AQ
SHAUN BOTTERILL / AFP
T U
AE
5 JUNHO 2021
Suplemento integrante do Jornal de Notícias.
Não pode ser vendido separadamente.
Entrevista / Arouca Diretor-geral
Joel Pinho acredita num futuro
auspicioso: “Sonhar faz parte” P4 e 5
Ciclismo / GP Douro Internacional
JN organiza prova inédita
e de espetáculo garantido P6 e 7
Na hora / Banco do desemprego
Vítor Pereira, Villas-Boas, Marco Silva
e Paulo Fonseca estão livres P2 e 3
JOÃO MOUTINHO CHUTA
A BOLA PARA O F. C. PORTO
Internacional português deseja regressar a Portugal e aceita baixar o salário.
Médio tem contrato com o Wolverhampton e ganha quatro milhões por ano
O regresso de João Mouti-
nho ao futebol português
e, concretamente, ao F. C.
Porto está em cima da
mesa. O jogador, 34 anos,
tem o desejo de voltar à In-
victa, onde foi muito feliz
de 2010 a 2013, e o Wolver-
hampton, sabe o JN, não
deverá colocar entraves à
saída, embora o jogador te-
nha contrato até 2022.
João Moutinho quer o F.
C. Porto e o superagente
Jorge Mendes já iniciou
conversas com a SAD por-
tista. O internacional por-
tuguês ganha quatro mi-
lhões por ano, mas está dis-
ponível a baixar o salário
para os valores médios que
praticam os grandes do fu-
tebol nacional. A bola está
agora do lado portista, sen-
do que o processo só irá co-
nhecer avanços se houver
a validação de Sérgio Con-
ceição. O treinador aprecia
o perfil e características de
João Moutinho, mas ainda
não tomou nenhuma deci-
são. Só depois de a renova-
ção de contrato ser formali-
zada, o técnico irá analisar
mais a fundo os dossiês. 
ARNALDO MARTINS
@jornaisPT
2 ATAQUE 5 de junho de 2021 Jornal de Notícias

NA HORA

PEDRO CORREIA/GLOBAL IMAGENS

JORGE AMARAL / GLOBAL IMAGENS

Vítor  Idade: 52 anos André  Idade: 43 anos Marco  Idade: 43 anos
Pereira  Clube anterior: Shanghai SIPG Villas-Boas  Clube anterior: Marselha Silva  Clube anterior: Everton

GALÁTICOS ESPERAM NOS

BANCOS DO DESEMPREGO
OUTROS
ILUSTRES LIVRES Luís Castro
NO MERCADO 59 anos
Clube anterior:
Shakhtar Donetsk

Muitos dos mais mediáticos treinadores portugueses

estão sem clube. Lista de luxo tem vindo a aumentar

Vasco Samouco
desporto@jn.pt
FUTEBOL José Mourinho,
Rui Vitória e Leonardo Jar-
dim abandonaram o barco
entretanto, mas a lista de
treinadores portugueses
atualmente sem clube e à
espera da oportunidade cer-
ta (se é que ela existe) para
voltar aos bancos continua
a ser de luxo. Num cenário
pouco habitual, e que dá que
pensar, a maioria dos mais
mediáticos estão no desem-
prego, alguns há já vários
meses, enquanto outros
ainda respiram os primeiros
ares da sensação de não es-
tarem pressionados para ga-
nhar a cada fim de semana.
A época dourada acabou?
Num evento que decorreu
no Instituto Superior de Ad-
ministração e Gestão do
Porto, André Villas-Boas in-
clinou-se para sim, conside-
rando que o momento atual
é de “alerta”. A verdade é
que aqueles que são vistos
por alguns como “os melho-
res treinadores do Mundo”
já só são representados nas
cinco melhores ligas da Eu- der alemão – e Vítor Pereira
ropa por José Mourinho acumulam largos meses Bruno Lage Pedro Emanuel Pedro Caixinha
(Roma), o que também aju- sem clube, com os dois últi- 45 anos 46 anos 50 anos
da explicar o facto de mui- mos a admitirem estar à es-
Clube anterior: Clube anterior: Clube anterior:
tos dos grandes treinadores pera de propostas de gran- Benfica Al-Ain Al-Shabab
portugueses estarem afas- des campeonatos para re-
tados dos palcos a que se ha- gressarem ao ativo. A estes
bituaram ao longo da carrei- ainda há que juntar, Luís
ra por mérito próprio. Castro, que foi à Ucrânia ga-
Se é verdade que Nuno Es- nhar estofo internacional à
pírito Santo deixou recente- frente do Shakhtar Do-
mente o Wolverhampton netsk, e o próprio André
na mó de cima e tem crédi- Villas-Boas, que deixou o
to em Inglaterra, por outro Marselha em fevereiro. Pe- Sá Pinto José Gomes Jaime Pacheco
lado, Bruno Lage, Marco Sil- dro Caixinha, Pedro Ema- 48 anos 50 anos 62 anos
va – que ao The Guardian nuel, Jaime Pacheco e Sá Clube anterior: Clube anterior: Clube anterior:
confidenciou estar a apren- Pinto também esperam.  Gaziantep Almería Zamalek

