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Jurisdicionada ao G∴O∴P∴
A (minha) Iniciação
A Iniciação
No caminho para o Templo onde seria realizada a minha iniciação, junto a dois irmãos -
os quais eu já os conhecia da vida profana – fui deixado em frente a um cemitério para
reflexão. Ali obtive a minha primeira grande lição que a Maçonaria me ensinou, algo que
levarei para todos os dias da minha vida, algo que sempre lembro ao acordar e ao dormir, o dia
de minha morte. Em frente ao cemitério, num primeiro momento, fiquei pensando em como
será este dia, o que irá acontecer aos meus entes queridos, quem estará lá, etc. Já num
segundo momento, e o mais importante daquela reflexão, passei a pensar no que eu teria feito
em vida, do que poderia me arrepender de não ter feito por não ter tido tempo. Foi então que
percebi a importância de tentarmos sermos melhores a cada dia, para assim não termos
nenhum arrependimento quando o fatídico dia chegar. E todo aquele que obter esta lição,
automaticamente passará a querer melhorar dia após dia, enterrando seus vícios, diminuindo
seus erros e desvencilhando de suas paixões para assim, enaltecer suas virtudes na busca da
perfeição.
Logo em seguida, muito mais tranquilo, fui levado a Câmara das Reflexões que
constitui a prova da terra, a primeira das quatro provas simbólicas dos elementos.
A Câmara das Reflexões representa a caverna utilizada nas antigas iniciações, no seu
interior encontrei paredes negras, diversos símbolos, emblemas da morte e inscrições
destinadas a pôr à prova a minha vontade de progredir. Um desses símbolos e talvez o mais
importante dentre eles, é uma abreviação de uma frase em latim onde se lê V.I.T.R.I.O.L., cuja
tradução ao pé da letra significa “Visita o interior da terra, retificando-se, encontrarás a pedra
oculta”. Isso, pois na Câmara das Reflexões, o profano se isola do mundo passando a olhar pra
si mesmo, descobrindo então em seu interior a pedra oculta. Neste momento o iniciado morre
para a vida profana e renasce para a vida maçônica. A morte para a vida profana significa
morrer para o vício, erros e paixões e renascer para a Virtude, para a Honra e para a Sabedoria.
E para isso passará a lapidar constantemente esta pedra oculta, uma pedra bruta até então, a
fim de transformá-la em pedra polida.
Outro ponto que o profano deve-se lembrar é de que a masmorra sempre foi o
principal instrumento da tirania e cerceamento à liberdade, e que com isso manifeste a sua
repulsa ao despotismo e o amor às instituições livres.
A Preparação
Após a Câmara das Reflexões, finalmente deram início a minha preparação para
adentrar a Loja, e iniciaram o Triângulo da Nudez:
Nudez do peito esquerdo: significa despir-se de todo convencionalismo que impede as suas
manifestações e sentimentos mais sinceros e profundos;
Nudez do joelho direito: significa despir-se do orgulho intelectual, que impede o
reconhecimento da Verdade;
Nudez do pé esquerdo: significa despir-se da insensibilidade moral, que impede a prática da
Virtude.
Com este preparo, o candidato encontra-se em condições de bater à porta do Templo,
de pedir, buscar e encontrar a Luz da Verdade.
A Porta do Templo
Desde as épocas mais antigas, a Porta do Templo tem sido o símbolo natural de toda
passagem ou entrada de toda iniciação. O momento de franquear a Porta do Templo depois de
uma dupla preparação moral e física das quais citei anteriormente, esse é um dos momentos
mais importantes da cerimônia de iniciação.
Ouvi repentinamente três golpes fortes, os quais me assustaram bastante, pois já
estava vendado há um bom tempo, e os outros sentidos estavam aguçados. Estes golpes
alarmaram o interior do templo por três vezes, esta prática se relaciona com a passagem
bíblica “Buscai e encontrareis (a Verdade), pedi e vos será dada (a luz), batei e vos será aberta
(a Porta do Templo).
Após as três fortes batidas, senti em meu peito a ponta de uma arma cortante. Este
ato serve para que o profano mesmo vendado, saiba que ele ainda pode sentir, e é este
sentimento que será o Guia que o conduzirá em seu progresso e seus esforços para a Luz. O
Guia interior que conduz individualmente todo homem que se torna receptivo à sua influência
no Caminho da Verdade e da Vida. Neste momento este Guia Interior encontra-se
materializado exteriormente pelo Irmão Experto.
A Taça Sagrada
Depois de um breve interrogatório, onde fui questionado sobre os meus deveres para
com Deus, para si mesmo e para com a humanidade, e também fui perguntado sobre qual
seriam as minhas definições de vícios e virtudes, me solicitaram que eu fizesse um juramento
sobre a Taça Sagrada.
