Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Depois de ter sido recebida e integrada no DH, referi esse facto a algumas
(poucas) pessoas. Ao ouvirem a palavra “Maçonaria” todas tiveram a mesma
reação. Primeiro, um silêncio. Eu conseguia sentir o entrechocar de
pensamentos, desde as dúvidas temerosas de “onde é que ela se foi meter?”
até à curiosidade interrogativa “o que terá ela visto na Maçonaria?”.
Todas essas pessoas conheciam o meu percurso de vida, algumas delas tinham
sido minhas companheiras de descoberta e sentiram alguma estupefação por
eu inesperadamente ter tomado um caminho de que nunca tinha falado.
Quando a Maçonaria veio ter comigo não hesitei em aderir, e a venda que me
foi colocada apenas reforçou o sentimento de ter aderido de olhos fechados,
com a total confiança de que nada de mal me aconteceria.
1
O estudo da simbologia maçónica tornou-se a minha descoberta diária. Quanto
mais avançava, mais descobertas ia fazendo, mais ligações com outras linhas
de conhecimento ia estabelecendo.
Cada pessoa tem o seu próprio caminho, à medida do seu ritmo e das suas
escolhas, mas quando faz este trabalho com o desejo de crescer em
Conhecimento, acaba por crescer também em Sabedoria.
2
E a ampulheta, inexorável como a vida no deslizar da areia, levou a reflexões
sobre como usar utilmente o tempo de que dispomos ao longo da nossa
existência e inevitavelmente à aceitação da finitude como seres humanos
simbolizada na caveira que me espreitava com as suas órbitas vazias.
E aquela que nos espera no final apenas nos diz que o importante é usar
sabiamente o tempo de que dispomos enquanto nos encontramos no plano
material.
O medo.
Quem vive todo este processo não o esquece nunca mais. É impossível
esquecê-lo. E quem reflete sobre toda a simbologia aqui envolvida, aquilo de
que falei e muito mais neste quase infinito desvendar dos símbolos, neste
mergulhar na Terra interior, neste esgravatar na terra para chegar ao céu,
quem vive tudo isto não pode ficar igual ao que era antes.
3
O silêncio dos primeiros tempos, é como se regressássemos à infância de
quem não sabe ainda falar e tenta fazer-se entender. Mas é assim que
aprendemos a dar valor à palavra. E lentamente vamos também aprendendo
a ler e a escrever, deixando de apenas soletrar…
Assim, nós, no mundo profano onde vivemos o dia a dia, apesar dos nossos
relógios não marcarem o dia do meio dia à meia noite, podemos e deveremos
praticar o que a simbologia maçónica nos trouxe de enriquecimento pessoal.
4
Dessa forma não apenas trilhamos o Caminho da Sabedoria, constituído
pelas etapas que fomos experienciando: Calar, Escutar, Interiorizar, Praticar,
Ensinar, mas poderemos contribuir diretamente para o desenvolvimento pessoal
de quem está perto e indiretamente criar um movimento multiplicador que
amplia esse mesmo desenvolvimento pela rede que nos une.
E façamo-lo.