@jornaisPT
 Jornal de Notícias 5 de junho de 2021
Paulo  Idade: 48 anos
Fonseca  Clube anterior: Roma
Poderosos
europeus
com lugares
em aberto
Lille, Wolverhampton,
Tottenham, Everton
e Lazio continuam
com os bancos vazios
Mais do que transferências
de jogadores, o defeso tem
sido muito movimentado
nos bancos, com inúmeros
clubes a mudarem de trei-
nador. É na Alemanha que
esta tendência tem sido
mais notada, com sete dos
oito primeiros classificados
da Bundesliga a mexerem
nos respetivos comandos
técnicos. O cargo no Wolfs-
burgo, que se apurou para a
próxima edição da Cham-
pions, deixou de estar dis-
ponível a meio da semana
passada, mas ainda restam
ATAQUE 3
OS 18 MISTERS
RICCARDO ANTIMIANI / EPA
Poucas DA LIGA PORTUGUESA
mexidas,
poucas Rúben Amorim
36 anos
Sérgio Conceição
46 anos
Jorge Jesus
66 anos
dúvidas
Sporting F. C. Porto Benfica
e dupla
em estreia Carlos Carvalhal
55 anos
Braga
Jorge Simão
44 anos
Paços de Ferreira
Daniel Ramos
50 anos
Santa Clara
Paços de Ferreira, V. Guimarães Pepa João Henriques Ivo Vieira
e Moreirense são os únicos clubes 40 anos 48 anos 45 anos
que mudaram de treinadores V. Guimarães Moreirense Famalicão
alguns bancos apetecíveis. Vasco Samouco clubes envolvidos. Sem
O Lille, recém-coroado desporto@jn.pt querer, o Paços de Ferreira
campeão francês, está no
mercado por um novo trei- PORTUGAL Assim continue
teve de encontrar um suces-
sor e viu em Jorge Simão o
nador, depois de Chris-
tophe Galtier ter decidido
tudo como está e os treina-
dores que vão começar a
homem certo para dar con-
tinuidade ao legado de Pe-
deixar o clube, tal como a
Lazio, que perdeu Simone
Liga de 2021/22 são, maiori-
tariamente, os mesmos que
pa, que foi contratado pelos
vitorianos para fazer o que
Petit Ricardo Soares Pako Ayestarán
44 anos 46 anos 58 anos
Inzaghi para o Inter de Mi- acabaram o último campeo- o novo treinador do Morei- Belenenses SAD Gil Vicente Tondela
lão, e quer alguém para dar nato. As exceções são, para rense não foi capaz: João
continuidade ao bom traba- já, três e mesmo entre esses Henriques prossegue a car-
lho do ex-treinador. Em Es- só um é que na época passa- reira ali ao lado, em Morei-
panha, Ronald Koeman, da não trabalhou no princi- ra de Cónegos, ocupando a
que esteve com um pé fora pal campeonato português. vaga deixada em aberto por
do Barça, afinal continua e o Estabilidade é, portanto, a Vasco Seabra.
Real Madrid escolheu Carlo palavra de ordem, a não ser De resto, e se não houver
Ancelotti para suceder a Zi- que se chame V. Guimarães, imprevistos, a Liga 2021/22
dane. Nesta altura, é na Pre- Paços de Ferreira ou Morei- marcará a estreia de dois Jesualdo Ferreira Paulo Sérgio Julio Velázquez
mier League que há mais va- rense, os três clubes que treinadores na Liga. Bruno 75 anos 53 anos 39 anos
gas, com o Everton, que per- mexeram nos respetivos co- Pinheiro e Álvaro Pacheco
Boavista Portimonense Marítimo
deu o experiente italiano, a mandos técnicos. promoveram Estoril e Vize-
juntar-se ao Tottenham e ao Depois de ter conduzido la, respetivamente, e man-
Wolverhampton, que man- os pacenses ao quinto lugar ter-se-ão à frente das equi-
têm a indecisão entre vários e a uma presença nas com- pas na próxima época.
candidatos, embora Lage petições europeias, Pepa é o Por esclarecer, estão as si-
seja o preferido para os protagonista da movimen- tuações de Sérgio Concei-
“Wolves”. A verdade é que tação mais mediática, ao ção e Pako Ayestarán, cujos
não faltam treinadores de trocar a Mata Real pelo V. contratos com F. C. Porto e
peso à espera da chamada Guimarães. O técnico, de 40 Tondela ainda não foram re- Bruno Pinheiro Álvaro Pacheco A. Evangelista
certa: Antonio Conte, Er- anos, estava em final de novados e terminam no fi-
44 anos 49 anos 47 anos
nesto Valverde, Zidane, contrato, logo a transferên- nal deste mês, embora Con-
Estoril Vizela Arouca
Maurizio Sarri e Lucien Fa- ca não implicou qualquer ceição tenha tudo apalavra-
vre são alguns deles. V.S. acordo financeiro entre os do com Pinto da Costa. 
@jornaisPT
4 ATAQUE
POR Rui Almeida Santos
desporto@jn.pt
Cinco anos depois de ter caído à
Liga 2, com uma passagem pelo
Campeonato de Portugal pelo
meio, o Arouca regressa ao conví-
vio dos grandes na próxima tem-
porada. Joel Pinho, diretor-geral
do clube, acredita que foi recupe-
rada a fórmula do sucesso, que
continua a ter como força motriz
o pai e presidente, Carlos Pinho.
Dos elogios a Armando Evangelis-
ta ao play-off desejado com o Rio
Ave, o dirigente sente que tudo
correu como planeado no início da
temporada. Agora, o objetivo pas-
sa por estabilizar o Arouca na Liga,
mas sonhar com algo mais não é
proibido num clube que chegou à
Liga Europa há poucos anos. “Se
Deus quiser e o meu pai sonhar, é
possível que a obra possa nascer
outra vez”, diz.
Já caiu na real depois dos loucos
últimos anos?
Ainda não caí bem na realidade.
Foram anos muito difíceis, como é
evidente. Foram reestruturações
em cima de reestruturações, por-
que enfrentámos realidades com-
pletamente distintas. Estivemos
na Liga, fomos à Liga Europa, mas
descemos de divisão, na última
jornada, por um golo. Caímos na
2.ª Liga, mas não desistimos. Fize-
mos uma super equipa, só que não
subimos. No ano seguinte, caímos
no Campeonato de Portugal na úl-
tima jornada e, mesmo assim, ar-
ranjámos forças para dar a volta à
situação. Acho que não haverá ou-
