (20.19)

podemos escrever
FONTES DE ENERGIA NUCLEAR
538 FÍSICA NUCLEAR 1 539

Tabe/a 20.3 Sefbes de choque para espalhamento


na regiilo de energias de ressonáncia '<t'°
-t"'JOOOOOV"\-
r--. 00 r--. \O '<t
óóóóóóó
Material Seriio de choque para Perda logarítmica
espalhamento por áto- de l'nergia
mo ou molécula, em b por colisiw ~$~~CO~@s
t"'l'<tlt"llt"IV"\'<:tM

u óóóóóóó
8,3
e 4,7 0,158
H 20.5 1,00
D 3.3 0.725
o 3.8 0.120
H,O 44.8 0,926
D,O 10.4 0.508

para o reator de uránio-H 2 O.

~~ = Z: u,(H) + u,(U) + GZ: + 2)u,(O). (20.20) 8~~~~~3~~~~~~~~~


óóóóóó _; _; _; _;_; _;_;_; _;_;

Nas últimas tres equa~óes. as se~óes de choque para espalhamento sao aquelas na
regia.o de ressonáncia. de cerca de I ev a 10;; ev; os valores apropriados esta.o
listado_s na Tabela 20.3.
Os resultados dos cálculos esta.o coletados na Tabela 20.4. onde os valores de
J; p, pf e'k"' esta.o listados para diferentes valores de N 1/N 0 • a raza.o do número de
átomos do moderador para o de átomos de uránio. Para pequenos valores de N 1/N 0 ,
f aproxima-se da unidaae~ enquanto que p é pequeno. Este resultado é esperado,
porque tanto a absoq;áo térmica como a ressonincia de absorr;:io devem crescer, a
medida que a quantidade de uranio no reator aumenta. Esperamos, portanto, que
um arranjo que aumente f deva dimini..Jir p e que o produto pf deva passar por um
máximo para um dado moderador. Portanto, koo deve também passar por um má-
ximo, a medida que N 1/NO varia, e os cálculos mostram que este é realmente o
caso. Os máximos sáo razoavelmente suaves, ocorrendo na faixa N 1/N O = 4 a 10
para o H 2 0, 150 a 500 para o D2 0 e de 300 a 600 para grafite. .
O resultado mais importante é que podem ser atingidos valores de kOt'.J maiOres
que a unidade com misturas homogéneas contendo uranio natural e água pesada,
mas nao com misturas homogéneas de uranio natural e grafite, ou uranio natural e
água comum. É este o resultado, especialmente no caso da grafite, que levou a
considerac;ao de sistemas heterogéneos. Quando a grafite é o moderador. o fracasso ~!2;1;~~r!83~~$~
q -:. I"';. '<t~ "l "l ~ ~ "l "l "l "l
resulta do baixo valor da probabilidade de escape da ressonilncia. Valores adequa- ºººººººººººº
dos def podem ser atingidos para valores de N ,/N" de até 300 ou 400; mas um valor
de p de 0,82 nao é alcanr;ado até que N 1/N O = 800. com o resultado de que o valor
máximo de pf é cerca de 0,6 e o valor máximo de k~ é cerca de 0,8 .. Felizmente, as
propriedades de ralentamento e de ressomincia de absorr;:io sao tais que a probabi-
Iidade de escape da ressonfi.ncia pode ser aumentada significativamente agrupando o
urinio. No caso ~a água. a dificuldade está no pequeno valor da utilizac;ao térmica
obtida para todos os valores de N 1/N o• exceto os menores: para obter valores úteis
def, deve haver tanto ur.inio. que existe muita resson.incia de abson;:ao. Os argu- '-.
mentos precedentes podem ser colocados de outra maneira. Com D2 0. a utilizac;ao
térmica é favorável - digamos. 0.85 ou mais- para valores de N 1/N 0 de até 1.000,
por causa da sec;ao de choque para absorc;ño muito pequena do D2 0. Nesta larga
faixa é possível encontrar urna faixa bastante larga de valores sobre os quais p
também é favorável. e pode ser alcanc;ada urna reac;ft.o em cadeia. Com grafite como
moderador. o ralentarnento é ern passos tao pequenos, que a probabilidade de que
os n€:utrons tenharn energias correspondentes as energias de resson:incia do U238 é
alta: se os átomos de u23s -
e· d , estao prontarnent d. , .
~a . e captura e alta e a probabilidade d e 1s~omve1s aos néutrons. a resson.
eta e pequeno até • . e escape e pequena O an- fONlES DE ENERGIA NUCLEAR 541
terá decrescido mu1~;o;
Quando se dis
o uran10 esteja muito diluído, mas e~táo :s~~~~ da_res~on~n-
de • . I iza~ao tenmca 20.5 O reator nuclear térmico heterogf:'neo. Viu-se na última sec;3.o que um
~ao em e d . uranio enriquecido em u2,1.,
uránio en~iq~:c~~~ 1
1
P
.º ~it~ J~:r:~ como com água na c~~~i~:;ed~o;~~!~~d~~a¿ea-
conjunto homogeneo de uranio natural-grafite nao pode manter urna reac;fto em ca-
deia. nao importa qu§.o grande seja mas que. quando o uránio é suficientemente
tante. Consideremos o
º?t~ral e grafite era de
sano para trazer k t,
~e::i: TJ aumentam. senda o aumento

. de 0,8, tal que um aumento de 20%


. : orn.
moderado a grafite. O valor máximoe~-;} mais impo_r-
"'com uranm
enriquecido com respeito ao isótopo U 235 , urna rea.9§.0 é possível. Na ausencia de
uranio enriquecido, s.urgiu a questao sobre se o uránio natural e grafite podiam ser
arranjados de alguma maneira que pudesse levar a urna reac;ao em cadeia. Os resul-
para o u23s puro "'r~ e alumdade, ou um valor de 'YJ entre I 6 1º 7em 1J seria neces- tados listados na Tabela 20.3 indicam que a principal dificuldade é o pequeno valor
1 , ica e aro que o 1 , e , . Como 'T/ - 2 07
a guma concentra~ao de u2a5 entr va or ~n~cessário de 1J pode ser atin i - • da probabilidade de escape da resson3.ncia. O valor de p nao se torna apreciável até
1J pode ser computado a parf d e a do uran10 natural e a do u23s P Og do para que a concentrac;ao d~ uránio se torne muito pequena. mas é difícil conceber urna
uránio também cresce e lf a Eq. (20.7). A se9ao de cho u uro. val_or de rea¡;ao em cadeia num sistema com urna quantidade muito pequéna de uránio natu-
tar: a-a pode ser calcula~:;aº aun:iendto
part1r a formula
~ª-
concentra9ao de u23~ t:rqarafabs~r9ao do
, ue va1 aumen- ral. Portante, era evidente que tinha de ser feito alguma coisa para aumentar o valor
da probabilidade de escape da ressonáncia. num conjunto que tivesse uránio sufi-
ciente para fornecer um valor adequado (0.8 a 0.9) ao fator de utiliza¡;ao térmica. A
N(u2as)
Ua (u ) - "ª (U235) + N(ú 238)cra(U238) solw;ao <leste problema foi sugerida por Fermi e Szilard, que propuseram o uso de
N(U 235 ) + N(U2as) (20.21) ·blocas de uránio de tamanho consideráve1 envolvidos no moderador. O uso de blo-
cas também afeta a utilizac;3.o térmica e o fator de fissfto rápida. e seria útil urna
- rTa(U2as) + (N2s/N2s)rTa(U2as) discussao qualitativa dos vários efeitos do uso de blocos.
l + (N2s/N25 ) (20.22) Urna considera¡;ao da maneira pela qual ocorre a ressonáncia de absorc;fto rnos-
tra que o uso de blocas de uranio aumenta a probabilidade de escape da ressonán-
Os valores das se96es .de h cia. A ressonáncia de absorc;3.o acorre quando neutrons, durante o curso de um
e oque a serem usados sao processo de ralentamento, alcanc;am energías que, junto com a energia de liga93.o.
CTa(U 235) = 683 b· correspondem a níveis do núcleo composto [U 239 J. Quando um néutron com tal
• <Ta(U 23') = 2,71 b. energia colide com um núcleo de U 23 ~. existe urna chance apreciável de que ele seja
. • _O cálculo de k. foi feito para N IN - . absorvido. Num conjunto hornogeneo de urélnio-grafite. cada partícula de ur:inio
uramo natural. Supóe-se que o decré;ci~;n!OO, com P ig_ual a O, 744. o valor para o tem a mesma chance de capturar urna certa fra¡;iio dos néutrons de ressonáncia -
,., __ concentra9ao de u23s sobre a1a1xa
.c. • de mas, quando o uránio está presente em blocas relativamente grandes. este nao é
mais o caso. Por exernplo, suponha que os neutrons colidem com um bloca de
uranio; aqueles neutrons que tem energias dentro da faixa de resson:incia podem ser
Tabe/a 20.S O Jator de mu/ti l' - absorvidos na superficie do bloco, enguanto que neutrons com energias que nao
homoginea de uránio enriq P,dlCQfao para uma mistura
uec, o e grafite, Ni/No 400 correspondem a faixa de ressonáncias entram dentro do bloco. Alguns <lestes neu-
N,. trons podem sofrer colisóes elásticas com os núcleos de uránio e, apesar da perda
a:a, b f de energia por colisáo ser pequena, urna fra9§:o deles pode ser espalhada dentro de
pf
k. faixas de energía de ressonáncia e serem absorvidos. Entretanto, muitos nCutrons
137,8 7,68 podem passar através de blocas sem serem absorvidos; eleS ou podem escapar de
130 0,8!0 0,603
8,01 0,816 1,335 0,80 colisóes elásticas junto com os núcleos de uranio, ou ser espalhados. mas nao den-
120 8,45 0,607 1,362 tro de. urna faixa de ressonáncia. A probabilidade de urna ressonáncia de absorc;ao
110 0,824 0,613 0,83
9,04 0,834 1,399 0,86 dentro do bloca é, portanto, menor do que na superficie do bloca. Em outras pala-
100 9,57 0,620 1,439
90 0,841 0,626 0,89 vras, os núcleos de U 238 dentro do bloca tem urna chance menor de capturar néu-
I0,3 0,852 1,479 0,93
80 11,3 0,634 1,523 trons durante o processó- de ralentamento, do que os núcleos de U 238 perto da su-
0,862 0,641 0,97
70 12,5 1,569 1,01
perficie do bloca, e existe alguma "autoblindagem" do uránio contra urna resso-
60 0,874 0,650
14,1 0,887 1,618 1,05 náncia de absorc;3.o. Os neutrons que reentrarn no moderador sofrem novo ralenta-
50 . 0,660' 1,670
16,3 0,901 0,670 l,IO rnento numa regia.o sem uTanio e podem perder energia suficiente para saltar várias
1,726 1,16 faixas de resson:incia, antes de entrar em outro bloco ou ·de alcanc;ar energias tér-
micas. A magnitude <leste efeito depende do espac;arnento dos blocas de uránio na
matriz do moderador, sua probabilidade senda apreciavelmente maior do que num
conjunto homogeneo. Assim. urna vantagem do arranjo heterogeneo é a menor res-
sonancia de absorc;ao devido a filtra¡;ao de néutrons cujas energias caem dentro de
faixas de ressonáncia do uninio na superficie do bloca.
e
Segue-se da discuss3.o acima que a ressonáncia de absor¡.;3.o pode ser dividida
ern duas partes - urna absorc;ao de superficie e urna absor¡;llo de volume. o tama-
nho ~ a forma dos blocos de uránio podendo ser escolhidos para tornar a probabili-
dade de escape da ressonáncia relativamente alta. Algumas noc;0es qualitativas
sobre o tamanho dos blocas podem ser obtidas facilmente. Para diminuir a absorc;ao
de volume. o tamanho do bloco nfio deve ser muito grande comparado com o cami-
nho livre médio dos néutrons de ressonáncia dentro do bloco. Apesar <leste cami-
FONTES DE ENERGIA NUCLEAR 543
542 FÍSICA NUCLEAR
finas_ camisa~ d_e aluminio, nÚm canal através do qual o ar podia ser bombeado para
nho médio nao ser conhecido precisamente. urna estimativa grosseira pode ser feíta, resfnar o uranio. O reatar francés moderado a água pesada. designado como P2
considerando-se os néutrons térmicos e de fissiio como casos limites. A sei;ao de tem barras de uranio.natural de 1.3 cm de raio. também envolvidas em alumínio. ()
choque térmica total do uránio normal é 16.0 be o uránio tem 0.048 x 1024 átomos/ Brit!sh Experimental Pile (BEPO), que é um reatar heterogéneo, a ur.inio natural,
cm3 ; o caminho livre médio total para n€:utrons térmicos é entao refrigerado a ar, moderado a grafite, tem barras de 0.9 poi. de di§.metro.
Num conjunto heterogéneo cornbustível-moderador (rede). a escolha do espa-
1 1 9amento da rede, ou a distancia entre os elementos combustíveis. também é impor-
/.., = - - = - - - - - - 1,3 cm. tante. Do ponto de vista da economia de néutrons. a escolha envolve um balancea-
N(J", (0,048) (16,0)
mento entre as propriedades de ralentamento e difusfio -do conjunto. Se o modera-
A sec;ao de choque total média para néutrons rápidos é 7 .2 b (a partir da Tabela doré um absorvedor muito fraco (D 2 0 ou grafite). a distancia entre os blocos deve
20.1). o caminho livre médio senda cerca de 3 cm. Um tamanho de bloca bom se~ suficientemente grande para que. em média. os néutrons rápidos de um bloco
corresponde portante a um di§metro entre I.3 cm e 3 cm. ou cerca de urna pole- seJam ralentados a energias térmicas. antes de alcam;ar um outro bloca. Existe urna
gada. grandeza Ls. chamada de comprimento de ralemamenro, que pode ou ser determi-
O tluxo de néutrons de ressonélncia é menor dentro do bloca. que perta da nada experimentalmente. ou calculada teoricamente. e que é urna medida de qua.o
superficie. porque urna parte considerável da ressonáncia de abson;ao acorre perta longe um néutron da fissao viaja em média, enguanto está sendo ralentado a ener-
da superficie do bloco. Este efeito favorece blocos grandes. mas a escolha do tama- gias tér_mic~s. Os valores do compri:11ento de ral_~ntamento para alguns moderado-
nho destes depende também do efeito dos blocos sobre o fator de fissao rápida e a res estao hstados na Tabela 20.6, Junto com L\. a área de ralemamento. Para
utiliza9ao térmica. O valor do fator de fissao rápida aumenta com o tamanho do reatares moderados com D2 0 ou grafite, esperaríamos que o espar;amento da rede
bloca. porque a probabilidade de urna colisao entre um néutron rápido e um átomo fosse pelo menos de um comprimento de ralentamento. No reatar BNL. o espar;a-
. de u2.1 8 aumenta com o tamanho do bloco. Este efeito também tende a favorecer mento é de 8 poi., no BEPO ele é de 7½ poi., no P2 é de 5,9 poi., tal que nossa
tamanhos maiores. estimativa do espa9amento da rede é razoável. A água comum é um absorvedor
A principal desvantagem de um conjunto heterogéneo de uranio e um modera- muito mais forte que a água pesada ou grafite, e um espar;amento da rede de um
doré o decréscimo na utiliza93o térmica. em compara980 com urna mistura homo- comprimento de ralentamento permitirla muita absorr;ao de néutrons lentos. Por-
génea c9m a mesma concentra980 de combustível. Suponha que os néutrons térmi- tanto, num reator com uránio enriquecido em U 23 " e moderado com H 2 0, as barras
cos morioenergéticos incidam sobre a superficie de um bloco de uranio. Alguns devem estar próximas e N1/No teria que ser muito menor do que para o D2 0 ou
destes néutrons sao absorvidos perto da superficie e o fluxo térmico diminui; a grafite. 6
medida que os néutrons restantes penetram no bloco. mais néutrons sao absorvi- Em cálculos de projetos detalhados. as escolhas do tamanho dos blocas e do
dos. O fluxo de néutro'nS térmicos é entao reduzido dentro do bloco. a probabili- espa9amento da rede nao sao independentes e devem ser consideradas juntas. A
dade de urna absorr;fi.o posterior diminuindo. O efeito é diretamente análogo 8.quele escolha final dos para.metros do projeto também pode ser fortemente influenciada
de urna resson:incia de absor980. exceto que ela nao é desejável no caso da absor- por outros fatores que nao as propriedades nucleares do combustível e moderador.
c;fi.o térmica. Em outras palavras. a autoblindagem do bloco de uranio contra a Aqueles fatores podem incluir a facilidade ou eficiencia de remor;ao de calor, pro-
absorr;ao de néutrons térmicos resulta num decréscimo na utilizar;ao térmica. priedades estruturais, e efeitos de énfase em um fim especial para o reatar.
A escolha de um tamanho de bloco apropriado depende do balanceamento dos
efeitos sobre p e E que tendero a aumentar o valor de k,;o, e do decréscimo emf que 20.6 O tamanho crítico de um reator nuclear térmico. O valor do fator de mul-
tende a diminuir o valor de k,;o. O cálculo real de E, p ef é muito mais complicádo tiplicar;ao sozinho nao permite determinar o tamanho crítico de um sistema de rea-
para um conjunto heterogéneo. do que para um homogéneo. Pode-se descobrir mé- r;ao em cadeia. O fator de multiplicar;ao k,;o diz como a concentrar;ao de néutrons
todos apropriados nas refe_réncias gerais listadas no final deste capítulo. Valores de cresceria se nenhum néutron escapasse fora do sistema, devendo ele combinar-se
até k,;o = 1,075 foram obtidoS para reatares a urani0 naturaL- moderados a grafite, 4 e de alguma maneira com urna grandeza que diz alguma coisa sobre o escape de
valores de até 1.21 foram obtidosª para reatares a uranio natural, moderados a água néutrons. A teoria matemática do tamanho crítico é urna parte importante da teoria
pesada. de reatares, e será ilustrada por meio de um problema muito simples. Devemos
Barras cilíndricas de ur:inio natural tém sido usadas em muitos reatares. Em considerar um reatar homogéneo na forma de urna chapa infinita nas direc;óes y e z.
Brookhaven, os elementos combustíveis tinhain originalmente 1,10 poi. de di::imetro mas de espessura finita na direr;ao x. Suporemos que as propriedades nucleares,
(1,40 cm de raio) e 11 pés de comprimento; havia duas dessas barras, cobertas com incluindo kx s§.o conhecidas, o problema sendo determinar a espessura crítica a em
que a chapa vai sustentar urna reac;ao em cadeia. O tratamento é urna extensa.o
daquele da Sec;ao 18.5, onde consideramos a difusa.o de neutrons térmicos a partir
Tabela 20.6 Comprimento de ralentamento de néutrons de fissüo de urna fonte plana infinita, e novamente podem ser usadas algumas das idéias
em diversos moderadores básicas do tratamento anterior. No novo problema, a fonte está distribuída unifor-
memente através da chapa; neutrons tanto sao produzidos como absorvidos através
Comprimemo de
Modaador ralentamento. L& Área de ., da chapa. e podem escapar através dos limites da mesma. Suporcmos que no início
ralentamellfo. L;. todos os néutrons sao térmicos e monoenergéticos. e que todos os neutrons libera-
cm poi em cm 2
dos na fissao tem urna distribuir;iio de velocidades maxwelliana que pode ser repre-
sentada pela velocidade mais provável. Esta hipótese pode ser feita se os materiais
H,O 5.3 2.1 28 do reatar sao absorvedores 1/v, por causa dos argumentos da Sec;üo 18.4. O trata-
D,O 11.2 4.4 125 mento baseado nesta hipótese é chamado de modelo de um ¡:rupo. poque todos os
Be (densidade: 1.85 g/cm 3)
9.8 3.9 96
C (densidade: 1.60 g/cm 3 ) 19.1 7.5
neutrons sao considerados como se tivessem a mesma cnergia. O uso do modelo de
364
FONTES DE ENERGIA NUCLEAR 545
544 FISICA NUCLEAR
onde >-1c el, sao definidos pelas Eqs. (20.25) e (20.27) respectivamente. A equa,ao
urn grupo simplifica a matemática, o modelo podendo ser melhorado facilmente, a de balan~o de néutrons toma-se entao
fim de dar resultados satisfatórios para certos tipos de reatares.
Buscamos a espessura necessária para que o reatar opere num estado contínuo, d2n k. - 1
A condi<;:lio para este equilibrio pode ser escrita como urna equa<;:lio de balancea- dx2 + L2 n = O. (20.32)
mento de néutrons.
Agora é possível levar em conta o fato de que os néutrons de fissao sao libera-
Taxa de escape de néutrons + taxa de absor<;:lio de néutrons dos com néutrons rápidos e devem ser ralentados a energias térmicas. Se o reatar é
= taxa de produc;ao de néutrons. (20.23)
bem moderado -¡isto é, se quase todas as fissóes (digamos, 95%) sao produzidas
por néutrons térmicos - , L 2 pode ser substituído por
Se aplicarmos esta condic;lio de balanceamento a urna chapa de espessura dx entre x
ex + dx, ternos M2 = L2+ L2 (20.33)
2 "
Taxa líquida de escape.fóra do elemento dx =_ At,V d n dx (20.24) onde Llf é o comprimento de ralentamento introduzido na Se9ao 20.5; M 2 é chamado
3 dx 2 ' de área de migra98.o. A equa9fio de balan90 toma-se entao

onde n é a densidade de néutrons. v é a velocidade constante de néutrons, e "-tr éa d 2n k. - 1


sec;fio de choque de transporte para o material do reatar, senda dada por dx 2 + Af2 n = O. (20.34)

1 A Eq. (20.32) é a equariio de um grupo modificada. Um tratamento teórico mais


At, = =--~~~- (20.25)
N 1CTtr1 +
NoUtrO
detalhado 7 mostra que este modelo dá resultados razoavelmente bons para reatares
bem moderados para os quais k.,,_ é próximo da unidade. ou k.,,_ - 1.~ 1; reatares a
A true.a de escape dá o número líquido de néutrons, deixando urna chapa de espes- uránio natural moderados a grafite sao um exemplo.
sura dx por segundo através de urna área unitária ( l cm 2) normal a dx. A solu,ao da Eq. (20.34) requer condi,6es de contorno. a formula,ao precisa
A laxa de absor,ao é dada por destas condi9óes senda um problema sério. Adotamos a condi9ao simples, apesar
de nao ser muito precisa, de que a densidade de néutrons deve desaparecer na
Taxa de absó_r98.o de néutrons no elemento dx = nv La dx, (20.26) fronte ira externa do reatar. Se o centro, x = O. do nosso sistema de coordenadas é
tomado no plano central do reatar, a condi9ao é que
onde
n(x) =O em x ±. ½a. (20.35)
(20.27)
Se o reator é uniforme, a densidade de néutrons deve ser simétrica em rela98.o ax =
é a se9ao de choque total para abson;ao do material do reatar. A expressao do lado O; a intui9ao física também nos diz que a densidade de n~utrons deve ser positiva
direito da Eq. (20.26) dá o número de neutrons absorvidos por segundo num ele- através do interior do reatar. A solu,ao geral da Eq. (20.35) é
mento de volume de um centímetro quadrado de áréa e com espessura dx. A taxa
de produ98.o é obtida se notamos que cada néutron ténDico absorvido resulta na n(x) =A cos Bx + C sen Bx, · (20.36)
emissao de kcc }1:0VOS néutrons, \
,;.':,'_¡,,,· onde
Taxa de produ,ao de neutrons no elemento dx = nv ka k. dx. (20.28)

A equa98.o de balan90 dos néutrons é entao (20.37)

¡.,,v d2n e A e C sao constantes arbitrárias. Entretanto, sen Bx nao é simétrico em rela980 a
- 3 dx 2 + nv La = nv La k., (20.29) x = O. de modo que C deve-se anular e a solu9ao é somente
ou n(x) = A cos Bx. (20.38)
d2n
dx 2
+ 3La
Atr
(k
c:(l
- l)n = O. (20.30) A condi,iio (20.35) requer que

Definimos um comprimento de difusa.o L para o reatar, por analogia com a defini-


~ao usada na Se9fio 18.5 para urna única substancia, ou

1r df
a= B= (k. - 1)112 (20.39)
(20.31)
FONTES DE ENERGIA NUCLEAR 547
546 FÍSICA NUCLEAR

A Eq. (20.39) dá a espessura crítica do reator em termos das propriedades


nucleares expressas em k,r, e M = (L 2 + L;) 112 • A distribuic;ao da densidade de
néutrons em func;ao da posic;ao é dada por

,rx
n(x) = A cos - , (20.40)
a
onde A é urna constante arbitrária cujo valor é determinado pela taxa de remo¡_;:lo
de calor ou o nível de poténcia do reatar. A Eq. (20.39) mostra que. se k,._,._ é menor
que a unidade. nao existe valor real da espessura crítica: se kx = 1. a espessura
crítica é infinita {um resultado consistente coma definic;ao de kx): se k,._,._ > l. pode~
se conseguir urna reac;ao em cadeia num conjunto de tamanho finito. O raio crítico
R,. de um reator esférico é -

,rM
R' = '(k'oo------cl~)71¡=2 ' (20.41)

e o lado de um cubo crítico é dado por

v'3 ,rM
A,= (k 00
- 1)112 (20.42)

A esfera tem urna raza.o superfície-volume menor do que o cubo, e um volume


crítico m,enor. Para a esfera. o volume critico é
·, ,_ .
Fig. 20.3 Fotografia do modelo do reatar a ur§.nio-grafite no BrookhaVen National Labora-
M2 )s12 tory.
130 ( koo - l (20.43)

enquanto que. para o cubo, A Figura 20.3- é um diagrama esquemático do reatar a ur8.nio-grafi"te no Brook-
haven National Laboratory. O diagrama mostra como algumas das caractetísticas
3 ( i\12 )3/2 que foram discutidas si.io incorporadas no projeto de um reator real.
V, = A, = 161 koo _ l , (20.44) r•:: .
20. 7 Poténcia e regenera~ao. A possibilidade de que urna indústria de potencia
baseada na fissiio nuclear seja desenvolvida levanta a quest~o da disponibilidade e
ou cerca de 24% maior que O volume crítico da esfera. A massa crítica do uranio custo do material fissionável. 8 Na discussao até aqui, os materiais fissionáveis con-
pode ser determinada a partir do volume crítico e da massa de uranio por unidade siderados foram o U 235 • o Pu23 \I e o U233 • nenhum dos quais está disponível na
de vo_lume; esta última, e claro, é um dos para.metros básicos de projeto. natureza em grandes quantidades. Seria ineficiente obter poténcia numa escala
E usual construir um reatar tal que seu tamanho sejá: maior que o tamanho grande a partir da fissi.io-do U23r,, porque semente 0,7% ou menos do uranio dispo-
crítico - isto é. tal que k = 1 + O, onde O é chiimado de ex(:esso de reatividade. O nível poderia ser usado diretamente. O plutónio tem sido feito pela fissiio do U23<>
exé:esso de reatividade é necessário para que os néutrons sejam usados, ou na num reatar contendo U 231\ mas este processo é complicado e caro. Analogarnente,
forma de feixes saindo do reator, ou senda ab.sorvidos dentro do reatar para fazer o u2:i:i. que nao acorre na natureza, pode ser feito num reatar contendo Th 232 •
noves radionuclídeos. e por outras razóes complicadas demais para serem discuti-
das aqui. A existéncia de um excesso de reatividade torna necessário haver um
sistema de comrole, usualmente na forma de fortes absorvedores de néutrons. tais
como barras de boro-ferro ou cádmio. O valor real do fator de multiplica~ao no
l Apesar do problema da disponibilidade e custo de combustíveis nucleares ser um
problema sério, urna única e notável solu~ao é possível por causa de urna das pro-
priedades nucleares do processo de fissao. Esta propriedade é a emiss§.o. em média.
de mais de dois neutrons por fissi.io.
reatar ern opera~ao pode ·ser mantido próximo da unidade pelo ajuste apropriado Suponha, para fins de exemplo. que 3 neutrons sfio emitidos por fissfio. Urn
das barras de controle. <lestes é necessário para manter a rea~fio em cadeia funcionando. para induzir a
O escape de néutrons de um reatar pode ser. reduzido envolvendo o reatar com fissao em outro átomo de combustível - digamos. um átomo de U2ª~'. Dos dois
um re_f]etor feito de um absorvedor de néutrons fraco: a grafite é usada freqüente- neutrons que sobram. um pode ser usado para converter um átomo de urftnio em
mente com este propósito. O refletor devolve néutrons que deixam o reator. e o um de plutónio, deixando um néutron. Se este último neutron pudesse ser usado
escape diminuído reduz o tamanho crítico do reatar. com a economia em combustí- para produzir um outro átomo de plutónio a partir de um outro átomo de u 2:u,. ur;i
vel resultante. O sistema do reatar. incluindo o refletor, <leve ser envolvido numa útomo de u2a.-, estaria senda usado e dois átomos de Pu 2 :iii estariam senda produz1-
blindagern usualmente de concreto. para reduzir a intensidade das radiac;Oes (néu- dos deixando um lucro de urn átomo de material fissionável. Em outras palavras.
trons e mios yJ. deixando o reator a valores abaixo dos limites de toleráncia bioló- seria produzido" mais material fissionável do que consumido. É claro que este
gicos.
1

