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Reprodução de Equinos
Reprodução de Equinos
iii
DECLARAÇÃO
C.C.: 13863456
TELEMÓVEL: 914263666
v
“As éguas não leem livros.”
Ana Luísa Costa
vii
AGRADECIMENTOS
Obrigada.
ix
RESUMO
A indústria equina mundial não sobrevive sem um maneio reprodutivo eficaz e eficiente
dos cavalos, o que torna o médico veterinário numa peça fundamental na reprodução equina.
O cavalo vê frequentemente a sua componente reprodutiva adiada para estágios mais tardios
da sua vida devido à predileção pela performance desportiva. Além disso, é muito frequente
serem apresentados à reprodução animais subférteis e bastante expostos aos efeitos do
envelhecimento, o que dificulta bastante o trabalho do médico veterinário. A reprodução de
éguas geriátricas está a tornar-se numa prática cada vez mais comum, devido aos avanços
na medicina da reprodução. Por esse facto, torna-se importante compreender os efeitos do
envelhecimento nas éguas e saber como contornar esses efeitos.
O objetivo deste trabalho foi efetuar um estudo restrospectivo, comparando diferentes
parâmetros relacionados com a fertilidade em éguas de grupos etários diferentes. Para tal,
foram utilizados dois grupos de éguas, cada um com sete animais, e revistos 923 registos. O
primeiro grupo era constituído por éguas jovens (grupo 1) e o segundo grupo por éguas velhas
(grupo 2). O estudo foi divido em 3 componentes que englobaram: o acompanhamento
reprodutivo das éguas na componente prática do estágio; uma pesquisa bibliográfica
aprofundada do tema; e um estudo retrospetivo dos casos observados.
Verificou-se que os dois grupos de éguas ovularam pela primeira vez na mesma altura
do ano. Existiu uma tendência para um maior número de ovulações duplas em éguas do grupo
2 (p=0,061). O intervalo interovulatório nas éguas do grupo 1 foi de 16,8 dias e nas éguas do
grupo 2 foi de 21,4 dias (p = 0,206). A incidência de folículos anovulatórios foi de 0% no grupo
1, e 3,9% no grupo 2. A incidência da morte embrionária precoce foi de 0% no grupo 1 e de
17,4% no Grupo 2 (p = 0,251). A incidência da presença de líquido intrauterino foi
significativamente maior no grupo 2 (46,1%), do que no grupo 1 (25,8%) (p < 0,001). A taxa
de sucesso de recolha de embriões foi maior no grupo 1 (p = 0,272). Foram necessários em
média 3,9 ciclos reprodutivos para se obter um poldro de uma égua velha, comparando com
2,4 ciclos reprodutivos para as éguas mais jovens.
A partir destes resultados podemos concluir que embora a reprodução de éguas mais
velhas seja um desafio, com o tratamento correto e um maneio adequado, é possível alcançar
o sucesso, embora com uma clara tendência a este ser menor que nas éguas jovens.
xi
ABSTRACT
The world equine industry does not survive without an effective and efficient
reproductive management of horses, which makes the veterinarian a key player in equine
breeding. The horse often sees its reproductive component being delayed for later stages of
its life due to the predilection for the sporting performance. In addition, sub-fertile animals are
frequently exposed to reproduction and are often exposed to the effects of aging, which makes
the veterinarian's work very difficult. Reproduction of geriatric mares is becoming an
increasingly common practice due to advances in reproductive medicine. It is therefore
important to understand the effects of aging on mares and how to circumvent these effects.
The goal of this work was to carry out a restrospective study that compares different
parameters related to fertility in mares. For this, two groups of mares were used, each with
seven animals, and 923 were reviewed and registered. The first group consisted of young
mares (group 1) and the second group was composed of old mares (group 2). The study was
divided in 3 components that included: the reproductive follow up of the mares in the practical
component of the internship; a bibliographical research of the theme; and a retrospective study
of the observed cases.
It was found that both groups of mares ovulated for the first time at the same time of
the year. There was a tendency to observe a higher number of double ovulations on the mares
of group 2 (p = 0.061). The interovulatory interval on the mares of group 1 was 16.8 days, and
on the mares of group 2 was 21.4 days (p = 0.206). The incidence of anovulatory follicles was
0% on group 1 and 3.9% on group 2. The incidence of early embryonic death was 0% on group
1 and 17.4% on group 2 (p = 0.251). The incidence of intrauterine fluid was significantly higher
on group 2 (46.1%) than on group 1 (25.8%) (p <0.001). The success rate of embryo collection
was higher on group 1 (p = 0.272). It took an average of 3.9 reproductive cycles to obtain a
foal from an older mare, compared to 2.4 reproductive cycles from the younger mares.
From these results we can conclude that although the reproduction of older mares is
a challenge, with the correct treatment and adequate management, it is possible to achieve
success, although with a clear tendency for worse results than in young mares.
xiii
ÍNDICE GERAL
xv
LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS, QUADROS E TABELAS
Figura 1 – (A) Vista Dorsal e (B) Vista Lateral do trato reprodutivo da égua ......................... 6
Figura 2 - Níveis hormonais e correspondente atividade ovárica ao longo do ciclo éstrico ... 9
Figura 3 - Sazonalidade das éguas ao longo do ano ...........................................................10
Figura 4 – (A) Aspecto ecográfico do útero durante o estro (pregas endometriais). (B)
Aspecto ecográfico do útero durante o diestro .....................................................................13
Figura 5 - Ultrassonografia de um folículo com múltiplas partículas ecogénicas no lúmen
folicular .................................................................................................................................17
Figura 6 – (A) Fluído uterino de Grau II; (B)Fluído uterino de Grau III .................................29
Figura 7: Tipo de ovulação observada no Grupo 1 e no Grupo 2. .......................................48
xvii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AA – Anglo-árabe
AB - antibiótico
AF – antifúngico
CC – Condição Corporal
cm – centímetro
CL - corpo lúteo
DMSO – dimetilsulfóxido
Escherichia coli – E. coli
eCG - gonadotrofina coriónica equina
FSH - hormona folículo-estimulante
gr – gramas
GnRH - hormona libertadora de gonadotrofina
hCG – Gonadotrofina Coriónica Humana
HDLG – Haras de la Gesse
H2O2 – peróxido de hidrogénio
IA – inseminação artificial
IM – intramuscular
IV – endovenosa
IU - intrauterino
L – litro
LH - hormona luteinizante
LR - Lactato de Ringer
MEP - Morte Embrionária Precoce
mg - miligramas
ml – mililitro
NAC - N-acetilcisteína
PSA – Puro-Sangue Àrabe
PGE - Prostaglandina E
Pgf2α – Prostaglandina F2α
PSI - Puro-sangue Inglês
xix
PSL – Puro-sangue Lusitano
PR-HDLG - Pôle Reproduction do Haras de la Gesse
RAO - Obstrução Recorrente das Vias Aéreas Inferiores
SC - subcutânea
TE - transferência de embriões
UI - unidades internacionais
µg - microlitro
% - Percentagem
xx
I. NOTA PRÉVIA
1
25 de Março de 2016 e término no dia 16 de Junho de 2016. As principais atividades
desenvolvidas consistiram sobretudo na reprodução de equinos, destacando-se: o controlo
reprodutivo de éguas dadoras e éguas recetoras, diagnóstico de gestação, colheita de sémen,
inseminação artificial (utilizando sémen fresco, refrigerado ou congelado), transferência de
embriões e auxílio nos partos. O tema desenvolvido na presente tese surgiu aquando do
acompanhamento reprodutivo de éguas mais velhas, que apresentam vários obstáculos para
atingir o sucesso reprodutivo.
A casuística dos casos observados durante o estágio curricular encontra-se descrita
no Quadro 1.
Casuística
Nº de Nº de
Ocorrências Ocorrências
Cirurgia Total = 36 Dermatologia Total = 14
Ablação do Palato Mole 5 Hipersensibilidade a 2
culicoídes
Artroscopia 3 Lacerações várias 4
Castração 7 Dermatofitose 8
Cólica Cirúrgica 9 Oftalmologia Total = 3
Herniorrafia 1 Úlcera da Córnea 3
Laparoscopia 4 Reprodutivo Total = 2619
Lavagem Articular 2 AB intrauterinos 92
Neurectomia do n. Digital 2 Colheita de Sémen 49
Palmar
Remoção de fragmentos 3 Cultura 13
ósseos
Digestivo Total = 47 Diagnóstico de Gestação 87
Cólicas Médicas 25 Exame Reprodutivo 2021
Dentística 18 Exantema Coital 5
Úlceras Gástricas 4 Flushing para Transferência 54
de Embrião
Locomotor Total = 95 Inoculação de embrião na 22
Receptora
Abcesso Subsolar 10 Inseminação Artificial 93
Cintigrafia 7 Lavagem Uterina 118
Claudicação 44 Monta Natural 47
Infiltração 31 Parto Assistido 17
Laminite 3 Parto Distócico 1
Neonatologia Total = 11 Outros Total = 221
Artrite Séptica 1 Desparasitação 144
Falha de Imunização 2 Eutanásia 5
Impactação do Mecónio 1 Exame em Ato de Compra 12
Infeção por Rodococcus equi 3 Identificação Animal 7
Problemas articulares 4 Vacinação 53
2
O maior número de casos observados foram os relacionados com problemas
reprodutivos, seguidos de problemas locomotores, digestivos, cirúrgicos, casos de
neonatologia, dermatologia e oftalmologia (Gráfico 1). Além destes, houve outros casos que
não se enquadram em nenhuma categoria específica, como foi o caso das desparasitações,
eutanásias, exames em ato de compra, identificação animal e vacinações.
Cirurgia
1,2%
Dermatologia
0,26%
Digestivo
Reprodutivo 1,5%
86,2%
Locomotor
3,13%
Neonatologia
0,24%
Oftalmologia
0,01%
Outros
7,27%
O maneio reprodutivo da égua geriátrica foi o tema que se considerou ser mais
interessante de desenvolver na presente tese, dado o número de casos observados, e o facto
de ser um problema cada vez mais frequente e de grande importância para os criadores de
cavalos. Pretendeu-se assim desenvolver os conhecimentos sobre as doenças que mais
afetam as éguas geriátricas, os seus sinais clínicos, tratamento e prevenção.
.
3
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1. Introdução
5
2. Anatomia
A B
Figura 1 – (A) Vista Dorsal e (B) Vista Lateral do trato reprodutivo da égua (adaptado de Evans et al.
2002).
Os ovários têm uma posição anatómica variável, pois o mesovário permite um elevado
grau de movimento passivo. O ovário esquerdo situa-se caudalmente ao ovário direito e mais
perto do rim ipsilateral (Ginther 1979). Estes órgãos apresentam, nos equídeos, uma
depressão proeminente, denominada de fossa ovulatória, no bordo côncavo ventral. O bordo
convexo dorsal está incorporado no mesovário. O tamanho dos ovários varia entre os 7 e 8
cm, dependendo da fase do ciclo reprodutivo e da atividade folicular. O ovário é maior em
éguas mais jovens, e tende a ficar mais fibroso à medida que a égua envelhece. (Kainer 2011).
A égua, como qualquer outra fêmea equídea, é distinta de outras espécies pois as suas
camadas ováricas estão invertidas, ou seja, a zona medular é superficial e a zona cortical,
que contem os folículos (parênquima), é interna. O parênquima apenas atinge a superfície do
ovário na fossa da ovulação, consequentemente, pequenos folículos e corpos lúteos podem
ser vistos ecograficamente mas não conseguem ser detetados à palpação. Apenas folículos
grandes e salientes podem ser sentidos à palpação do ovário (Miro 2012).
6
Cada oviduto consiste num infundíbulo que se expande desde os extremos dos cornos
uterinos até à fossa da ovulação. Divide-se em ampola, que cobre a fossa da ovulação, e
istmo, que termina numa papila na extremidade do corno uterino (Dyce et al. 2009). Os cornos
uterinos, que estão localizados na cavidade abdominal. Tem uma configuração em “V” com o
mesométrio localizado dorsalmente. Divergem acentuadamente a partir do ligamento
intercornual e têm cerca de 20 a 25 cm, sendo assimétricos em éguas recém-paridas. O útero,
que tem cerca de 20 cm em éguas não gestantes, torna-se contínuo caudalmente e termina
na cérvix, que se situa cranialmente na cavidade pélvica (Kainer 2011). A cérvix possuí uma
parede muito espessa e é atravessada pelo canal cervical, que se estende desde o orifício
interno do útero até ao orifício externo localizado na vagina. A vulva deve ter uma posição
vertical sem nenhum desvio na sua orientação vertical, e os lábios vulvares devem coaptar
completamente, não permitindo a entrada de ar na vagina (Ginther 1979).