tra equipa que tenha passado por
uma situação destas.
A estrutura diretiva do clube
manteve-se praticamente inal-
terada durante todo o processo.
É um dos segredos?
As pessoas que levaram o clube à
Liga e à Liga Europa são pratica-
mente as mesmas que desceram ao
Campeonato de Portugal e que
conduziram o Arouca de volta à
Liga. Isso também fez com que,
com mais ou menos dificuldade,
tenhamos conseguido ultrapassar
as dificuldades. Parece fácil, mas foi
muito difícil. A união que existe
aqui foi o que nos fez voltar à Liga.
Mas o presidente é o expoente má-
ximo. Sem ele seria impossível.
5 de junho de 2021 Jornal de Notícias
ENTREVISTA
A queda só terminou no Cam-
“Ninguém dava peonato de Portugal. Como foi
a experiência?
Em tom de brincadeira, digo a pes-
soas de outros clubes da Liga que
nada por nós deviam ir um ano ao Campeonato
de Portugal para darem valor à
vida. É um campeonato muito
duro, em que as receitas são prati-
camente nenhumas e a competiti-
e subimos” vidade é muito elevada. As subi-
das de Vizela e Arouca à Liga com-
provam exatamente isso.
Nessa fase, liderou a Comissão
Administrativa que geriu o clu-
be. Foi um ensaio para, um dia,
assumir a presidência?
Joel Pinho, diretor-geral do Arouca, explica o sucesso Enquanto o meu pai tiver forças
para cá andar, está no lugar certo.
Ele sozinho teria dificuldades, eu
FOTOS: TONY DIAS/GLOBAL IMAGENS
sozinho teria muitas dificulda-
des, mas nós os dois completámo-
-nos. Naquela altura, o clube pre-
cisava, eu disse presente e acho
que correu muito bem.
Foram tempos conturbados
também em termos financeiros.
Foi uma situação terrível. Em ter-
mos de receitas, da 1.ª para a 2.ª
Liga é uma quebra de 70%, mas da
2.ª Liga para o Campeonato de
Portugal, é de 95%. Ainda para
mais em ano de pandemia. Tive-
mos de reformular e conseguimos
implementar novamente a fór-
mula do sucesso. O clube respira
saúde. Está estruturado, organiza-
do, equilibrado e tem tudo em dia.
E com a autarquia, a relação
está normalizada?
O maior motor de promoção do
concelho foi e é o Futebol Clube
de Arouca. Em 2006, a nível na-
cional, pouca gente conheceria
Arouca, mas com a ascensão me-
teórica que tivemos promove-
mos muito o concelho. Às vezes,
digo que vou pedir a uma univer-
sidade para perceber quanto é
que a Câmara Municipal teria de
investir em publicidade para se
traduzir no trabalho que fize-
mos até hoje. Acho que seriam
uns bons milhões de euros. Com
CV
Joel Pinho
 Data de nascimento:
12/01/1988 (33 anos)
 Naturalidade:
Arouca
 Cargo:
Diretor geral do Futebol
Clube de Arouca
Desde que assumiu o cargo de diretor, em 2012, Joel Pinho subiu por duas vezes o Arouca à Liga
@jornaisPT
Jornal de Notícias 5 de junho de 2021
Superada a tormenta, que levou o Arouca até ao Campeonato de Portugal, o diretor geral quer estabilizar o clube na Liga
a Câmara temos uma relação
cordial. Não pedimos nada, por-
que pagámos renda do estádio,
luz, gás e a manutenção do rel-
vado. O apoio camarário é pouco
ou nenhum. Já tivemos mais, te-
mos tido um bocadinho menos,
mas esperamos que as pessoas
percebam a importância do clu-
be e que digam presente quando
ele mais precisa.
Imagino que o futebol seja
tema recorrente em casa.
Não, essa é uma regra da minha
mãe. Ela vem ver os jogos quan-
do pode, mas estamos proibidos
de falar sobre futebol em casa.
E já lhe pediram para ter mais
calma no banco?
É verdade... Vivo de uma forma
muito intensa o Arouca. Às vezes,
posso exagerar, mas tenho vindo
a controlar isso.
Pelo caminho perdeu-se um
defesa lateral. Como era en-
quanto jogador?
Como jogador subi dos distritais
à 2.ª Liga com o Arouca, mas cos-
tumo dizer que tive mais títulos
e lesões do que minutos. Mas
nunca desistia, achava sempre
que ia dar. Depois, em conversa
com o Vítor Oliveira, ele disse-
-me que eu nunca ia dar um Cris-
tiano Ronaldo, mas era uma pes-
soa com estudos – formei-me em
“Se Deus quiser e o meu Engenharia Civil –, que conhecia
pai sonhar, a obra pode todas as realidades do futebol e
nascer outra vez, mas que podia ser um bom diretor.
vamos com calma” Foi aí que tomei a decisão de
abandonar, porque aquilo não es-
tava a ser benéfico para a minha
“Vítor Oliveira disse-me saúde. Ainda hoje sinto algumas
que nunca ia dar um mazelas desses tempos de joga-
Ronaldo, mas que podia dor.
ser um bom diretor”
A última época também ficou
marcada pelo desaparecimen-
to de Vítor Oliveira.
“Os clubes da Liga Eu e o meu pai relacionávamo-
deviam ir um ano ao -nos com ele com bastante fre-
Campeonato de Portugal quência. Estávamos muitas ve-
para darem valor à vida” zes juntos, mesmo depois de ele
ter saído do Arouca. Foi um mo-
mento que nos deixou grande
tristeza.
Ao contrário do que vem sen-
do habitual, o treinador que
subiu a equipa de divisão vai
continuar. O que tem de espe-
cial Armando Evangelista?
O Armando Evangelista era um
treinador que já acompanháva-
mos há muito tempo. Sentíamos
que só não tinha tido mais suces-
so noutros clubes porque, se ca-
lhar, não lhe davam as mesmas
condições que lhe demos aqui.
Ele também queria muito vir
para cá e assinámos logo um con-
trato de dois anos. O objetivo era
tentar subir no primeiro ano,
mas, se não o conseguíssemos,
iríamos fazê-lo no segundo. Fe-
lizmente, subimos logo no pri-
meiro ano.
A equipa fechou a época numa
série de 11 vitórias seguidas. Há
uma explicação para isso?