l.···
FONTES DE ENERGIA NUCLEAR 549 1
548 FÍSICA NUCLEAR
consistisse em carbono puro. sua combusta.o completa forneceria energi;1 ._,uficientc
c.:xcmplo está muito simplificado.n É inevitável que alguns neutrons sejam perdidos para mantera radia98.o por semente alguns milhares de anos. Outra fon te Uc cncr~ia
por escape ou por abson;ao parasítica. mas enguanto mais de dois néutrons forem possível é a conversa.o de energia gravitacional em energia calorífica. U1_11 pn.~cess~1
produzidos na fissiio exist'e a possibilidade de ser produzido mais combustível nu. análogo a produ9iio de eletricidade pela queda da água. como numa usrna hu.lrele-
dear do que é consumido. Este processo é chamado de reienerariio; se ele pudesSe trica. Mas tem sido I11.osirado que. se a contra9iio estivesse ocorrendo. cla n5.o
ser colocado em funcionamento, um reator poderia fazer novo combustível para ele poderia fornecer mais do que um por cento da produi;ao total de energia ncccssária.
rróprio e, além disso. um estoque de material fissionável poderia ser acumulado e se ela foSse a única fonte de energia, o Sol nao poderia ter mais do que 20 milh0es
para uso em novas reatares. de anos.
O processo de regenera¡;ao de material fissionável depende de dais materiais, A incapacidade de explicar a energia emitida pelo Sol.combase cm fontes de
um dos quais é fissionável e um que éfértil. O uz.:Hi e o Pu 239 formam um par <leste energia ordinárias, Ievou a sugest5.o de que processos subatómicos ~u nucleares
tipo, o Th 232 e o uza:i formando um outro par. Considere o primeiro par e suponha fornecem a energia necessária. Muitas rea¡;óes nucleares exotérmicas hberam ener-
que Punri suficiente esteja disponível para alcan9ar urna rea98.o em cadeia num sis- gias de vários Mev por partícula nuclear. e se todos os núcleos num grama de
tema que pode ser usado para produzir poténcia. A fissiio térmica do Pu 239 produz 3 matéria pudessem ser usados. cerca de 10' 9 ergs seriam produzidos por grama de
neutrons. tal que. se alguns destes néutrons pudessem ser absorvidos no U 238 para matéria. Na iaxa de 2 ergs/g/s, rea96es deste tipo poderiam fornecer energia por
formar mais Pu 239 • um ciclo de regenera9iio poderia ser conseguido. Neste caso. o cerca· de 1011 anos, sendo o único tipo de reac;óes que pode fazer isto. O proble_m': é
U2:18 é o material fértil, porque apesar de ele·próprio nao ser fissionável de maneira achar urna rea9fio nuclear, ou conjunto de rea9óes, que res~lte na taxa de em1ssav
ú_til. pode ser convertido num bom material fissionável. sendo concebível que um de energia observada nas condi96es de temperatura e dens1dade dentro do Sol: e
sistema de um reator possa ser construído. no qual é produzido mais plutónio do que sejam consistentes com as informa9óes dispon!veis _sobre a co_mposi9§.o quím1c_a
que o consumido. A propriedade nuclear que determina se a possibilidade de rege- do Sol. Quando as se9óes de choque para as rea9oes sao ~onhec1das - ou a par!ir
nern9iio existe nao é o valor do número de néutrons emitidos por fissao. v. mas o da experiéncia, ou a partir da teoria - , as taxas das rea9oes e a taxa de produ9ao
número produzido por néutrons absorvidos no combustível, TJ, porque ·a captura de energia podem ser calculadas. . . .
sem ~ssiio. de neutrons pelo combustível pode ser suficientemente grande para in- As estrelas podem ser classificadas de acordo co~ sua lummos1dade. o~ bnlho
terferir senamente com a regenera9iio. O valor de TJ para o plutónio e os néutrons e seu espectro de radia98.o. As propriedades espectr~1s d~ urna e~trela estao rela-
tér_micos (Tabela 19.1) é 2,08 ± 0,02. e ocorre que é só ligeiramente maior do que cionadas com a temperatura efeth'a na qual a estrela 1rr~d1~ energia; a te~peratura
do1s. Es!e resultado parece tornar impraticável a regenera98.o do Pu 2:l!J num reatar efetiva é urna maneira conveniente de descrever a radia9ao total por umdade de
ráp~do. Esper~-se. em bases teóricas. que a raza.o entre a se9:io de choque para área. o Sol é um exemplo de urna classe de estrelas - as chamadas estrelas de
fissao e a se9ao de choque total para absor980 seja mais próxima da unidade em seqüencia principal. A temperatura efetiva da-· superficie do Sol é de cerca de
energias de néutrons aftas. do que para néutrons lentos. e que TJ deve ser próximo 6.000ºK, e a temperatura interna pode ser tao alta quanto 2_ x 107 ºK. As estre~as
de v num -reatar rápido. Conseqüentemente. a regenera980 do Pu 239 deve ser possí- de seqüéncia principal tem temperaturas efetivas de superficie, de cerca de 2:0?0 !<-
vel num sistema de néutrons rápidos. de Pu 2 ªi1-u 2:11i_ Um reator, o Experimental até cerca de 50.000"K, e densidades entre 1/10 e 10 vezes a do Sol. Em ad1c;ao as
Breeder Reactor. ou EBR. foi construído para estudar a possibilidade da produ98.o estrelas de seqüéncia principal existem as aniis branc~s, os gi?antes vermelhos. as
de poténcia e regenera98.o em tal sistema. U m grande reatar de potencia regenera- variáveis, as novas e as supernovas. As aniis brancas tem dens1d~des e~tremarnente
dor. o Enrico Fermi Atomic Power Plant. foi construído perta de Detroit, Michi- grandes, possivelmente 100.000 vezes maiores q~e a do Sol e sao m~1to apa?adas,
gan. para combinar a produ98.o de eletricidade com a regenera98.o do Pu239• 10 isto é tém luminosidades muito pequenas. As gigantes vermelhas tem dens1d~des
O valor de T/ para o uzrn e néutrons térmicos (Tabela 19.1) é 2,28 ± 0.02. que muito' baixas e luminosidades altas. As estrelas variáveis apresentarn sucess1vas
faz a re~e~era98.o do U2ª:1• a partir ~o Th2 :i 2 em sistemas de reatares térmicos, pare- varia96es na luminosidade e na temperatura da supe-rfície; as varia9óes podem ser
cer prat1cavel. Trabalhos de pesqmsa e desenvolvimento esta.o progredindo em tais periódicas ou irregulares. Finalmente, _existem as n~was e a,s supernovas,_ qu_e apre-
. ternas. " Um proJeto
sis · envo1ve o uso de urna solu98.o de U23~0 2 S04 em D2 0; outro sentam grandes aumentos de luminos1dade repentmos. Ha grandes vana9oes n3:s
envolve o uso de urna solu9iio de U23ª Bi em bismuto líquido. com grafite como condi9óes internas entre os diferentes tipos de estrelas, em su~ temperatura. ?ens1-
mode_rador. O sistema u2:i:i_ Th também poderia ser usado como reatar rápido. mas dade, pressiio e composi98.o química. Pode haver, portanto. diferentes mecams!"°os
o mamr valor de v para o Pu 2ªfj favorece o uso deste último material em reatares de produ9ao de energia; diferentes pr~cessos nucle~res podem ocorrer :m tipos
regeneradores rápidos. . diversos de estrelas, e mais de um conJunto de rea9oes pode ser responsavel pela
Se a regenera9élo pudesse ser conseguida. o u2 :¡ 8 e Th 2 ª2 poderiam converter-se produ 9ao de energia nelas. O sol é a estrela mais bem conhecida e estudada. sua
ei;i 1:1a1eri_ais fissionáveis. O aumento resultante nos combustíveis nucleares dispo- proctu 9ao de energia calculada a partir de rea9óes nucleares podendo ser comparada
mve1s sena um passo na dire9iio de potencia nuclear económica. Muitas informa- com dados astrofísicos bem conhecidos. _
1.r?e~ sao necessárias. concernentes 8.s se9óes de choque para rea9óes de néutrons Pode-se estabelecef primeiramente que a fissao_ de elementos pesados nao pod:
rap1dos. ou de energias intermediárias com materiais fissionáveis e férteis. tendo fornecer a energia do Sol. urna vez que a abund§.ncia destes elem~ntos no Sol e
sido feitos muitos trabalhos neste campo. pequena demais 12 para explicar a taxa de emissao e o tempo_ de vida do Sol. Os
elementos leves predominam. o hidrogenio e h~lio formand~ Ju~tos cerca d~ 90o/c
20.8 ~ro_du,;~o de energ!~ n~s estrelas. Rea,;óes termonucleares. Um dos pro- em peso da matéria do Sol. com frac;óes aproximadamente 1gua1s destes do1s ele-
blemas mais mtngantes na ciencia física é o da fonte da energia emitida pelas estre- mentos. Parece provável. a partir da composi980 química. que os processos nuclea-
las. O Sol._q_ue nao é urna estrela particularmente impressionante. emite energia res devem envolver o hidrogénio e o hélio. e as propriedades nucle_ares destes ele-
eletromagnet1ca numa taxa de cerca de 4 x J(r 3 ergs/s ou 2 ergs/g/s. e evidéncias mentos apóiam esta idéia. Assuma. por exemplo. que quatro protons podem-se
astro":ómicas e geológicas mostram que ele tem estado irradiando energia com combinar para formar um núcleo de hélio. O processo seria exotérmico. como pode
ap:0~1mad':mente a _taxa atual há vários bilhóes de anos. Possivelmente. reai;óes ser visto pelo balan<;o de massas.
quim1ca-; nao podenam ser a fonte desta energia. porque mesmo se todo o Sol
FONTES DE ENERGIA NUCLEAR 551
550 FISICA NUCLEAR
B8 -, + 13+ + v,
Be 8 (20.47c)
rnassa at6miCa de 4 átomos de hidrogenio = 4.13258 u.m.a.
massa at6mica de: 1 átomo de hélío =~ Be 8 -, He + He
4 4

diferenc;a de massa = 0.02871 u.m.a.


= 26,7 Mev Acredita-se 15 que a cadeia (20.45) seja importante em temperaturas mais baixas.
= 42.7 x 10-• erg. corresp~nde~d? itquelas no Sol quando foi formado inicialmente. e que a cadeia
(20.47) e ma1s importante no estado atual do Sol. com sua maior temperatura cen-
tral e maior concentra9ao de He4 •
Assim. cerca de 10- 5 erg poderiam ser produzidos por cada P[óto~ destruído - ~· A produc;ao de .um núcleo de hélio a partir de quatro prótons é um exemplo de
como cada grama da matéria do Sol contém cerca de 2 x l0-3 protons. o fornec1- um processo chamado.fusüo, no qua! um elemento mais pesado é produzido a partir
mento de energia disponível seria cerca de 2 x 10111 ergs/g- da ordem de grandeza de um ou mais elementos mais leves. Quando este processo ocorre entre os elemen-
necessária. , tos leves. comumente a energia é liberada, porque a massa do núcleo-produto é
A possibilidade de que quatro prótons possam colidir para formar_u:'1 nucleo ct: menor do que a soma das massas dos núcleos que sao fundidos. Esta propriedade
dos elef!1entos leves é mostrada pela curva de energia de Jigac;iio. Fig. 9.1 I. na qua!
hélio é eliminada. urna vez que a probabilidade d,~_tal reac;ao nas cond1c;oes do Sol e
muito baixa. Parece mais provável que os quatro prótons sejam formados num nú- a energia _de ligac;ao cresce rapidamente com o número de massa na regiao de pe-
. cleo de hélio por urna série de rea,;óes - isto é. numa rearao cíclica. nuclear. As qu~nos numeros de massa. Sob condic;óes apropriadas. reac;Oes como aquelas dis-
taxas das rear;óes dependem do número de núcleos presentes por un.1da~e. de ~o- cutidas podem liberar grandes quantidades de energia, quantidades muito maiores
lume e também da temperatura; quanto mais alta a tempera~~ra. m_a1s rap1d? _e o do que aquelas liberadas numa explosiio de urna bomba atómica. e as reac;óes ter-
movimento térmico das partículas e mais freqüentes e energet1c~s sa? ~~ cohsoes. monucleares formam a base da chamada bomba termonuclear ou de hidrogenio.
Em temperaturas estelares de 10 a 20 milhóes de graus. as energias cmeuca~ resul- Outro conjunto de reac;~es - o bem conhecido ciclo carbono-n;trogénio - foi
tantes do moviinento térmico esta.o na vizinhanc;a de 1 kev. em comparac;ao com proposto por Bethe. 16 para explicar a produc;iio de energia no Sol e em outras estre-
1/40 ev para partículas na temperatura ambiente na Terra. e supOe-:e que os nú- las de seqüencia principal. Bethe mostrou que as reac;óes comec;ando como Li. Be.
cleos no interior do Sol tem urna distribuk;3o de velocidade maxwelhana com urna B: e;. Ne F tem tempos de reac;iio médios menores que 109 anos. e tinham que ser
energia k.T de cerca de 1 kev. As reac;óes que ocorrem nestas condic;óes siio chama- el!mmados. enguanto que as taxas de produc;iio de energia calculadas envolvendo
das de reariies termonucleares. O, ~e. Mg e outros elementos leves siio muito baixas. Mas descobriu-se que as
Foram propostos dois conjuntos de rea<;óes termonucleares como f?ntes da reac;oes envolvendo o carbono e o nitrogf:nio tinham a notável propriedade de poder
energia.' no Sol e outras estrelas- de seqüf:ncia principal. Um conjunto. as vezes ser formadas num ciclo em que os núcleos de carbono e nitrogénio nao siio utiliza-
chamado de tadf!ia próton-próton, consiste 13 • i.i. 15 nas reac;óes dos, e siro regenerados. Estes núcleos agem como catalisadores de urna ·série de
reac;óes nas quais quatro prótons sao convertidos num núcleo de hélio. cerca de 26
+
./

' Mev de energia sendo liberados. A seqüencia de reac;óes é


(H 1 H1 -, H 2 + /3+ + v +0,42 Mev) X 2,
(H 1 + + 'Y+ 5.5 Mev) X 2,
H 2 -, He 3 (20.45) c12 + Hl -, ·x'" + 'Y,
He 3 + He 3 - , He4 + 2H 1 + 12,8 Mev. . N 13 -, + 13+ + v, .
C 13
. :'..•~·,,.,:. . ;
C 13 + H 1 - , N 14 + 'Y,.
Para que a terceirá réac;iio acorra. cada urna das primeiras duaS reac;óes deve acor-
(20.48)
rer duas vezes. O efeito das reac;óes é 1
• N" + H'-, 0 15 + 'Y,
·.•'l"..'"1;, /,'.·
(20.46) º ' 5 - , ]1;15 + /3+ + v,

com urna liberac;ao total de energia de 26.7 Mev. como calculado anteriorment~~ N 15 + H' -, C 12 + He'.
quando se subtrai a energia cinética dos ne u trinos a energia é 26,2 Mev. Os pós1-
trons siio aniquiJados por elétrons livres corn. a produc;iio de raios '}'. O tempo médio de vida do hidrogf:nio no ciclo como um todo varia rapidamente
Outra cadeia próton-próton consiste nas reac;óes com a temperatura, mas está na faixa carreta para o Sol e outras estrelas de se-
qüencia principal.
H1 + H 1 - , H 2 + /3+ + v, Por alguns anos pensou-se que o ciclo C-N era responsável por quase toda a
produc;iio de energia solar - mas. por causa de dados nucleares obtidos recente-
H' + H 2 - , He 3 + 'Y, (20.47a) mente. a cadeia de prótons é hoje considerada como sendo mais importante no Sol
do que o ciclo do carbono. Pensa-se que o ciclo do carbono produz mais energia em
He + He -> Be + 'Y.
3 4 7
estrelas de seqüencia principal que sao muito mais luminosas do que o Sol e cujas
temperaturas centrais sao maiores. enquanto que a cadeia de prótons é mais impor-
+ 13- ~ Li7 + v + -Y,
Be 7
(20.47b)
tante para estrelas de seqüencia principal menos luminosas que o sol.
A aplicac;ao da física nuclear ao problema da prodw;iio de energia nas estrelas
Li + H 1 - , He 4 + He 4 •
7 depende dos dados nucleares e dos dados astrofísicos e cálculos. Estes últimos
esta.o relacionados com assuntos tais como a estrutura. distribuic;iio de temperatura.
Be 7 + H 1 - , B 8 + 'Y,
FONTES DE ENERGIA NUCLEAR 553
552 FISICA NUCLEAR
O devtério ocorre na natureza com urna abundáncia de cerca de urna parte em seis
composic;ao química e densidade. O conhecimento das reac;óes nucleares alcanc;ou mil de hidrogénio. podendo ser separado do isótopo mais leve de modo razoavel-
um estágio onde os cálculos flucleares sao provavelmente mais confiáveis do que os mente barato. Um gala.o de água contém cerca de um oitavo de grama de deuté-
cálculos astrofísicos. Se a produc;ao de energia é calculada para diferentes modelos rio, o custo de sua separa9ao senda menor que quatro centavos de dólar. mas seu
estelares e os resultados sao comparados com as observac;óes, podem ser feitas conteúdo de energia, se pudesse ser queimado como um combustível num reator
dedU<;óes sobre os aspectos astrofísicos das estrelas. algumas das atuais incertezas termonuclear. seria equivalente a cerca de 300 galües de gasolina. A quantidade
sobre modelos estelares devendo ser removidas num futuro breve. total de deutério nos oceanos é estimada em cerca de 10 17 quilos. o conteúdo de
Foram sugeridas reac;0es nucleares para estrelas que diferem grandemente do energia deste cornbustível senda de cerca de 102 º quilowatt-anos. de modo que o
Sol. É provável que existam estrelas que foram como o Sol, mas que tiveram urna uso controlado de energia termonuclear pode fornecer urna fonte de energia prati-
luminosidade e urna taxa de conversa.o de hidrogénio em hélio tao grandes que elas camente infinita com um combustível de custo negligenciável. Entretanto. existem
já exaurirnm seu suprimento de hidrogénio. Esperar-se-ia que urna estrela deste tipo alguns problemas difíceis de serem reso]vidos. e alguns destes serflo discutidos bre-
sofresse urna contra~ao gravitacional até que sua densidade e temperaturas centrais vemente.
se tornassem muito grandes (T ~ 2 x 108 ºK). As-seguintes rea9óes poderiam entao Os núcleos que interagem nos processos de fusüo sao carregados positiva-
ocorrer: mente. e portanto repelem-se um ao outro. Deve-se fazer com que eles colidam
com urna velocidade relativa suficiente para vencer a barreira de Coulomb que
He 4 + He 4 + 95 kev--> Be', tende a mante-los afastados. Pode-se mostrar que isto é possível de ocorrer quando
(20.49) as partículas que interagem tem energias de cerca de 0.1 Mev ou mais. Como a
energia liberada nas rea96es está entre 3 e 18 Mev. o ganho líquido de energia em
He'+ Be 8 --> C 12 + 7.4 Mev. qualquer processo de fusa.o é apreciável. a maior parte do ganho aparecendo nas
energias cinéticas do neutron e do próton. O problema que deve ser resolvido é o
Quando um núcleo de C 12 for produzido. ele pode sofrer urna outra rea980 (a:, y), de fazer as reai;óes ocorrerem de tal maneira que se possa obter energia útil na
dando um núcleo de 0 16 e cerca de 7 Mev. e assim por <liante. Desta maneira. as realidade. Assim. as rea96es nucleares podem ser produzidas no laboratório. acele-
rea96es de fusao entre núcleos mais pesados que o hélio podem produzir energía em rando deuterons ou trítons contra um alvo; mas este processo nao fornecerá um
algumas estrelas. ganho líquido de energia. porque a energia é perdida ionizando o material do alvo.
Para produzir um ganho líquido, o alvo deve ser ionizado antes que as rea¡,;:0es
20.9 Rea~óes termonucleares controladas. O fato de· que rea9óes de fusa.o nu- ocorram. Mas. se um feixe de déuterons incide sobre um alvo ionizado. a probabili-
clear podem liberar gr~9des quantidades de energia. co~o em estrelas, levou a pes- dade de que os déuterons sofram espalhamento elástico é muito maior do que a
quisa de meios práticoS ,para a libera98.o controlada de tal energía. As rea96es de probabilidade de fusa.o. Para alcani;ar a fusao. os núcleos de deutério (ou núcleos
cadeia próton-próton (20.45) ocorrem de maneira extremamente lenta. o que é bom de deutério e trítio) devem ser confinados de alguma maneira numa regiao onde
porque o Sol pode ter entao urna vida razoavelmente longa. Existem rea96es ter- possam sofrer muitas colisóes. suficientes para que a fusa.o eventualmente acorra.
monucleares que ocorrem muito mais rapidamente e dependem de um material · É necessário, portante, que os núcleos estejam num recipiente. movendo-se com
abundante - deutério. A separai;ao comercial do deutério (H 2 ou D) do hidrogenio energias cinéticas altas. um com respeito ao outro; em outras palavras. as partículas
permite o uso das seguintes reac;óes: devem estar num recipiente numa temperatura mu_ito alta. U ma idéia das tempera-
turas necessárias pode ser obtida a partir da Figura 20.4 que mostra as se96es de
H2 +H 2
--> H + H + 4Mev,
3 1
(20.50) choque para as rea~óes D-D e D-T como fun96es da energia do déuteron. A pro-
babilidade de fusa.o é muito pequena em energias baixas. mas cresce rapidamente a
H +H
2 2
--> He + n + 3,3 Mev,
3 (20.51) medida que a energia das partículas que interagem aumenta em torno de 100 kev. A
rela98.o E= kT implica que 1 ev de energia corresponde a urna temperatura de 1.16
H2 + H3 --> He + n + 17,6 Mev,
4 (20.52)
x 104 ºK. e 10 kev correspondem grosseiramente a 108 ºK. Conseqüentemente, as
H + He
2 3
--> He4 + H + 18,3 Mev.
1 (20.53) partículas que interagem devem estar contidas sob condi96es nas quais suas ener-
gias térmicas correspondem a temperaturas da ordem de 108 °K.
A reai;ao D- D pode ocorrer através de duas maneiras igualmente prováveis, a pri- Nas temperaturas necessárias para a fusao. os átomos esta.o inteiramente sepa-
meira das quais produz trítio (H 3 ou T). enquanto que a segunda produz He 3 • Se as rados de seus elétrons. O resultado é um gás completamente ionizado. ou plasma,
rea9óes D-D ocorrem numa c8.mara. e se os produtos permanecem na cámara, o consistindo em núcleos atómicos (déuterons, trítons, prótons etc.) e elétrons em
deutério pode reagir com o tritio, Eq. (20.52). para dar urna partícula a: e um neu- movimento aleatório rápido. Nenhuma parede de material comum pode. é claro.
tron, ou com He 3 para dar urna partícula a e um próton. O resultado líquido das conter tal plasma. No Sol. as rea96es de fusa.o de prótons sao contidas por urna
rea9óes é a queima de seis núcleos de deutério e a forma980 de dois núcleos de tremenda pressao gravitacional. Urna pressao tao grande nao é disponível em expe-
hélio. dois neutron·s e dois prótons. O balani;o de energia detalhado mostra que, dos riéncias em rea96es termonucleares controladas. mas o plasma pode ser contido
17,6 Mev de energía cinética liberados na rea,ao (20.52), 14,1 Mev sao retirados num campo magnético. O problema entao é imaginar um aparato no qua! o plasma
pelo néutron e 3,5 Mev pela partícula a: dos 18,3 Mev liberados na rea<;ao (20.53), possa ser contido por meio de um campo magnético na temperatura necessária para
14,7 Mev sao retirados pelo próton e 3.6 pela partícula a. A produ<;ao total de que ocorram as rea96es de fusa.o. Deve-se evitar que a pressao do plasma se torne
energia por déuteron queimado é de aproximadamente 7.2 Mev, dos quais os néu- muito alta. o que requer que a densidade do plasma seja baixa. na faixa de J()H a
trons retiram 2.76 Mev. 10 18 partículas/cm 3 •
A energia liberada nas rea9óes de fusao acima é muito menor que·aquela libe- Outro requisito útil para a libera<;iio controlada de energia termonuclear é que a
rada numa rea¡,;:ao de fiss8.o. mas o rendimento de energia por unidade de massa de rea<;3o seja auto-sustentada: urna vez que a temperarnra do plasma ,:lcanc;ou o
material - por exemplo. por grama - é levemente maior na fusao do que na fiss§.o.
554
F/SJGA NUCLEAR
FONTES DE ENERGIA NUCLEAR .
lQ-23
Esta rea¡;.ao pode servir a dois propósitos úteis. Num reator termonuclear quci-
mando urna mistura de deutério e tritio. os neutrons que escapam do recipiente
carregam mu ita da energia liberada. Esta enetgia pode ser convertida em calor pelo
11
ralentamento dos neutrons numa cobertura que envolve o reatar no qua! o plasma
10-24 ,está contido. Os néutr0ns lentos podem entáo ser capturados no lítio, produzindo
tritio no processo. Assim. o tritio seria recuperado e o deutério e lítio consumidos.
A cobertura pode consistir em um moderador, um refrigerante e lítio. O calor ge-
b rado pela moder8.9áo e abson;áo dos neutrons pode entáo ser transferido pelo refri-
gerante para trócadores de1 calor externos e equipamento para gerar e1etricidade.
Re~iio !).o O problema de produ zir e manter plasmas de deutério nas temperaturas reque-
ridas é extremamente difícil. o maior esfor~o no campo da pesquisa termonuclear
sendo a investig~ao do comportamento dos gases totalmente ionizados (plasmas)
em temperaturas ultra-altas. Apesar do problema de confinar um plasma e aquece-
lo a temperaturas termonucleares ainda nao ter sido resolvido. extensos programas
de pesquisa experimental e teórica estüo senda desenvolvidos. Detalhes podem ser
encontrados nas referencias gerais listadas no final do capítulo.
A discuss3.o necessariamente breve das rea~óes termonucleares indicou algu-
mas das maneiras pelas quais a física nuclear pode ser aplicada a astrofísica e fusa.o.
Outra aplica9ao interessante. que nao pode ser tratada aqui. é sobre o problema da
10-27 origem e abundáncia dos elementos.17 ·

REFERENCIAS

GERA!S

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· Proceedings of the·Second Iniernational Conference on the Peaceful Uses of neutrons liberados na fissao, além daqueles necessários para mantera fis5ao. sao absorvidos
pelo u23s?
Atomic Energy, Geneva, 1958. Geneva: United Nations, 1958. 2. QuaI é o menor valor da raza.o do número de átomos de U235 para átomos do modera•
Vol. 31. Theoretical and Experimental Aspects pf Controlled Nuclear Fusion. dor, numa inistura homogenea de uranio e grafite, para a qual urna rea9lio em cadeia com
Vol. 32. Controlled Fusion Devices. neutrons térmicos será possível num conjunto infinitamente grande?
W. P. ALLis, ed., Nuclear Fusion. New York: Van Nostrand, 1960. 3. QuaI é o menor valor da razao do número de átomos de U 235 para átomos do modera•
dor, numa mistura homogenea de U 235 e berilio, para a qual urna rea9ao em cadeia com neu.
C. LoNGMIRE, J. L. TucK, and.,v. B. THOMPSON, eds., Progress in Nuclear trons téqnicos será possível num conjunto infinitamente grande?
Energy, Series XI. Plasma Phy,ics and Thermonuclear Research, Vol.,1. London: 4. Qua! é o menor valor do número de átomos de U235 para moléculas de água. para o
Pergamon Prcss, 1959, \-- · -~- .,,1 .i ::,·.,t~ 0 ¡::- (ri:~/ -J~. ·r --.- ·.""-"
~
quaI urna reac;:ao em cadeia com neutrons térmicos será possível num sistema infinitamente
,'·Y·b~ ~-11.;,b:;_::::l S~;- '\:· ·~ ·• · graride?. ,-, \-~-·· _ ___ _ -~ _ . .

--PA~T1cuLAR- i..'LO>Ti:: nt:;,:_, "'-' ;~••" - -, . 5. Qual é o meqor valor da raza.o do número de átomos de U235 para moléculas de D2O
.-,,;(1_:)_-,-_~r~~T>. 0:1;;· ,:,~; ·
,/'.7-,;;.~r,~-: - .·;:ir~¿r\";(I-:~-¡;;__-.:_i .....· ;·· _ ,_ _ ., ,.~--·- ·: .: ... _ -., ,.
numa mistura homogenea.de U235 e D2O, para o qual urna rea9:io em cadeia com neutrons
térmicos Será possível num sistema infinitamente grande?
l. H. S. IsmN, "Catalogue of Nuclear Reactors," Proceedings of the Second 6. A área de migra91io numa mistura homogenea de uninio e moderador pode ser escrita
I nternational Conference.,on ,the Peaceful Uses of Atomic Energy, Geneva, 1958, como
op. cit. gen. ref., 8, 561 (1958).
2. A. llL WEINBERG and E. P. W1GNER, op. cit, gen. ref., p. 312. 2
L-'t
3. "Research Reactors," U.S.A.E.C. Report T.I.D. 5275. Washington, D.C.: -1 1

TT 1 + (NuUau/NMUa.v) 1

ü.S. Government Printing Offiee, 1955; New York: McGraw-Hill, 1955, Chap. l.
4. l. KAPLAN and J. CHERNICK, "Uranium-Graphitc Lattices-The Broo.khaven (
Reac~or," Paper No. 606, Proceedings of the International Conference on the onde T - a "idade" dos neutrons térmicos - é o quadrado do comprimento de ralentamento
Peaceful Uses of Atomic Energy, Geneva 1955, op. cit. gen. ref., S, 295 (1956).
' no moderador, e LM é o comprimento de difusiio térmica de neutrons no moderador. A partir
dos valores conhecidos da se9fü)_ de. choque, dos comprimentos de difusa.o e dos comprimen-
5. J. Honow1Tz, "Studies of the Ncutronics of Two French Heavy Water tos de ralentamento. calcUle a área de mig:Íac;:8.o corresp6ndente a'.solu9ao de cada um dos
Reactors," Paper No. 361, Proceedings of the International Conference on the
Peaceful Uses of .·ltomic Energy, Geneva 1955, op. cit. gen. ref., S, 256 (1956): 1 problemas 2, 3. 4 e 5. · · -· , ·. ·.:
7. Calcule a raziio de átomos de U235 para átomos do modera:dór.· necessária para fazer L
6. KouTs, PRrcE, DowNES, SHER, and ,vALSH, ¡¡Exponential ·Experiments == 1.10 em cada um dos casoS 'dÓs PrÓblemaS 2.'3. 4 e1.'i'. Ache·entao_os valores corresponden•
tes da área de migra98.o. raio critico e massa critica de um reatar esférico em cada caso.
with Slightly Enriched Uranium Rods in Ordinary ,vater," -·Paper No. 600, 8. Se n 0 é o valor da densidade de neutrons no plano central de um reator na forma de
Proceedings of the International Conference on the Peaceful Uses of Atomic Energy, chapa infinita, e ñ é o valor médio. mostre que
Geneva 1955, op. cit. gen. ref., S, 183 (1956).
558 FISICA NUCLEAR

2
ñ - no.
"
b 9. Deri;~ a equai;ao diferenc~al _para a densidade de neutrons num reator esférico com ·
p~~e no mo e o de um grupo modificado. Mostre entíl.o que a densidade de nfotrons é dada
21
n(r) = A sen 1rr/ R,
r
.,
onde Adé urna constante arbitrária. Avalie A, em termos de no, a densidade de néutrons no
centri°o a esfera. e calcule o valor da_razao ,i/11 0: fSu1,?esuio: Veja Problema 9. Capítulo 18.] A Acelerar;áo de Partículas
retang~la~~d~~~a ;~~trar que a dens1dade de neutrons num reatar que é um paralelepípedo
Carregadas
7f"X 1ry "/f"Z
n ( x1y1z ) = no cos - cos -- cos - ,
a b e
o~d~ a, be c;d~fto os lados, e o centro do reatar está em (O. O, O). Ache a raza.o da densidade de
: : :eºa~~r~:f~~fo~ra a densidade de néutrons máxima. Compare o resultado com aquele de

d Calcule do valor de Q
. 11. . para cad a rea9ao
- no c1c
· Jo carbono-h,drogemo,
• • •
e descubra a
part1f os resu Ita os, a quantidade de energia em Mev liberada na for - d · '
hélio. · · mac;:ao e um atomo de
O desenvolvimento de máquinas para a acelera¡_;ao de partículas carregadas
está muito relacionado como avan¡_;o da física nuc1ear;.sendo um exemplo da inte-
rac;ao entre a invem;ao de novas instrumentos e o progresso da ciencia física. In-
ven¡_;0es como a cámara de nuvens, o contador Geiger-Müller, o cíclotron e o sín-
crotron de prótons estenderam a faixa de fenómenos que podem ser estudados
quantitativamente, as nova~ informa¡_;0es obtidas tendo levado a novas desenvolvi-
mentos na teoria. Os avan¡_;os teóricos levaram, por sua vez. a previs6es sobre
fenómenos que caíam fara da faixa disponível de experiencias, e inspiraram melho-
ramentos em instrumentos existentes, assim como a invenc;ao de novas.
O projeto e a constru¡_;áo de aceleradores dependem fortemente da engenharia
elétrica e meé:ánica, náo senda, em si mesmos, urna parte da física nuclear. Mas os
ace1eradoreS esffi.o íntimamente ligados com a física nuclear, e·ncontrando-se sufi-
cienteqiente longe da engenharia industrial comum; de modo qut'; eles s:io vistos
usualm'ente como tima·parte da: física nuclear. O aSsunto aceleradoi-es de partículas
será, portanto, · discutido._brevemente, com o objetivo de apresentar algumas das
idéias básicas subjacentes' ao projeto de aceierad'ores, em vez de um tratamento
detalhado do projeto destes.