“Juro guardar o silêncio mais profundo sobre todas as provas a que for exposta a
minha coragem. Se o meu ânimo se enfraquecer por falta de adesão plena e consciente, ou se o
espírito de curiosidade aqui me conduz, consinto que a doçura desta bebida se converta em
amarga, e seus efeito salutar em sutil veneno.”
Após o juramento dei o primeiro gole, um líquido açucarado como se fosse o néctar
dos deuses, logo em seguida o segundo gole, e a bebida açucarada se transformou em amarga,
imediatamente o Venerável Mestre solicitou que me retirassem. Sem ao menos entender o
que estava acontecendo fui levado para fora do templo, nesse momento estava um pouco
assustado e me perguntando o que teria feito de errado, até que ouvi o Irmão Experto
sussurrando aos meus ouvidos: “Esta tudo bem, fique tranquilo”.
A Taça Sagrada se refere ao Santo Graal, o cálice usado por Jesus Cristo, em sua última
ceia. No Mundo profano, a taça simboliza o recipiente onde futuramente beberemos o líquido
advindo de nossas ações, o fruto do nosso livre-arbítrio, sendo bom ou ruim, seremos
responsabilizados por nossos atos, lembrando que o plantio é livre, mas a colheita é
obrigatória, dessa forma, passemos a refletir sobre nosso comportamento, pois irão refletir no
amanhã.
Na maçonaria, a Taça Sagrada é um simbolismo que norteia os preceitos da Ordem,
onde a bondade, o respeito, o trabalho, a família, o conhecimento e o equilíbrio são objetos de
trabalho constante para aprimoramento. Lembrando que devemos gozar os prazeres da vida
sempre com moderação, respeitando todos os limites, e não se deixar corromper pelas
facilidades do mundo materialista que nos cerca.
A Primeira Viagem
A Segunda Viagem
Logo em seguida fui conduzido a segunda viagem, essa se diferencia da primeira por
sua maior facilidade, desaparecem os obstáculos e os ruídos violentos são substituídos pelo
tilintar de espadas. Essa facilidade é consequência dos esforços feitos na primeira viagem, a
medida em que aprendemos a superar os obstáculos, estes progressivamente desaparecem,
pois já não tem razão de existir, uma vez desenvolvida em nós a capacidade de superá-los com
as qualidades que nos faltavam.
O choque das espadas é o emblema das lutas que travam ao redor do iniciado, assim
como da luta individual que ele deve empreender com suas próprias paixões, pensamentos,
velhos hábitos e tendências negativas. Luta essa que demanda constante atenção e vigilância,
representando simbolicamente a prova da água, isto é, uma espécie de batismo filosófico que
consiste em limpar ou libertar a alma de seus erros, vícios e imperfeições que constituem a
causa interior de todo mal ou dificuldade exterior.
A Terceira Viagem
Esta viagem é ainda mais tranquila, tendo desaparecido por completo os obstáculos e
ruídos. Tendo o iniciado dominado e purificado a parte negativa de sua natureza, deve-se
agora familiarizar-se com a energia positiva do fogo, isto é, com o potencial infinito do espírito
que se encontra em si mesmo.
A purificação pelo fogo elimina todo resíduo de impureza, todo traço dos erros e
ilusões que precedentemente dominaram a alma. Quando a Luz da Verdade aparece em toda
sua plenitude, toda treva, todo erro, toda dúvida e imperfeição, automaticamente
desaparecem.
A segunda obrigação é a promessa de não escrever, gravar ou fazer qualquer sinal pelo
qual possam conhecer-se tanto a Palavra Sagrada, como os meios de comunicação e
reconhecimento entre os maçons. Esta obrigação tem por principio proteger a unidade e
inviolabilidade da Ordem.
Antes de faltar a este juramento, o maçom prefere ter a garganta cortada e a língua
arrancada pela raiz, o que significa perder o poder da palavra. É o castigo simbólico que aquele
que é indiscreto recebe, como consequência de suas próprias ações quando faz uso indevido e
egoísta do que lhe tiver sido confiado. O indiscreto e infiel, nunca podem se estabelecer na
Verdade.
A Luz
A minha venda foi retirada e finalmente pude ver o Templo e os meus Irmãos, neste
momento uma emoção muito grande tomou conta de mim, algo difícil de explicar, nascia ali
um novo “Eu”, se concretizava ali a divisão do rio de minha vida, onde eu renasci para a
filosofia maçônica, a qual me apaixonei. E posso dizer que tal paixão só aumenta dia após dia.
Referências Bibliográficas:
https://www.maconaria.net/