O mister Armando Evangelista
ATAQUE 5
trabalhou muito bem essa área,
mas a partir de um determinado
momento o presidente começou
a ir para o banco. Já não ia há mui-
to tempo, e a verdade é que ga-
nhou os jogos todos lá. Isto é
como num campo de batalha, em
que o general é que tem de ir à
frente para dar o peito às balas e
nós temos de o seguir.
Concorda com Armando Evan-
gelista quando disse que muita
gente andava distraída quanto
a este Arouca?
Acho que as pessoas ainda não
perceberam muito bem que subi-
mos. Ninguém deu pelo Arouca
durante o último campeonato. Fi-
zemos o nosso caminho e dispa-
rámos no momento certo. Tudo o
que delineámos bateu certo.
Isso inclui o play-off com o Rio
Ave?
O objetivo era tentar subir de for-
ma direta, mas, não dando, tínha-
mos o play-off. Das equipas que
nos poderiam calhar, a que que-
ríamos era o Rio Ave. Sabíamos
que tínhamos equipa à altura para
passar esse play-off e demonstrá-
mo-lo de uma forma categórica.
O seu pai já garantiu que o
Arouca vai construir uma boa
equipa. A base já está cá?
Ainda vamos analisar algumas si-
tuações com o treinador, mas a
base já cá está. Pela experiência
que o próprio clube tem de 1.ª
Liga, aliada à ideia de trabalho da
equipa técnica, temos de perce-
ber o que temos de melhorar.
Mas não deverá ser uma refor-
mulação drástica. Estes jogado-
res demonstraram que têm qua-
lidade para jogar na 1.ª Liga.
Em momentos de nostalgia,
ainda sonha com os momentos
do Arouca europeu?
Em Arouca, podemos acreditar
em tudo e sonhar faz par te.
Numa publicação nas redes so-
ciais, após o último jogo, citei
Fernando Pessoa ao dizer “Deus
quer, o homem sonha e a obra
nasce”. Aqui, se Deus quiser e o
meu pai sonhar é possível que a
obra possa nascer outra vez. Se já
conseguimos uma vez, porque
não uma segunda? Mas vamos
com calma. Neste momento,
queremos cimentar-nos na 1.ª
Liga, fazer uma época tranquila
e depois logo se vê. Este ano,
também ninguém dava nada por
nós e acabámos por subir de divi-
são. Tudo é possível. 
@jornaisPT
6 ATAQUE
MODALIDADES
PAISAGENS DO DOURO ENTRAM
NA ROTA DO PELOTÃO NACIONAL
JN organiza
GP Douro
Internacional,
prova inédita
numa região
Património
da Humanidade
José Pedro Gomes
desporto@jn.pt
CICLISMO Conjugar as emo-
ções da modalidade com as
deslumbrantes paisagens da
região duriense é o desafio a
que se propõe o Grande Pré-
mio Douro Internacional,
uma prova em estreia no ca-
lendário velocipédico nacio-
nal, organizada pelo grupo
Global Média, detentor de tí-
tulos como o Jornal de Notí-
cias ou o desportivo “O
Jogo”.
A competição, que se de-
senrola por quatro dias (en-
tre 10 a 13 junho) vai atra-
vessar os municípios par-
ceiros de Torre de Moncor-
vo, Mogadouro, Carrazeda
de Anciães, Miranda do
Douro, Resende, S. João da
Pesqueira, Tabuaço e Lame-
go, num percurso difícil e
seletivo, com mais de 500
quilómetros, divididos por
quatro etapas e um contrar-
relógio individual.
Na linha de partida estarão
18 equipas portuguesas,
num pelotão formando pe-
los nove conjuntos de elite
nacionais mais 11 forma-
ções de clube sub-23, o que
faz perspetivar uma aguer-
rida competição pelo triun-
fo nas diferentes categorias.
O relevo do interior norte
do país será uma constante
no trajeto desenhado para
estes quatro dias de prova, e
apesar de não estar prevista
nenhuma chegada em alto,
as dificuldades para os ci-
clistas, ao longo das tiradas,
serão recorrentes e agudiza-
das por oito prémios de
montanha, distribuídos pe-
las etapas, que contribuirão
para fazer a diferença entre
os mais fortes.
A meio da prova, e em
contraponto com as estra-
das inclinadas, os corredo-
res terão de superar um
curto, mas técnico, con-
trarrelógio individual, nas
ruas de Resende, que ape-
sar de ter apenas 10,8 qui-
lómetros, poderá fazer
uma seleção dos mais capa-
zes do pelotão, não per-
doando qualquer deslize.
Além da competição, esta
nova prova do calendário
vem também contribuir
para o alento da retoma do
ciclismo após um ano ante-
rior muito condicionado
pela pandemia da covid-19,
surtindo o mesmo efeito na
promoção turística das ri-
5 de junho de 2021 Jornal de Notícias
FILIPE AMORIM / GLOBAL IMAGENS
VOZES
Nuno Ribeiro
Dir. Desp. W52/F. C. Porto
“É uma boa prova para o
nosso calendário, que
espero que dure, pois tem
um trajeto com paisagens
muito bonitas, mas que
trará dificuldades para os
ciclistas”
José Santos
Dir. Desp. Rádio Popular/Boavista
“É o regresso do ciclismo
a uma zona que já não
vamos há algum tempo.
Será um percurso difícil
e seletivo, com todos os
quezas paisagísticas, cultu- condimentos para que
rais e gastronómicas dos esta prova se afirme no
oito municípios que inte- calendário”
graram o percurso, ajudan-
do a mitigar as diferenças
entre o litoral e o interior e
promovendo a prática des-
portiva junto das respetivas
populações.
Nessa que também é uma
missão do grupo Global Mé- Rúben Pereira
dia, e mais concretamente Dir. Desp. EFAPEL
do Jornal de Notícias, esta
1.ª edição do Grande Pré- “É uma mais-valia
mio Douro Internacional para o ciclismo, pois
merecerá uma ampla cober- vai dar uma grande
tura jornalísticas tanto nas notoriedade às equipas.
versões em papel do JN e do Sendo uma corrida com
O Jogo, como também nas quatro dias acredito que
plataformas digitais dos será muito disputada
dois títulos.  em todas as etapas”
@jornaisPT
 Jornal de Notícias 5 de junho de 2021 ATAQUE 7