21.1 A máquina Cockcroft-Walton. Partículas carregadas podem ser acelera-


das aplicando-se um potencial constante entre urna fonte de partículas e um ele-
trodo apropriado. Um filamento quente pode ser usado como urna fonte de elé-
trons. enguanto que um tubo de descargas contendo hidrogenio, deutério ou hélio

t
pode fornecer prótons. deuterons ou partículas a respectivamente. Quando se usa
um tubo de descargas, as partículas podem emergir de um pequeno buraco no tubo.
A fonte de íons é colocada numa extremidade de um tubo acelerador evacuado, o
alvo ou orificio de saída para o feixe estando na outra extremidade. O problema é
UJ
~
~
. · Pro!' Verginia Reís Crispim
Chefe do Lab. de Neutrongrafl a fazer o potencial através do tubo acelerador t:io grande quanto possível. Um dos
O · em Tempo Real métodos mais simples e mais baratos de obter um potencial que possa acelerar
Ü . LNRTR I PEN / COPPE / UFRJ partículas carregadaS a energías suficientemente grandes para causar transmuta¡_;0es
nucleares foi desenvolvido por Cockcroft e Walton, 1 prótons acelerados por meio
de sua máquina tendo sido usados na primeira desintegra¡_;ao artificial induzida por
partículas aceleradas em laboratório - a rea¡_;áo Li7 (p. a)He 4 • 2

1
'
1
· A ACELERACAO DE PARTICULAS CARREGADAS 561
560 FÍSICA NUCLEAR
é necessário que as partículás carregadas usadas como projéteis sejam disponíveis
Cockcroft e Walton usaram um retificador-multiplicador de voltagem com con- em quantidades adequadas e com energia suficiente rara penetrar no nucl~o. O
densadores. baseado no princípio ilustrado na Figura 21.1. Tres condensadores. K ,, estudo quantitativo das reac;óes nucleares requer, alem d1sso, que_ as paruc~las
K 2 e K 3 • cada um de capacitáncia C, esta.o ligados em série e o condensador K 3 está sejam homogéneas na energía e que saiam da aparelhagem n~ q:1al sao produzr~as
ligado a fonte de potencial constante E. Se outros dais condensadores, X 1 e·x2 , num feixe paralelo e coro o acompanhamento de pouca radiac;ao ,?e fundo. ~I;m
esta.o conectados aos condensadores K 1 , K 2 e K 3 , primeirarnente como foi mostrado disso, deve ser possível medir acuradamente a energia das partrc~las e vana-!a
pelas linhas pontilhadas S 1, S 2 e S 3 e depois como mostrado pelas linhas cheias s;, sobre urna larga faixa. Estes requisitos podem ser encontrados, n~ fru_xa de energia
S~. s;, entao no primeiro cic!0, quando X 1 e X 2 esta.o conectados a K 2 e K 3 , o de até 10 Mev, pela cornbinai;ao de urn gerador eletrostático, ou maquma de Van de
condensador X 2 é carregado a voltagem E. Quando as chaves se movem para a Graaff e um tubo acelerador.
posi93o superior, o condensador X 2 divide sua carga com o condensador K 2 e O projeto do gerador de Van de Graaff4· 5 • 6 está baseado no principio de que,
ambos sao carregados a E/2, se eles tem capacitancias iguais. Na próxima traca de se um condutor carregado é. colocado num contato interno com um segundo condu-
chaves, os condensadores K 2 e X 1 sao conectados, ambos tomando potenciais E/4, tor oca, toda sua carga se transfere a este condutor, nao importa qua.o alto possa
en()uanto que o condensador X~ é recarregado ao potencial E. O processo pode ser
continuado e a carga transferida gradualmente a todos os condensadores até que, na
ausencia de perdas, um potencial de 3E seja desenvolvido através dos condensado- Terminal de
res K 1, K2, K 3 em série. Adicionando mais condensadores. podem ser obtidos gran- alta tens1io
Estoque de H 1 e H2
des múltiplos de urna dada voltagem constante. para fontes
de íons positivos
3E
•S'1
K1
Pontos de Fonte de
remo91io de carga· íons positivos
X1
3R K2
E ,------1---~ X2
''
Fonte + Tanque de press1io
K3 Correia
'' transportadora de carga
+
Fig. 21.1 O principio do retificador-multiplicador de voltagem com condensadores de +
Cockcroft-Walton. 1 Tubo de acelerai;1io

Apesar de o sistema descrito acima mostrar a idéia subjacente a máquina .de '"'MótOl" : 11
Cockcroft-Walton, a aparelhagem real que eles usaram era mais complicada. Urna +
voltagem alternada de um transformador era aplicada e a a<;ao de chaveamento ,, l':'~ :.,,
senda realizada pelo uso de válvulas retificadoras. Utilizando seu multiplicador de ¡: Voltagem de
voltagens em conjun<;iio com um tubo acelerador, Cockc'roft e Walton tiveram su- escape controlável
cesso em obter prótons com energias de até 800 kev no seu primeiro apareJho. +
Energias de partículas rnaiores que 1 Mev foram obtidas em formas posteriores da Plano da terra
aparelhagem.
A máquina de Cockcroft-Walton é relativamente simples; sem partes móveis;
as energias máximas que podem ser obtidas sao baixas comparadas com aquetas de
outros aceleradores. mas ela fornece correntes de íons bem grandes numa voltagem
constante. sendo muito útil para trabalhos experimentais em energias moderadas de Pontos de escape
partículas. especialmente abaixo de I Mev. Como exemplo. a reac;ao H 2(d. n)H 3. na
qual "gelo pesado" é bombardeado com cteuterons acelerados numa máquina <leste
tipo. é urna boa fonte de neutrons rápidos. porque podem ser obtidos bons rendi- Bomba de alto vácuo Alvo
mentos com energias de bombardeio tao baixas quanto 200 kev.
Novos tipos de equipamentos retificadores de alta voltagem também foram de-
senvolvidos3 por causa da utilidade permanente de máquinas de energía relativa-
mente baixa. mas simples.
Fig. 21.2 Diagrama esquemático de um gerador de Va~ de Graaff operado para acelerar íons
21.2 O gerador eletrostático ou máquina de Van de Graaff. Para aumentar a
positivos.
probabilidade de transmutac;óes nucleares e o fornecimento de nuclídeos artificiais.
562 FÍSICA NUCLEAR
,, A ACELERAQÁO DE PARTICULAS CARREGADAS

'"des". Os "des" esta.o conectados aos terminais de um oscilador de radiofreqü€:n-


563

ser o potencial <leste último. 7 Exceto pelas dificuldades de isolamento, a carga cias. de modo que um potencial alternante de alta freqüencia. de vários milhóes de
e, portanto. o potencial de um condutor oco podem ser elevados a qualquer va- ciclos ·por segundo, é aplicado entre os "des", que agem como eletrodos. Desta
lor desejado. adicionando-se cargas sucessivas a ele por contato interno. O con-
dutor deve ser apoiado de alguma maneira. e seu potencial máximo é limitado
ftquele no qua! a taxa de escape de carga através dos seus suportes ou através do ar
1
11
maneira. faz-se com que o potencial entre os "des" alterne rapidamente, alguns
milhües de vezes por segundo. e o campo elétrico na abertura é dirigido primeira-
mente para um "de" e entao para o outro. Entretanto, o espai;;o dentro de cada
circundante iguale a taxa em qu,e a carga lhe é entregue. "d€:" é urna regiáo de campo elétrico nulo por causa do efeito de blindagern elétrica
Um diagrama esquemático de um gerador de Van de Graaff operado para ace- dos "d€:s". Os "dés" silo envolvidos. mas isolados, dentro de urna caixa de metal
lerar íons positivos é mostrado na Figura 21.2. Um terminal, que consiste em um maior contendo gás a baixa pressáo. a aparelhagem toda sendo colocada entre os
número de pontos finos que se projetam de urna barra horizontal. é mantido num pólos de um forte eletroíma que fornece um campo magnético perpendicular ao
potencial positivo de cerca de 5.000 a 20.000 volts em relai;;áo aterra. Este terminal plano dos "des".
é indicado no diagrama pelos pontos de escape. Por causa do grande campo eletros- Quando um íon corn urna carga positiva q é emitido da fonte. ele é acelerado
tático no ar perto dos pontos, sao formados íons-lpositivos e negativos) e umjato de pelo campo elétrico entre os "des" em direi;;áo ao "dé" que é negativo naquele
- íons positivos é repelido a partir dos pontos. Estes íons positivos se ligam a superff- instante. Como existe um campo magnético H uniforme agindo em ángulos retos
cie de urna correia flexível feita de papel, seda. raiom ou algum material nao- corno plano dos "d€:s". o íon viaja numa trajetória de raio r1, dada por
condutor. A correia passa sobre polias. sendo a polia inferior movida por um mo-
tor. enquanto que a superior é urna polia livre. Os íons positivos sao carregados (21.1)
para cima pela correia em direi;;ao a carnada de metal que forma o terminal superior.

Outro conjunto de pontos retira a carga e a transfere para a cúpula. Os íons negati-
vos sao carregados para baixo pela correi3. e rnigram para os pontos de escape. O
processo de transferéncia de carga é repetido e o potencial da cúpula aumenta. até
que a taxa de perda de carga por escape iguale a taxa com que a carga é introdu-
zida. O escape pode ser minimizado e a voltagem máxima atingíyel pode ser aumen-
tada. _envolvendo-se a aparelhagem numa ca.mara de metal selada. e operando-se a
pressó'es até cerca de 15 atmosferas. O gás na ca.mara pode ser ar. nitrog€:nio. me-
tano ou freon.
Um tubo de descargas gasosas, que é a fonte de íons positivos usados como
projéteis, está dentro -da cúpula, os íons sendo acelerados ao longo do tubo. sobre o
alvo localizado na extremidade de baixa voltagem do tubo. Os tubos de acelera1yáo
sao geralmente feitos de sei;;óes de vidro, porcelana ou outro material isolante uni-
dos por vedai;;0es a vácuo, devendo ser suficientemente longos para evitar a possibi-
lidade de urna faísca ou outra descarga que passe de urna ponta a outra quando o
potencial é aplicado.
Na primeira máquina de Van de Graaff. a voltagem máxima atingida foi 1.5
Mev. Em máquinas posteriores,ª· 8 • 9 esta voltagem foi aumentada para 5 Mev. e as Para bomba de vácuo
máquinas mais recentes devem alcani;;ar energías ainda maiores, possivelmente 20
Mev .45 Estas máquinas sáo boas fontes de partículas carregadas, em voltagens que
podem ser man ti das constantes dentro de cerca de O, J%. Feixes de prótons a partir
destas máquinas tém sido usados para estudar o espalhimento próton-próton, para
estudar reai;;óes nucleares, para fazer novos nuclídeos e para produzir feixes Ce
néutrons monoenergéticos. O gerador de Van de Graaff também pode ser usado
para acelerar elétrons. 10 •

21.3 O cíclotron. Os métodos discutidos até aquí para obter partículas carre-
gadas energéticas dependem do uso direto de altas voltagens e sáo sujeitos a certas
limita96es práticas. Os.problemas experimentais aumentam rapidamente como au-
mento da voltagem, porque existem dificuldades de isolamento e descargas de co-
rona. Lawrence e Livingston 11 desenvolveram um método que evita estas dificulda-
des por meio de acelerai;;0es múltiplas de íons a altas velocidades. sern o uso de Para oscilador
voltagem alta. Seu primeiro instrumento foi a primeira versáo do acelerador por de radiofreqüi:ncia
ressonáncia magnética, ou cíc/otron, que é o mais famoso de todos os acelerado- ··-- ·----- . ·"
.._¿__- ca.mara de vácuo
res. 12. 1a. 14 na forma de disco
O cíclotron consiste em duas caixas de metal planas. semicirculares. chamadas

i
de "d€:s" ou D por causa de sua forma. Estas c§.maras ocas tem suas faces diame-
trais paralelas e levemente separadas urna da mitra. como ~ mostrado na Figura Fig. 21.3 A cámara de acelerac;:üo num cíclotron.
21.3. Urna fonte de íons está localizada perto do ponto central da abertura entre os

lo
A ACELERACAO DE ?ARTICULAS CARREGADAS 565
564 FISICA NUCLEAR
las pode ser calculada. . . .
onde m é a massa do ion. H é a intensidade do campo magnético e v, é a velocidade O valor da intensidade de campo magnético nao pode ser escolh1do arb1trana-
do íon. Enguanto o íon está dentro do "dé". sua velocidade permanece constante, mente, mas depende da freqüéncia da voltagem aplicada aos "dés" e deve ~er es~o-
mas após descrever um semicírculo através do ·'dé", o íon alcan9a a abertura. on_de lhido para dar ressonancia. Para a ressonancia, o tempo to~a~o por um 10n. via-
ele é novamente sujeito a 3.9,io da diferem;a de potencial aplicada. Mas, no tempo jando com urna velocidade angular w, para descrever um sem1c1T~ul~ dentro de um
necessário para que o íon complete o semicírculo, o campo se. inverteu, de modo dos "dés", deve ser igual a rnetade do período de tempo T de oscila9ao da voltagem
que é dirigido em dire9áo ao segundo "dé", o íon é acelerado novamente a medida
de alta freqüéncia aplicada; isto. é,
que atravessa a abertura entre os "dés", e entra no segundo "dé" com urna veloci-
dade V2 aumentada. Ele entao move-se num semicírculo de raio r 2 , maior dentro do 1í T
segundo "dé,., para emergir novamente na abertura. -=-,
w 2
A velocidade angular do íon é
e a freqüéncia n é
w=-"-H!l_-, (21.2)
r m
(21. 7)
onde v é a velocidade do íon num semicírculo de raio r. ve-se ent:io que a veloci-
dade angular é independente da velocidade do ion e do raio do círculo em que ele Para íons com um dado valor de q/m, o campo magnético necessário para obter
viaja, dependendo semente da intensidade do campo magnético e da raza.o carga- ressonancia para qualquer freqüéncia dada da voltagem aplicada é fomeci~~ pela
massa (q/m) do íon. Entretanto, se o campo elétrico se inverte em intervalos regula- Eq. (21.7). Quanto mais alta a freqüéncia, mais forte deve ser o campo ma_gnet1co, e,
res, cada um igual ao tempo necessário para que o íon f3.9a meia revolu¡;ao. o portanto, a partir da Eq. (21.6), maior será a voltagem equivalente atraves da q~al
campo na abertura é sempre na direi;ao carreta para acelerar um íon cada vez que a os íons tenia sido acelerados em qualquer raio dado. Com urna voltagem de radJO-
abertura é cruzada. Em outras palavras, se a freqüencia de oscil~ao é ajustada freqüéncia de 107 ciclos/s, o campo magnético deve ser de cerca de 6:50<_> gau~s para
para as propriedades de um dado íon e a urna intensidade de campo magnético. as prótons e de 13.000 gauss para deuterons. Quando estes valores sao msend_os na
partículas carregadas sempre se mantCm em fase com as mudan¡;as do potencial Eq. (21.6), e se tqmamos o raio igual a 30 cm, os valores resultantes de V sao_ 1,~
elétrico entre os '"df:s". Cada vez que os íons cruzam a abertura, eles recebem urna milháo de volts para prótons e 3,6 milhóes de volts para deuterons. Se o raio e
acelera9ao adiciohal, com o resultado de que a energia dos íons aumenta constan- dobrado, a voltagem equivalente através da qual os íons sao acelerados é elevada
temente e os íons de.Screvem urna espiral plana de raio crescente. Eventualmente, por um fator de quatro. ·
os íon~ alcan9am a Periferia do .. dé", onde eles podem ser trazidos para fora da A voltagem aplicada aos "dés" náo apar~~e na E~. (21.6), de. modo, 'lue a
ca.mara ·por meio de urna placa defletora carregada a um potencial negativo alto. A energía que urna partícula carregada pode adqumr num c1clo..tron particular e md~-
for9a atrativa agindo sobre os íons positivos desvía-os de suas trajetórias espirais, pendente desta voltagem. Quando a voltagem é pequena, o 10n faz um gr~nde nu-
podendo eles serem usados para bombardear um alvo colocado apropriadamente. mero de voltas antes de alcan9ar a periferia; quando a voltagem é aJta, o numero de
As energías dos íons produzidos por um cíclotron podem ser calculadas a partir voltas é pequeno. É esta propriedade do cíclotron que tor~i_ou possível acelerar par-
da equa9ao para o· movimento de um íon num Campo magnético, tículas carregadiis a ene'rgias relativamente altas por me10 de pequenas voltagens
··L aplicadas. . ,~ _., · · t
· mv 2
Hqv= R' (21.3) Os cíclotrons comumente sao descritos em termos do dtametro_ ~as faces. dos
pólos do magneto,. A primeira máquina construída por Lawrence e Ltvmgston tmha
um magneto corrí faces dos pólos de 11 poi. de diametro e produziu próto1~_s de 1,2
onde R é o raio em que-~, partículas deixam a máquina, H, e q sendo expressos em Mev. Um cíclotron de 60 poi. pode produzir prótons de cerca ~e 10 Mev, ~euterm1s
unidades eletromagnéticas. Depois que um íon foi acelerado, sua energia é dada por de cerca de 20 Mev e partículas a de cerca de 40 Mev .1s Os ~e1xes de part1~ulas sao
fortes, mas a voltagem nao é nem constarite, nem táo umforme, como e para o
qV = ½mv 2, (21.4) gerador Van de Graaff. O cíclotron é um inst~um~nto po~eroso para estudos reque-
rendo partículas de alta energia, mas onde nao e essenct~l s~ber o va!or exato da
onde V é a diferen~a de potencial equivalente (também em emu) através do qua! o energía. O uso de partículas de um cíclotron para produztr fe1xe~ d~ neutrons para
íon foi acelerado. Quando v é eliminado da Eq. (21.4), inserindo-se seu valor a experiéncias com um espectrómero de neutrons de tempo de voo e um ~xcelente
partir da Eq. (21.3), o resultado é exemplo da maneira pela qual um cíclotron pode ser empregado. As _Parttculas de
alta energía podem, é claro, ser usadas diretamente no estudo de rea9oes nucleares
V = !2 H 2 R 2 .!l ·
m (21.5) e na produ9ao de radionuclídeos. .
A Figura 21.4(a) é urna fotografía do cíclotron no Massachusetts Inst1tute of
Technology, e a Figura 21.4(b) mostra os "dés" removidos da abertura_ entre os
Se q está em esu e V em volts, entao
pólos do eletroíma; a cobertura da ca.mara de vácuo exterior fo1 removida _nesta
fotografía. A barra na abertura entre os .. dés" suporta a fonte de ío!1s. Par!1culas
V = l H 2 R 2 ..'L = H 2 R 2 !l_ (16,7 X 10-20 ) (21.6) aceleradas podem ser trazidas para fora da ca.mara através de urna Janela fma. no
2Xl0 8 me m ' tubo curto, embaixo a direita. Nesta máquina. R é 48 cm, H é 1,8 x 104 gauss e
podem ser obtidos déuterons de 18 Mev. , _
já que e é a velocidade da luz. O valor de q/m para um próton é 2,87 x 10" esu/g e, As energías nas quais as partículas podem ser aceleradas num c1clotron sao
como H e r sao conhecidos a partir do desenho. a voltagem equivalente das partícu-
ººº FISJCA NUCLEAR
A ACELERACAO DE PARTICULAS CARREGAOAS 567
limita~as pelo aumento rela'tivístico da massa com a velocidade. A massa é dada
pela formula

mo
m = -v'---;l;=~(v:::;2=;¡c:::;2:;:)

onde m 0 é a massa de repouso. De acordo coma Eq. (21.2). a velocidade angular


dos íons torna-se

w=H-
mo ºR2 1--,
c2 (21.8)

e decresce a medida que a velocidade aumenta. A freqüéncia da rotac;ao de íons


entao decresce; os íons Jevarn mais tempo para descrever suas trajetórias semicircu-
lares. do que o período fixado do campo elétrico oscilante. chegando muito tarde na
abertura entre os "dés". Conseqüentemente, eles saern de fase em relac;ao a volta-
gem aplicada aos "dés··. até que finalmente nao sao mais acelerados. As velocida-
des dos íons em que o aumento relativístíco de massa conduz a este efeito repre-
senta urna dimensao e energia limitantes para o cíclotron. Se a energia limitante é
tomada como sendo cerca de um por cento da massa de repouso. os limites para as
diferentes partículas sao mostrados na tabela abaixo. Pica claro. a partir destes
valores. que um cíclotron opera com sucesso somente com partículas relativamente
pesadas. e nao pode ser usado para acelerar elétrons. Esta dificuldade nao surge no
gerador V~n de Graaff. que pode ser uSado com elétrons.

1% da massa de Raio em cm, para


repouso, Mev H = 10.000 gauss

.,J elétrons 0,005 0,02


J prótons 10 40

l
;.¡ deuterons 20 80
partículas a 40 80
i

21.4 O cíclotron de freqüéncia modulada ou sincrocíclotron. A perda de resso-


n
' nancia causada pelo aumento relativístico na massa pode, em princípio. ser balan-
e ceada de duas maneiras. como pode ser visto considerando-se a condi~ao de resso-
ná nancia·. Eq. (21.7). Aqueta rela<;ao pode ser escrita como

n = H ..'L ✓l v2. (21.9)


21r mo c2

De Deve ser possível compensar o decréscimo na freqüéncia dos íons. ou aumentando


(b) a intensidade de campo H numa taxa tal que o produto Hv'l -(v 2 /c 2J permanece
Fig. 21.4 O cíclotron no M constante. ou decrescendo gradualmente a freqüéncía n do campo elétrico aplicado.
assachusetts Institute of T h Pensou-se durante alguns anos que as dificuldades experimentais envolvidas na
ec nology.
aplica~ao <lestes métodos os tornariam impraticáveis. Mas foi mostrado teorica-
me mente por Veksler 17 e McMillan 18 que estes métodos podiam ser aplicados com
suc sucesso. esta possibilidade dependendo de urna propriedade chamada de estabili-
cladrJ dade de fas(', possuída por certas órbitas num cíclotron.
A estabilidade de fase inerente a um cíclotron de freqüencia variável pode ser
disc~ discutida, descrevendo qualitativamente o movimento das .partículas carregadas.

;J
A ACELERACAO DE ?ARTICULAS CARREGADAS 569
566 FÍSICA NUCLEAR
ciclos por segundo. O pesó do ímfi é de cerca de 4.000 ton, as energias, ~itadas
Suponha que um íon se move numa trajetória circular num campo magnético uni- foram obtidas com urna voltagem do "de" de 15 Kv e um campo magneuco d~
forme, e em cada revolw;;ao cruza a abertura entre os eletrodos aceleradores. aos 15.000 gauss no centro da abertura. Um diagrama da máquina de Berkeley esta
quais é aplicado um campo elétrico oscilante coro urna freqüencia identica a fre- mostrado na Figura 21.6. Existe somente um "de" e o potencial oscilante é apli-
qüencia de rotai;ao do íon. Nestas condii;óes existem certas órbitas "'estacionárias" cado entre ele e urna conexa.o a terra. Urna trajetória do íon mostrada distorcida, 1

ou estáveis nas quais o íon pode-se mover. Considere primeiramente os íons que para indicar somente algumas voltas: na prática, os íons fazem cerca de 50.0~Q i

cruza~ a abertura em instantes de tempo onde o campo elétrico oscilante está pas- revolm;óes. O feixe de íons pode ser removido com a ajuda de defletores eletrosta-
sando Justamente pelo valor zero. Diz-se entao que os íons tem fase zero. tal condi- ticos e magnéticos. .
9áo e~tando_indi:ada pelos pontos O, 27T, 41r, e assim por <liante, na Figura 21.5; O processo d~ espalhamento20 foi descoberto e investigado bombardeando-se
estes mns nao vao nem perder nem ganhar energia. continuando a girar numa fre- alvos de vários elementos coro partículas desta máquina. a fissao do bismuto e de
qüencia constante e na mesma órbita. elementos vizinhos tendo sido observada com deuterons de 190 Mev. Tambérn
Um íon que cruza a abertura num instante anterior tal como t 1 tem lima fase foram produzidos _mésons como resultado do bombardeio de carbono por partículas
a de 390 Mev ou prótons de 345 Mev. Mésons sao partículas fundamentais que
posi!.i~a;. ele vai ga~har ~e~oc_ida_de e energia, já que- a voltagem é positiva e sua
frequenc1a de rota<;ao va1 d1mmmr de acordo coma Eq. (21.8). O íon vai levar um estáo relacionadas com as for<;as nucleares, e a investigai;áo de rea<_;óes nucleares
que produzem mésons, ou sao induzidas por mésons, é uro dos problemas princi-

Fase

Fig. 21.S Estabilidade de fas;~um acelerador magnético cíclico.

tempo ligeiram_ente maior..para retornar a abertura, como indicado pelos pontos t 2 e


t3 em acelera<;oes subsequentes, quando a voltagem através da abertura for menor.
Fonte ~
Eventual_mente, a partícula vai cruzar a abertura coro fase zero, mas como excesso de íons \ , ~.. , 1 · 1 1
de energ1a 9ue ela_ recebeu, co~tinuando o deslocamento de _fase na parte desacele-
~<~/) ¡,/

i'
radora do ciclo, quando· a voltagem é negativa. Entiio, a partícula perde energía e
velocidade, sua freqüéncia aumenta e ela volta a fase zero. Houve urna oscilai;áo de ~~----' ,' \
fase em tomo da fase de equilíbrio 9 = O, e o íon oscilou em tomo de urna órbita Defletor Defl t r
"estacionária:'' ou de equilíbrio. · 1 ·----~
. Veksler_~ ~cMillan indicaram que, aumentando o campo magnético ou redu- _ tático _ _ _ _
,_el_e_tro_s- ~ético
~mdo a frequenc1a da voltagem dos .. des", ou ambos, pode-se fazer as órbitas dos
1ons expandir e aumentar a energia. Se a variai;áo é feita de modO suficientemente
e de
lento, a estabilidade de fase é preservada durante a acelera<;áo e os Hmites do cíclo- emergente
tron comum podem ser ultrapassados. As partículas podem ser acereradas,
manteado-se fix~ a treq~encia do c~mpo elétrico e variando-se o campo magnético;
oeste caso, a maquma e chamada de síncrotron. Prótons, deuterons e partículas a Fig. 21.6 Diagrama esquemático do cíclotron de freqüencia modulada de IS4 poi. na Universi-
po~em ser acel:~ad~s a al~s energ}as, manteado-se o campo magnético constante e dade da Ca!ifómia.
vanando a frequenc1a do campo eletrico; oeste caso. a máquina é chamada ·de cíclo-
tron de freqüéncia modulada (FM) ou sincrocíclotron. 14 O nome síncrotron foi su-
gerido por McMillan, porque o comportamento da máquina é similar em alguns pais da física nuclear. Antes do desenvolvimento dos grandes ac~lerador~s, dos
aspectos ao de uro motor síncrono. quais o cíclotron de 184 poi. foi o primeiro exemplo, estas reai;oes pod1am ser
. O primeiro cíclotron FM foi a máquina de 184 poi. na Universidade da Califór- estudadas semente em raios cósmicos, onde eles sao relativamente raros. mas agora
ma em Berkeley, 18 ' 19 que produziu deuterons de 200 Mev e partículas a de 400 podem ser conseguidos a vontade e em grande número coro a ajuda de grandes
Mev. Para es_tas partículas, a freqüencia foi modulada de 11,5 milhóes de ciclos por aceleradores.
~egundo, no mstante da inje9ao, até 9,8 milhóes de ciclos por segundo, quando os Já foram construídos muitos sincrocíclotrons nos Estados Unidos e na Europa.
1ons alcan9aram a periferia do "de". Prótons coro energias de cerca de 350 Mev a fim de estudar a natureza e a constitui98.o do núcleo atómico. muitos resultados
foram obtidos com um oscilador de freqüéncia modulada de ·23 a 15,6 milhóes de
A ACELERACAO DE PARTICULAS CARREGADAS 571
570 FÍSICA NUCLEAR

interessantes e importantes já tendo sido obtidos. Descobriu-se, por exemplo. que


mésons µ que tém urna massa de repouso próxima a 200 massas eletrónicas podem
ser usados para estudar a estrutura do núcleo. 21 • 22 Mostrou-se que feixes destas
partículas do sincrocíclotron de 164 poi. da Universidade de Colúmbia interagern
com núcleos. de urna maneira que é sensível a distribui~ao de carga nuclear. Expe-
riencias indicam que a carga nuclear é distribuída numa esfera uniforme de raio 1,2
x 10- 13 A 113 cm. um valor que parece diferir significativamente dos valores anterio-
res. 23 Resultados como estes esta.o levando a um exame mais próximo da distribui-
1;8.o de partículas no núcleo. assim corno de outras propriedades nucleares (veja
Se,ao 17.4).