3. Fisiologia
3.1. Ciclo Reprodutivo
7
ser geralmente marcada, algumas éguas não apresentam sinais de cio, sendo neste caso
fundamentais os exames ecográficos para a deteção do estro. O estro silencioso ocorre mais
frequentemente no cio do poldro, entre o quinto e o décimo quinto dia após o parto, e em
éguas que estão em posições hierarquicamente inferiores (Romano et al. 1998).
Após a ovulação, ocorre a formação do corpo lúteo (CL) e inicia-se o período de
diestro, onde há um declínio acentuado dos estrogénios, contrabalançados pelo aumento dos
níveis sanguíneos de progesterona produzida pelo CL. Nesta fase a égua não mostra sinais
de cio. Caso ocorra a fecundação e reconhecimento materno da gestação, a vida do CL
prolonga-se. Caso contrário, o corpo lúteo sofre luteólise devido à influência da prostaglandina
F2α (PgF2α) produzida no útero por volta do dia 15 do ciclo (Samper 2009).
8
4 a 7 do ciclo éstrico, e mantendo-se elevada até aos dias 14 a 15 do ciclo, na égua não
gestante. Se não ocorrer a fecundação, no final do diestro observa-se a produção de PgF2α
pelo endométrio, que posteriormente induz a luteólise. A partir dos dias 15 a 16 há um declínio
dos níveis de progesterona, que baixam para níveis inferiores a 1ng/ml (Macêdo et al. 2014).
A esquematização das alterações hormonais ao longo do ciclo éstrico pode ser vista na figura
2.
Figura 2 - Níveis hormonais e correspondente atividade ovárica ao longo do ciclo éstrico (adaptado de
Taylor-MacAllister & Freeman 2007).
De um modo geral as éguas entram em cio entre o dia 15 a 16 do ciclo éstrico, quando
a PgF2α produzida no endométrio induz a luteólise do CL. Aproximadamente 2 dias antes do
final do estro ocorre a ovulação e há formação CL, que apenas responde à prostaglandina
exógena quando está maduro, ou seja, 5 dias após a ovulação (Macêdo et al. 2014).
3.3. Sazonalidade
9
durante o período de anestro, não é ainda completamente compreendido no caso das éguas.
Estudos recentes sugerem que o período de anestro pode ser o resultado direto de uma
inibição induzida por falta de estímulos: dias curtos, clima adverso e má nutrição. A presença
de estímulos como dias longos, condições climáticas e nutricionais favoráveis, a presença do
garanhão; vai estimular a secreção de gonadotrofinas e GnRH durante a época reprodutiva
(Nagy et al. 2000).
A época reprodutiva tem início na Primavera. Este facto está associado ao aumento
das horas de luz, temperatura e disponibilidade de alimento. A época reprodutiva ocorre de
Abril a Setembro no Hemisfério Norte (Hughes & Stabenfeldt 1975), sendo que de Fevereiro
a Abril se dá a transição de Primavera, e de Setembro a Novembro se dá a transição de
Outono. Nas fases de transição as éguas apresentam ciclos éstricos irregulares com elevada
incidência de folículos dominantes em regressão. Nos meses de Dezembro a Fevereiro a
égua encontra-se em anestro sazonal, embora algumas éguas ciclem durante todo o ano
(Cuervo-Arango et al. 2009). O anestro entende-se como uma falha na exibição do estro por
um longo período de tempo, acompanhado por um período anovulatório, onde os ovários se
tornam mais pequenos e inativos devido a estímulo gonadotrófico insuficiente (Thompson
2011). A sazonalidade das éguas ao longo do ano está descrita na figura 3.
Figura 3 - Sazonalidade das éguas ao longo do ano (adaptado de Taylor-MacAllister & Freeman 2007).
10
semanas imediatamente antes da primeira ovulação eram similares em todos os anos do
estudo. Dados de campo sugerem que a transição de Primavera é retardada devido ao tempo
frio (Nagy et al. 2000).
O efeito da nutrição e condição corporal também está descrita por diversos autores.
Um estudo feito por Niekerk e Heerden (1972) demonstrou que éguas que recebem alimento
suplementar sob a forma de concentrado, ovulam mais rapidamente após o anestro de
Inverno, do que as éguas que não recebem suplementação. O período anovulatório também
é mais curto em éguas que aumentam o seu peso no início da Primavera (Ginther 1974).
Segundo Henneke (1984) o espaço de tempo até que ocorra a primeira ovulação é
significativamente maior em éguas com uma condição corporal menor que 5 (numa escala de
1 a 9) comparando com éguas com uma condição corporal superior a 5.
As poldras tem geralmente o seu primeiro estro no segundo ano de vida, mas em
condições naturais é pouco usual ficarem gestantes antes dos 3 anos de idade (Noakes 2009).
O comportamento de cio caracteriza-se pelo aumento do interesse no garanhão. A égua volta
os posteriores para o garanhão, exibindo uma postura característica de pélvis rebaixada. Esta
postura é acompanhada de um desvio lateral da cauda e exposição da região perianal, com
uma eversão rítmica do clítoris e libertação frequente de pequenas quantidades de urina com
um odor característico. A micção frequente vai provocar uma reação olfatória no garanhão,
traduzida pelo sinal de Flehmen (Crowell-Davis 2007; Mills & Nankervis 1999).
As éguas em cio exibem um perfil facial caracterizado por relaxamento dos músculos
da face, orelhas caídas para os lados e cabeça baixa. Em contraste, as éguas em diestro não
mostram interesse pelo garanhão, relincham agressivamente e podem dar coices caso este
se aproxime. A sua face expressa agressividade, caracterizada por tensão dos músculos
faciais, orelhas voltadas para trás e podem morder (Crowell-Davis 2007). Este comportamento
não deve ser confundido com o período de anestro, onde há igual desinteresse pelo garanhão,
mas a égua encontra-se num estado fisiológico diferente (Mills & Nankervis 1999).
Em contraste com outras espécies, as éguas mostram comportamento de cio logo no
seu primeiro ciclo éstrico, assim como no seu primeiro ciclo logo após o anestro sazonal e
depois do parto (cio do poldro). Na égua pós-parto, esta característica facilita a sua
beneficiação no cio do poldro (Crowell-Davis 2007).
Existem éguas que não mostram sinais de estro, tendo o chamado “estro silencioso”.
É frequente em éguas novas virgens, éguas com poldros recém-nascidos ou nas éguas que
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se encontram no fundo da hierarquia, caso vivam “a campo”. Contudo, até uma égua que
geralmente apresente sinais de cio pode ser afetada. Nestes casos, recorre-se ao uso de
ecografias para confirmar o estro e prever o momento da ovulação (Miro 2012).
Ao longo do ciclo éstrico, o útero, vagina e endométrio passam por uma série de
mudanças devido aos diferentes ambientes endócrinos, que são facilmente distinguidas com
o auxílio de um exame clínico (Nagy et al. 2000). Estas mudanças são reguladas pela
interação do estrogénio e da progesterona com os seus recetores no endométrio, e a sua
expressão é muito influenciada pela fase do ciclo éstrico. Durante o estro, devido às altas
concentrações de estrogénios, há um engrossamento da parede uterina, com formação de
edema. Dá-se também o relaxamento da cérvix, que se acentua até ao final do estro, e nota-
se perda de tonicidade do útero e vagina. Há também um aumento da vascularização,
ativação e proliferação das glândulas endometriais. Estas mudanças anatómicas estão
relacionadas com a atividade folicular e com as mudanças de comportamento observadas
durante o estro (Lieux 1970).
O edema uterino pode estar associado a pequenas acumulações de fluídos no lúmen
uterino (Tunón et al. 1995). À ecografia transrectal, o edema uterino é facilmente distinguível
pois na égua forma-se uma imagem típica de “roda de carroça”, onde os “aros da roda” são
formados pelas pregas endometriais. Estas pregas tem diferentes ecotexturas, sendo as
áreas anecogénicas as porções edematosas, e as áreas ecogénicas o tecido denso central
(Aurich 2011) (figura 4A). O edema vai-se tornando cada vez mais pronunciado ao longo do
estro e começa a diminuir em média 48h antes da ovulação. A ecotextura das pregas
endometriais pode variar do grau 0 (não há evidência ecográfica de pregas endometriais) ao
grau III (pregas endometriais proeminentes). O grau IV refere-se a um edema de origem
patológica associado a endometrite (Carnevale & Olsen 2011).
Já durante o diestro, onde dominam as altas concentrações de progesterona, a
espessura da parede uterina e a atividade glandular diminuem. Há um aumento do tónus
uterino e dá-se o encerramento da cérvix (Kainer 2011). A ecotextura uterina deverá, nesta
fase do ciclo, ser homogénea e não deve haver edema presente (Tunón et al. 1995) (figura
4B).
12
A B
Figura 4 – (A) Aspecto ecográfico do útero durante o estro (pregas endometriais). (B) Aspecto
ecográfico do útero durante o diestro (adaptado de Evans et al. 2002).
13
No dia 21 após a ovulação, o embrião torna-se visível ecograficamente, pode
distinguir-se o batimento cardíaco e começa a formação da corioalantóide, que eventualmente
se vai tornar na placenta definitiva (Allen 2000). A formação das taças endometriais começa
a partir do dia 25; ao dia 35 estas invadem o estroma endometrial e tornam-se visíveis ao dia
40, altura em que se tornam glândulas funcionais produtoras de gonadotrofina coriónica
equina (eCG). A secreção de eCG estimula o desenvolvimento folicular e consequente
acumulação de CL secundários, havendo uma elevação exponencial sérica de progesterona.
As taças endometriais atingem o seu tamanho e produtividade máxima aos dias 60 a 70 de
gestação, altura em que começam a degenerar até aos dias 100-120 de gestação (Clegg et
al. 1954). Nesta altura a placenta do tipo microcotilédone já está suficientemente desenvolvida
para produzir a concentração de progesterona necessária para manter a gestação. Uma
placenta microcotiledonária extensa e completamente funcional anexada a um endométrio
saudável e funcional é um pré-requisito essencial para uma gestação normal na égua. O
poldro nasce ao dia 336 a 340 após a ovulação (Allen 2000).
4. A Égua Geriátrica
Existem várias razões para reproduzir uma égua velha: pode ser devido à sua
performance, valor elevado dos seus poldros, obtenção de produtos de éguas de competição
aposentadas ou simplesmente devido a fatores sentimentais (Madill 2002). O envelhecimento
é um processo fisiológico e não deve ser encarado como doença, embora possa predispor a
mudanças que levam à doença. A senescência começa após o animal atingir o seu pico de
função fisiológica (Paradis 2002). Como as mudanças fisiológicas progridem a um nível
individual, não existe uma idade definida para um cavalo ser considerado geriátrico. No
entanto, na comunidade equestre, um cavalo é considerado geriátrico ao início dos 20 anos
de idade (Madill 2011).
A fertilidade permanece elevada até aos 12-15 anos de idade, altura que começa a
diminuir lentamente até aos 25 anos de idade, quando a taxa de partos por época reprodutiva
é geralmente nula (Badi et al. 1981; Vanderwall et al. 1989; Madill 2011). Um estudo realizado
por Hearn et al. (1993) em PSI, mostrou que as éguas com idades compreendidas entre os
15 e 26 anos tinham aproximadamente metade da probabilidade (0,56) de estarem gestantes
aos 14 e 20 dias após a ovulação, quando comparadas com as éguas mais jovens. São
precisos, em média, 4,6 ciclos reprodutivos para se obter um poldro de uma égua velha,
comparando com os 2 ciclos necessários para as éguas mais jovens (Vanderwall et al. 1989).
14
De um modo geral, a fertilidade diminui com a idade na maioria dos mamíferos pois o
número de folículos presentes no ovário ao nascimento é limitado. Este número diminuí à
medida que o animal passa pelos ciclos éstricos, mas também por atresia dos folículos, o que
resulta num declínio do número de ovócitos com a idade. No entanto, a redução da fertilidade
ocorre antes que este número atinja um nível crítico (Armstrong 2001).
As éguas mais velhas são menos férteis, requerem um maneio mais intensivo e uma
maior intervenção veterinária do que as éguas mais novas. As razões para tal podem ser a
entrada tardia na época reprodutiva, aumento do tempo do ciclo éstrico, resposta reduzida ou
deficiente a drogas indutoras da ovulação, fraca qualidade dos folículos, maior incidência de
infeções uterinas, endometrite persistente induzida pós inseminação ou monta natural,
mudanças degenerativas do endométrio e aumento das perdas embrionárias (Madill 2002).
Além dos problemas reprodutivos relacionados com a idade, estes animais apresentam maior
incidência de problemas gastrointestinais, músculo-esqueléticos, respiratórios e
endocrinológicos, o que afetam indiretamente a sua performance reprodutiva (Paradis 2002).