Autarcas

Guia da prova “Eventos “Neste

como este período que
De 10 a 13 de junho enriquem a estamos a
ETAPA DATA PARTIDA HORA* CHEGADA HORA** KM nossa região, reativar as
1.ª 10 junho Torre de Moncorvo (EN220) 12.00 Mogadouro (Av. N. Senhora do Caminho) 15.41 140,2 pois são atividades,
importantes esta prova
2.ª 11 junho Carrazeda de Ansiães (EN214) 12.00 Miranda do Douro (Av. Aranda de Duero) 15.48 144,7 para ajuda-nos
10.00
afirmação dos promover a
12 junho Resende (Rua Egas Moniz) Resende (Rua Egas Moniz) - CRI 12.26 10,8
3.ª Ana Catarina territórios, Artur Nunes nossa região
4.ª 12 junho Resende (EN222) 16.30 S. João da Pesqueira (A. Marquês de Soveral) 18.14 66,2
Rocha das pessoas e Presidente da e a atrair mais
Vereadora do Desporto do desporto. É Câmara de Miranda pessoas para
5.ª 13 junho Tabuaço (junto ao marco 43) 12.00 Lamego (Av. Dr. Alfredo Sousa) 15.53 148 de Lamego um regozijo” do Douro nos visitarem”
* partida real ** melhor horário

“Esta é uma ini- “Neste mo-

ciativa de lou- mento que es-
km var que vai di- tamos a voltar
vulgar toda esta à normalida-
Extensão total região do Dou- de, importa fa-
ro. Dá-se a feli- zer a divulga-
MV cidade de acon- ção do nosso
Metas volantes Miranda do Douro tecer na época território, para
ETAPA 1 Manuel Garcez da cereja, que é José Carlos que seja visita-
ETAPA 4 ETAPA 2 Trindade um dos nossos Silva do e se desen-
Torre de Moncorvo Presidente da Câmara importantes Vice-presidente da volva econo-
PM Mogadouro
de Resende produtos” Câmara de Tabuaço micamente”
ETAPA 3
Prémios S. J. da Pesqueira Lagoaça
Samodães
de montanha Resende
Carrazeda “Conjugar “Torre de
de Ansiães
Tabuaço
V. N. Foz o desporto Moncorvo
Lamego Côa
Almendra com as nossas congratula-se
Moimenta
da Beira
paisagens com a realiza-
Castro Daire
Fig. Castelo Rodrigo é uma combi- ção deste
CONTRARRELÓGIO
INDIVIDUAL Coja nação perfeita evento. É
para promover uma boa
a nossa região. oportunidade
ETAPA 5 João Gonçalves Acredito que Nuno para os aman-
Presidente da Câmara este Grande Gonçalves tes do ciclis-
de Carrazeda Prémio veio Presidente da Câmara mo e para a
de Ansiães para ficar” de Moncorvo população”
Equipas
EFAPEL
“É um orgulho “Temos condi-
W52/F. C. PORTO receber este ções de exce-
ANTARTE - FEIRENSE
Grande lência para re-
Prémio. Temos ceber esta pro-
TAVFER - MEASINDOT - MORTÁGUA paisagens va, que nos
L. A. ALUMÍNIOS / L. A. SPORT únicas para ajuda a pro-
serem mover a pro-
RÁDIO POPULAR / BOAVISTA descobertas. cura pelo nos-
ATUM GENERAL / TAVIRA / MARIA NOVA HOTEL Francisco Temos a Manuel so território,
Guimarães prática de Cordeiro mas também
KELLY / SIMOLDES / UDO
Presidente da Câmara dinamizar Presidente da Câmara a prática des-
FORTUNNA / MAIA de Mogadouro eventos” de S. João da Pesqueira portiva”
JV PERFIS / GONDOMAR CULTURAL

ALMODÔVAR / DELTA CAFÉS / CRÉDITO AGRÍCOLA “Esteve “Os eventos

ADEGA MOR - G. D. M - CACB evento realça desportivos
a conjugação e transversais
LOULETANO - LOULÉ CONCELHO
de esforços de a vários muni-
SANTA MARIA DA FEIRA / SEGMENTO D´ÉPOCA / REOL municípios do cípios são bas-
TEAM PORMINHO SUB-23
Douro, para tante impor-
promover as tantes para o
ACDC TROFA / WPROTEK suas paisagens desenvolvi-
ACD MILHARADO / DRIVEONHOLIDAYS / MAFRA Nuno Trigo e através do Luís Pedro mento dos ter-
Sec. geral da Ass. desporto unir Martins ritórios, no-
SICASAL / MITICAR / TORRES VEDRAS as meadamente
de Municípios do Presidente do Turismo
Douro Superior populações” do Norte no Douro”
FONTE: ORGANIZAÇÃO DA PROVA INFOGRAFIA JN

@jornaisPT
8 ATAQUE 5 de junho de 2021 Jornal de Notícias

DIA
DO CLUBE

IVO PEREIRA / GLOBAL IMAGENS

PLANTEL Guarda redes: Rui Neves, Jorge e Valdemar Defesas: Pedro Neto,Rui Marques, Diogo Neto, Telmo, Rocha, Igor, Vítor Leão e Tiago Pereira Médios: Hélder, Edu
Santos, Paulo Ferreira, Diogo Ferreira, Pedro Oliveira, Léo e Fábio Brandão Avançados: Matos, Cristiano, Brandão, Tiaguinho e Rateira Equipa Técnica: Carlos Santos
(treinador), Romeu Coelho (adjunto), Orlando Coelho (adjunto) e António Sousa (treinador GR) Direção: Vítor Martins (presidente) e José Simões (vice-presidente)

CRESCIMENTO GRADUAL
Quem anda por estas divisões per-
de muito tempo e não ter os fami-
liares e amigos na bancada, ao fim
de semana, é duro”, confessa o lí-

