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February 19,
2013
Não raro o cristão se torna uma subcultura dentro de uma nação. Ele tem seus valores,
atitudes, crenças e costumes. Mas daí, surgem as perguntas: O cristão pode participar
das festas nacionais? O cristão pode beber? Como o cristão lida com arte, cinema, etc.?
O cristão pode ser um diretor, ator, etc.? O cristão pode ouvir música do mundo? Como
o cristão lida com economia, política, filosofia? O cristão deve impor sua cultura quando
sai em missões? O que pode ser tolerado? O que deve mudar?
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“A filosofia é a matéria básica da sabedoria mundana, intérprete temerária da natureza e
da ordem de Deus. De fato, é a filosofia que equipa as heresias… Ó miserável Aristóteles!
Que lhes proporcionaste a dialética, esse artífice hábil para construir e destruir, esse
versátil camaleão que se disfarça nas sentenças, se faz violento nas conjecturas, duro nos
argumentos, que fomenta contendas, molesta a si mesmo, sempre recolocando problemas
antes mesmo de nada resolver. Por ela, proliferam essas intermináveis fábulas e
genealogias, essas questões estéreis, esses discursos que se alastram, qual caranguejos, e
contra os quais o Apóstolo nos adverte na sua carta aos Colossenses: ‘Cuidado que
ninguém vos venha a enredar com suas sutilezas vazias, acordadas às tradições humanas,
mas contrárias à providência do Espírito Santo’. Este foi o mal de Atenas… Ora que há de
comum entre Atenas e Jerusalém, entre a Academia e a Igreja, entre os hereges e os
cristãos? Nossa formação nos vem do pórtico de Salomão, ali nos ensinou que o Senhor
deve ser buscado na simplicidade do coração. Reflitam, pois, os que andam propalando
seu cristianismo estóico ou platônico. Que novidade mais precisamos depois de Cristo?
[…] Que pesquisa necessitamos mais depois do Evangelho? Possuidores da fé, nada mais
esperamos de credos ulteriores. Pois a primeira coisa que cremos é que para a fé, não
existe objeto ulterior.” (Tertuliano, De praescr. haeret., VII)
“Quarto, unimos nossas forças no que diz respeito à separação do mal. Devemos nos
afastar do mal e da perversidade que o diabo semeou no mundo, para não termos
comunhão com isso e não nos perdermos na confusão dessas abominações. Aliás, todos
que não aceitaram a fé e não se uniram a Deus para fazer a sua vontade são uma grande
abominação aos olhos de Deus. Deles não poderão acrescentar ou surgir nada mais do que
coisas abomináveis. Não existe nada mais no mundo e em toda a criação do que o bem e o
mal, crentes e incrédulos, trevas e luz, os que estão no mundo e fora do mundo, os
templos de Deus e dos ídolos, Cristo e Belial, e nenhum deles poderá ter comunhão um
com o outro. Para nós, pois, é obvio o imperativo do Senhor, pelo qual nos ordena que nos
afastemos e nos mantenhamos longe dos maus. Assim, ele será nosso Deus e nós seremos
seus filhos e filhas. Além disso, ele nos exorta a abandonar a Babilônia e o paraíso terreno
egípcio, para não passar pelos sofrimentos e dores que o Senhor enviará sobre eles. (…)
Devemos nos afastar de tudo isso e não participar com eles. Porque tudo isso não passa de
abominações, que nos tornam odiosos diante do nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos
libertou da escravidão da nossa natureza pecaminosa e nos tornou aptos para o serviço de
Deus, por meio do Espírito que nos ortogou.” (Confissão de Schleitheim, IV)
2. O cristão da cultura
Os ensinos do evangelho têm íntima relação com as estruturas culturais, num processo
de acomodação a esta. Ou seja, toda e qualquer cultura é incorporada no cristianismo.
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Apesar das objeções que são lançadas a esta posição, ela tem sido influente na história
da igreja. Os ensinos de gnósticos do século III, Abelardo de Paris (1079–1142) e dos
teólogos liberais do século XIX refletem esta posição.. A igreja evangélica na Alemanha,
por influência deste entendimento, trocou seu nome para Igreja do Reich e seus
pregadores juraram obediência a Hitler.
Lutero enfatizou este tema com sua doutrina dos “dois reinos”: a mão esquerda,
mundana, segura a espada do poder no mundo, enquanto a mão direita, celeste, segura
a espada do Espírito, a Palavra de Deus. Não se pode tentar coagir a fé, nem se pode
tentar acomodar a fé aos modos seculares de pensamento.
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mais iníquas que sejam certas instituições, elas não estão fora do alcance da soberania
de Deus. Ou seja, mesmo sabendo da queda, o cristão não abandona a cultura (o cristão
contra a cultura), mas busca redimi-la, levá-la aos pés de Cristo.
Nesta posição, não há divisão entre o sagrado e o profano – essa é uma dicotomia
católica (a divisão sagrado/profano afirma que na igreja fazemos atividades sagradas e,
no mundo, atividades profanas; ou seja, rezar, ser padre é algo sagrado, mas construir
um prédio e ser um engenheiro são coisas profanas). A divisão bíblica é entre o que é
santo e está em pecado; e que está em pecado deve ser santificado.
Relatório de Willowbank
A afirmação de que o cristão é um agente transformador da cultura pode ser resumida
na compreensão de que “uma vez que o homem é criado por Deus, parte de sua cultura
será rica em beleza e bondade. Por causa da queda e do pecado do homem, toda a sua
cultura [usos e costumes] está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca” (Pacto
de Lausanne §10) — o evangelho nunca é hóspede da cultura, mas sempre seu juiz e
redentor.
Categoria de costumes
Como um missionário deve proceder em uma cultura diferente? O Relatório de
Willowbank propõe uma relação quádrupla do cristão com a cultura:
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uma medida sábia não exigir desse chefe tribal o abandono da poligamia, mas exigir tal
atitude da próxima geração de cristãos.
Aplicação do ponto 3: Se você é um novo pastor, não tente mudar a cultura da igreja, se
ela se encaixa neste nível. Pregue o evangelho!
“Não se distinguem os cristãos dos demais, nem pela região, nem pela língua, nem pelos
costumes. (…) Seguem os costumes locais relativamente ao vestuário, à alimentação e ao
restante estilo de viver, apresentando um estado de vida admirável (…). Enquanto
cidadãos, de tudo participam, porém tudo suportam como estrangeiros. (…) Se a vida
deles decorre na terra, a cidadania, contudo está nos céus. Obedecem as leis estabelecidas,
todavia superam-nas pela vida. Amam a todos, e por todos são perseguidos (…) Para
simplificar, o que é a alma no corpo são no mundo os cristãos”. (5-6) (Epístola a
Diogneto)
Bibliografia Complementar
Não sei se vocês lembram, mas já falamos, de forma simplificada, sobre o assunto aqui
no VE: Os 3 Rs do Envolvimento do Cristão com a Cultura. Os 3R de Mark Driscoll
(Rejeitar, Receber ou Redimir) encaixam-se bem nos quatro pontos apresentados pelo
Relatório de Willowbank.
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Por: Franklin Ferreira. Palestrado no dia 11/02/13, na 15ª Consciência Cristã (VINACC).
Copyright © Franklin Ferreira.
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