21.5 A acelera~üo de elétrons. O bétatron ou o síncrotron de elétrons. A énfase


até agora neste capítulo foi sobre a acelerayao de partículas positivamente carrega-
, das. por causa de sua importancia em reac;Oes nucleares. Feixes de elétrons energé- Para a
d.mara de vácuo Canh3.o de elétrons
ticos também sao necessários para vários fins. dos quais o mais importante é a
produ<;iio de raios X de energia muito alta. Estes raios X podem ser usados para
produzir rea¡;Oes nucleares. tais como rea<;óes (y. n). (y, p). (y. 2n) e (y. np). ou
como radia¡;óes altamente penetrantes para o estudo das propriedades de sólidos.
Os elétrons energéticos também podem ser usados diretamente.
O multiplicador de voltagens (Cockcroft-Walton) e o gerador eletrostático de
Van de Graaff podem ambos ser usados para acelerar elétrons. mas as energias
esta.o limitadas a alguns milhOes de elétrons-volts. O cíclotron comum nao pode ser
usado com elétrons por causa do grande aumento relativístico de massa em energias
baixas:_um elétron com urna energia de 1 Mev tem urna velocidade maior que nove
décimos da velocidade da luz, e sua massa é cerca de 2.5 vezes a massa de repouso.
Mencionou-se que _e_ste efeito relativístico pode ser vencido. variando-se o campo
magnético. o projetO-do síncrotron de elétrons estando baseado nesta idéia. Mas
antes {]ue aquel e instrumento seja discutido. é conveniente considerar urn outro
acelerador de elétrons, o bétatron, no qual a indu<;iio magnética é usada para acele-
rar os elétrons. 24 • 14 ca.mara de vácuo
na forma de anel
A a¡;§.o do bétatron depende do mesmo principio que o do transformador. no
qua] urna corrente alternada aplicada a um enrolamento primário induz urna cor-
rente similar em enrolamentos secundários. A corrente primária produz um campo Fig. 21.7 A ca.mara aceleradora num bétatron.
magnético oscilante que, por sua vez, induz urn potencial oscilante no enrolamento
secundário. O bétat_ron é um transformador no qua! urna nuvem de elétrons, locali-
zada dentro de umá-célmara de vácuo na forma de um anel. toma o lugar do enrola- d · ed<f?
mento secundário. A célmara é colocada entre os pólos de um eletroíma. energizado - (mv)
dt
= eE = -21rR -dt · (21.J 1)
por urna corrente alternante pulsada. e o írna produz urrl forte campo no espac;o J
central. ou buraco do anel. Os elétrons movem-se numa órbita circular de raio Para mantero ~ovimento numa órbita circular de raio constante R. o campo mag-
constante dentro da célmara de vácuo. como mostrado na Figura 21.7 e ganham nético H na órbita deve aumentar a medida que a energia do elétron aumenta. O
energia por induc;ao. por causa da variac;ao com o tempo do fluxo magnético tf:l momento do elétron no campo é dado pela rela98.o familiar
concatenado com a órbita.
Para que este método funcione. o campo acelerador induzido deve ter exata- mv 2
mente a intensidade carreta na órbita estável. a fim de assegurar que os elétrons Hev= R'
permane9am naquela órbita· quando o campo magnético aumenta; isto é. o fluxo
concatenado daquela órbita deve ter a magnitude cerreta. A relac;ao requerida entre ou
o fluxo concate'nado e o campo magnético pode ser dedtizida sem grande trabalho. mv = eRH,
A voltagem induzida por volta é dct>/dt, como para um transformador. e o campo
elétrico (voltagem por unidade de comprimento) é dado por tal que
d dH
l dé? - (mv)
dt
= eR - ·
dt
(21.12)
E=----, (2 J. JO)
21rR dt
A acelera9ao por indu98.o magnética num raio constante é obtida quando a taxa d~
onde R é o raio da órbita estável. A for¡;a sobre o elétron é eE e a lei de movimento mudan<;a temporal do momento. provocada pela mudanya no fluxo concatenado. e
para o elétron é
1

j
573

n
i
572 FISICA NUCLEAR A ACELERAQAO DE PARTICULAS CARREGADAS
!
'
. . . ue é maior do que 0,9999 qu~ a
' lt Os elétrons de 100 Mev·tem urna veloc1dade q Elétrons com energ1as
~~ 1 ~~ e sua massa é cerca de 2_00 vezes a ~ass.a de repo~~i~-ois. 26, 27
d is de 300 Mev foram obttdos na Umvers1dade de, - , necessário para forne-
e m~ bétatron tem a desvantagem d_e que um grande ima ~étrico de radiofreqüen-
cer o fluxo variável que acelera ohs edletr~m~. S~ ume~~~~~ e A radiofreqüencia teria
1 do o taman o o tma se a r . {'assem em
cia pudesse ser usa . f .. encía do elétron e se os elétrons come'-' , d

1
~~:r:f:s t:~~!~~ :u~a~,:e:!ªd~:rii!é~~~~;:l~~ucee:i~ reu~tu::~i~ ~~~:cid~~
limites práticos. Entr~tanto, eletro 1 'dade da luz. Além desta energ1a, a v7Ioc1- I¡
des um pouco menores qll:~~ a _ve oc1 volÚ ao ·mudam muito pouco e a rad1ofr~- 1

dade do elétron e sua frequen~ia de ;e con;tante. A medida que a energia do ele- 1:

1 qüencia pode pennaJecer pr~tca~:~ ~antidos numa órbita estável, senda aumen- ,,'
\ tron aumenta, os eletrons po em 'feo proporcionalmente ao aumento na. massa do 1,
tada a intensidade do ca~po magne I 'ndependentemente, que o mov1mento do
elétron. Veksler e ~cMillan mos~~~:ad~ de fase e a teoría é si~ilar 8.q~~la p3:ra
Fig. 21.8 O ciclo de acelera9ao num bétatron. elétron tero a propnedad~.de est o cíclotron FM. Como náo e necessan~ satis·
partículas carregadas P_Os1.t1vament~ n - na forma de anel pode ser usado. O ~nstru-
fazer a condi~8.o do be~at,i:on, _um t~a t n de elétrons. cujo diagrama esta mos-
a mesma que a dada pela mudam;a no campo magnético. Em outras palavras. as mento baseado nestas tdetas e o smcro ro
expressoes do lado direito das Eqs. (21.11) e (21.12) devem ser iguais, com o resul- tracto na Figura 21.9. em velocidades suficientemente altas, de
tado de que Os elétrons podem ser injetados

2dH d 2
2,rR --¡¡¡ = 2 dt (1rR H). (2 l. 13)

A Eq. (21.13) é condi,áo do bétatron, que estabelece que em qualquer inter-


valo de tempo o fluxo concatenado <f> deve mudar numa taxa que é o dobro da que
deveria ocorrer se o campo magnético central fosse uniforme e igual ao campo na imana forma
órbita. Esta condi~áo vale tanto para energias relativísticas assim como na faixa de de anel
de ferro laminado
energia náo-relativística, porque a lei de for9a escrita nas Eqs. (21.11) e (21.12)
satisfaz as condi96es da relatividade especial (Se9iio 6.6). A condi9áo do bétatron
torna necessário ter um núcleo central.. de ferro coro urna alta densidade de fluxo
dentro da órbita. Como o potencial induzido é determinado pela laxa de mudan9a
do fluxo, o núcleo de ferro é laminado como num transformador, senda usada cor-
rente alternada em 60 ou 180 ciclos, a fim de produzir o campo magnético variável.
Os elétrons sáo injetados dentro da ctimara a partir de um .. canhao" no qual os
Canháo
termoelétrons de um catado quente sao acelerados e focados por um potencial de Para a de elétrons
alguns milhares de volts. Os elétrons sáo injetados num instante, quando o campo bomba de vácuo
magnético está justamente aumentando a partir de seu valor zero no primeiro
quarto de ciclo, como mostrado na Figura 21.8. O campo magnético crescente
induz um potencial dentro do anel que aumenta a energia dos elétrons. Como eles
estilo viajando num campo magnético, os elétrons movem-se numa trajetória circu-
lar e o campo magnético crescente os mantém nunia órbita estável. Quando a inten-
sidade de campo passa por seu valor máximo e come¡_;a a decrescer. a dire¡_;áo da
for¡_;a eletromagnética induzida é mudada e os elétrons come¡_;am a ser ralentados.
Este efeito é evitado. removendo os elétrons de sua órbita quando a intensidade de
campo magnético tem seu valor máximo. Um pulso de corrente é enviado através
de um enrolamento auxiliar e muda o campo magnético; os elétrons sáo tirados para
fora de sua órbita estável e/ou atingem uro alvo, produzindo raios X, ou emergem
do aparato.
O bétatron no General Electric Research Laboratories25 produz elétrons de 100
Mev. O diametro da face do pólo é de 76 poi. e o da órbita estável é de 66 poi. O Cámara de vácuo
íma pesa 130 ton e o campo magnético máximo na órbita é de 4.000 gauss. Os na forma de anel
elétrons sao injetados em energias de 30-70 kev; eles viajam através do anel cerca
de 250.000 vezes entre a inje9ao e a remo¡_;ao, ganhando 400 ev de energia a cada a.mara de acelerac;ao num síncrotron.
Fig, 21.9 A C
A ACELERAQAD DE PARTÍCULAS CARREGADAS 575

574 FISJCA NUCLEAR

forma que a órbita do raio. apesar de náo ser constante. náo aumenta grandemente.
Entretanto. na prática rnostrou-se ser mais satisfatório acelerar os elétrons até I ou
2 Mev pela ac;ao do bétatron, com a ajuda de barras de fluxo localizadas dentro tja
órbita. Estas barras sáo feitas de metal de alta permeabilidade e mio tem que ser
grandes: elas "curto-circuitam" o campo magnético em indu\;óes baixas, mas se
tomam saturadas em induc;óes altas. a transic;áo da ac;ao do bétatron para a ac;áo do
síncrotron podendo ser feita suavemente.
Cerca de 20 síncrotrons de elétrons ou já foram construídos, ou estáo em cons-
truc;ao.28 tendo sido ot:;,tidos elétrons com energias maiores que 300 Mev. A ll)á-
quina no Massachusetts Institute of Technology tem um ímá de 50 ton e urna radio-
freqüencia de 46,5 megaciclos. O raio da órbita é 40 poi. Os elétrons sáo injetados
com 80 kev. acelerados a 7 Mev pela a¡_;áo de um bétatron, e finalmente alcan¡_;am
energías de 330 Mev.
A limita¡_;áo das energias as quais os elétrons podem ser acelerados num béta-
tron ou num síncrotron é estabelecida por perdas por radiac;áo. Um elétron perde
energia por radiac;ao quando é acelerado e a taxa aumenta coma quarta potencia da
energia. A energia máxima é alcanc;ada quando a energia perdida, por revoluc;ao.
por radiac;élo é igual a máxima acelera¡_;áo prática por revolu¡_;ao. Pensa-se que a
máxima energia do elétron que pode ser alcan¡_;ada em condi96es práticas é de cerca
de 1.000 Mev ou 1 Bev.

21.6 O síncrotron de prótons. Até 1959, as maiores energias nas quais partícu-
las carregadas receberam acelera¡_;áo foram atingidas em sincrotrons de prótons. Em
1952. prótons foram acelerados a 3 Bev no Cosmotron no BrookhavCn National
Laboraiory; em 1954, foram obtidos prótons de 6 Bev no Bevatron do Radiation
Laboratory da Univei;sidade da Califómia; em 1957, foram alcan,adas energías de
IO Bev num síncrotro'n"de prótons russo em Dubna. Os prótons podem ser acelera-
dos a e·stas energías altas, sem perderem quantidades apreciáveis de energía por e
radia¡_;áo, porque a perda de energia é proporcional a quarta potencia da razáo da g
energia total e a energía de repouso. A massa de repouso de um próton é cerca de ¡¡
2.000 vezes maior que a de um elétron, de forma que um próton teria que ter urna "o
u
energia de 10 Bev, para perder tanta energia por radia¡_;ao quanto· um elétron de 5 o
Mev, a perda desta energia por um elétron nao senda importante. Portan to, a acele-
rac;áo de,prótons náo será limitada por perdas por radiac;áo, até que energias muito
maiores que 10 Bev sejam aJCanc;adas. ·
Os principios nos quais um síncrotron de prótons é projetado e operado sáo
basicamente os mesmos que aqueles do síncrotron de elét~ons. 14 • 29 • 30 Os prótons ·
giram numa órbita de raio constante numa ca.mara de vácuo na forma de anel. Um
ím:i na forma de anel produz um campo magnético normal a ca.mara. Os prótons
náo alcan,am a velocidade de 0,98 e (a velocidade de um elétron de 2 Mev), até que
sua energía seja 4 Bev. de forma que a freqüéncia de rotac;ao para prótons- Ouma
órbita de raio constante aumenta de um fator grande durante a acelera<;ao. A fre-
qüéncia do campo elétrico aplicado também deve crescer de um grande fator. senda
esta a única diferenc;a real, afora o tamanho. entre os síncrotrons de prótons e
de elétrons. Os prótons, em energia baixa, sao injetados em pulsos periódicos na
órbita do síncrotron. Eles sao acelerados por um campo magnético oscilante, em
ressonancia com ·'O movimento dos íons, enguanto o campo magnético aumenta até
seu máximo. O princípio de estabilidade de fase pode ser utilizado e. se a freqüén-
cia aplicada é carreta, os íons, quando cruzam a abertura aceleradora. oscilam em
fase em tomo de urna fase de equilíbrio que fornece a acelerac;ao média apropriada
para manter o raio da órbita constante. O íma é excitado periodicamente e os pró-
tons sáo acelerados durante o tempo em que o campo magnético está aumentando.
Qu~ndo eles alcanc;am a máxima energia. a freqüéncia é distorcida. de modo que a
órbita se expande ou se contrai e os prótons atingem um alvo ou um dispositivo de
eje<;iio na periferia. ·