EM DIREÇÃO À ELITE
Águias de Eiriz terminou no primeiro lugar da Série 6,
na fase final da Divisão de Honra, e sonha com a subida
Bernardo Monteiro
desporto@jn.pt
A. F. PORTO Na freguesia de Eiriz,
em Paços de Ferreira, reside o Clu-
be Desportivo Águias de Eiriz, em-
blema bairrista, desenvolvido pe-
los locais, que cresce a olhos vis-
tos e já aspira a outros voos. Neste
momento, o clube passou à segun-
da fase do apuramento de cam-
peão da Divisão de Honra e o so-
nho está direcionado em chegar à
Elite, para cimentar uma evolução
que tem sido gradual, desde a fun-
dação, em 1981.
“Neste momento, na nossa
zona, o clube apenas fica atrás do
Paços de Ferreira e do Freamunde
em termos de grandeza. Já não é só
um clube de freguesia e temos o
orgulho de dizer que já há miúdos
que querem jogar no Águias de Ei-
riz, como primeira opção”, revela
o presidente Vítor Martins, que se
encontra a cumprir o último de
seis anos na liderança da institui-
ção.
O emblema que terminou no pri-
meiro lugar da Série 6 está a resis-
tir à pandemia, mas as consequên-
cias da covid-19 alteraram toda a
dinâmica, tirando também um
pouco da força anímica de quem
dedica a vida aos campeonatos dis-
tritais. “Foi bom o regresso aos rel-
vados, mas o público já deveria ter
voltado connosco há mais tempo.
der, que terá, certamente, ficado
feliz com a notícia do regresso dos
adeptos aos estádios amadores, já
na próxima temporada.
Para Carlos Santos, treinador
principal, a divisão na qual o clu-
be está inserido é muito competi-
tiva e útil para promover os jovens
valores, que todos os anos saem
das formações portuguesas.
“Quem acompanha estes campeo-
natos sabe que já não é só bola para
a frente. Joga-se bom futebol e os
FIGURA treinadores são cada vez mais
competentes”, afirma o técnico.
Depois de terem instalado um
relvado sintético, há três tempo-
radas, Vítor Martins considera que
“há sempre obras a fazer e isso é si-
nal de um clube com vida”, mas
as prioridades estão definidas.
“Agora, precisamos de alargar a
Rateira zona dos balneários. Queremos
32 anos - Avançado crescer também ao nível da forma-
ção e para isso precisamos de evo-
A cumprir a terceira época luir as infraestruturas, de modo a
no clube, o serralheiro de acomodar um número maior de
profissão quer desfrutar atletas”, define o presidente de
do momento e chegar aos um clube humilde, mas ambicio-
15 golos na temporada. so, que em 2021/22 pode conviver
com a elite do futebol distrital.
CLUBE DESPORTIVO
ÁGUIAS DE EIRIZ
Fundação: 10-02-1981
Local de jogos: Complexo
Desportivo Águias de Eiriz
Sócios: 500
Palmarés: Título da A. F. Porto
2.ª Divisão (2003/04)
CURIOSIDADES
Oficialização tardia
O clube de Paços de Ferreira
foi, oficialmente, registado em
1981. Reza a história, porém,
que desde 1964 tinha atividade.
Batismo de origem animal
O nome do clube foi inspirado no
planar dos milhafres sobre a fre-
guesia de Eiriz. Esse cenário era
abundante na década de 1960,
dando origem à designação.