O ciclo éstrico é mais prolongado nas éguas mais velhas, podendo existir um aumento
de 4,3 dias em relação às éguas mais novas (Vanderwall et al. 1989; Carnevale et al. 1993).
O prolongamento do ciclo éstrico deve-se à maior duração da fase folicular, que
provavelmente está associada ao menor diâmetro dos folículos presentes na altura da
luteólise em éguas mais velhas. O intervalo da fase lútea é igual em éguas novas e éguas
velhas (Carnevale et al. 1993). Quando comparadas com éguas novas, a onda folicular que
promove o crescimento dos folículos, ocorre mais tarde nas éguas mais velhas. Também se
desenvolvem menos folículos (Ginther et al. 1993). A média de crescimento do folículo
dominante é significativamente menor em éguas mais velhas, que é cerca de 2,2mm por dia,
em contraste com 3,2mm por dia que se verifica em éguas mais jovens (Carnevale et al. 1993).
Quando ciclam, as éguas mais velhas tem tendência a entrar mais tarde na época
reprodutiva. As éguas com mais de 19 anos tem a primeira ovulação 2 semanas mais tarde
que éguas com menos de 13 anos de idade (Vanderwall & Woods 1990; Wesson & Ginther
1981).
A atividade ovárica pode cessar em algumas éguas mais velhas, enquanto outras
continuam a ciclar mesmo tendo mais de 20 anos de idade (Vanderwall & Woods 1990;
Wesson & Ginther 1981). Um estudo realizado por Vanderwall & Woods (1990) mostrou que
15
37% das éguas com mais de 24 anos não ovularam durante a época reprodutiva. Num outro
estudo realizado por Carnevale et al. (1994) verificou-se que apenas 50% das éguas com
mais de 20 anos apresentavam ciclos regulares durante a época reprodutiva, e 19% não
ovularam.
Em alguns casos, ocorre a falha de ovulação de folículos dominantes. Esta falha pode
ter uma explicação fisiológica ou patológica. A falha na ovulação fisiológica ocorre nos
períodos de transição de Primavera ou Outono e em algumas éguas pós-parto, devido à baixa
atividade ovárica associada a esses períodos (McCue & Squires 2002). A falha patológica
ocorre em aproximadamente 8,2% dos ciclos éstricos durante a época reprodutiva, e resultam
num longo intervalo interovulatório. As causas podem ser estimulação hormonal insuficiente
(McKinnon 1997), produção insuficiente de estrogénio do folículo dominante (Pierson 1993),
ou hemorragia no lúmen do folículo pré-ovulatório (Ginther 1979). A incidência de folículos
anovulatórios aumenta com a idade e é uma causa de redução de fertilidade em éguas mais
velhas (Carnevale & Griffin 1993).
A incidência da falha da ovulação em éguas com mais de 16 anos é de 13,1%, cerca
de 3 vezes maior que os 4,4% descritos em éguas dos 6 aos 10 anos. O intervalo
interovulatório das éguas afetadas é de 38,5 dias e 43,5% das éguas que apresentam um
folículo anovulatório voltam a reincidir na mesma época reprodutiva, podendo-se perder vários
ciclos (McCue & Squires 2002).
A primeira indicação ecográfica de um folículo anovulatório é a deteção de partículas
ecogénicas no fluído folicular, quando o folículo ainda está tenso (figura 5). A maioria destes
folículos contêm sangue e são designados de folículos anovulatórios hemorrágicos. O fluído
hemorrágico folicular forma uma massa gelatinosa, que ecograficamente tem uma aparência
granular. O “Colour Doppler” ajuda na identificação de folículos anovulatórios, já que 85,7%
luteinizam e formam uma parede lútea grossa e altamente vascularizada (Ginther & Utt 2004).
O tratamento com prostaglandina induz a luteólise e o retorno ao estro. Os restantes 14,3%
de folículos anovulatórios não luteinizam e são estruturas pouco vascularizadas, onde o
tratamento com prostaglandina não tem efeito (McCue & Squires 2002).
16
Figura 5 - Ultrassonografia de um folículo com múltiplas partículas ecogénicas no lúmen folicular
(adaptado de McCue & McKinnon 2011).
É comum que éguas com carreiras desportivas nunca fiquem prenhas até que sejam
aposentadas, altura em que há um crescente interesse em obter poldros destas mesmas
éguas. O maneio reprodutivo destas éguas é uma tarefa difícil, pois são mais suscetíveis a
endometrites pós-cobrição/inseminação artificial (IA). É por isso importante reconhece-las
para que seja instituído um maneio adequado e haja sensibilização dos proprietários para este
problema, pois muitos assumem que a fertilidade das éguas nulíparas velhas é igual à de
éguas jovens (Pycock 2006).
Muitas éguas nulíparas velhas possuem características reprodutivas comuns que se
assemelham a uma síndrome. Biópsias endometriais revelam mudanças glandulares
degenerativas e fibrose (endometrose), que são uma inevitável consequência do
envelhecimento, apesar de nunca terem estado prenhas (Ricketts & Alonso 1991).
Frequentemente possuem o cérvix anormalmente fechado não se observando o seu normal
relaxamento durante o estro. Também apresentam degeneração vascular endometrial
(LeBlanc 2003). Como resultado, são éguas que tendem a acumular fluido no lúmen uterino,
pois não o conseguem drenar corretamente (Pycock 1993). Em muitos casos este fluído não
apresenta crescimento bacteriano nem há presença de células inflamatórias. Caso a égua
seja inseminada, há uma maior acumulação de fluido no lúmen uterino devido à pobre
drenagem linfática, e baixa contração miométrica em conjunto com um cérvix não relaxado.
O volume de fluidos acumulados é variável e pode ir de alguns mililitros até um litro em casos
17
extremos. Apesar disso, geralmente as éguas afetadas que ficam gestantes, não tem
dificuldade em dilatar o cérvix aquando o parto (LeBlanc 1991).
O diagnóstico é difícil pois muitas éguas não mostram sinais de inflamação antes da
cobrição ou IA. Uma história de inseminações repetidas com acumulação de fluído será o
melhor indicador. O exame ecográfico é útil em detetar éguas com deficiências na normal
limpeza uterina. A presença de fluido livre intraluminal antes da cobrição ou IA sugere uma
maior suscetibilidade a endometrite persistente (Pycock & Newcombe 1996). A presença de
fluido no lúmen uterino durante o diestro é um indicador de inflamação uterina e está
associado à subfertilidade, devido à morte embrionária precoce e um encurtamento da fase
lútea (Newcombe 1997).
Quanto ao tratamento, o objetivo passa por auxiliar o útero na limpeza física dos
produtos inflamatórios que se formam normalmente após a monta natural ou IA (Pycock
1994). A administração de ocitocina é o método ideal de tratamento, pois é uma técnica não
invasiva e frequentemente fornece a total eliminação do fluído acumulado, por promover a
drenagem uterina (Allen 1991). A lavagem uterina com Lactato de Ringer (LR) também pode
ajudar na evacuação mecânica do conteúdo uterino, e deve ser feita antes da cobrição/IA e
idealmente 4 a 6 horas após a cobrição/IA (Knutti et al. 2000). Como o sémen congelado
provoca, por norma, reações inflamatórias endometriais mais acentuadas que o sémen fresco,
o seu uso deve ser evitado nestes animais (Kotilainen et al. 1994).
4.1.4. Endometrite
18
útero durante o coito ou IA estimulam uma resposta imune dominada por um rápido influxo de
neutrófilos polimorfonucleares para o lúmen uterino (Rozeboom & Troedsson 1999). Este
influxo ativa várias vias inflamatórias e promove a acumulação de fluído no útero (Woodward
et al. 2013). No entanto, esta inflamação é passageira e resolvida num curto período de tempo
(1 a 2 dias) em éguas saudáveis (Katila 1995).
O influxo de neutrófilos polimorfonucleares é uma reação fisiológica normal que visa
eliminar o excesso de espermatozoides e possíveis bactérias presentes no útero, tendo um
papel essencial na fertilidade. Contudo, se existir uma causa subjacente que resulta na
persistência da endometrite pós-coital/inseminação por um longo período de tempo (falha na
limpeza uterina), a inflamação transforma-se numa patologia clínica e requer o tratamento
adequado (Troedsson 2014).
Existe um aumento significativo da incidência e severidade de acumulação de fluído
no lúmen uterino em éguas mais velhas. Os fatores predisponentes são: útero largo e
descaído, incompetência cervical, drenagem linfática deficiente e diminuição das contrações
do miométrio (Pycock 2009). A inflamação persistente vai induzir a luteólise prematura e tem
efeitos deletérios no embrião assim que este chega ao útero, o que reduz potencialmente a
fertilidade (Troedsson 1999).
Endometrite Crónica
À medida que a idade e o número de partos aumentam, ocorrem mudanças
anatómicas que podem tornar uma égua subfértil. Estas mudanças incluem a fraca coaptação
dos lábios vulvares, que ocorre em éguas mais velhas ou em éguas de baixa condição
corporal; o enfraquecimento da musculatura abdominal com expansão do abdómen, que leva
a um afundamento do trato intestinal com deslocação do ânus cranialmente e, consequência
do afundamento do trato digestivo, os ligamentos suspensórios entre o reto e o trato
reprodutivo arrastam a vagina e o vestíbulo cranialmente, resultando numa fenda vulvar mais
horizontal e de eficácia reduzida em manter o selo vestibular (Pascoe 1978). Estas alterações
anatómicas predispõe a égua geriátrica a pneumovagina, contaminação bacteriana do trato
reprodutivo cranial e a urovagina, aumentando o risco de infeção uterina e diminuindo a taxa
de fertilidade (Pouret 1982).
A endometrite crónica é encontrada frequentemente em éguas com mais de 12 anos,
multíparas e com má conformação perineal. Também ocorre em éguas suscetíveis a
endometrite persistente pós-cobrição/IA, éguas com incompetência cervical e em éguas
dadoras de embriões (LeBlanc 2008). Ao contrário da endometrite aguda, em que há
acumulação de neutrófilos, a endometrite crónica caracteriza-se pela afluência de linfócitos
para o estroma endometrial (Vanderwall 2008). O tratamento adequado requer lavagens
19
uterinas, aplicação de antibióticos intrauterinos e eventualmente reparação de efeitos
anatómicos (LeBlanc 2008).
20
tem um efeito protetor na integridade endometrial. Ou seja, o maneio reprodutivo deve visar
também que se evite o descanso reprodutivo prolongado (Samper 2008).
A morte embrionária precoce (MEP) refere-se às perdas de gestação que ocorrem até
ao dia 40 após a fertilização, antes da transição da fase embrionária para a fase fetal (Woods
et al. 1987). A incidência da MEP é de 5-15%, contudo em éguas com mais de 18 anos de
idade, esta incidência aumenta para 20-30% (McDowell et al. 1992). A maioria das perdas
ocorre nos primeiros dias após a fertilização. Estas perdas devem-se a problemas
frequentemente encontrados em éguas geriátricas, tais como: envelhecimento dos folículos,
anormalidades oocitárias, falha na fertilização, ambiente anormal do oviduto e atrasos no
desenvolvimento do embrião. As restantes perdas são devidas à falha da produção de
progesterona primária, à prostaglandina produzida no útero com endometrite que irá provocar
a luteólise, ou, quando é o caso, em éguas que apresentam um elevado grau de fibrose
uterina, pois não existe um suporte trófico suficiente para manter a gestação.(Brinsko et al.
1995).
À ecografia antes do dia 21 após a ovulação, a MEP diagnostica-se pelo
desaparecimento repentino da vesícula embrionária entre controlos ecográficos. Após o dia
21, o embrião já está mais desenvolvido e os sinais de MEP tornam-se mais evidentes: forma
irregular da vesícula embrionária (até ao dia 20 após a ovulação a vesícula embrionária tem
normalmente uma forma irregular), mobilidade prolongada da vesícula (após o dia 16),
presença de edema endometrial, vesícula mais pequena que o normal, perda do batimento
cardíaco, aumento da ecogenicidade do fluído embrionário e desenvolvimento anormal das
membranas embrionárias (Morris & Allen 2002).
A MEP deve ser diagnosticada o mais cedo possível para que se possa beneficiar a
égua novamente, se a perda de gestação ocorreu cedo o suficiente na época reprodutiva. A
deteção precoce é possível com a realização de exames ecográficos transretais a cada 10
dias entre os dias 14 e 40 de gestação. Caso se detetem sinais de morte iminente, a única
opção de tratamento existente é a administração de progesterona exógena para “tentar salvar”
o conceptus. Caso se queira eliminar o conceptus para cruzar a égua novamente, esta
eliminação deve ocorrer antes do dia 35 de gestação, de modo a evitar o desenvolvimento
das taças endometriais que se começam a formar e a produzir eCG a partir dessa altura. O
término da gestação antes que as taças endometriais se tornem funcionais é de extrema
importância pois após este período de tempo, muitas éguas não voltam à atividade cíclica
21
normal durante essa época, exibindo frequentemente anestros prolongados e estros
anovulatórios (Vanderwall 2011).