.l
576 FÍSICA NUCLEAR A ACELERAQAO DE PARTÍCULAS CARREGADAS sn
Acelerador de
Van de Graff urna freqü6ncia aplicada que está em ressonáncia com o movimento das partículas.
Na sua_ forma mais antiga, que ilustra os principios <leste tipo de máquina. o acele-
288 blocas de ímiis
rador lmear consistia em urn conjunto de eletrodos cilíndricos. de comprimento
crescente, arranjados como mostrado na Figura 21.12. Cilindros alternados, envol-
vidos numa ca.mara de vácuo de ·vidro, estao conectados juntos, os cilindros ímpa-
res sendo ligados a um terminal e os pares ao segundo terminal de urna fonte de
potencia de alta freqüencia. Íons de um tubo de descarga numa extremidade
-movem-se ao longo do eixo dos tubos e sáo acelerados quando cruzam as abertu-
ras entre os tubos; eles nao sao acelerados dentro dos tubos porque lá o potencial é
constante. Suponha que os íons sáo positivamente carregados e se movem da es-
querda para a direita, como no diagrama. Se o primeiro cilindro é positivo e o
segundo negativo. oS íons sao acelerados e viajam através do segundo cilindro
numa velocidade que é constante. mas maior que a velocidade no primeiro cilindro.
O segundo cilindro é suficientemente longo para que, quando os íons alcan-
cem a abertura entre o segundo e terceiro cilindros, os potenciais sejam invertidos.
O segundo cilindro agora é positivo e o terceíro negativo, de forma que os íons ~a.o
novamente acelerados. desta vez na abertura entre o segundo e terceiro cilindros.
Os íons podem ser mantidos em fase coro as inversóes de potencial. fazendo-se
cilindros sucessivos mais longos, a fim de permitir acrescente velocidade dos íons,
com o resultado de que os íons ganharn energia adicional cada vez que passarn de
urn cilindro ao seguinte.
Os prirneiros aceleradores lineares 36 podiam ser usados somente para íons pe-
sados, que se moviarn lentamente, como os íons de mercúrio, porque os osciladores
Bombas de difusa.o e disponíveis nao tinham freqüencias suficientemente altas. O desenvolvimento in-
Eletrodos meciinicas~ de. 20" de di3metro tensivo de métodos de alta freqüencia no campo do ·radar durante anos recentes
de capt~a.9 de sinais
tornou possível o projeto de aceleradores lineares com os quais prótons e mesmo
elétrons podem ser acelerados a energías de até várias centenas de Mev. 37 • 38 • 39
Fig. ll.ll DiagraIJl~ esquemático do Cosmotron. Estas máquinas tem tanto vantagens como desvantagens. comparadas com máqui-
nas circulares. Pode ser usado um íma menor do que é necessário para urna má-
O Cosmotton de Brookhaven te~ u
1
f , b"t d
~~~ :a~s~.~._i~egr~t"c~:cimd~-~OO :u~:_: _:med~=~pdoe
de cerca de 8 ,s 'º ' ,
.
,!~;::tfc:m;~::~~
_iame ro max1mo e 75 pes, e um anel de metal
·

con t 'd -.~ ..por 8 pe~ de se9ao de choque, e pe~a cérea de 2.000 ton. Ele ,

para inje9áo, acelera9áo e eje9áo d¿s i;~::


tir s:;~~s°r::~q:=~~n{:~d~:n!:~~~P~_rados¡or aberturas d~ _10 pés, a fim de pe~~
~ ~am~ mag,n~t1c~, para serem usadas
~:::,.:ed!•eárti:•
de 800 ev sao ad: .
.
d
~e~~~~~ ~um g~rado~·e1e':r~~:á1i:i~~~~~n~~r s~:~nJ~::s!~
e ace era9ao no cosmotron é de um segundo e cerca .
1c1ona os por revolu93.o· os prótons f d
~= Fig. 21.12 Diagrama esquemático de um acelerador linear.

revolu9óes e viajam mais de IOO 000 "Jh .


azem cerca e 3 milhóes de quina circular, produzindo partículas da mésma energía. O tamanho e o custo da
máquina linear sao aproximadamente proporcionais a energia final das partículas,
A radiofreqüencia muda de cerc~ de m1 as ant~s de alca~9ar sua energía máxima.
durante o período de acelera9iio. A ~f;u;e1~ci'~l~s/s ateficerca de 4 megaciclos/s, -; em vez de proporcionais a urna potencia maior da energía, como em mé¡uinas circu-
F1g. 21 11 é um dia ra • . · e urna 1gura do Cosmotron e a lares, de forma que para energias muito altas as máquinas lineares podem ser mais
quina. . -·. ·--- ~ - !11~ que md1ca algumas das principais características. da má- económicas. As partículas emergem automaticamente de um acelerador linear num
feixe bem colimado, enquanto que a eje¡;ao de partículas é urna das principais difi-
A máquina de Brookhaven é ch d d C
o estudo de algumaS das re~óes nu ª~ª
a e osmotron porque ela torna possível culdades nas máquinas circulares. A principal desvantagem do acelerador linearé o
fato de que urna partícula individual - em vez de passar através do mesmo campo
gias comparáveis itquelas das partíc~I::r;~~~~i~c~rrem ~om part[culas com ener-
dos sao essenciais para urna compre - d is os ra10s cosm1cos. Estes estu- alternante repetidas vezes, usando a mesma fonte de potencia e cavidade acelera-
clear. O Bevatron33, 34 tem sido e;sao as ?r¡;as nucleares e da estrutura nu- dora muitas vezes, como nas máquinas circulares - <leve passar através de vários
como pares neutron-antin" us~ o_para cnar pares próton-antipróton assim campos alternantes e várias fontes de poténcia. Esta multiplicidade de fontes de
maior contribui¡;ao par eutron. a c1:a¡;ao e est~do destas partículas3s tendo sido a potenéia e campos requer muitas pe¡;as de aparelhagern de alta freqüéncia, com o
a a compreensao das part1culas fundamentais. gasto e cornplica¡;ao resultantes. Um tubo muito longo e elaborado deve ser cons-
truído com suas várias fontes de poténcia próximas, e existe um difícil problema de
21.7 Aceleradores lineares No 1 d r , projet0 no ajustamento da fase do campo oscilante sobre um grande comprimento
aceleradas por um campo elétri.co os -~ce/ra lor dmear. part!c.ulas carregadas sao
c1 an e ap 1ca o a urna sene de eletrodos. com 'do acelerador, de modo a assegurar que o campo se mantenha em fase com as
579
A ACELERACAO DE PARTICULAS CARREGADAS
578 FÍSICA NUCLEAR
. , h. d nio arrancando-se os elétrons (cai;regado!-. neg_ati-
A

tons sáo obtidos ~e 7as di r<?ge d~ixando prótons (positivamente carregudos) iso-
partículas. . vamente) das mol:cu as o ga~ e. , erda da figura). Urna voltagem constante
O acelerador linear pode ser usado para obter energias na faixa acima de 1 lados na fonte de 10ns (A em cima. a esqu . a terra or meio de um
1
Bev. Nesta faixa de energia. o bétatron é impratic.ável por causa do grande tamanho alta ·de 750.000 vr°l~ ~t man~it~ :~~~:g:~ºf~;n:ie ~ : ¡~pulso i~i~ial aos prótons.
do íma e da perda de energia por radiar;éio. enquanto que o síncrotron provaveJ.
mente será limitado pela perda por radiac;áo. Esta perda. causada principalmente
pelo movimento circular. nao é séria no acelerador linear. O acelerador linear de l''-'
gerador Cockcro t- a on.
acelerando-os através_ de ur t~:~
locidade de 0,04 e (e e_ a ve. <?c1 a ~
. . a evacuado Quando emergem na ve-
d~~~~~)1~les sao diri~idos para dentro do ~cele-
d Je linac é um longo tanque cilíndrico de
prótons é útil em energias na faixa de energia do cíclotron. mas parece oferecer rador linear B_. Este¡~1spos1t1vodec 1~~a é~ de com~rimento. contendo 124 tubos de
poucas vantagens nas faixas cobertas pelo cídotron FM e síncrotron de prótons.
Feixes de elétrons rápidos de urn acelerador linear podem ser usados para
cerca de 3 pes de dtametro e .
deslocamento ao longo de seu e1xo. segu
bndo estágio da acelera¡_;8.o ocorre. en-

examinar a estrutura do núcleo. O espalhamento elástico de elétrons com energias


de até 125 e 150 Mev depende da distribui980 de carga no núcleo. e as experiéncias Prédio da cámara de bolhas
indicam que pode ha ver urna densidade de carga variável no núcleo. 40 • 41

21.8 O síncrotron de gradiente alternado. Os aumentos na energia a qua) par-


tículas carregadas tem sido aceleradas vem acompanhados por urna complexi- Área
dade crescente e custo das máquinas necessárias. Apesar de as energias que po- Túnel
de acesso experimental
diam ser alcan9adas no síncrotron de prótons serem muito maiores. na teoria. do Acelerador linear (B)
que vários Bev. sao colocados limites práticos pelo tamanho da máquina e pelo seu Parede
Cockcroft-Walton de apoio
custo. O bévatron. que alcan9ou 6 Bev. tem um íma pesando cerca de 10.000 ton.
urna órbita de- 80 pés de raio. tendo-se estimado que custa de 15 a 20 milhóes de
dólares. Um síncrotron de 30 Bev necessitaria de um íma de cerca de 100.000 ton e
seu custo seria exorbitante. Estudos de engenharia indicam. por exemplo. que um
redimensionamento direto do Cosmotron seria prático para energias de até cerca de
20 Bev. mas para energias maiores o tamanho e o custo do íma na forma de anel
tomam-se impraticáveis. Fica claro que sao necessáriaS novas idéias para aumentar
as energias as quais_.,as partículas podem ser aceleradas. enguanto se permanece
dentro dos limites da~possibilidade da engenharia e dos possíveis fundos disponí-
veis. Tais idéias teriam que melhorar a eficiencia da focalizai;ao dos íons o sufi-
Superperiodo de 300
ciente para que o tamanho do íma pudesse ser muito reduzido.
O problema de melhorar o foco pode ser ilustrado em termos de algumas das
propriedades do Cosmotron de Brookhaven, no qual os prótons se movem através
de um tubo de 36 poi. por 7 poi. de se,iio de choque com um ímii de 8 pés por 8 pés de
se9ao de choque. O ímii é necessário para manter as partículas dentro da órbita
desejada, por meio de fo~as corretivas que puxam novamente as partículaS,
quando elas come9am a se espalhar por causa de colisóes com moléculas na aber-
tura do tubo. ou por causa de flutua¡_;óes na voltagem aceleradora ou freqüéncia.
Mas, se o espalhamento das partículas pudesse ser controlado tao bem que as partí-
culas ficassem quase exatamente numa órbita circular, o tubo no qua) elas se Linha central
movem poderia ser muito estreito e seria necessário somente um ímii fino em tomo da órbita
através de 240 ílllas Edificio de servi~os
dele. Descobriu-se recentemente que este efeito pode ser conseguido pelo uso de
(administra~iio, .Potencia: co_ntroJes,
um aparato chamado de sfncrotron de gradiente alternante ou síncrotron de focali- laboratórios. oficina de maquinas etc.)
Túnel do ímii subtemineo
zai;ao forte. 42 Este aparato depende do principio de que lentes alternantes para foca- 800 1000
400 600
Iizar e desfocalizar íons podem ser arranjadas de modo tal que se obtém um efeito o 100 200
de focaliza¡_;8.o líquida. O efeito é análogo a focalizai;ao de um feixe de luz por urna Pés
série de lentes convergentes e divergentes alternadas. Assim, se vários ím8.s na
forma de C estao arranjados num círculo. de modo que írnas alternados apontam em Brookhaven (por permissao do
Fig. 21.13 Planta do síncrotron de gradiente alternado de
dire¡_;óes opostas··cas costas de um C em direi;ao ao centro do círculo e as costas do Brookhaven National Laboratory).
seguinte em dire¡_;8.o ao exterior). o arranjo deve manter as partículas numa órbita
estável. Além disso, deve ser possível com um projeto apropriado fazer as for~as de , . . , d t tubos Em cada abertura sucessiva entre
focaliza9áo muito intensas. A primeira máquina deste tipo a entrar em opera9ao
(1959) foi a do CERN. a Organiza9ao Européia para Pesquisa Nuclear, perta de :ii:ºd~sd~;~~:!e:;~a~j:~:;t:~. :: ;!rtícula~ s~o ~cedlee~ft:s e:t8fr~qr ü~~c~!~f~
. . b ¡ ·d alimentando-se urna potencia .
Genebra: prótons de 50 Mev foram acelerados a 28 Bev. 4ª tnco que e esta e ec1 o, . . elétrico é tal que os protons
O síncrotron de gradiente alternante (AGS) do Brookhaven· National Labora- ciclos/s) dentro do tanqu_e. A mtens1d~de, ~o ~J,~~ºde um terc;o da velocidade da
tory recentemente (1960) acelerou prótons a 30 Bev. 44 Um diagrama plano desta emergem do acelerador !mear com urna \ e oc1 a
máquina está mostrado na Figura 2 l. 13. A acelera9ao acorre em tres estágios. Pró-
581
A ACELERACAO DE PARTICÜLAS CARREGADAS
. . -. - -es usadas simultaneam~nte. A maior
580 FÍSICA NUCLEAR longo da trajetória do fe1xe. e d1fer~ntes Pº~?~ . - lvo D de 25.000 pes quadra~os.
parte das experiencias será ~onduz1da no~ t icmo~uzidas pela intera9§.o de protons
luz e urna energia de 50 Mev. O feixe de prótons é guiado do linac para dentro do A maior parte das parttculas elementares pr . te fora do átomo durante so-
. , 1
síncrotron propriamente dito, através de um sofisticado sistema de agrupamento, de alta energm com os nuc eos d o s átomos-alvo exis .
t de decatr em outras pa
rtícu-
deflexao, foco e equipamento de monitora9áo. mente urna fra9áo de um milionésimo de segundo a~ esEntretanto, estes tempos de
A órbita circular do síncrotron. onde o terceiro estágio de acelera98.o é reali- las ou mudar sua massa completamente em ener~1~.as rtículas por instrumento_s
zado. tern 842,9 pés de di8.metro (cerca de meia milha de circunferericia). O íma vida breves sao suficientemente longos para dete~t~es f~ográficas) e para determ1-
principal, que é dividido em 240 unidades. cada urna pesando em torno de 16 ton, sensíveis (camaras de bolhas, contadores o~ edm~ s ou para observar os resultados
deve desviar os prótons numa trajetória exatamente <leste diftmetro e aplicar fortes nar sua massa. carga elétrica e out!'1;s propne a es.
for9as de foco que sempre tendem a trazer os prótons de volta a sua órbita dentro quando elas atingem alvos secundarios.
da ca.mara de vácuo. sempre que eles tendam a se desviar. Assim. a medida que as REFERJl:NCIAS
partículas aumentam em energia. o campo magnético do síncrotron deve-se tornar
rnais forte. a firn de rnanter o feixe no centro da ca.mara de vácuo. O tubo de vácuo
tem somente 7 poi. de largura e 2:1/ 4 poi. de altura. urna pequena fra9áo do diél.metro GERAIS " 'ele Accclerators" Experimental Nuclear Physics,
do anel. A cftrnara de vácuo é rnantida a urna press3o menor que 10-s mm de Hg. E. M. McMrLLAN, Part1 I 639-785'. New York: Wiley, 1959.
Além de fornecer um campo-guia, os ímás do síncrotron realizam outra fun9áo E Segre ed., Vol. III, Part XI 'PP· d Ph .k) Vol 44 Nuclear Instr11menta-
extremamente importante, que incorpora a característica de gradiente alternante da . EncycÍopedia of Physics (H andbuch er yst ' . '
máquina. As pe9as dos pólos de cada par de ímfls sucessivos sao feítas de tal modo tion ], Berlín: Springer Verlag, 1959. " 1-63
que o campo magnético alternadamente cresce e entao decresce na dire9ao radial. R uKaskaden gencratoren, PP· ·
Esta alternáncia do gradiente do campo magnético faz com que o feixe de prótons l. E. BALDINGE ,; - e Graaff Generators," pp. 64-104. ..
que circula alternativamente críe foco e de-foco vertical e horizonta1mente - e, 2. R. G. HERB, ~e•~ ~otrons and Synchrocyclotrons," PP· lOa-169.
após atravessar muitos ímás, forne9a um feixe bem focado. Assim, o$ ímas, for- 3, B. L. CoHEN, le " 170-192.
~T LSON "Electron Synchrotrons, pp.
mando urna série de lentes convergentes e divergentes alternantes, apresentam urna 4. R. R . \ I ! ,1 " 193-217.
trajetória do feixe com poder de foco muito maior do que o efeito correspondente 5. D. W. KERST, The BetaCtron, PP·"The Proton Synchrotron," pp. 218--
numa máquina convencional de gradiente constante. 6. G. K. GREEN and E. D. oURANT, .
Como conseqüencia, o feixe pode ser contido num volume de espa90 muito 340, " 341-389. .
menor em- tomo da circunferCncia do acelerador. Portanto, os ímás podem ser 7 L 81\UTII "Linear Accelerators, pp. N . York· Interscience Pub-
muito menores com_ 1,1ma economía na quantidade de ferro e cobre requeridos. Por . · '
M. s. LrvrNGSTON,
High Energy Accelerators. e,, ·
· exemplo, a quantidade total de ferro na máquina de 30 Bev do BNL é de aproxima-
damente -4.000 ton, em compara9áo com a máquina russa de 10 Bev de desenho lishers, 1954. C t al Ad vanees in Accclerators," Ann. Rev. Nuc. Sci. 8,
D. L. Junn, ,1 oncep u
convencional cujo íma pesa perto de 36.000 ton.
Os grandes gradientes magnéticos requerem que os ím3.s individuais sejam 181-216, 1958, . . l .r Cyclic Particle Accelerators. New York: Van
construídos e alinhados muito precisamente, a fim de evitar erros no campo magné- J. J. LIVINGOOD, Pnnctp es OJ -

tico que poderiam fazer o feixe desviar-se da trajetória désejada e atingir as paredes Nostrand, 1961. p B TT Particle Accelerators. New York: MeGraw-
da estreita ca.mara de vácuo. . ___ ._ , ·· 8. LivINGSTON and J • · LEWE '
A medida que os pfOtons circutam através do allel, Sao acelerados por campos Hil\, 1961.
elétricos produzidos em J2 esta96es aceleradoras de radiofreqüCncia C. Nestas es-
ta~óes, urna voltagetn de alta freqüéncia é aplicada entre duas aberturas. Prótons 1 PARTICULARES r 1 ·,
que atravessam as aberturas quando o campo elétrico está na dire980 positiva sao ' W ALTON iiExperiments With High_ "\ e oc_1ty
acelerados. Se a freqüéncia aplicada é correta, os ffiesmos prótons sera.o sempre 1 J D. CocKCROFT and E. T. S. t .' the Method of Obtaimng Htgh
acelerados em cada abertura. Desta maneira, após muitas travessias, energías Po;iti~e Ions. l. Further Develo~;cen(~o:don) A136, 619 (1932). .
muito altas podem ser adquiridas por incrementos relativamente pequenos. Em mé- Velocity Positive Ions," Proc. Ro~ W¡LTON "Experiments with 1:,igh Veloc1t;,
dia, cada urna das 12 esta~6es acelera o feixe•de cerca de 7.500 volts, cada vez que 2. J. D. CocKCROFT and ~- T. ·. f El~ments by High Veloc,ty Protons,
ele passa. Portanto, os prótons ganham cerca de 90.000 ev de energía por revolu-· ·t· Ions II The D1smtegrat10n o
~áo. Para alcan9ar 30 Bev, sao necessárias cerca de 325.000 revolu9óes em tomo do P OSI ,ve · . 29 (1932) ·
anel, urna distancia na vizinhan,a de 160.000 milhas. Perlo do final deste período de Proc. Roy. Soc. (London/,~!3:,~oltage Di;ect Current Generators," Progress in
acelera9áo de um segundo, os prótons estáo viajando com urna velocidade maior 3. R. L. FoRTESCUE, . ig Vol 1 New York: Academic Press, 1950.
que 99,9% da velocidade da luz, ou cerca de 186.000 milhas por segundo. Nesta Nuclear Physics, O. R. Fnsch:,:\• 5 :rvie; Electrostatic Generator," Phys. Rev.
velocidade, a mássa dos prótons aumentou mais de 30 vezes, como previsto pela 4. R. J. VAN DE GRAAFF, •
teoria da relatividade. 38, 1919 (1931). d VAN ATTA, "The Electrostatic Production
Após um período de recupera9áo de 2 segundos. o síncrotron está pronto para 5· VA'1 DE GnAAFF, Co,rPTON, anf t' R 43 149 (1933).
pulsar novamente; 20 pulsos de prótons de 30 Bev sao produzidos a cada minuto de " Phys ev ,
of High Volto.gc for Nuclear Inves~gaE:::~n ,1El~ctros~atic Gcncrators for ~he
opera980 plena. com cerca de 10 1º prótons por pulso.
O feixe de prótons pode ser dirigido em substftncias-alvo apropriadas e as rea- 6. VAN DE GnAAFF, TRUMP, and u ' V l XI London: Phys1co.l
Accclero.tion of Chargcd Particles," Rcp. Prog. Phys. o . .
9óes resultantes podem ser estudadas por meio das radia90es emitidas. O feixe
primário também pode ser desviado fora da ca.mara de vácuo e guiado dentro da
área experimental. onde várias experiencias separadas podem ser instaladas ao
A ACELERACÁ0 DE PARTÍCULAS CARREGA0AS 583
[I
582 FISICA NUCLEAR 1
30. GooDEN 1 JENSEN, án<l 8YMOND~, 11 Theory of thc Proton Synchrotron,"
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íl
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:!
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19.. HENRICH, SEWELL, and VALE, 11 Opcration of the 184-{~ch dy'cl~Ú~n," PROBLEMAS
Rev. Sci. Instr. 20, 887 (1949). · : . . ,. · '_·' ,. ·' ..
.,.- ;iq., I\}l,· TEMPLETON, ,"Nucle~r Reactions Induced by High Energi 'Pare 1. Mostre que para um cíclotron de freqüéncia fixa valem as seg~in~es rel~¡;óes: H = 6.55
ticles·.n · .Ann.r Rev. Nuc. Sci. Stanford: Annual Revie,vs, Inc., 1953, Vol::2. x 10-4 n, para prótons; H = 1,31 x J0- 3 11, para déuterons, onde He a intens1dade do cam~o
em gauss e II é a freqüéncia da voltagem aplicada em ciclos por segundo. Deduza urna rela9ao
21. V. L. FITCH and J. RAINWATER, "Studics of X-Rays from Mu-Mesonic
similar para partículas o:. , .
Atoms," Phys. Rev. 92, 789 (1953). · 2. Se a freqüéncia da voltagem aplicada e 1.2 x 107 c1clos/s. descu?ra os valores ~a
22. J. A. WHEELER, "Mu Meson as a Nuclear Probo Particle,"· Phys.' Rev. 92, intensidade de campo para a ressonancia quando prótons, deuterons e ~art1cul~s ':-· respecti-
812 (1953). vamente, devem ser acelerados. Se os valores do raio na eje¡;ao das parucuias sao :,O cm, qual
23: L: N, ComiE,i' and E. l\f'.'IIENLEY, "Mu-Mesonic Atoms and the Electro- é a energia das partículas em cada caso? .. , . . .
3. Descubra conjuntos razoáveis de parámetros. isto. é. valor:s da frequenc_rn. mtens1-
magnetic Radius of the Nuclcus," Phys. Rev. 92,801 (1953). dade de campo e raio. para a produ¡;ao de feixes das segumtes particulas. (a) paruculas a de
24. D.· W. KERST, ljAccclcrati0ii of Eiectrons by niagnetic Induction," Phys. 30 Mev, (b} deuterons de 20 Mev. (c) prótons de 10 Mev. .
Rev. 60, 47 (1941). 4. Mostre que_ quando urna partícula de carga q e massa d.e repous.o :W!, e ac:lera~a a
25. W. F. WESTENDORP and E. E. CaARLTON, ".-\. 100-l\fillion Volt Induction um potencial de V volts. suficientemente alto de form.a que os efe1tos relat1v1st1cos nao seJam
Electron Accelcrator," J. Appl. Phys. 16, 581 (1945). mais desprezíveis - a raza.o de massas pode ser escnta como
26. KERST, Ai>AMS, KocH, and RomNSON, "An 80-:\Iev l\fodel of a 300-1\.'.[ev
108
Betatron," Rev. Sci. Instr. 21, 462 (1950).
Ji. = 1+ (_<!.,_) V = 1 + aV,
27. K1msT, AoAMS, Kocu, and RoBINSON, ' 1 Operation of a 300-l\íev Beta- Mo c2 Mo
tron," Phys. Rev: 78, 297 (1950).
28. THOMAs, KRAUSHAAR, and HALPERN, "Synchrotrons," Ann. Rev. Nuc. Sci. onde a é urna constante e e é a velocidade da luz. Descubra urna express~o para a ~elocidade
Stanford: •.\.nnual Rcvicws Inc., 1952. Vol. l. v da partícula. em rela¡;iio a da luz. Entao mostre que _o raio da trajetóna da part1cula num
campo magnético de intensidade H é dado pela expressao

j
29. ÜLIPHANT, GooDEN, and HrnE, 11 The Acceleration of Charged Particles to
Very High Encrgics," Proc. Phys. Soc. (London) 59, 666 (1947).
584 FÍSICA NUCLEAR

2
= x wsv (Mº) + w'ªv2.
q c2

Num cíclotron de freqüencia modulada com um campo de 15.000 gauss e urna trajetória de
Apéndices
raio de 80 pol., qua! é a energia dos dCuterons produzidos?
5. Suponha que o fluxo magnético concatenado com a órbita num bétatron varie com o
tempo de acorde com a rela!ráo ~

. cJ> = cJ>o sen wt, Apéndice I


e que a acelera\;:80 dos elétrons ocorre durante um quarto do ciclo. isto é. durante um inter-
valo de tempo de 1r/2w. Descubra fórmulas para (a) a energia disponível por volta quando o
fluxo muda, (b) o valor médio desta energia durante o período de acelera~ao, (e) a distancia
percorrida pelos elétrons na hipótese de que estas velocidades diferem de urna quantia despre-
zível da velocidade da luz, (d) o número de voltas. se o raio da órbita é R, e (e) a energia final
dos elétrons.
6. As seguintes condi9óes sao obtidas num bétatron particular: campo magnético máximo
na órbita= 4.000 gauss. freqüéncia de opera9.io = 60 ciclos/s, di.imetro da órbita estável = 66
poi. Mostre que a energia média ganha por volta é de cerca de 400 ev e que a energia final é de
cerca de 108 ev. [Sugestcio: Segue-se da Eq. (21.13} que, se o fluxo inicial através da órbita e a_
intensidade de campo inicial em cada órbita sao ambos zero, entao <I> = 2,,,R 2H, onde H é a
intensidade de campo na órbita.]
l Lista alfabética dos elementos
Número
Número atómico Z
Elemento Símbolo
Símbolo atómicoZ
Elemento
Estróncio Sr 38
Ac 89 63
Actínio
13 Európio Eu
Alumínio Al Férmio Fm 100
Am 95 26
Amerício
51 Ferro Fe
Antimónio Sb F 9
18 Flúor 15
Argónio A Fósforo p
As 33 87
Arsénio
85 FrB.ncio Fr
Astatínio Al Gadolínio Gd 64
Bário Ba 56 Ga 31
97 Gálio 32
Berquélio Bk Germflnio Ge
Be 4 72
Berilio
83 Háfnio Hf
Bismuto Bi He 2
5 Hélio 1
Boro B Hidrogénio H
;!.,: é!I J Br 35 67
:., ,¡,
Bromo
48 Hólmio Ho
\ Cádmio Cd In 49
20 Índio
Cálcio Ca lodo 1 53
Cf 98 77
Califórnio
6 Irídio Ir
Carbono c ltérbio Yb 70
Cério Ce 58 y 39
Cs 55 itrio 57
Césio 82 Lant.inio La
Chumbo Pb Lítio Li 3
CI 17 71
Cloro
24 Lutécio Lu
Cromo Cr Mg 12
27 Magnésio 25
Cobalto Co Manganés Mn
Cu 29 101
·~ Cobre
36 Mendelévio Md
Cript0nio Kr Hg 80
96 Mercúrio 42
Cúrio Cm MoJibdénio Mo
Dy 66 60
Disprósio
99 Neodímio Nd
Einstéinio E Ne 10
16 Neónio
Enxofre s 68 Netúnio Np 93
Érbio Er Ni 28
21 Níquel 41
Ese.indio Se Nióbio Nb
Estanho Sn 50
586
FfSICA NUCLEAR
i,¡1j
Lista alfabética dos elementos 11
1,

11
1

Elemento Número
Símbolo. atómicoZ Número 'i 1

Nitrogénio
J':1obélio
N
7
Elemento

Ruténio
Símbolo atómicoi,
¡
Osmio
Ouro
Oxigl!nio
Paládio
No
Os
Au
o
,, 102
76
79
8
Samário
Selénio
Silicio
Sódio
Ru
Sm
Se
Si
44
62
34
14
'

; i
Pd 46 Na 11
Platina
Plutónio
PI
Pu
78
Táii()
T.intalo
TI 81 I 1

Polónio
Potássio
Po
94
84
Tecné_cio
Telúrio--
Ta
Te
73
43
Apendice II '1
11
K 19 Te 52 '1
Prasiodímio Pr Térbio Tb
Prata
Promécio
Ag
59
47
Titanio
Tório
Ti
65
22

Pm 61 Th 90
, ,

Protoactínio Pa Túlio Tm
Rádio 91 Tungsténio 69 1

Radónio
Ra 88 Uranio
w 74
Rénio
Rn 86 u 92
Re Vanádio V
Ródio 75 Xenónio 23
Rh 45 Xe 54
Rubídio Rb Zinco Zo
37 Zircónio 30
Zr 40
Valores das constantes físicas

(Os valores listados abaixo sáo tirados do livro, The Fundamental Constants of Physics, de
E. R. Coheri. K. M. Crowe e J. W. M. DuMond. New York'. lnterscience Publishers. lnc.,
1957,) .

Constante Valor

Número de Avogadro N0 (6,02486 ± 0,00016) x 1023 por molécula-grama


Velocidade da luz e = (2,997930 ± 0,000003) x JO" cm/s
Volume padráo de um gás perfeito VO = 22420,7 ± 0,6 cm3 /mol
Constante dos gases por mo1 · R, = (8,31696 ± 0,00034) x 10' erg/mol ºC
Constante de Boltzmann k = R,/N, ,
= (1,38044 ±
0,00007) x 10-" erg/ºK
= (8,6167 ± 0,0004) x 10-• ev/ºK
Carga no elétron e = (4,80286 ± 0,00009) x 10- 10 esu
= (1,60206 ± 0,00003) x 10-" emu
Constante de Faraday F = N ,I! = (2,89366 ± 0,00003) x 10" esu/(molé-
(escala física) cula-grama)
= (9652,19 ± 0,11) emu/(molécula-grama)
Constante de Planck h = (6,62517 ± 0,00023) x 10-" erg-s
lt/21r = (l,05443 ± 0,00004) x 10-21 erg-s
Constantes de Rydberg R, 109737,309 ± 0,012 cm-•
RH 109677,576 ± 0,012 cm-•
Ro 109707.419 ± 0,012 cm- 1
R 11 f' 109722.267 ± 0.012 cm- 1
Massas de repouso néutron: 1.008982 ± 0.000003 u.m.a.
= (1.67470 ± 0,00004) X 10-" g
próton: 1,007593 ± 0.000003 u.m.a.
= (1,67239 ± 0,00004) X 10-" g
átomo de hidrogénio: t.008142 ± 0.000003 u.m.a.
raza.o: massa do átomo de hidrogénio
massa do próton
= 1.000544613 ± 0,000000006
¡'
1
588 FÍSICA NUCLEAR

Valores das constamesfisicas (Cont.)


Constante
Valor

elétron: (5.48763 ± 0.00006) x 10-4 u.m.a. l.


= (9.)083 ::t Ü,ÜÜÜ3) X 10-211 g
raza.o: massa do próton
massa do elétron
= 1836. 12 ::t 0.02
Fatores de conver:-;éio massa- átomo de deutériu; 2.014735 :::: 0.000006 u.m.a.
energia 1 u.m.a. = 931.141 ::!: 0.010 Mev
l massa do próton = 938.21 J ± O.OJO Mev
1 massa do néutron = 939.505 ± O.OJO Mev
¡ massa do elétron = 0,510976 ::!: 0,000007 Mev
1 g - (5.61000±0,00011) x 10"' Mev
Fator .de convers;'io de energia
Energm de um néutron de
1 ev = (1.60206 ± 0.00003> x 10-12 erg
E2200 0,0252973 ± 0.0000003 ev
Apendice 111
2.200 mis
T2200 = 293,585 ± 0.0I2ºK

- 20,435 ± 0,012ºC.
Raio da primeira órbita de Bohr
ªº = h 2 /4TT 2me 2
Raio clássico do elétron - (5.29172 ± 0.00002¡ x 10-" cm
ro = e:!/mc2
= (2.81785 ± 0.00004) x 10-1:1 cm
Se~ao de choque de Thompson 8 "
31rro = (6,65205 ± 0,00018) x 10-2~ cm2
Comprirriento de onda de Compton
elé_tron: Are= (24,2626 ± 0.0002) x 10-11 cm
p:oton: Ar,,= (13,2141 ± 0.0002) x 10-14 cm
neutron: A,.,. = (13,1959 ± 0,0002) X 10-H cm Abreviagi.Jes de nomes de revistas usadas para referencias