@jornaisPT
Jornal de Notícias 5 de junho de 2021
INQUÉRITO
DA SEMANA
POR Ricardo Rocha Cruz
Quais são as qualidades
da seleção sub-21, que se pode
sagrar campeã da Europa?
Carlos Azenha
Treinador
Mescla de
vivências
funciona
muito bem
A maior qualidade desta se-
leção é poder contar com o
Rui Jorge. É, sem qualquer
tipo de dúvida, uma pessoa
com enorme valor e que tem
feito um trabalho notável. E
não só com esta geração. É
demonstrativo que conse-
gue potenciar o talento de
jogadores de várias gerações.
A mescla de miúdos e as res-
petivas vivências que com-
põem a seleção sub-21 fun-
ciona muito bem. Temos jo-
gadores de diversos campeo-
natos. E essa experiência
a nível competitivo depois
nota-se nestes momentos.
O Rui Jorge consegue fazer
do coletivo a principal força.
E isso nem sempre é fácil.
Existem vários jogadores fa-
bulosos que teoricamente
deviam ser titulares e já co-
meçaram no banco diversas
vezes. O Rui sabe tirar o me-
lhor proveito do grupo.
Henrique Calisto
Treinador
A maior
qualidade
é o valor
individual
A maior qualidade é o valor
individual dos jogadores.
Depois, obviamente, um
percurso que tem sido feito
em comum por um lote
mais alargado que estes 23
jogadores. É preciso ter em
consideração que 12 vitórias
consecutivas dão um astral
e uma dinâmica de conquis-
ta muito grande à equipa.
O aspeto emocional e psico-
lógico é essencial e um
trunfo fortíssimo. Depois,
como suporte disto tudo, é
preciso destacar o trabalho
da equipa técnica chefiada
por Rui Jorge. Está há mais
de 10 anos a explorar da me-
lhor forma o trabalho que é
desenvolvido nos clubes.
Apesar de o último jogo não
ter sido muito bem conse-
guido, acredito na vitória de
Portugal. Ao contrário da
Espanha, a Alemanha tem
mais debilidades.
Vítor Manuel
Treinador
Futuro do
futebol luso
passa por
estes jogadores
O talento que estes jogado-
res têm é notável. E depois é
necessário destacar a capaci-
dade de trabalho do nosso
selecionador. Tenho a certe-
za absoluta que o futuro do
futebol português passa por
eles. Durante o decorrer dos
jogos estes miúdos têm dado
grandes respostas. O futebol
muitas das vezes funciona
como se existissem forna-
das. E esta fornada de joga-
dores é incrível. Penso que
os clubes têm de trabalhar
cada vez mais de forma a ex-
plorar o talento dos jovens.
É preciso dar-lhes a oportu-
nidade de integrarem as
equipas principais para ga-
nharem confiança e não
abandonarem o futebol por-
tuguês demasiado cedo. Este
tipo de estímulos são essen-
ciais. Três finais de Europeu
não é para qualquer um. É
preciso valorizar.
João Henriques
Treinador
Coletivo bem
identificado
com as ideias
do treinador
Penso que esta seleção tem
todas as condições necessá-
rias para vencer o Europeu.
E usando um velho provér-
bio: à terceira vai ser de vez.
Pelo menos é aquilo em que
eu acredito. Falando de for-
ma geral, é uma seleção re-
cheada de jovens talentos.
Todos os jogadores apresen-
tam vários atributos que se
destacam em termos indivi-
duais. E depois tem a inegá-
vel marca do Rui Jorge. Uma
seleção equilibrada e consis-
tente naquilo que faz dentro
de campo. No fundo, dentro
da qualidade individual é
um coletivo bem identifica-
do com as ideias do treina-
dor. Onde os jogadores colo-
cam a individualidade em
prol do coletivo. Podemos
olhar para o futuro da sele-
ção principal de forma tran-
quila. Talento para fazer a
renovação não falta.
ATAQUE 9
OPINIÃO
NORBERTO A. LOPES
Editor
A ressaca
da Champions
e o público
Finalmente o Governo deu luz verde para que
os recintos desportivos possam vir a ter públi-
co no arranque da próxima época, uma toma-
da de posição certa, esperada, mas que peca
por tardia e parece surgir à boleia da final da
Liga dos Campeões, no Dragão. Para trás, há
um rasto que não se pode apagar. Primeiro, a
decisão de abrir as portas dos estádios de fute-
bol na última jornada, quando isso colocava
em causa a equidade na luta de muitos clubes
pela permanência e pelas competições euro-
peias. Depois, transmitir a ideia que os adep-
tos ingleses estariam no Porto numa bolha
bem fechada e quase à prova de bala, não co-
locando em risco de contágio a população lo-
cal, quando aquilo que se assistiu foi um es-
petáculo efervescente de cerveja, confusão e
um desrespeito às mais elementares regras de
segurança sanitária. Um quadro caótico e sem
máscara cirúrgica, a ferir todos aqueles que
durante meses fizeram sacrifícios para que o
número de infetados diminuísse e também a
colocar em causa todos os pais que têm de an-
dar a subir escadotes para ver os jogos de fu-
tebol dos filhos. Porque meia dúzia de pessoas
dispersas nas bancadas podiam pôr em risco
sabe-se lá o quê.
Esta decisão de abrir as portas dos recintos
desportivos na próxima temporada – 33% da
lotação total – é excelente, mas demonstra que
foi mais pensada por impulso do que propria-
mente como consequência de uma reflexão im-
parcial. E curiosamente até foi anunciada no
mesmo dia em que os clubes estavam reunidos
na Liga numa assembleia-geral propícia a laba-
redas sobre o tema. Teria soado muito melhor
aos ouvidos de todos se o Governo anunciasse
a presença de público nas bancadas na próxima
época, mal se soube que a cidade do Porto ia aco-
lher a final da Liga dos Campeões. Demonstra-
va uma estratégia e um planeamento a longo
prazo e evitaria muitas críticas corrosivas. Sim,
porque nem todos são cegos.
@jornaisPT
10 ATAQUE
DESPORTO
JUVENIL
Jovens atletas, divididos por 25 clubes, deram o máximo e animaram o ambiente no parque desportivo de Ramalde, no Porto
MEDALHAS
Marta Santos
desporto@jn.pt
ATLETISMO Num ano atípi-
PARA
co para muitas modalida-
des, o Centro de Atletismo
do Porto (CAP) realizou a V
Edição do Meeting de Atle-
TODOS NO
tismo, no Parque desporti-
vo de Ramalde. Devido às
restrições da Direção-Geral
da Saúde, o evento contou
com apenas 400 atletas de
REGRESSO
25 clubes. Provenientes do
Porto, Braga e Aveiro, os
atletas participaram nas di-
versas provas organizadas,
ÀS CORRIDAS
como corridas, lançamen-
tos e saltos. A todos os par-
ticipantes foi entregue um
kit inicial e uma medalha
de participação e, aos pri-
meiros três das 40 provas,
um troféu.
António Ferreira, um dos
fundadores do CAP e organi-
zador do Meeting de Atletis-
Meeting concentrou 400 mo, faz um balanço positivo
do presente ano: “Ao contrá-
atletas, que voltam a fazer rio do que pensávamos, ga-
o que mais gostam. Pais nhámos atletas das modali-
dades coletivas que vieram
apoiam os filhos de fora experimentar o atletismo”.
O CAP é constituído por
cerca de 100 atletas, sendo
o “ponto forte” a idade
compreendida entre os
oito e os 14 anos. Segundo
António Ferreira, o orga-
nismo tem “um lote de
12/14 jovens que demons-
tram um enorme poten-