Alguns dos fatores que levam à morte embrionária são endócrinos e podem estar
relacionados com a baixa produção de progesterona, por insuficiência lútea primária ou por
luteólise induzida por alterações endometriais. Segundo McCue & McKinnon (2011) a
insuficiência lútea primária dá origem à diminuição da produção de progesterona pelo CL
primário e a falha do reconhecimento materno da gestação parece ser a maior causa de
insuficiência lútea. Segundo Pinto (2011), as baixas concentrações de progesterona
(<2ng/mL) estão associadas à morte embrionária precoce na égua. No entanto, esta patologia
é incomum, e na maior parte dos casos é provável que ocorra associada a processos
inflamatórios uterinos (que provocam a libertação precoce de prostaglandina e provocam a
luteólise do CL).
Não existe evidência significativa de que a falha na produção de progesterona seja
uma causa comum de perda embrionária, assim como também não se pode afirmar que este
seja um problema com maior incidência em éguas em idade avançada. Assim, é recomendada
a suplementação de 0,044mg/kg de progesterona exógena (altrenogest, Regumate ®), por
via oral, todos os dias, quando a égua tem um histórico de repetidas perdas de gestação,
após serem descartadas outras patologias, como a endometrite (Vanderwall 2011). Nesta
categoria também se incluem as éguas com vesículas embrionárias de tamanho normal, mas
com baixo tónus uterino, e éguas que apresentam edema uterino no dia do diagnóstico de
gestação (Madill 2011).
Em éguas gestantes, a placenta começa a produzir progesterona entre os dias 80 e
100 de gestação; depois do dia 100 produz progesterona em quantidade suficiente para
manter a gestação. O que significa que entre os dias 100 e 120 a suplementação exógena de
progesterona deve ser descontinuada gradualmente, pois não existe uma necessidade
fisiológica em administrar progesterona exógena após esse período (Vanderwall 2011).
22
4.2. Estratégias para melhorar a eficiência reprodutiva
Numa tentativa de melhorar o sucesso reprodutivo das éguas problemáticas, tem sido
estudadas ao longo dos anos várias técnicas e tratamentos hormonais, que quando utilizados
em conjunto, podem aumentar a eficiência reprodutiva destes animais (Squires 2008).
- Manipulação Hormonal
A manipulação do ciclo éstrico tem várias vantagens e as suas aplicações são muito
variadas. É possível induzir ciclos ovulatórios em éguas que estavam em anestro para que
tenham produtos mais cedo no ano, induzir a ovulação para uma melhor gestão reprodutiva,
23
assim como se pode eliminar os sinais de cio indesejáveis nas éguas em competição (Aurich
2011). É importante referir que a manipulação farmacológica do ciclo éstrico aumenta a
incidência de gestações gemelares (Veronesi et al. 2003).
Indução do Estro
Numa égua em diestro, ou fase lútea, o estro pode ser induzido com uma injeção
intramuscular de Pgf2α ou seus análogos, induzindo a lise do CL. Este tratamento só é
geralmente eficaz a partir do dia 5 após a ovulação, quando o CL está maduro. Espera-se que
a égua inicie uma nova fase éstrica 3 a 4 dias após o tratamento e que ovule entre 8 a 12 dias
após o mesmo. O número de dias para que ocorra a ovulação depende do estado de
desenvolvimento do folículo dominante na altura da administração da Pgf2α. Quando existe
um folículo pré-ovulatório no final da maturação, a ovulação pode ocorrer 48h após a
administração da Pgf2α. Caso exista um folículo de pequenas dimensões ou em atresia a
ovulação ocorre mais tarde (Douglas & Ginther 1975; Aurich 2011). Está descrito que em 10%
das éguas, a administração intramuscular de prostaglandina provoca alguns efeitos colaterais
incluindo sudorese, desconforto abdominal e diarreia. Estes efeitos podem surgir 20 minutos
após a administração mas não colocam em risco a vida do animal (Staempfli 2011).
As prostaglandinas sintéticas mais utilizadas na sincronização de cios são o dinoprost
e o cloprostenol (Estrumate ®), sendo que a primeira é uma prostaglandina natural e a
segunda é uma prostaglandina sintética análoga. A dose recomendada de dinoprost é de 9
µg/kg (5 – 10 mg por égua), e a de cloprostenol é de 0,55 µg/kg (250 µg por égua) (Bradecamp
2011).
Supressão do Estro
O estro pode ser suprimido com a administração oral diária de altrenogest (sintético
da progesterona, Regumate ®). Contudo, a ovulação nem sempre é inibida. O tratamento com
altrenogest também pode ser usado para adiar a ovulação durante um ou dois dias sem afetar
a fertilidade. Não foram detetados efeitos secundários mesmo em casos de tratamentos
prolongados com altrenogest (Squires 2008; Shideler et al. 1983).
Indução da Ovulação
Para uma correta indução da ovulação deve-se em primeiro lugar confirmar a presença
de um folículo pré-ovulatório e a presença de edema uterino. De seguida pode optar-se pela
administração de hCG (gonadotrofina coriónica humana) ou deslorelina (análogo da GnRH)
(Squires 2008). A administração IM ou endovenosa (IV) de 1500 UI a 5000 UI de hCG, em
éguas que apresentam comportamento de cio e um folículo igual ou superior a 35 mm, induz
24
eficazmente a ovulação num intervalo de 36 a 48 horas após o tratamento em 90% das éguas
(Wilson et al. 1990; Argo 2010). O hCG pode apresentar uma resposta diminuída devido aos
anticorpos neutralizantes formados, consequência da sua utilização frequente. As éguas mais
velhas também apresentam uma resposta diminuída ao hCG (Squires 2008). A falha da
ovulação nas 48 horas após o tratamento ocorre em 20% dos ciclos nas éguas de 16 – 20
anos, e em 26% em éguas com mais de 20 anos, comparado com 5 – 14% dos ciclos em
éguas com menos de 10 anos (Barbacini et al. 2000).
A colocação de um implante de deslorelina subcutaneamente na vulva, ou a injeção
IM de 1-2mg em éguas que exibam sinais de estro e um folículo igual ou superior a 30 mm,
induz eficazmente a ovulação num intervalo de 36 a 48 horas em 90% das éguas (Jöchle &
Trigg 1994; Argo 2010). Foi demonstrado que éguas tratadas com Ovuplant ® demoraram
mais tempo a retornar ao estro no ciclo seguinte, devido à regulação negativa das
gonadotrofinas hipofisárias (Farquhar et al. 2001). O tratamento com deslorelina é a opção
mais indicada para éguas velhas que apresentam baixa resposta ao hCG (Farquhar et al.
2001). De referir que existem outros análogos da GnRH, como é o caso da buserelina
(Receptal ®), e que podem ser igualmente utilizados.
Em reprodução, saber com alguma precisão quando vai ocorrer a ovulação, tem
grandes vantagens para o responsável pelo maneio reprodutivo. Os benefícios incluem a
redução do número de beneficiações por ciclo no caso de garanhões muito requisitados, maior
precisão na escolha da hora da IA no caso do uso de sémen refrigerado ou congelado, ou no
caso do uso de garanhões com sémen de baixa viabilidade, a redução do número de
cobrições ou IA em éguas com má capacidade de depuração uterina e suscetíveis a infeções,
e por fim, a maximização das doses de garanhões subférteis (Woods et al. 1990).
Embora já tinha sido demonstrado que éguas cruzadas com garanhões férteis ou
inseminadas artificialmente com sémen de boa qualidade, tem boas taxas de conceção
mesmo que a ovulação ocorra dias depois da beneficiação, sabe-se que estas aumentam
significativamente se a beneficiação ocorrer próxima da ovulação. Para que se consiga prever
a ovulação e saber quando utilizar o indutor da ovulação, é aconselhado que a égua seja
seguida ecograficamente a partir do início do estro. E no geral, assim que uma égua apresente
um útero com um bom edema e um folículo maior ou igual que 35 mm, pode ser administrado
um agente indutor da ovulação, como o hCG ou a deslorelina, que induzem a ovulação em 36
a 48 horas (Woods et al. 1990).
25
Como já foi referido, o cio termina normalmente cerca de 24h após a ovulação, embora
algumas éguas ovulem após cio ter terminado. A ovulação é o culminar de vários eventos
complexos que resultam no colapso do folículo pré-ovulatório e expulsão do oócito do folículo.
A realização de exames ecográficos com intervalos de 4 a 6 horas, durante o período de estro,
poderiam ajudar a prever o momento da ovulação com alguma precisão. Contudo não é
prático nem economicamente viável, devendo por isso o veterinário utilizar indutores da
ovulação para reduzir o número de ecografias necessárias e conhecer diferentes parâmetros
para prever a ovulação (McKinnon et al. 2011).
Normalmente, o útero diminui a tonicidade durante o estro, não existindo alterações
significativas na altura da ovulação (England 1996). No entanto, o grau de edema endometrial
e a quantidade de fluido presente no lúmen uterino, diminuí geralmente antes da ovulação,
embora nem sempre tal se verifique. O folículo pré-ovulatório torna-se mole à palpação 12
horas antes da ovulação em 40% das éguas (Miro et al. 2004), contudo, este parâmetro não
é suficiente, considerado isoladamente, para prever a ovulação (Ginther 1979). O folículo
dominante aumenta o seu tamanho cerca de 2,7mm por dia durante 7 dias, embora Palmer e
Driancourt (1980) refiram que este crescimento cessa entre 24 a 48 horas antes da ovulação.
Os folículos normalmente ovulam por volta dos 45mm, embora o diâmetro à ovulação possa
variar entre 35 e 65mm.
Os folículos pré-ovulatórios podem ter a sua forma alterada, de esférica para uma
forma cónica ou de pera, e os restantes folículos permanecem com uma forma esférica. Este
parâmetro pode verificar-se em 84% dos períodos pré-ovulatórios (Ginther 1979). Segundo
um estudo feito por Miro et al. (2004), a combinação de um folículo muito mole com um
diâmetro folicular igual ou superior a 45 mm está associado a uma probabilidade de 79% de
a égua ovular nas próximas 48 horas. Um aumento da espessura da parede folicular (formada
pela camada teca, lamina basal e camada granulosa) também é indicativo de ovulação
eminente (Bergfelt & Adams 2007). O aparecimento de uma camada anecoica na parede
folicular, dando origem a uma "parede dupla", ocorre poucas horas antes da ovulação.
Em relação às éguas mais velhas, vários autores referem uma associação entre a
idade e o aumento da incidência de ovulações múltiplas (Sanderson & Allen 1987) (Morel &
O’Sullivan 2001). Segundo um estudo realizado por Morel et al. (2005), a idade das éguas
afeta significativamente a frequência de ovulações múltiplas, sendo que a incidência é menor
quando as éguas tem uma idade entre 2 a 4 anos (20,7%), e é maior dos 17 aos 19 anos
(35,6%). Também segundo Veronesi et al. (2003), existe um aumento da taxa de ovulações
duplas quando as éguas são submetidas a programas de sincronização de cios, recorrendo
ao uso de Pgf2α e hCG. Pensa-se que a administração de Pgf2α durante a fase lútea possa
26
interferir com o complexo mecanismo de seleção de folículos e dominância folicular, levando
à presença de 2 folículos sensíveis à ação do hCG na altura da indução da ovulação.
A concentração de FSH, que estimula o aparecimento das ondas foliculares, começa
a baixar quando o folículo mais desenvolvido atinge um diâmetro de 13mm, e continua a baixar
durante vários dias (Ginther et al. 2002). Dá-se então o desvio folicular, onde o segundo maior
folículo tem o seu crescimento inibido devido às baixas concentrações FSH e também devido
à produção de Inibina pelo folículo dominante. Este mecanismo permite que apenas um
folículo se desenvolva o suficiente para ovular. No entanto, num estudo realizado por Jochle
et al. (1987), reportou que a injeção de Pgf2α ou um dos seus análogos, resulta num aumento
imediato das concentrações de LH e FSH em amostras sanguíneas recolhidas alguns minutos
após a administração de Pgf2α. Existe por isso a hipótese de que a Pgf2α pode interferir com
as ondas foliculares controladas pelo FSH, levando à formação de folículos dominantes
múltiplos.