Revista Abreviac;!lo

American Joumal of Pbysics Am. J. Phys.


Canadian Journal of Physics 1 Can. J. Phys.
Canadian Joumal of ResearcV Can. J. Research
Comptes rendus hebdomadaires des séances de J'académie
des sciences Compt. rend.
Journal of the American Chemical Society J. Am. Chem. Soc.
Joumal of Applied Physics J. App!. Phys.
Joumal of Chemical Physics J. Chem. Phys.
Journal of Inorganic and Nuclear Chemistry J. lnorg. Nucl. Chem.
Joumal of the Chemical Society (London) J. Chem. Soc.
Journal de physique et le radium J. phys. et radium
Joumal of Physics (U.S.S.R.) J. Phys. (U .S.S.R.)
Kongelige Danske Videnskabernes Selskab. Matematisk• Kgl. Danske Videnskab.
fysiske Meddelelser Selskab. Mat•fys. Medd.
Nature Nature
Naturwissenschaften Naturwiss.
Philosophical Magazine and Journal of Science Phi!. Mag.
Physical Review Phys. Rev.
Physikalische Zeitschrift Physik. Z.
Proceedings of the Cambridge Philosophical Society Proc. Cambridge Phi!. Soc.
Proceedings of the Physical Society (London) Proc. Phys. Soc. (London)
Proceedings of the Royal Society (London) Proc. Roy. Soc. (London)
Reviews of Modern Physics Revs. Mod. Phys.
Review of Scientific lnstruments Rev. Sci. lnstr.
Zeitschrift für Naturforschung Z. Naturforsch.
Zeitschrift für Physik Z. Physik
Zeitschrift für Physikalische Chemie Z. Physik. Chem.
A tóRMULA DE ESPALHAMENTO DE RUTHERFORD 591

ele é urna constante do movimen.to. e podemos cscrever

2
L = Mr :: = MVp. ( A4.2)

A forc;a repulsiva de Coulomb. F = .:Ze 2/r 2 • dá origem a urna acelerrn;Uo radial


Apéndice IV
d r
a, = dt 2
2

- r dt (ª )2 -
8
(A4.3)

As Eqs. ( A4.2) e ( A4.3) sao duas equac;óes simultaneas em r. 0 et; se eliminarmos 1


entr~ elas. obtemos urna única equac;ao diferencial em ,. e o que dú a órbita da
A Fónnula de Espalhamento de part1cula a. Por convcniéncia. colocamos
Ruthe1ford 1
r = -,
u ( A4.4J

e obtemos. a pa1iir da Eq. (A4.I).

d8 Lu 2
dt_M. (A4.5¡ '''
1 I¡
O tratamento a ser dado aqui ao espalhamento de partículas a por um núcleo
atómico positivamente carregado é mais matem;,í.tico do que aquele dado no Capí- Segue-se que
tulo 3. mas ele contém algumas idéias que sao importantes na física nuclear; por
exemplo. aquela da se980 de choque para espalhamento diferencial. Para os fins dr dr d8 L du
- desta dedu9áo, consideraremos o núcleo infinitamente pesado de carga Ze como dt = d8 dt = - 111 d8' ( A4.6)
estando na origem de um si.stema de coordena<las polaresr e 0. sendo Ocomo mostrado e que
na Figura A-IV.1. A trajetória inicial na partícula a é ao longo da linha DC. ep é a
distancia mais curta entre esta linha e o núcleo: a posi980 da partícula a é dada
geralmente porr e 0. Apesar do angulo Onfio ser o mesmo que o da Se9fio 3.2, nao <leve 1

haver confusa.o. As outras quantidades sao definidas como na Sec;fio 3.2. i 1

O momento angular L em torno do núcleo é dado por '

2 d8 (A4.l)
L = Mr dt;
(A4.7)

Se substituimos agora d'r/dt' e d8/dt na Eq. (A4.3). o resultado é

( A4.8)

onde
b - - -2·
zZe 2
- ½111V (A4.9)

A Eq. (A4.8) é a equac;ao diferencial da órbita: ela tema soluc;ao geral

1 b
U=-=
r
A cos (8 - 80 ) - - , (A4.10)
2p2

onde A e Bu sao constantes arbitrárias. A constante 81) determina justamente a orien-


tac;ao da órbita no plano (r, 8). Podemos escolher o eixo .r. de fo~ma que () 0 = O. e a
equac;ao da órbita torna-se
Fi~.A-IV .1 Órbita hiperbólica sob urna lei de repulsüo proporcional ao inverso do quadrado.
A FÓRMULA DE ESPALHAMENTO DE RUTHERFORD 593
592 FÍSICA NUCLEAR

b
1 b
U=-=
r
- 92 +Acose. (A4.ll) r
~P
Sabe-se. a partir da geometria analítica. que a equar;ft.o Se inserimos parar a expressao (A4. 15). e entao simplificamos. obtemos

u = -r1 = B + A cos 0 (A4.12)


ou
representa urna ser;fto cónica (parábola. elipse ou hipérbole) com excentricidade
dada por
(A4.21J

íA4.13J
Como b e p sáo positivos e e > 1. a órbita é urna parábola. A constante A é entáo
dada por
A órbit_a é urna hipérbole se E> 1. Como B é conhecida e igual a -h/2p'!.. só falta
determmar A ou E. Estabelecendo-se
A=-1 ( 1+-
b2 )112
,
p 4p2
b
A= eJBI = -
2p2, (A4.14) e
obtemos
1 b
l
u= - = - -2pb 2 (l - ecos 0). (A4.15J r - 2p 2 + pl ( l + 4b2p )112 cos 0.
2
(A4.22)
r
A órbita é expressa assim em termos das duas grandezas p. o parámetro de
·~odemos determiná1::e (ou A). fazendo uso da equar;ao para a conserva¡_;ao da impacto e h. a menor distancia que urna partícula de velocidade inicial \/ pode se
energia ·
aproximar de um núcleo de carga Z. Quando r ~ oo, 0 ~ i.t,. o angulo entre o eixo .r
e a assíntota da hipérbole e
! MV2 = ! Mv2 + zze2, (A4.16)
2 2 r b
cos ,¡, = 2p[l + (b2/4p2)]112
~n?e v é a ve}ocidade da partícula a: quando ela está a urna d·istüncia,. do núcleo. A
ultima equar;ao pode ser escrita como . Resolvendo-se para b, obtemos

b b = 2p cotg ,¡,,
r (A4.17) ou

A quantidade v2 é dada por: . b


p = 2 tg ,¡,,
(A4.18) Mas, o ángulo de espalhamento ,¡, - 7' - 21/¡ e

A partir da Eq. (A4.!5J. obtemos (A4.23)

dr eb que é a Eq. (3.1 !).


-2p2 r 2 sen 0·, (A4.!9J
de Se ocorrem colisóes para valores do par::i.metro de impacto dentro de urna faixa
dp em p. elas devem resultar em deflexóes dentro de urna faixa angular dq> em ri>.
e, a partir da Eq. (A4.2). com pe</> relacionados pela Eq. (A4.23). A probabilidade de tais colisóes é propor-
a
cional área do anel de raio p e largura dp. porque esta é a área-alvo efetiva apre-
sentada pelo núcleo ao feixe incidente. para produzir deflexóes <leste tipo particu-
(A4.20J lar. Podemos, portanto. definir urna área de colisao. ou sec;ao de choque du(q)) para
espalhamento em dq>:
de forma que
.,,
594 FÍSICA NUCLEAR l'f.·•.''.•
. ·,

Respostas aos Problemas


Fig.A-IV
, ·2 Serfi.o
: de ch oque :,et1va
~ · para espalhamento no ángulo sólido dH or · - .;
;~c~·l9~9~Cuskcy. In1rod11c1111n 10 Ad ..unccd Mec/1111úcs. Addison-Weslc?Pub1~:~;•~i.~

du(<t,) - 21rp dp

cos <t,/2 d (A4.24)
"
sen 3 <f,/2 ef,.

1 CAPÍTULO 1

dfl = 21r sen </, d<f, I¡ 1. Oito partes em peso de oxigenio se combinam com 14.00, 7 ,00, 4,67, 3.50 e 2,80
partes de nitrogenio. respectivamente. Entáo, 14,00 partes em peso de nitroge-
nio se combinam com 8(= 8 x 1), 16(= 8 x 2), 24(= 8 x 3), 32(= 8 x 4) e
40( = 8 x 5) partes de oxigenio, respectivamente.

e
= 41r sen !.2 cos !.2 def,'
Ir .,-~
2. O peso do nitrogenio em urna molécula-grama de cada composto. calculado a
partir dos dados, está listado abaixo.
óxido nitroso 28,010 = 2 x 14,005, óxido nítrico 14,006 = 1 x 14,006.
du(ef,) Z 2e 4 anidrido nitroso 28,006 = 2 x 14,003, tetróxido de nitrogenio 14,005 = 1 x 14,005,
--;m· = 16 sen' <f,/2 = (MV2 ) 2 sen' <f,/2 ·
(A4.25)
anidrido nítrico 28,010 = 2 x 14,005.
A fórmulaé de
d<T(ef,)/dfl espalhamento
cham d d . d o R u th er,or
e d e· geralmente escrita nesta forma; O menor peso do nitrogenio presente em um peso molecular <lestes compostos
é (em média) 14,005, que é entáo· o peso atómico do nitrogenio obtido a partir
!~ª/e colisiio ef:ti:a ::;:;~o~~J;~~~:Ji~=~:::i~:~:~:i~ao/e'~:n~~~~l~e~l?d~ dos dados dos Problemas I e 2. 1

3. (a) I0,32, (b) 31,0, (c) 31,0, (d) 3, (e) 30,96 e (1) 137,33. O elemento é o fósforo;
A fó~mula de Rutherford parece mostrar que a probabilidade de que urna rt'
1 a seJa espalhada de um flngulo e/.> torna-se· infinita. a medida que A1 ~ Poª A,.
cu~
o composto é PC13 • 1

razao para este resultado é que • ct • 4. 195,2.


ndo átom~ foi desprezada. Estas
as part1culas a. de forma u
~f;t~~~fit
t , ,
'1 •
té~pi~~~~tl~sd~e~~~~~~~gee%~,c;~reg_act1as
nuc eo
5. (a) 57,1, (b) 18,617, (c) 3 e (d) 55,85. O metal é o ferro. o composto é o FeCl 3 •
6. A curva de volumes atómicos tem máximos abruptos no sódio, potássio. rubí-
modificado ou "blindado·· qO e __ els el u1t11!1º _se move num potencial de Coulomb dio e césio - os metais alcalinos. O volume atómico decresce, passando do
· • ca cu o ma1s ngoroso da e~;- d h lítio ao boro, depois do qual ele aumenta através do carbono, oxigenio e do
lhamento para este· potencial remove o infinito em cp - ~ ao e cdoque para espa- flúor ao sódio, quando entao ele decresce novamente através do magnésio até o
resul~ados do Capítlilo 3. - · sem mu ar qualquer dos
alumínio, e aí aumenta até o potássio. Os elementos boro, alumínio. cobalto e
~os :-e!~h~;:~~~~~:: ~u;/J1;¡';:u~aede;spa_lh~me~to de R~theñord "ª? depende níquel, ródio, etc., caem nas reentrancias da curva. A curva de ponto de fusa.o
0
volver alguns <lestes detalhes A fórm t
a p~rt1cula a. apesar de a denva~ao en- apresenta mínimos no sódio, potássio. césio e rubidio. e máximos nos elemen-
tos dos grupos entre III e V. aproximadamente na metade entre os metais alca-
:~:~fc:;~~-ª: i::;:~:~~:=~~i:t:; ~ 11~i~n~e::;,~:_n::1~~f~i;:adseq~ecid~~~T,. s;~ linos.
7. O novo elemento é o tecnécio, coro um peso atómico aproximado de 99. Ele
cópicas do material espalhado; e o0 '1n0 -al od (veJa Slhei;;:ao 4.4). propriedades macros-
- , gu o e espa amento está no grupo VII da tabela periódica e se parece com o manganes nas suas
A se~ao
Figura de choque
A-IV .2. · efetiva ?rrp
- d p para
. O espa 1!lamento• em d<b está ilustrada na
propriedades químicas.
596 FÍSICA NUCLEAR

CAPÍTULO 2
,
1

!
3.
RESPOSTAS AOS PROBLEMAS

4. Z(Cul = 29.
597

Comagem!h (arredondadaJ
l.
23.800
Elemento Vali!ncia (a) lx/amp-h (b) coul/mg (e) carga, !'Su/g
t.490
295
Cr 6 0,3234 !0,132 3.34 X JQ13 19
Cu 2 1,186 3,036 Ü,9]0 X 10 13 4
In 3 l,427 5,223 Ü,756 X J0 13 l
Fe 3 0,6945 5,184 1.55 X J013

Hg 2 3,742 0,9621 0,288 X 10 13


Ni 2 1,095 3,288 Ü,986 X 10 13 5,
Ag 4,0245 0,8945 Ü,268 X )0 13 Distb.ncia de maior aproximarüo, cm

z 5,30 Me\· 7,0 Me1·


Elemento

. 2. v =3.20 X JO' cm/s; e/m = J.73 x 10 7 emu/g. 79 4.3 X 10- 12 3,2 X 10- 12
Ouro
2,6 1,9
3. H =15.34 gauss; deslocamento = 19.4 cm. 4. R 14.8 cm. Prata 47
1,6 t.2
5. i· = 2.60 X 10' cm/s; e/m = 1.74 X JO' emu/g. Cobre 29
3.4
Chumbo 82 4 .5
6. H = 55 gauss. 7. 56.8 volts/cm. 92 5.0 3,8
Uránio
8. A Eq. (2.8) pode ser escrita como /u:¡ = Constante x (V E ' - V,.), onde os V sao
obtidos dividindo-se 0,5222 cm pelo tempo de subida ou descida. As velocida- 6. 8,56 x 10- 6 7. 5,7 x 10-"cm 8. 1,3 x 10-•cm.
des sucessivas estiio listadas na segunda coluna da seguinte tabela
CAPÍTULO 4

J. (a) n = 4,3 = 4, (b) n = 4,5, ou entre 4 e 5, µ. = 0,34 cm-•.


2. A= 0,842 A, 02 = 17º 22'; 03 = 26° 36'.
Velocidade de subida Velocidade 1
3. Pedra de sal: 10º 13'. calcita: 9° 29', quartzo: 6° 45 , mica: 2° 53'.
Tempo ou descida, cm/s -;- 0,0030 cm/s
4. Elemento e,
12,45 /
0,0419 14,0 Elemento
21,5 ' 0,0243 8,1
34,7 0,0150 5,0 7° 52' Co 6º 8'
Cr 5° 40'
85,0 0,00614 2,0 Mn 7º 13' Ni
34,7 0,0150 5,0 6° 39' Cu 5° 17'
Fe 4° 56'
16,0 0,0326 10,9 Zn
34,7 0,0150 5,0
21,85 0,0239 8,0
5. Número
Comprimento
de onda, A de onda Freqüéncia
Elemento
A ~erce!~ coluna mostra que as velocidades sao todas múltiplos inteiros do 1,196 X 10' 3,586 X 10"/s
Al 8,364
m~w.r d1v1_sor _comum 0,0030 cm/s. Portanto, as diferem;as VE, - VE sao todas 7,142 1,400 4,197
mul!1pl~s mtetros de urna certa quantidade constante, e -6':¡ é sempre um múlti-• Si 6,311
4,750 2,105
CI 7,974
plo mte1ro de urna certa quantidade de carga. K 3,759 2,660
2,969 8,901
9. 0,08323 cm/s; 0,08571 crn/s. Ca 3,368
1,087 X )0 18
JO. (a) 4,98 x 10-•ó esu; (b) 4,76 x 10-,0 esu. 2,758 3,626
Ti 1,190
2,519 3,970
V 1,303
2,301 4,346
Cr 1,420
Mn 2,tl 1 4,737
1,946 5,184 J.554
CAPÍTULO 3 Fe
1,798 5,562 1,667
Co 1,804
Ni 1,662 6,017
1,549 6.456 1,935
l. 2. Cu 2,074
1,445 6,920
</> Contágem/h (arredondada) </> Contagem/h (arredondada) Zn 3,577
y 0,838 1,193 X )0'
0,794 J.259 3,774
5º 67.630 5º 28.700 Zr 3,996
0,750 1,333
10º 4.240 100 1.960 Nb 4,158
Mo 0,721 I .387
15º 840 15º 370 I.567 4,698
3()0 Ru 0.638
54 300 24 0,584 1.712 5.132
45° 11 45º 5 Pd 5.354
Ag 0,560 1.786
60º 4 60º 2
598 FÍSICA NUCLEAR RESPOSTAS AOS PROBLEMAS 599

6. A = 0.682 A. Z = 43 7. d = 2.816 cm: N, = 6.048 x 10"'.


7. h = 6.60'.' x JO·" erg s.·
8. Z = 90. 8. = 5,93 x 107 \/V tvolts).
l:ma.r.
9. (a) 3.0 ev, (b) 4167 A, (e) 9,5 ev.
CAPÍTULO 5
l.
T, ºC W, erg/cm 2 s
10.
W, g-cal/cm 2 s Voltagem Am, A Vm, S- 1 hvm, e1·
o 3,15 X ]05
7.53 X 10"'
100 1,10 X 106 50.000. 0,248 1.21 X 10 19 5 X JO'
300 2,63 X JO·' 10' 0,124 2.42 X !0 19 JO"•
6,JJ X )0 6
500 0.146 5 X 105 0,0248 l,21 X ]020 5 X 10''
2.02 X JO' 0.483
1.000 J,49 X ]08 10' 0,0124 2,42 X 102º JQG
1.500 5.60 X JOS -- 3.56
2.000 13.4
1.51 X 109 36.1
3.000 6,51 X 109 156
CAPÍTULO 6
2. 1

T, ºC Perda de ener¡úa, u-cal/cm 2 s 1

o o 1
100
300
500
1.000
0.0188
0,138
0.475 = [1 - 1
(vu,/c2)]2 [ (u, - v) 2 +(1- l)
c2 2
(u,+ 2] .
u,)
11

1
1

3.552
1.500 13,39
2.000 36,1 Se u = e, entáo u; + u; = c2 - u;, e a expressao entre colchetes torna-se 1

3.000 156
2
2 VU:i:
( 1-c2)
1

=e 1
3. h = 6,625 x 10-" erg s.
4. u 8 rr'k' T4 = aT4
= ___
15 c'h' ' h = 6,625 x 10-" erg s. De forma que u' 2 = c 2 , e u' = c.
3. 1,8c; 0,9945c.
5.
A V, s-1 Energia 4.
v/c m/m 0 v/c v/c m/m 0
ergs ev
1 km 0,1 1,005 0,7 1,400 0,99 7,089
2,99793 X JO' 1,9862 X JO·" 0,2 1,021 0,9 2,294 0,995 I0,013
lm 2,99793 X 10" 1,25 X JO-O 1

1cm 1,9862 X 10·" 1,25 X JO-• 0,5 1,155 0,95 3,203 0,999 22,366
2,99793 X 10" I ,9862 x 10-1&
1 mm 2,99793 X ]0 11 1,25 X I0- 4
10-4 cm 1,9862 X JQ-15 1,25 X J0· 3 11
2,99793 X 10" 1,9862 X 10-12
5.000 A 5 ,99586 X JOH 3,9724 X 10-12
1,25 5.
1.000 A 2,99793 X 1Ql5 2,50 Energia do elétron
IA l , 9862 X 10-11 12,5
2,99793 X JO" v/c Energia do fóton
10-3 A 1.9862 X JO·• 1,25 X JO< ergs Mev
2.99793 X 1021 1,9862 X JO·•
10- 13 cm 2,99793 X JO" 1,25 X 10' 1

10- 15 cm J.9862 X )0-3


J,25 X JO• 3
2.99793 X 102·~ 1.9862 X J0-1 0,1 4,10 X JO·' 2.56 X 10- 4.70 Mev
1,25 X )Qll 0,2 16,75 1,05 X JO·' 19,3 Mev 11
0,5 125,7 7,85 X JO·' 1,44 X 102 Mev
6. 0,203 3,73 X 102 Mev
0.7 325.2
(a} (b¡ 0,9 1.052 0,657 1.21 Bev
Athr, A ( e/ 0,95 1.790 1,12 2.06 Bev 1
V ma.r., cm/s V, e\'
0,99 4.950 3.09 5.67 Bev
Ag 2.760 3.88 X lQ7 0,995 7.320 4.57 8.39 Bev
Ba 4.970 1,7 0.999 17.360 10.84 19.90 Bev 1
5,71 X JO' 3,7
Li 5.400 5.86 X ]Q7
Pt 3,9
Ni
3.030
2.485
4.3 X ]Qf
3.26 X ]Q7
2.1 i
1,2 6. 0,115; 0,365; 0,816.
!

1
601
RESPOSTAS AOS PROBLEMAS

600 FISICA NUCLEAR (c) Resolva a Eq. (6.30) para

7. hv~a sen .¡,;


20Mev 400,\/n· 2,5 Bev
sen 0 = e mo~c

M/M, 1,0002 1,43 3,66 - divida a Eq. (6.29) por sen 8 e reagrupe.
v/c 0,020 0,713 0,962 13. A = 2h/m¡¡:; hvo = 1/2m 0c 2 = 0,255 Mev; v = 3/5c = J.8 X 10" cm/s.
E 958 Mev 1338 Mev 3438 Mev 0
14. (a) A= 0,1000 A.
(b) hv0 = 137.9 kev; hv = 124,1 kev.
(c) 7 ,37 x 10·" g cm/s; 6,63 x 10- 18 g cm/s. 9
8. Segue-se, a partir da Eq. (6.26), que (d) T = 13,8 kev; p = 6,39 X J0-- 18 g cm/s; v = 6,84 X 10 cm/s.
(e) 8 = 57º. ·
mo
CAPÍTULO 7

mo mo J. ll = 20, 25, 30,


2. Ro= 109.707.42 cm·'. AA= 1,79 A para H.; 1,32 A para H,; J.18 A para H,.
3. Nas Eqs. (7 .9) e (7.10) substitua v por rw, onde w é a velocidade angular; isto
mo m, dá
2 h (7.9')
yl - (v2/c2)yl - (U2/c2) mrw=n-,
2,r
9 - (a) Eleve ao quadrado a rela9ao e
m= mo 2 (7 .10')
1 - (v2/c2); mrw

o resultado é Descobre-se a freqüencía de revoluc;áo Orbital, resolvendo-se estas equac;óes


2c2-v2 e
para w; ela é
m. c2 4 2
w 4,r2me Z I
ou J.lorb = 211" = h3 n3 .
2 2
(pe)" = (mc / - (m 0 c )2.
Para compara9ao, a Eq. (7. 16) pode ser escrita
(b) Co~bin;ndo-se
d"d o úÍti~o resul¡;;d~-~o-m a··re1·a9ao
- T -_ me'
·· - - m , - bt. -
-
a rea9ao pe I a. A solu9ao de (b)
.
T~ - - ..... - ¡¡:, o em-se ara
I
(c) O uso do_resultado de (a) para dá a fó~:~f°(d)._- ·•" - ·- ··: · ·_·• · (pcl
IO. A. ~-~~serv~ao da energía e do momento dáo i a pe~,d~- - - -- -
(,,ti,;.{.t - ' i.J
~ i ~. t-~: ~;,.";
"'""f-<t~··· . t'.,\-{:' .,,¡r r
1-:·&-~-
, _ \
. •.. ,, 1 ··· '---~ •
,--~.;,.
MC~){~l!~_J'E~,.-~,p-~ +P2,;. o.;;·9{'~ti-
k• -,-
ry,!;",!:)...,.'·• ....,r, .. ·
•• ú .. •• t·P··-2 ~'P:··2 · \,
l 2•
Como n 1 > n 2 , segue-se que
Portanto, Ei - E~ = M2c" _ M2c4 e 1 -
dá o resultado pedido. i - . 2 , a so u~ao das ·duas equa~óes para E1 e E2 1
;.:i- ¡
<-·

11. A ~assa é M = (l/c')-VE' '.:- p'c' onde E e - . 2
part1cula ~posta, resPeCtivame~te i uais it p sao a energ1~ e o momento da
duas ~~~~c~las que colidem. A veloci~ade é ;o:a ~a energ1~ e momento
'1
das
tado. - pe /E. e da, decorre O resul-- Portanto, se n - n = 1, a freqüencia.v da radiac;áo emitida é intermediária
1 2
12. (a) A máxima transferencla de ener i . entre as freqüencias da revoluc;áo orbital nos estados inicial e final. Para n
resultado (a) decorre diretament a para o eletron acorre quando cf, = 11', e o muito grande, as freqüencias orbitais em órbitas sucessivas sáo praticamente
(b) Para q, ,fo O, por exemplo, para.¡,·= "•e" ;,, 1, iguais e as freqüencias emitidas e orbitais praticamente coincidem.
4. n = J: energía= -109.678 cm·'; -217,8 x 10-" erg; -13,60 ev;
- 313 ,4 Kcal/átomosgrama.
11 = 5: energía = -4,387 cm·'; -8.71 x 10- 13 erg·, -0,544 ev;
e
- 12,52 Kcal/átomo-grama. 17
5. MH/m = 1836,0; e/m = (eM")(MH/m¡ = 5,27 x 10 esu/g.
(hv')mín = hvo - Tmáx ::::;: hvo . .!_
2a = !2 moc.2_
j
603
RESPOSTAS AOS PROBLEMAS
602 FÍSICA NUCLEAR
· - • • J 3014 X 10-n cm
O comprimento de onda de Compton do proton e ' - do do Proble;,,a 8. Ca-
1
6. l 1. A = h/mv = h/mov, quando v ~ c. A_ partir do resuAt:ubstituii;;áo dos v~lores
Números quánticos, 11
pítulo 5, v = 5,93 x 1~7 ~ , onde V~ a voltagem.
Energia de Comprimento numéricos de h e m 0 da a formula pedida.
excita9iio, el' de onda, A Estado inicial Estado final

10,19 1216,6 2 Voltagem, volts A, cm


12,08 1026,3 3
12,75 972,4 4 1 12,268 X ¡o-•
13,05 950,0 5 10 3,880 X 10-•
13,12 944,9 6 100 1.2268 X !O-•
13.31 931,4 7 1000 0.3880 X 10-•

As séries pertencem a série de Lyman do hidrogénio. 1 ,. 1 - 5 93 x I 07 y'V é obtida a partir da rela<;áo e V = 1/2 mi·'• Por-
12. A 1ormu a v -112
- , ,._ ,n-1 v-1 ou - 112 Asstm. - · · ·t· . ·,ntroduz
tanto, v ~ m , e /\ ~ 111 · . • a correi;;ao re 1at1v1s ,ca ,
7. Para as dedu~óes, que estél.o de alguma maneira envolvidas. veja Born, Atomic o fator (m/mo)-112 na fórmula para o compnmento de onda.
Physics, Apéndice XIV.
8. As tabelas pedidas podem ser tiradas diretamente da Tabela 7.4. A ocorréncia
das terras raras pode ser explicada em termos do preenchimento da subcamada Voltagem A, cm
4f. No xenónio (Z - 54), as subcamadas 4s, 4p, 4d, 5s e 5p estiio preenchidas, o
que expliéa a inércia química daquele elemento. O preenchimento da subca-
mada 5d come~a com o lant:lnio, que tem um elétron 5d. Neste ponto, a sub-
t 10'
10'
1,215 X tQ- 9
3 457 X J0- 1º
7:134 X 10-u
10'
camada 4f com espa'ro para 14 elétrons ainda está vazia. A adi9áo sucessiva de JO' 8,554 ~ 10-12
elétrons até o número de 14 preencheria esta camada; os elementos resultantes
deveriam se parecer nas propriedades químicas, porque estas propriedades sáo
determinadas_p_,rincipalmente pelos elétrons mais externos, isto é, aqueles cor-
a
respondentes n- = 5. Os elementos do lantanio (Z = 57) ao lutécio (Z = 71) 13. (a) O, 82 A , (b) 8,3 x JO-" A.
·c·orrespondem ao preenchimento da subcamada 4.f, como mostrado na Tabela
7.4 e existem 15 terras raras. CAPÍTULO 9

9. J (a) 1 099 x ]07 cm/s, (b) 2,652 x 10-23 g; 15,98 u.m.a. (c) 16. , _
2: Qmi~do a velocidade v é eliminada entre as Eqs. (9.~) e (9.5), obtem-se a equa
Comprimento de onda ComprinJento d~ onda
Elemento da /inha K., Eq. (7.39) da /inha !Ka, Eq. (7.39) <;iio

Al, ... /
N1 1,667.A- - MV = ½qH 2 R2
K. Cu 1,550 ' . -
Fe -- - Mo ' 0,723 , · R cm e V q e H em unidades eletro-
Co Ag· __ ,._ ·.Y· Nesta equa<;iio, M es\a em gramas, . em - 1 60207 x 10-20 emu; I volt =
0,574 magnéticas Para um 10n com urna so carga q - , f d
108 emu e 1· u.m.a. -- 1,65982 x 10-24 g • Qúando se insere estes atores e con-
versáo, o resultado é

10. A = .!!:._ h hVI - (vf2c2) M(u.m.a.)V(volts) = 4,826 x 10-'!f'(gauss2)R 2(cm').


mv mc(v/c) moc(v/c)
Para os dados do. Problema 1, a fórmula_ dá M = 15,99 u.m.a.
3. Em R = 17,6 cm e R = 18,9 cm respectivamente.
Comprimento de onda de Compton do elétron = h/m¡;: - 2,4263 x JO-'" cm.
4. Observam-se máxi_mos em Z = 8. 20, 28, 50 e 82.
5 Observa m-se máximos em A-Z = 20, 28, 50 e 82. .,,, 12,87 Mev; Si". 11,59
6·. C". 16,88 Mev; N". 7,54 Mev; F"', 7,95 M ev; N e·,
Velocidade do Comprimen/o de Velocidade do Comprimento de
elétron, v/c onda de Compton elétron, v/c onda de Compton
7 ~.~v4 96 Mev· N" J 95 Mev: N". 10,27 Mev; O". 7,15 Mev.
0,1 2,414 X 10-> 0,95 8. H' •= '1 008142 u.m•. a.': H' - 2.014736 u.m.a.; C" = 12,003821 u.m.~-
7,973 X 10- 11
· u.m.a.; Hº- -- 2 •014104 u · m ·a··• O" = 15 ·994904 u.m.a.
0,2 1,188 X 10-• 0,99 3,457 X 10- 11 9.. '
H' = 1,007826
0,5 4,202 X 10-io 0,995 2,436 X 10- 11 JO. C" = 12.003816 u.m.a.; S32 = 31.982238 u.m.a.
0.7 2,475 X 10-io 0,999 1,086 X 10- 11 12. 96495,0 coul./átomo-grama.
0,9 1,175 X 10-io
9 RESPOSTAS AOS PROBLEMAS 605
604 FISICA NUCLEAR
formam urna cadeia de_ 3 memb_ros que pode ser tratada pelas Eqs. (10.16).
CAPÍTULO 10 (10.22) e (10.23). A ma10r quanudade de RaF sera formada após 24.85 dias e
será 5,06 x 1011 átomos. Naquele instante. a atividade a será de 2.93 x 104
l. T

2. T,

3.
= 137
11.100
=
min; X - O,005058 mm
min-1.
137
· -, . A taxa de contagem em t

min,A,. = 11.100 min-•; T, = 45.7 min,Ao2


=
= 8000 min-•.
O te ria sido

l desintegra<;0es/s. assim como a atividade /3.


10. (a) X = 1.22 X 10-• s-•, A = 0,69 X 10-• s-•,
0
0

(b) T., 2 (/3) = 94.8 min. T.,, (a) = 167.I min,


(c) a, 1,96 x 10'" s-•; /3. 3.46 x 10'" s-•,
(d) a, 2,49 x 19' s-•; /3, 4.39 x 10 s-•.
9

Tempo, em dias Frarilo da amostra desintegrada, % 11


11. 1,3 x 10 anos.
12. Equilíbrio secular. 2 1 234
1 16,8 13. Durante um periodo de 10 min. as atividades do Th ª· e Pa parecem estar 2 1 em

2 30,4 equilíbrio secular; mas sobre um período de 10 dias. a atividade do Pa : ~ 2vai


3 42,0 decrescer coma meia-vida de 24,1 dias, em equilíbrio transitório como Th ª~.
4 51,6 14. O número de átomos N :r de um dado meíllbro de urna série radioativa em equi-
5 59,6 líbrio secular está relacionado com o número de átomos N 1 da substáncia-pai
10 83,7
pela fórmula

Urna amostra de um micrograma de radónio contém inicialmente


9
10-'(6,025)10'" Sen do a substilncia-pai o U238 com a meia-vida de 4 ,50 X 10 anos, o número de
222 = 2,71 x 10" átomos. 238
átomos de cada subst.incia-filha por 109 átomos de U está dado na tabela que
segue:
u t d4_.55 Ox 101.i átomos desintegram-se no primeiro dia·, 2,17 x 10" no
En.tao.
q mO 'ª
e ,87 x l 014 no décimo dia. 238 Substáncia Átomos/bilhllo de uns
Substáncia Átomos/bilháo de U
Em222 2,32 X to-:i
4. 1,47 X 10--2 4,88
Th234 Pb210
Frm,:ii.o mudada Tempo, Frariio mudada Tempo, 5,54 X 10' 3,05 X 10- 3
para UX 2, % em dias para UX 2 , % em dias
U"' 1.77 X 10' Bi210
8,41 X 10-,
Th'"
Ra22s 3,59 X 10' Po210

90 80,1 99 160,2
95 104,2 63,2 24,1 235
Os resultados para a série come~ando coro o U sao

5. (a) Ra: 1 curi_e pesa I g; 1 rd pesa 2 70 x 10-s Substancia Átomoslbilhiio de LJ23!'>


(b) Rn: 1 cune pesa 6,45 x 10-, g; j rd pesa 1 ~ X rn-rn 4 3,95 X 10-s
(c) RaA: 10-• cu pesam 3,54 x 10-" g· ¡ rd p; 9 56 g.
~) ~aC': 10-s cu pesam 3,1 x 10-" g;° 1 rd pe::
8 x xl¿~~•g• _g. 4
Th231
Pa231
Ac221
4,83 X 10'
30,9
6· "' - 8,0 x 104 anos; 0,049 rd. ' Th221 7,17 X 10-'
Ra223 4,32 X 10-2
7.
Tempo, N. 0 de desintegrarOes Atividade, Atividade,
10 1
em dias por segundo em milicuries em rd 15. A constante de desintegra~ao do U 238 é 1,54 x 10- ano- •2 6Portante. um
grama de uranio produz. em um ano. urna quantidade de Pb º igual a
o 1,664 X 10' 4,50 166,4
10 1,58 X 10' 4,27 158 206
30 1,43 X 10' 3,86 143 1 54 X I o-rn X = 1,33 X 10-rn g.
50 1,29 X 10' 3,49 129 . 238
70 1,17 10' 3,16 117

X
100 1,01 X 10' 2,73 101 Por conseguinte. pode-se descobrir a idade em anos. dividindo-se a quantidade
300 3,69 X 10' 1,00 37 de Pb 2º'' corresponden te a um grama de uránio por 1.33 x 1o-H,. ou
multiplicando-a por 7.5 x 109 • A fórmula.

8. 10,8 h. Idade = (Pb2 º6 /U) x 7.5 x lff1 anos. decorre diretamente.


9. Despreze O T1206 por causa d e sua meia-vida curta. Entflo. o RaE. RaF e RaG
606 FÍSICA NUCLEAR RESPOSTAS AOS PROBLEMAS 607

(a) 10 anos: corrigida para 9,9 x I o; anos.


8
8.
(b) 7,5 X 10' anos; corrigida para 7,1 X 10' anos Reariw Mudan~·a de energia Reariw Mudanra de energia
16. Um grama de ur8.nio produz em um ano .
c12(n, -y)Cl3 exoenergética C'2(d, p)Cl3 exoenergética
C'2(n, p)B12 endoenergética c12(a, n)o1s endoenergética
l 54 X 10-w X 32 c12(n. a)Be9 endoenergética c12(a, p)N's endoenergética
. 238 = 2,07 X 10-" g de hélio = 1.16 x 10-, cm' de hélio nas C'2(p, n)N12 endoenergética c12('}-', n)CII endoenergética
C.N.T.P jáqueadens'dd d hT C' 2(d, n)N'ª endoenergética c12(y, p)B11 endoenergética
a idade é'igual a , a e o e ,o nas C.N.T.P. _é de 0,1785 g/litro. Entao,

(He/U)-;. 1,16 x 10-, ano= (He/U) x 8,6 x 10' anos.


9.
Rearcio Mu,danra de energía Rearóo Mudanra de energia
, Esta fórmula também pode ser escrita como Bll(p, y)C'2 exoenergética Be 9(d, n)C 12 exoenergética
N'"(p, a)c12 exoenergética BJO(a, d)C'2 exoenergética
ldade = (He/Ra)(Ra/U) x 8,6 x 10' anos, Bll(d, n)C'2 exoenergética C 13(y-, n)C 12 endoenergética
N14(d, a)c12 exoenergética orn(y, a)c12 endoenergética
onde (Ra/U) é o número de gra d 'd' C 13 (d. t)C 12 exoenergética N14(n, t)c12 endoenergética
1620/4,50 x J09. Ent3o, mas era 10 por grama de uránio. e é igual a

ldade = (He/Ra)(l620/4,50 x 10-')8,6 x 10' = 3,1 (He/Ra). 10. A Eq. (11.9) pode ser escrita na forma
A idade do mineral é de aproximadamente 1,5 x JOll anos.
E _ Q+ E,[1 - (m./M,)].
CAPÍTULO 11
u - 1 + (m,/N,)
l. e 2. O valor de. Q pode ser calculado a partir das massas dos núcleos-al vos e produ-
tos; E;;r = 1,8 Mev. Os números de massa de m;;r, my e Mr sao conhecidos.
Portanto, o valor de Ey pode ser calculado. Os resultados sao
Valor
Reafilo de Q, Tipo Valor
Mev Reariio de Q. Tipo
Mev ReafiiO Q. Mev Eu, Mev
H 1(n, y)H 2 2,230 exoenergética 11
H'(n, -y)H' Be (d, p)Be 10
4,585 exoenergética g¡2s(d, p)Si29 6,246 7,66
6,251 .exoenergética B 11 (d, a)Be9
LF(p, n)Be 7 -1,645 8,016 exoenergética Si"(d, p)Si" 8,386 9,75
endoenergética c12(d, n)Nlª -0,280
LF(p, a)He4 17,339 endoenergética Si30 (d, p)Si3 1 4,367 5,86
Be'(p, d)Be 8
exoenergética N 14(a, p)o1r '· -1,198 Si 29(d, a)Al27 5,994 6,66
0,559 exoenergética N15(p, a)c12 endoenergética
Be9(p, a)Li 6 2,133 exoenergética. -
4,961 exoenergética Sj30(d, ,a).~1 28 3,120 4,19
0 16 (d, n)F'\ 1,631 endoenergética

3.
Reafüo 11. Quando as rea96es sao sornadas e as quantidades que aparecem de ambos os
· Massa do núcleo-produto
lados da equa98.o resultante sao canceladas, o resultado é
'(á.) AJ21(n, -y)AJ2s
'27,99076
(b) Ai"(d, p)AI"
(e) Al"(p, a)Mg'•
27.99076 O" + 4d --> 6a + 33,224 Mev
23,99263
(d) Al"(d, a)Mg''
24,99374 ou

4. Q = 8,04 Mev., ', 5. E. = 2,368 Mev. 16,000000 + 4(2,014723) - (33.224/931.162) = 4.003869 u.m.a.
6 .. Be'(p, n)B': Q = -1,853 Mev· C"'(p n)N"· Q
O"(p, n)F": Q = -2,453 Mev.' · · =- 3 003 M
, ev;
" 6

7. 12.
Reafiio n p d a
Energía limiar, em Mev

3,015 (a) 14.96 Mev 11.95 20.27 17.15


2.590 (b) 14,19 11,18 18,84 14,65
5,091
RESPOSTAS AOS PROBLEMAS 609
608 FÍSICA NUCLEAR
energia cinética de recuo E(B), de forma que
13. la) C". 18.72 Mev: C'". 4.96: C". 8.17
(b) N'·'. 10.55: N"'. 10.84: N"'. 2,65 M(A) > M(B) + E(B) + M(a).
(e) 0";. 15,60: 0", 4.15: 0", 8,07
(d) Ne". 16,91: Ne". 6,75: Ne", 10,36 Como a partícula a também deve ter alguma energía cinética E( a),
14. (a) C". 8,69 Mev: C", 16,88; C"'. 17,54
(b) N'", 1.95: N". 7,54: N"'. 10.30 M(A) ac M{B) + E(B) + M(a) +E(a).