cial para chegar a nível in-
ternacional”.
Com presenças em cam-
peonatos da europa e con-
quistas de títulos nacio-
nais, a instituição quer
formar cada vez mais atle-
tas, trabalhar e investir. O
evento de atletismo do
Porto tem vindo a ganhar
muita visibilidade, sendo
o maior meeting do país.
Com o limite imposto
pela DGS foram vários os
clubes que não consegui-
ram marcar presença. As
formações do Sporting de
Espinho, Farense, Centro
de Atletismo do Por to,
entre outros clubes, fica-
ram “muito satisfeitas”
co m a o r g a n i z a ç ã o . A s
quatro centenas de jo -
vens participantes mos-
5 de junho de 2021 Jornal de Notícias
ANDRÉ ROLO / GLOBAL IMAGENS
Os atletas
Gabriela Fragoso
9 anos
“Na paragem devido
à covid-19 tentei
sempre manter-me
ativa, mas vir ao
encontro de atletismo
é sempre diferente.
Senti-me muito bem”
Ana Miguel Silva
10 anos
traram-se, igualmente,
animados. “A minha irmã
Nem tudo é visto de forma ambicionava ir para os
otimista, sendo que os pais Jogos Olímpicos. Vim
são o núcleo que demonstra experimentar com ela
maior descontentamento. e gostám0s imenso.
“Se nos deixassem entrar, Participar no evento
estaríamos certamente em é incrível”
sítios diferentes do recinto,
como era nos anos anterio-
res. Assim, estamos aglome-
rados”, disseram, ao JN, al-
guns dos familiares que as-
sistiram ao evento. De for-
ma alternativa, procuram
pontos estratégicos para
conseguirem apoiar os fi- Gonçalo Valente
lhos. Um sacríficio de quem 13 anos
faz tudo pelos “seus”.
Os atletas, entusiasmados “Eu praticava um
com o evento, encaram a desporto coletivo,
próxima época de forma mas fartei-me. Vim
animada e com esperança por influência de
de continuarem a correr.  amigos e agora espero
conseguir fazer futuro
da atividade”
BILHETE
DE IDENTIDADE
Nome: Centro de Atletismo
do Porto
Fundação: 1974
Atletas na formação: 110
@jornaisPT
Jornal de Notícias 5 de junho de 2021
INTERNACIONAL
UM SONHO ESCRITO
À BASE DE NÚMEROS
Com uma visão e estratégias disruptivas, o
Brentford subiu a pulso até à Premier League
Matthew Benham fez milhões em apostas e passou a gerir o Brentford, em 2012
Vasco Samouco
desporto@jn.pt
INGLATERRA Matthew Be-
nham era criança quando
viu, pela primeira vez, um
jogo do Brentford ao vivo.
Depois, a vida levou-o para
os caminhos da Física, na
Universidade de Oxford, da
indústria dos seguros e da
alta-finança, até a uma pro-
posta para trabalhar numa
casa de apostas. Era 2001 e
essa opção haveria de lhe
mudar a vida e com isso
também mudar a história
do clube do coração, que, na
próxima época, vai estrear-
-se na Premier League.
Benham, agora com 52
anos e conhecido por, para-
doxalmente, não se saber
praticamente nada da sua
vida, fez milhões nas apos-
tas. Mas mais do que isso,
tornou-se um crente funda-
mentalista nas estatísticas e
nas probabilidades. E quan-
do, em 2012, se tornou dono
do Brentford levou com ele
a crença de que, tal como no
basquetebol ou beisebol,
também no futebol era pos-
sível gerir um clube e cons-
truir equipas fortes, capazes
de ganhar jogos e subir divi-
sões recorrendo maiorita-
riamente aos números e à
“big data” e diminuindo o
peso da perceção humana:
nessa altura, os “bees” esta-
vam no terceiro escalão e
usar as estatísticas era ir
contra tudo e todos.
O Brentford deixou de re-
correr aos olheiros e à obser-
vação convencional, pas-
sando a confiar nos núme-
ros e nos algoritmos para
encontrar jogadores, que se-
riam contratados por tos-
tões e, mais tarde vendidos
por balúrdios. Entre com-
pras e vendas desde 2013, o
clube lucrou 116 milhões de
euros. E mesmo assim, a
perder os melhores jogado-
ATAQUE 11
SALTO FUTEBOL Em dezembro de 2010, ainda Da-
vid de Gea era guarda-redes do Atlético de
ALTO
Madrid, os jogadores do clube “colchone-
ro” gravaram um vídeo promocional com
vários artistas, incluindo Edurne. A can-
tora e o jogador conheceram-se nesse dia
e, de uma bela amizade, nasceu uma gran-
Edurne, de história de amor, que dura ainda hoje.
“Vou lembrar-me desse dia para sempre. É
o amor de um rapariga simples e humilde. Tenho
poucas palavras para a descrever o quão
maravilhosa ela é”, contou o atleta.
David de Gea Edurne, que é cantora e já foi júri de vários
concursos de talento, chegou a representar
a Espanha no Festival da Eurovisão da Can-
ção, em 2015. A espanhola até decidiu ir vi-
ver para Manchester, depois de vários anos
separada do amado, devido aos compromis-
sos profissionais. E desta relação já nasceu
a pequena Yanay, em março deste ano.
Após a final da Liga Europa, que o United
perdeu diante do Villarreal, Edurne tam-
bém levou com a frustração dos adeptos
dos “red devils”. Foram necessários 22 pe-
náltis para decidir o vencedor e David de
Gea acabou por ver Gerónimo Rulli defen-
der o seu remate, garantindo a vitória do
Guarda-redes do United clube espanhol.
e cantora têm uma Assim que terminou o jogo, os adeptos re-
correram às redes socias para mostrar a frus-
relação longa. Espanhola tração e Edurne acabou também visada. Co-
sofreu a fúria dos mentários e provocações não faltaram. “De
adeptos dos “red devils” Gea gastou toda a sorte quando se cruzou
após Liga Europa com Edurne” e “finalmente De Gea dá uma
taça à Espanha” são dos exemplos,
além de comentários machistas e de
cariz sexual. A cantora não se con-
teve e reagiu: “Mais uma vez, ficou
demonstrado que ainda há muito
a fazer na sociedade para lutar
contra o machismo”, escreveu. 
res, foi conseguindo sempre
aumentar o nível competi-
tivo e acumular êxito no
campo. Da visão disruptiva
de Benham e das pessoas
que ele foi contratando para
reforçar os diversos depar-
tamentos do clube também BILHETE DE
resultou o fim os escalões de IDENTIDADE
formação, por entenderam
que eram um desperdício de Nome: Edurne García Almagro
recursos, já que a concor- Idade: 35 anos
rência dos maiores clubes Nacionalidade: espanhola
londrinos impediam o Profissão: cantora
Brentford de manter os me-
lhores jogadores jovens,
mantendo-se apenas a equi-
pa B, reforçada por jogado-
res dispensados dos gran-
des, mas cuja qualidade é
atestada pelas estatísticas,
hoje já banalizadas.
Nem uma década depois, o
Brentford está na Premier
League, tem reconheci-
mento global e é visto como
um exemplo a seguir. O so-
nho de Benham serve de
inspiração para muitos. 
@jornaisPT
12 ATAQUE 5 de junho de 2021 Jornal de Notícias

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S
BANCA
O POVO
DO VENTO

Verão DA COLÔMBIA

NO

Paraísos de mar na Europa Praias ENCALÇO

DO TURISMO
dena
sonho NEGRO

à distância de um passeio de carro UMA COSTA PARADISÍACA

PARA CONHECER DE CARRO

Europa
Colômbia
A costa recôndita
onde a vida é gerida pelo vento

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