Em éguas a gestação gemelar é rara e muito pouco provável de se levar a termo,
devido à competição entre as placentas pelo contato com o endométrio materno, o que resulta
numa insuficiência placentária para ambos os fetos (Ginther 1982). Normalmente ocorre morte
embrionária no início da gestação, ou o feto menos desenvolvido morre durante a segunda
metade da gestação, provocando o aborto (Ginther 1979). Por esse motivo, a dupla ovulação
deve ser monitorizada para que se possa prevenir uma gestação gemelar com o tratamento
apropriado. Esta pode ocorrer no mesmo ovário, ou pode ocorrer o desenvolvimento de um
folículo em cada ovário. A ovulação de ambos os folículos raramente é sincrónica, sendo
separada por várias horas ou até dias (Miro 2012).
Em cada ciclo em que uma égua é cruzada sem sucesso, existe um maior risco de
ficar infetada ou de desenvolver endometrite persistente não infeciosa, logo, a sua melhor
oportunidade de ficar gestante é o primeiro ciclo em que esta é cruzada (Squires et al. 2006).
Este deve ser o objetivo para todas as éguas, mas é especialmente importante em éguas
mais velhas com uma história de infertilidade relacionada com endometrite infeciosa ou
depuração uterina deficiente. Na opinião de Madill (2011) as éguas velhas não devem ser
cruzadas até que já se tenha observado a primeira ovulação da época, assegurando assim
que a beneficiação não ocorre na presença de um folículo de transição, e evitando uma
contaminação uterina desnecessária (Troedsson 2006).
27
Para o uso de sémen fresco a égua deve ser inseminada 24-48 horas antes da
ovulação (Argo 2010). No caso de sémen refrigerado, as taxas de conceção são mais altas
quando a inseminação ocorre nas 24 horas precedentes à ovulação. Relativamente ao sémen
congelado, como este tem, em média, uma viabilidade de 12 horas, a inseminação deverá
ocorrer imediatamente antes (até 6 horas) ou depois (até 6 horas) da ovulação, e a deposição
do sémen é feita na ponta do corno uterino. Segundo Madill (2011), como nenhum método
para prever a ovulação (palpação, ecografia, medições hormonais) é 100% fiável, éguas
destinadas a sémen congelado devem ser inseminadas logo após a ovulação de modo a
aumentar a taxa de sucesso.
28
seja superior a 2 cm, o fluído deve ser drenado por lavagem uterina e é necessário investigar
a presença de células inflamatórias e bactérias. A visualização à ecografia de fluido
intrauterino 18 horas antes da beneficiação é sinal de uma depuração uterina defeituosa. A
visualização à ecografia de acumulação de fluídos durante o diestro é indicadora de
inflamação uterina associada à subfertilidade causada por MEP e fase lútea curta (Newcombe
1997).
O fluído no lúmen uterino é classificado quantitativamente e qualitativamente. O
volume de fluído é estimado e associado a um grau que varia de 1 a 4, com o auxílio da
ultrassonografia. O grau 1 corresponde a volumes muito pequenos ( < 2cm de profundidade),
o grau 2 refere-se a volumes superiores a 2cm de profundidade (figura 6A), o grau 3 refere-
se a uma considerável acumulação de fluido (figura 6B), e o grau 4 a uma excessiva
acumulação de fluído (McKinnon et al. 1998). O fluido intraluminal também é classificado de
acordo com o grau de ecogenicidade observado. Quando mais ecogénico for o fluído, maior
é a probabilidade de o fluido estar contaminado com detritos e células brancas (McKinnon &
McCue 2011).
A B
Figura 6 – (A) Fluído uterino de Grau II; (B)Fluído uterino de Grau III (adaptado de McKinnon & McCue
2011).
29
endometrite persistente pós-cobrição/IA, devem ser examinadas ecograficamente 4 a 6 horas
após a inseminação, e deve ser realizada uma lavagem uterina caso exista fluído presente.
Éguas tratadas 4-6 após a inseminação tem taxas de gestação superiores a éguas que
apenas são tratadas 24 horas depois. A lavagem uterina é realizada com 2 a 3 litros de
solução salina ou LR, ou até que o efluente aparente estar limpo. A égua ser deve examinada
no dia seguinte e a lavagem deve ser repetida conforme necessário no máximo até 3 dias
após a ovulação (Madill 2011)
A utilização de ecbólicos também promove a rápida evacuação do fluído acumulado.
A ocitocina é a droga de eleição para o tratamento da endometrite persistente pós-cobrição/IA
e é geralmente administrada na dose de 20UI, por via IM ou IV. A desvantagem da ocitocina
é a sua curta duração de ação, o que se traduz num maior número de administrações (1 a
cada 4 horas) em éguas mais afetadas. A prostaglandina têm uma ação mais prolongada
(cerca de 5 horas) e é a hormona com efeito ecbólico alternativo. As doses estão
compreendidas entre 250 a 500 µg, e podem ser administradas pela via IM ou subcutânea
(SC) em intervalos de 12 a 24 horas. O seu uso após a ovulação pode diminuir os níveis de
progesterona e provocar a luteólise, e por esse motivo recomenda-se o seu uso apenas antes
da ovulação (LeBlanc 1997).
30
excessivo e éguas suspeitas de terem uma infeção (enquanto aguardam resultados de cultura
e/ou citologia). Após a cobrição/IA devem ser administrados antibióticos a éguas com história
de infertilidade, éguas com fluido uterino, éguas suscetíveis a endometrite persistente pós-
cobrição/IA, éguas com história de aborto, ou como tratamento de rotina utilizando apenas
uma dose de AB, em caso de cobrição natural (Dascanio 2011). A duração do tratamento
varia conforme a gravidade das infeções sendo que em infeções leves, a administração do
AB escolhido deve ser de 3 dias; infeções moderadas, 5 dias; e infeções graves, 7 dias. A
avaliação da gravidade das infeções no entanto pode ser subjetiva (Dascanio 2011). Após a
ovulação, as éguas não devem ser tratadas por mais de 2 dias, para que não existam efeitos
negativos no CL devido à Pgf2α libertada em resposta à irritação endometrial provocada pelo
AB, e como o cérvix estará fechado por esta altura, haverá dificuldade na expulsão de fluídos.
A administração de AB também não deve ocorrer imediatamente antes ou após a inseminação
pois têm um efeito deletério nos espermatozoides (Blanchard et al. 2011). Em relação aos
fungos, além dos antifúngicos (AF), a lavagem uterina com uma solução iodada ou vinagre
diluído também é eficaz no tratamento das infeções fúngicas. O tempo de administração de
AF deverá ser sempre de 7 dias (Dascanio 2011). As dosagens dos AB’s e AF’s intrauterinos
mais frequentes podem ser vistas no quadro 2 e quadro 3.
Quadro 2 – Dosagens e considerações sobre os antibióticos de utilização mais frequente em terapia
de endometrite (adaptado de Dascanio 2011).
31
Quadro 3 – Dosagens e considerações sobre os antifúngicos de utilização mais frequente em terapia
de endometrite (adaptado de Dascanio 2011).
AF Dosagens Considerações
Amfotericina 100 a 200 mg Diluir em 100 ml de solução salina; misturar bem
B
Clotrimazole 400 a 700 mg Comprimidos são geralmente esmagados e misturadas com
solução salina
Fluconazole 100 mg Pode ser necessário ajustar o pH para evitar um ambiente ácido
Miconazole 500 a 700 mg
Quando a terapia convencional (AB’s e AF’s) para resolver a endometrite crónica não
é eficaz, pode-se recorrer ao uso de terapias alternativas. Esta ineficácia pode ser devido a
vários fatores como a falha na correção dos defeitos anatómicos e a presença anormal de
mucos ou biofilme no útero (Lyle 2012). Os biofilmes bacterianos contêm populações
complexas de várias espécies bacterianas dentro de uma matriz de glicocálice que lhes
confere resistência aos AB’s. Mas alguns agentes mucoativos, como o dimetilsulfóxido
(DMSO) e a N-acetilcisteína (NAC), promovem a quebra das ligações presentes no exsudado
mucoso observado na endometrite crónica (Causey et al. 2000).
Os agentes quelantes, como o Tris-EDTA, potenciam os efeitos dos AB’s e AF’s,
alterando a integridade da parede celular, podendo ser utilizados contra bactérias resistentes,
especialmente aquelas que produzem um biofilme, como é o caso da E. coli e algumas
espécies de fungos (Lyle 2012). O uso de peróxido de hidrogénio (H2O2) diluído pode ser
eficaz contra infeções recorrentes provocadas por bactérias anaeróbias. A utilização de
vinagre branco destilado ou uma solução iodada no útero é eficaz contra infeções fúngicas. A
indicação, preparação e protocolo dos agentes mencionados encontra-se no quadro 4.
Contudo, uma terapia focada apenas na depuração física do útero pode estar
associada a falhas de tratamento, o que estimulou o interesse na modulação da resposta
inflamatória. A administração de glucocorticoides como a prednisolona ou a dexametasona
diminuem a inflamação (Margo et al. 2013). Foi observada uma melhoria significativa na taxa
de gestação, quando se administrou acetato de prednisolona (0,1mg/kg, q 12h), ao mesmo
tempo que se administra o hCG e até que se verifique a ovulação, em éguas com história de
endometrite persistente pós-cobrição/IA. Também são observadas melhorias quando se
administram 50mg de dexametasona IV, ao mesmo tempo da administração do hCG e logo
32
após a inseminação. Os glucocorticoides devem ser utilizados depois de excluída a hipótese
de a égua ter uma infeção. Ou, no caso de existir uma infeção, administrar juntamente com
AB’s. (Madill 2011).
Quando se está a lidar com uma égua infértil, as técnicas reprodutivas assistidas
podem parecer financeiramente ineficazes. Mas a longo prazo podem revelar-se a terapia
alternativa que permite economizar mais dinheiro, desde que as associações de criadores
autorizem o seu uso. A abordagem de baixo custo numa égua com história de infertilidade
33
pode significar múltiplas beneficiações sem nenhum resultado. As técnicas de reprodução
assistida englobam a transferência de embriões (TE), transferência de oócitos, injeção
intracitoplasmática de espermatozoides, entre outras (Hinrichs & Choi 2005). Apenas a
primeira será aqui abordada.
A TE está indicada quando se pretendem obter poldros de éguas que estão em
competição; obter vários poldros da mesma égua no mesmo ano; obter poldros de éguas com
má saúde reprodutiva e obter poldros de éguas com problemas não relacionados com o trato
reprodutivo mas que as impedem de levar uma gestação a termo (Squires et al. 1985). A TE
é útil em éguas mais velhas, preferencialmente com uma história recente de boa fertilidade e
naquelas onde ocorre fecundação mas não conseguem manter a gestação. Éguas com
folículos anovulatórios; casos documentados ou suspeita de bloqueio ovidutal ou salpingite;
adesões uterinas ou em redor dos ovários e ovidutos; endometrite crónica ou piómetra;
grandes defeitos da cérvix; ou éguas com endometrite pós-cobrição/IA não responsiva a AB’s,
são fracas candidatas à TE (Hinrichs & Choi 2005; Coutinho da Silva 2008).
A maioria das éguas encaminhadas para um programa de TE são éguas velhas, com
história de infertilidade e incapazes de produzir um poldro, quer seja por cobrição natural ou
IA (Squires et al. 2003). A repetida falha na recolha de embriões em éguas inseminadas com
sémen de boa qualidade indica a necessidade de outra abordagem. Para que uma TE seja
bem-sucedida, o trato reprodutivo da égua dadora deve cumprir os seguintes requisitos:
Ovários: produção de um folículo que resulta na ovulação de um oócito viável;
Oviduto: transporte de gâmetas, suporte da fecundação e transporte do embrião para
o útero;
Útero: promoção de um ambiente adequado que mantenha a sobrevivência do
embrião até que este seja coletado;
Cérvix: capacidade de funcionar corretamente durante o estro e no início da gestação.
Em éguas velhas, está descrito uma taxa de sucesso de recolha de embriões de 30%,
em contraste com 60-70% da taxa de recolha em éguas mais jovens (Aguilar & Woods 1997).
Os embriões recolhidos de éguas mais velhas demonstram um atraso no desenvolvimento e
são mais pequenos comparados com os embriões recolhidos no mesmo dia de éguas mais
novas. Há também um atraso no transporte do embrião do oviduto para o útero. Por esta
razão, é aconselhado que a recolha de embrião seja agendada para o dia 9 após inseminação,
e não no dia 8, de modo a maximizar as taxas de recolha (Squires et al. 1999; Meadows et al.
2000).
Segundo Vogelsand e Vogelsand (1989), os embriões recolhidos de éguas mais
velhas (18-28 anos) resultam numa taxa de gestação de 56%, enquanto nas éguas novas (2-
8 anos) a taxa de gestação é de 70%. O que significa que numa égua dadora nova, a taxa de
34
recuperação de embriões sendo 70% e a taxa de gestação após a transferência para a
recetora sendo 70%, existe cerca de 50% de hipóteses de estabelecer uma gestação num
ciclo. Contudo, sendo 30% a taxa de recuperação de embriões em éguas mais velhas, e 56%
a taxa de gestação após transferência para a recetora, existe apenas 16,5% de hipóteses de
estabelecer uma gestação num ciclo. As gestações derivadas de embriões de éguas velhas
tem uma incidência de 9% de morte embrionária aos 50-60 dias de gestação (Squires et al.