(e) 0", 4,61; 0", 7,35; 0"', 14,82; O". 13,60
id) Ne", 6,36: Ne 20 • 12,87: Ne". 13,03 5. No equilíbrio secular haveria 6,65 x 1012 átomos de Mn 56 • Em geral, o número
16. 1,88 Mev N de átomos de Mn 56 é dado pela equayao
17. Al" - Si'"= 4,65 Mev = 0,00499 u.m.a.
18. De 5,7 Mev (0 = 1T) a 11.2 Mev (0 = O). dN
-=a-}..N
dt '
CAPÍTULO 12
onde a é a taxa de produyao constante. Esta equayao tem a soluyao
l.
Tipo de Tipo de N(t) = ~a (1 - e-") •
Nuclíd,•o emissiiv Nuclídeo emissiw
Ga73 ¡¡+ V" ¡¡+ No equilibrio (secular), N = a/>,., Em t = 20 horas, alcan~ou-se 99,5% do equi-
Nb" ¡¡+ Sc47 ¡¡+ líbrio secular.
cs121 ¡¡+ AgllO 13- 6. O número de átomos de Au 198 em qualquer instante t é dado por
1r1111
¡¡+ xe131 ¡¡+
Aurn11 ¡¡+ xe123 ¡¡+
Br111, ¡¡+ Zn6ª ¡¡+

2. onde a = JO'º s- 1 e>,.= 0,2567 dias- 1 = 0,2972 x 10-• s-•. Após 100 h haverá
Tipo de
2,47 x 1015 átomos de Au 198 ; após 10 dias haverá 3,47 X 1015 átomos de Au 198 •
Tipo de
Nuclídeo emissiio Nuclídeo emissiio
No equil_íbrio secular haveria 3,76 x 1015 átomos. O número de átomos de Hg 198
é igual ao número total de átomos formados menos o número de átomos de
Na" estável Na22 /3' Au 198 , isto é, ao número de átomos de Au 198 que decaíram. Este número é
_,., .,
P'' 13- F" /3' 1
Si 31
Mg"
13-
13-
Be 10 13- 1
He' 13-

:\ na hiPótese· de
qlle os áto~o;S de Hi
198 nao sao ár;iados pelos neÜt:-i-ons. (Na

3. realidade, este náo é o caso e o proble¡na é mais complkado,) Em 100 h haverá


Processo de Valor de Processo de 1,13 x 1015 átomos de Hg 198 e em JO dias haverá 5,17 X 10" átomos de Hg'".
Valor de
decaimento Q. Mev decaimemo Q, Mev 7. A irradia~áo terá que ser continuada durante 11,7 dias para alcan~ar 95% do
equilíbrio secular.
He 6 (/3-)Li6 3,215 Pº(J3-)Ne20 7,052 8. Fe59 •
CH(J3-)N14 0,155 Na22(J3+)Ne22
N13(/3+)Cl3
2,841 9. Ge".
FJll(J3+)Qlll
2.222
1,671
Na24(.B-)Mg24
A1211(/3-)Si2t1
5.531 10. 13-: F 20 , F 21 ; 13+: Na2 º. Na21 ; EC: nenhuma.
4,650 11. 13-: Cl36 , S 35 ; 13+: nenhum; EC: CI".
12. K40 : W, EC; Se'º: 13+.
13. >..(/3-) = 0,585 X 10-s s- 1 , >..(/3+) = 0,285 X 10- 5 s- 1 ,
>..(EC) = 0,630 x 10-5 , - 1 , T,,,(/3-) = 32,8 h,
4. Numa primeira aproxima¡;ao. a condi¡;ao para o decaimento a é T¡¡ 2(J3+) = 67 ,4 h, T¡¡2 (EC) = 30,5 h.
14. 1,25 x 109 anos. 1 1

M(A) > M/BJ + M/cxJ. 15. He'...., He 4 + n, Q = 0,95 Mev


Li5 ~ He4 + p, Q = 1,68 Mev
is!o é, a_massa do núcleo inicial deve ser maior ou igual a soma das massas do Beª~ 2He4, Q = 0,093 Mev.
nucleo fmal e urna partícula alfa. Na realidade. o núcleo final sernpre tern urna
610 FÍSICA NUCLEAR
'~\ com flr
RESPOSTAS AOS PROBLEMAS

em gauss-cm. Entao, Q é dado por


611 ,il
i
l1
1

CAPÍTULO 13
Q = E,(1 + 4/25) - 2.10(1 - 2/25),
l.
Velocidade, M/M, Energia, Me1· Energia, Mev Hr, numa aproxima,;ao suficientemente boa.
cm/s (relativistica) (clássicaJ gauss-cm, x 10-a

10" 1,00000 0.0274 0,0274 0,2073 Q, Mev Hr, gauss-cm, Ea, Mev Q.Mn
Hr, gauss-cm, Ea, Mev X J0-5
5 X J()' 1,00015 0,519 0,519 1.037 X J0- 5
7,5 X )0 8 1.00034 1,117 1,117 1,555
JO' 1.00058 2,076 2.074 2,074 3,29 5.22 4,13
3,93 7,49 6,69
1,25 X 109 1.00090 3,245 3.241 2.594 6,11 3,25 5.09 3.98
1.50 X )09 1,00125 4,676 4.667 3.113 3,79 6.93 5.04 3.85
6.57 5,72 3,23
J.75 X JO' 1.00170 6,293 6,277 3,634 3,69 3.05 4.49 3.27
3,54 6,045 5,08 2,78
2.0 X )09 1.00220 8,324 8,296 4,155 4,73 2.90 4.06
2,5·~ X.)Q 9 12.96 5.201 3,45 5,74
1,00351 13.09
3.0 X J()' 1.00503 18.81 18.67 6,252
5.0 X JQ9 1,01420 52,94 51,85 l0,51
1010 1.06078 227 207 22.00 5. Alcance, cm
2.0 X JQIO 1,3425 1277 830 55,7 Energia, Mei·

6,0 4,66
6,28 5,01
8,0 7,35
2. Urna vez que o leitor teve prática em cálculos relativísticos no Problema I, o 7,80
problema presente pode ser tratado classicamente: O erro introduzido é pe- 8,30
10,0 9,22
queno, como pode ser visto dos resultados do Problema l. A Eq. (13 .4) pode
ser reescrita para obtermos v(cm/s) = [E(Mev)/2,074]' 12 x 10'.
6. (a) (e)
Alcance em Espessura
Energia, Mev i•, cm/s Energia, Mev v, cm/s Isótopo Alcance médio equivalente,
da partícula a aluminio,
do x 10 3 cm mg/cm 2
1 6,?4 X JO' 6 1,70 X 109 polónio no ar, cm
2 9,82 X 10' 8 J ,96 X JO' 7,02
2,20 x JO' p 0 21s 4,657 2,60
4 1,39 X JO' 10 8,51
1,55 X J()' 5,638 3,15
5 Po216 9,72
6,457 3,60
Po215
3,85 10,40
Po214 6,907 11,75
7,793 4,35
5,04 13,61
3. As fórm·~·1~~ clássicas podem novamente ser usada~. senda obtidos os seguintes 9,04 17,33
resultados; eles podem ser comparados com os valores listados na Tabela I 3.1. 11 ,51 6,42
4,78 12,91
Po212 8,570 14,66
9,724 5,43
6,46 17,44
11,580 9,88
Emissor Energía Velocidade Hr, 6,555 3,66
a/fa Mev cm/s, X J0- 9 gauss-cm, X ,0- 5 Po211
2,14 5,78
p0 210 3,842
p0 21s 5,9981 1,701 3,526
Po218 6,7744 1,807 3,746
Po215 7,365 1,884 3,906 7, 8, 9.
p0 214 7.680 1.924 3,988
8,277 1,998 4.142
9.066 2,091 4,335
10.505 2.251 4,666
p0 212 8.7759 2,057 4,264 10. Altura da barreira de Co11lomb, Mev
Núcleo
9.488 2.139 4.434
10.538 2.254 4.673 3,5
Po 211 7,434 1.893 3,924 New
sn112 JO.O
Po2IO 5.2984 1.598 3.313 Th232 14.1

4. Quando se elimina,, entre as Eqs. (13.3) e (13.4). o resultado é 12. 0.6 s.


13. 5.401 Mev: 210.0483.
E 0 (Mev) = 4.824 x 10-" (Hr)',
RESPOSTAS AOS PROBLEMAS 613
612 FISICA NUCLEAR
raios y de 0,835 Mev, 1,14 Mev e 2,76 Mev respectivamente.
CAPÍTULO 14 2. Os valores de µ, obtidos a partir dos gráficos devem estar próximos aos dados
na Tabela 15.1, digamos, 0,096 cm- 1 , 0,267 cm- 1 e 0,478 cm- 1 para o alumínio,
I. Para um elétron, a rela~áo estanho e chumbo respectivamente.
3. Se9iies de choque fotoelétricas.
eHr = mv = p

é válida, onde p é o momento. Entáo, Energia a'T, 10- 24 cm 2/átomo

Hr = p/e = (1/ec) (T' + 2mr,e 2 7) 112 • n Mev A/urnínio, Z = 13 Chumbo, Z ~ 82

O resultado desejado é obtido quando os valores das constantes sáo inseridos. 0,1 5,108 0,00013 0,675
0,125 4,086 0,00017 0,869
2. A partir do resultado do Problema 11, Capítulo 6; como 0,25 2,043 0,00042 2,08
0,5 1,022 0,00129 6,31
p = eHr, 1,0 0,511 0,00691 27.7
1,5 0,341 0,0214 75,7
segue-se que 2,0 0,255 0,0554 161
3,0 0,170 0,196 465
T = [(m 0c 2) 2 + (ec)'(Hr) 2 ] 112 - mr,e 2 • 4,0 0,128 0,492 985
5,0 0,102 0,991 1782
O resultado desejado é obtido quando os valores das constantes sao inseridos.
3. Alcance = Tmg/cm'; T = 65 kev; 1h 11, = 0,6 mg/cm'. ·
4. O alcance é de cerca de 800 mg/cm' por inspe9áo. (a) ~ 1,75 Mev. (b) ~ 1,77 4.
Mev. O valor medido da energía máxima é 1,71 Mev. Seróes de choque de Compton
Energia w-24 cm2
5. Em cada caso, o limiar extrapolado do gráfico deve corresponder a urna energia
próxim·a-de 1,71 Mev; o gráfico de Hr <leve extrapolar para uro valor próximo
Mev
de 7300 gauss-cm:__
6. N1 4 : 14,007517 u.m.a,1 0": 17,004524, P": 28,990988, S 35 : 34,98014.
" O' O',
"'·
7. 1,483 Mev. ',.;, . 0,025 0,0128 8,203 8,203 0,00
0,20 0,102 6,370 5,482 0,888
8. (a) 0,782 Mev, (b) 0,782, (c) 0,780, (d) 0,771. 0,50 0,255 4,868 3,663 1,205

i,
9. (a) Zn.,., Ni 64 sáo estáveis; Ga64 : (3+, Cu": 13-, ¡r, EC;
(b) Cu":-á energía liniiar· o valirr' de Q sáo ambos ff,58 Me,ipara a emissáo
13-; para a emissáo p+, a energía limiar é 0,67 Mev, o valor de Q é 1,69
1,0 ·
2,0
4,0
0,511
1,022
2,044
3,725
2,717-
1,880
2,443
1,513
0,876
1,282
1,204
1,004
6,0,. 3,066 1,476 0,620 0,856
Mev; Ga" (f,'): a energía limiar é 6,22 Mev, o valor de Q é 7,24 Mev. 10,0- ." 5,108 1,062 0,393 0,669
1O. A energía média é dada pela raziio 20,0;'' 10,22 0,653 0,195 0,458
n•,;c.,::,-.~f~+.,
l
· .L:.-'n' .\'.::-_,
:.;_-' . T~·-- · .
50,0' ,. 25,55 0,325 0,086 0,239

_j,¡:¡: _____ ~'1' ~Jo _TP(T) dT\,_, ______----~~-


5.
,. f~~.tif·
. f.
; - T
0
P(T) dT
'. i '

Energia, Mev
aK, 10-24 cm 2

Alumínio Chumbo
As integrac;óes podem ser rea1izadas ana1iticamente e o resultado é 1/3, nas 1,0 o o
condi9iies dadas. 5,0 0,19 7,4
11. (a) 2,44 x 1011 s- 1 , (b) 5,69 kev, (c) 0,32. 10,0 0,35 14,0
12. l watt. 15,0 0,45 17,9
13. 6000 quilowatts. 20,0 0,53 21,1
25,0 0,59 23,4
14. Al": 3,2 Mev; CI": 4,1 Mev.
15. O esquema está dado na página 730 da Table of isotopes, Strominger, Hollan-
der e Seaborg -Revs. Mod. Phvs. 30, 585, 1958.
16. Veja na página 644 da Table of fsotopes. 6. Os valores de µ, para o cobre devem ser próximos dos valores na Tabela 15.1,
17. Veja na página 671 da Table of isotopes. digamos, 0,578 cm- 1 , 0,486 cm- 1 e 0,316 cm- 1 para energías de 0,835 Mev, 1,14
Mev e 2,76 Mev respectivamente.
CAPÍTULO 15 7. 3,35 Mev, 1,53 Mev e 0,64 Mev respectivamente.
8. 0,212 Mev, 0,248 Mev e 0,377 Mev respectivamente.
1. Os valores de µ. obtidos a partir dos gráficos devem estar próximos aos dados 9. 0,237 Mev, 0,294 Mev e 0,347 Mev respectivamente.
na Tabela 15.1. digamos. 0,182 cm- 1 , 0.157 cm- 1 e 0,096 cm- 1 para energías de
,u. tabela.
As energías sao 86,5 kev e 196,5 kev, como pode ser visto a partir da seguinte 615
RESPOSTAS AOS PROBLEMAS

5.
Hr. Q. Nfrel do B 11 , Hr. Q. l\'frd do B 11 •
Energia do Energia da.1 kg-cm Mt•1· Mev kg-cm Mev Mev
elérron, kel' camadas t' t/('
ligariio, ke1· Energia do 448 9.235 Fundamental 245 1,937 7.298
32,9
rato y, ke1• 399 7.097 2,138 190 0,667 8,568
78,0 K (53,4) 338 4,776 4,459 171 0,309 8.926
84,7 L (8,6) 86,3 322 4,201 5.034 156 0,045 9.190
86,J M (1,9) 86,6 266 2,477 . 6,758 151 -0,041 9,276
143,0 N (0,4) 86,6 264 2,427 ' 6.808
187,0 K (53,4) 86,5
194,7 L (8,6) 196,4
M (1,9) 196.6
196,6
6. (a) O,003499 u.m.a., (b) 2,24 Mev.
11. E,= (hv¡'/2Mc'. Com hv em kev. e AJ em urna

E,(ev) = 5,38 X JO-'(hvj 2


(c)
-;_:::::;:::;;;--;-¡;---E~~-z::---:~;~r----
Energia de
ressonimcia,
Energía de
excita{:ilo,
Mev
ressanáncia.
Energia
Me1· de
,Ecxcirarüo,
;,·:•:•;Me,·
e'fr~~•itª,;'.d'.~e
AM4 Mev
12. 21 ,3 min: Mn 521n; 5,8 dias: Mn 52• 4,71 17,35
4,29 16,95
13, 14. Veja Table of isotopes, op. ci1., pág. 626. . 4,46 17,11 4,78 17.41
15. Veja Evaris, The Alomic Nuc!eus, pág. 233. 4,49 17,14 4,99 17,62
4,57 17,21 5,07 17,69
4.62 17,26 5,20 17.81
CAPÍTULO 16
l.
Q, Mev
Níve/ de eti~rgia, Mev ( ) 16
Q, Mev 1
6,69 Níve/ de energia, Mev 7 a ' 261 x 10
s , , (b)os190.
de A u198 ' (b) 2,8 milicuries.
6,11 Estado fundamental s· (a) 3,5 x 10' a~om de Ta'", (b) 22 b.
5,72 0,58 3,98 9: (a) 1,75 x I014(~:~m9~s Mev, (c) 4,95 Mev.
5,08 0,97 3,85 2,71 10_ (a) 4,94 Mev, '
4,73 1,61 3,27 2,84
1,96 2,78 3,42
3,91
11.
Núcleo- .
Energw de ¡·gariio
1 :r do
2. (a) produto último néutron, Mev
Q, Mev Pb201 6,71
E, Q, Mev Pb20B 7,37
-6,92 E, Pb209
6,97 3,87
-7,87 8,57
6,09 5,45
- I0,74
3,44

12. 12.
Energia do Reariio
Estes resultados foram obtidos usando-se a Eq. (/ J.9), com números de massa ralo y, Mei•
em vez dos va/ores precisos das massas. (b) O valor de Q de -6,92 Mev cor-
responde ao estado fundamental. O valor calculado a partir das massas (Tabela 6 73 ± 0,008
11. 1) é -6,88 Mev. (c). Os diferentes grupos de prótons correspondem ao es- Ú80 ± 0,008
tado fundamenta/ e a níveis excitados do B" em 0,95, 1,65 e 3,82 Mev respecti-
vamente. (d) As energias limiares sao 9.99 Mev, 11,36 Mev, /2,38 Mev e 15,5/
9,94
Mev,Mev.
para o estado fundamental e os tres estados excitados, respectivamente. 13. . 'Jt1mos neutrons no Fefi(, sao
(a) 1.64 Mev, (b) 2,95 Mev. ias de liga~ao dos d01_s ~a diferern;a de massa,

14. 1
13. As energ (a) 20.24 Mev a
(b)- 20,54
Pª~\\~
de rea<;oes nuclear~\,s Mev e tem. porlanto.
C"(p MevN~/1:m
n) um valor de Q de - . -
14. (b) A rea<;ao . ·. de 670 kev.
urna energia hmiar
RESPOSTAS AOS PROBLEMAS 617
616 FÍSICA NUCLEAR

CAPÍTULO 17 A Za
(valor inteiro mais próximo)
l.
Energia de ligarüo Energia de Energia de Coulomb 27 12
Núcleo Raziio: 64 27
total, Mev Coulomb, Mev Energia de ligariio total 125 47
216 73
Be' 58,0 3,3 0,056
AJ27 225 30,0 0,13
Cu" 552 152 0,28
Mo" 846 221 0,26
xe124 1045 362 0.35
w1s2 1461
6. Este problema envolve somente urna comparac;ao de curvas.
549 0,38
7. (a) Massa (Ra226) = 226,10543. Massa (Em222 ) = 222,09803. Massa (He') =
U"' 1803 778 0,43
4,00387. Portanto, a energía disponível para o decaimento a do rádio é 0.00343
u.ro.a. ou 3 .2 Mev, calculada a partir da fórmula semi-empírica. O valor experi:-
2. mental é 4,88 Mev.
Núcleo Energia de ligarii.o total, Mev, a (b) Massa (Pom) = 214.08049, Massa (Pb"") = 210,07368. Massa (He')=
partir da fórmula semi-empírica 4,00387. Portanto, a energía disponível é 0,00304 u.m.a. ou 2.8 Mev, em com-
parac;ao com o valor experimental de 7 ,83 Mev.
Be' 47 (e) Massa (Hfl 70) = 170,00774. Massa (W"") = 170,01262. A diferern;a de
Al21 224 massa é negativa de mbdo que, de acordo com a fórmula semi-empírica de
Cu" 595
massa, o decaimento a nao deve ocorrer.
Mo" 841
Xe 124 1039 (d) Massa (Au 198 ) = 198,05121, Massa (Hg'") = 198.04944. Portanto.
w1a2 1457 devem ser disponíveis 0,01777 u.m.a. ou 1,65 Mev para o processo de decai-
U"' 1819 mento, em compara98.o com o valor experimental de 1,37 Mev.
Os resultados acima mostram que a fórmula semi-empírica de massa na
forma usada náo prediz as energías de decaimento quantitativamente. Mas ela
3. fornece resultados semiquantitativos que freqüentemente sao úteis.
Núcleo 'Massa atómica, em Massa atómica a partir 8. Massa (Fe") = 53,96011, Massa (n) = 1,00898, Massa (Fe") = 54.96045. A
u.m.a. (experimental) da fórmula semi-empírica
energia disponível é 8,97 Mev, em compara9áo com o valor experimental de
Be' 9,0149 9,0274 9,28 Mev.
Al21 26,9901 26,9915
Cu" 62,9486 62,9049
Moes 97,9361 97,9473 9.
Xe 1:w 123,9458 123,9588 Massa a partir da -Energia de /igarao do
w1s2 Núcleo
182,0033 182,0226 fórmula semi-empírica último néutron, Mel'
U"' 238,1234 238,1321
Pb"' 206,06428
Pb201 207,06712 5,72
4. Pb2oa 208,06871 6,88
Energia de ligarao Energia de Raziio: Energia de Coulomb Pb209 209,07182 5,47
Nuclídeo
total, Mev Coulomb, Mev Energia de ligarao total

Ca4º 342 66 0,19


80 120 1020 294 0,29 Descobriu-Se que as energias de liga¡;áo dos últimos neutrons no Pb 2 º7 • Pb 2º8 e
Pb2os 1636 664 0,41 Pb'"'· obtidas a partir de rea,oes (d. p). sao 6.70. 7.37 e 3.87 Mev respectiva-
mente.

Nuclídeo Energia de Jigariio a partir


da fórmula semi-empírica
Massa
atOmica
Massa atómica a partir
da fórmula semi-empírica
10. T= 2~1(:by = 10-20 Mev

Ca4º 345 39.9753 39,9877


11. (a) D.Sn = 28, (b) D.Sn - 1 Mev
sn120 1012 119,9401 119,9945
Pb 2 0!I
1630 208,0422 208,0688 CAPÍTULO 18

l. Massa do neutron = 1,008984 ± 0.000003 u.m.a.


5. Z 0 = 34.5A/(A '" + 66,7)
RESPOSTAS AOS PROBLEMAS 619
618 FÍSICA NUCLEAR
1l.
2. Energia. e\'
Ener,:ia, er 1"K v. cm/s A., cm
0.023 JO 0,74
1
30 3.8
0.001 11.6 4.37 X rn1 9.04 X 10-~ 3 0,121
50 8.2
0.025 290 2,19 X 10-' J.81 X 10-H 5 0.26
1.0 l. 16 X· ID' J.38 X Jüf> 2.86 X 10-~
IDO J.16 X JO' J.38 X 10' 2.86 X 10-10
JO' J. J6 X JO' J.38 X JO" 2.86 X 10-11
J06 J,16 X l 010 J.38 X 10• 2.86 X I0-12 E
12.
JO' J.16 X 1012 J.28 X 1010 2,79 X I0-13
101u J. J6 X !OH 2.99 X 1010 1.14 X 10-14 ~t. µ, s/min JO k.e\·
JO ev 100 e\· J kev
J er

14 ev 0,44 kev 14 kev


0.5 0.014 ev 0.44 ev
3. (a) Q = 5,65 Mev. (b) 0°: 10,8 Mev: 90°: 8,5 Mev: 180°: 6,7 Mev. 0,0028 ev 0.09 ev 2.8 ev 88 ev 2,8 kev
0,1 1.4 kev
4. H'(d, n)He": E,., = 2,45 Mev. 0.05 0.0014 ev 0.04 ev 1.4 ev 44 ev
H3 (d. n)He': E,. 0 = 14.l Mev.
C 12 (d, n)N 1:i: Q = -0.280 Mev. a rea~ao tem urn limiar maior que 0,28 Mev e
nenhum néutron será ejetado por déuterons de energia "zero".
''1 ,,
N 14 (d. n)0 1·~: E,, 0 = 4.8 Mev. LF(d. n)Be 11 : E 110 = 13,4 Mev. Be!.l(d. n)B 10 : Eno = , u = 26,3 x 10-24 cm2 , (b) u",.= 21 x l O--· cm-.
4,0 Mev. 13 . {a) _}_ -t,;;ru, = e-N.r(u,+r;r.) = e-N;ru, X e-A;ru. = Q,575 X Q,685 .= 0,394. +

'
.L
1145. I/lo(0-0{5 ev)
, Un ,
= 147 b, em boa concordáncia como valor medido de 150 - 7 b.
5. l
Rearllo En, mh, Rear;iw E.,, mfn
16. 29 colisóes.

H'(p, n)He' 64 kev c12(p. n)Nl2 118 kev


LF(p, n)Be 7 29 kev Na2ª(p. n)Mg2 ª 8,3 kev CAPÍTULO 19
Be!l(p, n)B 9 21 kev v-~1(p, n)Cri1 0,58 kev
72 --+ a1Ga72--+ a2Ge72 (estável).
l. (a) 30 Z n , I)
6. (a) nv = JO' neutrons/cm's. (b) nv = 1,17 X 10 neutrons/cm s. 5 2 90
(b) 35Kr --+ 37
Rbgo
..., 38
sr9º --+ 39y902 --+ 40 Zroo 92
(estave .
(c) 0°:'104,4, 25º: 100, 50º: 96,0, 100º: 89,4, 200°: 79,4. r 92
(e) 35Kr --+ 37
Rb92
---> 38
s,•2 ..., 39y 9 --+ 40 zr (estável).

7. i b
97m

b97 S 97 y•7--+ z, 97 /' 41N¡ , 42 Mo97(estavel).


,
Elemento < Número médio
de co/isóes
Poder de
ralentamento
Raziio de
moderat;iio
97
(d) 35Kr ---> 37R --+ 38 r ..., 39 40 ',. 97 /
41Nb
15
F 0,102 178 2,74 X JQ-5 56,7 105 T 105 R 105..., 45Rh 1º5 --+ 45Pd º (estável).
(e) 42 Mo --+ 43 e --+ 44 u
Mg 0,0807 226 0,021 8,2
Bi 0,0096 126 --+ 1Sb126 --+ s2Te12a (estável).
1890 0,0024 0,3 (¡) soS n 5 144 p !44
(g) 54Xe
144 e 144 --+ 56Ba144 --+ 57 La144 --+ ssCe -+ 59 r --+
--+ 5¡; s
8. (a) 3,2 curies, (b) cerca de 14.000 contagens/min. Nd 144 (estável).
00 · 156 156 , 1)
9. (a) A dedu,ao é diretamente análoga áquela dada na Se,ao l 8.5, exceto que em 156 S 1ss --+ Eu --+ 64 Gd (estave .
(h) a 1Pm ---> 62 m 63
coordenadas esféricas o operador d 2 /dx' é substituido por (d'/dr') + (2/r)(d/dr). 2. Sr"': 0,025 g; La'"': 0,031 g.
(b) A solu,iio geral da equa,iio diferencial em (a) é n = (Ae-m/r) + 3. (a) 205 Mev: (b) 211 Mev.
(Be+r 11·/r). Urna condi!r3.0 de contorno é que a corrente total de néutrons através 4. 179 Mev. _
de urna pequena esfera de raio a envolvendo a fonte tem um limite Q, a medida 5. Coloque num gráfico a func;ao
que o raio da esfera se aproxima de zero. A segunda condi~ao é que n deve ser
finito em qualquer lugar. de forma que B = O. = ( 1000 ) (O,O85e-o,69a110,4:i + 0.24le-o.693l/l,s2
0.64 _.
+ O,213e-0,693t/4,'l1 + O.J66(,-0.693l/22.0 + o,02s:-0,693t/5v.l,)
Ángulo de Bragg Ángulo de Bragg
Energia, ev para a reflexiio Energia, ev para " reflexao
133,&,-i,61/ + 376.6e-0,45fif + 332.9e-0.242f + 259.sc-o.o:u.,1
de primeira ordem de primeira ordem + 39,0e-o,012sr.
1 11° 15' 10 3º 32' . d ' 1· "dade de néutrons atrasada foi normalizada aqui
3 6° 28' 2º 2'
onde t esta em segun os. na IVI
30
5 5° O' 50 1° 35' para 1000 unidades quando t = O.
620 FÍSICA NUCLEAR RESPOSTAS AOS PROBLEMAS 621

6, (a) 45. (b) 34. 35. 36,5, 35,5, 37, 37, 38. (c) Deve-se esperar que os nuclídeos lécula. Entao.
comos maiores valores de Z 2 /A, o U 23:i_ Pu 238 , Am 241 e Cu 242 tenham maiores
taxas de fissao espontanea do que os outros nuclídeos. Nu = (O 93) (0, 66 ) = 8,9 X 10-•.
NH,O ' 687
7.
Nuclídeo Energia de liga90.o do - d e neu
5. A se98.o de choque para absor9ao , tro ns térmicos do D,O é 0.0093 b.
Fissionabilidade Se9Qo de choque
néutron adicionado, Me1· Portanto,
para fissao térmica, b
Th221
7.01 sim (0.93)(9,3) 10-•
LJ229 1500 1.2 X 10-'.
7.58 sim
Np236
7.05 ? 687
Np2a1 sim 2800
5.05 naoº!!? = 10-,
Np23H
Pu241 6.35 sim
6.88 1600
Pu242 sim 1080 6.
5.32 nao ou ? Moderador Área de Comprimento de
Am241
5.21 < 0.2 migrariio, cm
Am242 mio ou ? ) migraráo, cm 2
6.45 sim
cm2~0 6400
6.70 sim e 1708 41.3
20.000
Be 326 18.1
i H,O 36.8 6.1
D,O 15.510 124.5
1
Como os valores da energia de ativa93.o nao esta.o dados no texto. supóe-se que
urna energia de excita¡;ao de 6 Mev ou mais indica a fissionabilidade. enquanto que l +
valores de cerca de 5 Mev indicam urna fissionabilidade duvidosa. Os resultados
concordam bem com os valores conhecidos das se96es de choque para fissao tér- 7.
mica. Moderador NufNM M 2 , cm 2 M, cm Re, cm Massa crítica, kg
10. 170 Mev.
e 7,0 X J0- 6 1579 39.7 1247 56.5
16,8
Be 1,60X 10-s 304 17.4 547
CAPÍTULO 20 H,O 1,05 X 10-a 36,4 6,0 188 12.3
D,O J.48 X 10-• 14.050 118.5 3723 13.1
23
1. O U " é consumido pela fissao numa taxa de cerca de I kg/dia; a taxa total de
consumo é de cerca de I. 18 kg/dia. A máxima taxa de produc;ao de Pu 239 con-
cebível seria de cerca de 1.1 kg/dia.
~! ~~I~::tod~se pvista
arámetros usados neste problema, constituem má esco-
23
2. Quando o U r, puro é o combustível. o efeito de fissao rápida e a probabilidade
de resson:incia de escape s8.o ambos unitários e Nota: da eficiéncia de projeto ~e re.atores. Eles somente
foram usados para tornar possível cálculos mmto simples. ,

onde
k Q0 = 'Y/ f = 'Y/
Nuuau
Nuu,u
+ NMUaM 9. (a) dr•
2
dn 2 dn
+ r dr +
k~ - 1
M•
o, • 10. ,!!,
no
(~)ª
1r
(ñ/no)RP
(n/no),
8
3,r
no ñ
X= (e) A
1r/R; no

A condi98.o para a criticabilidade de um sistema infinitamente grande é kx = 1. 11.


ou x = 1/(YJ - 1). Para o U'"'. Y/= 2.07 ex = 0.93 é a condi~iio para a criticabi- Rearilo Valor de Q, Me1• Reariio Valor de Q, Me1·
Iidade. Entao. para grafite e U235 ,
1.944 NH(p, y)0'5 7.346
2.221 Q1t•(.B+)N15 2.705
· .!:!.!.:_ = (0.93) Q.004S = 5.92 X 10-••. 7.542 N15(p, y)Cl2 4.961
N.11 687

3. A se9ao de choque para abson;él.o de n€:utrons térmicos do berílio é O.O! b.


Entéio. Total' 4p-+ 213+ + a, Q 26.72 Mev.

CAPÍTULO 21
= f0.93) O.OJ = J.35 X JQ-••.
687
l. A partir da Eq. (21.7). segue-s~tque ~ 5; 12;('(~'.1 ~-~~/g: deuteron: 4.794 x 10'
4. A se9áo de choque para abson;ao de néutrons ténnicos da água é 0.66 b/mo- Os valores de (q/m) para o pro on. ,
~.,I 1 1
' i
RESPOSTAS AOS PROBLEMAS 623 1 1
622 FÍSICA NUCLEAR

emu/g; partícula a: 4.823 x 103 emu/g. 1 Para <l0utcrons 1

Segue~se que. para estes valores. H = 6,55 x 10- 4 n para prótons. H = 1.31 x H 2 R 2 = 4.172 X 10 4 V + 1.1127 X 10- V5 2

10- 4 11 para deuterons. H = 1.30 x 10--i n para partículas.
Para H = 15.000 gauss e R = 80 in. os déuterons tém urna energia de 210 Mev.
2.
Partícula H, gauss Energia, Me1• di!> 2 C11" e
5. (a) eV = e dt = ewif>o cos wt. (b) - ewif>o. (e) - · (d) - ·
r. 2w 4wR
próton 7.86 X 10' 7.4 Mev '
ecif>o
deuteron ] .572 X 10' 14.8 Mev (e) ,,.R = ecHR.
partícula o: 1.56 X 10' 14.7 Mev 2

6. Energia média por volta de= 400 ev: energia ~ = 10 11


ev.
3. Diferentes conjuntos de parámetros podem ser deduzidos coma ajuda da Eq.
(21.6) e as rela¡;0es do Problema 1. Quando o valor da energia é inserido na Eq.
{21.6). a relai;ao é obtida entre H e R. Se R é escolhido. H é determinado a
partir da relac;ao. en entao é dado pela relac;ao apropriada do Problema 1. Se a
freqüencia é escolhida. H está determinado e R é entao obtido a partir da Eq.
(21.6).
4. A energia cinética de urna partícula relativística é dada por

2 (]1[ )2
l
T = (M - Mo)c = Mo Mo - 1 e •

MaS T = 1011 qV. se q está em emu e V em volts. Quando as duas expressóes


para T sao combinadas,

Af - 1) e2
Mo ( ~
Mo
11
ou
M
Mo
1 +av. 1

Também se sabe que

Mo
M

De forma que

(2aV)
112
+ (aV/2))1/
[I 2

1 + aV

Entáo. como MV = qHR, segue-se que

HR = A:oc(2aV)
112
(1+ª:)" 2
t
e
625
"' INDICE ALFABÉTICO

34. 35. 36. 36


239-242 Contrar;iio de Fitzgerald.
Autovalor radioativa. 229
- na so\w;;ao da equai;iio Cartas de nuclídeos. 249, 90
<le Sch.rocdinger. 142 Conversáo interna. 292.
A vogadro. hipótese de. e a
248
350
molécula, 6-7 Ciclo - coeficiente de. 353
- carbono-nitrogénio. 551
- do néutron, 531-534 Corpo negro
B - na radiar;áo térmica, 71
Cíclotron
Corrente

31 ;
Baixa energia. núcleos pe-
sados, 386-387.
Balanc;o de massa ' ner-
gia em reac;:óes clea-
- de Lawrence e Livings-
ton, 224
- - na acelerar;áo de partí-
culas carregadas, 224
- densidade de, 479
Cortador de feixes de neu-
trons lentos. 483
Cosmotron. 576. 576
- na acelerar;áo de partícu-
res. 218-221 Cronótron de Goudsmit,
las carregadas. 562-567.
Salmer. série de. 113,-113, 171
Índice Alfabético 114
Barkla. medidas de absor-
563, 566
Coeficiente(s)
Curvas(s)
alcance-energia. 256.
- de absorr;áo, 288 257. 263-265. 264. 265
95.o de, 62 - - de massa. 343. 345
Barn. 379 - anisotropia gama. 321
Os números em ittilico referem-se a localiza~óes forado texto (legendas ' quadros • d'1s,·icos. notas etc.). - - e a radiar;ao homogé-
Barreira de potencial. na assimetria /3. 321
teoria da desintegrar;8.o nea, 56 de absorr;ao. 289. 289.
- - nos raios gama. 327
alfa. 273 - - para o chumbo. 344 290.290
- permeabilidade, 274 de alcance diferencial.
A - transparéncia da, 274 -- total,331 ·
- médio, 257 gem proporcional, 34 - de .conversáo interna, 257
~lfa-emissores, 246-248 de operac;áo do conta-
,, Barras de fluxo, 574 - de ionizar;ao específica-
Absor9.io, 329 353 distáncia, 258, 259
- curva de, 289 289 290
An~ulo de Bragg, 347
Antmeutrino(s)
dor Geiger-Mueller
34 '
' Bétatron, 570-574, 571
- ac;áo do, 570
- de detec<;:áo, 194
- de produtos da fissao,
290 ' ' ' - de difusáo, 479
- detector de, 314 de_ ~roporcionalidade Bohr - de espa\hamento clássico 508
- foto:létrica, 333-335, 334 Aparelho de Millikan 22 hmnada, 34 - princípio da correspon- para um elétron livre, - de Sargent, 300. 300
- medidas de, 289 23 . ' déncia de, 127 - número-distáncia, 257
- elétrons e radiac;óes 58
, - método da, 288 Área 16-41 - teoria do átomo de, 268
Absort.incia, 71
e ' - fotoelétricos, 331
- de migra¡;:ao, 545 - - ai_:nplificac;áo gasosa, 33 Bose-Einstein. estatística - total de Compton, 337 D
Absorvedor ' _ - de ralentamento 543 de, 162
- - c~mara de bolhas, 39 Coluna térmica, 464
- espesso, 339 Atenua9ao, 329 Ji9 Bragg Dalton, hipótese atómica
- - camara de nuvens Combinar;óes químicas
- fino, 339 Atividade, em 'radioativi- 36-38, 37, 38 ' - ángulo de, 347 de. 5-6
Acelera~áo - leis das, 3-5
_dade. 192 - - condur;áo de eletrici- - lei de, 59, 60 Comprimento de ralenta- Decaimento
- de elétrons. 570-574 Atomo(s) dade em gases, 17 Breit-Wigner, fórmula de, - alfa. 253-281
· de partículas carregadas mento, 543
configura¡;:óes eletróni- · - - contador proporcional 380 Compton, coeficiente total - beta, 282-326
223-224, 559-584 ' c~s e_ potenciais de ¡0 • 34 ' Bremsstrahlung, 291 constante de, expressóes
- - cíclotron, 562-567 563 de, 337
mza¡;:ao dos J32 ¡ 33 - - detecr;áo e medidas de Bromo Conceito de Rutherford, teóricas, 360
566 ' ' /34 ' ' ' - na produr;ao artificial de - gama, 327-368
radia,ao, 29-39, 30 55
- - - de freqüencia modu- de_ hidrogénio, na solu- - - detector Cerenkov 39 isómeros, 359 - - conversáo ·interna,
Brookhaven, espectróme- Condir;áo de freqüéncía de
. lada ou sincrocíclo- 9ao da equa¡;:ao de - - eletros_cópio, 30-32: 3¡ 351-353, 352
tron, 567-570, 569 tro de cristal de, 485 Bohr, 121 - - e níveis de energia nu-
Schroedinger, 144-146 - - emulsoes fotográficas Condu~o de e1etricidade
- - estabilidade de fase - de Thomson, 42-44 38-39 ' Bucherer, experiéncla de, cleares: teoria, 353-
567 ' em gases, 17
- - espalhamento com- - - e'spectrómetro de cinti- 100, 101, J/Jl 358
- ! gerador eletrostático ou
Constante(s)
posto ou múltiplo, 43 lar;áo, 30 - da estrutura fina, 127 - - e resultados teóricos,
máquina de Van de - estado(s) - - fósforos 29 e - de Avogadró
357,357
Graaff, 560-562, 561 - - estacionários, 121-122 - - instrum~ntos elétricos - - - resultados experimen-
máquina Cockcroft- - de decaimento tais e isomerismo
- - fundamental, 118 , 32-38, 32, 33 ' Cadeia(s) - - expressóes teóricas
.Walton, 559-560, 560 - - normal, 118 - de decaimento dos pro- nuclear, 358-364
- - le1s da eletrólise de Fa- para a, 360
- - smcroton de gradiente - nuclear, 42-53 dutos da fissáo, 508 ramificado, 210
alternado, 578-581 radªY e o elétron - próton-próton, 550 - de desintegrar;ao: 192
propriedades químicas 16-17 ' de desintegrac;á.o, a Defeito de massa, 184
• por indu9.io magnética de um. 130 Cálculo meia-vida e a vida mé- Demagnetizar;áo adiabá-
571 ' método de cintilac;áo do fator de multiplicar;áo
radioativid2.de: raios 29, 30 ' dia, !95-199, 195 tica. 319
Acelerador(es) . alfa, beta e gama, de um reator nuclear Densidad e
multiplicar;áo gasosa térmico homogéneo, de deslocamento de
- lineares, 576-578, 577' 26-29, 27 33 ' de corrente, 479
- PºT resson.incia magné- 534-540, 536 Wien. 76 - de energia monocromáti-