1982). A morte embrionária deve-se a defeitos intrínsecos do embrião, que se encontra
atrasado no desenvolvimento quando é recolhido (Carnevale et al. 2000).
A decisão de referenciar uma égua para ET é uma tarefa multifatorial que depende de
várias variáveis, incluindo a causa de subfertilidade do animal, o valor do animal e a vontade
do proprietário em investir. Cabe ao médico veterinário alertar o proprietário sobre os riscos e
taxas de sucesso da ET, de modo a evitar a frustração do cliente e o descrédito na técnica
utilizada (Coutinho da Silva 2008).
35
III. OBJECTIVOS DO ESTUDO
O objetivo geral deste trabalho foi o de efetuar um estudo retrospectivo, onde foram
comparados alguns dos diferentes parâmetros relacionados com a fertilidade em éguas
jovens e éguas velhas. Para tal, foi dividido em três componentes principais:
37
IV. MATERIAL E MÉTODOS
1. Amostra
1.1. Critérios de Inclusão
Este trabalho consistiu num estudo retrospetivo, baseado nos registos clínicos de 14
das éguas presentes à reprodução no PR-HDLG, situado em Boulogne-sur-Gesse, Toulouse,
França, de Fevereiro de 2014 a Julho de 2016, de um total de 43 éguas observadas. De entre
os animais com acompanhamento prolongado, foram selecionados os 7 animais mais jovens
e os 7 animais mais velhos. As fichas clínicas foram revistas para identificar os animais que
se encontram dentro de intervalos de idade específicas. Os animais admitidos no PR-HDLG,
seriam na sua maioria propriedade do HDLG, mas também eram admitidos animais de
clientes. Os dados clínicos, gentilmente cedidos pelo HGLG, foram recolhidos e registados
sob supervisão da médica veterinária responsável pelo PR-HDLG e analisados
retrospetivamente.
39
2. Dados Epidemiológicos
Condição Corporal
A condição corporal (CC) foi medida na escala de 1 a 5, sendo que 3 em 5 foi
considerado o ideal para uma égua prestes a entrar na época reprodutiva. Uma CC de 2,5 era
considerada aceitável. A CC estava descrita nos 14 animais e variou de 2 a 3,5.
No Grupo 1, a CC variou entre 2,5 e 3, sendo todas as éguas consideradas com uma
CC saudável. No Grupo 2, a CC variou entre 2 e 3,5. A égua mais velha do grupo (27 anos),
que estava diagnosticada com Obstrução Recorrente das Vias Aéreas Inferiores (RAO),
apresentava dificuldades em melhorar a CC. As 3 outras PSL incluídas neste grupo
apresentavam uma CC de 3,5. As restantes 3 éguas apresentavam uma CC que variava entre
2,5 a 3.
3. Maneio do Efectivo
Água
A todos os animais da amostra era fornecida água ad libitum.
Alimentação
A informação relativa à constituição da dieta estava disponível para 13 animais. O 14º
animal pertencia a um cliente e não se tinha conhecimento completo do seu regime alimentar,
No entanto, durante a sua permanência nas instalações do PR-HDLG, teve acesso ao mesmo
regime alimentar que as éguas do HDLG.
Todas as éguas encontravam-se num sistema rotativo de pastagens, sendo apenas
estabuladas por um curto período de tempo, a cada ciclo éstrico, de modo a facilitar o
acompanhamento do seu período de estro. Quando estabuladas era fornecido feno 3x ao dia.
Relativamente ao fornecimento de alimento concentrado, este era condicionado conforme a
raça e estádio em que a égua se encontrava no momento:
PSL – apenas recebiam alimento em forma de concentrado antes do início da época
reprodutiva sobre a forma de flushing (incremento). Durante o resto do ano
normalmente não recebiam alimento concentrado pois eram muito eficientes em
manter a sua CC e eram muito propensas ao aumento de peso;
Oldenburgs – recebiam alimento concentrado antes do início da época reprodutiva
sobre a forma de flushing, que continuava durante a época reprodutiva. No final da
época reprodutiva deixavam de receber alimento concentrado, mas no início do
40
Inverno voltavam a receber alimento concentrado, pois pertenciam a uma raça que
perde CC rapidamente;
PSI e AA – recebiam alimento concentrado durante tudo o ano, incluindo o flushing
antes do início da época reprodutiva;
Éguas recetoras de embriões – recebiam o flushing antes da época reprodutiva e
normalmente continuavam a receber alimento concentrado até ao final da mesma;
Éguas afilhadas - recebiam alimento concentrado no último terço da gestação e até
que o poldro tenha 3 meses, com incidência no último mês de gestação e nos 2
primeiros meses após o parto que é quando os poldros mamam mais frequentemente.
Quando a pastagem começava a perder qualidade era adicionado o feno no regime
alimentar. Sempre que a CC das éguas se reduzia para um nível abaixo do recomendado, era
adicionada luzerna à sua alimentação. A introdução da luzerna era feita apenas por períodos
breves, pois devido ao seu alto teor de proteína e uma razão de cálcio e fósforo muito
desequilibrada, poderia provocar laminites. O concentrado também era adicionado no regime
alimentar sempre que se verificava perda de CC e até que os valores normais estivessem
restabelecidos.
Aptidão
As éguas admitidas no estudo tinham como finalidade serem dadoras de embriões
e/ou ficarem gestantes.
4. Metodologia de Análise
41
5. Análise estatística
6. Parâmetros registados
Após a ecografia e interpretação dos dados fornecidos pela mesma, sempre que fosse
necessário, eram realizados os seguintes procedimentos que também fizeram parte do
estudo:
42
Recolha de embrião (positiva ou negativa);
Implantação de embrião (positiva ou negativa).
7. Limitações do Estudo
Tal como qualquer estudo retrospetivo, a recolha de dados e a qualidade dos mesmos
está dependente do tipo de registos médicos que estavam disponíveis, podendo haver
enviesamento dos mesmos. O registo físico dos dados foi efetuado durante a observação
clínica das éguas da propriedade do HDLG, assim como éguas de clientes, quando estes o
permitiam. A amostra tinha um tamanho reduzido, dependente do número de éguas
disponíveis.
43
V. RESULTADOS E DISCUSSÃO
45
2. Momento da primeira ovulação do ano
A primeira ovulação do ano ocorreu entre o início de Abril e o fim de Maio em todas as
éguas presentes no estudo, e em todos os anos de observação (Tabela 2). Em média, as
éguas velhas ovularam sempre mais cedo que as éguas novas, embora com uma diferença
de poucos dias. No geral, tanto as éguas novas como as velhas tiveram a sua primeira
ovulação aproximadamente na mesma altura do ano.
Data da 1º Ovulação
As éguas mais velhas tem uma tendência a entrar duas semanas mais tarde na época
reprodutiva (Vanderwall e Woods, 1990; e Wesson e Ginther, 1981). Essa tendência não se
verificou neste estudo, não havendo diferenças significativas. No presente estudo, ao
contrário do anteriormente descrito, o grupo de éguas mais velhas teve a sua primeira
ovulação antes do grupo das éguas mais jovens, nos 3 anos do estudo. É importante referir
que no ano de 2015, duas éguas do grupo 2 tinham sido previamente sujeitas a um tratamento
de luz para que retornassem à ciclicidade mais cedo nessa época reprodutiva. No entanto, as
éguas em causa tiveram a sua 1º ovulação sensivelmente ao mesmo tempo que as restantes
5 éguas do grupo 2.
A atividade ovárica pode cessar em algumas éguas mais velhas, enquanto outras
continuam a ciclar mesmo tendo mais de 20 anos de idade (Vanderwall e Woods, 1990);
Wesson e Ginther,1981). Também segundo um estudo realizado por Carnevale et al. (1994),
apenas 50% das éguas com mais de 20 anos apresentavam ciclos regulares durante a época
reprodutiva, e 19% não ovulam. Neste estudo, todas as éguas do Grupo 2 ciclavam
normalmente, incluindo as éguas com mais de 20 anos de idade, o que contraria os autores
citados anteriormente.
Contudo, no que concerne os resultados do ano de 2014 do Grupo 1 estes não
estavam completos, visto que as éguas já se encontravam a ciclar normalmente, mas não
46
eram realizados os exames reprodutivos na altura expectável do início da época reprodutiva.
Tal deveu-se ao facto de o sémen do garanhão selecionado para ser cruzado com as éguas
em questão não se encontrar disponível no início da época reprodutiva. No ano de 2015 uma
das éguas do Grupo 1 esteve gestante e pariu em Junho, o que pode ter alterado a média da
primeira ovulação do ano.
Uma das razões pelas quais as éguas mais velhas estavam a ovular mais cedo que
as novas, e mostrando ciclicidade mesmo após os 20 de idade, pode ser explicado pelo
grande cuidado com a manutenção da CC destas éguas. De acordo com Niekerk e Heerden
(1972), e Ginther (1974), existe uma correlação positiva entre a CC, a ciclicidade e velocidade
de transição do anestro de inverno para o arranque da primeira ovulação. Como as éguas
mais velhas normalmente tem uma maior dificuldade em manter um peso adequado, a
alimentação é adaptada às suas necessidades.
3. Ovulação
47
existe uma grande diferença na taxa de ovulações nos 2 grupos do estudo, com mais do triplo
de taxa de ovulações duplas nas éguas velhas.
No entanto, sabe-se que a manipulação farmacológica do ciclo éstrico, recorrendo à
utilização de Pgf2α e hCG, também aumenta a incidência de ovulações duplas (Veronesi et al.
2003). A administração de Pgf2α durante a fase lútea pode interferir com o mecanismo de
seleção de folículos e dominância folicular, levando à presença de dois folículos sensíveis à
ação do hCG na altura da indução da ovulação (Jochle et al. 1987; Veronesi et al. 2003).
Neste estudo, todas as éguas eram manipuladas farmacologicamente e existiu um
aumento da incidência das ovulações duplas. Embora não sendo estatisticamente
significativo, concluiu-se que há uma tendência de aumento das ovulações duplas,
principalmente em éguas mais velhas, quando estas são manipuladas farmacologicamente.
5,30%
(n = 2) 18,20%
(n = 14)
81,80%
94,70% (n = 63)
(n = 36)
48
de 20,1 ± 15,1 (13 – 135 dias) com n = 84 intervalos testados. A diferença do intervalo
interovulatório entre as éguas jovens e velhas não foi significativa (p = 0,206) (Tabela 3).
O ciclo éstrico é geralmente mais prolongado nas éguas mais velhas, podendo existir
um aumento de 4,3 dias em relação às éguas mais novas, devido à maior duração da fase
folicular que se verifica nas éguas mais velhas (Vanderwall et al. 1989; Carnevale et al. 1993).
Neste estudo, a diferença do intervalo interovulatório entre as éguas jovens e velhas foi de
4,6 dias, o que vai de acordo ao descrito pelos autores citados anteriormente. No entanto, o
desvio padrão era muito grande, tornando esta diferença não significativa.
Uma justificação para o acentuado desvio padrão observado em ambos os grupos
poderá ser o facto de se ter agrupado éguas destinadas a TE ou a gestação a termo. O
encurtamento do ciclo éstrico verifica-se principalmente em éguas que se encontram num
regime de TE, devido ao uso de fármacos para sincronização de cios e indução da ovulação.
Éguas que se destinavam a ficarem gestantes, fizeram ciclos normais. Existe também a
questão do uso do hCG para indução da ovulação, e consequentemente, manipulação do
ciclo éstrico. Apesar de o hCG apenas ter um impacto mínimo de 1 a 2 dias na redução da
duração do ciclo éstrico, o mesmo não ocorre quando é administrada Pgf2α, pois esta pode
reduzir até 5 dias a duração do ciclo éstrico normal. Ou seja, quando estes dois fármacos são
utilizados em conjunto, a duração do ciclo éstrico pode ser encurtado entre 5 a 7 dias.
Como já foi referido anteriormente, durante o estudo foram registadas um total de 115
ovulações. No grupo 1 foram registadas 38 ovulações, e no grupo 2 foram registadas 77
ovulações. Em toda a duração do estudo, nenhuma das éguas do grupo 1 apresentou folículos
anovulatórios e apenas 2 éguas do grupo 2 apresentaram episódios de folículos anovulatórios.
A égua G, de 27 anos de idade, apresentou 2 episódios de folículos anovulatórios, que se
mantiveram 76 e 135 dias, nos anos de 2015 e 2016, respetivamente. A égua K, de 20 anos
49
de idade, apresentou um episódio no ano de 2015, que teve a duração de 34 dias. A incidência
foi de 0% no grupo 1, e 3,9% no grupo 2.
A incidência da falha da ovulação em éguas com idades entre os 6 e os 10 anos é de
4,4%, e em éguas com mais de 16 anos é de 13,1%, ou seja, a incidência dos folículos
anovulatórios aumenta com a idade (Carnevale & Griffin 1993, McCue & Squires 2002). O
intervalo interovulatório das éguas afetadas é de 38,5 dias, e 43,5% das éguas que
apresentam um folículo anovulatório voltam a incidir na mesma época reprodutiva. Neste
estudo, a incidência foi de 3,9%, uma percentagem abaixo dos 13,1% indicados por McCue e
Squires (2002). Depois de resolvido o problema, as éguas não voltaram a reincidir no mesmo
ano. As percentagens abaixo das indicadas por McCue e Squires (2002) podem ser
explicadas por baixo número de éguas que foram utilizadas no estudo. Como apenas foram
registados folículos anovulatórios no grupo 2 (éguas mais velhas), os resultados deste estudo
vão de encontro ao constatado por Carnevale e Griffin (1993), que referem que a incidência
de folículos anovulatórios aumenta com a idade.
De referir que a égua G, de 27 anos, por ter uma idade bastante considerável, pode
ter deixado de ciclar normalmente, fazendo intervalos interovulatórios muito longos sem
qualquer relação à presença de um folículo anovulatório.
50
A incidência geral descrita da MEP é de 5-15%, no entanto, em éguas com mais de
18 anos de idade, esta incidência aumenta para 20-30% ou mais (McDowell et al. 1992), o
que vai de acordo com os resultados obtidos. Neste estudo, o Grupo 2 (velhas) teve 17,4%
(4/23) de MEP enquanto o Grupo 1 (novas) não teve qualquer MEP (n=7). No entanto, esta
diferença não é significativa (p = 0,251), provavelmente devido ao tamanho reduzido da
amostra.
Nas éguas gestantes há o fator da qualidade do embrião e do útero da mãe. Quando
a isto se adicionam as variáveis decorrentes da TE, por um lado existe o risco da manipulação
do embrião (que provavelmente leva a que morra antes de sequer ser visto na ecografia) e
por outro a intenção é coloca-lo num útero que, no caso das éguas velhas, seja mais propício
ao bom desenvolvimento do embrião – ausência de endometrite e quistos.
Grupo 1 Grupo 2
Com líquido IU 25,8% (n = 74) 46,1% (n = 293)
Sem líquido IU 74,2% (n = 213) 53,9% (n = 343)
Total Registos 287 636
Num total de 923 registos, foi detetado líquido IU em 367 (39,8%). No Grupo 1 (jovens)
foi detetado líquido IU em 25,8% dos registos (74/287), e no Grupo 2 (velhas) foi detetado
líquido IU em 46,1% dos registos (293/636). A incidência da presença de liquido IU foi
significativamente maior nas éguas velhas, 46,1% (293/636), do que nas éguas jovens, 25,8%
(74/287) (p < 0,001). O grau médio de edema uterino no Grupo 1 era 1,35 ± 1,6 (n=287), e no
Grupo 2 era de 1,18 ± 1,5 (n=636). O edema uterino era em média, maior nas éguas jovens
do que nas éguas velhas (p = 0,032).
Existe geralmente um aumento significativo da incidência e gravidade de acumulação
de fluído no lúmen uterino em éguas mais velhas, devido a vários fatores predisponentes tais
como: útero largo e descaído, incompetência cervical, drenagem linfática deficiente e
diminuição das contrações do miométrio. Estas alterações anatómicas predispõe a égua a
uma contaminação bacteriana do trato reprodutivo cranial, aumentando o risco de infeção
uterina e diminuindo a taxa de fertilidade (Pycock 2009). A endometrite crónica é encontrada
frequentemente em éguas com mais de 12 anos de idade, multíparas e com má conformação
51
perineal. Também ocorre em éguas suscetíveis a endometrite persistente pós-cobrição/IA e
em éguas dadoras de embriões (LeBlanc 2008).
Uma justificação possível para a presença de fluido uterino anormal nas éguas mais
jovens é o facto de se ter utilizado o sémen congelado nas inseminações. Este, devido às
suas características, causa uma maior inflamação, e consequentemente, uma maior
acumulação de líquido após a IA. Também o facto de algumas das éguas se destinarem a TE,
pode levar a uma disposição à endometrite. Além disso, as éguas novas também podem
apresentar uma má conformação que exige correção. Neste estudo, todas as éguas da raça
PSI, apresentavam má conformação que as colocava predispostas a endometrites, e por esse
facto eram sujeitas a cirurgias corretivas.
A incidência de endometrite pós-cobrição/IA nas éguas mais jovens (82%) não foi
significativamente menor que nas éguas mais velhas (92%) (p=0,153). No entanto, o grau de
acumulação de líquido era significativamente maior nas mais velhas (1,64 ± 1,20; n=73) do
que nas mais jovens (0,94 ± 0,734; n=34) (p=0,002). Isto levou a que nas jovens só foi
necessária lavagem uterina em 21% dos casos (7/34), enquanto que nas velhas foi necessário
realizar lavagens uterinas em 52% dos casos (38/73). Nas éguas mais velhas foi
proporcionalmente necessário fazer lavagem uterina com maior frequência (p = 0,002).
Quando houve lavagem uterina, o grau médio de acumulação de líquido no útero, era de 1,6
± 0,843 (0 a 4) para éguas jovens (n=10), e 2,36 ± 1,1 (0 a 4) para éguas velhas (n=75). As
éguas mais velhas precisaram de mais lavagens uterinas por ciclo (p = 0,039).
A inflamação uterina após cobrição/IA ocorre em várias espécies. Os espermatozoides
e possível introdução de bactérias no útero após o coito ou IA estimulam uma resposta imune
que ativa várias vias inflamatórias e promove a acumulação de fluído no útero (Woodward et
al. 2013). Normalmente, esta inflamação é passageira, mas quando existe uma doença
uterina subjacente que resulta na persistência da endometrite pós-coital/IA, a inflamação
torna-se numa doença clínica que requer o tratamento adequado. Sabe-se que há um
aumento significativo da incidência e severidade da acumulação de fluido uterino em éguas
mais velhas (Pycock 2009). Como a acumulação anormal de fluído uterino é um fator de
subfertilidade, torna-se necessária a administração de ocitocina e/ou a drenagem por lavagem
uterina. Éguas a partir dos 15 anos de idade aparentemente necessitam de mais que uma
lavagem para resolver a endometrite pós-IA, no entanto, a lavagem deve ser repetida
conforme necessário, seja para éguas jovens ou velhas (Madill 2011).
52
Como já foi referido anteriormente, o facto de as éguas serem jovens, não significa
que não tenham problemas anatómicos, como é o caso das éguas PSI que, devido à sua
anatomia, são mais propensas a apresentarem quadros de endometrite devidos a defeitos
anatómicos. Estes defeitos devem ser corrigidos cirurgicamente. Ainda assim, em apenas
21% dos casos no Grupo 1 (jovens), foi necessário recorrer ao uso de lavagens uterinas e
AB’s, em contraste com 52% dos casos no Grupo 2 (velhas). De qualquer forma, deve referir-
se que a acumulação de líquido uterino é uma reação inflamatória normal, que visa eliminar
o excesso de sémen, mas que deveria ser transitória. Nota-se por isso uma diferença muito
grande entre os dois grupos de éguas, pois o Grupo 1 teria uma anatomia mais correta e não
exposta aos efeitos do envelhecimento. Outro fator que poderá contribuir para a endometrite
pós-IA persistente será o facto de ser utilizado muito frequentemente sémen congelado, cujas
características provocam reações inflamatórias exacerbadas nas éguas, e também o facto de
serem éguas que se encontram num programa de TE.
Num total de 115 ciclos éstricos acompanhados, apenas foram realizadas 11 culturas
recorrendo a lavagens de baixo volume. Das 11 culturas realizadas, 4 foram negativas; 1
detetou a presença de Klebsiella pneumonia; 2 detetaram a presença de Enterococcos; 2
detetaram a presença de E.coli + enterococos; e 2 detetaram a presença de Klebsiella
pneumonia + Streptococcus equi. Apenas foram realizadas culturas em éguas do Grupo 2.
As bactérias mais isoladas em culturas uterinas são Streptococcus equi, E. coli,
Klebsiella pneumonia e Staphylococcus aureus, sendo as duas primeiras as mais frequentes.
Os fungos mais isolados são a Candida spp e Aspergillus spp, contudo neste estudo não
foram isolados fungos (Dascanio, 2011). Neste estudo, apesar de o número de culturas
realizadas ser pequeno, pode ver-se que as bactérias isoladas são as mais frequentemente
encontradas nos centros de reprodução equina.
Apesar de serem frequentes os casos de endometrite, não se realizaram culturas por
rotina devido ao curto espaço de tempo em que é possível tratar farmacologicamente uma
endometrite com base no resultado do antibiograma, após cobrição/IA. Devido a esse facto,
recorria-se ao uso de um AB de largo espectro, sempre que uma égua apresentasse uma
acumulação considerável de líquido (não passível de ser eliminado com o uso de ecbólicos)
e/ou se o líquido apresentasse ecogenicidade aumentada. Caso contrário apenas era
realizada lavagem uterina com LR. As culturas apenas foram realizadas em éguas que já
53
apresentavam uma história repetida de problemas reprodutivos, com 3 ou mais tentativas de
IA sem sucesso, e com a utilização de sémen de boa qualidade.
No total, foram acompanhados 150 ciclos éstricos. Em 76 desses ciclos foi tentada a
recolha de embriões ao dia 8 do ciclo. Foram recolhidos 25 embriões das 76 tentativas, com
uma taxa de sucesso de 32,9% e uma taxa de implantação de 88%. Esta taxa de sucesso
corresponde aos dois grupos de éguas estudados e não reflete a taxa de sucesso do PR-
HDLG. No Grupo 1, foram recolhidos 7 embriões, havendo uma taxa de sucesso da recolha
de 41% (n=7/17), e uma taxa de implantação de 100%. No Grupo 2, foram recolhidos 18
embriões, havendo uma taxa de sucesso de 30,5% (n=18/59), e uma taxa de implantação de
83,3% (Tabela 5). A taxa de sucesso de recolha de embriões foi maior no Grupo 1,
correspondente às éguas mais jovens, que no Grupo 2, que correspondeu às éguas mais
velhas, mas não de uma forma estatisticamente significativa (p = 0,272).
54
em programas de TE utilizando éguas subférteis e susceptiveis a endometrite, existe um maior
controlo e cuidado no seu maneio reprodutivo, nomeadamente a preferência pela utilização
de sémen fresco ou refrigerado, de maneira a obter melhores resultados.
Os embriões recolhidos de éguas mais velhas (18-28 anos) resultam numa taxa de
gestação de 56%, enquanto nas éguas novas (2-8 anos) a taxa de gestação é de 70%
(Vogelsand e Vogelsand, 1989). Os resultados obtidos no presente estudo foram no entanto
muito superiores ao expectável. A taxa de implantação foi de 100% no Grupo 1 e de 83,3%
no Grupo 2, sendo que 3 dos embriões foram reabsorvidos ou sofreram MEP na égua
recetora. O reduzido número da amostra pode ter influenciado os resultados. O que poderá
explicar os bons resultados é o facto de terem sido utilizadas éguas recetoras com idades
compreendidas entre os 4 e os 10 anos, com boa CC e úteros saudáveis. O sucesso da
implantação depende de várias variáveis que englobam a qualidade intrínseca do oócito, a
qualidade da técnica de recolha e implantação dos embriões e a escolha da recetora. As duas
primeiras variáveis tem influência no resultado final, mas não podem ser alteradas. No
entanto, na escolha da recetora mais adequada para receber o embrião, foi dada preferência
à recetora com boa saúde uterina, mais compatível com a altura do ciclo éstrico e de idade
mais jovem, de forma a obter melhores resultados.
11. Ciclos necessários para se obter uma gestação/embrião (novas vs. velhas)
55
das éguas mais velhas, como a taxa de recuperação de embriões foi de 30,5%, e a taxa de
gestação após a transferência para a recetora foi de 83,3%, obteve-se 25% de gestações por
ciclo. Foram necessários em média 3,9 ciclos reprodutivos para se obter um poldro de uma
égua velha, comparando com 2,4 ciclos reprodutivos para as éguas mais jovens. Existiu uma
diferença clara entre os dois grupos de éguas, e apesar as condições não sendo as mais
favoráveis para o grupo das éguas mais jovens (sémen congelado e sémen de má qualidade),
conclui-se que as éguas mais jovens necessitam de menos ciclos para obter uma gestação
ou embrião.