raios catódicos. 17-20, - - o e~étron: a determina- - de Planck, 79
tica, 562 18. /9 Cámara de nuvens de Wil- ca, 74
Acoplamento - r;ao de sua carga - de Rydberg. 63
• raios positivos, 25-26 20-25 . son, 37,236 e a massa do núcleo - superficial. 289
· L-S, 145 - raios X, 26 Caminho livre médio Desi ntegrar;áo
- Russell-Saunders, 145 - - con.stantes fundamen- atómico. 155
- regia.o ta1s, 25 - para absor<;:áo, 480- - alfa
Alcance - para espalhamento, 480 - - para o hidrogénio. 113
- - de cámara de ioniza- - - massa de repouso 25 - de Stefan-Boltzmann, 71 - • teoria da. 271-278. 271
- das partículas alfa. 256 98.0. 33 Autofunr;áo • - para transporte, 480 esquemas de. 307-309
256 ' - fundamentais, 25
- - de descarga continua Captura Contador Geiger-Mueller. - nuclear artificial. 215·
- efetivo. 430 34 . - na solur;ao da equar;áo - de elétrons orbitais,
- extrapolado. 256 · de Schroedinger 141-
- - de opera95.o de conta- 146 '
626
FISJCA NUCLEAR
INDICE ALFABÉTICO 627
235. 2/fí
raJioativ; 1 Eletroscópio de Lauritsen
32 . . - de Bateman. 20~ produc;:ao de energia nas. descoberta da. 500-502
- - base Ja tcoria da. 190-- - Je Bragg, 60 de partícul<;s alfa. :33
195. ,~, Ert:iissi.io de elétrons e p6- do hidrogenio atC'l;;nico. 548-552 elementos transurani-
sttrons. 239-242 - de Schroedinger - - aplicac;i.io da ffsica nu- cos. 500, 501
Deslocamento de Soddy 112. 113
Emissividade. 71 · - autofuni;:iio na soluc;üo - dos metais alcalino$. 115 clear, 551 rádio-elemento. 500
- lei de. 208, 209 da, 141-146
Delccr;ao Emitiincia - primário continuo. 185 - propriedades espectrais produtos da, 507-508,
- espectral, 72 autovalor na solui;:iio - secundário. 285 de urna, 549 509
• de neutrons. 464-465 da, 142
- simultanea. 350 - total. 71 - simples. nos emi:-sores - variáveis. 549 secóes de choque e li-
Emulsóes - - soluciio da. 141-146 /J, 295 Éter miares de. 502-507. 502
Deutério, nas rear;óes ter- · de um grupo modificada - e o problema da veloci-
monucleares controladas - fotográficas, 38-39 Espectrógrafo teoria do processo de,
545 ' - de massa, 165, 169-1.,13, dade absoluta, 87-88
552. 553 . - nucleares, 39 261 517-520
Déuteron(s) - óticas, 39 ' - fotoeJétrica de Einstein, /69 - estacionário, 90 Fitigerald. contrac;üo de,
Energia(s) 83 • magnético, 254 Eventos coincidentes, 350
- fotodesintegrar;ao de um 90
- al.tas, núcleos pesados e - massa-energia, 86 - - semicircular. 28~ Excesso de néutrons, 443 Fluxo
405 ' Equilibrio
mtermediários 391 Espectrómetro Experiéncia(s) - barras de. 574
- rear;óes induzidas por - radioativo. 203-206
401-405 ' baixa ou inter~ediária - a cristal seletor de velo- - de Bucherer, 100, 101. - de partículas. 378
385-386 . - secular, 204. 205
Difrar;áodos raios x. e a lei
de Bragg, 59-62 60 6/ - balani;:o de, em reai;:0es
nucleares, 218-221
- transitório, 205,206
Esmagamento ou destrui-
cidades, 484
- de cintilacao, 30. 351
de cristal de Brook-
'º'
de Ghoshal, e as limita-
c;óes da teoria do nú-
- na absorcao de raios
gama, 328
Fonte(s)
Difusé'io ' '
- calorífica, 549 9üo atómica. 232 haven, 485 cleo composto. 400 - da energia emitida pelas
- ~oeficiente de, 479 Espalhamento
D!sp~rsao, 257, 258 - de Coulomb, 420 de Dempster, /71 de Michelson-Morley. estrelas. 548
- de desintegrai;:ao alfa, - caminho livre médio - de lentes magnéticas, 88-91, 89 - de energia nuclear. 525-
Distancia de espalha- para, 480
mento, 430 266, 268 287 558
- de dissocia9iio, 374 composto ou múltiplo - de massa, 169-173 - de fotonéutrons, 462,
Distn"buir;áo de Maxwell 43 '
· de nCutrons térmicos - de excitaciio, 373 · de pa·res. 350, 349 F 463, 462, 463
- de ionizacao Compton, 332, 335-339 de raios gama de Du- Forc;a(s)
474, 475, 476 ' 338 '
Du Mo_nd, espectrómetro - de ligaciio, 181-186, Mond, 347 Fator central. na interac;Uo
/82-184 - dependencia do focalizador de cristal - de fissáo rápida, 53 t entre dois núcleons,
de raios ga.1:71a de, 347 col!1 a energía ou velo-
- de ligai;:ii': nucleares, e a curvo, 346, 346 - de reprodui;:áo, 533 428
saturacao das forcas cidade das partículas -~ainético - de resson3ncia, 380 de cámbio, 432
nucleares, 419-421 a, 49-50, 5/ - ~··tfe lentes.curtas. 287 - de multiplicacao, 533 de curto alcance, 160
Efeito - de recuo do núcleo pro- com a espessura do - - de lentes longas. 287 - nuclear, 161 de repulsa.o coulom-
duto, 219 material espalhador - - solenoidal, 287. 287 Fenómenos atómicos biana, 160
• Compton, 105- I 09 48-49 '
- de resson3ncia, 372 Esquema(s) fracasso da física clás- nucleares, 160
- - ser;óes de choque para com carga nuclear
o, 337,339 - de separaciio, 121,374 - de desintegracao. 270. sica em descrever os, - - e estrutura nuclear,
- de superficie 443 50-51 . 269, 307-309 69-70 419-458
- de hfindagem 342 - · co~ o RnguJo de defle-
• de simetria, 443 - fissiio nuciear como
xao, 48, 49
Estabilidade nuclear Fermi-Dirac, estatística estado do problema
- fotoelétrico, 332,333 fonte de, 525-526 - e as forc;as entre nú- de, 162 das, 431-433
- gravitacional 549 - difuso. 492 cleons, 421-422 Ferrocianeto de potássio, teoria mesónica das,
- Zeeman, 115 - distancia de. 430
- • anómalo, 129 - intermediári~s. núcleos Estado(s) 62 432
pesados, 387-391 - elástico, 370 do problema das forcas Física Formac;ao de pares elé-
Elemento(s)
- liberacao de, na fissao - !ncoerente, 492 nucleares, 431-433 - do néutron, 461-499 tron-pósitron, 340-343
- de matriz, 30 J - melástico, 370
- radioativos 515-516, 5/6 ' - estacionários num áto- - nuclear Fórmula
- limiar, 220 potencial, 385 mo, 121-122 - - antecedentes da, 1-15 de espalhamento de
- - estÚdo sistemático -dos - res~onancias por, 387
164 ' - monocromática - excitados do átomo, 121 Fissao, 501 Rutherford, 590-594
- - densidade de 74 - secao macroscópica de fundamental do átomo, cadeias de decaimento de quatro fatores, 533
- sistema periódico dos choque para, 472
12-14 ' - m~ito alt8;s, nÚcleos pe- 118 dos produtos da, 508 - de Rayleigh-Jeans, 77
sados e mtennediários - "Thomson ". 106, 333 fundamental, nos níveis curva de produtos da. - de Breit-Wigner, 380,
- transur3nícos 242-2 46 392-393 ' Espectro(s)
500 ' ' de energia nucleares, 508 381
Elétron(s) níveis de, 307-309 - atómicos, 112-1 J6 269 - distribuii;:áo(óes) - - na regia.o· de energia
- Auger, 239 - - e esquemas de decai- - - e estrutura atómica isoméricos, 358 - - de energia dos neutrons térmica. 386
112-149 ' ligados, 374 emitidos na, 514-515 semi-empírica de energia
- de Stoney. 23 m~nto, 361-364, 362
- - no atomo de hidrogé- - - teoria de Bohr sobre normal do átomo, 118 - - de massa e energia dos de ligac;ii.o, 442
- e a determinai;:iio de sua
carga. 20-25 nio, 123 º~· e a estrutura ató-
mica. 116
- singleto, 429 produtos da, 508-511. semi-empírica de massa.
- emissüo de. 239-242 - nuclear - tripleto, 429 5/0 442
- - fontcs de. 525-558 complexos. nos emisso- - virtuais, 374 de velocidades dos Fotodesintegrac;üo, 229
- equivalentes. 130 res {3. 295
- mo~o~nergéticos. 290 - produi;:iio de, nas estre- Estatística fragmentos da, 5 JO -- de um df:uteron. 405
- orbnais las, 548-552 - co.nt~nuo, 115. 291-297 - de Base-Einstein. 162 - e núcleos pesados, 519. Fotoefeito nuclear. 405
- r_azóes. 'de, para estados - - hmne superior do. 286 - de Fermi-Dirac, 162 5/9 Fóton. 83
- - captura de. 239-24? - - ponto final do. 286
- positivos. 236 - rotacionais. 448. 448 - de Maxwell-Boltzmann, - emissao de neutrons na. Fotonéutrons. 406. 407
Equa9ilo(óes) . · de absorcüo. l 15 162 511-514. 51 / - fontes de. 462. 463. 462,
- ra!o clássico do, 58 - de emissfto, 114. J 15
raio efetivo do. 58 - da termodinümica. 7¡ Estréla(s) - liberai;:iio de energia na. 463
- de absorcao - de energia dos néutrons - de seqüencia principal. 515-516, 516 Frac;:óes de empacota-
SC(i:Üo de choque efetiva 514.5/5 ..
do. 58 - - nos raios X homogC- 549 - nuclear. 500-524 mento. 181-186. 182, /83
neos, 56 - de linhas. 285 e a temperatura efetiva. - - como fonte de energia. Funcüo
- de massa!i, 169 549 525-?26 - anti-simétrica. na estatís-
628 FÍSICA NUCLEAR INDICE ALFABÉTICO 629

tica de Fermi-Dirac, I - da transfonna¡_;:ao radioa- - nucleares, 230-232 433-442 prontos, 512


162 tiva, 190-214 - reduzida de partículas indepen- rea¡_;:óes induzidas por,
própria lndu¡_;:flo magnética - das combina¡_;:óes quími- - - fórmula para a, 119 dentes, 439 384-393, 384
- - na solu9ao da equru;ao - acelera¡_;:iío por, 571 . cas, 3-5 Maxwell - de um grupo, 543 Se\;óes de choque para
de Schroedinger, Integral de ressonáncia das combina¡_;:Oes volu- - distribui¡_;:Uo de, 474 - estatístico para rea¡_;:óes rea¡_;:óes induzidas por,
141-146 efetiva, 537 métricas de Gay- . - teoria de, 75 nucleares, 449 482-488, 485
Fusao, 551 lnterac;.üo(óes) Lussac, 7 Maxwell-Boltzmann, esta- - nuclear coletivo, 447-449 térmicos, 464. 473-479,
dos raios gama com a das propor¡_;:óes defini- tística de, 162 - nucleares, 433-442 475
matéria, 331-332 das, 4 Mec.inica - ático para rea¡_;:óes nu- - - difusa.o de. 479-482,
G entre dais núcleons, das propor¡_;:óes múlti- - ondulatória, 128, 129 cleares, 449-453 480
427-431, 428 plas, 4 - qu3.ntica, 128-129 Modera<;:ilo - valor do momento mag-
Gay-Lussac. lei das com- - fortes, 316 - das propor¡_;:óes recípro- - - e os valores dos coefi- - ra:zao de, 473 nético do. 159
bína9óes volumétricas - frac as, 315, 317 cas, 4 cientes de conversa.o, Moderador(es), 464 Níveis
de. 7 lónio - de Coulomb, 52 353 - constantes de difusii.o - de energia. 307-309
Geiger-Nuttall, regra de. - propriedades químicas de decaimento exponen- idéias básicas da, 135- para, 482 - - de núcleos leves, 409-
272,272 do, 164 cial, 193 141 Momento 413, 4 //, 412
Gerador eletrostático ou loniza¡_;:ilo, 257, 258, 259, de dcslocamento de Medida(s) - angular. 144 - - - e a hipótesc da inde-
máquina de Van de 260, 261 Sodl!y. 208. 209 - da se<;:ilo de choque to- - elétrico do quadrupolo, pendencia das for-
Graaff, 430 - específica, 258,259 de dc~locamento de tal, 482-488 162 ¡_;:as nucleares em re-
na acelerac;íio de partícu- - total, 260 Wien. 75. 76 - de absor¡_;:3.o, 289 - magnético nuclear, 161 la¡_;:ao a carga, 422-
las carregadas, 224, Isóbaras, 165, 239 de distribui¡_;:Uo de - de absor¡_;:ao de Barkla. Moseley. medidas de, 64, 426
560-562 - níveis <le energia dos, Planck. 81. 81 62 65 - - e esquemas de decai-
Goudsmit, cronótron de. 425 - de Kirchhoff. 71 - de Moseley. 64, 65 Multicanais, na ioniza¡_;:ao, mento, 361-364, 362
171 lsomerismo nuclear, 358- - de Moseley, 62-67 - de Tyndall, 71 260 - - nucleares, 268-271
Gráfico 359 - de simetria. e a nf10 con- Meia-espessura, 330 Multiplicador de voltagem - isoméricos, 358
- de Fenni, 302 Isómeros nucleares, 358 serva¡_;:ao da paridade Meia-vida comparativa, de Cockcroft e Walton - largura de, 375
- de Kurie, 302, 304 - esquemas de· níveis de no decaimento {3, 315- 306 - na acelera¡_;:ii.o de partícu- - ligados, 374
energia e decaimento 321 Mendeléeff, lei periódica las carregadas, 224 - virtuais, 374
para, 362, 363 de Stefan-Boltzmann, 71 de, 12 Multipolo Núcleo(s) ¡
Isótopos, 154, 164-189 do decaimento radioa- Mésons, 409, 432, 569 - elétrico, 355 - atómico(s) 1

H .... análise de raios pasitivos tivo, 194, 196 Método - magnético, 355 - - algumas Características
1

', -e a existéncia de, 165- - do deslocamento da ra- - da abso~ao, 288 - radia¡_;:óes de, 355 do, 51-53
'

Hidrogénio 168 dioatividade, 164 - da coincidencia. 350 - - propriedades adicionais


1

¡1
- átomo de, na soluc;iio df..~- - estáveis dos elementos e - periódica de Mendeléeff. - da deflexao magnética, N dos, 162-163
equacfio de Schroedin- suas abund8.ncias per- 12 255, 256, 255 - - - estatística, 162
ger, 144-146 centuais, 173-181, 175, Limita¡_;:óes da teoria do - da parábola de Thom- Netúnio, 243 - - - paridade, 162
Hipótese 176, 177, 178 núcleo composto, 400- son, 169 Neutrino, 159, 309-315 - composto, 373-377
- atómica de Dalton, 5-6 radioatividade natural e 401 - das densidades relativas, - hipótese do, 297, 298, - - limita¡_;:óes da teoria do,
da contrai;iio de Loren- os, 164-165 Linhas 9 299 400-401
tz-Fitzgerald, 90 - de absor¡_;:8.o, 115 - de análise de Astan, 169 - propriedades postuladas - - na transmuta¡_;:8.o por
da independencia das K - de emissao, 115 - de ativa\;iio para o, 299 partículas alfa, 215-
forc;as nucleares em re- - espectrais -- na detec¡_;:8.o de nCu- Néutron(s), 221-223 218
a
la9áo carga, 422-426 KirchhotT, lei de, 71 - - estrutura fina das, 122 trons, 465 - atrasados, 512 - constitui¡_;:ao do, 153-163
da simetría das for~as Kurie., gráfico de, 302,304 - - estrutura múltipla das, - de Chadwick, 222 . - - propriedades dos, 512 - - hipótese próton-elétron
nucleares em rela9áo a 115 - de cintila¡_;:ao, 29 - balan¡_;:o de, num reatar sobre a, 153-155
carga, 422 L Lorentz-Fitzgerald, hipó- - de inspe¡_;:ilo. 289 térmico, 531 - densidade do, 153
de Avogadro e a molé- tese da contrac;ao de, 90 - do coeficiente de risco, - ciclo do, 531-534 - espelhos
cula, 6-7 Largura 492 - de Rutherford. 159 - - diferen¡_;:a de energia
de Bohr, e a transmuta- - da partícula a, 376 - visual, 289 - descoberta do, 158-159 entre, 424
i;ao nuclear, 373 M
- da radia¡_;:élo, 376 Michelson-Morley, expe- - descri¡_;:Uo geométrica do - estrutura hiperfina, 155
de Prout, 154 - de nível, 375 riéncia de, 88-91 fluxo de, 477,477 - forma do, 161
Magnéton
do neutrino, na teoria do - - e o princípio da incer- - de Bohr, 156 . Millikan, aparelho de, 22, - detec¡_;:Uo de, 464-465 - hipótese próton-elétron
decaimento beta, 297, teza de Heisenberg, 23 - - método de ativa¡_;:ao. sobre a constitui¡_;:8.o
298, 299 - nuclear, 156
376 Máquina Cockcroft-Wal- Modelo(s) 465 do, 153-155
- - e a teoria desenvolvida - do próton, 376
por Fermi, 299
ton, 559-560, 560 \, - coletivo. 447 - emissao de, na fissao, - intermediários, 385-386
- parcial, 376 - na acelera¡_;:3.o de partícu- - da bola de cristal opaca, 511-514, 5// momento angular do,
do spin do elétron de - total. 376 las carregadas, 559-560, 453 - espectro de energia dos. 155-158
Uhlenbeck e Gouds- Lauritsen. eletroscópio de, 560 da gota líquida, e a fór- 514, 5/5 momento elétrico do
mit, 129 32 Massa(s) mula semi-empírica de - excesso de, 443 quadrupolo. 162
próton-elétron sobre a Lei(s) - atómicas, 181-186, 182 energía de liga¡_;:B.o, - física do. 461-499 par-par. 161
constitui¡_;:üo do núcleo, - da conserva¡_;:ao da - balan¡_;:o de, em rea<;:óe!-. 442-447 interai;:fio dos. com ma- - pesados
153-155 massa, 3 de camadas nucleares, téria em bloco: ralen- - - na teoria do processo
nucleares, 218-221
fracasso da, 155-158 da eletrólise de Faraday - de repouso, 25. 100 439,440 tamento. 465-473 de fissüo. 519. 5/9
- próton-néutron, 159-160 e o elétron. 16-17 isotópicas e abundün- - de camadas ou das partí- massa do, 159 propriedades elétricas e
- - neutrino. 159 da queda de Stokes. 24 culas independentes, - prodm;:iio de. 461-464 magnéticas do. 160-162
cius, 169-173
INDICE ALFABÉTICO 631

630 FISICA NUCLEAR


i;ao radioativa. 190- Ratio para. 449
214 - de moderw;üo. 473 modelo ótico para,
- volume do, 153 energia para, 291, 548-552 raios alfa, beta e gama. - giro-magnética nuclear. 449-453
Núcleons. 160 292, 293 Promécio, 508 26-29 161 - - níveis
- estabilidade nuclear e as velocidade e energia Propor90es - rutherford, 210 Rea9llo(óes) - - - ligados. 374
for9as entre, 421-422 de, 282-287 - definidas, lei, 4 - unidade padrao da, 210 - alfa-néutron, 221-223 . - - virtuais, 374
- intera9ao entre dois. - carregadas - múltiplas, lei, 4 - unidades de. 2107211 • - alfa-próton. 215-218 - - núcleo composto, 373-
427-431 - - acelera9iio de, 223-224, - recíprocas. leí, 4 Radionuclídeos anificiais, - cíclica nuclear, 550 377
Nuclídeo(s), 174 559-584 Próton(s) 239-242, 238, 246-248 - COIJl núcleos leves, 409- - - ressonitncia, 372
- cartas de, 249, 248 - de estrutura fina, 267 - massa do, 159 Radioquímica, 239 ( .413 resultados experimen-
- espelhos, 307 - de longo alcance - rea9Qes induzidas por, e Raio(s) - de fotonéutrons, 406,407 tais. 381-384. 383
- seca.o de choque para - - origem das, 271 partículas alfa, 393-400 - catódicos. 17-20. /8, 19 - de stripping, 405 se<;óes de choque para,
ativa9ii.o de um, 478 - fluxo de, nas rea9óes Prout, hipótese de, 154 - clássíco do elétron, 58 - em energías muito altas, 377-381, 377
Número(s) nucleares, 378 cósmicos, 179 409 sistema de. em cadeia ou
- atómico, 14, 64 Pauli, princípio da exclu- - efetivo do elétron, 58 - - mésons, 409 reator nuclear. 526-531
- de Avogadro, 11 siio de, 130 Q - efetivo do núcleo, 273 - endoenergética. 2 l 8 termonucleares, 548-552
- de )sótopos estáveis por Períodos, I 2 - gama, 327-368 - endoténnica. 218 cadeia próton-próton.
elemento, 434, 435 Peso(s) Química nuclear, 160,
550
230-232 - - absor9ao de, pela ma- - exoenergética. 218
- de massa, 155 - atómico(s) téria, 343-346 - exotérmica. 218 ciclo carbono-nitro-
- mágicos, 434 - - de elementos gasosos, - - - dados experimentais. induzidas por di:uterons: genio, 551
- nao mágicos, 439 7-8 R 327-331 núcleos intermediários, - - controladas, 552-555
- qu.intico(s), 116 - - de elementos nao- e comparac;:ao dos re- alta energia, 401-405 Reator
- - azimutal, 124 gasosos, 9-10, 9, JO Radia9iio(óes) sultados experimen- induzidas por néutrons, a uránio-grafite. dia-
- - corretos, 128-129 - - padriio, 8-9 - de aniquilm;iio, 342 1 tais e teóricos, 384-393, 384 grama esquemático.
- - magnético, 128 . . - de combina9iio, 5 - de freamento, 291 343-346 induzidas por prótons e 547
- - principal, 125 - e tamanhos de átomos e - de multipolo, 355 1 ¡. intera9fio dos. com a partículas alfa, 393-400. heterogéneo. 529
- - radial, 124 moléculas, 10 - - elétricas, 355 ,¡ matéria. 331-332 395, 396, 398 homogéneo, 529
- equivalentes, 5 - - magnéticas, 355 medida das energias - - energias altas, 393-397 nuclear(es) térmico(s).
o - moleculares de elemen- - eletromagnética, 55 ¡ dos, 346-351, 348 - - energias muito altas, 531-534, 532

··ondas
- eletromagnéticaS ·
.
tos gasosos, 7-8, 8
Plasma, nas rea9óes ter-
monucleares controla-
- gama
- - regras de sele9iio para
a,356
'
\,, :i L\/ - nuclear, 426-427
- positivos, 25-26
análise de, e a existén-
397-398
- - excita9iio de Coulomb,
399-400
' - - heterogeneo, 541-543
- - tamanho crítico de um,
543
- - e a radiaciio ténnica, 70 - das, 552 - heterogenea, 56 ,r. cia de isótopos, 165- - induzidas por raios Regenera98,o, 548
- infravermelhas, 70 Poder - homogénea, 56 168, /66, 167 gama, 405-409, 408 - de material fissionável,
Órbitas - - - de frenagem, 261. 263 - incidente, 57 ,f. X, 26 - - fotodesintegra9íio, 405 548
- circulares, 120, /20 - - relativo, 262 - infravermelha;?l algumas propriedades· - - fotoefeito nuclear, 405 Regiiio de energia térmica,
- elípticas, 122-128 - - teoria do, 262 - K, 57 dos, 55-57 - nucleares. 369-418 385
- estacionárias, na teoria - de ralentamento, 472, - L, 57 - - característico(s), 56, 57 - - aplica9óes das, 232 Regra(s)
_}~. ~~hr, 116 _r:• 472 - largura da, 376-: - - - espectro de, 62-67, 63 - - balan90 de massa e - de Dulong e Petit, 10
- emissivo - primária, 56 __ - - coeficiente de absor- energia em, 218-221 - de Geiger-Nuttall, na
p - - monocromático, 72, 74 - secundária, 56, 9iio, 16 considera9óes gerais, desintegra9ao alfa, 272,
. ,',- ~\:' ,- .. , .. ,,, - - total, 71 " · - teoria qu3.ntica da, 69-85 - - difra9ao dos,. e a lei de 381-389 272
Par§ni.e'tro dé im.pácto Ponte de Wheadstone, 72, - térmica · Bragg, 59-62,_60,. 61 _ e estados excitados dos - de sele93.o
- e a teoria de Ruther"'. Pontos de escape, 562,561 1 - - e as ondas eletromag- - - e a estrutura atómica, núcleos, 369-373, 37! - - na teoria dos espectros
-: ro~:,;4r-.~~.-·}:7'{-¡;;/ - Pósitrons, 236 :_ -,.,,, . · néticas · 70-7 _,_ ·· -,--- 55-68 .. energia(s) atómicos, 127
Pares eletron-posttron - emissiio de, 239-242 - - einissiio ~ absor9iio de, - - espalhados, 56 · - - - de dissocia9ao, 374 - - para a radia93.o gama,
- formai;ao de, 340-343 Potencia 70, 72 - - heterogeneos, 56 - - - de excita98.o, 373 356
Paridade - e regenera9iio, 547-548 - - o fracasso da teoria - - homogéneos, 56 - - - de resson3.ncia, 372 do número "inteiro, 154
- ímpar, 1~ _ Potencial clássica da, 76 - - - e a equa9áo de absor- - - - de separa<;iio, 374 - empírica, na hipótese
- par, 163 - de ioniza9iio, 121 - - teoria clássica da, 74 c;:iio, 56 • • espalhamento próton-néutron. 159
- viola93.o da lei de con- - harmónico, 439 - - teoria qu3.ntica de - - monocromáticos, 60 - - - elástico, 370 Rela9C>es
serva9iio da, 321 Princípio Planck da, 79-82 o espalhamento dos, - - - inelástico, 370 - entre massa e energia.
PartículaS combinatório de Ryd- - ultravioleta, 71 pelos átomos e o nú- • - estados 102-105
- alfa, 253-256 berg-Ritz~ para as li- Radiador, na medida das mero de elétrons por - - - ligados, 374 - experimentais entre
- - absor~iio de, 256-263 nhas espectrais, 129 energias dos raios gama, átomo, 57-59 - - - virtuais. 374 tempo de vida e ener-
- - alcance das, 256,256 - da correspondencia de 347 processo de absor9iio - - fator de ressonáncia, gía. 359-361
- - de longo alcance, 265, Bohr, 127 Radioatividade, 158 dos, 56 380 Relatividade restrita
266, 267 - da exclusüo de Pauli, 130 - artificial, 190, 236-252 tubo de Coolidge. 55, - - fluxo de partículas. 378 - teoria da, 86-111. 93-102
- - espectro de, 265-268, - da incerteza de Heisen- - - descoberta da, 236-239 56 fórmula de Breit- - - papel da, na física ató-
267 berg, 139, 140, 140 - import3.ncia da, 190 Ralentamento Wigner, 380 mica e nuclear, 86
- - largura da, 376 Probabilidade de escape induzida, 190 área de, 543 largura de nível, 375 Relógios moleculares, 91
- beta da ressonll.ncia, 531 intensidade da, 192 - comprimento de. 543 limita<;óes da teoria do Ressonáncia(s). 372
- - absor9iio de, 287-291, Processo(s) lei do deslocamento da, - poder de. 472,472 núcleo composto, - energias de. 372
288 - fotoelétrico, 332 164 Rayleigh-J eans. fórmula 400-401 - fator de, 380
- - espectros de, 291-297, - subatómicos, 549 - natural, e os isótopos. de, 77 modelo estatístico - por espalhamento, 387
294, 295 Produ9iio 164-165
- - rela9óes de alcance- - de energia nas estrelas, - - e as leis da transforma-
INDICE ALFABÉTICO 633
632 FISICA NUCLEAR
- - o problema da inva- sucessivas. 199-203 tos transuránicos. 501
_ proliahilidade de escape 206-210 atómica riáncia da forma das. Transi¡;Oes Utiliz1wao térmica. 533
da. 531 Sincrómetro de massa. 171 - - bases químicas da, 3-15 91-93 - de multipolos elétrico~.
Ruthcrford. teoria de, Sincrocíclotron. 567-570 - - - hipótese atómica de mesónica das fori;as nu- 361 V
44-48 Síncrotron, 568, 573 Dalton, 5-6 ,· cleares. 432 - isoméricas. 358
Rydberg, constante de, 63 - de elétrons, 570-574 - - - hipótese de A vogadro ,,,,
1 '1
- ondulatória da luz. 87 permitidas. 300 Valéncia
Rydberg-Ritz, princípio

s
combinatório de, 129
- de focaliza¡;ao forte. 578
- de gradiente alternado,
578-581, 579
- de prótons, 574-576
- órbita circular do, 580
e a molécula, 6-7 -
leis das combina¡;óes
químicas, 3-5
peso(s)
atómico padrao, 8-9

1

1
- qu.intica
- - da radia9ao. 69-85
- - de Bohr, 70 ,
- - de Planck, 70
- - - da radia¡;:5.o térmica.
- permitidas favorecidas,
307
- proibidas, 300
Transmutai;ao
- nuclear
- e o peso atómico de um
elemento, 9
Valor próprio
- na solu9J.o da equai;ao
de Schroedinger. 141-
Sargent. curvas de, 300. Sistema atómicos de elemen- 79-82 - - e a descobcrta do nt!u- 146
300 - de rem;ao em cadeia ou tos nllo-gasosos. - - e o efeito fotoelétrico. tron. 158-159 Van de Graaff. gerador
Sc<;lio(óes) reator nuclear, 526-531 9-10 82-84 • - efeitos de. 158 eletrostálico de. 430
- de choque, 315 - degenerado. 125 e tamanhos de áto- ,1 Termos - por déuterons. 226-227 Variai;6es. nas estrelas
- - clássica _para o espa- - do centro de massa. 466. mos e moléculas, - de cambio, 432 - por fótons. 229-230 - irregulares. 549
lhi;imento por um elé- 466 10-11 - ordinários, 432 - por néutrons. 228-229 - periódic;1~ . .'-49
tron livre, 58 - do laboratório, 466. 466 moleculares e ató- Thomson, átomo de, 42-44 - - captura radioativa. 229 Velocidade ahsoluta
- - de ativa~ao, 493 equilibrio din.imico do, micos de elemen- Tório, 164 - por partículas alfa, 215- - éter e o prnhkma da.
- - de espalhamento, ab- 116 tos gasosos, 7-8. 8 Transforma9iio(Oes) 218 87-88. 89
soq;fio e ativa<;lio, estados estacmnários do. sistema periódico dos - de Lorentz, 92,315 - - núcleo composto. 217 Volume
488-494 116 elementos. 12-14 - isobáricas, 240 - por prótons, 224-226 - de urna molécula-grama.
e limiares de fissao, paridade do, 145 - - e a tabela periódica, i - permitida, 303, 305 Tritio, 227. 303 10
502-507 - periódico dos elementos. 129 h - proibida " Tyndall, medidas de, 71 - molar. 10
- - geométrica, 379
- - macroscópica, 379
- - para a prodw;:ao de pa-
12-14, /3
- - lei periódica de Mende-
léeff, 12
- - e o espectro de raios X
característico, 131,
135
í - - em primeira ordem, 303
- - em segunda ordem. 305
- - pela segunda vez, 305
u w
res, 342, 34/ - - periodos, 12 - clássica da eletrodiná- - - urna vez, 303 Unidades de radioativi- Wien, lei de deslocamento
- - para átomo livre, 492 - - número atómico. 14 mica, 57 - radioativa(s) dade. 210-211 de, 75
- ·- para captura radioa- - subcritico, 533 - clássica da radia¡;ao tér- radioatividade natural e Uránio Wilson, cán1a"ra de nuvens
tiva, 502 - supercritico, 533 mica, 74 as leis da. 190~214 - e a formai;5.o de elemen- de, 37
( Sol - da relatividade restrita,
- - para espalhamento coe-
rente, 492 , _ - -·-temperatura efetiva da 86-111 L
- - para espalhamento di- superficie do, 549 - de Bohr
ferencial, 594 Solui;ao da equa¡;ao de - - extensa.o da, 122-128
- - para fiss3.o, 502, 504 Schroedinger, 141-146 - - o fracasso da, t 28-129
- - para neutrons térmicos, Spin(s) - de Bohr-Wheeler
437,437 - antiparalelos, 429 - - no processo de fisS'do,
- - para rea96es nucleares, - isobárico, 424 518
377-381, 377 - isotópico, 424 - de Dirac
- - parciais, 488 Stefan-Boltzmann, lei de, - - na formai;llo de pares
- - por átomo, 330 71 elétron-pósitron, 340,
- - por elétron, 330 Stokes, lei da queda de, 24 340, 341, 342
- - térmicas, 502 Stoney, elétron de, 23 - de Fenni, 298, 301
- - total, 378, 488 - de Maxwell, 75·
- - - medida da, 482-488 T de Rutherford do espa-
- macroscópica de choque lhamento de partículas
para espalhamento, 472 Tabela(s) alfa, 44-48, 45
Seletores - de isótopos, 249 - - panimetro de impacto,
- de altura de impulsos di- - periódica 45
ferenciais, 260 - - estrutura da, 130 - - teste experimental,
- de velocidade, 483, 484 Tamanho critico, 527 48-51
Série(s) Tecnécio, 508 de Sommerfeld, 127
- colaterais, 246 Técnica de dubleto de do alcance efetivo, 430
- de Balmer, 113 massa, 170 do átomo de Bohr. 268
- - no espectro do hidro: Temperatura(s) - do decaimento beta,
génio, 113, 113. 114 - de igni¡;:80, 554 297-307
- de Bracket, 114 - efetiva - ~ e a hipótese do neu-
- de Lyman. 114 - - da superficie do Sol. trino, 297. 298
de Paschen, 114 549 - do núcleo composto
de Pfund, 114 - - nas estrelas. 549 - - limita<;óes da. 400-401
do actínio. 206. 207 - estelares, 550 do processo de fissllo.
do netúnio, 246.246, 247 Tcmpo(s) 517-520
do tório. 206, 208 - de vida medidos. 358-359 eletromagnética da luz.
do uninio. 206, 207 - nuclear natural, 374 75
radioativas naturais, Teoria(s) físicas

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