56
VI. CONCLUSÕES
É cada vez mais frequente serem presentes à reprodução éguas geriátricas e com
problemas de fertilidade. Este facto deve-se à pressão desportiva que os animais sofrem na
fase mais aconselhável ao seu cruzamento. Além de se revelar difícil o sucesso na reprodução
de uma égua subfértil, os médicos veterinários são ainda pressionados, por parte dos
proprietários, para obter resultados rápidos e eficazes, como os observados no maneio
reprodutivo de éguas mais jovens.
No entanto, sabe-se que as éguas mais velhas são menos férteis, requerem um
maneio reprodutivo mais intenso e uma maior intervenção veterinária do que as éguas mais
novas, como foi demonstrado por este estudo. Com o acompanhamento das éguas, foi
possível observar que apesar de tanto as éguas jovens como as éguas velhas apresentarem
o seu primeiro ciclo sensivelmente na mesma altura do ano, as éguas mais velhas fazem
ciclos éstricos mais longos o que diminui as hipóteses de se obter uma gestação ou um
embrião. As éguas mais velhas foram mais suscetíveis a casos de folículos anovulatórios e
de morte embrionária precoce. A incidência da presença de líquido uterino foi
significativamente maior nas éguas mais velhas, o que mostra que o seu maneio deve ser
mais intenso e tem de ser sujeitas a um maior número de tratamentos.
A taxa de sucesso na recolha de embriões foi menor em éguas mais velhas, assim
como a sua taxa de implantação. As éguas mais velhas tem uma maior tendência a apresentar
ovulações duplas, o que pode ser benéfico caso se encontrem inseridas num programa de
transferência de embriões.
Neste estudo foi demonstrado que, enquanto nas éguas jovens foram necessárias em
média 2,4 ciclos reprodutivos para se obter um poldro, no caso das éguas velhas foram
necessários 3,9 ciclos. Em virtude do que foi mencionado, cabe ao médico veterinário
consciencializar o proprietário de que o sucesso pode ser alcançado mas que os dois devem
trabalhar um conjunto para atingir um objetivo comum. De futuro, o proprietário deverá
escolher um bom garanhão, não só com valor desportivo, mas também com boas taxas de
fertilização, assim como o veterinário deverá utilizar todas as técnicas e terapias disponíveis
ao seu alcance.
57
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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66
VIII. ANEXOS
Anexo 1
67
Anexo 2
ÉGUA A
2015
16h 42 MF 2 +++
9/5 44 2 +++
16h 50 2 +
23h 48 2 +
11/5 49 def 2 +/0
68
2016
17h 41 2 ++/+++
23/5 45 2 +++ (~~) Genta 2gr
69
Égua B
2015
16h 51 3 +++/++
17h 51 3 ++/+
23h 51 mole 3 +
22/6 50 3 +
16h 50 3 +
23h Ov 3 +/0 IA
23/6 CL 3 + Oxy
5/7 DG POSITIVO
9/7 DG POSITIVO
21/7 DG POSITIVO (29 dias)
7/8 DG POSITIVO
2016
30/5 PG
3/6 32 CL 2 ++
4/6 42 2 ++/+++ (~~) Oxy
+++
17h 45 dw 2 Oxy
5/6 50 pain 2 +++ (~~) Oxy
00h 52 2 +
8/6 Ov 3 +/0 IA (sémen congelado)
70
Égua C
2016
17h 41 MF 2 +/++
23/3 45 2/3 + Hcg
17h 43 2/3 +
24/3 43 def 2/3 +/0 IA (sémen fresco)
25/3 Ov 2 +/0 Oxy
1/4 CL MF 1 0 ET POSITIVA
5/4 CL 37 1 +/++
6/4 39 1 +/++
7/4 45 2 +/++
8/4 45 2 +/++
17h 48 2 +/++
9/4 46 2 +
13h 45 pain 2 ++
23h 45 pain 2 +
15/5 Ov 2 + IA (sémen congelado)
71
Égua D
2014
17h 43 3 ++ Oxy
13/5 49 3 ++ Oxy
18h 49 3 +++
14/5 50 3 ++ Hcg
15/5 50 3 +
16h 51 2 ++
16h 57 2 ++ Hcg
2/6 57 2 + IA (sémen congelado)
3/6 Ov 2 +/0 (~~) Oxy
11/6 CL 1 0 ET POSITIVA + PG
16/6 45 2 +/++
17h 46 2 ++/+++
17/6 45 2 ++ (~~)
18/6 45 def 2 +
18h 51 2 +++
4/7 52 2 ++
16h 52dor 2 +
72
21/7 Ov 1/2 +/0
6/8 39 2 ++
7/8 39 35 2 ++ (~~) Oxy
18h 40 37 2 +
8/8 36 37 2 +
9/8 37 48 2 ++/+++
16h 37 48 2 ++
00h 35 50 2 ++ Hcg
11/8 35 48 2 ++ Oxy
12/8 34 52 2 ++
12h 34 52 2 ++
73
2015
15h 47 2 +++
23h 47 2 +++
26/4 47 2 ++
16h 38 NS 2 +++
10/5 44 2 +++
17h 48 dw 2 ++
12/5 48 2 +
17h 48 2 +
23h 48 2 +
13/5 Ov 2 + IA (sémen congelado)
17h 51 dw 2 +++
18/7 51 dw 2 +++
17h 51 dw 2 +++
19/7 51 def 2 +++
74
12h Ov 2 ++ IA (sémen congelado)
20/7 CL 2/1 +/0 (~~) Oxy
3/8 DG NEGATIVO
2016
17h 54 dw 2 +++/++
23/3 Ov 2 ++/+ IA (sémen congelado)
24/3 CL 2/1 + (~~) Oxy
31/3 CL 1 0 ET NEGATIVA + PG
5/4 35 1 +/++
6/4 39 1/2 +++ (~~) Oxy
7/4 42 ½ +++ (~~) Oxy
17h 46 2 +++
9/4 54 hp 2 +++
16h 54 hp 2 +++
17h 53 2 +++
28/4 50 2 +++
17h 53 2 +++/++
23h 53 2 ++
75
29/4 Ov 2 ++/+ IA (sémen congelado)
17h 49 2 +++
17h 47 hp 2 ++
23h 47 2 +++
17/5 54 sd 2 +++
16h 55 2 +++
23h 55 2 +++
18/5 55 dw 2 +++
76
Égua E
2014
17h 37 MFs 2 +
14/4 40 hp --- 2 ++ Liq Oxy
17h 40 --- 3 + IA
16/4 40 MFs 3 + Oxy
2016
77
Égua F
2015
2016
78
Égua G
2014
17h CL Ov 2 +/0
29/4 --- CL 2/1 0
???? ET NEGATIVA
10/5 CL CL 1 0 PG
79
12/5 CL CL 1 0 (~~)
13/5 CL 28/CL 1/2 0/+ (~~)
14/5 25 30 1/2 + (~~) Oxy
15/5 30 35 2 ++ Liq Lavagem com Betadine
17h 30 34 2 + Dexametasona
21/7 32 def 36 2 +++ Liq Oxy + Dexametasona + Hcg
80
19h 36 CL 2 +
8/8 36 CL 2 ++ Oxy + Dexametasona + Hcg
9/8 36 hp CL 2 + IA (sémen fresco)
10/8 Ov --- 2 +/0 Oxy + Dexametasona
Liq +
11/8 CL --- 2/1 0 Liq ++ Oxy
18/8 --- --- --- --- ET POSITIVA
25/8 --- 39 2 ++ Liq + Oxy
81
2015
83
17h CL --- 2 + Lavagem
Liq +++
17/8 CL --- 2/1 + Lavagem
Liq + Oxy
23/8 CL --- 1 0 Liq ET NEGATIVA
2016
84
Égua H
2016
85
Égua I
2014
2016
86
Égua J
2014
17h 50duro 2 ++
20/4 MFb 50 HP 2 +
21h 40 38 2 +
00h 44dw 40 2 +
10/5 40 39 2 +/0
17h 43 37 2 +
21h 43 38 2 + Hcg
28/5 42 38 2 +/0
16h 42 38 2 +/0
00h 42 38 2 +/0
87
29/5 42 def Ov 2 0 Monta Natural
16h 39 41 1/2 ++
15/6 41 45 2 +
2015
88
30/5 45/36 2 +
16h 45/36 2 +
00h 47/45 2 +
31/5 Ov/Ov 2 + IA (sémen congelado)
1/6 CL/CL 2/1 +/0 (~~) Oxy
12/6 DG NEGATIVO
14/6 CL/CL 1 0
16/6 30/CL MFg 1 ++
18/6 35/CL 35 2 +
17h 40 34 1 +
19/6 39 34 1 ++
17h 40 35 1/2 ++
20/6 51 36 2 ++
16h 46 36 2 ++
17h 46 36 2 ++
17h 46 36 2 +
16h 50 2 +++
23h 50 2 ++
12/7 50 2 +
16h 46 def 2 +
89
2016
90
28/5 35/48 2 +++ Ceftiofur + H2O2
91
Égua K
2014
17h CL 47 hard 2 ++
4/5 --- 47 2 +++ Liq + Oxy
92
00h --- 43 hard 2 +++/++ Oxy
Liq +
1/6 --- 43 redondo 2 +++ Liq + Oxy
44
17h --- 2 +++
Ov
00h --- 2 ++ IA (sémen congelado)
2/6 --- CL 2 + (~~) Oxy
10/6 --- CL 1 0 ET NEGATIVA
14/6 32 CL 1 + (~~) Oxy
15/6 33 CL 2 + (~~) Oxy
93
17h CL/39 1/2 + (~~) Oxy
31/7 CL/Ov 1 + (~~) Oxy
5/8 PG
8/8 CL/MFs MFs 1 0/+
10/8 MF MF 1 + Liq +
11/8 MFg MFs 1 + Liq
12/8 31 MFs 1 +/++ (~~)
13/8 MF/35 2 ++ Liq +++ Lavagem
2015
00h 40 MF 3 ++
10/3 40 MF 3 ++/+
94
4/4 --- CL 1 0/+ ET Negativa
9/4 30 CL 1 + (~~) Oxy
10/4 35 MFs 1 ++ (~~) Oxy
11/4 37 MFs ½ +++ (~~) Oxy
95
17h 40 def 36 2 ++ IA (sémen congelado)
17/6 Ov Ov 2 ++ Liq ++ Lavagem + Genta + Penicilina
18/6 CL CL 2 + (~~) Oxy
25/6 CL CL 1 0/+ Liq + ET POSITIVA (2)
29/6 MFs/CL 28/CL 1 ++ Liq +
30/6 MF/CL 30/CL 1 ++ (~~) Oxy
1/7 MF 34 --- +++ Liq + Lavagem
2/7 MF 35 ½ ++ Liq + Oxy
17h MF 39 2 + Oxy
23h MF 39 2 + Oxy
3/7 MF 35 pain 2 + (~~) Oxy
96
2016
17h 40 36 2 ++++/+++
14/4 41 36 2 +++ (~~) Hcg
Genta 2g
17 --- Ov/33 2 ++
97
6/6 CL/CL 1 +/0 Liq + ET NEGATIVA
10/6 CL/MF MF 1 + Liq +
11/6 CL/MFs 30 ++ Liq + Lavagem
12/6 MF 33 2 ++ Liq + Lavagem com Betadine + Oxy
13/6 38 2 +++ Liq + Lavagem
98
Égua L
2014
2015
18h --- 45 3 ++
8/5 --- 47 3 ++
12h --- 47 3 ++
99
16h --- CL 3 ++/+ Oxy
17/5 MF CL 1 0 ET NEGATIVA
21/5 MFs CL/29 1 +
23/5 MFs 38 2 +++
16h --- 42 2 +
23h 55 2 ++/+
12/6 55 2 +
23h 55 2 +
13/6 55 def 2 +
16h CL 2/3 +
14/6 CL 2 +/0 (~~) Oxy
21/6 CL 1 0 ET NEGATIVA
25/6 NS NS 1 +
27/6 35 --- 2 ++/+++
28/6 40 --- 2 ++ (~~) Oxy
16h 40 dur 2 ++
29/6 40 2 ++
17h 42 2 ++ Deslorelina
30/6 42 def 2 + IA (sémen congelado)
100
15/7 37 MF 2 ++/+++
16/7 38 MF 2 +++ (~~) Oxy
16h 45 2 ++
00h 45 2 ++
18/7 Ov 2 + IA (sémen congelado)
2016
++
17h 45 duro --- 2
101
12/05 44 Sd --- 2 ++/+
17h 41 2 +++
29/5 Ov pain 2 ++ IA Pagão (sémen congelado)
102
Égua M
2014
2016
103
Égua N
2015
17h 40 MF 2F + hcG
14/4 43 MF 2 +/0
2016
104
105